Logo Passei Direto
Buscar

Sistema de Transcrição para Libras

User badge image
Joel

em

Ferramentas de estudo

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 
LIBRAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA – 4 
 
SISTEMA DE 
TRANSCRIÇÃO PARA A 
LIBRAS 
 
Prezado aluno, 
 
 
O estudo dos movimentos do corpo e das expressões faciais humanas não 
é um campo novo de pesquisa. Movimentos e expressões faciais são utilizados há 
séculos por artistas em geral, como atores, dançarinos e pintores, para atribuir 
realismo e sentimento às suas obras. Mais recentemente, designers gráficos e de 
animação por computador também estudam as expressões corporais e faciais, a 
fim de transmitir emoção e personalidade a personagens virtuais. Desde meados 
de 1950 estudiosos tentam criar sistemas de transcrição para descrever 
movimentos. Um dos primeiros registros de um sistema de transcrição para língua 
de sinais é de Stokoe (1960). 
 Uma grande variedade de sistemas de transcrição surgiu desde então. 
Porém, segundo McCleary & Viotti (2007), os sistemas de transcrição disponíveis 
atualmente não têm atingido aceitação ampla na literatura linguística pela 
dificuldade de leitura que apresentam para pessoas não especialmente treinadas. 
Apesar de as línguas sinalizadas serem estudadas pelos linguistas por mais de 
meio século, o problema de sua transcrição continua sendo um desafio sem solução 
clara. 
Bons estudos! 
 
 
 
4. O SISTEMA DE TRANSCRIÇÃO PARA A LIBRAS 
Com o intuito de apresentar um instrumento didático para o ensino da Língua 
Brasileira de Sinais (Libras) a pessoas ouvintes, Felipe e Monteiro (2007), adequaram 
um padrão de combinações que possibilitou a explicação dos movimentos 
articulatórios visuais em forma de escrita “Libras em Contexto”. Essa pesquisa deixou 
mais próximo dos recursos textuais da Língua Portuguesa o estudo e o ensino da 
Libras, por meio do uso de filmes em DVD realizados por surdos, uma vez, que a 
língua de sinais possui aspectos próprios que requerem tecnologia apropriada para 
sua propagação e reprodução no ensino, como a exibição de vídeos. 
Combinado com vídeos, esse protótipo de códigos se tornou uma formula 
padronizada utilizada por diversos pesquisadores e especialistas do ensino da língua 
de sinais. O Signwriting também é uma possibilidade e espécie de escrita para a língua 
de sinais, contudo, esse método requer um tempo significativo para ser estudada e 
aprendida. Entretanto, é uma técnica bem vista por diversos tradutores, discentes e 
cientistas de línguas de sinais por todo mundo. 
4.1 O sistema de notação em palavras 
É um método de representação de línguas de sinais por meio de palavras em 
uma língua falada. Nesse sistema, cada sinal da língua de sinais é associado a uma 
palavra ou expressão da língua falada que o descreve ou o traduz. 
Por exemplo, o sinal em língua de sinais para "cachorro" pode ser representado 
no sistema de notação em palavras como a palavra "cachorro" ou a expressão "animal 
de estimação que late e tem quatro patas". Esse sistema é amplamente utilizado em 
contextos educacionais e de interpretação, permitindo que pessoas surdas e ouvintes 
se comuniquem por meio de uma língua comum, a língua falada. 
No entanto, ele tem algumas limitações. Uma delas é que ele não é capaz de 
representar completamente a riqueza e a complexidade das línguas de sinais, que 
possuem sua própria gramática e estrutura linguística. Além disso, a tradução direta 
para a língua falada pode não ser precisa ou adequada em todos os casos, o que 
pode levar a mal-entendidos e incompreensões. 
 
 
 
O sistema de notação em palavras é nomeado assim pelo fato de o léxico da 
língua oral-auditiva serem usadas para descrever de forma realista a execução da 
comunicação em língua de sinais, que é tridimensional e espaço-visual. Abaixo, 
veremos de que forma a apresentação dos sinais manuais e não manuais em Libras 
é feita na forma escrita: 
1- Todas palavras da Língua Portuguesa que tenha um sinal correspondente 
em Libras deverá ser grafada em letras maiúsculas. Exemplos: 
 
Fonte: adaptada de Felipe e Monteiro (2007). 
2- Na Língua Portuguesa, o hífen é utilizado quando um sinal único representa 
uma ação constituída por mais de uma palavra. 
 
Fonte: adaptada de Felipe e Monteiro (2007). 
3- Quando dois ou mais sinais em Libras são executados à parte, porém 
comprometido a formar um único conceito, as palavras que o constituem são escritas 
separadamente e unidas pelo símbolo “^”. 
 
Fonte: adaptada de Felipe e Monteiro (2007). 
 
