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Princípios gestores do registro Apresentação As atividades dos Tabelionatos de Notas e dos Tabelionatos de Protestos são públicas e exercidas em caráter privado. Como tal, são amplamente regulamentadas e reguladas. São inegáveis também as interrelações entre as atividades notariais e diversos âmbitos do Direito. A complexidade das relações jurídicas no que diz respeito às atividades notariais que aliam a necessidade de regulamentação das atividades pelo Poder Público e a interrelação com outros ramos do Direito tem como consequência um amplo sistema de normas jurídicas. Entre as normas jurídicas, estão incluídos os princípios e as normas gerais particularmente importantes na solução de conflitos e na regulamentação das atividades dos Tabelionatos de Notas e nos Tabelionatos de Protestos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá as diferenças entre princípios e regras, os princípios gestores dos registros, bem como o papel destes nas decisões das Cortes superiores. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Distinguir princípios de regras.• Definir os princípios gestores do registro.• Analisar decisões das Cortes superiores acerca dos princípios gestores dos registros.• Infográfico Os princípios são normas fundamentais nos sistemas jurídicos contemporâneos. As atividades notariais estão interrelacionadas a diversos ramos do Direito, de modo que diversos princípios são aplicáveis às suas atividades. Neste Infográfico, você poderá visualizar os princípios constitucionais gerais aplicáveis às atividades notariais, previstos no artigo 37 da Constituição Federal. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/5a62d831-fd90-4c8c-bef6-1353e13a9cea/ae7dce1e-ed2d-4bf4-9297-e98d8821fec8.png Conteúdo do livro Os princípios são normas cuja aplicabilidade é muito relevante ao Direito Notarial, seja em sua função geral e norteadora na aplicabilidade de regras, seja em sua função de norma de conduta. Os princípios, portanto, são importantes na regulamentação dos serviços dos Tabelionatos de Notas e dos Tabelionatos de Protestos, além de servirem como ferramentas para a solução de conflitos relacionados a essas atividades. No capítulo Princípios gestores do registro, da obra Registro de Notas e Protestos, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer a diferença entre regras e princípios e os princípios relacionados às atividades dos Tabelionatos de Notas e dos Tabelionatos de Protestos. Você poderá compreender também a função dos princípios gestores nas decisões das Cortes superiores nas matérias relativas ao Direito Notarial. Boa leitura. REGISTRO DE NOTAS E PROTESTOS Gabriel Bonesi Ferreira Princípios gestores do registro Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Distinguir princípios de regras. � Definir os princípios gestores do registro. � Analisar decisões das cortes superiores acerca dos princípios gestores dos registros. Introdução Os princípios e as regras jurídicas fazem parte do sistema jurídico brasileiro. A existência de regras e princípios torna o ordenamento jurídico dinâmico, o que influencia as atividades dos notários e registradores, tendo em vista que essas atividades são públicas, embora sejam exercidas em caráter privado. Por serem atividades públicas, são amplamente regulamentadas por diversas normas legais e infralegais. Ante a complexidade dos fatos e das relações jurídicas contemporâ- neas, diversos conflitos relacionados à aplicação de regras e princípios podem surgir nas atividades notariais e registrais. Para a solução desses conflitos, a análise das regras e normas e da sua aplicabilidade é bastante relevante, bem como o papel do Poder Judiciário. Neste capítulo, você vai conhecer as diferenças entre os princípios e as regras. Você também vai ver quais são os princípios aplicáveis aos serviços notariais e de registro, com foco nos princípios gestores dos tabelionatos de notas e dos tabelionatos de protesto. Por fim, você vai ler a respeito dos efeitos das decisões das cortes superiores sobre os princípios gestores do registro. 1 Diferenças entre princípios e regras Os princípios e as regras fazem parte dos ordenamentos jurídicos contempo- râneos, inclusive do Direito brasileiro. A diferença entre princípios e regras é bastante analisada no âmbito do Direito Constitucional. O constitucionalista português José Joaquim Gomes Canotilho, bastante estudado no Brasil, apre- senta uma fina distinção entre ambos os conceitos, como você vai ver a seguir. O Direito brasileiro possui diversas normas, que por sua vez têm variadas fontes. A norma primordial e fundamental que embasa o ordenamento jurídico é a Constituição Federal de 1988, que estabelece e confere poderes e compe- tências a diferentes órgãos para a produção de outras categorias de normas. Assim, é possível considerar que, tal como o ordenamento jurídico português, de que trata Canotilho (1993), o ordenamento jurídico brasileiro é um sistema normativo dinâmico, ou seja, composto por normas produzidas de forma difusa, por diversos entes, e em constante modificação. Entre tais normas, se