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Materia_Princípios gestores do registro

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Princípios gestores do registro
Apresentação
As atividades dos Tabelionatos de Notas e dos Tabelionatos de Protestos são públicas e exercidas 
em caráter privado. Como tal, são amplamente regulamentadas e reguladas. São inegáveis também 
as interrelações entre as atividades notariais e diversos âmbitos do Direito. A complexidade das 
relações jurídicas no que diz respeito às atividades notariais que aliam a necessidade de 
regulamentação das atividades pelo Poder Público e a interrelação com outros ramos do Direito 
tem como consequência um amplo sistema de normas jurídicas.
Entre as normas jurídicas, estão incluídos os princípios e as normas gerais particularmente 
importantes na solução de conflitos e na regulamentação das atividades dos Tabelionatos de Notas 
e nos Tabelionatos de Protestos.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá as diferenças entre princípios e regras, os 
princípios gestores dos registros, bem como o papel destes nas decisões das Cortes superiores.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Distinguir princípios de regras.•
Definir os princípios gestores do registro.•
Analisar decisões das Cortes superiores acerca dos princípios gestores dos registros.•
Infográfico
Os princípios são normas fundamentais nos sistemas jurídicos contemporâneos. As atividades 
notariais estão interrelacionadas a diversos ramos do Direito, de modo que diversos princípios são 
aplicáveis às suas atividades.
Neste Infográfico, você poderá visualizar os princípios constitucionais gerais aplicáveis às atividades 
notariais, previstos no artigo 37 da Constituição Federal.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/5a62d831-fd90-4c8c-bef6-1353e13a9cea/ae7dce1e-ed2d-4bf4-9297-e98d8821fec8.png
Conteúdo do livro
Os princípios são normas cuja aplicabilidade é muito relevante ao Direito Notarial, seja em sua 
função geral e norteadora na aplicabilidade de regras, seja em sua função de norma de conduta. Os 
princípios, portanto, são importantes na regulamentação dos serviços dos Tabelionatos de Notas e 
dos Tabelionatos de Protestos, além de servirem como ferramentas para a solução de conflitos 
relacionados a essas atividades. 
No capítulo Princípios gestores do registro, da obra Registro de Notas e Protestos, base teórica para 
esta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer a diferença entre regras e princípios e os 
princípios relacionados às atividades dos Tabelionatos de Notas e dos Tabelionatos de Protestos. 
Você poderá compreender também a função dos princípios gestores nas decisões das Cortes 
superiores nas matérias relativas ao Direito Notarial.
Boa leitura.
REGISTRO DE 
NOTAS E 
PROTESTOS
Gabriel Bonesi Ferreira
Princípios gestores 
do registro
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Distinguir princípios de regras.
 � Definir os princípios gestores do registro.
 � Analisar decisões das cortes superiores acerca dos princípios gestores 
dos registros.
Introdução
Os princípios e as regras jurídicas fazem parte do sistema jurídico brasileiro. 
A existência de regras e princípios torna o ordenamento jurídico dinâmico, 
o que influencia as atividades dos notários e registradores, tendo em vista 
que essas atividades são públicas, embora sejam exercidas em caráter 
privado. Por serem atividades públicas, são amplamente regulamentadas 
por diversas normas legais e infralegais.
Ante a complexidade dos fatos e das relações jurídicas contemporâ-
neas, diversos conflitos relacionados à aplicação de regras e princípios 
podem surgir nas atividades notariais e registrais. Para a solução desses 
conflitos, a análise das regras e normas e da sua aplicabilidade é bastante 
relevante, bem como o papel do Poder Judiciário.
Neste capítulo, você vai conhecer as diferenças entre os princípios 
e as regras. Você também vai ver quais são os princípios aplicáveis aos 
serviços notariais e de registro, com foco nos princípios gestores dos 
tabelionatos de notas e dos tabelionatos de protesto. Por fim, você vai 
ler a respeito dos efeitos das decisões das cortes superiores sobre os 
princípios gestores do registro.
1 Diferenças entre princípios e regras
Os princípios e as regras fazem parte dos ordenamentos jurídicos contempo-
râneos, inclusive do Direito brasileiro. A diferença entre princípios e regras é 
bastante analisada no âmbito do Direito Constitucional. O constitucionalista 
português José Joaquim Gomes Canotilho, bastante estudado no Brasil, apre-
senta uma fina distinção entre ambos os conceitos, como você vai ver a seguir.
O Direito brasileiro possui diversas normas, que por sua vez têm variadas 
fontes. A norma primordial e fundamental que embasa o ordenamento jurídico 
é a Constituição Federal de 1988, que estabelece e confere poderes e compe-
tências a diferentes órgãos para a produção de outras categorias de normas. 
Assim, é possível considerar que, tal como o ordenamento jurídico português, 
de que trata Canotilho (1993), o ordenamento jurídico brasileiro é um sistema 
normativo dinâmico, ou seja, composto por normas produzidas de forma difusa, 
por diversos entes, e em constante modificação. Entre tais normas, se incluem 
as normas legais e infralegais produzidas pelos mais diferentes órgãos públicos 
dos entes federativos, observadas cada uma de suas competências.
O ordenamento jurídico brasileiro trata-se também de um sistema aberto, 
pois as normas constitucionais e, consequentemente, as infraconstitucionais 
têm o que Canotilho (1993, p. 165) chama de “capacidade de aprendizagem”. 
Assim, elas estão abertas a mudanças da realidade, são passíveis de transfor-
mação frente a alterações sociais que modifiquem as concepções de “verdade” 
e “justiça”. Ademais, o ordenamento jurídico brasileiro é um sistema de regras 
e princípios, isto é, as normas se apresentam tanto na forma de princípios 
quanto na forma de regras. Essa divisão entre princípios e regras é central aqui.
