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DEFINIÇÃO Apresentação da cronologia de irrupção dos dentes temporários e suas características morfológicas e análise comparativa com seus correspondentes na dentição permanente. PROPÓSITO Compreender a cronologia de irrupção dentária e a importância da manutenção dos dentes temporários na prática clínica. Reconhecer os aspectos morfológicos naturais para restaurações dentárias na dentição temporária. PREPARAÇÃO Conhecer a nomenclatura básica empregada em anatomia dentária e as características morfológicas da dentição permanente. MÓDULO 1 Reconhecer o período de irrupção dentária dos diferentes elementos dentários da dentição temporária Reconhecer o período de irrupção dentária dos diferentes elementos dentários da dentição temporária Garoto mostra seus dentes de leite restantes. Fonte: Joep Zander and released under GFDL. Frank/ Wikimedia Fonte: Joep Zander and released under GFDL. Frank/ Wikimedia. CRONOLOGIA DE IRRUPÇÃO DA DENTIÇÃO TEMPORÁRIA Você sabia que os humanos, assim como a maioria dos mamíferos, apresentam duas dentições ao longo da vida e por isso são classificados como difiodontes? A primeira dentição começa a se formar ainda no útero, por volta da 14ª semana de gestação, e é conhecida como dentição temporária, decídua, primeira dentição, dentes de leite ou dentes caducos. Temos um total de 20 dentes temporários, compostos de dois incisivos centrais, dois incisivos laterais, dois caninos, dois primeiros molares e dois segundos molares em cada arco dentário, superior e inferior. SAIBA MAIS Na dentição temporária, os pré-molares e os terceiros molares estão ausentes. Surgirão na segunda dentição, ou dentição permanente, acompanhando o crescimento dos arcos dentários que irá prover espaço para os 32 dentes permanentes. IRRUPÇÃO DENTÁRIA O termo mais empregado atualmente para o surgimento dos dentes na cavidade oral é “irrupção”. INCISIVOS CENTRAIS Os primeiros dentes temporários a irromper na cavidade oral são os incisivos centrais inferiores, por volta dos 8 meses. Seguidos pelos incisivos centrais superiores, por volta dos 10 meses. INCISIVOS LATERAIS Em sequência, irrompem os incisivos laterais superiores e inferiores, aos 11 e 13 meses respectivamente. SEGUNDOS MOLARES Os primeiros molares dos dois arcos dentários irrompem antes dos caninos, por volta de 16 meses. CANINOS Seguidos pelo canino superior aos 19 meses e o canino inferior aos 20 meses. SEGUNDOS MOLARES Os últimos dentes temporários a surgir na cavidade oral são os segundos molares, o inferior aos 27 meses e o superior aos 29 meses. ATENÇÃO É importante ressaltar que a idade de irrupção apresentada é um tempo médio que pode sofrer variações de pessoa para pessoa. RIZÓLISE E ESFOLIAÇÃO A fase da dentição temporária se estende aproximadamente dos 30 meses aos 6 anos de idade, quando inicia a irrupção dos dentes permanentes. A substituição dos dentes temporários pelos seus respectivos permanentes ocorre pela reabsorção fisiológica das raízes dos dentes temporários chamada rizólise, até resultar em sua queda, também fisiológica, conhecida como esfoliação. Apenas os molares temporários não são substituídos por dentes similares permanentes, pois em seu lugar irrompem os pré-molares permanentes. Já os molares permanentes irrompem em posição posterior aos molares temporários, sem substituir qualquer dente. Uma menina de 7 anos cujos dentes de leite incisivos caíram, sendo parcialmente substituídos já são dentes permanentes. Fonte: Foto di Giovanni Dall'Orto - Obra do próprio Fonte: Shutterstock Uma menina de 7 anos cujos dentes de leite incisivos caíram, sendo parcialmente substituídos já são dentes permanentes. Fonte: Foto di Giovanni Dall'Orto - Obra do próprio Fonte: Foto di Giovanni Dall'Orto - Wikipedia FASE DA DENTIÇÃO MISTA Durante o período de 6 a 11 ou 12 anos, quando ocorre a esfoliação do último dente temporário, temos a chamada fase da dentição mista. Neste período, dentes permanentes e temporários convivem no arco dentário. CUIDADOS COM A DENTIÇÃO