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Nome: Amanda Cristina Figueiredo Turma: 1000 
 Disciplina: Microbiologia Veterinária 
 
 
Resumo Enterobacteriaceae 
 
 
A família Enterobacteriaceae é um grupo de bactérias amplamente distribuído no 
ambiente, com uma grande diversidade de gêneros e espécies, sendo responsável por 
inúmeras infecções em humanos e animais. Trata-se de bacilos Gram-negativos com 
dimensões em torno de 3 micrômetros, caracterizados por serem oxidase-negativos, 
catalase-positivos e anaeróbios facultativos, ou seja, podem sobreviver tanto na 
presença quanto na ausência de oxigênio. Essas bactérias possuem flagelos 
peritríquios, sendo muitas delas móveis, e apresentam cápsulas em algumas 
espécies, o que aumenta sua virulência ao dificultar a fagocitose. 
 
Crescimento e Diferenciação 
Uma característica importante dessa família é a capacidade de crescer em Ágar 
MacConkey, um meio de cultura seletivo que diferencia as bactérias com base na 
fermentação da lactose. As espécies que fermentam lactose formam colônias rosadas 
devido à produção de ácido, enquanto as não fermentadoras produzem colônias 
pálidas ou transparentes, associadas a um pH alcalino. Essa distinção é fundamental 
para a identificação laboratorial de bactérias patogênicas, como Escherichia coli e 
Salmonella, que possuem diferentes impactos na saúde animal e humana. 
 
Principais Gêneros 
Entre os gêneros mais comuns da família Enterobacteriaceae estão Escherichia, 
Salmonella, Shigella, Proteus, Klebsiella, Serratia, Citrobacter, Enterobacter, e 
Yersinia. Essas bactérias podem ser encontradas no trato gastrointestinal de animais e 
seres humanos, e algumas espécies são parte da microbiota normal, enquanto outras 
podem ser patógenos oportunistas ou primários, causando infecções intestinais e 
extraintestinais. 
 
- Escherichia coli 
Um dos gêneros mais estudados e relevantes clinicamente é o Escherichia, com a 
espécie E. coli sendo a mais famosa. E. coli é uma bactéria Gram-negativa presente 
no intestino de mamíferos, onde atua como parte da microbiota comensal. No entanto, 
algumas cepas podem ser altamente patogênicas, causando doenças intestinais e 
sistêmicas. E. coli geralmente é móvel devido aos seus flagelos e possui fímbrias, 
estruturas que permitem a aderência às células hospedeiras, fator crucial na 
colonização e infecção. 
 
E. coli pode ser classificada com base em seus antígenos capsulares (K), somáticos 
(O), e flagelares (H), resultando em diferentes sorotipos. Um exemplo amplamente 
conhecido é a cepa O157:H7, que está associada a surtos de doenças alimentares 
graves. As cepas patogênicas de E. coli podem ser divididas em grupos, como: 
- Enterotoxigênica (ETEC): Causa diarreia aquosa em humanos e animais, 
especialmente em neonatos, como leitões e bezerros. Essa forma está associada à 
produção de toxinas, como a termolábil e a termoestável, que alteram a absorção de 
fluidos no intestino, resultando em uma diarreia intensa e desidratação. 
- Enteropatogênica: Danifica as microvilosidades do intestino, interferindo na absorção 
de nutrientes e causando diarreia por má absorção. 
- Enterohemorrágica: Causa infecções graves, incluindo enterites hemorrágicas e a 
doença do edema em suínos. Está associada à produção de toxinas potentes, como a 
verotoxina, que alteram a permeabilidade vascular. 
- Enteroinvasiva: Invade as células epiteliais intestinais, causando diarreia com 
presença de sangue. 
- Uropatogênica: Responsável por infecções do trato urinário, cistite e pielonefrite, 
principalmente em porcas e cadelas, devido à sua capacidade de aderir ao epitélio do 
trato urinário por meio de fímbrias. 
 
- Salmonella 
Outro gênero de grande importância clínica é Salmonella, que abrange mais de 2.570 
sorovares, classificados com base em seus antígenos somáticos (O), flagelares (H) e 
capsulares (Vi). Salmonella enterica é a principal espécie associada a infecções em 
humanos e animais. Essas bactérias estão amplamente presentes no ambiente, sendo 
encontradas em água, solo, fezes de animais e humanos, e em alimentos 
contaminados, como carne, ovos e leite. 
 
Salmonella pode causar desde gastroenterites leves até septicemia, dependendo do 
sorovar e da condição imunológica do hospedeiro. Os sorovares mais comuns 
associados a infecções são Typhimurium, Enteritidis, Cholerasuis e Pullorum. A 
transmissão ocorre principalmente pela ingestão de alimentos contaminados e pela 
falta de higiene. Os fatores de virulência de Salmonella incluem a capacidade de 
invadir células intestinais, resistir à fagocitose, e produzir endotoxinas, que induzem 
uma resposta inflamatória intensa, com diarreia, necrose tecidual e septicemia. 
 
Patógenos Oportunistas 
Além de E. coli e Salmonella, outros membros da família Enterobacteriaceae são 
patógenos oportunistas, aproveitando situações de imunossupressão ou danos 
teciduais para causar infecções. Entre esses, destacam-se: 
- Yersinia enterocolitica: Causa enterites, especialmente em ovinos. 
- Klebsiella pneumoniae: Associada a pneumonias, mastites e infecções urinárias, 
principalmente em bezerros e potros. 
- Proteus mirabilis e Proteus vulgaris: Conhecidos por causar infecções urinárias e 
otites. 
- Serratia marcescens: Pode estar envolvida em casos de mastite em bovinos. 
 
Fatores de Virulência 
Os fatores de virulência dessas bactérias variam entre as espécies e são 
determinantes para o desenvolvimento de doenças. Entre os principais, destacam-se: 
- Cápsula: Protege as bactérias contra a fagocitose por células do sistema 
imunológico. 
- Lipopolissacarídeo: Componente da membrana externa das bactérias 
Gram-negativas, que ao ser liberado, especialmente após a morte bacteriana, pode 
desencadear uma resposta imune exacerbada, resultando em febre, coagulação 
intravascular disseminada, e choque endotóxico. 
- Fímbrias: Facilitam a aderência às células epiteliais do hospedeiro, essencial para a 
colonização e infecção. 
- Toxinas: Produzidas por várias espécies, como as toxinas termolábeis e 
termoestáveis de E. coli, que alteram a função intestinal, ou a verotoxina, que tem 
efeito citotóxico. 
 
Importância e Controle 
A família Enterobacteriaceae tem grande relevância na medicina veterinária e na 
saúde pública devido ao seu potencial patogênico e à ampla distribuição em alimentos, 
água e no ambiente. Medidas de higiene, controle sanitário na produção de alimentos 
e uso adequado de antibióticos são fundamentais para prevenir infecções associadas 
a essas bactérias.

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