Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Módulo Incidência e Crédito Tributário
SEMINÁRIO II - CRÉDITO TRIBUTÁRIO, LANÇAMENTO E ESPÉCIES DE LANÇAMENTO
Leitura básica
•	CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. São Paulo: Noeses Capítulo XII.
•	CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: Fundamentos Jurídicos da Incidência. São Paulo: Noeses, Itens 1 e 2 do Capítulo IV.
•	CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. Vol. III. São Paulo: Noeses, Tema XXXII (O procedimento administrativo tributário e o ato jurídico do lançamento).
Vídeo básico
•	CARVALHO, Paulo de Barros. Canal Procuradoria Geral do Estado de Mato Grosso. O ato jurídico administrativo que documenta a incidência tributária. Disponível em: https://youtu.be/TsBXixRtpn0?si=2VLBx4h0jULwI22D. Acesso em 08 de julho de 2025.
Leitura complementar
•	CARRAZZA, Roque Antonio. Reflexões sobre a obrigação tributária. São Paulo: Noeses. Terceira parte do livro.
•	DALLA PRIA, Rodrigo. A constituição e a cobrança das contribuições previdenciárias pela justiça do trabalho: aspectos processuais relevantes. In: CONRADO, Paulo César. Processo tributário analítico, volume II. São Paulo: Noeses.
•	FIGUEIREDO, Marina Vieira de. Lançamento tributário: revisão e seus efeitos. São Paulo: Noeses. Itens 4.5.1.5.2 a 4.5.2.
•	MELLO, Henrique. Atribuição de deveres instrumentais tributários a terceiros e a figura do alterlançamento como forma de constituição do crédito tributário alheio. São Paulo: Noeses, Págs. 193 a 245. 
•	SANTI, Eurico Marcos Diniz de. Lançamento tributário. São Paulo: Saraiva, Capítulos VII e VIII. 
•	TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no direito tributário. São Paulo: Noeses. Capítulo 8, itens 8.1 a 8.3.
•	ZOMER, Silvia Regina. O tempo jurídico e a homologação tácita. São Paulo: Noeses. Capítulo 4.
Leitura complementar – Reforma Tributária
· PIVA, Silvia; BELLUCCI, Maurício. Reforma Tributária e Tecnologia: redefinindo a arrecadação fiscal. In: CARVALHO, Paulo de Barros (Coord.). A Reforma do Sistema Tributário Nacional sob a perspectiva do Constructivismo Lógico-Semântico: o texto da Emenda Constitucional 132/2023. São Paulo: Noeses, 2024, p.405-416.
· VERGUEIRO, Camila Campos; NEVES, Luis Fernando de Souza. Os instrumentos do CPC/2015 que podem materializar a integração/delegação da exigiblidade do Imposto sobre Bens e Serviços. In: CARVALHO, Paulo de Barros (Coord.). A Reforma do Sistema Tributário Nacional sob a perspectiva do Constructivismo Lógico-Semântico: o texto da Emenda Constitucional 132/2023. São Paulo: Noeses, 2024, p. 521-530.
Questões
1.	Considerando os conceitos de norma, incidência e crédito tributário, responda: 
	a) Defina lançamento, considerando em sua resposta: (i) quem pode lançar; (ii) se o lançamento é um ato, um procedimento ou ato e procedimento; (iii) qual é a finalidade do lançamento e (iv) quais as espécies de lançamento tributário previstas no ordenamento jurídico brasileiro, deixando claro qual é o critério que justifica essa classificação.
	b) O lançamento tem eficácia declaratória ou constitutiva? O que é declarado ou constituído por meio do lançamento? Explique confrontando as noções de tempo no fato e tempo do fato.
	c) Que é arbitramento? É uma espécie autônoma de lançamento? Em quais hipóteses pode ser adotado? O contribuinte pode optar pelo arbitramento? Em caso positivo, em qual(is) hipótese(s)? (Vide anexo I)
2.	Dado o auto de infração fictício, pergunta-se: (Vide anexo II)
	a) Identifique as normas individuais e concretas veiculadas no respectivo auto de infração;
	b) Confronte as noções de (i) auto de infração – documento, (ii) ato administrativo de imposição de multa, (iii) ato administrativo de lançamento e (iv) ato de notificação;
	c) Quando o crédito tributário está constituído de forma definitiva? Justifique sua resposta.
