Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

55
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
Unidade II
5 ÉTICA PROFISSIONAL NA DOCÊNCIA
No exercício profissional, o professor encontra situações que exigem reflexão crítica, discernimento 
e responsabilidade. Decisões pedagógicas, como o modo de organização da sala de aula ou a forma 
de acolher uma discussão sobre temas polêmicos para os estudantes, implicam posicionamentos que 
influenciam direta e indiretamente os processos formativos que envolvem a dimensão da ética.
A ação docente é atravessada por uma série de princípios éticos que vão muito além da neutralidade 
e da obediência a normas institucionais. Ela envolve dilemas cotidianos que exigem discernimento e 
sensibilidade, como lidar com um aluno que chegou atrasado, acolher uma criança com deficiência sem 
isolá‑la do grupo ou quando um colega de trabalho expressa comentários preconceituosos e isso 
repercute entre os alunos.
Situações como essas são reais e fazem parte do cotidiano escolar, exigindo a coerência entre 
discurso e prática, uma vez que demandam posicionamento ético permanente. Por exemplo, quando 
um professor distribui sua atenção de forma desigual, valorizando só os alunos que têm mais facilidade 
de aprender, ele está reforçando desigualdades; quando ele ignora uma piada racista ou homofóbica 
no recreio, está perdendo uma chance de educar para o respeito. Por outro lado, quando o docente 
promove rodas de conversa, adapta atividades para incluir todos os alunos, ouve com empatia as dores 
de um estudante, ele está praticando uma ética do cuidado e da equidade.
A docência, mais do que uma ocupação técnica, é uma prática carregada de sentido ético, político 
e humano, e ao assumir o ofício de ensinar o educador compromete‑se com a formação de sujeitos 
críticos, autônomos e éticos. 
Nesse sentido, o código de ética para a profissão docente (ainda em construção em diversos 
contextos) não deve ser entendido como um conjunto rígido de regras, mas como uma ferramenta de 
orientação para reflexões críticas sobre os limites e as possibilidades da ação pedagógica. Ele expressa 
valores fundamentais, como a justiça, a dignidade, a solidariedade e o respeito às diferenças, desafiando 
os professores a atuarem como agentes de transformação social.
Assim, ao longo deste livro‑texto, refletiremos sobre as práticas escolares que promovem a convivência 
ética e cidadã. Não se trata apenas de ensinar valores abstratos, mas de tornar possíveis contextos 
pedagógicos em que esses valores sejam vivenciados. De que forma o professor pode promover 
experiências significativas de convivência no cotidiano escolar? Seja por meio de atividades simples 
realizadas com os alunos, seja por meio de projetos mais amplos que envolvam a turma em ações 
sociais, debates sobre cidadania e a promoção dos direitos humanos. Tudo isso faz parte da formação de 
sujeitos mais conscientes, e é esse o verdadeiro sentido de educar: formar pessoas que saibam viver em 
sociedade com respeito, responsabilidade e solidariedade.
56
Unidade II
5.1 Princípios e dilemas éticos na prática docente
A ética profissional docente perpassa todas as dimensões da atuação pedagógica. Segundo Cortina 
(2005, p. 35), “a ética se ocupa da vida boa, da convivência justa e da construção de sociedades 
decentes”. O trabalho do professor não é neutro, ele é parte ativa na construção de uma cultura escolar 
que valoriza a equidade, o respeito às diferenças e os direitos humanos. Para Veiga, Araújo e Kapuziniak 
(2005, p. 29), “a docência é uma construção ética que exige reflexão constante sobre as ações e decisões 
do educador”. Essa construção não se dá de forma isolada, mas num processo coletivo, alimentado pela 
prática, pelo diálogo e pelo compromisso com a justiça social.
Entretanto, os dilemas éticos também fazem parte da rotina docente. Além disso, o professor 
atua em contextos marcados por desigualdades sociais, culturais e econômicas. Cortina (2005, p. 92) 
lembra que “a ética é também uma exigência de justiça para os mais vulneráveis”, logo, recusar práticas 
discriminatórias, valorizar as diferenças e lutar por condições igualitárias de aprendizagem são atitudes 
eticamente fundadas.
No cenário brasileiro atual, diversos episódios noticiados evidenciam esses dilemas. Colégios nobres 
e renomados na cidade de São Paulo oferecem bolsas de estudo para estudantes de baixa renda e 
negros, permitindo acesso a uma educação de alto nível. No entanto, essa inserção sem o devido 
preparo institucional acaba reproduzindo violências cotidianas, transformando o que deveria ser uma 
oportunidade em uma experiência traumática. Casos recentes de racismo e homofobia em colégios 
de elite, como o Bandeirantes, o Vera Cruz, o São Domingos e o Porto Seguro, reforçam a necessidade de 
políticas antidiscriminatórias eficazes e de preparação prévia das escolas para acolher a diversidade. 
Em agosto de 2024, o Colégio Bandeirantes, uma das instituições de ensino mais tradicionais de 
São Paulo, enfrentou críticas após o suicídio de Pedro, aluno de 14 anos do 9º ano, bolsista, negro e 
morador da periferia. Segundo familiares, Pedro foi vítima de bullying, racismo e homofobia por parte 
de colegas (Lemos, 2024). A escola afirmou que o incidente ocorreu fora de suas dependências e não 
se responsabilizou pelo caso, mas a família e a comunidade apontaram falta de apoio direto à família 
e ausência de medidas efetivas para lidar com a situação. Em protesto, cerca de 60 jovens se reuniram 
em frente ao colégio em 19 de agosto de 2024, exigindo ações concretas contra o bullying e a homofobia 
no ambiente escolar.
Os jornais também noticiaram casos graves envolvendo preconceito e discriminação em outras 
escolas particulares de elite em São Paulo. Um dos episódios foi o da filha da atriz Samara Felippo, 
vítima de racismo na tradicional Escola Vera Cruz. A atriz relatou publicamente a violência sofrida por 
sua filha, uma menina negra, e denunciou a negligência da escola em lidar com o caso, evidenciando a 
falta de preparo para acolher a diversidade racial em seus espaços (Acayaba, 2024).
Em 2022, episódios semelhantes ganharam destaque na mídia. No Colégio São Domingos, pais 
de alunos denunciaram a omissão da direção diante de diversas situações de racismo relatadas por 
estudantes e famílias, revelando um padrão de silenciamento institucional (Mendes, 2022). No mesmo 
ano, o Colégio Visconde de Porto Seguro, conhecido por sua excelência acadêmica e mensalidades 
57
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
elevadas, foi acusado de adotar práticas discriminatórias, como a separação física entre alunos bolsistas 
e pagantes, atitude que viola princípios de equidade e inclusão no ambiente escolar (Dias, 2024).
Além desses casos, há registros em outras instituições onde estudantes bolsistas, em sua maioria 
negros e de baixa renda, relataram vivências de exclusão, piadas racistas, homofobia e discriminação 
velada. Em muitos desses colégios, a implementação de políticas de inclusão por meio de bolsas de 
estudo ainda ocorre sem formação adequada para professores e sem ações pedagógicas estruturadas 
para enfrentar o racismo estrutural e promover o respeito às diversidades.
O racismo estrutural é um conceito que se refere à presença do racismo nas estruturas sociais, 
políticas, econômicas e culturais da sociedade, operando de forma naturalizada e persistente, mesmo na 
ausência de ações intencionais de discriminação. Diferente do racismo individual, o racismo estrutural 
está enraizado nas instituições e nos sistemas que regem a vida social, sendo perpetuado por normas, 
práticas e representações historicamente construídas.
A presença do racismo estrutural deve ser compreendida como parte constitutiva da organização 
da sociedade brasileira, como resultado de um processo histórico que integra o racismo à lógica de 
funcionamento das instituições sociais, como a escola, o mercado de trabalho e o sistema de justiça.
A pesquisadora Djamila Ribeiro (2017) destaca que o racismo estrutural está ligadoinformais, sem carteira assinada ou proteção 
trabalhista. O salário médio das pessoas com deficiência é de R$ 1.860, cerca de 30% menor do que a 
média nacional e abaixo dos R$ 2.690 recebidos, em média, pelas pessoas sem deficiência. A desigualdade 
de gênero também é marcante: mulheres com deficiência recebem, em média, R$ 1.553, valor 34% 
menor do que o das mulheres sem deficiência e também inferior ao dos homens com deficiência.
Esses dados mostram que as pessoas com deficiência enfrentam obstáculos sérios tanto para estudar 
quanto para conseguir trabalho digno, revelando a necessidade urgente de políticas públicas que 
garantam inclusão e igualdade de oportunidades.
A prática de inclusão e equidade no ambiente escolar envolve não apenas a adaptação do 
currículo, mas também a criação de um ambiente emocionalmente seguro, onde todos os alunos, 
independentemente de suas diferenças, possam se sentir acolhidos. Assim, a escola deve ser um espaço 
de escuta e diálogo, onde as diversidades não são apenas toleradas, mas aceitas e celebradas, permitindo 
a cada aluno expressar sua identidade.
Apesar dos avanços legislativos e de políticas públicas, a inclusão escolar de estudantes com 
deficiência no Brasil ainda enfrenta sérios obstáculos. A legislação garante direitos como intérprete 
de língua brasileira de sinais (libras), materiais acessíveis, Atendimento Educacional Especializado (AEE) 
e  acessibilidade física. No entanto, muitas escolas não conseguem cumprir essas exigências, 
sobrecarregando famílias ou profissionais despreparados.
A formação de professores é um dos principais entraves: segundo dados do MEC, cerca de 94% dos 
docentes não possuem formação continuada em educação especial, o que compromete a inclusão 
efetiva e amplia desigualdades, principalmente em estados onde a formação específica ainda é escassa.
A educação especial deve garantir recursos e práticas adequadas para estudantes com deficiência, 
autismo e altas habilidades/superdotação. Entre os suportes previstos estão AEE, materiais em braile, 
81
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
intérpretes, profissionais de apoio e atividades adaptadas. Segundo a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), 
Lei n. 13.146/2015, é dever do Estado assegurar acesso, permanência e aprendizagem em condições de 
igualdade (Brasil, 2015a).
Além das barreiras físicas e comunicacionais, a inclusão escolar esbarra no capacitismo e na falta 
de apoio institucional. A LBI reconhece diversas barreiras (urbanísticas, arquitetônicas, tecnológicas, nos 
transportes e na informação) que dificultam a plena participação de pessoas com deficiência.
Historicamente, o Brasil evoluiu de práticas segregacionistas para uma política de inclusão legal. 
Documentos internacionais, como a Declaração de Salamanca: recomendações para a construção de 
uma escola inclusiva (Aranha, 2003) e Educação para todos: o compromisso de Dakar (Unesco, 2001), 
reforçaram a importância de escolas comuns que respeitem a diversidade. Atualmente, cerca de 91% 
dos estudantes da educação especial estão matriculados em classes regulares, segundo o Censo Escolar 
2023 (MEC […], 2024).
Experiências brasileiras e internacionais mostram que a formação continuada é essencial para o 
sucesso da inclusão. A efetivação da inclusão escolar não depende apenas de recursos, mas também de 
uma mudança cultural que combata o capacitismo e valorize a diversidade como princípio pedagógico.
 Observação
Capacitismo é um termo utilizado para descrever a discriminação, o 
preconceito e a opressão direcionados a pessoas com deficiência. Trata‑se 
de uma forma de exclusão baseada na ideia de que corpos e mentes 
considerados normais são superiores aos que apresentam algum tipo de 
deficiência, o que gera desigualdades sociais, educacionais, profissionais 
e culturais. O capacitismo se manifesta de diversas maneiras: desde a 
negação de acessibilidade e oportunidades até atitudes aparentemente 
bem‑intencionadas, mas que infantilizam, invisibilizam ou subestimam as 
capacidades de pessoas com deficiência.
 
Combater o capacitismo implica reconhecer os direitos das pessoas com deficiência à plena 
participação social em igualdade de condições, promovendo práticas inclusivas, acessibilidade universal 
e uma mudança cultural que valorize a diversidade humana.
A formação contínua dos professores é essencial para que possam lidar com as diversidades presentes 
nas salas de aula. A formação ética e cultural dos educadores deve ser vista como um compromisso 
permanente com a criação de uma escola mais inclusiva e equitativa. Segundo Almeida (2019, p. 112), 
“a formação de professores deve incluir, além de conteúdos pedagógicos, a capacitação para lidar com 
as questões de diversidade cultural, racial e de gênero”.
Uma prática comum em escolas públicas e privadas é a contratação de estagiários de Pedagogia, 
Psicologia e áreas afins para acompanhar estudantes com deficiência ou outras necessidades 
82
Unidade II
educacionais específicas. Apesar de essa medida muitas vezes visar garantir apoio ao aluno durante 
as atividades escolares, ela deve ser analisada com cuidado. Estagiários ainda estão em formação e, 
por isso, não possuem experiência ou conhecimento suficientes para lidar sozinhos com as demandas 
complexas do atendimento educacional especializado. A atuação com esses estudantes exige preparo 
técnico para oferecer apoio pedagógico e emocional, mediar conflitos, adaptar materiais e manter o 
diálogo com as famílias.
