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A G R O N O M IA - U F A L B O L E T IM I N F O R M A T IV O pág. 2 Conheça as principais cultivares de anonáceas cultivadas no Brasil e as novas cultivares que estão sendo desenvolvidas nos programas de melhoramento genético. Pág. 5 Conheça as principais pragas e doenças que são recorrentes nos cultivos de anonáceas pág. 4 Apresente uma sinopse sobre uma história na página 4. Personalize! ANONÁCEAS TECNOLOGIAS E INOVAÇÕES A família das annonaceae comportam uma gama diversificada de gêneros e espécies de plantas, a maioria dessas plantas são originárias de regiões tropicais e subtropicais e muitas dessas espécies tratam-se de frutíferas de grande importância econômica. No que concerne as frutíferas de valor econômico destacam-se: a) Graviola (Annona muricata L.); b) Pinha, Ata ou Fruta-do-conde (A. squamosa L.); c) Cherimólia (A. cherimola Mill.) e; d) Atemóia, um híbrido de (A. cherimolia x A. squamosa). (EMBRAPA, 2006, p. 7) AUTORES: ANA CARLA TEIXEIRA DA SILVA CICERA JAMYLE F. DOS SANTOS DANIEL BARBOZA DA SILVA ELOISA RAYANE DOS SANTOS FERNANDO KEVINNE F. SANTOS GEOVAN SOUZA BISPO IGOR LUAN VIEIRA DA SILVA JORDANA VIEIRA SILVA SOARES JOSÉ MARCOS M. DOS SANTOS LAURA DE MENEZES GONÇALVES LEONARDO ALVES MORAIS LUANA DOS SANTOS FERREIRA MARCOS VINÍCIUS N. DA SILVA NELSON EMANUEL DE MELO N. RUBÉNS EDUARDO DA SILVA A G R O N O M IA - U F A L B O L E T IM I N F O R M A T IV O PRINCIPAIS CULTIVARES GRAVIOLA De modo geral, não existem características botânicas e genéticas que definam uma cultivar de gravioleira. Na prática, os diversos tipos de gravioleiras são diferenciados pela forma, sabor e consistência dos frutos. No Brasil, são popularmente conhecidas as cultivares nordestinas ou crioulas, Morada, Lisa e Blanca. Valendo-se destacar a cultivar de graviola alagoana, a Gigante das Alagoas. Nordestina ou crioula: Variedade predominante no Nordeste brasileiro. Possui frutos cordiformes, pesando entre 1,5 e 3,0 kg, com polpa mole, doce a subácida. Morada: Fruto introduzido da Colônia, juntamente com os tipos Lisa e Blanca, apresenta frutos grandes (3 a 10kg), de forma redonda a cordiforme, polpa firme e sabor sub-ácido a ácido. É uma variedade tolerante ao ataque das brocas do fruto e do tronco, em relação aos outros tipos. A Morada é, pois, um dos tipos de gravioleiras mais indicados para exploração comercial, não só por sua elevada produção, como também pela sanidade e qualidade de seus frutos. Lisa: A variedade Lisa, assim como a do tipo Morada, corresponde a uma variação colombiana. trata- se de árvore de pequeno porte, atingindo em média de 4 a 6 metros. O fruto pode atingir tamanho médio de aproximadamente 20 cm e mais 80% do mesmo é composto de polpa. Quando maduro, a casca é verde-escura e a polpa é branca, ácida e bem aromática, com muitas sementes. Blanca: Caracteriza por ter frutos de casca lisa, polpa branca e sabor doce. A mesma é considerada uma cultivar precoce. Seus frutos apresentam um peso médio de 2,5 kg. Gigante das Alagoas: Variedade especial de graviola (Annona muricata L.) desenvolvida no estado de Alagoas. Conhecida por produzir frutos maiores que as variedades convencionais de graviola, podendo atingir até 15 Kg, em comparação com a média nacional de 10 Kg. O desenvolvimento da variedade gigante teve início há mais de 30 anos, em Arapiraca. Após a descoberta do potencial do fruto, mudas foram distribuídas para agricultores e interessados em reproduzir essa espécie diferenciada. A Graviola Gigante das Alagoas, desenvolvida na propriedade do engenheiro agrônomo Hibernon Cavalcante, na zona rural de Arapiraca, já é reconhecida em todo o país pelo tamanho excepcional de seus frutos, que superam em 50% o tamanho máximo registrado em livros da Embrapa. PRINCIPAIS CULTIVARES PINHA, ATA, FRUTA-DO-CONDE Algumas cultivares de pinha já são bastaste conhecidas como é o caso das pinhas FAO I, AP, FAO II, dentre outras. Todavia, algumas novas cultivares vem sendo desenvolvidas, dentre as quais pode-se citar: a Brazilian Seedless, Soft Stick e Kampong Mauve. Brazilian Seedless: Variedade mutante de pinha que produz frutos sem sementes. Soft Stick: Variedade mutante de pinha que apresenta frutos de tamanho maior que eu convencional. Os frutos da Soft Stick variam de 250 a 500 g. Kampong Mauve: Variedade de pinha que apresenta como característica diferencial a casca vermelha do fruto. Os mesmos variam de 136 e 398 g. PRINCIPAIS CULTIVARES CHERIMÓIA A cherimóia é cultivada principalmente no sudeste brasileiro. Dentre as novas variedades de cherimóia que foram desenvolvidas recentemente, pode-se citar a Fino de Jete. Fino de Jete: Originária da Espanha, é conhecida por seus frutos de tamanho médio a grande e seu sabor e aroma distintos.A polpa desta cultivar é incrivelmente cremos, suave e semelhante a um creme. Tem um sabor delicado e doce com notas sutis de sabores tropicais como Ananás, bananas e morango. Considerada por muitos como uma das variedades de anonas mais saborosas que existem. PRINCIPAIS CULTIVARES ATEMOIA As cultivares de atemoia mais plantadas no Brasil atualmente são Gefner e Thompson, que produzem frutos de tamanho médio a grande, com cerca de 450 a 500 g, e elevada concentração de açúcares. Já dentre as novas cultivares desenvolvidas pode-se citar: a Pink Mammoth e a African Pride. Gefner: Apresenta gomos de conformação mais pontiaguda e epiderme mais delicada. Sua polpa é mais consistente e de aparência translúcida. Exibe boa produtividade, bom vigor das plantas e relativamente tolerantes a doenças fúngicas. É mais produtiva em condições de altas temperaturas. Thompson: são mais arredondados e com aparência mais rústica. Sua polpa apresenta uma consistência mais cremosa e coloração branca. Assim com a cultivar Gefner, exibe boa produtividade, bom vigor das plantas e relativamente