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Universidade Metodista de São Paulo 
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião 
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião 
 
 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA RELIGIOSA NA VIDA DE ADOLESCENTES 
UNIVERSITÁRIOS DA GRANDE SÃO PAULO: 
UM ESTUDO À LUZ DO MÉTODO DE RORSCHACH 
 
 
 
 
 
 
Armando Rocha Júnior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Bernardo do Campo 
 2004 
 
Universidade Metodista de São Paulo 
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião 
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião 
 
 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA RELIGIOSA NA VIDA DE ADOLESCENTES 
UNIVERSITÁRIOS DA GRANDE SÃO PAULO: 
UM ESTUDO À LUZ DO MÉTODO DE RORSCHACH 
 
 
 
Armando Rocha Júnior 
 
 
 
Orientador: Professor Doutor James Reaves Farris 
 
 
Tese apresentada em cumprimento às exigências 
do programa de pós-graduação em Ciências da 
Religião para a obtenção do grau de doutor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Bernardo do Campo 
2004 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora: 
________________________________________
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À memória de minha mãe Constantina Bertotti Rocha, 
exemplo de tolerância e firmeza, 
com amor e eterna gratidão. 
 
 
Ao meu pai Armando Rocha e 
à minha tia Santina Bertotti, 
 sem os quais eu não teria forças para 
 empreender esta jornada. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
No momento em que chego ao fim desta jornada, é com muita emoção e 
gratidão que registro as personalidades que me deram apoio e coragem para 
que em nenhum momento eu fraquejasse na busca deste objetivo. Assim é que 
agradeço, especialmente: 
& a Deus, pela vida e saúde; 
& ao Prof. Dr. James Reaves Farris, meu orientador, pela competência e 
segurança que me emprestou nos momentos de ansiedade, que acredito 
fazem parte do processo de estudo; 
& aos Professores Doutor Eda Marconi Custódio e Ronaldo Sathler Rosa, 
pelas sugestões e incentivo que me ofereceram com base no exame de 
qualificação e defesa da tese; 
& aos Professores Doutor Dinorah Gioia Martins e Maria Lúcia Marques, 
componentes da banca examinadora que muito me honraram por aceitar 
avaliar este trabalho; 
& à minha família, principalmente meus primos, que sempre demonstraram 
interesse pelos meus estudos e deram-me forças para que este momento 
chegasse; 
& ao meu querido amigo Paulo Francisco de Castro, psicólogo e professor 
como eu, que acompanhou e incentivou não só este trabalho, mas também 
a idéia de minha inscrição ao doutorado. Posso dizer que Paulo conheceu 
cada passo que dei quando cursava as disciplinas do curso. Com ele 
debatia as idéias da pesquisa final e discutia os tópicos do método e os 
resultados antes de apresentar os esboços ao meu orientador. Nesses 
quase 4 anos de estudos e pesquisas, Paulo Francisco foi o amigo sensível 
e o incentivador que, com certeza todos nós precisamos. 
& aos amigos e colegas professores, Alvino Augusto de Sá, Tânia Maria 
Justo de Almeida, Silvia Sueli de Souza Maia, Augusto Rodrigues Dias, 
Luis Sergio Sardinha, Silvana Rossi Sptzcovski, pelo encorajamento em 
todos os momentos desta caminhada e, especialmente, à Sonia Maria da 
Silva, também amiga e colega, pelas indicações e várias sugestões que me 
fez no decorrer da pesquisa; 
& à Universidade Guarulhos onde cursei a graduação e leciono há mais de 
20 anos e que me deu espaço para realizar esta pesquisa; 
 
& ao Prof. Augusto J. C. B. Prado Fiedler, Diretor do Centro Único de 
Graduação, e ao Prof. Dr. José Cândido Cheque de Moraes, Coordenador 
do Curso de Psicologia da Universidade Guarulhos, que sempre me 
incentivaram profissionalmente e apoiaram está pesquisa no âmbito da 
Universidade; 
& aos colegas professores, técnicos e funcionários da Clínica Psicológica da 
Universidade Guarulhos que acompanharam constantemente este estudo, 
em especial à Maria Gisele que me ajudou na organização das tabelas e 
discussão dos resultados, fato que contribuiu para agilizar o término deste 
estudo; 
& às instituições que se colocaram à minha disposição para a efetiva 
realização desta pesquisa, bem como a todos os jovens universitários que, 
de bom grado, aceitaram participar de todas as etapas de coleta de dados 
necessários para que este trabalho chegasse ao seu final; 
& ao Marcos Menezes, meu mais jovem colaborador que, pontualmente, 
digitou cada linha aqui escrita; 
& aos professores e funcionários do programa de Pós-Graduação em 
Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, pelo 
acolhimento e apoio durante minha trajetória no doutorado; 
& à todas as pessoas que estiveram a meu lado nestes últimos quatro anos, 
incluindo àquelas que, por lapso, não citei nominalmente aqui, mas que 
facilitaram de alguma forma, a conclusão de mais uma etapa de minha 
vida acadêmica e profissional. 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17 
1.1. Justificativa ................................................................................................... 20 
1.2. Revisão bibliográfica.................................................................................... 23 
1.3. Referencial teórico ....................................................................................... 28 
1.4. Hipóteses ..................................................................................................... 33 
1.5. Objetivos ...................................................................................................... 33 
1.6. Método ......................................................................................................... 34 
1.7. Instrumento de avaliação da personalidade................................................ 37 
1.8. Procedimentos ............................................................................................. 43 
1.9. Previsão de análise de dados...................................................................... 48 
1.10. Organização geral do trabalho ................................................................... 49 
 
2. ADOLESCÊNCIA ................................................................................................. 50 
2.1. Características e fatores do desenvolvimento físico e intelectual do 
adolescente ................................................................................................ 60 
2.2. Desenvolvimento psico-social ..................................................................... 63 
2.3. O adolescente no contexto da família ......................................................... 68 
2.4. O adolescente e a escola ............................................................................ 72 
2.5. Característica da cultura adolescente – alguns comportamentos 
adolescentes ................................................................................................ 74 
2.6. A concepção sócio-histórica da adolescência............................................. 76 
2.7. O conceito de adolescência sob o enfoque sócio-histórico........................ 77 
 
3. O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REFERENCIAL TEÓRICO DE 
FREUD E ERIKSON............................................................................................ 81 
3.1. Estrutura psicanalítica da personalidade ................................................... 87 
3.2. Sigmund Freud e a teoria do desenvolvimento psicossexual.....................90 
3.3. A teoria de Erik Erikson para o desenvolvimento humano ......................... 99 
3.4. Estágios psicossociais do desenvolvimento e forças básicas ................. 100 
 
4. FÉ E RELIGIÃO NA PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER............ 112 
4.1. Fé e identidade .......................................................................................... 120 
4.2. Os estágios da fé ....................................................................................... 122 
 
 
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.................................. 136 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 224 
 
7. REFERÊNCIAS................................................................................................... 233 
 
ANEXOS 
 
 
RESUMO 
 
ROCHA JÚNIOR, Armando. A influência da religião na vida dos adolescentes 
universitários da grande São Paulo: à luz do Método de Rorschach. Tese de 
Doutorado. Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2004. 
244p. 
 
O objetivo desta pesquisa foi verificar a influência da religião na dinâmica da 
personalidade de adolescentes universitários da grande São Paulo. A amostra do 
estudo foi realizada com 60 universitários de escolas do ensino privado com idades 
entre 18 e 23 anos, igualmente divididos entre os sexos. Os universitários foram 
alocados em dois grupos, 30 adolescentes que, notadamente, possuíam vínculos 
com alguma religião e outros 30 totalmente desvinculados de qualquer orientação 
religiosa. Na pesquisa, foram levantados os dados sócio-demográficos que fazem 
parte do Questionário de Constatação Qualitativa, que foi aplicado com o objetivo 
de verificar, qual a possível influência sofrida pelo adolescente religioso ao longo de 
sua vida, se mais da família, da sociedade ou da religião. Por fim, os adolescentes 
religiosos e menos religiosos foram submetidos ao Método de Rorschach, 
instrumento psicológico para a investigação da estrutura de personalidade dos 
indivíduos. A análise baseou-se na comparação das variáveis categóricas entre os 
grupos, utilizando-se tratamentos estatísticos compatíveis com os dados. As 
conclusões a que se chegou foram: a religião influencia significativamente o 
comportamento dos adolescentes universitários, implicando uma conduta de vida 
mais adequada e controlada. Os jovens religiosos demonstraram uma forma de agir 
diferente dos jovens não religiosos, portanto, a interação do adolescente com o 
ambiente religioso provoca alterações no comportamento do indivíduo ou na 
dinâmica de sua personalidade; dependendo das relações do adolescente com o 
ambiente religioso durante seu desenvolvimento, sua personalidade poderá ser 
mais sensível às religiões e ensinamentos. Os adolescentes religiosos possuem 
posições morais mais rígidas, acentuado temor a Deus, submissão ao pai, 
obediência às figuras de autoridade e família mais rigorosa no tocante à educação. 
Estas características demonstram funcionar, como mecanismos de controle do 
indivíduo, oriundos de influência religiosa, não se mostrando danosas à 
organização e integração da personalidade em si e desta com o ambiente, pelo 
contrário, esses mecanismos tornam, a pessoa mais prudente e equilibrada no 
cotidiano. Não existem diferenças significativas em relação à flexibilidade dos 
jovens universitários, bem como não há diferenças significativas na organização 
estrutural da personalidade quando se comparam adolescentes universitários 
religiosos e não religiosos. Em síntese, às vezes a religião é um evento social com 
inegável capacidade de controle que pode ou não ser excessivo às vezes, contudo 
mostra-se construtiva e organizadora, portanto, positiva para o adolescente. 
 
Palavras-chave: religião; adolescentes universitários, Método de Rorschach 
 
ABSTRACT 
 
ROCHA JÚNIOR, Armando. The influence of religion in the life of young adult 
university students from the Great São Paulo: in the light of the Rorschach Method. 
Dissertation. Universidade Metodista de São Paulo (São Paulo Methodist 
University), São Bernardo do Campo, 2004. 244p. 
 
The objective of this study was to assess the influence of religion in the personality 
dynamics of young adult university students from the Great São Paulo. The study 
comprised 60 students from private universities aged 18 to 23, equally divided 
between the sexes. The students were divided into two groups: 30 young adults who 
notably presented a special connection with a certain religion, and another 30 totally 
disconnected with any religious orientation. The research raised the social and 
demographic data taken from the Qualitative Assessment Questionnaire, which was 
used aiming to assess what most influences the religious young adult along his/her 
life: family, society or religion. Finally, both religious and nonreligious young adults 
were submitted to the Rorschach Method, a psychological tool used to investigate 
the individuals' personality structure. The analysis was based on the comparison of 
category variables between the groups, and used statistical approaches compatible 
with the data. The conclusions were: religion significantly influences the young adult 
university students’ behavior, fostering a more appropriate and controlled lifestyle. 
The religious young students showed a different behavior as compared to the 
nonreligious ones. Therefore, the young adult’s interaction with the religious 
environment causes changes in his/her behavior or personality dynamics. 
Depending on the young adult's relationship with the religious environment during 
his/her development, his/her personality can be more sensitive to religions and 
teachings. Religious young adults have stricter moral standpoints, high level of fear 
from God, submission to their father, obedience to authorities, and a family that is 
stricter concerning education. These characteristics, originated from religious 
influence, showed they work as control mechanisms for the individual and did not 
prove harmful to the organization and integration of the personality and to its 
integration with the environment. On the contrary, these mechanisms make the 
person more careful and balanced in his/her daily life. When comparing religious to 
nonreligious young adult university students, there are no significant differences as 
to their flexibility level, and no significant differences in the structural organization of 
their personality. In conclusion, religion is a social event with undeniable control 
ability, which can or not be excessive sometimes, but proves to be constructive and 
organizing, being therefore positive for the young adult. 
 
Keywords: religion; young adult university students, Rorschach Method 
 
RESUMEN 
 
ROCHA JUNIOR, Armando. La influencia de la Religión en la vida de los 
Adolescentes Universitarios de la Gran ciudad de San Pablo: A la luz del Método de 
Rorschach. Tesis de Doctorado. Universidad Metodista de San Pablo, San 
Bernardo do Campo, 2004. 244p. 
 
El objetivo de esta investigación fue verificar la influencia de la religión en la 
dinámica de la personalidad de los adolescentes universitarios de la gran ciudad de 
San Pablo. La muestra del estudio fue realizada con 60 universitarios de escuelas 
de enseñanza particular con edades entre 18 a 23 años, igualmente divididas entre 
ambos sexos. Los universitarios fueron consignados en dos grupos, 30 
adolescentes que poseían notables vínculos con alguna religión y otros 30 
totalmente desvinculados de cualquier orientación religiosa. En la investigación 
fueron levantados los datos socio-demográficos que hacen parte del cuestionario de 
Constatación Cualitativa que fue aplicado con el objetivo de verificar cual es la 
posible influencia sufrida por el adolescente religiosoa lo largo de su vida, y si ésta 
es mayor de la familia, de la sociedad o de la religión. Al final los adolescentes 
religiosos y menos religiosos fueron sometidos al Método de Rorschach 
instrumento psicológico para la investigación de la estructura de la personalidad de 
los individuos. El análisis se basó en la comparación de las variables categóricas 
entre los grupos, utilizándose tratamientos estadísticos compatibles con los datos. 
Las conclusiones a las que se llegó fueron: la religión influye significativamente el 
comportamiento de los adolescentes universitarios, implicando una conducta de vida 
mas adecuada y controlada. Los jóvenes religiosos reaccionan de forma diferente a 
los adolescentes no religiosos, por lo tanto la interacción del adolescente con el 
ambiente religioso provoca alteraciones en el comportamiento del individuo o en la 
dinámica de su personalidad, dependiendo de las relaciones del adolescente con el 
ambiente religioso durante su desarrollo, su personalidad podrá ser más sensible a 
las religiones y enseñanzas. Los adolescentes religiosos poseen posiciones morales 
más rígidas acentuado temor a Dios, sumisión a los padres, obediencia a las figuras 
de autoridad y familia más rigorosa en lo que se refiere a la educación. Estas 
características nos demuestran que funcionan como mecanismos de control del 
individuo, oriundos de la influencia religiosa, y no se muestran dañinas a la 
organización e integración de la personalidad en sí y de ésta con el ambiente, por lo 
contrario estos mecanismos convierten a la persona más prudente y equilibrada en 
lo cotidiano. No existen diferencias significativas con relación a la flexibilidad de los 
jóvenes universitarios, así como no hay diferencias significativas en la organización 
estructural de la personalidad cuando se comparan adolescentes universitarios 
religiosos y no religiosos. En síntesis, la religión es un evento social con innegable 
capacidad de control que a veces puede o no ser excesivo, Sin embargo se muestra 
más constructiva y organizadora, por lo tanto positiva para el adolescente. 
 
Palabras-clave: religión, adolescentes universitarios, Método Rorschach. 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
 
 
DP Desvio-padrão 
F-NR Feminino não-religioso 
F-R Feminino religioso 
Máx Máximo 
Med Mediana 
Min Mínima 
M-NR Masculino não-religioso 
M-R Masculino religioso 
SM Salário-mínimo 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Distribuição da idade dos sujeitos pesquisados. 
São Paulo, 2004................................................................................. 138 
Tabela 2 – Distribuição dos sujeitos pesquisados por semestre nos 
cursos em que se encontram matriculados....................................... 139 
Tabela 3 – Distribuição dos turnos em que os sujeitos da 
pesquisa estudam.............................................................................. 141 
Tabela 4 – Distribuição da renda familiar dos sujeitos do estudo ....................... 142 
Tabela 5 – Distribuição da origem domiciliar dos componentes da amostra...... 143 
Tabela 6 – Distribuição da proveniência familiar dos sujeitos da pesquisa: se 
religiosa ou não. ................................................................................. 143 
Tabela 7 – Distribuição da possibilidade de os sujeitos da pesquisa 
desenvolverem ou não trabalho profissional concomitantemente 
aos estudos ........................................................................................ 145 
Tabela 8 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a crença que 
possuem em Deus e em sua existência............................................ 146 
Tabela 9 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre se a relação 
entre moral e religião são intimas ...................................................... 147 
Tabela 10 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a possibilidade dos 
propósitos divinos implicarem a adequação de suas respectivas 
condutas ............................................................................................. 148 
Tabela 11 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre como entendem 
suas famílias: se muito afetiva e que gosta de diálogo ou não ........ 150 
Tabela 12 – Distribuição dos sujeitos quanto ao posicionamento que se 
deve ter em relação à literatura que critica as tradições................... 151 
Tabela 13 – Distribuição de como os sujeitos entendem suas famílias: 
rígidas ou não em relação à moral .................................................... 152 
Tabela 14 – Distribuição da posição dos sujeitos sobre a família ser 
a base do indivíduo ............................................................................ 153 
Tabela 15 – Distribuição da posição dos sujeitos sobre suas famílias: se 
estas são ou não flexíveis e de muito diálogo................................... 154 
Tabela 16 – Distribuição dos sujeitos sobre como entender suas respectivas 
famílias como se mais rígida de forma geral..................................... 155 
Tabela 17 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de adesão à 
religião que possuem......................................................................... 156 
Tabela 18 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau em que as 
crenças religiosas influenciam seus comportamentos...................... 158 
Tabela 19 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência que 
pensam em Deus ............................................................................... 159 
Tabela 20 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau em que 
experimentam a religião, como obrigação moral .............................. 160 
Tabela 21 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a intensidade 
da crença que dirigem a Deus ........................................................... 161 
 
Tabela 22 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência 
com que comparecem a atos religiosos ............................................ 162 
Tabela 23 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência 
com que rezam para louvar a Deus................................................... 163 
Tabela 24 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência 
com que rezam para pedir auxílio ..................................................... 165 
Tabela 25 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência com que 
louvam a Deus com músicas, cânticos, entre outras formas............ 166 
Tabela 26 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o esforço para 
não fazer mal às pessoas .................................................................. 168 
Tabela 27 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de 
honestidade que sentem possuir....................................................... 169 
Tabela 28 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação ao 
sentimento de dever de honestidade que possuem à família........... 170 
Tabela 29 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação a 
 lembrarem-se da família como a que lhes educou bem, 
quando recebem elogios quanto à sua educação............................. 171 
Tabela 30 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação à freqüência 
com que meditam nas Escrituras Sagradas...................................... 172 
Tabela 31 – Distribuição das respostas dos sujeitos a respeito da importância 
que atribuem aos atos religiosos ....................................................... 173 
Tabela 32 – Distribuição das respostas dos componentes da amostra quanto 
à intensidade das experiências de sentimentos religiosos ............... 174 
Tabela 33 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de 
consciência a respeito do divino ........................................................176 
Tabela 34 – Distribuição das respostas dos componentes da amostra sobre 
o grau de temor a Deus que possuem .............................................. 177 
Tabela 35 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre se possuem pai 
muito rígido e que impõe forma de pensar aos familiares ................ 178 
Tabela 36 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau em que os 
sentimentos religiosos incluem um componente de temor ou 
medo em relação ao que lhes acontecerá após a morte.................. 179 
Tabela 37 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre se obedecem 
aos pais para evitar discussões......................................................... 180 
Tabela 38 – Distribuição das respostas dos sujeitos a respeito da importância 
que dispensam ao auxílio divino, quando se 
deparam com sentimentos de culpa.................................................. 182 
Tabela 39 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação ao 
entendimento que possuem do comportamento irrepreensível ........ 183 
Tabela 40 – Distribuição das respostas dos componentes da amostra que 
julgam ou não que seus pais são grandes modelos de conduta...... 184 
Tabela 41 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a importância 
da família em relação ao comportamento que possuem.................. 186 
Tabela 42 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de rigor 
que a família empregou em sua educação ....................................... 187 
 
Tabela 43 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação à freqüência 
com que colocam sua raiva diante de Deus...................................... 188 
Tabela 44 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de 
conhecimento que possuem a respeito dos dogmas religiosos ....... 190 
Tabela 45 – DEPI – Distribuição do Índice de depressão.................................... 191 
Tabela 46 – EB – Distribuição do Comportamento Emocional e da Cognição .... 192 
Tabela 47 – C – Distribuição das respostas de cor pura....................................... 192 
Tabela 48 – EbPer – Distribuição do índice do predomínio 
da experiência de base...................................................................... 193 
Tabela 49 – Sum T – Distribuição do somatório de respostas 
de sombreado com textura ................................................................ 194 
Tabela 50 – Sum Y – Distribuição do somatório as 
respostas de sombreado difuso......................................................... 194 
Tabela 51 – FC – Distribuição das respostas de forma-cor 
(existe o elemento cromático, porem a forma é predominante) ....... 195 
Tabela 52 – CF – Distribuição das respostas de cor-forma 
(o aspecto formal é secundário diante do elemento cromático)....... 196 
Tabela 53 – Afr – Distribuição de índice de reação afetiva ................................... 196 
Tabela 54 – S – Distribuição das respostas com 
uso do espaço em branco.................................................................. 197 
Tabela 55 – Egocent – Distribuição de índice de Egocentrismo........................... 197 
Tabela 56 – H – Distribuição das respostas de conteúdo humano inteiro............ 198 
Tabela 57 – H% – Distribuição da porcentagem de respostas de 
conteúdo humano inteiro ................................................................... 198 
Tabela 58 – Hd – Distribuição das respostas de conteúdo 
de parte de humano........................................................................... 198 
Tabela 59 – HD% – Distribuição das porcentagens de respostas de 
conteúdo de parte de humano........................................................... 199 
Tabela 60 – Hx – Distribuição das respostas de conteúdo de 
experiência humana........................................................................... 199 
Tabela 61 – An-Xy – Distribuição das respostas de conteúdo sobre 
anatomia e radiografia ....................................................................... 200 
Tabela 62 – Ideação – a:p – Distribuição proporção dos tipos de movimento 
(ativo para passivo)............................................................................ 200 
Tabela 63 – Ideação – Ma:Mp – Distribuição da proporção dos tipos de 
respostas de movimento humano (ativo:passivo) ............................. 201 
Tabela 64 – FM – Distribuição das respostas, cuja determinante seja 
movimento animal .............................................................................. 202 
Tabela 65 – M – Distribuição das respostas com determinantes de movimento 
humano............................................................................................... 203 
Tabela 66 – Intelect – Distribuição do índice de intelectualização........................ 203 
Tabela 67 – – CDI – Distribuição do índice de déficit relacional ........................... 204 
Tabela 68 – HVI – Distribuição do índice de Hipervigilância................................. 205 
 
Tabela 69 – GHR – Distribuição da proposição das resposta de conteúdo 
humano com boa qualidade............................................................... 205 
Tabela 70 – PHR – Distribuição da proporção das respostas de conteúdo 
humano com baixa qualidade............................................................ 206 
Tabela 71 – Sum H – Distribuição do somatório das respostas de 
conteúdo humano............................................................................... 206 
Tabela 72 – Per – Distribuição das respostas com características pessoais....... 207 
Tabela 73 – COP – Distribuição das respostas com movimentos do tipo 
cooperativo ......................................................................................... 207 
Tabela 74 – AG – Distribuição das respostas com movimento do tipo agressivo 208 
Tabela 75 – Isolam - Distribuição do índice de isolamento dos 
componentes do estudo..................................................................... 208 
Tabela 76 – Par – Distribuição das respostas com características de par........... 209 
Tabela 77 – OBS – Distribuição do índice de obsessividade................................ 209 
Tabela 78 – L – Distribuição do índice Lambda .................................................... 209 
Tabela 79 – P – Distribuição das respostas populares ......................................... 210 
Tabela 80 – X+% – Distribuição da porcentagem das respostas de forma 
convencional ...................................................................................... 210 
Tabela 81 – F+% – Distribuição de porcentagem das respostas de forma 
pura convencional .............................................................................. 211 
Tabela 82 – XU+% – Distribuição da porcentagem das 
respostas incomuns ........................................................................... 211 
Tabela 83 – X-% – Distribuição da porcentagem das respostas com forma 
distorcida ............................................................................................ 212 
Tabela 84 – S-% – Distribuição da porcentagem das respostas com distorção 
e uso do espaço em branco............................................................... 212 
Tabela 85 – W:M – Distribuição da proporção de respostas globais para 
respostas de movimento (índice de criatividade) .............................. 213 
Tabela 86 – Distribuição da seqüência das localizações das respostas .............. 214 
Tabela 87 – Zf – Distribuição da freqüência das respostas com 
valor de elaboração............................................................................ 214 
Tabela 88 – PSV – Distribuição das respostas com características de 
perseveração...................................................................................... 215Tabela 89 – eb – Distribuição da experiência de base.......................................... 215 
Tabela 90 – PTI – Distribuição do índice de distorção perceptual ........................ 216 
Tabela 91 – S-CON – Distribuição do índice de suicídio ...................................... 217 
Tabela 92 – R – Distribuição do número de respostas do protocolo .................... 217 
Tabela 93 – EA – Distribuição da experiência afetiva ........................................... 218 
Tabela 94 – Nota D – Distribuição do índice de tolerância ao stresse................. 218 
 
 INTRODUÇÃO 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 INTRODUÇÃO 18 
 
 
 
 
 
Atualmente, as universidades recebem em seus cursos alunos cada 
vez mais jovens, em plena fase da adolescência, acadêmicos com recém-
completados 17 anos, visivelmente, imaturos. 
Estes jovens talvez sejam oriundos de famílias funcionais, mas pouco 
podem contar com o apoio familiar, pelos mais variados motivos: excesso de 
trabalho dos pais, dedicação quase exclusiva pela vida profissional; 
diversificação excessiva de interesses que originam prejuízo no 
acompanhamento dos filhos, estresses causados pelo cotidiano das grandes 
cidades, etc. 
Além dessas situações, são inúmeros os acadêmicos que deixam as 
pacatas cidades do interior onde viveram, até então, e migram às grandes 
capitais para dar prosseguimento aos estudos e despreparados, 
emocionalmente, são obrigados a conviver com uma realidade que jamais 
enfrentaram. 
Se estas situações apontadas já são geradoras de dificuldades para 
os adolescentes universitários, muito mais difícil será a situação daqueles 
que provêm de famílias disfuncionais pela separação dos pais ou morte de 
um ou de ambos progenitores, pelo alcoolismo em família, etc. Além disso, a 
entrada em um ambiente novo, no caso o universitário, por si só já pode ser 
geradora de problemas. 
Muitos convivem bem com todas as novidades da nova vida, ou seja, 
com a maior liberdade do dia-a-dia, a possibilidade de escolhas mais 
pessoais e a necessidade de tomar decisões de forma individualizada, 
enfim, com uma vida mais independente em relação àquela experimentada 
no seio familiar. 
 INTRODUÇÃO 19 
Dentre esses muitos jovens, que se adaptam à nova realidade, existe, 
porém, um número representativo que se não sucumbe frente a essa 
experiência, acaba apresentando uma série de problemas existenciais, 
emocionais, afetivos, entre outros, que facilita, muitas vezes, vivências de 
difícil retorno ao adolescente, como o uso de drogas, por exemplo. 
Entre os adolescentes universitários que conseguem resistir aos 
estímulos do meio passíveis de levá-los a desajustes, é possível verificar 
que muitos possuem uma base calcada em alguma religião, o que pode 
significar que, aparentemente, o indivíduo com algum tipo de formação 
religiosa seja capaz de conduzir melhor as dificuldades do cotidiano, desde 
as mais corriqueiras e superficiais até as menos comuns e mais profundas. 
Diante desta conjuntura, pretende-se pesquisar a influência da religião 
na vida de adolescentes universitários da Grande São Paulo, com vistas a 
investigar sua interferência na dinâmica da personalidade dessa população. 
Além disso, pretende-se avaliar as características de rigidez, 
moralidade, dogmatismo ou flexibilidade, capacidades de reflexão e 
adaptação, bem como a estrutura geral da personalidade, tanto de 
adolescentes universitários religiosos como de não religiosos, identificando 
possíveis diferenças significativas nessa estrutura. Finalmente, buscar-se-á 
identificar e analisar como se verifica esta influência no funcionamento da 
personalidade desses jovens universitários com base nas características de 
maior rigidez, moralidade e dogmatismo ou de maior flexibilidade e 
capacidades de reflexão e adaptação. 
Em síntese, pretende-se identificar e analisar se existe e como ocorre 
a influência da religião na vida desses jovens. 
 
 
 INTRODUÇÃO 20 
1.1. Justificativa 
 
A convivência com adolescentes é fascinante e desafiadora, segundo 
a experiência do pesquisador baseada em vinte anos como professor de 
adolescentes universitários. Nesse período, foi possível perceber que o 
jovem ora se sente embevecido pelo mundo e traça planos fantásticos para 
seu futuro, ora mostra-se inseguro e amedrontado quanto à vida e a tudo o 
que imagina que deverá enfrentar, ou seja, estudos, trabalho, constituição 
famíliar, manutenção ou melhora de seu status. 
Frente a esta situação ambivalente, é comum muitos jovens buscarem 
o apoio de terceiros, sobretudo, amigos, professor, familiares e, também, 
instituições, como as igrejas. Para Hurlock (1975), por exemplo, a 
adolescência é a fase da vida em que ocorre o despertar religioso. 
Para quem convive com adolescentes, parece não ser muito difícil 
perceber, que eles reagem ao apoio solicitado de acordo com a bagagem 
que lhe é própria, talvez conseguida de experiências vividas no passado 
com outros amigos e com a própria família, especialmente, os pais. 
Dessa forma, alguns jovens mostram-se mais abertos e flexíveis ao 
apoio solicitado e outros parecem mais rígidos, impenetráveis e até 
reticentes com o amparo que, em última análise, pediram. 
É visível que o contato mantido pelo adolescente, quer seja 
simplesmente para ter companhia ou para receber algum apoio, depende de 
como este teve sua personalidade organizada, como os valores éticos e 
morais lhes foram passados, que tipo de abertura teve para, pelo menos, 
iniciar a formação de conceitos, como os religiosos, sexuais, entre outros 
que irão contribuir para a formação de sua identidade hoje e nortearão sua 
velhice amanhã. 
Pautado nessas observações e pela proximidade diária mantida com 
adolescentes universitários é, que este investigador resolveu estudar a 
possível influência da religião sobre esses jovens, especificamente, 
 INTRODUÇÃO 21 
entendendo que estão passando por um momento em que se encontram, 
como todos os jovens, sensíveis a todo tipo de influência. 
Além disso, autores como: Sigmund Freud (1904, 1917, 1927, 1930), 
Carl Gustav Jung (1999) e Finkler (1971), consideram a religião como algo 
de suma importância para estabelecimento do comportamento humano. 
Freud em alguns trabalhos sugere que se preste atenção aos vínculos 
entre religião e comportamento humano. 
Jung é um autor relevante para esta pesquisa, por sua abordagem a 
respeito das questões religiosas, considera que a atividade religiosa é 
essencial à vida e à saúde, sendo a neurose resultante de conflitos 
religiosos não solucionados. Para Miranda (1988), Jung afirma que o 
aspecto religioso é natural da escala de valores humanos, ativando aspectos 
éticos que integram os relacionamentos interpessoais. 
Finkler (1971) entende como salutar que o psicólogo, especialmente, 
o clínico considere as condições e os sentimentos religiosos do paciente, 
conforme a religião, que constitui uma dimensão importante da 
personalidade do indivíduo. 
De acordo com Finkler (1971), a religião e a religiosidade são 
fenômenos, mediante os quais o homem expressa o núcleo do que ele é, 
como ser pensante; pois representam vivências humanas, abrangem idéias, 
opções, atitudes e comportamentos. Enfim, um conjunto de elementos que 
podem ser observados e até mensurados por algumas técnicas próprias da 
Psicologia. 
Em última análise, são manifestações da própria estrutura nuclear da 
personalidade do indivíduo que auxiliam na organização de sua vida 
espiritual, na satisfação de suas necessidades de segurança e na afirmação 
de sua liberdade criadora, expressas poruma religiosidade tranqüila, 
colaborando para que ele resista melhor às pressões da sociedade 
moderna, mantendo o equilíbrio necessário à sua existência e 
adaptabilidade ao meio. 
 INTRODUÇÃO 22 
Assim, estes autores podem auxiliar no desenvolvimento desta 
pesquisa e com base nela e em seus resultados, a função da religião na vida 
dos adolescentes poderá ser melhor definida. 
Será ainda possível aquilatar se a religiosidade e a aspiração do 
Eterno e Absoluto, ou seja, a fé consegue melhorar pontos como: 
flexibilidade, reflexão e adaptabilidade, que podem ser vistos como aspectos 
positivos na estrutura da personalidade do indivíduo, pois contribuem para a 
organização e integração da própria personalidade ou se interferem no 
sentido de tornar a personalidade do indivíduo mais rígida, moralista e 
dogmática, dificultando a adaptação da pessoa a seu meio social. 
Esta pesquisa poderá ainda oferecer alguma contribuição às 
comunidades de fé, pois ao conhecerem sua influência sobre o adolescente, 
poderão se preparar para melhor orientá-lo, recebê-lo e até atraí-lo a seus 
ensinamentos e causas. 
Igualmente, as Ciências da Religião poderão tirar proveito dos 
resultados aqui obtidos, sobretudo porque terão em mãos importantes dados 
a respeito da integração e dinamismo da personalidade que passou pela 
influência ou está sendo influenciada pela religião. 
Outra área que poderá vir a ser beneficiada com esta pesquisa será a 
Educação, ao verificar como a religião é capaz de facilitar a presença de 
elementos organizadores, adaptativos e integradores na personalidade, 
poder-se-á esclarecer o binômio ensino-aprendizagem, que ocorre melhor 
em um indivíduo mais flexível, reflexivo, menos rígido e dogmático, além de 
visualizar a possível contribuição da religião para com os processos 
educativos. 
Por fim, ainda é possível citar as contribuições à Psicologia, visto que 
terá um material consistente para avaliar a importância da religião na 
estruturação da personalidade do indivíduo, em especial, de adolescentes 
que, baseados na influência dos centros de valores próprios da fé religiosa 
poderão ter facilitada sua tarefa de se integrarem a seu meio ambiente, 
 INTRODUÇÃO 23 
desenvolvendo sua identidade de maneira mais consistente e ajustada aos 
padrões socialmente aceitos (ERIKSON,1968). 
Pela obtenção de novos conhecimentos sobre o assunto, acredita-se 
que muito se poderá fazer para colaborar com as famílias, escolas, 
professores, psicólogos, enfim, com todos aqueles que, de alguma maneira, 
lidam com adolescentes. A intenção é que estes possam ser melhor 
compreendidos, para que sejam minimizadas as angústias que, 
eventualmente, venham a sofrer. 
Este estudo dará especial atenção a possível influência da religião na 
vida dos adolescentes universitários, no caso das universidades mantidas 
por igrejas, estas e seus responsáveis poderão com estes novos 
conhecimentos, aprimorar, se necessário, a metodologia utilizada com os 
jovens que integram seu campo de ação. 
 
 
1.2. Revisão bibliográfica 
 
A adolescência é um dos principais momentos da formação da 
identidade do indivíduo, sendo uma rica etapa em conflitos que caracterizam 
a passagem da infância à vida adulta. Por isso, é objeto de inúmeras 
discussões, pesquisas e teorias. Erik Erikson preocupou-se em estudar a 
adolescência, reconheceu que, nessa fase, o indivíduo experimenta o novo e 
dá os primeiros passos para o descortino da vida madura e da velhice. 
Para Erikson (1968), ao chegar a essa etapa da vida, o jovem busca 
ampliar seus relacionamentos com ambientes variados que ultrapassam o 
âmbito familiar. Os pais, protetores e de importância suprema, até então, 
perdem um pouco de seu status para amigos e colegas do adolescente, que 
passa a mostrar preferência pelos seus pares, adultos externos à sua casa e 
colegas de escola e trabalho, enfim, por pessoas pelas quais se sinta em 
igualdade de condições, sem uma hierarquia culturalmente estabelecida. 
 INTRODUÇÃO 24 
Maurício Knobel dedicou-se ao estudo da adolescência, destacava 
que essa etapa evolutiva é marcada por desequilíbrios e instabilidades, que 
denomina de Síndrome Normal da Adolescência (KNOBEL, 1981). Dessa 
síndrome, faz parte uma sintomatologia que se caracteriza como a crise 
religiosa do adolescente, que pode ser vivenciada com maior ou menor 
intensidade e manifestar-se como um ateísmo exagerado ou um misticismo 
radical ou como qualquer dos matizes intermediários desses dois pólos. 
Segundo Knobel (1981), não se chega a uma personalidade 
equilibrada sem um certo grau de condutas, consideradas patológicas, 
quando comparadas aos padrões adultos, embora adequadas ao momento 
evolutivo da adolescência e, portanto, normais no período. 
Assim como Knobel, Arminda Aberastury, também, preocupou-se com 
o jovem, confirmando idéias de outros autores que valorizam a adolescência, 
como etapa definidora do futuro do indivíduo. Segundo Aberastury (apud 
ABERASTURY e KNOBEL, 1981), três grandes perdas fundamentais devem 
ser elaboradas por meio da vivência de luto, antes que se defina o período 
da infância e o adolescente mostre-se pronto a entrar e participar da vida 
adulta. Estes lutos são: 
 
1. Luto pelo corpo infantil; 
2. Luto pela identidade; 
3. Luto pelos pais de infância. 
 
Para Knobel (1981), estes lutos indicam perdas da personalidade e se 
fazem acompanhar pelo psicodinamismo do luto normal, podendo, em 
ocasiões transitórias, adquirir todas as características do luto patológico. 
De acordo com Miranda (2003), outra pesquisadora do tema, o luto 
pelo corpo infantil perdido, que é a base biológica da adolescência, impõe ao 
indivíduo experienciar um conjunto de transformações em sua estrutura 
física, que se reflete em seu esquema corporal. A partir daí, surge um 
 INTRODUÇÃO 25 
sentimento de impotência frente à realidade que, por não poder se 
manifestar contra o próprio corpo, se modifica e transfere-se às esferas do 
pensamento. 
Ainda conforme Miranda (2003), a perda que o adolescente deve 
aceitar ao fazer o luto pelo corpo é dupla: a de seu corpo de criança, diante 
das novas características sexuais e da própria determinação sexual e do 
novo papel que deverá assumir na união com o parceiro e na procriação. No 
adolescente, o início das mudanças físicas faz com que perca, além do 
corpo, sua identidade de criança. 
A conseqüência desse luto pelo papel e identidade infantis é a 
confusão de papéis: o adolescente não consegue nem manter sua 
dependência infantil, nem assumir uma independência adulta, o que o leva a 
recorrer a mecanismos esquizóides, dividindo seu contexto entre família e 
grupos de seus pares. Atribui à família a maioria das obrigações e 
responsabilidades e, ao grupo, todos os seus atributos e direitos. 
Em função disso, o adolescente é levado a representar várias 
personagens, o que lhe é permitido pela flutuação da identidade, traduzida 
em mudanças comportamentais bruscas. Em outras palavras, verifica-se o 
comportamento tão conhecido e comentado por muitas pessoas 
caracterizado pela volúpia, impulsividade, teimosia, etc. 
A relação de dependência infantil é abandonada aos poucos e com 
bastante dificuldade. O luto pelos pais de infância adquire uma característica 
difícil, pois se junta aos dois outros lutos, consistindo em um momento de 
grandes perdas. O adolescente tenta manter em sua personalidade os pais 
infantis, buscando o abrigo e a proteção que eles significam. A situação 
acaba por se complicar em razão da atitude dos pais, que, também, sentem 
dificuldade para aceitar a perda do filho criança, pois isso significaria 
aceitaremseu envelhecimento, fato que os aproxima da própria finitude. 
Os lutos são acompanhados pelo luto da bissexualidade infantil que 
se perde pela imposição social, pois é um momento para decidir-se por um 
sexo, visto que o próprio corpo já o fez. A definição sexual obriga ao 
 INTRODUÇÃO 26 
abandono das fantasias primitivas de indiferenciação sexual ou do duplo 
sexo. O jovem procura com insucesso recobrar o sexo perdido, tanto na 
fantasia da bissexualidade como, muitas vezes, em comportamentos 
masturbatórios que constituem uma tentativa de negação dessa perda. A 
esse respeito, vale a pena ressaltar que, nessa fase evolutiva, marcada por 
desequilíbrios e instabilidades, é muito difícil visualizar o limite entre normal 
e patológico. 
A situação torna-se ímpar quando, além do interesse em estudar 
questões relativas à adolescência, dá-se papel de destaque à religião e à 
possível influência que esta exerce sobre o jovem, como ocorre nesta 
pesquisa. De acordo com Knobel (1981), é na adolescência que o jovem 
decide quem ele é, tanto na esfera sexual e pessoal como na profissional, 
necessitando, por isso, organizar sua identidade. Nesse processo, a religião, 
as experiências religiosas e a fé passam a exercer profunda importância. 
Ao escrever sobre os estágios desenvolvimentais da fé, Fowler (1992) 
baseou-se nos conceitos teológicos de Paul Tillich e nas teorias psicológicas 
do desenvolvimento de Jean Piaget, Erik Erikson e Lawrence Kohlberg. Em 
sua obra, explicou que, na adolescência, a fé precisa sintetizar informações 
e valores, mais precisamente, os morais, fornecendo uma base para a 
organização da identidade e da própria perspectiva individual do ser. 
Nesse prisma, a fé não é necessariamente um fenômeno de cunho 
religioso em seu sentido mais amplo, podendo até ser entendida como a 
maneira pela qual a pessoa entra no campo vital. É a forma como a pessoa 
se percebe e como se sente notada pelos outros, sob a perspectiva de 
significados e propósitos compartilhados. 
Como se vê pela abordagem de Freud, Jung, Erikson e de outros 
autores aqui mencionados, as relações entre religião e adolescência são 
bastante pertinentes e relevantes. 
Zagury (1997) em estudo realizado no Brasil, verifica que o 
adolescente brasileiro, em sua maioria, apresenta vinculação com algum tipo 
de religião (87,1%) e frisa ser este um país de fé. Em que pese a 
 INTRODUÇÃO 27 
importância que, reconhecidamente, a religião exerce nessa fase da vida, a 
literatura disponível aponta, sobretudo, para as diversas teorias que se 
desenvolvem com o objetivo de explicar ou entender a adolescência 
isoladamente. Estas teorias localizam-se nos seguintes campos: biogenética 
– Teoria Biogenética de Stanley Hall – 1846-1924; desenvolvimento – Teoria 
do Desenvolvimento do Adolescente de Arnold Gesell – 1880-1961; 
descritivo – Teoria Descritiva de Charlote Buher – 1893; antropológico – 
Teoria Antropológica de Margaret Mead – 1901; psicanalítico – Teoria 
Psicanalítica de Sigmund Freud – 1856-1939, além de outros. 
No entanto, poucos autores propuseram-se a estudar a adolescência, 
enfocando a importância que a religião tem para esse período evolutivo da 
vida. Existem inúmeros trabalhos destacando a adolescência em relação às 
drogas, sexualidade, educação, ensino-aprendizagem, suicídio, vida e morte 
que se encontram disponíveis. No entanto, em relação à religião, as 
disponibilidades são menores. 
Nesse campo, é possível citar o trabalho de Miranda (1988), intitulado 
Adolescência Final e Religião, um estudo de algumas características da 
experiência e do comportamento religioso de estudantes universitários de 
São Paulo, que aborda a religiosidade entre acadêmicos de cursos de 
Ciências Humanas e acadêmicos de Ciências Exatas, apoiados nas 
experiências concretas que tiveram com Deus. 
Outro trabalho é o de Freitas (2002), cujo título é Crença Religiosa e 
Personalidade em Estudantes de Psicologia, um estudo por meio do 
questionário Pratt e do Método de Rorschach, cujo objetivo é investigar as 
possíveis relações entre crenças religiosas e características de 
personalidade em estudantes de Psicologia da Universidade Católica de 
Brasília. 
Existe um estudo que envolve questões religiosas, embora sem 
destaque específico para a relação com adolescentes, é o de Araújo (2003) - 
Auto-Exame das Mamas Entre Freiras: o toque que falta. Esta pesquisa 
discute a influência da moral religiosa cristã a respeito de tudo que envolve o 
 INTRODUÇÃO 28 
corpo, visto que a prática do auto-exame e de outros procedimentos de 
detecção precoce do câncer de mama envolvem o tocar e ser tocada. 
Outra pesquisa, recentemente publicada, é o trabalho de Vieira de 
Miranda (2003) que se ancorando na perspectiva de Maurício Knobel e 
James Fowler, estuda a crise religiosa na adolescência. 
Como o interesse desta pesquisa é trabalhar diretamente com a 
adolescência e a religião, enfocando as possíveis influências da religião na 
estruturação da personalidade do adolescente, serão basilares as 
perspectivas teóricas de Erik Erikson (1989), Sigmund Freud (1927/1974) e 
James Fowler (1992). 
 
