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Transtornos Depressivos MARC 7: “Cortes invisíveis: o silêncio de Lara” Objetivos: 1. Estudar os tipos de transtornos depressivos. 2. Entender como se dar o diagnóstico dos transtornos depressivos e os fatores de risco associado. 3. Discutir o manejo dos transtornos depressivos. 4. Compreender os riscos da automedicação. 5. Discutir os fatores de risco do suicídio e como se dar a sua classificação. TIPOS DE TRANSTORNOS DEPRESSIVOS A depressão é um transtorno psiquiátrico que afeta o humor, a capacidade de sentir prazer e a energia, causando sofrimento ao paciente, prejuízo na sua capacidade de executar tarefas do cotidiano e cumprir com as responsabilidades, resultando em um quadro conhecido como "prejuízo funcional". Nesse sentindo, a depressão causa considerável impacto na saúde física e mental e na qualidade de vida das pessoas acometidas; ela é, entre todas as doenças (físicas e mentais), uma das principais causas que a OMS chama de “anos vividos com incapacidades” e “perda de anos em termos de morte prematura e perda de anos de vida produtiva”. É caracterizado por episódios distintos de pelo menos duas semanas de duração envolvendo alterações nítidas no afeto, na cognição e em funções neurovegetativas, e remissões interepisódicas. Do ponto de vista psicopatológico, as síndromes depressivas têm como elementos mais evidentes o humor triste e, na esfera volitiva, o desânimo, mais ou menos marcantes. Tal tristeza e desânimo são, na depressão, desproporcionalmente mais intensos e duradouros do que nas respostas normais de tristeza que ocorrem ao longo da vida. Além disso, as síndromes e as reações depressivas surgem com muita frequência após perdas significativas: de uma pessoa querida, emprego, moradia, status socioeconômico ou algo puramente simbólico. Apesar de muitas vezes ser desencadeada por perdas, a depressão não é o mesmo que o sentimento normal do luto, mesmo que marcante. Entretanto, a distinção entre o luto normal, mas intenso, e a depressão nem sempre é fácil. Desse modo, os transtornos depressivos são divididos em subtipos, os quais mais utilizados na prática clínica, de acordo com o CID-11 e DSM-5, são: 1. Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente (CID-11 e DSM-5); 2. Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico (CID-11 e DSM-5); 3. Depressão atípica (DSM-5); 4. Depressão tipo melancólica ou endógena (CID-11 e DSM-5); 5. Depressão psicótica (CID-11 e DSM-5); 6. Estupor depressivo ou depressão catatônica (DSM-5); 7. Depressão ansiosa ou com sintomas ansiosos proeminentes (CID-11 e DSM5) e transtorno misto de depressão e ansiedade (CID-11); 8. Depressão unipolar ou depressão bipolar; 9. Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual (CID-11 e DSM-5); 10. Depressão mista (DSM-5); 11. Depressão secundária ou transtorno depressivo devido a condição médica (incluindo aqui o transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento) (CID-11 e DSM-5). SUBTIPOS DE DEPRESSÃO TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR A depressão é um transtorno mental grave, de curso episódico, recorrente ou persistente ao longo do tempo, que traz prejuízos funcionais nas esferas psicológicas, comportamentais, sociais, familiares e ocupacionais. Quando não tratada adequadamente leva a incapacitação e está associada a elevados custos econômicos e sociais. O transtorno depressivo maior (TDM), como é chamada a depressão suficientemente grave para ser considerada uma entidade clínica, é responsável por 4,4% do impacto de todas as doenças na saúde global, contribuição semelhante à da doença isquêmica coronariana e à das doenças diarréicas. Além disso, é a maior causa global de incapacitação durante anos de vida. Apresentação Clínica: Uma síndrome depressiva manifesta-se por alterações duradouras de humor, cognição, psicomotricidade, biorritmicidade e volição. Dentre as manifestações que um indivíduo em estado depressivo pode apresentar, é importante identificar: HUMOR: polarizado para depressão (com sentimento expresso e observação de sinais de tristeza na maior parte do tempo), com anedonia (perda da capacidade de sentir prazer, com conseqüente perda de interesse pelas atividades habituais) e choro fácil (labilidade afetiva), podendo a reatividade a estímulos positivos estar preservada ou não. Indiferença afetiva (apatia) ou ansiedade e irritabilidade. PENSAMENTO: Preocupações freqüentes e exageradas, pessimismo e