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CENTRO UNIVERSITÁRIO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS 
 
 
 
Medicina Veterinária 
 
Forragecultura 
Professor Pedro Silva de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PASTAGENS CONSORCIADAS E PLANTAS TÓXICAS DE PASTAGENS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cynthia Danielle Nascimento 
 
Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais 
21 de maio de 2025 
 
PASTAGENS CONSORCIADAS 
 
- Definição do sistema: O sistema de plantas consorciadas, também conhecido como 
consórcio de culturas ou cultivo intercalar, refere-se à prática agrícola que envolve o 
cultivo simultâneo de duas ou mais espécies vegetais em uma mesma área, com o objetivo 
de promover interações benéficas entre as plantas e otimizar o uso dos recursos naturais. 
Essa estratégia baseia-se em princípios agroecológicos e é amplamente reconhecida em 
estudos científicos como uma alternativa sustentável aos sistemas agrícolas 
convencionais, caracterizados frequentemente pelo monocultivo e pelo uso intensivo de 
insumos externos. O consórcio de culturas permite maior eficiência na utilização de 
fatores como luz, água, nutrientes do solo e espaço, resultando em maior produtividade 
por unidade de área quando comparado ao cultivo isolado de espécies. 
Além disso, pesquisas indicam que o sistema de plantas consorciadas pode contribuir para 
a redução da incidência de pragas e doenças, devido à diversidade vegetal que dificulta a 
propagação de organismos patogênicos específicos. Outro benefício frequentemente 
destacado na literatura científica é a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas 
do solo, promovida pela presença de diferentes tipos de raízes e resíduos vegetais, o que 
favorece a atividade microbiana e a ciclagem de nutrientes. A escolha adequada das 
espécies a serem consorciadas é fundamental e deve considerar aspectos como o ciclo de 
vida das plantas, exigências nutricionais, arquitetura foliar, porte, e capacidade de 
competição, de modo a garantir a complementaridade e evitar efeitos negativos como 
sombreamento excessivo ou competição intensa por recursos. 
Exemplos bem documentados incluem o consórcio entre milho e feijão, comum em 
diversos países da América Latina, e a integração de gramíneas e leguminosas em 
sistemas de pastagem. Estudos também mostram que esses sistemas podem aumentar a 
resiliência das lavouras às variações climáticas e aos estresses ambientais, representando 
uma estratégia importante para a adaptação da agricultura às mudanças climáticas. Assim, 
o sistema de plantas consorciadas se destaca como uma prática agrícola sustentável, capaz 
de conciliar produtividade, conservação ambiental e segurança alimentar. 
- Principais espécies forrageiras utilizadas: As principais forrageiras utilizadas em 
sistemas de produção animal, especialmente em países tropicais como o Brasil, pertencem 
majoritariamente às famílias Poaceae (gramíneas) e Fabaceae (leguminosas), sendo 
escolhidas com base em sua adaptabilidade às condições climáticas, valor nutritivo, 
capacidade de produção de biomassa, persistência e facilidade de manejo. Dentre as 
gramíneas, destacam-se as espécies do gênero Brachiaria, como a Brachiaria brizantha, 
Brachiaria, decumbens, Brachiaria, humidicola e Brachiaria ruziziensis*. A Brachiaria 
brizantha, especialmente o cultivar Marandu, é amplamente utilizada devido à sua alta 
produção de forragem, boa palatabilidade, resistência ao ataque de cigarrinhas e 
tolerância à seca. Já a Brachiaria, decumbens é valorizada por sua capacidade de se 
adaptar a solos de baixa fertilidade e apresentar boa cobertura do solo, o que auxilia no 
controle da erosão. 
 
 
Fonte: EMBRAPA (2015) 
Outra gramínea tropical de grande importância é o Panicum maximum, com cultivares 
como Tanzânia, Mombaça e BRS Zuri, que se destacam por sua elevada produção de 
matéria seca, bom valor nutritivo e capacidade de rebrota rápida, sendo indicadas para 
sistemas intensivos de pastejo. Essas espécies se adaptam bem a solos férteis e com boa 
disponibilidade hídrica, exigindo manejo mais cuidadoso quanto à altura de corte e 
intervalo de pastejo para garantir a longevidade do pasto. Além disso, o Cynodon dactylon 
(coast-cross e tifton 85), muito utilizado em regiões subtropicais e temperadas, apresenta 
excelente qualidade nutricional, resistência ao pisoteio e rápida resposta à adubação 
nitrogenada, sendo amplamente empregado em sistemas de produção leiteira intensiva. 
 
