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~ Tópicos para a Prova de Psicanálise – Melanie Klein ~ 1. Conceito de Introjeção e Projeção Projeção -Trata-se de um mecanismo de defesa primitivo. -Está presente na Posição Esquizoparanóide. -O bebê projeta partes de si mesmo que considera indesejáveis ou perigosas (agressividade, ódio, instintos destrutivos) em um objeto externo, neste caso, o seio materno. -É um mecanismo de defesa psíquico fundamental, onde o indivíduo projeta no ambiente externo conteúdos de si mesmo, como impulsos, desejos ou características que não consegue aceitar. A fim de não aceitar tais ansiedades internas. -Ao projetar essas partes ruins, o bebê sente que está livrando seu próprio ego delas. Mas ao mesmo tempo, o objeto parra a ser visto como algo perigoso e hostil devido a essa “contaminação” de qualidades negativas projetadas pelo próprio. -Em resumo, o bebê projeta no seio as partes de si que lhe são ameaçadoras. Ex: mordiscar o seio, chorar descontroladamente. Ex em Adultos: descontar a raiva dando um tapa ou sendo ofensivo com uma pessoa que não está relacionada a causa de tal sentimento. Curiosidades: -Quanto mais íntimo um sujeito for de um objeto, maior será a projeção. -Geralmente os analistas são grandes alvos dessa projeção. Introjeção -É oposto ao conceito de projeção, também trata-se de um processo inconsciente. -O são essenciais para o desenvolvimento da sua identidade. -Trata-se da criação de figuras internalizadas que são fundamentais para seu senso de identidade. -Isso ajuda a formar um ego primitivo, mais ainda muito dependente do objeto introjetado. -Pode acontecer tanto para a figura de um “seio bom” quanto para a internalização de figuras negativas. Ex: Uma “visão danosa” de uma filha para seu pai a influenciará na sua percepção da figura masculina. Assim, devido a essa introjeção, existirá uma gigantesca probabilidade dela procurar, de forma inconsciente, por um parceiro que seja igual a seu pai. 2. “Cisão” ou Sphitting -Também trata-se de um mecanismo de defesa primitivo, encontrado predominantemente na Posição Esquizoparanóide. -Trata-se da divisão de um objeto em partes boas e partes más, para o sujeito lidar com suas angústias internas. -Para lidar com sua ansiedade avassaladora, o bebê utiliza desse mecanismo dividindo o objeto em duas partes: O Seio Bom: É o seio que alimenta, que satisfaz, que é percebido como bom e amado. O Seio Mau: É o seio que frustra, que retrata a insatisfação, gerando-lhe frustração, que é percebido como mau, perigoso e odiado. -Tal divisão age como uma forma de proteger o ego do seio mau, garantindo que o seio bom permaneça puro e intacto. -O bebê fragmenta o objeto por não possuir um ego estruturado o suficiente para lidar com suas frustrações. -É a visão bipartida e obliterada do objeto, em dois extremos, pois ele não é capaz de entender que o mesmo objeto pode representar ambos. 3. Identificação Projetiva -É um mecanismo de defesa. -Acontece quando uma pessoa projeta partes de si mesma (sentimentos, pensamentos, impulsos) em outra pessoa, como se fizesse o outro absorver estes conteúdos. -Refere-se ao controle relacional para manipular o outro para evitar a frustração e o abandono. -Funciona da seguinte forma: O sujeito sente algo difícil de suportar (raiva, inveja, medo, desejo), então ele projeta isso no outro, como se inconscientemente dissesse para si “isso não é algo meu, é seu”. Assim, o outro pode começar a sentir ou agir de acordo com aquilo que lhe foi projetado, carregando o peso desse conteúdo. Ex: A pessoa transfere para o outro seus conteúdos, e este passa a sentir aquilo que lhe foi projetado. Ex2: Alguém restringe o acesso de outra pessoa a si mesmo, levando o analista a perceber e compartilhar de seu desconforto. 4. Fantasias Inconscientes relacionadas a infância primitiva “Na infância primitiva, o bebê vive em um mundo de fantasias inconscientes, onde os objetos (como o seio materno) são sentidos como bons ou maus.” “Complementa a fantasia com o real” -As Fantasias Inconscientes são cenários internos, que acontecem dentro da mente sem que a pessoa perceba conscientemente. Elas expressam desejos, medos e conflitos internos, especialmente ligados às primeiras relações da vida. -Elas surgem imediatamente após o nascimento, moldando o desenvolvimento. -A vida corporal é o ponto central dessas fantasias. -Elas dão forma mental às pulsões e moldam como a pessoa interpreta e reage ao mundo externo. -Em resumo, tratam-se de cenários internos automáticos, formados por desejos e emoções, que organizam a forma como o indivíduo percebe a si mesmo e os outros, desde os primeiros momentos da vida. Ex: Um bebê sente fome e frustração porque não tem o seio da mãe naquele momento. No inconsciente, pode surgir a fantasia de um “seio mau” que o priva, ou de um “seio bom” que o alimenta. Essas fantasias ficam registradas e continuam influenciando como ele lida com as relações no futuro. → É importante frisar que, para Melanie Klein, o bebê vive intensamente tanto as fantasias inconscientes quanto a identificação projetiva, por não conseguir diferenciar totalmente o que é “de dentro” e o que é “de fora”. → Essas fantasias são formas primitivas de dar sentido às experiências internas de prazer e desprazer. Organizando a forma como o bebê vê o mundo, se ele se sente amado, protegido, atacado ou abandonado. 