Para Canotilho (1993) e para Bonavides (2008), os princípios e as regras são 
duas espécies de normas, de modo que a distinção entre ambos é uma distinção 
entre dois tipos de normas. Normas e regras jurídicas são sinônimos para Reale 
(2002, p. 80), que as define como: 
[...] um dever ser de forma objetiva e obrigatória, porquanto [...] é próprio do 
Direito valer de maneira heterônoma, isto é, com ou contra a vontade dos 
obrigados, no caso das regras de conduta, ou sem comportar alternativa de 
aplicação, quando se tratar de regras de organização.
Ressalva-se que o conceito de “regra” é utilizado por Reale (2002) 
em seu lato sensu, exatamente como sinônimo de “norma”. Contudo, na divisão 
entre regras e princípios, as regras são entendidas em seu stricto sensu. Para 
que não haja confusão, quando a palavra “regra” for utilizada ao longo deste 
Princípios gestores do registro2
capítulo, sempre estará em jogo o sentido estrito do termo. Os princípios e as 
regras, como normas, são objetivos, obrigatórios, independentes da vontade 
dos indivíduos, etc.
A distinção entre regra e princípio não é simples. Por isso, Canotilho (1993) 
propõe analisar dois aspectos que favorecem essa distinção. Em primeiro lugar, 
é necessário saber se os princípios possuem função retórica ou argumentativa, 
ou se são normas de conduta. Em segundo lugar, deve-se analisar se existe um 
denominador comum, isto é, se há algum elemento comum entre os princípios 
e as normas. A partir disso, é necessário identificar qual ou quais aspectos os 
tornam diferentes, a exemplo da hierarquia das fontes, do conteúdo valorativo, 
entre outros. Ainda é possível analisar, de modo oposto, se os princípios e as 
regras não possuem nenhum elemento comum e, portanto, se seria cabível 
uma diferenciação qualitativa.
A diferenciação entre regras e princípios apresentada por Canotilho (1993) nãoé a 
única possível. O próprio constitucionalista apresenta ainda outros critérios que foram 
utilizados para essa diferenciação. Veja a seguir.
 � Grau de abstração: os princípios são normas com grau de abstração elevado, 
enquanto as regras têm grau de abstração reduzido.
 � Grau de determinabilidade na aplicação do caso concreto: os princípios são 
vagos e indeterminados, necessitando de mediações concretizadoras, enquanto 
as normas são passíveis de aplicação direta.
 � Caráter de fundamentalidade no sistema das fontes de direito: os princípios 
têm caráter fundamental no ordenamento jurídico devido à sua posição hierárquica 
no sistema das fontes ou à sua relevância estruturante no sistema jurídico.
 � “Proximidade” da ideia de direito: os princípios são modelos ou padrões vin-
culados a exigências de “justiça” ou à “ideia de direito”. Já as regras são normas 
vinculativas de conteúdo apenas funcional.
 � Natureza normogenética: os princípios são os fundamentos das regras, são a 
base e a razão das regras jurídicas.
Como pontua Canotilho (1993), os princípios tanto possuem função argu-
mentativa quanto atuam como normas de conduta, sendo considerados multi-
funcionais. Os princípios possuem o caráter de ideias jurídicas que balizam e 
norteiam a aplicação das regras e da legislação (função argumentativa), bem 
como a jurisprudência e, de modo amplo, as decisões dos juízes sujeitos a eles 
3Princípios gestores do registro
(BONAVIDES, 2008). Essa característica é denominada ratio legis, que pode 
ser traduzida como “razão de ser da lei”.
Isto é, os princípios funcionam como mecanismos que orientam a apli-
cação da lei, direcionando ainda a própria criação de novas leis, observada 
a hierarquia legal. Assim, uma lei infraconstitucional não pode ofender um 
princípio constitucional. Por exemplo: caso uma lei federal possibilitasse a 
contratação de um servidor público sem concurso público, ela ofenderia o 
princípio da impessoalidade e o princípio da isonomia. As regras, por sua 
vez, não possuem a característica ratio legis.
Os princípios não têm origem apenas na Constituição Federal, mas também 
em leis infraconstitucionais que podem nortear a aplicação ou a criação de 
outras leis, assim como a solução de conflitos específicos. Por outro lado, os 
princípios também podem assumir o caráter de lex, ou seja, podem atuar como 
regras de conduta impositivas. Em muitos casos, não há uma lei específica para 
orientar determinada conduta. Assim, para a solução de eventuais conflitos 
ou a análise de determinadas condutas ou negócios, o mais lógico é recorrer 
à base principiológica, já que não há uma legislação específica.
Como exemplo, considere o caso dos aplicativos de transporte. Quando 
eles começaram a operar no Brasil, não existia nenhuma legislação que os 
regulamentasse. Em razão disso, as decisões judiciais sobre a legalidade ou 
ilegalidade desse tipo de transporte levaram em conta os princípios legais. 
Nesses casos, os princípios assumiram não uma característica de análise de 
leis, mas de aplicabilidade como norma em casos concretos. Os princípios, 
ao atuarem como lex, servem especialmente aos juristas, que os utilizam para 
analisar situações fáticas e específicas sobre as quais inexiste legislação e/
ou regra específica a ser aplicada. Entretanto, na aplicação concreta, existem 
diferenças qualitativas relevantes entre os princípios e as regras.