TEMPORÁRIA A perda precoce dos dentes decíduos por cárie ou trauma causa sérias consequências ao desenvolvimento da oclusão dentária, pois pode levar à falta de espaço no arco dentário para os dentes permanentes que irão substituí-los. Os processos infecciosos por cárie ou traumatismos também podem causar alterações morfológicas na coroa dos dentes permanentes que ainda estão em formação sob as raízes dos dentes temporários. Portanto, é muito importante que o profissional de odontologia oriente corretamente os pais quanto à necessidade de cuidar dos tentes temporários de seus filhos. VÍDEO Assista ao vídeo com o especialista dando orientações de como prevenir doenças/inflamações nos dentes temporários. TEORIA NA PRÁTICA 1. Você sabe quais dentes permanentes irrompem sem que ocorra a esfoliação de dentes decíduos? a) Os pré-molares permanentes b) Os molares permanentes c) Os caninos permanentes d) Os incisivos permanentes RESOLUÇÃO b) Os molares permanentes Os molares permanentes irrompem em uma posição posterior aos molares temporários. MORFOLOGIA DOS INCISIVOS TEMPORÁRIOS Em termos gerais, os incisivos temporários possuem aspecto similar ao dos incisivos permanentes, porém com volume reduzido, correspondendo a cerca de 1/3 de seu tamanho. O incisivo central superior é o maior dos incisivos temporários, enquanto o central inferior é o menor. Portanto, há uma ordem decrescente de tamanho para os incisivos superiores; enquanto para os inferiores, esta ordem é crescente. Faremos agora uma análise das características anatômicas das coroas dos incisivos temporais por meio da observação de cada uma de suas faces. VESTIBULAR Mantém o formato trapezoidal de base maior incisal, característico de seus sucessores permanentes. O incisivo central temporário é o único incisivo das duas dentições que apresenta o diâmetro mésio-distal predominando sobre o cérvico-incisal. O lateral já apresenta o cérvico- incisal predominante, sendo sua coroa menor do que a do central. Os incisivos inferiores temporários não apresentam predomínio tão nítido do diâmetro cérvico-incisal, conforme observamos nos incisivos inferiores permanentes. A face vestibular dos incisivos temporários é levemente convexa em todas as direções e sua superfície é bastante lisa, o que torna difícil identificar sulcos de desenvolvimento ou linhas de imbricação. A convexidade cervical normalmente é bem acentuada, com uma forte constrição na junção amelo-cementária. E como podemos identificar se os incisivos temporários pertencem ao quadrante esquerdo ou direito? Isto é facilmente resolvido pela observação de algumas características morfológicas. As bordas proximais convergem para o colo, sendo a distal mais convergente e mais convexa que a mesial. Entretanto, nos inferiores, esta diferença é bem discreta. O bordo incisal apresenta inclinação distal, que é mais acentuada no lateral do que no central superior. Nos inferiores esta característica está presente apenas no lateral, também de forma bem discreta. O ângulo disto-incisal é mais arredondado que o mésio-incisal, característica também mais acentuada no lateral superior do que no central. Quanto aos inferiores, o central apresenta os dois ângulos incisais nítidos, enquanto o lateral apresenta leve arredondamento do disto- incisal. Estes aspectos morfológicos são semelhantes aos observados em seus sucessores permanentes. Fonte: Autor Incisivo central superior temporário esquerdo. Fonte: Autor Incisivo lateral superior temporário esquerdo. Fonte: Autor Incisivo central inferior temporário esquerdo. Fonte: Autor Incisivo lateral inferior temporário esquerdo. FACE LINGUAL Se face lingual possui formato semelhante ao da face vestibular, de que forma diferimos essas duas faces? Tanto no incisivo central quanto no lateral decíduo, diferentemente da face vestibular, observamos a presençado cíngulo no terço cervical da coroa. Nos incisivos temporários superiores, este volume é maior do que o observado nos incisivos permanentes. Nos terços médio e incisal, está presente a fossa lingual, delimitada