5. Posição Esquisoparanóide e Posição Depressiva Posição Esquizoparanóide: -Caracterização: Visão fragmentada do objeto e viver em ansiedade persecutória (perseguindo o objeto, no caso, o seio) -Nessa fase, o bebê vê a realidade de forma fragmentada. Ele vê o mundo em forma dividida, por um lado aquilo que é gratificante e por outro o que é ruim e lhe geram frustração, sem integração. -Ele não consegue integrar a ideia de que um objeto pode ser bom e mau a mesmo tempo. Ex: quando a mãe o alimenta = boa/gratificante quanto a mãe não o alimenta = má/frustrante -O Esquizo Paranoide tem uma natureza narcisista. -Mecanismos de defesa predominantes: Cisão e Projeção (dividir e 2 extremos, bom e mau / colocar no outro aquilo que sente de ruim) -Essa posição de uma visão fragmentada da realidade ajuda o bebê a lidar com a angústia intensa nos primeiros contatos do mundo. Como seu ego ainda está em formação, ele ainda não é capaz de compreender que nenhum objeto é 100% bom ou 100% ruim. Posição Depressiva: -Nessa posição, o bebê começa a integrar, ou seja, perceber que a mãe “boa” e a mãe “má” são a mesma pessoa. -Isso lhe gera uma ambivalência, um amor e ódio dirigidos ao mesmo objeto. -Surge a preocupação em acabar destruindo um objeto que se ama por conta da raiva. -Ele percebe que o mesmo objeto pode ser amado e odiado, gerando culpa, mas também possibilitando relações mais ricas e realistas. -Emoção central: Surge a Culpa → O medo de perder objeto amado por causa da agressividade. -Essa fase tem a função de abrir caminho para o desenvolvimento da empatia, da reparação e das relações mais maduras. -O Ego começa a se integrar reconhecendo a prevalência… -Concepção mais global do objeto. -Nessa posição, o bebê vê que o objeto não pode ser 100% bom, assim vivenciando a culpa e perdendo a dualidade. -Caso o bebê rejeite o peito, pode ser um sinal de uma possível psicose, portanto, ele teria mais dificuldade em aderir-se a essa fase. Aspecto Posição Esquizoparanóide Posição Depressiva Idade Aproximada 0 a 4/6 meses A partir de 6 meses Visão do Objeto Dividido em “bom” e “mau” (sem integração) Visão Integrada: o mesmo objeto pode ser amado e odiado Mecanismos de Defesa Cisão, Projeção, Idealização, Identificação Projetiva Integração, Introjeção e Reparação Emoções Predominantes Medo de perseguição, ansiedade paranoide (medo de ser atacado pelo “objeto mau”) Culpa, tristeza, ansiedade depressiva (medo de perder o objeto amado) Relação com o outro Vivida de forma fragmentada (parcial) Vivida de forma maisrealista (total) Função Psíquica Proteger o eu imaturo das angústias iniciais. Permitir relações maduras, baseadas em amor, empatia e reparação. 6. Conceito de Inveja e Voracidade Inveja -É um sentimento sempre destrutivo de que o outro possui algo bom e desejado, acompanhado do impulso de tirar ou destruir esse bem. -Após o sujeito desejar muito um objeto e perceber que não pode tê-lo, poderá vir um forte sentimento de inveja, e assim a vontade de destruir aquilo. -O bebê inveja o seio, pois este possui alimento, prazer e amor. Ou seja, tudo aquilo que ele deseja para si. -A inveja pode levar o bebê a fantasiar ataques contra o seio, destruindo-o, para que ninguém (nem ele, nem outro) possa usufruir dele. Voracidade -É um desejo intenso e insaciável de possuir, esgotar totalmente ou destruir o objeto invejado, visto que não pode tê-lo. -O bebê não apenas quer se alimentar, mas quer sugar tudo, sem deixar nada, como se pudesse apropriar-se dele. -A voracidade está ligada a uma incapacidade de reconhecer os limites do objeto e de gratificar-se de forma equilibrada. 7. As duas grandes contribuições de Melanie Klein para a Psicanálise 1. Análise de Crianças -Melanie Klein revolucionou a psicanálise ao usar o brincar como via de acesso ao inconsciente infantil. -Antes, a psicanálise era voltada quase que exclusivamente para os adultos, com foco na associaçaõ livre e interpretação de sonhos. Assim, as crianças também eram atendidas com bases nestes métodos. (Um “mine divã”) -Ela introduziu as brincadeiras como equivalente a associação livre nas crianças. -As crianças podem apresentar dificuldades em elaborar verbalmente seus conflitos internos, assim como os adultos. Portanto, através dos brinquedos, dos desenhos e da brincadeira simbólica, elas expressam suas fantasias, medos, desejos e ansiedades inconscientes. -Foi de grande importância na clínica por tornar possível o acesso ao inconsciente infantil de forma mais direta. -Ampliou a psicanálise para a infância, ajudando a compreender o desenvolvimento psíquico desde os primeiros anos. -Abriu caminho para a psicanálise de crianças como uma prática consistente, com técnica própria. 