incluem as normas legais e infralegais produzidas pelos mais diferentes órgãos públicos dos entes federativos, observadas cada uma de suas competências. O ordenamento jurídico brasileiro trata-se também de um sistema aberto, pois as normas constitucionais e, consequentemente, as infraconstitucionais têm o que Canotilho (1993, p. 165) chama de “capacidade de aprendizagem”. Assim, elas estão abertas a mudanças da realidade, são passíveis de transfor- mação frente a alterações sociais que modifiquem as concepções de “verdade” e “justiça”. Ademais, o ordenamento jurídico brasileiro é um sistema de regras e princípios, isto é, as normas se apresentam tanto na forma de princípios quanto na forma de regras. Essa divisão entre princípios e regras é central aqui. Para Canotilho (1993) e para Bonavides (2008), os princípios e as regras são duas espécies de normas, de modo que a distinção entre ambos é uma distinção entre dois tipos de normas. Normas e regras jurídicas são sinônimos para Reale (2002, p. 80), que as define como: [...] um dever ser de forma objetiva e obrigatória, porquanto [...] é próprio do Direito valer de maneira heterônoma, isto é, com ou contra a vontade dos obrigados, no caso das regras de conduta, ou sem comportar alternativa de aplicação, quando se tratar de regras de organização. Ressalva-se que o conceito de “regra” é utilizado por Reale (2002) em seu lato sensu, exatamente como sinônimo de “norma”. Contudo, na divisão entre regras e princípios, as regras são entendidas em seu stricto sensu. Para que não haja confusão, quando a palavra “regra” for utilizada ao longo deste Princípios gestores do registro2 capítulo, sempre estará em jogo o sentido estrito do termo. Os princípios e as regras, como normas, são objetivos, obrigatórios, independentes da vontade dos indivíduos, etc. A distinção entre regra e princípio não é simples. Por isso, Canotilho (1993) propõe analisar dois aspectos que favorecem essa distinção. Em primeiro lugar, é necessário saber se os princípios possuem função retórica ou argumentativa, ou se são normas de conduta. Em segundo lugar, deve-se analisar se existe um denominador comum, isto é, se há algum elemento comum entre os princípios e as normas. A partir disso, é necessário identificar qual ou quais aspectos os tornam diferentes, a exemplo da hierarquia das fontes, do conteúdo valorativo, entre outros. Ainda é possível analisar, de modo oposto, se os princípios e as regras não possuem nenhum elemento comum e, portanto, se seria cabível uma diferenciação qualitativa. A diferenciação entre regras e princípios apresentada por Canotilho (1993) nãoé a única possível. O próprio constitucionalista apresenta ainda outros critérios que foram utilizados para essa diferenciação. Veja a seguir. � Grau de abstração: os princípios são normas com grau de abstração elevado, enquanto as regras têm grau de abstração reduzido. � Grau de determinabilidade na aplicação do caso concreto: os princípios são vagos e indeterminados, necessitando de mediações concretizadoras, enquanto as normas são passíveis de aplicação direta. � Caráter de fundamentalidade no sistema das fontes de direito: os princípios têm caráter fundamental no ordenamento jurídico devido à sua posição hierárquica no sistema das fontes ou à sua relevância estruturante no sistema jurídico. � “Proximidade” da ideia de direito: os princípios são modelos ou padrões vin- culados a exigências de “justiça” ou à “ideia de direito”. Já as regras são normas vinculativas de conteúdo apenas funcional. � Natureza normogenética: os princípios são os fundamentos das regras, são a base e a razão das regras jurídicas. Como pontua Canotilho (1993), os princípios tanto possuem função argu- mentativa quanto atuam como normas de conduta, sendo considerados multi- funcionais. Os princípios possuem o caráter de ideias jurídicas que balizam e norteiam a aplicação das regras e da legislação (função argumentativa), bem como a jurisprudência e, de modo amplo, as decisões dos juízes sujeitos a eles 3Princípios gestores do registro (BONAVIDES, 2008). Essa característica é denominada ratio legis, que pode ser traduzida como “razão de ser da lei”. Isto é, os princípios funcionam como mecanismos que orientam a apli- cação da lei, direcionando ainda a própria criação de novas leis, observada a hierarquia legal. Assim, uma lei infraconstitucional não pode ofender um princípio constitucional. Por exemplo: caso uma lei federal possibilitasse a contratação de um servidor público sem concurso público, ela ofenderia o princípio da impessoalidade e o princípio da isonomia. As regras, por sua vez, não possuem a característica ratio legis. Os princípios não têm origem apenas na Constituição Federal, mas também em leis infraconstitucionais que podem nortear a aplicação ou a criação de outras leis, assim como a solução de conflitos específicos. Por outro lado, os princípios também podem assumir o caráter de lex, ou seja, podem atuar como regras de conduta impositivas. Em muitos casos, não há uma lei específica para orientar determinada conduta. Assim, para a solução de eventuais conflitos ou a análise