 
1.3. Referencial teórico 
 
Em comparação às demais fases do desenvolvimento humano, a 
adolescência é a que gera mais tensões e conflitos. Trata-se de um período 
de mudanças na vida do indivíduo, sendo, inclusive, responsável por 
preparar, de certa forma, seu futuro como adulto e idoso. É um momento da 
evolução humana que liga a infância, fase de menor responsabilidade, a 
uma tomada de decisões e responsabilidade total. 
Quanto às práticas religiosas, sob uma perspectiva psicológica, 
podem ser entendidas sob dois enfoques clássicos: o fenomenológico e o 
explicativo. 
O enfoque fenomenológico volta -se para à descrição dos 
comportamentos religiosos, seus significados e importância para o cotidiano 
do indivíduo e do grupo social. Este enfoque foi bastante influenciado pelo 
sociólogo Émile Durkheim, para quem a religião poderia ser entendida como 
um fato eminentemente social. As representações religiosas seriam, a seu 
ver, coletivas, pois exprimem realidades coletivas e surgem, unicamente, no 
 INTRODUÇÃO 29 
seio dos grupos reunidos, destinando-se a suscitar, manter ou refazer certos 
estados mentais desses grupos (DURKHEIM, 1912). 
O fundador do estudo fenomenológico da religião, sob a ótica 
psicológica, foi Granville Stanley Hall (1904), que se preocupou em 
descrever os comportamentos religiosos sem qualquer atenção à função ou 
sentido da religião, em oposição àquilo que se faz hoje. 
Já a perspectiva explicativa interessa-se pela personalidade e deseja 
compreender a religião em relação ao que esta oferece de contribuições à 
organização e dinamismo da personalidade. Esta perspectiva surgiu com 
Freud e Jung e suas teorias sobre as influências ou relações entre 
personalidade e religião ou práticas religiosas. Erikson estudou o 
desenvolvimento da personalidade, inclusive, organizando estágios para 
melhor explicar as idades do desenvolvimento humano, sendo a 
adolescência uma delas. 
Assim, em Erikson, a personalidade humana organiza-se mais pela 
influência dos conteúdos aprendidos, das vivências psicossociais e menos 
por fatores hereditários ou forças instintivas. O contato do indivíduo com os 
pais, com o grupo de amigos, com os freqüentadores de instituições, como 
escola, igreja, clube, tornam-se fundamentais à estruturação de sua 
personalidade (ERIKSON, 1968). 
Segundo o autor citado, o indivíduo, desde a infância até o final da 
adolescência, tem como sua principal meta o desenvolvimento ou 
estabelecimento de uma identidade de Ego, que incorpore todasas forças 
básicas que o cercam. Este desenvolvimento da identidade que ocorre em 
sua grande parte na adolescência ditará a forma de ser do adulto e idoso. 
De acordo com Marcia (1966,1980), Erikson deu tamanha importância 
à adolescência em sua teoria da personalidade que, para esse período, 
foram identificados cinco tipos psicológicos: realização da identidade, 
moratória, forclusão ou dissociação, difusão da identidade e realização 
alienada, conforme a ordem que o indivíduo introjeta esses tipos 
 INTRODUÇÃO 30 
psicológicos, estarão mais, ou menos, resolvidos seus problemas de 
identidade. 
Além disso, Erikson (1968) afirma que o adolescente, ao entrar nesse 
novo ciclo vital (adolescência), busca relacionamentos com um conjunto de 
ambientes que ultrapassa a esfera familiar. Assim é que se aproxima de 
seus pares, dos adultos, colegas de escola, trabalho, comunidade, incluindo-
se, aí a religião. Este conjunto de “novas amizades” irá contribuir para a 
formação de sua identidade e, por que não dizer, de uma fé, que precisa 
sintetizar valores e informações. Deus pode figurar entre estas “novas 
amizades”; quando isso acontece, o comprometimento do jovem com Ele e 
Sua influência sobre ele exercem um forte efeito ordenador sobre sua 
identidade e seus futuros valores. 
Outro autor, cuja teoria embasará esta pesquisa, é Sigmund Freud, 
que escreveu diversas vezes sobre a influência que a religião exerce sobre o 
indivíduo. Em 1904, em sua obra Psicopatologia da vida cotidiana, Freud 
aponta uma questão, em função do ambiente religioso em que cresceu, 
sobre a psicanálise ser suficientemente capaz de esclarecer fenômenos 
religiosos, como o mito do paraíso. Em 1907, em um artigo escrito sobre 
atos obsessivos e práticas religiosas, coloca a religião como neurose 
obsessiva universal. Esta analogia feita pelo pai da Psicanálise entre 
neurose obsessiva e religiosidade ressalta as semelhanças, do mesmo 
modo que as diferencia, a primeira (a neurose) constituindo-se, segundo ele, 
como expressão do instinto sexual e a segunda (a religiosidade), como 
expressão do instinto anti-social e egoísta. 
Em 1913-1914, ao publicar Totem e Tabu, Freud analisa a origem da 
religião em sociedades primitivas. Em 1927, conclui que a religião é uma 
ilusão e publica outra obra O Futuro de uma Ilusão. Em 1930, retoma o 
assunto em O Mal-estar na Civilização. Já no fim de sua vida, publica 
Moisés e o Monoteísmo, em que, novamente, levanta a questão da relação 
entre impulsos reprimidos e vida religiosa. Cabe ressaltar que Freud foi 
sempre muito cuidadoso com questões relativas à religião, tanto é que fez 
 INTRODUÇÃO 31 
autocrítica sobre as possíveis conclusões incertas elaboradas sobre o tema, 
sobretudo, no que se refere ao refutar a imagem viva, concreta e 
onipresente de Deus. 
Em 1948, Martin Buber formulou crítica a Moisés e o Monoteísmo. 
Conforme assinala Finkler (1973, apud MIRANDA, 1988), Buber considera 
esta obra acientífica e afirma que Freud está, na realidade, mais próximo do 
Cristianismo do que ele próprio supõe: quando comenta a necessidade do 
homem conviver em uma comunidade, baseada no amor e quando descobre 
a energia criadora desse amor dos homens entre si, sua linguagem 
aproxima-se da linguagem evangélica (MIRANDA, 1988). 
Freud (1927/1974) considera que a religião é a causa da neurose, 
pois a experiência religiosa tem seu ponto de partida na vivência edípica e o 
surgimento de mitos é um mecanismo de defesa que visa compensar a 
frustração afetiva, o desapontamento pela pobreza de amor dos pais, o que 
levaria o indivíduo a buscar um outro amor, imutável, eterno, criando, então, 
o herói, o mito, que o auxiliasse a encarar a incomensurável solidão, o 
sentimento oceânico que, vez por outra, o invade. 
Para Thouless, o mecanismo da projeção é uma realidade, mas Freud 
foi infeliz ao limitar Deus a este. Seu argumento baseia-se no fato de que, se 
o indivíduo projeta suas emoções em alguma pessoa, isso não significa que 
ele não tenha personalidade própria. Thouless (1971) apontou, como 
exemplo, que se é realidade que os ingleses criem uma projeção perfeita de 
sua rainha, isto não significa que esta não possua existência particular, com 
características pessoais únicas. 
Sintetizando, em Freud a religião ou as experiências religiosas são 
manifestações de conteúdos inconscientes ou a manifestação, na vida 
consciente, de conflitos inconscientes que se iniciaram nas relações entre 
criança e pais. Assim, a religião pode ser entendida como uma projeção de 
conflitos não resolvidos e sua posição sobre experiências religiosas tende a 
um certo reducionismo e a um naturalismo que procuram explicar a religião 
apenas em termos de dinâmicas psicológicas. 
 INTRODUÇÃO 32 
James Fowler (1992) estuda o desenvolvimento cognitivo e 
psicossocial da pessoa e suas relações com tipos ou estágios de fé ou 
construções religiosas. Para ele, a fé faz parte da consciência humana. A fé 
e a personalidade desenvolvem-se juntas; não são a mesma coisa, porém 
caminham entrelaçadas. 
Para Farris (2002), Fowler entende a fé como experiência humana de 
lealdade e confiança, constituindo-se, essencialmente, como um processo 
universal humano de construção do significado, que é uma parte integrante 
do desenvolvimento do Ego ou da personalidade. 
A fé é a disposição total da pessoa a um referencial definitivo ou a um 
centro de valor, que dá poder, apoio, orientação, coragem e esperança à 
vida e pode unir os indivíduos em comunidades de fé. Por ligar-se ao 
desenvolvimento cognitivo do indivíduo, dependendo da intensidade dessa 
disposição espiritual, este pode vir a enfrentar a realidade da vida de formas 
específicas. Estas especificidades poderão vir a revelar, por exemplo, o tipo 
de influência da religião sobre o adolescente universitário, a população desta 
pesquisa. 
O referencial teórico focaliza também os estágios de fé de James 
Fowler (1992), sobretudo o terceiro estágio, que trata da fé sintética e ou 
convencional, que ocorre no período da adolescência, quando o indivíduo 
começa a valorizar e a participar mais do mundo e menos do cotidiano 
familiar. As novas experiências passam a fasciná-lo, tornando-se um atrativo 
muito forte em sua vida. Nesse período, a fé precisa mostrar-se, oferecer 
uma base sólida para a identidade do indivíduo, que começa, então, a se 
perceber em sua singularidade de pessoa. 
Este trabalho buscou sustentação nas teorias de Erikson (1968), ao 
afirmar que a personalidade é uma espécie de resultante dos conteúdos 
aprendidos; de Freud (1927) que considera a religião como projeção de 
conflitos não resolvidos e Fowler (1922) entende que a fé ou a religião 
desenvolve-se com a personalidade, não sendo a mesma coisa, mas, 
 INTRODUÇÃO 33 
caminhando, como já foi dito, entrelaçadas. Algumas hipóteses são 
possíveis de serem lançadas com o objetivo de bali zar a presente pesquisa. 
 
 
1.4. Hipóteses 
 
· Na interação entre adolescente e ambiente religioso, este afeta a 
personalidade do adolescente; 
· Dependendo das relações do adolescente com o ambiente durante seu 
desenvolvimento, a personalidade mostrar-se-á mais, ou menos, sensível 
às religiões e às influências destas, e estas influências agirão sobre o 
dinamismo da personalidade, tornando-a mais flexível e adaptável, ou 
mais rígida, repressora e dogmática; 
· Adolescentes comprovadamente mais religiosos apresentam tendências 
para que sejam mais rígidos, moralistas e dogmáticos, características 
que contribuem negativamente para a organização e integração da 
personalidade em si e desta com o ambiente. 
· Adolescentes, reconhecidamente,menos religiosos mostram-se mais 
flexíveis, com maior condição de reflexão e adaptabilidade ao ambiente, 
possuindo maior espontaneidade em suas inter-relações sociais. 
 
 
1.5. Objetivos 
 
No sentido de verificar as hipóteses anteriormente levantadas, serão 
trabalhados os seguintes objetivos: 
 
 
 INTRODUÇÃO 34 
Objetivo Geral 
 
· Verificar a influência da religião na dinâmica da personalidade dos 
adolescentes universitários constitui-se no objetivo geral da presente 
pesquisa. 
Para se atingir o objetivo geral, foram levantados outros mais 
específicos e particulares, no sentido de alicerçar a compreensão global da 
influência da religião em adolescentes que alcançaram a universidade. Estes 
objetivos são: 
 
Objetivos Específicos 
 
· Avaliar as possíveis características de rigidez, moralidade e dogmatismo 
ou flexibilidade, reflexão e adaptabilidade da estrutura da personalidade 
de adolescentes universitários religiosos e não religiosos; 
· Identificar se existem em adolescentes universitários religiosos e não 
religiosos, diferenças significativas na organização estrutural da 
personalidade; 
· Identificar e analisar se ocorre, de forma mais construtiva e organizadora 
ou mais dominadora e repressora, a influência da religião no 
funcionamento da personalidade de adolescentes universitários 
religiosos. 
 
 
1.6. Método 
 
Esta investigação contou com uma amostra total de sessenta 
universitários de escolas públicas ou privadas da Grande São Paulo. Os 
 INTRODUÇÃO 35 
componentes da amostra situam-se na faixa etária compreendida entre 18 e 
23 anos, pois, nas culturas ocidentais, a adolescência estende-se dos 12 ou 
13 anos até aproximadamente, 22 e 24 anos de idade, admitindo-se 
variações, tanto de ordem individual como na ordem cultural, conforme 
afirma Rosa (1996). 
Além disso, trata-se da faixa etária, na qual o jovem pode, 
perfeitamente, alcançar os estudos universitários, uma vez que os alunos do 
segundo grau são admitidos nas universidades cada vez mais 
precocemente. 
A amostra total foi dividida em dois grupos, trinta acadêmicos com 
vínculos com alguma religião e outros trinta, totalmente, desvinculados de 
qualquer orientação religiosa. Os dois grupos, de alunos religiosos e não 
religiosos, foram ainda subdivididos igualitariamente entre os sexos 
masculino e feminino. 
Antes de se dar continuidade, cabe uma observação sobre o termo 
“não religioso” usado para o grupo de jovens pouco vinculados à religião. A 
expressão não significa que os adolescentes pertencentes a esse grupo não 
tenham religião, indica apenas que eles pertencem ao grupo “não religioso” 
desta pesquisa, que não se encaixa entre os jovens religiosos. Em hipótese 
alguma, trata-se de um julgamento moral ou existencial dos indivíduos 
pertencentes a um grupo menos religioso, apenas refere-se a uma categoria 
de pesquisa que necessita ser diferenciada de uma outra, no caso 
denominada pelo termo “religioso”. 
Nesta pesquisa, adolescentes são os universitários regularmente 
matriculados e freqüentando cursos de graduação na Grande São Paulo. As 
variáveis controladas foram: renda familiar (número de salários mínimos 
auferidos); turno em que freqüenta a universidade; existência de trabalho 
profissional concomitante aos estudos: origem domiciliar (capital ou interior) 
e procedência religiosa da família. O controle foi feito pelas questões de 
identificação que constam da parte inicial do Questionário de Verificação de 
Presença de Religião (Anexo II). 
 INTRODUÇÃO 36 
Para a organização da amostra, especialmente, em relação à sua 
divisão entre universitários religiosos e não religiosos, foi aplicado um 
“Questionário de Verificação de Presença de Religião”, composto de dez 
perguntas (Anexo II). 
Os universitários que responderam de modo afirmativo, no mínimo, a 
70% das questões e, entre estas, obrigatoriamente, às de número 1, 8 e 10 
foram considerados religiosos. Os não religiosos responderam 
afirmativamente até 30% das questões. 
A definição destas porcentagens baseou-se no fato de desejar-se que 
os jovens universitários considerados religiosos possuíssem condutas 
marcadamente religiosas. Quanto aos não religiosos, admitiu-se a opção por 
alguma religião, devendo ser claro, contudo, seu distanciamento das práticas 
presentes em sua religião, bem como seu conhecimento acentuado dos 
costumes inerentes a ela. Os universitários, cujas respostas ao 
“Questionário de Verificação de Presença de Religião” atingiram escore 
entre 40 e 60% de respostas afirmativas, não compuseram o grupo de 
universitários religiosos nem o de não religiosos, visto que se pretendeu ter 
como componentes dos grupos aqueles que se posicionaram de forma mais 
extremada. 
 INTRODUÇÃO 37 
1.7. Instrumento de avaliação da personalidade para o levantamento 
de dados 
 
Atualmente, existe uma constância cada vez maior das técnicas 
projetivas na investigação psicodiagnóstica, apoiadas em pesquisas ou 
levantamentos clínicos. Verifica-se a contribuição que os métodos projetivos 
de investigação psicodiagnóstica oferecem à compreensão dos aspectos 
psicodinâmicos dos indivíduos, proporcionando um rico material a ser usado 
na análise de casos, tanto para fins clínicos como de pesquisa. 
 
1.7.1. Caracterização das Técnicas Projetivas - Psicodiagnóstico de 
Rorschach 
 
As técnicas projetivas ocupam um lugar de destaque no processo 
psicodiagnóstico, pois constituem um material ambíguo apresentado ao 
examinando, possibilitando-lhe ampla liberdade nas respostas ao 
instrumento oferecido e proporcionando um rico material para análise e 
interpretação (CARNEIRO et al, 1993). 
Esta ambigüidade do material pode gerar uma infinidade de 
conteúdos a serem interpretados (respostas, histórias, desenhos, etc.), que 
surgem muito mais em função das experiências do paciente que das 
características do material. 
Nas técnicas projetivas, o material serve como “estímulo” para 
expressão dos conteúdos. Segundo Anderson e Anderson (1978), os testes 
projetivos não fornecem apenas aspectos de projeção, mas, praticamente, 
todos os mecanismos mentais, tanto expressivos como de defesa. Para eles, 
esses constituem um rico material de análise sobre o paciente. 
O termo método projetivo foi introduzido por Franck, em 1939, que 
logo se mostrou com ampla difusão e emprego; pois designa um conjunto de 
procedimentos técnicos que visam ao estudo da personalidade dos 
indivíduos por meio de estímulos pouco estruturados, o que permite ao 
 INTRODUÇÃO 38 
indivíduo expressar livremente um sentido particular, produzindo respostas 
sempre projetivas e passíveis de interpretação de seus processos internos 
(VAN KOLCK, 1981). 
Para Anzieu (1984), o sujeito, ao submeter-se ao teste de Rorschach, 
relaxa o controle consciente de seus conteúdos, podendo expô-los por meio 
de suas respostas, baseadas em uma conduta oscilante entre concentração 
e descontração, o que permite a avaliação de suas características mais 
intrínsecas, bem como o conjunto de defesas que utiliza para poder lidar 
com elas. 
As propriedades das técnicas projetivas são caracterizadas por vários 
aspectos, que lhes são comuns: estímulos pouco ou nada estruturados, 
respostas bastante ou totalmente livres, abordagem indireta de aplicação, 
origem teórica fundamentada na psicanálise ou na psicometria, sobretudo 
aplicação individual, avaliação e interpretação baseadas em pressupostos 
psicanalíticos ou psicométricos, objetivo como a exploração da 
personalidade em plano mais profundo e abrangente do que as técnicas 
objetivas e a exploração de dados globaise integrados da personalidade 
(BELL, 1982; VAN KOLCK, 1981). 
Entretanto, qualquer técnica, projetiva ou não, só terá real validade 
quando planejada com precisão e critérios técnicos e teóricos bem definidos. 
Desta forma, o processo psicodiagnóstico ou a pesquisa poderá ter maior 
definição dos conteúdos psicodinâmicos e psicométricos do quadro 
(ADRADOS, 1982). Em outros termos, após a interpretação de todos os 
dados e da integração com o conteúdo obtido, pode-se concluir, de forma 
consistente e segura sobre a personalidade dos indivíduos. 
É importante ressaltar que o uso de uma técnica projetiva pressupõe 
um amplo conhecimento do instrumento, alicerçado em uma prática 
constante e na atualização permanente quanto a esse tipo de técnica. 
 
 
 INTRODUÇÃO 39 
1.7.2. O Rorschach como Técnica Projetiva 
 
O Rorschach é um instrumento psicodiagnóstico de reconhecida 
validade e profundidade de investigação. Seu material de interpretação 
possibilita uma análise da personalidade dos indivíduos em termos 
estruturais, garantindo uma contextualização ímpar do quadro que está 
sendo investigado. 
Pelos itens de codificação que permitem um trabalho quantitativo, é 
possível uma averiguação empírica e estatística de qualquer aspecto da 
personalidade dos indivíduos sob o enfoque estrutural. Pontuado na análise 
simbólica das verbalizações, podem-se analisar os aspectos psicodinâmicos 
da personalidade dos sujeitos podem ser analisados, compreendendo seu 
funcionamento e relação consigo e com o mundo. 
 
1.7.3. Breve Histórico 
 
Em distintas culturas e épocas, foi comum o uso da imaginação nas 
brincadeiras populares para interpretar nuvens ou manchas de tinta. O 
primeiro registro do uso de borrões com significado clínico é de 1857 
(Souza, 1982; Vaz, 1987). 
O médico alemão Kerner usava borrões de tinta para caracterizar 
aspectos de personalidade das pessoas que os faziam, embora importante 
em termos históricos, seu trabalho mostrou-se limitado, pois não estudou as 
diferenças individuais dos sujeitos. Em 1895, Binet e Henri desenvolveram 
uma aplicação de forma mais metodológica no campo da Psicologia 
Experimental, associando processos de imaginação e fantasias dos 
indivíduos, mediante a confecção de borrões de tinta. Depois deles, outros 
autores também desenvolveram estudos com manchas de tinta em várias 
localidades (SOUSA, 1982; VAZ, 1987). 
 INTRODUÇÃO 40 
Hermann Rorschach foi o responsável por uma sistematização a 
respeito do trabalho com manchas de tinta, focalizando, tanto aspectos 
normais como outros que envolviam as manchas. Iniciou os estudos com os 
borrões em 1910. Em 1918, o próprio Rorschach confeccionou e elaborou as 
pranchas do teste e passou a aplicá-las experimentalmente no Hospital de 
Herisan (VAZ, 1987). A primeira edição completa do trabalho de Rorschach 
data de 1921 e está no livro Psychodiagnostik, denominado pelo autor, como 
métodos e resultados de uma experiência diagnóstica de percepção por 
meio da interpretação de formas fortuitas. O livro ainda é considerado um 
clássico do gênero (CABRAL e NICK, 1997). 
Desde 1921, quando foi publicado o Psicodiagnóstico (RORSCHACH, 
1978), que, mais tarde, recebeu o nome de seu idealizador, inúmeros 
trabalhos foram desenvolvidos e vários autores destacaram-se em um 
movimento constante de pesquisas e aprimoramento com o instrumento. A 
maioria dos trabalhos foi de natureza empírica e marcou a técnica com 
importantes descobertas. Podem ser destacados Beck, Klopfer, Hertz, 
Piotrowski, Rapaport, Trautenberg, Silveira, dentre outros. Cada pesquisador 
acrescentou um aspecto próprio à técnica e à codificação dos escores, 
desenvolvendo o que se chama de Sistema de Classificação. Os sistemas 
de classificação identificam uma determinada forma de trabalhar com o 
Método de Rorschach e diferenciam-se entre si, no que tange aos aspectos 
de análise das respostas e compreensão das vicissitudes do sujeito no 
momento do teste. A escolha de um sistema de classificação depende da 
afinidade e identificação do clínico ou do pesquisador. 
Todos os sistemas possuem seus importantes pontos para a história 
do desenvolvimento do Método de Rorschach, sem supremacia de um sobre 
o outro. É possível citar que todos os sistemas de classificação estão 
corretos, tratando-se apenas de uma escolha técnico-metodológica do uso 
do instrumento. Neste estudo, utilizar-se-á o sistema de classificação 
proposto por Exner, em 1994, será utilizado. No Brasil, a primeira utilização 
do Rorschach data de 1927 e sua primeira publicação científica-brasileira é 
de 1934 (PEREIRA, 1987). 
 INTRODUÇÃO 41 
Observa-se que, em relação ao Rorschach, o Brasil sempre 
acompanhou o desenvolvimento e estudos sobre essa técnica, tanto é que 
existem inúmeras sociedades científicas brasileiras com o intuito de agregar 
profissionais interessados no instrumento. Em 1952, Aníbal Silveira fundou a 
Sociedade de Rorschach de São Paulo que reúne profissionais que utilizam 
o sistema de classificação desenvolvido pelo seu fundador. Em 1993, André 
Jaquemin fundou a Sociedade Brasileira de Rorschach e outros métodos 
projetivos, reunindo profissionais e pesquisadores de todos os sistemas de 
classificação do Rorschach, bem como profissionais e pesquisadores que 
usam outros instrumentos projetivos de investigação. Dentre um grande 
conjunto de instrumentos projetivos, cabe ressaltar que o Psicodiagnóstico 
de Rorschach ocupa, indubitavelmente, uma posição de grande destaque, 
enfatizada quer pela prática clínica dos profissionais dessa área, quer pela 
bibliografia e eventos científicos da área (PEREIRA, 1987). 
 
1.7.4. Aspectos Projetivos do Método de Rorschach 
 
De acordo com Van Kolck (1981) e com os critérios de classificação 
das provas projetivas, com base na proposta de vários autores que as 
designam, segundo suas propriedades e características o Rorschach pode 
ser enquadrado como uma prova: 
- constitutiva, quanto ao uso funcional do material, pois o sujeito organiza 
suas respostas, apoiado em um material não-estruturado; 
- perceptivo-estrutural, quanto aos processos e aspectos de personalidade 
envolvidos, pois o sujeito utiliza recursos de percepção para a projeção de 
suas características apoiado na organização de suas respostas; 
- visual, quanto à natureza do material usado para estímulo, pois o sujeito 
entra visualmente em contato com os borrões-estímulo. 
Em razão das características do Rorschach, o indivíduo utiliza, 
predominantemente, as sensações visuais, embora possa também recorrer 
 INTRODUÇÃO 42 
a outras modalidades sensoriais durante a aplicação, como as táteis 
(movimentos, tensões, etc.), dependendo dos aspectos personalógicos 
envolvidos. A organização dos perceptos é resultante do dinamismo psíquico 
e da projeção, baseada em imagens subjetivas observadas em um contexto 
concreto (identificação e descrição do que foi percebido) e abstrato 
(apreensão dos elementos abstratos e essenciais). 
Assim, o sujeito seleciona aspectos da prancha, segundo referenciais 
de atenção e afetivos, manifestando-os ao examinador por intermédio de 
respostas verbais e comportamentos produzidos, oferecendo um rico 
material de análise, com base no qual é possível avaliar todo esse 
mecanismo e as características que foram envolvidas (COELHO, 1980). 
Diante do contato visual com os estímulos articulados nas dez 
pranchas, utilizando-se dos recursos perceptivos, os sujeitos organizam 
suas respostas, revelando aspectos estruturais e inconscientes da 
personalidade extremamente úteis à pesquisa e oferecendo, rico material 
para encaminhamentos e ao trabalho psicoterapêutico.O material de interpretação mostra-se bastante eficiente, pois os 
dados obtidos de forma sistematizada e controlada pelas propriedades da 
técnica, organizados na codificação e análise das respostas dadas, podem 
ser medidos e quantificados, permitindo um trabalho estatístico e objetivo 
(ADRADOS, 1982). 
Assim, obtêm-se resultados claros de comparação que, além de 
possibilitarem uma análise simbólica dos dados psicodinâmicos das 
respostas, informam, de forma profunda e contextualizada, a respeito da 
dinâmica da personalidade do paciente, oferecendo subsídios 
psicodiagnósticos e prognósticos ao trabalho clínico. 
Cabe salientar que o instrumento oferece dados por meio de índices 
de adaptação e psicopatológicos, fornecendo um parâmetro de comparação 
frente à realidade externa e suas vivências. Estes dados, proporcionam ao 
psicólogo, possibilidades de diagnóstico diferencial, adaptativo, prognóstico, 
entre outros. Por essa razão, as técnicas de exame psicológico constituem 
 INTRODUÇÃO 43 
um rico instrumento para pesquisas e objetos de pesquisas, demonstrando o 
crescente interesse dos profissionais e pesquisadores no desenvolvimento 
de investigações na área (JAQUEMIN, 1997). 
O Método de Rorschach, dentre outros atributos, é sistematicamente 
utilizado em pesquisas científicas, seus dados viabilizam importantes 
perspectivas no desenvolvimento de investigações psicológicas (WEINER, 
1986). 
Há muito tempo, graças a intensas pesquisas nos mais diferentes 
níveis, o teste garantiu seu caráter científico, configurando-se como um 
importante objeto e instrumento para a investigação da personalidade dos 
indivíduos (YAZIGI, 1997). 
 
 
1.8. Procedimentos 
 
Para a organização da amostra que fez parte desta pesquisa, foram 
contatadas universidades privadas da Grande São Paulo, nas figuras de 
seus Diretores ou Coordenadores dos diversos cursos de graduação, no 
sentido de obter autorização para explicar aos alunos desses cursos os 
objetivos do trabalho em tela. 
Aos alunos que concordaram ser um possível componente da 
amostra, foram entregues, por escrito, informações gerais sobre a pesquisa 
(Anexo I). Além disso, todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido (Anexo I). Não fizeram parte da amostra, universitários com 
menos de 18 anos, por não terem alcançado o índice de respostas para 
participar dos grupos de adolescentes religiosos nem não religiosos. 
Decorrido esse momento de esclarecimentos e autorizações, os 
participantes responderam ao “Questionário de Verificação de Presença de 
Religião”, desenvolvido pelo autor desta pesquisa, para, possivelmente, 
integrarem o grupo de trinta universitários religiosos ou o grupo de trinta 
 INTRODUÇÃO 44 
universitários não religiosos, de acordo com os critérios estabelecidos 
anteriormente (vide amostra). 
O “Questionário de Verificação de Presença de Religião” é composto 
por dez questões relacionadas à religião, Deus e práticas religiosas, nos 
quais os participantes deveriam assinalar como resposta uma das 
alternativas, sim ou não. O impresso do questionário, na sua parte inicial, 
comporta dados de identificação e aspectos sociodemográficos dos jovens 
universitários que serão apresentados e discutidos nas Tabelas 1 a 7. 
O “Questionário de Verificação de Presença de Religião” foi aplicado 
em vários cursos de graduação, entre eles, os de Direito, Economia, 
Administração de Empresas, História, Psicologia, Fisioterapia, Pedagogia, 
Odontologia, Nutrição, Engenharia e Matemática de Universidades privadas 
da Grande São Paulo, visando a diversificar os componentes da amostra, 
inclusive, em termos de formação superior pretendida. Nessa primeira fase 
(seleção dos componentes da amostra) não se limitou o número de 
participantes, sobretudo para se garantir a formação de um grupo de trinta 
universitários não religiosos. Caso um, ou ambos os grupos, apresentasse 
excesso de participantes, após o emprego dos critérios de formação dos 
mesmos, fato que não ocorreu, o pesquisador escolheria aleatoriamente os 
participantes da amostra. 
A primeira fase de organização da amostra, as informações gerais 
sobre a pesquisa, a assinatura do termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido e a aplicação do “Questionário de Verificação de Presença de 
Religião”, verificaram-se no primeiro encontro com os alunos. Ainda, nesse 
mesmo encontro, foi também aplicado, o “Questionário de Constatação 
Qualitativa”, apenas aos alunos considerados religiosos. Este questionário é 
uma reprodução parcial daquele preparado no Instituto de Psicologia da 
USP, para um estudo sobre religião e religiosidade na juventude, tese 
apresentada em 1988 por Raquiel Andrade Miranda, sob orientação do 
Professor Doutor Samuel Fromm Netto. 
 INTRODUÇÃO 45 
Dessa forma, estas atividades, consideradas brandas e não 
desgastantes, foram realizadas em um único momento. 
A aplicação dos questionários foi coletiva em sala de aula destinada 
pela própria Universidade, foram impressos, distribuídos pelo pesquisador e 
por mais três colaboradores, todos com formação universitária. Para que 
fossem respondidos, suas instruções eram simples e objetivas: os alunos 
preencheram as lacunas de identificação pessoal e assinalaram apenas uma 
das alternativas, sim ou não, para cada pergunta, conforme sua forma de 
pensar. Todas as instruções ou respostas das dúvidas foram dadas apenas 
pelo pesquisador. 
Os alunos, conforme foram terminando de responder o “Questionário 
de Verificação de Presença de Religião”, devolveram ao pesquisador ou a 
seus colaboradores e voltaram a seus lugares. À medida que receberam os 
questionários respondidos, os aplicadores estabeleceram a porcentagem de 
respostas “sim” e “não”. 
Os alunos que assinalaram 70% ou mais de respostas afirmativas e, 
entre elas, as questões um, oito e dez foram considerados religiosos, assim, 
estes aguardaram em sala de aula a aplicação do “Questionário de 
Constatação Qualitativa”. Os que responderam “sim” a até 30% das 
questões foram considerados não religiosos e agendaram com os 
aplicadores uma data e horário para se submeterem ao teste de Rorschach 
e, somente, nessa data voltaram a ter contato com o pesquisador. Foi 
organizado um caderno-agenda para marcação do horário de testes. 
Vale ressaltar que os colaboradores foram prévia e uniformemente 
treinados para o levantamento das porcentagens de respostas das questões 
do “Questionário de Verificação de Presença de Religião” e suas 
participações visaram a agilizar a identificação de alunos religiosos e não 
religiosos. 
Os alunos, cujas respostas “sim” somaram mais de 30% de todas as 
questões e menos que 70% foram dispensados de outras atividades, visto 
que não eram considerados religiosos (70% ou mais de respostas “sim”) e 
 INTRODUÇÃO 46 
não religiosos (30% de respostas “sim”, no máximo), portanto, não fizeram 
parte da amostra. 
Os alunos considerados religiosos (com 70% ou mais de respostas 
“sim”, incluindo as questões 1, 8 e 10) passaram, então, a responder ao 
“Questionário de Constatação Qualitativa”. A esses alunos, solicitou-se que 
preenchessem a lacuna de identificação e que lessem a instrução impressa 
no próprio caderno de questões (Anexo III). Conforme foram terminando, 
entregaram o questionário ao aplicador ou a seus auxiliares e marcaram a 
data e horário para se submeterem ao teste de Rorschach. 
No caso desta pesquisa, para verificar as condições gerais da 
personalidade do adolescente, bem como o possível predomínio de 
características menos organizadoras e maduras da personalidade, como 
rigidez, moralidade e dogmatismo ou características mais estruturantes emenos radicais, como a flexibilidade, capacidade de reflexão e capacidade 
de adaptação à sociedade. 
O teste de personalidade foi aplicado em todos os componentes da 
amostra e tanto a aplicação como a interpretação do material seguiu o 
sistema proposto por Exner. A aplicação do teste aconteceu de forma 
individual, em local apropriado para esse tipo de trabalho, em espaço cedido 
pelas universidades envolvidas. 
O “Questionário de Constatação Qualitativa” (Anexo III) foi aplicado no 
primeiro encontro e teve como objetivo verificar qual a possível influência 
sofrida pelo adolescente religioso ao longo de sua vida - se foi mais da 
família ou da religião. Em sendo desta última, procurou-se verificar o tipo de 
influência recebida, se mais repressora e restritiva ou mais construtiva e 
organizadora. 
Responderam a este questionário apenas os componentes da 
amostra que fizeram parte do grupo composto por universitários 
considerados religiosos. 
O referido questionário compõe-se de duas partes: parte A, um 
questionário mais pessoal e a parte B, uma escala de julgamento pessoal, 
 INTRODUÇÃO 47 
ambos voltados à avaliação qualitativa da religiosidade dos sujeitos 
universitários, bem como o posicionamento que possuem a respeito de suas 
respectivas famílias. 
Especificamente, a parte B colabora para que se tenha uma noção, 
qualitativa sobre as influências externas que atingem o comportamento do 
jovem, religioso e não religioso, se estas forem mais oriundas da religião ou 
da família, notadamente, dos pais. 
A parte A inclui nove questões afirmativas que versam sobre aspectos 
religiosos e familiares, devendo cada componente da amostra responder se 
concorda com ela, discorda ou é neutro / não sei. 
A parte B, com 28 questões, sete de cunho afirmativo, sete voltadas 
para a freqüência e outras 14 indicando graus, em relação aos 
comportamentos pessoais dos jovens, seus posicionamentos sobre a família 
e religião, solicitando aos componentes da amostra que indiquem escores 
que variam de zero a quatro, ou seja, de muito pouco a muitíssimo e que 
melhor traduzam seus pensamentos. 
O fato de o presente questionário ser uma reprodução parcial do 
instrumento preparado no Instituto de Psicologia da Universidade de São 
Paulo não restringe sua eficiência no presente estudo. Em relação a este 
aspecto, em particular, vale destacar que o “Questionário de Constatação 
Qualitativa” teve a função de levantar conteúdos de natureza mais dinâmica 
da personalidade para complementar os aspectos mais estruturais dessa 
mesma personalidade obtidos por meio do Método de Rorschach. 
Torna-se importante esclarecer que, ao se fazer referência aos 
conteúdos de natureza dinâmica da personalidade, pretende-se apontar a 
parte mais influenciável desta, ou seja, a mais propensa a mudanças com 
base nos estímulos externos. 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 48 
1.9. Previsão de análise de dados 
 
O “Questionário de Verificação de Presença de Religião” teve como 
função exclusiva a seleção dos componentes da amostra, os dados gerais 
não foram analisados nesta pesquisa. 
Quanto ao teste de personalidade (Método de Rorschach), que foi 
aplicado em toda a amostra, as respostas obtidas foram codificadas 
considerando-se os aspectos propostos por Exner. 
A codificação das respostas foi realizada por dois juízes, ambos 
professores de Rorschach e membros da Sociedade Brasileira de Rorschach 
e outros métodos projetivos, a saber: professor Paulo Francisco de Castro, 
psicólogo, Mestre em Educação, lecionando o Método de Rorschach há 
mais de 12 anos e professor Augusto Rodrigues Dias, psicólogo, Mestre em 
Avaliação Psicológica, lecionando o Método de Rorschach há mais de oito 
anos. 
Ambos os professores utilizam o sistema Exner de codificação das 
respostas. A codificação de cada um dos protocolos foi feita de forma 
independente pelos juízes. Caso tivesse havido discordância nas 
codificações, um terceiro juiz, com a mesma qualificação dos anteriores, 
seria convidado a opinar, fato que não ocorreu. 
Os dados quantitativos obtidos nos testes (Método de Rorschach) 
foram tratados, segundo critérios estatísticos dos testes de hipóteses 
relacionados às possíveis diferenças encontradas entre o grupo de 
universitários religiosos e universitários não religiosos. Iniciou-se pela 
análise das médias dos índices encontrados entre os grupos da amostra por 
meio da hipótese nula/hipótese experimental, passou-se a uma análise de 
significância não-paramétrica pelo cálculo do Qui-quadrado (LEVIN, 1987). 
Os dados obtidos nos testes dos adolescentes universitários não 
religiosos, além de servirem como parâmetro de comparação, para destacar 
 INTRODUÇÃO 49 
o predomínio de características típicas dos universitários religiosos, também, 
descrevem a personalidade dos jovens não religiosos. 
Após a identificação dos aspectos mais significativos que 
caracterizam o grupo de adolescentes religiosos, os dados obtidos no teste, 
apoiados nessas informações, foram relacionados com informações, 
interpretações psicológicas da personalidade dos adolescentes religiosos, 
buscando-se delinear o perfil dos mesmos. 
 
 
1.10. Organização geral do trabalho 
 
Conforme já explicitado, esta pesquisa versa sobre a influência da 
religião em adolescentes universitários, pois seu referencial teórico está 
calcado nas teorias de Erik Erikson, Sigmund Freud e James Fowler que 
abordam, respectivamente, a adolescência, a religião e a importância desta 
para o comportamento das pessoas. 
Para facilitar o entendimento do leitor, a pesquisa constitui-se das 
seguintes partes: 
1. INTRODUÇÂO 
2. ADOLESCÊNCIA 
3. O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REFERENCIAL TEÓRICO 
DE FREUD E ERIKSON 
4. FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. ADOLESCÊNCIA 
 
 ADOLESCÊNCIA 51 
 
 
 
 
 
Este estudo tem como objetivo discutir a adolescência, uma das 
etapas mais importantes na vida do homem. Nesse período, o jovem busca, 
já com a estrutura de personalidade definida organizar sua identidade e, 
para isso, precisa ter contato com tudo o que faz parte de sua existência. 
Dessa forma, até o que parece pouco importante contribuirá para o 
estabelecimento de sua identidade pessoal. 
Na adolescência, o indivíduo capta as influências de tudo que o cerca. 
Nesse sentido, pessoas, instituições, coisas ou instâncias como a religião, a 
moral, o desejo, entre outras, influenciam, indubitavelmente, o adolescente, 
colaborando para que ele se transforme em uma pessoa que espelhe seu 
meio e seus entes mais íntimos conforme a estrutura de personalidade que 
possui, sem perder a própria essência. 
Esta pesquisa enfoca o adolescente, portanto, é importante destacar 
a diferença entre os termos adolescência, puberdade e pubescência, para 
que não haja qualquer confusão entre eles no desenrolar do trabalho, visto 
que a diferença é bastante sutil. 
Etimologicamente, o termo “adolescência” deriva do verbo latino 
“adolescere”, que significa crescer ou desenvolver-se até a maturidade. 
Durante muitos séculos, foi usado para definir quase, exclusivamente, o 
desenvolvimento do indivíduo de acordo com seus aspectos biológicos, 
assim, os termos “adolescência” e “puberdade” funcionavam como 
sinônimos. 
Muus (1962) baseou-se em conceitos não só biológicos, mas também 
psicossociais para definir a adolescência em termos sociológicos, 
psicológicos e cronológicos. 
 ADOLESCÊNCIA 52 
Cronologicamente, nas culturas ocidentais,adolescência abrange o 
período vital do indivíduo que se inicia em torno de 12 anos e encerra por 
volta de 24 anos. Estas idades são consideradas como uma aproximação do 
real de cada pessoa, visto que é necessário considerar as variações 
individuais e, as culturais, que, interferem diretamente no processo de 
maturação do indivíduo. 
Sociologicamente, é o período de transição, no qual o indivíduo passa 
do estado de dependência de seu mundo proximal ou nuclear, para uma 
condição de independência, mormente, quando começa a assumir certas 
funções e responsabilidades próprias do mundo adulto. 
Por esse prisma, observa-se que a adolescência ou juventude é uma 
categoria social, ou seja, é algo mais do que uma faixa etária ou uma “classe 
de idade”, no sentido dos limites etários restritos, conforme Groppo (2000), 
sem constituir uma classe social. Até porque não existe uma classe social 
formada, ao mesmo tempo, por todos os indivíduos de uma faixa etária 
única. 
Em síntese, a juventude ou adolescência é uma concepção ou criação 
simbólica, fabricada pelos grupos sociais ou pelas pessoas tidas como 
jovens para justificar certos comportamentos, marcas, atitudes e crenças a 
elas atribuídos. Assim as faixas etárias admitidas ou reconhecidas pela 
sociedade moderna têm passado por uma série de alterações lingüísticas ao 
longo do tempo, mais precisamente, nos dois últimos séculos, quando foram 
registrados numerosos abandonos, retornos, supressões e acréscimos de 
termos. 
Apoiadas nessas alterações, as categorias sociais cuja origem eram 
baseadas em faixas etárias, também, sofreram mudanças e até supressões, 
passando a ser classificadas pelos termos como “infância”, “adolescência”, 
“juventude”, “adolescente final”, “jovem-adulto”, “adulto”, “maturidade”, 
“idoso”, “velho” e, mais recentemente, “terceira idade”, entre outros. 
Para Groppo (2000), a vida social transcorre ao longo de três 
momentos básicos: o nascimento, que seria o ingresso do indivíduo na 
 ADOLESCÊNCIA 53 
sociedade, um período de transição e a maturidade. Em torno desses três 
momentos axiais, muitas divisões ou subdivisões foram criadas, recriadas e 
suprimidas, de acordo com as mudanças sociais, culturais e a mentalidade 
que acompanham o processo da vida cotidiana. Para Groppo, o período de 
transição entre a fase de ingresso na sociedade e a maturidade, em que três 
termos passaram a ser comumente citados: juventude, adolescência e 
puberdade. Em uma análise inicial, pode-se afirmar que, cada um dos 
termos se refere ao tipo de transformação que o indivíduo sofre nessas 
fases da vida, a saber: 
· A puberdade é um termo criado pelas ciências médicas para referir-se à 
fase de transformações corpóreas do indivíduo, que era criança e que 
está amadurecendo. 
· A adolescência é uma concepção criada pela psicologia e pela 
pedagogia, para indicar as mudanças, tanto na personalidade como na 
mente e ou no comportamento do indivíduo em vias de tornar-se adulto. 
· A juventude é um termo concebido pela sociologia para designar o 
indivíduo em transição entre as funções sociais da infância e as do 
homem adulto. 
Groppo cita que: 
 
Em uma análise sociológica mais próxima ao uso cotidiano 
dos termos e considerando outras utilizações feitas pelas 
ciências sociais, adolescência e juventude aparecem como 
fases sucessivas do desenvolvimento individual, a 
adolescência mais próxima da infância, a juventude mais 
próxima da maturidade (GROPPO, 2000, p.14). 
 
Marialice Foracchi explica bem a distinção entre adolescência e 
juventude, assim, adolescência é um período de crises e turbulências 
restritas ao conflito de gerações. Abrange impacto entre indivíduos e grupos 
específicos de idades diferentes como, por exemplo, entre pais e filhos. 
Estas crises sofrem uma evolução e, posteriormente, tornam-se uma crise 
 ADOLESCÊNCIA 54 
da juventude, transformando-se os “conflitos de gerações” em conflitos 
sociais (FORACCHI, 1972). 
 
Ainda sob o enfoque sociológico, Hollingshead e Groppo 
(1998, p.10) afirmam que a adolescência é um período da 
vida de uma pessoa que se define quando a sociedade na 
qual ela funciona cessa de considerá-la uma criança e não 
lhe atribui o status, os desempenhos e funções do adulto. 
Acredita-se que o comportamento adolescente é um tipo de 
comportamento de transição que depende exclusivamente 
da sociedade, e mais ainda, da posição que o indivíduo 
ocupa dentro da estrutura social, e não dos fenômenos 
biopsicológicos relacionados a essa idade. 
 
A adolescência, sob o enfoque psicológico, caracteriza -se como o 
período da definição da identidade do “eu”, com conseqüências que podem 
ser tanto sérias ao indivíduo como à sociedade, de acordo com a teoria de 
Erik Erikson (1998). 
Quanto à puberdade, tratando-se do estágio evolutivo em que o 
indivíduo atinge sua maturidade sexual, pode variar, de acordo com Muus 
(1962), conforme as condições socioeconômicas e geográficas desse 
indivíduo. Por exemplo, a maturidade sexual tende a ocorrer mais cedo em 
pessoas que vivem em climas temperados e que pertencem às classes 
sócioeconômicas mais elevadas. 
Já o termo “pubescência” refere-se ao período de desenvolvimento 
fisiológico, no qual as funções reprodutivas como os órgãos sexuais 
primários amadurecem. 
Modernamente, a adolescência é um conceito amplo, que abrange 
mudanças importantes, tanto nas estruturas da personalidade como nas 
funções que o indivíduo desempenha na sociedade. Não se confunde com a 
puberdade, na qual a questão biológica aflora; nem com a pubescência, 
cujas mudanças fisiológicas tornam-se exacerbadas. 
A adolescência, então, pode ser compreendida como um conceito 
psicossocial, representando um período difícil no processo de evolução do 
 ADOLESCÊNCIA 55 
indivíduo que, então, se ajusta em termos pessoais e sociais, conforme será 
discutido mais adiante. 
Assim, a adolescência, como conceito psicossocial, não está limitada 
aos fatores cronológicos, mas existem sociedades mais primitivas nas quais 
é considerada como um período bastante curto, que culmina com os 
chamados ritos de passagem, por meio dos quais o homem é admitido no 
mundo adulto. 
Para Muus (1962), nas culturas ocidentais, a adolescência é um 
período bastante prolongado, cujo término não se pode estabelecer com 
base em parâmetros etários, mas, de acordo com o contexto sociocultural do 
indivíduo. Os fatos que, significativamente, marcam o final da adolescência 
dos ocidentais, são os ajustes empreendidos pelos indivíduos aos padrões 
de expectativa da sociedade na qual estão inseridos e conforme as 
perspectivas das populações adultas. 
Para Hurlock (1975), a adolescência sob o conceito psicossocial é um 
estágio de transição na vida humana em que o adolescente deixa de ser 
criança, sem ser considerado adulto, tendendo, em virtude dessa 
ambigüidade a confundir seu papel social, o que começará a desaparecer a 
partir do momento em que ficar mais definida sua identidade psicológica. 
Hurlock (1975), considera que nessa etapa da vida, o indivíduo passa 
por alterações significativas, caracterizada como um período de relevantes 
mudanças que o tornam sensível aos acontecimentos mais cotidianos. 
Assim, algo aparentemente simples e comum poderá lhe parecer 
difícil e angustiante. Conhecer estas mudanças é um ponto importante para 
compreensão dos possíveis comportamentos dos jovens. Algumas dessas 
mudanças serão discutidas a seguir. 
A primeira grande mudança é o aumento de seu tônus emocional, 
cuja intensidade está diretamente relacionada à velocidade com que as 
mudanças físicas e psicológicas ocorrem nele. A segunda grande mudança 
está relacionadaà sexualidade e ao amadurecimento do adolescente nessa 
área. É comum que ele se sinta inseguro, tanto em relação a si mesmo 
 ADOLESCÊNCIA 56 
como em relação às suas habilidades e interesses, o que gera uma 
instabilidade amplamente relacionada com o tratamento ambíguo recebido 
de seu mundo proximal, visto que as pessoas de seu meio passam a vê-lo 
como adulto, porém tratam-no como criança (ou vice-versa). 
Como terceira mudança, é possível citar as alterações 
experimentadas em seu próprio corpo, interesses e funções sociais. No 
âmbito social, muitas vezes, é difícil discernir com clareza, o que a 
sociedade deseja ou espera dele. Como quarta mudança, e não por isso 
menos importante, surgem as mudanças em seu sistema de valores. 
Nesta fase, certos aspectos que lhe pareciam importantes, perdem 
status e tornam-se secundários, pois sua capacidade intelectual 
proporciona-lhe, então, mais condições de analisar criticamente o sistema de 
valores com o qual convive, ao qual, até então, obedecera de forma quase 
automática. Agora, porém, o adolescente busca posicionar-se, assumir não 
apenas responsabilidades, como também a própria posição que lhe é 
requerida pela sociedade. 
Apoiado nessa fase, portanto, o indivíduo passa a buscar seus 
próprios valores, os padrões pessoais de comportamento ético e moral, além 
de iniciar uma batalha, não só contra posicionamentos sociais radicais que 
lhe desagradam, como também contra uma possível auto-imagem distorcida, 
fruto dos posicionamentos sociais a que, até então, esteve submetido, até 
por questões culturais. Nesse sentido, cabe ressaltar que sua reação volta-
se contra certos rótulos culturais que lhe são conferidos, como o 
“desajeitado”, o “irresponsável”, o “anti-social”, entre outros estereótipos. 
Por outro lado, o adolescente, talvez por essa implacável crítica social 
a que é submetido, acaba com freqüência por introjetar e refletir certos 
estereótipos da sociedade, desenvolvendo comportamentos que acabam por 
lhe criar vários conflitos com a sociedade em geral. 
Pensando em termos psicológicos e sensível a esta situação, 
Aberastury (1981), ao discutir as questões relativas ao adolescente e pelo 
impacto que estas produzem na sociedade adulta, conclui que a sociedade 
 ADOLESCÊNCIA 57 
em si é muito difícil, pouco compreensiva e até hostil no que se refere àquele 
que, em face de suas próprias transformações internas, quer transformá-la. 
Para Aberastury e Knobel (1981), o adolescente sente necessidade 
de fazer parte do mundo adulto e os conflitos que emergem de sua relação 
com esse mundo, originam-se das dificuldades para integrar-se nele e das 
inseguranças do adulto em aceitar essa nova geração, que deseja conduzi-
lo à autocrítica e à revisão de seus valores. 
Para Knobel (1981), o problema da adolescência é universal e baseia-
se no processo de troca e desprendimento, com forte influência de 
conotações externas próprias de cada cultura, que facilitarão ou dificultarão 
seu acesso à sociedade. 
Aberastury (1981), considera que a palavra adolescência aplica–se 
especificamente, ao período de vida compreendido entre puberdade e 
desenvolvimento completo do corpo, ou seja, entre 12 e 23 anos de idade 
nas adolescentes e entre 14 e 25 anos nos rapazes. De acordo com a 
autora, as mudanças físicas próprias da puberdade impõem ao adolescente 
uma mudança de papel frente ao mundo. Caso não ocorram 
espontaneamente, o mundo, com certeza, exigirá tais mudanças no âmbito 
psicológico. Assim, esta imposição será interpretada como uma invasão à 
personalidade do jovem. O adolescente que apresenta mudanças repentinas 
na transição do mundo infantil para o adulto poderá como defesa conservar 
suas atitudes infantis. 
Assim, a grande característica da adolescência é, mesmo 
involuntariamente, a criança se vendo obrigada a entrar no mundo do adulto 
primeiramente pelo crescimento e mudanças físicas e, depois, por suas 
capacidades e afetos. Assim, Aberastury destaca que, com freqüência, os 
jovens entre 16 e 18 anos mostram-se muito maduros em alguns pontos e 
imaturos em outros, e este paradoxo ocorre como se fosse um jogo: 
 
este jogo de defesas frente ao novo papel e frente à mudança 
corporal que lhe modifica a posição frente ao mundo externo e o 
obriga a procurar novas pautas de convivência. O que aprendeu 
 ADOLESCÊNCIA 58 
como criança em aprendizagem e adaptação social, não lhe 
serve mais. O mundo externo e ele mesmo exigem uma mudança 
em toda sua personalidade frente a esta invasão, a primeira 
reação afetiva do indivíduo é um refúgio em seu mundo interno; é 
como se ele quisesse reencontrar-se com os aspectos de seu 
passado para poder enfrentar depois o futuro. (ABERASTURY, 
KNOBEL, 1981, p. 89). 
 
