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diálogo entre essas esferas. A classificação mais tradicional dos documentos e fontes de informação, conforme Grogan, é apresentada por Cunha (2001) e divide esses materiais em três categorias: primárias, secundárias e terciárias. As fontes primárias são aquelas que contêm ideias e informações inéditas, sendo criadas e comunicadas diretamente pelos autores. Exemplos de fontes primárias incluem eventos como congressos e conferências, legislação, nomes e marcas comerciais, normas técnicas, patentes, periódicos, projetos e pesquisas em andamento, relatórios técnicos, teses e dissertações, além de traduções e artigos em livros (CUNHA, 2001; ARAUJO; FACHIN, 2015; BAGGIO; COSTA; BLATTMANN, 2016). Por outro lado, as fontes secundárias referem-se, de maneira direta ou indireta, às fontes primárias, e podem ser ilustradas por meio de dicionários, enciclopédias, filmes e vídeos, fontes históricas, publicações e periódicos de indexação e resumos, artigos de revisão, manuais, museus, herbários, arquivos e coleções científicas, prêmios e honrarias, redação técnica e metodologia científica, siglas e abreviaturas, tabelas, unidades, medidas e estatísticas, bases e bancos de dados, bibliografias, índices, biografias, catálogos de bibliotecas, centros de pesquisa e laboratórios, feiras e exposições, entre outros (CUNHA, 2001; ARAUJO; FACHIN, 2015; BAGGIO; COSTA; BLATTMANN, 2016). As fontes terciárias funcionam como orientações, apontando para fontes primárias e secundárias. Exemplos dessas fontes incluem bibliografias de bibliografias, catálogos de bibliotecas, diretórios de financiamento e apoio à pesquisa, guias bibliográficos e revisões de literatura (CUNHA, 2001; ARAUJO; FACHIN, 2015; BAGGIO; COSTA; BLATTMANN, 2016). De acordo com Baggio, Costa e Blattmann (2016), ao revisarem a obra de Hjørland, Andersen e Søndergaard (2005, tradução das autoras), os autores propõem duas categorias adicionais à clássica divisão de fontes: Literatura Popular: refere-se à disseminação do conhecimento gerado em um campo específico para público em geral, outros setores ou estudantes. Exemplos dessa categoria incluem livros didáticos, revistas, jornais (como jornalismo científico), obras de divulgação, enciclopédias, ficção científica, mídias de massa, apresentações multimídia, entre outros. Informações ao fundo: trata-se de dados sobre ferramentas (comocomputadores e softwares), tendências do mercado de trabalho em uma determinada área ou disciplina, desde que essas informações não sejam consideradas parte da produção de conhecimento comum dentro dos domínios. Exemplos incluem documentos biográficos, diretórios, calendários de conferências, listas de arquivos, diretórios de subvenções, bolsas de estudos, anuários (relatórios anuais), newsletters e páginas pessoais na internet. A divisão apresentada é uma perspectiva clássica sobre as fontes de informação, mas a literatura científica oferece diversas outras classificações. Alves e Santos (2018) compilaram 19 propostas internacionais que categorizam recursos e fontes de informação. Eles ressaltam que, além das diferentes classificações existentes, as necessidades de informação são atendidas por meio das fontes e recursos disponíveis. Para realizar a busca, a seleção e o uso ético dos dados e da informação, é fundamental desenvolver competências, habilidades e atitudes que se expandem ao longo da vida e em resposta ao avanço tecnológico. Assim, as necessidades de informação guiam as fontes e recursos a serem consultados, independentemente das tipologias e classificações existentes (ALVES; SANTOS, 2018). Atualmente, com amplo uso da internet, é fundamental voltarmos nossa atenção para as fontes e recursos informacionais disponíveis nesse ambiente. É importante destacar que não devemos considerar a internet como uma única fonte de informação, mas sim como um espaço que abriga documentos tradicionais e diversas fontes primárias, secundárias e terciárias. Dada a imensa quantidade de informações disponíveis, é necessário desenvolver habilidades para identificar fontes confiáveis e aplicar critérios rigorosos de seleção, assegurando assim acesso a informações de qualidade (PRIETO, 2022). Um exemplo dessa realidade são as