de determinadas condutas ou negócios, o mais lógico é recorrer à base principiológica, já que não há uma legislação específica. Como exemplo, considere o caso dos aplicativos de transporte. Quando eles começaram a operar no Brasil, não existia nenhuma legislação que os regulamentasse. Em razão disso, as decisões judiciais sobre a legalidade ou ilegalidade desse tipo de transporte levaram em conta os princípios legais. Nesses casos, os princípios assumiram não uma característica de análise de leis, mas de aplicabilidade como norma em casos concretos. Os princípios, ao atuarem como lex, servem especialmente aos juristas, que os utilizam para analisar situações fáticas e específicas sobre as quais inexiste legislação e/ ou regra específica a ser aplicada. Entretanto, na aplicação concreta, existem diferenças qualitativas relevantes entre os princípios e as regras. Sobre essas diferenças, Canotilho (1993, p. 167) aponta o seguinte: [...] os princípios são normas jurídicas impositivas de uma otimização, com- patíveis com vários graus de concretização, consoante os condicionalismos fáticos e jurídicos; as regras são normas que prescrevem imperativamente uma exigência (impõem, permitem ou proíbem) que é ou não é cumprida (nos termos de DWORKIN: applicable in all-or-nothing fashion); a convivência dos princípios é conflitual (ZAGREBELSKY); a convivência de regras é antinômica. Os princípios coexistem; as regras antinômicas excluem-se. Dessa maneira, apesar de os princípios também funcionarem como normas de comportamento, eles são mais amplos do que as regras. Os princípios não impõem, permitem ou proíbem uma conduta, mas fornecem fundamen- Princípios gestores do registro4 tos para isso em relação a uma conduta ou prática específica. Ao contrário, a regra impõe, permite ou proíbe determinadas condutas; não há espaço para interpretação, mas apenas a possibilidade de cumprimento ou não de uma regra. Por esses motivos, as regras não podem se opor umas às outras, pois uma exclui a outra. Já em relação aos princípios, a aparente oposição entre eles não é um problema: a sua aplicabilidade será considerada em casos concretos. Por exemplo, o direito à intimidade e o direito à liberdade de expressão são dois princípios que podem se apresentar como opostos em determinadas situações fáticas, sem que um exclua o outro. A partir dessas características, podem ser deduzidas três consequências (CANOTILHO, 1993). A primeira é que os princípios constituem exigência de otimização. Disso decorre que os valores e interesses serão sopesados nos casos concretos; será atribuída uma valoração ou um peso distinto aos princí- pios nos casos em que eles forem conflitantes. Os princípios não prescrevem uma forma de conduta específica, mas fornecem elementos para se decidir de um modo ou de outro. Já em relação às regras, aplica-se a lógica do tudo ou nada (all-or-nothing fashion), posto que não há espaço para o sopesamento entre regras, na medida em que se aplicam no plano da validade. Se a regra é válida, ela tem a sua aplicabilidade plena, do modo prescrito. A outra única possibilidade é a invalidade da regra, caso em que ela não vai ser aplicada; não vai, consequentemente, operar qualquer consequência legal. A segunda consequência é a seguinte: o conflito entre princípios é ad- missível. Quando tal conflito ocorrer, os princípios conflitantes devem ser sopesados, e é necessário ponderá-los e harmonizá-los nos casos concretos. Isso só é possível porque os princípios expressam as normas de modo amplo, sem uma prescrição específica. Já em relação às regras, a validade simultânea de duas regras contraditórias é impossível, pois as regras possuem “fixações normativas” definitivas (CANOTILHO, 1993, p. 167). Não é admissível a validade de regras conflitantes. A terceira consequência é que os princípios estão relacionados a problemas de validade e peso, ou seja, a validade e o peso de princípios conflitantes serão resolvidos no plano da ponderação, da maior relevância de um ou de outro em determinada situação específica. Ao contrário, a aplicabilidade das regras suscita apenas questões relacionadas à validade. Deve-se verificar se a conduta está de acordo ou é contrária às regras. Ademais, se as regras estiverem incorretas, elas devem ser alteradas. O sistema jurídico exige a coexistência de regras e princípios (CANOTI- LHO, 1993). Um sistema baseado apenas em princípios geraria grande insegu- rança jurídica, pois situações jurídicas seriam sempre relegadas a interpretações 5Princípios gestores do registro fáticas, com imprecisão completa dos efeitos jurídicos de atos e condutas. Por outro lado, um sistema baseado apenas em regras permitiria pouca mudança e pouca pluralidade, elementos necessários a um sistema dinâmico e aberto. Um sistema baseado em regras impediria a ampla solução de conflitos e a busca de soluções para situações jurídicas novas, não prescritas pelas regras. A coexistência de princípios e regras garante a aplicação das normas de modo dinâmico e aberto, o que é fundamental para atender aos anseios sociais. Da mesma forma, tal coexistência garante a segurança jurídica e, por consequência, a previsibilidade legal de condutas, atos, fatos e negócios jurídicos. 