desesperança, podendo ocorrer idéias de ruína e niilismo, baixa autoestima e idéias de desvalia, sentimento de culpa, por vezes inapropriado, e hipocondria. As ideias de ruína, culpa e hipocondria podem adquirir características delirantes durante um episódio depressivo. Neste caso, observa-se forte certeza e convicção do paciente, o qual não aceita argumentação, por mais exageradas e estranhas que as crenças sejam. Pode ocorrer também persecutoriedade e auto referência como manifestações delirantes em um quadro depressivo psicótico SENSOPECEPÇÃO: Alucinações, principalmente auditivas, podem ocorrer em depressões psicóticas, porém são pouco comuns. ALTERAÇÕES COGNITIVAS: Dificuldade de concentração, déficits de atenção e mesmo prejuízos de memória podem ocorrer. Esses sintomas podem ser tão proeminentes, principalmente em idosos, que sua apresentação clínica assemelha-se à da síndrome demencial (“pseudodemência” depressiva). PSICOMOTRICIDADE: Lentificação e retardo tanto de pensamentos como dos movimentos, podendo haver latência de resposta e até laconismo (respostas breves, por vezes monossilábicas); sensação de fadiga e diminuição de energia, ou inquietação, principalmente em casos de depressão com sintomas ansiosos ou na “depressão agitada”. SINTOMAS NEUROVEGETATIVOS: Podem ocorrer tanto anorexia com perda de peso como aumento de peso; alterações do sono que vão desde a dificuldade para iniciar o sono (insônia inicial) e mantê-lo (fragmentação do sono ou insônia intermediária), despertar precoce (despertar duas horas antes do horário habitual, fenômeno denominado insônia terminal), até sono não reparador ou hipersônia*; disfunção sexual (diminuição ou perda do desejo sexual, disfunção erétil ou ejaculação rápida). VOLIÇÃO: Frequentemente ocorre diminuição da vontade e perda de interesse por atividades habituais anteriormente (hipobulia). Pode-se observar vontade de morrer (ideação suicida) ou mesmo tentativa de autoagressão. TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE E TRANSTORNO DISMÍTICO Distimia ou transtorno depressivo persistente é um transtorno que afeta o humor do indivíduo de maneira crônica, com duração superior a dois anos, sintomatologia leve, sem que o paciente permaneça por dois meses assintomático durante seu curso. Aqui os sintomas depressivos mais importantes são: humor deprimido, triste, na maior parte do dia, na maioria dos dias. Associado a pelo menos dois dos seguintes sintomas: · Diminuição da autoestima · Fatiga aumentada ou falta de energia · Insônia ou hipersonia; · Apetite diminuído ou aumentado; · Dificuldade em tomar decisões ou em se concentrar; · Sentimentos de desesperança. Também são comuns na distimia o mau humor crônico e a irritabilidade. Em adultos, os sintomas devem estar presentes de forma ininterrupta por, pelo menos, dois anos e, em crianças e adolescentes, por pelo menos um ano (nesse grupo, o humor básico pode ser a irritabilidade em vez do humor triste). DEPRESSÃO ATÍPICA OU DEPRESSÃO COM CARACTERÍSTICAS ATÍPICAS DEPRESSÃO MELANCÓLICA OU DEPRESSÃO ENDÓGENA DEPRESSÃO PSICÓTICA OU DEPRESSÃO COM SINTOMAS PSICÓTICOS DIAGNÓSTICO DOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS Critérios diagnósticos para os transtornos depressivos segundo o DSM-5 Presença de pelo menos cinco critérios (ou mais) por duas semanas, com prejuízo no funcionamento psicossocial ou sofrimento significativo. Pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou perda do interesse ou prazer. Critérios para o diagnóstico: · Sintoma obrigatório: (1) Humor deprimido ou (2) Perda de interesse ou (3) Prazer Sintoma obrigatório presente na maior parte do dia,quase todos os dias, e mais, pelo menos, 4 dos seguintes sintomas: Desânimo, acentuada perda do interesse ou prazer (anedonia) Redução ou aumento do apetite (redução ou ganho de peso de 5% em 1 mês) Sono: insônia ou hipersonia Fadiga, perda de energia Sentimentos de inutilidade e/ou culpa Baixa autoestima Concentração prejudicada, dificuldades para pensar Pensamentos recorrentes de morte/suicídio Retardo/agitação psicomotora aaaaaaaaa FATORES DE RISCO DO TRANSTORNO DEPRESSIVO · Histórico familiar; · Transtornos psiquiátricos correlatos; · Estresse crônico; · Ansiedade crônica; · Disfunções hormonais; · Dependência de álcool e drogas ilícitas; · Traumas psicológicos; · Doenças neurológicas, cardiovasculares, endocrinológicas, neoplasias entre outras; · Conflitos conjugais; · Mudanças bruscas de condições financeiras e desemprego. image1.tmp