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Linguagem e Língua_ Conceitos- SS-Primeira aula

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Questões resolvidas

A linguagem como expressão do pensamento é:
a) Concepção que enfatiza o código utilizado na comunicação de uma mensagem.
b) Conceito que se caracteriza pela preocupação com o modo pelo qual o outro vai ler ou ouvir a mensagem.
c) Entendimento mais amplo da língua, que valoriza o contexto social e histórico da situação de comunicação.
d) Abordagem centrada na pessoa, que se expressa por meio da linguagem, sem dar tanta importância ao outro e às circunstâncias sociais nas quais a enunciação acontece.

A concepção de linguagem como experiência de interação humana está associada a seguinte afirmação:
a) O uso da língua serve apenas para expressar o pensamento.
b) O diálogo, a interação e a atuação sobre o outro são características importantes da linguagem.
c) Falamos ou escrevemos corretamente somente quando pensamos corretamente.
d) A internalização das regras gramaticais serve para adestrar e organizar o pensamento.

Se em uma reunião de trabalho você precisar discordar de um colega, mantendo abertura ao diálogo e interagindo sem desmerecer a opinião do outro, o que não seria apropriado dizer?
a) Sua opinião está completamente errada e vai prejudicar totalmente o projeto.
b) É possível que sua opinião precise ser revista, já que sua ideia pode trazer algum prejuízo ao projeto.
c) Tenho dificuldades de concordar com sua opinião, pois ela me parece trazer dificuldades ao projeto.
d) Talvez você tenha se equivocado, pois não consigo identificar de que modo sua proposta contribui para o projeto.

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Questões resolvidas

A linguagem como expressão do pensamento é:
a) Concepção que enfatiza o código utilizado na comunicação de uma mensagem.
b) Conceito que se caracteriza pela preocupação com o modo pelo qual o outro vai ler ou ouvir a mensagem.
c) Entendimento mais amplo da língua, que valoriza o contexto social e histórico da situação de comunicação.
d) Abordagem centrada na pessoa, que se expressa por meio da linguagem, sem dar tanta importância ao outro e às circunstâncias sociais nas quais a enunciação acontece.

A concepção de linguagem como experiência de interação humana está associada a seguinte afirmação:
a) O uso da língua serve apenas para expressar o pensamento.
b) O diálogo, a interação e a atuação sobre o outro são características importantes da linguagem.
c) Falamos ou escrevemos corretamente somente quando pensamos corretamente.
d) A internalização das regras gramaticais serve para adestrar e organizar o pensamento.

Se em uma reunião de trabalho você precisar discordar de um colega, mantendo abertura ao diálogo e interagindo sem desmerecer a opinião do outro, o que não seria apropriado dizer?
a) Sua opinião está completamente errada e vai prejudicar totalmente o projeto.
b) É possível que sua opinião precise ser revista, já que sua ideia pode trazer algum prejuízo ao projeto.
c) Tenho dificuldades de concordar com sua opinião, pois ela me parece trazer dificuldades ao projeto.
d) Talvez você tenha se equivocado, pois não consigo identificar de que modo sua proposta contribui para o projeto.