enciclopédias. Hoje, a Wikipédia, que é construída de forma colaborativa, oferece uma vasta gama de informações, funcionando de maneira similar às enciclopédias tradicionais, e é, portanto, classificada como uma fonte de informação secundária. Embora seja uma ferramenta de pesquisa bastante popular e útil, é crucial lembrar que há desafios associados ao formato wiki. A própria Wikipédia contém um artigo que discute as críticas e controvérsias relacionadas a erros que podem ser encontrados em suas páginas. De acordo com Baggio, Costa e Blattmann (2016), certas fontes de informaçãoservem como ferramentas para a localização de outras fontes. Isso inclui repositórios, catálogos, bibliografias, portais e diretórios, entre outros. Esses recursos atuam como mecanismos que organizam a informação, direcionando os usuários às fontes desejadas. Ter conhecimento sobre esses instrumentos não só facilita a busca, mas também proporciona maior confiança na seleção de fontes confiáveis. As autoras ressaltam a importância de estar sempre atento e atualizado, uma vez que as informações e os sistemas estão em constante evolução. Agora que já entendemos conceito e a classificação das fontes de informação, além de alguns exemplos, no tópico 4.1 iremos abordar a parte prática, onde aprenderemos a selecionar fontes de informação confiáveis e aplicar esses novos conhecimentos em pesquisas científicas (PRIETO, 2022). 4.1 Avaliação e seleção de fontes de informação confiáveis Caso seu foco seja a pesquisa científica, é natural se perguntar em que fase do processo você deve escolher fontes de informação confiáveis. Se essa questão surgiu em sua mente, ótimo! Caso contrário, é interessante considerar esse aspecto também. Durante a elaboração de uma pesquisa científica, existem diversas etapas em que a consulta a fontes confiáveis se torna essencial. No entanto, a fase de levantamento de dados é a mais crítica. Para essa e para qualquer outra busca ou investigação, recomendamos que você siga cinco orientações. Fique atento a este ponto. 4.2 que eu preciso pesquisar? Ao iniciar uma pesquisa, é fundamental ter clareza sobre tipo de informação e documentação que você precisa, bem como a importância das fontes que irá utilizar. Comece fazendo perguntas amplas sobre tema em questão e, gradualmente, aprofunde-se em questões mais específicas para uma compreensão mais completa. Inicialmente, você pode utilizar ferramentas de busca como Google para explorar informações gerais. À medida que se familiariza com assunto, avance para recursos mais acadêmicos, como Google Acadêmico (PRIETO, 2022). Em seguida, busque fontes mais especializadas, como catálogo da biblioteca da sua instituição, Portal de Periódicos da CAPES ou SciELO. Durante esseprocesso, preste atenção às terminologias específicas que surgirem, anotando os termos e conceitos relevantes para a fase de definição. Além disso, é recomendável que você consulte um bibliotecário para obter orientações sobre as fontes de informação, tanto gerais quanto especializadas, na sua área de estudo. Ele também pode fornecer informações sobre as características do ciclo de publicação na sua área do conhecimento. 4.3 Onde eu encontro que preciso para minha pesquisa? Neste momento, é hora de explorar as fontes de informação disponíveis. É importante lembrar que existem diferentes tipos de fontes: primárias, secundárias e terciárias, além de ferramentas que podem nos ajudar a localizá-las. Os termos e conceitos que você identificou anteriormente serão bastante úteis neste processo. Caso tenha seguido a recomendação anterior e realizado um levantamento ou conversado com a equipe da biblioteca da sua instituição, você deve ter notado que há uma ampla variedade de recursos informacionais acessíveis nas instituições de ensino em nosso país, tanto em formatos abertos quanto restritos (PRIETO, 2022). De forma simplificada, Alves e Santos (2018) oferecem exemplos que podem ajudar na seleção apropriada de uma fonte de informação, de acordo com a sua necessidade específica (Quadro 1). Quadro 1- Correspondência entre necessidades e fontes e recursos de informação Necessidade de Informação Fontes e recursos de Informação Informações atuais sobre a situ- Jornais, revistas, televisão, rádio, ação política de um