2 Princípios dos registros Existem também princípios aplicáveis às atividades notariais e de registros públicos. Os serviços prestados pelas serventias extrajudiciais são atividades públicas,delegadas pelo Estado a particulares que as exercem em caráter privado (art. 236 da Constituição Federal) (BRASIL, 1988). A delegação não significa que as atividades se tornam privadas: elas permanecem públicas. Por essa razão, de maneira genérica, aplicam-se às atividades das serventias extrajudiciais os princípios gerais aplicáveis à administração pública, previstos no art. 37 da Constituição Federal: princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência. Segundo o princípio da legalidade, as atividades das serventias extrajudiciais devem estar completamente submetidas ao que a lei determina. As funções dessas serventias são estabelecidas pela lei. Assim, elas não podem agir além ou aquém do que a legislação prescreve. De acordo com o princípio da impessoalidade, os serviços extrajudiciais devem fornecer tratamento igual e isonômico a todos os interessados, sem favorecimentos ou desfavorecimentos. Segundo o princípio da moralidade, os atos dos notários e registradores devem observar a boa-fé, e o seu modo de atuação deve ser ético, de acordo com os bons costumes. Por sua vez, o princípio da publicidade estabelece que todos os atos das serventias extrajudiciais devem ser públicos, acessíveis aos interessados e à coletividade. Já o princípio da eficiência determina que todos os atos públicos devem ser otimizados, buscando sempre garantir o melhor desempenho, com Princípios gestores do registro6 mais agilidade e economia; em suma, como o próprio nome do princípio já indica, tais atos devem ser mais eficientes. Existem ainda outros princípios aplicáveis especificamente aos tabelionatos de notas e aos tabelionatos de protesto (LOUREIRO, 2017). Dada a especifici- dade de cada uma das serventias — e, por consequência, dos princípios de cada uma —, por questões metodológicas, elas serão tratadas separadamente. Para começar, você vai conhecer os princípios aplicáveis aos tabelionatos de notas. Em seguida, vai estudar os princípios aplicáveis aos tabelionatos de protesto. A seguir, então, veja quais são os princípios aplicáveis aos tabelionatos de notas: � Princípio da fé pública: a fé pública garante verdade, confiança e auto- ridade aos atos praticados pelos notários, de modo amplo (LOUREIRO, 2017). Assim, os fatos, atos e contratos que ocorrem na presença do tabelião de notas ou com a sua participação são reputados verdadeiros até prova em contrário. Em razão desse princípio, que confere confiança aos atos notariais, a anulação de tais atos ou a reputação deles como falsos só pode ocorrer por meio de processo judicial. � Princípio da legalidade ou do controle de legalidade: o notário deve agir apenas do modo como a lei prescreve. A previsão legal é a condição para a validade de seus atos, especialmente no que se refere às suas competências e aos seus deveres. Além disso, o notário, ao realizar as suas atribuições, tem a obrigação de exercer o controle de legalidade. Os atos notariais expressam a vontade dos interessados que buscam os serviços dos notários; por isso, para praticar tais atos, esses profissionais devem observar diversos requisitos formais. O controle de legalidade, como expõe Loureiro (2017), trata-se de um processo metodológico que envolve várias etapas: 1. A verificação da própria competência para realizar o ato para o qual foi procurado. 2. A análise das questões formais de validade, como a capacidade jurídica dos interessados, o poder normativo negocial, a capacidade de obrar, o consentimento com o negócio, a existência de vício de vontades, etc. 3. A análise do objeto do ato ou negócio jurídico, a fim de verificar se tal objeto é lícito, determinado ou determinável, se é possível transigir sobre ele e demais hipóteses. 7Princípios gestores do registro Esse controle de legalidade se dá sobre os requisitos formais do negócio. O notário deve garantir o cumprimento dos requisitos formais/legais no exer- cício de seus atos. A seguir, veja quais são tais requisitos: � Princípio da formalidade, da autoria e da responsabilidade: alguns atos e negócios jurídicos devem obrigatoriamente ter a forma de escritura pública para serem válidos. Em outros casos, apesar de não obriga- tória, a escritura pode ser realizada em razão da vontade das partes. Sempre que o serviço do notário for requisitado, este deve observar as formalidades do ato. Os documentos elaborados pelos notários pos- suem as suas declarações e as declarações das partes; tais declarações são responsabilidade desses profissionais. O documento deve ainda ser de sua autoria, e deve-se garantir a publicidade, a autenticidade, a segurança e a eficácia dos atos (LOUREIRO, 2017). A violação desse princípio ou dos deveres do tabelião é passível de responsabilização civil do notário por perdas e danos causados. A responsabilidade desses profissionais é, inclusive, objetiva; portanto, ocorre sem a