Sobre essas diferenças, Canotilho (1993, p. 167) aponta o seguinte:
[...] os princípios são normas jurídicas impositivas de uma otimização, com-
patíveis com vários graus de concretização, consoante os condicionalismos 
fáticos e jurídicos; as regras são normas que prescrevem imperativamente 
uma exigência (impõem, permitem ou proíbem) que é ou não é cumprida (nos 
termos de DWORKIN: applicable in all-or-nothing fashion); a convivência 
dos princípios é conflitual (ZAGREBELSKY); a convivência de regras é 
antinômica. Os princípios coexistem; as regras antinômicas excluem-se.
Dessa maneira, apesar de os princípios também funcionarem como normas 
de comportamento, eles são mais amplos do que as regras. Os princípios 
não impõem, permitem ou proíbem uma conduta, mas fornecem fundamen-
Princípios gestores do registro4
tos para isso em relação a uma conduta ou prática específica. Ao contrário, 
a regra impõe, permite ou proíbe determinadas condutas; não há espaço para 
interpretação, mas apenas a possibilidade de cumprimento ou não de uma 
regra. Por esses motivos, as regras não podem se opor umas às outras, pois uma 
exclui a outra. Já em relação aos princípios, a aparente oposição entre eles não 
é um problema: a sua aplicabilidade será considerada em casos concretos. Por 
exemplo, o direito à intimidade e o direito à liberdade de expressão são dois 
princípios que podem se apresentar como opostos em determinadas situações 
fáticas, sem que um exclua o outro.
A partir dessas características, podem ser deduzidas três consequências 
(CANOTILHO, 1993). A primeira é que os princípios constituem exigência 
de otimização. Disso decorre que os valores e interesses serão sopesados nos 
casos concretos; será atribuída uma valoração ou um peso distinto aos princí-
pios nos casos em que eles forem conflitantes. Os princípios não prescrevem 
uma forma de conduta específica, mas fornecem elementos para se decidir de 
um modo ou de outro. Já em relação às regras, aplica-se a lógica do tudo ou 
nada (all-or-nothing fashion), posto que não há espaço para o sopesamento 
entre regras, na medida em que se aplicam no plano da validade. Se a regra é 
válida, ela tem a sua aplicabilidade plena, do modo prescrito. A outra única 
possibilidade é a invalidade da regra, caso em que ela não vai ser aplicada; 
não vai, consequentemente, operar qualquer consequência legal.
A segunda consequência é a seguinte: o conflito entre princípios é ad-
missível. Quando tal conflito ocorrer, os princípios conflitantes devem ser 
sopesados, e é necessário ponderá-los e harmonizá-los nos casos concretos. 
Isso só é possível porque os princípios expressam as normas de modo amplo, 
sem uma prescrição específica. Já em relação às regras, a validade simultânea 
de duas regras contraditórias é impossível, pois as regras possuem “fixações 
normativas” definitivas (CANOTILHO, 1993, p. 167). Não é admissível a 
validade de regras conflitantes.
A terceira consequência é que os princípios estão relacionados a problemas 
de validade e peso, ou seja, a validade e o peso de princípios conflitantes 
serão resolvidos no plano da ponderação, da maior relevância de um ou de 
outro em determinada situação específica. Ao contrário, a aplicabilidade das 
regras suscita apenas questões relacionadas à validade. Deve-se verificar 
se a conduta está de acordo ou é contrária às regras. Ademais, se as regras 
estiverem incorretas, elas devem ser alteradas.
O sistema jurídico exige a coexistência de regras e princípios (CANOTI-
LHO, 1993). Um sistema baseado apenas em princípios geraria grande insegu-
rança jurídica, pois situações jurídicas seriam sempre relegadas a interpretações 
5Princípios gestores do registro
fáticas, com imprecisão completa dos efeitos jurídicos de atos e condutas. Por 
outro lado, um sistema baseado apenas em regras permitiria pouca mudança 
e pouca pluralidade, elementos necessários a um sistema dinâmico e aberto. 
Um sistema baseado em regras impediria a ampla solução de conflitos e a 
busca de soluções para situações jurídicas novas, não prescritas pelas regras.
A coexistência de princípios e regras garante a aplicação das normas de modo dinâmico 
e aberto, o que é fundamental para atender aos anseios sociais. Da mesma forma, 
tal coexistência garante a segurança jurídica e, por consequência, a previsibilidade 
legal de condutas, atos, fatos e negócios jurídicos.
2 Princípios dos registros
Existem também princípios aplicáveis às atividades notariais e de registros 
públicos. Os serviços prestados pelas serventias extrajudiciais são atividades 
públicas,delegadas pelo Estado a particulares que as exercem em caráter 
privado (art. 236 da Constituição Federal) (BRASIL, 1988). A delegação não 
significa que as atividades se tornam privadas: elas permanecem públicas. 
Por essa razão, de maneira genérica, aplicam-se às atividades das serventias 
extrajudiciais os princípios gerais aplicáveis à administração pública, previstos 
no art. 37 da Constituição Federal: princípios da legalidade, da impessoalidade, 
da moralidade, da publicidade e da eficiência.
Segundo o princípio da legalidade, as atividades das serventias extrajudiciais 
devem estar completamente submetidas ao que a lei determina. As funções dessas 
serventias são estabelecidas pela lei. Assim, elas não podem agir além ou aquém 
do que a legislação prescreve. De acordo com o princípio da impessoalidade, 
os serviços extrajudiciais devem fornecer tratamento igual e isonômico a todos 
os interessados, sem favorecimentos ou desfavorecimentos. Segundo o princípio 
da moralidade, os atos dos notários e registradores devem observar a boa-fé, 
e o seu modo de atuação deve ser ético, de acordo com os bons costumes.