Este comportamento ocorre para lhe garantir a sensação de 
segurança diante do desconhecido – afinal, este é sempre gerador de medo 
e, por conseqüência, de insegurança. Por sua vez, a infância, sendo sua 
velha conhecida, é concebida como um porto seguro contra todos seus 
temores e angústias. Assim sendo, não é raro nem patológico que o jovem, 
vez ou outra, comporte-se infantilmente em seu novo ambiente, na escola ou 
entre os grupos de companheiros. Estes comportamentos infantis ocorrerão 
até que o aprendizado, pelo qual passou em toda sua infância com os pais, 
professores ou outros modelos os vincule novamente ao mundo externo, seu 
próximo ancoradouro. 
De acordo com Aberastury e Knobel (1981), “o luto que a criança tem 
pela infância e por seus pais da infância aproxima o Ego e o mundo 
exterior”, ou seja, aproxima o indivíduo da nova realidade de adulto, na qual 
se deve comportar como tal, obedecendo a seu novo corpo, à sua mente e 
às regras vigentes na sociedade. 
Toda essa luta em busca de adaptação pode provocar nele forte 
instabilidade, gerando, conforme destacou Anna Freud (1958 apud 
ABERASTURY; KNOBEL, 1981), um tênue limite entre normal e patológico. 
Conforme os autores citados, toda emoção desse período da vida 
deve ser considerada como normal. Anormal seria a presença de um 
equilíbrio estável no processo adolescente. Frente à complexidade do 
exposto, a busca de identidade torna-se mais um desafio ao adolescente, 
como explica Erik Erikson (1968). 
Atualmente, todos esses problemas de comportamento são mais 
graves, como bem destacam Aberastury e Knobel (1981), visto que o mundo 
está repleto de tensões e ansiedades geradas pelo excesso de ameaças a 
 ADOLESCÊNCIA 59 
que as pessoas estão submetidas, sejam elas ameaças originadas na 
economia, na política, na segurança etc. 
O indivíduo para bem desenvolver-se necessita de estabilidade, e 
isso deve ser buscado, empregando todo o conhecimento já existente sobre 
o homem. Especificamente, quando o alvo é o adolescente, em razão da 
adolescência ter um caráter universal, são necessários ajustes de acordo 
com as características dos indivíduos, dos meios sociais, nos quais estão 
inseridos e das sociedades que os influenciam, mormente, se estas são as 
latino-americanas que passam por profundas transformações em busca de 
modernização, industrialização e urbanização. 
Tratando-se ainda do tema adolescência, também, não se pode 
esquecer de destacar que é o período dos grandes devaneios, das grandes 
aspirações, pois, conforme a intensidade da fantasia empregada pelos 
jovens, pode gerar mais um problema a ser contornado: o distanciamento da 
realidade. 
 ADOLESCÊNCIA 60 
2.1 Características e fatores do desenvolvimento físico e intelectual 
do adolescente 
 
Uma vez que esta pesquisa envolve diretamente o adolescente e seu 
comportamento, é importante conhecer alguns aspectos de seu 
desenvolvimento,até como forma para melhor entender suas atitudes 
perante algumas situações e, até mesmo, sua necessidade de agir de um 
determinado modo frente às condições que a vida lhe oferece. 
No processo do desenvolvimento físico da adolescência, há uma 
acentuada diferença entre os sexos masculino e feminino. Na menina, esse 
desenvolvimento físico começa e termina mais cedo. Normalmente, entre os 
dez e 13 anos, passa por um período de intenso crescimento; a partir dessa 
idade ou período, a evolução tende a ser mais lenta. Já no menino, a fase de 
maior crescimento começa três ou quatro anos mais tarde e estende-se 
quase pelo mesmo período da menina. O rapaz tende a desenvolver mais os 
pulmões e o coração, privilegiando a região torácica, e a moça, a região 
pélvica. É o desenvolvimento de cada uma dessas regiões que definirá o 
corpo do homem e da mulher. 
Em todo o processo de desenvolvimento físico do ser humano, vários 
fatores estão presentes, entre eles, os genéticos e, sem dúvida, o 
nutricional, que colaborará para o perfil físico do indivíduo, influenciando a 
sua auto-imagem, também, na fase do desenvolvimento na adolescência. 
Este aspecto está sendo abordado porque, pelo menos, em termos de 
crença generalizada, indivíduos, cujos portes físicos são avantajados, 
mostram-se mais dominadores, autoconfiantes e dotados de marcantes 
características de liderança. Por outro lado, as pessoas com formas mais 
arredondadas são tidas como mais passivas, ternas, afetuosas. Enfim, estes 
estereótipos não podem ser negados e estão presentes em muitas culturas. 
Kurtz (1969) afirma que o homem, pelas características de seu porte, 
(mais alto e peitoral destacado) e como mais ativo em termos físicos, bem 
de acordo com o que a cultura ocidental espera dele: pois, comparado à 
 ADOLESCÊNCIA 61 
mulher, seja mais forte, mais afirmativo e independente. Quanto a ela, que 
seja mais fraca e passiva. 
 À luz da posição de Kurtz, é possível entender que a imagem que o 
adolescente tem de seu corpo é resultado das próprias experiências 
concretas que veio vivendo, bem como de suas fantasias que se originam 
em parte de seu próprio desenvolvimento físico, em parte da influência do 
meio, bem como da consciência crescente em relação às expectativas 
impostas pela sua própria cultura. 
Nesse sentido, é comum que o adolescente tenha preocupação com 
o que os outros esperam dele e que assuma uma postura de cobrança 
pessoal advinda da avaliação sobre sua importância e status adquiridos à 
luz dos olhos dos demais. 
Grinder (1973) argumenta que o adolescente percebe seu corpo 
dependendo diretamente das relações que mantém com outras pessoas, da 
capacidade de assimilação de novas funções, de sua auto-estima, de sua 
segurança e de sua capacidade de compreender suas limitações e conviver 
com as frustrações cotidianas. 
Todos estes itens, em grande parte, são desenvolvidos no seio 
familiar, o que confere aos pais fundamental importância nessa fase da vida 
dos filhos. As observações, muitas vezes sarcásticas, que fazem sobre as 
características, mormente as físicas dos filhos adolescentes podem deixar 
neles marcas profundas e desnecessárias. 
De acordo com Rosa (1996), existem dados de pesquisa que 
demonstram que a relação do adolescente com seu próprio corpo influencia 
o conceito que ele forma de si mesmo. Além disso, a opinião de outras 
pessoas também ajuda na formação desse autoconceito. Quanto a esse 
aspecto, Cortes e Gatti observaram que rapazes admirados pelas suas 
condições físicas mostram elevada disposição e motivação para a 
realização, esforçam-se para fazer o melhor e tentam tarefas mais ousadas 
e arriscadas, ao passo que, segundo constatações de Broverman e 
colaboradores (1964), jovens sem grande destaque físico, mas mais 
 ADOLESCÊNCIA 62 
amadurecidos, são mais persistentes. Pelos estudos de Kurtz (1969), a 
menina, independentemente de suas características físicas, é mais atenta 
aos detalhes do corpo, não demonstrando esse nível de detalhismo diante 
da profissão. 
Em síntese, a influência do desenvolvimento físico no comportamento 
do adolescente, um tópico relevante para este trabalho, indica que o ritmo 
desse desenvolvimento pode exercer importante efeito sobre o autoconceito 
do adolescente e seu ajustamento social. Além disso, o adolescente cujo 
desenvolvimento físico mostra-se mais precoce, tende a receber do mundo 
adulto e dos próprios colegas de faixa etária determinadas tarefas e 
responsabilidades que, normalmente, seriam dadas apenas a pessoas 
cronologicamente mais maduras. 
Pelas pesquisas de Jones e Bayley (1950), os resultados de testes 
projetivos realizados em jovens de 17 anos mostram rapazes que 
amadurecem fisicamente de forma mais precoce, são mais confiantes em si 
mesmos, mais independentes e capazes de satisfazer às expectativas do 
mundo a seu redor. Já aqueles, cujo desenvolvimento físico é mais tardio, 
apresentam forte sentimento de rejeição, grande necessidade afiliativa de 
ordem heterossexual, são dependentes e acabam por desenvolver posturas 
rebeldes, sobretudo em relação aos pais. Ainda de acordo com Jones e 
Bayley (1950), os resultados gerais da pesquisa sugerem que estas 
características da personalidade, em ambos os casos, tendem a 
acompanhar o indivíduo durante toda a sua vida. 
No que se refere ao desenvolvimento intelectual do adolescente, de 
acordo com Peel (1965), o mesmo ocorre com base em sua necessidade de 
manter o equilíbrio cognitivo em relação ao meio, ou seja, são as 
experiências concretas vividas por ele que fomentam esse desenvolvimento, 
em particular. 
Pela teoria do desenvolvimento cognitivo (PIAGET, 1969 apud 
RAPPAPORT; FIORI; DAVES, 1981), o amadurecimento biológico do 
adolescente torna possível a aquisição das operações formais que 
 ADOLESCÊNCIA 63 
representa o auge do processo do desenvolvimento cognitivo e depende da 
interação do organismo com o meio. A aquisição das operações formais é 
necessária, de acordo com Piaget para todo o processo de ajustamento 
social do adolescente. 
 
 
2.2. Desenvolvimento psicossocial 
 
Para Rosa (1996), a definição da identidade de cada indivíduo, é de 
grande importância na adolescência e, para tanto, são considerados não só 
os fatores biológicos, mas também os fatores sociais. Neste período 
específico da vida, o corpo do adolescente passa por consideráveis 
mudanças físicas e é tomado por impulsos sexuais. Nessa fase da vida, o 
jovem percebe-se próximo ao comportamento íntimo com a pessoa do sexo 
oposto e com um mundo rico de possibilidades conflitantes. (ERIKSON, 
1968). 
Assim, é importante que conviva com seus atributos físicos e sexuais 
(novo corpo e desejos) e adquira uma nova noção de unidade pessoal, de 
modo a poder estabelecer um novo conceito de si mesmo. Quando a 
sociedade facilita-lhe essa tarefa, reconhecendo a universalidade das 
alterações pessoais próprias dessa fase de vida, torna-se mais simples a 
reorganização desse autoconceito. 
Para os antropólogos, as culturas que procuram facilitar a aquisição 
do autoconceito por parte dos adolescentes, são aquelas em que existe o 
chamado “processo de continuidade”, bem diferente das sociedades 
pluralistas, caracterizadas pela descontinuidade com prolongamento da 
adolescência e grande variedade de escolhas, que tornam bastante difícil a 
tarefa de reorganização do autoconceito. 
O conceito de identidade de Erikson possui duas pilastras 
importantes: a primeira, diz respeito à avaliação que o indivíduo faz de si 
 ADOLESCÊNCIA 64 
mesmo; a segunda, à relação existente entre seu autoconceito e a imagem 
que dele fazem as pessoas quelhe são relevantes, ou seja, a imagem que 
pessoas especiais fazem dos papéis ou funções que o indivíduo assume 
perante a sociedade. 
Ao atingir a adolescência, o indivíduo já terá desempenhado uma 
série de funções ou papéis perante os grupos sociais, pelos quais 
regularmente já passou: família, grupo de amigos ou parceiros, escola, 
igreja, clube. Em cada um desses grupos, deparou-se com pessoas que lhes 
apontaram seus papéis e as expectativas a seu respeito, recebendo dessas 
mesmas pessoas o reforço que exibia o comportamento esperado. Dessa 
forma, os padrões de comportamento desejados são estabelecidos, 
geralmente, pelos pais, companheiros e professores, possibilitando que, a 
partir daí, o próprio jovem avalie seu desempenho. 
No período de infância, o autoconceito revela basicamente o que os 
pais, irmãos, professores avaliam sobre a criança. Como afirma Rosa (1996, 
p.86-7), “o eu da criança reflete, de modo relativamente simples, o mundo 
imediato das pessoas importantes de suas relações e é baseado, 
essencialmente, na identificação da criança com estas pessoas 
significativas”. 
Por sua vez, o adolescente, tendo em vista seu amadurecimento 
biológico e seu desenvolvimento cognitivo, consegue rever seu autoconceito 
infantil, adaptando-o à sua nova visão de mundo, seus valores de cunho 
moral e até suas perspectivas de interação social futura. 
Cabe destacar, contudo, que existem inúmeras formas de o 
adolescente estruturar sua personalidade, visto que existem muitos fatores 
que organizam o processo de identidade. Por exemplo, alguns jovens tentam 
modificar a sociedade, de acordo com seus interesses e necessidades. 
Estes, geralmente, se frustram quando se deparam com a realidade e 
verificam que nem tudo ocorre, como desejam. Outros buscam mudanças 
pessoais como forma de se adaptarem à sociedade, demonstrando um certo 
 ADOLESCÊNCIA 65 
grau de conformismo ou resignação. Nestes casos, geralmente, há uma 
menor tensão e ansiedade, mas sem problemas à sociedade. 
Outra forma de organização da personalidade é aquela que o 
indivíduo entende poder desenvolver suas qualidades pessoais, assim como 
suas potencialidades, o que pode conduzi-lo a atitudes radicais, ou melhor, 
ao fenômeno que Erikson chamou de totalismo na formação da 
personalidade. De acordo com Erikson, esse fenômeno pode fazer do 
adolescente um seguidor de movimentos totalitários ou de ideologias 
direitistas ou esquerdistas. 
Nestes casos, mudanças decorrentes do processo evolutivo 
ameaçam a integração do autoconceito do adolescente e ele estrutura seu 
Ego com características de rigidez, fanatismo e atitudes extremistas. 
O autor citado percebe que a identidade, em processo de definição, 
está sob ameaças externas ligadas ao desenvolvimento histórico, ou 
mesmo, tecnológico, podendo apoiar-se em qualquer tipo de doutrina que 
lhe permita desenvolver-se. Entre essas tem-se o nacionalismo patológico, o 
racismo, os preconceitos de classe, que lhe darão condições de conviver 
com os supostos inimigos da recém-adquirida identidade. 
A definição da personalidade também pode apoiar-se nos grupos de 
parceiros, com o adolescente aceitando as propostas destes, bem como as 
normas do grupo de parceria. A partir desse apoio, há o afastamento do seio 
familiar e o jovem deixa de ser dependente da família em um momento no 
qual ainda necessita do amparo, controle e até de autoridade externa. 
Pode-se ver que a necessidade de ajuda externa foi apenas 
substituída. Por um lado, saiu a família e, por outro, entrou o grupo de 
parceria. Apesar da troca, o indivíduo continua a necessitar das formas 
externas de controle. 
Para Erikson (1968), a partir do momento que o indivíduo definir sua 
identidade, passará a sentir uma sensação de bem-estar pessoal, vontade 
para reconhecer o que deseja e quando quer, ganhará segurança e lidará 
bem com o que os outros pensam a seu respeito. Revelará, portanto, 
 ADOLESCÊNCIA 66 
adequado nível de auto-estima, que possui uma correlação com a definição 
da identidade. 
Em geral, adolescentes de baixa auto-estima sentem-se rebaixados, 
apresentam personalidade instável, sem um ponto de referência consistente 
que lhes possibilite avaliar realisticamente suas experiências e as alheias. 
Geralmente, são vítimas de alguma ansiedade e para se protegerem, 
buscam certo isolamento. Esta condição interna faz com que se tornem 
frágeis a qualquer tipo de crítica, preocupados com as opiniões alheias e 
sujeitos a se ofenderem com facilidade. 
Mostram-se também submissos e com sentimentos de menos valia, 
sendo desajeitados na relação com outras pessoas. Como conseqüência, 
muitas vezes, não despertam no outro o respeito e a admiração que 
esperariam. No âmbito escolar, esse tipo de adolescente é impopular, não 
participa de programas sociais próprios desse contexto nem de grupos ou 
discussões formais ou informais com os colegas. 
A definição da personalidade, especificamente, do adolescente pode 
obter subsídios nos grupos de parceiros ou em seu pensamento moral, que 
é um outro fator social. Como os conceitos morais não seguem padrões 
determinados pela idade do indivíduo, existem adolescentes em distintos 
estágios desse processo evolutivo (sobretudo em razão das diferenças 
individuais). 
No entanto, não se conheceu com exatidão os motivos pelos quais 
alguns desenvolvem mais que outros o raciocínio moral. A hipótese mais 
viável para explicar a razão de um indivíduo atingir um nível mais elevado de 
raciocínio moral está ligada ao desenvolvimento mais consistente do 
pensamento formal no processo de desenvolvimento cognitivo. 
A definição de personalidade é o resultado de uma série de fatores, 
ou seja, tudo o que se disser sobre o processo de ser ou tornar-se é de 
caráter probabilístico, embora seja válido e importante teorizar-se a respeito 
dessa questão. Por isso, entende-se como necessária a apresentação de 
 ADOLESCÊNCIA 67 
algumas posições teóricas sobre o desenvolvimento da personalidade do 
adolescente. 
Sigmund Freud (1958) concebe a adolescência como o último estágio 
do desenvolvimento psicossexual, ou seja, como a fase genital. Para ele, é o 
período responsável pela forma final da identidade, no qual o indivíduo 
passa do amor narcisista das primeiras fases do desenvolvimento ao amor 
por outras pessoas. Nessa fase, os pais, embora com uma influência menor, 
continuam a exercer um papel importante na provisão do amor, na 
orientação consciente e realista do indivíduo. 
Harry Stack Sullivan (apud FOWLER, 1992), considera que a 
adolescência é a fase final de estabilização da identidade do indivíduo, que 
começa com as relações de companheirismo entre os adolescentes, que os 
capacita a refletir e alterar seu autoconceito. De acordo com a teoria, nesta 
fase, o indivíduo conquista a capacidade de se envolver em uma relação 
interpessoal, adquirir conhecimento vocacional e contribuir favoravelmente 
ao bem-estar da comunidade, na qual se encontra inserido. 
Erik Erikson (1968) observa que a adolescência é o estágio em que a 
identidade e a auto-estima constituem o núcleo central do indivíduo; nesse 
estágio, o adolescente enfrenta a crise de identidade, centrada no conflito 
entre o que ele espera de si mesmo e como sente que os outros pensam 
dele. Nesse período, precisa realizar uma série de eventos que, além de 
serem complexos, ocorrem juntos em um pequeno espaço de tempo, assim, 
ele necessita incorporar à sua identidade seu novo físico e atributos sexuais, 
estabelecendo objetivos mais definitivos de vida e conseguindo encaminhar-
se, naturalmente, para a escolha profissional adequada à sua auto-imagem, 
além de, simultaneamente,introjetar as expectativas e percepções dos 
outros a seu respeito. Como se pode observar, na visão de Erikson, a 
adolescência é um estágio bastante complexo, durante o qual praticamente 
um novo ser deve ser incorporado por um ser, até então, quase que 
inteiramente infantil. 
 ADOLESCÊNCIA 68 
Fromm (1950) afirma que a adolescência é a fase em que o indivíduo 
luta em busca do estabelecimento de sua identidade, e essa luta é a 
continuação de um dilema para expressar-se como indivíduo e fazer-se ouvir 
baseando-se em suas peculiaridades, pois é grande sua necessidade de 
relacionar-se com pessoas que lhe são importantes, afetivamente ou como 
modelos. 
Nessa fase, a sexualidade emerge, como a grande possibilidade de 
expressão de sentimentos de ternura, amor e até compaixão. A escolha 
profissional que, rotineiramente, acontece aí, é vista como um passo 
importante, já que propicia ao adolescente o senso de criatividade e 
realização. (FROMM, 1950). 
 
 
2.3. O adolescente no contexto da família 
 
Na busca de conhecer com detalhes a adolescência e o adolescente, 
é importante, nesta fase da pesquisa, conhecer o adolescente, inclusive, sua 
dinâmica no contexto familiar. 
Como se pode ver, ele está em um período da vida, no qual já 
conquistou alguma autonomia em relação à infância, mas ainda não é tão 
livre como um adulto, sobretudo, no que se refere ao processo de 
socialização. Esta autonomia ainda restrita deve-se ao não total 
desenvolvimento de certas atitudes e habilidades facilitadoras de seu 
trânsito na sociedade. A família pode contribuir com o oferecimento dos 
padrões culturais acumulados ao longo dos anos, bem como com o 
preenchimento de suas necessidades fundamentais, preparando-o de modo 
eficiente para a vida em sociedade. 
Desde o século XIX, é inegável que a família vem passando por 
inúmeras transformações, desde a divisão do trabalho até sua administração 
emocional. Entretanto, cabe ressaltar que a família nuclear continua 
 ADOLESCÊNCIA 69 
prevalecendo na maioria das culturas ocidentais, ou seja, determinados 
princípios éticos e morais estabelecidos nesse ambiente continuam 
funcionando, como estabilizadores ou instrumentos de equilíbrio da 
sociedade. 
Recentemente, com a maior participação da mulher no mercado de 
trabalho e, como conseqüencia, no sustento da família, algumas mudanças 
começam a ser traçadas sobretudo no que tangem às relações afetivas 
familiares. Em que pese tal participação, ainda é notório que, em termos 
educacionais, os padrões tradicionais continuem presentes, ou melhor, a 
menina passa a ser preparada para ser eficiente nas relações interpessoais 
ou, como afirma Merval Rosa (1996, p. 94), “preparada para ser boa filha, 
boa esposa, boa mãe. Deve ter o equilíbrio emocional para proporcionar o 
bem-estar da família”. 
Quanto ao menino (alvo da educação), deve ser orientado para a 
realização pessoal e profissional, prover a família, ser eficiente e 
competente, além de adquirir o controle racional do meio em que vive. 
Hurlock (1975) discute a importância da família na formação da 
personalidade do adolescente, afirmando que as relações entre 
adolescentes e demais membros da família estão fadadas a degenerar, 
conforme os primeiros chegam à adolescência. Os motivos para esta 
degeneração relacionam-se ao fato de que certos pais não conseguem 
admitir o crescimento de seus filhos, tratando-os como crianças, fato que os 
irrita profundamente. Além disso, alguns desses adolescentes não assumem 
seu crescimento e negam-se a adotar determinadas responsabilidades 
próprias da nova fase de vida em que se encontram, irritando, dessa forma, 
os familiares que enxergam neles um adulto com comportamentos infantis. 
Quando se escreve sobre o adolescente, é impossível fazê-lo sem 
tocar na relação entre ele e sua família ou, mais especificamente, no conflito 
entre gerações. De acordo com Rosa (1996), este conflito constitui uma 
fissura entre as gerações, resultado de profundas mudanças nas escalas de 
valores e padrões de comportamento que ocorrem em qualquer cultura em 
 ADOLESCÊNCIA 70 
transformação como a do mundo moderno, atingindo, portanto, as gerações 
de pais e filhos, cada uma colocando em confronto os valores que 
vivenciaram ou estão vivendo. 
Assim, é comum que adolescentes e pais verbalizem queixas 
recíprocas; no entanto, há de se reconhecer que, por um lado, estes se 
queixam de não serem compreendidos, por outro, também, são difíceis de 
aceitar deveres e responsabilidades. As relações entre pais e adolescentes, 
geralmente, começam a melhorar a partir do momento em que os pais são 
capazes de reconhecer que seus filhos cresceram ou, pelo menos, deixaram 
de ser crianças como eram durante as primeiras fases do desenvolvimento. 
Este reconhecimento, por si só, altera a postura de ambos. Os primeiros 
começam a conceder alguns privilégios e dos últimos é esperada a 
incorporação de certas responsabilidades e participação. 
Observa-se que outra possibilidade de alteração comportamental que 
melhora a relação entre pais e filhos ocorre quando os pais conseguem 
compreender os novos valores culturais da geração de seus filhos, 
entendendo que estes pertencem a um mundo e a uma realidade distinta 
daqueles em que eles, pais, viveram quando eram adolescentes. 
Além dessas relações tensas entre pais e filhos, motivadas por 
questões culturais, os métodos disciplinares ou primitivos implantados no 
ambiente familiar podem ser outro fator gerador de tensões. Disciplina 
bastante rígida ou do tipo mais infantil, geralmente, provoca a rebeldia do 
adolescente como forma de posicionar-se contra tais métodos, o que pode 
trazer sérios transtornos à família, em geral, e às relações interpessoais, 
conforme afirma Hurlock (1975). 
Vale ressaltar que o adolescente carece vivenciar a adolescência, 
bem como a infância da forma mais tranqüila possível, ou seja, com a 
presença constante da família, quer em termos afetivos e morais, quer em 
termos presenciais, ou melhor, com o contato próximo entre pais e filhos 
acontecendo de forma rica. Dessa maneira, espera-se que a escola e, mais 
 ADOLESCÊNCIA 71 
precisamente, a Universidade não sejam encaradas como o local de fuga do 
adolescente em relação à vida, à família e às normas disciplinares, etc. 
As normas disciplinares, fatores tão importantes como a família na 
formação do indivíduo, tornam-se ainda mais essenciais e eficientes, 
conforme a magnitude moral da fonte de que se originam. Entretanto, como 
muitos pais e professores não possuem autoridade moral para determinar 
comportamentos a seus filhos e alunos, deixam de ter sobre eles o poder do 
modelo positivo. 
Esta questão pode ser melhor explicitada, observando-se as 
discrepâncias que o adolescente, muitas vezes, verifica em termos de 
valores, entre algumas verbalizações de seus pais e professores e aquilo 
que é praticado por eles. Como conseqüência perante o adolescente, eles 
perdem a credibilidade e, ao mesmo tempo, tendem a se enfraquecer ou até 
a anular os valores do jovem. 
A esse respeito, para Hurlock (1975), a ambigüidade e a 
inconsistência do comportamento dos pais e educadores são as principais 
causas da confusão e da indisciplina na família e na sociedade, em geral, 
podendo-se inferir daí que a desestruturação ou fragilidade de muitos 
adolescentes tem seu berço no lar, correndo o risco de prolongar-se na 
escola e em outros grupos sociais menos restritos. 
Outro elemento gerador de tensão entre pais e filhos é a atitude 
crítica, geralmente, adotada pelo adolescente no ambiente familiar, 
sobretudo, nesse período em que sua capacidade intelectualmostra-se 
bastante ativa, embora nem sempre acompanhada de maturidade. A 
situação de alta capacidade intelectual e baixa maturidade, geradora de 
rígidas posições críticas em relação aos pais, vai-se amenizando, segundo 
Hurlock (1975) conforme o adolescente amplia seu processo de 
amadurecimento. A partir daí, torna-se capaz de empreender novas 
interpretações do comportamento peculiar ao mundo adulto. 
 ADOLESCÊNCIA 72 
Outro fator capaz de desestabilizar as relações entre pais e filhos é o 
ressentimento do jovem quanto às possíveis injustiças cometidas em relação 
a ele pelos pais ou pela própria sociedade. 
A mídia muito colabora para o despertar de tais sentimentos, com 
base nas diversas propagandas que veicula em relação a roupas de marcas 
e outros bens materiais que inebriam os jovens em formação, em especial, 
os mais influenciáveis e com mais dificuldades de conviver com os atrativos 
do meio e as frustrações inerentes ao cotidiano. 
Neste aspecto, o papel estruturador da família, mormente dos pais, é 
fundamental ao desenvolvimento do adolescente e da estrutura de 
personalidade que dele será cobrada no decorrer da vida. Cabe a ela, 
portanto, a apresentação de limites e a compreensão de críticas imaturas 
que ele, muitas vezes, manifesta como resultado da pressão do ambiente a 
que está exposto. 
 
 
2.4. O adolescente e a escola 
 
Este estudo, ao voltar-se ao adolescente e de modo mais preciso, às 
influências que a religião pode exercer sobre ele, não poderia deixar de 
considerar também o papel formador da escola, uma vez que nela passará 
grande parte de seu tempo de vida. 
Realmente, considerando-se uma pessoa que segue uma trajetória 
comum de vida, que cumpre com normalidade sua vida escolar desde, 
aproximadamente, o período entre cinco e sete anos de idade, na qual a 
instituição escolar passa a integrar sua estrutura mental e contribuir para a 
formação de sua identidade. Assim, como a igreja, o clube, os vizinhos, 
amigos, colegas, também, a escola faz parte do sistema social do indivíduo 
comum e este tem plena consciência disso. 
 ADOLESCÊNCIA 73 
Jersild (1961, p. 321) apresenta, a relevância da escola na vida do 
adolescente: 
 
A escola exerce uma poderosa influência ao modelar o 
conceito que o adolescente tem de si próprio e da pessoa 
que virá a ser no futuro. Durante os vários anos que já 
viveu na escola, ele teve muitas oportunidades para pôr à 
prova as suas forças e descobrir as suas capacidades e 
limites. Já teve oportunidade para sentir o sabor da vitória e 
do fracasso, o que significa ser aceito, ignorado e rejeitado. 
A escola oferece incontáveis oportunidades para que o 
jovem se sinta altamente orgulhoso de si mesmo, à medida 
que ele cresce em entendimento, em habilidade e em 
capacidade para pôr-se em contato com os outros. Por 
outro lado, a escola é também um lugar em que muitos 
adolescentes têm oportunidade para aprender o significado 
da expressão ‘sentir-se envergonhado por si próprio’, 
porque a escola, além de ajudar os jovens a vencer na vida, 
também oferece inúmeras oportunidades de fracasso. 
 
O autor citado concebe a escola não apenas como facilitadora de 
vitórias, mas também como lugar de possíveis fracassos, evidencia a 
importância dessa instituição no processo de desenvolvimento social do 
adolescente, oferecendo-lhe possibilidades constantes de interação social 
com grupos de parceria e professores. Assim, a escola é o espaço, em que 
ele aprende a lidar com regras que representam os limites encontrados ao 
longo da vida, com frustrações, bem como com figuras de autoridade. Sua 
importância pode chegar até uma instância nem sempre pensada pelos 
estudiosos. Além disso, como indica Rosa (1996), essa instituição é 
importante na própria definição da identidade sexual do adolescente, visto 
que é, em especial, nesse ambiente que ele começa a relacionar-se de 
forma mais intensa com elementos do sexo oposto. 
Ainda com base no pensamento de Jersild (1961), o ambiente escolar 
contribui não só para formação do autoconceito do adolescente, mas 
também de sua autocrítica em relação às habilidades, potencialidades e 
objetivos revelados ao longo de seu desempenho como discente. Embora 
em algumas oportunidades, em razão de seu baixo rendimento escolar, esta 
 ADOLESCÊNCIA 74 
autocrítica possa ser negativa, na maioria das vezes, apoiada em sua 
relação e experiências na vida escolar, que lhe serão úteis em suas 
decisões da vida adulta, ele será capaz de ser realista consigo mesmo e 
com as coisas que o cercam. 
 
 
2.5. Características da cultura adolescente: alguns comportamentos 
adolescentes 
 
Na sociedade contemporânea, particularmente, no Brasil, o número 
de adolescentes é bastante grande, em que pese o já anunciado 
“envelhecimento“ brasileiro. Assim, é cabível que se fale da “cultura 
adolescente”, considerada como o conjunto de elementos sociais como a 
linguagem, a moda, a música, os ídolos, típicos dessa fase específica da 
vida do indivíduo. 
Para Eisenstadt (1962), a adolescência é um período no qual são 
promovidas reações coletivas peculiares a interesses e problemas comuns. 
Assim, pode-se dizer que a cultura adolescente fundamenta-se no seguinte 
tripé: 
a) a pouca importância atribuída à idade como critério de distribuição de 
funções; no mundo moderno, significa que não mais existe a concepção 
de que o aumento de idade é condição básica para aumento das 
responsabilidades; 
b) união dos adolescentes em busca de apoio mútuo, com tendência para 
busca de apoio emocional maior no grupo de parceria do que na própria 
família. Dessa forma, cabe mais aos companheiros ajudar na definição da 
identidade, na consecução da autonomia pessoal e na transição definitiva 
para o mundo adulto. 
 ADOLESCÊNCIA 75 
c) concepção secular de tempo, favorece a idéia de viver-se o presente e a 
realidade social vigente, com o abandono do planejamento a longo prazo 
que é, aliás, característica pouco comum entre os adolescentes em geral. 
Cabe ressaltar que a adolescência, por si só ou por influência da 
cultura adolescente, que acaba de ser apontada, é uma fase da vida que 
expõe o jovem a certos comportamentos que tanto podem aproximá-lo de 
alguns valores como afastá-lo de rumos mais tradicionais e talvez até legais 
da vida cotidiana. De acordo com Parsons (apud GRINDER, 1973), estes 
comportamentos baseiam-se na busca do prazer e da negligência às 
responsabilidades supostamente já incorporadas à sua vida. 
Outro comportamento ligado à cultura adolescente é a passividade, 
que pode levar o indivíduo a aceitar tudo o que lhe é imposto sem o menor 
indício de relutância. Nesse caso, os valores morais, econômicos e até 
políticos da sociedade são assimilados sem o estabelecimento de qualquer 
crítica ou posição. 
Finalmente, existe a atitude de alienação e protesto manifestada, 
geralmente, por comportamentos rígidos que expressam a desilusão e o 
descontentamento do adolescente em relação à sociedade – geralmente, 
são atitudes de afastamento social ou de tentativas nem sempre bem 
planejadas de mudanças sociais, como as dos grupos hippies da década 
dos sessenta, bem como o crescente apelo às drogas que expressam bem 
esta situação. 
Todos estes comportamentos que sofrem a influência da “cultura 
adolescente”, podem ser implantados no jovem com maior ou menor 
facilidade; possivelmente, a família, a escola, a religião e os grupos de 
parceria são quem determinam esse ritmo de implantação. Particularmente, 
os grupos de parceria, tão presentes e influentes na vida do j adolescente, 
possibilitam-lhe iniciar sua caminhada em busca da definição de suaidentidade, podendo, inclusive, levá-lo a renunciar aos valores, até então, 
adotados sobretudo nos casos em que, rejeitado pela família, o adolescente 
 ADOLESCÊNCIA 76 
tem necessidade de ser aceito por algum grupo que lhe seja 
psicologicamente importante. 
 
 
2.6. A concepção sócio-histórica de adolescência 
 
A discussão do termo “adolescência”, assunto deste capítulo, foi 
desenvolvida de acordo com a postura mais positivista e idealista que tem 
caracterizado a Psicologia como ciência. Segundo ela, os fenômenos 
humanos e sociais são regulados por leis naturais que independem da ação 
do homem e orientam-se pelo modelo da objetividade científica. 
Bock, Gonçalves e Furtado (2001) afirmam estar buscando uma saída 
teórica que supra as visões naturalizantes da adolescência (tudo é típico da 
idade), que são dominantes na Psicologia e tornam irrelevantes as 
circunstâncias sociais de fenômenos como a adolescência. Sob esta 
perspectiva, a realidade social é imutável e na Psicologia não são 
valorizados aspectos que até podem ser fundamentalmente sociais. 
Nesse sentido, a visão sócio-histórica entende o indivíduo como um 
ser histórico, formado ao longo do tempo que leva em consideração suas 
experiências, relações sociais e condições socioculturais promovidas pela 
própria humanidade. Esta concepção coloca a adolescência em uma 
posição de vanguarda em relação à concepção vigente, conforme deixa de 
ser vista como algo abstrato, natural em si para ser analisada como uma 
fase que se desenvolve na sociedade e que faz parte da história da 
humanidade. 
Para os autores acima citados, a visão sócio-histórica, “despatologiza 
o desenvolvimento humano na medida em que o torna histórico” (2001, 
p.167). A adolescência, como tal, passa a ser vista em seu próprio ritmo e 
suas peculiaridades são compreendidas a partir do processo histórico que 
constitui, até então, o indivíduo. 
 ADOLESCÊNCIA 77 
Dessa forma, as características de cada adolescente terão 
explicações e fundamentos em seu próprio desenvolvimento, aliado, 
logicamente, às suas características mais pessoais. Em síntese e de forma 
mais importante, esta fase da vida não seria mais analisada apoiada no em 
si, como se características brotassem, naturalmente, conforme ele fosse 
atingindo determinada idade, mas teria explicações nas relações sociais e 
na cultura (não simplesmente no indivíduo). 
 
 
2.7. O conceito de adolescência sob o enfoque sócio-histórico 
 
Antes de explicitar o conceito sócio-histórico de adolescência, Bock, 
Gonçalves e Furtado (2001) procuram responder às seguintes questões: 
 
1. A adolescência existe? 
2. Há características naturais na adolescência? 
3. O que é a adolescência? 
 
Em relação à primeira questão, a Psicologia Sócio-Histórica acredita 
na existência da adolescência, contudo não como uma fase natural do 
desenvolvimento humano, entende que é criada historicamente nas relações 
sociais, em forma de um fato passando a fazer parte da cultura e tendo seu 
significado determinado. 
Quanto à existência de possíveis características naturais na 
adolescência, os autores respondem que elas não existem, visto que esse 
não é considerado um período natural do desenvolvimento, mas, um 
momento interpretado pelos homens. Explicam que mesmo as marcas do 
desenvolvimento físico associadas à adolescência não devem fazer dela um 
 ADOLESCÊNCIA 78 
fato natural, pois até elas possuem significados sociais, atribuídos no e pelo 
contexto espaço-temporal vivido pelos jovens. 
O surgimento dos seios nas meninas e da musculatura nos meninos, 
por exemplo, eram vistos, no primeiro caso, como preparação para 
amamentar e, no segundo caso, como força de trabalho. Atualmente, em 
ambos os casos, este desenvolvimento está ligado à sensualidade e 
sedução. Assim, o jovem não é algo por natureza, mas a força social está 
muito presente, construindo significações para a formação da identidade e 
do próprio indivíduo. 
No que se refere à terceira questão (“O que é adolescência?”), a 
abordagem sócio-histórica concebe que, para responder é preciso se buscar 
compreender que a totalidade social implica a formação de uma determinada 
adolescência (não de um conjunto de características do jovem). 
Neste momento, cabe discutir rapidamente a posição de Clímaco 
(1991) sobre o surgimento da adolescência. A autora entende que fatores 
dos âmbitos social, econômico e cultural foram os grandes partícipes desse 
surgimento. Na sociedade moderna, a sofisticação tecnológica, exigindo 
mais estudo dos indivíduos levou, conseqüentemente, um grupo de jovens a 
passar mais tempo na escola, retardando o início da vida produtiva 
(profissional). A própria sociedade capitalista, sempre com déficit de 
empregos, exige maior aperfeiçoamento do indivíduo, impondo-lhe mais 
estudos e também, por conseqüência, um tempo maior até iniciar-se 
profissionalmente. Na sociedade moderna, aumentou-se o tempo de vida 
das pessoas, fato que as tornou produtivas por um período maior, exigindo-
se mais do mercado de trabalho. 
Apenas com esses dados gerais já é possível concluir que as crianças 
e jovens estão permanecendo mais dependentes da família, sem ingressar 
no mercado de trabalho. Em conseqüência desse novo formato social, o 
indivíduo acabou permanecendo mais tempo em preparação na escola, 
portanto, mais longe da família e mais próximo de “um grupo de iguais”, 
conforme identifica a autora. Dessa forma, a sociedade ganhou um novo 
 ADOLESCÊNCIA 79 
grupo social, a adolescência, com padrões específicos de comportamento. 
Como diz Adélia Clímaco (1991, p.169): 
 
A adolescência se refere, assim, a esse período de latência 
social constituída a partir da sociedade capitalista, gerada 
por questões do ingresso no mercado de trabalho e 
extensão do período escolar, da necessidade do preparo 
técnico. 
 
