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CARTÓRIO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS

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REGISTRO DE 
TÍTULOS E 
DOCUMENTOS
Cinthia Louzada Ferreira Giacomelli 
Introdução ao registro de 
títulos e documentos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Apresentar um breve panorama histórico das serventias extrajudiciais 
no Brasil.
  Diferenciar tabelionato de ofício de registro.
  Identificar os serviços notariais e de registro à luz do art. 236 da Cons-
tituição Federal.
Introdução
As serventias extrajudiciais são responsáveis pelos serviços notariais e 
registrais no Brasil. Desde o início da colonização portuguesa no Brasil 
até a atual regulamentação legal dos notários e registradores, depois do 
advento da Constituição Federal, percebe-se a presença desses profissio-
nais para documentar e registrar os acontecimentos, o que é essencial 
para a evolução das leis e para o atendimento dos anseios da sociedade 
em cada época.
Os popularmente conhecidos cartórios têm uma importante função 
social, que é conferir publicidade, segurança jurídica, eficácia e auten-
ticidade aos atos jurídicos. Além disso, é importante destacar que os 
tabeliães contribuem, de maneira significativa, para a desjudicialização 
das demandas, permitindo que procedimentos que tinham a natureza 
essencialmente judicial possam ser processados de maneira mais célere, 
com a mesma segurança jurídica de um processo judicial: é o caso dos 
inventários e dos divórcios.
Neste capítulo, você vai ler sobre o percurso histórico dos tabelionatos 
e dos ofícios de registro, as diferenças entre esses estabelecimentos e 
como os serviços prestados se adequam às normativas constitucionais. 
1 Percurso histórico
Nas serventias extrajudiciais, são prestados os serviços notariais e de regis-
tro, que, nos termos do art. 1º da Lei nº. 8.935, de 18 de novembro de 1994 
(BRASIL, 1994a), são aqueles de organização técnica e administrativa, cujo 
objetivo é garantir a publicidade, a autenticidade, a segurança e a efi cácia dos 
atos e negócios jurídicos. 
Nesse sentido, as serventias extrajudiciais dividem-se em duas espécies: 
as que prestam serviços notariais e as que prestam serviços registrais. Para 
Ceneviva (1999, p. 22): “[...] serviço notarial é a atividade de servidor público, 
autorizado por lei, de redigir, formalizar e autenticar, com fé pública, ins-
trumentos que consubstanciem atos jurídicos extrajudiciais do interesse dos 
solicitantes, sendo também permitido a autoridades consulares brasileiras, na 
forma da legislação especial”.
Ceneviva (1999, p. 23) conceitua também os serviços registrais, afirmando 
que se dedicam: “[...] como regra, ao assentamento de títulos de interesse 
privado ou público, para garantir oponibilidade a todos os terceiros, com a 
publicidade que lhes é inerente, garantindo, por definição legal, a segurança, 
a autenticidade e a eficácia dos atos da vida civil a que se refiram”. 
Dessa forma, os serviços notariais referem-se aos tabelionatos de notas e 
aos tabelionatos de protestos. Já os serviços registrais dizem respeito a cinco 
categorias: 
  registro civil de pessoas naturais; 
  registro civil de pessoas jurídicas; 
  registro de títulos e documentos; 
  registro de imóveis; 
  registro de distribuição.
 Há também os seguintes registros, regidos por legislação própria:
  registro público de empresas mercantis; 
  registros de automóveis, navios e aeronaves; 
  registros de propriedade industrial e intelectual.
Introdução ao registro de títulos e documentos2
O registro público de empresas mercantis, conhecido por junta comercial, é responsável 
por executar as normativas sobre o registro de empresas e é regulamentado pela Lei 
nº. 8.934, de 18 de novembro de 1994, que trata, entre outros aspectos, da inscrição 
como empresário e da condição essencial para a regularidade do exercício da atividade 
de empresário, nos termos do art. 967 do Código Civil (BRASIL, 1994b).