As equipes de educação especial, quando bem estruturadas, prezam pelo bem‑estar dos alunos, 
adaptam atividades, produzem materiais acessíveis e acompanham o desenvolvimento individual. 
No entanto, quando o estagiário atua sem supervisão adequada ou apoio técnico, há o risco de a escola 
se eximir de suas responsabilidades, o que pode comprometer o processo de aprendizagem e inclusão.
 Lembrete
A inclusão e a equidade são essenciais para o fortalecimento de um 
ambiente escolar que respeita e celebra as diferenças e que promove uma 
convivência harmoniosa entre estudantes de diferentes origens, crenças, 
orientações sexuais, capacidades e etnias.
 
A legislação brasileira, especialmente a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva (Brasil, 2008b) e a LBI, reconhece o direito à educação inclusiva e prevê a atuação 
de estagiários no AEE apenas sob a supervisão de um profissional habilitado. O estagiário não substitui 
o professor com formação específica em educação especial, que é o responsável pelo planejamento e 
execução das estratégias pedagógicas adequadas.
É fundamental refletir sobre o papel da escola como instituição pública e coletiva que deve assegurar 
os direitos dos estudantes com deficiência, conforme preveem a LBI e as diretrizes da educação inclusiva. 
O acompanhamento especializado não pode ser visto como uma tarefa secundária ou terceirizada, mas 
como parte integrante do projeto pedagógico, demandando investimento em profissionais qualificados, 
formação continuada e políticas que reconheçam a importância da inclusão como princípio ético 
e educativo.
A ética e a diversidade no ambiente escolar estão intimamente conectadas aos princípios de 
inclusão e equidade, que são fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. 
A escola, como espaço de convivência, deve ser o reflexo da pluralidade da sociedade, proporcionando 
um ambiente de respeito, acolhimento e valorização das diferenças. A responsabilidade de promover a 
inclusão e a equidade não recai apenas sobre a legislação, mas sobre as atitudes diárias de educadores e 
gestores escolares, que devem se empenhar em criar uma educação que respeite os direitos e a dignidade 
de todos os alunos.
A inclusão, a ética e o respeito à diversidade não devem se restringir ao trabalho pedagógico com os 
estudantes, mas devem orientar as relações também entre os profissionais da escola. É incoerente, por 
exemplo, exigir o uso de uniformes ou aventais padronizadossem considerar a diversidade de corpos, 
83
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
identidades de gênero e as diferentes necessidades dos educadores e demais profissionais da escola. 
Essa imposição, quando desvinculada de escuta e diálogo, revela uma negligência institucional em 
relação à inclusão, ao respeito à individualidade e ao bem‑estar da equipe.
A transparência na gestão escolar é um elemento essencial para fortalecer a confiança e a participação 
da comunidade educativa. Práticas como a elaboração e a divulgação de carômetros (fotos), tanto dos 
professores por área quanto dos alunos, contribuem para facilitar a comunicação e o reconhecimento 
entre todos os envolvidos no ambiente escolar. Os carômetros de docentes, funcionários da administração, 
direção e coordenação pedagógica afixados nos murais, por exemplo, ajudam estudantes e famílias 
a identificarem seus educadores com clareza, enquanto os carômetros dos alunos apoiam a atuação 
pedagógica e administrativa dos professores e da coordenação. 
Quanto ao uso de celulares e aparelhos eletrônicos por professores e funcionários, os celulares 
corporativos têm sido utilizados como ferramenta eficiente para garantir a comunicação institucional 
com maior agilidade, sem comprometer a privacidade dos dados pessoais. Complementarmente, a ampla 
divulgação e discussão do regimento interno reforça a transparência nas normas de convivência e no 
funcionamento da escola, promovendo um ambiente mais democrático, seguro e organizado.
Levando em conta a perspectiva de transparência e valorização, é fundamental que a escola também 
se comprometa com a construção de um ambiente de trabalho ético e respeitoso para docentes e 
funcionários. Isso inclui pensar na carreira desses profissionais de forma estruturada e justa, com 
clareza nas informações sobre remuneração e benefícios, evitando práticas como remunerações que 
não constam na folha de pagamento, o que pode comprometer direitos trabalhistas e previdenciários.
É urgente problematizar a precarização do trabalho docente, principalmente fatores como baixos 
salários, sobrecarga de tarefas, más condições estruturais e o tratamento muitas vezes desrespeitoso 
destinado a estagiários, auxiliares da educação e funcionários terceirizados. Esses fatores afetam 
diretamente a qualidade das relações no ambiente escolar e comprometem a construção de uma cultura 
ética e democrática.
Somado a isso, há um agravante cada vez mais visível: o adoecimento mental de professores e 
profissionais da educação, algo que tem sido objeto de preocupação crescente. Dados de uma pesquisa 
realizada em 2022 revelam que 21,5% dos docentes brasileiros avaliam sua saúde mental como ruim ou 
muito ruim, com sintomas como ansiedade (60,1%), cansaço excessivo (48,1%) e problemas de sono 
(41,1%) sendo comuns (Bollos, 2025). 
Outra pesquisa, apresentada em reportagem do jornal O Globo (Souto, 2017), aponta que “71% 
dos 762 profissionais de educação da rede pública de vários estados entrevistados no início de 2017 
ficaram afastados da sala de aula“ por questões de saúde mental nos cinco anos anteriores à pesquisa, 
evidenciando uma realidade alarmante nas escolas brasileiras. A intensificação da carga de trabalho, 
a violência simbólica e, muitas vezes, física nas escolas, além da ausência de políticas de acolhimento, 
são fatores que contribuem para esse cenário de sofrimento psíquico. Além disso, a violência nas 
escolas agrava esse cenário, quando pensamos na violência institucional e nas ações de alunos contra 
professores e outros funcionários.
84
Unidade II
Investir no bem‑estar da comunidade escolar é urgente, e isso pode ser feito por meio de palestras e 
rodas de conversa sobre saúde mental voltadas a professores, funcionários e estudantes. Essas estratégias 
podem ajudar a prevenir o adoecimento emocional, reduzir o estresse cotidiano e fortalecer os vínculos 
humanos dentro da escola. Cuidar de quem cuida também é uma forma de garantir uma educação mais 
acolhedora, humana e sustentável.
Uma escola ética não se define apenas pelos conteúdos que ensina ou pelas regras que impõe 
aos alunos, mas também pela forma como cuida e valoriza todos os sujeitos que dela fazem parte. 
É aquela que reconhece, respeita e promove relações justas, dialógicas e humanas entre os adultos que 
compõem sua comunidade, incluindo professores, funcionários e gestores. Construir uma escola mais 
ética, inclusiva e saudável exige, portanto, não apenas reformas pedagógicas, mas também estruturais 
e institucionais, voltadas à valorização integral do trabalho educativo.
A implementação desses princípios não é só um desafio constante, como também uma oportunidade 
de transformar a escola em um espaço de justiça social, onde todos os alunos possam desenvolver seu 
potencial máximo, independentemente de suas condições pessoais ou sociais.
Exemplo de aplicação
Exemplo 1. O Código de Ética e Disciplina do CFEP, apresentado no texto, deve ser compreendido como:
A) Um conjunto de regras rígidas impostas aos educadores.
B) Um manual disciplinar de condutas obrigatórias.
C) Uma ferramenta burocrática para fiscalizar a profissão.
D) Um instrumento orientador da prática educativa comprometida com valores humanos.
E) Uma lista de punições para desvios de conduta dos professores.
Resolução
A alternativa correta é a D, pois o texto destaca que o Código de Ética e Disciplina do CFEP é 
um orientador de uma prática educativa ética, fundamentada na dignidade, solidariedade e respeito 
à diversidade.
Exemplo 2. Durante a pandemia da covid‑19, muitos professores se reinventaram para manter seus 
alunos motivados e conectados ao processo de aprendizagem. Essa atitude evidencia a responsabilidade 
social do docente, pois demonstra:
A) O dever exclusivo de cumprir a carga horária letiva, independentemente das condições dos alunos.
B) A importância de manter a autoridade em sala de aula, mesmo em ambiente remoto.
85
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
C) O compromisso do professor com a adaptação de práticas para garantir acesso ao conhecimento 
e bem‑estar dos estudantes.
D) A necessidade de aumentar a cobrança por resultados e desempenho acadêmico.
E) A valorização do uso irrestrito da tecnologia como único meio de ensino.
Resolução
A alternativa correta é a C, pois a responsabilidade social do professor envolve compromisso com a 
inclusão, adaptação e cuidado com os alunos, especialmente em contextos de crise como a pandemia. 
6.2 Práticas escolares que promovem a convivência ética e cidadã
O ambiente escolar, como espaço de socialização e aprendizado, desempenha um papel fundamental 
na formação de cidadãos críticos, éticos e conscientes de seu papel na sociedade. As práticas que 
promovem a convivência ética e cidadã nas escolas não são apenas necessárias para o bom andamento 
do processo educativo, mas são essenciais para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária 
e respeitosa. A convivência ética envolve a promoção de valores como respeito, solidariedade, justiça e 
empatia, enquanto a convivência cidadã refere‑se ao exercício de direitos e deveres que todo indivíduo 
deve cumprir para garantir o bem comum.
A ética, no contexto escolar, pode ser compreendida como a prática dos valores que orientam 
o comportamento humano em busca do bem comum. Segundo Saviani (2011, p. 108), a ética está 
diretamente relacionada com as escolhas do indivíduo e com o impacto dessas escolhas na coletividade: 
“a ética educacional deve visar o desenvolvimento de competências morais, o fortalecimento dos valores 
democráticos e a formação de cidadãos conscientes de seu papel na sociedade”.
Por outro lado, a cidadania na escola vai além do ensino formal dos direitos e deveres civis. 
A formação cidadã no contexto escolar se dá por meio do exercício da participação ativa no ambiente 
educacional, onde os alunos devem aprender a respeitar as normas, mas também refletir sobre elas 
quando necessário, a fim de promover a justiça social. Portanto,a escola deve ser um ambiente 
onde a prática da cidadania acontece por meio do aprendizado de atitudes coletivas e do envolvimento 
em ações que promovem o bem‑estar social.
As escolas têm desempenhado um papel importante na formação ética e cidadã dos estudantes 
por meio de atividades que estimulam a empatia, a solidariedade, o respeito e a participação coletiva. 
Muitas dessas práticas estão articuladas ao calendário escolar e envolvem ações concretas de 
responsabilidade social.
Exemplos disso são campanhas como a Páscoa Solidária, com arrecadação de chocolates para 
crianças em situação de vulnerabilidade social, doação de roupas, calçados e alimentos para famílias 
86
Unidade II
atingidas por desastres ambientais, apadrinhamento e adoção de pets. Ações assim despertam nos 
estudantes e nas famílias a consciência social e o espírito de ajuda mútua.
Além disso, iniciativas como rodas de conversa com jovens e educadores sobre temas juvenis, 
palestras com especialistas, shows de talentos, visitas a museus, cinemas e ambientes naturais ampliam 
o repertório cultural, promovem o diálogo e favorecem o convívio saudável.
Práticas como a coleta seletiva de lixo e os projetos integrados com alunos da educação inclusiva 
também fortalecem valores como o cuidado com o meio ambiente, a inclusão, o respeito à diversidade 
e a construção de uma comunidade mais justa.
Outras atividades, como a organização de grêmios estudantis, coletivos temáticos e grupos de 
discussão, desempenham um papel fundamental na formação cidadã dos estudantes. Esses espaços 
ampliam a vivência democrática dentro da escola, permitindo que os jovens exercitem o protagonismo, 
o diálogo e a escuta ativa.
Coletivos voltados para a defesa de direitos de grupos minorizados (como mulheres, população 
LGBTQIAPN+, pessoas negras e indígenas) ou para temas sociais, como o combate ao assédio e à 
discriminação, ajudam a construir uma cultura escolar mais inclusiva, empática e consciente. Ao se 
envolverem nessas iniciativas, os alunos não apenas desenvolvem competências socioemocionais, mas 
também aprendem a agir com responsabilidade social, reconhecendo‑se como sujeitos transformadores 
da realidade.
Essas atividades vão ao encontro do que orienta a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), 
que reconhece a formação ética e cidadã como uma das competências gerais da Educação Básica 
(Brasil, 2017), e do que propõe o ECA, que assegura o direito à participação e ao desenvolvimento pleno 
dos sujeitos em formação.
Essas ações não apenas auxiliam diretamente as populações em situação de vulnerabilidade e a 
comunidade escolar interna e externa, como também ensinam aos estudantes a importância de exercer 
a solidariedade como valor ético.
Muitas escolas promovem campanhas de arrecadação de alimentos e materiais escolares para 
auxiliar famílias atingidas por enchentes. Além da coleta de recursos, a iniciativa envolve os estudantes 
em atividades que promovem a conscientização sobre a importância da solidariedade e do compromisso 
social. Práticas como essa contribuem para a formação cidadã dos alunos, incentivando desde cedo o 
engajamento em ações voltadas ao social.