A partir dessa nova situação, assiste-se a uma grande contradição 
que constitui e caracteriza a adolescência: o jovem apresenta toda condição 
de fazer parte do mundo adulto, possuindo força e capacidade para tal, em 
termos cognitivos, afetivos, produtivos e de reprodução. No entanto, a 
sociedade o impede de concretizar essa ação, o que implicará um retardo na 
obtenção da autonomia, na aquisição de condições de auto-sustento e, até 
mesmo, de amadurecimento pessoal, mantendo-o mais tempo sob a tutela 
adulta. 
A visão sócio-histórica indica essa experiência rica em contradições, 
como geradora das características próprias da fase adolescente: rebeldia, 
insegurança, instabilidade, busca da identidade e conflito das mais variadas 
espécies, além de onipotência, por falta de oportunidades para testar os 
próprios limites e impossibilidades. Como se pode perceber, todas estas 
características não são naturais do indivíduo e, sim, históricas, ou seja, 
foram geradas pelo processo histórico da sociedade, que pode, ou não, se 
transformar, dependendo das condições materiais da vida de um grupo 
social específico. Por tudo isso, é que para a posição sócio-histórica da 
Psicologia, a Psicologia tradicional deve entender a adolescência não como 
algo natural, mas como aquilo que foi oferecido aos jovens pelas relações 
sociais, pela família, pelas mídias, pela literatura e pela própria Psicologia. 
Ainda sob o enfoque psicológico, mais precisamente de acordo com a 
teoria de Erik Erikson, a adolescência é o período decisivo na formação do 
indivíduo e, em particular, de sua identidade. É quando existe o 
desenvolvimento fisiológico dos pré-requisitos, para que o indivíduo atinja a 
 ADOLESCÊNCIA 80 
maturidade mental e a responsabilidade social, que o prepara paraexperimentar, conviver e ultrapassar a crise de identidade própria desse 
momento da vida (ERIKSON, 1968). 
O homem é resultado de diversas relações complexas vividas ao 
longo dos diversos estágios do desenvolvimento humano. A adolescência 
encontra-se a “meio caminho”, pois sintetiza conflitos já experienciados e é 
também capaz de antecipar os conflitos que se desenrolarão na idade 
adulta. Em outras palavras, o que ocorre precisamente durante a 
adolescência “é, em muitos aspectos, determinado por aquilo que ocorreu 
antes”, mas também “determina muito o que se seguirá” (ERIKSON 1968, 
p.23). Esta frase de Erikson demonstra a importância da adolescência para a 
vida madura e a velhice do indivíduo. 
A próxima seção deverá tratar do desenvolvimento humano que, 
como a adolescência, oferece significativa contribuição para o entendimento 
da personalidade e do comportamento da pessoa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O 
REFERENCIAL TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 
 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 82 
 
 
 
 
 
A presente pesquisa busca estudar a influência da religião no 
comportamento de jovens universitários. É importante lembrar que 
influências, quer sejam elas de que natureza for, atingirão o indivíduo de 
forma mais ou menos intensa, de acordo com sua personalidade. A 
personalidade humana, conforme Sigmund Freud (1927), Erik Erikson 
(1968), Jean Piaget (1976), Carl Gustav Jung (1999), entre outros, é 
formada a partir do nascimento do indivíduo, invadindo boa parte de seu 
desenvolvimento. 
Assim é importante estudar o desenvolvimento humano, para dar 
consistência à pesquisa em foco, oportunizando uma melhor compreensão 
das possíveis influências da religião na vida do adolescente. Para tanto, 
optou-se por contemplar como referenciais, as teorias de Sigmund Freud e 
Erik Erikson. 
Para Freud, o desenvolvimento humano exerce influência na questão 
sexual, começando a partir do nascimento e sendo concluído, após a 
adolescência. Ao longo da vida, Freud não focalizou suas pesquisas no 
desenvolvimento humano ou no trabalho com crianças, pelo contrário, 
sempre se dedicou aos adultos, evocando suas lembranças e analisando 
seus sonhos e fantasias. Entretanto, para conduzir seu trabalho de forma 
ampla e profunda, viu-se obrigado a reconstruir a infância de quase todos os 
adultos que atendia pois, desde muito cedo, compreendeu que o homem é, 
em muito, resultado da infância que teve. Pode-se afirmar que os estudos de 
Freud sobre a infância e adolescência foram simples decorrência de seu 
trabalho com adultos. 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 83 
De acordo com Schultz e Schultz (2002), Freud acreditava que todos 
os comportamentos provêm das fases iniciais da vida, são defensivos, mas 
nem todas as pessoas utilizam os mesmos tipos ou formas de defesa, visto 
que cada um tem uma estrutura peculiar de personalidade. 
Ao contrário de Freud, Erikson desde cedo manteve um interesse 
muito grande pela vida infantil e, aos 25 anos, foi convidado a lecionar em 
uma pequena escola infantil. Baseando-se em seu trabalho e no convívio 
com crianças percebeu a importância da sociedade sobre a personalidade, 
fato que o fez se aprofundar no desenvolvimento infantil e, por 
conseqüência, elaborar sua abordagem sobre a personalidade. 
Erikson (1968) ampliou as idéias de Freud, assim, o desenvolvimento 
humano acontece durante a vida inteira, apesar da importância do sexo, do 
peso da sociedade e das instituições, em geral, e do ambiente como um 
todo, pois são forças poderosas que influenciam o desenvolvimento do 
indivíduo. Observa-se que Erikson não se afastou da teoria de Freud, pelo 
contrário, a partir dela desenvolveu a sua e as posições de Freud facilitaram 
a compreensão do ponto de vista de Erikson e seu caminhar pelo lado 
social. 
A teoria freudiana sobre o desenvolvimento, conhecida como 
“Estágios Psicossexuais do Desenvolvimento da Personalidade”, foi 
construída paralelamente a seus estudos sobre o processo de estruturação 
da personalidade. Já a teoria de Erikson tornou-se de domínio mais geral, 
denominada “Estágios Psicossociais do Desenvolvimento e Forças Básicas”. 
Convém destacar, que estas teorias apresentam um ponto em 
comum: os dois autores entendem que a pessoa humana para se 
desenvolver passa, obrigatoriamente, por conflitos que precisam ser 
“resolvidos”, conforme Freud ou “adaptados”, segundo Erikson. 
Freud descobriu os conflitos neuróticos não são muito diferentes dos 
conteúdos dos conflitos normais, pelos quais todas as crianças acabam 
passando em sua infância, assim, colaborou para o melhor entendimento do 
desenvolvimento humano (ERIKSON, 1968). 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 84 
Conforme Erikson (1968), o homem para manter algum equilíbrio 
psicológico, resolve, constantemente, seus conflitos, ressurgindo de cada 
crise com um sentimento mais consistente de sua unidade interior, que 
capacita o indivíduo a agir de acordo com seus próprios padrões e aqueles 
das pessoas que lhe são significativas. Pela psicanálise de Freud, a 
personalidade distinta que cada indivíduo possui, provêm dos conflitos e das 
experiências mais pessoais vividas. 
Assim, Erikson (1968, p.92) afirma que: 
 
a personalidade se desenvolve de acordo com uma escala 
pré-determinada na prontidão do organismo humano para 
ser impelido na direção de um círculo cada vez mais amplo 
de indivíduos e instituições significantes, ao mesmo tempo 
que está cônscio da existência desse círculo e pronto para 
a interação com ele 
 
O autor citado procura fazer ligações entre a teoria da sexualidade 
infantil de Freud e o conhecimento da importante junção do crescimento 
físico e social da criança. Desde seu início, a psicanálise procurou caminhar 
no sentido de bem-delinear os processos de desenvolvimento, visto dar a 
eles grande importância. 
A psicanálise acabou por atribuir a origem da vida mental dos adultos 
à vida deles quando crianças e precisou levar a sério o velho ditado que 
afirma que “a criança é o pai do homem”. Freud (1923-1925), delineou a 
continuidade entre mentes infantis e adultas, bem como observou as 
transformações que ocorriam com o indivíduo durante esse período 
passando, logicamente, pela adolescência. 
De acordo com Wolman (1979, p.82): 
 
A adolescência é conhecida por ser um período de 
transição, embora não o seja mais do que qualquer outro 
período do desenvolvimento. As mudanças somáticas que 
ocorrem na adolescência, tais como o crescimento, o 
desenvolvimento endócrino e o aparecimento dos 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 85 
caracteres sexuais secundários não são mais 
revolucionários do que a passagem do zigoto a embrião, do 
feto a recém-nascido, do balbucio à fala. 
 
Segundo Wolman (1979), todas as mudanças que ocorrem na vida do 
indivíduo, são importantes para seu desenvolvimento, mas, não se deve 
creditar a esta ou àquela fase uma importância fundamental ou singular. A 
posição de Wolman (1979) parece identificar-se, sobremaneira, com a forma 
de pensar de Freud, visto que este sublinhou em sua obra o 
desenvolvimento humano sob a ótica psicossexual, pelo menos, enquanto 
entendeu a importância dos períodos de desenvolvimento, ou seja, até o 
final da adolescência ou início da vida adulta. 
Algumas descobertas importantes aconteceram durante os estudos 
de Freud sobre o desenvolvimento, sobretudo no que se refere à mente 
infantil. Propôs a importante influência exercida pelas impressões da 
infância,particularmente, pelos seus primeiros anos sobre toda a evolução 
posterior. A psicanálise introduziu de forma decisiva a relevância dessas 
primeiras impressões, por exemplo, no caso da vida sexual. Ainda de acordo 
com Freud (1923-1924): os muitos enigmas da vida sexual dos adultos só 
podem ser solucionados se forem ressaltados os fatores infantis existentes 
no amor. 
Na psicanálise de Freud, outro aspecto importante sobre o 
desenvolvimento humano é a despeito de todo o processo pelo qual passa o 
homem, nenhuma de suas formações mentais infantis desaparece. Para 
Freud (1923-1925), parte dos desejos, impulsos instintivos, modalidades de 
reação e comportamentos da infância acham-se presentes na vida madura e 
podem mais uma vez surgir. 
Quando se observa o comportamento humano, não se pode deixar de 
notar, pelo menos, dois padrões de conduta importantes: o primeiro, todos 
lutam pela sobrevivência em algum grau, uns demonstrando muita força e 
outros certa fraqueza e até desamparo. O segundo, alguns indivíduos 
canalizam todo o poder que possuem para ajudar, cooperar e demonstrar 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 86 
amizade para com o próximo, ao passo que outros agem de forma hostil, 
competitiva, falsa e destrutiva, assim, trata-se de duas dimensões do 
comportamento humano, a de poder relacionada à vitalidade e habilidade 
para sobreviver e a do modo pela qual a pessoa pode usar seu poder para 
satisfazer suas necessidades e a dos outros, se de forma mais afável ou 
hostil. 
O comportamento humano é resultado do desenvolvimento humano 
como um todo, e este é o resultado de uma série de fatores, alguns 
relacionados a tendências genéticas, outros à interação da pessoa com seu 
meio físico e social. Estes fatores não são excludentes e, sim, interativos. No 
homem, o nascimento é o início de um processo maturativo prolongado, 
conforme afirma Wolman (1979). 
Muitos fatores devem ser levados em consideração durante esse 
processo: os hereditários que determinam a base do crescimento da 
infância, adolescência, até a maturidade ou vida adulta, o social, o 
psicológico. Os estágios de desenvolvimento descritos por Freud podem ser 
entendidos sob este prisma, ou seja, toda a criança deve passar pelos 
estágios oral,anal, fálico, latência e genital, que são determinados 
biologicamente, mas, sofrem influências sociais e geram reações 
psicológicas. 
Gardiner (1993) apontou inúmeras diferenças de personalidade 
relacionadas às diversas formas de educação da criança (influências sociais 
e culturais), assim como esclareceu inúmeras nuanças em relação à 
condição sociocultural, impactando o desenvolvimento infantil. 
Atravessar os estágios de desenvolvimento é universal, conforme 
afirmou Freud (1923-1925) e confirmou Piaget (1976). Paralelamente aos 
estágios de desenvolvimento e servindo-se desses, a personalidade passa 
pelo processo de estruturação, que lhe é próprio. A seguir, os estágios de 
desenvolvimento e estruturação da personalidade serão apresentados. 
 
 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 87 
3.1. Estrutura psicanalítica da personalidade 
 
Os significados atribuídos ao termo “Personalidade” são inúmeros e 
todos são influenciados pela particularidade que se pretende estudar da 
pessoa que possui propriedades que a distinguem individualmente. 
Para Freud (1923-1925), é a integração entre Id, Ego e Superego que 
organiza e estrutura a personalidade do indivíduo. A descrição freudiana da 
personalidade envolve três níveis de estrutura mental: o inconsciente, o 
subconsciente e o consciente. 
O inconsciente acomoda a energia psicofísica e sexual, além dos 
conteúdos reprimidos próprios de cada ser humano. Segundo Freud (1923-
1925), a personalidade desenvolve-se com base no Id primitivo que 
caracteriza o recém-nascido. A partir do Id desenvolve-se o Ego ou a parte 
da personalidade voltada à realidade, à razão e que busca administrar os 
impulsos do Id. O Ego sofre constante pressão do Superego, cuja origem 
funda-se na internalização de padrões, valores e em figuras de autoridades, 
que fizeram parte da vida do indivíduo nos primeiros anos de sua existência. 
 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 88 
ID 
 
Segundo o conceito freudiano o Id é o componente arcaico e 
totalmente inconsciente da estrutura da personalidade. É a fonte de energia 
mental que dinamiza o comportamento humano. Do Id partem os impulsos 
pessoais voltados à gratificação do instinto sexual; o próprio inconsciente 
que ignora o mundo externo e tem como objetivo principal o corpo, portanto, 
suas relações com este podem ser chamadas de princípio do prazer. 
Freud (1923-1925) destacou a hegemonia total dos instintos do prazer 
nas primeiras fases do desenvolvimento mental, em virtude do fato de as 
duas atividades básicas da criança recém-nascida, mamar e evacuar, terem 
despertado a sexualização da boca e do ânus, ditas zonas erógenas nesse 
primeiro estágio da vida. 
 
Ego 
 
De conformidade com o conceito psicanalítico da estrutura da 
personalidade escrito por Freud (1923-1925), o Ego é o componente 
intermediário das energias mentais, ou seja, entre Id – inconsciente e 
Superego. Regula as ações entre indivíduo e seu meio, sendo ponto de 
referência a todas as ações psicológicas. 
O Ego é partidário do princípio de realidade e é com ele que se 
aprende tudo sobre a realidade externa e orienta-se o comportamento no 
sentido de se evitar sofrimentos, ansiedades e punições. Os mecanismos de 
defesa utilizados pelo indivíduo para salvaguardá-lo de situações dolorosas 
estão intimamente relacionados com o Ego. 
 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 89 
Superego 
 
Na estrutura da personalidade apresentada por Freud, o Superego é o 
mais novo componente do sistema de energias mentais e foi associado ao 
declínio e dissolução do Complexo de Édipo, pois atua no sentido de evitar 
punições por transgressões morais ou de incentivar a realização de idéias 
moralmente aceitas. Pode-se voltar, tanto no sentido de criticar as idéias ou 
impulsos inconscientes que afetam o comportamento moral como apoiar a 
realização de uma natureza superior. 
Os três elementos clássicos, que estruturam a personalidade de 
acordo com Freud, o Id, o Ego e o Superego, vivem em constante luta: o Id 
buscando sua satisfação irracional; o Ego procurando acomodar as 
exigências e impulsos do Id ao mundo da realidade, que é seu próprio 
mundo e o Superego tentando reprimir ou apoiar o impulso que for moral e, 
socialmente, reprovável ou louvável. 
As três instâncias que estruturam a personalidade, Id, Ego e 
Superego acabam por espelhar o processo de formação e desenvolvimento, 
pelo qual passou o indivíduo, as relações e vivências que teve com seu 
meio, sobretudo, aquele organizado pelos seus familiares mais próximos ou 
responsáveis por sua formação. 
Assim sendo, para que o indivíduo tenha esta ou aquela estrutura de 
personalidade que, em última análise, é a responsável por suas reações, 
esta estrutura apresentará maior relevância deste ou daquele elemento que 
a forma, e isso ocorrerá com base no que experienciou até os seis ou sete 
anos de vida, momento em que estará formada a personalidade básica do 
indivíduo, segundo a Psicanálise de Freud. 
 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 90 
3.2. Sigmund Freud e a teoria do desenvolvimento psicossexual 
 
3.2.1. O estágio oral ou fase oral 
 
Segundo Freud (1958), na criança, a atividade sexual caminha em 
consonância com a atividade de alimentação,assim sendo, o objeto de uma 
atividade é também o da outra: 
 
A partir do nascimento a boca é o primeiro órgão que aparece 
como zona erógena e que propõe exigências libidinais ao 
psiquismo. A princípio, toda atividade psíquica está concentrada na 
satisfação das necessidades desta zona. Naturalmente, a boca 
serve em primeiro lugar à autoconstrução por meio da nutrição, 
mas não se deve confundir a filosofia com a psicologia. O 
movimento de sugar no bebê, ato no qual persiste com obstinação, 
é a manifestação mais precoce de impulso à satisfação, que 
embora seja originado na ingestão de alimentos e estimulados por 
esta, tende a alcançar o prazer independente da nutrição, de modo 
que podemos considerá-lo como sexual. (FREUD, 1938.p.28) 
 
De acordo com Wolman (1979), pais normais costumam 
relacionarem-se com seus filhos alimentando-os e protegendo-os 
carinhosamente. No estágio oral, a criança, leva tudo o que lhes oferecem à 
boca, daí a denominação “estágio oral”, que se caracteriza por uma espécie 
de afeição devoradora em relação aos objetos de amor que se fazem 
presentes em sua vida. 
De acordo com a Psicanálise, o estágio oral pode ser visto como uma 
forma de relacionamento bastante individual, no qual o desejo de ser 
ajudado, amparado está combinado com os sentimentos de medo e 
hostilidade (fome). A criança frágil e fraca carece de alimentos e deve 
recebê-los, recorrendo, caso não os tenha às varias formas de hostilidade 
(agressividade, defesa, pânico, horror), Wolman (1979). 
No estágio oral, existem dois tipos de comportamento: o incorporativo 
(ingerir) e o comportamento oral agressivo ou sádico (morder ou cuspir). O 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 91 
comportamento incorporativo acontece primeiro e tem sua base na 
estimulação prazerosa da boca por objetos ou comida. 
De acordo com Schultz e Schultz (2002), os adultos com fixação na 
fase oral incorporativa preocupam-se com atividades orais, como comer, 
fumar, falar, beijar. Ainda de acordo com os autores citados, se os adultos, 
quando crianças foram demasiadamente saciados, suas personalidades 
tenderão ao otimismo e dependência de terceiros, além de serem bastante 
crédulos, ou seja, como foram plenamente atendidos na infância, continuam 
dependentes para sanarem suas necessidades. São pessoas, cuja 
personalidade é classificada como oral passiva. 
Os comportamentos orais agressivos ou sádicos ocorrem em um 
segundo momento durante o surgimento doloroso dos dentes. Como 
resultado dessa experiência desagradável, as crianças experimentam amor 
e ódio pela mãe. Os adultos fixados, nesse segundo momento, tendem a ser 
pessimistas, agressivos, hostis, além de invejosos e manipuladores com 
vistas a dominar os outros. A fase ou estágio oral termina quando ocorre o 
desmame, embora alguma libido (energia psicofísica e sexual) permaneça 
nesse estágio, caso tenha ocorrido a fixação. 
 
3.2.2 O estágio anal ou fase anal 
 
Pela teoria psicanalítica de Freud (1923-1925), o estágio anal 
acontece logo após a passagem da criança pelo estágio oral, caracterizado 
não apenas pelo treinamento do asseio, mas também pela aprendizagem da 
locomoção e da fala. 
Neste estágio, a criança começa a explorar lugares mais distantes, 
afasta-se da mãe e consegue atingir áreas, até então, proibidas. Tudo isso 
ocorre pela liberdade de ação que começa a adquirir com o andar e os 
movimentos mais ágeis de braços e mãos. Para Freud (1923-1925), este 
novo repertório implica um aumento da sensação de poder para a criança. 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 92 
Além disso, a aquisição da linguagem, ou seja, a capacidade de 
compreender e ser compreendida, somada ao treinamento dos hábitos de 
limpeza, próprios do estágio anal, oferece à criança um acentuado aumento 
de poder e esta percebe isso. 
Neste estágio, a mãe está muito mais à mercê da criança no sentido 
de precisar-se submeter à vontade desta, visto que o pequeno ser já pede e 
recusa comida, é colocado no vaso sanitário ou similar, mas se nega a 
evacuar, inicia a evacuação e interrompe-a de acordo com sua vontade. 
Neste estágio, segundo Freud (1923-1925), as fezes podem ser retidas para 
a regulação do prazer, pode se dar generosamente o amor (produto próprio) 
ou mantê-lo consigo. A habilidade para adiar o prazer conquistado com base 
na retenção ou expulsão das fezes, será de suma importância no tocante ao 
sexo e às sublimações posteriores. 
O próprio controle esfincteriano ou dos intestinos pode vir a 
representar um mecanismo futuro de regulação do ódio. As atitudes 
ditatoriais, por exemplo, são interpretadas na psicanálise como derivadas de 
comportamentos anal-retentivos da criança. No futuro relacionamento 
interpessoal, a retentividade anal poderá ser expressa por meio de 
comportamentos vingativos, frios, de dominação, bem como de bloqueio da 
afetividade e rejeição (WOLMAN, 1979). 
O estágio fálico descrito por Freud (1923-1925) foi ressaltado como 
responsável pela organização da energia psicofísica e de cunho sexual ou 
libido: 
 
O prazer é derivado da região genital não só por meio de 
comportamentos como a masturbação, mas também por 
meio de fantasias. A criança fica curiosa sobre o nascimento 
e por que os meninos têm pênis e as meninas não e pode 
falar em querer se casar com o pai ou a mãe. 
 
De acordo com Wolman (1979), na fase fálica o amor objetal da 
criança é direcionado aos desejos genitais em relação ao genitor do sexo 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 93 
oposto, transformando-se em força dominante, mais forte que outros desejos 
até mais valorizados. 
Os sentimentos de ciúme e possessividade surgem na fase fálica. De 
acordo com o núcleo familiar, a segurança da criança baseia-se no 
relacionamento a dois, sendo um possível terceiro, pai ou irmão, visto como 
um competidor, cuja presença põe em cheque a posse do objeto amado. 
Nesta fase, o amor edípico pela mãe, no caso dos meninos, que será 
explicado mais adiante, gera, de acordo com Freud (1923-1925), 
sentimentos ambivalentes do menino em relação a seu competidor primeiro, 
o pai. Durante a esta fase, a criança recebe prazer e segurança do genitor 
amado (desejado) e vontade de destruir e competir. 
Para Freud (1923-1925), o conflito edípico é o início da futura 
competição entre adultos do mesmo sexo. Em situação de normalidade, 
estes conflitos provocam uma repressão do amor e do ódio, podendo este 
último ser inibido pelo temor, medo ou pelo amor ou, ainda, pela combinação 
de ambos (temor e amor). 
O pai que demonstra força, mas é amigável desperta, no menino, 
medo pela força que possui e amor por ser bondoso. Esta possível fusão de 
sentimentos, amor-ódio gerará um sentimento de respeito que, em última 
análise, é o próprio núcleo formador do Superego, ou seja, núcleo formador 
da capacidade que o indivíduo adquire de respeitar as figuras de autoridade 
ou celeiro de moralidade. 
A partir do momento que adquire maior capacidade de controle, 
conforme WOLMAN (1979) o indivíduo aprende a canalizar seus 
sentimentos, inclusive, o de hostilidade de forma mais controlada e melhor 
dirigida, utilizando-os mais adequadamente aos propósitos que lhe são 
próprios de sobrevivência, tanto hoje como futuramente. 
O estágio ou fase fálica é a última das fases pré-genitais e os conflitos 
de ordem fálica são os mais complexos de resolver. Muitas pessoas 
resistem aceitá-los, porque envolvem o conceito de incesto, um tabu em 
inúmeras culturas. Fundamentado nos desejos incestuosos e de 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 94 
masturbação,típicos da fase fálica, pode-se verificar mais intensamente as 
nuances de conflito e raiva surgem no adulto, visto que não foram bem 
resolvidas em sua infância, ou seja, no período fálico. 
Da mesma forma que ocorrem nas fases anteriores, os conflitos, de 
natureza fálica, devem ser resolvidos adequadamente. Conflitos fálicos mal 
resolvidos determinarão comportamentos adultos específicos em relação ao 
sexo oposto, entre eles, a ansiedade de castração e a inveja do pênis que se 
prolonga indefinidamente. Além disso, pode haver dificuldade para o 
estabelecimento das relações heterossexuais maduras. Freud (1923-1925) 
descreveu a personalidade fálica masculina, como pueril, frágil e 
autoconfiante e a feminina, como aquela que necessita usar seus talentos e 
charme para subjugar e conquistar o homem. O homem com esse tipo de 
personalidade, para confirmar sua masculinidade, necessita de repetidas 
conquistas sexuais. 
Antes de passar para a próxima fase ou estágio, cabe explicar o 
significado do Complexo de Édipo para Freud. 
O conflito básico do estágio fálico centra-se no desejo inconsciente de 
uma criança pelo pai ou pela mãe, além do anseio de destruir o pai (no caso 
dos meninos) ou a mãe (em se tratando de meninas). Ao identificar esse 
conflito, Freud apresentou o conceito de “Complexo de Édipo”. Este nome 
originou-se do mito grego descrito na tragédia Édipo rei, escrita por Sófocles 
no século V a.C, na qual o jovem Édipo mata seu pai e casa-se com sua 
mãe, sem saber quem eram ambos. 
De acordo com Freud (1923-1925), o complexo de Édipo mostra-se 
diferente nos meninos e meninas. No caso do menino, a mãe torna-se seu 
objeto de amor. Por intermédio de fantasias, ele demonstra seus desejos 
sexuais por ela; entretanto, a figura do pai representa não só um rival, mas 
também uma ameaça. O menino é capaz de perceber o relacionamento 
entre pai e mãe, do qual ele não faz parte. 
De acordo com Schultz e Schultz (2002), isso o deixa enciumado e 
propicia comportamentos hostis para com o pai. Frente a essa situação, no 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 95 
menino surge um imenso desejo de se colocar na situação do pai; no 
entanto o temor da vingança e a agressão por parte do pai se faz presente, 
sendo interpretada como uma ação que ocorrerá em termos genitais, ou 
seja, poderá ocasionar a perda do pênis, sendo seu pai responsável em 
cortá-lo. 
Nessa época, para o menino, o pênis representa sua fonte de prazer 
e desejos sexuais, sua importância é enorme, bem como o medo de sua 
perda. Assim, surge a ansiedade de castração, como foi nomeada por Freud 
(1923-1925). 
O menino é atormentado de tal forma pelo medo de castração que 
passa a reprimir o desejo sexual pela mãe, substituindo-o por uma afeição, 
ao mesmo tempo, em que se identifica com o pai. A complexa reação causa-
lhe certa satisfação sexual, momento que Freud (1923-1925) considera ter 
se resolvido o Complexo de Édipo no menino. Cabe destacar que, para 
aumentar a identificação do menino com seu pai, ele tenta se parecer ainda 
mais com o pai, adotando certos comportamentos, inclusive, imitativos, 
atitudes estas visíveis a qualquer observador. Nesse momento, para Freud 
(1923-1925), surge a instalação do Superego ou moralidade. 
Na menina, como no menino, a mãe é seu primeiro objeto de amor, 
visto que ela é quem os alimenta e oferece-lhes afeto e segurança na 
infância, até pela proximidade física que, costumeiramente, existe, diferente 
do pai que se mostra mais distante por ser o provedor da família e precisar 
sair para o trabalho além de, habitualmente, não cuidar diretamente da 
criança. 
Na fase fálica, o pai configura-se no objeto de amor da menina. Para 
Freud (1923-1925), esta reação é decorrência, por parte das meninas, de 
que os meninos têm pênis e elas, não. As meninas, ainda segundo Freud, 
culpam inconscientemente a mãe pela sua suposta condição inferior e, 
conseqüentemente, passam a amá-la menos ou até odiá-la, imaginando que 
ela é responsável pela sua anatomia. A partir daí, passam a invejar o pai, 
transferindo-lhe seu amor. Para Freud (1923-1925): 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 96 
 
as meninas sentem profundamente a falta de um órgão 
sexual que tenha o mesmo valor do órgão masculino. Elas 
se consideram inferiores e essa inveja do pênis é a origem 
de uma série de reações femininas características. 
 
Schultz e Schultz (2002) consideram que a menina desenvolve a tal 
ponto a inveja do pênis que esta equivale à ansiedade da castração do 
menino. Em última análise, a menina acha que perdeu o pênis e o menino 
tem medo de perder o seu. 
Freud (1923-1925) sugeriu que o Complexo de Édipo, na menina, 
nunca é bem resolvido, entendendo que a mulher possui um Superego mais 
frágil do que o homem em decorrência dessa situação. Assim, o amor de 
uma mulher adulta por um homem é sempre carregado de inveja do pênis, 
geralmente, compensado em parte quando ela tem um filho. Quanto à 
resolução do Complexo de Édipo na menina com identificação comprovada 
com a mãe, por intermédio das imitações que esta faz e a repressão do 
amor pelo pai, esta não resolve tal Complexo durante toda a sua existência. 
 
3.2.3. O período de latência 
 
De acordo com Wolman (1979), na época em que Freud viveu, o 
período de latência era visto como a fase em que forças inibidoras atuavam 
sobre a libido. Naqueles dias, as famílias eram rígidas e hierarquicamente 
organizadas. As informações sobre a vida sexual inexistiam, havia forte 
repressão da sexualidade, as pessoas eram inibidas em relação a essa 
questão. Os pais eram bastante autoritários e conservadores e facilitavam a 
introjeção do Superego pela criança que renunciava ao genitor do sexo 
oposto, resolvendo com facilidade o Complexo de Édipo. Atualmente, 
embora os conceitos básicos do período de latência permaneçam, as 
sociedades contemporâneas mudaram muito. Hoje, o nível de inibição é 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 97 
menor e quase não existem restrições sobre informações de cunho sexual, 
comparativamente, ao tempo de Freud. 
A própria figura paterna de hoje, aparentemente, não inspira medo 
aos filhos e seu patamar de autoridade em inúmeras situações é 
decrescente, sendo a mãe a mais forte e impositiva do casal. Dessa forma, a 
resolução do Complexo de Édipo fica menos facilitada para o menino, visto 
que a identificação deste com a figura paterna torna-se mais difícil ou nem 
ocorre. No caso da menina, ainda segundo Wolman (1979), a situação 
repete-se, contudo a causa é o aparente declínio da feminilidade da mãe 
que conduz a menina a uma identificação com o pai-fraco, ao invés de 
identificar-se com a mãe-forte. 
Frente à nova situação apresentada em razão do atual perfil da 
sociedade, a fase de latência ocasiona comportamentos atuais e futuros que 
se modificam de acordo com os movimentos socioculturais a que todas as 
pessoas estão expostas. 
Em que pesem estas considerações, para Freud (1923-1925), 
o período de latência é aquele no qual o instinto sexual mostra-se 
adormecido, sublimado em atividades que agradam sobremaneira aos pais 
proporcionando-lhes uma espécie de trégua ou descanso. Estas atividades 
caracterizam-se pela vida escolar marcante, pelas práticas esportivas e 
desenvolvimento de amizades com pessoas do mesmo sexo, entre outras. 
Freud entende que o período de latência não é um período ou fase 
psicossexual do desenvolvimento justamente porque o instinto sexual, como 
já foi dito, encontra-se em estado latente, estado este que acabou por dar 
nome ao período, pelo qual passa a criança doscinco anos de vida até a 
puberdade. 
 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 98 
3.2.4. O período ou fase genital 
 
É entendida como a última fase psicossexual do desenvolvimento e 
inicia-se na puberdade. Nesse período, o corpo está amadurecendo 
rapidamente em termos fisiológicos, causando perplexidade ao próprio 
indivíduo, assim como nas pessoas que cercam. 
Nesta fase, os agora adolescentes precisam se adequar às sanções e 
tabus da sociedade, sobretudo, em relação às expressões de cunho sexual. 
Esta adaptação não deixa de gerar conflitos, mas Freud (1923-1925) 
entendia que estes conflitos poderiam ser minimizados pela sublimação. A 
energia sexual em ebulição durante a adolescência pode ser em parte 
satisfeita por intermédio de substitutos socialmente aceitos, como os 
inúmeros namoricos juvenis, hoje, substituídos pelo “ficar” e, posteriormente, 
por uma relação mais adulta de compromisso com o sexo oposto. 
Além disso, o tipo de personalidade genital é capaz de encontrar 
prazer, tanto no amor como no trabalho ou estudos, e os dois últimos 
mostram-se como uma saída aceitável para a sublimação dos impulsos mais 
instintivos. Assim sendo, para Freud o conflito gerado pela fase genital é 
menos intenso do que o das fases anteriores, e mais fácil de ser transposto. 
Entretanto, caso o jovem não consiga resolvê-lo, poderá apresentar 
dificuldades de adaptação às regras sociais, notadamente, àquelas que 
tratam do comportamento sexual, bem como na vida madura poderá buscar 
viver momentos juvenis não experienciados na puberdade e ou 
adolescência. 
Freud valorizou mais o desenvolvimento do indivíduo nos primeiros 
anos de sua infância até a adolescência, mostrou-se pouco preocupado com 
o desenvolvimento de sua personalidade na fase adulta, pois tinha claro que 
a maneira que a pessoa deve se comportar, pensar e sentir é originada 
pelos conflitos vivenciados nos primeiros anos de vida, apesar de ter ficado 
restrito a uma faixa inicial da vida da pessoa humana, pois Freud 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 99 
demonstrou que a personalidade adulta tem grande parte de sua base nos 
primeiros anos de vida e na qualidade das experiências desse período. 
Assim, dependendo das características pessoais e das necessidades 
psíquicas de cada um, o ser humano recebe as influências do meio e reage 
de uma forma bem particular expressando, em última análise, a 
personalidade que tem. O ato de receber influências, assimilá-las e reagir a 
estas é em grande parte o que se pretende analisar na presente pesquisa. 
Dessa forma, o referencial teórico sobre o desenvolvimento humano 
apresentado por Freud oferece importantes subsídios para análise do 
comportamento ou da personalidade dos sujeitos deste estudo. 
 
 
3.3. A teoria de Erik Erikson para o desenvolvimento humano 
 
A teoria de Erik Erikson é considerada tão importante como a teoria 
de Freud para o desenvolvimento da pessoa, na vião do autor desta 
pesquisa. 
O primeiro, como já foi visto, valorizou e apontou o sexo como fonte 
poderosa que guia o indivíduo por toda a vida. Por sua vez, a teoria de 
Erikson, baseada na formação psicossocial da pessoa, enfatiza que seu 
ambiente como um todo e as relações que fazem parte de sua vida ditam o 
comportamento que terá ao longo de sua existência. Assim, a teoria de 
Erikson tem como ponto nuclear a relevância das relações e as crises 
pessoais e interpessoais, que são próprias do ciclo natural de 
desenvolvimento. Erikson (1968) assinalada que o contexto da vida do 
indivíduo é muito forte e influente, portanto, o Id não é a única fonte de 
energia que sustenta o ser humano. Esta posição não é a única que 
contrasta com a de Freud, também, em relação ao Ego existem 
divergências. 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 100 
Para Erikson (1968) o Ego é mais autônomo e poderoso em relação 
ao Id do que na teoria de Freud. Assim, em sua teoria, sintetiza os 
processos de adaptação, integração e criação que são próprios da pessoa 
possuindo habilidades para sentir e integrar esperança, vontade, propósito, 
competência, sabedoria e amor. Portanto, o Ego conduz o Id, bem ao 
contrário do que afirmava Freud. Assim sendo, o processo de 
desenvolvimento é muito mais intencional e consciente, dirigido pela pessoa 
e não por seus instintos. Dessa forma, as crises, próprias das relações do 
indivíduo com seu ambiente, são mais conscientes e baseadas em inter-
relações em vez de inconscientes e apoiadas em impulsos próprios do Id. 
Como se pode verificar, não há uma ligação direta entre as teorias de 
Freud e Erikson; no entanto, como já foi explicitado, Erikson tomou por base 
inúmeros conceitos de Freud, além de seus estágios de desenvolvimento, 
ampliando-os e nomeando-os “Estágios Psicossociais do Desenvolvimento e 
Forças Básicas”, conforme são apresentados a seguir. 
 
 
3.4. Estágios psicossociais do desenvolvimento e forças básicas 
 
A segunda teoria do desenvolvimento a ser enfocada neste capítulo é 
a de Erik Erikson ou os “Estágios Psicossociais do Desenvolvimento e 
Forças Básicas”, que foram divididos em oito estágios sucessivos, os quatro 
estágios são semelhantes aos estágios oral, anal, fálico e de latência de 
Freud, embora este concentrasse sua teoria nos fatores biológicos e Erikson 
nos psicossociais, como já discutido no início deste capítulo. 
Para Erikson (1968), o processo de evolução da pessoa é gerido pelo 
chamado princípio epigenético da maturação, ou seja, as forças herdadas 
são as características que determinam os estágios de evolução do indivíduo, 
ou ainda, o desenvolvimento depende de fatores genéticos. As forças sociais 
e ambientais, por sua vez, influenciam a forma pela qual as fases 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 101 
predeterminadas geneticamente irão se realizar. Assim sendo, conforme 
destaca Schultz e Schultz (2002 p. 206), o desenvolvimento da 
personalidade é afetado por fatores biológicos e sociais ou por variáveis 
pessoais e situacionais. 
Erikson (1968) propôs que cada um dos oito estágios psicossociais 
ofereça oportunidades para que a pessoa desenvolva suas forças básicas 
ou virtudes que emergem quando a crise é resolvida adequadamente. Além 
disso, afirmou que uma força básica não pode se desenvolver enquanto a 
força básica da fase anterior não for confirmada. Fazem parte dos “Estágios 
Psicossociais do Desenvolvimento” de Erik Erikson os seguintes momentos 
da vida do indivíduo: 
 
3.4.1. Confiança versus desconfiança 
 
É a fase oral-sensorial do desenvolvimento psicossocial que 
corresponde ao período oral do desenvolvimento psicossexual de Freud que 
ocorre durante o primeiro ano de vida. De acordo com Schultz e Schultz 
(2002), é o momento em que a criança depende integralmente dos cuidados 
da mãe para sobreviver, ter segurança e afeto. Nesse período, a boca é 
vital, tanto é, que Erikson (1959, p. 57) escreveu: “A criança vive por meio da 
boca e ama com ela”. 
Apesar disso, o relacionamento da criança com seu mundo não é 
puramente biológico, é altamente social, tanto que, dependendo das 
relações que o bebê mantiver com sua mãe, sua personalidade incorporará 
uma atitude de confiança ou desconfiança em seu futuro relacionamento 
com o ambiente. Segundo Schultz e Schultz (2002, p. 207): 
 
“Se a mãe responder adequadamente às necessidades 
físicas do bebê e lhe proporcionar muito afeto, amor e 
segurança, a criança desenvolverá um senso de confiança, 
uma atitude que caracterizará sua visão crescente de si 
mesma e dos outros”. 
O DESENVOLVIMENTOHUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 102 
 
Por outro lado, os autores afirmam baseados em Erikson que: se a 
mãe rejeitar, não prestar atenção ou for inconsistente em seu 
comportamento, a criança tornar-se-á desconfiada, temerosa e ansiosa 
(p. 208). 
Segundo Erikson (1968), a desconfiança também poderá ocorrer se a 
mãe não se concentrar exclusivamente na criança. Seguindo-se essa 
afirmação, pode-se dizer que a mãe que volta a trabalhar, após o 
nascimento de seu filho, deixando-o aos cuidados de terceiros, está 
arriscando o surgimento e desenvolvimento de desconfiança na criança. 
Para Erikson (1968), embora o padrão de confiança e desconfiança 
da personalidade se estabeleça na infância, é passível de mudanças. Assim, 
uma criança com adequado padrão de confiança pode estabelecer a 
desconfiança com base na morte da mãe ou de sua saída de casa. 
Assim, uma criança cuja desconfiança esteja estabelecida, pode ser 
alterada com o surgimento na vida da pessoa de um professor com espírito 
de companheirismo, um amigo carinhoso e paciente, entre outras 
possibilidades. 
A resolução adequada da crise de confiança versus desconfiança 
durante a fase oral-sensorial faz surgir a força básica da esperança que foi 
descrita por Erikson (1968) como “a crença de que nossos desejos serão 
satisfeitos”, gerando no homem um sentimento de persistência e confiança 
que será mantido mesmo frente aos reveses temporários da vida. 
 
3.4.2. Autonomia versus dúvida e vergonha 
 
Trata-se da fase muscular-anal que ocorre durante os segundo e 
terceiro anos de vida da criança, correspondendo à fase anal de Freud. 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 103 
Nesta fase, as crianças desenvolvem uma série considerável de 
habilidades físicas e mentais, passando a ter mais independência, fazendo 
inúmeras coisas por conta própria. Comunicam-se com maior facilidade e 
locomovem-se rapidamente. Aprendem a puxar, pegar, empurrar e largar 
objetos. 
Erikson (1968) considerava que as habilidades de segurar e largar 
algo eram as mais importantes no repertório da criança, pois refletiam os 
primeiros passos para reagir a conflitos posteriores. Assim, o mais 
importante nessa etapa da vida era a condição de que a criança estava 
fazendo algo por sua livre escolha, estava experimentando o poder de sua 
vontade. A crise mais relevante desse período é entre pais e filhos e envolve 
o treinamento para utilizar o banheiro. De acordo com Erikson (1968), trata-
se do controle da sociedade sobre uma necessidade instintiva. 
Assim, pode haver pais que são mais permissíveis, ou seja, o 
treinamento da criança ocorre, de acordo com o ritmo desta ou pais mais 
irritadiços, que querem resolver todo o treino ao banheiro, conforme a sua 
vontade, interferindo na liberdade da criança, demonstrando impaciência e 
raiva quando não forem obedecidos. 
Desse modo, quando uma criança é frustrada em sua tentativa de 
independência, desenvolve sentimentos de dúvida e vergonha para lidar 
com as outras; ao passo que se ela for estimulada a agir por sua vontade, 
ganhará certa autonomia, emergirá a força básica, que é a vontade 
envolvendo, conforme afirmam Schultz e Schultz (2002), a determinação de 
exercer a liberdade de escolha e a autolimitação perante os costumes da 
sociedade. 
 
3.4.3. Iniciativa versus culpa 
 
Trata-se do estágio locomotor-genital que ocorre entre os três e cinco 
anos de idade e assemelha-se à fase fálica de Freud. Há continuidade no 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 104 
desenvolvimento das capacidades motora e mental da criança, fazendo com 
que esta demonstre a cada dia mais iniciativa. 
Nesta etapa da vida, apresentam-se também as fantasias que são 
próprias da infância, além de muito saudáveis. Em relação às fantasias, 
manifesta-se o desejo de possuir a mãe, no caso dos meninos e o pai, no 
caso das meninas (ERIKSON, 1968). 
De acordo com as reações dos pais frente a essas fantasias infantis, 
haverá o desenvolvimento de sensações que acompanharão a pessoa por 
toda a vida. Assim, se os pais inibirem ou punirem a criança perante suas 
iniciativas, estas introjetarão sentimentos de culpa. Caso os pais mostrem-se 
compreensivos e com capacidade de orientar, organizar e alinhar tais 
fantasias, a criança terá a capacidade de perceber o quanto lhe é permitido 
ou não, adquirindo limites para conviver no dia-a-dia da sociedade. 
Nesta fase, a criança poderá canalizar sua iniciativa para situações 
aceitas socialmente e preparar-se para as futuras responsabilidades e 
desenvolvimento da moral adulta, o que na Psicanálise de Freud seria 
chamado de instalação do Superego. A força básica desta fase provêm da 
iniciativa e é chamada de iniciativa, ou seja, a coragem e capacidade de 
conceber e buscar metas (SCHULTZ e SCHULTZ, 2002). 
 
3.4.4. Diligência versus inferioridade 
 
Esta é a fase de latência do desenvolvimento psicossocial de Erikson 
que ocorre entre os seis e 11 anos de idade da criança e corresponde à fase 
de mesmo nome de Freud. É caracterizada pelo ir à escola e submeter-se às 
novas influências sociais. Nesta etapa, a criança mostra-se aberta para 
aprender bons hábitos de trabalho e estudo. A essa condição da criança, 
Erikson (1968) deu nome de “diligência” que, nada mais é, do que uma 
forma de obter elogios e prazer da execução adequada de uma tarefa. 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 105 
Nesse período da vida, a pessoa continua a desenvolver e 
demonstrar o raciocínio dedutivo e a capacidade de adaptar-se às regras 
que a levam a uma convivência mais refinada com a sociedade, bem como 
as capacita a manusear utensílios típicos dos adultos com maior 
desenvoltura. Uma vez mais a atitude dos adultos perante as ações da 
criança irá ditar a introjeção de sentimentos para a vida toda. 
De forma geral, pais, professores e adultos poderão desencadear 
sentimentos de inferioridade e inadequação se repreenderem ou 
ridicularizarem a criança ou gerarão sensações de competência e de luta 
constante se souberem compreender e elogiar o comportamento 
empreendedor infantil. A força básica que a diligência evoca na etapa de 
latência, é a competência, envolvendo ensaios da habilidade e de 
inteligência na busca e finalização de tarefas (SCHULTZ e SCHULTZ, 2002). 
Pode-se apreender dessas quatro fases, conforme Schultz e Schultz 
(2002), é que o resultado de cada crise vivida e a possível evolução da 
criança dependem de terceiros, notoriamente, pais e professores. A 
resolução das crises mostra-se, portanto, mais dependente do que é feito à 
criança da aquilo que ela pode fazer sozinha. 
Daqui em diante, serão tratadas as quatro últimas fases do 
desenvolvimento psicossocial e poderá ser verificado que o indivíduo terá 
muito mais controle de seu ambiente. Conforme Schultz e Schultz (2002), 
terá condição de escolher por vontade própria muito mais do que fazia antes. 
Escolherá amigos, tipos de estudo, escola, carreira profissional, hobby, 
cônjuge. 
No entanto, cabe ressaltar que estas escolhas ocorrerão à luz das 
características da personalidade que a pessoa desenvolveu até o presente 
momento, ou seja, se desenvolveu confiança escolherá autonomia, iniciativa 
e diligência; caso tenha desenvolvido desconfiança, escolherá a dúvida, 
culpa e inferioridade. 
 
 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 106 
3.4.5. Coesão da identidade versus confusão de papéis: a crise de 
identidade 
 
 
Este é período da adolescência, propriamente dito, configura-se a 
partir dos 11, 12 anos de idade e encerra-se em tornodos 23 anos de idade, 
uma vez que os progressos tecnológicos prolongam de modo acentuado o 
intervalo de tempo entre parte inicial da vida escolar e acesso definitivo do 
jovem ao mercado de trabalho. 
Para Erikson (1968, p. 128): 
 
a fase de adolescência torna-se um período ainda mais 
acentuado e consciente; e, como sempre aconteceu em 
algumas culturas , em certos períodos, passou a ser quase 
um modo de vida entre a infância e a idade adulta. 
 
Talvez pelo atual tamanho da fase da adolescência, é possível 
reparar que o jovem mostra-se preocupado com aquilo que se possa pensar 
dele. Preocupa-se com a opinião alheia e com o próprio sentido da vida, 
agora pessoa com certa maturidade ou capacidade sexual. Pode-se 
perceber também que o rapaz ou a moça buscam um denominador comum 
para assentar, talvez definitivamente, a união daquilo que aprenderam, até 
então, com o que a sociedade espera deles a partir de agora. Frente a essa 
situação, o jovem, conforme Erikson (1968, p. 129), “procura mais 
fervorosamente homens e idéias em que possa ter fé, o que significa também, 
homens e idéias em cujo serviço pareça valer a pena provar que seria digno de 
confiança”. 
 
Assim sendo, este trabalho enfoca de maneira impar a adolescência e 
as possíveis influências que o adolescente pode vir a receber da religião, 
sem desprezar outras fontes que possam alterar o comportamento de 
alguma maneira. É o estágio do “Quem sou eu”, que é dominado pela 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 107 
identificação com outras pessoas e grupos que têm, por exemplo, a mesma 
fé, havendo a tendência de identificar a fé com as necessidades e imagens 
pessoais. 
Cabe ainda ressaltar que, durante a adolescência, a pessoa 
estabelece sua auto-imagem e integra as idéias quanto ao que é e ao que 
realmente deseja ser. É o período em que pode ocorrer a crise de 
identidade, ou seja, o fracasso em descobrir quem é, saber qual seu lugar na 
sociedade e ter claro o que deseja se tornar. 
Para Erikson (1968), a adolescência é um hiato entre infância e idade 
adulta, uma espécie de moratória psicológica útil para oferecer ao indivíduo 
tempo e energia para assumir e representar diferentes papéis, bem como 
viver com auto-imagem diferente. Para Erikson (1968, p. 134): 
 
A adolescência é, pois, um regenerador vital no processo 
de evolução social, pois a juventude pode oferecer suas 
lealdades e energias tanto à conservação daquilo que 
continua achando verdadeiro como à correção 
revolucionária do que perdeu o seu significado regenerador. 
 
Como se pode verificar, a adolescência é um período da vida 
causador de crises e, ao mesmo tempo um bálsamo para certas crises, 
inclusive, para a crise de identidade que deve ser enfrentada e resolvida. 
Para Schultz e Schultz (2002), moldar uma identidade e assumi-la são 
tarefas complexas, geralmente causadoras de ansiedade. Aqueles que 
conseguem sair dessa fase ou momento da vida com um certo senso de 
auto-identidade, estão prontos para enfrentar a vida e a idade adulta com 
certeza e confiança, os que passam por crises de identidade serão mais 
confusos em relação a seus verdadeiros papéis. 
Erikson (1968) observa que pessoas que vivem essas confusões de 
papéis, podem se afastar do curso natural da vida (educação, trabalho, 
família), buscando uma identidade negativa no crime ou nas drogas. Ainda, 
segundo o mesmo autor, a aproximação do jovem a grupos radicais ou 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 108 
fanáticos, também, pode ocasionar danos à definição da identidade, pois os 
grupos de colegas possuem forte influência na formação do indivíduo. 
A força básica esperada para ser desenvolvida durante a 
adolescência, de acordo com a teoria de Erikson, é a fidelidade que emerge 
de uma identidade coesa e abrange sinceridade, autenticidade e um 
sentimento de responsabilidade e dever no relacionamento com os outros. 
Para Schultz e Schultz (2002), o conceito de identidade de Erikson, 
aparentemente, foi extraído dos trabalhos iniciais de Erich Fromm, embora 
Erikson nunca tenha reconhecido formalmente essa possibilidade. Fromm 
(1956), como Erikson acredita que o Ego exerce papel ativo e decisivo, age 
em vez de reagir no tocante ao comportamento humano. 
Dessa forma, Fromm diverge frontalmente de Freud por rejeitar as 
idéias de que a personalidade baseia-se em pulsões biológicas de cunho 
sexual, e que a personalidade desenvolve-se por etapas invariáveis nos 
primeiros anos de vida, pois acredita na capacidade humana de escolher e 
agir, de acordo com sua própria vontade, contrastando, portanto, dos 
princípios Freud. 
 
