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SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS Katia Cilene Neles da Silva Governança Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Analisar o conceito de governança e sua necessidade na abertura de capital de uma empresa. � Diferenciar planejamento estratégico, plano diretor de TI e planeja- mento estratégico de TI. � Relacionar os pilares da Lei Sarbanes-Oxley. Introdução Vivemos em uma época em que cada vez mais é exigido transparência nos relacionamentos corporativos, seja entre os sócios, entre a organiza- ção e seus investidores, funcionários, clientes e fornecedores. Para isso, é necessário haver um controle criterioso controle na gestão financeira, nas rotinas e processos, na implementação de planejamentos, no código de condutas, ou seja, na gestão como um todo. Todas essas características pertencem à governança, responsável por nortear todos os processos de uma organização e tornar a sua conduta transparente, permitindo que a organização mantenha-se forte e sólida na construção de seu sucesso. Neste capítulo, você analisará o conceito de governança e sua ne- cessidade na abertura de capital de uma empresa, saberá diferenciar planejamento estratégico, plano diretor de tecnologia da informação (TI) e planejamento estratégico de TI, além de relacionar os pilares da Lei Sarbanes-Oxley (SOx). Governança em tecnologia da informação A governança em TI é um dos braços da governança corporativa, para que você entenda o conceito de governança em TI, primeiramente é preciso entender o conceito de governança corporativa, que, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, [201?]): Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organiza- ções são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas. As boas práticas de governança corporativa convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade da gestão da organização, sua longevidade e o bem comum. Como todas informações cruciais de uma empresa ficam armazenadas nos sistemas de informações, é preciso ter a garantia de que elas estão seguras e com os acessos monitorados. Para entender o quão grave e importante é a implementação de sistemas de segurança das informações, o congresso norte-americano criou uma a chamada Lei SOx, com o objetivo de fomentar a criação de mecanismos de segurança confiáveis nas empresas, garantindo a transparência na condução de seus negócios. O conceito da governança em TI é, portanto, estabelecer controles que garantam máxima transparência no fluxo de informações da empresa para os acionistas, diretores e gestores. Alguns fatores motivadores para a implementação da governança de TI são: � integração tecnológica; � estar de acordo com normas e regulações do mercado; � manter o ambiente de negócio atualizado; � TI fazendo o papel de prestador de serviço; � segurança da informação; � dependências do negócio em relação à TI; � prestação de contas; � transparência. Lei Sarbanes-Oxley Você acabou de ver que esta lei foi criada pelo congresso norte-americano a fim de estabelecer regras com o foco na transparência no fluxo das informações das empresas. Confira a seguir os principais requisitos da lei: Governança2 � controlar a criação, a edição e o versionamento dos documentos em um ambiente de acordo com os padrões ISO, para controle de todos os documentos relativos à Seção 404 da Lei SOx; � cadastrar os riscos associados aos processos de negócios e armazenar os desenhos de processo; � utilizar ferramentas como editor de texto e planilha eletrônica para criação e alteração dos documentos da Seção 404 da Lei SOx; � publicar em múltiplos websites os conteúdos da Seção 404 da Lei SOx; � gerenciar todos os documentos controlando seus períodos de retenção e distribuição; � digitalizar e armazenar todos os documentos que estejam em papel, ligados à seção 404. Seção 404 A Seção 404 da Lei SOx determina uma avaliação anual dos controles e procedimentos internos para emissão de relatórios financeiros. Além disso, o auditor, independentemente da companhia, deve emitir um relatório distinto, que ateste a asserção da administração sobre a eficácia dos controles internos e dos procedimentos executados para a emissão de relatórios financeiros. Acordo de Basileia Um dos acontecimentos mais conhecidos relacionados à preocupação de riscos é o Acordo de Basileia I, de 1988, realizado na cidade de Basileia na Suíça. O acordo de Basileia tem o objetivo de fixar índices, criando uma padroniza- ção financeira mundial, tendo como objetivo diminuir o risco operacional e, consequentemente, o risco das instituições financeiras “falirem”. Em 2004, esse acordo ganhou sua segunda versão, o Basileia II, trazendo melhorias nas regras estabelecidas, algumas impactando diretamente a área de TI. Alguns pontos que o Acordo Basileia II impacta em TI são: capacidade de armazenamento de dados, integridade das transações, segurança, contingência, planejamento da capacidade, integridade na emissão de relatórios entre outros. 