3.	A indústria Viva São Ltda. declara e formaliza seus créditos e seus débitos do mês, aplicando o princípio da não-cumulatividade. Como os débitos de IPI são maiores que os créditos, compensa tais valores e faz o pagamento do saldo devedor, conforme ilustrado abaixo:
	Três anos depois, o Fisco Federal entende que essa indústria não tinha direito aos créditos que utilizou para compensar seus débitos e, por isso, faz a glosa desses créditos sem, contudo, efetuar o lançamento de qualquer crédito tributário, pois entende que não é necessário o lançamento de ofício. Em seguida, encaminha para inscrição em dívida ativa os valores não pagos em razão do aproveitamento indevido de créditos (R$ 200.000,00), mas acrescenta, nessa cobrança, valores de penalidades e de juros de mora. Considerando esse caso concreto, pergunta-se:
a) o procedimento adotado pelo Fisco Federal está correto? 
b) o crédito tributário de R$ 200.000,00 foi lançado em algum momento? Por meio de que tipo de lançamento? 
c) o aproveitamento de créditos na apuração do IPI em razão da aplicação do princípio da não-cumulatividade pode ser equiparado a pagamento antecipado do tributo? 
d) a glosa dos créditos pode ser convertida em tributo não pago e, com isso, afastar o dever de o Fisco Federal apurar o crédito tributário?
Ao responder as perguntas, não deixe de justificar suas respostas. (Vide anexo III)
4.	Com relação ao lançamento por homologação, pergunta-se:
	(a)	Que é homologação? O chamado lançamento por homologação é efetivamente lançamento? O que se homologa: (i) o pagamento efetuado antecipadamente; (ii) a norma individual e concreta posta pelo contribuinte no sistema; ou (iii) ambos? Há, no ordenamento jurídico brasileiro, a possibilidade de o sujeito passivo pagar tributo sem que tenha havido o lançamento do crédito tributário?
	(b)	Quando se verifica a homologação expressa? Trata-se de ato administrativo? Ainda, é possível revisar-se o ato homologatório expresso? 
	(c)	Existe homologação tácita? Em caso afirmativo, quando ela se verifica? Qual é a linguagem competente para positivar a homologação tácita?
5.	A Lei Federal 13.467/2017 alterou a redação do parágrafo único do artigo 876 da Consolidação das Leis do Trabalho estabelecendo competir à Justiça do Trabalho executar, de ofício, as contribuições sociais previstas nos inciso I e II do artigo 195 devidas sobre as verbas objeto de sentenças condenatórias ou homologatórias de acordo:
Art. 876 - As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão executada pela forma estabelecida neste Capítulo
Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e dos acordos que homologar.
Pergunta-se:
(a) a decisão judicial condenatória em verbas trabalhistas é veículo apto para constituir o crédito tributário da contribuição previdenciária? Ou há necessidade de lançamento do crédito tributário da contribuição previdenciária devida pela autoridade fiscal federal? Como ficam os princípios do contraditório e da ampla defesa? (Vide anexo IV).
6.	Sobre as hipóteses de alteração do lançamento, responda:
	(a) Há diferença entre erro de direito e mudança de critério jurídico para fins de revisão do lançamento tributário? Há possibilidade de revisão do lançamento fundado em erro de direito? E em erro de fato? Em caso afirmativo, qual tipo de erro é suficiente para fundamentar a alteração do lançamento? A sua resposta se aplica a qualquer tipo de lançamento tributário? Ou seja, se você entender que lançamento por homologação é modalidade de constituição da obrigação tributária, o próprio contribuinte pode alterar o lançamento realizado por ele com fundamento em erro de fato e erro de direito? (Vide anexos V e VI)?
	(b) A alteração da base de cálculo, ou da sistemática de apuração do tributo pode ser feitamediante retificação do lançamento? A eleição errônea da base de cálculo ou da sistemática de apuração no momento da realização do lançamento configura-se como erro de fato, erro de direito ou mudança do critério jurídico? E a identificação errada do sujeito passivo? Tais problemas podem acarretar a anulação do lançamento? (Vide anexos VII, VIII, IX e X)
	(c) Se, ao preencher a declaração de compensação de créditos tributários federais, o contribuinte erra a indicação do período de apuração do tributo a ser compensado, isso configura erro na realização do ato de constituição da obrigação tributária? Em caso afirmativo, trata-se de erro de fato ou erro de direito? Seria possível uma revisão desse ato pelo próprio contribuinte ou essa revisão cabe apenas à autoridade administrativa?