tolerantes a doenças fúngicas, porém é mais tolerante às geadas. Pink Mammoth: Desenvolvida na Austrália, conhecida por ser uma fruta grande e perfumada, doce e com poucas sementes. African Pride: Desenvolvida na Austrália, é valorizada por sua doçura e qualidade de frutos. MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS As anonáceas são vulneráveis a uma variedade de pragas e doenças que podem afetar seu desenvol- vimento e produção. Esses problemas fitossanitários podem comprometer tanto a qualidade quanto a quantidade de frutos, impactando negativamente os agricultores e consumidores. PRINCIPAIS PRAGAS Broca-do-fruto (Cerconota anonella): Uma das principais pragas que afetam as anonáceas. Trata-se de uma pequena mariposa cujas larvas se alimentam do interior dos frutos, causando danos significativos à produção. As larvas da broca perfuram os frutos, causando podridão e queda prematura, além de facilitar a entrada de fungos e bactérias, o que pode levar à deterioração dos frutos. O controle dessa praga envolve o uso de métodos preventivos, como a poda de galhos infestados, aplicação de inseticidas e uso de armadilhas para captura das mariposas adultas. Broca-da-semente (Bephratelloides pomorum): As fêmeas dessa praga depositam ovos nas sementes das frutas. As larvas emergentes se alimentam do interior das sementes, comprometendo sua viabilidade para germinação e desenvolvimento das plantas. Isso resulta em perdas na produção e qualidade dos frutos. Medidas de controle incluem inspeção rigorosa das sementes, tratamento com inseticidas e adoção de práticas culturais adequadas para minimizar a infestação. Broca-do-tronco (Cratosomus spp): As larvas destabroca se alimentam do tecido do tronco das plantas, comprometendo sua estrutura e causando danos significativos, o que pode levar à morte das plantas. Os sintomas incluem presença de serragem nos locais de entrada e saída das larvas, além de perfurações no tronco. O controle pode envolver a aplicação de inseticidas, remoção de partes afetadas da planta e adoção de práticas de manejo adequadas para reduzir a infestação. PRINCIPAIS DOENÇAS Podridão de raízes (Cylindrocladium clavatum): Esta doença ataca as raízes das plantas, causando apodrecimento e reduzindo a capacidade de absorção de água e nutrientes. Os sintomas incluem amarelecimento e murcha das folhas, além de morte prematura das plantas. O controle da Podridão de raízes envolve medidas preventivas, como o uso de mudas saudáveis e manejo adequado da irrigação para evitar o acúmulo de umidade no solo, além do tratamento com fungicidas quando necessário. Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides): A Antracnose, causada pelo fungo C. gloeosporioides, é uma doença comum nas anonáceas, como a graviola e a fruta-do-conde. Esta doença afeta principalmente os frutos, causando manchas escuras, lesões e podridão, o que reduz a qualidade e o valor comercial dos frutos. Em estágios avançados, as lesões podem se expandir, levando à deterioração completa dos frutos. O controle da Antracnose envolve medidas preventivas, como a poda de galhos infectados, manejo adequado da umidade e aplicação de fungicidas quando necessário. Podridão parda dos frutos (Rhizopus stolonifer): Essa doença geralmente ocorre em frutos maduros ou lesionados, principalmente em condições de alta umidade. Os sintomas incluem manchas aquosas que se tornam marrons e mofo branco em estágios avançados. A podridão se espalha rapidamente, resultando na deterioração completa dos frutos. O controle envolve práticas de manejo pós-colheita, como a remoção de frutos doentes e a implementação de medidas para reduzir a umidade durante o armazenamento e o transporte. POLINIZAÇÃO ARTIFICIAL A polinização artificial é uma técnica que visa aumentar a produção e a qualidade dos frutos de algumas plantas que apresentam baixa polinização natural, como é o caso da pinha, da graviola e da atemoia. Essas plantas embora anatomicamente perfeitas, apresentam dicogamia protogínica, ou seja, os órgãos femininos e masculinos amadurecem em momentos diferentes, impedindo a autofecundação. Embora seja um processo rela- tivamente simples de ser realizado, a polinização artificial das anonáceas demanda alguns cuidados que vão desde a escolhas das flores doadoras de pólen, até a deposição do mesmo na porção feminina das flores receptoras. Para realizar a polinização artificial dessas plantas faz-se necessário seguir alguns passos: I. Selecionar as flores que serão polinizadas, preferindo as que estão na base ou na parte média dos ramos, pois são mais vigorosas e produzem frutos maiores. II. Selecionar as flores que fornecerão o pólen, preferindo as que estão nas extremidades dos ramos, pois são mais expostas ao sol e têm maior quantidade de pólen. III. Coletar as flores doadoras de pólen no final da tarde, quando elas estão no estágio feminino, com cor creme ou amarelada. IV. Retirar as pétalas e colocar as flores em sacos de papel, em ambiente seco e arejado, para que o pólen amadureça durante a noite. V. Coletar o pólen das flores na manhã seguinte, retirando os estames com as anteras e colocando-os em um recipiente de vidro ou plástico. Agitar bem o recipiente para que o pólen se solte das anteras. VI. Polinizar as flores receptoras no período da manhã, quando elas estão no estágio masculino, com cor verde ou roxa. Para isso, faz-se preciso abrir as pétalas e introduzir um pincel fino nº 6, impregnado de pólen, no interior da flor, fazendo um movimento suave sobre o órgão feminino. Vale-se ressaltar que cada flor doadora de pólen pode polinizar de seis a oito flores receptoras. VII. Identificar as flores polinizadas com etiquetas, anotando a data e a fonte de pólen. VIII. Acompanhar o pegamento dos frutos, que ocorre cerca de dez dias após a polinização e a consequente formação dos