Panicum Maximum 
 
No grupo das leguminosas forrageiras, destacam-se espécies como Stylosanthes spp., 
Arachis pintoi, Calopogonium mucunoides, Desmodium spp. e Leucaena leucocephala. 
As leguminosas são importantes principalmente por sua capacidade de fixação biológica 
de nitrogênio, o que contribui para a fertilidade do solo e reduz a necessidade de adubação 
nitrogenada. Stylosanthes capitata e Stylosanthes guianensis, por exemplo, são 
amplamente cultivadas em consórcio com gramíneas por apresentarem boa 
adaptabilidade a solos ácidos e clima tropical, além de fornecerem proteína de alta 
qualidade para os animais. Arachis pintoi é uma leguminosa rasteira que se destaca pela 
sua alta palatabilidade e excelente desempenho em consórcios com gramíneas, sendo 
indicada para solos de boa drenagem. 
 
Stylosanthes capitata 
A escolha das forrageiras deve levar em conta não apenas a produtividade e qualidade 
nutricional, mas também fatores como tolerância a pragas e doenças, exigência edáfica, 
resistência à seca ou encharcamento e o tipo de animal e sistema de produção (extensivo 
ou intensivo). Estudos científicos têm demonstrado que o uso estratégico e diversificado 
dessas forrageiras em sistemas integrados, como a integração lavoura-pecuária (ILP) e a 
integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), pode resultar em ganhos significativos de 
produtividade, sustentabilidade e resiliência dos sistemas agropecuários, contribuindo 
para a segurança alimentar e a conservação dos recursos naturais. 
-Vantagens e Desvantagens: As pastagens consorciadas, caracterizadas pelo cultivo 
conjunto de gramíneas e leguminosas forrageiras em uma mesma área, têm sido 
amplamente estudadas e recomendadas em diversas publicações científicas e técnicas 
como uma estratégia sustentável para intensificar a produção animal, melhorar a 
qualidade do solo e aumentar a resiliência dos sistemas agropecuários. Entre as principais 
vantagens desse sistema, destaca-se a melhoria da qualidade nutricional da forragem 
oferecida aos animais, uma vez que as leguminosas, por apresentarem maior teor de 
proteína bruta e digestibilidade, complementam o valor nutritivo das gramíneas, que são 
mais fibrosas e menos proteicas, especialmente em estágios avançados de maturação. 
Outra vantagem importante é a fixação biológica de nitrogênio atmosférico pelas 
leguminosas, que reduz a dependência de fertilizantes nitrogenados industriais, 
diminuindo os custos de produção e os impactos ambientais relacionados ao uso 
excessivo de insumos químicos. Esse nitrogênio fixado pode beneficiar diretamente a 
gramínea consorciada, promovendo maior produção de biomassa e sustentabilidade do 
sistema a longo prazo. Além disso, as pastagens consorciadas favorecem uma maior 
cobertura do solo e contribuem para o controle da erosão, para a manutenção da umidade 
e para o aumento da matéria orgânica, resultando em melhorias significativas nas 
propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. 
Sob a ótica da sustentabilidade, estudos também indicam que a diversidade de espécies 
vegetais nas pastagens consorciadas pode aumentar a resiliência do sistema às variações 
climáticas, além de promover maior estabilidade produtiva ao longo do ano. A presença 
de leguminosas também tem efeito benéfico sobre a fauna edáfica, principalmente sobre 
comunidades de microrganismos e minhocas, o que contribui para a saúde do solo. 
Contudo, apesar de seus inúmeros benefícios,as pastagens consorciadas também 
apresentam desafios e limitações que precisam ser considerados. A primeira desvantagem 
refere-se à complexidade do manejo, pois é necessário conhecimento técnico para 