3.4.6. Intimidade versus isolamento 
 
Diferente de Freud, Erikson estendeu suas fases de desenvolvimento 
para além da adolescência, mantendo seu entendimento de que estes 
períodos obedecem a um plano hierárquico determinado, de tal forma que a 
passagem adequada por uma fase anterior colabora para uma passagem 
satisfatória em uma fase futura e que, na velhice, a pessoa é o resultado do 
que foi em todas as fases anteriores, sobretudo, na adolescência, uma vez 
que nesse período da vida, como já foi explicado, há a organização da 
identidade. 
O início da fase adulta para Erikson (1968), é uma etapa mais 
prolongada que as anteriores, estendendo-se do final da adolescência até 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 109 
por volta dos 35 anos. É um período de independência dos pais e das 
instituições, em geral, é o momento em que a pessoa passa a agir de forma 
mais adulta, madura, define sua vida produtiva, estabelece relacionamentos 
mais íntimos e uniões sexuais. 
O conjunto de relações mais pessoais e íntimas, de acordo com 
Erikson (1968), faz com que o indivíduo molde sua identidade com a de 
outra pessoa, estando bem definido quanto à sua identidade, não sofrendo 
ameaça de perdê-la ou desequilibrá-la nesse o processo de fusão. 
No início da fase adulta, existem pessoas que não conseguem ligar-
se intimamente, Erikson (1968) entende que tais pessoas desenvolvem uma 
sensação de isolamento, passando a evitar contatos sociais, distanciando-se 
de grupos e podendo se tornar até agressivas para com os outros. Isolam-
se, ficam só e, desta forma, defendem-se de uma ameaça imaginária à sua 
identidade. A força básica que deve surgir apoiada na intimidade do início da 
fase adulta é o amor que, segundo Schultz e Schultz (2002), Erikson 
considerava a maior virtude do homem. 
 
 
3.4.7. Preocupação com as próximas gerações (“Generatividade”) 
versus estagnação 
 
Trata-se da idade adulta em si, que se configura, aproximadamente, 
entre 35 e 55 anos de idade, e é a fase da maturidade, na qual as pessoas 
trabalham ativamente no sentido de orientar a próxima geração. Esta é uma 
necessidade do indivíduo, independentemente, se ele é pai ou mãe, visto 
que o ato de ter filhos não provoca essa necessidade. 
Para Erikson (1968), esta fase é própria do homem, pois que todas as 
instituições que, de alguma forma, envolvem os seres humanos possibilitam, 
que eles expressem preocupação com as próximas gerações, bem como de 
alguma forma facilitam seu relacionamento a fim de torná-los um guia, um 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 110 
professor ou um mentor dos mais jovens com o objetivo de aperfeiçoar a 
sociedade como um todo. 
Quando as pessoas de meia idade não procuram ou não conseguem 
dar vazão a essa necessidade (de orientar gerações futuras), “elas podem 
estagnar, ter sensações de tédio e empobrecimento interpessoal” 
(ERIKSON, 1968, p. 138). 
A força básica própria da preocupaçãocom as próximas gerações é o 
cuidar, assim, esse procedimento nada mais é do que uma preocupação 
com o próximo que se manifesta com base na necessidade de ensinar, não 
só para ajudar terceiros, mas também para ajustar a própria identidade. 
(ERIKSON, 1968). 
 
3.4.8. Integridade do Ego versus desespero 
 
De acordo com Erikson (1968), é a fase derradeira do 
desenvolvimento psicossocial ou maturidade e velhice, pois trás a opção 
entre integridade do indivíduo ou desespero. Estas opções ocorrem 
baseadas na avaliação que a pessoa faz de toda a sua vida, mormente, a 
forma com que lidou com as vitórias ou falhas ao longo de sua existência. Se 
a avaliação for positiva, a tendência será o sentimento de integridade do eu 
ou do Ego que nada mais é do que a pessoa conscientizar-se e aceitar seu 
lugar, sua condição atual e o passado. 
O sentimento de desespero poderá surgir se a pessoa, ao olhar sua 
vida, perceber que perdeu oportunidades, aborrecer-se por aquilo que não 
fez, arrepender-se do que fez, sentindo que não pode corrigir as falhas 
passadas. 
Erikson (1986) apoiado no estudo que fez em parceria com Kivnick 
(1986) indicou uma receita aos idosos para minimizar o possível desespero 
e iniciar ou reforçar a integridade do Ego. Esta receita baseia-se no 
envolvimento de idosos em atividades novas, participar da vida 
O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REF. TEÓRICO DE FREUD E ERIKSON 111 
intensamente, desenvolver novas habilidades, buscar desafios e até voltar a 
estudar, se possível. 
A força básica associada a essa última fase do desenvolvimento é a 
sabedoria que surge fundamentada na integridade do Ego e é expressa na 
preocupação que a pessoa demonstra com o todo de sua vida. Esta 
sabedoria é transmitida a outras gerações em uma integração de 
experiências, é melhor expressa pelo termo “herança” (SCHULTZ e 
SCHULTZ, 2002). 
Assim, pode-se afirmar que os caminhos percorridos para a 
estruturação da personalidade foram apresentados, pelo menos, em li nhas 
gerais, sendo possível para o leitor entender como é importante o processo 
de desenvolvimento humano para estabelecimento da personalidade que 
sofrerá, ao longo da existência da pessoa, todo tipo de influência oriunda do 
meio social ou de seus próprios instintos. Quanto às teorias explicitadas de 
Freud e Erikson sobre o desenvolvimento, são praticamente 
complementares, ou seja, a de Freud oferece uma base que facilita a 
compreensão dos pontos de vista de Erikson e, ambas, contribuem, como 
pode ser apreendido do capítulo para o entendimento das possíveis 
influências da religião na vida dos adolescentes. 
A próxima seção tratará da fé e da religião. Inicialmente, ambos os 
termos, fé e religião, serão apresentados ao leitor à guisa de promover um 
melhor entendimento de ambos à luz de diversos autores, sobretudo, as 
idéias de James. Conhecer a fé e a religião, pelo menos, no que se refere às 
suas questões básicas, é sumamente importante neste trabalho, já que nele 
será enfocada a influência que a religião poderá exercer nos jovens 
universitários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA 
TEÓRICA DE JAMES FOWLER 
 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 113 
 
 
 
 
 
Esta seção tem como objetivo discutir a questão da fé e da religião 
sob a perspectiva teórica de James Fowler sem, contudo, ter a pretensão de 
esgotar o significado de ambas as palavras, apenas situá-las como aspectos 
importantes na definição social das crenças. 
O Brasil é um país que possui importante diversidade religiosa e, 
nesse âmbito, a adolescência é um período da vida receptivo a muitas 
influências, conforme já foi explicitado anteriormente. Assim, a questão 
religiosa, geralmente significativa ao indivíduo em todo o seu processo 
evolutivo, assume um papel especial na adolescência. 
Pode-se basear no pressuposto de que a contestação típica do jovem, 
assim como recai sobre tudo o que envolve valores, crenças, 
posicionamentos sociais, formas de viver e encarar a vida, também, recaia 
sobre a religião e a fé. 
Considerando-se esse pressuposto de torna-se importante a 
apresentação de algumas considerações sobre tais termos, até como forma 
de compreender as diferentes formas sociais de abordar as crenças sobre 
um ser supremo transcendental. 
Em relação à fé cristã, esta é compreendida por Fowler como um dom 
de Deus. Este entendimento surgiu desde o início da Igreja primitiva. A fé foi 
vista como dada por Deus ao crente. A personalidade do indivíduo torna-se 
envolvida só depois de receber a fé como um dom divino, e essa fé é, 
constantemente, compreendida em termos de comportamento moral e ético, 
além de maturidade espiritual e emocional. A personalidade pode ser 
também percebida como geradora de equilíbrio e controle ao indivíduo, 
unificando os campos de força que permeiam a existência humana. 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 114 
Para Thomas Groome (1985) a fé envolve crescimento sobre as 
respostas adequadas ao dom da fé, ou seja, aos comportamentos morais, 
éticos, religiosos, entre outros. Por sua vez, Fowler (1992), entende a fé 
como as experiências humanas de lealdade e confiança. A fé é o processo 
universal humano de construir significado, que é uma parte integrante do 
desenvolvimento do “eu”, ou seja, do Ego. Ainda de acordo com o mesmo 
autor, tem-se que a fé: 
 
- é uma disposição da pessoa inteira (cognição, emoção e vontade); 
- é a confiança e lealdade, investidas em um centro ou centros de valor e 
poder; 
- é quem dá ordem e coerência à totalidade da vida; 
- é quem destina apoio aos compromissos cotidianos da pessoa, bem 
como a seus comportamentos e ações; 
- é quem oferece orientação, coragem, esperança e significado à vida ou é 
o modo pelo qual uma pessoa vê a si mesma em relação às outras, sob 
um pano de fundo de significados e propósitos compartilhados 
(FOWLER, 1992, p. 15). 
 
Como se pode notar, a fé não está limitada à fé cristã, é parte 
importante da consciência humana. A fé cristã envolve, primordialmente, a fé 
em Deus e indica que se trata de: 
 
- um dom de Deus; 
- um tipo específico de conhecimento; 
- envolve a resposta adequada da pessoa à auto -revelação de Deus; 
- uma verdade não construída pelo ser humano, ela vem de Deus, 
portanto, só se aprende a verdade por meio de Deus. 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 115 
 
Com base nas considerações acima sobre a fé, é possível apreender 
que a pessoa pode ter dois tipos de fé, ou seja, a fé como investimento em 
centros de valor e poder que oferece ordem, coerência, significado e 
esperança à vida cotidiana e a fé em Deus ou fé cristã que dá valor, 
segurança e significado existencial, definitivo e ontológico a cada ser. 
No que se refere à religião, antes de maiores considerações seria 
importante a definição de Émile Durkheim (1912, p. 79): 
 
Uma religião é um sistema unificado de convicções e 
práticas relativo às coisas sagradas, ou seja, separadas, 
proibidas; convicções e práticas que unem em uma 
comunidade chamada Igreja todos os que se aderem a 
elas. 
 
Quanto à religião, Tillich (1974) identifica-a como sendo de dois tipos: 
a religião revelada, cujo sentido é mais restrito e estreito e a religião cujo 
sentido é mais amplo, pois diz respeito ao do espírito humano. Em suma, 
Tillich, define a religião não como uma função específica da vida espiritual 
do indivíduo, mas o quanto de profundidade há em todas as funções do 
homem. A religião é uma dimensão da vida humana com capacidade de 
transformar todaessa vida, é o próprio aspecto de profundidade presente na 
totalidade do espírito humano. 
Ainda de acordo com Tillich (1974), é o sustentáculo da vida espiritual 
do homem, o perfil religioso do espírito humano. Dessa forma, é a dimensão 
de profundidade de toda a existência humana. As religiões podem ser 
entendidas como facilitadoras da missão humana, uma vez que são capazes 
de oferecer equilíbrio, razão e estética à vida humana, portanto, é 
inquestionável que a religião pode influenciar o ser humano, sobretudo o 
adolescente, conforme já foi explicitado no início deste capítulo, que se 
encontra em um período da vida receptivo a muitas influências. 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 116 
Encerrando esta apresentação dos termos fé e religião, convém, 
destacar as posições de Smith e Fowler sobre religião, sobretudo porque 
Smith inspirou consideravelmente Fowler em suas investigações sobre a fé. 
Para Smith (1963), nas investigações sobre a fé, as religiões são “tradições 
cumulativas”, ou seja, são as várias expressões de fé das pessoas no 
passado que influenciam e alteram a fé no presente. Smith afirma que a fé é 
despertada e alimentada cumulativamente pelos elementos da tradição, 
portanto, pela religião, pois a religião em sua concepção pode ser 
estruturada por ritos, profecias, textos de escrituras, mitos que denomina 
“tradições cumulativas”. 
A religião de acordo com o entender de Fowler (1992, p. 35): “é 
constituída pelas formas que a fé molda para que sua expressão, celebração e 
vivência em relação ao ambiente último como a fé a imaginou no passado e 
imagina agora” 
Para bem se entender a abrangência e profundidade da religião, é 
importante a compreensão da dinâmica da fé que, neste trabalho, terá como 
pano de fundo as concepções de James Fowler. Para se compreender a 
dinâmica da fé, é importante entender que os conteúdos específicos dela 
são irrelevantes para sua definição final. A fé pode apresentar ou não sua 
expressão em formas religiosas, institucionais ou cúlticas (MIRANDA, 2003). 
Cabe ressaltar que, antes mesmo de o indivíduo definir-se como religioso ou 
não, ele já está sedimentado por questões de fé. 
Ainda em relação à fé, Droguett (2000, p. 116) explicita que 
 
a fé recolhe ícones do ser mais perfeito – significante último 
- , construído em horizontes de esperança na qual os seres 
humanos depositam seus desejos, suas utopias de um 
mundo melhor, mais justo, onde o presente é magia e 
milagre transformador da realidade alienante e sem sentido. 
Unem-se assim o amor, o desejo, o imaginário, o simbólico 
e os signos que o ser humano cria para fazer sentido. 
 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 117 
Segundo Droguett (2000, p. 118), para um indivíduo de fé “tudo o que 
há de sagrado, de transcendente, de divino, está contido nas profundidades 
da vida”. 
Quando os temas religião e fé estão presentes, inúmeras 
manifestações podem ser colhidas de diversos autores. Por exemplo, James 
Fowler (1992), organizou e sistematizou a dinâmica de desenvolvimento da 
fé, por meio dos denominados estágios da fé. 
Fowler observa que a fé é entendida como fé humana, ou seja, o viver 
humano que é direcionado por questões sobre a fé que surgem do pensar, 
questionar, vivenciar, refletir e buscar na vida respostas sobre o significado 
de estar vivo. Assim, as perguntas de fé, na ótica de Fowler (1992, p. 15), 
têm como objetivo: “ajudar-nos a entrar em contato com o processo 
dinâmico e padronizado pelo qual achamos a vida significativa”. 
Para Fowler (1992), as primeiras noções de fé do ser humano surgem 
com o nascimento, visto que, normalmente, o ser humano é recebido, pós-
natal, de forma acolhedora e com certo grau de fidelidade por parte daquele 
que cuidará dele. Assim, o relacionamento entre cuidador e cuidado, entre 
pais e filhos começará a desenvolver vínculos de confiança e lealdade 
mútuas, tornando o ambiente confiável e providente, estabelecendo um 
padrão pactual de fé. 
A teoria estrutural – desenvolvimental da fé, apresentada por Fowler 
(1992), possui sua base no conhecer e agir das pessoas apoiadas na 
contribuição que a Psicologia do Desenvolvimento Cognitivo de Piaget e 
Psicologia do Desenvolvimento Moral de Kohlberg ofereceram ao 
entendimento da fé como forma de conhecer e interpretar. 
Para Piaget (1976), o ser humano inicia seu processo de 
conhecimento e interpretação apoiado nos estágios cognitivos que possuem 
seqüência e são invariáveis. Pode-se dizer que um estágio é um conjunto 
integrado de estruturas operacionais que fazem parte do processo de 
pensamento da pessoa em certo momento. Um estágio representa um 
relacionamento equilibrado entre indivíduo e seu ambiente, e esse equilíbrio 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 118 
provém da assimilação feita nas estruturas de pensamento da pessoa 
daquilo que deve ser conhecido ou compreendido no ambiente. 
Quando aparecem novidades na vida da pessoa ou desafios que não 
podem ser assimilados nas estruturas já existentes, estas, se possível, 
gerarão novas estruturas de conhecimento, havendo, então, a transição de 
um estágio para outro, ou seja, um amadurecimento que causa uma 
transformação para melhor, no padrão operacional das operações 
intelectuais (PIAGET, 1976). Por meio desses amadurecimentos, os reflexos 
serão sentidos no conhecer e agir do indivíduo, ou seja, em sua forma de 
conhecer e interpretar as coisas, resultando em capacidade para o 
entendimento da fé. 
A concepção de Kohlberg (1968), bastante semelhante à de Piaget 
(1976), afirma que o julgamento e a ação, notadamente, as de cunho moral 
possuem um núcleo racional, portanto, as escolhas pessoais não são 
apenas uma questão de valores e sentimentos são resultados, sobretudo de 
conteúdos, racionais que em última análise, são atos cognitivos. Kohlberg 
(1968), assim como Piaget (1976) entende que, cada estágio de 
desenvolvimento, inclusive, o moral, é caracterizado por uma forma 
específica de raciocínio que obedece hierarquias ou a seqüências, vindos 
um após o outro de forma invariável e universal. 
Dessa forma, pelas posições de Piaget e Kohlberg pode-se entender 
que ambos compreendem os estágios de desenvolvimento baseados nas 
estruturas de pensamento e raciocínio que são típicas em cada uma das 
fases da vida, possibilitando à pessoa desenvolver sua fé, de acordo com os 
conhecimentos e modo de agir que vai organizando por meio de suas 
experiências pessoais. 
Pode-se afirmar que a compreensão que se busca do ser humano, 
como ser total só será alcançada se forem considerados os diferentes 
instantes da vida do homem, ou seja, para se compreender o todo é 
minimamente necessário conhecimento de suas várias partes componentes 
físicas, emocionais e de relação social. 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 119 
Como já foi mencionado, Fowler (1992, p.40), entende a fé como um 
“fenômeno humano”. Considera que a pessoa possui peopensões para a fé 
e que o desenvolvimento delas depende do ambiente em que o indivíduo 
cresce e a forma como é acolhido no mundo. Assim sendo, as primeiras 
experiências de fé e fidelidade surgem com o nascimento e o 
desenvolvimento da pessoa, valorizando-s,e assim, as relações mãe-filho, 
criança-família, criança-sociedade. Para Fowler (1992), a importância dos 
relacionamentos infantis e dos vínculos familiares comprometem o homem 
com o mundo e, no mundo, em termos de confiança, lealdade e fé. Assim é 
que afirma: 
 
Por sua consistência em suprir as nossas necessidades, 
por nos criarem um espaço valioso em suas vidas, aqueles 
que nos recebem providenciamuma experiência inicial de 
lealdade e confiabilidade. E antes que possamos usar a 
linguagem, formar conceitos ou mesmo ser considerados 
conscientes, começamos a formar nossas primeiras 
intuições rudimentares acerca de como é o mundo, de 
como ele nos considera, e se podemos nos ‘sentir em casa’ 
aqui. (FOWLER, 1992 p. 25). 
 
Ainda para o mesmo autor, a expressão de confiança, fidelidade e fé 
em relação ao próximo, às instituições, às religiões que o indivíduo tem, 
estão intimamente ligadas ao processo dinâmico das relações pais e filhos 
pois, quando for de confiança e lealdade Fowler (1992, p.25) chama de 
“Padrão Pactual de Relacionamento”. 
Com base nessa posição, é possível entender que a personalidade 
está diretamente vinculada na relação de um indivíduo com o outro de uma 
maneira bastante particular, com um significado específico para cada 
indivíduo e situação. 
Considerando a fé como uma forma de ser da pessoa total, como 
modo de organizar as experiências da vida pode-se falar da inter-relação 
existente entre fé e identidade, uma vez que nossos comprometimentos e 
confianças moldam nossa identidade e fé. 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 120 
 
 
4.1. Fé e Identidade 
 
A busca da identidade constitui-se em um processo dinâmico e 
turbulento, visto constituir-se na busca de si mesmo, de sua autonomia, de 
seu posicionar-se no mundo desde os primeiros momentos da relação mãe e 
filho e com maior ênfase na adolescência. 
Erikson (1968), considera que a amamentação é o mais simples e 
indiferenciado sentimento de encontro da criança com sua mãe, e esse 
encontro deve ser de confiança e reconhecimento mútuos, cuja necessidade 
permanece no homem ao longo de sua vida. 
De acordo com Miranda (2003), se as primeiras relações ligarem a 
criança a uma necessidade de confiança em si e nos outros, na 
adolescência esta retornará e será revelada em uma procura mais obstinada 
de relação autêntica. Para o adolescente, acreditar no outro durante o 
processo de estruturação de sua identidade é importante. A identidade surge 
com a confiança de que igualdade e continuidade interiores coincidem com a 
igualdade e continuidade do significado que tem para os outros, seus pares 
e para si mesmo. 
Tillich (1974) nessa linha de raciocínio cita que a, fé é um ato da 
pessoa como um todo, é o ato mais íntimo e global do ser humano. A fé é 
uma síntese entre função cognitiva, sentimento e desejos da pessoa, não é 
uma simples opinião, mas, um estado. Quem tem fé, tem coragem para se 
auto-afirmar, para ser em si mesmo. 
Nesse processo de busca de identidade, precisa-se considerar que o 
que está dando orientação e sentido às lutas e esperanças aos 
pensamentos e ações da pessoa é a fé. Esta é uma orientação da pessoa 
total, não é uma dimensão separada da vida, é uma orientação da 
personalidade em relação a si mesmo, ao próximo e ao universo. Constitui-
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 121 
se em uma maneira de crer e ou criar as coisas em uma relação e ou 
relacionamento de lealdade e confiança à outras pessoas, causas, 
instituições e centros transcendentes de valor e poder que constituem o 
sentido de suas vidas. (TILLICH, 1974). 
Em seus escritos, Fowler (1992) destaca a inter-relação entre fé e 
identidade no padrão triádico da fé que na base, o eu e o outro, estariam em 
uma relação de amor, confiança e lealdade mútuos, o que torna possível a 
identidade. Ainda, que em cada relacionamento significativo que se tem, em 
cada instituição da qual se faz parte, se está ligado a outros em confiança e 
lealdade para com o centro de valor e poder. Reunir esses inúmeros papéis 
e significados em uma unidade integrada e operacional é função de nossa 
identidade e nossa fé. 
A fé como instância imaginativa permite vislumbrar as condições 
últimas da existência humana, à luz da qual se organizam não só nossas 
ações que irão dar coerência à vida, mas também nosso próprio Ego que 
nada mais é do que a síntese dos processos de adaptação, integração e 
criação de significado em busca da resposta para à pergunta: quem sou eu? 
Para Fowler (1992), o padrão da fé humana forma-se apoiado nas 
pessoas e instituições e nos investimentos que estas fazem em relação a 
seus pares, familiares, enfim, seu ambiente social. A fé, assim entendida, 
não é sempre religiosa em seu contexto ou conteúdo, para Fowler (1992 p. 
15) é “o modo pela qual uma pessoa vê a si mesma em relação aos outros, 
sobre um pano de fundo de significados e propósitos compartilhados”. 
Para o autor, a fé é o surgimento, a criação de um sentido, um 
significado e um valor às coisas cotidianas; é um processo que envolve a 
capacidade do ser humano sob o prisma cognitivo, emocional e vontade 
pessoal. A fé dá origem à identidade da pessoa humana, uma vez que ela 
faz parte da experiência humana e não se limita à fé religiosa, cristã, ela é 
integradora da consciência humana, do eu do indivíduo e do Ego do ser. 
 
 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 122 
4.2. Os estágios da fé 
 
Fowler (1992) propôs a teoria desenvolvimental, na qual concebe a 
proposição, organização e sistematização dos Estágios da Fé, assim, os 
estágios da fé, apresentam uma inter-relação dinâmica das estruturas 
formais e do poder estruturador dos conteúdos específicos da fé. 
Miranda (2003) observa que o modelo estrutural dos estágios da fé, é 
representado por uma espiral que sugere um movimento ascendente, cujos 
aspectos dos estágios anteriores são resgatados, ampliados, reestruturados 
e incorporados aos estágios posteriores. 
Dessa forma, cada estágio delimita o surgimento de um novo conjunto 
de potencialidades ou forças na fé, trata-se de um processo dinâmico que 
está sempre mudando, evoluindo, proporcionando uma crescente 
diferenciação no desenvolvimento do indivíduo, à medida que possibilita 
maior liberdade reflexiva do uso da razão na fé, na perspectiva de se 
assumir papéis em uma nova lógica de raciocínio moral, formando a unidade 
e a coerência do mundo da própria pessoa. Assim, os estágios da fé 
possibilitam a expressão dos símbolos (imagens, valores e histórias) que 
evocam e renovam a fé da pessoa. 
Os estágios da fé relacionados desenvolvimentalmente são 
identificados por: 
Estágio 1 – Fé Intuitivo-Projetiva; 
Estágio 2 – Fé Mítico-Literal; 
Estágio 3 – Fé Sintético-Convencional; 
Estágio 4 – Fé Individuativo-Reflexiva; 
Estágio 5 – Fé Conjuntiva. 
Estágio 6 – Fé Universalizante 
Cada estágio de fé, proposto por Fowler (1992, p. 238), tem sua força 
correspondente relacionada e identificada por: 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 123 
Primeira Infância (Fé Intuitivo-Projetiva) – surgimento da imaginação, 
formação de imagens em um ambiente último; 
Infância (Fé Mítico-Literal) – surgimento de narrativa e formação de 
histórias da fé; 
Adolescência (Fé Sintético-Convencional) – formação de Identidade e 
moldagem de uma fé pessoal; 
Início da Idade Adulta (Fé Individuativo-Reflexiva) – construção 
reflexiva de ideologia, formação de um sonho vocacional; 
Idade adulta (Fé Conjuntiva) – paradoxo, profundidade e 
responsabilidade intergeracional pelo mundo; 
Idade adulta (Fé Universalizante) – estágio bastante raro. As pessoas 
que dele fazem parte, podem ser consideradas, como se refere Fowler 
(1992), libertadoras dos grilhões sociais, políticos, econômicos e ideológicos 
que aprisionam o ser humano. 
Dentre esses estágios, será destacado, no presente estudo, o estágio 
3, Fé Sintético-Convencional, por oferecer conteúdo teórico que permite 
uma análise da fé como sentidoda vida na adolescência, objeto desta 
pesquisa. É preciso que se conheça cada um dos estágios propostos por 
Fowler (1992), pois a adolescência dá importância ao desenvolvimento 
humano como um todo, e os primeiros passos do desenvolvimento humano 
conduzem o indivíduo à adolescência e, em última análise, esta dirige a 
pessoa à vida madura e à velhice. 
Os estágios da fé propostos por Fowler (1992) possuem, como 
sustentáculo a teoria do desenvolvimento de Piaget e moral de Kohlberg. A 
teoria de Piaget (1976), conforme explicado anteriormente, afirma que todas 
as pessoas passam por estágios de desenvolvimento, que são lineares, não 
variáveis e universais, definidos pelas capacidades biológicas ou genéticas 
de cada ser. Os estágios acontecem em uma seqüência fixa e a passagem 
de um estágio a outro pode acontecer em idades diferentes, dependendo 
dos seguintes fatores de superação: 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 124 
 
· a maturação pessoal interior (está ligada à hereditariedade); 
· a questão educativa (transmitida socialmente); 
· a equilibração (a interação entre os fatores anteriores). 
 
De acordo com Piaget (1976), todos os estágios representam uma 
estrutura de conjunto e possuem uma condição de preparação específica, 
assim como de acabamento. 
A teoria piagetiana não destaca diretamente fatores emocionais ou 
comportamentais na organização da cognição do conhecimento, pois estes 
fatores são incluídos de forma indireta, por meio de suas interações com o 
ambiente, sempre no que tange à construção das estruturas cognitivas. 
Nesse ponto, em particular, as construções cognitivas entendem a fé como 
uma construção cognitiva que acontece na vida da pessoa, passo a passo, 
conforme ela se desenvolve e adquire complexidade em seu 
desenvolvimento de fé (FOWLER, 1992). 
Cabe destacar que a teoria de Piaget, ao explicar o desenvolvimento 
cognitivo do ser, facilita a compreensão do modo em que são construídas as 
relações do indivíduo com as idéias de Deus, ética, dogmas, rituais, 
símbolos e a própria Igreja, destacando a relevância das relações entre 
organismo e ambiente, as idéias e os objetos na construção de um sentido 
no que se referem às estruturas cognitivas. 
A idéia da Epistemologia Genética, ou seja, como a gênese humana 
influencia no desenvolvimento do conhecimento das estruturas cognitivas é 
a base para o entendimento do ser humano como um ser religioso ou 
apenas utópico, no que se refere a entender a fé como algo universal. Isto 
posto, passar-se-á a uma breve apresentação do pré-estágio e dos estágios 
propriamente ditos da fé, conforme proposta de Fowler (1992). 
 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 125 
4.2.1. Lactância e fé indiferenciada: pré-estágio 
 
Fowler (1992) denominou como pré-estágio o período de lactância e 
fé indiferenciada, momento que tem no relacionamento mãe e filho a 
qualidade de mutualidade, que facilitará ou dificultará a urgência da fé que 
se forma nesse estágio na organização da confiança, autonomia, esperança 
e coragem ou seus contrários. Esta vivência permeará de forma decisiva 
aquilo que virá, posteriormente, no desenvolvimento da fé. 
Nas relações mãe e filho, nesse período, as crises geram um 
narcisismo no filho, cuja experiência de ser o centro perpetuar-se-á a 
dominar na vida do indivíduo. (ERIKSON, 1968). 
A transição para o estágio 1 será possibilitada pelo no uso mais 
expressivo dos símbolos da fala e jogos rituais, que acontece com a 
convergência do pensamento e da linguagem, além de um contato maior e 
mais expressivo com o mundo a seu redor. 
 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 126 
4.2.2. Estágio 1: fé intuitivo-projetiva 
 
O estágio 1, próprio de crianças entre três e sete anos, refere-se à fé 
intuitivo-projetiva, cuja característica principal é o recurso utilizado pela 
criança para se relacionar com os outros, rotineiramente, por meio de 
fantasias e imaginação. Isso lhe possibilita entender o mundo da experiência 
por meio de imagens que registram as compreensões e sentimentos 
intuitivos da criança em relação às condições últimas da vida (FOWLER, 
1992). 
O autor destaca (p.117), que o estágio da “primeira autoconsciência”, 
do egocentrismo (pensamento centrado em si próprio), do surgimento da 
primeira consciência da morte e do sexo, de acordo com o que é transmitido 
de forma mais explícita pela família ou cultura, da qual faz parte a criança. 
Nesse processo, quando ocorrem inadequações, surgem os tabus e a 
rigidez moral, aliás, um dos pontos que se procurará verificar no presente 
estudo. 
A transição ao estágio 2, verifica-se com o surgimento do pensamento 
operacional - concreto, resolução dos conflitos edípicos e com a 
preocupação de esclarecer o que é real e imaginário. 
 
4.2.3. Estágio 2: fé mítico-literal 
 
Este estágio é marcado pelo surgimento das operações concretas que 
capacitam a criança, em fase escolar, a destacar a realidade do “faz de 
conta”, a narrar as próprias vivências, ordenar a perspectiva própria com a 
dos outros, experienciar um mundo mais previsível, assumindo para si as 
histórias, crenças, normas, comportamentos morais que simbolizam 
vivências de seu meio (FOWLER,1992). 
Para isso, o caminho que utiliza para dar unidade e valor às 
experiências, é a história repleta de conteúdos simbólicos e dramáticos, rica 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 127 
em detalhes, contudo, pobre em reflexão sobre os significados. Neste 
estágio, o ponto inadequado que emerge, consiste no exagero de conteúdos 
simbólicos destrutivos, maldosos fazendo com que a dinâmica do estágio 
fique cerceada em sua riqueza e criatividade. 
A percepção das contradições encontradas nas fantasias, possibilita 
uma reflexão a respeito dos significados, facilitando a passagem ao estágio 
três, que conduz a criança ao pensamento operacional-formal. As vivências 
típicas desse estágio propiciam o assumir de uma perspectiva interpessoal 
mútua, criando o que Fowler (1992, p. 129) denomina “necessidade de um 
relacionamento mais pessoal com o poder unificador do ambiente último”. 
 
4.2.4. Estágio 3: fé sintético-convencional 
 
O estágio 3, fé sintético convencional será, especialmente, 
considerado no presente trabalho, visto fornecer uma compreensão do 
desenvolvimento da fé e da religião que corriqueiramente ocorre no período 
evolutivo da “adolescência”, um dos focos desta pesquisa. 
Durante o desenvolvimento é comum que algumas crises importantes 
se façam presentes. A adolescência é uma etapa do desenvolvimento típica 
e rica em crises marcantes e decisivas no processo de evolução do ser 
humano. Surge da necessidade de se concluir uma etapa, dar consciência a 
uma parte da existência para ingressar em outra, assim, estruturar o 
indivíduo como um ser total. 
É um período marcado pela desorientação geral, pelas modificações 
físicas, emocionais e psicossociais, um momento de alguma reflexão e 
síntese além de orientação dos objetivos futuros. 
Nesse período, o indivíduo necessita de “espelhos” que, muitas 
vezes, são seus pares, tanto para controlar seu crescimento, notadamente, 
físico como para dividir suas vivências e angústias, prazeres e, sobretudo, 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 128 
desprazeres, visto que o egocentrismo ainda é muito forte no adolescente 
(FOWLER, 1992). 
Para Knobel (1981), essa é a fase do desenvolvimento no qual o 
adolescente recorre “a espelhos” que nada mais são do que um 
comportamento defensivo em busca de uniformidade e até equilíbrio, assim 
o grupo, nesse momentoevolutivo, é a ponte que possibilita ao adolescente 
a transição apropriada no mundo externo rumo à individualização própria do 
adulto. 
A questão grupal ocupa uma posição de destaque para o adolescente 
e, rotineiramente, é motivo de queixa ou ciúme dos pais que se sentem 
preteridos nesse momento. Assim o adolescente pode ser visto como em 
constante crise, seu mundo é um contínuo desestruturar e reestruturar e o 
grupo ajuda a solucionar grande parte de seus conflitos ou, pelo menos, é 
capaz de minimizá-los, apoiado nas comparações desencadeadas entre os 
pares. 
No momento que o adolescente vê em seu grupo, nos pares um 
núcleo de apoio e de referenciais, está se instalando o período das 
operações formais que viabiliza os conteúdos lógicos do pensamento. 
Segundo Miranda (2003), o adolescente de posse dessa capacidade de 
raciocínio, organiza sua realidade de forma mais precisa, utilizando-se de 
hipóteses para preencher os espaços, as lacunas, as possíveis falhas de 
compreensão de suas construções mais infantis. 
Freitas (1983) enfatiza que a vida intelectual surge depois da vida 
emocional, cujo desenvolvimento é mais precoce, mais acelerado e faz parte 
ativa do desenvolvimento cognitivo. A cognição possibilita ao adolescente 
distanciar-se conscientemente da realidade, formular hipóteses a respeito 
desta e apresentar o perfil de uma hipótese mais aceitável ou mais 
amadurecida, logicamente, tendo sempre como pano de fundo a realidade, 
as experiências, as influências e as culturas que cercaram e cercam o 
jovem. 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 129 
Em que pese tais influências, a condição adquirida para enfocar a 
realidade capacita o adolescente a estabelecer valores às coisas que, até 
então, lhe pareciam pouco importantes. Em suas conquistas, enfatiza e 
aperfeiçoa procedimentos para estabelecer graus de importância a cada 
uma dessas conquistas, como se fossem medalhas auferidas. Para Freitas 
(1983, p. 77), esse comportamento adolescente torna-o cada vez mais 
“onipotente”, já que passa a formar a realidade com seus ”idealismos”, pois 
torna-se apto a raciocinar de maneira mais abstrata. 
Como síntese do pensamento modelado por essa onipotência, surge 
o que Freitas (1983, p. 77) chama de “plano de reformas”. Este “plano” para 
ser implementado carece de apoio social que coloca o adolescente em 
confronto com a sociedade que vai ditar parâmetros da realidade, fazendo 
surgir o amadurecimento do “estado de reformador idealista” para o 
“realizador objetivo”. Este processo qualifica o adolescente para agir como 
adulto inserido na realidade da qual faz parte. 
Para Miranda (2003), inserir-se no mundo social do adulto, com suas 
modificações internas e seu plano de reforma é o que vai definindo sua 
personalidade, ideologia, ou seja, a identidade. A busca da identidade 
constitui-se em um processo dinâmico e profundo que obriga o adolescente 
a encarar sua realidade e seu eu baseados em experiências, além das 
constantes reestruturações externas e internas que se manifestam como 
instabilidade da identidade. 
É um período marcado por contradições, ambivalências, consigo 
mesmo, com o meio social e familiar, destacando-se este último que, 
geralmente, funciona como ativador e pacificador das incongruências típicas 
pelas quais o adolescente passa. Apoiado nesse processo quase convulsivo, 
o indivíduo adquire condições de projetar-se ou projetar o eu para papéis e 
relacionamentos futuros. 
Fowler (1992 p. 131) destaca que “Esta projeção representa fé no eu 
que a pessoa está se tornando e confiança de que esse eu será recebido e 
ratificado pelo futuro”. 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 130 
Em outras palavras, o adolescente vai descobrindo o que Fowler 
(1992, p. 132) denomina de “outros significativos”, ou seja, são aquelas 
pessoas significativas, importantes para o adolescente que têm o poder de 
contribuir de forma positiva ou negativa para a organização das imagens do 
próprio eu, da identidade e da fé em formação que restauram uma ordem de 
sentido e valor. 
No presente trabalho, os “outros significativos” serão avaliados 
sobretudo em relação à família e à interferência desta na formação do 
indivíduo, se mais positiva, ou seja, mais construtiva e organizadora ou mais 
negativa voltada à repressão ou restrição dos comportamentos, como o 
próprio Fowler (1992) se refere, pois preconiza que, nesse primeiro período 
da vida, o adolescente aprende a contar ou não com as outras pessoas. 
Assim, Fowler (1992), Erikson (1968) são alguns entre os diversos 
autores que entendem que o meio social interfere decisivamente na 
estruturação da personalidade do indivíduo. Freud (1923-25), quando definiu 
as Fases do Desenvolvimento Psicossexual, embora se pautasse em 
conteúdos sexuais para organizá-las, reconhecia a importância do meio 
social na formação do indivíduo. 
Desse modo, é importante ressaltar que a dimensão interpessoal 
possui valor singular na vida da pessoa. Para Erikson (1968) as raízes da 
futura capacidade ou não do ser humano relacionar-se de forma interpessoal 
estão localizadas na primeira idade do homem, que possui como conflito 
nuclear a relação entre confiança e desconfiança. Segundo o autor, nesse 
primeiro período da vida o adolescente aprende a contar ou não com as 
outras pessoas (confiar ou não no outro). 
Estas interações ou relações irão proporcionar, em grande parte, a 
base para a identidade da pessoa. 
Pautando-se nesses contatos interpessoais ou não, surge a 
necessidade de confiança em um ser superior, necessidade essa quase que 
universal entre os adultos, e a instituição cultural desse primeiro estágio é a 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 131 
religião. O autor afirma que o sentido de confiança do bebê, também, é um 
precursor de fé no adulto e destaca: 
 
Quando superamos a nossa amnésia universal dos 
aspectos terrificantes da infância, também, podemos 
reconhecer, agradecidos, o fato de que, em princípio, a 
glória da infância sobrevive também na vida adulta. A 
confiança torna-se pois a capacidade de se ter fé – uma 
necessidade vital para a qual o homem tem de encontrar 
alguma confirmação institucional. Ao que parece, a religião 
é a mais antiga e tem sido a instituição mais duradoura a 
serviço de um ritual de restauração de um sentimento do 
mal, contra o qual promete armar e defender o homem, 
Erikson (1976, p. 106). 
 
O sentimento de confiança básica constitui a pedra angular da 
personalidade, e o adolescente busca, em sua relação consigo mesmo, com 
seus pares, com os demais e com o mundo consolidar o sentido de 
confiança que foi ou deveria ter sido conferido na infância (ERIKSON, 1968). 
Para que ocorra a entrada do jovem no mundo adulto, é preciso que todo 
seu passado integre-se com os aspectos rejeitados e os internalizados, bem 
como as novas exigências do meio e as estabelecidas no universo das 
relações interpessoais. 
Na concepção de Fowler (1992), no estágio três – fé sintético-
convencional, cujas relações sociais começam a ser construídas, as 
pessoas são vistas e avaliadas em função de suas qualidades e formas 
interpessoais de relacionamento, desvinculadas dos contextos 
sociossistêmicos nos quais estão inseridas. Estas formas interpessoais de 
relacionamento são um dos pontos que se procurará identificar na presente 
pesquisa. 
Na visão de Fowler (1992, p. 138), “são esses movimentos que 
ajudam o adolescente recriar seu eu interior e o espaço necessário para 
uma consciência de si mesmo, formando um conjunto de imagens e valores 
que o identificam”. 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICADE JAMES FOWLER 132 
O autor explica que a identidade e a fé começam a emergir no 
adolescente, quando este for capaz de aceitar, concomitantemente, seus 
aspectos infantis e de adulto, assimilando as transformações pelas quais 
está passando, situação que ocupa grande parte de sua energia, visto que 
envolve não só suas capacidades cognitivas e emocionais, mas também sua 
vontade. 
Pode-se dizer que se trata de uma certa criação da identidade e da 
estruturação mais intensa do próprio Ego. Na realidade, esse momento só 
vai ocorrer quando a maturidade biológica estiver pareada pela maturidade 
afetiva e intelectual, possibilitando a entrada do adolescente no mundo do 
adulto, com valores e ideologias próprias. 
O grande responsável pelo surgimento de valores e ideologias 
pessoais é, se não outro, o próprio processo de desenvolvimento pelo qual 
passa todo o indivíduo. Assim, se os valores e as ideologias auxiliam na 
resolução da crise adolescente, quanto mais vivenciado e adequado for o 
desenvolvimento da pessoa, menos intensa será sua experiência das 
atribulações adolescentes. 
Além disso, o campo de força do jovem formado pelos seus valores e 
ideologias dará sentido, em última análise, a seu mundo e à sua própria 
vida, criando e desenvolvendo a fé em si e nos outros, estruturando seu 
ambiente no que se refere à interpessoalidade. 
Neste estágio é possível destacar o que Fowler (1992, p. 147) 
denominou como “o mito do próprio devir da pessoa em identidade e fé”, que 
significa introjetar o passado e o futuro possível em uma imagem do 
ambiente último, referenciado por características da personalidade 
individual. Quanto à formação da identidade e organização da fé pessoal, 
Fowler (1992, p. 142) destaca: 
 
O sistema de fé do indivíduo que se encontra no estágio 3 é 
convencional no sentido de ser visto como o sistema de fé de 
todo mundo ou da comunidade toda. E é sintético no sentido de 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 133 
ser não-analítico, existe como uma espécie de totalidade 
unificada, global. 
 
 
4.2.5. Estágio 4: fé individuativo-reflexiva 
 
O estágio 4 fé individuativo-reflexiva caracteriza-se pela transição 
desenvolvimental da adolescência para a fase adulta. 
Fowler (1992, p. 154), considera esse estágio, particularmente, crítico 
e o denomina de estágio “desmitologizador”, suas características consistem 
na visibilidade de reflexão, questionamentos e opções. No processo 
dinâmico, o questionamento no que diz respeito à responsabilidade por si 
próprio, estilo de vida, crenças, atitudes, comprometimentos será inevitável. 
Na realidade, estão sendo questionadas a própria identidade e 
composições de fé definidas, até então, pelo conjunto de papéis e vivências 
interpessoais nos centros significativos. 
Surge a busca por uma alternativa nova de vida e de identidade. O 
núcleo do estágio 4 é a busca pela autenticidade que consiste em procurar 
uma individualidade coerente com a identidade real ou identidade 
verdadeira, não estereotipada da pessoa. 
 
4.2.6. Estágio 5: fé conjuntiva 
 
Atingir este estágio é próprio de quem está vivenciando a meia idade. 
O estágio 5 pertence a quem amadurece com a vida, viu e sentiu a 
realidade, não vive em devaneios ou fantasias nem necessita defender 
posições inflexíveis no dia-a-dia. São pessoas que se conscientizaram e 
dominaram as ilusões juvenis, tanto pelas experiências internas como 
externas, buscando hoje compreender as contradições da vida, integrando-
as com vistas ao aprimoramento pessoal e das relações sociais. 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 134 
Livres dos esforços próprios dos primeiros anos, a meia idade 
desenvolve o que Fowler (1992, p. 166) chama de “imaginação irônica”, que 
significa capacidade de ver e estar nos conteúdos mais profundos da pessoa 
ou de seu grupo. 
Poucos são aqueles que caminham para o estágio 6 – Fé 
universalizante, mobilizados pela vivência e ação entre um mundo não 
transformado e uma visão e lealdade transformadas. 
 
4.2.7. Estágio 6: fé universalizante 
 
Raros são os que congregam a fé universalizante, estágio 6. Desse 
grupo, fazem parte as pessoas que gestaram e geraram composições de fé, 
nas quais a percepção do ambiente último inclui todo ser. Fowler (1992 p. 
170) menciona “Gandhi, Martin Luther King e Madre Teresa de Calcutá”, 
como representantes desta perspectiva do estágio 6. 
As apreensões universalizantes e a necessidade de preservar o 
próprio ser e bem-estar referenciam os paradoxos próprios do estágio 5, cuja 
superação implica a transição ao estágio 6, que acontece quando ocorre um 
direcionamento da vida, dos sonhos, dos ideais aos imperativos do amor e 
da justiça a despeito das ameaças à própria pessoa, integridade, aos grupos 
e instituições, que abrem mão e abdicam em direção de uma realidade 
transcendente. Fowler (1992, p. 168,177) destaca que “a pessoa engaja-se 
em gastar e se gasta para a transformação da realidade atual na direção de 
uma realidade transcendente”. Nesse processo, é “elaborada”, a identidade 
da pessoa e a busca do ideal da transformação. A própria luta, a própria 
causa, o próprio caminho tornam-se ideais da pessoa, daí, entende-se 
porque esses expoentes do estágio 6 angariam tantos adeptos, “eles 
corporificam a promessa e a fascinação de nossa futuridade compartilhada”. 
Fowler (1992, p. 177). 
 FÉ E RELIGIÃO SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER 135 
Em resumo, pode-se entender que a Fé para James Fowler surge de 
acordo com o próprio desenvolvimento do homem, interligando-se às suas 
vivências, conforme as etapas evolutivas que vão se apresentando ao longo 
dos contextos socialmente apresentados ao indivíduo, com base em suas 
ações, comportamento do grupo a que pertencem e das instituições sociais 
e religiosas com as quais mantêm algum tipo de vínculo. 
Assim sendo, Miranda (2003) considera que percorrer a trajetória da 
fé, bem como angariar a experiência humana é viver um estado de busca 
permanente, com altos e baixos inerentes à sua natureza e dinamismo. 
Como se pode apreender das idéias de James Fowler, Jean Piaget, 
Freud, Erikson, Fromm a respeito do desenvolvimento humano é que este é 
absolutamente complexo e só acontece baseado em uma trajetória de 
experiências individuais que cada ser busca passar e depende, ao final, de 
como foi essa passagem ou essas experiências, o mesmo ocorrendo com a 
Fé que, como já foi explicitado, tem seu desenvolvimento entrelaçado ao 
próprio desenvolvimento do homem. 
Assim, este estudo teve a competência de oferecer ao leitor uma 
visão ampla sobre a fé e a religião, tópicos explorados na pesquisa aqui 
desenvolvida. Partir-se-á, a seguir, para a apresentação e discussão dos 
resultados obtidos à luz do referencial teórico que embasou o presente 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 137 
 
 
 
 
 
 Esta seção apresenta e discute os resultados obtidos na pesquisa que 
teve a participação de sessenta universitários, divididos em quatro grupos: 
15 adolescentes universitários religiosos do sexo masculino; 15 do sexo 
feminino; 15 não religiosos do sexo masculino e 15 não religiosos do sexo 
feminino. 
Em relação aos resultados, serão enfocados os sociodemográficos, 
de religiosidade, de posicionamento religioso e os diversos itens obtidos no 
método de Rorschach: afeto, autopercepção, ideação, relação interpessoal, 
mediação e seção principal. Este método avalia os aspectos estruturais da 
personalidade.Para descrever o perfil da amostra, segundo as variáveis em estudo, 
foram elaboradas tabelas de freqüência das variáveis categóricas como, por 
exemplo, sexo e classificação dos parâmetros de personalidade e tabelas 
estatísticas descritivas com as respectivas medidas de posição e dispersão: 
média, desvio-padrão, valores mínimo, máximo e mediana. Também foram 
construídas tabelas de freqüência das variáveis contínuas como, por 
exemplo: idade e escores dos parâmetros da avaliação de personalidade. 
 Para comparar as variáveis categóricas entre os grupos foram 
usados: o teste Qui-Quadrado ou se os valores esperados eram menores do 
que cinco, o teste Exato de Fisher. Estes testes compararam a proporção de 
uma determinada característica entre os quatro grupos estudados. 
 Para comparar os quatro escores dos parâmetros entre os quatro 
grupos foi usado o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis, que se mostra 
mais adequado para tamanhos de amostras reduzidas ou variáveis que não 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 138 
têm distribuição normal ou valores assimétricos. Quando houve diferença 
significativa, foi usado o teste de comparação múltipla. 
 O nível de significância adotado aos testes estatísticos foi de 5% 
(p<0,05), 
 
 
Análise Descritiva e comparativa das variáveis sociodemográficas 
entre os quatro grupos pesquisados: masculino religioso M-R; 
feminino religioso F-R; masculino não-religioso M-NR; feminino não-
religioso F-NR. 
 