por cristas marginais que são bem nítidas nos superiores. As faces proximais convergem para a lingual, o que resulta em uma menor dimensão da face lingual em relação à vestibular. Fonte: Autor Incisivo central superior temporário esquerdo. Fonte: Autor Incisivo lateral superior temporário esquerdo. Fonte: Autor Incisivo central inferior temporário esquerdo. Fonte: Autor Incisivo lateral inferior temporário esquerdo. FACES PROXIMAIS As duas faces proximais, mesial e distal, são muito semelhantes. Percebemos o formato geométrico triangular típico dos incisivos. Esta característica é importante para a função de corte atribuída a este grupo de dentes. Observando estes dentes por proximal, podemos constatar a acentuada convexidade do terço cervical vestibular e da região do cíngulo, sendo mais acentuada nos superiores do que nos inferiores. Apesar disso, o diâmetro cérvico-incisal predomina sobre o vestíbulo-lingual. Está em dúvida de qual é a face vestibular e qual é a face lingual numa visualização proximal? É fácil. A face lingual tem os terços médio e incisal côncavos e a vestibular tende a ser plana nesta região. Fonte: Autor Incisivo central superior temporário esquerdo. Fonte: Autor Incisivo lateral superior temporário esquerdo. Fonte: Autor Incisivo central inferior temporário esquerdo. Fonte: Autor Incisivo lateral inferior temporário esquerdo. VISUALIZAÇÃO INCISAL Nesta visualização, observamos o contorno convexo das faces vestibular e lingual no sentido mésio-distal, assim como a convergência das proximais para lingual formando um cíngulo estreito com discreto desvio para distal. Observamos também o predomínio do diâmetro mésio- distal sobre o vestibulo-lingual, que é bem mais evidente no incisivo central. Fonte: Autor Incisivo central superior temporário esquerdo. Fonte: Autor Incisivo lateral superior temporário esquerdo. Fonte: Autor Incisivo central inferior temporário esquerdo. Fonte: Autor Incisivo lateral inferior temporário esquerdo. RAIZ Os incisivos temporários são unirradiculares. Suas raízes são longas, correspondem a cerca de 2/3 do comprimento total do dente, e possuem o ápice desviado para a vestibular, provendo espaço para o alojamento e o desenvolvimento da coroa do seu sucessor permanente, que se forma por lingual na altura do terço apical da raiz. Veja novamente e compare cada uma das faces dos incisivos temporários: INCISIVO CENTRAL SUPERIOR TEMPORÁRIO ESQUERDO Fonte: Autor Vista Vestibular. Fonte: Autor Vista lingual. Fonte: Autor Vista distal. Fonte: Autor Vista incisal. INCISIVO LATERAL SUPERIOR TEMPORÁRIO ESQUERDO Fonte: Autor Vista Vestibular. Fonte: Autor Vista lingual. Fonte: Autor Vista distal. Fonte: Autor Vista incisal. INCISIVO CENTRAL INFERIOR TEMPORÁRIO ESQUERDO Fonte: Autor Vista Vestibular. Fonte: Autor Vista lingual. Fonte: Autor Vista distal. Fonte: Autor Vista incisal. INCISIVO LATERAL INFERIOR TEMPORÁRIO ESQUERDO Fonte: Autor Vista vestibular. Fonte: Autor Vista lingual. Fonte: Autor Vista distal. Fonte: Autor Vista incisal. TEORIA NA PRÁTICA 2. Conforme visto até agora, qual dos incisivos temporários não possui o ângulo disto incisal arredondado? a) Incisivo central inferior b) Incisivo central superior c) Incisivo lateral superior d) Incisivo lateral inferior RESOLUÇÃO a) Incisivo central inferior O incisivo central inferior apresenta tanto o ângulo mésio-incisal quanto o ângulo disto-incisal nítidos, da mesma forma como observamos para seu sucessor permanente MORFOLOGIA DOS CANINOS TEMPORÁRIOS O grupo dos caninos decíduos apresenta características semelhantes ao dos caninos superiores, porém com volume bem menor. COMO DISTINGUIMOS O CANINO SUPERIOR DO INFERIOR? RESPOSTA No canino superior temporário, temos os diâmetros mésio-distal e cérvico-incisal bem proporcionais, enquanto no inferior a coroa apresenta-se bem mais alongada no sentido cérvico-incisal. FACE VESTIBULAR Quando observamos os caninos por vestibular, identificamos logo o aspecto típico pentagonal, devido à presença da cúspide. Isso confere ao bordo oclusal o formato de