Em tempos de hiperconectividade, o uso excessivo de celulares no ambiente escolar se tornou uma 
preocupação crescente. Muitas escolas têm adotado medidas para reduzir o impacto da tecnologia 
no desenvolvimento das relações interpessoais e no processo de aprendizado. A ética na utilização da 
tecnologia envolve a promoção do uso consciente e responsável do celular, com ênfase no respeito ao 
espaço escolar e ao outro.
87
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
Algumas instituições têm implementado ações educativas que propõem atividades voltadas para 
o uso responsável das redes sociais, a desconexão temporária de dispositivos e o resgate de atividades 
offline, como leitura, jogos cooperativos e debates sobre ética digital. Dessa forma, a desconexão do 
mundo virtual propicia aos estudantes o contato com o mundo real, permitindo que a convivência social 
e a aprendizagem se fortaleçam.
Práticas como a meditação e a ioga têm se mostrado eficazes na promoção do bem‑estar emocional, 
mental e físico, pois ajudam os estudantes a desenvolver habilidades importantes para a convivência 
ética e cidadã, como a paciência, a empatia, o respeito ao espaço do outro e a autodisciplina. Além 
disso, contribuem para a construção de um ambiente escolar mais calmo e harmonioso, essencial para 
o aprendizado.
A implementação de práticas como a ioga nas escolas é uma alternativa que pode beneficiar 
diretamente a saúde mental dos alunos e promover a convivência respeitosa. Para Garcia, Ribeiro e 
Rodrigues (2020), a ioga nas escolas não é apenas uma prática física, mas uma ferramenta pedagógica 
para a formação de indivíduos equilibrados emocionalmente, capazes de lidar com as adversidades 
e com as diferenças de forma mais compreensiva e pacífica.
Em uma escola pública no Rio de Janeiro, um projeto de ioga foi implementado com o objetivo de 
reduzir o estresse dos alunos e promover uma convivência mais tranquila e respeitosa. O projeto foi bem 
recebido e os alunos relataram, em pesquisa de avaliação, que se sentiram mais calmos e mais capazes 
de lidar com conflitos de forma pacífica (Escola […], 2017).
Figura 15 – Respeito na sala de aula
Disponível em: https://tinyurl.com/2spyup6u. Acesso em: 17 jun. 2025.
88
Unidade II
Promover debates e palestras sobre ética, cidadania e diversidade também é uma prática pedagógica 
essencial para a formação cidadã dos estudantes. Ao discutir temas como respeito às diferenças, equidade 
de gênero e diversidade religiosa e étnica, os alunos são desafiados a refletir sobre suas próprias atitudes 
e a desenvolver uma postura ética em relação ao outro. Essas discussões podem ser realizadas em rodas 
de conversa, palestras, dinâmicas e atividades interativas.
Em um caso recente, uma escola pública no estado de São Paulo promoveu uma semana de atividades 
sobre diversidade cultural e respeito aos direitos humanos. A iniciativa incluiu palestras com especialistas, 
filmes sobre a história dos povos indígenas e atividades interativas que incentivaram os alunos a refletir 
sobre o preconceito e a intolerância. Os resultados foram positivos, com aumento significativo no 
engajamento dos estudantes nas discussões sobre respeito à diversidade (Prefeitura […], 2023).
As práticas escolares que promovem a convivência ética e cidadã são essenciais para a formação de 
indivíduos conscientes de seus direitos e deveres, bem como respeitosos com as diferenças. A educação 
ética vai além da mera instrução formal: ela envolve a vivência diária de valores como solidariedade, 
respeito, justiça e empatia, que devem ser praticados tanto dentro quanto fora da sala de aula. 
Além disso, práticas assim permitem aos alunos conhecer e aplicar técnicas que auxiliam a 
restauração do diálogo e a construção de soluções de forma colaborativa, respeitando as diferentes 
posições envolvidas. Quando bem conduzida, tais práticas tendem a fortalecer a cultura da paz, da 
escuta ativa e do cuidado com o outro, valores fundamentais no cotidiano escolar.
Um exemplo é a mediação de conflitos, que, ao ser aplicada no ambiente escolar, deve ser 
compreendida não apenas como uma estratégia de resolução pontual de desentendimentos, mas como 
uma ferramenta pedagógica e relacional que promove o fortalecimento do diálogo, da escuta ativa e 
da convivência ética. 
A mediação começou a ganhar força a partir dos anos 1990, com iniciativas no campo jurídico e 
educacional. Com isso, projetos de mediação escolar e comunitária passaram a ser implantados em 
diferentes regiões do país, muitas vezes ligados a políticas públicas e ao esforço de promover uma 
cultura de paz. Através de um processo estruturado, baseado na imparcialidade, que busca compreender 
as causas dos conflitos e facilitar a construção de acordos entre as partes envolvidas, a mediação 
consegue ser colocada em práticasem recorrer a punições imediatas ou autoritarismo.
Ao utilizar técnicas de mediação, como a escuta sem julgamentos, a reformulação de falas agressivas, 
a identificação de interesses comuns e a construção colaborativa de soluções, a escola se torna um 
espaço educativo também no campo das relações humanas. Professores, coordenadores e demais 
funcionários que dominam essas práticas contribuem para a criação de um ambiente mais seguro e 
respeitoso, onde os conflitos são vistos como oportunidades de aprendizagem e crescimento, e não 
como ameaças à ordem.
89
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
 Observação
Investir na formação da equipe para a mediação de conflitos  é 
fundamental, pois oferecer momentos de estudo, rodas de conversa 
e  acompanhamento da gestão nas situações delicadas contribui para 
que todos se sintam amparados e preparados para lidar com os desafios 
cotidianos. Mais do que resolver problemas, a mediação fortalece vínculos, 
estimula a empatia e consolida uma cultura de paz na escola.
 
No ambiente escolar, tão importante quanto escutar os alunos é garantir espaços de escuta 
qualificada entre os próprios profissionais da educação. A convivência diária entre professores, 
coordenadores, inspetores, equipe de apoio e gestores exige diálogo constante, transparência e respeito 
mútuo. Práticas institucionais como pesquisas de clima organizacional e canais internos de conduta 
são ferramentas valiosas para dar voz aos funcionários, identificar dificuldades, prevenir conflitos e 
promover melhorias no ambiente de trabalho.
A escuta atenta e contínua dos professores e demais funcionários deve ser compreendida como 
parte da gestão democrática e participativa da escola. Quando os profissionais se sentem ouvidos, 
valorizados e envolvidos nas decisões, fortalecem‑se os laços de confiança e o senso de pertencimento, 
o que contribui diretamente para a cooperação entre os membros da equipe e ajuda a evitar sobrecargas 
emocionais e físicas, que são cada vez mais comuns na realidade escolar.
Desenvolver uma cultura de escuta entre os profissionais da escola é, portanto, um investimento na 
saúde institucional da equipe e na qualidade das relações interpessoais. Afinal, uma escola que cuida de 
quem educa está mais preparada para cuidar bem de quem aprende.
Dessa forma, é preciso mais do que boas intenções, é necessário um trabalho contínuo, com 
envolvimento de toda a escola e espaço para diálogo e vivência dos valores no cotidiano escolar. A escola, 
como espaço de socialização, também é responsável por essa formação e deve agir de forma coerente, 
pois projetos bem‑sucedidos são aqueles que integram valores às práticas reais, envolvendo professores, 
gestores e estudantes de forma participativa e constante.
 Lembrete
Na prática docente, é preciso lembrar da importância de iniciativas 
como rodas de conversa com jovens e educadores sobre temas juvenis, 
palestras com especialistas, shows de talentos, visitas a museus, cinemas 
e ambientes naturais, pois elas ampliam o repertório cultural, promovem o 
diálogo e favorecem o convívio saudável entre os diferentes.
 
90
Unidade II
A escola, como espaço de convivência, tem o papel de fomentar essas práticas por meio de atividades 
que estimulem a solidariedade, a reflexão crítica, o uso responsável da tecnologia e o desenvolvimento 
de habilidades emocionais. Essas práticas não só contribuem para a formação de cidadãos mais 
conscientes e éticos, mas também para a criação de uma sociedade mais justa e equilibrada.
Enquanto profissionais da área da educação, devemos refletir: estamos realmente educando para a 
cidadania ou apenas fixando cartazes com mensagens que não refletem as atitudes éticas no ambiente 
escolar? Estamos destacando ações pontuais ou contínuas, que têm como foco a formação ética 
e cidadã?
91
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
 Resumo
A prática docente está imersa em princípios éticos que vão além da 
obediência e das normas, exigindo do educador sensibilidade, reflexão 
crítica e responsabilidade crítica diante de situações cotidianas. Atitudes 
como acolher alunos em vulnerabilidade, combater o preconceito e adaptar 
práticas pedagógicas demonstram um compromisso com a justiça, a 
inclusão e a equidade.
Ao longo desta unidade, conhecemos algumas diretrizes que servem 
como códigos de ética para a profissão docente e que, mais do que um 
conjunto de regras, são instrumentos orientadores para a construção de uma 
prática educativa ética, comprometida com a dignidade, a solidariedade e o 
respeito à diversidade.
Vimos que o cotidiano escolar ainda enfrenta dilemas éticos diante 
de desigualdades sociais e da persistência do racismo estrutural. Casos 
recentes de discriminação em colégios de elite em São Paulo evidenciam 
a urgência de ações concretas contra o preconceito e a necessidade de 
preparo institucional para acolher estudantes negros, bolsistas e periféricos 
de forma respeitosa e justa.
Abordamos a importância da educação antirracista, que deve estar 
integrada ao projeto pedagógico, currículo e práticas escolares de forma 
a valorizar os saberes negros e indígenas e estimular a formação docente 
crítica e a criação de comissões antirracistas nas escolas. Segundo autoras 
como Djamila Ribeiro e Nilma Lino Gomes, a construção de uma escola 
democrática passa pelo letramento racial da comunidade escolar, pelo 
reconhecimento da diversidade como riqueza e pelo combate às estruturas 
que reproduzem exclusão. Logo, a ética na docência é uma prática 
transformadora, que forma sujeitos conscientes, críticos e solidários.
No Brasil, mesmo que não exista um código de ética nacional e 
obrigatório para pedagogos, existem diretrizes e documentos que orientam 
a conduta profissional. O principal deles é a Resolução n. 3/2018 do CFEP, que 
estabelece princípios éticos, morais e sociais para os pedagogos, com foco 
na valorização da profissão, inclusão, respeito à diversidade e compromisso 
com a qualidade do ensino. Além disso, normas como a Constituição Federal 
(art. 206), o ECA e a LDB também trazem orientações éticas importantes. 
Alguns estados e municípios, como São Paulo, com a  Resolução SE 
n. 52/2013, estabeleceram seus próprios códigos, e associações e sindicatos 
também contribuem com materiais e cartilhas sobre conduta ética. Esses 
92
Unidade II
documentos defendem que o educador deve ser um agente de transformação 
social, atuar com responsabilidade e compromisso, e adaptar sua prática às 
mudanças e desafios contemporâneos.
A responsabilidade social do professor vai além de ensinar conteúdos: ela 
envolve o compromisso com a formação cidadã, a criação de um ambiente 
escolar seguro, ético e inclusivo, e a promoção de valores como o respeito, 
a empatia e os direitos humanos. Em contextos de desigualdade, como no 
Brasil, o professor atua como agente de transformação social, contribuindo 
para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Autores 
como Paulo Freire destacam que essa responsabilidade é também política e 
exige uma postura crítica e consciente diante da realidade.
As práticas escolares que promovem a convivência ética e cidadã são 
essenciais para a formação de indivíduos conscientes de seus direitos e 
deveres, bem como respeitosos com as diferenças. A educação ética vai 
além da mera instrução formal: ela envolve a vivência diária de valores 
como solidariedade, respeito, justiça e empatia, que devem ser praticados 
tanto dentro quanto fora da sala de aula. 
A escola, como espaço de convivência, tem o papel de fomentar essas 
práticas por meio de atividades que estimulem a solidariedade, a reflexão 
crítica, o uso responsável da tecnologia e o desenvolvimento de habilidades 
emocionais. Essas práticas não só contribuem para a formação de cidadãos 
mais conscientes e éticos, mas também para a criação de uma sociedade mais 
justa e equilibrada.
93
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
 Exercícios
Questão 1. Leia o texto a seguir.
Frequentemente, professoresenfrentam dilemas éticos em seu cotidiano. Além das atividades 
inerentes à docência, diversas situações do contexto educacional podem gerar incertezas, dúvidas, 
divergências e controvérsias, exigindo posicionamentos rápidos que nem sempre são suficientemente 
refletidos, o que pode levar a decisões com consequências injustas.
A identificação de problemas recorrentes na sala de aula, no ambiente escolar e acadêmico – para 
os quais não existem respostas ou caminhos evidentes – pode favorecer um esforço preventivo na 
formação docente. Isso permite que o professor atue de acordo com seus valores, mesmo diante das 
dificuldades em reconhecer um dilema ético.
SILVA, P. F. D.; ISHII, I.; KRASILCHIK, M. Código de ética para a profissão docente: percepções e opiniões de educadores. Educação em 
Revista, v. 39, e41031, 2023. Disponível em: https://tinyurl.com/22ac64dr. Acesso em: 17 jun. 2025 (com adaptações).