 
 
4- Quando uma palavra não tem um sinal próprio em Libras, ou quando se quer 
representar nomes próprios (como nomes de pessoas, lugares, objetos etc.), a técnica 
da "datilologia" é utilizada e, com isso, cada letra é escrita separadamente e unida por 
hifens "-". 
 
Fonte: adaptada de Felipe e Monteiro (2007). 
Quando a soletração ou datilologia de uma palavra é utilizada como um sinal 
na Libras, esse sinal é acrescido ao léxico da língua de sinais. Esse recurso é 
conhecido como "empréstimo linguístico", e a essa prática de escrita desse sinal deve 
ser impressa em itálico. 
 
Fonte: adaptada de Felipe e Monteiro (2007). 
6- Para a formação de gêneros e números em Libras, não existe desinência, 
como ocorre em línguas orais. Em vez disso, é utilizado o sinal de "HOMEM" para 
"masculino" ou o sinal de "MULHER" para "feminino", juntamente com os 
"classificadores" ou "intensificadores". Dessa forma, a desinência de gênero é 
representada pelo símbolo "@" em Libras. 
 
Fonte: adaptada de Felipe e Monteiro (2007). 
 
 
 
7- Quando um sinal em Libras carrega consigo uma Expressão Não Manual 
(ENM) simultaneamente, as expressões serão exibidas ao lado do sinal para indicar 
ideias como frases interrogativas (?), negativas (-), exclamativas (!), advérbios de 
modos, () maior, ou (+) para um intensificador. Os símbolos, tais como?! 
+ - , são escritos em "subscrito", Felipe e Monteiro (2007). 
 
Fonte: adaptada de Felipe e Monteiro (2007). 
8- Não há concordância de gênero (masculino ou feminino) para pessoas, 
coisas ou animais para os verbos em Libras. No entanto, para especificar o tipo de 
entidade envolvida na ação, são utilizados os "classificadores" (CL), que são sinais 
específicos que acompanham o verbo. Quando necessário, o tipo de classificador 
utilizado será indicado em subscrito. Felipe e Monteiro (2007). 
 
Fonte: adaptada de Felipe e Monteiro (2007). 
9- Felipe e Monteiro (2007), explica que os verbos que possuem características 
locativas ou de número-pessoal e são representados por movimentos direcionados, 
são grafados com a palavra correspondente acompanhada por uma letra em 
subscrito, indicando: 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: adaptada de Felipe e Monteiro (2007). 
10- Quando um sinal exigir que se use uma mão exclusiva ou o uso simultâneo 
de ambas, é indicado (md) para "mão direita" e (me) para "mão esquerda” Felipe e 
Monteiro (2007). 
 
Fonte: adaptada de Felipe e Monteiro (2007). 
4.2 Sistema de transcrição SignWriting 
De acordo com Sutton (1999), o SignWriting é um sistema de escrita visual que 
permite a representação gráfica de linguagens de sinais (LS). Esse sistema foi 
desenvolvido na década de 1970 por Valerie Sutton, que buscava um método de 
transcrição que permitisse uma representação precisa e completa das línguas de 
a) Variável de lugar: 
i = ponto próximo à 1º pessoa 
j = ponto próximo à 2º pessoa 
k e k’ = próximos à 3º pessoa 
b) Pessoas gramaticais
1s, 2s, 3s = (1º, 2º, 3º pessoas do 
singular) 
1d, 2d, 3d = (1º, 2º, 3º pessoas do 
dual²) 
1p, 2p, 3p = (1º, 2º, 3º pessoas do 
plural) 
D e E = Direita e Esquerda 
 
 
 