3Governança Gestão de portfólios e projetos A gestão de portfólio de projetos, do inglês Project Portfolio Management (PPM), é responsável por trabalhar com vários projetos de forma paralela em um único portfólio e com objetivos comuns, obtendo, assim, a maximização dos resultados e a otimização na alocação integrada dos recursos da empresa. Ela controla e gerencia o andamento do desenvolvimento dos projetos e, em acordo com a estratégia definida pela empresa, os projetos são escolhidos e priorizados para o desenvolvimento. O principal objetivo é a otimização do retorno sobre o investimento (ROI), aplicado na execução de todos os projetos relacionados em sintonia com os objetivos da organização. Logo, os critérios de priorização do portfólio para desenvolvimento se baseiam em investimentos de recursos alinhados às estratégias da empresa. Normas e procedimentos para gestão de tecnologia da informação Quando falamos em implementação de práticas e rotinas para a segurança das informações, significa seguir modelos existentes no mercado que auxiliam na aplicação correta da governança de TI. Eles estão em total sintonia com a Lei SOX e o acordo de Basileia. A seguir, você irá conhecer as principais normas e procedimentos para gestão de TI. � Information Technology Infrastructure Library (ITIL): é a publicação das melhores práticas para gerenciamentos de serviços em TI. � Control Objectives for Information and related Technology (COBIT): é um framework de boas práticas criado pela Information Systems Audit and Control Association (ISACA) para a governança de TI. � Capability Maturity Model Integration (CMMI): é um modelo com enfoque para a capacidade de maturidade de processos de software. � Project Management Book Of Knowledge (PMBOK): é um guia criado pelo Project Management Institute (PMI), que tem o objetivo de divulgar boas práticas que podem ser aplicadas em gerenciamento de projetos. � Norma brasileira ISO International Electrotechnical Commission (IEC) NBR ISSO/IEC nº 17799: é um código de prática para a gestão de segu- rança da informação, que tem como objetivo “estabelecer diretrizes e Governança4 princípios gerais para iniciar, implementar, manter e melhorar a gestão de segurança da informação em uma organização”. A Figura 1 apresenta as áreas de foco da governança de TI. Figura 1. Ilustração das cinco áreas de foco da governança de TI de acordo com o COBIT. Fonte: OpServices (2014). Governança de tecnologia da informação de acordo com o Control Objectives for Information and related Technology O COBITpossui o propósito de entregar todas as informações que a or- ganização precisa para atingir os seus objetivos. Segundo a publicação do COBIT 4.1: “Essas áreas de foco em governança de TI descrevem os tópicos 5Governança que os executivos precisam atentar para direcionar a área de TI dentro de suas organizações”. A seguir, você verá um resumo das cinco áreas de foco segundo o COBIT. � Alinhamento estratégico: segundo o COBIT, “focar em garantir a ligação entre os planos de negócios e de TI, definindo, mantendo e validando a proposta de valor de TI, alinhando as operações de TI com as operações da organização”. � Entrega de valor: segundo o COBIT, “é a execução da proposta de valor de TI através do ciclo de entrega, garantindo que TI entrega os prometidos benefícios previstos na estratégia da organização, se concentrado em otimizar custos e provendo o valor intrínseco de TI”. � Mensuração de desempenho: segundo o COBIT, esta área de foco “acompanha e monitora a implementação da estratégia, término do projeto, uso dos recursos, processo de performance e entrega dos ser- viços, usando, por exemplo, “balanced scorecards” que traduzem as estratégias em ações para atingir os objetivos, medidos através de processos contábeis convencionais”. � Gestão de recursos: segundo o COBIT, “refere-se à melhor utilização possível dos investimentos e o apropriado gerenciamento dos recursos críticos de TI: aplicativos, informações, infraestrutura e pessoas”. � Gestão de risco: segundo o COBIT, “requer a preocupação com riscos pelos funcionários mais experientes da corporação, um entendimento claro do apetite de risco da empresa e dos requerimentos de conformi- dade, transparência sobre os riscos significantes para a organização e inserção do gerenciamento de riscos nas atividades da companhia”. Para saber mais sobre como a governança de TI pode ajudar uma organização na busca de seus objetivos, leia o livro Governança de TI, escrito em 2005 por Peter Weill. Governança6 Planejamento estratégico O planejamento estratégico é o conjunto de mecanismos e processos que definem metas, ações e decisões na busca de um objetivo, o sucesso. Tanto o plano como a estratégia se complementam, embora sejam distintos. O plano é baseado em metodologias formais com conhecimento específico para a reali- zação de um projeto, já a estratégia é formada por ideias podendo originar-se de qualquer pessoa. Ferramentas No planejamento estratégico podem ser utilizadas inúmeras ferramentas para análise e elaboração de um planejamento, veja a seguir algumas dessas ferramentas. � Análise política, econômica, social e tecnológica (PEST): cobre os elementos remotos de ambiente externo, como políticos, econômicos, sociais e tecnológicos. � Planejamento de cenários: foi originalmente usado nas forças militares e, recentemente, usado por grandes corporações para analisar cenários futuros. � Análise das cinco forças de Porter: aborda a atratividade da indústria e a rivalidade por meio do poder de barganha dos compradores e forne- cedores e a ameaça de produtos de substituição e novos concorrentes no mercado. � Análise SWOT (strengths, weaknesses, opportunities e threats): aborda forças e fraquezas internas em relação às oportunidades e ameaças externas. � Matriz de parcela de crescimento: envolve decisões de portfólio sobre quais empresas reter ou alienar. � Balanced Scorecards e mapas de estratégia: cria um quadro sistemático para medir e controlar a estratégia. � Avaliação responsiva: utiliza uma abordagem de avaliação constru- tivista para identificar os resultados dos objetivos, que, em seguida, suporta futuros exercícios de planejamento estratégico. 7Governança Planejamento estratégico de tecnologia da informação O planejamento estratégico de tecnologia da informação (PETI) define todas as diretivas voltadas à TI de uma organização, como objetivos, alinhamentos, direções, concentrações de esforços, flexibilidade, continuidade dos negócios em áreas estratégicas e estruturação. Ele necessita estar em sintonia com o planejamento estratégico corporativo, pois é o responsável por transmitir missão, visão e metas de curto e longo prazo voltadas ao setor de TI, permitindo a execução dos objetivos traçados para a empresa sair do ponto atual no presente para o ponto desejado no futuro. Sua função principal é, por meio do planejamento, definir alocações de recursos, disponibilização de serviços, mensurabilidade de capacidade de infraestrutura para garantir o correto funcionamento de todo o fluxo de ações e serviços necessários para o funcionamento da TI da empresa. Plano diretor de tecnologia da informação O plano diretor de TI (PDTI) é o documento que considera tudo o que foi estabelecido no planejamento estratégico de TI e os transforma em ações e projetos, que irão permitir que os objetivos definidos sejam alcançados visando ao sucesso na implementação da governança de TI. Ele também é responsável pela definição de processos críticos que impeçam descontinuidade, falhas e má comunicação entre os envolvidos na execução dos projetos. Além disso, ele é o responsável pelo levantamento de toda a infraestru- tura e os recursos disponíveis e necessários para a execução dos objetivos, sintetizando suas implementações de forma tática e estratégica por meio de cronogramas, prazos, orçamentos, etc. Veja um exemplo na Figura 2. O PETI é o responsável por definir os objetivos e projetos estratégicos da empresa, alinhando esses objetivos ao planejamento estratégico corporativo. O PDTI é o respon- sável pelo estabelecimento de diretrizes para a TI e que tratam dos planos de execução dos projetos prioritários e da alocação de recursos gerados após o planejamento estratégico de TI. Governança8 Figura 2. Fluxograma da implementação do PETI. Fonte: Adaptada de OpServices (2014). GOVERNANÇA corporativa. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, [201?]. Dispo- nível em: . Acesso em: 12 mar. 2018. O QUE você deve saber sobre governança de TI. OpServices, 1 abr. 2014. Disponível em: . Acesso em: 8 mar. 2018. Leituras recomendadas CHIARI, R. O que é COBIT? Compreenda os principais conceitos do framework. ITSM na prática, 8 mar. 2016. Disponível em: . Acesso em: 17 fev. 2018. CHIARI, R. O que é ITIL? Tudo o que você precisa saber sobre o tema. ITSM na prática, 15 out. 2016. Disponível em: . Acesso em: 17 fev. 2018. DOROW, E. Governança e a gestão de riscos em TI. Governança de TI, 27 nov. 2010. Disponível em: . Acesso em: 17 fev. 2018. 9Governança http://www.ibgc.org.br/index.php/governanca/governanca-corporativa https://www.opservices.com.br/governanca-de-ti/ https://www.itsmnapratica.com.br/compre- https://www.itsmnapratica.com.br/tudo-sobre-itil/ http://www.governancadeti.com/2010/11/governanca-e-a-gestao- DOROW, E. O que é Governança de TI e para que existe? Governança de TI, 26 jul. 2010. Disponível em: . Acesso em: 17 fev. 2018. DOROW, E. Os 5 focos da governança de TI, segundo o COBIT 4.1. Profissionais TI, 11 maio 2011. Disponível em: . Acesso em: 15 fev. 2018. FARIA, A. L. Conheça a NBR ISO/IEC 27002 – parte 1. Profissionais TI, 3 mar. 2010. Dispo- nível em: . Acesso em: 15 fev. 2018. GESTÃO de TI: entenda tudo sobre planejamento estratégico do setor de TI. Telium, 30 jan. 2017. Disponível em: .Acesso em: 17 fev. 2018. LEI Sarbanes-Oxley. Wikipedia, 10 jan. 2006. Disponível em: . Acesso em: 16 fev. 2018. O QUE é gestão de portfólio de projetos? Project Builder, 30 maio 2017. Disponível em: . Acesso em: 15 fev. 2018. PLANEJAMENTO estratégico. Wikipedia, 28 jul. 2006. Disponível em: . Acesso em: 16 fev. 2018. VIDIGAL, V. PMBOK: Conceitos. Medium, 4 jun. 2013. Disponível em: . Acesso em: 15 fev. 2018. 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