frutos. IRRIGAÇÃO PRINCIPAIS MÉTODOS, VANTAGENS E DESVANTAGEM Existem diferentes tecnologias de irrigação que podem ser utilizadas no cultivo de anonáceas, que se diferenciam pelo método de aplicação, pela eficiência, pelo custo e pela adaptação às condições locais. As principais tecnologias são: Irrigação por superfície: Nesse método, a água é aplicada diretamente no solo, por meio de sulcos, faixas ou tabuleiros, que conduzem a água por gravidade até as plantas. Esse método é simples, barato e fácil de operar, mas apresenta baixa eficiência, pois há perdas por evaporação, infiltração e escoamento. Além disso, pode causar erosão, salinização e encharcamento do solo, prejudicando o desenvolvimento das plantas. Irrigação por aspersão: Nesse método, a água é aplicada no ar, por meio de aspersores, que simulam uma chuva artificial sobre as plantas. Esse método é mais eficiente, pois permite uma distribuição mais uniforme e precisa da água, além de possibilitar a fertirrigação, que é a aplicação de fertilizantes junto com a água. No entanto, esse método é mais caro, complexo e dependente de energia, e pode causar problemas como o molhamento das folhas e dos frutos, que favorece o aparecimento de doenças, e a deriva da água, que pode atingir áreas indesejadas. Irrigação localizada: Nesse método, a água é aplicada diretamente na zona radicular das plantas, por meio de gotejadores ou microaspersores, que liberam a água em pequenas quantidades e frequências. Esse método é o mais eficiente, pois permite uma economia de água e de energia, além de evitar o molhamento das partes aéreas das plantas, reduzindo o risco de doenças. Esse método também permite a fertirrigação, que pode ser mais precisa e efetiva. Porém, esse método é o mais caro, sofisticado e exigente de manutenção, pois requer sistemas de filtragem, controle e limpeza, para evitar o entupimento dos emissores. A escolha da tecnologia de irrigação mais adequada para o cultivo de anonáceas depende de vários fatores, como a disponibilidade e a qualidade da água, o tipo e a topografia do solo, o clima e a época do ano, a espécie e a variedade da planta, o sistema de plantio e de condução, o nível de tecnificação e de investimento, entre outros. Cada tecnologia apresenta vantagens e desvantagens, que devem ser avaliadas de acordo com as condições específicas de cada caso. SENSORIAMENTO REMOTO O sensoriamento remoto voltado ao cultivo de anonáceas tem como objetivo obter informações sobre o estado e o manejo dessas plantas, que produzem frutos de grande valor comercial. Para isso, são utilizados sensores acoplados comumente a drones, aviões ou satélites, que captam a radiação eletromagnética refletida ou emitida pelas plantas. Esses sensores podem operar em diferentes faixas do espectro eletromagnético, como o visível, o infravermelho e as micro- ondas. As informações obtidas pelo sensoriamento remoto podem ser processadas e analisadas por meio de técnicas matemáticas e computacionais, gerando produtos como imagens, mapas, índices e modelos. Essa tecnologias podem auxiliar na tomada de decisão e no manejo das culturas de anonáceas, permitindo, por exemplo: Estimar a área cultivada e o uso da terra, identificandoe mapeando as diferentes espécies e sistemas de produção. Estimar a produtividade e a biomassa das plantas, medindo a quantidade e a qualidade da vegetação. Avaliar o estado nutricional das plantas, detectando deficiências ou excessos de nutrientes. Monitorar o estresse hídrico das plantas, determinando a evapotranspiração e a necessidade de irrigação. Detectar o ataque de pragas e doenças, identificando sintomas e danos nas plantas. Prever o tempo de colheita e a qualidade dos frutos, estimando o estádio de maturação e o teor de sólidos solúveis. TECNOLOGIAS DESTINADAS A PÓS-COLHEITA Os frutos das anonáceas são classificados como frutos climatéricos, apresentando altas taxas de respiração durante seu processo de maturação, o que resulta em uma vida útil bastante limitada, sendo necessário o uso de novas tecnologias para sua conservação pós-colheita. Dentre as inovações que vêm sendo empregadas na conservação dos frutos na pós- colheita, encontra-se: Uso de atmosfera modificada, onde os frutos são armazenados em câmaras na quais as concentrações de oxigênio (O2), gás carbônico (CO2) e nitrogênio (N2) são diferentes daquelas encontradas na composição normal do ar ambiente, o que favorece uma menor taxa de respiração dos frutos e consequentemente a prolongação da sua vida útil. Uso de ceras naturais que evitam a perda de umidade dos frutos, reduzem a perda de massa e dão mais brilho às frutas. Uso de embalagens plásticas (filmes PVC, embalagem personalizadas e bandejas) que também evitam a perda de umidade dos frutos e promovem uma proteção extra contra danos mecânicos. Uso de técnicas de refrigeração, visto que, com a redução da temperatura ocorre a diminuição do metabolismo dos frutos, prolongando a pós- colheita destes. Estudos comprovam que a combinação dessas diferentes tecnologias de conservação tem efeitos positivos em prolongar a vida de prateleira de anonáceas como a graviola (LIMA et al.,2004; SILVA et al.,2001), atemóia (SILVA, et al., 2009) e pinha (SILVA et al., 2010). ANONÁCEAS: USO MEDICINAL Compostos químicos como acetogeninas, diterpenos, óleos essenciais, saponinas e alcaloides, encontrados nas raízes, folhas, frutos e sementes das anonáceas apresentam propriedades medicinais para diversas enfermidades. Pesquisas demostram que o extrato das raízes faz-se eficaz no tratamento de condições como disenteria, distúrbios psicológicos e doenças da medula espinhal, bem como, o chá derivado delas exibe propriedades purgativas. As folhas vêm sendo empregadas no tratamento de prolapso do ânus, exibindo também atividade laxativa moderada. Em relação aos frutos, foi identificado um composto químico, o 