equilibrar o crescimento das diferentes espécies e evitar a dominância de uma sobre a 
outra. O manejo inadequado pode levar ao sombreamento ou à supressão das leguminosas 
por gramíneas mais agressivas, especialmente em sistemas de pastejo contínuo ou mal 
dimensionado. Além disso, a implantação do consórcio pode exigir maior investimento 
inicial, devido à necessidade de sementes de leguminosas, que muitas vezes têm custo 
mais elevado, e aos cuidados especiais com inoculação e semeadura. 
Outro desafio apontado na literatura é a sazonalidade na produção das leguminosas, que 
geralmente apresentam menor crescimento no período seco do ano, o que pode 
comprometer a manutenção do equilíbrio do consórcio. Também há o risco de baixa 
persistência das leguminosas no pasto ao longo do tempo, exigindo estratégias de 
renovação ou ressemeadura periódica. 
Em síntese, as pastagens consorciadas representam uma alternativa promissora para a 
intensificação sustentável da pecuária, oferecendo benefícios ecológicos, econômicos e 
zootécnicos significativos. No entanto, para que esses benefícios sejam plenamente 
alcançados, é necessário planejamento adequado, seleção criteriosa das espécies, 
conhecimento técnico para o manejo e monitoramento contínuo do sistema. A adoção 
bem-sucedida dessa prática depende da capacitação dos produtores e da assistência 
técnica. 
PLANTAS TÓXICAS DE PASTAGENS 
- Principais espécies e Regiões de ocorrência no Brasil: As plantas tóxicas que ocorrem 
em pastagens representam um desafio relevante para a pecuária brasileira, tanto pela sua 
ampla distribuição geográfica quanto pelos prejuízos que podem causar à saúde animal e 
à produtividade dos rebanhos. Essas plantas são caracterizadas pela presença de 
compostos tóxicos que, ao serem ingeridos pelos animais, podem provocar desde 
distúrbios digestivos leves até intoxicações graves e morte. Sua ocorrência está associada 
a fatores como degradação de pastagens, baixa oferta de forragem, desequilíbrio 
ecológico e manejo inadequado da área. 
No Brasil, as principais espécies tóxicas de interesse pecuário variam conforme as regiões 
geoclimáticas, mas estão presentes em todos os biomas. No bioma Cerrado, por exemplo, 
uma das espécies mais preocupantes é a Mascagnia rigida, conhecida como "cipó-uva" 
ou "sambaíba", que contém compostos hepatotóxicos responsáveis por lesões hepáticas 
crônicas em bovinos. Ainda no Cerrado e em áreas de transição com a Caatinga, destaca-
se a ocorrência de Crotalaria spp., leguminosas que contêm alcaloides pirrolizidínicos 
causadores de lesões hepáticas e pulmonares, principalmente em equinos e bovinos. A 
Crotalaria spectabilis, em particular, tem grande potencial tóxico e é comumente 
encontrada em áreas de cultivo e pastagens degradadas. 
 
 Mascagnia 
 
Crotalaria 
Na região Nordeste, especialmente na Caatinga, são frequentes intoxicações por Ipomoea 
spp., conhecidas como "corda-de-viola". Essas plantas possuem alcaloides indólicos que 
afetam o sistema nervoso central, causando distúrbios neurológicos irreversíveis, 
caracterizados por movimentos anormais e dificuldade de locomoção, especialmente em 
caprinos e ovinos. Também é relevante nessa região a Indigofera suffruticosa, uma 
leguminosa que possui indospicina, um aminoácido tóxico que provoca hepatotoxicidade. 
 
Ipomoea 
 
 Indigofera suffruticosa 
Já em áreas do Pantanal e do Sudeste, a Palicourea marcgravii, também conhecida como 
"erva-de-rato", se destaca por ser uma das principais causadoras de morte súbita em 
bovinos. Essa planta contém monofluoroacetato de sódio, um composto altamente tóxico 
que interfere no metabolismo energético celular, levando os animais à morte em poucas 
horas após a ingestão. 
 