necessidade de se apurar seu dolo ou culpa, conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ). � Princípio da justiça preventiva: as atividades notariais visam a preve- nir conflitos que possam alcançar a esfera judicial. Isso ocorre mediante a conclusão de acordos claros e equilibrados, assegurando às partes a manifestação de suas vontades, bem como esclarecendo as partes acerca dos atos praticados e de seus efeitos (LOUREIRO, 2017). � Princípio da imparcialidade e da independência: esse princípio decorre do princípio geral da impessoalidade. O notário deve agir de forma imparcial, ou seja: ele não pode favorecer uma das partes em um negócio jurídico, não pode advogar por qualquer das partes, não pode legitimar ou lavrar atos que sejam abusivos a uma das partes. O notário tem ainda o direito e o dever de atuar de forma independente, não se sujeitando ao interesse de uma das partes. � Princípio da rogação: os notários não podem agir de ofício, mas somente mediante o requerimento dos interessados que buscam os seus serviços. Uma vez procurados, os notários não podem se negar, independentemente do motivo, a prestar serviços solicitados que façam parte de suas atribuições e que preencham os requisitos formais/legais. Princípios gestores do registro8 � Princípio da unicidade do ato notarial: segundo esse princípio, que encontra os seus fundamentos legais no art. 215, § 1º, I e VII, do Código Civil, os atos notariais devem ser realizados, em regra, em uma única oportunidade. Isso não significa que devam ser realizados necessaria- mente em um único dia — dada a necessidade recorrente de digitação (ata notarial) e consideradas diligências como o pedido de certidões ou documentos complementares, etc. Mas, cumpridas todas as diligên- cias necessárias, a escritura pública deve ser realizada em um só ato. Em seguida, deve ser lida às partes e aos seus representantes, para que possam conferir se o documento está de acordo com as vontades que expressaram. Nesse mesmo ato, as partes devem dar a sua anuência ao ato ao firmarem o documento (LOUREIRO, 2017). Em tal ato, devem estar presentes ambas as partes ou os seus representantes legais. Ainda segundo o princípio da unicidade do ato notarial, após concluído o ato, não é mais possível fazer alterações ou acréscimos à escritura lavrada. Isso só pode ocorrer mediante nova escritura que venha a modificar ou acrescentar algo à escritura lavrada. A realização de mais de um ato com a presença em separado das partes só pode ocorrer quando a lei ou as normas regulamentares permitirem. � Princípio da segurança jurídica: o notário deve atuar de modo a garantir a segurança jurídica dos atos ou negócios jurídicos das partes. Isso se dá pela conferência de documentos e autenticações, bem como pela solicitação de certidões fiscais, tributárias, judiciais, entre outras necessárias para a validade do ato. Enfim, cabe ao notário a verificação de todos os requisitos formais do negócio. A segurança jurídica garante a estabilidade do negócio para as partese para a sociedade como um todo, na medida em que assegura a certeza e a perfectibilidade de atos e negócios jurídicos. 9Princípios gestores do registro � Princípio da conservação e da publicidade: cabem aos notários a guarda e a conservação dos documentos colacionados pelas partes, assim como dos livros notariais, com o fim de evitar perdas e dete- riorações (LOUREIRO, 2017). A guarda deve ocorrer no formato de papel e suporte eletrônico com cópia de segurança. Tais documentos e livros são públicos e devem ser colocados à disposição para consulta de qualquer interessado, não havendo sequer a necessidade de o interessado justificar o motivo pelo qual quer realizar a consulta. Loureiro (2017) apresenta ainda outros princípios, que são aplicáveis mais especificamente aos tabelionatos de protesto. Veja a seguir. � Princípio da oficialidade: segundo esse princípio, o ato de protesto é um ato oficial e solene, dotado de força probante. Por isso, deve ser realizado necessariamente pelo tabelião de protesto, inclusive indepen- dentemente de autorização judicial. � Princípio da insubstitutividade: o protesto é considerado uma prova insubstituível, ou seja, nenhum outro ato, documento ou testemunho pode substituí-lo para os fins a que se destina. � Princípio da unitariedade: o protesto tem por objeto um documento comprobatório de dívida, como um título executivo. Desse modo, o ato de protesto deve ser um só, não sendo necessária a lavratura de um segundo protesto para os fins comprobatórios a que se destina. Contudo, há exceções em que é necessário fazer um segundo protesto. Um exemplo é o cancelamento do primeiro protesto por erro no preenchimento de dados. Também pode ocorrer um segundo protesto relativo a prestações que ainda não estavam vencidas de um documento já protestado, por exemplo (LOUREIRO, 2017). � Princípio da rogação ou da instância: como o tabelião de notas, o tabelião de protestos não pode agir de ofício, sem o requerimento do interessado. O protesto é um ato voluntário e depende do requerimento do interessado. Além disso, o protesto leva em conta as informações