16 β, 17 ácido diidroxikauranóico, com potencial atividade anti-HIV. Nas sementes, estão presentes acetogeninas que desempenham ação anticancerígenas e saponinas que podem hemolisar as células vermelhas do sangue humano. ANONÁCEAS NO COMBATE AS PRAGAS As folhas, as raízes e as sementes das anonáceas apresentam propriedade inseticida, acaricida e nematicida, devido a presença de diversas substâncias do tipo acetogeninas. Sua ação é efetiva contra mosquitos do gênero Aedes, mariposas, moscas, besouros, ácaros e nematoides. Estas substâncias atuam de diversas maneiras, incluindo ação citotóxica e interferência na cadeia respiratória celular dos insetos. Dentre estas subistancia pode-se citar: a anonina, capaz de causar 70% de mortalidade de mosquitos da espécie Aedes aegypti em uma concentração de 10 ppm; a asimicina que mostra-se eficaz no controle de diversas espécies de insetos, ácaros e nematóides; e a escuamocina, que possue propriedades ovicidas e larvicidas, sendo eficaz no controle preventivo de pragas. Essas substâncias atuam mediante ingestão, inibindo o crescimento, oviposição e também atuando como repelentes. Podem ser extraídas das folhas, raízes e sementes em diferentes solventes como água, acetona, etanol, entre outros. REFERÊNCIAS CORDEIRO, Maria Cristina Rocha; PINTO, AC de Q.; RAMOS, Víctor Hugo Vargas. O cultivo da pinha, fruta-do- conde ou ata no Brasil. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2000. LEMOS, Eurico Eduardo Pinto de. A produção de anonáceas no Brasil. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 36, p. 77-85, 2014. MELO, Marcelo Rosa; POMMER, Celso Valdevino; KAVATI, Ryosuke. Polinização artificial da atemóia com diversas fontes de pólen comparada com a natural. Bragantia, v. 61, p. 231-236, 2002. MOSCA, José Luiz. Características botânicas das principais anonáceas e aspectos fisiológicos de maturação. José Luiz Mosca, Carlos Eliardo Barros Cavalcante, Tatiana Mourão Dantas. – Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2006. 28 p. QUEIROGA, Vicente de Paula. Pinha (Annona squamosa, L.): Tecnologias de plantio e utilização. 1ed. / Organizadores, Vicente de Paula Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes, Bruno Adelino de Melo, Denise de Castro Lima, Nouglas Veloso Barbosa Mendes, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Esther Maria Barros de Albuquerque. – Campina Grande: AREPB, 2023. SANTOS, Wellington dos M. Avaliação de crescimento e hídrica da cultura da pinha em Rio Largo, Alagoas. Dissertação ao colegiado do Curso de Pós-graduação em Agronomia e Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas – UFAL. Rio Largo: Alagoas, 2018. SHIRATSUCHI, Luciano Shozo et al. Sensoriamento Remoto: conceitos básicos e aplicações na Agricultura de Precisão. Bernardi, ACC; Naime, JM; Resende, AV; Bassoi, LH, p. 58-73, 2014. SILVA, S. E. L. da; GARCIA, T. B. A Cultura da gravioleira (Annona muricata L.). Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental. (Embrapa Amazônia Ocidental. Documentos, 4). 19p. 1999. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS ARAPIRACA CURSO DE AGRONOMIA FRUTICULTURA II ANONÁCEAS ARAPIRACA/AL 2024 ANA CARLA TEIXEIRA CICERA JAMYLE FAUSTO DOS SANTOS DANIEL BARBOZA DA SILVA ELOISA RAYANE DOS SANTOS FERNANDO KEVINNE FERREIRA SANTOS GEOVAN SOUSA BISPO IGOR LUAN VIEIRA DA SILVA JORDANA VIEIRA SILVA SOARES JOSÉ MARCOS MESSIAS LUANA FERREIRA LAURA DE MENEZES GONÇALVES LEONARDO ALVES MORAIS MARCOS VINÍCIUS NUNES DA SILVA NELSON EMANUEL DE MELO NASCIMENTO RUBENS EDUARDO DA SILVA FRUTICULTURA II ANONÁCEAS Trabalho apresentado a disciplina de fruticultura II, do curso de agronomia da universidade federal de alagoas como requisito parcial de nota. Prof.ª. Kênia Albuquerque ARAPIRACA/AL 2024 RESUMO: O presente artigo tem como objetivo central abordar a família botânica Annonaceae, com ênfase na diversidade de gêneros e espécies, muitas das quais são plantas frutíferas de relevância econômica, originárias de regiões tropicais e subtropicais. Destaca-se a análise detalhada da pinha (Annona squamosa), explorando aspectos morfológicos, fisiológicos e práticos relacionados a essa espécie. O artigo busca fornecer uma compreensão abrangente da Annonaceae, desde sua classificação até questões práticas como polinização, propagação e variedades, com o intuito de contribuir para o conhecimento e o aprimoramento das práticas agrícolas relacionadas a essas plantas. Palavras-chave: Annonaceae; Propagação; Variedades. ABSTRACT: The main objective of this article is to address the Annonaceae botanical family, with an emphasis on the diversity of generaand species, many of which are fruit plants of economic relevance, originating in tropical and subtropical regions. The detailed analysis of the custard apple (Annona squamosa) stands out, exploring morphological, physiological and practical aspects related to this species. The article seeks to provide a comprehensive understanding of Annonaceae, from its classification to practical issues such as pollination, propagation and varieties, with the aim of contributing to knowledge and the improvement of agricultural practices related to these plants. Keywords: Annonaceae; Propagation; Varieties. ANONÁCEAS A família das annonaceae comportam uma gama diversificada de gêneros e espécies de plantas, a maioria dessas plantas são originárias de regiões tropicais e subtropicais e muitas dessas espécies tratam-se de frutíferas de grande importância econômica. (EMBRAPA, 2006) No que concerne as frutíferas de valor econômico destacam-se: a) Graviola (A. muricata L.); b) Pinha, Ata ou Fruta-do-conde (A. squamosa L.); c) Cherimólia (A. cherimola Mill.) e; d) Atemóia, um híbrido de (A. cherimolia x A. squamosa). (EMBRAPA, 2006, p. 7) Em relação ao quantitativo de gêneros e espécies, existe um contraste entre estudos decorridos