A principal função notarial é documentar os eventos que acabam por in-
fluenciar diretamente a evolução do Direito e da humanidade. Assim, é longo 
o percurso histórico desde os escribas mencionados nas Sagradas Escrituras 
até a atual regulamentação brasileira notarial.
No Brasil Colônia, a função do notário era registrar os acontecimentos e as 
formalidades de posse das terras descobertas. Como afirma Brandelli (1998, p. 45),
[...] o primeiro tabelião a pisar em solo brasileiro, porém, foi Pero Vaz de 
Caminha, português, que narrou e documentou minuciosamente a descoberta 
do Brasil e a posse da terra, com todos os seus atos oficiais, traduzindo-se no 
único documento oficial da descoberta do Brasil. 
Nesse período, o Direito português emanava de ordenações editadas pelo 
rei, de forma que, sendo o Brasil Colônia de Portugal, tais normas foram 
reproduzidas integralmente no solo brasileiro, incluindo a regulamentação 
notarial, que incluía a nomeação dos tabeliães pelo rei. 
No Brasil Império, em 1827, foi editada uma lei impondo que os ofícios da 
Justiça e da Fazenda não poderiam ser transmitidos a título de propriedade, 
determinando que fossem conferidos a título de serventia vitalícia a pessoas 
dotadas de idoneidade para tanto e que servissem pessoalmente aos ofícios. 
Dessa época, decorre a percepção, ainda vigente, que os notários e registradores 
são agentes públicos.
No período republicano, como comenta Ceneviva (1999), a Emenda Cons-
titucional nº. 1, de 17 de outubro de 1969 (BRASIL, 1969), estabeleceu que 
cabia ao Tribunal de Justiça dispor, em resolução, pela maioria absoluta de seus 
membros, sobre a divisão e a organização judiciárias, cuja alteração somente 
poderia ser feita de 5 em 5 anos. 
Em 1970, a Lei Complementar nº. 5.621, de 4 de novembro de 1970 (BRA-
SIL, 1970) esclareceu o conceito de organização judiciária para incluir — na 
3Introdução ao registro de títulos e documentos
competência das resoluções dos Tribunais de Justiça — a organização, a 
classificação, a disciplina e as atribuições dos serviços auxiliares da Justiça, 
inclusive tabelionatos e ofícios de registros públicos. 
Assim, os notários e os registradores passaram a fazer parte dos quadros 
de servidores da Justiça e a pertencer ao foro extrajudicial, distinguindo 
esses profissionais dos servidores judiciais, que participam diretamente do 
processo judicial. 
Com o advento da Constituição Federal de 1988, o entendimento de que notários 
e registradores eram servidores da Justiça restou superado, classificando-os como 
agente públicos delegados, ou seja, que executam serviço público em nome próprio 
(BRASIL, 1988).
Em 1973, entrou em vigor a Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973 
(BRASIL, 1973), chamada de Lei dos Registros Públicos, ainda vigente. 
Trata-se de legislação que aborda minuciosamente os procedimentos para 
os registros de pessoas naturais e jurídicas, de títulos e documentos e de 
imóveis no Brasil. Contudo, essa norma não aborda a função dos notários e 
dos registradores, tornando cada vez mais forte o clamor por uma lei orgânica 
para esses profissionais.
Apenas com a Constituição Federal, foram fixadas diretrizes básicas para 
o notariado, bem como seus princípios fundamentais. A partir disso, entrou 
em vigor a Lei nº. 8.935/1994 (BRASIL, 1994a) — Lei dos Notários e dos 
Registradores Públicos.
2 Tabelionato e ofício de registro
Popularmente, tanto os tabelionatos quanto os ofícios de registros de qualquer 
espécie — assim chamados e diferenciados pela legislação competente — são 
referidos como cartórios. A própria Lei nº. 8.935/1994 (BRASIL, 1994a) é 
conhecida como Lei dos Cartórios, abrangendo tanto os serviços notariais 
quanto os serviços registrais. Ocorre que a atuação do tabelião ou notário 
e a atuação do registrador ou ofi cial de registro diferenciam-se entre si, nos 
termos da referida legislação regulamentadora dessas atividades.