um “V”, bem mais acentuado do que observamos nos permanentes. Conseguimos diferenciar a distal da mesial do canino numa visualização vestibular? Sim, pelas arestas das cúspides, que seguem um padrão diferente para o superior e o inferior. Nos superiores, a aresta mesial é maior e mais inclinada do que a distal, o oposto do que observamos nos inferiores. Dessa forma, a cúspide do canino superior temporário desvia para a distal, ao contrário de seu correspondente permanente, enquanto a do inferior desvia para mesial de forma semelhante ao seu correspondente permanente. A presença de uma crista longitudinal vestibular torna esta face bastante convexa no sentido mésio-distal. Fonte: Autor Canino superior temporário esquerdo Fonte: Autor Canino inferior temporário esquerdo FACE LINGUAL Também podemos diferenciar facilmente a face vestibular da lingual nos caninos temporários, observando a presença de estruturas anatômicas típicas. Temos o cíngulo, que no canino superior é bastante volumoso e convexo, estendendo-se do terço cervical ao terço médio do dente, enquanto no inferior se restringe ao terço cervical. A partir do cíngulo, temos a fossa lingual côncava, dividida em duas pela crista longitudinal lingual, e as cristas marginais que se estendem em direção ao bordo oclusal. Nos caninos inferiores, estas estruturas anatômicas são bem mais discretas do que nos superiores. Fonte: Autor Canino superior temporário esquerdo Fonte: Autor Canino inferior temporário esquerdo FACES PROXIMAIS Também temos uma forma anatômica triangular em uma visualização proximal. Mas qual a diferença em relação aos incisivos decíduos? Nos caninos, observamos o contorno convexo da face vestibular e lingual da região do cíngulo bem mais volumoso do que nos incisivos temporários, especialmente no canino superior, que chega a apresentar o diâmetro vestíbulo- lingual superior ao cérvico-oclusal. Fonte: Autor Canino superior temporário esquerdo Fonte: Autor Canino inferior temporário esquerdo VISUALIZAÇÃO OCLUSAL Nesta visualização, conseguimos observar a acentuada convexidade mésio-distal da coroa devido à presença das cristas longitudinais, em especial na face vestibular. Observamos também a convergência das faces proximais para lingual em direção ao cíngulo, que se encontra centralizado ou levemente desviado para distal. Fonte: Autor Canino superior temporário esquerdo Fonte: Autor Canino inferior temporário esquerdo RAIZ Os caninos temporários também são dentes unirradiculares. Suas raízes são longas e cônicas, em especial a dos superiores, com desvio vestibular e distal, devido à presença do germe dentário do seu sucessor permanente localizado pela lingual. Veja novamente e compare cada uma das faces dos caninos temporários: CANINO SUPERIOR TEMPORÁRIO ESQUERDO autor Vista Vestibular. Fonte: Autor Vista lingual. Fonte: Autor Vista distal. Fonte: Autor Vista oclusal. CANINO INFERIOR TEMPORÁRIO ESQUERDO Fonte: Autor Vista Vestibular. Fonte: Autor Vista lingual. Fonte: Autor Vista distal. Fonte: Autor Vista oclusal. TEORIA NA PRÁTICA 3. Com relação à posição da cúspide dos caninos temporários, podemos afirmar que: a) Segue a mesma posição dos caninos permanentes. b) Segue posição inversa a dos caninos permanentes. c) Apenas a inferior difere do canino permanente. d) Apenas a superior difere do canino permanente. RESOLUÇÃO d) Apenas a superior difere do canino permanente. O canino superior temporário possui a cúspide distalizada,enquanto o canino superior permanente possui a cúspide mesializada. Tanto o canino inferior temporário quanto o permanente possuem a cúspide mesializada. MORFOLOGIA DOS MOLARES TEMPORÁRIOS VOCÊ LEMBRA DE QUAIS DENTES SUBSTITUEM OS MOLARES TEMPORÁRIOS? RESPOSTA Se você respondeu que são os pré-molares, acertou. Os molares permanentes irrompem antes da esfoliação dos molares temporários, e sua manutenção no arco dentário é de grande importância para que haja espaço adequado para o posicionamento dos pré-molares. Por isso, o diâmetro mésio distal destes molares é superior ao dos pré-molares que