país ou so- redes sociais e outros meios bre um desastre que aconteceu de comunicação cotidiana em qualquer lugar do mundo Artigos acadêmicos sobre uso Revistas e livros científicos (revis- de mandioca ou componentes tas eletrônicas e livros na web) da mandioca Artigos populares sobre fraudes Revistas informativas (revistas na Internet. Artigos acadêmicos eletrônicas na web) e em bases sobre um tema como a malária, de dados (PubMed, MEDLINE, HIV e tuberculose. Scopus, Web do Conhecimento, Embase e outras) Informação geral como defi- Motores de busca como Google, nições, contatos, instituições Yahoo e outros e outras Fonte: Publicado por Alves e Santos 2018, a partir da adaptação de Ajuwon e colaboradores 2011.Com base no Quadro 1 e nas contribuições de autores como Campello, Cendón e Kremer (2000), Campello e Caldeira (2005), Cunha e Cavalcanti (2008), e Tomaél (2008 e 2016), aprimoramos essa proposta levando em consideração as principais necessidades e objetivos relacionados a diversas fontes de informação confiáveis. Assim, apresentamos algumas recomendações que podem servir como ponto de partida para desenvolvimento de seus trabalhos (Quadro 2). Quadro 2 Sugestões de fontes de informação confiáveis a partir de seus propósitos Propósito Tipo de fonte de in- Exemplos, tanto formação sugerida em fontes con- vencionais, como em fontes dispo- níveis na Internet, ou seja, com possi- bilidades de ver- sões em diferentes mídias: impressa, eletrônica, online, CD-rom, etc. Para descobrir informa- Enciclopédias, moto- Enciclopédias ções gerais de diferen- res de busca. Barsa, Enciclopédia tes temas ou ramos Mirador, especializados do Enciclopédia Abril, nhecimento, coisas, Enciclopédias espe- objetos, pessoas cializadas disponí- veis no Portal Capes, como por exem- plo: Scholarpedia: the peer-reviewed open-access ency- clopedia e Standford Encyclopedia of Philosophy, Google Scholar Fonte: Elaborado pela autora a partir da adaptação de Alves e Santos (2018), Campello, Cendón e Kremer (2000), Campello e Caldeira (2005), Cunha e Cavalcanti (2008) e Tomaél (2008, 2016). Reforçamos que as recomendações apresentadas no Quadro 2 são meramente sugestivas. universo das fontes de informação é vasto e diversificado, e, conforme discutido anteriormente, a escolha das fontes adequadas depende muito do tipo de informação que você está buscando. Com as orientações que você está aprendendo, será capaz de identificar caminho certo para selecionar a fonte que realmente se encaixa na sua pesquisa (PRIETO, 2022). É importante destacar outra etapa fundamental no processo de pesquisa: aorganização dos resultados obtidos. Esses resultados podem ser organizados em fichas de pesquisa, seja em formato impresso ou digital, utilizando programas de gerenciamento como EndNote ou Mendeley, que facilitam armazenamento das referências encontradas e a recuperação dessas informações quando necessário para seus trabalhos acadêmicos. 4.4 Como selecionar e avaliar uma fonte de informação? Tomaél, Alcará e Silva (2008), discutem diversos critérios para a avaliação de fontes de informação disponíveis na internet, focando na qualidade do conteúdo e na credibilidade das informações. Esses critérios ajudam a determinar a confiabilidade das fontes online. Precisão e Veracidade: é fundamental verificar se a informação apresentada é correta e objetiva. Para isso, compare com que foi abordado em aula, além de outras leituras e conhecimentos já adquiridos. Facilidade de Compreensão: avalie a clareza e a facilidade de interpretação do texto. Textos que contêm erros gramaticais e ortográficos podem indicar problemas na qualidade da informação. Objetividade: verifique se texto inclui fatos, dados, evidências e referências, mantendo uma postura imparcial. A presença de preconceitos, notícias falsas ou acusações infundadas é um indicativo de baixa qualidade da fonte. Consistência e Relevância: uma boa fonte de informação deve ter uma cobertura adequada, coerência e profundidade nos assuntos abordados. No caso de fontes científicas, é importante que estejam embasadas na literatura científica e que sejam pertinentes ao tema em questão, evitando ambiguidades. Atualização: preste atenção à data da última atualização, a presença de links ativos e se as