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
Neste tema, são abordadas a distinção entre linguagem
verbal e linguagem não verbal, as principais concepções de
linguagem e as implicações dessas concepções no uso da
língua. Esses elementos são fundamentais para compreensão
da linguagem e de suas interferências no uso da Língua
Portuguesa.
PREPARAÇÃO
Este tema tem como propósito a compreensão da diferença
entre linguagem verbal e não verbal, as concepções de
linguagem que geralmente adotamos, e as consequências de
tais concepções no uso cotidiano da língua.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Distinguir linguagem verbal e linguagem não verbal
MÓDULO 2
Reconhecer as três principais concepções de linguagem
MÓDULO 3
Identificar implicações de diferentes concepções de linguagem
no uso do português
INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar em quantos anos estudou a Língua
Portuguesa na escola?
Sabe a quantidade de regras gramaticais que tentou decorar
ou de páginas que escreveu nas aulas de redação?
Para muita gente, estudar Português é algo chato, relacionado
à decoreba de regras gramaticais ou à produção de textos com
pouca conexão com o mundo real da comunicação. Se essa foi
a sua experiência, já adiantamos que você é convidado a olhar
a Língua Portuguesa de outra forma. Caso sua relação com o
idioma ao longo de vários anos na escola tenha contribuído
para melhorar o uso da nossa língua, aqui você vai aprender
ainda mais.
MÓDULO 1
 Distinguir linguagem verbal e linguagem não verbal
Vamos começar com a leitura de um poema para pensar um
pouco sobre nossa experiência com a Língua Portuguesa.
O título do poema é Aula de Português e foi escrito por Carlos
Drummond de Andrade.
CARLOS DRUMMOND DE
ANDRADE
Poeta mineiro, foi um dos principais nomes do Modernismo
brasileiro. Entre suas principais obras, estão os
livros: Alguma Poesia (1930), Sentimento do Mundo (1940)
e A Rosa do Povo (1945). Um de seus poemas mais
conhecidos é No meio do caminho, que tem os famosos
versos No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma
pedra no meio do caminho.
AULA DE PORTUGUÊS
Carlos Drummond de Andrade
 
A linguagem 
na ponta da língua, 
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tão fácil de falar 
e de entender
A linguagem 
na superfície estrelada de letras, 
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, 
e vai desmatando 
o amazonas de minha ignorância. 
Figuras de gramática, esquipáticas, 
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia, 
em que pedia para ir lá fora, 
em que levava e dava pontapé, 
a língua, breve língua entrecortada 
do namoro com a prima. 
O português são dois; o outro, mistério.
 
O PORTUGUÊS QUE VOCÊ
APRENDEU NA ESCOLA
AINDA É UM MISTÉRIO,
ALGO DISTANTE?
O poema apresenta dois tipos de linguagem: a linguagem
informal do cotidiano, que não precisa ser aprendida na
escola, e a linguagem formal do professor ou dos livros,
aprendida na sala de aula. No último verso, isso é resumido na
frase “O português são dois”.
LINGUAGEM INFORMAL
LINGUAGEM FORMAL
Assim como Drummond entende que existem duas linguagens
(formal e informal), precisamos entender que há diversos
tipos de linguagem. Vamos conhecê-los para compreender por
que o português é uma das que dispomos para a comunicação.
LINGUAGEM VERBAL E
LINGUAGEM NÃO VERBAL
A linguagem constitui todos os sistemas de sinais ou signos
convencionais que nos permite a comunicação.
Mas, espera... Signo? O que é isso?
Vídeo com libras
Assim como os signos podem ser de diversas naturezas ou
tipos, há diferentes tipos de linguagem. A linguagem humana,
por exemplo, pode ser verbal e não verbal.
 SAIBA MAIS
Gestos, imagens e sons são exemplos de linguagem não
verbal. O semáforo é outro exemplo de linguagem não verbal.
Vejamos mais detalhes sobre a relação das linguagens verbais
e não verbais na galeria a seguir:
 
Imagem: Shutterstock.com
LÍNGUA E LINGUAGEM VERBAL
SÃO TERMOS
CORRESPONDENTES.
A partir da caracterização da linguagem verbal como uma
linguagem humana que utiliza a palavra, perceba que a língua
é um tipo de linguagem, mas ela não é a única linguagem de
que dispomos.
Ou seja, a língua é uma linguagem humana específica,
baseada na palavra.
 
Foto: Shutterstock.com
EXPRESSÃO CORPORAL?
LINGUAGEM MUSICAL?
A música, a pintura, a dança, o teatro e o cinema usam signos
que pertencem a outro tipo de linguagem humana, já
denominada aqui como linguagem não verbal. Por isso, são
comumente usadas expressões como linguagem da música,
linguagem corporal, linguagem pictórica> etc.
 