fornecidas pelo apresentante. Após a lavratura do protesto, o cance- lamento ou qualquer tipo de averbação só pode ocorrer a partir do requerimento do interessado. Princípios gestores do registro10 � Princípio da celeridade e princípio da formalidade simplificada: a simplicidade e a celeridade dos atos de protesto decorrem do princípio da eficiência. Segundo os dois primeiros, os atos e procedimentos dos tabelionatos de protesto devem ser o mais simples e célere possível, obviamente sem deixar de lado as exigências formais. Admite-se a simplicidade também nas intimações, sem a necessidade de intimação da pessoa que tem título ou documento protestado. Existe ainda a pos- sibilidade de intimação pelo correio com aviso de recebimento, entre outras formas. Com vistas à celeridade e à simplificação, admite-se também o uso de processos eletrônicos para a prestação de alguns serviços notariais, como a apresentação do título ou documento por suporte eletrônico (LOUREIRO, 2017). Os princípios aplicáveis à atividade notarial, sejam gerais ou específicos, não são estanques. O Direito Notarial envolve uma série de relações fáticas e inter-relações com diversos ramos do Direito. Dessa forma, a depender da situação fática, pode ocorrer a influência ou a aplicabilidade de outros princípios não listados aqui, como o princípio da supremacia do direito público sobre o privado, o princípio da proporcionalidade, entre tantos outros. Entretanto, os princípios que você viu nesta seção são os de maior aplicabilidade e ocorrência nos tabelionatos de notas e de protesto. 3 Decisões das cortes superiores Os princípios e as regras são normas que coexistem no Direito brasileiro. Os princípios possuem um caráter mais geral e multifuncional, na medida em que podem tanto assumir uma função enunciativa quanto atuar como normas de conduta. Os princípios têm a tarefa especial de servir de justificativa, fundamento ou ferramenta para a resolução de conflitos. Canotilho (1993), ao analisar o sistema constitucional e jurídico, ressalta a importância de um sistema processual de regras e princípios que fundamente processos e ferra- mentas, que por sua vez suportem de forma rigorosa a solução de problemas metódicos. Esses elementos permitem: 11Princípios gestores do registro [...] respirar, legitimar, enraizar e caminhar o próprio sistema. A respiração obtém-se através da “textura aberta” dos princípios; a legitimidade entrevê-se na ideia de os princípios consagrarem valores (liberdade, democracia, digni- dade) fundamentadores da ordem jurídica; o enraizamento prescruta-se na referência sociológica dos princípios a valores, programas, funções e pessoas; a capacidade de caminhar obtém-se através de instrumentos processuais e procedimentais adequados, possibilitadores da concretização, densificação e realização prática (política, administrativa, judicial) das mensagens normativas da constituição (CANOTILHO, 1993, p. 170). Nessa análise, Canotilho tem em vista as normativas constitucionais, mas o sistema de regras e princípios faz parte do ordenamento jurídico como um todo. É evidente que as demais normas replicam o sistema dinâmico das normas constitucionais e devem estar sempre em consonância com elas. Nesse sistema de regras e princípios, os princípios são especialmente impor- tantes para a solução de conflitos, seja em razão da oposição entre duas regras conflitantes ou mesmo da oposição entre dois princípios conflitantes. A solução dos conflitos relativos a ameaças a direitos se dá por meio do Poder Judiciário, como estabelece o art. 5º, XXXV, da Constituição Federal: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (BRASIL, 1988). Os fatos jurídicos são dinâmicos. Dificilmente um fato envolve apenas um ramo do Direito, apesar da existência de tais ramos, que se materializam em diversos códigos de normas e leis ordinárias. Esses ramos do Direito se intercruzam e se relacionam constantemente. Isso também ocorre em relação ao Direito Notarial e Registral. É inegável, por exemplo, a íntima relação entre as escrituras públicas e o Direito Civil, no que diz respeito tanto à compra e venda quanto aos direitos hereditários. Do mesmo modo, no caso dos tabe- lionatos de protesto, é facilmente perceptível a relação do protesto em si com o Direito Cambial em geral, bem como com o Direito de Obrigações, ramo do Direito Civil, entre outros. Tendo em vista essa dinamicidade própria do mundo fático, os conflitos e as oposições entre normas de Direito são constantes. Ora, se os diversos ramos do Direito possuem constante inter-relação, as normas (sejam as regras ou os princípios) de cada um desses ramos também se inter-relacionam. Por esse motivo, não é rara a oposição entre princípios ou a oposição entre regras. Como é impossível que o Poder Legislativo preveja toda e qualquer possibilidade de conflito, também é impossível que a aplicação das normas legais não impli- que conflitos, problemas de interpretação relacionados a outras normas, etc. Na verdade, o Poder Legislativo nem mesmo deveria prever todos os conflitos, pois um sistema jurídico apenas com regras e normas absolutamente prescritas