Sugestão para pesquisa suplementar
•	BARBOSA, Sandro de Oliveira. O lançamento tributário por inteligência artificial: uma análise do artigo 142 do Código Tributário Nacional. 1ª edição. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2023. Capítulos 1 e 4 (itens 4.1, 4.1.1, 4.1.2, 4.1.3 e 4.2).
•	BORGES, José Souto Maior. Lançamento tributário. São Paulo: Malheiros. 
•	CARVALHO, Aurora Tomazini de. Curso de teoria geral do direito. São Paulo: Noeses. Capítulo XI, itens 4 e 7.
•	FERRAGUT, Maria Rita. Presunções no direito tributário. São Paulo: Quartier Latin. Capítulo IX.
•	FIGUEIREDO, Marina Vieira de. Lançamento tributário: revisão e seus efeitos São Paulo: Noeses. Capítulo 4.
•	HORVATH, Estevão. Lançamento tributário e “autolançamento”. São Paulo: Quartier Latin. 
•	MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). São Paulo: Dialética. Capítulo 6.
•	SILVA, Renata Elaine. Curso de decadência e de prescrição no direito tributário – regras do direito e segurança jurídica. São Paulo: Noeses. Livro I, Capítulo IV, item 4.4.
•	XAVIER, Alberto Pinheiro. Lançamento: teoria geral do ato administrativo, do procedimento e do processo tributário. São Paulo: Forense. §§ 1º, 2º e 3º do Capítulo IV, Parte VII; §§ 1º, 2º, 3º e 6º do Capítulo II, Parte I.
•	Artigo: "Mudança de critério jurídico pela administração tributária", de Mauritânia Mendonça, in XIX Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. 
•	Artigo: “Vícios formais e materiais no lançamento tributário, de Regis Fernandes de Oliveira”, in VIII Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. São Paulo: Noeses. 
•	•	Artigo: “Crédito tributário, lançamento e espécies de lançamento”, de Maria Rita Ferragut, in Curso de especialização em direito tributário – homenagem a Paulo de Barros Carvalho, coord. Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de Janeiro: Forense.
•	Artigo: “O controle de legalidade dos lançamentos que requalificam fatos”, de Karem Jureidini Dias, in VIII Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. 
•	Artigo: “A incidência da norma jurídica – O cerco da linguagem”, de Gabriel Ivo, Revista de Direito Tributário n. 79.
•	Artigo: “Lançamento por homologação – decadência e pedido de repetição”, de Paulo de Barros Carvalho, Repertório IOB de Jurisprudência, 1ª quinzena de fevereiro de 1997, n. 3/97, Caderno 1.
•	Parte II do Livro Extinção do Crédito Tributário. Homenagem ao Professor José Souto Maior Borges. Belo Horizonte: Ed. Fórum.
•	Artigo: “Da distinção entre vício material e formal no lançamento tributário e a jurispru dência do CARF”, de Mauritânia Elvira de Souza Mendonça, in XXI Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET.
Anexo I
Súmula n. 59 do CARF
A tributação do lucro na sistemática do lucro arbitrado não é invalidada pela apresentação, posterior ao lançamento, de livros e documentos imprescindíveis para a apuração do crédito tributário que, após regular intimação, deixaram de ser exibidos durante o procedimento fiscal.
Anexo II
AIIM
	SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DA FAZENDA
COORDENAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
DIRETORIA EXECUTIVA DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
AUTO DE INFRAÇÃO E IMPOSIÇÃO DE MULTA
	3ª Via Infrator
	
	
	NÚMERO
5050505
	DC
5
	
	DRT(C)
II
	PF(C)
333 – MORUMBI
	TELEFONE
(11)0000-0000
	ENDEREÇO DO POSTO
Rua da Paz, 159
	MUNICÍPIO
São Paulo
	LAVRATURA – LOGRADOURO
Rua dos Guararapes, 330
	DATA
02/03/2023
	HORA
16h
	INFRATOR – NOME
Bate o Pé Indústria e Calçados Ltda.