Foto: Shutterstock.com
ASSOCIAÇÃO INERENTE
“Que outro ser tem gestos significativos, pinta, fotografa, faz
cinema? Compreende-se, assim, que o homem e a linguagem
se relacionam de forma a não se conceberem um sem o outro
e que a linguagem está indissoluvelmente associada com a
atividade mental humana, a qual, absolutamente, não se
manifesta só pelo verbal” 
(PALOMO, 2001).
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Imagem: Shutterstock.com
INTEGRAÇÃO ENTRE AS
LINGUAGENS VERBAL E NÃO
VERBAL
Quando você conversa com outra pessoa, por exemplo, faz
uso da linguagem verbal (a fala) e da linguagem não verbal
(gestual, postura corporal, tom da voz etc.).
A história em quadrinhos é outro exemplo de integração de
linguagem verbal e não verbal.
LINGUAGEM PICTÓRICA
Linguagem pictórica é toda e qualquer manifestação de
linguagem imagética – fotografia, pinturas, desenhos,
iluminuras – que possuem características singulares em
relação ao duplo processo de produção e reprodução da
própria produção. O texto representado pelas figuras que
marcam e estruturam para nós significados são, no limite, a
linguagem imagética.
A distinção entre linguagem verbal e não verbal não deve levar
você a concluir que a comunicação acontece sempre e apenas
por meio de um único tipo de linguagem.
 
LINGUAGEM
HIPERMIDIÁTICA
Com as tecnologias digitais e a internet, essa integração entre
linguagem verbal e não verbal fica muito evidente e
interessante, pois usamos palavras, imagens, sons e outros
recursos para interagir nas redes sociais. É cada vez mais
comum trocarmos mensagens em que a escrita se mistura
com emojis ou emoticons.
 ATENÇÃO
Este material didático é um exemplo de integração entre
diferentes tipos de linguagem, articulando texto escrito com
vídeo, podcast , imagens e símbolos.
Tudo isso é possível por causa de outra integração:
convergência entre diferentes mídias formando o que tem sido
chamado de hipermídia. É como se o livro impresso, o rádio, a
televisão e o computador estivessem todos reunidos com suas
diferentes linguagens. Assim, hoje em dia, fala-se de uma
linguagem hipermidiática, um bom exemplo dessa integração
de linguagem verbal e não verbal.
É verdade que a linguagem verbal, falada ou escrita,
predomina nos atos de comunicação. Mas você deve
reconhecer que a linguagem não verbal está associada
intimamente a nossas atividades e possui também sua
relevância. Nossos gestos ao falar ou uma imagem ilustrativa
num texto escrito também dizem muito e, às vezes, até
contradizem o que falamos ou escrevemos.
Imagine alguém dizendo que está calmo e tranquilo, mas, ao
mesmo tempo, pisca os olhos num ritmo acelerado, tem as
mãos trêmulas ou balança pernas e pés num movimento
frenético. Dificilmente essa pessoa vai convencer o outro de
que está calma.
Assim, ao fazermos a distinção entre linguagem verbal e não
verbal não queremos sugerir que apenas uma delas seja
importante e precise ser cuidada.
 
Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo
Gonçalves
Até aqui, você aprendeu que a linguagem é constituída de
sinais ou signos, que permitem a comunicação entre os seres
humanos. Quando o signo é centrado na palavra escrita ou
oral, ele é identificado como linguagem verbal. Os demais tipos
de signos formam outro conjunto de linguagens denominado
linguagem não verbal, como é o caso da pintura e dos gestos.
A integração entre diferentes tipos de linguagemé algo muito
antigo, mas que se intensificou com as tecnologias digitais ou a
chamada linguagem hipermidiática.
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. ASSINALE A OPÇÃO QUE DESCREVE A
SITUAÇÃO EM QUE APARECE APENAS O USO
DA LINGUAGEM VERBAL.
A) Um gerente gesticulando e falando alto.
B) A escrita do professor na lousa.
C) Um ator representando uma ação dramática no palco.
D) Um instrutor sinalizando com as mãos para o operador de
máquinas.
2. É CORRETO AFIRMAR QUE A LÍNGUA:
A) Corresponde à linguagem verbal.
B) Constitui exemplo de linguagem não verbal.
C) Deve ser considerada linguagem verbal somente na
modalidade falada.
D) Não é utilizada integrada ou articulada com outras formas
de linguagem.
GABARITO
1. Assinale a opção que descreve a situação em que
aparece apenas o uso da linguagem verbal.
A alternativa "B " está correta.
 