Com base no texto e em seus conhecimentos sobre o tema, avalie as afirmativas.
I – Embora princípios éticos sejam importantes, seu cumprimento depende estritamente das 
normas e das orientações institucionais, e o professor deve apenas obedecer às diretrizes estabelecidas 
pela escola.
II – A atuação ética do professor exige constante reflexão e não pode ser dissociada do contexto 
social em que a escola está inserida.
III – O preparo institucional inadequado pode transformar oportunidades educacionais em 
experiências excludentes e traumáticas para estudantes de grupos minoritários.
É correto o que se afirma em:
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
Resposta correta: alternativa D.
94
Unidade II
Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a ideia de que o professor deve apenas seguir diretrizes institucionais ignora a 
complexidade do agir ético na prática docente. A ética profissional envolve autonomia, discernimento 
e responsabilidade diante de situações que exigem mais do que cumprimento de normas. Em muitos 
contextos, cabe ao educador reconhecer injustiças, questionar práticas excludentes e agir em defesa da 
equidade e do respeito às diferenças, mesmo diante da ausência ou ineficácia de orientações formais.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: o exercício da docência envolve escolhas frequentes diante de situações complexas e, 
muitas vezes, ambíguas. Essas decisões exigem reflexão ética, pois impactam diretamente os processos 
de ensino e aprendizagem, bem como as relações interpessoais no ambiente escolar. Dilemas surgem, 
por exemplo, quando há conflitos entre regras institucionais e valores pessoais ou entre o que é justo 
para o indivíduo e para o coletivo.
III – Afirmativa correta.
Justificativa: a prática pedagógica comprometida com a ética deve promover o reconhecimento das 
diferenças e a valorização da dignidade de todos os estudantes. Essa perspectiva contribui para a criação 
de um ambiente educacional inclusivo, em que o respeito mútuo e a justiça social se tornam pilares da 
convivência e da aprendizagem significativa.
Questão 2. Em relação ao tema “a responsabilidade social do professor”, avalie as afirmativas a seguir.
I – A responsabilidade social do professor compreende a construção ativa de um ambiente escolar 
que assegure condições de segurança, acolhimento e respeito à diversidade, de modo a promover o 
desenvolvimento integral dos estudantes.
II – O exercício da docência implica uma atuação crítica e reflexiva, por meio da qual o professor 
fomenta a formação de sujeitos conscientes de seus direitos e deveres, capazes de intervir de modo 
transformador em suas realidades sociais.
III – A responsabilidade social do professor exige formação contínua e sensível às múltiplas dimensões 
da realidade social, o que possibilita uma atuação pedagógica informada, comprometida com a equidade 
e com os direitos humanos.
95
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
É correto o que se afirma em:
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
Resposta correta: alternativa E.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: o espaço escolar precisa ser entendido como um território de proteção e pertencimento, 
especialmente em contextos de desigualdade social. Nesse sentido, o docente não apenas ensina, mas 
atua como agente protetivo e promotor de um ethos inclusivo, sensível às vulnerabilidades de seus 
alunos. Seu compromisso ético exige vigilância constante contra manifestações de discriminação, 
negligência ou violência, de forma a contribuir para uma cultura escolar que garanta direitos e promova 
o bem‑estar coletivo.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: a prática pedagógica não pode se restringir à reprodução de conteúdos, mas deve 
favorecer o desenvolvimento da autonomia intelectual e da consciência crítica dos alunos. Ao assumir 
essa função, o professor reconhece seu papel político e social na constituição de uma cidadania ativa, 
sendo corresponsável pela formação de indivíduos que compreendem e questionam as estruturas sociais, 
e que agem pautados por valores democráticos e éticos.
III – Afirmativa correta.
Justificativa: a complexidade das demandas sociais exige que o educador atualize e aprofunde 
seus saberes de forma contínua, a fim de lidar com questões como desigualdade, racismo, violência e 
exclusão com criticidade e competência. A formação docente não deve restringir‑se ao domínio técnico 
ou metodológico, mas precisa integrar a compreensão das dinâmicas sociais presentes na escola para 
que a prática seja tanto pedagógica quanto socialmente engajada.à exclusão 
histórica da população negra dos espaços de poder e de representação, sendo reproduzido cotidianamente 
através da linguagem, da mídia e das práticas educacionais.
Figura 11 – Capa do livro Pequeno manual antirracista, de Djamila Ribeiro (2019)
Disponível em: https://tinyurl.com/53peszzk. Acesso em: 17 jun. 2025.
58
Unidade II
 Saiba mais
Compreender o racismo estrutural de forma crítica e acessível é essencial 
para educadores e estudantes que buscam construir uma educação 
antirracista. Em obras como Pequeno manual antirracista (2019) e O que é: 
lugar de fala (2017), a filósofa Djamila Ribeiro propõe que o reconhecimento 
das desigualdades é o primeiro passo para transformá‑las. Ela aponta o 
quanto o racismo se naturaliza nas relações sociais e defende a escuta ativa das 
pessoas negras e a valorização de suas experiências como parte essencial 
da construção do conhecimento.
Djamila Ribeiro escreve de forma direta e objetiva sobre como o racismo 
se manifesta no cotidiano e o que cada pessoa pode fazer para combatê‑lo. 
Pequeno manual antirracista propõe 11 lições que ajudam a refletir e 
agir contra o racismo, sendo recomendado para adolescentes, projetos 
interdisciplinares e formação continuada de docentes.
RIBEIRO, D. O que é: lugar de fala. Belo Horizonte: Letramento: 
Justificando, 2017.
RIBEIRO, D. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2019.
No vídeo do canal Papo de Preta, temas como representatividade, 
desigualdades raciais e lugar de fala são tratados de forma leve e envolvente, 
com exemplos do cotidiano e da mídia.
SOBRE o lugar de fala: o que é isso afinal? 2018. 1 vídeo (9 min). Publicado 
pelo canal Papo de Preta. Disponível em: https://tinyurl.com/jdp28su6. 
Acesso em: 17 jun. 2025.
Esse cenário evidencia a urgência de práticas pedagógicas comprometidas com a educação 
antirracista, capazes de promover o respeito à diversidade, a valorização dos saberes negros e a 
superação de desigualdades históricas.
Nesse contexto, Djamila Ribeiro (2019, p. 11) afirma que “a luta contra o racismo não é apenas tarefa 
das pessoas negras, mas de toda a sociedade, especialmente das instituições de ensino”, destacando o 
papel central da escola na transformação social. A autora também reforça que “é preciso entender que 
vivemos em uma sociedade estruturada no racismo, onde as pessoas negras, historicamente, foram 
impedidas de ocupar certos espaços e de serem reconhecidas como produtoras de saberes” (Ribeiro, 
2019, p. 11). 
Essas reflexões reforçam a responsabilidade dos educadores em combater práticas racistas e construir 
ambientes escolares verdadeiramente inclusivos e equitativos. Segundo Nilma Lino Gomes (2011), a 
59
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
inclusão e a equidade implicam o reconhecimento da pluralidade dos sujeitos e a valorização dos 
saberes historicamente marginalizados. Para a autora, uma escola inclusiva precisa “reconhecer e acolher 
as diferenças como potencialidades e não como problemas” (Gomes, 2011, p. 54).
 Observação
Práticas inclusivas e equitativas são ações pedagógicas, administrativas 
e relacionais adotadas pelas instituições de ensino com o objetivo de 
garantir o acesso, a permanência, a participação e o sucesso de todos os 
estudantes, reconhecendo e respeitando suas diferenças étnico‑raciais, 
culturais, sociais, físicas, cognitivas e emocionais. Essas práticas vão além 
da mera presença física dos alunos, promovendo ambientes educacionais 
que acolhem, valorizam e representam a diversidade em seus currículos, 
metodologias e relações.
Portanto, desenvolver a ética na docência exige reflexão crítica, diálogo constante com os pares, 
conhecimento da legislação e, sobretudo, sensibilidade para compreender o contexto social dos alunos. 
A ética na prática docente é uma construção cotidiana que deve se apoiar na justiça, no respeito e na 
responsabilidade coletiva.
A construção de uma escola verdadeiramente inclusiva e democrática no Brasil passa, 
necessariamente, pelo letramento racial de toda a comunidade escolar. Trata‑se de um processo 
contínuo de aprendizagem e reflexão crítica sobre a estrutura racial da sociedade brasileira e suas 
manifestações no cotidiano escolar. 
Letrar‑se racialmente significa reconhecer como o racismo está enraizado nas instituições e nos 
discursos sociais, mesmo sob a aparência da cordialidade ou da suposta neutralidade. O mito da 
democracia racial, conforme discutido por Gomes (2021), contribui para a naturalização de práticas 
excludentes e para o silenciamento de vozes negras no espaço escolar. 
É fundamental, portanto, que as instituições educacionais criem dispositivos que não apenas 
reconheçam a diversidade, mas promovam ativamente a valorização das identidades negras, indígenas 
e de outros grupos historicamente marginalizados. 
Gomes (2012) discute como o racismo estrutural se manifesta nas práticas pedagógicas e 
curriculares, impactando negativamente a experiência de crianças negras na Educação Infantil. 
A  autora argumenta que a ausência de uma abordagem crítica e inclusiva no currículo contribui para a 
reprodução de desigualdades e para o apagamento das identidades negras no ambiente escolar.
Diante disso, é urgente que as instituições educacionais se comprometam com a descolonização 
dos currículos, promovendo o reconhecimento e a valorização das histórias, culturas e contribuições dos 
povos negros, indígenas e demais grupos racializados. Como enfatiza Gomes (2012), descolonizar o 
currículo implica questionar o que se ensina, por que se ensina e quem tem legitimidade para ensinar, 
rompendo, assim, com a lógica de exclusão epistêmica que historicamente apagou as experiências e os 
saberes de sujeitos subalternizados.
60
Unidade II
A autora aponta que a presença de crianças negras na escola exige práticas pedagógicas antirracistas 
e críticas, que não apenas reconheçam a diversidade, mas a incorporem como eixo estruturante do 
processo educativo. Nesse sentido, o currículo precisa ser um espaço de disputa e reconstrução, voltado 
à equidade e à justiça social. Para isso, é necessário compreender que a educação antirracista não 
pode se limitar a datas comemorativas ou a atividades pontuais, mas deve estar integrada de forma 
transversal à gestão escolar, ao currículo, às relações interpessoais e às práticas pedagógicas cotidianas. 
Muito presente na pauta das escolas atualmente, o conceito de educação antirracista é uma prática 
pedagógica que reconhece, enfrenta e busca desconstruir as desigualdades raciais presentes na sociedade 
e, especialmente, na escola. Essa abordagem não se limita à denúncia de atos discriminatórios pontuais, 
mas propõe uma reestruturação das práticas escolares, dos conteúdos curriculares e das relações sociais 
dentro do espaço educativo.
Segundo Gomes (2017), a educação antirracista deve integrar‑se ao projeto pedagógico da escola 
como uma prática constante e não como ações esporádicas. Para a autora, é essencial reconhecer 
os saberes e as histórias afro‑brasileiras e indígenas como parte integrante do processo formativo. 
Kabengele Munanga (2005b) também contribui ao mostrar que o racismo no Brasil muitas vezes se 
manifesta de forma dissimulada, o que reforça a necessidade de um ensino crítico sobre a história da 
população negra e indígena, suas lutas e contribuições.
Outro passo essencial é a criação de uma comissão antirracista dentro da escola, formada por 
representantes da gestão, professores, familiares e, sempre que possível, estudantes. Essa comissão deve 
ter autonomia para avaliar práticas, ouvir denúncias e propor ações formativas e transformadoras do 
cotidiano escolar. 
 Observação 
A educação antirracista é um conjunto de práticas pedagógicas e 
políticas escolares que tem como objetivo combater o racismo, valorizar 
a diversidade étnico‑racial e garantir a equidade racial no processo de 
ensino‑aprendizagem. A educação antirracista parte do reconhecimento 
de que o racismo é estruturale atua para desconstruí‑lo por meio da 
inclusão de conteúdos, autores e perspectivas negras e indígenas no 
currículo escolar.
Entre as principais características da educação antirracista, destaca‑se 
a valorização da história e da cultura afro‑brasileira e indígena, reconhecendo 
seus saberes e contribuições como parte essencial da formação escolar. Essa 
abordagem busca romper com o silenciamento das vozes negras e indígenas 
nos conteúdos didáticos, dando visibilidade a narrativas historicamente 
marginalizadas. Essa ação resulta em educadores e educandos formados 
para promover o respeito à diversidade e para construir relações baseadas 
na equidade racial. 
61
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
A educação antirracista trata de um compromisso ético e político com a equidade, que exige ações 
contínuas e intencionais no combate ao racismo estrutural presente nas dinâmicas escolares. A análise 
e a reformulação crítica do currículo escolar são indispensáveis. As escolas devem incorporar, de forma 
transversal e sistemática, os conteúdos previstos pelas Leis n. 10.639/2003 e n. 11.645/2008, que 
determinam o ensino da história e cultura afro‑brasileira, africana e indígena em todos os níveis de 
ensino. Tais leis são marcos importantes para a promoção da educação antirracista e a valorização da 
diversidade étnico‑racial nas escolas brasileiras. A Lei n. 10.639/2003, sancionada em 9 de janeiro de 2003, 
tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro‑brasileira e africana nos currículos da Educação 
Básica, especialmente nas áreas de Educação Artística, Literatura e História. Essa lei tem como objetivo 
valorizar a contribuição dos povos africanos na formação da sociedade brasileira, combater o racismo por 
meio da educação, e promover o reconhecimento e respeito pela diversidade étnico‑racial, fortalecendo 
a identidade e autoestima da população negra. 