de algumas pesquisas, para a Embrapa (2006) a família anonácea detêm de 40 gêneros das quais três produzem frutos comestíveis, a saber: a) Annona; b) Rollinia e; c) Duguetia, no entanto, os estudos de Bailey, Crane e Campbell (1990) apontam que essa família comportam 46 gêneros e 500 a 600 espécies de árvores e arbustos, todos originários de regiões tropicais da Ásia, África e América. (EMBRAPA, 2006, p. 7) No entanto, também há na literatura pertinente ao assunto, registros de que a família annonaceae comportam plantas dicotiledôneas em um quantitativo de 120 gêneros e 2.300 espécies conhecidas, esse é o quantitativo aceito e defendido em nossos estudos. (BRASIL, 2013) No Brasil, apenas as espécies do gênero Annona são cultivadas comercialmente, sendo as mais importantes a graviola, para indústria de suco e polpa, e a fruta-do-conde, a cherimóia, a atemóia e a fruta-da-condessa, para consumo in natura Figura 1.0: Diferentes frutos da família Annonaceae. Fonte: Anonáceas/Normas de classificação, 2013, p. 3. Nesse sentido, a annona squamosa (pinha, ata ou fruta-do-conde) é (re-)conhecida como espécie frutífera paternal da atemóia originada dos países da América Central e México sendo muito difundidas no Oriente e nas Filipinas. No Brasil, esta foi introduzida na Bahia em 1626 pelo governador Diogo Luís de Oliveira, o conde de Miranda. (EMBRAPA, 2006, p.11) Dessa maneira, segundo os estudos da Embrapa (2006, p.11) e (2000, p. 7) a pinha é percebida como uma árvore baixa, com 4 a 6 metros de altura e muito ramificada. As folhas apresentam lâminas oblongo elípticas, de ápice obtuso ou acuminado e medindo de 5 a 15 cm de comprimento por 2 a 6 cm de largura, com coloração verde brilhante na página superior e verde azulada na página inferior. Figura 2.0: A ateira (pinha, fruto-do-conde ou ata). Fonte: https://loja.paraisodasarvores.com.br/fruta-pinha.html Esses estudos também apontam que a ateira detêm de flores compostas por três pétalas e três sépalas. Em relação as pétalas, estas são amarelo-verdosas por fora e amarelo e amareladas com uma mancha roxa na base. São observados na base do receptáculo da flor um conjunto de estames curtos de coloração amarela e, na parte superior uma grande quantidade de carpelos de coloração púrpura. (EMBRAPA, 2006 apud, MANICA, 1994) Vale salientar que, no que concerne a floração e processo de frutificação, as flores da ateira detêm de heterostilia monoicia protogínica, isso significa dizer que as partes femininas da flor amadurecem antes da parte masculina e abrigam flores unissexuais na mesma planta, daí para fins de produção econômica a importância da polinização manual. https://loja.paraisodasarvores.com.br/fruta-pinha.html Figura 3.0: As flores da ateira/ Flor aberta (antese). Fonte: LANDERMAN, Ildo E. TÉCNICAS DE CULTIVO DA PINHEIRA (FRUTA-DO-CONDE, ATA) Annona squamosa L. Artigo TÉCNICO Nº8, editor: Luiz Carlos Donadio/ Co-editora: Nicole Donadio, 2019, pp.14. No que concerne a descrição do fruto, Landermam (2019, p. 4) afirma que O fruto é do tipo baga, composto, cordiforme, redondo ou ovalado, medindo de 5 a 13 cm de diâmetro e peso entre 100 a 650 g, formado pela fusão de muitos carpelos simples. O fruto é composto de segmentos aderidos separadamente, os quais se projetam como protuberâncias arredondadas e que são facilmente separados quando os frutos estão maduros. A casca do fruto é verde-clara a verde-escura, dependendo da variedade e do estádio de maturação, e coberta no início do desenvolvimento por uma cera esbranquiçada. Em relação aos frutos, os estudos de Landermam (2019, p. 22) afirmam que ocorrem mudanças metabólicas existentes nos tecidos dos frutos da pinha, nesse sentindo esses estudos afirmam que esse processo se dá por atuação de algumas enzimas, em especial a peroxidase. Maturação e senescência, geralmente, ocorrem após a parada do crescimento e inclui uma série de processos de desorganização celular. Associado com a desintegração da membrana celular e com a hidrólise dos polissacarídeos da parede celular há aumento da respiração. Uma generalização plausível da senescência é que ela corresponde a um estado de oxidação dos tecidos, os quais podem estar na forma de acúmulo de peróxidos ou no aumento da atividade da lipoxigenase, resultando em lipídios hidroperóxidos. Este aumento de peróxidos e de radicais livres é, aparentemente, relacionado com aumento da atividade da peroxidase na senescência.(EMBRAPA, 2006, p. 24) Como foi observado, os processos inerentes a maturação e senescência estão intimamente relacionados as desorganizações celulares pelas quais condicionam desintegração da membrana celular e hidrólise dos polissacarídios da parede celular o que tem como consequência a intensificação da respiração. A oxidação dos tecidos podem assumir forma de acúmulo de peróxidos ou forma no aumento da atividade da lipoxigenase o que tem como consequência formação de lipídios hidroperóxidos. São justo os peróxidos e os radicais livres, o seu aumento, estão atrelados a atividade da peroxidase e esta na senescência. Entende-se a importância dos peróxidos, aquilo que os estudos de Arcuri (1999, p. 4) apontam Compostos químicos que contêm o grupo funcional peróxido (O-O). Eles são caracterizados pela presença de um átomo de oxigênio ligado a outro átomo de oxigênio por uma ligação simples. Os peróxidos são conhecidos por sua reatividade, especialmente em relação à oxidação de outras substâncias. Em sistemas biológicos, os peróxidos podem ser prejudiciais porque podem causar danos às células. Por exemplo, o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) pode ser tóxico em concentrações elevadas e é frequentemente usado como agente antimicrobiano. No entanto, em níveis controlados, os peróxidos também desempenham papéis importantes em processos biológicos, como na sinalização celular e na defesa