A escrita é uma linguagem verbal. Nas demais alternativas,
temos a presença de linguagem não verbal, como é o caso dos
gestos na alternativa A, da representação teatral na alternativa
C e do gestual na opção D.
2. É correto afirmar que a língua:
A alternativa "A " está correta.
 
A língua é linguagem verbal, ou seja, baseada na palavra. A
palavra, elemento central da linguagem verbal, pode ser tanto
oral quanto escrita, por isso, a alternativa C está incorreta. A
opção D está incorreta porque a língua pode ser utilizada de
forma integrada a outras linguagens, como acontece nas
histórias em quadrinhos.
MÓDULO 2
 Reconhecer as três principais concepções de
linguagem
Depois de fazer a distinção entre linguagem verbal e não
verbal, é hora de prosseguir e apresentar as três principais
concepções de linguagem.
Veja quais são elas a seguir.
 
LINGUAGEM COMO
EXPRESSÃO DO
PENSAMENTO
De acordo com essa concepção, a linguagem corresponde a
uma expressão que se constrói no interior da mente e tem, na
exteriorização, apenas uma tradução. A linguagem é entendida
como uma forma de expressar pensamentos, sentimentos,
intenções, vontades, ordens, pedidos etc.
 
Foto: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves
Nessa forma de entender a linguagem, a intenção de expressar
alguma coisa é um ato monológico. Isso quer dizer que a
enunciação ou o ato de fala (o modo como nos expressamos)
está centrado na pessoa que se expressa por meio da
linguagem, sem dar tanta importância ao outro e às
circunstâncias sociais nas quais a enunciação acontece.
MONOLÓGICO
O uso do termo monológico (mono = um, único; logos =
discurso racional) não se apresenta como a fundamentação
de um tipo de teoria da comunicação, que defende o
discurso como ato centrado apenas no emissor da fala.
Apenas quer mostrar que, nesta concepção da linguagem,
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tal ato ainda está centrado na necessidade individual de se
comunicar.
O USO DA LÍNGUA É VISTO
COMO ALGO QUE SE LIMITA A
QUEM FALA OU ESCREVE.
Não há preocupação sobre como o outro vai ler ou ouvir nossa
mensagem. Assim, a exteriorização do “pensamento por meio
de uma linguagem articulada e organizada” depende da
capacidade de organizar, de maneira lógica, esse mesmo
pensamento (TRAVAGLIA, 2003, p. 21).
 
Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo
Gonçalves
Nessa concepção de linguagem, a correção no uso da língua
(falar e escrever bem conforme a gramática normativa)
depende das regras às quais o pensamento lógico deve estar
sujeito. Dessa forma, se as pessoas não se expressam bem ou
não usam a língua corretamente, isso acontece porque elas
não estão pensando corretamente. A solução, então, para
expressar adequadamente o que se está pensando é
a internalização das regras gramaticais e de seu adequado
uso.
 ATENÇÃO
Mas há um problema: esta concepção acaba sendo uma
forma parcial de entender como a linguagem funciona, pois há
outros aspectos envolvidos além da intenção de exteriorizar o
que pensamos. Não é o caso de afirmar que a concepção está
errada. Precisamos avançar e verificar outras formas
complementares de compreender a linguagem.
LINGUAGEM COMO
INSTRUMENTO DE
COMUNICAÇÃO
A linguagem deve ser compreendida além de sua função de
expressar o que pensamos ou sentimos, pois, ao nos
expressarmos, nos dirigimos a alguém, ou seja, comunicamos
algum tipo de mensagem para uma ou mais pessoas. Por isso,
há outra concepção de linguagem que compreende a língua,
por exemplo, como um código por meio do qual elaboramos
nossas mensagens para serem comunicadas.
A língua é tomada predominantemente como um código, que
deve ser utilizado com eficiência, ou seja, deve tornar inteligível
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a mensagem que se quer comunicar, levando o receptor a
responder adequadamente ao objetivo da comunicação.
CÓDIGO
O código é entendido como “um conjunto de regras que
permite a construção e a compreensão de mensagens. É,
portanto, um sistema de signos. A linguagem é, por
conseguinte, um dentre outros códigos (código marítimo,
código rodoviário)”. Dentre todos os outros códigos, a
linguagem verbal, seja escrita ou oral, é o único código que
“pode falar dos próprios signos que os constituem ou de
outros signos” (VANOYE, 1987).
 