 Saiba mais
Há diversas formas de racismo, e a conscientização é ferramenta essencial 
para combatê‑las. Leia a história em quadrinhos publicada no site a seguir na 
ocasião do Dia da Consciência Negra:
O QUE é racismo estrutural? Mina de HQ, 20 nov. 2023. Disponível em: 
https://tinyurl.com/fsuemwpb. Acesso em: 17 jun. 2025.
Pesquisas da área da antropologia nos ensinam que compreender as formas como as sociedades 
produzem e reproduzem desigualdades exige atenção especial a fenômenos como o racismo estrutural, 
o preconceito e as atitudes em relação à diversidade cultural.
O racismo estrutural refere‑se às formas de discriminação racial que estão profundamente enraizadas 
nas instituições sociais, políticas, econômicas e culturais. A antropologia, ao estudar as estruturas 
simbólicas e materiais das culturas, denuncia como essas práticas estão naturalizadas e operam mesmo 
sem intenção consciente. De acordo com Silvio Almeida (2019), o racismo estrutural é “um conjunto de 
práticas institucionais, históricas, culturais e interpessoais que colocam um grupo étnico‑racial em 
posição de desvantagem sistemática”. 
O preconceito, por sua vez, é um julgamento prévio e negativo sobre indivíduos ou grupos com base 
em estereótipos culturais, étnicos, religiosos, de gênero, entre outros. 
Em oposição ao preconceito e como resposta ética e política ao racismo, a aceitação da diversidade 
cultural é um princípio fundamental da antropologia contemporânea. Trata‑se do reconhecimento de 
que todos os grupos humanos produzem cultura, e que essas culturas devem ser compreendidas em 
seus próprios termos, sendo a ideia central do relativismo cultural. Segundo Claude Lévi‑Strauss (1986), 
a diversidade das culturas humanas deve ser respeitada não apenas como um dado da realidade, mas 
como um valor.
62
Unidade II
Dessa forma, combater o racismo e o preconceito exige que observemos práticas institucionais 
a partir de um olhar reflexivo e crítico, sempre com uma postura aberta à pluralidade dos modos 
de vida. Assim, a educação antirracista e intercultural nos parece um ótimo caminho para exercitar 
conhecimentos, saberes e empatia rumo ao processo de transformação social.
 Lembrete
A diversidade cultural é o conjunto das diferentes formas de viver, 
pensar e se expressar dos povos e das pessoas. Respeitar essa diversidade 
é entender que nenhuma cultura é melhor ou pior que a outra. Como 
dizia o antropólogo Lévi‑Strauss, todas as culturas têm seu valor e devem 
ser respeitadas.
 
Diante disso, é importante reconhecer o racismo e o preconceito e aprender a valorizar as diferenças. 
Esse é o caminho para construir uma sociedade mais justa, onde todos possam ser respeitados como são.
Como destaca Gomes (2017, p. 75), a Lei n. 10.639/2003 “representa uma ruptura com a lógica 
eurocêntrica da educação brasileira ao legitimar a história e a cultura afro‑brasileira como parte da 
formação de todos os estudantes”, contribuindo para uma educação que valorize as diferenças culturais. 
Para o antropólogo Kabengele Munanga (2005b, p. 47), “tratar da história e cultura dos povos indígenas 
e afrodescendentes na escola é fundamental para construir uma sociedade mais justa e igualitária”.
É fundamental, como destacam Veiga, Araújo e Kapuziniak (2005), que o professor se compreenda 
como agente ético e político, comprometido com uma prática educativa que valorize a pluralidade 
cultural e combata todas as formas de opressão.
 Lembrete
A Lei n. 11.645/2008, promulgada em 10 de março de 2008, amplia 
o alcance da Lei n. 10.639/2003, incluindo também a obrigatoriedade do 
ensino da história e cultura dos povos indígenas brasileiros. Essa lei visa 
garantir que o currículo escolar reflita o reconhecimento da importância 
das culturas indígenas, além de combater o preconceito contra os povos 
originários ao promover uma formação cidadã crítica e plural, corrigindo 
distorções históricas presentes no ensino escolar.
 
Trazer para o currículo cientistas negros e negras, tecnologias africanas, autores e artistas 
antirracista não apenas como exceções, mas como parte essencial da construção do conhecimento, é 
um passo necessário para possibilitar a vivência da diversidade e resgatar a dignidade das populações 
historicamente invisibilizadas. 
63
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
 Texto em destaque:
Ela apanha amoras dos
galhos e do chão.
Ao vê‑la, Zumbi dos
Palmares diria:
— Nada foi em vão.
Adaptado de: Emicida (2018).
No trecho apresentado do livro Amora, de Emicida (2018), a personagem apanha amoras no chão, 
talvez como quem recolhe os frutos de uma história que muitos tentaram apagar. A obra nos instiga 
a pensar e pesquisar quem foi Zumbi dos Palmares e a importância dele para o movimento negro no 
Brasil. A narrativa parece simples, mas mostra que mesmo os pequenos gestos carregam a força de 
quem veio antes (historicamente) e continuam a fazer sentido no presente, porque deixaram marcas 
profundas na luta por liberdade e dignidade.
Assim, a partir do trecho transcrito, é possível refletir: será que conseguimos reconhecer, nos nossos 
próprios gestos do dia a dia, os frutos das lutas dos que vieram antes de nós? Nesse ponto, é importante 
pensar em nossos pais, avós, bisavós e nas histórias que cada família vivenciou.
Enquanto profissional da área da educação, você já refletiu sobre a inclusão de autores de origem 
afro‑brasileira ou indígena em seus estudos ou práticas pedagógicas? Essa prática é essencial, pois esses 
autores, com suas perspectivas únicas sobre as questões raciais, sociais e educacionais, oferecem uma 
visão mais rica e plural sobre a educação.
 Saiba mais
A discussão sobre a temática indígena na educação envolve a valorização 
dos saberes, culturas e história dos povos originários do Brasil, com o objetivo 
de promover uma formação escolar que respeite e integre essas identidades. 
A seguir estão alguns livros e autores que são leituras essenciais, as quais 
podem ser levadas para a sala de aula.
Ailton Krenak é um dos principais pensadores indígenas contemporâneos. 
Sua obra oferece uma crítica potente sobrea relação entre a sociedade 
64
Unidade II
moderna e os povos originários, refletindo sobre as consequências das 
políticas públicas para os indígenas no Brasil, incluindo a educação.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2019.
Davi Munduruku, como membro do povo Munduruku, compartilha 
reflexões sobre os desafios enfrentados pelos povos indígenas em sua luta 
pela preservação de suas culturas e identidade no contexto educacional.
MUNDURUKU, D. Histórias de índio. São Paulo: Companhia das 
Letrinhas, 1996.
bell hooks, embora não seja indígena, contribui significativamente para 
as discussões sobre a diversidade, identidade e as formas de opressão que 
afetam minorias. O livro Meu crespo é de rainha (2018) é uma homenagem 
ao cabelo afro e ensina as crianças a se orgulhar de suas origens. hooks 
escreveu seu primeiro livro infantil em 1999 após presenciar um episódio 
de racismo em uma escola, onde cabelos crespos foram chamados de ruins. 
A obra, publicada originalmente em 1999, busca valorizar a identidade negra 
e combater estereótipos, celebrando a beleza dos cabelos afro com linguagem 
poética e acessível, promovendo autoestima e respeito à diversidade entre 
as crianças. 
HOOKS, B. Meu crespo é de rainha. São Paulo: Boitatá, 2018.
No livro A pele que eu tenho, bell hooks aborda, de forma poética e sensível, 
o tema da raça e da identidade, propondo uma reflexão sobre o perigo de 
julgar as pessoas pela aparência. A narrativa promove o amor ao próximo 
e valoriza a individualidade, reforçando mensagens de respeito, empatia e 
inclusão desde a infância.
HOOKS, B. A pele que eu tenho. São Paulo: Boitempo, 2022.
Emicida, rapper e ativista, embora mais conhecido por seu trabalho musical, 
também faz contribuições significativas sobre identidade, racismo e a luta pela 
valorização das culturas negras e indígenas. Sua reflexão sobre a educação, a 
arte e a resistência é relevante para uma abordagem crítica do ensino.
AMARELO: é tudo pra ontem. Direção: Fred Ouro Preto. Brasil: Netflix, 
2020. 89 min.
Amora é uma obra muito interessante para ser trabalhada com crianças, 
pois conta histórias que abordam a valorização da identidade negra e o 
65
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
empoderamento, além de trazer elementos culturais que celebram as raízes 
afro‑brasileiras de forma leve e criativa.
EMICIDA. Amora. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
A obra desses autores, indígenas e não indígenas, oferece um panorama 
valioso sobre a importância de integrar as vozes dos povos originários 
na educação. Ao valorizar e dar visibilidade às culturas e histórias indígenas, 
os educadores  podem contribuir para um sistema escolar mais inclusivo 
e capaz de refletir a diversidade do Brasil. Além disso, é fundamental que, 
enquanto futuros pedagogos, os estudantes compreendam como a educação 
pode ser uma ferramenta poderosa para o reconhecimento e fortalecimento 
das identidades culturais.
 
Podemos exemplificar a prática com casos que mobilizam debates importantes sobre os direitos 
humanos no contexto escolar. Alunos de uma escola estadual em São Paulo denunciaram a diretora 
por atos de transfobia e assédio moral, incluindo a proibição de uma estudante trans utilizar o banheiro 
feminino e o não reconhecimento do seu nome social (Diretora […], 2022). Diante das denúncias e da 
mobilização dos estudantes, a diretora também foi afastada para que as investigações fossem conduzidas 
pela Secretaria Estadual da Educação, destacando a importância de medidas que garantam respeito e 
inclusão no contexto escolar.
Em 2025, uma professora de inglês da Escola Municipal Acre, na zona norte do Rio de Janeiro, foi 
afastada após denúncias de transfobia. A estudante trans Kauane, de 13 anos, relatou que a docente 
insistiu em chamá‑la pelo nome de batismo masculino, mesmo com o nome social devidamente 
registrado nos documentos escolares. A situação se agravou quando a professora escreveu o nome 
de batismo da aluna em um trabalho na frente da turma, causando constrangimento. Esta não foi a 
primeira denúncia contra a docente: em 2023, ela teria obrigado alunos a rezar em sala ao descobrir que 
uma jovem era do candomblé. A Secretaria Municipal de Educação instaurou uma sindicância e afastou 
a professora, enquanto a Polícia Civil prossegue com as investigações (Peixoto; Castelano, 2025). 
Esses casos evidenciam os desafios enfrentados pelas instituições de ensino na promoção de um 
ambiente democrático, ético e inclusivo, onde o respeito às diferenças seja efetivamente assegurado.
Outro caso recente chamou a atenção de escolas e educadores. Ella Stapleton, aluna de Administração 
da Universidade Northeastern, em Boston (EUA), solicitou reembolso de US$ 8 mil (cerca de R$ 45 mil) 
após descobrir que o professor usou inteligência artificial (IA) para elaborar o material de uma disciplina 
(Aluna […], 2025). A denúncia surgiu quando ela identificou comandos típicos do ChatGPT, além de erros 
de ortografia, imagens distorcidas e trechos desconexos nos conteúdos das aulas. A estudante alegou 
que o uso da IA não foi informado, contrariando as normas do curso, que proíbem “práticas acadêmicas 
desonestas, como o uso não autorizado de inteligência artificial. Em resposta, a universidade não 
comentou o caso específico, mas afirmou adotar o uso de IA para aprimorar o ensino e atualizar suas 
políticas sobre o tema.
66
Unidade II
Figura 12 – A tecnologia na sala de aula
Disponível em: https://tinyurl.com/4sh74xhk. Acesso em: 17 jun. 2025.
O caso se insere em um contexto mais amplo de debates sobre o uso de IA na educação. Ferramentas 
como ChatGPT estão sendo usadas por alunos e professores, o que levanta questões sobre autenticidade, 
originalidade e ética, levando‑nos a questionar: como equilibrar inovação tecnológica e compromisso 
ético no processo de ensino‑aprendizagem? Em um ambiente escolar, a confiança entre aluno  e 
professor, essencial para uma formação de qualidade, é abalada quando o uso de ferramentas como 
IAs ocorre sem transparência ou critério pedagógico claro. O episódio nos faz repensar as práticas 
educacionais diante das novas tecnologias, exigindo não apenas regulamentações institucionais, mas 
também uma cultura de diálogo, responsabilidade e formação crítica sobre o uso da IA na produção 
e mediação do conhecimento.