Por sua vez, o princípio da publicidade estabelece que todos os atos das 
serventias extrajudiciais devem ser públicos, acessíveis aos interessados e 
à coletividade. Já o princípio da eficiência determina que todos os atos públicos 
devem ser otimizados, buscando sempre garantir o melhor desempenho, com 
Princípios gestores do registro6
mais agilidade e economia; em suma, como o próprio nome do princípio já 
indica, tais atos devem ser mais eficientes.
Existem ainda outros princípios aplicáveis especificamente aos tabelionatos 
de notas e aos tabelionatos de protesto (LOUREIRO, 2017). Dada a especifici-
dade de cada uma das serventias — e, por consequência, dos princípios de cada 
uma —, por questões metodológicas, elas serão tratadas separadamente. Para 
começar, você vai conhecer os princípios aplicáveis aos tabelionatos de notas. 
Em seguida, vai estudar os princípios aplicáveis aos tabelionatos de protesto.
A seguir, então, veja quais são os princípios aplicáveis aos tabelionatos 
de notas:
 � Princípio da fé pública: a fé pública garante verdade, confiança e auto-
ridade aos atos praticados pelos notários, de modo amplo (LOUREIRO, 
2017). Assim, os fatos, atos e contratos que ocorrem na presença do 
tabelião de notas ou com a sua participação são reputados verdadeiros 
até prova em contrário. Em razão desse princípio, que confere confiança 
aos atos notariais, a anulação de tais atos ou a reputação deles como 
falsos só pode ocorrer por meio de processo judicial.
 � Princípio da legalidade ou do controle de legalidade: o notário deve 
agir apenas do modo como a lei prescreve. A previsão legal é a condição 
para a validade de seus atos, especialmente no que se refere às suas 
competências e aos seus deveres. Além disso, o notário, ao realizar as 
suas atribuições, tem a obrigação de exercer o controle de legalidade. 
Os atos notariais expressam a vontade dos interessados que buscam os 
serviços dos notários; por isso, para praticar tais atos, esses profissionais 
devem observar diversos requisitos formais.
O controle de legalidade, como expõe Loureiro (2017), trata-se de um 
processo metodológico que envolve várias etapas:
1. A verificação da própria competência para realizar o ato para o qual 
foi procurado.
2. A análise das questões formais de validade, como a capacidade jurídica 
dos interessados, o poder normativo negocial, a capacidade de obrar, 
o consentimento com o negócio, a existência de vício de vontades, etc.
3. A análise do objeto do ato ou negócio jurídico, a fim de verificar se 
tal objeto é lícito, determinado ou determinável, se é possível transigir 
sobre ele e demais hipóteses.
7Princípios gestores do registro
Esse controle de legalidade se dá sobre os requisitos formais do negócio. 
O notário deve garantir o cumprimento dos requisitos formais/legais no exer-
cício de seus atos. A seguir, veja quais são tais requisitos:
 � Princípio da formalidade, da autoria e da responsabilidade: alguns 
atos e negócios jurídicos devem obrigatoriamente ter a forma de escritura 
pública para serem válidos. Em outros casos, apesar de não obriga-
tória, a escritura pode ser realizada em razão da vontade das partes. 
Sempre que o serviço do notário for requisitado, este deve observar 
as formalidades do ato. Os documentos elaborados pelos notários pos-
suem as suas declarações e as declarações das partes; tais declarações 
são responsabilidade desses profissionais. O documento deve ainda 
ser de sua autoria, e deve-se garantir a publicidade, a autenticidade, 
a segurança e a eficácia dos atos (LOUREIRO, 2017). A violação desse 
princípio ou dos deveres do tabelião é passível de responsabilização 
civil do notário por perdas e danos causados. A responsabilidade desses 
profissionais é, inclusive, objetiva; portanto, ocorre sem a necessidade 
de se apurar seu dolo ou culpa, conforme jurisprudência do Superior 
Tribunal de Justiça (STJ).
 � Princípio da justiça preventiva: as atividades notariais visam a preve-
nir conflitos que possam alcançar a esfera judicial. Isso ocorre mediante 
a conclusão de acordos claros e equilibrados, assegurando às partes a 
manifestação de suas vontades, bem como esclarecendo as partes acerca 
dos atos praticados e de seus efeitos (LOUREIRO, 2017).
 � Princípio da imparcialidade e da independência: esse princípio 
decorre do princípio geral da impessoalidade. O notário deve agir de 
forma imparcial, ou seja: ele não pode favorecer uma das partes em 
um negócio jurídico, não pode advogar por qualquer das partes, não 
pode legitimar ou lavrar atos que sejam abusivos a uma das partes. 
O notário tem ainda o direito e o dever de atuar de forma independente, 
não se sujeitando ao interesse de uma das partes.
 � Princípio da rogação: os notários não podem agir de ofício, mas 
somente mediante o requerimento dos interessados que buscam os 
seus serviços. Uma vez procurados, os notários não podem se negar, 
independentemente do motivo, a prestar serviços solicitados que façam 
parte de suas atribuições e que preencham os requisitos formais/legais.
Princípios gestores do registro8
 � Princípio da unicidade do ato notarial: segundo esse princípio, que 
encontra os seus fundamentos legais no art. 215, § 1º, I e VII, do Código 
Civil, os atos notariais devem ser realizados, em regra, em uma única 
oportunidade. Isso não significa que devam ser realizados necessaria-
mente em um único dia — dada a necessidade recorrente de digitação 
(ata notarial) e consideradas diligências como o pedido de certidões 
ou documentos complementares, etc. Mas, cumpridas todas as diligên-
cias necessárias, a escritura pública deve ser realizada em um só ato. 