 Os dados das Tabelas 1 a 7, a seguir, apresentam as contingências e 
as estatísticas descritivas das variáveis de perfil e as respectivas 
comparações entre os quatro grupos de jovens: masculino religioso M-R; 
feminino religioso F-R; masculino não-religioso M-NR; feminino não-religioso 
F-NR. Doravante, para melhor entendimento, sempre que houver referência 
aos grupos de jovens pesquisados, as denominações acima serão 
empregadas. 
 
Tabela 1 – Distribuição da idade dos sujeitos pesquisados. São Paulo, 
2004. 
Grupo N Média DP Máx Mediana Min 
M-R 15 21,27 1,53 23 22 18 
F-R 15 21,07 1,28 23 21 19 
M-NR 15 21,47 1,19 23 22 19 
F-NR 15 21,27 1,16 23 21 19 
 
Os dados da Tabela 1 comparam as idades dos sujeitos dos grupos 
de pesquisa, apresentando para uma amostra composta de 15 adolescentes 
por grupo os seguintes dados: o Grupo Masculino Religioso M-R possui 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 139 
como média etária 21,27 anos, desvio-padrão de 1,53 e mediana de 22 
anos. 
O Grupo Feminino Religioso F-R possui a média etária de 21,07 anos, 
desvio-padrão de 1,28 e mediana de 21 anos. 
Já o Grupo Masculino Não-Religioso M-NR possui média etária de 
21,47 anos, desvio-padrão de 1,19 e mediana de 22 anos. Por sua vez, o 
Grupo Feminino Não-Religioso F-NR apresenta média de idade de 21,27 
anos, desvio-padrão de 1,16 e mediana de 21 anos. 
 Assim, a partir dos dados obtidos por meio do Teste de Kruskal-
Wallis: p= 0,8199, verifica-se não existir diferença significativa de idade entre 
os grupos pesquisados, fato que pode ser considerado positivo, visto que a 
experiência de vida e a própria evolução dentro da adolescência como 
conseqüência dessa experiência e poderia interferir nos resultados não foi 
significante. 
 
Tabela 2 – Distribuição dos sujeitos pesquisados por semestre nos 
cursos em que se encontram matriculados 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
Semestre N % N % N % N % 
Total 
1 - 2 4 26,67 3 20,00 3 20,00 5 33,33 15 
3 - 4 5 33,33 4 26,67 5 33,33 4 26,67 18 
5 - 6 5 33,33 6 40,00 6 40,00 6 40,00 23 
= 7 1 6,67 2 13,33 1 6,67 0 0,00 4 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 140 
 Os dados da Tabela 2 apresentam o semestre letivo dos cursos em 
que se encontram matriculados os sujeitos pesquisados entre grupos. 
O grupo M-R possui 26,67% dos sujeitos matriculados nos 1º e 2º 
semestres; 33,33% nos 3º e 4º semestres; 33,33% nos 5º e 6º semestres e 
apenas 6,67 com matrícula no 7º semestre. 
Por sua vez, o grupo F-R possui 20% dos sujeitos matriculados nos 1º 
e 2º semestres; 26,67% nos 3º e 4º semestres; 40% nos 5º e 6º semestres e 
13,33% matriculados no 7º semestre. 
O grupo M-NR apresenta 20% dos sujeitos matriculados nos 1º e 2º 
semestres; 33,33% nos 3º e 4º semestres; 40% nos 5º e 6º semestres e 
6,67% com matrícula no 7º semestre. 
Já o grupo F-NR indica que 33,33% dos sujeitos encontram-se 
matriculados nos 1º e 2º semestres; 26,67% nos 3º e 4º semestres e os 
restantes 40% nos 5º e 6º semestres. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p= 0,368, nota-se que não 
houve diferença significativa entre os semestres dos cursos freqüentados 
pelos sujeitos que compõem cada um desses grupos. O contexto parece ser 
favorável à presente pesquisa, pois, grandes diferenças de tempo de estudo 
podem trazer experiências importantes aos indivíduos, novas amizades, 
novos conhecimentos, novas relações com seus pares de estudo, etc., não 
sendo significativa a diferença ora avaliada, mais próximos estarão os 
sujeitos da amostra em termos da presente pesquisa. 
 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 141 
Tabela 3 – Distribuição dos turnos em que os sujeitos da pesquisa 
estudam 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
Turno N % N % N % N % 
Total 
Integral 2 13,33 1 6,67 6 40,00 2 12,50 11 
Diurno 5 33,33 4 26,67 4 26,67 6 37,50 19 
Noturno 8 53,33 10 66,67 5 33,33 8 50,00 31 
Total 15 100 15 100 15 100 16 100 61 
 
 Os dados da Tabela 3 apresentam o turno que os sujeitos da amostra 
estudam, no período diurno (manhã ou tarde), noturno ou integral. O grupo 
M-R possui 53,33% dos sujeitos estudando no período noturno; 33,33% no 
diurno que tanto pode ser manhã como tarde e 13,33% em período integral. 
Quanto ao grupo F-R, 66,67% de seus integrantes estudam no 
período noturno, 26,67% no período diurno (manhã ou tarde) e 6,67% em 
período integral. Já os componentes do grupo M-NR, estão subdivididos em 
33,33% no período noturno, 26,67% no diurno (manhã ou tarde) e 40% em 
período integral. 
O grupo F-NR possui 50% dos seus componentes estudando no 
período noturno, 37,50% no diurno (manhã e tarde) e 12,50% em tempo 
integral. 
À luz do Teste Exato de Fisher: p= 0,368, não houve diferença 
significativa de turno de estudo entre os adolescentes universitários dos 
grupos pesquisados. Este resultado, assim como os das tabelas anteriores, 
por si só, indicam certa uniformidade da amostra em termos de variáveis 
secundárias que poderiam interferir nos resultados. No caso desta Tabela 3, 
por exemplo, a simples observação no contato com alunos, pode-se 
perceber que alunos do período noturno mostram-se mais maduros em 
comparação com os de outros turnos. Assim sendo, não havendo diferença 
significativa de turno de estudo, esta variável terá menor influência nos 
resultados finais da pesquisa. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 142 
Tabela 4 – Distribuição da renda familiar dos sujeitos do estudo 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
Renda N % N % N % N % 
Total 
=10 2 13,33 5 33,33 1 6,67 4 26,67 12 
11 - 15 5 33,33 3 20,00 2 13,33 1 6,67 11 
16 - 20 1 6,67 6 40,00 4 26,67 4 26,67 15 
> 20 7 46,67 1 6,67 8 53,33 6 40,00 22 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Pelos dados da Tabela 4, pode-se observar a renda familiar dos 
sujeitos da pesquisa, tendo como base o salário mínimo, que, à época da 
coleta de dados, era em R$240,00. O grupo M-R possui 13,33% dos sujeitos 
com renda familiar até dez salários-mínimos (SM), 33,33% entre 11 e 15 
(SM), 6,67 entre 16 e 20 (SM) e 46,67 cuja renda ultrapassou a casa dos 20 
(SM). 
O grupo F-R indicou que 33,33% dos sujeitos possuemrenda familiar 
até dez (SM), 20% entre 11 e 15 (SM), 40% situam-se na faixa entre 16 e 20 
(SM) e 6,67% acima dos 20 (SM). 
Quanto ao grupo M-NR, 6,67% dos sujeitos possuem renda familiar 
até dez (SM); 13,33% entre 11 e 15 (SM); 26,67% entre 16 e 20 (SM). 
Já o grupo F-NR apresenta os seguintes dados: 26,67% possuem 
renda familiar até dez (SM); 6,67% entre 11 e 15 (SM), 26,67 entre 16 e 20 
(SM) e 40% acima de 20 (SM). 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p=0,055, não existiu 
diferença significativa de renda familiar entre os grupos pesquisados, fato 
que não diferencia, de forma exagerada, os sujeitos da pesquisa em termos 
de classe social, conseqüentemente, as experiências cotidianas podem não 
ser tão distantes. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 143 
Tabela 5 – Distribuição da origem domiciliar dos componentes da 
amostra 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
Origem N % N % N % N % 
Total 
Capital 10 66,67 13 86,67 10 66,67 10 66,67 43 
Interior 5 33,33 2 13,33 5 33,33 5 33,33 17 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 5 referem-se à origem domiciliar dos sujeitos da 
amostra, ou seja, se oriundos da capital ou interior. Em relação a esse item, 
o grupo M-R possui 66,67% dos sujeitos com origem na capital e 33,33% no 
interior. O grupo F-R possui 86,67% dos sujeitos com origem na capital e 
13,33 no interior. O grupo M-NR possui 66,67% de seus integrantes oriundos 
da capital e 33,33% do interior. 
Quanto ao grupo F-NR, 66,67% são originários da capital e 33,33% 
do interior. Conforme análise baseada no Teste Exato de Fisher: p=0,520, 
não houve diferença significativa quanto à origem domiciliar dos sujeitos 
entre os grupos, fato que torna menos discrepante a relação do indivíduo 
com sua origem, família, amizades que, como já visto no capítulo I, são 
fatores que interferem na forma de ser do individuo. 
 
Tabela 6 – Distribuição da proveniência familiar dos sujeitos da 
pesquisa: se religiosa ou não. 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
Sim 13 86,67 15 100 5 33,33 4 26,67 37 
Não 2 13,33 0 0 10 66,67 11 73,33 23 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 144 
 Os dados da Tabela 6 demonstram a porcentagem dos sujeitos que 
provêm de família religiosa. Assim, no grupo M-R, 86,67% de seus 
componentes provêm de família religiosa e 13,33%, não. No grupo F-R, 
100% são originários de famílias religiosas. 
Quanto ao grupo M-NR, 33,33% dos sujeitos provêm de família 
religiosa e 66,67%, não. Os componentes do grupo F-NR estão subdivididos 
da seguinte maneira: 26,67% têm origem em família religiosa e 73,33%, não. 
Cabe destacar que o julgamento de possuir uma família religiosa ou não 
coube ao próprio sujeito sem qualquer sugestão ou participação do 
pesquisador. Com base no Teste Qui-Quadrado: X2= 2,16; GL= 3; p=0,001, 
pode-se afirmar que existe associação significativa entre grupos e família 
religiosa: os sujeitos religiosos provêm em sua maioria de famílias religiosas, 
ao passo que os não religiosos, provêm de família não-religiosa. 
O fato corrobora com Rosa (1996), quando afirma que a família 
possui importância significativa na formação básica do indivíduo, em 
especial, até o início da puberdade, momento em que esta família começa a 
perder espaço aos amigos dos jovens que assumem primordial importância 
em suas vidas. Entretanto, o resultado aqui apresentado indica que não só o 
provável ensinamento familiar, mas também os exemplos em relação à 
religião colaboram de forma significativa na opção do indivíduo em ser ou 
não religioso, o que revela que as orientações e a postura familiar são 
significativas na formação do indivíduo, seja neste ou naquele assunto, 
conforme foi desenvolvido do longo Seção 2. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 145 
Tabela 7 – Distribuição da possibilidade de os sujeitos da pesquisa 
desenvolverem ou não trabalho profissional 
concomitantemente aos estudos 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
Sim 8 53,33 10 66,67 5 33,33 6 40,00 29 
Não 7 46,67 5 33,33 10 66,67 9 60,00 31 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 7 indicam a porcentagem dos sujeitos 
pesquisados que desenvolvem ou não trabalho profissional 
concomitantemente aos estudos. O grupo M-R possui 53,33% 
desenvolvendo atividades profissionais, ao mesmo tempo, em que estão 
matriculados em algum curso de graduação e 46,67% não desenvolvem 
atividades profissionais concomitantes aos estudos. 
No grupo F-R, 66,67% desenvolvem atividades profissionais e 33,33% 
não. No grupo M-NR, 33,33% trabalham e estudam, concomitante, ao passo 
que 66,67% não. 
Quanto aos integrantes do grupo F-NR, 40% desenvolvem atividades 
profissionais concomitantes aos estudos e 60% não. 
Pelo Teste Qui-Quadrado: X2=3,94; GL=3; p=0,268, não houve 
diferença significativa em termos de trabalho concomitante aos estudos 
entre os grupos, condição que não distância os componentes da amostra, 
também em relação a essa questão. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 146 
ANÁLISE DESCRITIVA E COMPARATIVA A RESPEITO DO 
POSICIONAMENTO RELIGIOSO 
 
 Os dados das Tabelas 8 a 44, a seguir, apresentam as relações de 
contingência e as estatísticas descritivas das variáveis de posicionamento 
religioso e religiosidade (partes A e B do questionário de constatação 
qualitativa) e as respectivas comparações entre os quatro grupos. 
 
Tabela 8 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a crença 
que possuem em Deus e em sua existência 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
Concordo 15 100 15 100 9 60,00 12 80,00 51 
Discordo 0 0,00 0 0,00 2 13,33 0 0,00 2 
Neutro 0 0,00 0 0,00 4 26,67 3 20,00 7 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 8 demonstram quantitativamente os sujeitos que 
crêem em Deus, os que não possuem essa crença, além dos que se 
posicionaram de forma neutra, ou seja, não conseguem explicitar sua 
posição. No grupo M-R, 100% dos sujeitos concordam com a existência de 
Deus e crêem nele. O mesmo resultado verifica-se no grupo F-R; já no grupo 
M-NR, 60% dos sujeitos concordam com a existência de Deus e crêem nele; 
13,33% discordam, portanto, não crêem nele e 26,67% posicionam-se de 
forma neutra, não explicitando claramente o que pensam. 
Já no grupo F-NR, 80% de seus componentes concordam com a 
existência de Deus e crêem nele e 20% posicionam-se de forma neutra, não 
explicitando opinião clara. Nesse grupo, nenhum dos componentes afirmou 
objetivamente discordar da existência de Deus e, portanto, não acreditar 
nele. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 147 
Pelo Teste Exato de Fisher: p= 0,006 existe uma associação 
significativa entre os grupos e a existência de Deus e a crença neste. O 
grupo M-NR apresentou menor índice de crença em Deus e em sua 
existência. 
A presente tabela chama atenção para o fato de que nos grupos M-
NR e F-NR o índice de respostas neutras é de 26,67% e 20%, 
respectivamente. Frente a esse fato, por inferência, pode-se pensar que 
existe uma porcentagem maior de sujeitos da amostra que não acredita na 
existência de Deus, contudo, por questões diversas (culturais, morais, 
sociais, entre outras) não se sentem confortáveis em explicitar este 
posicionamento. O próprio fato de o Brasil ser considerado o país mais 
religioso do mundo pode pressionar as pessoas a não assumirem uma 
posição contraria à massa da população. 
 
Tabela 9 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre se a relação 
entre moral e religião são intimas 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
Concordo 14 93,3312 80,00 5 33,33 8 53,33 39 
Discordo 0 0,00 2 13,33 10 66,67 5 33,33 17 
Neutro 1 6,67 1 6,67 0 0,00 2 13,33 4 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
Os dados da Tabela 9 apontam a relação existente entre moral e 
religião na opinião dos grupos pesquisados. Os resultados, expressos 
porcentualmente indicam que, no grupo M-R, 93,33% dos sujeitos 
concordam haver relação íntima entre moral e religião e 6,67% colocam-se 
de forma neutra, ou seja, não deixam claro o que pensam a respeito, ou 
ainda, não possuem opinião formada sobre o assunto. Nesse grupo, nenhum 
componente discordou da possível relação entre moral e religião. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 148 
No grupo F-R, 80% de seus componentes entendem que a moral e a 
religião são íntimas, 13,33% discordam da existência de relação entre moral 
e religião e 6,67% posicionam-se de forma neutra, ou seja, não definiram 
suas posições. Já o grupo M-NR indicou que 33,33% concordam que moral 
e religião possuem uma relação íntima; 66,67% discordam que haja relação 
entre moral e religião e nenhum componente do grupo posicionou-se de 
forma neutra. 
Quanto ao grupo F-NR, 53,33% concordam que existe relação íntima 
entre moral e religião; 33,33% posicionam-se claramente sobre alguma 
proximidade entre moral e religião. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p<0,001, há associação 
significativa entre grupos e a religião possuir relação com a moral, essa 
visão é menor entre os sujeitos do grupo M-NR. Nesta tabela, há de se 
destacar que os grupos M-R e F-R, compostos por sujeitos que, de forma 
geral, conhecem mais aspectos religiosos que os grupos compostos por 
sujeitos não religiosos, oferecem um porcentual significativo de concordância 
sobre religião e moral possuírem uma relação muito próxima, até mesmo 
intimista. 
Assim, pode-se inferir aquele que tem contato próximo com a religião, 
percebe que esta guarda, além de outras características, um considerável 
caráter moral. 
 
Tabela 10 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a 
possibilidade dos propósitos divinos implicarem a 
adequação de suas respectivas condutas 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
Concordo 13 86,67 13 86,67 0 0,00 4 26,67 30 
Discordo 1 6,67 1 6,67 14 93,33 8 53,33 24 
Neutro 1 6,67 1 6,67 1 6,67 3 20,00 6 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 149 
 Os dados da Tabela 10 demonstram o porcentual de sujeitos que 
entendem que os propósitos divinos sobre si mesmos implicam uma conduta 
de vida mais adequada, mais controlada. 
No grupo M-R, 86,67% dos sujeitos concordam com esse fato, e 
6,67% discordam e outros 6,67% mostram-se neutros em relação a essa 
afirmação. O grupo F-R apresenta o mesmo porcentual de concordância 
sobre os propósitos divinos implicarem uma melhor conduta que o grupo M-
R. 
Já o grupo M-NR, apresenta um índice de discordância de 93,33%, 
havendo 6,67% de sujeitos, que se posicionam de forma neutra e nenhum 
dos componentes do grupo concorda com a possibilidade de o indivíduo ter 
uma conduta adequada em razão aos propósitos divinos estarem agindo 
sobre ele. O grupo F-NR apresenta 26,67% de seus componentes, 
concordando com a afirmação, 53,33% discordam e 20% indicam 
neutralidade, ou melhor, indefinição sobre a questão. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p<0,001, existe associação 
significativa entre os grupos e a conduta do indivíduo. No caso em tela, é 
possível observar que nos grupos compostos por sujeitos religiosos o índice 
de concordância é de 86,67%, tanto ao grupo M-R como ao F-R, o que pode 
demonstrar que o indivíduo, ao ter um relacionamento mais próximo com a 
religião, a fé ou a vida religiosa adapta seus princípios comportamentais à 
luz daquilo que é indicado pela sua religião, portanto, pode-se inferir que a 
religião interfere significativamente no comportamento do indivíduo. 
 
 
 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 150 
Tabela 11 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre como 
entendem suas famílias: se muito afetiva e que gosta de 
diálogo ou não 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
Concordo 15 100 10 66,67 14 93,33 13 86,67 52 
Discordo 0 0,00 3 20,00 1 6,67 2 13,33 6 
Neutro 0 0,00 2 13,33 0 0,00 0 0,00 2 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
Os dados da Tabela 11 apresentam um perfil da família dos 
sujeitos, sobretudo, no tocante à afetividade e no prazer pelo diálogo. 
Quanto aos aspectos familiares, os componentes do grupo M-R foram 
unânimes em concordar (100%) que possuem uma família afetiva que gosta 
de diálogo. No grupo F-R, 66,67% concordam que suas famílias são afetivas 
e gostam de diálogo, 20% discordam que suas famílias possuem essas 
características e 13,33% posicionam-se de forma neutra. 
Já no grupo M-NR, 93,33% de seus componentes concordam 
que suas famílias são afetivas e gostam de diálogo e 6,67% discordam, e 
nenhum componente desse grupo colocou-se de forma neutra. Quanto ao 
grupo F-NR, 86,67% dos sujeitos concordam que possuem família com 
essas características, afetividade e prazer pelo diálogo e 13,33% discordam. 
Não houve sujeitos que se posicionaram de forma neutra nesse grupo. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p=0,120, não houve 
diferença significativa de afetividade e prazer pelo diálogo por parte das 
famílias entre os grupos. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 151 
Tabela 12 – Distribuição dos sujeitos quanto ao posicionamento que 
se deve ter em relação à literatura que critica as tradições 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
Concordo 9 60,00 11 73,33 13 86,67 12 80,00 45 
Discordo 4 26,67 4 26,67 1 6,67 2 13,33 11 
Neutro 2 13,33 0 0,00 1 6,67 1 6,67 4 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 
 Os dados da Tabela 12 verificam o porcentual de sujeitos da amostra 
que concorda, discorda ou se coloca de forma neutra em relação à literatura 
que critica as tradições religiosas. 
No grupo M-R, 60% de seus componentes concordam com a posição 
de as pessoas abrirem-se para a literatura que critica as tradições religiosas, 
26,67% discordam e 13,33% posicionam-se de forma neutra. No grupo F-R, 
73,33% concordam com a afirmação de que deve haver abertura para a 
literatura que critica as tradições religiosas, 26,67% discordam, não havendo 
elementos que se posicionam de forma neutra. 
No grupo M-NR, 86,67% concordam com a referida afirmação, 6,67% 
discordam e 6,67% colocam-se de forma neutra. Os componentes do grupo 
F-NR posicionam-se com o seguinte porcentual: 80% concordam com a 
afirmação; 13,33% discordam e 6,67% mostram-se de forma neutra. 
Conforme o Teste Exato de Fisher: p=0,524, não houve diferença 
significativa de opinião entre os grupos. 
 
 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 152 
Tabela 13 – Distribuição de como os sujeitos entendem suas famílias: 
rígidas ou não em relação à moral 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
Concordo 10 66,67 8 53,33 2 13,33 3 20,00 23 
Discordo 4 26,67 7 46,67 13 86,67 11 73,33 35 
Neutro 1 6,67 0 0,00 0 0,00 1 6,67 2 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 13 apresentam o porcentual que os sujeitos dos 
diferentes grupos possuem uma família que é rígida em relação à moral. No 
grupo M-R, 66,67% dos sujeitos concordam possuir família rígida em relação 
aos aspectos morais; 26,67% discordam e 6,67% posicionam-se de forma 
neutra, portanto, sem se definir sobre esta postura familiar. No grupo F-R, 
53,33% concordam possuir família rígida quanto à moral; 46,67% discordam, 
não havendo posicionamentos neutros. Já o grupo M-NR, 13,33%confirmam 
possuir família rígida em relação à moral; 86,67% discordam de possuir 
família com esse perfil, não havendo posicionamentos neutros. No grupo F-
NR, 20% possui família rígida no tocante à moral; 73,33% discordam e 
6,67% posicionam-se de forma neutra. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p=0,005, existe associação 
significativa entre os grupos e rigidez da família em questões morais. 
Com base nos resultados, é possível observar que os adolescentes 
universitários religiosos, possivelmente oriundos de famílias religiosas, são 
os que mais identificam suas famílias como rígidas no tocante aos aspectos 
morais da vida. Parece haver uma relação próxima entre rigidez e moralismo 
familiar, com os possíveis vínculos religiosos das famílias. Esta relação 
corrobora com os resultados observados na tabela que versa sobre a 
possibilidade de as relações entre moral e religião serem íntimas. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 153 
Tabela 14 – Distribuição da posição dos sujeitos sobre a família ser a 
base do indivíduo 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
Concordo 14 93,33 13 86,67 13 86,67 14 93,33 54 
Discordo 1 6,67 2 13,33 0 0,00 0 0,00 3 
Neutro 0 0,00 0 0,00 2 13,33 1 6,67 3 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 14 apresentam a opinião dos sujeitos 
pesquisados sobre a afirmação de que “a família á a base do indivíduo”. No 
grupo M-R, 93,33% concordam com tal afirmação; 6,67% discordam e 
nenhum se manifestou de forma neutra. No grupo F-R, 86,67% concordam 
com a afirmação; 13,33% discordam e não houve posicionamento neutro. 
O grupo M-NR indica que seus componentes concordam com a 
afirmação, atingindo um porcentual de 86,67%; 13,33% posicionam-se de 
forma neutra e não havendo discordância da afirmação de que a família é a 
base do indivíduo. No grupo F-NR, 93,33% concordam com a afirmação e 
6,67% posicionam-se de forma neutra, não havendo sujeitos discordantes, 
objetivamente da afirmação. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p=0,409, não houve 
diferença significativa de opinião sobre a família ser a base do indivíduo 
entre os grupos. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 154 
Tabela 15 – Distribuição da posição dos sujeitos sobre suas famílias: 
se estas são ou não flexíveis e de muito diálogo 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
Concordo 6 40,00 9 60,00 15 100 12 80,00 42 
Discordo 8 53,33 4 26,67 0 0,00 3 20,00 15 
Neutro 1 6,67 2 13,33 0 0,00 0 0,00 3 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 15 apresentam o posicionamento dos sujeitos em 
relação à visão que estes possuem sobre suas famílias, ou seja, se 
entendem que estas são mais flexíveis e de muito diálogo ou pouco flexíveis 
e pouco diálogo. 
No grupo M-R, 40% dos componentes concordam que suas famílias 
possuem um perfil flexível e de muito diálogo; 53,33% discordam do perfil e 
6,67% posicionam-se de forma neutra, ou seja, não explicitam uma opinião 
objetiva sobre suas famílias. No grupo F-R, 60% concordam que possuem 
família flexível e de muito diálogo; 26,67% discordam e 13,33% posicionam-
se de forma neutra. 
No grupo M-NR, 100% de seus componentes concordam ter uma 
família flexível e de muito diálogo, e no grupo F-NR, 80% concordam que 
possuem família flexível que gosta de diálogo e 20% discordam que sua 
família apresente esse perfil. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p=0,003, há associação 
significativa entre grupos e o perfil de flexibilidade e diálogo familiar, e o 
grupo composto por sujeitos M-R apresenta, porcentualmente, o menor 
índice de concordância em relação a esse perfil familiar. 
Por inferência, pode-se supor que o grupo de sujeitos (M-R) possui 
porcentual maior de discordância quanto a possuir uma família flexível e de 
diálogo pelo fato de as famílias de jovens religiosos serem religiosas e, 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 155 
portanto, mais rígidas e moralistas, conforme sugerem os resultados das 
Tabelas 9 e 13. 
Além disso, os grupos masculinos amadurecem, de forma geral, mais 
tardiamente que os grupos de jovens femininos (ABERASTURY, 1981). 
Assim, os adolescentes universitários masculinos mais imaturos, ao 
se depararem com famílias mais rígidas e moralistas não conseguem 
concordar com a inflexibilidade e menor gosto pelo diálogo por parte dessas 
famílias. Uma outra possibilidade é pela imaturidade desses adolescentes, 
as famílias assumem uma postura mais radical como forma de estabelecer 
limites ao jovem, em que pese este já estar em plena adolescência, 
caminhando proximamente do final desta. 
 
Tabela 16 – Distribuição dos sujeitos sobre como entender suas 
respectivas famílias como se mais rígida de forma geral 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
Concordo 6 40,00 5 33,33 0 0,00 0 0,00 11 
Discordo 9 60,00 8 53,33 15 100 14 93,33 46 
Neutro 0 0,00 2 13,33 0 0,00 1 6,67 3 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 16 informam o porcentual de sujeitos, por grupo, 
que consideram possuir famílias rígidas de forma geral. No grupo M-R, por 
exemplo, 40% de seus componentes entendem possuir famílias rígidas, 60% 
discordam, não havendo posicionamentos neutros. 
No grupo F-R, 33,33% dos sujeitos afirmam que suas famílias são 
rígidas, 53,33% discordam dessa característica presente em suas famílias e 
13,33% posicionam-se de forma neutra, ou seja, não explicitam de forma 
objetiva suas opiniões. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 156 
Já no grupo M-NR, nenhum de seus componentes entende possuir 
família rígida e no grupo F-NR; 93,33% discordam possuir famílias rígidas e 
6,67% posicionam-se de forma neutra. De acordo com o Teste Exato de 
Fisher: p<0,001, há associação significativa entre grupos e a característica 
de rigidez presente no perfil da família. O grupo M-R registrou maior 
concordância de seus componentes quanto a possuírem uma família rígida. 
Com base nos resultados, é possível verificar que, apenas os grupos 
religiosos, masculinos e femininos, entendem possuir famílias rígidas, pode-
se inferir que estas famílias, na maioria, também religiosas (vide Tabela 6), 
possuem um grau de moralismo mais acentuado. Conforme os dados da 
Tabela 13 e, portanto, esse moralismo externalizado pela família atinge o 
jovem, limitando suas ações e fazendo-o interpretar esses limites como 
rigidez familiar, ou seja, não caracterizam suas famílias como rígidas. Assim, 
famílias não vinculadas nitidamente com alguma religião, indicam maior 
flexibilidade, fato que corrobora com as Tabelas 9, 13 e 15. 
 
Tabela 17 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de 
adesão à religião que possuem 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 0 0,00 11 73,33 5 33,33 16 
1 0 0,00 0 0,00 4 26,67 8 53,33 12 
2 6 40,00 5 33,33 0 0,00 2 13,33 13 
3 7 46,67 5 33,33 0 0,00 0 0,00 12 
4 2 13,33 5 33,33 0 0,00 0 0,00 7 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 157 
 De acordo com os dados da Tabela 17, que verificam o grau de 
adesão à religião por parte dos componentes de cada grupo, observa-se que 
40% dos sujeitos do grupo M-R possuem grau médio de adesão à religião; 
46,67% possuem um grau elevado de adesão e 13,33% um grau muito 
elevado, ou seja, possuem adesão total à religião. No grupo F-R, há um 
equilíbrio entre os índices de adesão à religião, ou seja, 33,33% possuem 
grau regular de adesão, a mesma porcentagem apresenta grau elevado e, 
também, 33,33% dos componentes do grupo possuem adesão total à 
religião. 
No grupo M-NR, 73,33% dos sujeitos possuem ausência totalde 
apego à religião e 26,67% não têm apego à religião, embora sem indicarem 
ênfase à resposta com termos como “jamais”, “ausência total”, etc. Já no 
grupo F-NR, 86,66% não possuem apego à religião e, apenas, 13,33% têm 
um apego regular. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p=0,001, verifica-se uma 
associação significativa entre os grupos e o grau de adesão à religião, sendo 
esta maior entre os grupos, cujos componentes são religiosos. Pode-se 
inferir que a adesão dos jovens religiosos à religião em graus moderados, 
alto e muito alto, é resultado do engajamento destes às ações que 
promovem o comportamento religioso do indivíduo e organizam nele a 
religiosidade e, portanto, o próprio apego à religião. Assim, pode-se afirmar 
ainda que o apego a uma determinada religião influencia, 
consideravelmente, o comportamento do individuo. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 158 
Tabela 18 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau em 
que as crenças religiosas influenciam seus 
comportamentos 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 1 6,67 8 53,33 6 40,00 15 
1 0 0,00 1 6,67 7 46,67 7 46,67 15 
2 4 26,67 2 13,33 0 0,00 2 13,33 8 
3 7 46,67 7 46,67 0 0,00 0 0,00 14 
4 4 26,67 4 26,67 0 0,00 0 0,00 8 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 18 apresentam a porcentagem que os sujeitos da 
pesquisa sentem a influencia das crenças religiosas em seus 
comportamentos. No grupo M-R, 46,67% são bastante influenciados em 
seus comportamentos pelas crenças religiosas, 26,67%, que sofrem regular 
influência das crenças religiosas em seus comportamentos. 
No grupo F-R, 46,67% são ser bastante influenciados pelas crenças 
religiosas em relação a seus comportamentos e 26,67%, totalmente 
influenciados. Apenas 13,34% dos componentes do grupo F-R não recebem 
influências da religião em suas formas de ser e agir, e, destes, 6,67% 
mostram-se categóricos ao afirmar que não sofrem influências de forma 
alguma. 
No grupo M-NR, a totalidade dos componentes da amostra afirma que 
não sofre influências das crenças religiosas em seus comportamentos. 
Desses, 53,33% fazem esta afirmação de forma absolutamente categórica. 
Em relação ao grupo F-NR, 86,67% citam que as crenças religiosas não 
influem em seus comportamentos e, destes, 40% são categóricos a fazer tal 
afirmação. Os 13,33% dos sujeitos restantes referem que as crenças 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 159 
religiosas podem influenciar seus comportamentos, contudo, em um grau 
médio de influência. 
Conforme o Teste Exato de Fisher: p<0,001, existe associação 
significativa entre grupos e o grau que as crenças religiosas influenciam no 
comportamento com maior influência nos grupos religiosos. Os resultados 
verificados nesta tabela demonstram que as crenças religiosas, a fé e a 
religião influenciam significativamente no comportamento dos indivíduos, 
conforme também mostraram os dados da Tabela 17. 
 
Tabela 19 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência 
que pensam em Deus 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 0 0,00 7 46,67 2 14,29 9 
1 1 6,67 0 0,00 6 40,00 7 50,00 14 
2 2 13,33 0 0,00 2 13,33 2 14,29 6 
3 6 40,00 5 33,33 0 0,00 0 0,00 11 
4 6 40,00 10 66,67 0 0,00 3 21,43 19 
Total 15 100 15 100 15 100 14 100 59 
 
 Os dados da Tabela 19 indicam a freqüência com que os 
componentes da amostra, subdivididos nos quatro grupos pesquisados 
pensam em Deus ou em assuntos de natureza religiosa. No grupo M-R, 40% 
apresentam uma freqüência muito alta de pensamentos voltados a Deus ou 
a algo ligado à religião; 40% pensam bastante; 13,33% pensam 
regularmente e apenas 6,67% não possuem esse tipo de pensamento. 
No grupo F-R, o 66,67% de seus componentes pensam sempre em 
Deus ou em assuntos relativos à religião e 33,33% pensam bastante, mas 
não sempre, nesse tipo de assunto. Já no grupo M-NR, 86,67% não 
possuem este tipo de pensamento, em particular, e 46,67% que nunca 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 160 
pensam em Deus ou em outros temas religiosos. Já 13,33% possuiem esse 
tipo de pensamento vez por outra, ou seja, às vezes. 
Por sua vez, o grupo F-NR apresentou os seguintes porcentuais: 
64,29% não pensam em Deus ou em assuntos voltados ã religião. Desses, 
14,29% que não possuem estes pensamentos em momento nenhum; 
14,29% admitem que, às vezes, pensam em Deus e em temas relacionados 
à religião e, finalmente, 21,43% estão sempre pensando em Deus ou em 
temas voltados à questão religiosa. 
Conforme o Teste Exato de Fisher: p<0,001, pode-se afirmar que 
existiu associação significativa entre grupos e pensamentos em Deus, e 
estes foram mais freqüentes entre grupos de sujeitos religiosos. Os 
resultados aqui expressos indicam que o indivíduo religioso possui 
engajamento, de forma geral, com a fé e a religião, conforme pode ser 
observado nas tabelas que descrevem a religiosidade dos indivíduos 
(Tabelas 8, 17 e 18). 
 
Tabela 20 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau em 
que experimentam a religião, como obrigação moral 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 1 6,67 13 86,67 10 66,67 24 
1 2 13,33 1 6,67 2 13,33 3 20,00 8 
2 3 20,00 4 26,67 0 0,00 1 6,67 8 
3 5 33,33 5 33,33 0 0,00 0 0,00 10 
4 5 33,33 4 26,67 0 0,00 1 6,67 10 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 20 apresentam os índices que os componentes 
da amostra experimentam suas religiões, como obrigações morais, 
considerando os distintos grupos estudados. No grupo M-R, para 36,66% a 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 161 
religião é experimentada como uma obrigação moral e para 33,33% é 
rigorosa; e para 20% que, vez por outra, experimentam suas religiões, como 
uma obrigação moral e 13,33% que isso não acontece. 
No grupo F-R, 60% consideram experimentar a religião como 
obrigação moral. Desses, 26,67% fazem-no de forma rígida e inequívoca. Já 
26,67%, algumas vezes, experimentam a religião como uma obrigação moral 
e para 13,34% isso não acontece. 
À luz do Teste Exato de Fisher: p< 0,001, existiu associação entre 
grupos e a forma moral de experimentar a própria religião, e isto ocorreu de 
maneira mais significativa nos grupos de sujeitos religiosos. Como também é 
possível notar nos dados da Tabela 9 que a religião e a moral possuem 
relação bastante íntima, nesta tabela, os sujeitos apenas estão explicitando 
o quanto sentem a relação de proximidade. 
 
Tabela 21 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a 
intensidade da crença que dirigem a Deus 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 0 0,00 0 0,00 1 6,67 1 
1 0 0,00 0 0,00 5 3,33 1 6,67 6 
2 0 0,00 0 0,00 6 40,00 8 53,33 14 
3 4 26,67 2 13,33 3 20,00 3 20,00 12 
4 11 73,33 13 86,67 1 6,67 2 13,33 27 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
Os dados da Tabela 21 apresentam os porcentuais das 
respostas dos sujeitos que compõem os diversos grupos sobre a intensidade 
da crença em Deus. O grupo M-R, por exemplo, indica que 100% de seus 
participantes crêem em Deus de forma bastante intensa, contudo, 73,33% 
relatam uma intensidade total, quase indescritível. Praticamente, o mesmo 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 162 
ocorre com o grupo F-R, onde 100% afirmam crer em Deus de maneira 
intensa, e 86,67% creêm em Deus de forma muito intensa. 
O grupo M-NR, por sua vez, indica que 40% possuem uma 
crença de intensidade regular em Deus; 3,33% não crêem em Deus; 26,67% 
acreditam intensamente em Deus e 6,67% possuem uma crença de 
intensidade fortíssima. Conforme demonstra o Teste Exatode Fisher: 
p<0,001, houve associação significativa entre grupos e a intensidade com 
que seus componentes acreditam em Deus, e essa intensidade foi maior 
entre os religiosos. Pode-se observar à luz dos resultados que os sujeitos 
dos grupos religiosos, portanto, pessoas religiosas, na grande maioria das 
vezes envolvem-se, consideravelmente, com a religião e a fé, 
desenvolvendo uma crença intensa em Deus, conforme também é 
explicitado pela Tabela 17. 
 
Tabela 22 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência 
com que comparecem a atos religiosos 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 2 13,33 0 0,00 12 80,00 9 60,00 23 
1 3 20,00 0 0,00 3 20,00 5 3,33 11 
2 7 46,67 5 33,33 0 0,00 1 6,67 13 
3 1 6,67 8 53,33 0 0,00 0 0,00 9 
4 2 13,33 2 13,33 0 0,00 0 0,00 4 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 22 apresentam porcentualmente, a freqüência 
com que os jovens universitários, componentes da amostra, comparecem a 
atos próprios de sua religião, considerando-se o grupo a que pertencem. 
Assim, no grupo M-R, cerca de 33,33% não comparecem a atos 
religiosos e 13,33% desses, não comparecem nunca à qualquer ato 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 163 
religioso. Entre os sujeitos do grupo, 46,67% freqüentam vez ou outra, aos 
atos próprios de sua religião; 20% possuem freqüência alta aos atos 
religiosos e 13,33% freqüência altíssima a tais atos. 
No grupo F-R, 66,66% dos sujeitos freqüentam bastante os atos 
religiosos próprios de suas religiões, e 13,33% desses sujeitos apresentam 
freqüência total a tais atos. Cerca de 33,33% dos sujeitos do grupo F-R 
freqüentam aos atos religiosos de sua religião de forma regular, ou seja, de 
forma moderada. Nesse grupo, nenhum sujeito afirmou não freqüentar aos 
atos religiosos próprios de sua religião. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p< 0,001, existe associação 
significativa entre grupos e a freqüência com que comparecem aos atos ou 
serviços religiosos próprios de sua religião. Pelos dados obtidos, pode-se 
afirmar que os sujeitos religiosos freqüentam mais e de forma mais intensa 
aos atos religiosos. o fato pode ser explicado pelo maior envolvimento 
desses jovens com questões ligadas à religião (Tabela 17), além de 
entenderem a religião como uma obrigação moral (Tabela 20), portanto, 
moralmente atos religiosos precisam ser freqüentados. 
 
Tabela 23 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência 
com que rezam para louvar a Deus 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 0 0,00 10 66,67 5 33,33 15 
1 1 6,67 0 0,00 5 33,33 6 40,00 12 
2 5 33,33 0 0,00 0 0,00 2 13,33 7 
3 5 33,33 9 60,00 0 0,00 1 6,67 15 
4 4 26,67 6 40,00 0 0,00 1 6,67 11 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 164 
Os dados da Tabela 23 expressam a freqüência com que os 
adolescentes universitários componentes da amostra desta pesquisa rezam 
ou oram para louvar a Deus, de acordo com o grupo a que pertencem. 
No grupo M-R, 60% dos sujeitos afirmam que rezam ou oram 
para louvar a Deus de forma freqüente, 26,67% desse porcentual destacam 
que o fazem de forma muito intensa. Nesse mesmo grupo, verifica-se que 
33,33% dos sujeitos adotam o comportamento de louvar a Deus de forma 
regular, menos intensa e 6,67% não rezam ou oram com vistas a louvar a 
Deus. 
Em relação ao grupo F-R, 100% das componentes desse grupo 
rezam ou oram bastante para louvar a Deus, e 40% desse porcentual fazem-
no de forma muitíssimo intensa. Entre as componentes do grupo F-R, 
nenhuma manifestou-se afirmando que não possui o comportamento de 
rezar ou orar a Deus como forma de louvá-lo. 
No grupo M-NR, 100% não possuem o comportamento de louvar 
a Deus por meio de rezas ou orações, e 66,67% afirmaram que não 
cumprem esse ritual em momento algum, nunca. Já o grupo F-NR 
expressou-se, porcentualmente, sobre o assunto da seguinte maneira: 
73,33% não possuem o comportamento de rezar ou orar como forma de 
louvar a Deus, 13,33% faz-no de forma regular e 13,34% rezam e oram para 
louvar a Deus de forma bastante intensa. 
À luz do Teste Exato de Fisher: p< 0,001, houve associação 
significativa entre os grupos e a freqüência com que seus componentes 
rezam ou oram como forma de louvar a Deus; esse comportamento de 
louvar foi maior no grupo F-R. De acordo com os resultados, pode-se afirmar 
que os indivíduos religiosos foram mais engajados nos preceitos próprios de 
suas religiões (Tabela 17), e que o gênero feminino, possivelmente, em 
razão da cultura brasileira expressa mais seus sentimentos e é menos 
discreto, em relação a expressar comportamentos. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 165 
Tabela 24 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência 
com que rezam para pedir auxílio 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 1 6,67 0 0,00 12 80,00 7 46,67 20 
1 0 0,00 0 0,00 3 20,00 4 26,67 7 
2 4 26,67 1 6,67 0 0,00 1 6,67 6 
3 4 26,67 6 40,00 0 0,00 2 13,33 12 
4 6 40,00 8 53,33 0 0,00 1 6,67 15 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 24 ilustram, quantitativamente, a freqüência com 
que os sujeitos da amostra rezam ou oram para pedir auxílio a Deus, de 
acordo com os grupos M-R, F-R, M-NR, F-NR, a que pertencem. 
Assim, no grupo M-R, 66,67% demonstram possuir rotineiramente o 
comportamento de pedir auxílio a Deus por meio de orações e 40% fazem-
no com uma freqüência altíssima. Ainda no grupo M-R, 26,67% possuem o 
comportamento acima expresso, contudo, este ocorre, vez por outra, sendo 
sua freqüência regular. No grupo M-R, 6,67% jamais rezam para pedir 
auxílio a Deus. No grupo F-R, 93,33% rezam com altíssima freqüência em 
busca de auxílio divino, e 53,33% de forma bastante intensa. Apenas 6,67% 
possuem o comportamento de orar para pedir auxílio dentro de um patamar 
que pode ser considerado regular, ou seja, rezam vez por outra em busca de 
auxílio. 
O grupo M-NR expressou-se indicando um índice de 100% para negar 
qualquer comportamento de rezar ou orar a Deus com a finalidade de obter 
algum auxílio, e 80% nunca possuem tal comportamento. No grupo F-NR, 
obteve-se o seguinte porcentual em relação à freqüência com que seus 
membros rezam ou oram a Deus em busca de auxílio: 73,34% não possuem 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 166 
esse comportamento, 6,67% fazem-no com certa regularidade e 20% 
possuem tal comportamento sempre, sobretudo, 6,67% dos sujeitos. 
Conforme o Teste Exato de Fisher: p<0,001, foi possível fazer 
associação significativa entre grupos e a freqüência com que seus 
componentes rezam para pedir auxílio a Deus, sendo esse comportamento 
maior entre os sujeitos dos grupos religiosos. Além disso, os resultados 
indicaram, mais uma vez, que os indivíduos religiosos envolvem-se mais 
com preceitos religiosos e com comportamentos próprios de pessoas 
religiosas (Tabela 17). 
 