O ambiente da sala de aula é um espaço de troca, escuta e confiança mútua, onde o docente 
compartilha não apenas informações, mas também sua elaboração intelectual, metodologias e 
experiências únicas. Nesse contexto, podemos mencionar a proibição de gravar e fotografar aulas sem 
a autorização prévia do professor, que está amparada no respeito aos direitos de imagem e autorais, mas 
que vai além das questões legais, alcançando uma dimensão ética fundamental na relação educativa. 
Além disso, é importante destacar outro ponto: registrar e divulgar conteúdo sem consentimento fere 
não só a legislação, mas também a ética do cuidado, da reciprocidade e da valorização do trabalho 
docente. Proteger o direito de imagem e os conteúdos produzidos pelos professores é reconhecer sua 
autoria e dignidade profissional, fortalecendo o respeito mútuo e o compromisso coletivo com uma 
educação justa, segura e responsável.
Como observamos, a docência, por sua natureza formadora, está imersa em um campo de tensões 
éticas que se intensificam diante da crescente polarização política e do avanço de pautas conservadoras 
no Brasil. Em um cenário em que a escola é frequentemente tomada como campo de disputa ideológica, 
67
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
os profissionais da educação se veem confrontados com dilemas éticos que atravessam desde o 
planejamento das aulas até o relacionamento com a comunidade escolar.
A Constituição Federal de 1988 assegura, no artigo 206, a liberdade de ensinar e aprender, além 
do pluralismo de ideias no ambiente educacional. Professores que promovem discussões sobre gênero, 
sexualidade, racismo, açõesafirmativas ou até mesmo críticas a ações governamentais têm sido alvos 
de perseguições, denúncias e ameaças, muitas vezes respaldadas por discursos de movimentos políticos 
que associam o ensino crítico à doutrinação ideológica. A chamada Escola Sem Partido, por exemplo, 
defende uma visão de neutralidade pedagógica que, como destacam Veiga, Araújo e Kapuziniak (2005), 
esvazia o papel ético‑político do educador e reduz a prática docente a uma função técnica e desprovida 
de compromisso com a transformação social.
A Constituição Brasileira diz que todas as pessoas têm o direito de ensinar e de aprender, e que a 
escola deve ser um espaço onde diferentes ideias possam ser discutidas (Brasil, 1988, art. 206). Porém, 
nos últimos anos, esse direito vem sendo desrespeitado. 
Esses dilemas não são teóricos, mas se materializam em situações concretas. Um caso emblemático 
ocorreu em 2021, quando uma professora de história foi suspensa pela direção escolar após criticar o 
então governo federal ao debater demarcação de terras indígenas com seus alunos (Sindicato […], 2021). 
O episódio levantou debates sobre a liberdade de cátedra e o papel da escola na formação cidadã. A 
docente se viu diante do dilema entre manter sua proposta pedagógica, pautada na crítica e no debate 
democrático, ou ceder à pressão e revisar seu conteúdo para evitar retaliações.
Cortina (2005) aponta que a ética profissional exige do educador uma disposição constante ao 
diálogo, à escuta ativa e à coerência entre discurso e prática. No contexto atual, isso implica reconhecer 
que neutralidade absoluta é impossível e que toda prática pedagógica carrega uma intencionalidade. 
Por isso, a formação ética do professor precisa incluir o desenvolvimento de uma consciência crítica que 
o capacite a lidar com conflitos morais e pressões externas sem abdicar de seus compromissos com os 
direitos humanos, a democracia e a justiça social.
Outro desafio ético recorrente nas escolas brasileiras está relacionado à diversidade cultural e à 
inclusão. Em tempos de conservadorismo, práticas pedagógicas que valorizam a equidade racial, de 
gênero e de orientação sexual são constantemente questionadas. A ausência de políticas institucionais 
claras sobre esses temas deixa os docentes expostos e solitários diante de ataques. Como afirma 
Gomes (2011), o silenciamento de vozes negras e periféricas nas escolas contribui para a perpetuação 
de práticas excludentes e para a naturalização das desigualdades sociais.
Provavelmente você já ouviu falar em diversidade cultural e inclusão, mas sabia que eles são conceitos 
relacionais (aqueles que só podem ser compreendidos e definidos a partir da interação com outros 
conceitos)? Por exemplo, diversidade cultural e inclusão são conceitos relacionais pois seu entendimento 
completo depende da relação entre as diferenças culturais (diversidade) e os processos que garantem a 
participação igualitária e o respeito às diferenças (inclusão). 
68
Unidade II
 Observação
A diversidade cultural refere‑se à coexistência de diferentes culturas, 
crenças, práticas e valores dentro de uma sociedade. É o reconhecimento e o 
respeito às diferenças, não apenas étnicas, mas também sociais, religiosas, de 
gênero e de orientação sexual. A diversidade cultural abrange a pluralidade 
de identidades e a riqueza que cada grupo humano contribui para o 
conjunto da sociedade.
A inclusão, por sua vez, é o processo de garantir que todas as pessoas, 
independentemente de suas características pessoais ou sociais, tenham as 
mesmas oportunidades de participação e acesso aos benefícios de uma 
sociedade. Em contextos educacionais, a inclusão envolve a adaptação 
de práticas pedagógicas para atender às necessidades de todos os alunos, 
respeitando suas diferenças e promovendo um ambiente de aprendizado 
equitativo. Isso, por exemplo, significa que as instituições devem adaptar 
suas estruturas, currículos, materiais pedagógicos e práticas de ensino para 
garantir que todos os estudantes, independentemente de suas origens, 
habilidades ou limitações, possam participar de forma plena e igualitária.
Assim, cabe ao professor agir com ética e coragem, mesmo quando isso significa enfrentar a 
resistência de parte da comunidade escolar. A ética docente, nesse sentido, não é apenas um conjunto 
de normas, mas um compromisso político com a construção de uma educação emancipadora, que 
reconheça e valorize a pluralidade humana.
Portanto, os dilemas éticos vivenciados pelos docentes brasileiros refletem a complexidade de um 
país em disputa simbólica, onde a escola ocupa um lugar central. A formação inicial e continuada 
dos professores precisa incluir espaços para refletir criticamente sobre esses dilemas, desenvolvendo 
habilidades para mediar conflitos, resistir a pressões antidemocráticas e, sobretudo, manter‑se fiel aos 
princípios de uma educação ética, inclusiva e transformadora.
5.2 Código de ética do pedagogo
No Brasil, não existe um código de ética único e nacional, com força de lei e especificamente para 
docentes, como há para profissões regulamentadas por conselhos profissionais federais (como médicos, 
psicólogos, advogados etc.). A proposta de um código de ética busca garantir uma postura ética perante 
os dilemas cotidianos, além de contribuir para a valorização da profissão docente e o aprimoramento 
do ensino‑aprendizagem. 
Diante disso, diferentes instâncias têm elaborado documentos éticos com o objetivo de orientar a 
conduta dos profissionais da educação. Um deles foi o Conselho Federal de Educadores e Pedagogos (CFEP), 
69
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
com sua Resolução n. 3/2018, que estabelece seu Código de Ética e Disciplina para orientar a atuação 
dos pedagogos no Brasil e, embora não tenha força de lei, é reconhecido na área. 
Há também os códigos de ética elaborados por conselhos estaduais ou municipais de educação, e 
alguns estados e municípios possuem códigos de ética próprios, como o estado de São Paulo, com a 
Resolução da Secretaria de Educação (SE) n. 52/2013, que institui o Código de Ética dos Profissionais da 
Educação Pública do Estado de São Paulo, visando orientar a conduta dos profissionais perante alunos, 
colegas, gestão e sociedade.
As entidades de classe, associações e sindicatos de professores – como a Confederação Nacional dos 
Trabalhadores em Educação (CNTE) – também publicaram cartilhas e códigos de conduta com diretrizes 
éticas sobre compromisso social e respeito à diversidade e à democracia.
Com isso em vista, é preciso discutir com mais profundidade o código de ética no contexto dos 
cursos de formação docente e refletir sobre as transformações que a profissão de educador enfrenta, 
especialmente diante das exigências do mundo contemporâneo e das novas demandas educacionais.
Embora não exista um código nacional específico, os professores estão sujeitos a diversos princípios 
legais, normativos e constitucionais, como o art. 206 da Constituição Federal, que trata sobre a liberdade 
de ensinar, aprender e o pluralismo de ideias (Brasil, 1988); o ECA, que trata do direito à educação sem 
discriminação (Brasil, 1990); e a LDB, que define as bases legais do ensino no Brasil, incluindo deveres 
éticos implícitos (Brasil, 1996).
A Constituição Federal de 1988, no art. 206, estabelece princípios fundamentais para a educação 
no Brasil, incluindo a liberdade de ensinar, aprender, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o 
saber, bem como o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas. Além disso, o artigo reafirma 
o compromisso com uma educação democrática e plural, reconhecendo a diversidade de ideias e a 
autonomia do educador.
O ECA, instituído pela Lei n. 8.069/1990, reforça a ideia de que todas as crianças e adolescentes 
têm direito à educação, sem discriminação de qualquer natureza. Esse Estatuto estabelece que o 
acesso à educação é um direito fundamental, assegurado a todos, sem qualquer forma de preconceito 
ou exclusão, sendo um marco legal que orienta aatuação dos educadores em termos de respeito à 
dignidade, à diversidade e aos direitos das crianças e adolescentes. 
A LDB, Lei n. 9.394/1996, por sua vez, define as bases legais do ensino no Brasil e traz diretrizes 
para a organização e funcionamento da educação, incluindo os deveres éticos dos educadores. Essa 
lei reconhece a educação como um direito de todos e responsabilidade do Estado, da sociedade e 
da família, destacando que os profissionais da educação devem atuar de maneira ética, comprometida 
com a qualidade do ensino e com a formação integral dos estudantes.
Esses documentos legais, embora não configurem um código específico de ética, fornecem os 
parâmetros que orientam os professores em sua prática pedagógica, garantindo a promoção dos direitos 
humanos, a inclusão e a diversidade no ambiente educacional.
70
Unidade II
5.2.1 Resolução SE n. 52/2013
A Resolução SE n. 52/2013 orienta e normatiza a conduta ética dos profissionais da educação no 
estado de São Paulo, promovendo o respeito aos direitos humanos, a pluralidade de ideias e o compromisso 
com a qualidade educacional. Ela surge em um contexto de debate sobre os direitos e responsabilidades 
dos educadores, reconhecendo as complexas relações dentro da escola e a necessidade de garantir uma 
educação pública, gratuita e de qualidade para todos. 
A resolução busca regular não apenas as ações dos docentes com os alunos, mas também suas 
interações com colegas, gestores e a sociedade, promovendo dignidade, inclusão e equidade. 
O documento enfatiza o papel da educação como agente de mudança, promovendo inclusão social 
e a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Os educadores devem ser facilitadores da 
cidadania, promovendo os direitos humanos e valorizando a diversidade. 
A resolução também exige comprometimento com a qualidade do ensino, ação pedagógica 
planejada e constante atualização para garantir o desenvolvimento integral dos alunos. Além disso, 
destaca a importância de um ambiente de confiança mútua e respeito, essencial para o desenvolvimento 
emocional e intelectual dos estudantes.
O documento orienta os profissionais a trabalharem de forma colaborativa e respeitosa com colegas e 
gestores, buscando um ambiente escolar eficaz e harmonioso. Com isso, a resolução incentiva a atuação 
dos educadores em questões sociais como violência, discriminação e desigualdade, para transformar a 
escola em um espaço de mudança. 
No entanto, a aplicação das diretrizes enfrenta limitações devido à resistência de alguns profissionais 
e gestores, escassez de recursos nas escolas públicas, formação inadequada sobre diversidade e 
cidadania, e à polarização política no Brasil que tem gerado desafios éticos, o que dificulta a neutralidade 
pedagógica e cria tensões nas escolas.
Apesar dessas limitações, a resolução representa um avanço significativo, com ênfase em um ensino 
inclusivo e plural, e o reconhecimento do educador como agente de transformação social.
5.2.2 Código de Ética e Disciplina do Conselho Federal de Educadores e Pedagogos (CFEP)
Os principais objetivos da Resolução CFEP n. 3/2018 são estabelecer princípios e condutas que 
orientem a atuação ética dos profissionais da educação, promover a valorização da profissão e reconhecer 
sua importância na formação de todas as outras profissões. Além disso, o código busca incentivar a 
gestão democrática e o trabalho coletivo, visando à construção do conhecimento e à formação cidadã 
dos alunos, fomentando a atuação transformadora dos educadores e contribuindo para o crescimento 
humano e social dos indivíduos.
A partir de tais objetivos, o código possui princípios fundamentais que o regem:
• Respeito à dignidade humana: tratar cada aluno com dedicação, respeito, amor, diálogo 
e companheirismo.
71
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
• Compromisso com a justiça social: atuar de forma a promover a equidade e a inclusão em 
todas as modalidades de ensino.
• Responsabilidade profissional: agir com ética, competência e comprometimento nas diversas 
áreas de atuação pedagógica.
• Valorização da educação: reconhecer a educação como um direito fundamental e um instrumento 
de transformação social.