Em seguida, deve ser lida às partes e aos seus representantes, para que 
possam conferir se o documento está de acordo com as vontades que 
expressaram. Nesse mesmo ato, as partes devem dar a sua anuência ao 
ato ao firmarem o documento (LOUREIRO, 2017). Em tal ato, devem 
estar presentes ambas as partes ou os seus representantes legais. Ainda 
segundo o princípio da unicidade do ato notarial, após concluído o ato, 
não é mais possível fazer alterações ou acréscimos à escritura lavrada. 
Isso só pode ocorrer mediante nova escritura que venha a modificar ou 
acrescentar algo à escritura lavrada.
A realização de mais de um ato com a presença em separado das partes só pode 
ocorrer quando a lei ou as normas regulamentares permitirem.
 � Princípio da segurança jurídica: o notário deve atuar de modo a 
garantir a segurança jurídica dos atos ou negócios jurídicos das partes. 
Isso se dá pela conferência de documentos e autenticações, bem como 
pela solicitação de certidões fiscais, tributárias, judiciais, entre outras 
necessárias para a validade do ato. Enfim, cabe ao notário a verificação 
de todos os requisitos formais do negócio. A segurança jurídica garante 
a estabilidade do negócio para as partese para a sociedade como um 
todo, na medida em que assegura a certeza e a perfectibilidade de atos 
e negócios jurídicos.
9Princípios gestores do registro
 � Princípio da conservação e da publicidade: cabem aos notários a 
guarda e a conservação dos documentos colacionados pelas partes, 
assim como dos livros notariais, com o fim de evitar perdas e dete-
riorações (LOUREIRO, 2017). A guarda deve ocorrer no formato de 
papel e suporte eletrônico com cópia de segurança. Tais documentos e 
livros são públicos e devem ser colocados à disposição para consulta de 
qualquer interessado, não havendo sequer a necessidade de o interessado 
justificar o motivo pelo qual quer realizar a consulta.
Loureiro (2017) apresenta ainda outros princípios, que são aplicáveis mais 
especificamente aos tabelionatos de protesto. Veja a seguir.
 � Princípio da oficialidade: segundo esse princípio, o ato de protesto 
é um ato oficial e solene, dotado de força probante. Por isso, deve ser 
realizado necessariamente pelo tabelião de protesto, inclusive indepen-
dentemente de autorização judicial.
 � Princípio da insubstitutividade: o protesto é considerado uma prova 
insubstituível, ou seja, nenhum outro ato, documento ou testemunho 
pode substituí-lo para os fins a que se destina.
 � Princípio da unitariedade: o protesto tem por objeto um documento 
comprobatório de dívida, como um título executivo. Desse modo, 
o ato de protesto deve ser um só, não sendo necessária a lavratura de um 
segundo protesto para os fins comprobatórios a que se destina. Contudo, 
há exceções em que é necessário fazer um segundo protesto. Um exemplo 
é o cancelamento do primeiro protesto por erro no preenchimento de 
dados. Também pode ocorrer um segundo protesto relativo a prestações 
que ainda não estavam vencidas de um documento já protestado, por 
exemplo (LOUREIRO, 2017).
 � Princípio da rogação ou da instância: como o tabelião de notas, 
o tabelião de protestos não pode agir de ofício, sem o requerimento do 
interessado. O protesto é um ato voluntário e depende do requerimento 
do interessado. Além disso, o protesto leva em conta as informações 
fornecidas pelo apresentante. Após a lavratura do protesto, o cance-
lamento ou qualquer tipo de averbação só pode ocorrer a partir do 
requerimento do interessado.
Princípios gestores do registro10
 � Princípio da celeridade e princípio da formalidade simplificada: 
a simplicidade e a celeridade dos atos de protesto decorrem do princípio 
da eficiência. Segundo os dois primeiros, os atos e procedimentos dos 
tabelionatos de protesto devem ser o mais simples e célere possível, 
obviamente sem deixar de lado as exigências formais. Admite-se a 
simplicidade também nas intimações, sem a necessidade de intimação 
da pessoa que tem título ou documento protestado. Existe ainda a pos-
sibilidade de intimação pelo correio com aviso de recebimento, entre 
outras formas. Com vistas à celeridade e à simplificação, admite-se 
também o uso de processos eletrônicos para a prestação de alguns 
serviços notariais, como a apresentação do título ou documento por 
suporte eletrônico (LOUREIRO, 2017).
Os princípios aplicáveis à atividade notarial, sejam gerais ou específicos, não são 
estanques. O Direito Notarial envolve uma série de relações fáticas e inter-relações com 
diversos ramos do Direito. Dessa forma, a depender da situação fática, pode ocorrer a 
influência ou a aplicabilidade de outros princípios não listados aqui, como o princípio 
da supremacia do direito público sobre o privado, o princípio da proporcionalidade, 
entre tantos outros. Entretanto, os princípios que você viu nesta seção são os de maior 
aplicabilidade e ocorrência nos tabelionatos de notas e de protesto.
3 Decisões das cortes superiores
Os princípios e as regras são normas que coexistem no Direito brasileiro. 