contra agentes patogênicos. Nesse sentido, sua importância relacional ao fruto incidem cuidados na colheita e pós- colheita na medida em que O comando dos processos da atividade da peroxidase é um componente muito importante na conservação pós-colheita de frutos, pelo fato de a enzima ter ação relacionada ao escurecimento, participando de várias reações oxidativas. Durante a maturação dos frutos, os cloroplastos e a membrana dos tilacóides se desorganizam, levando à degradação da clorofila, tendo como efeito principal a perda de cor verde,processo este que não está claro mas, provavelmente, pode ser devido a uma série de fatores, entre eles, cita-se a ação da enzima peroxidase. (EMBRAPA, 2006, p. 24) Veja a seguir algumas características morfológicas da fruta pinha, Figura 4.0: Aspectos botânicos do fruto da ateira parte 1. Fonte: Anonáceas/Normas de classificação, 2013, p. 7. Figura 4.1: Aspectos botânicos do fruto da ateira parte 2. Fonte: Anonáceas/Normas de classificação, 2013, p. 7. No que concerne as sementes da pinha existe uma relação as formas de propagação, nesse sentido, as formas de propagação conhecidas podem se dá por assexuada e sexuada, na assexuada utilizam-se técnicas de enxertia e estaquia e na sexuada utilizam-se a polinização cruzada. Devido aos aspectos morfológicos e comportamentais das flores das ateira, sabe-se do processo de polinização manual ou artificial. A forma sexuada é a mais comum. Os estudos de Stenzel, Murata e Neves (2003, p. 305) afirmam que a forma de propagação mais indicada para as anonáceas é a enxertia, sendo que o porta-enxerto tem sido obtido por sementes. Porém, as sementes da pinha e também da atemóia apresentam algumas substâncias inibidoras do processo de germinação implicando na semente uma inércia quanto a dormência. Necessário é a utilização de técnicas superativas de celeridade na germinação, para essa finalidade verificou-se que o processo de escarificação em liquidificador por 5 segundos intermitentes e o desponte na região distal ao embrião e a imersão em vinagre por 15 minutos apresentam tanto aumento de taxas de germinação como velocidade de emergência na atemóia e na pinha. (STENZEL; MURATA e NEVES, 2003, p. 305) De todo modo, o trato com sementes para a semeadura da ateira ressalta cuidados quanto a procedência fitossanitária sendo que, para essa finalidade, sementes de qualidade para fins de semeadura devem ser utilizadas. Quanto a isso, recomenda-se a imersão da semente em água fria por 24 horas e após isso realizar processo de retirada e armazenamento adequados. Em relação a implantação da cultura, recomenda-se abertura da cova 40x40x40 cm e realização de adubação composta de 10 a 15 litros de esterco de curral + 250 g SS + 500 g Fosfato natural, soma-se a isso a recomendação de espaçamentos 4x4; 5x5; 5x6; 5x7; 6x6 m. Em relação as cultivares da pinha, sabe-se que existem as seguintes cultivares: a) Fao I; b) Fao II; c) Ap e; d) Ata de pitaguari. Segundo os estudos de Queiroga (2023, p. 60) a variedade de pinheira registrada no Brasil é a Brazilian Seedless, sem sementes. Conforme esses estudos apontam trata-se de uma pinha sem sementes devido a uma mutação somática natural pela qual foram encontradas tanto no Brasil como em Cuba, no que concerne sua identificação no Brasil, esta é chamada de Ata de pitaguari por ter sido encontrada pela primeira vez em Barreira vermelha no município cearense, apesar de ser uma fruta sem semente, vale salientar que esses mesmos estudos afirmam que esta não é boa para fins de produção comercial, tendo para essa finalidade as seguintes sugestões de variedades: a) IPA-18.2; b)IPA-17-2 e; c) IPA-17-3. Ainda com o autor supramencionado também sugere-se conforme tínhamos acima comentado as seguintes variedades: Pinha FAO I, Pinha AP e Pinha FAO II. Figura 5.0: Variedade Brazilian Seedless, sem sementes. Fonte: (QUEIROGA, 2023, p. 60 apud NASSAU et al. 2023) Nessa medida, Queiroga (2023, p. 61) recorre aos estudos de Lemos et al. (2010) para aludir que, Em Alagoas, no município de Palmeira dos Índios, foi observada uma interessante planta mutante com características morfológicas diferentes da cv. Crioula. Essa planta vem sendo clonada por enxertia na Universidade Federal de Alagoas desde o início dos anos 2000 e tem sido denominada de cv. Verdinha por apresentar como característica principal a coloração verde intensa de suas folhas e frutos (Figura 39). A coloração verde intensa pode estar associada a ausência de uma cobertura cerosa típica existente em folhas e frutos da cultivar tradicional Crioula. Esses estudos demonstram as plasticidades morfosiológicas que a pinheira detêm em relação as variações externas ambientais, daí seu sucesso em sua implantação em ambientes quentes como os da Região Nordeste. Nesse sentido, suas adaptações morfofisiológicas a diferentes ambientes são fascinantes. Em áreas semiáridas, como o agreste de Alagoas e os sertões de Pernambuco e da Bahia, a pinheira demonstra sua capacidade de resistir ao estresse hídrico. A cutícula serosa presente nas folhas é um exemplo de adaptação que ajuda a reduzir a transpiração e a evitar a desidratação, contribuindo assim para a produtividade da planta nessas regiões com pouca disponibilidade de água. Essa capacidade de adaptação da pinheira a diferentes ambientes é uma das razões pelas quais ela é uma cultura bem-sucedida em áreas com baixa precipitação. Figura 6.0: Genótipos distintos de Annona squamosa L. localizados na região de Palmeira dos Índios, Alagoas: cv. Crioula e cv. Verdinha (B). Fonte: (QUEIROGA, 2023, p. 60 apud LEMOS et al. 2008) Outra curiosidade pertinente as variedades da cv. Crioula e da cv. Verdinha residem nas características xeromórficas que tem como função reduzir a transpiração de água dos tecidos subepidérmicos. Apesar da ausência da cutícula serosa nas folhas da