Tabela 25 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência 
com que louvam a Deus com músicas, cânticos, entre 
outras formas 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 4 26,67 1 6,67 15 100 14 93,33 34 
1 5 33,33 0 0,00 0 0,00 0 0,00 5 
2 3 20,00 5 33,33 0 0,00 1 6,67 9 
3 2 13,33 6 40,00 0 0,00 0 0,00 8 
4 1 6,67 3 20,00 0 0,00 0 0,00 4 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 
 Os dados da Tabela 25 mostram o porcentual dos sujeitos da 
pesquisa, por grupo, e a freqüência com que louvam a Deus por meio de 
cânticos ou tocando instrumentos musicais. Por exemplo, no grupo M-R, 
60% não possuem esse comportamento para louvar a Deus, e 26,67% que 
não cantam outocam instrumentos em louvor a Deus de forma alguma. 
Nesse mesmo grupo, 20% dos sujeitos possuem tais comportamentos com 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 167 
uma freqüência regular e cerca de outros 20% sempre se utilizam de 
cânticos ou instrumentos musicais para louvar a Deus. 
No grupo F-R, apenas 6,67% de seus componentes afirmam que 
nunca se utilizaram de meios musicais para louvar a Deus; já 33,33% 
afirmam que, vez por outra, cantam e ou tocam instrumentos em louvor a 
Deus e 60% que fazem isso com uma freqüência altíssima. Nos grupos M-
NR e F-NR, 100% e 93,33% de seus componentes, respectivamente, 
afirmam, categoricamente, que jamais se utilizaram de estratégias musicais 
para louvar a Deus, e apenas 6,67% dos sujeitos do grupo F-NR afirmaram, 
com uma freqüência regular louvam a Deus por meio da música. 
À luz do Teste Exato de Fisher: p< 0,001, pôde-se perceber que 
existiu associação significativa entre grupos que louvam a Deus por 
intermédio de cânticos ou instrumentos musicais, com destaque para o 
grupo F-R. 
Com base nesses resultados, é possível afirmar que os jovens 
voltados à fé e à religião louvam com grande freqüência a Deus por meio da 
música, sobretudo, as jovens do sexo feminino que demonstram maior 
desprendimento e, talvez, maior espontaneidade para explicitar 
comportamentos de louvar e ou agradecer a Deus, conforme já identificado 
anteriormente (Tabela 23). Outra hipótese para esse maior desprendimento 
feminino para louvar a Deus, a cultura brasileira, de certa forma, não 
incentiva e até reprime o homem a ter esse comportamento mais sensível, e 
o mesmo é até bemvisto na mulher. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 168 
Tabela 26 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o esforço 
para não fazer mal às pessoas 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 1 6,67 0 0,00 0 0,00 1 
1 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 
2 0 0,00 0 0,00 1 6,67 0 0,00 1 
3 5 33,33 5 33,33 10 66,67 7 46,67 27 
4 10 66,67 9 60,00 4 26,67 8 53,33 31 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 26 apresentam o porcentual, no qual os sujeitos 
dos diversos grupos pesquisados afirmam esforçarem-se para não fazer mal 
às pessoas. No grupo M-R, 100% esforçam-se para não fazer mal ao 
próximo, desses, 66,67% esforçam-se demais no sentido de não causar 
danos ao outro. 
No grupo F-R, 93,33% garantiram que se esforçam para não fazer 
mal às pessoas, apenas um pequeno porcentual de 6,67% dos sujeitos do 
grupo F-R afirmam que nunca fizeram esse tipo de esforço. Em relação ao 
grupo M-NR, 93,34% esforçam-se para não prejudicar o próximo e 26,67% 
reforçaram que se esforçam muito para não provocar danos a terceiros. 
Nesse grupo, apenas 6,67% dos sujeitos afirmaram que dispendem um 
esforço regular para não prejudicar ao próximo. 
No grupo F-NR, 100% dos componentes afirmaram que se esforçam 
para não trazer prejuízo ao próximo e destes, 53,33% garantiram que se 
esforçam demasiadamente para não prejudicar outras pessoas. Para o 
Teste Exato de Fisher: p= 0,172, não houve diferença significativa de opinião 
e ação entre os grupos, no tocante aos sujeitos da pesquisa não fazerem 
mal às pessoas. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 169 
Tabela 27 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de 
honestidade que sentem possuir 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 
1 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 
2 0 0,00 1 6,67 0 0,00 0 0,00 1 
3 5 33,33 5 33,33 12 80,00 8 53,33 30 
4 10 66,67 9 60,00 3 20,00 7 46,67 29 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
Os dados da Tabela 27 apresentam o grau de honestidade que 
os sujeitos da amostra afirmam que possuem, lembrando que estão 
subdivididos em quatro grupos: M-R; F-R; M-NR; F-NR. 
No grupo M-R, 100% sentem que são muito honestos e 66,67% 
possuem um grau bastante alto de honestidade. No grupo F-R, 93,33% são 
muito honestos com destaque para 60% que possuem um enorme grau de 
honestidade. Apenas 6,67% são possuidores de moderado grau de 
honestidade. 
Em relação aos grupos M-NR e F-NR, 100% dos sujeitos de 
ambos os grupos dizem sentir alto grau de honestidade, e 20% dos 
componentes do grupo M-NR e 46,67% do grupo F-NR sentem possuir um 
altíssimo grau de honestidade. De acordo com o Teste Exato de Fisher: p= 
0,042, houve associação significativa entre grupos e grau de honestidade 
que seus componentes dizem possuir, e no grupo M-NR, ocorre o menor 
índice de sentimento de extrema honestidade entre os quatro grupos. Além 
disso, observa-se que esse grau altíssimo de honestidade é sentido, 
sobretudo, pelos grupos religiosos, fato que corrobora com a moral vinculada 
à religião (Tabela 9). 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 170 
Tabela 28 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação ao 
sentimento de dever de honestidade que possuem à 
família 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 
1 0 0,00 0 0,00 0 0,00 1 6,67 1 
2 0 0,00 1 6,67 1 6,67 1 6,67 3 
3 2 13,33 2 13,33 10 66,67 5 33,33 19 
4 13 86,67 12 80,00 4 26,67 8 53,33 37 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 28 indicam em cada grupo pesquisado qual o 
porcentual de adolescentes que entende dever a honestidade que possuem 
à família. No grupo M-R, 100 devem à própria família a honestidade que 
possuem e 86,67% desses fazem tal afirmação enfaticamente. 
No grupo F-R, 93,33% creditam à própria família sua honestidade e 
80% fazem-no de forma contundente. Apenas 6,67% do grupo F-R afirmam, 
de forma regular, sem muita ênfase, que devem a honestidade conquistada 
à família. 
O grupo M-NR, 26,67% creditam fortemente à família sua 
honestidade, 66,67% assim o fazem, contudo, de forma menos enfática, e 
6,67% confirmam essa mesma posição de forma bem regular, sem qualquer 
ênfase. 
Já no grupo F-NR, 6,67% não crêem que sua honestidade seja 
oriunda da própria família, essa mesma porcentagem 6,67% consideram de 
forma regular, 33,33% creditam à família a honestidade que possuem e 
53,33% creditam fortemente à família sua forma honesta de ser. 
Conforme o Teste Exato de Fisher: p= 0,006, houve significativa 
associação entre grupos e o fato de os sujeitos entenderem que a 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 171 
honestidade que possuem, é originária de suas famílias. Os grupos 
religiosos são os que mais enfatizam a família, como originária de 
honestidade, portanto, um valor moral. Assim, mais uma vez existiu uma 
proximidade relevante em relação à religião e à moral (Tabela 9). 
 
Tabela 29 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação a 
lembrarem-se da família como a que lhes educou bem, 
quando recebem elogios quanto à sua educação 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
1 1 6,67 0 0,00 0 0,00 1 6,67 2 
2 2 13,33 0 0,00 4 25,00 3 20,00 9 
3 5 33,33 2 13,33 7 43,75 7 46,67 21 
4 7 46,67 13 86,67 5 31,25 4 26,67 29 
Total 15 100 15 100 15 100 16 100 61 
 
 Os dados da Tabela 29 apresentam o porcentual de jovens, 
componentes da amostra, que se lembram da família, como responsável 
pela sua educação quando esta é elogiada. No grupo M-R, 80% lembram 
sempre da família como responsável pela sua educação, sobretudo, nos 
momentos em que sua forma de ser é elogiada; 13,33% lembram-se da 
família como a responsável pela sua educação, apenas uma vez ou outra, e 
6,67% do grupo M-R nunca lembram da família como responsável pela sua 
educação. 
No grupo F-R, 100% afirmam lembrar da família como aquela que 
lhes educou bem, mormente, quando a educaçãoque possuem é elogiada. 
Já no grupo M-NR, 25% lembram de forma regular da família, como a 
responsável educação que possuem e 75% lembram sempre, e 31,25% 
desses lembram muitíssimo que sua família foi a grande responsável pela 
sua forma educada de ser. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 172 
No grupo F-NR, apenas 6,67% de seus componentes nunca lembram 
da família como aquela que lhes educou bem; 20% com certa regularidade; 
46,67% corriqueiramente e 26,67% lembram muito que não seriam tão 
educados se não fosse sua família. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p= 0,032, houve associação 
significativa entre grupos e lembrança em relação à família, toda vez que o 
sujeito foi elogiado, valorizando a família como aquela que o educou bem. 
O grupo F-R é aquele cujos componentes mais se mobilizam para 
reconhecer a família, como responsável pela sua boa educação, 
demonstrando acentuada ligação afetiva da mulher com a família, situação 
que continua a acontecer mesmo com maior participação do sexo feminino 
no mercado de trabalho. (seção 2,p ) 
 
Tabela 30 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação à 
freqüência com que meditam nas Escrituras Sagradas 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 4 26,67 0 0,00 14 93,33 12 80,00 30 
1 2 13,33 4 26,67 1 6,67 1 6,67 8 
2 5 33,33 4 26,67 0 0,00 2 13,33 11 
3 2 13,33 6 40,00 0 0,00 0 0,00 8 
4 2 13,33 1 6,67 0 0,00 0 0,00 3 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 30 apresentam a freqüência com que os 
componentes da amostra meditam sobre as Escrituras Sagradas, 
considerando-se os grupos dos quais fazem parte. Assim, no grupo M-R, 
40% afirmam não meditarem sobre as Escrituras Sagradas e 26,67% que 
nunca o fizeram. Cerca de 33,33% relatam que vez por outra meditam sobre 
as Sagradas Escrituras e 26,66% fazem-no com bastante freqüência. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 173 
No grupo F-R, 26,67% dos sujeitos não possuem o costume de 
meditar sobre as Sagradas Escrituras, 26,67% fazem-no com regularidade e 
46,67% sempre. 
Quanto aos grupos M-NR e F-NR verifica-se que 100% e 86,67% dos 
sujeitos, respectivamente, não meditam sobre as Escrituras Sagradas; 
13,33% dos componentes do grupo F-NR fazem-no com freqüência regular. 
Conforme o Teste Exato de Fisher: p<0,001, houve associação 
significativa entre grupos e a freqüência com que seus componentes 
meditam sobre as Escrituras Sagradas, e os índices maiores encontram-se 
no grupo F-R. Pode-se observar, pelos resultados acima, que os jovens do 
sexo masculino, em que pese serem religiosos, indicam um índice 
expressivo de não reflexão ou meditação a respeito das Escrituras 
Sagradas, fato que diminui quando se trata de adolescentes do sexo 
feminino por ser mais sensível e interessado ao aprofundar seus 
pensamentos em Deus ou, pelo menos, sente-se mais à vontade para 
divulgar esse comportamento que não é muito valorizado na cultura 
brasileira. 
 
Tabela 31 – Distribuição das respostas dos sujeitos a respeito da 
importância que atribuem aos atos religiosos 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 1 6,67 0 0,00 15 100 10 66,67 26 
1 1 6,67 0 0,00 0 0,00 1 6,67 2 
2 7 46,67 2 13,33 0 0,00 2 13,33 11 
3 1 6,67 7 46,67 0 0,00 0 0,00 8 
4 5 33,33 6 40,00 0 0,00 2 13,33 13 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 174 
 Os dados da Tabela 31 demonstram, porcentualmente, a importância 
dos atos religiosos na opinião dos sujeitos da amostra. No grupo M-R, 40% 
percebem que os atos religiosos são bastante importantes; 46,67% vêem 
importância regular nos atos religiosos e 13,34% não atribuem qualquer 
importância aos atos próprios de uma religião. No grupo F-R, 86,67% 
percebem que os atos religiosos são bastante importantes e 13,33% 
creditam regular importância aos menos. 
Quanto ao grupo M-NR, 100% dos seus componentes não atribuem 
importância aos atos religiosos e no grupo F-NR 73,37% também não dão 
importância aos atos religiosos; 13,33% consideram regular importância e 
essa mesma porcentagem (13,33%) credita enorme importância. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p< 0,001, houve associação 
significativa entre grupos e a posição destes a respeito da importância 
atribuída aos atos religiosos, e a importância maior é creditada pelos grupos 
religiosos, especialmente. O F-R. o que se pode apreender, a partir dos 
resultados é que os jovens religiosos demonstram forte aderência aos 
princípios que norteiam sua fé (Tabela 17) e que a religião possui importante 
controle sobre o comportamento e sentimento dos indivíduos (Tabela 18 e 
22). 
 
Tabela 32 – Distribuição das respostas dos componentes da amostra 
quanto à intensidade das experiências de sentimentos 
religiosos 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 0 0,00 14 93,37 10 66,67 24 
1 1 6,67 0 0,00 1 6,67 3 20,00 5 
2 7 46,67 2 13,33 0 0,00 2 13,33 11 
3 4 26,67 4 26,67 0 0,00 0 0,00 8 
4 3 20,00 9 60,00 0 0,00 0 0,00 12 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 175 
Os dados da Tabela 32 expressam o grau de intensidade que os 
adolescentes componentes da amostra da presente pesquisa experimentam 
em relação a possíveis experiências que tiveram sobre sentimentos de 
natureza religiosa. No grupo M-R, 20% de seus componentes afirmam ter 
tido experiências bastante intensas; 26,67% experiências intensas e 46,67% 
experiências de intensidade regular. Apenas 6,67% não relatam 
experiências de qualquer intensidade. 
No grupo F-R, 60% de seus componentes explicam que suas 
experiências com sentimentos religiosos foram de extrema intensidade; 
26,67% foram intensas e 13,33% foi em grau moderado. 
Quanto ao grupo M-NR, seus componentes não relatam terem sentido 
qualquer grau de intensidade em possíveis experiências de sentimentos 
religiosos. Já no grupo F-NR, 13,33% relatam que suas experiências com 
sentimentos religiosos apresentaram grau médio ou regular em termos de 
intensidade e os 86,67% dos sujeitos restantes desse grupo não sentiram 
qualquer intensidade de sentimentos voltados à religião. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p<0,001, houve associação 
significativa entre os grupos e a intensidade com que vivenciam experiências 
religiosas, havendo destaque para o grupo F-R como aquele que mais 
intensamente sente tais experiências. É possível afirmar, ainda, que os 
homens mostram-se mais resistentes ou menos sensíveis no que se refere a 
sentir e expressar a intensidade de experiências quanto a seus sentimentos 
religiosos, característica que se acentua drasticamente em pessoas não 
religiosas. 
Mais uma vez é possível notar que o sexo feminino comunica com 
mais facilidade suas experiências religiosas e é mais sensível a estas. 
Possivelmente, o grupo M-R mostre-se mais tímido em razão da cultura que 
experimentam no Brasil, na qual o homem deve se mostrar mais frio e 
independente. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 176 
Tabela 33 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de 
consciência a respeito do divino 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 0 0,00 10 66,67 8 53,33 18 
1 0 0,00 0 0,00 2 13,33 4 26,67 6 
2 4 26,67 0 0,00 3 20,00 2 13,33 9 
3 3 20,00 3 20,00 0 0,00 0 0,00 6 
4 8 53,33 12 80,00 0 0,00 1 6,67 21 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 33 apresentam, porcentualmente, o grau de 
consciência que o sujeito possui sobre o divino. Dessa forma, no grupo M-R, 
73,33% indicam enorme consciência do divino e 26,67% apenas regular 
consciência. No grupoF-R, 100% apresentam muita consciência sobre o 
divino. O grupo M-NR possui 80% com grande consciência do divino e 20% 
com consciência apenas regular, não sendo registrado nenhum adolescente 
feminino que afirme não ter essa consciência. 
No grupo F-NR, 13,33% possuem consciência do divino em grau 
regular, 80% enorme consciência e 6,67% não possuem qualquer 
consciência a respeito do divino. 
De conformidade com o Teste Exato de Fisher: p< 0,001, houve uma 
associação significativa entre os grupos pesquisados e a consciência destes 
em relação ao divino, e esta consciência é, marcadamente, maior em ambos 
os grupos religiosos, masculino e feminino, com ênfase ao grupo F-R. 
Mais uma vez pode-se afirmar que as respostas femininas foram mais 
viáveis em termos culturais; as mulheres podem demonstrar com maior 
espontaneidade suas crenças que o homem, especificamente, os que estão 
passando pela adolescência, período da vida em que a auto-afirmação e a 
virilidade são importantes ao jovem e à sociedade. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 177 
Tabela 34 – Distribuição das respostas dos componentes da amostra 
sobre o grau de temor a Deus que possuem 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 3 20,00 3 20,00 12 80,00 11 73,33 29 
1 2 13,33 2 13,33 2 13,33 2 13,33 8 
2 2 13,33 2 13,33 1 6,67 2 13,33 7 
3 1 6,67 2 13,33 0 0,00 0 0,00 3 
4 7 46,67 6 40,00 0 0,00 0 0,00 13 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 34 indicam o grau de temor a Deus que os 
componentes dos quatro grupos pesquisados apresentam. Assim, no grupo 
M-R, 53,33% de seus componentes possuem enorme temor em relação a 
Deus; 13,33% temor em grau regular e 33,33% não mostraram qualquer 
temor a Deus. No grupo F-R, também 33,33% des seus componentes não 
demonstraram temor a Deus; em 13,33% esse temor era de grau médio e 
53,33% mostraram um enorme temor a Deus. 
Em relação aos grupos de sujeitos não religiosos o temor a Deus 
praticamente não é observado, ou seja, 93,33% dos componentes do grupo 
M-NR não demonstram qualquer temor a Deus, apenas 6,67% um temor 
regular à figura de Deus. No grupo F-NR, 86,66% dos seus componentes 
não possuem qualquer temor a Deus, e 13,33% temor regular. 
Conforme o Teste Exato de Fisher: p<0,001, existe associação 
significativa entre os grupos pesquisados e a questão referente ao possível 
temor a Deus; nos grupos de sujeitos religiosos, verifica-se significativo 
índice de temor a Deus, fato que pode colaborar para comportamentos mais 
rígidos ou, pelo menos, de maior atenção no que se refere a questões éticas 
e morais. Além disso, é possível inferir-se que as religiões incutem em seus 
seguidores um sentimento considerável de medo em relação a Deus. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 178 
Tabela 35 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre se possuem 
pai muito rígido e que impõe forma de pensar aos 
familiares 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 4 26,67 6 40,00 6 40,00 6 40,00 22 
1 2 13,33 2 13,33 5 33,33 8 53,33 17 
2 2 13,33 1 6,67 4 46,67 0 0,00 7 
3 3 30,00 2 13,33 0 0,00 0 0,00 5 
4 4 26,67 4 26,67 0 0,00 1 6,67 9 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 35 apresentam, porcentualmente, quanto os 
jovens universitários percebem a figura paterna como muito rígida e 
impositora no tocante à sua própria forma de pensar. 
O grupo M-R, na sua maioria, percebe o pai como um indivíduo rígido 
e impositor na forma de pensar, ou seja, 56,67% de seus componentes. Já 
13,33% vêem o pai com essas características não muito fortes, apenas, 
moderadas. Cerca de 40% não percebem na figura paterna qualquer sinal 
de rigidez impositiva na sua forma de pensar. 
No F-R, 40% de seus componentes sentem que o pai é rígido e impõe 
sua forma de pensar, 6,67% que o pai possui esse comportamento de forma 
moderada e 53,33% que o pai não possui qualquer comportamento do tipo 
rígido e, tão pouco, tenta impor sua própria forma de pensar. 
No grupo M-NR, 73,33% não vêem qualquer rigidez no pai e ou 
tentativa de impor sua forma de pensar, apenas 46,67% percebem estes 
comportamentos de forma moderada. No grupo F-NR, 93,33% de seus 
componentes não sentem o pai como rígido ou impositor de sua forma de 
pensar, contudo, 6,67% desses jovens têm uma imagem do pai 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 179 
completamente diferente, ou seja, sentem que ele é rígido e impõe bastante 
sua forma de pensar. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p= 0,028, pode-se afirmar 
que existiu uma associação significativa entre grupos e a possibilidade de 
seus componentes percebem o pai como rígido e impositor da forma de 
pensar, e essa visão de pai é mais significativa no grupo M-R. Este grupo 
interpreta as atitudes do pai, quaisquer que sejam elas, como mais 
cerceadora e impositiva ou os pais para imporem limites aos filhos do sexo 
masculino, ainda imaturos, pela própria idade que possuem, mostram-se 
mais rígidos e menos democráticos. 
 
Tabela 36 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau em 
que os sentimentos religiosos incluem um componente de 
temor ou medo em relação ao que lhes acontecerá após a 
morte 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 4 28,57 2 14,29 12 80,00 7 46,67 25 
1 2 14,29 2 14,29 3 20,00 2 13,33 9 
2 0 0,00 1 7,14 0 0,00 3 20,00 4 
3 4 28,57 4 28,57 0 0,00 3 20,00 11 
4 4 28,57 5 35,71 0 0,00 0 0,00 9 
Total 14 100 14 100 15 100 15 100 58 
 
 
Os dados da Tabela 36 apresentam o grau de temor ou medo que os 
sentimentos religiosos imprimem nos indivíduos em relação àquilo que lhes 
acontecerá, após a morte, de acordo com os sujeitos da amostra, 
considerando-se os grupos a que pertencem. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 180 
No grupo M-R, 42,86% afirmam não sentir qualquer temor ou medo 
oriundos de sentimentos religiosos no que se refere ao pós-morte; já 57,14% 
possuem um temor bastante acentuado do que acontecerá consigo após a 
morte, tendo esse temor se originado nos sentimentos religiosos que 
possuem. 
Em relação ao F-R, 28,58% dos componentes não sentem qualquer 
temor em relação ao pós-morte. Cerca de 7,14% possuem temor regular e 
64,28% garantem que possuem bastante medo em relação ao pós-morte. 
Em relação ao M-NR, 100% não apresentam qualquer temor em 
relação ao pós-morte; já no grupo F-NR, 60% não demonstram temores no 
que se refere ao pós-morte, 20% apresentam um temor regular e 20% um 
temor considerável. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p=0,001, houve uma 
associação significativa entre grupos e temor pós-morte, e este temor foi 
maior entre os grupos de adolescentes religiosos, demonstrando que a 
religião possui conteúdos que, de certa forma, intimidam ou assustam seus 
seguidores, tornando-os ansiosos em relação a algumas questões. Um 
exemplo disso é o alto índice de temor que os jovens expressam em relação 
a Deus (Tabela 34). 
 
Tabela 37 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre se 
obedecem aos pais para evitar discussões 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 4 26,67 1 6,67 1 6,67 2 13,33 8 
1 1 6,67 2 13,33 6 40,00 5 33,33 14 
2 2 13,33 2 13,33 8 53,33 7 46,67 19 
3 7 46,67 3 20,00 0 0,00 0 0,00 10 
4 1 6,67 7 46,67 0 0,00 1 6,67 9 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 181 
 Os dados da Tabela 37 mostram, porcentualmente, o número de 
sujeitos que obedecem a seus pais para evitar discussões, considerando-se 
o grupo a que pertencem. O grupo M-R indica que 53,34% obedecem 
sempre a seus pais para evitar discussões; 13,33% regularmente e 33,33%nunca o fazem. 
Em relação ao grupo F-R, percebe-se uma obediência aos pais 
bastante acentuada, ou seja, 66,67% sempre são obedientes para evitar 
discussões, 13,33% comportam-se com obediência regularmente e 20% não 
se preocupam muito em obedecer aos pais para evitar discussões. 
Em relação aos grupos não religiosos, pode-se afirmar que não 
existe, praticamente, uma obediência em relação aos pais, ou seja, no grupo 
M-NR, 53,33% obedecem a seus pais com alguma regularidade com vistas a 
não provocar discussões e 46,67% não o fazem em nenhum momento, nem 
se preocupam em ser obedientes com a finalidade de evitar discussões. 
Nesse grupo, nenhum sujeito procura obedecer aos pais buscando evitar 
problemas. 
Em relação ao grupo F-NR, 20% obedecem sempre seus pais com o 
objetivo de evitar discussões; 13,33% com alguma regularidade e 66,66% 
nunca se comportam dessa forma. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p>0,001, pode-se afirmar 
que houve associações significativas entre grupos, e maior obediência aos 
pais para evitar discussões, e os grupos religiosos, com algum destaque 
para o grupo F-R, se mostrou mais obediente às figuras de autoridade. 
Assim, pode-se aprender desses resultados que os grupos religiosos 
valorizam mais as questões morais e que a obediência aos pais pode ser 
encarada como um aspecto moral (Tabela 9). 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 182 
Tabela 38 – Distribuição das respostas dos sujeitos a respeito da 
importância que dispensam ao auxílio divino, quando se 
deparam com sentimentos de culpa 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 3 20,00 0 0,00 14 93,33 8 53,33 25 
1 1 6,67 0 0,00 1 6,67 2 13,33 4 
2 7 46,67 3 20,00 0 0,00 2 13,33 12 
3 2 13,33 6 40,00 0 0,00 2 13,33 10 
4 2 13,33 6 40,00 0 0,00 1 6,67 9 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 
 De acordo com os dados da Tabela 38, que apreentam a 
porcentagem de sujeitos dos diferentes grupos pesquisados sobre a 
importância, que dão ao auxílio divino, quando se defrontam com 
sentimentos de culpa, tem-se que no grupo M-R, 26,66% dão enorme 
importância ao auxílio divino no que se refere aos momentos que sentem 
culpa, 46,67% indicam que dão importância regular e 26,67% não dão 
qualquer importância ao auxílio divino. 
No grupo F-R, vê-se que 20% dão regular importância ao auxílio 
divino frente aos sentimentos de culpa que, por ventura, venham a ter e 80% 
dão enorme importância ao auxílio divino. No grupo M-NR, 100% não dão 
qualquer valor ao auxílio divino quando apresentam algum sentimento de 
culpa. Já no grupo F-NR, apenas 20% de seus componentes valorizam 
acentuadamente o auxílio divino, 13,33% valorizam de forma regular e 
66,66% não valorizam o auxílio divino frente a seus possíveis sentimentos 
de culpa. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p<0,001, houve uma 
associação entre grupos e a importância do auxílio divino nos momentos em 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 183 
que há sentimentos de culpa nos indivíduos; o grupo F-R é o que mais 
valoriza tal auxílio e o que não dá qualquer valor à ajuda divina é o grupo M-
NR. Pode-se mencionar que as adolescentes religiosas mostraram-se mais 
sensíveis ao apoio divino ou possuiam mais facilidade para comunicar ou 
exteriorizar o valor que dispensam ao auxílio divino e os adolescentes 
masculinos não religiosos são menos sensíveis às questões relacionadas ao 
divino. 
Esta característica do grupo M-NR pode estar ligada à formação não 
religiosa de cada um, possivelmente, adquirida no âmbito familiar, sendo 
este o papel que esperam dele, ou seja, pessoa mais racional e menos 
sensível ou como afirma Rosa (1996, p. 86-7), “o jovem reflete o mundo 
imediato das pessoas importantes de suas relações que é baseado na 
identificação da pessoa com aquelas que lhe são significativas”. 
 
Tabela 39 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação ao 
entendimento que possuem do comportamento 
irrepreensível 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 1 6,67 0 0,00 0 0,00 1 
1 3 20,00 1 6,67 1 6,67 2 13,33 7 
2 3 20,00 6 40,00 7 46,67 4 46,67 20 
3 6 40,00 6 40,00 7 46,67 8 53,33 27 
4 3 20,00 1 6,67 0 0,00 1 6,67 5 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 39 indicam o porcentual de sujeitos da amostra, 
que entendem possuir comportamento pessoal irrepreensível, considerando-
se o grupo do qual fazem parte. Assim, no grupo M-R, 20% de seus 
componentes não possuem comportamento irrepreensível em nenhum 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 184 
momento. Já outros 20% que, vez por outra, apresentam esse tipo de 
comportamento e 60% garantem possuir comportamento irrepreensível 
sempre. No grupo F-R, 13,34% de seus componentes não possuem 
comportamento irrepreensível, 40% possuem esse comportamento 
regularmente e 46,67% dizem possuir sempre essa forma de se comportar. 
Em relação ao grupo M-NR, 6,67% quase nunca se comportam de 
forma irrepreensível, 46,67% possuem esse comportamento regularmente e 
46,67% comportam-se de forma irrepreensível sempre. Por sua vez, o grupo 
F-NR indica que 13,33% de seus sujeitos afirmam que quase nunca se 
comportam de forma irrepreensível. Em conformidade com o Teste Exato de 
Fisher: p= 0,664, pode-se mencionar que não houve diferença significativa 
quanto ao possível comportamento irrepreensível apresentado pelos sujeitos 
nos diversos grupos da pesquisa. 
Tabela 40 – Distribuição das respostas dos componentes da amostra 
que julgam ou não que seus pais são grandes modelos de 
conduta 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
1 0 0,00 0 0,00 0 0,00 1 6,67 1 
2 2 13,33 3 20,00 4 26,67 2 13,33 11 
3 3 20,00 4 26,67 10 66,67 7 46,67 24 
4 10 66,67 8 53,33 1 6,67 5 3,33 24 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados desta Tabela 40 apresentam o porcentual de sujeitos que 
entende seus pais como seus principais modelos de conduta. No grupo M-R, 
66,67% percebem ter em seus pais esse modelo específico. Já para 20% 
dos sujeitos do grupo M-R, esse entendimento é menos ríg ido, ou seja, 
regularmente são os pais seus grandes modelos de conduta. Quanto aos 
13,33% dos sujeitos restantes, seus pais não são seus modelos de conduta. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 185 
Em relação ao grupo F-R, 53,33% têm nos pais os modelos de 
conduta que precisam; 26,67% regularmente seus pais são seus modelos de 
conduta e 20% que seus modelos de conduta não estão, de forma alguma, 
focalizados em seus pais. 
No grupo M-NR, 66,67% entendem que, vez por outra, seus pais 
podem ser vistos como modelos de conduta; 26,67% que de forma alguma, 
seus pais são seus modelos de conduta e, apenas, 6,67% crêem que seus 
pais são seus grandes modelos de comportamento. 
No grupo F-NR, 46,67% possuem uma posição intermediária em 
relação a seus pais serem grandes modelos de conduta, ou seja, 
regularmente esses modelos são seus pais, 20% afirmam que seus pais não 
são, de forma alguma, seus modelos de conduta e 3,33% consideram seus 
pais como esse modelo específico. 
Conforme o Teste Exato de Fisher: p= 0,021, pode-se afirmar que 
houve uma associação significativa entre grupos e a questão de ver nos pais 
o principal modelo de conduta. Esta percepção específica ocorreu, 
sobretudo, nos grupos compostos por adolescentes considerados religiosos. 
É possível verificar que os adolescentes religiosos são mais voltados 
à família e a seus ensinamentos, reservando para o círculo de amizades 
outras funções que não a educativa. Nota-se que os adolescentes religiosos 
atribuem à família a responsabilidade dos ensinamentos comportamentais, 
sobretudo, oséticos e morais (Tabelas 13, 14 e 18). 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 186 
Tabela 41 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a 
importância da família em relação ao comportamento que 
possuem 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
2 2 13,33 2 13,33 1 6,67 2 13,33 7 
3 3 20,00 2 13,33 11 73,33 5 33,33 21 
4 10 66,67 11 73,33 3 20,00 8 53,33 32 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 41 apresentam, porcentualmente, se os 
adolescentes universitários pesquisados vêem suas respectivas famílias 
como importantes em relação ao comportamento que possuem. 
No grupo M-R, 86,67% afirmam elas exercem enorme importância 
sobre seus comportamentos, 13,33% que a família exerce regular 
importância em relação a seus comportamentos. 
No grupo F-R, 86,66% atribuem enorme importância à família pelo 
comportamento que possuem e 13,33%, regular importância. Já no grupo M-
NR, 93,33% entendem que suas famílias possuem relevante importância em 
relação ao comportamento que apresentam e para 6,67% as famílias têm 
regular importância em seus comportamentos. 
No grupo F-NR, 86,66% dos sujeitos apontam extrema importância às 
suas famílias em relação ao comportamento que possuem; 13,33% que essa 
importância é apenas regular. 
De acordo com o Teste Exato de Fisher: p= 0,017, houve uma 
associação significativa entre os grupos e a importância da família em 
relação ao comportamentos dos jovens pesquisados. O grupo M-NR 
expressou menor importância da família quanto ao papel que esta 
desempenha em relação ao comportamento do indivíduo. Como já foi 
demonstrado na Tabela 14, sobre a família ser a base do indivíduo, todos os 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 187 
grupos pesquisados, inclusive, o M-NR, concordam com a premissa, mas, 
outras tabelas refletem certo agradecimento à família pelo que são hoje. Os 
grupos não religiosos, em especial, o M-NR é o que menos entende sua 
família como responsável por seus comportamentos ou de sua forma de ser 
(Tabelas 28 e 29). 
O grupo F-NR também se aproxima bastante do grupo M-NR em 
relação a essa posição em relação à família, o que se pode inferir é que a 
forma de criação mais dialogada, menos severa, sem sinais de rigidez 
(Tabela 13), faz do indivíduo um ser mais independente, menos apegado à 
família, menos sensível em relação aos laços familiares, portanto, menos 
devedor. 
 
Tabela 42 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de 
rigor que a família empregou em sua educação 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 1 6,67 0 0,00 1 6,67 1 6,67 3 
1 0 0,00 0 0,00 2 13,33 3 20,00 5 
2 1 6,67 3 20,00 11 73,33 8 53,33 23 
3 5 33,33 5 33,33 1 6,67 2 13,33 13 
4 8 53,33 7 46,67 0 0,00 1 6,67 16 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 42 apresentam a porcentagem do grau de rigor 
que os sujeitos entendem que foi usado, por sua família, em sua educação. 
Assim, no grupo M-R, 86,66% a família foi extremamente rigorosa em sua 
educação; 6,67% que a família utilizou de regular rigor e outras 6,67% 
acreditam que nenhum rigor foi usado. 
Já no grupo F-R, 80% entendem que seus familiares utilizaram de 
extremo rigor em suas respectivas educação e 20% destacam que o rigor 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 188 
utilizado foi apenas regular. Em relação ao grupo M-NR, 6,67% de seus 
componentes indicaram que foram educados com extremo rigor por suas 
famílias, 73,33% entendem que houve um rigor regular e 20% afirmam que 
nenhum rigor foi empregado por suas famílias em seus processos 
educacionais. 
No grupo F-NR, 20% entendem que a família utilizou enorme rigor no 
processo educativo, 53,33% que o rigor foi regular e 26,67% que não houve 
rigor algum. 
Pelo Teste Exato de Fisher: p<0,001, houve uma associação 
significativa entre grupos e rigor empregado na educação, dos sujeitos. 
Esse rigor ocorre sobretudo entre grupos religiosos, o fato demonstra 
que entre os religiosos existe maior rigidez no que se refere à moral e 
educação dos filhos (Tabelas 13, 35 e 37). 
 
Tabela 43 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação à 
freqüência com que colocam sua raiva diante de Deus 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 2 13,33 2 13,33 14 93,33 7 46,67 25 
1 2 13,33 0 0,00 1 13,33 4 26,67 7 
2 6 40,00 5 33,33 0 0,00 3 20,00 14 
3 3 20,00 6 40,00 0 0,00 1 6,67 10 
4 2 13,33 2 13,33 0 0,00 0 0,00 4 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 43 explicitam as freqüências nas quais os 
sujeitos de pesquisa colocam o sentimento de raiva que, por ventura, 
venham a sentir, perante a figura de Deus. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 189 
No grupo M-R, 33,33% sempre colocam esse tipo de sentimento 
diante de Deus; 40% que o fazem vez por outra e 26,66% que jamais agem 
dessa forma. 
No grupo F-R, 53,33% colocam suas possíveis raivas cotidianas 
diante de Deus; 33,33% vez por outra e 13,33% nunca colocam diante de 
Deus sua raiva. Quanto ao grupo M-NR, a totalidade de seus componentes 
afirma que nunca colocou sua raiva diante de Deus. 
Já no grupo F-NR, 73,34% também em momento algum colocam sua 
raiva diante de Deus, 20% fazem-no vez por outra e 6,67% possuem sempre 
esse comportamento. 
Frente ao Teste Exato de Fisher: p<0,001, houve uma associação 
significativa entre os grupos e o comportamento de colocar diante de Deus a 
possível raiva que sentem, sendo maior essa forma de agir no grupo F-R. 
Pode-se verificar que o grupo F-R foi mais sensível a Deus, compartilhando 
com este seus momentos de adversidade. 
É possível inferir que os grupos religiosos dividem com Deus suas 
adversidades, buscando proteção e alívio como se pode fazer junto a um pai 
(Tabelas 19, 21, 23, 24 e 33), muito embora, esse Pai possa ser temido 
muitas vezes (Tabela 34). No entanto, oferece segurança, alívio e proteção, 
além de ser um ente da família, célula entendida pelos sujeitos, de forma 
geral, como a base do indivíduo (Tabela 14). 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 190 
Tabela 44 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de 
conhecimento que possuem a respeito dos dogmas 
religiosos 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
0 0 0,00 0 0,00 11 73,33 8 53,33 19 
1 3 20,00 2 13,33 3 20,00 5 33,33 13 
2 4 26,67 2 13,33 0 0,00 1 6,67 7 
3 6 40,00 8 53,33 1 6,67 1 6,67 16 
4 2 13,33 3 20,00 0 0,00 0 0,00 5 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 44 apresentam, porcentualmente, o grau de 
conhecimentos que os adolescentes universitários, sujeitos desta pesquisa, 
afirmam possuir sobre os dogmas da religião que confessam de acordo com 
os grupos dos quais fazem parte. 
No grupo M-R, 53,33% conhecem muito sobre a questão; já 26,67% 
conhecem em um grau regular os dogmas de suas religiões e 20% que nada 
conhecem. No grupo F-R, 73,33% conhecem muito os dogmas de suas 
religiões, 13,33%, conhecem razoavelmente e 13,33% nada conhecem. 
No grupo M-NR, 93,33% nada conhecem sobre dogmas e 6,67% 
conhecem bem os dogmas religiosos. No grupo F-NR, 86,66% nada 
conhecem, 6,67% conhecem de forma regular e os outros 6,67% nada 
conhecem sobre a questão. 
Conforme o Teste Exato de Fisher: p>0,001, houve uma associação 
significativa entre grupos e conhecimento sobre dogmas religiosos, e os 
grupos religiosos destacaram-se em relação a esse tipo de conhecimento 
específico. Destes resultados, pode-se aprender que os jovens universitários 
religiosos, independente de comparecer com maior ou menor freqüência aos 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 191 
atos religiosos,próprios da sua religião, possuem maior conhecimentos 
sobre suas especificidades, comparando-se com os jovens não religiosos. 
Estes resultados parecem naturais, visto que os jovens religiosos, 
independente, se masculinos ou femininos, possuem um grau de adesão à 
religião muito maior que os não religiosos (Tabela 17). 
 
 
ANÁLISE DESCRITIVA E COMPARATIVA – MÉTODO DE RORSCHACH 
 
 De acordo com os dados das Tabelas 45 a 94, a seguir, são 
apresentadas as relações de contingência e as estatísticas descritivas dos 
itens do Método de Rorschach e suas respectivas comparações entre os 
quatro grupos, M-R; F-R; M-NR; F-NR. As diferenças que podem ser 
consideradas mais relevantes, ocorreram nas Tabelas 50, 62, 67, 83, 85 e 
89, isto não significa que as demais não sejam importantes para a presente 
pesquisa. 
 
Tabela 45 – DEPI – Distribuição do Índice de depressão 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
DPI N % N % N % N % 
Total 
Sim 9 60,00 11 73,33 10 66,67 12 80,00 42 
Não 6 40,00 4 26,67 5 33,33 3 20,00 18 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Pelos dados da Tabela 45 a maior parte dos participantes da amostra 
apresentou índice de depressão positivo, ou seja, os adolescentes possuem 
um determinado tipo de organização psicológica que os torna mais 
vulneráveis a desenvolverem sintomas ou quadro depressivo. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 192 
Tabela 46 – EB – Distribuição do Comportamento Emocional e da 
Cognição 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
EB N % N % N % N % 
Total 
a 9 60,00 5 33,33 7 46,67 7 46,67 28 
e 2 13,33 3 20,00 3 20,00 3 20,00 11 
i 4 26,67 7 46,67 5 33,33 5 33,33 21 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 46 demonstram que os componentes dos grupos 
M-R, M-NR e F-R, em sua maioria, apresentam como característica geral de 
ser, considerável inconstância, alterando seus respectivos comportamentos 
entre o predomínio de emoções e o da cognição, ou seja, a forma de 
elaborar as idéias. 
Os componentes do grupo F-R, por sua vez, mostram-se mais 
introversivos, ou melhor, os processos ideativos ou cognitivos influenciam de 
forma predominantemente a atividade psicológica dos participantes, embora 
entre os sujeitos desse grupo, também, exista uma parcela considerável de 
pessoas que se comportam como os componentes dos grupos M-R, M-NR e 
F-NR. Pode-se apreender dos resultados desta tabela que o grupo F-R 
mostra-se ligeiramente mais maduro que os demais, embora sem apresentar 
diferença estatisticamente significativa. 
 
Tabela 47 – C – Distribuição das respostas de cor pura 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
C N % N % N % N % 
Total 
o 12 80,00 13 86,67 14 93,33 13 86,67 52 
l 3 20,00 2 13,33 1 6,67 2 13,33 8 
Total 15 100 15 100 15 100 16 100 60 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 193 
 Pelos dados da Tabela 47 a maior parte dos adolescentes que 
compõe a amostra, não indica vivência afetiva de cunho impulsivo, 
demonstrando possuir certo controle diante de sua afetividade. 
 
Tabela 48 – EbPer – Distribuição do índice do predomínio da 
experiência de base 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 5 2,86 0,74 2,00 4,00 
F-R 9 3,84 1,07 2,50 5,00 
M-NR 4 4,13 0,63 3,50 5,00 
F-NR 7 2,57 0,78 2,00 4,00 
 
 Os dados da Tabela 48 apresentam o índice de predomínio da 
experiência de base, ou seja, se existe ou não flexibilidade nos sujeitos para 
enfrentar as situações, se age ou não da mesma maneira, independente da 
situação que lhe seja apresentada, podendo ter ou não mais facilidade de 
obtenção de condutas adaptativas. 
Assim, percebe-se que os adolescentes universitários, seja de qual 
grupo for, M-R, F-R, M-NR e F-NR possuem certa rigidez e inflexibilidade em 
sua forma de ser, ou melhor, em sua conduta cotidiana. No entanto, é 
importante destacar que essa inflexibilidade torna-se bastante acentuada 
nos componentes do grupo M-NR, de acordo com o Teste de Kruskal – 
Wallis para p= 0,021, ou seja, os indivíduos do sexo masculino, sem 
qualquer vínculo religioso não possuem em seu dia-a-dia qualquer regra de 
cunho religioso, mostram-se muito mais rígidos, inflexíveis e com maior 
dificuldade para se adaptar aos acontecimentos do cotidiano, em 
comparação aos outros jovens. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 194 
Tabela 49 – Sum T – Distribuição do somatório de respostas de 
sombreado com textura 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,27 0,59 0,00 2,00 
F-R 15 0,40 0,51 0,00 1,00 
M-NR 15 0,53 0,64 0,00 2,00 
F-NR 15 0,60 0,74 0,00 2,00 
 
 Os dados da Tabela 49 indicam a necessidade de contato e 
proximidade emocional em relação aos adolescentes universitários 
componentes da amostra, considerando-se os grupos a que pertencem. 
Assim, pode-se verificar que, independente do grupo, os jovens mostram-se 
igualmente reservados e com capacidade de envolvimento com pessoas de 
acordo com suas necessidades de momento, sem qualquer sinal de carência 
ou busca de contato desmedida. 
 
Tabela 50 – Sum Y – Distribuição do somatório as respostas de 
sombreado difuso 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 3,07 3,26 0,00 10,00 
F-R 15 3,00 3,23 0,00 12,00 
M-NR 15 0,87 1,36 0,00 5,00 
F-NR 15 1,40 0,99 0,00 3,00 
 
 Pelos dados da Tabela 50, são demonstrados que os adolescentes 
universitários pertencentes aos grupos religiosos M-R e F-R possuem alta 
vulnerabilidade às questões emocionais, que criam tensão e mal-estar, 
diretamente relacionadas a um desconforto emocional por vivências de 
situações ansiógenas, de acordo com o teste de Kruskal-Wallis para p= 
0,048. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 195 
Esses jovens apresentam sentimentos de desamparo, pois não 
conseguem lidar de forma direta e objeti va, causando-lhes sofrimento por 
tensões internas de natureza estressante. Talvez isto ocorra com os jovens 
religiosos por estarem participando mais do mundo e menos do ambiente 
familiar. As novas experiências passam a fasciná-los, conforme afirma 
Fowler (1992), ao mesmo tempo, em que o distanciamento familiar provoca 
os sentimentos de desamparo, tensão e ansiedade. É nesse momento, que 
a fé deveria se mostrar como base sólida para o indivíduo que começa a se 
perceber como pessoa. Em relação aos jovens pertencentes aos grupos não 
religiosos M-NR e F-NR, estes demonstram maior adequação em relação às 
questões emocionais, maior conforto interno e equilíbrio no que se refere ao 
trato com as tensões próprias das fases da vida, visto que, pela menor 
rigidez, inclusive moral, com que são criados, aparentemente, amadurecem 
e tornam-se independentes um pouco mais cedo, passando por menos 
tensões quando se distanciam da família em razão de maior contato com o 
mundo nessa fase da vida, que é a adolescência. 
 
Tabela 51 – FC – Distribuição das respostas de forma-cor (existe o 
elemento cromático, porem a forma é predominante) 
 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 1,80 1,08 0,00 4,00 
F-R 15 0,60 0,74 0,00 2,00 
M-NR 15 1,80 1,01 0,00 3,00 
F-NR 15 1,07 0,88 0,00 3,00 
 
 Pelos dados da Tabela 51, observa-se que os adolescentes 
universitários pertencentes aos grupos M-R, F-R, M-NR e F-NR possuem 
controle racional equilibrado dos aspectos relacionados à afetividade, à 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 196 
organização de afetos e de seus contatos de natureza afetiva, sem qualquer 
sinal de rigidez e ou frieza. 
Tabela 52 – CF – Distribuição das respostas de cor-forma (o aspecto 
formal é secundário diante do elemento cromático) 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,53 0,74 0,00 2,00 
F-R 15 0,60 0,83 0,00 2,00 
M-NR 15 0,53 0,64 0,00 2,00 
F-NR 15 0,73 1,28 0,00 4,00 
 
 Os dados daTabela 52 demonstram que os sujeitos da presente 
pesquisa, participantes dos grupos M-R, F-R, M-NR e F-NR possuem 
equilíbrio em suas vivências afetivas, mesmos as mais intensas e 
carregadas de componentes emocionais com menor filtro de elementos 
racionais. 
 
