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Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 1 06/12/2018 14:56 Sobre os organizadores Joni L. Mihura, PhD É professora de Psicologia na University of Toledo (Ohio, EUA), onde leciona avaliação da personali- dade, avaliação avançada e psicoterapia psicodinâmica/integrativa. Recebeu prêmios de início da carreira da American Psychoanalytic Association e da Society for Personality Assessment (SPA), bem como o Prêmio Walter Klopfer da SPA por Distinguished Contribution to the Literature in Personality Assessment, e é associada e ex-membro do conselho da SPA. A dra. Mihura atua no conselho editorial das revistas científicas Journal of Personality Assessment e Rorschachiana, publicou muitos artigos e capítulos sobre avaliação psicológica e é coeditora do Handbook of Gender and Sexuality in Psycho- logical Assessment. É codesenvolvedora do R-PAS (www.r-pas.org) e, como convidada, dá palestras e treinamentos internacionalmente. Gregory J. Meyer, PhD É professor de Psicologia na University of Toledo (Ohio, EUA). Sua pesquisa é centrada em avaliação psicológica, com ênfase na integração de métodos de avaliação. Recebeu quatro vezes o Prêmio Walter Klopfer da SPA por Distinguished Contribution to the Literature in Personality Assessment da Society for Personality Assessment (SPA). O dr. Meyer também recebeu o Prêmio por Distingui- shed Contributions to Assessment Psychology da Seção IX da Society of Clinical Psychology, Divisão 12 da American Psychological Association (APA), e é associado da Divisão 5 (Avaliação, Medidas e Estatística) da APA, bem como da SPA. Com mais de 75 publicações revisadas por pares, ele é ex-editor do Journal of Personality Assessment. É codesenvolvedor do R-PAS (www.r-pas.org) e dá palestras e treinamentos como convidado internacionalmente. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 2 06/12/2018 14:56 Joni L. Mihura Gregory J. Meyer (Orgs.) Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Tradução Cecília Camargo Bartalotti Revisão técnica Giselle Pianowski Doutora em Psicologia, pesquisadora filiada a Universidade São Francisco e ao Rorschach Performance Assessment System (R-PAS)/EUA R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 3 06/12/2018 14:56 Copyright versão original: © 2018 The Guilford Press. A Division of Guilford Publications, Inc. Título original: Using the Rorschach Performance Assessment System® (R-PAS®) Copyright da tradução: © 2018 Editora Hogrefe CETEPP, São Paulo Rorschach Performance Assessment System® e R-PAS® são marcas pertencentes à Rorschach Assessment System, LLC. Rorschach® é uma marca mundialmente registrada e de propriedade de Hogrefe AG; 1921, 1948, 1994. As imagens das pranchas de estímulo de Rorschach® são usadas com permissão do detentor da marca. Editora: Cristiana Negrão Tradução: Cecília Camargo Bartalotti Revisão técnica: Giselle Pianowski Capa e diagramação: Claudio Braghini Junior Preparação: Joana Figueiredo Revisão: Eugênia Pessotti CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 18-53539 CDD: 18-53539 CDU: 159.9.072 Este livro segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Hogrefe CETEPP R. Comendador Norberto Jorge, 30 Brooklin, São Paulo – SP, Brasil CEP: 04602-020 Tel.: +55 11 5543-4592 www.hogrefe.com.br Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópias e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita. ISBN: 978-85-85439-84-2 Impresso no Brasil. Os autores consultaram fontes consideradas confiáveis no esforço de oferecer informações que sejam completas e estejam, de maneira geral, de acordo com os padrões da prática aceitos no momento desta publicação. No entanto, em vista da possibilidade de erro humano ou mudanças nas ciências comportamentais, da saúde mental ou médicas, nem os autores, nem os organizadores e editores, nem qualquer outra parte que tenha participado da preparação ou publicação desta obra garantem que as informações aqui contidas sejam, em todos os aspectos, exatas ou completas, e não são responsáveis por qualquer erro ou omissão ou pelos resultados obtidos pelo uso dessas informações. Os leitores são incentivados a confirmar as informações contidas neste livro em outras fontes. U85 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) / organização Joni L. Mihura , Gregory J. Meyer; tradução Cecília Camargo Bartalotti ; revisão técnica Giselle Pianowski. - 1. ed. - São Paulo : Hogrefe, 2018. Tradução de: Using the Rorschach Performance Assessment System (R-PAS) Inclui bibliografia e índice ISBN 978-85-85439-84-2 1. Rorschach, Teste de. 2. Psicodiagnóstico. I. Mihura, Joni L., 1962-. II. Meyer, Gregory J., 1965-. III. Bartalotti, Cecília. III. Pianowski, Giselle. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 4 06/12/2018 14:56 Sumário Colaboradores ....................................................................................................1 Prefácio ...............................................................................................................5 PARTE I – OS FUNDAMENTOS DO R‑PAS E SUA INTERPRETAÇÃO ............ 9 1. Introdução ao R-PAS ....................................................................................11 2. Princípios de interpretação do R-PAS ........................................................35 3. Uso das normas do R-PAS com ênfase em crianças e adolescentes ......65 PARTE II – USO DO R‑PAS EM AMBIENTES CLÍNICOS ............................. 85 4. O zumbi partido .............................................................................................87 5. Quando lobos caem do céu ....................................................................... 113 6. Um caso de R-PAS de uma paciente internada com tentativa de suicídio recente ...................................................................................... 139 7. Compreendendo um impasse terapêutico .............................................. 159 8. Uso do R-PAS na avaliação terapêutica de uma estudante universitária com desconexão emocional ............................................ 183 9. Como protocolos individuais no R-PAS esclarecem relações de casais....209 PARTE III – Uso do R‑PAS em avaliações forenses ............................... 243 10. Uso do R-PAS no exame de responsabilidade criminal para avaliar insanidade ................................................................................. 245 11. Uso do R-PAS na avaliação do risco de violência ................................. 267 12. Uso do R-PAS na avaliação de possíveis intrusões psicóticas e traumáticas em uma mulher com psicopatia ...................................... 299 13. Uso do R-PAS em casos de direito de família ....................................... 325 14. Uso do R-PAS na avaliação de variáveis psicológicas na violência doméstica ........................................................................... 371 R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 5 06/12/2018 14:56 PARTE IV – USO DO R‑PAS EM AVALIAÇÕES DE SELEÇÃO ORGANIZACIONAL, NEUROPSICOLÓGICAS E EDUCACIONAIS ............... 405 15. Uso do R-PAS na avaliação seletiva de um candidato para ingresso em um seminário católico romano ......................................... 407 16. Uso do R-PAS em uma avaliação neuropsicológica de uma paciente adulta de alto funcionamento com depressão, ansiedade e um histórico de trauma relacional ............................................................... 431 17. Uso do R-PAS na avaliação neuropsicológica de um menino de 8 anos .................................................................................................. na Discussão). O Rorschach também é o único teste de desempenho com normas para ava liar a imagética mental – normas que podem fornecer informações úteis sobre preocupações em geral, bem como para transtornos em que a imagética intru siva é um sintoma, como o transtorno do estresse póstraumático – TEPT (com imagens traumáticas) e o transtorno obsessivocompulsivo – TOC (com imagens obsessivas). Por fim, relevante para todos os clínicos, mas especialmente àqueles que integram componentes relacionais ou psicodinâmicos em suas conceituali zações de casos, o R-PAS proporciona (1) medidas válidas e normatizadas de re presentações de si e outros e (2) comportamentos codificados pelo examinador para comparar com as normas (por exemplo, Rotações do Cartão; evidências de não “seguir as regras”, como em alto número de Pedir e Puxar), que podem ser generalizados para a vida cotidiana e para a dinâmica interpessoal que se pode esperar com o terapeuta do cliente. Orientação sobre este livro Este livro contém três capítulos introdutórios escritos pelos desenvolvedores do R-PAS: (1) este capítulo introdutório de Mihura e Meyer; (2) um capítulo bási R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 29 06/12/2018 14:56 30 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) co sobre interpretação, de Mihura e Meyer (Capítulo 2), que resume e amplia as diretrizes interpretativas encontradas no manual do R-PAS; e (3) um capítulo so bre normas, de Meyer e Erdberg (Capítulo 3), com foco especial no uso do R-PAS com crianças e adolescentes. Para os leitores não familiarizados com o R-PAS, a Tabela 1.1 traz os nomes das variáveis e uma descrição concisa de como elas são codificadas e interpretadas. Os capítulos subsequentes (capítulos 4-19) ilustram casos do R-PAS em diversos contextos – clínico e forenses, assim como médico, de seleção, neuropsicológico e educacional. Os temas dos capítulos foram esco lhidos para representar motivos de encaminhamento que o R-PAS pode ajudar a responder. Em todos os casos, nomes de clientes e informações de identificação foram cuidadosamente alterados para proteger seu anonimato. Os capítulos são escritos por especialistas internacionais em avaliação; cerca de dois terços são autores dos Estados Unidos, e os outros representam os países da Finlândia, Is rael, Itália, Holanda e Noruega. Os capítulos foram projetados para ter seções similares: (1) uma breve apre sentação do caso, (2) o(s) motivo(s) do encaminhamento, (3) um resumo de ou tros dados de avaliação, (4) dados de pesquisa ou legais relevantes, (5) razões para que o R-PAS tenha sido escolhido para ajudar a lidar com o motivo que le vou ao encaminhamento, (6) a experiência da aplicação do R-PAS, (7) os resulta dos sem a identificação do cliente (respostas, sequência de códigos e páginas 1 e 2 do perfil) e (8) uma discussão dos resultados conforme aplicados ao(s) caso(s). Os editores tinham um limite rígido para o número de páginas dos capítulos, para que o livro não ficasse proibitivamente caro. Como resultado, os capítulos são concisos, mas repletos de informações. Para ajudar os autores dos capítulos em sua interpretação dos casos, foi preparada uma versão preliminar do Guia Interpretativo baseado em Casos do R-PAS para cada um de seus casos. Depen dendo do contexto e da situação específicos da avaliação, os capítulos concluem com um resumo sobre o impacto que a experiência do R-PAS teve sobre a pessoa avaliada e/ou sobre a importância dos dados do R-PAS para entender a pessoa e responder às questões levantadas no encaminhamento. REFERÊNCIAS Atkinson, L. (1986). The comparative validities of the Rorschach and MMPI: A metaanalysis. Canadian Psychology, 27, 238-247. Beck, S. J., Beck, A. G., Levitt, E. E., & Molish, H. B. (1961). Rorschach’s test: Vol. I. Basic processes (3rd ed.). Oxford, UK: Grune & Stratton. BlasczykSchiep, S., Kazén, M., Kuhl, J., & Grygielski, M. (2011). Appraisal of suicide risk among adolescents and young adults through the Rorschach test. Journal of Personality As- sessment, 93, 518-526. Bornstein, R. F. (1999). Criterion validity of objective and projective dependency tests: A me taanalytic assessment of behavioral prediction. Psychological Assessment, 11, 48-57. 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O capítulo re sume e amplia as diretrizes de interpretação apresentadas no manual do teste R-PAS (Meyer, Viglione, Mihura, Erard, & Erdberg, 2017b), usando exemplos ilustrativos dos casos deste livro. Considerações iniciais para a interpretação do R‑PAS Para leitores que estejam fazendo a transição do SC para o R‑PAS Como observamos em nossa Introdução, o R-PAS tem diferenças signifi cativas em relação ao Sistema Compreensivo (SC), o sistema do Rorschach mais comumente usado anteriormente (Exner, 2003), que tornam necessário aprender a interpretálo de modo independente; no entanto, a transferência de aprendizagem quando já se conhece o SC será significativa, tornando a transição bastante fácil de dominar. Por exemplo, muitas variáveis do R-PAS são iguais a variáveis do SC, embora algumas tenham nomes diferentes e os resultados se jam interpretados usando escores padronizados. Ao mesmo tempo, o R-PAS in clui diversas variáveis do Rorschach com suporte empírico que não estão no SC. Além disso, a interpretação do R-PAS difere da interpretação do SC em que (1) a interpretação do R-PAS é diretamente moldada pelo processo de resposta (ou seja, os comportamentos e as operações psicológicas que ocorrem quando o exa minado responde à tarefa de modo a justificar um código específico), o que pode resultar em interpretações diferentes do que no SC para as mesmas variáveis; e (2) o R-PAS não usa a estratégia de sequência de interpretação do SC. Com relação a este último aspecto, existe uma espécie de folclore de que os passos da estratégia de sequência do SC estavam fundamentados em pesquisas, mas isso não é correto. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 35 06/12/2018 14:56 36 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Algumas correções para equívocos comuns sobre o Rorschach Por várias décadas, a psicologia classificou e viu o Rorschach como um “teste projetivo”, em contraste com um “teste objetivo”, que era o termo usado para ca racterizar testes de autorrelato como o Minnesota Multiphasic Personality Inven- tory–2 (MMPI 2). Essas classificações são infelizes por vários motivos. Primeiro, o Rorschach é uma tarefa de resolução de problemas e seu processo de respos ta não é verdadeiro ou mesmo largamente de natureza projetiva (por exemplo, existe uma estrutura considerável incorporada nas imagens das manchas de tin ta e os clientes certamente podem ter consciência de suas características acessa das pelo Rorschach). Segundo, o termo objetivo sugere implicitamente um con traste com o antônimo subjetivo, implicando que tarefas como o Rorschach são influenciadas por sentimentos e opiniões pessoais e subjetivos e que os testes de autorrelato não são. No entanto, o autorrelato de uma pessoa é inerentemen te subjetivo. Terceiro, projeção é um conceito associado à teoria psicanalítica e as críticas a essa teoria foram erroneamente generalizadas para tarefas sem nenhum vínculo direto com ela. Por fim, os testes chamados de projetivos (por exemplo, Rorschach, Teste de Apercepção Temática [TAT], completar frases, desenhos) foram agrupados como se usassem o mesmo método de avaliação, o que não é o caso. Esse grupo de testes usa diferentes métodos de avaliação (por exemplo, as interpretações do TAT são baseadas em temas narrativos; os dese nhos são baseados em construções imaginárias). O Rorschach também não usa apenas um método de avaliação. Por exemplo, no R-PAS, há escores baseados na acurácia e convencionalidade das percepções (FQ), na coerência e plausibili dade da comunicação (Códigos Cognitivos), na natureza das imagens temáticas (por exemplo, Mórbido) ou em representações baseadas na linguagem (Lingua gem de Dependência Oral [ODL]) e a propensão a ser atento a nuances sutis do ambiente experiencial (por exemplo, Sombreado). Portanto, a literatura contemporânea sobre avaliação deixou para trás as classificações objetiva–projetiva desatualizadas dos testes psicológicos e, em vez disso, procura descrever os testes com base na natureza dos estímulos do teste e nos comportamentos e operações psicológicas envolvidos na resposta à tarefa. Em termos gerais, as antigas classificações objetivo versus projetivo passaram a ser chamadas, respectivamente, de testes de autorrelato versus testes de desem- penho (Meyer & Kurtz, 2006; Meyer et al., 2017a) ou métodos de avaliação au- toatribuídos versus implícitos (McClelland, Koestner, & Weinberger, 1989). No entanto, tenha em mente que a natureza dicotômica dessas classificações é uma herança da divisão objetivo–projetivo; na verdade, existem muitos métodos de avaliação diferentes, cada um com implicações únicas para a interpretação e o planejamento do tratamento (ver Hopwood & Bornstein, 2014). Dados acessados externamente, como avaliações de observadores ou com portamentos em laboratório, costumam estar mais fortemente associados en R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 36 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 37 tre si do que com características avaliadas introspectivamente (autorrelatadas) (Mihura, 2012). Como uma medida de avaliação externa, o Rorschach não é diferente. Pesquisas mostram que o Rorschach tem relações de tamanho de efeito médio1 com outros critérios externamente avaliados, mas associações baixas com informações autorrelatadas (Mihura, Meyer, Dumitrascu, & Bom bel, 2013). Esse achado significa que, em uma avaliação, seria de esperar que os dados do Rorschach convergissem mais estreitamente com dados de avaliação obtidos de uma fonte externa ao respondente do que com o autorrelato do pró prio respondente. Ao mesmo tempo, pesquisas sugerem que, quando as pessoas se conhecem bem e estão abertas a expor informações pessoais, seus escores no Rorschach corresponderão mais de perto aos escores derivados de suas caracte rísticas autorrelatadas (Berant, Newborn, & Orgler, 2008; Meyer, 1997, 1999). Portanto, os resultados do R-PAS de alguns clientes convergirão mais para suas características autorrelatadas (ou seja, baseadas em uma entrevista ou em res postas a um questionário) do que os resultados de outros clientes. Orientação básica para interpretação do R‑PAS Depois de aplicar as dez manchas ao examinado e registrar suas respostas verbais e comunicações não verbais relevantes, o examinador codifica as respos tas usando as diretrizes do manual do R-PAS (Meyer et al., 2017b) e insere esses códigos no programa de codificação e interpretação (localizado em www.r-pas. org). O resultado da codificação fornece a Sequência de Codificação (ou seja, os códigos para cada uma das respostas do examinado) e os resultados principais do teste, que, como em testes de desempenho cognitivo como a Escala Wechsler de Inteligência para Adultos – Quarta Edição (WAIS-IV), são plotados usando escores padrão (EPs) que têm uma média de 100 e um desvio padrão (DP) de 15. Os resultados principais estão nas Páginas de Perfil “Página 1” e “Página 2”, com uma tabela suplementar contendo os resultados para todos os componentes in dividuais dos escores. Os resultados da Página 1 têm o suporte de validade mais forte e devem ser analisados antes das variáveis da Página 2.2 1 Esta é a magnitude de correlação esperada entre métodos para escalas válidas (Hemphill, 2003; baseado em Meyer et al., 2001). 2 A lógica para colocar variáveis na Página 1 ou na Página 2 é descrita no manual do R-PAS (Meyer et al., 2017b, pp. 441-464). Os fatores considerados incluíram (1) sua corroboração nas metanálises de validade de construto do Rorschach (por exemplo, Bornstein, 1999; Diener, Hilsenroth, Shaffer, & Sexton, 2011; Graceffo, Mihura, & Meyer, 2014; Mihura et al., 2013); (2) sua corroboração em uma grande pesquisa clíni ca (Meyer, Hsiao, Viglione, Mihura, & Abraham, 2013); (3) a ligação próxima entre o processo de resposta da variável codificada e sua interpretação; e (4) redução de redundâncias na codificação e interpretação, eliminando escores que não ofereciam um valor interpretativo único. Os autores do R-PAS têm o objetivo de passar todas as variáveis para a Página 1 ou eliminálas de vez do sistema, dependendo de como as evi dências se desenvolverem. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 37 06/12/2018 14:56 38 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Embora todas as variáveis ocorram ao longo de um contínuo subjacente, o examinador deve interpretar os resultados de EP como mais altos ou mais baixos que a média quando o EP estiver mais de 10 EPs para adultos e mais de 15 EPs para crianças e adolescentes, acima ou abaixo da média de 100. O programa de codificação tem duas maneiras pelas quais o usuário pode facilmente determinar o intervalo interpretativo dos resultados: uma com cores cromáticas indicando os intervalos interpretativos e outra para usuários que desejem imprimir resultados acromáticos. Para interpretar a saída de resultados cromáticos, um ícone verde indica a faixa Média (para adultos, EPs 90-110; para crianças e adolescentes, EPs 85-115). As faixas interpretativas sucessivas se estendem além dos pontos delimi tadores da faixa Média a cada 10 EPs para adultos e 15 para crianças e adolescen tes.3 Médio Baixo e Médio Alto são indicados por ícones amarelos, Baixo e Alto são indicados por ícones vermelhos, e Muito Baixo e Muito Alto são indicados por íco nes pretos. Cores cromáticas não foram usadas na impressão deste livro; portanto, a Figura 2.1 usa uma saída de resultados acromáticos para ilustrar os intervalos in terpretativos dos ícones. Para escores Médios, os círculos dos ícones são abertos; para escores Médios Baixos e Médios Altos, os círculos contêm uma linha vertical; para escores Baixos e Altos, os círculos contêm duas linhas verticais; e para esco res Muito Baixos e Muito Altos, os círculos são completamente preenchidos. FIGURA 2.1. Exemplo de resultados de escores padrão do R-PAS e seus ícones diferenciados. Fonte: Reproduzida do programa de pontuação do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) (© 2010-2016) e extraída de Manual R-PAS: Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach (© 2017) com direitos autorais de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Todos os direitos reser- vados. Usada com autorização de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Reprodução proibida sem autorização por escrito de R-PAS. Aplicação das diretrizes interpretativas do R‑PAS Antes de interpretar os resultados, o clínico deve analisar as perguntas de avaliação geradas pela fonte do encaminhamento e pelo cliente e desenvolver 3 Ver o Capítulo 3 para mais informações sobre o uso das normas do R-PAS com crianças e adolescentes. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 38 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 39 hipóteses para os resultados, tendo em mente os métodos únicos de avaliação que a tarefa do Rorschach oferece. Os materiais necessários são (1) as Respostas literais e as Folhas de Localização, (2) as Sequências de Codificação e as páginas de Resultados, e (3) observações comportamentais registradas durante a aplica ção do teste. As etapas interpretativas básicas, conforme descritas no manual (Meyer et al., 2017b, pp. 371-378), usam o que é chamado de “quatro Ss” (Scan, Sift, Synthesize e Summarize ou Sondar, Selecionar, Sintetizar e Sumarizar [conforme o manual em português]). A primeira etapa interpretativa envolve Sondar rapi damente as Páginas de Perfil. O objetivo é familiarizarse globalmente com os resultados antes de iniciar o processo interpretativo detalhado. Para fazer isso, examine as Páginas 1 e 2 para notar escores marcadamente altos ou baixos, conforme indicado pelos ícones vermelhos com duas linhas verticais e os íco nes pretos completamente preenchidos (que indicam escores extremos). A ideia é simplesmente registrar esses escores na memória para que, quando você for completando as outras etapas, eles estejam em mente, influenciando sua sele ção e síntese. Essa sondagem deve demorar menos de um minuto, embora seja necessário um pouco mais de tempo na fase de familiarização inicial com as va riáveis e as Páginas de Perfil. Depois de conduzir a etapa de Sondar, o próximo passo é considerar sequen cialmente cada variável e Selecionar as diferentes possibilidades de interpreta ção para cada uma. Variáveis em um determinado nível de elevação produzem um leque de inferências possíveis e o objetivo desse passo é reduzir as possibi lidades a uma ou duas que sejam mais provavelmente corretas para o cliente. Enquanto seleciona, você também estará Sintetizando informações de todas as outras fontes de dados (por exemplo, entrevista clínica, observações comporta mentais, outros resultados de avaliação). Selecionar e sintetizar são processos recíprocos, diferenciados por seu foco em uma compreensão detalhada de uma variável ou uma consideração de todos os outros dados relevantes, respectiva mente. As etapas Selecionar e Sintetizar incluem “ir a fundo nos dados”, o que significa que, depois de analisar os resultados plotados para cada variável, você desce um nível até os subcomponentes dessa variável para compreender melhor o significado dos resultados. Por exemplo, ao encontrar uma elevação no Índi ce de Enfraquecimento do Ego 3 (EII-3), desça um nível e examine suas partes subcomponentes para ver se um tipo específico de prejuízo contribuiu para a elevação. As possibilidades incluem pertubação do pensamento (WSumCog), teste de realidade (FQ), relações objetais problemáticas (Proporção PHR), interpretações equivocadas de ações humanas (M) e pensamento primitivo (Conteúdos Críticos). Quando uma variável não tem escores de subcomponen tes, descer um nível envolveria ler a resposta original, o que é particularmente útil para Códigos Temáticos (para procurar temas que se destaquem) e códi R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 39 06/12/2018 14:56 40 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) gos de Qualidade Formal ruim (para ver se determinadas imagens salientes, em particular, estão sobrecarregando a capacidade da pessoa para responder aos contornos da mancha). Quando o EP da Complexidade é inferior a 85 ou superior a 115, o interpretador deve avaliar se seria importante ou não plotar e interpretar escores Ajustados para Complexidade, que são mais bem discutidos em seções subsequentes. Por fim, sumarize o que foi aprendido sobre a pessoa com o R-PAS, integre esse sumário com as conclusões de outros resultados de testes, levando em consideração os métodos pelos quais as informações foram obtidas, e formule respostas para as perguntas que geraram o encaminhamento. A centralidade do processo de resposta na interpretação do R‑PAS A tarefa do Rorschach foi conceitualizada de diversas formas. Por exemplo, Leichtman (1996) centrouse na elaboração de uma resposta no Rorschach como comunicação dentro de um campo interpessoal. Exner (2003) focou nos processos de exame da mancha e de tomada de decisão envolvidos na escolha de uma resposta pelo respondente. No entanto, a abordagem de Exner para in terpretar a tarefa do Rorschach não explica a interpretação de forma tão direta e abrangente quanto o foco do R-PAS no processo de resposta. Nossa perspectiva é semelhante à abordagem experiencial e fenomenológica de Schachtel (1966) para interpretar o Rorschach. Como Schachtel (1966, p. 2, tradução nossa) dis se: “Nenhuma quantidade de validação dos significados dos escores de teste do Rorschach pode substituir a compreensão do que se passa no teste e em sua in terpretação”. Por mais ampla a teoria que se utilize para conceitualizar pessoas e suas operações psicológicas, é preciso fundamentar a interpretação do R-PAS em um entendimento de seu processo de resposta básico. O que é o “processo de resposta”? O processo de resposta se refere às operações psicológicas que ocorrem no processo de geração de uma resposta para a tarefa, cujos elementos são codifi cados ou classificados de maneira específica (Meyer et al., 2017b; Mihura, Du mitrascu, Roy, & Meyer, 2017a). No seu núcleo, os dados do R-PAS são cons tituídos de comportamentos codificados. Para testes de desempenho como o Rorschach e testes de inteligência, o processo de resposta é a representação comportamental dos escores do teste. Por exemplo, para passar os itens no subteste Cubos dos testes de inteligência Wechsler, os respondentes precisam representar mentalmente e de forma acurada o desenho que lhes é pedido que reproduzam e, em seguida, analisar os componentes do desenho para garantir que as faces de seus cubos correspondam com precisão a esses componentes. A realização dessa tarefa requer a capacidade de analisar e sintetizar informações visuais abstratas, formação de conceitos e raciocínio não verbal, inteligência R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 40 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 41 fluida, percepção e organização visuais e coordenação visuomotora. Além dis so, os respondentes podem analisar e sintetizar mentalmente os componentes do desenho antes de começar a manipular os cubos para criar a figura, ou po dem usar manipulação física de tentativa e erro com os cubos até o desenho se parecer com o da figura. Todos esses elementos são componentes do processo de resposta que podem ser considerados na interpretação, focando não só a análise e síntese mental, mas também a capacidade do respondente para mani pular fisicamente os cubos. No R-PAS, de maneira similar, um código de Síntese indica que o respondente analisou e sintetizou componentes distintos da mancha para criar uma interre lação significativa das partes. Em contraste com o subteste Cubos, no entanto, nenhuma manipulação física é necessária e o respondente é livre para criar seus próprios desenhos mentais para encaixar nos componentes da mancha. Além disso, testes de Q.I. são testes de “desempenho máximo” com respostas certas e erradas em que as pessoas têm que usar suas melhores habilidades, enquanto o R-PAS é uma tarefa de “desempenho típico” que avalia o que a pessoa “fará” tipicamente quando deixada com suas próprias preferências, não o que a pessoa “pode fazer” quando lhe é pedido que tenha um desempenho ótimo em respos ta a diretrizes claras. Engajarse nas operações mentais e físicas que resultam em um escore no subteste Cubos é um requisito da tarefa; em contraste, as ins truções do R-PAS não pedem que o respondente execute as operações mentais envolvidas no processo de resposta de Síntese. O respondente pode acreditar, explícita ou implicitamente, que isso seja esperado, mas não faz parte das instru ções da tarefa. Portanto, as operações mentais e comportamentais que resultam em um código de Síntese – bem como todas as outras codificações do R-PAS (ex ceto, em algum grau, R) – referemse quase inteiramente aspectos psicológicos da pessoa que produz a resposta e não às demandas da situação. Como o processo de resposta de um escore do R-PAS está no cerne da sua in terpretação, o manual do R-PAS (Meyer et al., 2017b) apresenta a interpretação no nível de protocolo (pp. 330-346) antes da interpretação no nível mais amplo de protocolo (pp. 347-376). Os escores do Rorschach que são baseados em có digos únicos, como o Movimento Humano (M), têm a mesma interpretação no nível de resposta que no nível do protocolo. Por outro lado, para escores do Rors chach que são derivados de um amálgama de códigos diferentes (por exemplo, M + Soma Ponderada da Cor [WSumC]), o interpretador deve primeiro enten der o processo de resposta dos códigos individuais (por exemplo, M e WSumC) para entender a combinação desses códigos no nível de protocolo. Portanto, o interpretador deve se familiarizar com os fundamentos do processo de resposta para todas as variáveis individuais do R-PAS. Essa abordagem explícita do pro cesso de resposta para a interpretação é uma característica distintiva do R-PAS em comparação com o SC. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 41 06/12/2018 14:56 42 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Enriquecendo a interpretação formal dos escores com interpretações idiográficas O R-PAS suporta fortemente interpretações idiográficas, usando uma abor dagem disciplinada baseada em princípios descritos no manual (Meyer et al., 2017b, pp. 375-377). Semelhante ao TAT, é importante conhecer o que o car tão usualmente evoca para observar reações e elaborações comuns e incomuns aos cartões e suas características. Por exemplo, é bastante comum identificar seios ou pênis como a lógica para atribuir sexo masculino ou feminino a huma nos vistos nas áreas D9 do Cartão III; no entanto, é incomum identificar ambos. Como outro exemplo a respeito do que o cartão evoca, a maioria das pessoas tem uma experiência de cores alegres e agradáveis no Cartão VIII – o primeiro cartão totalmente colorido. Portanto, quando os respondentes têm uma reação negativa ao Cartão VIII, pode ser útil examinar a resposta para ver o que está obstruindo ou arruinando sua experiência agradável. Os exemplos de casos nos capítulos para tais respostas ao Cartão VIII incluem o caso de tentativa de suicí dio de Khadivi (Capítulo 6); “Mary”, que disse: “Faz lembrar uma folha no ou tono perdendo a cor”; a avaliação de Aschieri, Chinaglia e Kiss (Capítulo 9) para “Nora”, uma mulher em terapia de casal que disse: “Uma bela cor! Uma flor feia desenhada de forma muito imperfeita”; e a cliente de Bram (Capítulo 7), “Hei di”, em um impasse terapêutico com reações negativas aos profissionais que a atendiam: “Feliz demais! Colorido demais! ... Todas as cores são tão vibrantes. Tipo feliz demais. Todos os animais estão sorrindo em um lugar feliz, não é o meu lugar feliz”. Respostas com significado pessoal, também chamadas de material “proje tivo” (Exner, 1989), são mais propensas a conter códigos de (1) movimento (M, FM, m); (2) FQu ou FQ; e (3) Códigos Cognitivos, Temáticos ou Conteúdos Críticos (ver também Pianowski, Meyer, & VillemorAmaral, 2016). Concei tualmente, respostas FQ teriam menos probabilidade de conter material pro jetivo, enquanto as respostas FQu seriam mais idiográficas ou personalizadas. Exemplos de casos que correspondem a esses critérios incluem o caso de Lee, sobre a guarda de filhos (Capítulo 13), em que o pai acusava a exesposa de ser agressiva com seu filho; o pai deu a seguinte resposta ao Cartão X: “Um rato soldado bravo... os olhos semiabertos fazem parecer bravo, e o nariz com a boca franzida, pronto para morder... um capacete de aço, porque a cor é metálica” (có digos relevantes: FQ– Ma, FC, C’, INC2 AGM, AGC). Para o Cartão VII, a pacien te adolescente de Kleiger e Khadivi (Capítulo 5), “Chandra”, que estava sendo avaliada para psicose emergente e que estivera maltratando a irmã, que também foi diagnosticada com psicose, disse: “Parecem duas meninas que estão olhan do intensamente uma para a outra. Parece que elas estão surpresas. Parece que têm vermes saindo da cabeça delas... como se fossem começar a brigar ou algo assim... Isto parece vermes, como se elas estivessem apodrecendo. Parece que R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 42 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 43 os olhos estavam muito abertos, como em ‘Oh!’” (códigos relevantes: FQu, Ma, mp, FAB2, AGM, MOR, MAP). Podese levantar a hipótese de que essa resposta represente a experiência da adolescente com uma psicose emergente e seu con flito com a irmã, que também foi diagnosticada com psicose. As características idiográficas da resposta alinhadas com a interpretação padrão do código do R-PAS devem dar ao clínico maior confiança na interpre tação do código e lhe emprestar riqueza idiográfica. Usando o código de Cor Acromática (C’), as seguintes respostas são exemplos. Na avaliação de Acklin (Capítulo 10) da responsabilidade criminal e competência de um cliente para enfrentar julgamento, ele se referiu ao cliente como um “messias deprimido e relutante”; relatou uma experiência de contratransferência de “ausência quase completa” e descreveu o cliente como tendo “rapport extremamente plano”. A resposta C’ do seu cliente foi “... alguém que foi esmagado, achatado, parecendo morto. (Examinador: Parecendo morto?) A cor é escura, sem vida”. Bram (Capí tulo 7) descreveu sua cliente, Heidi, com “sentimentos de sobrecarga, depressão e preocupação com morte e suicídio”; sua resposta C’ foi: “Parece depressão. (Examinador: Por que depressão?) Porque é tudo preto”. Para a avaliação neu ropsicológica feita por Dumitrascu (Capítulo 16) de “Lisa”, uma jovem adulta com história de trauma relacional que estava no momento se sentindo sobrecar regada na escola, a resposta C’ foi: “Uma pessoa presa em alguma coisa... como uma lama preta, eu acho; como estar preso em alguma coisa”. O comportamento do examinado durante a avaliação também é uma boa fonte de informação idiográfica. Por exemplo, compare e contraste o nível de autoconsciência demonstrado nas respostas para os dois casos a seguir. A última resposta de “Nora”, cliente de Aschieri et al. (Capítulo 9), foi: “Uma mulher ves tindo um casaco, sutiã, pernas, seio, cabeça e casaco de peles. É muito colorido, muito bonito, mas estou perturbada com esses quatro insetos que estão atacan do a mulher por todos os lados. Ela está cercada pelos insetos, mas o casaco a protege porque é grosso. Ela está protegida, exceto do inseto que a está atacando na cabeça. Uau, o que estou dizendo!” O nível de autoconsciência de Nora é bem diferente do apresentado pela cliente de Nørbech et al. (Capítulo 12), “Toni”, uma mulher com psicopatia, apresentando intrusões traumáticas e perturbação do pensamento, que respondeu para o Cartão II: “Uma cobra com a boca aber ta e pescoço comprido. Por que você está me mostrando essas figuras?”. E, para o Cartão III, “Dois pássaros ou humanos segurando alguma coisa. Que pinturas doentias... E dá para ver uma cabeça de animal saindo de seu peito aqui”. E, para o Cartão IV, “Animal grande. Pernas, cabeça. Duas cobras aqui. O animal está cuspindo alguma coisa. Não suporto olhar para esse desenho”. Também podemos usar a sequência de respostas de Toni para ilustrar a “aná lise sequencial”, uma abordagem idiográfica avançada em que se presta atenção aos escores e às características idiográficas de respostas consecutivas (ver Pee blesKleiger, 2002). Conforme ilustrado no parágrafo anterior, em várias respos R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 43 06/12/2018 14:56 44 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) tas seguidas, Toni se sentiu perturbada pelo que estava vendo, e as respostas em si continham perturbação do pensamento (R7 INC1; R8 INC1, FAB2; R9 DR1, FAB2). Toni pareceu tentar se livrar dessa imagética mental, recusandose a dar outras respostas, ainda que estimulada a isso nos Cartões III e IV. Os padrões de resposta de Toni demonstram um benefício singular dos testes de personalidade baseados no desempenho: a capacidade de ver “como tudo se encaixa”. Lidando com distribuições não normais e escores de baixa taxa base Para lidar com as distribuições não normais que caracterizam muitos esco res do Rorschach, os percentis associados a cada escore bruto foram obtidos e convertidos para seu EP equivalente normal (ver Meyer & Erdberg, Capítulo 3 neste volume, e Apêndice E do manual do R-PAS). Portanto, os percentis são or ganizados para interpretação como se pertencessem à curva normal regular em forma de sino, o que acentua ligeiramente as diferenças nos pontos mais extre mos e as minimiza no meio da distribuição, onde os escores mais comuns estão (ver Meyer et al., 2017b, p. 532-533, para detalhes). Compreender as implica ções da distribuição não normal e de taxas ou frequências base baixas de muitos escores do Rorschach (por exemplo, T, M) é vital para interpretar os resulta dos do R-PAS. Escores de baixa taxa base podem ser definidos como aqueles que ocorrem cinco vezes ou menos em cada 100 respostas. Como os protocolos do R-PAS têm uma média de cerca de 24 respostas, escores de baixa taxa base são aqueles com médias iguais ou inferiores a 1,20. Essas variáveis têm distri buições limitadas em dados normativos, com muitas pessoas tendo escores 0, algumas escore 1, um número menor com escores 2, e assim por diante, até o valor máximo observado nas normas, que muitas vezes é apenas um valor 4 ou 5. Com distribuições limitadas como essas, cada valor de escore inclui um con junto de valores percentis. Por exemplo, 55% das pessoas nas normas do R-PAS têm valores de Textura (T) de 0, o que abrange o intervalo do menor percentil até o 55º percentil. Ao calcular as normas do R-PAS, como é convencional em análises estatísticas, a cada valor de escore que engloba múltiplos percentis foi atribuído o percentil para o seu ponto médio. Assim, no caso de T, a um valor de 0 foi atribuído um percentil de 27,5 (isto é, 55/2 = 27,5) como o melhor valor para representar o escore, embora o escore de fato abrangesse uma faixa maior na distribuição de percentis. Interpretação com escores de baixa taxa base Usando Reversão do Espaço Branco (SR) como exemplo de um escore de bai xa taxa base para adultos, como se pode ver na Figura 2.2, um escore bruto 0 é plotado em um EP de 87. Embora talvez seja difícil ver na figura, há uma linha fina cinza clara sobreposta à linha tracejada no EP de 95. Esta é chamada de hash R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 44 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 45 mark e indica a linha divisória entre a faixa abrangida pelo valor de um escore e a faixa abrangida pelo valor do escore adjacente. Neste caso, essa linha divisória está entre um escore de 0 e um escore de 1. Há outra hash mark em um EP de 110, que é a linha divisória entre um escore de 1 e um escore de 2, e uma terceira que é mais facilmente visível em um EP de 118, que é a linha divisória entre um escore de 2 e um escore de 3. É importante lembrarse dessas linhas divisórias durante a interpretação. Retornando ao escore SR de 0, a figura mostra que sua faixa alcança e engloba um EP de 95. Portanto, embora um escore bruto 0 esteja plotado em um EP de 87 na faixa interpretável Média Baixa, a faixa real de um escore bruto de 0 para SR se estende para a direita até um EP de 95 e também abrange a extremidade inferior da faixa Média. Consequentemente, apenas in terpretações cautelosas podem ser feitas para escores baixos em variáveis de baixa taxabase. Na verdade, algumas variáveis têm uma taxabase tão baixa que um esco re bruto de 0 é plotado na faixa Média. Para adultos, a Página 1 contém quatro dessas variáveis (Pu, SevCog, M e MAH); a Página 2 atual contém sete dessas variáveis (V, C Puro, CBlend, r, AGM, T e PER). Como não se pode ter um núme ro negativo para essas variáveis de contagem, elas não têm uma interpretação “Baixa”.4 FIGURA 2.2. Ilustração do uso de unidades subjacentes e dos valores Min/Max na tabela Resultados. Fonte: Reproduzida do programa de pontuação do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) (© 2010-2016) e extraída de Manual R-PAS: Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach (© 2017) com direitos autorais de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Todos os direitos reser- vados. Usada com autorização de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Reprodução proibida sem autorização por escrito de R-PAS. Entendendo e usando as unidades subjacentes Ao selecionar “Unidades”, quando visualizar os resultados do perfil em um navegador, o examinador acessa a opção do software R-PAS para ver as unidades 4 Para leitores familiarizados com o SC, os novos valores normativos e as implicações para a interpretação vão requerer atenção aos valores de referência ajustados. Por exemplo, ao usar as normas do SC de Exner (2003), não ter nenhum escore de Textura (T) era considerado um problema. No entanto, inúmeros con juntos de dados dos Estados Unidos e de outros países observaram que a maioria das pessoas tem escores de Textura 0 (Meyer, Erdberg, & Shaffer, 2007). R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 45 06/12/2018 14:56 46 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) subjacentes de cada variável do teste. Em termos práticos, a escolha da opção de plotar as unidades subjacentes permite ver as variáveis com baixa taxaba se e levar em consideração as ressalvas anteriormente discutidas. Visualizar as unidades subjacentes também permite considerar o impacto de incertezas de codificação. Por exemplo, se alguém tiver um escore bruto SR de 1, e a codifica ção de mais um SR for possível, mas incerta, as unidades subjacentes podem ser visualizadas para determinar a diferença que a codificação de um SR adicional faria para essa pessoa. SR = 1 está na faixa Média (EP = 102) e SR = 2 está na Mé dia Alta (EP = 113). Portanto, se outro código SR for possível, mas incerto, o in terpretador deve considerar o que significaria se o examinado tivesse um escore SR ligeiramente mais alto. Como as unidades subjacentes são entendidas como essenciais para uma interpretação precisa, elas são a configuração padrão para a tabela de resultados. Não recomendamos desmarcar essa opção. Entendendo e usando os valores Mínimo/Máximo O interpretador do R-PAS deve estar ciente dos EPs mínimos e máximos para as variáveis, que podem ser plotados na tabela selecionando a opção “Min/Máx nas Normas” no programa de codificação on-line. Com essa opção selecionada, a tabela mostra um padrão sombreado no lado superior ou inferior da distribui ção de EP, conforme mostrado na Figura 2.2. Em testes de múltiplas escalas, há uma tendência de os interpretadores dos testes compararem as elevações nas escalas para identificar qual é a questão mais importante para o cliente. No en tanto, como em outros testes (por exemplo, o MMPI-2 e o WAIS-IV), há limites para os valores máximo e mínimo que os EPs podem ter em muitas das variáveis do R-PAS. Portanto, comparar os EPs do R-PAS para determinar graus de eleva ção ou seu nível potencial de importância para o cliente pode ser complicado. Por exemplo, como mostrado na Figura 2.2, o EP máximo para MAP/MAHP é 123. Se um cliente tiver pontuado 132 em SR, não se pode concluir que SR é uma característica de personalidade mais destacada do que MAP/MAHP, porque o escore MAP/MAHP não pode ser superior a 123. Entendendo a complexidade Como o primeiro fator do Rorschach, a complexidade do protocolo de um cliente é o principal componente que faz com que muitos escores individuais aumentem ou diminuam e, potencialmente, diferenciem seu protocolo de ou tros. O R-PAS oferece uma medida do engajamento na tarefa usando um escore composto chamado Complexidade. Conforme descrito no manual do R-PAS, “A Complexidade no nível do Protocolo é uma medida composta que implica infor mação procedente de várias seções de todas as respostas. Os três componentes da resposta que contribuem para a nota são: (1) Localização e Qualidades do Ob R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 46 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 47 jeto presentes nas seções de Localização, Espaço, Síntese e Vago; (2) Conteúdos; e (3) Determinantes” (Meyer et al., 2017b, p. 340). Além disso, o fato de que esses três componentes da resposta são somados em todas as respostas significa que R é, na verdade, o quarto componente da Complexidade. Quando o escore de Complexidade de um caso é superior a um DP acima ou abaixo da média para a faixa etária do cliente (ou seja, 115 EPs), podese clicar, em Re sultados, na opção para aplicar escores Ajustados para Complexidade (Comple- xity Adjustment – CAdj) ao protocolo. CAdj usa uma equação de regressão para prever como seriam os escores de um cliente se seu protocolo tivesse um nível médio de Complexidade. O protocolo de um cliente pode variar em Complexidade por várias razões, que afetam o modo como a Complexidade será interpretada e se, e como, os es cores CAdj serão interpretados. Por exemplo, o protocolo de um cliente pode ser baixo em Complexidade porque ele está sendo conscientemente reservado, como quando um cliente restringe as respostas ao tentar dissimular, ou a baixa Complexidade pode se dever a baixo Q.I. e limitações cognitivas que dificultam o engajamento na tarefa. Por outro lado, um cliente pode ter um protocolo com alta Complexidade devido a um Q.I. alto e um pensamento sofisticado típico; ou o cliente pode estar descompensando e a complexidade deverse a pensa mento e reatividade confusos e desinibidos. Portanto, o fator de ordem superior da complexidade no Rorschach tem muitas interpretações potenciais diferen tes, mas tem impacto sobre muitos escores individuais de ordem inferior cuja interpretação deve ser independente disso. Por exemplo, um cliente que está sendo reservado nas respostas em uma tentativa de dissimular ou que produz um protocolo simplista devido a déficits cognitivos terá menos probabilidade de oferecer respostas Vista (isto é, respostas sofisticadas que são menos comuns em crianças e pessoas com Q.I. baixo). Nessa situação, a razão pela qual o cliente não produziu um escore Vista é independente da interpretação do escore na se ção Estresse e Distress (ou seja, autoavaliação crítica). Por isso, o R-PAS oferece uma maneira de prever como o protocolo da pessoa seria se ela tivesse um nível médio de Complexidade (ou se todos nas normas tivessem o nível específico de Complexidade dessa pessoa). No entanto, é importante lembrar que os escores CAdj não são mais acurados ou melhores que os escores brutos – eles apenas oferecem informações diferentes. Além disso, interpretar escores CAdj é uma opção, não uma exigência. Mais adiante neste capítulo, descrevemos como interpretar protocolos com Complexidade alta ou baixa e fazemos referências a casos nos capítulos com Com plexidade alta ou baixa por razões diversas. Para mais informações, consulte o manual do R-PAS, especialmente o Capítulo 10, “Recomendações para a Inter pretação”, e o Capítulo 11, “Estudo de Caso Clínico” (Meyer et al., 2017b), além do Capítulo 3 deste livro, “Uso das normas do R-PAS com ênfase em crianças e adolescentes”. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 47 06/12/2018 14:56 48 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Integração com outros dados de avaliação A integração dos achados do R-PAS com outros dados de avaliação é explica da brevemente no manual (Meyer et al., 2017b, pp. 378-379), mas o clínico deve estar familiarizado com outras referências importantes (por exemplo, Finn, 1996; Ganellen, 1996; Meyer, 1996, 1997; Mihura, 2012; Mihura & Graceffo, 2014). 5 Por exemplo, os clínicos devem saber como entender os resultados de in dicadores que medem ostensivamente características similares, mas divergem entre si quanto aos métodos. Como Ganellen (1996) explica, quando escores em escalas de nomes similares no MMPI-2 e no Rorschach divergem entre si, o interpretador deve fazer estas duas perguntas: As escalas têm nomes similares, mas abordam aspectos diferentes do construto? Os dados indicam um conflito emocional, ou o cliente tem autoconsciência limitada? Por exemplo, o que sig nifica quando um cliente do sexo masculino tem um escore alto de Dominância no PAI e um escore alto de ODL no R-PAS? O cliente poderia estar expressando suas fortes necessidades implícitas de dependência com comportamentos “do minantes” congruentes com o gênero que o colocam no centro das atenções e do afeto. Ou o autorrelato do cliente pode não refletir seu comportamento real. Ou talvez o examinador tenha codificado erroneamente o ODL. Quando os escores diferem, há uma tendência a pensar que um escore está correto e o outro está errado. Embora esse possa ser o caso, as divergências também podem oferecer informações fundamentais sobre a dinâmica de personalidade do cliente (ver também Meyer et al., 2017a). Etapas da interpretação com uma ilustração de caso Tarefas pré‑interpretação É claro que os avaliadores devem estar familiarizados com considerações in terpretativas básicas, como a natureza e o contexto da avaliação (por exemplo, autoencaminhamento para psicoterapia versus encaminhamento forense) e fato res demográficos, como idade, gênero e cultura (ver Brabender & Mihura, 2016; Hays, 2008), e saber como formular hipóteses. Para outras tarefas de préinter pretação, ver o manual do R-PAS (Meyer et al., 2017b, pp. 369-371, 430). Como diretrizes gerais: 1. Tarefas antes da aplicação do R-PAS a) Esteja consciente de seus vieses pessoais e da tendência humana natural a procurar confirmação de suas crenças preeexistentes. 5 Uma dificuldade ao consultar fontes publicadas antes do R-PAS é o uso de códigos do SC que precisam ser traduzidos para códigos do R-PAS. Para avaliadores que foram treinados no SC, o Apêndice D no manual do R-PAS traz um glossário de termos do SC e seus equivalentes no R-PAS. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 48 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 49 b) Formule expectativas com base nas características observadas em ou tras situações de desempenho do cliente (por exemplo, observações comportamentais, testes de inteligência, registros escolares ou de inter nação psiquiátrica). c) Articule quais informações específicas espera obter com o R-PAS em comparação com as características autorrelatadas do cliente. d) Formule hipóteses que levem em conta os submétodos de avaliação in corporados no R-PAS. 2. Tarefas de préinterpretação específicas do R-PAS a) Faça anotações nas seções de Comentários do programa de codificação on-line para documentar possíveis dilemas de codificação (por exemplo, esclarecimento inadequado, decisões de codificação limítrofes). b) Tenha todos os dados de teste disponíveis (Respostas com observações comportamentais notadas, Folha de Localização, Sequência de Códigos e páginas de resultados do R-PAS). Ilustração de caso Para fins ilustrativos, oferecemos uma visão geral focalizada da interpretação do R-PAS usando um exemplo de caso fictício de um adulto: “Sr. J”, um homem de 19 anos, solteiro, americano descendente de europeus. O encaminhamento com hipótese de psicose baseouse nos comportamentos estranhos e afastamen to social do Sr. J depois de começar seu primeiro semestre na faculdade. O Sr. J entrou na faculdade com uma bolsa acadêmica e, no ensino médio, apresentou histórico destacado de notas A, boa frequência às aulas e participação em espor tes e na equipe de debates. O Sr. J não estava frequentando as aulas na faculdade, o que seu colega de quarto informou ao residente assistente (RA). Além disso, o colega informou que o Sr. J estava agindo de modo “estranho” e que estava começando a ter medo dele – embora não relacionado a nenhuma agressão ou ameaça explícita. O co lega de quarto disse que o Sr. J, na verdade, parece ter medo dele e é rápido em interpretar mal o que ele diz. O colega de quarto explicou que não fica bravo de imediato com o Sr. J, mas, quando o Sr. J interpreta negativamente o que ele diz, isso de fato o irrita e ele não quer validar a percepção equivocada do Sr. J. Afirmou que a namorada do Sr. J tinha passado no dormitório deles algumas vezes nas úl timas semanas, mas o Sr. J se recusou a vêla. A namorada expressou preocupa ção com o Sr. J, porque esse comportamento não era habitual e ele não lhe havia dito nada sobre terminar o namoro. O RA do Sr. J falou com ele e sugeriu que ele conversasse com alguém no centro de aconselhamento sobre sua dificuldade de sair do quarto e a falta de motivação para frequentar as aulas. O RA se ofereceu para ajudálo a marcar a R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 49 06/12/2018 14:56 50 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) primeira consulta e acompanhálo. Ele se encontrou com um clínico estagiário, que fez um encaminhamento para um teste psicológico na Clínica de Psicologia da universidade. Após a entrevista inicial, o clínico estagiário aplicou um ins trumento de autorrelato de múltiplas escalas. O Sr. J apresentou índices mode radamente elevados em escalas que poderiam sugerir psicose, mas os itens que ele endossou nessas escalas eram voltados para problemas de atenção, concen tração e organização do pensamento; ele não endossou marcadores de psicose como inserção ou controle de pensamento. O Sr. J também relatou níveis eleva dos de angústia. Na entrevista e no instrumento de autorrelato, o Sr. J negou fa zer uso de quaisquer substâncias. Ele explicou que sua família era batista sulista e que beber álcool era proibido. Usando uma abordagem de avaliação colabora tiva, o clínico estagiário ajudou o Sr. J a formular suas próprias perguntas para a avaliação. O Sr. J disse que sua pergunta principal era “Por que todos estão se voltando contra mim?” Com mais incentivo, ele acrescentou outra pergunta: “Estou ficando louco?” Tarefas antes da aplicação do R-PAS Como o Sr. J formou uma boa aliança de trabalho com o RA em seu dormi tório e veio voluntariamente para avaliação e tratamento, havia uma probabi lidade maior de que ele tivesse um bom engajamento na tarefa do R-PAS. A sofisticação cognitiva do Sr. J, conforme avaliada pela maioria de notas A no ensino médio, sugere que ele tenha capacidade cognitiva para se engajar na tarefa do R-PAS e esperaríamos um nível de Complexidade acima da média. Um nível de Complexidade inferior à média poderia indicar uma das opções a seguir: (1) ele está se fechando como uma estratégia geral de enfrentamento (coping), especialmente em situações desconhecidas como a tarefa do Rors chach; (2) ele está se fechando devido a uma psicopatologia, como depressão severa ou estresse póstraumático; (3) não foi formada uma boa aliança com o examinador; ou (4) razões situacionais levaram à falta de engajamento (por exemplo, ele pode experienciar características do examinador como intrinse camente ameaçadoras para ele, como se o lembrassem de algum ser ameaça dor real ou imaginado). O Sr. J não tem um longo histórico de desajuste – pelo contrário. Portan to, poderíamos esperar escores na média ou acima da média nas variáveis do R-PAS que avaliam recursos psicológicos, como o MC. A interpretação de duas outras variáveis do R-PAS pode depender do conhecimento sobre o histórico de funcionamento do cliente e sobre o contexto da avaliação: Complexidade e Conteúdos Críticos. A Complexidade pode ser alta devido a sofisticação cog nitiva, mas também devido a simulação ou a disfunção severa real. Há poucas evidências para sugerir que o Sr. J tenha motivação para simular um transtorno. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 50 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 51 A simulação é concebível para “desculpar” suas baixas notas e frequência às aulas; no entanto, durante o período de consentimento informado da avalia ção, quando o Sr. J soube que algumas pessoas às vezes precisavam ser hospi talizadas se seus problemas fossem muito severos, ele se mostrou muito aves so à ideia de ser hospitalizado. O Sr. J não tem funcionado bem ultimamente, com a ressalva de ter feito uma aliança com o RA para buscar tratamento psi cológico. Portanto, é possível que a condição psicológica do Sr. J seja atual mente severa o bastante para ele elevar a Complexidade mais do que normal mente esperado. Os Conteúdos Críticos podem ser elevados em três condições principais: (1) história de trauma, (2) simulação e (3) presença de cognições primitivas como observadas em níveis borderline ou psicóticos de organização da personalidade. Aplicando essas três condições ao Sr. J: (1) ele havia negado uma história de trau ma durante a entrevista clínica; (2) ele não tinha nenhum incentivo conhecido para simular um transtorno; e (3) pessoas com um nível borderline ou psicótico de organização da personalidade costumam exibir um longo histórico de fun cionamento ruim ou irregular. No entanto, o funcionamento do Sr. J havia se alterado apenas recentemente, ainda que de maneira abrupta. Portanto, o Sr. J claramente não se encaixava em nenhuma das três condições que nos levariam a esperar um escore alto de Conteúdos Críticos. Quanto ao que esperamos obter com o R-PAS, em comparação com seus re sultados de autorrelato, as evidências sugerem que o Rorschach é melhor para detectar psicose do que os instrumentos de autorrelato (por exemplo, Dao, Pre vatt, & Horne, 2008; Mihura, Roy, Dumitrascu & Meyer, 2016; Mihura et al., 2013, Tabela 3). Também sabemos que o Sr. J está tendo dificuldade para comu nicar, e talvez compreender, o que está acontecendo com ele ou a ele; portanto, um teste de desempenho cujas respostas são avaliadas por meio de um sistema de codificação formal, usando escores empiricamente corroborados, deve ser útil. O Rorschach também é único em sua capacidade de avaliar a imagem men tal; portanto, devemos poder ver se imagens perturbadoras ou salientes ocupam a mente do Sr. J (por exemplo, Conteúdos Críticos). Orientação para os Resultados da Página 1 e Página 2 do Sr. J As Páginas 1 e 2 dos resultados do R-PAS do Sr. J são mostradas nas Figuras 2.3a e 2.3b. As variáveis estão listadas na coluna mais à esquerda e abreviadas na coluna mais à direita. Nas três colunas seguintes a partir da esquerda estão (1) seus escores brutos, (2) os percentis e EPs correspondentes a esses escores bru tos e (3) seus escores Ajustados para Complexidade, que aparecem acinzentados por configuração padrão e permaneceriam assim, porque seu caso não precisa de Ajuste para a Complexidade. A grade que se segue contém os resultados do R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 51 06/12/2018 14:56 52 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Sr. J na métrica EP, com uma média de 100 e um DP de 15. Seus resultados prin cipais são interpretados nas seções subsequentes. Tarefas pré-interpretação específicas do R-PAS Três dilemas de codificação principais a serem considerados foram anotados e registrados nos espaços de Comentários do programa de codificação. Primei ro, uma ocorrência de excesso de esclarecimento levou a uma prolixidade que poderia ter sido codificada como FAB2; no entanto, de acordo com as diretrizes de codificação do R-PAS para ocorrências de excesso de esclarecimento (Meyer et al., 2017b, p. 173), não atribuímos o código. Podemos, no entanto, considerá la idiograficamente como o que acontece quando o Sr. J é pressionado demais a explicar suas experiências. Em outro caso, uma palavra chave ficou faltando, e esclarecimentos adequados adicionais poderiam ter levado a uma codificação de Vista, mas seu escore de Vista já era Muito Alto. Por fim, em uma resposta que continha múltiplos objetos, um dos objetos que atendiam aos critérios para FQ– foi considerado “importante para a resposta”, mas essa decisão poderia ser dis cutida. Com base nas regras do R-PAS sobre como atribuir FQ a respostas com múltiplos objetos, codificamos o mais baixo (Meyer et al. 2017b, p. 42), no caso o FQ–, mas anotamos a ambiguidade sobre o quanto esse objeto era central para a resposta. Com um protocolo de 20 respostas, 1 escore FQ– equivale a 5 pontos percentuais, portanto é possível que seu FQ–% seja de fato 5% mais baixo do que aparece no perfil. Quanto a ser necessário ou não aplicar o Ajuste para Complexidade (CAdj), o escore de Complexidade do Sr. J não foi suficientemente alto para se considerar o cálculo de seus resultados CAdj. Seu EP de Complexidade foi 110, e CAdj não é considerado até que o escore seja superior a 115. Antes de codificar e analisar os resultados do Sr. J, examinamos nossos possíveis vieses pessoais e de confirma ção. Tínhamos uma hipótese de trabalho de que o Sr. J estava experimentando sintomas psicóticos, dado seu histórico recente, sexo biológico e idade. Como hipóteses alternativas, consideramos outros transtornos médicos que poderiam resultar em sintomas psicóticos e se o Sr. J. poderia estar escondendo evidências de uso de drogas. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 52 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 53 FIGURA 2.3A. Resultados da Página 1 do Sr. J. Fonte: Reproduzida do programa de pontuação do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) (© 2010-2016) e extraída do Manual R-PAS: Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach (© 2017) com direitos autorais de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Todos os direitos reser- vados. Usada com autorização de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Reprodução proibida sem autorização por escrito de R-PAS. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 53 06/12/2018 14:56 54 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) FIGURA 2.3B. Resultados da Página 2 do Sr. J. Fonte: Reproduzida do programa de pontuação do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) (© 2010-2016) e extraída do Manual R-PAS: Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach (© 2017) com direitos autorais de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Todos os direitos reser- vados. Usada com autorização de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Reprodução proibida sem autorização por escrito de R-PAS. Interpretações principais A ligeira elevação da Complexidade do Sr. J (EP = 110) estava de acordo com seu nível esperado de complexidade cognitiva, sugerindo que ele estava devida mente engajado na tarefa e forneceu material suficiente para interpretação. Os resultados do Sr. J foram de fato elevados nas escalas associadas à psicose, incluin do a medida agregada (TP-Comp EP = 128) e seus componentes de perturbação do pensamento (SevCog EP = 138) e problemas no teste de realidade (FQ% EP R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 54 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 55 = 122), e um Composto Vigilância (V-Comp = 115) ligeiramente elevado. Obser vamos que seu escore CritCont% não estava elevado (EP = 107), o que, no con texto desse registro complexo em geral, torna menos provável que ele estivesse simulando respostas ou experimentando percepções equivocadas e processos de pensamento desorganizados que fossem relacionados a trauma. Outros achados importantes foram elevações Muito Altas em Linguagem de Dependência Oral (ODL EP = 133) e Vista (EP = 141), sugerindo que o Sr. J pudesse estar experimen tando fortes necessidades dependentes por se sentir indefeso quanto à sua psicose emergente e que provavelmente se via envolvido em pensamentos ruminantes. No entanto, é importante saber que a maior parte das imagens de ODL do Sr. J eram figuras religiosas que foram codificadas como Qualidade Formal (FQ–) po bre, o que, no contexto dos outros dados, sugere que o Sr. J poderia estar experi mentando delírios religiosos que ele ainda não contou para ninguém. Essas ne cessidades de dependência e de se apoiar em um poder superior podem, de fato, têlo ajudado a formar uma aliança com seu RA e o clínico estagiário, ao mesmo tempo em que teve dificuldade para confiar em seu colega de quarto e na namora da. Como exemplo do Guia Interpretativo baseado no Caso, as interpretações de SevCog, gerais e baseadas no caso, para o Sr. J são mostradas na Tabela 2.1. Uma interpretação mais completa dos resultados do R-PAS é o objetivo dos capítulos de casos deste livro. No entanto, voltamos brevemente aos achados do Sr. J para ilustrar o processo de fazer recomendações de tratamento e comunicar os resultados. TABELA 2.1. Interpretações gerais e baseadas no caso para um escore Muito Alto de Códigos Cognitivos Severos Variável R‑PAS Nível Interpretação geral SevCog Geral SevCog capta rupturas significativas ou severas nos processos de pensamento. Pelo menos entre adultos e adolescentes, esses tipos de rupturas costumam ser mais indicativos de lapsos de nível psicótico em conceitualização, raciocínio, comunicação ou organização do pensamento. Se SevCog for elevado, deve-se garantir, como no caso de WSumCog, que isso não se deva unicamente a padrões repetidos de fala, erro na pontuação (exagero de codificação de DR2, PEC ou CON) ou códigos PEC brandos e concretos. Por fim, também se deve considerar se brincadeira com o examinador ou a tarefa, esforços deliberados para chocar ou provocar, ou uma propensão para a dramatização narrativa podem ser processos saudáveis que estejam contribuindo para uma elevação em SevCog. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 55 06/12/2018 14:56 56 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Variável R‑PAS Nível Interpretação geral Escores Nível Interpretação baseada no caso Escore bruto = 3, EP > 131 Muito Alto Esta pessoa produziu três ou mais respostas que incorporavam sugestões de distúrbios severos e de nível psicótico no pensamento, na lógica e/ ou na comunicação. Este é um achado altamente significativo. Mesmo uma única ocorrência é atípica e, pressupondo que a acurácia da codificação não seja um problema, a presença de três códigos severos indica que processos do tipo psicótico estarão presentes no raciocínio, conceitualização, comunicação e organização do pensamento. Nota. Reproduzida do programa de pontuação (© 2010-2016) do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) e extraída de Manual R-PAS: Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach (© 2017) com direitos autorais de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Todos os direitos reserva- dos. Usada com autorização de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Reprodução proibida sem autorização por escrito de R-PAS. Aplicação da interpretação do R‑PAS Fazendo recomendações de tratamento O interpretador deve estar ciente dos principais benefícios que o R-PAS pode trazer para o planejamento do tratamento, bem como de suas limitações. Mihura e Graceffo (2014) discutem como diferentes métodos de avaliação influenciam a conceitualização dos casos e as recomendações de tratamento. Em relação ao R-PAS, Mihura e Graceffo destacam vários pontos centrais: (1) um importante ponto forte do Rorschach é sua capacidade de detectar psicose, e clientes com perturbação severa do pensamento (SevCog) podem ser candidatos particular mente bons para medicação antipsicótica; (2) pesquisas sugerem que a presença de algumas variáveis de Complexidade (por exemplo, Sy e Blend mais elevadas, F% mais baixo) pode servir como indicador positivo da capacidade do cliente para se engajar na psicoterapia e se beneficiar com ela; (3) clientes com proble mas no teste de realidade (FQ%) podem entender as situações de modo muito diferente de outras pessoas, inclusive sua experiência com o terapeuta; e (4) o Rorschach é uma ferramenta de avaliação única que pode ajudar os terapeu tas a entender as imagens na mente do cliente, como imagens traumáticas ou flashbacks, pesadelos ou imagens obsessivas. Além disso, as variáveis do domínio Representação de Si e Outro e os com portamentos interativos durante a aplicação (incluindo CT, Pr, Pu e PER) podem ajudar a prever o que esperar na relação terapêutica em termos de transferência, contratransferência, enactment e assim por diante. Por exemplo, podese prever a probabilidade de que um cliente (1) experimente necessidades de ODL com seu terapeuta; (2) “preciso do meu próprio espaço” (SR) com o terapeuta, o que R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 56 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 57 pode ser expresso em comportamentos de oposição, esforços de independên cia ou a necessidade de moldar criativamente seu próprio processo de terapia; (3) experimente a relação terapêutica como controladora ou prejudicial (MAP/ MAHP), e assim por diante. Lembrese de que o conteúdo na mente do clien te não revela necessariamente sua atitude em relação a esse conteúdo ou seus comportamentos abertos em resposta a ele. Por exemplo, um cliente com for tes necessidades de ODL pode lidar com isso sendo contradependente e, por tanto, parecer, superficialmente, ser extremamente independente. Um cliente cujas representações de si mesmo e dos outros são malévolas (MAP) pode lidar com isso usando formação reativa e, assim, comportarse de maneira que pareça extremamente complacente e gentil, mas usar esses comportamentos de forma passiva–agressiva. Em geral, os achados do Rorschach não revelam como um cliente sente conscientemente. Para a experiência interna consciente, é preciso perguntar ao cliente por meio de um instrumento de autorrelato ou entrevista. Comunicando os achados Há várias boas fontes sobre a comunicação dos achados da avaliação; reco mendamos uma abordagem semelhante à proposta por Fischer (1985) e popu larizada por Finn (2007), conhecida como Avaliação Terapêutica/ Colaborati va (AT/C, Finn, Fischer, & Handler, 2012). Como o modelo de AT/C envolve o cliente durante todo o processo de avaliação, não há apenas uma sessão devolu tiva final em que os achados do R-PAS são comunicados ao cliente; há comuni cação e processamento bidirecionais dos achados ao longo da avaliação. A abor dagem AT/C considera os testes como “ampliadores de empatia” para entender mais plenamente os clientes e os dados da avaliação como uma maneira de “ver pela perspectiva do cliente” (Finn et al., 2007, p. 14). Portanto, além de influen ciar a conceitualização dos casos e o planejamento do tratamento, os dados da avaliação fornecem informações para ajudar o avaliador a comunicar os acha dos da avaliação para o cliente de forma empática e terapêutica. Por exemplo, o avaliador deve usar os 455 18. Sentir dor .................................................................................................. 477 19. Uso do R-PAS na avaliação de uma perturbação emocional no contexto escolar ................................................................................. 501 ÍNDICE ................................................................................................. 525 R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 6 06/12/2018 14:56 Colaboradores Marvin W. Acklin, PhD, ABAP, ABPP, Departamento de Psiquiatria, John A. Burns School of Medicine, University of Hawaii, em Manoa, Honolulu, Havaí. Filippo Aschieri, PhD, Departamento de Psicologia, Università Cattolica del Sacro Cuore, Milão, Itália. Ety Berant, PhD, Baruch Ivcher School of Psychology, Centro Interdisciplinar, Herzliya, Israel. Cassandra Berbary, PhD, College of Health Sciences and Technology, Rochester Institute of Technology, Rochester, Nova York. Anthony Bram, PhD, ABAP, Boston Psychoanalytic Society and Institute, Cambridge Health Alliance/Harvard Medical School; e prática privada, Lexin gton, Massachusetts. Alessandra Chinaglia, Departamento de Psicologia, Università Cattolica del Sacro Cuore, Milão, Itália. Hilde De Saeger, MA, De Viersprong, Halsteren, Holanda. Nicolae Dumitrascu, PhD, Danielsen Institute na Boston University, Boston, Massachusetts. Philip Erdberg, MD, Departamento de Psiquiatria, University of California San Francisco School of Medicine, Greenbrae, Califórnia; prática privada, Corte Ma dera, Califórnia. Jack Fahy, PhD, Masonic Center for Youth and Families, San Francisco, Cali fórnia. Francesca Fantini, PhD, Departamento de Psicologia, Università Cattolica del Sacro Cuore, Milão, Itália. Ellen J. Hartmann, Professora emérita, Cand. Psychol., Departamento de Psi cologia, University of Oslo, Oslo, Noruega. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 1 06/12/2018 14:56 2 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Tammy L. Hughes, PhD, Departamento de Terapia, Psicologia e Educação Es pecial, Duquesne University, Pittsburgh, Pensilvânia. Saara Kaakinen, MA, Departamento de Psiquiatria, Unidade de Psiquiatria Fo rense, Hospital Universitário de Oulu, Oulu, Finlândia. Jan H. Kamphuis, PhD, Departamento de Psicologia, University of Amster dam, Amsterdã, Holanda. Nancy Kaser-Boyd, PhD, ABAP, prática privada, Studio City, Califórnia. Philip Keddy, PhD, prática privada, Oakland, Califórnia, e Wright Institute, Berkeley, Califórnia. Reneau Kennedy, EdD, Psicologia Clínica e Forense, Honolulu, Havaí. Ali Khadivi, PhD, Departamento de Psiquiatria, Bronx Lebanon Hospital Cen ter, e Departamento de Psiquiatria e Ciências do Comportamento, Albert Eins tein College of Medicine, Bronx, Nova York. Andrea B. Kiss, MS, Departamento de Psicologia, University of Toledo, Toledo, Ohio. James H. Kleiger, PsyD, ABPP, ABAP, prática privada, Bethesda, Maryland. S. Margaret Lee, PhD, Northern California Mediation Center, Mill Valley, Ca lifórnia. Jessica Lipkind, PsyD, WestCoast Children’s Clinic, e prática privada, Oak land, Califórnia. Gregory J. Meyer, PhD, Departamento de Psicologia, University of Toledo, To ledo, Ohio. Joni L. Mihura, PhD, Departamento de Psicologia, University of Toledo, Tole do, Ohio. Emiliano Muzio, PhD, prática privada, Helsinki, Finlândia. Peder Chr. Bryhn Nørbech, MS, Cand. Psychol., Departamento de Psicologia, University of Oslo, Oslo, Noruega. Kate Piselli, PhD, Departamento de Terapia, Psicologia e Educação Especial, Duquesne University, Pittsburgh, Pensilvânia. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 2 06/12/2018 14:56 Colaboradores 3 Hannu Säävälä, MD, PhD, Departamento de Psiquiatria, Unidade de Psiquia tria Forense, Hospital Universitário de Oulu, Oulu, Finlândia. Justin D. Smith, PhD, Departamento de Psiquiatria e Ciências do Comporta mento, Northwestern University Feinberg School of Medicine, Chicago, Illinois. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 3 06/12/2018 14:56 R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 4 06/12/2018 14:56 Prefácio Enquanto este livro estava sendo escrito, havia rumores de que o Rorschach nunca, ou quase nunca, era usado na prática clínica. No entanto, pesquisas re centes de clínicas e programas de formação clínica mostram que o Rorschach continua a ser ensinado e usado na prática com alta frequência (Mihura, Roy, & Graceffo, 2017; Wright et al., 2017). E o mais importante é que pesquisas recen tes abordaram as principais críticas feitas contra o sistema anterior e mais co mumente usado do Rorschach, o Sistema Compreensivo de Exner – SC (Exner’s Comprehensive System – CS). Essas pesquisas culminaram no desenvolvimento de um sistema novo e empiricamente consolidado para o Rorschach – o Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach (Rorschach Performance Assessment System – R-PAS; Meyer, Viglione, Mihura, Erard & Erdberg, 2017) – e levaram os autoproclamados “críticos do Rorschach” a desistir de sua defesa de uma sus pensão total do uso do Rorschach em ambientes clínicos e forenses (ver Mihura & Meyer, Capítulo 1 deste livro). Por que usar o Rorschach? Como será descrito mais detalhadamente no Capítulo 1, há várias razões essenciais para usar o Rorschach: 1. Até o momento, o Rorschach tem, de longe, a maior quantidade de metaná lises de validade publicadas para suas escalas (isto é, indicadores) clínicas entre todos os testes psicológicos – mais de 50 metanálises de validade pu blicadas de escalas do Rorschach, em comparação com apenas duas escalas clínicas do Minnesota Multiphasic Personality Inventory2 (MMPI-2). 2. O Rorschach oferece validade incremental para escalas de autorrelato. 3. O Rorschach é o melhor teste psicológico para avaliar psicose, em particular quando são usados indicadores do R-PAS. 4. O Rorschach, usando o R-PAS, proporciona uma avaliação comportamen tal válida de características psicológicas não disponíveis em qualquer outro teste normatizado. Essas características incluem teste de realidade e per turbação do pensamento; preocupações e intrusões de imagética mental, como as observadas em transtorno de estresse póstraumático, transtorno obsessivocompulsivo ou depressão maior; e representações mentais de si e dos outros. Também proporciona uma medida típica de desempenho da R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 5 06/12/2018 14:56 6 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) complexidade cognitiva e comportamentos codificados na interação com o examinador para comparar com as normas. Por que o R‑PAS foi desenvolvido? Depois da morte de Exner em 2006, o SC precisava de revisões para im plementar as mudanças nas quais o Rorschach Research Council vinha traba lhando. Exner revisava os manuais de teste do SC para aplicação, codificação e interpretação a cada 2-5 anos, desde o manual original de 1974, terminando com seu último manual em 2005. No entanto, Exner não deixou um caminho aberto para que o Research Council desse continuidade a seu trabalho, e proble mas com o SC precisavam ser corrigidos. Por exemplo, os organizadores deste livro (Joni L. Mihura e Gregory J. Meyer) estavam trabalhando em extensas revi sões sistemáticas da literatura sobre validade do SC para lidar com as principais preocupações que haviam sido levantadas por críticos do método Rorschach e que haviam levado um desses críticos (Howard Garb) a pedir uma suspensão do uso do Rorschach na prática clínica e forense em 1999. Como membros do Re search Council de Exner, os desenvolvedores do R-PAS estavam em uma posição ideal para conhecer os problemas existentes e trabalhar na busca de soluções. Assim, depois de dois anos incentivando a família de Exner a continuar a fazer as revisões do SC e da decisão final da família de deixar o SC do jeito que esta va, Meyer, Viglione, Mihura, Erard e Erdberg decidiram dados da avaliação para prever a melhor maneira de dis cutir os achados da avaliação com o cliente. Vários autores dos capítulos usaram a abordagem AT/C em seus casos; por exemplo, Lipkind e Fahy (Capítulo 17) oferecem uma boa ilustração do uso desse modelo para comunicar os achados da avaliação de uma maneira que leva em consideração a prontidão dos clientes para ouvir as informações. Para fontes de encaminhamento que não estejam familiarizadas com o Rors chach, o avaliador deve (1) desenvolver um modo padrão de descrever a tare fa do R-PAS em vez de apenas dizer “aplicação do Rorschach” ou chamálo de “teste projetivo” e, se aplicável, (2) explicar à fonte do encaminhamento espe cificamente por que o R-PAS está sendo usado para aquele caso particular. Por exemplo, é possível se referir ao R-PAS como uma “medida de desempenho para R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 57 06/12/2018 14:56 58 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) avaliar pensamento desordenado”, “uma medida de desempenho típico das for ças ou recursos cognitivos” ou “uma medida implícita ampla do funcionamento psicológico”. Ao usar o R-PAS, o avaliador deve destacar sua forte base empírica (por exemplo, Meyer, Viglione, & Mihura, 2017; Mihura et al., 2013), particular mente para responder às perguntas do encaminhamento. Quanto à comunicação de achados específicos, o avaliador deve se manter o mais próximo possível do processo de resposta. Consultar com frequência o Guia Interpretativo Baseado no Caso ajudará o avaliador a conceitualizar e co municar as interpretações que estão intimamente ligadas ao processo de respos ta, o que deve fazer sentido para o cliente. Por exemplo, ao interpretar MOR, em vez de dizer ao cliente que o Rorschach sugere que ele está “deprimido”, a orien tação interpretativa fica mais próxima do processo de resposta de MOR (neste caso, imagens mórbidas), dizendo “temas de danos, lesões ou tristeza estão em sua mente”. O avaliador pode revisar as respostas de MOR do cliente para ver que tipo de imagens mórbidas o cliente descreveu. Por exemplo, se o cliente não tiver relatado as imagens de MOR de teor disfórico ou triste, o avaliador não dirá que temas de “tristeza” estavam na mente do cliente. Sr. J: Recomendações de tratamento e comunicação dos achados Voltando ao nosso caso fictício, os resultados do R-PAS do Sr. J mostraram algumas indicações positivas de uma capacidade de se beneficiar com a psico terapia. Seu escore Médio Alto em Sy e o escore Baixo em F% podem ser um bom prenúncio para sua capacidade de se engajar na terapia. A presença de uma resposta com os códigos COP e MAH é um bom indício para uma capacidade de visualizar e, talvez, formar, uma relação positiva com o terapeuta. No entan to, seu V-Comp Médio Alto sugere que ele é um pouco vigilante para ameaças e pode às vezes questionar as motivações do clínico. Portanto, o clínico deve ten tar ser o mais transparente possível sobre o que está pensando e verificar com o Sr. J se ele está entendendo o que o clínico quer dizer. Além disso, o ODL e p/ (a+p) Altos do Sr. J sugerem que no momento pode ser difícil para ele buscar aju da ativamente por conta própria, sem orientação. Ao mesmo tempo, o avaliador também deve ter cuidado para não regredir o Sr. J infantilizandoo. Como o pen samento do Sr. J está confuso e desordenado (SevCog), ele terá mais dificuldade para compreender a devolutiva da avaliação. Portanto, durante a sessão devo lutiva, o avaliador deve parar e verificar periodicamente com o Sr. J se ele está entendendo, pedindolhe para resumir seu entendimento em relação ao que foi dito até então. O avaliador também deve entregar ao Sr. J um resumo focalizado e por escrito da devolutiva da avaliação para consulta posterior. Quanto às indicações para o tratamento, o SevCog alto do Sr. J sugere que ele pode ser um bom candidato para uma medicação antipsicótica. Pesquisas mostram que o tratamento precoce do primeiro episódio de psicose é vital para R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 58 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 59 o funcionamento adaptativo de longo prazo (Penttilä, Jääskeläinen, Hirvonen, Isohanni, & Miettunen, 2014). As respostas às perguntas da avaliação do Sr. J, “Por que todos estão se voltando contra mim?” e “Eu estou perdendo a cabeça?”, estão estreitamente ligadas a seus sintomas psicóticos. O clínico pode empati zar com o medo extremo e confusão que ele está experimentando (conforme expressos no teste de autorrelato e inerente em suas perguntas para a avaliação) e pode formular uma maneira de lhe dizer que pessoas que experimentam psi cose pela primeira vez com frequência ficam aterrorizadas porque é muito difícil entender o que está acontecendo. Ele pode assegurar ao Sr. J que a medicação antipsicótica é útil para muitas pessoas que experimentam sintomas semelhan tes e que é particularmente bom que ele esteja cuidando do problema logo no início, porque isso deve levar a um resultado melhor. O desejo do Sr. J de ficar fora do hospital pode ser um bom motivador para seguir corretamente o trata mento. A equipe de tratamento no centro de aconselhamento ofereceu ajuda ao Sr. J para solicitar uma licença médica de suas aulas e se mudar para a casa dos pais enquanto estivesse em tratamento, com o objetivo de se recuperar e, então, retornar à faculdade. Foi examinada também a opção de concluir o primeiro se mestre em uma faculdade próxima enquanto estiver morando com os pais, para ver como as coisas se desenvolvem. Um comentário final sobre a interpretação de protocolos Ajustados para a Complexidade Usamos um caso fictício que não exigiu o Ajuste para Complexidade (CAdj) porque a maioria dos protocolos não o exigirá. Nosso Guia Interpretativo Basea do no Caso oferece diretrizes sobre como proceder se o escore de Complexidade do cliente estiver fora da faixa Média. Aqui, oferecemos alguns conceitos bási cos e encaminhamos o leitor para os capítulos deste livro que contêm casos com Complexidade alta ou baixa. Estatisticamente falando, a interpretação de protocolos CAdj é semelhante à interpretação de pontos fortes e fracos em subtestes de Q.I. em que o índice geral de Q.I. do cliente serve como o ponto de referência. Conceitualmente, po rém, antes de considerar os escores de CAdj, é necessário também compreender as razões para o escore estatisticamente desviante da própria Complexidade. De forma análoga, nunca se interpretariam pontos fortes e fracos nos subtestes de um teste de Q.I. sem primeiro entender totalmente as implicações da pontuação de inteligência atipicamente alta ou baixa da pessoa. Considerar a Complexida de na interpretação do R-PAS também é semelhante a considerar os estilos de resposta ao interpretar instrumentos de autorrelato como o MMPI-2 ou o PAI. Escores elevados em marcadores de estilo de resposta podem se dever a vários motivos; por exemplo, um subrelato pode se dever a fingimento por desejabilida- de social ou a ingenuidade na caracterização – ambos são processos muito dife R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 59 06/12/2018 14:56 60 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) rentes. Como ajustar a interpretação do protocolo do cliente depende, portanto, do motivo pelo qual o cliente está deixando de relatar problemas. O PAI oferece protocolos ajustados que são aproximadamente similares aos protocolos de CAdj do R-PAS. Especificamente, se um cliente tiver pontuações elevadas nas escalas PAI de Gerenciamento de Impressão Positiva ou Negativa, podese usar as pontuações nessas escalas para gerar perfis previstos que mos trem o grau de elevação ou redução que seria esperado em todas as outras esca las. Podese, então, comparar mentalmente a pontuação observada do cliente com a pontuação prevista. O R-PAS leva esse processo um pouco mais além, calculando a diferença efetiva entre o escore observado e o escore previsto pela Complexidade e, em seguida, registrando esse resultado como o escore de CAdj. O que se segue é um guia conciso sobre como considerar a Complexidade nas etapas interpretativas de Sondar, Selecionar, Sintetizar e Sumarizar: 1. Sondar. Não há nada específico necessário para CAdj durante a etapa Sondar. 2. Selecionar. Depois de revisar os Comportamentos e Observações da Aplica ção, analise o escore de Complexidade para ver se o protocolo é de comple xidade baixa, média ou alta. Protocolos complexos têm muito mais proba bilidade de elevar múltiplos escores do que registros simplistas; portanto, a ausência de códigos ou escores baixos em registros complexos tem poder preditivo negativo mais forte (ou seja, você pode ter mais confiança de que a característica está ausente). Em contraste, registros simplistas de baixa complexidade suprimem escores; portanto, a presença de códigos ou esco res altos tem poder preditivo positivo mais forte (ou seja, você pode ter mais confiança de que a característica está presente). Você também deve conside rar se a Complexidade está no nível que esperaria para seu cliente; por exem plo, ela é, de forma geral, consistente com seu Q.I. e nível de instrução? Se o escore de Complexidade for particularmente baixo ( 115), você pode usar o CAdj mais tarde no processo de interpretação para avaliar o impacto da Complexidade em outros escores. O ícone do escore de CAdj é um quadrado, em comparação com o ícone do escore bruto, que é um cír culo. O escore de CAdj só é plotado nas Páginas de Perfil quando você tiver selecionado a opção CAdj. Recomendamos que os usuários não selecionem essa opção isoladamente, mas a usem em conjunto com o perfil de escores brutos. Ao fazer isso, os ícones CAdj são mostrados se houver 8 EPs de dife rença entre o CAdj e o escore bruto. 3. Sintetizar. Se você espera plotar e interpretar escores de CAdj, primeiro, ana lise o protocolo de seu cliente usando as interpretações regulares de esco res brutos (não CAdj). Posteriormente, ao aplicar o CAdj, interprete o perfil tendo em mente que perfis de CAdj estimam como seriam os resultados se a pessoa tivesse um protocolo com Complexidade completamente média. Também lembrese de que os EPs de CAdj não são mais “válidos” que os R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 60 06/12/2018 14:56 Princípios de interpretação do R-PAS 61 escores brutos; seu significado apenas é diferente. Eles simplesmente mos tram quais escores são relativamente altos ou baixos, considerando o nível de Complexidade da pessoa. Portanto, cada inferência interpretativa deve ser contextualizada com a afirmação condicional, “dado o nível de Comple xidade dessa pessoa”. Por exemplo, podese pensar: “Essa pessoa tem sur preendentemente poucas ocorrências de Movimento Humano, dado seu ní vel de Complexidade”. Também é preciso estar familiarizado com os escores que contribuem para a fórmula de Complexidade (por exemplo, F%, Blend, Sy, MC) para que se possa conceitualizar melhor os resultados CAdj. Capítulos específicos podem ser examinados para obter um entendimento melhor da Complexidade e de como ela é concebida. Para exemplos de Com plexidade baixa, ver Hughes, Piselli e Berbary (Capítulo 19); para Complexidade alta, ver Kleiger e Khadivi (Capítulo 5); Fantini e Smith (Capítulo 8); Kaakinen, Muzio e Säävälä (Capítulo 11); e Lipkind e Fahy (Capítulo 17). Para um exemplo de Complexidade que é mais alta que o esperado, dado o Q.I. da pessoa, ver Nør bech, Hartmann e Kleiger (Capítulo 12). Resumindo Os capítulos de casos deste livro servem como um guia de interpretação avan çado para usar em conjunto com o manual do R-PAS (Meyer et al., 2017b). Reco mendamos que os avaliadores consultem este capítulo, a Tabela 1.1 no Capítulo 1 e o Capítulo 3 ao interpretar seus primeiros casos com o R-PAS, depois, retornem a estes recursos alguns meses mais tarde para consolidar melhor o aprendizado. O Capítulo 3, de Meyer e Erdberg, discute o uso das normas do R-PAS, com foco em crianças e adolescentes, em particular. Os capítulos 4-19 contêm uma gran de variedade de casos de R-PAS em vários contextos para oferecer ao leitor uma ampla gama de experiências com diferentes aplicações do R-PAS. REFERÊNCIAS Berant, E., Newborn, M., & Orgler, S. (2008). Convergence of selfreport scales and Rorschach indexes of psychological distress: The moderating role of selfdisclosure. Journal of Person- ality Assessment, 90, 36-43. Bornstein, R. F. (1999). Criterion validity of objective and projective dependency tests: A me taanalytic assessment of behavioral prediction. Psychological Assessment, 11, 48-57. Brabender, V. M., & Mihura, J. L. (Orgs.). (2016). Handbook of gender and sexuality in psycholog- ical assessment. New York: Routledge. Dao, T. K., Prevatt, F., & Horne, H. L. (2008). Differentiating psychotic patients from nonpsy chotic patients with the MMPI-2 and Rorschach. Journal of Personality Assessment, 90, 93-101. Diener, M. J., Hilsenroth, M. J., Shaffer, S. A., & Sexton, J. E. (2011). 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A tarefa proporciona uma forma estruturada e padronizada de observação comportamental. Dentro do contexto padronizado de oferecer respostas aos estímulos fixos das manchas de tinta que respondam à pergunta “Com que isso se parece?”, a criança ou ado lescente proporciona uma amostra do comportamento de solução de problemas sob a forma de atribuições visuais aos estímulos das manchas, comunicações verbais e não verbais sobre essas atribuições e comportamentos interativos com o aplicador, as manchas de tinta e outros aspectos do ambiente de avaliação. O contexto da tarefa de solução de problemas é único. Ele não impõe exigências particulares ao indivíduo a não ser responder verbalmente aos estímulos visuais. Os estímulos das manchas de tinta têm uma estrutura considerável incorporada neles, mas também consistem de partes críticas contraditórias que são suges tivas e evocativas de muitas coisas, nenhuma das quais está perfeitamente ou completamente representada nos estímulos. Não há nada no processo de responder à tarefa que exija que a criança ou o adolescente se engajem nos processos cognitivos de alto nível necessários para o uso efetivo dos inventários introspectivos de autorrelato que são tão difundidos na avaliação de adultos. Essas medidas exigem que o respondente reflita sobre características pessoais e julgue como suas características se comparam às de outras pessoas relevantes quanto à magnitude, frequência ou generalização. De pois que esse julgamento é feito, o respondente também precisa decidir o grau em que irá compartilhar com o aplicador o que ele acha que é verdade. A tarefa do Rorschach, em contraste, coloca a responsabilidade de classifica ção comparativa nos ombros do aplicador. Isso é tão verdadeiro para avaliações de adultos como para avaliações de crianças e adolescentes. O aplicador deve R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 65 06/12/2018 14:56 66 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) avaliar o registro comportamental das atribuições, comunicações e interações do cliente para classificar cada resposta ao longo de dimensões de interesse an tes de agregar as características codificadas em todas as respostas e comparar os resultados com o que outras pessoas relevantes veem, dizem e fazem quando confrontadas com a mesma tarefa de solução de problemas. Com base nessas informações agregadas e normativamente referenciadas, o aplicador pode fazer inferências sobre o que o indivíduo provavelmente fará na vida cotidiana quan do deixado com seus próprios recursos para entender, representar e encontrar sentido em estímulos ambientais complexos que podem ser validamente vistos por perspectivas múltiplas e com frequência muito diferentes. Esses estímulos ambientais complexos paralelos incluem experiências internas e externas. Expe- riências internas abrangem pensamentos, sentimentos, impulsos e reações fisio lógicas. Experiências externas englobam relações sociais com amigos e colegas e relações íntimas com outros significantes, bem como a administração das exi gências desenvolvimentais associadas a realização e destreza. A importância das normas Incorporado na descrição anterior sobre fazer inferências baseadas na ava liação está o papel dos dados normativos. As normas fornecem a métrica em relação à qual todos são medidos. Como tal, os dados normativos são parte in tegrante do processo de interpretação por inferências. Para entender qualquer criança, adolescente ou adulto específico, precisamos entender como ele se as semelha ou difere de outros de sua idade. Infelizmente, para a grande maioria dos usuários do Rorschach, as normas do Sistema Compreensivo – SC (Exner, 2003), que foram usadas durante décadas para crianças, adolescentes e adultos, estavam erradas (Meyer, Erdberg, & Shaffer, 2007; Meyer, Shaffer, Erdberg, & Horn, 2015; Viglione & Hilsenroth, 2001; Wood, Nezworski, Garb, & Lilienfeld, 2001). Ao longo do tempo, acumularamse evidências que documentam como as amostras normativas padrão do SC são marcadamente diferentes de outras amostras de não pacientes para algumas variáveis importantes do Rorschach; isso é verdadeiro quando se comparam as normas do SC com outras amostras dos Estados Unidos e com amostras de outros países. Embora se tenha inicial mente pensado que os problemas estavam limitados aos escores de Qualidade Formal (FQ) (Meyer, 2001), na verdade as normas do SC fazem erroneamente com que não pacientes pareçam psicologicamente doentes em um número mui to maior de variáveis. E, para algumas variáveis, as normas padrão do SC são er radas em uma ampla margem. Essa extensão de erro nas normas se aplica ainda mais fortemente a crianças e adolescentes do que a adultos (Meyer et al., 2007; Viglione & Giromini, 2016). A literatura relevante para amostras de adultos e para amostras de crianças e adolescentes é resumida brevemente aqui para contextualizar o entendimen R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 66 06/12/2018 14:56 Uso das normas do R-PAS com ênfase em crianças e adolescentes 67 to sobre as normas do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach (R-PAS) que estão disponíveis para fundamentar a interpretação. Mais adiante, o uso prático dessas normas com crianças e adolescentes é explicado e ilustra do com exemplos. Como a próxima seção e suas subseções são bastante densas com questões metodológicas e estatísticas (ou seja, é a seção para “pesquisa dores especializados”), os leitores com interesse apenas na aplicação prática do R-PAS para casos de crianças e adolescentes talvez queiram pular para a narrativa na seção intitulada “Uso prático das normas do R-PAS para crianças e adolescentes”. Normas do SC para o R‑PAS Problemas com as normas padrão do SC para crianças, adolescentes e adultos A partir do verão de 1997, pesquisadores do Rorschach de vários países co meçaram a compilar seus trabalhos existentes para reunir amostras de referen ciais normativos para