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Profa Claudia Brito § O sistema reprodutor masculino é responsável pela produção, maturação, transporte e deposição dos gametas masculinos (espermatozoides), além da síntese de hormônios androgênicos, principalmente testosterona. § Ele é formado por: • Gônadas (testículos) → produzem espermatozoides e testosterona; • Vias espermáticas → túbulos seminíferos, epidídimo, ductos deferentes e uretra; • Glândulas acessórias → vesículas seminais, próstata, bulbouretrais (dependendo da espécie); • Órgão copulador (pênis) → responsável pela ejaculação e deposição do sêmen. Espécie Posição dos testículos Glândulas acessórias Volume de sêmen Observação Bovino Escrotal pendular Vesiculares + Próstata + Bulbouretrais 5–8 mL Alta concentração espermática Equino Escrotal horizontal Vesiculares + Próstata + Bulbouretrais 60–120 mL Ejaculação rápida e volumosa Suíno Escrotal retrátil Vesiculares + Próstata + Bulbouretrais 150–300 mL Baixa concentração espermática Cão Escrotal pendular Próstata 5–25 mL Ejaculado fracionado Gato Escrotal subanal Próstata + Bulbouretrais 0,04–0,2 mL Pênis com espículas (induz ovulação) § Produção espermática (espermatogênese) — ocorre nos túbulos seminíferos; § Síntese de testosterona — pelas células de Leydig, sob estímulo do LH; § Maturação espermática — no epidídimo; § Produção de secreções acessórias — que formam o plasma seminal; § Comportamento e libido — modulados pelos andrógenos. Proliferação (ou período germinativo): • As espermatogônias se multiplicam por mitose, produzindo mais células para iniciar o processo. Crescimento (ou período de crescimento): • Os espermatócitos primários crescem em tamanho, duplicando seu DNA antes da meiose. Maturação (ou meiose): • Os espermatócitos primários sofrem a meiose I, resultando em dois espermatócitos secundários, que passam pela meiose II para formar quatro espermátides (células haploides). • Fase de Golgi: O complexo de Golgi se agrupa no topo do núcleo para formar o acrossomo, que contém enzimas para a fertilização. • Fase da cápsula: O acrossomo se move para a frente, cobrindo a cabeça do espermatozoide e as mitocôndrias se aglomeram na região intermediária, formando um anel para fornecer energia ao flagelo. • Fase da cauda: O flagelo é formado a partir dos centríolos e cresce para a parte posterior da célula. • Fase de maturação: O espermatozoide perde o excesso de citoplasma e se torna aerodinâmico, adquirindo as formas e estruturas necessárias para a motilidade e a penetração do óvulo. § Testículos § Células de Leydig: produzem testosterona sob estímulo de LH. § Células de Sertoli: suportam e nutrem os espermatozoides, secretam inibina e ABP (androgen binding protein). § Espermatogênese: § Ocorre nos túbulos seminíferos. § Duração aproximada: 62 dias no cão. § Etapas: espermatogônia → espermatócitos → espermátides → espermatozoides. § Espermiogênese: diferenciação final em espermatozoide. § Ativina § Origem: produzida principalmente pelas células de Sertoli (também pode ser secretada por hipófise e outros tecidos). § Funções no testículo: § Tem ação oposta à inibina: estimula a secreção de FSH pela hipófise. § Atua localmente (parácrina/autócrina) estimulando as células de Sertoli e favorecendo a espermatogênese. § ABP (Androgen-Binding Protein) § Origem: produzida pelas células de Sertoli sob estímulo de FSH. § Funções no testículo: § ABP se liga à testosterona e a mantém altamente concentrada no túbulo seminífero e epidídimo. § Essa alta concentração de testosterona é fundamental para a espermatogênese e maturação dos espermatozoides. § A DHT é formada pela ação da enzima 5α-redutase sobre a testosterona. § Essa enzima converte a testosterona em DHT, que é um andrógeno mais potente (cerca de 2 a 5 vezes mais ativo). § Tecidos-alvo periféricos: § Próstata § Pele § Pênis e prepúcio § No testículo: § Também ocorre em células de Sertoli e túbulos seminíferos, mas em menor intensidade, auxiliando na espermatogênese. § Diferenciação da genitália externa masculina no período embrionário. § Crescimento e manutenção da próstata. § Influência no comportamento sexual. § Alterações patológicas: excesso de DHT pode contribuir para hiperplasia prostática benigna (HPB) em cães idosos. Hormônio Fonte principal Ação/Função GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) Hipotálamo Estimula a hipófise a liberar LH e FSH (pulsátil). LH (hormônio