Os princípios possuem um caráter mais geral e multifuncional, na medida em 
que podem tanto assumir uma função enunciativa quanto atuar como normas 
de conduta. Os princípios têm a tarefa especial de servir de justificativa, 
fundamento ou ferramenta para a resolução de conflitos. Canotilho (1993), 
ao analisar o sistema constitucional e jurídico, ressalta a importância de um 
sistema processual de regras e princípios que fundamente processos e ferra-
mentas, que por sua vez suportem de forma rigorosa a solução de problemas 
metódicos. Esses elementos permitem:
11Princípios gestores do registro
[...] respirar, legitimar, enraizar e caminhar o próprio sistema. A respiração 
obtém-se através da “textura aberta” dos princípios; a legitimidade entrevê-se 
na ideia de os princípios consagrarem valores (liberdade, democracia, digni-
dade) fundamentadores da ordem jurídica; o enraizamento prescruta-se na 
referência sociológica dos princípios a valores, programas, funções e pessoas; 
a capacidade de caminhar obtém-se através de instrumentos processuais e 
procedimentais adequados, possibilitadores da concretização, densificação e 
realização prática (política, administrativa, judicial) das mensagens normativas 
da constituição (CANOTILHO, 1993, p. 170).
Nessa análise, Canotilho tem em vista as normativas constitucionais, mas 
o sistema de regras e princípios faz parte do ordenamento jurídico como um 
todo. É evidente que as demais normas replicam o sistema dinâmico das normas 
constitucionais e devem estar sempre em consonância com elas.
Nesse sistema de regras e princípios, os princípios são especialmente impor-
tantes para a solução de conflitos, seja em razão da oposição entre duas regras 
conflitantes ou mesmo da oposição entre dois princípios conflitantes. A solução 
dos conflitos relativos a ameaças a direitos se dá por meio do Poder Judiciário, 
como estabelece o art. 5º, XXXV, da Constituição Federal: “a lei não excluirá 
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (BRASIL, 1988).
Os fatos jurídicos são dinâmicos. Dificilmente um fato envolve apenas 
um ramo do Direito, apesar da existência de tais ramos, que se materializam 
em diversos códigos de normas e leis ordinárias. Esses ramos do Direito se 
intercruzam e se relacionam constantemente. Isso também ocorre em relação 
ao Direito Notarial e Registral. É inegável, por exemplo, a íntima relação entre 
as escrituras públicas e o Direito Civil, no que diz respeito tanto à compra e 
venda quanto aos direitos hereditários. Do mesmo modo, no caso dos tabe-
lionatos de protesto, é facilmente perceptível a relação do protesto em si com 
o Direito Cambial em geral, bem como com o Direito de Obrigações, ramo 
do Direito Civil, entre outros.
Tendo em vista essa dinamicidade própria do mundo fático, os conflitos e 
as oposições entre normas de Direito são constantes. Ora, se os diversos ramos 
do Direito possuem constante inter-relação, as normas (sejam as regras ou os 
princípios) de cada um desses ramos também se inter-relacionam. Por esse 
motivo, não é rara a oposição entre princípios ou a oposição entre regras. Como 
é impossível que o Poder Legislativo preveja toda e qualquer possibilidade de 
conflito, também é impossível que a aplicação das normas legais não impli-
que conflitos, problemas de interpretação relacionados a outras normas, etc. 
Na verdade, o Poder Legislativo nem mesmo deveria prever todos os conflitos, 
pois um sistema jurídico apenas com regras e normas absolutamente prescritas 
implica também pouca dinamicidade.
Princípios gestores do registro12
Quando os conflitos surgem, cabe ao Poder Judiciário solucioná-los, in-
terpretando determinada situação fática com base na legislação. Os princípios 
são particularmente importantes para as decisões judiciais que versam sobre 
oposição de princípios ou oposição de regras. Isso acontece devido ao caráter 
amplo de tais decisões, que permite o sopesamento entre os princípios e a 
aplicação prática dos princípios e regras das normas legais. Na solução de 
conflitos, os princípios são extremamente relevantes. Especialmente em casos: 
[...] em que se evidencia a insuficiência doinstrumental predominante ou 
unicamente usado na dogmática tradicional, é que vem aparecendo cada vez 
com mais nitidez a importância dos princípios, fazendo quase que necessa-
riamente parte dos raciocínios jurídicos (WAMBIER; DANTAS, 2016, p. 97). 
O Judiciário desempenha essa atividade de modo amplo; portanto, essa 
atividade e esse modo de ação também ocorrem em relação aos conflitos 
relacionados às serventias extrajudiciais.
Nesse contexto, a jurisprudência das cortes superiores exerce importante 
papel na aplicabilidade das normas jurídicas. As cortes superiores têm a 
importante função de uniformizar a jurisprudência, evitando ao máximo a 
desarmonia das decisões judiciais que exigem a interpretação da lei e/ou que 
exigem a decisão entre regras e princípios opostos. Os juízes estão vinculados 
ao princípio da legalidade, como determina o art. 8º do Código de Processo 
Civil. Segundo interpretações desse dispositivo, a obediência ao princípio 
da legalidade inclui, além da lei, a vinculação à doutrina e à jurisprudência 
(WAMBIER; DANTAS, 2016).
Em relação aos temas que envolvem o Direto Notarial e Registral, cabe 
ao STJ e ao Supremo Tribunal Federal (STF) a tarefa de uniformizar nacio-
nalmente as interpretações de lei, analisando-as à luz das demais leis e à luz 
de sua constitucionalidade, tanto pelo controle difuso do STJ quanto pelo 
controle concentrado do STF. Cabe também aos tribunais de justiça dos es-
tados e do Distrito Federal, a nível local, uniformizar as suas jurisprudências 
quanto aos temas relativos ao Direto Registral e Notarial. A uniformização 
da jurisprudência ocorre por meio de súmulas, julgamentos de recursos cujo 
tema vincula outras decisões (como recursos com repercussão geral reco-
nhecida pelo STF ou recursos repetitivos julgados pelo STJ), informativos de 
jurisprudências, etc. Nem todas as decisões das cortes superiores vinculam os 
demais juízes, mas obviamente é importante uniformizar teses jurídicas para 
garantir a segurança jurídica, além de garantir a regularidade e a uniformidade 
na prestação judiciária.