sinais. Desde então, o SignWriting tem sido utilizado por pesquisadores, professores 
e comunidades surdas em todo o mundo como uma ferramenta para documentação, 
educação e comunicação. 
O SignWriting tem como base símbolos gráficos que representam os 
movimentos das mãos,expressões faciais e outras características da língua de sinais. 
Esses símbolos são organizados em um sistema de escrita que permite a 
interpretação de frases, histórias e outras formas de comunicação. O sistema é 
bastante flexível e pode ser adaptado para representar diferentes línguas de sinais, 
bem como diferentes dialetos ou variações regionais dentro de uma língua. 
Uma das vantagens do SignWriting é a sua precisão e clareza. Diferentemente 
de outros sistemas de escrita para línguas de sinais, como o glossário ou a notação 
HamNoSys, o SignWriting é capaz de representar com precisão os detalhes dos 
movimentos das mãos, expressões faciais e outros aspectos da língua de sinais. Isso 
torna o sistema útil para a documentação de línguas de sinais que ainda não foram 
completamente descritas ou que são pouco conhecidas. 
Além disso, o SignWriting pode ser uma ferramenta valiosa para a educação 
de surdos e ouvintes. O sistema pode ser utilizado para a criação de materiais 
didáticos, como livros, vídeos e apresentações, que ensinam as línguas de sinais de 
modo claro e preciso. Também pode ser usado para a comunicação entre pessoas 
surdas e ouvintes, permitindo que as informações sejam trocadas de forma mais 
eficiente e precisa. 
Entretanto, como qualquer sistema de escrita, o SignWriting possui suas 
limitações. Uma delas é a dificuldade de aprendizado para pessoas que não estão 
familiarizadas com o sistema. Embora seja possível aprender a escrever e ler 
SignWriting com a prática, pode levar tempo para se tornar proficiente no sistema. 
Além disso, como o SignWriting é um sistema relativamente novo, ainda há muitas 
línguas de sinais que não foram completamente transcritas no sistema. 
No sistema de escrita SignWriting, a posição das mãos é representada por três 
símbolos: fechada, aberta ou plana, conforme demonstrado nas Figuras 1 a, b e c, 
respectivamente. A transcrição dos sinais é feita considerando o panorama da pessoa 
de quem está demonstrando, ou seja, observando as próprias mãos. Assim, é possível 
representar a palma, o dorso ou o lado da mão. Para indicar o espaço de sinalização, 
o SignWriting utiliza setas. 
 
 
 
Figura 1: Representação de mãos em SignWriting 
 
Fonte: adaptada de Amaral (2012). 
Afora a descrição da expressão facial, uma das principais características 
distintivas da técnica de escrita SignWriting é a apresentação do dinamismo das 
movimentações. Em SignWriting, há símbolos específicos para representar a 
dinâmica dos movimentos, que suportam ser agregados aos símbolos de movimento 
ou expressões faciais para indicar simultaneidade ou outras características, como 
movimentos alternados, rápidos, suaves, tensos ou relaxados. 
Por exemplo, é possível representar o movimento das duas mãos es 
simultaneamente, bem como indicar se o movimento é rápido ou suave. A Figura 2 
apresenta o sinal CASA descrito em SignWriting, demonstrando como os símbolos de 
dinâmica são incorporados aos símbolos de movimento e expressões faciais para 
fornecer informações mais detalhadas sobre o sinal em questão. 
 
Fonte: adaptada de Amaral (2012). 
 
 
 
Os sinais estruturados com a palma da mão voltada para o lado são realizados 
em SignWriting por meio do símbolo apresentado na Figura 3 (a), conforme 
demonstrado na Figura 3 (b). 
 
 
Fonte: adaptada de Amaral (2012). 
O símbolo presente na descrição do sinal CASA é inclinado devido à inclinação 
das mãos. O asterisco que aparece no topo da notação aponta que há contato entre 
as pontas dos dedos. As mãos se movem na diagonal para baixo, contornando o 
telhado de uma casa, como indicado pelos sinais de flecha para baixo na Figura 4. A 
seta preenchida (escura) corresponde à mão direita, enquanto a seta não preenchida 
(branca) corresponde à mão esquerda. 
 
 
Fonte: adaptada de Amaral (2012). 
 
 
 
O sinal de parênteses horizontais abaixo das setas significa que o movimento 
ocorre sincronicamente, mas não descreve o contato preciso entre as mãos. Embora 
o SignWriting seja abrangente, ele não oferece detalhes geométricos suficientes para 
a reprodução computacional dos sinais, pois é um sistema icônico/imagético. Além 
disso, ele reproduz somente sinais isolados, sem contextualização. Para demonstrar 
repetição de movimento, o símbolo de movimento é duplicado. Por exemplo, a seta 
semicircular na Figura 5 (a) indica um movimento curvo para cima, enquanto o símbolo 
ao lado (Figura 5 b) representa o mesmo movimento, mas articulado duas vezes. 
entretanto, é importante notar que alguns sinais repetem movimentos inúmeras vezes, 
ou até que outro movimento acabe. 
 
 
Fonte: adaptada de Amaral (2012). 
O sistema de transcrição SignWriting não é capaz de descrever sinais 
compostos, condições de simetria e a parametrização e contextualização de sinais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
AMANRAL, W. M. Sistema de transcrição da língua brasileira de sinais voltado à 
produção de conteúdo sinalizado por avatares 3D. Tese de Doutorado 
apresentada à Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação como parte dos 
requisitos para obtenção do título de Doutor em Engenharia Elétrica. Área de 
concentração: Engenharia de Computação. Campinas, SP. 2012. 
FELIPE, T. A; MONTEIRO, M. S. Libras em contexto. 5ª. Edição (MEC) 2005. 
Brasília 2007. 
SUTTON, V. Researcher's Resources SignWriting. Sign Language & Linguistics 
Vol. 2, no. 2, John Benjamins, pp. 271–281. 1999.

Mais conteúdos dessa disciplina