luteinizante) Adeno-hipófise Estimula as células de Leydig a produzirem testosterona. FSH (hormônio folículo- estimulante) Adeno-hipófise Estimula as células de Sertoli → suporte à espermatogênese, secreção de inibina, ativina e ABP. Testosterona Células de Leydig Mantém libido, comportamento sexual, diferenciação sexual, espermatogênese (via Sertoli), feedback negativo no eixo HHG. DHT (di-hidrotestosterona) Conversão periférica de testosterona (5α- redutase) Potente andrógeno: diferenciação da genitália externa, crescimento da próstata, comportamento sexual. Estrógeno (E₂) Células de Sertoli (aromatização de andrógenos) Atua localmente no testículo e epidídimo → maturação espermática e modulação do ambiente intratesticular; em excesso pode causar feminilização. Inibina Células de Sertoli Feedback negativo seletivo sobre a hipófise → reduz secreção de FSH. Ativina Células de Sertoli Estimula secreção de FSH; age localmente favorecendo espermatogênese. ABP (Androgen Binding Protein) Células de Sertoli Liga-se à testosterona e mantém alta concentração dentro dos túbulos seminíferos → essencial para espermatogênese. AMH (hormônio anti- Mülleriano) Células de Sertoli (vida fetal e juvenil) Regressão dos ductos de Müller no macho; em adultos pode ser usado como marcador de função gonadal. Prolactina (PRL) Adeno-hipófise Modula receptores de LH nas células de Leydig, potencializando produção de testosterona. Cortisol (eixo HHA) Córtex adrenal Em estresse crônico pode inibir GnRH/LH/FSH, reduzindo fertilidade. § Na vida pós-natal: § Continua sendo produzido pelas células de Sertoli, mas em níveis muito menores após a puberdade. § Funções e utilidade clínica: § Marcador de função testicular: detecta presença de tecido testicular funcional. § Diagnóstico de criptorquidismo: cães/gatos criptorquidas mantêm níveis detectáveis de AMH, enquanto castrados não apresentam. § Auxílio no diagnóstico de tumores de células de Sertoli: alguns tumores secretam AMH em excesso. § Maturação e transporte § Epidídimo: local de maturação e armazenamento dos espermatozoides. § Cabeça: absorção de fluido testicular. § Corpo: maturação funcional. § Cauda: armazenamento e mobilização no momento da ejaculação. A espermatogênese só ocorre adequadamente quando a temperatura testicular é de 2°C a 6°C abaixo da temperatura corporal central. Exemplo: • Bovinos: temperatura corporal ≈ 38,5°C → testicular ≈ 33°C–35°C. • Equinos: diferença semelhante. • Cães e gatos: diferença de 2°C–3°C. § O superaquecimento testicular (por febre, inflamação, trauma ou ambiente quente) pode causar degeneração testicular e redução da motilidade e morfologia espermática. Mecanismo Estrutura envolvida Função fisiológica Observações por espécie ESCROTO Pele fina e pigmentada com glândulas sudoríparas e sebáceas Evaporação do suor e radiação de calor Muito eficiente em bovinos e equinos; menos em suínos MÚSCULO CREMÁSTER Músculo esquelético que envolve o cordão espermático Eleva ou abaixa os testículos conforme a temperatura ambiente Reação rápida e reflexa TÚNICA DARTOS Camada muscular lisa da pele escrotal Contrai em frio (reduz área exposta) e relaxa no calor (aumenta superfície de troca) Atua de forma lenta e sustentada PLEXO PAMPINIFORME Rede de veias que envolve a artéria testicular Troca contracorrente de calor: o sangue arterial quente é resfriado pelo sangue venoso frio que retorna dos testículosPrincipal mecanismo interno de resfriamento SUDORESE E VASODILATAÇÃO ESCROTAL Glândulas sudoríparas e vasos superficiais Aumentam a perda de calor por evaporação e radiação Estímulo simpático mediado por temperatura ambiental COMPORTAMENTO Afastar-se de superfícies quentes, adotar posição em pé Minimiza acúmulo de calor no escroto Observado especialmente em bovinos sob estresse térmico O hipotálamo detecta a temperatura corporal e regula reflexos térmicos escrotais: • Calor: relaxamento do músculo dartos e do cremáster + vasodilatação. • Frio: contração do dartos e do cremáster + vasoconstrição. Esse controle é involuntário e visa manter a temperatura testicular constante. § Bovinos e ovinos: muito dependentes da regulação escrotal; alta sensibilidade ao calor. § Equinos: excelente eficiência do plexo pampiniforme. § Suínos: testículos menos pendulares →maior suscetibilidade à infertilidade por calor. § Cães: mecanismo moderado; dependem mais da ventilação corporal geral. § Gatos: eficientes; escroto pequeno, mas bem vascularizado.