	I.E.
000.000.000.000
	CGC/RG/CPF
99.999.999/0001-00
	CNAE
88888-8/88
	ATIVIDADE
Fabricação de Calçados
	ENDEREÇO (RUA, AVENIDA, PRAÇA)
Rua dos Sapateiros
	Nº
230
	Complemento
Cj. 03
	BAIRRO OU DISTRITO
Itambé
	MUNICÍPIO
Itapopoca
	UF
SP
	CEP
15015-015
	RELATO DA INFRAÇÃO – CAPITULAÇÃO DA INFRAÇÃO E DA MULTA (APÓS O RELATO DE CADA ITEM)
I – INFRAÇÃO RELATIVAS AO PAGAMENTO DO IMPOSTO
1. Deixou de pagar o imposto de R$ 23.230,08 (vinte e três mil, duzentos e trinta reais e oito centavos) no dia 26/04/2019, referentes à saída de mercadorias (operações tributadas à alíquota de 18%), mas consideradas como não tributadas, sendo que os documentos fiscais do período foram emitidos e escriturados regularmente, conforme abaixo demonstrado:
DATA VALOR DA DIF. ICMS DEVIDO
16/04/2019 R$ 129.056,00 R$ 23.230,08
INFRINGÊNCIA: arts 112 e 52 do RICMS (Decreto 45.490/2000).
Art. 52 - As alíquotas do imposto, salvo exceções previstas nos artigos 53, 54 e 55, são (Lei 6.374/89, art. 34, caput, com alterações da Lei 10.619/00, arts. 1°, XVIII, e 2°, IV, § 1°, 4, e § 4°, Lei 6.556/89, art. 1°, Lei 10.991/01, art. 1°, Resoluções do Senado Federal n° 22, de 19-05-89 e n° 95, de 13-12-96): 
I - nas operações ou prestações internas, ainda que iniciadas no exterior, 18% (dezoito por cento);
(...)
Artigo 112 - O imposto apurado na forma do artigo 87 e declarado nos termos dos artigos 253 a 258, observado o disposto no artigo 566, poderá ser recolhido sem os acréscimos legais, tais como a multa prevista no artigo 528 e os juros de mora, até o dia indicado no Anexo IV (Lei 6.374/89, art. 59).
	CAPITULAÇÃO DA MULTA: art. 85, I, alínea “c”, c/c §§ 1ºda Lei nº 6.374/89.
Art. 85 - O descumprimento das obrigações principal e acessórias, instituídas pela legislação do Imposto sobre Operações Relativas a Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, fica sujeita às seguintes penalidades:
I - infrações relativas ao pagamento do imposto;
c) falta de pagamento do imposto nas seguintes hipóteses: emissão e/ou escrituração de documento fiscal de operação ou prestação tributária como não tributada ou isenta, erro na aplicação da alíquota, na determinação da base de cálculo ou erro na apuração do valor do imposto, desde que, neste caso, o documento tenha sido emitido e escriturado regularmente - multa equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor do imposto;
(...)
Parágrafo 1° - A aplicação das penalidades previstas neste artigo deve ser feita sem prejuízo da exigência do imposto em auto de infração e das providências necessárias à instauração da ação penal cabível, inclusive por crime de desobediência.
Continuação
2. O débito fiscal fica sujeito a juros de mora nos termos do art. 96 da Lei 6.374/89, na redação dada pela Lei 10.619/00, de 19/07/00.
3. A situação acima descrita poderá ser comunicada ao Ministério Público para providências penais (Portaria CAT – 05, de 17/01/2000).
4. O Auto de Infração e Imposição de Multa permanecerá no PFC – 333, sito na Rua da Paz, 159, São Paulo/SP, aguardando a fluência do prazo regulamentar para o pagamento ou apresentação de defesa.
TOTAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO POR ESTE AUTO CONFORME “DEMONSTRATIVO DO DÉBITO FISCAL” ANEXO
	IMPOSTO
R$ 23.230,08
	CORREÇÃO 
MONETÁRIA
	JUROS DE MORA
R$ 2.555.31
	MULTA
R$ 11.615,04
	TOTAL
R$ 37.400,43
	RECEBI A 3ª VIA E CÓPIAS DE DEMONSTRATIVOS 
E/OU DOCUMENTOS
EM 20/03/2023 Jonas da Silva
Autuado ou representante
	AFR
Lindomar Alberto Fechado
R.G. 99.999.999-9 SSP/SP
Anexo III
STJ - Súmula n. 436
A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.
(Súmula nº 436,Primeira Seção, julgado em 14/4/2010, DJe de 13/5/2010.)
Anexo IV
REsp n. 1.764.790
TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. SENTENÇA TRABALHISTA QUE É EM SI TÍTULO EXECUTIVO. ART. 114, INC. VIII, DA CF/1988. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. PRAZO DECADENCIAL.
1. Na origem, trata-se de Ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica Tributária cumulada com Pedido de Repetição de Indébito ajuizada pela recorrente, que alega a incompetência da Justiça do Trabalho para constituir os créditos tributários relacionados às Contribuições Previdenciárias incidentes sobre as verbas reconhecidas em Reclamatórias Trabalhistas após 5 (cinco) anos do mês da efetiva prestação de serviços.
2. A parte recorrente alega violação dos arts. 489, § 1º, e 1.022, I, do CPC/2015; 22, I, e 43, § 2º, da Lei 8.212/1991; 113, 114, 116, 142, 150, § 4º, e 173, I, do CTN. Sustenta: "[...] o acórdão, ao defender que 'a autoridade responsável pelo lançamento e cobrança de contribuições previdenciárias relacionadas a verbas reconhecidas no âmbito da Justiça do Trabalho, advindas de reclamatórias trabalhistas, é a autoridade judicial', concluindo que 'quem constitui o crédito é o Magistrado do Trabalho', viola frontalmente o previsto no CTN sobre o que é a obrigação tributária (art. 113), o que é o fato gerador da obrigação principal (art. 114) e a quem compete constituir o crédito tributário (art. 142)".
3. Não se configura a alegada ofensa aos arts. 489, § 1º, IV e VI, e 1.022, II, parágrafo, II, do CPC/2015, uma vez que o Tribunal a quo julgou integralmente a lide e solucionou, de maneira amplamente fundamentada, a controvérsia, em conformidade com o que lhe foi apresentado.
4. O Superior Tribunal de Justiça entende que a sentença proferida pela Justiça do Trabalho, ao condenar o empregador a cumprir obrigação trabalhista e recolher as verbas a ela relacionadas, também reconhece uma obrigação tributária, consistindo a própria sentença no título que fundamenta o crédito. Precedentes: REsp 1.591.141/SP, Rel. Ministro Paulo De Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 5.12.2017, DJe de 18.12.2017; REsp 1.170.750/SP, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 27.8.2013, DJe de 19.11.2013; REsp 967.626/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 9.10.2007, DJe de 27.11.2008.
5. O Tribunal Superior do Trabalho, analisando a possibilidade de aplicação das regras previstas no CTN, relativas ao lançamento tributário, entende que "(...) não pode ser contado o prazo decadencial a partir do fato gerador (data da prestação do serviço) em relação ao crédito trabalhista reconhecido em sentença ou acordo.
Isso porque somente se verificou a constituição do crédito (lançamento) no momento da decisão, sendo o Magistrado do Trabalho a autoridade responsável por tal ato." (AIRR-1215-71.2011.5.04.0007, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 16.8.2019).
6. Também o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 569.056, sob a sistemática da repercussão geral, reconheceu que "o lançamento, a notificação e a apuração são todos englobados pela intimação do devedor para o seu pagamento. Afinal, a base de cálculo é o valor mesmo do salário" (RE 569.056, Relator(a):  Min. MENEZES DIREITO, Tribunal Pleno, julgado em 11/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-236 DIVULG 11-12-2008 PUBLIC 12-12-2008 EMENT VOL-02345-05 PP-00848 RTJ VOL-00208-02 PP-00859 RDECTRAB v. 16, n. 178, 2009, p. 132-148 RET v. 12, n. 72, 2010, p. 73-85) 5. Recurso Especial não provido.
(REsp n. 1.764.790/SC, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 19/5/2020, DJe de 25/6/2020.)