Foto: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves
Para que haja a comunicação, o código que utilizamos, seja ele
a língua ou outro, precisa ser conhecido ou dominado pelo
nosso interlocutor para que a comunicação se realize. O uso do
código, no caso, a própria língua, “é um ato social, envolvendo
consequentemente pelo menos duas pessoas”. Por isso, “é
necessário que o código seja utilizado de maneira semelhante,
preestabelecida, convencionada para que a comunicação se
efetive” (TRAVAGLIA, 2003, p. 22).
 ATENÇÃO
A concepção da linguagem como instrumento de comunicação
tem, porém, uma limitação. É uma concepção centrada no
código, ou seja, voltada principalmente para o funcionamento
interno da língua ou de outra linguagem utilizada, deixando de
lado aspectos como a relação entre a linguagem e o contexto
social e histórico. Por isso, você precisa conhecer outra
concepção de linguagem, que permita avançar na
compreensão da linguagem e seus usos.
LINGUAGEM COMO LUGAR
OU EXPERIÊNCIA DE
INTERAÇÃO HUMANA
Nessa concepção, a língua é mais do que tradução e
exteriorização do pensamento e, também, vai além da
transmissão de informação ou da comunicação. Ao usar a
língua, o indivíduo realiza ações, age, atua sobre o interlocutor.
A linguagem, aqui, é um “lugar de interação humana, de
interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido
entre interlocutores, em uma dada situação de comunicação e
em um contexto sócio-histórico e ideológico” (TRAVAGLIA,
2003, p. 23).
Quem utiliza a língua não expressa apenas o pensamento, não
comunica somente alguma coisa, na verdade, ao usar a língua,
o indivíduo ou os interlocutores “interagem enquanto sujeitos
que ocupam lugares sociais e ‘falam’ e ‘ouvem’ desses lugares
de acordo com as formações imaginárias (imagens) que a
sociedade estabeleceu para tais lugares sociais” (TRAVAGLIA,
2003, p. 23).
Para ilustrar, veja um exemplo:
Todos já observaram uma situação em que a identificação
apenas da linguagem oral entre dois sujeitos corresponderia a
um ato comunicativo direto. No entanto, notamos que a
interação social faz com que aquilo que é dito seja muito maior.
 
Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo
Gonçalves
Isso ocorre, por exemplo, quando estamos em um espaço e
observamos mãe e filha interagindo, em que a primeira faz
referência ao comportamento da segunda, com uma ordem
direta.
 
Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo
Gonçalves
A reação da filha cria em nós, observadores, uma série de
julgamentos, leituras, valores e interações que nos remetem à
própria relação familiar.
 
Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo
Gonçalves
TUDO QUE FALAMOS E
OUVIMOS TEM O PODER DE
PROVOCAR REAÇÕES,
PRODUZIR MUDANÇAS,
DESPERTAR SENTIMENTOS E
PAIXÕES, DESENCADEAR
PROCESSOS E AÇÕES.
Se um agente da lei,dirigindo-se a uma pessoa, dá voz de
prisão e diz “esteja preso!”, ele não está simplesmente
exteriorizando seu pensamento ou comunicando uma
novidade, não é mesmo?
 
Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo
Gonçalves
Quando consideramos as palavras de um juiz ao proferir essa
célebre frase clássica, temos um exemplo de que o uso da
língua pode ser mais do que expressão do pensamento ou
comunicação de uma informação.
Nesse caso, a fala da autoridade faz surgir ou realiza um ato
social e jurídico.
 
Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo
Gonçalves
 ATENÇÃO
O diálogo também caracteriza a concepção de linguagem
como interação social, constituindo-se numa dimensão
privilegiada do uso da língua. Para estar inserido na vida em
sociedade, é preciso que a língua seja utilizada para favorecer
a abertura ao diálogo, a interação entre as pessoas. Além
disso, a própria língua é dialógica, ou seja, o que falamos e
escrevemos se relaciona com aquilo que lemos e ouvimos ao
longo da vida.
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DIÁLOGO
(Dia = separação, confronto; logos = discurso racional)
apresenta-se como a exigência de, pelo menos, dois
interlocutores no ato da fala, que é diferente da concepção
monológica vista anteriormente. Trata-se, sem dúvida, de
apresentar uma intencionalidade por parte daquele que
fala.
Como você viu até aqui, é preciso avançar na compreensão da
linguagem para além da sua finalidade de comunicação e da
divisão entre linguagem verbal e não verbal. A linguagem pode
ser concebida como expressão do pensamento, como
instrumento de comunicação e, mais adequadamente, como
lugar de interação humana.
 
As três concepções da linguagem podem ser resumidas da
seguinte forma:
EXPRESSÃO DO PENSAMENTO
A expressão se constrói no interior da mente
Ato monológico, individual
Regras para a organização lógica do pensamento:
gramática normativa
Para quem se fala, em que situação e para que se fala não
são preocupações no uso da língua
COMUNICAÇÃO
Meio objetivo para a comunicação
A expressão nasce da necessidade de se comunicar
Troca de mensagens entre emissor e receptor
Existência de códigos para a eficiência da comunicação
Preocupação com o meio, o destinatário, a mensagem e a
utilização eficiente do código
INTERAÇÃO HUMANA
Experiência de interação humana
A expressão é também ação
Privilegia o diálogo e a interatividade
Valorização do contexto dos usuários da língua e
adequação no uso da língua
Preocupação com as dimensões afetivas e sociais
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. A LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO DO
PENSAMENTO É:
A) Concepção que enfatiza o código utilizado na comunicação
de uma mensagem.
B) Conceito que se caracteriza pela preocupação com o modo
pelo qual o outro vai ler ou ouvir a mensagem.
C) Entendimento mais amplo da língua, que valoriza o contexto
social e histórico da situação de comunicação.
D) Abordagem centrada na pessoa, que se expressa por meio
da linguagem, sem dar tanta importância ao outro e às
circunstâncias sociais nas quais a enunciação acontece.
2. A CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM COMO
EXPERIÊNCIA DE INTERAÇÃO HUMANA ESTÁ
ASSOCIADA A SEGUINTE AFIRMAÇÃO:
A) O uso da língua serve apenas para expressar o
pensamento.
B) O diálogo, a interação e a atuação sobre o outro são
características importantes da linguagem.
C) Falamos ou escrevemos corretamente somente quando
pensamos corretamente.
D) A internalização das regras gramaticais serve para adestrar
e organizar o pensamento.
GABARITO
1. A linguagem como expressão do pensamento é:
A alternativa "D " está correta.
 
A opção correta é a letra D porque a concepção da linguagem
como expressão do pensamento valoriza quem se expressa,
deixando de lado o interlocutor e o contexto em que a
linguagem é usada. A opção A corresponde à concepção de
linguagem como instrumento de comunicação. As opções B e
C referem-se à concepção de linguagem como experiência de
interação humana.
2. A concepção de linguagem como experiência de
interação humana está associada a seguinte afirmação:
A alternativa "B " está correta.
 
Alternativa correta é a opção B porque o diálogo e a interação
são privilegiados na concepção de linguagem como lugar de
interação. As opções A, C e D estão incorretas porque se
referem à concepção de linguagem como expressão do
pensamento. A opção B está correta porque trata de uma
característica da concepção de linguagem como forma de
interação.
MÓDULO 3
 Identificar implicações de diferentes concepções de
linguagem no uso do português
SOBRE AS CONCEPÇÕES
DE LINGUAGEM
Para começarmos a explorar este assunto, o professor Luíz
Cláudio Dallier propõe uma reflexão.
Vídeo com libras
No módulo anterior, tratamos dos diversos tipos de linguagem.
Para perceber como elas possuem um aspecto prático no uso
cotidiano do idioma, compreendemos como a concepção da
linguagem como interação pode nos auxiliar nessa construção.
Se a linguagem é interação, então, o que ouvimos pode afetar
muito nossa vida e nosso humor. O que falamos também
provoca efeitos e reações no outro.
 