informações são recentes. Fontes desatualizadas devem ser evitadas. Integridade: as informações devem ser completas, mas sem excessos que tornem conteúdo confuso ou sem sentido. Alcance: analise se a forma como assunto é tratado na fonte é abrangente eprofunda suficiente para atender às necessidades da sua pesquisa. Abordagens superficiais podem exigir a busca por outras fontes. Credibilidade: esse é um dos aspectos mais importantes a serem considerados. Relaciona-se à origem e à disponibilização da informação. Verifique se a página apresenta dados completos sobre autor, sua responsabilidade e se ele possui credibilidade em sua área, com um histórico de produção relevante. Além disso, é essencial considerar ambiente onde a fonte está hospedada, como sites educacionais, governamentais, acadêmicos ou comerciais. 4.5 Que recursos posso utilizar para realizar as minhas buscas em fontes de informação? Essa fase tem como objetivo melhorar suas pesquisas. Agora, você deve realizar a busca na fonte de informação que escolheu, utilizando estratégias de pesquisa e operadores booleanos para otimizar os resultados. As estratégias de busca organizam os termos de maneira que o sistema consiga fornecer resultados mais relevantes para sua investigação. Essa abordagem se assemelha a uma equação matemática e emprega operadores booleanos para aprimorar a relação entre os termos pesquisados. Os principais operadores booleanos utilizados em estratégias de busca incluem (PRIETO, 2022): AND, OR e NOT são operadores lógicos utilizados em pesquisas para refinar ou ampliar os resultados. AND é operador que corresponde ao "e". Ele serve para restringir os resultados da busca, exigindo que as informações recuperadas contenham tanto um termo quanto o outro. OR é o operador que representa "ou". Ele tem a finalidade de expandir os resultados da pesquisa, permitindo que sejam recuperadas informações que contenham um termo, outro ou ambos. NOT equivale ao "não" e é utilizado para excluir termos específicos da pesquisa. Com este operador, os resultados obtidos não incluirão o termo que aparece após a palavra NOT.emprego de aspas e outros símbolos especiais é fundamental para a efetividade das pesquisas. Cada base de dados ou sistema de busca possui suas particularidades em relação a esses caracteres. Por isso, é essencial consultar as orientações disponíveis nas plataformas e participar de treinamentos oferecidos por editores e bibliotecas, visando compreender melhor os recursos específicos e otimizar seu uso.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, F. M. M.; SANTOS, Fontes e recursos de informação tradicionais e digitais: propostas internacionais de classificação. Biblos, Lima, n.72, p. 35-50, 2018. Disponível em: http://biblios.pitt.edu/ojs/index.php/biblios/article/view/459 Acesso em: 16 jan. 2025. ARAUJO, N. C.; FACHIN, J. Evolução das fontes de informação. Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Rio Grande, V. 29, n. 1, 2015. Disponível em: https:// Acesso em: 16 jan. 2025. BAGGIO, C. C.; COSTA, BLATTMANN, U. Seleção de tipos de fontes de informação. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, João Pessoa, V. 6, n. 2, p. 204-217, jul./dez. 2016. CAMPELLO, S.; CALDEIRA, P. T. (org.). Introdução às fontes de informação. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. CAMPELLO, B. S.; CALDEIRA, P. T.; MACEDO, V. A. (org.). Formas e expressões do conhecimento: introdução às fontes de informação. Belo Horizonte: Escola de Biblioteconomia da UFMG, 1998. CAMPELLO, S.; CENDÓN, V.; KREMER, Jeannette Marguerite (org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000. CUNHA, M. Para saber mais: fontes de informação em ciência e tecnologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2001. CUNHA, M. B.; CAVALCANTI, R. Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2008. PRIETO, G.A. Acomtece na Graduação. v.4. 1. ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2022. TOMAÉL, M. SILVA, T. ALCARÁ, R. Fontes de informação na Internet: critérios de qualidade. In: TOMAÉL, Maria Inês (org.). Fontes de informação na Internet. Londrina: Eduel, 2008. p. 3-28.CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI Anotações CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 00000000