Palicourea marcgravii 
No Sul do Brasil, com predominância de clima subtropical, as gramíneas do gênero 
Lolium, especialmente quando contaminadas por fungos endofíticos como 
Neotyphodium spp., podem causar intoxicação por festuca, uma síndrome complexa que 
reduz a fertilidade e o ganho de peso em bovinos. Nessas regiões também são relatadas 
intoxicações por Senecio spp., como o Senecio brasiliensis (erva-de-são-joão), que é 
comum em campos nativos e contém alcaloides pirrolizidínicos hepatotóxicos. 
 
 Lolium Senecio brasiliensis 
A presença de plantas tóxicas está geralmente associada a pastagens mal manejadas, 
principalmente aquelas em processo de degradação, onde a cobertura de gramíneas 
forrageiras é reduzida, favorecendo o estabelecimento de espécies invasoras, muitas das 
quais possuem mecanismos de defesa química contra o pastejo. A identificação e o 
controle dessas plantas exigem atenção contínua dos produtores, sendo recomendadas 
práticas como a roçada seletiva, a substituição por espécies forrageiras mais competitivas, 
a correção do solo e o uso de pastoreio rotacionado, que minimiza o risco de ingestão 
acidental. 
- Práticas de controle nas pastagens: O controle de plantas tóxicas em pastagens exige 
um conjunto de práticas integradas e contínuas, com base no conhecimento das espécies 
presentes, seu ciclo de vida, toxicidade e condições ambientais favoráveis à sua 
disseminação. 
A prevenção é a abordagem mais recomendada, pois evita o estabelecimento das plantas 
tóxicas. Isso inclui o uso de sementes de pastagens certificadas e livres de contaminantes, 
a limpeza de máquinas e implementos antes de entrarem em novas áreas, e a introdução 
de animais em áreas já inspecionadas. O manejo adequado do solo e das pastagens, com 
correção de acidez, adubação e controle do pastejo, promove o vigor das espécies 
forrageiras desejadas, dificultando a invasão por plantas tóxicas. 
As práticas culturais são fundamentais para manter as pastagens competitivas. Isso 
envolve o uso de espécies forrageiras adaptadas ao clima e ao solo da região, manejo 
adequado da altura de pastejo e pastoreio rotacionado, que evita o superpastejo e a 
degradação do pasto, fatores que favorecem a emergência de plantas indesejáveis. O 
consórcio entre gramíneas e leguminosas também pode melhorar a cobertura do solo, 
diminuir espaços livres para invasoras e aumentar a fertilidade natural do sistema. 
O controle mecânico, como a roçada seletiva, é eficiente em áreas com infestação 
localizada, reduzindo a biomassa aérea das plantas tóxicas antes que estas produzam 
sementes. A roçada deve ser feita de forma criteriosa, evitando danos à forrageira útil e 
respeitando os períodos de descanso das pastagens. O arranquio manual ou com enxadas 
pode ser adotado para espécies isoladas ou em estágio inicial de infestação, especialmente 
aquelas de maior porte. 
O controle químico, com herbicidas seletivos, é recomendado em casos de infestação 
avançada ou quando as práticas culturais e mecânicas não são suficientes. A escolha do 
herbicida deve considerar a espécie tóxica a ser combatida, seu estágio de 
desenvolvimento, o tipo de pastagem e os impactos ambientais. 
Além do controle direto, o monitoramento contínuo das pastagens é essencial. A inspeção 
periódica permite a identificação precoce de focos de infestação e a adoção de medidas 
rápidas, evitando a propagação. Animais recém-introduzidos devem ser observados 
quanto a sinais clínicos de intoxicação, e é fundamental que os produtores conheçam as 
principais plantas tóxicas da região, suas características botânicas e sintomas associados. 
Por fim, a capacitação dos produtores e trabalhadores rurais é uma ferramenta estratégica 
de controle.Treinamentos, assistência técnica e acesso a informações atualizadas são 
indispensáveis para garantir que as práticas de manejo sejam aplicadas corretamente e 
com segurança, preservando a produtividade do sistema e a saúde dos rebanhos. 
- Sinais clínicos e tratamentos: Os sinais clínicos das intoxicações por plantas tóxicas 