Imagem: Shutterstock.com
Veja o que diz a linguista Ingedore Villaça Koch em seu livro
A interação pela linguagem sobre esse aspecto:
INGEDORE VILLAÇA KOCH
Doutora em Língua Portuguesa, professora universitária e
autora de diversas obras sobre Linguística Aplicada,
coerência textual, argumentação e linguagem.
Fonte: Escavador.
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DURANTE SÉCULOS, A LINGUAGEM
FOI CONSIDERADA UM
INSTRUMENTO PASSIVO DE
COMUNICAÇÃO, QUE PERMITIA AO
SER HUMANO APENAS
DESCREVER O QUE PERCEBIA,
SENTIA OU PENSAVA. HOJE SE
RECONHECE QUE, AO FALAR, O
INDIVÍDUO NÃO SÓ DESCREVE O
QUE OBSERVA, MAS ATUA NO
MUNDO E FAZ COM QUE CERTAS
COISAS ACONTEÇAM. POR MEIO
DA LINGUAGEM, ELE TAMBÉM
PODE MODIFICAR SUAS RELAÇÕES
COM OS DEMAIS E DESENVOLVER
SUA PRÓPRIA IDENTIDADE.
(...) É PRECISO PENSAR A
LINGUAGEM HUMANA COMO
LUGAR DE INTERAÇÃO, DE
CONSTITUIÇÃO DAS IDENTIDADES,
DE REPRESENTAÇÃO DE PAPÉIS,
DE NEGOCIAÇÃO DE SENTIDOS,
POR PALAVRAS, É PRECISO
ENCARAR A LINGUAGEM NÃO
APENAS COMO REPRESENTAÇÃO
DO MUNDO E DO PENSAMENTO OU
COMO INSTRUMENTO DE
COMUNICAÇÃO, MAS SIM, ACIMA
DE TUDO, COMO FORMA DE
INTERAÇÃO SOCIAL.
(KOCH, 2003)
AS IMPLICAÇÕES NO USO
DO PORTUGUÊS
Quando entendemos que a linguagem é mais do que
expressão ou espelho do pensamento, que vai além de ser
veículo de comunicação, devemos considerar nossas intenções
na produção dos textos e o impacto naqueles que vão ouvir ou
ler nossas palavras. Também devemos dar atenção ao
contexto em que a mensagem é produzida e às possíveis
situações em que será recebida.
Se a linguagem é interação, pois produz reações e resultados,
alguns elementos podem ser desejáveis no seu uso:
Clareza e precisão no que queremos comunicar
Cortesia, polidez e tom cordial
Abertura ao diálogo
Sustentação de um posicionamento sem desmerecer a opinião
do outro
Uso de recursos persuasivos
Se queremos manter o diálogo e construir pontes, devemos
cuidar da maneira como falamos, escolhendo as palavras e o
tom mais apropriado.
Por isso, ao estudar a linguagem é preciso compreender que
não basta escrever e falar com correção gramatical, coerência,
coesão e clareza. Além dessas qualidades importantes, nosso
texto escrito ou oral deve promover o diálogo, a interação e as
condições para mantermos relações civilizadas. É interessante
lembrar, por exemplo, que há concursos ou exames em que o
candidato pode ser desclassificado ao escrever de forma
desrespeitosa aos direitos humanos ou usando linguagem
antissocial e inadequada.
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. COMPREENDER O CONCEITO DE
LINGUAGEM COMO EXPERIÊNCIA DE
INTERAÇÃO HUMANA E SOCIAL IMPLICA OS
SEGUINTES CUIDADOS NO USO DA LÍNGUA
PORTUGUESA:
A) Aplicar regras gramaticais para deixar os textos muito
formais.
B) Dizer sempre o que pensamos sem nos preocuparmos
como o outro vai nos ouvir.
C) Deixar de lado nossas intenções e o contexto histórico-
social na produção dostextos.
D) Falar ou escrever buscando abertura ao diálogo e se
posicionando sem desmerecer a opinião do outro.
2. SE EM UMA REUNIÃO DE TRABALHO VOCÊ
PRECISAR DISCORDAR DE UM COLEGA,
MANTENDO ABERTURA AO DIÁLOGO E
INTERAGINDO SEM DESMERECER A OPINIÃO
DO OUTRO, O QUE NÃO SERIA APROPRIADO
DIZER?
A) Sua opinião está completamente errada e vai prejudicar
totalmente o projeto.
B) É possível que sua opinião precise ser revista, já que sua
ideia pode trazer algum prejuízo ao projeto.
C) Tenho dificuldades de concordar com sua opinião, pois ela
me parece trazer dificuldades ao projeto.
D) Talvez você tenha se equivocado, pois não consigo
identificar de que modo sua proposta contribui para o projeto.
GABARITO
1. Compreender o conceito de linguagem como
experiência de interação humana e social implica os
seguintes cuidados no uso da Língua Portuguesa:
A alternativa "D " está correta.
 