o SC. Esse projeto acabou sendo publicado em 2007 como um suplemento especial do Journal of Personality Assessment (Shaffer, Erdberg, & Meyer, 2007). Os dados coletados internacionalmente para adultos incluíram 21 amostras de 17 países e se mostraram coesos em todos os países, incluindo os Estados Unidos. No entanto, como descrito anteriormente, diferiram das nor mas padrão do SC em diversas variáveis importantes (Meyer et al., 2007; Me yer, Shaffer et al., 2015). As normas coletadas internacionalmente para crianças e adolescentes, constituídas de 31 amostras de cinco países, eram tão coesas quanto as normas para adultos na maioria das variáveis, depois de excluir os dados padrão de referência do SC apresentados por Exner (2003). No entanto, para 34 de 143 variáveis, as diferenças entre amostras nos valores médios obser vados foram mais notáveis. A variabilidade entre amostras nessas 34 variáveis deveuse, em parte, (1) ao número relativamente pequeno de amostras disponíveis para análise, (2) a decisões metodológicas específicas feitas por pesquisadores individuais e (3) a convenções locais específicas de aplicação e codificação que foram resolvidas de diferentes maneiras por diferentes grupos como resultado de ambiguidades inerentes aos livros de referência e diretrizes de treinamento do SC. Por exem plo, havia apenas dois países (Itália e Estados Unidos) representados na faixa etária de 13 a 18 anos, e apenas quatro ou cinco países nas outras idades. Em outro caso, um único aplicador coletou a maioria dos dados de referência dos EUA, que não os apresentados por Exner (2003) e impôs procedimentos rígidos de uso da localização que levaram a elevações artificiais nos códigos Dd e FQ–, o que, por sua vez, afetou adversamente as demais variáveis dependentes da lo calização e qualidade formal (por exemplo, P, PTI). Por fim, os pesquisadores do Japão não extrapolaram das tabelas de qualidade formal do SC e, em vez disso, R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 67 06/12/2018 14:56 68 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) codificaram todos os objetos que não estavam listados nas tabelas como FQ– (Meyer et al., 2007). Apesar de algumas dessas limitações, os dados normativos coletados internacionalmente para crianças e adolescentes ainda corrigiam pro blemas significativos das normas padrão do SC. No entanto, os dados normativos coletados internacionalmente foram criti cados porque alguns deles foram coletados por aplicadores relativamente inex perientes (Ritzler & Sciara, 2009). Meyer, Shaffer et al. (2015) investigaram es sas preocupações em três estudos interrelacionados com adultos. O primeiro estudo documentou que as normas internacionais eram praticamente idênticas quando organizadas em três grupos diferenciados pela qualidade de sua prática de coleta de dados, que incluiu um grupo ótimo de quatro amostras que utili zaram vários aplicadores experientes e proporcionaram controle de qualidade contínuo para a aplicação e codificação. As análises mostraram que, em relação ao grupo de amostras mais ótimas, o grupo de amostras menos ótimas não pro duziu mais variabilidade no sumário de escores em ou entre amostras ou menor confiabilidade entre os aplicadores para a codificação.1 O segundo estudo usou as normas de referência do SC existentes para gerar escores T para os escores médios observados nas normas internacionais. Isso documentou como as nor mas do SC fizeram outras amostras de não pacientes saudáveis parecerem psi cologicamente prejudicadas em vários domínios. O terceiro estudo usou dados de quatro países diferentes que tinham, cada um, dois conjuntos de dados nor mativos disponíveis como pontos de referência concorrentes para indicar o que era típico ou esperado para pessoas desse país. Esse estudo demonstrou como essas normas locais contrastantes dentro do mesmo país produziram resulta dos notadamente diferentes em algumas variáveis – diferenças que comprome tem a capacidade de que as normas locais sejam usadas em vez das normas internacionais compostas. Em conjunto, esses três estudos proporcionaram um forte apoio para o uso das normas internacionais na prática clínica como nor mas que são generalizáveis entre amostras, contextos, idiomas e culturas e que explicam a variabilidade natural que está presente quando clínicos e pesquisa dores lidam com a ambiguidade contida nas diretrizes padrão de aplicação e codificação do SC. Giromini, Viglione e McCullaugh (2015) demonstraram um ponto similar usando uma amostra de 80 protocolos de não pacientes adultos coletados em San Diego, Califórnia, usando as diretrizes de aplicação e codificação do SC. Os aplicadores eram estudantes avançados de doutorado que haviam completado 1 A ausência de diferenças entre os grupos diferenciados por qualidade não indica que treinamento e ex periência não sejam importantes; indica simplesmente que, quando se fez a média das amostras em cada nível de qualidade, não houve diferenças discerníveis nesses valores médios. Todos os autores do R-PAS acreditam muito fortemente na importância e necessidade de treinamento e desenvolvimento de habilida des para a aplicação adequada e codificação correta. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 68 06/12/2018 14:56 Uso das normas do R-PAS com ênfase em crianças e adolescentes 69 pelo menos dois cursos de treinamento no Rorschach. A aplicação e a codifica ção foram monitoradas de perto por Viglione, e todos os protocolos foram codifi cados independentemente duas vezes. Giromini et al. determinaram se os dados de San Diego tinham mais probabilidade de pertencer a uma população definida por normas do SC ou a uma população definida pelas normas internacionais. Eles restringiram suas análises a 28 variáveis que diferiram notavelmente entre os dois conjuntos de normas (d de Cohen ≥ | 0,50 |). As evidências indicaram claramente que a amostra de San Diego pertencia mais provavelmente às nor mas internacionais para 24 das 28 variáveis. Para as quatro variáveis restantes, nenhuma das amostras normativas se mostrou melhor que a outra. Ainda que se pudesse imaginar que a amostra de San Diego fosse apresentar uma afinidade maior com outra amostra baseada nos EUA do que com um padrão internacio nal, esse não foi o caso. Além disso, as normas do SC fizeram os não pacientes de San Diego parecerem patológicos nas mesmas variáveis em que as normas do SC fizeram a amostra internacional de não pacientes parecer patológica (Meyer, Shaffer et al., 2015). Expandindo a partir de seu estudo de normas para adultos, Viglione e Giro mini (2016) fizeram um segundo estudo comparando (1) o padrão de diferen ças nas normas do SC de Exner (2003) para crianças e adolescentes versus as normas internacionais para crianças e adolescentes (Meyer et al., 2007) com (2) o padrão de diferenças observado nas normas para adultos conforme resu mido anteriormente. Usando os mesmos critérios que no estudo com adultos, eles identificaram 43 variáveis nas normas para crianças e adolescentes que di feriram notavelmente entre os grupos. Esse achado excede consideravelmente as 28 diferenças notáveis encontradas com adultos e ilustra como os problemas normativos com as normas padrão do SC são piores para crianças e adolescen tes do que para adultos. Como no caso de adultos, o uso das normas padrão do SC resultaria em interpretações patológicas sendo aplicadas às crianças e ado lescentes não pacientes que compõem as normas internacionais. Além disso, o padrão de diferenças entre o padrão do SC e as normas internacionalmente co letadas foi muito semelhante nos dados de crianças e adolescentes e nos dados de adultos, produzindo uma correlação muito alta (r = 0,84). Assim, como no caso de adultos, há um viés similar nas normas do SC de Exner existentes para crianças e adolescentes. No geral, esses dados documentam como clínicos que fazem uso das normas padrão do SC inferirão incorretamente que não pacientes são propensos a dis torções perceptivas, veem o mundo de maneira atípica e idiossincrática, tendem a ser simplistas, carecem de recursos afetivos, carecem de recursos de enfren tamento (coping) em geral, são propensos a distúrbios e desregulação afetivos, compreendem mal os outros e interpretam mal os relacionamentos. Essas infe rências equivocadas estarão presentes em todas as idades, mas são ainda mais pronunciadas quando se trabalha com crianças e adolescentes do que com adul R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 69 06/12/2018 14:56 70 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) tos (Meyer et al., 2007; Viglione & Giromini, 2016). Para usuários do SC, a úni ca maneira de evitar essas inferências equivocadas é usar os valores normativos coletados internacionalmente, em vez dos valores padrão do SC, como base para a interpretação. Os dados internacionais não fazem não pacientes típicos pare cerem perturbados ou patológicos. As normas do R‑PAS para adultos Para suas normas para adultos, o R-PAS usa um subconjunto dos protocolos coletados internacionalmente, consistindo de até 100 registros de 15 amostras diferentes (Meyer, Viglione, Mihura, Erard, & Erdberg, 2017). Embora esses re gistros tenham sido coletados usando diretrizes de aplicação do SC, eles foram modelados para que a distribuição de respostas (R) no nível do protocolo nesses registros correspondesse à distribuição de R encontrada ao usar procedimentos da aplicação R-Otimizado. Ainda que a aplicação R-Otimizado tenha sido criti cada por ser um procedimento que altera significativamente a tarefa do Rors chach em relação à aplicação do SC (por exemplo, Mattlar, 2011; Ritzler, 2014), esse argumento não é consistente com as evidências. Ao usar os procedimentos de modelagem, observase o resultado esperado, que é um pequeno aumento no número médio de respostas e uma redução notável em sua variabilidade, acompanhados de ligeiras mudanças em diversas variáveis que são fortemente correlacionadas com R (Meyer et al., 2017). Esses achados foram recentemente replicados em uma amostra independente de não pacientes brasileiros (Piano wski, Meyer & VillemorAmaral, 2016). Além disso, seis estudos abrangendo crianças, adolescentes e adultos, bem como pacientes e não pacientes, escolheram pessoas aleatoriamente para rece ber a aplicação do SC padrão ou uma versão da aplicação R-Otimizado (Berant, 2009; Dean, Viglione, Perry, & Meyer, 2007; Meyer et al., 2011; Reese, Viglio ne, & Giromini, 2014; Resende, 2011; Viglione et al., 2015). Hosseininasab et al. (2017) concluíram recentemente uma metanálise examinando 51 variáveis nesses estudos. Como esperado, R tem uma média ligeiramente mais alta e um desvio padrão (DP) substancialmente reduzido ao usar a versão R-Otimizado de aplicação em vez da aplicação do SC. Além disso, duas variáveis derivadas de R, R8910% e Complexidade, apresentaram menor variabilidade. No entanto, nenhum outro escore mostrou diferenças replicadas entre as amostras. Assim, a aplicação R-Otimizado e sua modelagem alcançam o objetivo de reduzir a va riabilidade em R, mas, fora isso, tem um efeito trivial sobre outras variáveis. Isso suporta o uso dos registros coletados internacionalmente como normas para o R-PAS. Quando se consideram normas, uma questão chave é em que medida di versas variáveis demográficas estão associadas à variabilidade nos escores. Em consonância com a pesquisa histórica, as investigações mais recentes e sistemá R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 70 06/12/2018 14:56 Uso das normas do R-PAS com ênfase em crianças e adolescentes 71 ticas sobre esse tema mostraram que gênero, idade adulta e raça ou etnia não estavam associados a escores do R-PAS em três grandes amostras (n de 241 a 640) incluindo não pacientes, pacientes, crianças, adolescentes e adultos (Me yer, Giromini, Viglione, Reese, & Mihura, 2015). No entanto, consistente com pesquisas anteriores, Meyer, Giromini et al. (2015) documentaram que há dois fatores demográficos que têm uma influência importante na resposta ao Rors chach: nível de instrução e idade jovem. Essas duas variáveis estão associadas à complexidade e riqueza gerais de um protocolo em não pacientes e a idade jovem também está associada à acurácia perceptiva e a organização do pensa mento em amostras clínicas e não clínicas (Meyer, Giromini et al., 2015; Stanfill, Viglione & Resende, 2013). Em certa medida, o uso de escores de Ajustados para Complexidade com adultos pode fazer o ajuste para casos em que um nível de instrução abaixo do normativo contribua para respostas pouco sofisticadas e simplistas. No entanto, os escores de Ajustados para Complexidade não seriam suficientes para crian ças e adolescentes, porque a idade jovem está correlacionada com facetas do processo de responder ao Rorschach que vão além dos marcadores típicos de complexidade do protocolo e incluem convencionalidade de percepções e orga nização do pensamento. Assim, é importante ter normas do R-PAS estratificadas por idade disponíveis para crianças e adolescentes. As normas de transição do R‑PAS para crianças e adolescentes Quando o manual do R-PAS foi publicado pela primeira vez em agosto de 2011, ele trazia apenas normas para adultos (Meyer et al., 2017). No entanto, três meses depois, o R-PAS começou a usar normas para crianças e adolescen tes derivadas dos dados coletados internacionalmente descritos anteriormente (Meyer et al., 2007), depois de omitir os dados problemáticos do Japão (ver tam bém www.r-pas.org /InitialStatement.aspx). Contudo, os dados coletados inter nacionalmente para crianças e adolescentes eram limitados em vários aspectos importantes. Os dados (1) usavam três faixas de idade bastante amplas (5-8, 9-12 e 13-18), (2) eram baseados na aplicação padrão do SC em vez da aplicação R-O timizado modelada e (3) não ofereciam nenhum dado normativo para variáveis do R-PAS que não estavam incluídas no SC. Consequentemente, o R-PAS preci sava de novas normas para crianças e adolescentes. Embora tenham demorado, normas de transição do R-PAS para crianças e adolescentes foram desenvolvi das em janeiro de 2014 (Meyer, Viglione, & Giromini, 2014)2. As normas fazem uso de protocolos R-PAS de 346 crianças e adolescentes, com idade entre 6 e 17 2 As contribuições de dados e pesquisas para essas normas vieram de Ana Cristina Resende, Carla Hisa tugo, Janell Crow, Daria Russo e Jessica Swanson; a ajuda para a codificação veio de Heidi Miller, Vanessa Laughter e Andrew Williams. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 71 06/12/2018 14:56 72 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) anos, principalmente do Brasil e dos Estados Unidos, com um número menor também da Itália. Os dados brasileiros e a maioria dos dados dos EUA foram coletados usando a aplicação R-Otimizado padrão; no entanto, foi adicionado um pequeno número de protocolos dos Estados Unidos (n = 24) e Itália (n = 11) usando a aplicação R-Otimizado modelada. Todos os 346 protocolos foram co dificados usando diretrizes de codificação do R-PAS. Os gêneros foram nivelada mente equilibrados, embora o tamanho da amostra variasse por idade e por país. Para ancorar o continuum de desenvolvimento, usouse a amostra normativa do R-PAS para adultos com registros de textos completos, o que elevou o tamanho total da amostra para 463. Como as subamostras individuais baseadas em idade eram pequenas, dois procedimentos estatísticos foram utilizados para maximizar a capacidade de detectar mudanças desenvolvimentais legítimas. Em primeiro lugar, em vez de estimar valores normativos plotando os escores médios em compartimentos ba seados na idade, como tem sido tradicionalmente feito (ou seja, calcular e com parar Ms para as pessoas de 6 anos, 7 anos, 8 anos etc.), utilizamos normatização inferencial contínua para aplicar curvas de regressão polinomial aos dados de desenvolvimento (Oosterhuis, van der Ark & Sijtsma, 2016; Zhu & Chen, 2011). A normatização inferencial baseada em regressão é uma melhoria notável em relação aos procedimentos tradicionais de normatização, de modo que o uso de amostras de 50 por grupo etário produz normas que são tão acuradas quanto as normas produzidas da maneira tradicional usando amostras de 200 por faixa etária (Zhu & Chen, 2011). Em segundo lugar, como nossas amostras eram relativamente pequenas e, portanto, afetadas por um erro de amostragem bastante substancial (a variabili dade natural que faz com que os valores de dados observados se afastem de seus valores reais da população), utilizamos procedimentos de reamostragem boots- trap (Efron & Tibshirani, 1993) para criar cem versões alternativas possíveis dos conjuntos de dados baseados em idade existentes para cada variável do R-PAS. Essas amostras bootstrap fornecem cem versões igualmente prováveis de como cada amostra baseada em idade poderia ter sido, e mostram quanto a estimativa da amostra para uma variável (por exemplo, a média para Sy) poderia variar por mero acaso. Equações de regressão foram, então, ajustadas para prever as médias para todas as variáveis do R-PAS por meio das funções linear, quadrática e cúbica da idade (ou seja, Idade, Idade2 e Idade3). Depois de prever as médias para cada variável, fizemos a previsão dos DPs. O objetivo dessas análises era encontrar o modelo linear ou curvilíneo mais adequado que fizesse sentido desenvolvi mental. Para a normatização inferencial, uma etapa fundamental é examinar os resultados alternativos para ver (1) quanto a predição aumenta ao se passar de modelos lineares para curvilíneos e, (2) o mais importante, quais dos vários mo delos de regressão faz mais sentido desenvolvimental. Para as normas do R-PAS, R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 72 06/12/2018 14:56 Uso das normas do R-PAS com ênfase em crianças e adolescentes 73 as decisões iniciais sobre o ajuste ideal foram tomadas por Meyer e depois veri ficadas independentemente por Viglione e Giromini, com discordâncias resolvi das em conjunto pelos três pesquisadores. As normas resultantes oferecem escores desenvolvimentalmente esperados (ou seja, Ms e DP) para cada variável do R-PAS em cada idade de 6 a 17 anos. Essas normas são transicionais e serão substituídas por amostras maiores basea das em idade de vários países. Mas, por enquanto, elas oferecem expectativas razoáveis e desenvolvimentalmente sensíveis para o que crianças e adolescentes veem, dizem e fazem ao completar a tarefa em várias idades. Como as normas do R‑PAS para crianças e adolescentes corrigem problemas das normas do SC Já estabelecemos (Meyer et al., 2007; Viglione & Giromini, 2016) que, para crianças e adolescentes, as normas coletadas internacionalmente com base no SC corrigem problemas das normas padrão do SC (Exner, 2003). No entanto, as normas internacionais baseadas no SC têm irregularidades. Essas irregularida des são corrigidas quando se utilizam as normas mais recentes do R-PAS para crianças e adolescentes. Para determinar essa correção, agrupamos os dados normativos do R-PAS em três categorias de idade (6-8, 9-12 e 13-17) que equi valiam aproximadamente às usadas para as normas internacionais baseadas no SC (5-8, 9-12 e 13-18). Em seguida, comparamos os escores médios das normas baseadas no SC com as médias das normas do R-PAS, usando os DPs do R-PAS para quantificar quão distantes as duas médias estavam. Nas 40 variáveis que puderam ser calculadas a partir das normas baseadas no SC, para a Página 1 e a Página 2 do Perfil, havia oito escores que diferiam em meio DP ou mais (ou seja, delta de Glass ≥ 0,50) em pelo menos um dos três grupos etários. Diferenças dessa magnitude foram consideradas significativas. Nos três grupos etários, em 11 momentos, foram observadas diferenças notáveis nesses oito escores. O grupo de adolescentes teve uma diferença notável em to dos os oito escores, mas houve uma diferença notável para apenas um escore no grupo de 9 a 12 anos e dois escores no grupo de 6 a 8 anos. A razão pela qual o grupo de adolescentes teve mais diferenças notáveis é que as normas baseadas no SC foram derivadas de apenas duas amostras e, assim, ofereceram dados me nos estáveis do que as outras idades. Em 8 dos 11 casos em que houve uma diferença notável entre o padrão nor mativo do R-PAS e as normas baseadas no SC, as normas baseadas no SC tinham sido previamente identificadas por Meyer et al. (2007) como instáveis, porque as estimativas das médias eram muito diferentes entre as amostras. A razão mais provável para que as médias normativas compostas baseadas no SC tenham sido identificadas como instáveis é que convenções problemáticas de aplicação ou codificações específicas do local estavam sendo seguidas em uma das amostras R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 73 06/12/2018 14:56 74 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) do SC que não se generalizava para outras amostras. Em todos os 11 casos em que houve diferenças notáveis entre as normas do R-PAS e as normas baseadas no SC, as normas do R-PAS corrigiam uma irregularidade nas normas baseadas no SC. Em quase todos os casos, a irregularidade ocorria em uma variável relacio nada a determinantes que mostrava progressões desenvolvimentais com a idade (YTVC’, PPD, Y, V, C’ e r). No entanto, as normas baseadas no SC para o grupo de adolescentes ultrapassaram notavelmente as normas referenciais para adul tos, ao passo que as normas do R-PAS mostraram uma progressão dimensional suave entre as faixas etárias que se intersectavam diretamente com os valores de adultos. Por exemplo, nas normas para adultos utilizadas para ancorar o contínuo desenvolvimental para crianças e adolescentes nas normas do R-PAS, a média para YTVC’ foi 4,2. Quando a média foi calculada para as três grandes cate gorias de idade, as novas normas do R-PAS para crianças e adolescentes pro duziram valores médios de 1,8, 2,4 e 2,9 para as idades 6-8, 9-12 e 13-17, res pectivamente. Esse aumento contínuo reflete a maturação cognitiva que está associada à propensão para articular as nuances sutis do estímulo da mancha de tinta como um determinante da percepção da pessoa (Meyer, 2016; Stanfill et al., 2013). Nas normas baseadas no SC, também há uma progressão desen volvimental. No entanto, os valores médios foram 2,2, 3,1 e 5,7 para os três gru pos etários. Observe como o valor de 5,7 para o grupo de adolescentes (e, em menor grau, o segundo grupo etário) é muito mais alto que a média de 2,9 do R-PAS, e também muito alto em relação aos adultos (5,7 vs. 4,2). Essa discre pância sugere que os dados normativos baseados no SC para adolescentes são atípicos para essa variável. Seria possível contraargumentar afirmando que a adolescência é um perío do turbulento e, assim, talvez YTVC’ devesse ser mais elevado em adolescentes que em adultos. No entanto, se esse for o caso, é uma elevação que parece espe cífica para apenas uma das duas amostras usadas para gerar a estimativa nor mativa baseada no SC. Os dados de adolescentes que foram coletados na Itália (Lis, Salcuni, & Parolin, 2007) apresentaram uma média em YTVC’ de 7,1 para adolescentes de 12 a 18 anos, enquanto os dados de adolescentes coletados nos Estados Unidos (Van Patten, Shaffer, Erdberg, & Canfield, 2007) tiveram uma média de apenas 2,9 para a faixa etária de 15 a 17 anos. Essas são referências fortemente diferentes. Dados do SC mais recentemente publicados corroboram a validade da estimativa dos EUA feita por Van Patten et al. e não a estimativa italiana de Lis et al. (ver Hosseininasab, Mohammadi, Weiner, & Delavar, 2015; Tibon Czopp, RothschildYakar, & Appel, 2012). As informações relevantes são resumidas na Tabela 3.1, que mostra escores médios para as duas amostras baseadas no SC da Itália e dos Estados Unidos que contribuíram para as normas iniciais de adolescentes, os dois estudos do R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 74 06/12/2018 14:56 Uso das normas do R-PAS com ênfase em crianças e adolescentes 75 SC mais recentemente publicados de Israel e Irã, e as normas do R-PAS atuais baseadas em dados do Brasil, dos Estados Unidos e da Itália. Podese ver com bastante facilidade que a estimativa normativa do R-PAS de 2,9 para adolescen tes é bastante consistente com as outras três estimativas dos Estados Unidos, de Israel e do Irã. No entanto, a média italiana é notavelmente discrepante de todas as outras. Esse padrão corrobora a hipótese de que o resultado italiano inicial foi um ponto fora da curva e que as normas do R-PAS atuais oferecem padrões desenvolvimentais melhores do que as normas mais antigas baseadas no SC. TABELA 3.1. Valores de referência normativos para a para a variável YTVC' em cinco amostras de adolescentes disponíveis Amostra M da amostra de adolescentes para YTVC' Normas iniciais baseadas no SC (Itália e EUA) Lis et al. (Itália) Van Patten et al. (EUA) 7,1 2,9 Estudos do SC publicados mais recentemente Tibon Czopp et al. (Israel) Hosseininasab et al. (Irã) 2,6 2,9 Normas do R-PAS (Brasil, EUA, Itália) 2,9 Outra vantagem que as normas do R-PAS atuais têm sobre as normas ante riores baseadas no SC é o uso de dados normativos específicos para a idade em vez de dados normativos fragmentados em três grandes grupos etários. Para as normas efetivas do R-PAS, as médias para YTVC’ aumentam de forma constante a cada ano dos 6 aos 17 anos, e se intersectam perfeitamente com o valor espe rado para adultos. Uso prático das normas do R‑PAS para crianças e adolescentes Para clínicos que utilizam o R-PAS com crianças e adolescentes, o primeiro passo ao se preparar para inserir a codificação no programa do R-PAS é selecio nar a idade apropriada de 6 a 17 anos. As duas interfaces de codificação (usando Tabelas ou Mouse) são as mesmas para crianças e adolescentes e para adultos. Depois que a codificação estiver concluída, o usuário gera resultados, assim como para adultos. Os resultados produzidos começam com a página Sequência de Codificação, seguida pela página de Contas e Cálculos, nenhuma das quais é diferente das de adultos. No entanto, as Páginas de Perfil para as variáveis da Página 1 e da Página 2, que são o principal foco da interpretação, diferem das Páginas de Perfil para adultos. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 75 06/12/2018 14:56 76 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Entendendo as Páginas de Perfil As Páginas de Perfil para crianças e adolescentes mostram duas coisas de imediato: como essa pessoa se compara com outras pessoas da mesma idade e como essa pessoa se compara com adultos. Os detalhes serão explicados a se guir. No entanto, para os leitores interessados no raciocínio que fundamenta essa abordagem, primeiro abordamos a questão do “Por quê? Por que não mos trar apenas como essa criança ou adolescente se compara com outros da mesma idade?” A resposta a essas perguntas é bastante técnica; é uma função de como as normas transicionais para crianças e adolescentes foram geradas em relação a como elas foram geradas para adultos. Se a resposta para essas perguntas não for do seu interesse, é só pular os dois próximos parágrafos. Para essas normas transicionais, geramos expectativas normativas para mé dias e DPs. Não geramos percentis normativos esperados para cada valor de es core bruto observado. Em contraste, as normas para adultos foram geradas usan do percentis associados à distribuição exata dos valores de escores brutos para cada variável; esses percentis foram então transformados em seus equivalentes escores padrão (EP) de curva normal. Isso foi feito para respeitar as distribuições não normais que são encontradas com muitos escores do Rorschach. Psicome tricamente, acreditamos que é mais ideal fazer com que os escores brutos de crianças e adolescentes sigam o mesmo tipo geral de padrão dos escores brutos de adultos, de modo que, por exemplo, variáveis com distribuições truncadas, como Pr, Pu, COP, MAH, T, e assim por diante, forneçam o mesmo padrão de escores para crianças e adolescentes que para adultos. Aqui, estamos levantando a suposição de que a frequência relativa de cada escore para uma variável é mais importante que a idade da pessoa que responde à tarefa. Em outras palavras, as sumimos a posição de que a raridade relativa de uma variável como MAH e seu padrão de escores de 0 a 1, 1 a 2, 2 a 3, e assim por diante, fosse generalizável de adultos para crianças e adolescentes. Se não adotássemos essa abordagem, a alternativa seria calcular os valo res de EP para crianças e adolescentes usando suas médias e DPs estimados e tratando esses valores como se fossem contínuos e normalmente distribuídos, como pontuações de Q.I. ou pontuações do MMPI ou PAI, nos quais a maioria tem uma distribuição razoavelmente normal. Uma distribuição normal justifi ca calcular um EP com base na distância em que ele se encontra da média em unidades de DP. Mas esse não é o caso com muitos escores do Rorschach, que são em grande parte contagens de comportamentos observados no microcosmo da tarefa. Como variáveis de contagem, muitas delas são distribuídas de acordo com distribuições não normais (por exemplo, distribuições de Poisson ou bino mial negativa inflacionado de zero). Em termos práticos, isso significa que, com frequência, muitos escores têm um grande número de pessoas com valores zero e um subconjunto cada vez menor com valores 1, 2, 3 ou mais. Com esses tipos R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 76 06/12/2018 14:56 Uso das normas do R-PAS com ênfase em crianças e adolescentes 77 de distribuições, não é ideal usar simplesmente a média e DP para estimar onde um escore se enquadra na curva normal. Em vez disso, o padrão de escores de 0 a 1, 1 a 2, 2 a 3, e assim por diante, é o mais importante. É porque desejamos reter esse padrão de escores que sobrepomos as normas de crianças e adolescentes às normas de adultos. Nas Páginas de Perfil para crianças e adolescentes, a informação mais central é o EP, que indica a distância entre o escore do respondente e o escore médio. Os EPs têm uma média de 100 e um DP de 15. Um EP de 85 está um DP abaixo da média, e um EP de 115 está um DP acima da média. Como pode ser visto na imagem editada na Figura 3.1, que mostra partes da Página 1 do Perfil para uma criança de 10 anos, essa informação é apresentada nas colunas “Bruto” e “Aj. Cplx.” (isto é, Complexidade Ajustada) adjacentes aos nomes das variáveis de Complexidade e R. (A variável Complexidade não é ela própria ajustada para Complexidade, de modo que a área aparece em branco na imagem a seguir). Há dois elementos nos EPs: a subcoluna acinzentada A-EP, que traz o EP para essa pessoa em relação aos adultos (Complexidade = 81, R = 88), e a subcoluna C-EP em fonte regular, que mostra o EP para essa pessoa em relação a crianças ou adolescentes da mesma idade (Complexidade = 90, R = 88). A seção do lado direito da Figura 3.1 é onde aparece o perfil dos escores. Há dois elementos principais no perfil: a grade e as sobreposições. A grade se refere às linhas verticais nas Páginas de Perfil que vão de 55 a 145 e são marcadas com valores de EP de 60 a 140 em incrementos de 10 unidades. Essa grade é estrutu rada para adultos; a linha escura forte no centro da página de perfil está em um valor A-EP de 100; ela indica a mediana dos escores para um adulto. Por cima da grade estão as sobreposições, que mostram o que é esperado para uma criança ou adolescente de uma determinada idade. A sobreposição tem duas partes: um X e linhas tracejadas dos dois lados. O X designa o valor médio para os responden tes dessa idade específica, o que corresponde a um valor C-EP de 100. As linhas tracejadas estendemse um DP abaixo do X para um valor C-EP de 85, e um DP acima do X para um valor C-EP de 115. FIGURA 3.1. Parte editada da Página 1 do Perfil ilustrando a grade e as sobreposições. Fonte: Reproduzida do programa de pontuação do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) (© 2010-2016) e extraída de Manual R-PAS: Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach (© 2017) com direitos autorais de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Todos os direitos reser- vados. Usada com autorização de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Reprodução proibida sem autorização por escrito de R-PAS. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 77 06/12/2018 14:56 78 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) O terceiro elemento importante da área de perfil é o ícone, que é colocado no valor de escore bruto que foi obtido por essa criança ou adolescente específico. Esse ícone pode ser interpretado em relação a ambos os padrões normativos que aparecem no perfil: de adultos ou de outros da mesma idade. Quando o ícone é comparado com a grade, ele indica o quanto o escore é típico ou atípico compa rado com os adultos. Essa comparação é o que produz os números acinzentados na coluna A-EP. Quando o ícone é comparado com as sobreposições, ele indica o quanto o escore é típico ou atípico em comparação com outras pessoas da mes ma idade. Essa comparação é o que produz os números em fontes regulares na coluna C-EP, que, novamente, são os valores de EP que quantificam a distância em que essa criança está da média normativa, usando o X para indicar qual é a média e as linhas tracejadas para indicar a variabilidade típica em torno dessa média para outras crianças na mesma faixa etária. As cores e formas dos ícones em perfis de crianças e adolescentes são referentes às sobreposições e não à gra de. Assim, elas são referentes ao que é esperado para alguém da mesma idade e não ao que é esperado para um adulto. Um ícone verde sem barras significa que o resultado está dentro da faixa média ampla (C-EP: 85-115); um ícone amarelo com uma barra significa que o resultado cai entre um e dois DPs acima ou abaixo da média (C-EP: 70-84 ou 116-130); um ícone vermelho com duas barras signifi ca que o resultado cai entre dois e três DPs acima ou abaixo da média (C-EP: 55 69 ou 131-145); e um ícone preto com preenchimento completo significa que o resultado está mais que três DPs acima ou abaixo da média (C-EP: 145). Alguns usuários gostam das sobreposições porque gostam de poder ver tan to o padrão de referência para adultos como o padrão de referência específico para a idade. No entanto, outros usuários prefeririam que o R-PAS não tivesse as sobreposições e apresentasse apenas as Páginas de Perfil usando os pontos de referência específicos da idade, de modo que a própria grade estaria associa da a informações normativas para crianças ou adolescentes. Embora tenhamos explicado por que as sobreposições estão sendo usadas, em algum momento no futuro o R-PAS pode vir a oferecer aos usuários a possibilidade de usar outras duas opções. Resumo do ponto‑chave Como há muitos componentes nas Páginas de Perfil para crianças e adoles centes, pode ser difícil usálos no começo. No entanto, com base nas informa ções que acabaram de ser dadas, este é o pontochave a ser compreendido: os valores de C-EP são determinados pelo ícone em relação aos dados das sobrepo sições específicas para a idade, e os valores de A-EP são determinados pelo ícone em relação aos dados da grade para adultos subjacente. Quando se focar os resul tados específicos para a idade, devese ler o número na coluna C-EP e observar o tipo de ícone que ele é e a distância relativa em relação ao X na sobreposição. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 78 06/12/2018 14:56 Uso das normas do R-PAS com ênfase em crianças e adolescentes 79 Um exemplo Nos resultados mostrados na Figura 3.1, o valor C-EP para Complexidade é 90, o que, por definição, cai na faixa média ampla. O ícone é colocado na área de perfil no valor de escore bruto do examinado de 48. Embora seja um pouco di fícil de ver na Figura 3.1, as unidades subjacentes são mostradas em fonte cinza claro logo abaixo da sobreposição. Essas unidades subjacentes são mais fáceis de ler na Figura 3.2, na qual pode ser visto mais facilmente que o ícone está posicio nado em um escore bruto de 48. No perfil também pode ser visto que o ícone é um círculo aberto (e verde quando visualizado em cores) e que se situa na linha tracejada inferior da sobreposição. O ícone de círculo aberto verde e o fato de ele se situar na linha tracejada também indi cam que ele está dentro da faixa média ampla para uma criança de 10 anos. Porém, mais especificamente, também podemos ver que o ícone está a dois terços da linha tracejada de distância do X. Lembrese de que o X equivale a um valor C-EP de 100 para crianças de 10 anos, e a linha tracejada corresponde a 15 pontos de C-EP. Como o ícone está a uma distância de dois terços na linha tracejada e como dois terços de uma linha de 15 pontos são 10 pontos, o ícone é colocado 10 pontos abaixo do valor C-EP de 100 (ou seja, o X) em um valor C-EP de 90. Isso ilustra como entender os resultados e o posicionamento do ícone em relação à sobreposição. Quando o único interesse é entender a criança ou adolescente em relação a outros da mesma idade, basta ignorar os valores de A-EP que vão de 60 a 140, que marcam as linhas de grade na área de perfil. Esses números correspondem à grade para adultos. O foco deve ser dirigido, em vez disso, para o ícone em relação à sobreposição e seu valor de C-EP correspondente (conforme indicado na coluna C-EP). No entanto, quando há interesse em entender como a criança ou adolescente se situa em relação a um padrão adulto, podese atentar para os valores de A-EP apresentados nas colunas de escore e para o posicionamento do ícone em relação às linhas verticais da grade do perfil. FIGURA 3.2. Porção ampliada da Página 1 do Perfil, ilustrando as unidades subja- centes e sobreposições. Fonte: Reproduzida do programa de pontuação do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) (© 2010-2016) e extraída de Manual R-PAS: Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach (© 2017) com direitos autorais de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Todos os direitos reser- vados. Usada com autorização de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Reprodução proibida sem autorização por escrito de R-PAS. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 79 06/12/2018 14:56 80 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Três observações avançadas A Figura 3.3 oferece um exemplo da parte superior da Página 1 do Perfil de um menino de 10 anos. Três pontos mais sutis ou avançados merecem destaque. Pri meiro, note que cada sobreposição aparece em vários lugares na grade do Perfil. Onde quer que o X esteja, esse valor é a média para o grupo de referência de não pa cientes para aquela criança ou adolescente, ainda que o mesmo resultado possa ser mais alto ou mais baixo que a mediana para o grupo de referência de não pacientes adultos (ou seja, acima ou abaixo do valor de A-EP de 100 no centro do perfil). Se gundo, observe que as linhas tracejadas que cercam os Xs são às vezes mais longas ou mais curtas que os 15 pontos de EP na grade referente às normas para adultos. Isso ocorre porque os DPs dos escores brutos para o grupo de referência de crianças ou adolescentes podem ser ligeiramente maiores ou menores que o DP equivalente para o grupo de referência de adultos. Terceiro, observe que as linhas tracejadas do lado esquerdo ou do lado direito às vezes não têm o mesmo comprimento. Isso é devido a efeitos piso ou teto sobre os dados, ou a situações em que o tamanho dos intervalos dos escores brutos varia irregularmente entre os lados esquerdo e direito. Por exemplo, a linha tracejada para Pu é mais curta no lado esquerdo que a linha do lado direito. Isso acontece porque 0 é o valor mínimo possível, e isso impõe um efei to piso na variabilidade em torno da média. Alternativamente, considere a variável M. Os intervalos de escores brutos são mais estreitos à direita do que à esquerda, o que faz com que a linha tracejada seja mais estreita à direita que à esquerda. FIGURA 3.3. Uma parte da Página 1 do Perfil de uma criança de 10 anos para ilustrar três pontos avançados. Fonte: Reproduzida do programa de pontuação do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) (© 2010-2016) e extraída de Manual R-PAS: Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach (© 2017) com direitos autorais de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Todos os direitos reser- vados. Usada com autorização de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Reprodução proibida sem autorização por escrito de R-PAS. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 80 06/12/2018 14:56 Uso das normas do R-PAS com ênfase em crianças e adolescentes 81 Escores Ajustados para Complexidade Os escores Ajustados para Complexidade (CAdj) seguem as mesmas con venções que os escores brutos; a única diferença é que os escores CAdj são re presentados no perfil usando ícones quadrados. Quando essa opção é selecio nada para a apresentação dos resultados on-line, o posicionamento dos ícones quadrados na Página de Perfil indica o escore bruto esperado para a pessoa de pois de feito o ajuste para seu próprio nível de Complexidade. Ou seja, o ícone mostra o escore que seria esperado que essa pessoa tivesse se seu nível de Com plexidade estivesse na média, ou se todos nas normas fossem tão Complexos quanto o examinado. A cor e a forma interior dos ícones seguem as mesmas regras de classificação que os valores dos escores brutos C-EP (por exemplo, são verdes e quadrados abertos quando o C-EP do CAdj se situa na faixa de 85-115). Paralelamente aos dados da coluna “Bruto”, a coluna “Aj. Cplx. .” contém duas subcolunas de valores EP. A coluna A-EP mostra qual seria o escore CAdj dessa pessoa em relação às normas de adultos (ou seja, em relação às linhas verticais da grade subjacente) e a coluna C-EP indica qual é o escore CAdj dessa pessoa em relação a outras crianças ou adolescentes da mesma idade (ou seja, em rela ção aos Xs e às linhas tracejadas das sobreposições). Quando a opção de escores CAdj é selecionada, os valores C-EP na coluna “Aj. Cplx.” aparecem em uma fonte preta normal fácil de visualizar, enquanto os valores A-EP permanecem em fonte cinza. Apêndice de Perfil do R‑PAS Por fim, na última página dos resultados está o Apêndice de Perfil, que mostra um resumo dos escores para todas as variáveis. Para crianças e ado lescentes, ele contém uma coluna para o escore bruto, seguida por colunas de EPs e do valor CAdj, ambas correspondentes a esse escore bruto. Dentro das colunas de EP há subcolunas que oferecem informações sobre qual seria o EP usando as normas para adultos (A-EP) e qual ele é em relação a outras crianças ou adolescentes da mesma idade (C-EP). Essa é a mesma informação dada nas Páginas de Perfil; a única diferença é que agora as informações são dadas para todas as variáveis. Como no caso das Páginas de Perfil, a coluna A-EP está sempre acinzentada; ela está presente, mas não proeminente, para que os avaliadores a consultem se desejarem, como é parcialmente ilustrado na Figura 3.4. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 81 06/12/2018 14:56 82 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) FIGURA 3.4. Uma parte do Apêndice de Perfil com o Sumário de Escores para todas as variáveis de uma criança de 10 anos. Fonte: Reproduzida do programa de pontuação do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) (© 2010-2016) e extraída de Manual R-PAS: Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach (© 2017) com direitos autorais de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Todos os direitos reser- vados. Usada com autorização de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Reprodução proibida sem autorização por escrito de R-PAS. Conclusão Este capítulo ofereceu uma visão geral de questões normativas relacionadas à interpretação do R-PAS na prática aplicada, com foco nas normas do R-PAS para crianças e adolescentes. Também apresentou orientações básicas sobre como interpretar os resultados de crianças e adolescentes. Os leitores interes sados em avaliação de crianças e adolescentes com o R-PAS devem consultar outros capítulos deste livro que trazem casos com crianças e adolescentes (capí tulos 3, 4, 6, 12, 16 e 18), além das informações disponíveis em www.r-pas.org / ChildNorms.aspx. REFERÊNCIAS Berant, E. (2009). CS and R-Optimized administrations [arquivos de dados]. Herzliya, Israel: Baruch Ivcher School of Psychology, Interdisciplinary Center (IDC). Dean, K. L., Viglione, D. J., Perry, W., & Meyer, G. J. (2007). A method to optimize the response range while maintaining Rorschach Comprehensive System validity. Journal of Personality Assessment, 89, 149-161. Efron, B., & Tibshirani, R. T. (1993). An introduction to the bootstrap. Nova York: Chapman & Hall. Exner, J. E. (2003). The Rorschach: A comprehensive system: Vol. 1. Basic foundations (4a. ed.). Hoboken, NJ: Wiley. Giromini, L., Viglione, D. J., & McCullaugh, J. (2015). 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R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 84 06/12/2018 14:56 desenvolver um sistema substitutivo, implementando mudanças com base em suas pesquisas atuais, que foram substancialmente derivadas dos inúmeros projetos do Research Council endossados por Exner (ver Exner, 2000). O manual do R-PAS e o programa de escores on-line tornaramse disponíveis em agosto de 2011. Por que este livro é essencial para usar o R‑PAS? Oferecer aos psicólogos exemplos clínicos para ajudar na aplicação de dife rentes métodos de avaliação e tratamento é uma prática comum. Por exemplo, o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 (American Psychia tric Association [APA], 2013) tem uma série de livros de casos disponíveis (por exemplo, Barnhill, 2014). Depois que o SC para o Rorschach foi publicado pela primeira vez em 1974, vários livros de referência se seguiram. Exner escreveu três, a mais recente (e última) edição publicada em 2005 (Exner & Erdberg, 2005). Outros psicólogos também escreveram ou organizaram livros de refe rência para o SC, como Rorschach Assessment of the Personality Disorders (Hupri ch, 2006), Principles of Rorschach Interpretation (Weiner, 2004) e Contemporary Rorschach Interpretation (Meloy, Acklin, Gacono, Murray, & Peterson, 1997). No entanto, até o momento em que este livro foi escrito, não há livros que demonstrem ou ilustrem inteiramente como o R-PAS é implementado e inter R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 6 06/12/2018 14:56 Prefácio 7 pretado. Os livros de referência existentes para o SC não podem ser usados para interpretação do R-PAS. Em comparação com o SC, as páginas de resultados do R-PAS são totalmente diferentes (por exemplo, o R-PAS relata os resultados usan do escores padrão), suas variáveis têm nomes diferentes, ele tem variáveis que não estavam incluídas no SC e as interpretações para a maioria das variáveis do R-PAS são diferentes no SC. Por essa razão, criamos este livro. O formato do livro é muito similar ao do Contemporary Rorschach Interpreta- tion (Meloy et al., 1997), pois contém capítulos escritos por especialistas em vá rios temas, como psicopatia, psicose e uso do Rorschach com crianças. No entan to, nosso livro difere em dois aspectos importantes. Primeiro, ele é organizado por dois dos desenvolvedores do R-PAS (Mihura e Meyer), o que ajuda a garantir fidelidade ao sistema. Segundo, ambos os organizadores revisaram a aplicação, a codificação e a interpretação de cada caso, e trabalharam com os autores nas revisões para manter a fidelidade ao R-PAS. Portanto, os exemplos neste livro são recursos valiosos para ver como a aplicação é conduzida e documentada, apren der a codificar de forma precisa e compreender o processo de interpretação. REFERÊNCIAS American Psychiatric Association [APA]. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental dis- orders (5th ed.). Arlington, VA: Autor. Barnhill, J. W. (2014). DSM-5TM clinical cases. Arlington, VA: American Psychiatric Association. Exner, J. E. (2000). 2000 alumni newsletter. Bayville, NC: Rorschach Workshops. Exner, J. E., & Erdberg, P. (2005). The Rorschach: A comprehensive system: Vol. 2. Advanced inter- pretation (3rd ed.). New York: Wiley. Huprich, S. K. (Org.). (2006). Rorschach assessment of the personality disorders. Mahwah, NJ: Erlbaum. Meloy, J. R., Acklin, M. W., Gacono, C. B., Murray, J. F., & Peterson, C. A. (1997). Contemporary Rorschach interpretation. Mahwah, NJ: Erlbaum. Meyer, G. J., Viglione, D. J., Mihura, J. L., Erard, R. E., & Erdberg, P. (2011). Rorschach Perfor- mance Assessment System: Administration, coding, interpretation, and technical manual. Tole do, OH: Rorschach Performance Assessment System. Meyer, G. J., Viglione, D. J., Mihura, J. L., Erard, R. E., & Erdberg, P. (2017). Manual R-PAS: Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach. [Danilo Rodrigues Silva, Fabiano Koich Miguel, Trad.]. São Paulo: Hogrefe. Mihura, J. L., Roy, M., & Graceffo, R. A. (2017). Psychological assessment training in clinical psychology doctoral programs. Journal of Personality Assessment, 99, 153-164. Weiner, I. B. (2003). Principles of Rorschach interpretation (2nd ed.). Mahwah, NJ: Erlbaum. Wright, C. V., Beattie, S. G., Galper, D. I., Church, A. S., Bufka, L. F., Brabender, V. M., & Smith, B. L. (2017). Assessment practices of professional psychologists: Results of a national sur vey. Professional Psychology: Research and Practice, 48, 73-78. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 7 06/12/2018 14:56 R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 8 06/12/2018 14:56 PARTE I OS FUNDAMENTOS DO R‑PAS E SUA INTERPRETAÇÃO R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 9 06/12/2018 14:56 R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 10 06/12/2018 14:56 CAPÍTULO 1 Introdução ao R‑PAS Joni L. Mihura Gregory J. Meyer O propósito deste livro é ilustrar como usar e interpretar o Sistema de Avalia ção por Performance no Rorschach – Rorschach Performance Assessment System – R-PAS (Meyer, Viglione, Mihura, Erard, & Erdberg, 2017b) em uma ampla varie dade de situações. Pela apresentação de casos ilustrativos, o livro se concentra nas maneiras como o Rorschach é frequentemente usado e pode ser útil – daí o título Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®). Orga nizamos os capítulos para servir como exemplos para estudantes e psicólogos que estejam trabalhando em ambientes ou situações específicos (por exemplo, guarda de filhos, avaliações de risco de violência, avaliações de responsabilida de criminal), com determinadas populações (por exemplo, casais, mulheres psi copatas, pacientes internados com tentativa de suicídio recente) e atendendo a determinados pedidos de encaminhamento (por exemplo, detecção de psicose). Este livro deve ser considerado essencial para todos que usem o R-PAS, in cluindo clínicos, instrutores, supervisores e estudantes. Seus capítulos indivi duais, cada um dos quais foi totalmente revisado e examinado pelos organiza dores em termos de aplicação, codificação e interpretação, podem também ser usados como exemplos para estudantes ou psicólogos que estejam usando, ou pensando em usar, o R-PAS em qualquer uma dessas situações. Há muitos ou tros públicos para este livro também. Psicólogos cuja experiência não seja com o Rorschach, mas que trabalhem em ambientes em que o Rorschach é usado, po dem ler exemplos de sua aplicação potencial. Juízes ou advogados podem usar o livro como um recurso para informações relevantes sobre o Rorschach e como ele é usado (ou pode ou deve ser usado) em ambientes jurídicos. O que é o R‑PAS? O R-PAS (Meyer et al., 2017b) é um sistema para o Rorschach que traz gran des aperfeiçoamentos em relação ao sistema anterior mais comumente usado, o R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 11 06/12/2018 14:56 12 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) sistema compreensivo – SC (Exner, 2003), lidando com as principais críticas que eram feitas a ele (Meyer, Viglione, & Mihura, 2017; Mihura, Meyer, Bombel, & Dumitrascu, 2015; Mihura, Meyer, Dumitrascu, & Bombel, 2013; Wood, Garb, Nezworski, Lilienfeld, & Duke, 2015). O R-PAS foi projetado como substituição ao SC por membros do Conselho para Investigação do Rorschach de Exner (Gre gory J. Meyer, Donald J. Viglione, Joni L. Mihura e Philip Erdberg) e um psicó logo forense proeminente (Robert E. Erard). O conselho viu essa substituição como um passo necessário depois da morte de Exner em 2006, e a decisão de seus herdeiros, cerca de dois anos depois, de não dar continuidade ao desenvol vimento do SC. O próprio SC foi publicado pela primeira vez em 1974 (Exner, 1974), projetado como substituição para cinco sistemas concorrentes anteriores para uso do Rorschach, que eram populares nos Estados Unidos na época (Beck, Beck, Levitt, & Molish, 1961; Hertz, 1970; Klopfer & Davidson, 1967; Piotrows ki, 1957; Rapaport, Gill, & Schafer, 1968), os quais haviam sido, eles próprios, projetados como extensões e substituições da abordagem de teste original de Hermann Rorschach (1921/1942). Quais são os componentes essenciais do R‑PAS? Uma avaliação com o R-PAS começa com uma aplicação padronizada dos es tímulos do teste (isto é, as dez manchas de tinta) por um examinador, que pede que o examinado olhe para cada cartão e responda à pergunta “Com o que isso se parece?” e registra as respostas da maneira exata como forem produzidas, juntamente com qualquer expressão não verbal relevante (Meyer et al., 2017b). Todos os sistemas do Rorschach usam os mesmos dez cartões,1 que foram origi nalmente criados por Hermann Rorschach (1921/1942) depois de testar várias iterações das manchas e aperfeiçoálas para melhorar seus elementos evocati vos. Depois de aplicar o teste, o examinador codifica as respostas de acordo com as orientações do R-PAS e introduz esses resultados no Programa de Codificação Online (www.r-pas.org). Esse programa on-line seguro calcula os escores a serem interpretados e colocaos em um gráfico usando escores padronizados – similar mente aos usados por outros testes populares, como testes de inteligência – para comparar os escores do examinando com as normas. Em seguida, o examina dor interpreta os resultados do teste, usando as orientações de interpretação do R-PAS apresentadas no manual de teste ou fazendo uso do recurso editável de Guia Interpretativo baseado em Casos, disponível no programa on-line. Os re sultados do R-PAS são interpretados no contexto de outros dados de avaliação, levando em conta o método pelo qual todas as informações foram obtidas (por exemplo, desempenho dos clientes no Rorschach versus autorrelato de sua per sonalidade em questionários). 1 Outros testes com manchas de tinta foram desenvolvidos, mas raramente são usados. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 12 06/12/2018 14:56 Introdução ao R-PAS 13 A Tabela 1.1 traz os nomes e uma breve descrição de cada escala e sua inter pretação básica. A Figura 1.1 mostra uma imagem da página 1 do perfil do R-PAS para ilustrar a apresentação dos resultados. Esses recursos são oferecidos para leitores que estejam acessando o R-PAS pela primeira vez, para lhes dar uma ideia básica sobre seus componentes. A tabela e a figura, porém, não são suficien tes para usar e interpretar o sistema. O manual completo é necessário para isso. TABELA 1.1. Guia resumido das variáveis nas páginas de perfil do R‑PAS Termo Descrição Página 1 Comportamentos e observações da aplicação Pr Pedir; usado para incentivar o respondente a dar uma resposta adicional quando apenas uma resposta é oferecida para um cartão. Dar apenas uma resposta é um caso concreto de comportamento subprodutivo que não atende às necessidades situacionais do ambiente. Pu Puxar; quando quatro respostas são dadas a um cartão, o examinador pede-o de volta e lembra ao participante o número desejado de respostas. Dar quatro respostas é um caso concreto de comportamento superprodutivo que não atende às necessidades determinadas pelo ambiente. CT Rotações do Cartão; o número total de respostas em que o cartão foi girado, independentemente da posição final em que é dada a resposta. Dependendo de como for expressa contextualmente, a rotação do cartão pode estar ligada a curiosidade intelectual, flexibilidade, comportamento compulsivo, hostilidade ou desafio, ansiedade, autoritarismo ou desconfiança. Engajamento e processamento cognitivo Complexidade (Complexity) Complexidade: variável composta que quantifica a diferenciação e a integração envolvidas em um protocolo com base na Localização, Espaço Branco e Qualidades do Objeto; Conteúdos; e Determinantes somados para todas as respostas. R Número de respostas; R é associado tanto a capacidade como a motivação, e esta última pode estar relacionada a fatores intrínsecos ou a fatores situacionais. F% Forma%, calculada como F/R (substitui a pontuação Lambda do SC). F é Forma sem outros determinantes, também chamada de F Puro, “a forma de uma cabeça”. Determinantes são dimensões perceptivas que “determinam” uma resposta. Eles são codificados para as características da mancha de tinta ou características atribuídas à mancha de tinta, entre elas movimento, cor (cromática ou acromática), sombreado, dimensionalidade, reflexo simétrico e a forma, silhueta ou contorno de uma região da mancha. F% está inversamente relacionado a perceber, reagir e articular sutilezas e nuances no ambiente da mancha, o que sugere processos similares quando a pessoa está olhando para sua própria vida interior e para o mundo exterior. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 13 06/12/2018 14:56 14 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Termo Descrição Blend Respostas de mistura; uma resposta com dois ou mais determinantes diferentes de F; os determinantes são separados por uma vírgula (ex., Mp,FC). Ver F% para uma descrição de F e de determinantes. Blend é o oposto de F%, mas relacionada mais especificamente à capacidade de identificar e articular múltiplas características do seu ambiente experiencial. Sy Uma resposta de Síntese; dois objetos relacionados de maneira significativa, “dois pássaros pousados em um galho” (equivalente aos códigos DQ+ e DQv/+ do SC). Sy é uma medida de processamento e coping complexos e sofisticados, o que envolve atividade cognitiva integrativa ou pensamento relacional. MC Soma de M e WSumC. (Substitui o termo EA do SC.) M é o determinante de Movimento Humano, “pessoas dançando”. WSumC é a Soma Ponderada dos determinantes de Cor: (C×1.5)+CF+(FC×0.5). C é o determinante de Cor sem forma, também chamado de C Puro, “esta coisa azul é água”. CF é o determinante de Cor dominante com Forma secundária, “algodão doce cor-de-rosa; meio curvo”. FC é o determinante de Cor com Forma dominante, “um avião com uma asa vermelha”. MC é uma medida de atividade e processamento psicológicos que é considerada um indicador de recursos psicológicos e capacidade adaptativa, com base na capacidade e na propensão para preencher, animar e colorir seu mundo experiencial. MC–PPD Escore da diferença entre MC e PPD; subtrai PPD de MC (substitui a nota D do SC e, em termos do SC, é equivalente a EA-es). MC é como definido anteriormente. PPD refere-se aos Determinantes Potencialmente Problemáticos, que são a soma de FM+m+Y+T+V+C' (substitui o acrônimo do SC es, de Estimulação Sentida). FM é o determinante de Movimento Animal, “um urso comendo um peixe”. As variáveis m, Y, T, V e C' são descritas a seguir. MC-PPD é obtido contrastando códigos que sugerem recursos (MC) associados à elaboração ideacional (Movimento Humano) e responsividade viva ao mundo (cor cromática) a códigos que sugerem dificuldades potenciais (PPD). M Determinante de Movimento Humano, “pessoas dançando.” Movimento não é um atributo próprio da mancha; é um embelezamento mental que requer alguma capacidade para ver ou imaginar. M reflete a capacidade de usar a imaginação para elaborar experiências ou atividades humanas; representa um tipo de processo de mentalização que contribui para a capacidade de empatia, um senso de responsabilidade pessoal ativa, uma capacidade de refletir sobre acontecimentos e experiências e um grau de maturidade de desenvolvimento. M/MC Proporção de determinantes de Movimento Humano, M, dividido pela soma de M e WSumC (substitui a relação EB ou M:WSumC do SC). M já foi definido anteriormente. WSumC é definido com MC. M/MC avalia o grau em que decisões e ações são influenciadas por deliberação meticulosa e mentalização (M) versus reatividade espontânea, vitalidade e expressividade emocional (WSumC). R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 14 06/12/2018 14:56 Introdução ao R-PAS 15 Termo Descrição (CF+C)/SumC Proporção de CF+C ou Proporção de Dominância de Cor, CF+C dividido por SumC (substitui a relação FC:CF+C do SC). FC, CF e C são descritos em MC. SumC é a soma de todos os determinantes de Cor, FC+CF+C. A Proporção CF+C é uma medida crua da relativa ausência ou relaxamento do controle cognitivo e da modulação nas reações da pessoa ao ambiente, especialmente quando há provocação emocional. Problemas de Percepção e Pensamento EII-3 Índice de Enfraquecimento do Ego – 3a versão; uma medida composta ampla de perturbação do pensamento e severidade da psicopatologia. Seus componentes incluem déficit no teste de realidade (FQ-), perturbação do pensamento (WSumCog), conteúdo de pensamento pouco refinado e perturbador (conteúdos críticos) e medidas de conflitos e dificuldades de compreensão interpessoais (M-, PHR vs. GHR). Conforme o índice aumenta, há maior probabilidade de dificuldade para realizar tarefas cotidianas efetivamente. TP-Comp Composto de Pensamento e Percepção; avalia o teste de realidade (por meio das variáveis FQ) e desorganização do pensamento (por meio dos Códigos Cognitivos), o que o torna uma medida composta ampla de gravidade da psicopatologia. (TP-Comp é um substituto multidimensional para o PTI do SC.) WSumCog Soma Ponderada dos Códigos Cognitivos; uma medida de perturbação e desorganização do pensamento. Dois grupos de Códigos Cognitivos podem caracterizar as respostas de uma pessoa: os que são visuais e envolvem relações ilógicas e implausíveis nos estímulos das manchas (isto é, INC, FAB, CON) e os que são linguísticos e envolvem raciocínio ilógico ou dificuldades com uma comunicação efetiva (por exemplo, DV, DR, PEC). INC, FAB, DV e DR são ponderados em relação à severidade (nível 1 ou 2). SevCog Soma dos Códigos Cognitivos Severos, ou seja, DV2+INC2+DR2+FAB2+PEC+CON. SevCog capta rupturas significativas ou severas nos processos de pensamento. Pelo menos entre adultos e adolescentes, esses tipos de rupturas são tipicamente mais indicativos de lapsos em nível psicótico na conceitualização, raciocínio, comunicação ou organização do pensamento. FQ-% “FQ Menos Porcento”; porcentagem de todas as respostas que são distorcidas – ou seja, FQ-/R (igual a X-% no SC). FQ-% é uma medida de distorção, má interpretação ou equívoco de percepção, com frequência levando a julgamento ruim, comportamento estranho ou má adaptação. Imagens e preocupações internas podem interferir com a capacidade da pessoa de processar e interpretar a realidade externa e a pessoa pode parecer ver e descrever as coisas de uma maneira equivocada, distorcida e personalizada que os outros não poderão ver ou entender. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 15 06/12/2018 14:56 16 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Termo Descrição WD-% “WD Menos porcento”, calculado como WD-/WD. WD-% é semelhante a FQ-%, mas indica mais especificamente se ocorrem distorções mesmo em situações perceptuais que são mais comuns e convencionais, e associadas a objetos familiarmente identificados. Distorções nesse contexto podem ser consideradas mais atípicas e problemáticas. FQo% “F-Q-O porcento”; porcentagem de todas as respostas que são comuns, fáceis de ver e acuradas – ou seja, FQo/R (igual a X+% no SC). FQo% é uma medida de julgamento convencional, bom teste de realidade e de visão de mundo similar a como a maioria das outras pessoas vê. Como o FQ-, FQo é um produto da maturação desenvolvimental, de modo que FQo% aumenta progressivamente da infância à adolescência, ao início da vida adulta e à vida adulta (e FQ- diminui). P Resposta Popular, “um morcego” (Cartão I). Objetos populares são percepções relativamente óbvias que são vistas por uma grande proporção de pessoas que fazem o teste. Assim, P é uma medida de interpretações altamente convencionais do ambiente e sensibilidade a sinais externos óbvios. Estresse e distress YTVC' “Y-T-V-C-Linha” ou Soma do Sombreado e da Cor Acromática; Número total de determinantes de sombreado (Y, T, V) e cor acromática (C') (igual a Su91hading no SC). YTVC' é uma medida aproximada da atração pelas inconsistências, incertezas e nuances no ambiente, o que se estende para interações reais e imaginadas com os outros. Com relação ao processo de respostas, incorporar essas características em descrições das respostas acrescenta nuances à tarefa, ao mesmo tempo em que também distrai o respondente de se concentrar na forma da mancha para responder à pergunta do que ela poderia ser. m e Y m = determinante de Movimento Inanimado, às vezes chamado de “eme-zinho”, “uma pedra caindo”. Y = determinante de Sombreado Difuso, “o sombreado faz parecer camuflado” (igual ao escore SumY do SC). Tanto m como Y apresentaram uma relação com estressores moderados a graves. O código m envolve atividade mecânica ou não consciente, sem controle volitivo e é tipicamente caracterizado por forças externas agindo sobre um objeto. Y indica sensibilidade a nuances, pequenas gradações e inconsistências na mancha, tanto como um esforço para encontrar sentido nessas características como para explicá-las. Considera-se que Y indique uma sensação de desamparo diante dos estressores, enquanto m está relacionado a um tipo ansioso de ideação, que está fora do controle da pessoa ou possivelmente afetando a pessoa a partir de forças externas. MOR Código Temático de Conteúdo Mórbido; uma resposta que incorpora um atributo danificado, morto ou depressivo, “um galho quebrado” ou uma “pessoa triste chorando”. Respostas MOR indicam temas ideacionais mórbidos, pessimistas, de mágoa, de dano ou de tristeza. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 16 06/12/2018 14:56 Introdução ao R-PAS 17 Termo Descrição SC-Comp Composto de Preocupação com Suicídio (um substituto multidimensional para o S-COM do SC). SC-Comp é uma medida implícita de risco de suicídio ou comportamento autodestrutivo sério, com muitos falsos positivos (escore elevado, mas a pessoa não causa de fato danos a si própria). Representação de si e outro ODL% Linguagem de Dependência Oral, “Camarão frito em um prato”, dividida por R. (ODL era anteriormente abreviada como ROD, Dependência Oral no Rorschach; o Conteúdo de comida [Fd] do SC é incluído em ODL.) ODL codifica as palavras que sugerem, ou imagens que transmitem temas de nutrição, necessidade de apoio ou ajuda, atividade oral, comida e comer, ou nascimento e fragilidade. Níveis elevados identificam respondentes que são implicitamente motivados por necessidades dependentes, relacionadas a um traço ou estado dependente subjacente. SR Reversão do Espaço Branco; o objeto parece estar e ser definido pelo espaço branco no contorno, de modo que a perspectiva típica de ver tinta sobre um fundo branco é perceptualmente invertida. A resposta pode ou não incluir áreas de tinta, “Uma lâmpada (branca) no centro” (o SC combinava Integração do Espaço Branco, descrito a seguir, e SR em um único código, S). SR é uma medida implícita do comportamento de buscas de independência, perspectiva inventiva ou criativa e oposicionismo. MAP/MAHP Proporção de Mutualidade de Autonomia-Patologia, MAP dividido por MAHP. MAP é o Código Temático de Mutualidade de Autonomia- Patologia, “um tipo de organismo engolindo esse passarinho”. MAHP é o número total de códigos de Mutualidade de Autonomia-Saúde (MAH) e MAP. MAH é definido a seguir. MAP/MAHP avalia a extensão em que relacionamentos são vistos como destrutivos ou prejudiciais. PHR/GPHR Proporção da Representação Humana Pobre; a soma de códigos de Representação Humana Pobre (PHR) dividida pela soma de códigos de Representação Humana Boa e Pobre (GPHR; substitui a proporção GHR:PHR do SC e seu escore de diferença, o HRV). GHR sugere uma capacidade de ver o self e as relações com os outros de maneira adaptativa ou positiva. PHR sugere uma propensão a entender equivocadamente os outros, as relações e/ou o self, ou de impregnar as relações com temas de danos ou agressão. M- “M Menos”; determinante de Movimento Humano com FQ-. M- é uma medida bruta de concepção e compreensão significativamente errôneas sobre as pessoas, o que pode resultar em relações interpessoais perturbadas. AGC Conteúdo Agressivo, “uma arma”. Ver regularmente imagens agressivas, poderosas, perigosas, predadoras ou ameaçadoras é uma indicação comportamental de que esses temas estão na mente da pessoa. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 17 06/12/2018 14:56 18 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Termo Descrição H Conteúdo Humano Inteiro, “uma pessoa”, também chamado de H Puro. Relatar imagens de seres humanos inteiros está associado à capacidade de ver as pessoas de maneiras completas, intactas, multifacetadas e integradas. COP Movimento Cooperativo; interações cooperativas, positivas ou agradáveis entre objetos, “duas pessoas dançando”. COP reflete um padrão geralmente positivo de ver relacionamentos. MAH Mutualidade de Autonomia-Saúde, “duas mulheres inclinadas sobre uma mesa entre elas, conversando”. Como COP, porém mais restrito, MAH sugere o potencial para relações interpessoais maduras e saudáveis. Página 2 Engajamento e processamento cognitivo W% Porcentagem de localização global, W/R. W% reflete capacidade de generalização e abstração – considerando vários fatores sob um conceito maior, o cenário total. Dd% Porcentagem de localização de detalhe raro; Dd/R. Dd% reflete uma tendência a focar em detalhes incomuns, pequenos ou idiossincráticos no ambiente da experiência. SI Integração do Espaço Branco; o espaço do fundo é usado na resposta junto com uma área da mancha de tinta, “Um rosto escuro, o branco são os olhos” (o SC combinava SI e SR em um único código, S). SI indica tipicamente esforço cognitivo, motivação, integração complexa e, possivelmente, pensamento criativo. IntCont Conteúdo Intelectualizado, (2×ABS)+Art+Ay. ABS é Representação Abstrata, “a espiral representa medo” (AB no SC). Art é conteúdo de Arte, “um quadro”. Ay é conteúdo de Antropologia; conteúdo com particular significado cultural, histórico ou etnográfico, “um templo grego”. IntCont reflete um estilo intelectualizado, abstrato ou simbólico, de processamento de informações. Vg% Porcentagem de respostas Vagas; Vg/R. Vg é resposta Vaga, “uma névoa” (corresponde aos códigos DQv e DQv/+ do SC). Vg% reflete um estilo de processamento vago, impressionista e relativamente ineficaz. V Determinante Vista, em que o sombreado cria uma sensação de dimensionalidade, “uma caverna profunda, é mais escura no fundo” (igual ao escore SumV no SC). V reflete o uso de nuança e sutilezas como base para adquirir perspectiva, ganhar distanciamento ou ver através das coisas. Pode ser um recurso cognitivo. FD Determinante Forma–Dimensão, para respostas dimensionais baseadas em forma, “uma estrada; o fim parece bem distante pelo jeito como fica mais estreito no alto”. FD sugere uma perspectiva avaliativa geral ou capacidade de adotar uma perspectiva de distanciamento. R8910% “Porcentagem de oito-nove-dez”, R8910/R (substitui Afr do SC). R8910 é o número total de respostas nos cartões VIII, IX e X. R8910% reflete uma responsividade geral a estímulos empolgantes ou vibrantes, o que pode incluir situações emocionais com outras pessoas. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 18 06/12/2018 14:56 Introdução ao R-PAS 19 Termo Descrição WSumC Soma Ponderada dos determinantes de Cor; (C×1.5)+CF+(FC×0.5). C, CF e FC são descritos em MC, anteriormente. WSumC relaciona-se a um interesse, e a uma consciência das características atraentes e estimulantes do ambiente, o que pode incluir as reações emocionais a eles. C Determinante de Cor sem forma, também chamado de C Puro, “esta coisa azul é água”. C sugere uma receptividade cognitivamente passiva ou mesmo impotente a experiências ativadoras ou estimulantes. Mp/(Ma+Mp) Proporção de Movimento Humano Passivo, Mp/(Ma+Mp) (substitui a relação Ma:Mp do SC). Mp é a soma de determinantes de Movimento Humano Passivo, “uma mulher olhando para baixo” e Ma é a soma de determinantes de Movimento Humano Ativo, “dois homens lutando”. Mp/(Ma+Mp) indica uma propensão para fantasia e ideação passivas (versus ativas). Problemas de percepção e pensamento FQu% “F-Q-U porcento”; porcentagem de todas as respostas que são relativamente incomuns, mas razoavelmente precisas, FQu/R (igual a Xu% no SC). Respostas FQu, em termos de frequência e acurácia, situam-se entre FQo e FQ-. FQu% está associado a modos não convencionais e individualistas de interpretar experiências. Estresse e distress PPD Determinantes Potencialmente Problemáticos; FM+m+Y+T+V+C’ (substitui o acrônimo es de Estimulação Sentida no SC). PPD está relacionado a uma sensibilidade ou sintonia ambiental, porque reflete a capacidade de animar perceptos, ver objetos estáticos em movimento e usar e descrever a saturação da tinta ou suas cores acromáticas ao gerar imagens. No entanto, esse tipo de sensibilidade ou sintonia pode ser uma desvantagem, porque esses códigos também podem ser indicativos de estressores que estão fora do controle em termos de impulsos, necessidades ou sentimentos que são estimulantes, irritantes, perturbadores ou urgentes. CBlend Cor Misturada com Sombreado e Cor Acromática, em que um determinante de cor (FC, CF, C) é combinado a um determinante de sombreado (Y, T, V) ou de cor acromática (C’) em uma resposta; por exemplo, CF,T (igual a Col-Shd no SC). CBlend sugere sensibilidade emocional ou ambiental em que reações emocionalmente espontâneas (Cor) podem ser comprometidas por preocupações com inconsistências, indefinição e nuances (Sombreado) ou escurecimento entorpecedor e apatia enfraquecedora (C’), sugerindo assim que a pessoa é vulnerável a experiências afetivas mistas. C’ Qualquer determinante de cor acromática usando preto, cinza ou branco, “um casaco preto” (igual ao escore SumC’ no SC). C’ sugere ser atraído para estímulos tristes, escuros e sombrios. V Determinante Vista, conforme definido antes. V envolve uso de perspectiva ou uma atitude avaliativa e pode estar associado a algum desconforto ou insatisfação quando direcionado contra si mesmo ou outros. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 19 06/12/2018 14:56 20 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Termo Descrição CritCont% Conteúdos Críticos dividido por R. Conteúdos Críticos é um subcomponente de EII-3, igual a An+Bl+Ex+Fi+Sx+AGM+MOR. Bl é conteúdo de Sangue. Ex é conteúdo de Explosão, “uma bomba atômica explodindo”. Fi é conteúdo de fogo ou fumaça, “a chama de uma vela”. Sx é conteúdo sexual, “um homem nu”. MOR foi descrito antes; An e AGM são descritos a seguir. CritCont% pode ser aumentado por experiências traumáticas, pensamento primitivo ou exagero e simulação de fragilidades e sintomas. Representação de si e outros SumH Soma de todos os códigos de conteúdo humano, H+(H)+Hd+(Hd). SumH reflete consciência ou interesse por outras pessoas. NPH/SumH A Proporção de conteúdo Humano Não Puro, NPH/SumH (substitui a relação H:(H)+Hd+(Hd) do SC). NPH é a soma de conteúdo Humano Não Puro, isto é, o número total de conteúdos tipo humanos ou de detalhes humanos, (H)+Hd+(Hd). NPH/SumH indica a tendência a representar mentalmente objetos humanos de maneiras incompletas, irrealistas ou imaginárias. V-Comp Composto Vigilância (um substituto totalmente dimensional de HVI do SC). V-Comp avalia comportamento reservado, cognição esforçada e focada, sensibilidade a pistas de perigo, constrição afetiva tensa, cautela interpessoal e distanciamento. r Determinante Reflexo, “um papagaio olhando no espelho” (igual à variável Fr+rF do SC). r pode refletir uma necessidade de reproduzir apoio, experienciar a si próprio como refletido no mundo de uma maneira autocentrada, e/ou propensão a usar a si próprio como referência ao processar informações. p/(a+p) A Proporção de Movimento Passivo, p/(a+p) (substitui a relação a:p do SC). p é a soma dos determinantes de Movimento Passivo, “sentado”. p/(p+a) é uma medida aproximada de inclinações passivas versus ativas nos comportamentos ou atitudes de uma pessoa. AGM Movimento Agressivo, “homens brigando” (AG no SC). AGM indica que a pessoa imaginou e, em algum nível, provavelmente se identificou com uma atividade agressiva, mas não indica a atitude da pessoa em relação a essa atividade agressiva. T Determinante Textura, em que o sombreado designa uma sensação tátil, “a coloração faz isso parecer peludo” (igual ao escore SumT do SC). T sugere que a pessoa está sintonizada com toques e experiências táteis em seu ambiente, o que pode refletir um desejo implícito de intimidade interpessoal. PER Justificação pelo Conhecimento Pessoal, o uso da experiência pessoal para justificar uma resposta, “é uma bicicleta cara; eu acabei de ver uma assim”. PER sugere uma tendência a justificar as próprias ideias e posições com base em conhecimento ou autoridade pessoal, privado. An Conteúdo de Anatomia, “um coração”, o que inclui conteúdo de imagens médicas, “uma radiografia de um tórax” (igual a An+Xy do SC). An sugere que a pessoa está preocupada com problemas corporais, físicos ou médicos. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 20 06/12/2018 14:56 Introdução ao R-PAS 21 FIGURA 1.1. Resultados do R-PAS: Página 1 do Perfil. Fonte: Reproduzida do programa de pontuação do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) (© 2010-2016) e extraída do Manual R-PAS: Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach (© 2017), com copyrights de Rorschach Performance Assessment System, LLC. Todos os direitos reservados. Usada com autorização de Rorschach Performance Assessment System, LLC. A reprodução é proibida sem autorização por escrito da R-PAS. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 21 06/12/2018 14:56 22 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) Em que aspectos o R‑PAS é um aperfeiçoamento do SC? O R-PAS aborda muitos problemas do SC que foram expressos por diferentes partes: os autoproclamados “críticos do Rorschach” (Wood, Nezworski, Garb, & Lilienfeld, 2006), psicólogos que pesquisam o usam o Rorschach na prática (Meyer & Archer, 2001; Meyer, Hsiao, Viglione, Mihura, & Abraham, 2013) e estudantes aprendendo a usar a tarefa pela primeira vez (Viglione, Meyer, Re sende, & Pignolo, 2017). As seções a seguir resumem brevemente esses aperfei çoamentos. Ver Meyer et al. (2017a) para mais detalhes. Metanálises de validade para escores individuais Embora existam muitas revisões narrativas da literatura sobre validade do Rorschach, incluindo os levantamentos de pesquisas de Exner (2003) nos ma nuais de teste do SC, metanálises baseadas em levantamentos sistemáticos da li teratura tornaramse a norma esperada em psicologia para resumir as pesquisas existentes sobre um tópico. Como o Rorschach sempre foi de certa forma con troverso, em 2001 três metanálises independentes foram feitas sobre a validade geral do Rorschach (Atkinson, 1986; Hiller, Rosenthal, Bornstein, Berry, & Bru nellNeuleib, 1999; Parker, Hanson, & Hunsley, 1988). Em cada um dos casos, os autores compararam a validade geral do Rorschach com a validade geral do Minnesota Multiphasic Personality Inventory (MMPI). Meyer e Archer (2001) ex pandiram grandemente uma dessas metanálises (Parker et al., 1988) e, depois, resumiram estatisticamente os resultados das três metanálises. Eles mostraram que, em média, os escores do Rorschach eram tão válidos quanto os escores do MMPI, tanto ao considerar todos os efeitos hipotetizados (r = 0,32 para ambos, usando 523 tamanhos de efeito para o Rorschach e 533 tamanhos de efeito para o MMPI) como ao considerar todos os estudos que examinam a validade hete rométodo (r = 0,29 para ambos, usando 73 estudos para o Rorschach com N = 6,520 e 85 estudos para o MMPI com N = 15,985). No entanto, trabalhos muito menos sistemáticos haviam sido feitos sobre a validade de variáveis individuais do Rorschach. Até 2011, metanálises de vali dade para seis escores do Rorschach tinham sido publicadas, quatro das quais não eram do SC, e foi evidenciada validade corroborando o uso desses quatro escores (Bornstein, 1999; Diener, Hilsenroth, Shaffer, & Sexton, 2011; Meyer & Handler, 1997; Romney, 1990). Para os dois escores do SC, foi encontrado su porte para o Índice de Esquizofrenia, mas não para o Índice de Depressão (Jør gensen, Andersen, & Dam, 2000, 2001).2 No entanto, mais de 60 variáveis do 2 Três dos cinco escores do Rorschach com suporte metanalítico de validade estão agora incluídos no R-PAS (o Índice de Esquizofrenia, que foi renomeado como Composto Pensamento e Percepção, Índice de Enfraquecimento do Ego e Escala de Linguagem de Dependência Oral). R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 22 06/12/2018 14:56 Introdução ao R-PAS 23 Rorschach são interpretadas no SC, deixando a grande maioria das variáveis não desprovidas de metanálises. Em 2012, a versão on-line das revisões sistemáticas e metanálises de 65 va riáveis do SC realizada por Mihura et al. (2013) foi publicada no principal perió dico de revisões científicas em psicologia (Psychological Bulletin). Esse extenso projeto foi iniciado em 2005 em resposta às solicitações dos críticos por meta nálises para todas as escalas (ou índices) do SC e levou mais de seis anos e mi lhares de horas para ser completado. Embora esse projeto tenha sido original mente planejado como uma contribuição para o SC, depois da morte de Exner as versões prépublicação das metanálises acabaram se tornando a base para o sistema revisado, R-PAS. Em um acontecimento memorável, em resposta a es sas metanálises, os críticos mais contundentes do Rorschach desistiram de sua defesa de uma suspensão mundial do uso do Rorschach em contextos clínico e forense (ver Wood et al., 2015; e nossa resposta, Mihura et al., 2015). Como o SC está congelado no tempo sem a possibilidade de ser atualizado, ele não pode incorporar nenhum desses achados de metanálises. Além de sua importância para o Rorschach, as metanálises em grande esca la de Mihura et al. (2013) foram marcantes para qualquer teste psicológico com múltiplas escalas. Até o momento em que este livro foi escrito, em comparação com o Rorschach, nenhum outro teste psicológico tem tantas metanálises pu blicadas abordando a validade de construto de suas escalas individuais. Mihu ra et al. examinaram sistematicamente a literatura de validade publicada para 65 escalas do Rorschach; havia dados suficientes para fazer metanálises com 53 dessas escalas.3 O R-PAS incluiu sete outras variáveis não do SC que têm meta nálises de validade publicadas (Bornstein, 1999; Diener et al., 2011; Graceffo, Mihura, & Meyer, 2014), revisões sistemáticas (Mihura, Dumitrascu, Roy, & Meyer, 2017) e metanálises em andamento (Kiss, Mihura, & Meyer, 2017). Em contraste, metanálises do popular MMPI-2 foram conduzidas principalmente com as escalas destinadas a detectar fingimento (por exemplo, Rogers, Sewell, Martin, & Vitacco, 2003). O MMPI-2 tem metanálises de validade publicadas para apenas duas de suas 112 escalas clínicas e de tratamento, suportando a rela ção entre duas escalas de depressão e o diagnóstico de depressão (Gross, Keyes, & Greene, 2000). Normas mais acuradas que as do SC As normas do SC têm sido uma área de discordâncias. Wood et al. publicaram pesquisas sugerindo que muitos dos valores normativos do SC eram imprecisos, no sentido de superpatologizar os clientes (Wood, Nezworski, Garb, & Lilien 3 O R-PAS se apoia em pesquisas sobre o SC como parte de sua base de evidências. Ao longo da história do SC, ele também se apoiou em pesquisas prévias sobre maneiras de codificar e aplicar o Rorschach. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 23 06/12/2018 14:56 24 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) feld, 2001a, 2001b). A princípio, Exner e membros do seu Rorschach Research Council acharam que essas críticas estavam em grande parte erradas (Exner, 2001; Meyer, 2001), mas pesquisas conduzidas por eles mesmos mostraram que as normas do SC eram substancialmente diferentes para muitos escores importantes (por exemplo, os que avaliam psicose; Meyer, Erdberg, & Shaffer, 2007; Viglione & Giromini, 2016). Posteriormente, novas normas internacio nais foram publicadas no ano sequente à morte de Exner (Meyer et al., 2007), que o R-PAS adotou com algumas modificações (ver o Capítulo 16, , no manual do R-PAS; Meyer et al., 2017b, pp. 469-484; Meyer, Shaffer, Erdberg, & Horn, 2015; Viglione & Giromini, 2016). Atualmente, os desenvolvedores do R-PAS estão reunindo novas normas. Menor variabilidade no número de respostas que no SC O Rorschach em geral (Cronbach, 1949) e o SC em particular (Meyer, 1992, 1993) foram criticados por usar um método de aplicação que resulta em um número amplamente variável de respostas, dependendo do respondente e do aplicador. Na prática, essa variabilidade no número de respostas também torna difícil para os examinadores definir o tempo para uma aplicação. Além disso, os examinadores que utilizam o SC veemse muitas vezes diante da necessida de de aplicar novamente a tarefa em decorrência de um número insuficiente de respostas, o que resulta em frustração para o respondente e em confusão e complicações na programação do aplicador. Por esses motivos, o R-PAS insti tuiu novas diretrizes de aplicação que foram revisadas, avaliadas e testadas pela primeira vez em uma forma inicial pelo Research Council antes da morte de Exner (Dean, 2005; Dean, Viglione, Perry, & Meyer, 2007, 2008). Essas dire trizes foram revisadas várias vezes até resultar em uma redução significativa na variabilidade do número de respostas e praticamente eliminar a necessidade de reaplicar o teste (Hosseininasab et al., 2017; Reese, Viglione, & Giromini, 2014; Viglione et al., 2015). Esta última melhoria é especialmente importante em ambientes forenses, em que o cliente pode ser resistente a se engajar em uma avaliação. Reduz as diferenças entre examinadores em comparação com o SC Diferentes estilos de examinadores podem afetar significativamente variá veis importantes do Rorschach quando se usa as diretrizes de aplicação e codifi cação do SC – particularmente a complexidade das respostas de uma pessoa e o grau em que os objetos que ele vê se encaixam nos contornos da mancha, o que é usado como uma medida de teste de realidade (ver Exner, 2007, Tabela 1). Para resolver esse problema, o R-PAS fez inúmeras melhorias destinadas a reduzir ambiguidades na aplicação e na codificação, bem como garantir que ambas as R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 24 06/12/2018 14:56 Introdução ao R-PAS 25 etapas sejam realizadas com mais consistência e precisão entre os examinadores (Meyer et al., 2017b, 2017a). O R-PAS também oferece muitos recursos on-line para ajudar clínicos e estudantes a praticar e se ajustar aos padrões do R-PAS para aplicação e codificação (www.r-pas.org). Esses recursos incluem vídeos de aplicação; protocolos para simulação prática (role-playing) com o aplicador e o respondente, acompanhado de um protocolo de simulação para o papel de “trei nador”; listas de verificação para a aplicação; e vários casos do R-PAS codifica dos por seus desenvolvedores. A interpretação é mais eficiente e confiável do que no SC Duas alterações do SC para o R-PAS – (1) usar escores padronizados em vez de escores brutos e (2) basear as interpretações no processo de resposta – tornam a interpretação notavelmente mais eficiente e confiável. Esses aperfeiçoamen tos são especialmente importantes para estudantes que estão aprendendo o tes te pela primeira vez, embora tornar a interpretação do Rorschach mais confiável e plausível seja importante para as várias partes: o público em geral; psicólogos que duvidam do Rorschach simplesmente com base em sua associação com a teoria psicanalítica; e juízes, advogados e jurados. Tabela de escores padronizados O programa de pontuação do R-PAS fornece resultados de testes que com param os dados do cliente com normas que utilizam escores padronizados como os usados em testes de autorrelato (por exemplo, MMPI-2, MMPI-2-RF e Personality Assessment Inventory [PAI]) e testes de inteligência (por exemplo, a Escala Wechsler de Inteligência para Adultos – Quarta Edição [Wechsler Adult Intelligence Scale – WAIS-IV]). Em contraste, o SC usa resultados de escores bru tos, exigindo que os usuários memorizem ou consultem os valores normativos para mais de 60 escores cada vez que interpretam o teste. A interpretação do SC representa uma situação extremamente desafiadora para estudantes que estão aprendendo o teste. Para ilustrar a diferença, compare os resultados da página 1 do R-PAS apresentados na Figura 1.1 com o terço inferior do Sumário Estrutu ral do SC, que contém os principais resultados do SC, apresentados na Figura 1.2. Os instrutores que mudam do SC para o R-PAS dizem que os resultados de escores padronizados e a base no processo das respostas para a interpretação melhoram significativamente as experiências de aprendizagem dos alunos. Os usuários do R-PAS informam que poder visualizar todos os resultados principais de uma só vez é útil e eles ficam menos propensos a deixar de perceber resul tados importantes. As principais páginas de resultados do R-PAS são descritas mais detalhadamente nos capítulos 2 e 3 e ilustradas em cada capítulo de casos (capítulos 4-19). R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 25 06/12/2018 14:56 26 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) @1999, 2001 Psychological Assessment Resources, Inc. Todos os direitos reservados. Versão: 5.00.137 RAZÕES, PORCENTAGENS E DERIVAÇÕES AFETO INTERPESSOAL IDEAÇÃO MEDIAÇÃO PROCESSAMENTO AUTOPERCEPÇÃO 3r+(2)/R = 0.25 Fr+rF = 0 SumV = 1 FD = 2 An+Xy = 1 MOR = 2 H:(H)+Hd+(Hd) = 3 : 4 PTI = 5 DEPI = 4 CDI = 2 S-CON = 7 HVI = OBS = Não XA% = 0.56 WDA% = 0.54 X-% = 0.31 S- = 1 P = 2 X+% = 0.38 Xu% = 0.19 Zf = 9 W:D:Dd = 8:5:3 W : M = 8 : 6 Zd = +4.5 PSV = 0 DQ+ = 6 DQv = 2 a:p = 5 : 3 Sum6 = 10 Ma:Mp = 4 : 2 Lvl-2 = 3 2AB+(Art+Ay) = 2 WSum6 = 34 MOR = 2 M- = 3 M none = 0 COP = 1 AG = 3 GHR:PHR = 1 : 6 a:p = 5 : 3 Comida = 1 SumT = 0 Conteúdo Humano = 7 H Puro = 3 PER = 4 Índice de Isolamento = 0.19 FC:CF+C = 0 : 4 C Puro = 2 SumC’ : WSumC = 1 : 5.0 Afr = 0.33 S = 2 Blends:R = 4 : 16 CP = 0 R = 16 L = 0.33 -------------------------------------------------------------- EB = 6 : 5.0 EA = 11.0 EBPer = N/A eb = 2 : 2 es = 4 D = +2 Adj es = 4 Adj D = +2 -------------------------------------------------------------- FM = 1 SumC’ = 1 SumT = 0 m = 1 SumV = 1 SumY = 0 Sim FIGURA 1.2. Sumário Estrutural do Sistema Compreensivo (SC) do Rorschach: Prin- cipal seção de resultados. Fonte: Reproduzida com autorização especial da editora, Psychological Assessment Resource, Inc. (PAR), do Rorschach Interpretation Assistance Program: Version 5, de John E. Exner, Jr., PhD, Irving B. Weiner, PhD, e equipe da PAR. Copyright 1976, 1985, 1990, 1994, 1995, 1999, 2001, 2003 da PAR. A reprodução é proibida sem autorização da PAR. Interpretações baseadas no processo de resposta O processo de resposta se refere às operações psicológicas que ocorrem no processo de elaboração de uma resposta para uma tarefa. Conforme descrito mais adiante no Capítulo 2, basear as interpretações do Rorschach no processo de resposta é semelhante a interpretar tarefas de desempenho cognitivo como as da escala WAIS-IV. Por exemplo, no subteste Cubos da WAIS-IV, os clínicos não interpretam a capacidade da pessoa de montar cubos na vida cotidiana; eles generalizam as operações psicológicas que ocorrem no processo de gerar uma resposta (por exemplo, análise visual e síntese no caso de Cubos) para operações similares na vida cotidiana. Para interpretações do SC, a falta de uma ligação clara entre a resposta do cliente no Rorschach e a interpretação do clínico para essa resposta resultou em uma sensação de ocultação e mistério em torno do Rorschach que certamente levou a dúvida e desconsideração inerentes pelo tes te. Portanto, o R-PAS destaca a ligação entre o comportamento codificado e sua interpretação e remove o mistério. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 26 06/12/2018 14:56 Introdução ao R-PAS 27 Como um contexto mais amplo, durante muitos anos o Rorschach foi asso ciado à teoria psicanalítica (embora Hermann Rorschach não o tenho descrito dessa maneira; Rorschach, 1921/1942; Searls, 2017). Quando a psicanálise pas sou a ser questionada (Crews, 1996), o mesmo aconteceu com o Rorschach. Ex ner (1974) tentou remover o estigma do Rorschach apresentando seu sistema como ateórico e empírico, mas, para a ampla maioria das variáveis, ele não ex plicou a ligação entre a codificação da resposta e a interpretação resultante. Em contraste, de modo similar à abordagem fenomenológica de Schachtel (1966) para o entendimento do Rorschach, o R-PAS centrase fortemente no proces so de resposta ao interpretar os resultados do teste (ver também Mihura et al., 2017). A interpretação baseada no processo de resposta torna a interpretação do Rorschach mais crível, compreensível e mais fácil para os estudantes aprende rem. Também esperamos que essa ligação forte entre o processo de resposta e a interpretação leve os clínicos a ver de forma mais acurada exemplos de atitudes e comportamentos associados na vida cotidiana de seus clientes. Cultura e gênero A última melhoria em relação ao SC que mencionamos são as normas inter nacionais não baseadas em segregações do R-PAS. Além de ser mais precisa que as normas do SC de Exner (como observado anteriormente), a amostra normati va do R-PAS inclui protocolos de países não norteamericanos (ou seja, Argenti na, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Finlândia, França, Grécia, Israel, Itália, Portugal, Romênia e Espanha), enquanto as normas de Exner (2003), coletadas na década de 1970 e início da década de 1980 (Exner, 1986; Exner & Weiner, 1982), eram inteiramente dos Estados Unidos. Há boas evidências de que a tarefa cognitiva e perceptiva básica do Rorschach não resulta em diferenças culturais e de gênero (por exemplo, Meyer et al., 2007; Meyer, Giromini, Viglione, Reese, & Mihura, 2015; Meyer, Shaffer et al., 2015). As principais diferenças entre os países ocor rem com algumas imagens culturais importantes – como os “duendes do Natal” em países escandinavos relatados em resposta ao Cartão II, e totens no sudoeste dos Estados Unidos relatados em resposta ao Cartão VI – mas não, por exemplo, o quanto a imagem se encaixa na mancha, as características perceptivas que são descritas ou as taxas básicas de perturbação do pensamento. Seis dos 16 capí tulos de casos deste livro abordam casos de outros países que não os Estados Unidos (Finlândia, Israel, Itália, Holanda e Noruega). Quais são os principais pontos fortes e aplicabilidades do R‑PAS? Mais metanálises de validade de construto do que qualquer outro teste Como observado anteriormente, um ponto forte significativo do Rorschach é que ele tem, de longe, o maior número de metanálises de validade de construto R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 27 06/12/2018 14:56 28 Uso do Sistema de Avaliação por Performance no Rorschach® (R-PAS®) publicadas para suas escalas clínicas do que qualquer outro teste psicológico – mais de 50 escalas do Rorschach em comparação a apenas duas escalas clínicas do MMPI-2 (Bornstein, 1999; Diener et al., 2011; Graceffo et al., 2014; Gross et al., 2000; Meyer, 2000; Mihura et al., 2013). O desenvolvimento do R-PAS foi orientado por essas metanálises, o que não é o caso de nenhum outro sistema do Rorschach existente. Validade incremental sobre medidas de autorrelato Na prática clínica e forense, o Rorschach oferece um método de avaliação diferente que proporciona validade incremental sobre medidas de autorrela to (para uma discussão, ver Meyer, 1996, 1997; Mihura, 2012; Mihura et al., 2013). Existe um forte apoio na literatura para escores com evidências de va lidade do Rorschach acrescentarem validade incremental sobre medidas de autorrelato, incluindo as metanálises de Mihura et al. (2013) e vários outros estudos (BlasczykSchiep, Kazén, Kuhl, & Grygielski, 2011; Dao, Prevatt & Horne, 2008; Fowler, Piers, Hilsenroth, Holdwick, & Padawer, 2001; Hart mann e Grønnerød, 2009; Hartmann, Sunde, Kristensen, & Martinussen, 2003; Meyer, 2000; Ritsher, 2004; Viglione & Hilsenroth, 2001). Esse acha do não é surpreendente, uma vez que um corpo substancial de literatura mos tra relações apenas pequenas a moderadas entre o que as pessoas dizem sobre si mesmas e o que fazem (por exemplo, Mihura & Graceffo, 2014; Wilson & Dunn, 2004). A melhor medida normatizada para avaliar psicose Existem, especialmente, evidências fortes e robustas quanto à capacida de do Rorschach de detectar psicose e sintomas psicóticos (Jørgensen et al., 2000, 2001; Mihura et al., 2013, Tabela 4), algo que até mesmo os mais se veros críticos do Rorschach não contestam (Garb, Wood, Lilienfeld, & Nez worski, 2005). Nossa recente, mas ainda não publicada, revisão sistemática da literatura sobre a capacidade de todas as versões do MMPI para detectar psicose em contextos clínicos e forenses sugere que ele é uma medida menos válida para esse propósito do que o Rorschach (Mihura, Roy, Dumitrascu, & Meyer, 2016). Esse achado é consistente com estudos publicados que mos tram que o Rorschach proporciona validade incremental sobre medidas de au torrelato para detectar psicose, mas não o contrário (por exemplo, Dao et al., 2008). Nos capítulos 4, 5, 6, 10, 11, 12 e 16, apresentamos exemplos de casos do uso do R-PAS quando o cliente é encaminhado com hipótese de psicose, ou quando o diagnóstico de psicose surge como uma possibilidade apenas depois que o R-PAS é aplicado. R-PAS_Uso_do_Sistema_de_Avaliacao _MIOLO.indd 28 06/12/2018 14:56 Introdução ao R-PAS 29 Avaliação comportamental normatizada e válida de características psicológicas que não estão disponíveis em outros testes Além da capacidade geral de detectar psicose, o R-PAS também oferece uma avaliação comportamental válida e normatizada de características psicológicas que não estão disponíveis por meio de outros testes (para mais discussões sobre este tópico, ver Mihura, 2012; Mihura & Graceffo, 2014). Por exemplo, teste de realidade e perturbações do pensamento são componentes da psicose, mas tam bém são características de outros transtornos e da personalidade em geral. Elas se distribuem em um contínuo que não é limitado a psicose ou esquizofrenia. Proble mas com teste de realidade resultam em interpretações erradas do ambiente que podem dificultar muito um tratamento bemsucedido e uma adaptação saudável, mesmo entre pacientes que não tenham dificuldades do espectro psicótico (por exemplo, Opaas, Hartmann, WentzelLarsen, & Varvin, 2016). O R-PAS pode ser utilizado como um indicador da complexidade cognitiva, avaliando o desempe nho típico do sujeito, em contraste com os testes que avaliam habilidades cogniti vas (por exemplo, inteligência, memória), que geralmente indicam o desempenho máximo dos sujeitos. Há evidências empíricas de que um cliente que obtém esco res baixos nessas medidas de complexidade cognitiva no Rorschach é significati vamente mais propenso a relatar sintomas de alexitimia (incapacidade de notar e descrever as próprias emoções, Porcelli e Mihura, 2010) e a ter dificuldade para se envolver e se beneficiar da psicoterapia (Mihura et al., 2013; ver a seção “Strongly Supported Variables” (variáveis com forte suporte empírico)