implica também pouca dinamicidade. Princípios gestores do registro12 Quando os conflitos surgem, cabe ao Poder Judiciário solucioná-los, in- terpretando determinada situação fática com base na legislação. Os princípios são particularmente importantes para as decisões judiciais que versam sobre oposição de princípios ou oposição de regras. Isso acontece devido ao caráter amplo de tais decisões, que permite o sopesamento entre os princípios e a aplicação prática dos princípios e regras das normas legais. Na solução de conflitos, os princípios são extremamente relevantes. Especialmente em casos: [...] em que se evidencia a insuficiência doinstrumental predominante ou unicamente usado na dogmática tradicional, é que vem aparecendo cada vez com mais nitidez a importância dos princípios, fazendo quase que necessa- riamente parte dos raciocínios jurídicos (WAMBIER; DANTAS, 2016, p. 97). O Judiciário desempenha essa atividade de modo amplo; portanto, essa atividade e esse modo de ação também ocorrem em relação aos conflitos relacionados às serventias extrajudiciais. Nesse contexto, a jurisprudência das cortes superiores exerce importante papel na aplicabilidade das normas jurídicas. As cortes superiores têm a importante função de uniformizar a jurisprudência, evitando ao máximo a desarmonia das decisões judiciais que exigem a interpretação da lei e/ou que exigem a decisão entre regras e princípios opostos. Os juízes estão vinculados ao princípio da legalidade, como determina o art. 8º do Código de Processo Civil. Segundo interpretações desse dispositivo, a obediência ao princípio da legalidade inclui, além da lei, a vinculação à doutrina e à jurisprudência (WAMBIER; DANTAS, 2016). Em relação aos temas que envolvem o Direto Notarial e Registral, cabe ao STJ e ao Supremo Tribunal Federal (STF) a tarefa de uniformizar nacio- nalmente as interpretações de lei, analisando-as à luz das demais leis e à luz de sua constitucionalidade, tanto pelo controle difuso do STJ quanto pelo controle concentrado do STF. Cabe também aos tribunais de justiça dos es- tados e do Distrito Federal, a nível local, uniformizar as suas jurisprudências quanto aos temas relativos ao Direto Registral e Notarial. A uniformização da jurisprudência ocorre por meio de súmulas, julgamentos de recursos cujo tema vincula outras decisões (como recursos com repercussão geral reco- nhecida pelo STF ou recursos repetitivos julgados pelo STJ), informativos de jurisprudências, etc. Nem todas as decisões das cortes superiores vinculam os demais juízes, mas obviamente é importante uniformizar teses jurídicas para garantir a segurança jurídica, além de garantir a regularidade e a uniformidade na prestação judiciária. 13Princípios gestores do registro Para saber mais sobre o Direito Notarial e Registral, acesse a Constituição Federal por meio da página “A Constituição e o Supremo” no site do STF. Lá, você pode conferir todos os dispositivos, acompanhados das decisões relacionadas a eles. Outro importante documento relacionado às teses jurisprudenciais é a edição nº. 80 do informativo “Jurisprudência em Teses” do STJ, também disponível on-line para consulta. Esse informativo traz as principais teses jurisprudenciais adotadas pelo STJ em relação aos serviços notariais e de registro. Como você já viu, as situações fáticas levadas a julgamento pelo Judiciário são bastante diversas, por isso existem inúmeros princípios aplicáveis a elas. Entre tais situações, é possível destacar alguns exemplos de decisões tomadas com base nos princípios aplicáveis aos registros públicos. É isso que você vai ver a seguir: O art. 236, § 2º, da Constituição Federal estabelece que os emolumentos decorrentes dos serviços prestados são devidos aos notários e registradores (BRASIL, 1988). A Lei nº. 9.534, de 10 de dezembro de 1997, alterou a redação do art. 30 da Lei de Cartórios (Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973), que passou a isentar a cobrança de emolumentos do registro civil de nascimento e do assento de óbito pelo Registro Civil de Pessoas Naturais, bem como a primeira certidão respectiva a esses atos (BRASIL, 1997). A mesma lei isentou os “reconhecidamente pobres” do pagamento dos emolumentos das demais certidões extraídas pelo Registro Civil de Pessoas Naturais. Nesse caso, há um evidente conflito de interesses, visto que a Constituição estabelece que as atividades notariais e registrais são exercidas em caráter privado. Assim, a isenção de pagamento dos emolumentos configuraria inge- rência estatal em relação a essas atividades exercidas “em caráter privado”. Por esses motivos, a Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI nº. 1.800) requerendo a inconstitucionalidade da alteração legal trazida pela Lei nº. 9.534/1997. Con- tudo, a ação de inconstitucionalidade foi julgada improcedente, entre outros fundamentos, pela aplicação do princípio constitucional do art. 5º, LXXVII, da Constituição Federal, que estabelece a gratuidade dos atos necessários ao exercício da cidadania. Desse modo, tendo em vista que os registros de nasci- mento e de óbito são essenciais para a cidadania, a lei