13Princípios gestores do registro
Para saber mais sobre o Direito Notarial e Registral, acesse a Constituição Federal por 
meio da página “A Constituição e o Supremo” no site do STF. Lá, você pode conferir 
todos os dispositivos, acompanhados das decisões relacionadas a eles. Outro importante 
documento relacionado às teses jurisprudenciais é a edição nº. 80 do informativo 
“Jurisprudência em Teses” do STJ, também disponível on-line para consulta. Esse 
informativo traz as principais teses jurisprudenciais adotadas pelo STJ em relação aos 
serviços notariais e de registro.
Como você já viu, as situações fáticas levadas a julgamento pelo Judiciário 
são bastante diversas, por isso existem inúmeros princípios aplicáveis a elas. 
Entre tais situações, é possível destacar alguns exemplos de decisões tomadas 
com base nos princípios aplicáveis aos registros públicos. É isso que você vai 
ver a seguir:
O art. 236, § 2º, da Constituição Federal estabelece que os emolumentos 
decorrentes dos serviços prestados são devidos aos notários e registradores 
(BRASIL, 1988). A Lei nº. 9.534, de 10 de dezembro de 1997, alterou a redação 
do art. 30 da Lei de Cartórios (Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973), que 
passou a isentar a cobrança de emolumentos do registro civil de nascimento 
e do assento de óbito pelo Registro Civil de Pessoas Naturais, bem como a 
primeira certidão respectiva a esses atos (BRASIL, 1997). A mesma lei isentou 
os “reconhecidamente pobres” do pagamento dos emolumentos das demais 
certidões extraídas pelo Registro Civil de Pessoas Naturais.
Nesse caso, há um evidente conflito de interesses, visto que a Constituição 
estabelece que as atividades notariais e registrais são exercidas em caráter 
privado. Assim, a isenção de pagamento dos emolumentos configuraria inge-
rência estatal em relação a essas atividades exercidas “em caráter privado”. Por 
esses motivos, a Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) 
ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI nº. 1.800) requerendo a 
inconstitucionalidade da alteração legal trazida pela Lei nº. 9.534/1997. Con-
tudo, a ação de inconstitucionalidade foi julgada improcedente, entre outros 
fundamentos, pela aplicação do princípio constitucional do art. 5º, LXXVII, 
da Constituição Federal, que estabelece a gratuidade dos atos necessários ao 
exercício da cidadania. Desse modo, tendo em vista que os registros de nasci-
mento e de óbito são essenciais para a cidadania, a lei pode torná-los gratuitos. 
Princípios gestores do registro14
Foi destacado ainda que os registradores civis estão sujeitos a essas regras, 
pois, apesar de suas atividades serem equiparadas à atividade empresária, 
estão sujeitas ao regime público.
Como você viu, os princípios podem ser incompatíveis e podem criar regras aparen-
temente conflitantes. Quando isso ocorre, é necessária a intervenção do Judiciário, 
que pondera sobre os princípios inter-relacionados dos diversos ramos do Direito.
Outro exemplo está relacionado ao art. 236, § 3º, da Constituição Federal, 
que estabelece que o ingresso na atividade notarial e de registro depende de 
concurso público de provas e títulos. Em Minas Gerais, o art. 17, I e II, da Lei 
Estadual nº. 12.919, de 29 de junho de 1998, passou a estabelecer que, para o 
ingresso e a remoção nos serviços notariais e de registro, seriam necessários 
(MINAS GERAIS, 1998):
I — tempo de serviço prestado como titular, interino, substituto ou escrevente 
em serviço notarial ou de registro;
II — trabalhos jurídicos publicados, de autoria única, e apresentação de temas 
em congressos relacionados com os serviços notariais e registrais.
Contra essa disposição, a Procuradoria Geral da República ajuizou a ADI 
nº. 3.580. A referida ação foi julgada procedente, declarando-se a inconsti-
tucionalidade dos requisitos presentes na lei estadual. O fundamento para o 
deferimento do pedido foi a violação do princípio da isonomia (art. 5º, caput, da 
Constituição Federal). Considerou-se que a valorização excessiva de atividades 
relacionadas àquelas que se pretende exercer por meio de concurso público 
configura privilégios a determinado grupo em detrimento dos demais. Com 
essa sobrevalorização, portanto, os dispositivos da lei estadual deveriam ser 
julgados inconstitucionais por violação do princípio da isonomia.
Como você viu, diversos princípios legais influenciam as atividades dos 
notários e registradores, bem como a forma de ingresso nas atividades no-
tariais e registrais. Por meio da aplicação dos diversos princípios existentes, 
a depender da situação fática, as decisões das cortes superiores interferem 
diretamente nas atividades dos notários e registradores.
15Princípios gestores do registro
BONAVIDES, P. Curso de direito constitucional. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 827 p.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Casa 
Civil da Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 24 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997. Dispõe sobre o Sistema de Financiamento 
Imobiliário, institui a alienação fiduciária de coisa imóvel e dá outras providências. Bra-
sília: Casa Civil da Presidência da República, 1997. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9514.htm. Acesso em: 24 abr. 2020.
CANOTILHO, J. J. G. Direito constitucional. 6. ed. Coimbra: Livraria Almedina, 1993. 1228 p.
LOUREIRO, L. G. Registros públicos: teoria e prática. 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2017. 1312 p.