vão substituí-los. Esta diferença de tamanho contribui para a formação do chamado “leeway space” ou “espaço livre de Nance”, que garante o correto alinhamento dos pré-molares no arco dentário. Ao contrário do que observamos nos molares permanentes, os primeiros molares temporários são menores do que os segundos molares. Observamos também que os segundos molares possuem características anatômicas bem semelhantes às dos primeiros molares permanentes, enquanto os primeiros molares temporários possuem uma anatomia única. Além do mais, conforme vimos, para os outros dentes temporários, os molares temporários são bem menores que os molares permanentes e apresentam acentuada constrição na região do colo anatômico. FACE VESTIBULAR A face vestibular dos molares temporários possui forma trapezoidal de base maior oclusal, com a borda distal menor e mais convexa que a mesial. Este formato não é diferente do observado para a face vestibular dos molares permanentes. O diâmetro mésio-distal predomina sobre o cérvico-oclusal em todos os molares. Fonte: Autor Primeiro molar superior. No primeiro molar superior, observamos a presença de duas cúspides vestibulares pouco definidas, sendo a mésio-vestibular consideravelmente maior do que a disto vestibular. Separando estas cúspides, há um sulco ocluso-vestibular curto que se origina na face oclusal. A face vestibular deste dente é convexa na região cervical, onde observamos um maior volume próximo ao ângulo mésio-vestibulo-cervical que forma o tubérculo molar — tubérculo de Zuckerkandl pela antiga nômina anatômica Com relação ao primeiro molar inferior temporário, observamos uma forte inclinação da face vestibular em direção à lingual a partir da convexidade cervical. Também observamos próximo ao ângulo mésio-vestibulo-cervical a presença do tubérculo molar. Há duas cúspides vestibulares, sendo a mésio vestibular maior que a disto vestibular. Entretanto, não é comum observarmos um sulco ocluso-vestibular invadindo esta face. Fonte: Autor Primeiro molar inferior. E quanto aos segundos molares temporários? Conforme comentamos, apresenta muita semelhança com os primeiros molares permanentes. Fonte: Autor Segundo molar superior. Na face vestibular do segundo molar superior temporário, temos a presença de duas cúspides, sendo a mésio vestibular discretamente maior do que a disto-vestibular. Já no segundo molar inferior, observamos três cúspides de volumes bastante semelhantes. Em ambos os dentes, existem os sulcos ocluso-vestibulares na junção entre as cúspides, sendo um no superior e dois no inferior. Fonte: Autor Segundo molar inferior. FACE LINGUAL Fonte: Autor Primeiro molar superior. A face lingual do primeiro molar superior temporário é menor e mais convexa do que a vestibular. Está presente uma única cúspide lingual, que é a mais volumosa do que o dente possui. Eventualmente um sulco pode se estender de dentro da fossa proximal distal e invadir a face lingual, delimitando uma pequena cúspide disto-lingual. O primeiro molar inferior temporário também apresenta a face lingual menor e mais convexa do que a vestibular, entretanto temos duas cúspides bem definidas, sendo a mésio-lingual maior do que a disto-lingual. Um sulco ocluso-lingual curto está presente invadindo esta face. Fonte: Autor Primeiro molar inferior. Com forma anatômica semelhante aos primeiros molares permanentes, os segundos molares decíduos possuem duas cúspides linguais. Lembram-se do tubérculo anômalo (ou de Carabelli pela antiga nômina anatômica)? Ele também está presente sobre a superfície lingual da cúspide mésio-palatina do segundo molar superior temporário. Fonte: Autor Segundo molar superior temporário esquerdo Fonte: Autor Segundo molar inferior temporário esquerdo FACES PROXIMAIS As faces proximais dos molares temporários possuem o mesmo aspecto trapezoidal, desta vez com a base maior cervical, que observamos nos molares permanentes. Temos o predomínio do diâmetro vestibulo-lingual sobre o cérvico-oclusal. Verificamos também que a face mesial é maior do que a face distal para