A Resolução n. 3/2018 aprova o Código de Ética e Disciplina do CFEP, fundamentando‑se na Lei 
n. 12.014/2009 e no Estatuto Social da instituição (CFEP, 2018). Além disso, o código reconhece como 
profissionais da educação aqueles com formação e atuação nas diversas áreas da Educação Básica, 
incluindo docentes e pedagogos com habilitações específicas.
O documento ressalta que o educador e o pedagogo exercem uma função social essencial, 
devendo agir com base em princípios éticos, morais e legais. Diante das mudanças sociais, destaca‑se a 
necessidade de atualização constante das práticas educacionais, alinhando teoria e prática para garantir 
uma formação sólida e ética.
 
Dos profissionais da Educação, presentes nas mais diversas áreas que 
dependem de sua atuação ímpar, espera‑se que os princípios éticos aqui 
apresentados [sejam observados] […], se posicionando como profissionais 
que fazem a diferença na vida de cada aluno ao tratá‑lo com dedicação, 
respeito, amor, diálogo e companheirismo (CFEP, 2018, p. 6).
O código tem como objetivo regular a conduta dos profissionais registrados no CFEP, zelando pela 
qualidade da educação e pela defesa dos direitos dos cidadãos no contexto do Estado Democrático 
de Direito. 
O documento reconhece como profissionais da educação aqueles que atuam na Educação Básica 
e Ensino Superior, com formação específica e em conformidade com a Lei n. 12.014/2009. Além dos 
professores habilitados, a resolução também inclui os pedagogos com formação em administração, 
planejamento, supervisão e orientação educacional, bem como profissionais com mestrado e doutorado 
nessas áreas.
A resolução destaca que a formação dos profissionais da educação deve ser sólida e abrangente, 
com base em conhecimentos científicos e sociais. Essa formação deve associar teoria e prática por 
meio de estágios supervisionados e capacitação contínua. A dinâmica da formação inclui também o 
aproveitamento das experiências anteriores, seja em instituições de ensino ou outras áreas profissionais.
O educador é visto como essencial para a administração da Educação Básica e Superior, sendo sua 
função social de extrema relevância. O código de ética enfatiza que o pedagogo deve exercer suas funções 
de maneira compatível com o compromisso de formar cidadãos críticos, éticos e conscientes de seus 
direitos e deveres na sociedade. O educador deve atuar sempre em consonância com princípios éticos 
72
Unidade II
e morais, considerando as transformações sociais e as novas demandas educacionais. O código orienta 
que os profissionais da educação se atentem para os direitos humanos e as questões que envolvem a 
justiça social, respeitando a diversidade e a inclusão em todos os aspectos do processo educativo.
A resolução também reflete a necessidade de adaptação das práticas educacionais às transformações 
sociais e educacionais. Isso inclui a promoção de um ambiente de aprendizado democrático e inclusivo, 
no qual a educação atenda de maneira equitativa e justa a todos os estudantes, independentemente de 
sua origem social, étnica ou econômica.
O código destaca a valorização da formação profissional, reforçando a importância de uma formação 
sólida e contínua, alinhada com as necessidades da sociedade e as demandas do mercado educacional. 
Ainda, a resolução enfatiza a responsabilidade social do educador, incentivando práticas pedagógicas 
que promovam a cidadania, os direitos humanos e a justiça social. Outro ponto importante é a garantia 
de inclusão e diversidade, com o código defendendo uma educação que respeite e valorize as diferenças, 
algo fundamental em um país como o Brasil, marcado pela diversidade cultural e social.
Embora a resolução traga orientações claras, a implementação efetiva do código nas escolas e 
instituições educacionais dependeda conscientização e do engajamento dos próprios profissionais da 
educação e das gestões educacionais. Além disso, o Brasil apresenta uma grande diversidade em suas 
realidades educacionais, o que torna a aplicação uniforme do código de ética desafiadora, especialmente 
em contextos locais muito distintos, como áreas rurais ou periferias urbanas, onde o acesso à formação 
contínua e à capacitação pode ser limitado.
Figura 13 – Mapa mental baseado no Código de Ética do Pedagogo
A Resolução n. 3/2018 é um marco importante na regulamentação da ética profissional dos 
educadores e pedagogos, buscando garantir a qualidade e a responsabilidade na prática educacional. 
Ao destacar a importância de uma formação sólida, da atuação ética e da responsabilidade social, ela 
73
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
oferece uma base para que os profissionais da educação possam desempenhar suas funções com respeito 
à diversidade e com compromisso com a justiça social. No entanto, os desafios de implementação e a 
diversidade de contextos educacionais exigem um esforço contínuo de adaptação e vigilância para 
garantir que as diretrizes sejam cumpridas de forma efetiva e equitativa.
A partir de tais exposições, reflita: de que maneira a inclusão de discussões sobre ética nos cursos de 
formação docente pode contribuir para a melhoria da prática pedagógica no contexto contemporâneo? 
Em que medida as exigências contemporâneas no campo da educação podem gerar dilemas éticos para 
os profissionais da educação e como estes podem ser abordados no contexto de um código de ética?
6 A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO PROFESSOR
O compromisso de educar crianças e adolescentes de forma segura, proporcionando um ambiente 
escolar que promova o bem‑estar, a aprendizagem e o respeito aos direitos de todos os envolvidos, é 
uma das responsabilidades mais profundas que os professores têm em sua prática pedagógica. 
A palavra responsabilidade tem origem no latim responsus, particípio passado de respondere, que 
significa responder. Etimologicamente, o termo remete à ideia de “responder pelos próprios atos ou 
pelos de outrem” (Ferreira, 2004, p. 582). De acordo com o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 
responsabilidade é definida como a “obrigação de responder pelas ações próprias ou dos outros” 
(Responsabilidade, 2009).
Em um contexto como o brasileiro, com imensa diversidade social e desigualdade, o papel do 
professor como agente de transformação e cidadania se torna ainda mais crucial. No entanto, essa 
responsabilidade não se limita apenas à transmissão de conhecimento acadêmico, mas também 
envolve a construção de um ambiente seguro e ético, onde as crianças e os adolescentes possam se 
desenvolver integralmente. A formação cidadã é uma das facetas mais relevantes da responsabilidade 
social do professor. Em um país com realidades tão diversas, o educador não é apenas alguém que 
ensina conteúdos curriculares, mas um facilitador de valores éticos e de cidadania.
A Constituição Brasileira de 1988, no art. 205, estabelece que “a educação é um direito de todos 
e um dever do Estado e da família”, enfatizando que o objetivo da educação vai além da preparação 
para o mercado de trabalho, envolvendo também a formação de cidadãos críticos e conscientes de seus 
direitos e responsabilidades. 
Paulo Freire, na obra Pedagogia do oprimido (1987), reforça que a educação deve ser vista como 
um processo de libertação, onde o professor não apenas transmite conhecimento, mas também 
promove a consciência crítica do aluno sobre a sua realidade social. A educação, segundo Freire (1987), 
deve possibilitar que os educandos compreendam o mundo e suas condições sociais, aparelhando‑os 
para que possam atuar na transformação de sua vida e da sociedade como um todo.
Para que essa transformação social ocorra, é necessário que os professores promovam um ambiente 
que incentive a reflexão e o pensamento crítico. Além disso, é imprescindível que o professor atue como 
agente formador de consciência crítica, cabendo‑lhe promover um ambiente de aprendizagem que 
74
Unidade II
favoreça a reflexão, o diálogo e o pensamento autônomo. Mais do que transmitir conteúdos, o docente 
deve assumir uma postura ética e comprometida com a formação de sujeitos capazes de interpretar, 
questionar e intervir de maneira crítica na realidade em que estão inseridos.
Além de promover valores como o respeito à diversidade e à inclusão, a responsabilidade social do 
professor também envolve um compromisso com a segurança emocional e física dos alunos. A escola, 
em muitos casos, é o único espaço seguro para crianças e adolescentes que enfrentam situações de 
violência doméstica, bullying e discriminação. O professor, nesse contexto, tem o dever de proporcionar 
um ambiente que favoreça o bem‑estar e o desenvolvimento emocional dos estudantes.
A LDB destaca, no artigo 2º, que a educação deve visar “o pleno desenvolvimento do educando, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, reforçando que o professor 
tem a responsabilidade de garantir que os alunos não apenas aprendam conteúdo, mas também sejam 
tratados com dignidade e respeito (Brasil, 1996). Esse compromisso vai além do simples cumprimento 
de normas de segurança escolar, envolvendo o cuidado com o desenvolvimento emocional e psicológico 
dos estudantes.
A responsabilidade dos educadores inclui a formação de um ambiente escolar seguro, livre de 
qualquer tipo de violência ou discriminação, e que favoreça a inclusão de todos, abarcando alunos com 
deficiências ou em situação de vulnerabilidade social. Os professores são pontos‑chave no combate ao 
bullying, discriminação racial e de gênero, além de agirem como modelos de comportamento ético para 
seus alunos.
O papel do professor não se limita a educar dentro dos parâmetros acadêmicos estabelecidos. Ele 
também deve ser um agente de transformação social, preparando os alunos para que se tornem cidadãos 
críticos e capazes de atuar de maneira propositiva em suas comunidades.
Figura 14 – Sala de aula
Disponível em: https://tinyurl.com/3uyb9nk6. Acesso em: 17 jun. 2025.
75
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
De acordo com Gatti, Sandes‑Guimarães e Puig (2022), os professores têm um papel fundamental na 
construção de uma sociedade mais justa e igualitária, sendo essenciais para a promoção de uma cultura 
de paz e respeito mútuo. Segundo os autores, “é fundamental que a sociedade reconheça a importância 
e o impacto positivo dos professores na formação dos indivíduos e na construção de uma sociedade 
mais justa e desenvolvida” (Gatti; Sandes‑Guimarães; Puig, 2022, p. 40).
Essa transformação social, contudo, não pode ocorrer sem que os professores estejam preparados. 
A formação contínua e a capacitação dos educadores são fundamentais para que eles possam lidar com 
os desafios da sociedade contemporânea, que exigem uma educação mais inclusiva e atenta às questões 
sociais. De acordo com Gomes (2017), os professores devem ser formados para entender não apenas as 
questões pedagógicas, mas também as questões sociais que afetam os alunos, como a desigualdade, o 
racismo e a violência.
A responsabilidade social do professor também implica educar para o respeito aos direitos humanos. 
Ao desenvolver o pensamento crítico e a empatia dos alunos, o professor contribui para a construção 
de uma sociedade mais igualitária, onde todos possam ter acesso aos mesmos direitos e oportunidades.
Uma educação comprometida com a autonomia do educando deve possibilitar a discussão crítica 
de sua realidade, advertindo‑o sobre os perigos de seu tempo. Paulo Freire (2004, p. 25) enfatiza que “a 
prática educativa exige a incorporação, por parte dos educadores, da responsabilidade social e política, 
pois não há neutralidade na educação”.
Freire destaca que a autonomia do educando é construída por meio de decisões conscientes, e 
o educador é um facilitador desse processo, auxiliando na construção da responsabilidade que faz 
partedo processo educativo: “o fundamental no aprendizado é a construção da responsabilidade da 
liberdade que se assume” (Freire, 2004, p. 69). A prática educativa, segundo Freire, está alicerçada no 
reconhecimento da responsabilidade do educador em promover a democratização do ensino. Ele afirma 
que “é a própria democratização, que se inicia em aprendizado, que exige a ênfase de uma educação 
para a responsabilidade social e política” (Freire, 2004, p. 88).
Dessa forma, a responsabilidade social, na perspectiva freiriana, é essencialmente política  e 
intrinsecamente democrática, visando sempre superar as condições indignas da vida humana. Assumir 
uma postura conscientemente crítica diante da vida é, para Freire, um imperativo ético do educador. 
Assim, podemos entender que a responsabilidade social vai muito além de cumprir deveres: para Freire, 
ser responsável é ter um compromisso real com a transformação do mundo em um lugar mais justo 
e digno para todos. Essa responsabilidade tem um sentido político e democrático, pois exige do educador 
uma postura crítica diante da vida e da realidade. Como o próprio autor afirma: “responsabilidade social 
é assumir postura conscientemente crítica diante da vida” (Freire, 2004, p. 24).
Em um país como o Brasil, onde a diversidade social é marcante e as desigualdades são profundas, 
o compromisso do professor com a formação cidadã e com o cuidado seguro e respeitoso com seus 
alunos se torna imprescindível. A educação, nesse contexto, deve ser vista não apenas como um meio 
de transmissão de conhecimento, mas como uma ferramenta para a transformação social. 
76
Unidade II
O professor, ao fomentar a consciência crítica, ao promover um ambiente seguro e inclusivo, e ao 
trabalhar para que seus alunos compreendam seus direitos e deveres, cumpre uma responsabilidade 
social que vai muito além da sala de aula, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, 
democrática e igualitária.
 
 Saiba mais
Ouça a música “Tamo junto (não desista)”, de Carlinhos Brown e Lexa. 
A canção é um ótimo material para utilizar como recurso em sala de aula.
TAMO junto (não desista). 2020. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal 
Lexa. Disponível em: https://tinyurl.com/4ebxbh9u. Acesso em: 17 jun. 2025.