2. Compreensão do Psicótico -Na psicose, a autora mostrou que seus mecanismos derivam de processos psíquicos primitivos, tornando a compreensão e a abordagem terapêutica possíveis. - Antes, a psicanálise freudiana estava mais concentrada para as neuroses, com a histeria, as fobias e obsessões. Os quadros psicóticos eram vistos como de difícil ou impossível abordagem. - Mas, com a formulação das posições esquizoparanóide e depressiva, Melanie Klein trouxe uma compreensão mais profunda da estrutura psíquica pré-edípica. - Foi de importante por possibilitar o entendimento da lógica interna da psicose, não como um caos absoluto, mas como uma organização psíquica primitiva. -Assim, facilitando o trabalho terapêutico com pacientes psicóticos, permitindo abordagens psicanalíticas para estes quadros. -Além disso, abriu espaço para a ideia de que mesmo sujeitos psicóticos também podem ser tratados pela psicanálise. 8. Pulsão de Morte e Pulsão de Vida → Para Melanie Klein, a psique é um campo de batalha constante entre essas duas forças, e o desenvolvimento saudável depende do equilíbrio e da capacidade de reparar. → Ela retoma estes conceitos já elaborados por Freud, mas colocando no centro do desenvolvimento infantil, principalmente nos primeiros meses de vida. Pulsão de Morte → força destrutiva, ligada às ansiedades primitivas e fantasias persecutórias. -Desde o nascimento, o bebê é tomado por angústias primitivas ligada á pulsão de morte. -Se manifesta através da ansiedade persecutória (medo de ser atacado ou aniquilado) e das fantasias destrutivas contra os objetos (Ex: seio materno pode ser fantasiado como “mau”) -É a pulsão de morte que dá origem as defesas primitivas, como a cisão e a projeção. -Ela vê a pulsão de morte como uma força ativa desde o início da vida, e não apenas algo que surge depois. Pulsão de Vida → força integradora, ligada ao amor, reparação e preservação do objeto. -A pulsão de vida aparece como a força integradora que se opõe à destrutividade. -É expressada no desejo de amar (se vilcular, manter o objeto interno “bom” protegido), reparar os danos causados pela agressividade e de criar relações baseadas na confiança e no cuidado. -Ela permite que a criança vá aos poucos para a posição esquizoparanóide (cisão) para a posição depressiva (integração). → Para ela, a vida psíquica é o resultado da luta constante entre a pulsão de vida e a pulsão de morte. → Tal luta torna-se visível nas fantasias internas do bebê (proteger/destruir um objeto) e no desenvolvimento das relações objetais (amor e ódio dirigidos a mesma pessoa). → O equilíbrio relativo entre essas forças define a capacidade de o sujeito desenvolver-se de forma saudável ou cair em quadros mais graves (como psicoses). →Portanto, a essa teoria mostra que o ser humano já nasce marcado pela tensão entre amor e ódio, que a capacidade de reparação (pulsão de vida) é essencial para lidar com a destrutividade (pulsão de morte). →Além disso, mostra que o trabalho psicanalítico pode ajudar o sujeito a integrar essas forças, fortalecendo os vínculos de amor e diminuindo os efeitos da destrutividade. Extra: Ansiedade Persecutória e Ansiedade Depressiva Ansiedade Persecutória -Trata-se do medo primitivo de ser perseguido ou destruído por objetos externos, que na verdade são projeções da própria agressividade interna. -Está ligada a pulsão de morte e surge nos primeiros meses de vida. -O bebê projeta seus impulsos agressivos para fora e passa a sentir que o mundo (ou o “objeto mau”, como o seio materno frustrador) o persegue e ameaça. -É o medo de ser atacado, destruído ou aniquilado por esses objetos persecutórios. -Faz parte da posição esquizoparanóide -Serve como defesa inicial, mas se for muito intensa pode prejudicar o desenvolvimento psíquico. Ansiedade Depressiva -Surge quando o bebê entra na posição depressiva e ocorre por ele começar a perceber que o objeto amado e o objeto odiado tratam-se do mesmo objeto. -Isso gera-lhe culpa e tristeza, um medo de sua agressividade e ódio possam destruir o objeto amado. -Diferente da persecutória, aqui o foco está no medo de perder ou danificar o objeto amado. -Essa ansiedade leva ao desejo de reparação, ou seja, de proteger, cuidar e preservar o objeto. Gabrielly de O. Nascimento Caso haja alguma observação, favor entrar em contato.