cv. Verdinha, esta falta parece não interferir no processo de crescimento e desenvolvimento da planta, assim como a formação das flores e dos frutos, pelo contrário, frutos dessa cultivar apresentam características superiores, e que tem chamando a atenção de pesquisadores. (QUEIROGA, 2023, p. 62) Figura 7.0: Frutos de pinheira mostrando diferentes tons de verde (a) cv. Crioula; (B) cv. Verdinha. Fonte: (QUEIROGA, 2023, p. 60 apud LEMOS et al. 2009) Figura 8.0: Frutos de pinheira: cv. Crioula (A) e cv. Verdinha (B), destacando diferenças na textura da casca dos frutos. Fonte: (QUEIROGA, 2023, p. 60 apud LEMOS et al. 2009) Observa-se que as características quanto a textura, composição e coloração dos tecidos dos frutos apresentam diferenças de forma que são características de identificação dessas variedades. Ao que parece, as mutações espontâneas trazem consigo a riqueza da variabilidade genética que é captada para fins de programas de melhoramento dos frutos, é o caso, a título de exemplo, da variedade Soft Stick (Tainung) de Taiwan, Para a técnica de produção em Taiwan, a polinização manual é comumente usada pelos produtores durante a produção da pinheira para obter uma boa forma e melhorar a taxa de vingamento dos frutos. Na década de 1980, a principal cultivar comercial era uma cultivar local com peso de 150-350 g. Na década de 1990, tornou-se popular uma cultivar 'Soft Sticks’', um mutante de uma cultivar local com um tamanho de fruta maior, cerca de 250-500 g. Enquanto isso, a Estação de Extensão Agrícola e de Pesquisa do Distrito de Taitung (Taiwan) desenvolveu algumas cultivares desde 2001, 'Taitung No.1', com um peso de fruta de 380-550 g, e 'Taitung No. 2' lançada em 2009, com um peso de fruta de 500-1.100 g; e 'Tainung No.3' foi lançado em 2013, com frutas pesando 400-850 g. Atualmente, ‘Taitung No. 2’ tornou-se a principal cultivar ocupando mais de 90% da produção em Taiwan. (QUEIROGA, 2023, p. 63) Outras variedades existentes como a Lessard Thai e Kampong Mauve no Sul da Flórida, a Lessard Thai “apresenta as características de casca verde com peso dos frutos que varia entre 227 e 454 g e a cultivar Kampong Mauve, de casca vermelha, com frutos de peso médio entre 136 e 398 g”. (QUEIROGA, 2023, p. 63) No Brasil, emPetrolina (PE), na Fazenda Boa Fruta produz-se e comercializa-se a pinha roxa, percebida na literatura de Queiroga (2023) como possível mutante. Figura 9.0: Cultivares de pinha 'Taitung No. 2' (esquerda) e 'Taitung No. 1' (direita). Fonte: (QUEIROGA, 2023, p. 63 apud LEE et al. 2018) Figura 10: Frutos de pinha da cv. Lessard Thai e pinha vermelha. Fonte: (QUEIROGA, 2023, p. 63 apud CRANE e UNIVERSITY FLORIDA) Parafraseando os estudos de Queiroga (2023) a variedade '‘Leahreese’' é uma cultivar de pinheira desenvolvida e selecionada na Universidade da Flórida, IFAS, Tropical Research and Education Center, em Homestead, Flórida. Essa variedade se destaca por suas excelentes características físicas e químicas, sendo bem adaptada às condições de solo e clima do sul da Flórida. Os frutos desta variedade, quando polinizados à mão, são grandes e simétricos, com excelente sabor e baixo teor de fibra. Em comparação com outras plantas e cultivares, os frutos da ‘leahreese’ são significativamente maiores, possuem um alto teor de açúcar (25,48 Brix) e uma alta porcentagem de polpa (50,43%). Isso se deve, em parte, à polinização manual, mas também foram observados frutos de qualidade comparável com polinização natural. Na maturidade, os frutos da ‘leahreese’ têm casca verde clara, com aréolas ligeiramente separadas e levemente delineadas em amarelo-esbranquiçado. Conforme o fruto amadurece, as aréolas continuam a se separar e a polpa amolece. A polpa é branca cremosa, com poucas células pétreas (esclereídeos), e contrasta com as sementes marrons. O sabor da polpa é doce, subácido e excelente. As frutas maduras podem ser armazenadas por 3 a 5 dias antes de perderem qualidade. Figura 11: (A) Árvores da cultivar ‘LeahReese’, (B) fruto dentro da árvore, (C) peso do fruto, (D) diâmetro longitudinal, (E) diâmetro transversal e (F) polpa com sementes. Fonte: (QUEIROGA, 2023, p. 63 apud CRANE et al. 2021) CULTIVARES No Brasil, são conhecidas as cultivares nordestinas, Fao (mexicana), Lisa, Morada e Blanca (cultivares colombianas e venezuelanas). Não existem características botânicas e genéticas que definam uma cultivar de gravioleira. Na prática, os diversos tipos de gravioleiras são diferenciados pela forma, sabor e consistência dos frutos: a) Quanto à forma: redonda, cordiforme (em forma de coração), oblonga ou angular; b) Quanto ao sabor: doces, sub-ácidos e ácidos; c) Quanto à consistência: frutos de polpa mole e sucosa e frutos de polpa firme e seca. Pode-se destacar algumas cultivares: Nordestina ou crioula: variedade predominante no Nordeste brasileiro. Possui frutos cordiformes, pesando entre 1,5 e 3,0 kg, com polpa mole, doce a sub-ácidos. Morada: Fruto introduzido da Colônia, junto aos tipos Lisa e Blanca, apresenta frutos grandes (3 a 10kg), de forma redonda a cordiforme, polpa firme e sabor sub-ácidos a ácido. É uma variedade tolerante ao ataque das brocas do fruto e do tronco, em relação aos outros tipos. A Morada ‟é, pois, um dos tipos de gravioleiras mais indicados para exploração comercial, não só por sua elevada produção, como também pela sanidade e qualidade de seus frutos. ATEMOIA As cultivares mais plantadas no Brasil, atualmente, são Gefner (ao lado) e Thompson, que produzem frutos de tamanho médio a grande, com cerca de 450 a 500 gramas de peso, e com alta concentração de açúcares em frutos adequadamente maduros, chegando a apresentar 250 Brix. As diferenças entre as duas cultivares na aparência externa das frutas é feita pela conformação de cada um dos carpelos, onde a fruta da cultivar Gefner apresenta “gomos” de conformação mais