MINAS GERAIS. Lei nº 12.919, de 29 de junho de 1998. Dispõe sobre os concursos de ingresso 
e de remoção nos serviços notariais e de registro, previstos na Lei Federal nº 8.935, de 
18 de novembro de 1994, e dá outras providências. Belo Horizonte: Secretaria de Casa 
Civil e Relações Institucionais, 1998. Disponível em: http://www.casacivil.mg.gov.br/images/documentos/lei_12919-1998.pdf. Acesso em: 24 abr. 2020.
REALE, M. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 391 p.
WAMBIER, T. A. A.; DANTAS, B. Recurso especial, recurso extraordinário e a nova função dos 
tribunais superiores no direito brasileiro. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. 624 p.
Leituras recomendadas
ALEXY, R. Teoria dos direitos fundamentais. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2015. 669 p.
AMORIM, L. B. A distinção entre regras e princípios segundo Robert Alexy. Revista de 
Informação Legislativa, Brasília, v. 42 n. 165, p. 123–134, jan./mar. 2005. Disponível em: 
https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/42/165/ril_v42_n165_p123.pdf.
BRASIL. Lei nº 7.433, de 18 de dezembro de 1985. Dispõe sobre os requisitos para a lavra-
tura de escrituras públicas e dá outras providências. Brasília: Casa Civil da Presidência 
da República, [1985]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7433.
htm. Acesso em: 24 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à pro-
priedade industrial. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 1996. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.htm. Acesso em: 24 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília: Casa Civil da 
Presidência da República, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 24 abr. 2020.
Princípios gestores do registro16
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília: Casa 
Civil da Presidência da República, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
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BRASIL. Ministério da Justiça. Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os 
registros públicos, e dá outras providências. Brasília: Casa Civil da Presidência da Repú-
blica, [1973]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6015compilada.
htm. Acesso em: 24 abr. 2020.
BRASIL. Ministério da Justiça. Lei nº 8.025, de 12 de abril de 1990. Dispõe sobre a alienação 
de bens imóveis residenciais de propriedade da União, e dos vinculados ou incorpo-
rados ao FRHB, situados no Distrito Federal, e dá outras providências. Brasília: Casa 
Civil da Presidência da República, [1990]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/L8025.htm. Acesso em: 24 abr. 2020.
BRASIL. Ministério da Justiça. Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991. Dispõe sobre as 
locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. Brasília: Casa 
Civil da Presidência da República, [1991]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l8245.htm. Acesso em: 24 abr. 2020.
BRASIL. Ministério da Justiça. Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o 
art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei 
dos cartórios). Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 1994. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8935.htm. Acesso em: 24 abr. 2020.
BRASIL. Ministério da Justiça. Lei nº 9.492, de 10 de setembro de 1997. Define competência, 
regulamenta os serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos 
de dívida e dá outras providências. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 
1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9492.htm. Acesso 
em: 24 abr. 2020.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Registros Públicos. Jurisprudência em Teses, Brasília, 
n. 80, 3 maio 2017. Disponível em: http://www.stj.jus.br/internet_docs/jurisprudencia/
jurisprudenciaemteses/Jurisprud%C3%AAncia%20em%20teses%2080%20-%20Regis-
tros%20P%C3%BAblicos.pdf. Acesso em: 24 abr. 2020.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. A constituição e o Supremo. Brasília: STF, Brasília, 
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FERREIRA, P. R. G.; RODRIGUES, F. L. Tabelionato de notas II: atos notariais em espécie. 
São Paulo: Saraiva, 2016. 256 p. (Coleção Cartórios).
MELLO, C. A. B. Curso de direito administrativo. 34. ed. São Paulo: Malheiros, 2019. 1179 p.
17Princípios gestores do registro
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sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Princípios gestores do registro18
Dica do professor
Os princípios e as regras são duas espécies de normas presentes nos ordenamentos jurídicos atuais, 
inclusive no brasileiro. Os princípios e as regras têm definições conceituais distintas, do mesmo 
modo que desempenham papéis diferentes nos sistemas jurídicos, porém a diferenciação entre 
ambos nem sempre é uma tarefa simples. 
Na Dica do Professor, você poderá conhecer mais sobre as teorias que fazem a distinção entre 
regras e princípios.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/b9defd9b65dcba89887a66e051339df7
Saiba mais
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
A ponderação de regras e alguns problemas da teoria dos 
princípios de Robert Alexy
Neste link, você terá acesso a um artigo sobre a diferença entre as regras e os princípios a partir da 
distinção qualitativa sustentada por Ronald Dworkin e Robert Alexy, bem como o papel da 
ponderação na solução de conflitos entre normas. Verá, ainda, o que o autor entende como 
problemas da teoria dos princípios de Robert Alexy.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
A Constituição e o Supremo
Neste link, você terá acesso ao site do Supremo Tribunal Federal, especificamente ao tópico de 
Legislação Anotada, no qual é possível visualizar os principais julgamentos e teses relacionados ao 
artigo 236 da Constituição Federal, que trata das atividades das serventias extrajudiciais.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Jurisprudências em Teses
Neste link, você terá acesso às jurisprudências de teses do Superior Tribunal de Justiça e, 
especificamente, a teses sobre o Direito Registral e Notarial no Informativo nº 80, que pode ser 
visualizado entre as páginas 735 e 742 do arquivo em PDF.
http://www.scielo.br/pdf/rdgv/v15n2/2317-6172-rdgv-15-02-e1917.pdf
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp?item=2079
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
http://www.stj.jus.br/docs_internet/jurisprudencia/tematica/download/JT/JT_ramos_ed.1.pdf

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