pode torná-los gratuitos. Princípios gestores do registro14 Foi destacado ainda que os registradores civis estão sujeitos a essas regras, pois, apesar de suas atividades serem equiparadas à atividade empresária, estão sujeitas ao regime público. Como você viu, os princípios podem ser incompatíveis e podem criar regras aparen- temente conflitantes. Quando isso ocorre, é necessária a intervenção do Judiciário, que pondera sobre os princípios inter-relacionados dos diversos ramos do Direito. Outro exemplo está relacionado ao art. 236, § 3º, da Constituição Federal, que estabelece que o ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos. Em Minas Gerais, o art. 17, I e II, da Lei Estadual nº. 12.919, de 29 de junho de 1998, passou a estabelecer que, para o ingresso e a remoção nos serviços notariais e de registro, seriam necessários (MINAS GERAIS, 1998): I — tempo de serviço prestado como titular, interino, substituto ou escrevente em serviço notarial ou de registro; II — trabalhos jurídicos publicados, de autoria única, e apresentação de temas em congressos relacionados com os serviços notariais e registrais. Contra essa disposição, a Procuradoria Geral da República ajuizou a ADI nº. 3.580. A referida ação foi julgada procedente, declarando-se a inconsti- tucionalidade dos requisitos presentes na lei estadual. O fundamento para o deferimento do pedido foi a violação do princípio da isonomia (art. 5º, caput, da Constituição Federal). Considerou-se que a valorização excessiva de atividades relacionadas àquelas que se pretende exercer por meio de concurso público configura privilégios a determinado grupo em detrimento dos demais. Com essa sobrevalorização, portanto, os dispositivos da lei estadual deveriam ser julgados inconstitucionais por violação do princípio da isonomia. Como você viu, diversos princípios legais influenciam as atividades dos notários e registradores, bem como a forma de ingresso nas atividades no- tariais e registrais. Por meio da aplicação dos diversos princípios existentes, a depender da situação fática, as decisões das cortes superiores interferem diretamente nas atividades dos notários e registradores. 15Princípios gestores do registro BONAVIDES, P. Curso de direito constitucional. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. 827 p. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 24 abr. 2020. BRASIL. Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997. Dispõe sobre o Sistema de Financiamento Imobiliário, institui a alienação fiduciária de coisa imóvel e dá outras providências. Bra- sília: Casa Civil da Presidência da República, 1997. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l9514.htm. Acesso em: 24 abr. 2020. CANOTILHO, J. J. G. Direito constitucional. 6. ed. Coimbra: Livraria Almedina, 1993. 1228 p. LOUREIRO, L. G. Registros públicos: teoria e prática. 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2017. 1312 p. MINAS GERAIS. Lei nº 12.919, de 29 de junho de 1998. Dispõe sobre os concursos de ingresso e de remoção nos serviços notariais e de registro, previstos na Lei Federal nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, e dá outras providências. Belo Horizonte: Secretaria de Casa Civil e Relações Institucionais, 1998. 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Os princípios e as regras têm definições conceituais distintas, do mesmo modo que desempenham papéis diferentes nos sistemas jurídicos, porém a diferenciação entre ambos nem sempre é uma tarefa simples. Na Dica do Professor, você poderá conhecer mais sobre as teorias que fazem a distinção entre regras e princípios. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/b9defd9b65dcba89887a66e051339df7 Saiba mais Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A ponderação de regras e alguns problemas da teoria dos princípios de Robert Alexy Neste link, você terá acesso a um artigo sobre a diferença entre as regras e os princípios a partir da distinção qualitativa sustentada por Ronald Dworkin e Robert Alexy, bem como o papel da ponderação na solução de conflitos entre normas. Verá, ainda, o que o autor entende como problemas da teoria dos princípios de Robert Alexy. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A Constituição e o Supremo Neste link, você terá acesso ao site do Supremo Tribunal Federal, especificamente ao tópico de Legislação Anotada, no qual é possível visualizar os principais julgamentos e teses relacionados ao artigo 236 da Constituição Federal, que trata das atividades das serventias extrajudiciais. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Jurisprudências em Teses Neste link, você terá acesso às jurisprudências de teses do Superior Tribunal de Justiça e, especificamente, a teses sobre o Direito Registral e Notarial no Informativo nº 80, que pode ser visualizado entre as páginas 735 e 742 do arquivo em PDF. http://www.scielo.br/pdf/rdgv/v15n2/2317-6172-rdgv-15-02-e1917.pdf http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp?item=2079 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.stj.jus.br/docs_internet/jurisprudencia/tematica/download/JT/JT_ramos_ed.1.pdf