pontiaguda e epiderme mais delicada, enquanto na Thompson são mais arredondados e com aparência mais rústica. A polpa é mais consistente e de aparência translúcida em Gefner, enquanto a Thompson tem uma consistência mais cremosa e coloração branca. As duas cultivares têm a maioria das características desejáveis nos diversos aspectos da produção, como boa produtividade, bom vigor das plantas e relativamente tolerantes às diversas doenças fúngicas que atacam as plantas. A Thompson mostra-se mais tolerante às geadas, que comumente ocorrem na região sudoeste do estado de São Paulo, enquanto a Gefner é mais produtiva em condições de altas temperaturas como no oeste do Estado, igualmente às condições do semiárido nordestino IRRIGAÇÃO DAS ANONÁCEAS A irrigação desempenha um papel fundamental para a produção das anonáceas. Essas plantas demandam um suprimento constante de água durante todo o seu ciclo, sendo ideal a utilização de sistemas de irrigação, como o gotejamento ou microaspersão. A utilização desses métodos de irrigação deve ser precedida de estudos do terreno, do tipo de solo e das demandas reais de água na região onde o pomar será implantado. Essa necessidade pode ser avaliada de acordo com a evapotranspiração foliar e pela medida diária da tensão de água no solo com tensiômetros. Os sistemas de irrigação por microaspersão e gotejamento são recomendados, pois além de diminuir as perdas de água, o gotejamento garante que haja um percentual de água disponível entre 80% a 100%. O uso da aspersão convencional não se torna recomendado pelas grandes quantidades de perda de água no trajeto, possuindo uma distribuição ineficiente quando comparado aos demais sistemas. (Santos, 1997) Por fim, é de extrema importância o monitoramento da necessidade diária de água no solo, a manutenção dos aparelhos utilizados para irrigação, observar a pressão utilizada, a limpeza dos equipamentos de filtragem e eliminar vazamentos das linhas laterais e principal. POLINIZAÇÃO NATURAL As flores da gravioleira são completas (hermafroditas), entretanto, apresentam hercogamia, ou seja, o arranjo espacial das anteras e do estigma impede a autopolinização, formando uma barreira física que impede o contato dos grãos de pólen com os estigmas da flor (estigmas posicionados acima das anteras) e protogínicas, ou seja, o gineceu amadurece antes do androceu (FALCÃO e outros, 1982; FREITAS, 1997). Por conta desses fenômenos, a polinização natural das flores de gravioleira apresenta a Síndrome de Cantarofilia, quando a polinização é desempenhada por besouros e pela presença de uma câmara floral formada por pétalas carnosas fechadas (ou parcialmente fechadas), que protegem o receptáculo durante a antese e abrigam os visitantes florais em seu interior, uma vez atraídos pela emissão de forte e característico odor ácido. Estes besouros alimentam-se de partes florais e se utilizam do abrigo como sítio de acasalamento (PINTO e RAMOS, 1997; GOTTSBERG, 1999). POLINIZAÇÃO ARTIFICIAL A abertura gradual das flores de gravioleira ao longo do dia, com uma durabilidade de quatro dias, revela uma funcionalidade feminina nos três primeiros dias e masculina no quarto dia, apresentando uma viabilidade média dos grãos de pólen de 86% (CAVALCANTE et al., 2000). Castillo e Martínez (2004) observaram que a viabilidade dos grãos de pólen está diretamente relacionada à fase da flor, alcançando seu auge quando as pétalas estão completamente abertas, atingindo até 97,75% no início da queda das pétalas. A técnica de polinização manual emerge como uma excelente opção para os fruticultores assegurarem uma adequada fecundação e desenvolvimento de frutos normais, exercendo impacto positivo na produtividade do pomar. A polinização artificial oferece a vantagem de eliminar a dependência de insetos polinizadores, que podem ser escassos em algumas regiões e suscetíveis à eliminação por meio da aplicação de inseticidas na plantação (PINTO e SILVA, 1994). Ainda vale salientar que diversas pesquisas destacam os benefícios da polinização artificialem anonáceas. Cogez e Lyannaz (1996) observaram um aumento de até 100% no pegamento de frutos de pinha por meio da polinização artificial, em comparação com 0% na polinização natural, além de um incremento significativo no peso dos frutos e no número de sementes. Cavalcante (2000), ao avaliar o pegamento de frutos de gravioleira polinizados naturalmente, constatou uma variação na taxa de vingamento de 11,7 a 95,2%, atribuída à diferença no número de polinizadores em diversas regiões. A utilização da polinização manual resultou em até 60% de vingamento de frutos. Estudos como os de Melo et al. (2002) indicam que a polinização manual da cherimoia proporciona um vingamento de mais de 50% dos frutos, em comparação com 3,3% de frutos polinizados naturalmente. Campos et al. (2004) observaram que o emprego da polinização manual em pinheiras aumenta em até 10 vezes o número de frutos formados e em até 4 vezes o número de frutos perfeitos. Mesmo em regiões com abundância de polinizadores, onde a polinização artificial pode parecer apenas um aumento nos custos de produção, é crucial ressaltar sua importância para garantir a produção, especialmente em períodos de grande quantidade de flores, uma vez que muitas delas podem não ser polinizadas ou não formar frutos perfeitos. REFERÊNCIAS ARCURI, Arline S. A. Substâncias Peroxidáveis. Ministério do Trabalho e Emprego/FUNDACENTRO, 1999. Disponível em: Substâncias peroxidáveis Fundacentro.pdf . Data de acesso: 19 de Fev. De 2024. BRASIL. Normas de classificação – Programa brasileiro de modernização da Horticultura. - v. 1, n.1 – São Paulo> PBMH, 2003. CORDEIRO, Maria C. R. O cultivo da pinha, fruta-do-conde ou ata no Brasil. - Planaltina: Embrapa Cerrados, 2000. Disponível em: culturapinha.pdf. 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