 
A música “Tamo junto (não desista)”, de Carlinhos Brown e Lexa, lançada em 2020 durante a pandemia 
de covid‑19, foi criada para combater a evasão escolar. A canção destaca a importância da educação e o 
papel essencial dos professores, especialmente em tempos difíceis. A letra motiva os jovens a persistirem 
nos estudos e reconhece a responsabilidade dos educadores em garantir o aprendizado dos alunos, 
utilizando recursos tecnológicos para manter o vínculo educacional. 
A música reforça que, mesmo em crise, a educação é fundamental para o futuro e que os professores 
são essenciais no apoio ao desenvolvimento acadêmico dos alunos. Além disso, a obra de Carlinhos Brown 
e Lexa transmite uma mensagem que incentiva a persistência e a valorização da educação, elementos 
que estão diretamente ligados à responsabilidade social do professor, que, durante a pandemia, precisou 
encontrar novas formas de engajar os alunos e oferecer suporte, seja por meio de aulas online, atividades 
remotas ou outras formas de adaptação à nova realidade. 
A responsabilidade do professor em garantir o aprendizado de todos, mesmo em tempos de 
isolamento e dificuldades tecnológicas, foi crucial para que muitos alunos conseguissem superar 
essa fase difícil. A responsabilidade do professor envolve cuidado e postura ética no ambiente escolar, 
exercendo uma função social e humana, que exige preparo emocional, responsabilidade, sensibilidade 
e, acima de tudo, empatia. Em momentos de emergência, como quando um aluno passa mal – seja por 
um mal‑estar físico, uma crise de ansiedade ou outra condição –, é essencial que o professor e demais 
funcionários saibam agir com calma, discernimento e prontidão. 
Nesses momentos, mais do que ensinar, é preciso cuidar e conhecer os recursos disponíveis na escola: 
existe uma enfermaria? Quem são os responsáveis por primeiros socorros? A comunicação imediata com 
a coordenação e os inspetores é fundamental, já que, se a escola conta com equipe de enfermagem e 
bombeiros, é essencial acionar esse suporte rapidamente. Ter os contatos de emergência dos alunos, 
assim como os protocolos visíveis e atualizados, é condição primordial da organização coletiva do 
espaço escolar.
No Brasil, há ainda o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), um serviço público 
de saúde que atende gratuitamente a população em casos de emergência médica, com atendimento 
77
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
pré‑hospitalar e transporte com rapidez e eficiência por meio de ambulâncias equipadas e que 
contam com equipes de profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e socorristas) que vão até o local 
da ocorrência.
Muitas vezes, os alunos procuram a enfermaria não apenas por sintomas físicos, mas também como 
um espaço de acolhimento emocional. Para além dos primeiros socorros, a enfermaria se torna um lugar 
de desabafo, de escuta silenciosa, de repouso diante das tensões do cotidiano escolar. Ali, os alunos 
encontram um momento de pausa, um olhar atento e cuidadoso, alguém que não julga e que entende 
que nem toda dor é visível. Esse ambiente de cuidado é fundamental para que o aluno se sinta protegido 
e respeitado em sua totalidade: no corpo, na mente e nas emoções.
No entanto, nem todos os dias são calmos ou previsíveis na rotina escolar. Há dias marcados por um 
verdadeiro turbilhão de situações: pais aflitos ou exigentes, alunos agitados, ausência de profissionais, 
mudanças repentinas na programação, conflitos entre estudantes ou mesmo entre membros da equipe. 
Nesses contextos de instabilidade e tensão, o desafio maior está em manter o equilíbrio emocional e a 
capacidade de escuta ativa, sem perder o discernimento. 
É justamente nesses momentos que o papel do professor, assim como dos demais integrantes da 
equipe gestora, se mostra ainda mais essencial. Agir com responsabilidade, empatia e firmeza torna‑se 
não apenas uma atitude ética, mas um compromisso com o bem‑estar coletivo e a construção de um 
ambiente escolar seguro, acolhedor e funcional. 
A presença responsável inicia‑se até mesmo antes do primeiro horário, já na recepção dos alunos. 
A pontualidade, muitas vezes vista apenas como uma questão de disciplina, é na verdade um gesto de 
cuidado e comprometimento com a comunidade escolar. Chegar cedo permite não apenas a preparação 
adequada das atividades, mas também a observação do ambiente, o acolhimento dos alunos que 
chegam antes do horário e a disponibilidade para eventuais situações emergenciais que possam surgir 
logo no início do dia. 
Muitos estudantes encontram na escola o seu primeiro espaço de escuta e acolhimento, e ter um 
adulto presente, atento e acessível logo pela manhã pode fazer grande diferença em seu bem‑estar. Além 
disso, a presença pontual do professor contribui para o bom funcionamento da escola como um todo, 
fortalece os vínculos de confiança entre colegas e alunos, e colabora para a construção de uma rotina 
mais organizada, segura e respeitosa. Ser pontual, portanto, é também um modo de exercer o cuidado.
Contudo, alguns alunos exigem mais atenção, seja por questões emocionais, cognitivas ou 
comportamentais. Para estes casos, é essencial que o professor atue em parceria com os orientadores e 
coordenadores pedagógicos, que muitas vezes são os primeiros a acolher desabafos e perceber sinais de 
sofrimento. Provas adaptadas, uso de salas separadas e apoio individualizado são recursos que garantem 
o direito de aprender e a dignidade de cada estudante.
Outro aspecto importante é o cuidado com o ambiente físico. Garantir que objetos perigosos, 
como estiletes, pedras ou materiais pontiagudos, estejam fora de alcance ou bem supervisionados, 
principalmente em atividades práticas, é uma responsabilidade coletiva,que envolve professores, 
inspetores e alunos.
78
Unidade II
Nesse sentido, o trabalho dos inspetores, coordenadores e da enfermaria merece destaque, pois são 
eles que muitas vezes fazem a ponte entre o cuidado imediato e a mediação dos conflitos. Valorizar 
esses profissionais, reconhecer sua importância e trabalhar de forma colaborativa com eles fortalece o 
funcionamento saudável da escola.
A construção de relações afetivas com os alunos é um pilar do trabalho docente, mas exige ética e 
limites. Desenvolver afeto com respeito significa demonstrar interesse genuíno, escuta atenta e apoio 
emocional sem invadir a privacidade, sem gerar intimidade excessiva. Abraços, beijos ou qualquer 
contato físico devem ser evitados, especialmente se não forem consentidos ou necessários. É possível 
e desejável criar vínculos amistosos, respeitosos e afetivos com os estudantes sem perder a postura 
profissional e a autoridade ética.
É possível demonstrar apoio ao aluno com palavras encorajadoras, escuta empática, cuidado com 
sua aprendizagem e postura justa. O professor é referência, e sua conduta comunica muito mais do que 
seus discursos. Assim, saber quando encaminhar um aluno para a orientação educacional, ouvir sem 
julgamento e acolher sem invadir são competências fundamentais.
A escola tem buscado, cada vez mais, garantir a proteção e a segurança dos alunos, tanto física 
quanto emocional, o que só é possível quando há um esforço conjunto entre todos os profissionais 
envolvidos, com sensibilidade, empatia, preparo e, acima de tudo, responsabilidade. 
6.1 Ética e diversidade: inclusão e equidade no ambiente escolar
A educação é um direito fundamental garantido pela Constituição, e, para que este direito seja 
efetivamente acessado por todos, é imprescindível que a escola seja um espaço inclusivo e equitativo. 
A inclusão e a equidade são princípios éticos essenciais no contexto escolar, e sua implementação deve 
ser entendida como parte de uma prática pedagógica que visa não apenas a transmissão de conhecimento, 
mas também o respeito à diversidade e à construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
A inclusão pode ser entendida como a prática pedagógica que busca garantir a participação de 
todos os alunos no processo educacional, respeitando suas diferenças e oferecendo as condições 
necessárias para que possam aprender de acordo com suas capacidades, sem discriminação. Segundo 
Mantoan (2017, p. 55), a inclusão “não se limita ao ingresso de alunos em escolas regulares, mas envolve 
práticas que asseguram a plena participação e aprendizagem dos estudantes, independentemente de 
suas condições”.
Por outro lado, equidade refere‑se à busca por justiça social no ambiente escolar, levando em 
consideração as desigualdades preexistentes e oferecendo a cada aluno o que ele necessita para ter 
igualdade de oportunidades. A equidade implica um olhar atento às condições socioeconômicas, 
culturais e individuais dos alunos, oferecendo recursos, apoio e adaptações necessários para que todos 
tenham as mesmas chances de sucesso acadêmico.
Ambos os conceitos são essenciais para garantir que a escola seja um espaço não apenas de ensino, 
mas de justiça social e respeito aos direitos humanos, onde a diversidade seja valorizada e todos tenham 
79
ÉTICA PROFISSIONAL E CIDADANIA
a oportunidade de se desenvolver plenamente. A inclusão e a equidade são indispensáveis para o 
fortalecimento de uma educação que respeite e celebre as diferenças, promovendo uma convivência 
harmoniosa entre estudantes de diferentes origens, crenças, orientações sexuais, capacidades e etnias.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 205, afirma que a educação deve visar o “pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o 
trabalho” (Brasil, 1988). Isso significa que a escola deve ser um espaço que não apenas ensina, mas que 
também contribui para a formação de indivíduos críticos, capazes de conviver em sociedade de maneira 
respeitosa e igualitária.
A LDB, por sua vez, reforça em seu art. 3º que o ensino deve ser ministrado de forma a assegurar 
a “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” (Brasil, 1996). Isso destaca a 
importância da criação de condições que atendam às necessidades de todos os alunos, com ênfase nas 
populações historicamente marginalizadas, como negros, indígenas, pessoas com deficiência e aqueles 
que pertencem a famílias em situação de vulnerabilidade social.
No Brasil, um país caracterizado por sua diversidade cultural, étnica e social, a escola deve ser um 
reflexo dessa pluralidade. A convivência de estudantes provenientes de diferentes contextos exige do 
educador uma postura ética que valorize as diferenças e combata práticas discriminatórias, como o 
racismo, a homofobia e o sexismo. Nesse contexto, a prática pedagógica deve buscar não apenas a 
aceitação da diversidade, mas também sua celebração, reconhecendo a riqueza que ela traz para o 
processo de aprendizagem.
A presença da diversidade nas escolas brasileiras revela que, apesar dos avanços, muitos alunos ainda 
enfrentam preconceito e exclusão, principalmente aqueles que pertencem a grupos marginalizados. 
A prática de inclusão, portanto, deve ser não apenas uma formalidade, mas uma atitude ativa de 
acolhimento e valorização das diferenças. Além disso, a inclusão não deve ser vista apenas como inserção 
física na sala de aula, mas como uma mudança sistêmica que exige respeito às diferenças, cooperação 
entre alunos e formação continuada dos docentes para que estejam aptos a incluir ativamente todos os 
estudantes em todas as atividades escolares. Essa abordagem promove um ambiente verdadeiramente 
diversificado, onde a singularidade de cada aluno é reconhecida e valorizada, contribuindo para uma 
cultura escolar mais ética, respeitosa e equitativa.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) realizada 
com pessoas com deficiência em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil 
tem cerca de 18,6 milhões de pessoas com deficiência com 2 anos de idade ou mais, número que 
representa 8,9% da população nessa faixa etária. A maioria dessas pessoas enfrenta grandes dificuldades, 
e quase metade (47,2%) tem 60 anos ou mais, o que mostra que a população com deficiência está 
envelhecendo (IBGE, 2023).
A desigualdade que assola essa parcela da população começa já na educação, já que a taxa de 
analfabetismo entre pessoas com deficiência é de 19,5%, muito maior do que os 4,1% entre pessoas sem 
deficiência. Apenas 25,6% desse grupo consegue concluir o Ensino Médio, enquanto o número sobe 
para 57,3% entre as pessoas sem deficiência. A situação é ainda mais grave no Ensino Superior: 
80
Unidade II
somente 7% das pessoas com deficiência têm diploma universitário, em contraste com 20,9% das que 
não têm deficiência.
Essa diferença aparece desde cedo e, embora 95,1% das crianças com deficiência entre 6 e 14 anos 
estejam na escola, esse número ainda é menor do que os 99,4% das crianças sem deficiência. Já entre 
os jovens de 18 a 24 anos, apenas 14,3% das pessoas com deficiência estão cursando o Ensino Superior, 
enquanto entre os sem deficiência a taxa é de 25,5%. Além disso, muitos estudantes com deficiência 
apresentam atraso escolar, ou seja, não estão na série esperada para a idade.
No mercado de trabalho, a exclusão também é evidente: apenas 29,2% das pessoas com deficiência 
fazem parte da força de trabalho (empregadas ou procurando emprego), enquanto o número chega a 
66,4% entre as pessoas sem deficiência. Mesmo entre os que têm Ensino Superior, a participação ainda 
é desigual: 54,7% das pessoas com deficiência com diploma trabalham ou procuram emprego, contra 
84,2% das pessoas sem deficiência com o mesmo nível de escolaridade. No geral, só 26,6% das pessoas 
com deficiência estão empregadas, contra 60,7% das sem deficiência.
A maioria dos que trabalham (55%) está em empregos

Mais conteúdos dessa disciplina