Anexo V
Solução de Consulta Interna Cosit/RFB n. 08/2013
Data: 08/03/2013
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. ANULAÇÃO. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. VÍCIO FORMAL OU MATERIAL.
Mera irregularidade na identificação do sujeito passivo que não prejudique o exercício do contraditório não gera nulidade do ato de lançamento.
A ocorrência de defeito no instrumento do lançamento que configure erro de fato é convalidável e, por isso, anulável por vício formal.
Apenas o erro na subsunção do fato ao critério pessoal da regra-matriz de incidência que configure erro de direito é vício material.
Dispositivos Legais: arts. 10, 11 e 60 do Decreto n. 70.235, de 1972 Processo Administrativo Fiscal (PAF); arts. 142 e 173, II, da Lei n. 5.172, de 1966 Código Tributário Nacional (CTN).
Anexo VI
Parecer Normativo Cosit n. 8, de 03 de setembro de 2014
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. REVISÃO E RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO – DE LANÇAMENTO E DE DÉBITO CONFESSADO, RESPECTIVAMENTE – EM SENTIDO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. CABIMENTO. ESPECIFICIDADES. A revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, para reduzir o crédito tributário, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, no caso de ocorrer uma das hipóteses previstas nos incisos I, VIII e IX do art. 149 do Código Tributário Nacional – CTN, quais sejam: quando a lei assim o determine, aqui incluídos o vício de legalidade e as ofensas em matéria de ordem pública; erro de fato; fraude ou falta funcional; e vício formal especial, desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. A retificação de ofício de débito confessado em declaração, para reduzir o saldo a pagar a ser encaminhado à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional – PGFN para inscrição na Dívida Ativa, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. DOU 04/09/2014.
Anexo VII
AgRg no AI n. 1.261.087/RJ
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. IPTU. LANÇAMENTO COMPLEMENTAR. ACÓRDÃO QUE DEFINE PELA EXISTÊNCIA DE ERRO DE FATO E NÃO DE REVISÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO DO LANÇAMENTO. EXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA 7 DO STJ.
1. Trata-se originariamente de mandado de segurança em que se busca a anulação de cobrança de IPTU.
2. Entendimento deste Tribunal de que a mudança do lançamento tributário motivado por erro de direito é vedado pelo CTN. (Súmula 227/TFR).
3. Definiu o acórdão de origem, consubstanciado no conjunto fático-probatório dos autos, pela legalidade da revisão dos lançamentos de IPTU ao argumento de que não ocorreu alteração do critério jurídico do lançamento tributário, mas sim erro de fato no desdobramento das inscrições do imóvel objeto da lide, conforme decisão administrativa acostada ao processado.
4. A revisão do entendimento firmado pelo aresto de origem encontra óbice na Súmula n. 7 do STJ. No mesmo sentido: AgRg no REsp 685.772/MG, DJ de 17/10/2005, AgRg no AgRg no Ag. 1.136.182/SP, DJ de 10/12/2009.
5. Agravo regimental não provido.
(AgRg no Ag n. 1.261.087/RJ, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 16/12/2010, DJe de 2/2/2011.)
Anexo VIII
AgInt no REsp 1.690.397/SP
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. SUBSTITUIÇÃO DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA. VÍCIOS DECORRENTES DO PRÓPRIO LANÇAMENTO DA DÍVIDA. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO.
I - A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça está consolidada no sentido de que a Fazenda Pública, até a prolação da sentença de embargos à execução, pode substituir a certidão de dívida ativa para corrigir erro formal ou material, entretanto, quando os vícios decorrem do próprio lançamento da dívida, como acontece quando existe erro na indicação do sujeito passivo em virtude de sucessão empresarial, está vedada a substituição do título executivo, em conformidade com a súmula 392/STJ.
II - Agravo interno improvido.