todos os dentes deste grupo. Tanto a face vestibular quanto a lingual são convexas, e nos inferiores a vestibular apresenta forte inclinação para a lingual, especialmente no primeiro molar. Também podemos observar o volume do tubérculo molar no terço cervical vestibular, quando observamos os primeiros molares temporários por mesial. Fonte: Autor Primeiro molar superior temporário esquerdo Fonte: Autor Segundo molar superior temporário esquerdo Fonte: Autor Primeiro molar inferior temporário esquerdo Fonte: Autor Segundo molar inferior temporário esquerdo VISUALIZAÇÃO OCLUSAL Fonte: Autor Primeiro molar superior. Quando observamos a face oclusal do primeiro molar superior, constatamos a convergência das faces proximais para a lingual, que por consequência é menor do que a face vestibular, conferindo um aspecto trapezoidal. Percebemos ainda o predomínio do diâmetro vestibulo- lingual sobre o mésio-distal. O sulco principal separa as duas cúspides vestibulares da cúspide lingual. Observamos também as duas fossas proximais, e na distal origina-se o sulco intercuspídico ocluso-vestibular. Quando este dente apresenta duas cúspides linguais, o sulco intercuspídico ocluso-lingual também se origina nesta mesma fossa proximal. A cúspide lingual é a maior deste dente, seguida pela mésio-vestibular e pela disto-vestibular. Quando a cúspide disto- lingual está presente, ela é a de menor tamanho. Já no primeiro molar inferior, temos o predomínio do diâmetro mésio-distal sobre o vestibulo- lingual. A face lingual também é menor do que a vestibular, e, portanto, temos as proximais convergindo para lingual. O formato anatômico desta face é elíptico, com um sulco principal separando as cúspides vestibulares das linguais. Deste sulco principal, que termina em duas fossas proximais, temos os sulcos intercuspídicos ocluso-vestibular e ocluso-lingual, separando as cúspides mesiais das distais. Como as cúspides mesiais são maiores do que as distais, estes sulcos encontram-se distalizados. Há outra característica anatômica importante na face oclusal deste dente: a ponte de esmalte, que liga as vertentes oclusais da cúspide mésio-vestibular com as da mésio lingual. Fonte: Autor Primeiro molar inferior. Segundo molar superior. Conforme já comentamos, a face oclusal do segundo molar superior temporário é bastante semelhante à do primeiro molar superior permanente. Portanto, observamos o mesmo formato losangular, com predomínio do diâmetro vestibulo-lingual sobre o mésio-distal. Também está presente a crista oblíqua, que forma a ponte de esmalte entre as cúspides mésio-palatina e disto vestibular, tornando o sulco principal descontínuo. Temos a mesma ordem de tamanho de cúspides do primeiro molar superior, sendo a mésio- palatina a maior, seguida pela mésio-vestibular, disto-vestibular e disto-palatina. O sulco ocluso lingual se origina na fossa proximal distal e segue inclinado em direção à face lingual. Já o sulco ocluso-vestibular encontra-se distalizado, originando-se na fossa central e seguindo em direção à face vestibular. E quanto ao segundo molar inferior temporário? Ele é pentacuspidado, é uma réplica de menores dimensões do primeiro molar inferior permanente. Entretanto, diferentementedo que ocorre com o seu similar permanente, sua maior cúspide é a disto-lingual, seguida da mésio- lingual, mésio-vestibular, médio-vestibular e disto-vestibular. Observamos o sulco principal sinuoso em formato de “M” ou “W”, além das cinco fossas oclusais, duas proximais e duas centrais, de onde se originam os dois sulcos ocluso-vestibulares e o sulco ocluso-lingual, de forma semelhante ao que observamos no primeiro molar inferior permanente. Fonte: Autor Segundo molar inferior. RAIZ Os molares inferiores são birradiculares, com uma raiz mesial e outra distal mais volumosa. Já os superiores são trirradiculares, com uma raiz palatina maior e mais volumosa e duas vestibulares, com a distal de menor dimensão. Estas características seguem o padrão anatômico dos molares permanentes, entretanto as raízes dos molares temporários