em pastagens se manifestam de maneira variada, dependendo da espécie vegetal ingerida, 
do princípio tóxico envolvido, da quantidade consumida, da frequência de ingestão e da 
espécie animal afetada. 
Quando o sistema nervoso é afetado, os animais podem apresentar sintomas como 
tremores musculares, andar cambaleante ou em círculos, salivação excessiva, 
hiperexcitabilidade. Em situações mais graves, observam-se convulsões, paralisias e até 
coma, sendo frequente a morte súbita quando há comprometimento neurológico agudo, 
um exemplo é a Ipomoea spp. 
Em casos de hepatotoxicidade, os sinais clínicos mais comuns incluem icterícia, 
fotossensibilização, lesões na pele clara ou despigmentada após exposição ao sol, apatia, 
perda de peso, edema submandibular. Plantas como Crotalaria spp., Senecio spp., Lantana 
camara e Indigofera suffruticosa estão frequentemente associadas a esse tipo de quadro 
clínico, sendo especialmente preocupantes por causarem intoxicações crônicas, de difícil 
reversão. 
O envolvimento do sistema cardiovascular também pode ser observado em intoxicações 
por plantas que contêm glicosídeos cardiotóxicos, como Palicourea marcgrav. Nesses 
casos, os animais apresentam taquicardia, arritmias, dificuldade respiratória, fraqueza 
súbita e, com frequência, morte sem sinais clínicos prévios evidentes, o que dificulta o 
diagnóstico em campo. Essas intoxicações são especialmente perigosas pela rapidez da 
evolução e pela gravidade do quadro clínico. 
Já os sinais respiratórios incluem dispneia, tosse persistente, estertores e intolerância ao 
exercício, sendo frequentemente observados em casos de edema pulmonar agudo causado 
por Aeschynomene spp. ou em lesões pulmonares induzidas por Crotalaria spp. e 
Brachiaria spp. Estes sinais podem surgir isoladamente ou acompanhando quadros 
sistêmicos mais amplos. 
No trato gastrointestinal, os sinais envolvem diarreia, dor abdominal, anorexia, 
desidratação e emagrecimento progressivo. Em termos reprodutivos, a ingestão de certas 
plantas pode provocar abortos, reabsorção fetal, infertilidade temporária e até 
malformações fetais. Plantas do gênero Crotalaria e outras com ação teratogênica são as 
principais envolvidas nesses casos. 
Em relação ao tratamento, a primeira medida é retirar os animais da área contaminada 
para interromper a ingestão da planta. Em seguida, administra-se carvão ativado por via 
oral para reduzir a absorção do tóxico e, se necessário, laxantes para acelerar a eliminação 
do conteúdo intestinal. A fluidoterapia intravenosa é indicada em casos de desidratação 
ou insuficiência hepática e renal. Anti-inflamatórios, analgésicos e antibióticos podem ser 
usados conforme os sintomas presentes. Em quadros de fotossensibilização, é 
fundamental manter os animais em sombra. Em intoxicações crônicas, o manejo 
nutricional e o suporte hepático são essenciais. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O uso de pastagens consorciadas representa uma estratégia altamente promissora para a 
intensificação sustentável da pecuária, ao unir benefícios agronômicos, zootécnicos e 
ambientais. A integração equilibrada entre gramíneas e leguminosas permite maior 
produtividade, melhoria da qualidade nutricional da forragem e redução da dependência 
de insumos químicos, além de contribuir para a conservação do solo e da biodiversidade. 
Por outro lado, a presença de plantas tóxicas nas pastagens continua sendo um desafio 
relevante, exigindo constante vigilância, conhecimento técnico e práticas adequadas de 
manejo. O controle dessas espécies deve ser preventivo e integrado, visando preservar a 
saúde animal e a viabilidade econômica da produção. 
Dessa forma, tanto o consórcio forrageiro quanto o combate às plantas tóxicas reforçam 
a importância do planejamento, da capacitação técnica e do manejo criterioso das 
pastagens. O equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade dependerá da adoção de 
práticas que respeitem as especificidades ambientais, promovam a segurança alimentar 
e garantam o bem-estar dos animais 
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