(AgInt no REsp 1690397/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/02/2018, DJe 14/02/2018)
Anexo IX
CARF – Acórdão 9101-005.982
Número do Processo 19515.720865/2013-47
Contribuinte METALLICA INDUSTRIAL S/A
Tipo do Recurso RECURSO ESPECIAL DO PROCURADOR
Data da Sessão 11/02/2022
Relator(a) CAIO CESAR NADER QUINTELLANº Acórdão 9101-005.982
Ementa(s)
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano-calendário: 2008
NULIDADE. MATÉRIA QUE NÃO ESTÁ LIMITADA ÀS PREVISÕES DO ART. 59 DO DECRETO Nº 70.235/72. VIOLAÇÃO ÀS PRESCRIÇÕES DO ART. 142 DO CTN. LANÇAMENTO EFETUADO PELO LUCRO REAL QUANDO DEVERIA SE ADOTAR O LUCRO ARBITRADO. IDENTIFICAÇÃO DA MATÉRIA TRIBUTÁVEL E CÁLCULO DO MONTANTE DO TRIBUTO. CRITÉRIO JURÍDICO. IMPOSSIBILIDADE DE AJUSTE OU ALTERAÇÃO NOS TERMOS DO ART. 146 DO CTN. MANIFESTO VÍCIO INSUPERÁVEL.
A constituição do crédito tributário por meio de lançamento de ofício é primordialmente regulada pelo art. 142 do CTN, de modo que a violação das prescrições contidas em tal norma acaba por viciar o ato praticado pela Autoridade Tributária. Dessa forma, as causas de nulidade dos lançamentos de ofício não estão restritas apenas às previsões do art. 59 do Decreto nº 70.235/72.
Uma vez constatado ao longo do processo administrativo fiscal que, nos termos da legislação aplicável aos fatos colhidos, a apuração dos tributos devidos deveria ter sido procedida pelo regime do Lucro Arbitrado - ao invés do Lucro Real, como feito pela Fiscalização - não cabem ajustes ou alterações visando suprir tal mácula, padecendo o lançamento de ofício de insuperável nulidade.
Tendo, primeiro, valido-se a Administração Tributária de determinado critério legal na apuração do crédito tributário e, posteriormente, este mesmo componente jurídico é considerado improcedente ou indevido por meio de decisão administrativa, não se pode alterar tal elemento, ainda que defeituoso, da constituição dessa exigência fiscal no curso do contencioso administrativo, sob pena de violação direta do comando inserido no art. 146 do CTN.
A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução.
Anexo X
REsp 1.905.365
TRIBUTÁRIO. IPTU. LANÇAMENTO. REVISÃO QUANTO À TIPOLOGIA DO IMÓVEL. IMPOSSIBILIDADE. ERRO DE DIREITO. CARACTERIZAÇÃO.
1. A Primeira Seção, ao julgar o Recurso Especial Repetitivo n. 1.130.545/RJ, firmou o entendimento de que a retificação de dados cadastrais do imóvel, quando lastreados em fatos desconhecidos ou de impossível comprovação pela Administração Tributária por ocasião da ocorrência do fato gerador, permitem a revisão do lançamento do IPTU e a cobrança complementar do imposto, sendo certo que, nesse mesmo julgado também ficou assentado que, "na hipóteses de erro de direito (equívoco na valoração jurídica dos fatos), o ato administrativo de lançamento tributário revela-se imodificável, máxime em virtude do princípio da proteção à confiança, encartado no art. 146, do CTN". 
2. Hipótese em que o fisco instaurou processo administrativo de revisão de lançamento tendente a modificar a classificação do imóvel em razão da inadequada tipologia normativa considerada quando do lançamento original de IPTU - de "não-residencial, galpão" para "não residencial, prédios próprios para indústrias -, o que, in casu, resulta na aplicação de uma alíquota maior e, por conseguinte, na cobrança dessa complementação de crédito do imposto. 
3. Essa situação dos autos enquadra-se no denominado erro de direito, pois dentre as tipologias previstas na legislação local para imóveis não residenciais, o fisco, in concreto, "escolheu" a hipótese normativa que não é a mais adequada ao imóvel em questão, do modo que a revisão desse claro equivoco de critério jurídico somente pode surtir efeitos para fatos geradores futuros, consoante o que reza o art. 146 do CTN. 
4. Recurso Especial provido. 
(STJ; REsp 1.905.365 RJ; Primeira Turma; Rel. Min. Gurgel de Faria; Julg. 23/02/2021; DJE 03/03/2021)
image1.png
image2.jpeg
image3.jpeg
image4.jpg
image5.jpg

Mais conteúdos dessa disciplina