Tabela 53 – Afr – Distribuição de índice de reação afetiva 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,58 0,20 0,20 0,92 
F-R 15 0,52 0,17 0,25 0,79 
M-NR 15 0,55 0,21 0,33 1,18 
F-NR 15 0,56 0,16 0,36 0,88 
 
 Pelos dados da Tabela 53, os sujeitos de pesquisa pertencentes a 
qualquer um dos grupos, M-R, F-R, M-NR e F-NR possuem equilíbrio pleno 
em relação à responsabilidade aos estímulos emocionais, bem como à 
predisposição ao processamento de elementos emocionais oriundos do meio 
social. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 197 
Tabela 54 – S – Distribuição das respostas com uso do espaço em 
branco 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 1,47 1,41 0,00 5,00 
F-R 15 0,93 0,88 0,00 3,00 
M-NR 15 0,13 1,06 0,00 3,00 
F-NR 15 1,07 1,10 0,00 3,00 
 
 Os dados da Tabela 54 indicam que os adolescentes componentes da 
amostra possuem equilíbrio em relação à busca de independência e auto-
afirmação, ou seja, mostram equilíbrio quanto aos componentes pessoais 
que oferecem um estilo de maior oposição diante das demandas provindas 
do meio a que pertencem. 
 
Tabela 55 – Egocent – Distribuição de índice de Egocentrismo 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,33 0,14 0,11 0,59 
F-R 15 0,35 0,19 0,05 0,67 
M-NR 15 0,30 0,13 0,11 0,60 
F-NR 15 0,26 0,13 0,07 0,50 
 
 Os dados da Tabela 56 demonstram que os componentes da 
pesquisa possuem equilíbrio marcante no tocante à sua autopreocupação, 
ou seja, equilíbrio em relação à atenção que dirigem a si mesmo, ao 
autocentramento e auto-estima, independente do grupo do qual fazem parte. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 198 
Tabela 56 – H – Distribuição das respostas de conteúdo humano inteiro 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 1,53 1,06 0,00 4,00 
F-R 15 2,67 2,16 0,00 7,00 
M-NR 15 2,33 1,68 0,00 6,00 
F-NR 15 1,93 1,22 0,00 4,00 
 
Tabela 57 – H% – Distribuição da porcentagem de respostas de 
conteúdo humano inteiro 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 1,40 1,45 0,00 5,00 
F-R 15 1,87 1,77 0,00 5,00 
M-NR 15 0,67 0,90 0,00 2,00 
F-NR 15 1,20 1,47 0,00 6,00 
 
Os dados das Tabelas 56 e 57 são similares em si, demonstram que 
em relação à percepção que possuem de si mesmo e dos outros, baseados 
em critérios de realidade, os componentes da pesquisa possuem equilíbrio 
marcante, ou seja, o interesse que apresentam no relacionamento humano e 
no contato com os outros indivíduos é equilibrado, independente, de 
pertencer a qualquer um dos grupos: M-R, F-R, M-NR, F-NR. 
 
Tabela 58 – Hd – Distribuição das respostas de conteúdo de parte de 
humano 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 1,27 1,58 0,00 6,00 
F-R 15 0,87 1,13 0,00 4,00 
M-NR 15 0,53 0,83 0,00 2,00 
F-NR 15 0,40 0,51 0,00 1,00 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 199 
Tabela 59 – HD% – Distribuição das porcentagens de respostas de 
conteúdo de parte de humano 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,67 1,05 0,00 4,00 
F-R 15 0,53 0,64 0,00 2,00 
M-NR 15 0,33 0,62 0,00 2,00 
F-NR 15 0,20 0,41 0,00 1,00 
 
 Os dados das Tabelas 58 e 59, similares entre si, mostram o equilíbrio 
que os componentes da amostra demonstram quanto à visão parcial que 
possuem de si mesmo e dos outros, caracterizando-os como pessoas que 
mantêm contatos interpessoais mais cautelosos e reservados, independente 
do grupo do qual fazem parte, M-R, F-R, M-NR ou F-NR. 
 
Tabela 60 – Hx – Distribuição das respostas de conteúdo de 
experiência humana 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,13 0,35 0,00 1,00 
F-R 15 0,33 0,62 0,00 2,00 
M-NR 15 0,33 1,05 0,00 4,00 
F-NR 15 0,13 0,35 0,00 1,00 
 
Pelos dados da Tabela 60, os componentes da amostra 
possuem um autoconceito do tipo intelectualizado, buscando negar a 
realidade e neutralizar os sentimentos mais dolorosos por meio da razão, 
sempre que necessário, independente do grupo do qual fazem parte, ou 
seja, M-R, F-R, M-NR ou F-NR. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 200 
Tabela 61 – An-Xy – Distribuição das respostas de conteúdo sobre 
anatomia e radiografia 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 1,53 1,60 0,00 6,00 
F-R 15 1,60 1,35 0,00 4,00 
M-NR 15 1,00 1,20 0,00 4,00 
F-NR 15 1,00 1,36 0,00 5,00 
 
 Pelos dados da Tabela 61, observa-se que o equilíbrio que os 
componentes da amostra possuem quanto à preocupação com aspectos 
físicos pode ou não ser relacionado às questões de auto-imagem e nas 
atitudes voltadas para si mesmo, independente do grupo em que estão 
inseridos, M-R, F-R, M-NR ou F-NR. 
 
Tabela 62 – Ideação – a:p – Distribuição proporção dos tipos de 
movimento (ativo para passivo) 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
a:p N % N % N % N % 
Total 
a 7 46,67 8 53,33 10 66,67 11 73,33 36 
ap 2 13,33 1 6,67 1 6,67 1 6,67 5 
p 6 40,00 6 40,00 4 26,67 3 20,00 19 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 62 indicam a forma com que os componentes da 
amostra comportam-se diante dos acontecimentos próprios do dia-a-dia. Os 
grupos, cujos sujeitos são religiosos, M-R e F-R, possuem certo equilíbrio 
entre adotar uma atitude mais ativa, mais efetiva diante da realidade e 
demonstrar um movimento de submissão diante da realidade, sujeitando-se 
mais passivamente aos acontecimentos cotidianos. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 201 
Pode-se verificar com estes comportamentos que o jovem religioso 
mostra-se mais prudente e equilibrado. Portanto, a afirmação de Freud 
(1927) de que a religião é uma forma de controle do indivíduo, apresenta-se 
coerente com as ações dos sujeitos pesquisados. 
Já os grupos cujos componentes não são religiosos, M-NR e F-NR, 
indicam que, corriqueiramente, possuem atitudes mais ativas frente aos 
acontecimentos, agem de forma mais efetiva, são mais objetivos perante à 
própria realidade. Uma parcela diminuta dos sujeitos dos grupos M-R, F-R, 
M-NR e F-NR demonstra instabilidade diante das ocorrências típicas do dia-
a-dia, ou seja, ora são mais atuantes, ora mais submissos, indicando que 
esta não é uma característica comportamental do jovem universitário, quer 
seja ele religioso ou não religioso. 
 
Tabela 63 – Ideação – Ma:Mp – Distribuição da proporção dos tipos de 
respostas de movimento humano (ativo:passivo) 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
Ma:Mp N % N % N % N % 
Total 
Ma 8 53,33 9 60,00 9 60,00 10 66,67 36 
MaMp 2 13,33 1 6,67 4 26,67 3 20,00 10 
Mp 5 33,33 5 33,33 2 13,33 2 13,33 14 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 63 demonstram o grau de maturidade e equilíbrio 
dos adolescentes componentes da amostra, frente aos elementos da 
realidade, independente do grupo a que pertencem, ou seja, M-R, F-R, M-
NR e F-NR. Pode-se perceber que os adolescentes universitários possuem 
uma elaboração mais organizada, considerando os elementos da realidade 
nos momentos de reflexão, que indicam maturidade e equilíbrio. 
No entanto, grupos religiosos também possuem uma razoável 
porcentagem de jovens com tendências a uma elaboração mais fantástica 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 202 
sobre a realidade, não conseguindo organizar seus conteúdos de forma 
coerente, buscando recursos de elaboração indefesos e frágeis. 
Já os grupos não religiosos, por sua vez, possuem uma porcentagem 
razoável de jovens que se dividem em ser mais fantasiosos e imaturos ou ter 
uma inconstância de elaboração, ora sendo mais consistentes e maduros, 
ora maisfantasiosos e imaturos, condição que revela também certa 
imaturidade por parte dos sujeitos. 
Pode-se concluir, portanto, que embora os adolescentes universitários 
possuam na maioria comportamentos de maturidade e equilíbrio em relação 
à realidade, existe uma minoria ainda com muita fantasia e imaturidade, 
independente do grupo de pesquisa a que pertence. 
 
Tabela 64 – FM – Distribuição das respostas, cuja determinante seja 
movimento animal 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 2,80 1,47 1,00 5,00 
F-R 15 2,40 1,24 0,00 5,00 
M-NR 15 2,27 1,33 1,00 5,00 
F-NR 15 2,27 1,53 0,00 6,00 
 
 Os dados da Tabela 64 indicam o tipo de pensamento do indivíduo, 
mais fantástico, solto, sem considerar elementos próprios de maturidade, 
pensamentos descompromissados e primitivos, associados às necessidades 
básicas. Nesse particular, ou seja, tipo de pensamento, pode-se verificar que 
os componentes da amostra mostram-se equilibrados, apresentam algumas 
características mais imaturas, contudo, em níveis absolutamente adequados 
para a faixa etária, sem acarretar qualquer prejuízo às relações 
interpessoais da pessoa ou a seu dia-a-dia, de forma geral, independente do 
grupo a que pertencem. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 203 
Tabela 65 – M – Distribuição das respostas com determinantes de 
movimento humano 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,60 0,99 0,00 3,00 
F-R 15 0,13 0,35 0,00 1,00 
M-NR 15 0,33 0,49 0,00 1,00 
F-NR 15 0,20 0,41 0,00 1,00 
 
 Pelos dados da Tabela 65, observa-se que os sujeitos da pesquisa, 
independente do grupo a que pertençam, não apresentam maturidade na 
elaboração interna dos conteúdos pessoais associada à atividade ideacional 
deliberada, ou seja, não demonstram capacidade em articular, 
adequadamente seus conteúdos internos, no sentido de poder elaborá-los 
de forma equilibrada e madura. 
 
Tabela 66 – Intelect – Distribuição do índice de intelectualização 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 1,47 1,46 0,00 5,00 
F-R 15 2,20 1,86 0,00 5,00 
M-NR 15 2,73 3,49 0,00 13,00 
F-NR 15 1,47 1,30 0,00 4,00 
 
 Os dados da Tabela 66 demonstram que os componentes da amostra 
apresentam equilibrada utilização do processo de intectualização, como 
mecanismo defensivo, preferindo de forma moderada o uso de recursos 
intelectuais, como estratégias de enfrentamento de suas dificuldades 
pessoais. Isso ocorre independente do grupo a que pertencem os sujeitos, 
ou seja, grupo M-R, F-R, M-NR, F-NR. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 204 
Tabela 67 – CDI – Distribuição do índice de déficit relacional 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
CDI N % N % N % N % 
Total 
Sim 5 33,33 11 73,33 9 60,00 8 53,33 33 
Não 10 66,67 4 26,67 6 40,00 7 46,67 27 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Pelos dados da Tabela 67, são observadas questões relativas ao 
relacionamento interpessoal. Assim, verifica-se que os componentes do 
grupo M-R não mostram dificuldades para enfrentar, com eficiência, as 
demandas comuns de seu meio social, possuindo aptidão para o 
relacionamento interpessoal, o mesmo ocorrendo com os grupos M-NR e F-
NR. 
Quanto ao grupo F-R, este apresenta dificuldades para enfrentar com 
eficiência as demandas comuns de seu meio social, indicando falta de 
aptidão ou déficit nas questões de relacionamento, demonstrando 
dificuldades de relacionamento interpessoal. É possível afirmar que estas 
dificuldades verificam-se em razão do fato dos componentes desse grupo 
sofrerem forte influência da família e da religião em relação à moral e àquilo 
que a sociedade ainda espera da mulher, uma pessoa mais familiar, 
maternal e introspectiva, situação que pode vir a comprometer sua relações 
inter-pessoais, sobretudo, nos dias atuais em que a comunicação é fator 
prioritário na sociedade moderna. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 205 
Tabela 68 – HVI – Distribuição do índice de Hipervigilância 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
HVI N % N % N % N % 
Total 
Sim 15 100 15 100 14 93,33 15 100 59 
Não 0 0,00 0 0,00 1 6,67 0 0,00 1 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 68 indicam a condição de hipervigilância dos 
componentes da amostra, independente do grupo a que pertencem. Nesse 
particular, todos os sujeitos apresentam estados contínuos de alerta, 
ocasionando condutas persecutórias de supervalorização da atenção do 
ambiente sobre seus atos. Este estado de alerta funciona no sentido de 
evitar perigos, mas, cria um espaço pessoal restrito e altamente seletivo por 
parte das pessoas, fato que pode vir a comprometer os relacionamentos 
interpessoais. 
 
Tabela 69 – GHR – Distribuição da proposição das resposta de 
conteúdo humano com boa qualidade 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 2,93 1,83 1,00 7,00 
F-R 15 3,87 2,39 1,00 9,00 
M-NR 15 2,67 1,35 0,00 5,00 
F-NR 15 2,93 1,39 0,00 5,00 
 
 Os dados da Tabela 69 revelam que os componentes da amostra, 
independente do grupo a que pertencem, indicam boa percepção do 
fenômeno humano, ou seja, o contato humano é visto de forma integrada e 
benéfica. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 206 
Tabela 70 – PHR – Distribuição da proporção das respostas de 
conteúdo humano com baixa qualidade 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 2,53 2,17 0,00 7,00 
F-R 15 2,87 3,36 0,00 10,00 
M-NR 15 1,67 1,68 0,00 6,00 
F-NR 15 1,33 1,18 0,00 4,00 
 
Os dados da Tabela 70 indicam que os componentes da amostra, 
quer sejam dos grupos M-R, F-R, M-NR e F-NR apresentam percepções 
particularizadas e equilibradas sobre o contato humano, tendendo a atitudes 
de fragmentação nas relações,fato que pode vir a provocar algum aumento 
da seletividade nas relações interpessoais. Essa ligeira tendência à 
fragmentação nas relações interpessoais ocorre, sobretudo, nos grupos M-R 
e F-R, de forma não muito significativa ou prejudicial. O fato talvez aconteça 
pela preferência dos integrantes de ambos os grupos a se manterem 
próximos de pessoas que comunguem de sua fé, havendo certo 
distanciamento das demais. 
 
Tabela 71 – Sum H – Distribuição do somatório das respostas de 
conteúdo humano 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 4,87 3,66 1,00 12,00 
F-R 15 5,87 4,09 1,00 14,00 
M-NR 15 3,87 2,23 1,00 9,00 
F-NR 15 3,73 2,12 0,00 8,00 
 
 Os dados da Tabela 71 demonstram que os componentes da 
amostra, quer sejam dos grupos M-R, F-R, M-NR ou F-NR indicam possuir 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 207 
interesse geral nos contatos e relacionamentos humanos, havendo 
equilibrada valorização do elemento humano em suas vivências cotidianas. 
 
Tabela 72 – Per – Distribuição das respostas com características 
pessoais 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,13 0,35 0,00 1,00 
F-R 15 0,27 0,59 0,00 2,00 
M-NR 15 0,27 0,70 0,00 2,00 
F-NR 15 0,00 0,00 0,00 0,00 
 
 Os dados da Tabela 72 mostram quanto os componentes da amostra 
reagem aos estímulos do meio com respostas de características meramente 
pessoais. Em relação a esse particular, os índices numéricos alcançados 
pelos sujeitos não possuem valor interpretativo. 
 
Tabela 73 – COP – Distribuição das respostas com movimentos do tipo 
cooperativo 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,67 0,62 0,00 2,00 
F-R 15 0,27 0,46 0,00 1,00 
M-NR 15 0,40 0,63 0,00 2,00 
F-NR 15 0,40 0,63 0,00 2,00 
 
 Os dados da Tabela 73 apresentam o nível de cooperação dos 
componentes da amostra nas relações humanas. Assim, pode-se afirmar 
que os sujeitos pesquisados têm equilibrada capacidade para estabelecer 
vínculos positivos e produtivos com o outro, com adequada cooperação nas 
relações com o próximo, independentedo grupo a que pertencem os 
componentes da amostra. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 208 
Tabela 74 – AG – Distribuição das respostas com movimento do tipo 
agressivo 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,87 1,13 0,00 4,00 
F-R 15 0,80 1,26 0,00 3,00 
M-NR 15 0,27 0,59 0,00 2,00 
F-NR 15 0,13 0,35 0,00 1,00 
 
 Os dados da Tabela 74 demonstram que os sujeitos da amostra, 
independente do grupo a que pertencem, possuem algumas atitudes hostis 
em relação às demais pessoas, se bem que se verifique de forma moderada, 
havendo algumas vivências agressivas e negativas em direção ao meio 
ambiente. Em que pese tais atitudes, estas não comprometem as relações 
interpessoais, visto serem comuns entre as pessoas de forma geral. 
 
Tabela 75 – Isolam - Distribuição do índice de isolamento dos 
componentes do estudo 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,22 0,13 0,00 0,47 
F-R 15 0,16 0,12 0,03 0,38 
M-NR 15 0,23 0,09 0,06 0,39 
F-NR 15 0,26 0,13 0,07 0,55 
 
 Os dados da Tabela 75 demonstram o índice de isolamento presente 
nos componentes da amostra. Independente dos sujeitos pertencerem a 
este ou àquele grupo, dentre os grupos, M-R, F-R, M-NR ou F-NR. Estes 
possuem comportamentos de isolamento ou retraimento social, 
absolutamente equilibrado, ou seja, dentro daquilo que pode ser considerado 
comum ao ser humano, não ocasionando qualquer comprometimento 
pessoal dos integrantes da amostra. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 209 
Tabela 76 – Par – Distribuição das respostas com características de par 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 7,00 5,92 1,00 23,00 
F-R 15 7,80 4,80 3,00 18,00 
M-NR 15 4,60 1,99 2,00 9,00 
F-NR 15 4,20 1,78 1,00 7,00 
 
 Os dados da Tabela 76 indicam que todos os componentes da 
amostra, independente de fazerem parte dos grupos M-R, F-R, M-NR ou F-
NR, revelam possuir capacidade para estabelecer vínculos relacionais. 
 
Tabela 77 – OBS – Distribuição do índice de obsessividade 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
OBS N % N % N % N % 
Total 
Não 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 77 demonstram os índices de obsessividade 
presentes nos sujeitos, visto que para os índices negativos não existe o que 
interpretar, sugerindo não haver comportamentos obsessivos entre os 
componentes da amostra. 
 
Tabela 78 – L – Distribuição do índice Lambda 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,81 0,49 0,14 2,20 
F-R 15 0,57 0,37 0,00 1,18 
M-NR 15 0,62 0,39 0,15 1,50 
F-NR 15 0,54 0,27 0,06 1,14 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 210 
 Os dados da Tabela 78 demonstram que os componentes da amostra 
possuem capacidade adequada para utilizar o controle intelectual no sentido 
de evitar o processamento (elaboração) das emoções, minimizando a 
complexidade de suas percepções, oferecendo mais sentimentos e menos 
intelectualização nas relações interpessoais. 
 
Tabela 79 – P – Distribuição das respostas populares 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 2,87 1,25 1,00 5,00 
F-R 15 2,67 1,23 0,00 5,00 
M-NR 15 3,87 1,85 0,00 7,00 
F-NR 15 3,67 2,13 0,00 8,00 
 
 Os dados da Tabela 79 demonstram que os componentes da 
amostra, independente do grupo a que pertencem, possuem adequado grau 
de adaptação ao grupo em que estão inseridos. 
 
Tabela 80 – X+% – Distribuição da porcentagem das respostas de 
forma convencional 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,54 0,16 0,29 0,80 
F-R 15 0,56 0,15 0,33 0,93 
M-NR 15 0,64 0,14 0,42 0,87 
F-NR 15 0,57 0,11 0,35 0,75 
 
 Os dados da Tabela 80 revelam que os adolescentes componentes 
da amostra, independente do grupo a que pertencem, esforçam-se na busca 
da exatidão de suas percepções e no processamento das informações e 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 211 
sentimentos. Além disso, possuem a necessidade de compreender as 
vivências de forma mais exata, clara, evitando dificuldades de compreensão. 
 
Tabela 81 – F+% – Distribuição de porcentagem das respostas de 
forma pura convencional 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,00 0,00 0,00 0,00 
F-R 15 0,00 0,00 0,00 0,00 
M-NR 15 0,00 0,00 0,00 0,00 
F-NR 15 0,00 0,00 0,00 0,00 
 
 Os dados da Tabela 81 indica que os componentes da amostra, quer 
pertençam a este ou àquele grupo dentro dos conjuntos M-R, F-R, M-NR ou 
F-NR, apresentam dificuldades para simplificar suas percepções, ou seja, 
possuem tendência a exagerar as dificuldades encontradas no dia-a-dia, 
afastando-se, na maioria das vezes, de elementos convencionais. 
 
Tabela 82 – XU+% – Distribuição da porcentagem das respostas 
incomuns 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,30 0,11 0,11 0,53 
F-R 15 0,25 0,11 0,07 0,56 
M-NR 15 0,24 0,13 0,06 0,45 
F-NR 15 0,31 0,08 0,19 0,47 
 
 Os dados da Tabela 82 indicam traços equilibrados de busca da 
individualidade, sem distorções perceptivas. Indica, ainda, capacidade 
moderada de observar e incorporar a realidade por parte dos sujeitos 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 212 
componentes da amostra, sejam eles pertencentes aos grupos M-R, F-R, M-
NR ou F-NR. 
 
Tabela 83 – X-% – Distribuição da porcentagem das respostas com 
forma distorcida 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,15 0,11 0,00 0,34 
F-R 15 0,18 0,13 0,00 0,39 
M-NR 15 0,11 0,04 0,06 0,20 
F-NR 15 0,11 0,10 0,00 0,31 
 
 Os dados da Tabela 83 demonstram que os adolescentes 
universitários componentes da amostra apresentam afastamento equilibrado 
dos elementos convencionais da realidade, ou seja, são capazes de lidar 
adequadamente com as situações que lhes são apresentadas no dia-a-dia. 
Pode-se afirmar, ainda, de forma mais qualitativa que os jovens não 
religiosos possuem levíssima tendência a serem mais conservadores ou 
convencionais no trato com a realidade, embora sem comprometer 
significativamente suas relações com o meio a que pertencem. Talvez esse 
ligeiro conservadorismo dos jovens não religiosos seja o mecanismo 
encontrado por eles para se manterem equilibrados e adequados à realidade 
da qual fazem parte. 
 
Tabela 84 – S-% – Distribuição da porcentagem das respostas com 
distorção e uso do espaço em branco 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,40 0,63 0,00 2,00 
F-R 15 0,07 0,26 0,00 1,00 
M-NR 15 0,13 0,35 0,00 1,00 
F-NR 15 0,13 0,35 0,00 1,00 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 213 
 Os dados da Tabela 84 indicam quanto o contato com o ambiente 
pode ser distorcido por fatores emocionais. Assim, com base nos dados 
apresentados é possível verificar que os componentes da amostra não 
sofrem interferências emocionais no contato com o ambiente, independente, 
de os sujeitos pertencerem a grupos religiosos ou não religiosos. 
 
Tabela 85 – W:M – Distribuição da proporção de respostas globais 
para respostas de movimento (índice de criatividade) 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
W:M N % N % N % N % 
Total 
Equil 0 0,00 2 13,33 4 26,67 3 20,00 9 
M 6 40,00 8 53,33 1 6,67 2 13,33 17 
W 9 60,00 5 33,33 10 66,67 10 66,67 34 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 85 expressam o índice de criatividade, 
interferindo nas aspirações do indivíduo. Assim, no grupo M-R, há 
preponderância do nível de aspiração em relação às reais capacidades do 
indivíduo em criar e agir, fato que também é verdadeiro no que se refere aos 
grupos M-NR e F-NR. 
Em relação ao grupo F-R, a característica de possuir alto nível de 
aspiração e pouca capacidade de criação e ação é bem significativa. 
Os grupos M-R e F-R demonstram que seus componentes são 
pessoas mais conservadoras e que estabelecem normas aquém de suas 
reais capacidades; possuempouca ambição e pouca energia para a ação 
criativa, dando uma idéia de certa frouxidão pessoal. Estas características, 
praticamente, inexistem ou, pelo menos, são pouco significativas nos grupos 
formados por jovens não religiosos, ou seja, os grupos M-NR e F-NR. 
Ainda em relação aos grupos M-NR e F-NR, pode-se dizer que seus 
componentes, comparativamente, aos componentes dos grupos M-R e F-R 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 214 
possuem maior capacidade de organização, buscando uma conduta de 
abrangência com base na ambição intelectual associada à capacidade 
criadora, visto que têm recursos para iniciar condutas deliberadas. 
 
Tabela 86 – Distribuição da seqüência das localizações das respostas 
M-R F-R M-NR F-NR 
Grupo 
N % N % N % N % 
Total 
Ord 60 15 100 15 100 15 100 15 100 50 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
Os dados da Tabela 86 demonstram que os sujeitos da amostra 
possuem capacidade para organizar adequadamente seus pensamentos, 
facilitando a comunicação entre indivíduo e ambiente, independente do 
grupo de pesquisa a que pertencem. 
 
Tabela 87 – Zf – Distribuição da freqüência das respostas com valor 
de elaboração 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 8,00 2,56 3,00 12,00 
F-R 15 8,07 3,33 3,00 16,00 
M-NR 15 10,73 3,33 6,00 18,00 
F-NR 15 9,80 3,49 6,00 18,00 
 
 Pelos dados da Tabela 87, observa-se que os componentes da 
amostra, independente do grupo a que pertencem, têm capacidade de 
iniciativa e uma tendência a buscar a compreensão de fenômenos mais 
complexos, utilizando-se de um maior esforço para articular conteúdos mais 
complexos. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 215 
Tabela 88 – PSV – Distribuição das respostas com características de 
perseveração 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 0,27 0,46 0,00 1,00 
F-R 15 0,27 0,46 0,00 1,00 
M-NR 15 0,47 0,64 0,00 2,00 
F-NR 15 0,13 0,35 0,00 1,00 
 
 Os dados da Tabela 88 que se referem às características de 
perseveração dos componentes da amostra, demonstram que todos os 
sujeitos, indistintamente, possuem capacidade para processar as 
informações. Este procedimento ocorre, no geral, de forma flexível, 
indicando adaptabilidade na articulação dos conceitos apreendidos, portanto, 
estes sujeitos não demonstram qualquer indício de rigidez no 
processamento das informações que surgem no cotidiano de cada um. 
 
Tabela 89 – eb – Distribuição da experiência de base 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
eb N % N % N % N % 
Total 
Igual 3 20,00 0 0,00 3 20,00 2 13,33 8 
Mov 4 26,67 6 40,00 7 46,67 9 60,00 26 
Somb 8 53,33 9 60,00 5 33,33 4 26,67 26 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 De acordo com os dados da Tabela 89, que representam as 
características relacionadas à experiência de base dos sujeitos. Pode-se 
constatar que, embora não haja diferenças estatisticamente significativas, os 
grupos dos adolescentes religiosos M-R e F-R apresentaram predomínio das 
respostas de sombreado, indicando uma sobrecarga interna, ocasionada por 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 216 
um aumento de sofrimento intrapsíquico, causando estresse e vivências de 
maior ansiedade. 
Em relação ao grupo de não religiosos M-NR e F-NR, observou-se o 
predomínio das respostas de movimento, revelando estados intensos de 
insatisfação pessoal, pois tendem a perder o controle interno e podem 
ocasionar vivências de tensão psíquica. Outro aspecto observado é a 
presença associada de movimentos e sombreado, que pode ser mais 
observada no grupo masculino M-R e M-NR que indica elementos de tensão, 
associados a um sofrimento intrapsíquico. 
Este quadro geral da ansiedade e estresse presente nos grupos 
religiosos e de tensão e insatisfação pessoal, nos grupos não religiosos 
demonstra o perfil do próprio adolescente que, ao encarar novos desafios à 
luz da nova vida de independência que começam a se descortinar, se sente 
distante da segurança e equilíbrio, até então, experimentados. 
 
Tabela 90 – PTI – Distribuição do índice de distorção perceptual 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
PTI N % N % N % N % 
Total 
Não 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 90 demonstram que os adolescentes 
componentes da amostra, independente do grupo a que pertencem, 
possuem capacidade para contatar com a realidade, indicando possuir 
percepção que não é de modo exagerado afetada por seus conteúdos 
pessoais. 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 217 
Tabela 91 – S-CON – Distribuição do índice de suicídio 
M-R F-R M-NR F-NR Grupo 
S-CON N % N % N % N % 
Total 
Sim 14 93,33 13 86,67 15 100 14 93,33 56 
Não 1 6,67 2 13,33 0 0,00 1 6,67 4 
Total 15 100 15 100 15 100 15 100 60 
 
 Os dados da Tabela 91 tratam de índice do suicídio e revelam que a 
grande maioria dos componentes da amostra, independente do grupo, no 
qual estão inseridos, possui características de condutas autodestrutivas ou 
perigosas, vivências de conteúdos ameaçadores, falta de cuidado na 
valorização do ser, necessidade de correr perigos intensos. A respeito 
desses altos índices, pode-se afirmar que os adolescentes, independente de 
seu grau de instrução, procedência familiar e ou religiosa possuem uma 
necessidade marcante de chamar a atenção e buscar certa evidência, e os 
comportamentos perigosos parecem ser um caminho para atingir estes 
objetivos. 
 
Tabela 92 – R – Distribuição do número de respostas do protocolo 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 22,07 8,90 15,00 41,00 
F-R 15 22,47 7,81 15,00 36,00 
M-NR 15 17,73 3,97 15,00 29,00 
F-NR 15 16,87 3,09 15,00 26,00 
 
Pelos dados da Tabela 92, pode-se observar que os componentes da 
amostra possuem capacidade para produção pessoal, tanto cognitiva como 
ideativa, além de adequados índices de produtividade, conseqüentemente, 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 218 
têm condições pessoais para se desenvolverem em termos acadêmicos e 
profissionais, independente do grupo a que estão vinculados, ou seja, M-R, 
F-R, M-NR ou F-NR. 
 
Tabela 93 – EA – Distribuição da experiência afetiva 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 4,50 2,34 1,00 9,00 
F-R 15 6,40 2,58 2,50 11,00 
M-NR 15 5,20 2,40 1,50 12,00 
F-NR 15 5,37 1,89 2,00 8,50 
 
 Pelos dados da Tabela 93, características do tipo de vivência dos 
sujeitos, ou seja, intratensivo, ambigual ou extratensivo revelam que os 
componentes da amostra possuem perfil ou capacidade para iniciar um 
conjunto de procedimentos pessoais na tomada decisões, ou melhor, têm 
fatores pessoais que desencadeiam e mobilizam o indivíduo para que utilize 
seus recursos no sentido de agir e tomar uma decisão ou resolver uma 
situação. Estas características, ou melhor, tipo de vivência, verificada entre 
os sujeitos, independem do grupo em que estão inseridos, ou seja, M-R, F-
R, M-NR ou F-NR. 
 
Tabela 94 – Nota D – Distribuição do índice de tolerância ao stresse 
Grupo N Média DP Min Máx 
M-R 15 -1,27 1,16 -3,00 0,00 
F-R 15 -0,93 1,53 -6,00 0,00 
M-NR 15 -0,47 0,83 -2,00 0,00 
F-NR 15 -0,53 0,92 -3,00 0,00 
 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 219 
 Os dados da Tabela 94 que lidam com o índice de tolerância ao 
estresse, demonstram que os sujeitos da pesquisa, pertencentes aos grupos 
religiosos ou não religiosos mostram susceptibilidade à descargas 
emocionais, portanto, são vulneráveis às situações de estresse situacional 
que poderão, dependendo de suas vivências, cronificar, ocasionando-lhes 
alterações físicas e ou psíquicas, caso essa cronificação venha a ocorrer. 
 
Síntese dos Resultados 
 
Ao término desta análise, percebe-se como importanteapresentar, 
sinteticamente, um perfil dos componentes da amostra, ou seja, dos 
adolescentes masculinos e femininos religiosos e não religiosos. 
As primeiras sete questões que fazem parte do “Questionário de 
Verificação de Presença de Religião”, oportunizaram a descrição e 
comparação das variáveis sociodemográficas. Assim, características como 
idade dos sujeitos, semestres e turno em que estão estudando, renda 
familiar, origem domiciliar se capital ou interior, proveniência familiar, se 
religiosa ou não, e, finalmente, se os componentes da amostra trabalham e 
estudam, concomitantemente, foram levantados. 
Apoiando-se nos resultados obtidos, observou-se que não existem 
diferenças significativas entre os grupos pesquisados, fato positivo para a 
pesquisa em si visto que não houve variáveis significativas entre os sujeitos 
que pudessem interferir no núcleo da presente pesquisa, ou seja, a 
influência da religião na vida dos adolescentes universitários. 
As demais questões, presentes no mesmo questionário, versavam 
sobre o posicionamento religioso e família dos componentes da amostra. 
Sobre o posicionamento religioso, pode-se destacar, de forma maciça, 
que os participantes da amostra acreditam em Deus, independentemente, de 
pertencerem aos grupos religiosos ou não religiosos. Muitos se posicionaram 
de forma neutra, ou melhor, não se situaram. Talvez entre esses sujeitos, 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 220 
muitos não acreditem em Deus, mas também não conseguiram lidar 
abertamente com a situação, possibilitando que se conclua que a força da 
religião no Brasil, entre outras variáveis, por exemplo, culturais, impeça 
posicionamentos mais polêmicos como o de declarar a não crença em Deus. 
Além desse aspecto, outros podem ser refletidos a respeito da 
influência dos posicionamentos religiosos. A religião, por exemplo, é vista 
como muito ligada às questões morais, sobretudo, por aqueles que 
conhecem melhor os aspectos religiosos, ou seja, teoricamente os jovens 
considerados religiosos. Os jovens deixam claro que adaptam seus 
comportamentos à luz dos preceitos religiosos, portanto, pode-se afirmar 
que a religião interfere de forma significativa no comportamento do indivíduo, 
podendo, inclusive, controlá-lo (Freud, 1927). 
Em relação às formas de controle, que podem ser promovidas pela 
religião, estas demonstram possuir uma base moral muito acentuada, 
possivelmente, tratando-se de controle rígido, porém, frágil, apesar da 
rigidez. Estes controles são emanados do Superego, elemento que obedece 
ao princípio da moralidade e faz parte da personalidade do indivíduo (Freud, 
1923/1925). 
No que se refere às questões voltadas a explorar a posição dos 
sujeitos em relação à família, percebe-se que, de forma quase unânime, os 
sujeitos da pesquisa entendem que a família é a base do indivíduo, resultado 
que corrobora com a teoria de Rosa (1996) sobre o quanto a família é 
importante ao indivíduo e para sua formação. 
Ainda enfocando a família, foi possível observar que os sujeitos dos 
grupos religiosos, cujas famílias, também, possuem uma base religiosa, são 
os mais rígidos e inflexíveis em termos morais, possivelmente, por terem 
adquirido estas características, tanto da religião como da própria família. 
Embora sejam considerados rígidos, os sujeitos de grupos religiosos são os 
que se mostram mais equilibrados diante das situações tipicamente 
desconcertantes, próprias do cotidiano ou não das pessoas. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 221 
Quanto aos pontos mais relevantes da presente pesquisa surgidos 
com base no uso de um segundo instrumento, desta feita, o Método de 
Rorschach, observa-se que, de forma geral, os adolescentes possuem uma 
organização psicológica que os torna mais vulneráveis a desenvolverem 
sintomas depressivos, além de possuírem considerável inconstância no 
predomínio das emoções e da cognição, fato que pode ser percebido normal 
para a faixa etária, conforme afirma Erikson (1968). Um outro ponto que 
pode ser considerado importante que envolve o tema deste trabalho, ou 
seja, a influência da religião na vida dos jovens universitários é, se esta 
influência favorece aos comportamentos mais rígidos ou mais flexíveis por 
parte dos jovens. 
Pelos resultados, pode-se afirmar que o jovem contemporâneo, 
independentemente de ser religioso ou não, apresenta um perfil de certa 
rigidez e inflexibilidade em sua conduta cotidiana, contudo os componentes 
da amostra pertencentes ao grupo M-NR mostram-se muito rígidos, 
inflexíveis e com maior dificuldade para se adaptarem aos acontecimentos 
do cotidiano. 
Além disso, são mais conservadores e convencionais, no que tange 
aos comportamentos mais usuais, comparando-se os sujeitos pertencentes 
aos grupos religiosos. Hipoteticamente, a falta de orientação religiosa e um 
controle externo podem ser compensadas pelo adolescente pela rigidez, 
como modo de se manter adequado em relação ao meio social. 
O Método de Rorschach indica que os adolescentes universitários 
pertencentes aos grupos religiosos, M-R e F-R possuem alta vulnerabilidade 
às questões emocionais, que criam tensão e mal-estar. Estes jovens 
demonstram sentimentos de desamparo, com os quais não conseguem lidar 
de forma objetiva. Acabam por sofrer com tensões internas de natureza 
estressante. 
Pode-se inferir que isto ocorra com os jovens religiosos pelo fato 
destes participarem mais do mundo e menos da família de forma tardia, ou 
seja, apenas quando se encontram na parte final da adolescência. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 222 
Conforme as idéias de Fowler (1992), as novas experiências passam 
a fasciná-los, enquanto os distanciam da família. Dessa forma, os 
sentimentos de desamparo, tensão e ansiedade são quase inevitáveis. No 
que se refere aos jovens não religiosos, M-NR e F-NR, estes parecem 
amadurecer mais cedo, tornam-se independentes precocemente e 
enfrentam melhor as novas experiências do mundo, suportando com mais 
facilidade o distanciamento familiar, resistindo às tensões e ao estresse. 
Embora o adolescente religioso mostre-se vulnerável às questões 
emocionais, este é mais prudente e equilibrado em suas reações quando se 
depara com os acontecimentos do dia-a-dia. Às vezes, mostra-se até mais 
submisso ao mundo, contudo acaba se defrontando menos com situações 
desagradáveis que atingem as pessoas impulsivas, por exemplo. 
Por outro lado, o adolescente não religioso é dotado de maior 
impulsividade, possui atitudes mais efetivas e objetivas perante a realidade, 
portanto, está mais sujeito a atitudes sobre as quais venha a se arrepender 
pelo imediatismo da ação praticada. Como se pode verificar, a religião, 
realmente, controla o indivíduo, sendo essa uma afirmação de Freud (1927) 
que continua válida até os dias atuais. 
O Método de Rorschach aplicado nos componentes da amostra da 
presente pesquisa demonstra que os adolescentes universitários 
pertencentes ao grupo masculino religioso (M-R) possuem adequada 
condição de relacionamento interpessoal, o mesmo ocorrendo com os 
grupos masculinos não religiosos M-NR e femininos não religiosos F-NR. 
O grupo feminino religioso F-R apresenta dificuldades quanto ao 
relacionamento interpessoal, indicando falta de aptidão ou déficit nas 
questões relativas a relacionamentos. Hipoteticamente, pode-se afirmar que 
estas dificuldades acontecem em lugar da acentuada influência da família e 
da religião em relação à moral e sobre o próprio comportamento esperado 
para a mulher, ou seja, ser uma pessoa mais familiar, maternal e 
introspectiva, fato que compromete suas relações com as demais pessoas. 
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃODOS RESULTADOS 223 
Nos dias atuais, esta situação acaba chamando atenção de forma 
negativa, visto que a comunicação é uma das prioridades da sociedade 
moderna e o jovem, via de regra, busca se comunicar para se manter 
integrado a seus pares (Rosa, 1996). 
Finalmente, o Método de Rorschach oferece, de forma panorâmica, 
uma visão sobre os adolescentes universitários, independente da variável 
gênero. Pode-se afirmar, então, que os adolescentes religiosos são jovens 
ansiosos e estressados e os adolescentes não religiosos mostram-se tensos 
e insatisfeitos. Dessa forma, tanto os jovens próximos a alguma religião 
como os menos próximos dos ensinamentos religiosos apresentam sinais de 
que nem tudo vai bem em relação às suas emoções. Estes sinais talvez 
nunca tenham deixado de existir nos jovens e, provavelmente, resultam da 
própria condição de adolescente de cada um, ou seja, do momento em que 
os novos desafios surgem para serem encarados e, preferencialmente, 
vencidos. 
Entre os desafios, conforme já foi explicado na seção 2 deste 
trabalho, está a busca pela profissionalização, independência financeira, 
status na sociedade, formação da própria família entre outras questões. 
Além disso, essa busca tende a acontecer um pouco mais distante da 
segurança e do equilíbrio representados pelos pais, família como um todo, 
escola, religião e quem sabe Deus, visto ser na adolescência o período da 
vida em que a busca pelo novo mais ocorre, comparativamente às demais 
fases da vida da pessoa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 225 
 
 
 
 
 
Este estudo apresentou como objetivo geral verificar a influência da 
religião na dinâmica da personalidade de adolescentes universitários da 
Grande São Paulo. 
Em relação a esta proposição, observou-se que a religião influencia 
significativamente o comportamento dos adolescentes universitários, que 
confirmam, que os propósitos divinos e as crenças religiosas influenciam 
seus comportamentos, tanto é que a Tabela 10, por exemplo, demonstra o 
porcentual de sujeitos que entendem que os propósitos divinos sobre si 
mesmos levam a uma conduta de vida mais adequada, mais controlada. A 
Tabela 18, mostra a porcentagem, na qual os sujeitos da pesquisa percebem 
a influência das crenças religiosas em seus comportamentos. 
Com base no objetivo geral acima, surgiu a primeira hipótese do 
estudo: na interação entre adolescentes e ambiente religioso, este afeta a 
personalidade dos adolescentes. Quanto a esta hipótese, pode-se afirmar o 
seguinte: 
· em sua maioria, os jovens religiosos, provêm de família religiosa, assim, 
convivem com mais questões religiosas, comparativamente, com os não 
religiosos; 
· os jovens religiosos pensam mais em Deus, têm maior adesão à religião 
e louvam mais a Deus. Desse modo, esforçam-se para não fazer mal às 
pessoas, comportando-se diferentemente dos jovens não religiosos, que 
não apresentam essas preocupações. 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 226 
Pelo exposto, considera-se que a convivência ou interação do 
adolescente com o ambiente religioso provoca uma mudança na forma de 
agir do adolescente religioso, comparativamente, ao adolescente não 
religioso, ou seja, existem alterações nos comportamentos dos jovens ou na 
dinâmica de sua personalidade, ou melhor, no funcionamento desta, apoiada 
na introjeção dos conhecimentos religiosos. 
Entretanto, quando se fala em alteração da dinâmica da 
personalidade, não se está fazendo referência obrigatória à estrutura da 
personalidade. Assim, a hipótese levantada está confirmada, ou seja, na 
interação entre adolescente e ambiente religioso, este último afeta a 
dinâmica da personalidade do adolescente, seu comportamento, sua forma 
de encarar os valores éticos e morais, as normas, porém, sem interferir na 
estrutura da personalidade. 
Uma segunda hipótese foi apresentada: dependendo das relações do 
adolescente com o ambiente durante seu desenvolvimento, a personalidade 
mostrar-se-á, mais ou menos, sensível às religiões e às suas influências, e 
estas agirão sobre o dinamismo da personalidade, tornando-a mais flexível e 
adaptável ou, mais rígida, repressora e dogmática. 
Fundamentando-se na presente pesquisa esta hipótese está 
confirmada inteiramente, podendo-se afirmar que os jovens que convivem 
em ambientes religiosos, conforme já foi explicitado, pensam mais em Deus, 
aderem com mais facilidade às religiões e louvam mais a Deus, entre outras 
coisas. Dessa forma, preocupam-se com seus comportamentos, valorizam 
mais os aspectos ético - morais e os valores sociais que, em última análise, 
são reflexos dos ensinamentos e influência das religiões sobre os indivíduos. 
Portanto, dependendo das relações do adolescente com o ambiente 
religioso, durante seu desenvolvimento, a personalidade tornar-se-á mais ou 
menos sensível às religiões, às suas influências e estas agindo sobre a 
dinâmica da personalidade que nada mais é que o comportamento da 
pessoa expresso, após ser influenciado pelas questões religiosas. 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 227 
As terceira e quarta hipóteses desta pesquisa, assim como seus 
objetivos específicos versam sobre a estrutura da personalidade e suas 
características, portanto, as observações que serão apresentadas, a seguir, 
baseiam-se não só no Questionário de Constatação Qualitativa (Anexo III), 
mas também nos resultados obtidos apoiados no Método de Rorschach, 
instrumento que avalia a estrutura da personalidade do indivíduo. 
A terceira hipótese afirma: adolescentes, comprovadamente, mais 
religiosos com tendências a serem mais rígidos, moralistas e dogmáticos, 
características estas que contribuem negativamente para a organização e 
integração da personalidade em si e desta com o ambiente. 
À luz dos resultados obtidos, baseados no Questionário de 
Constatação Qualitativa (Anexo III) e Método de Rorschach, os adolescentes 
considerados religiosos indicam possuir posições morais mais rígidas, 
acentuado temor a Deus, submissão ao pai, obediência às figuras de 
autoridade e família mais rigorosa no tocante à educação. 
Estas posições, isoladamente, funcionam como mecanismos de 
controle do indivíduo; quando presentes, de forma conjunta, indicam 
mecanismos controladores mais rígidos, baseados mais no Superego, ou 
seja, mais em bases morais e menos nas racionais, podendo não ser 
totalmente confiáveis. 
Em que pese tais resultados, o Método de Rorschach não indicou 
sinais de que esses mecanismos de controle contribuam negativamente para 
a organização e integração da personalidade em si e desta com o ambiente, 
pelo contrário, o adolescente religioso, embora pareça mais tenso ao 
conviver com situações ansiógenas, mostra-se mais prudente e equilibrado 
diante dos acontecimentos próprios do dia-a-dia, não demostrando grandes 
dificuldades para enfrentar, eficientemente, as demandas comuns de seu 
meio social. Assim, pode-se afirmar que a hipótese terceira está confirmada 
parcialmente, pois observa-se que os adolescentes universitários religiosos 
expressam maior rigidez, moralismo e dogmatismo; contudo, estas 
características demonstram ser reprodução do que lhes é ensinado pautado 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 228 
nos preceitos religiosos que não interferem na estrutura da personalidade 
em si, bem como não indicam prejudicar nem a organização desta, nem a 
integração do indivíduo com seu ambiente. 
Quanto à quarta hipótese: adolescentes reconhecidamente menos 
religiosos mostram-se mais flexíveis, com maior condição de reflexão e 
adaptabilidade ao ambiente e possuem maior espontaneidade em suas inter-

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