A opção correta é a letra D porque compreender a linguagem
como interação é ter cuidado com efeitos e reações
provocados no outro diante do que dizemos e da forma como
dizemos.
2. Se em uma reunião de trabalho você precisar discordar
de um colega, mantendo abertura ao diálogo e interagindo
sem desmerecer a opinião do outro, o que não seria
apropriado dizer?
A alternativa "A " está correta.
 
A alternativa A é a mais apropriada porque ela evidencia uma
fala em que se sustenta um posicionamento ou uma opinião
sem abertura para algum questionamento ou mesmo diálogo.
As demais alternativas apresentam formas de expressar a
discordância em que se destacam a cortesia, a polidez e a
abertura ao diálogo e/ou continuidade de debate.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que tenhamos uma experiência enriquecedora e
proveitosa com a Língua Portuguesa na expressão do nosso
pensamento, nas situações de comunicação e nas interações
com as pessoas, precisamos conhecer a língua e aproveitar os
recursos que ela nos oferece. Aqui, você pôde observar parte
desse conhecimento. Use o que você aprendeu para vivenciar
novas experiências com a Língua Portuguesa.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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Chomsky. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/
disciplinas/ filosofia/filosofia-da-linguagem-1- da-torre-de-babel-
a-chomsky.htm. Acesso em: 08 dez. 2019.
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MARCHEZINI-CUNHA, Vivian; TOURINHO, Emmanuel Zagury.
Assertividade e Autocontrole: Interpretação Analítico-
Comportamental. Psicologia: Teoria e Pesquisa. abr-jun
2010. vol. 26 n. 2, p295-304. Disponível em:
https://www.scielo.br/ pdf/ptp/ v26n2/a11v26n2.pdf.
ORLANDI, Eni P. O que é Linguística. 2. ed. São Paulo:
Brasiliense, 2009.
PALOMO, Sandra M. S. Linguagem e linguagens. In: Eccos
Revista Científica. São Paulo, UNINOVE, vol. 3, n. 2, dez.
2001.
PETTER, Margarida. Linguagem, língua, Linguística. In:
FIORIN, José L. (org.). Introdução à Linguística I. São Paulo:
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TRAVAGLIA, Luiz C. Gramática e interação: uma proposta
para o ensino de gramática. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
TRIGUEIRO, Osvaldo. O estudo científico da comunicação:
avanços teóricos e metodológicos ensejados pela escola latino-
americana. Pensamento Comunicacional Latino Americano,
v. 2, n. 2, jan.–mar., 2001.
VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na
produção oral e escrita. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
EXPLORE+
Assista:
Documentário As origens da linguagem, produzido pela
Crescendo Films – NHK em 2008. Disponível no Youtube.
Vídeo Comunicação animal da Khan Academy para uma breve
e interessante abordagem da Biologia Comportamental.
Disponível no Youtube.
CONTEUDISTA
Luis Claudio Dalier Saldanha
 CURRÍCULO LATTES
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