são mais divergentes entre si, permitindo alojar o germe dentário dos pré-molares permanentes entre elas, além de possuir um bulbo radicular bastante reduzido. Veja novamente e compare cada uma das faces dos molares temporários: PRIMEIRO MOLAR SUPERIOR TEMPORÁRIO ESQUERDO Fonte: Autor Vista Vestibular. Fonte: Autor Vista lingual. Fonte: Autor Vista distal. Fonte: Autor Vista oclusal. SEGUNDO MOLAR SUPERIOR TEMPORÁRIO ESQUERDO Fonte: Autor Vista Vestibular. Fonte: Autor Vista lingual. Fonte: Autor Vista distal. Fonte: Autor Vista oclusal. PRIMEIRO MOLAR INFERIOR TEMPORÁRIO ESQUERDO Fonte: Autor Vista Vestibular. Fonte: Autor Vista lingual. Fonte: Autor Vista distal. Fonte: Autor Vista oclusal. SEGUNDO MOLAR INFERIOR TEMPORÁRIO ESQUERDO Fonte: Autor Vista Vestibular. Fonte: Autor Vista lingual. Fonte: Autor Vista distal. Fonte: Autor Vista oclusal. TEORIA NA PRÁTICA 4. Com relação aos molares temporários, podemos afirmar que: a) Contribuem para o espaço livre de Nance. b) Os primeiros molares temporários possuem anatomia semelhante aos primeiros molares permanentes. c) Os superiores são pentacuspidados. d) Apresentam ordem decrescente de tamanho, do primeiro para o segundo molar. RESOLUÇÃO a) Contribuem para o espaço livre de Nance. A soma do diâmetro mésio-distal dos molares temporários é maior do que a soma do mesmo diâmetro dos pré-molares permanentes, o que contribui para a formação do espaço livre de Nance. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A FASE DE DENTIÇÃO TEMPORÁRIA SE ENCERRA COM QUE IDADE? A) Aos 30 meses B) Entre 11 e 12 anos C) Aos 6 anos D) Por volta de 8 meses 2. A PONTE DE ESMALTE PODE SER OBSERVADA EM QUAIS MOLARES TEMPORÁRIOS? A) Primeiros molares superiores B) Segundos molares inferiores C) Apenas nos segundos molares superiores D) Nos primeiros molares inferiores e nos segundos molares superiores GABARITO 1. A fase de dentição temporária se encerra com que idade? A alternativa "C " está correta. A fase da dentição temporária se encerra com a irrupção do primeiro molar permanente aos 6 anos de idade, quando se inicia a dentição mista. 2. A ponte de esmalte pode ser observada em quais molares temporários? A alternativa "D " está correta. A ponte de esmalte pode ser observada unindo as cúspides mésio-vestibular e mésio-lingual dos primeiros molares inferiores temporários, assim como a cúspide mésio-palatina e disto- vestibular dos segundos molares superiores temporários. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Vimos como são importantes os dentes decíduos apesar de seu caráter temporário. Agora podemos analisar com segurança as diferenças anatômicas e funcionais entre dentes permanentes e temporários de forma a interpretar os padrões normais de irrupção e desenvolvimento dos arcos dentários para o diagnóstico clínico. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS CANTISANO, W; PALHARES, W R; SANTOS, H J dos. Anatomia dental e escultura. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987. COSTA, C.Apontamentos de anatomia para o estudante de odontologia. São Paulo: Phorte, 2014. NELSON, S.J.; ASH, Major M. Wheeler: anatomia dental, fisiologia e oclusão. São Paulo: Elsevier, 2012. PICOSSE, M. Anatomia dentária. 4. ed. São Paulo: Sarvier, 1990. RASHMI, G S. Textbook of dental anatomy, physiology and occlusion. 1. ed. New Delhi: Jaypee Brothers Medical Publishers, 2014. SCHEID, R C; WEISS, G. Woelfel’s dental anatomy. 8. ed. Philadelphia: Wolters Kluwer/Lippincott Williams & Wilkins, 2012. SERRA O D; FERREIRA, F V. Anatomia Dental. 3. ed. Artes Médicas, 1981. VIEIRA, G. F. et al. Atlas de anatomia de dentes decíduos. São Paulo: Santos, 2011. EXPLORE+ Pesquise no Youtube o vídeo “Morfologia dos dentes decíduos”. Para saber mais sobre a sequência e cronologia de irrupção dentária dos dentes decíduos em crianças, leia o artigo: “Sequência e cronologia de irrupção dentária dos dentes decíduos em crianças do município de Itajaí”. CONTEUDISTA Heraldo Elias Salomão dos Santos CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0);