Introdução ao registro de títulos e documentos4
A primeira diferença entre o tabelionato e o ofício de registro são as atri-
buições de cada profissional, quesão pertinentes à finalidade de cada serviço. 
A Lei nº. 8.935/1994 (BRASIL, 1994a) prevê as atribuições e as competências 
dos notários e dos registradores. Nos termos do art. 6º:
 Art. 6º Aos notários compete:
I — formalizar juridicamente a vontade das partes;
II — intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou quei-
ram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo 
os instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias 
fidedignas de seu conteúdo;
III — autenticar fatos (BRASIL, 1994a, documento on-line). 
Já o art. 12 indica as atribuições e as competências dos oficiais de registro:
 Art. 12 Aos oficiais de registro de imóveis, de títulos e documentos e civis 
das pessoas jurídicas, civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas 
compete a prática dos atos relacionados na legislação pertinente aos registros 
públicos, de que são incumbidos, independentemente de prévia distribuição, 
mas sujeitos os oficiais de registro de imóveis e civis das pessoas naturais 
às normas que definirem as circunscrições geográficas (BRASIL, 1994a, 
documento on-line).
O segundo aspecto que diferencia os tabelionatos e os ofícios de registro é 
que, nos termos do art. 8º (BRASIL, 1994a), a escolha do tabelião de notas é 
livre, independentemente do domicílio das partes ou do lugar de situação dos 
bens objetos do ato ou negócio. O mesmo não ocorre com os tabelionatos de 
protesto e com os ofícios de registro. Conforme o parágrafo único do art. 11 
e o final do art. 12 da Lei dos Notários e dos Registradores Públicos:
Art. 11 [...]
Parágrafo único. Havendo mais de um tabelião de protestos na mesma loca-
lidade, será obrigatória a prévia distribuição dos títulos.
Art. 12 [...] mas sujeitos os oficiais de registro de imóveis e civis das pessoas 
naturais às normas que definirem as circunscrições geográficas (BRASIL, 
1994a, documento on-line).
Assim, para lavrar escrituras, procurações, testamentos e atas notariais, 
bem como reconhecer firma e autenticar documentos, o interessado é livre 
para escolher qualquer tabelionato de notas no território nacional, ao passo 
que os atos referentes aos registros de imóveis e de pessoas naturais devem 
seguir regras de localização geográfica.
5Introdução ao registro de títulos e documentos
A Lei nº. 8.934/1994 (BRASIL, 1994b), que regulamenta o registro público 
de empresas mercantis, também segue a regra da circunscrição geográfica, 
de forma que as juntas comerciais executam seus serviços referentes apenas 
ao Estado onde se situa a empresa objeto do registro. Assim prevê o art. 5º: 
“Art. 5º Haverá uma junta comercial em cada unidade federativa, com sede na 
capital e jurisdição na área da circunscrição territorial respectiva” (BRASIL, 
1994b, documento on-line). 
Considerando a atribuição estadual da junta comercial, se uma empresa 
tem sua sede em um determinado Estado, ela deve ser registrada na junta 
comercial do respectivo Estado. Além disso, caso haja uma filial, agência ou 
sucursal em outra cidade, mas no mesmo Estado, a regularização da filial será 
por meio de averbação no registro da sede. De outra forma, se houver filial, 
agência ou sucursal em outro Estado, será preciso averbar esse evento no 
registro da sede e registrá-la na junta comercial do Estado onde está a filial. 
Uma importante semelhança entre notários e registradores é que ambas as 
funções só podem ser executadas por pessoas idôneas, admitidas como agentes 
públicos delegados mediante concurso público, desde que cumpridas as demais 
exigências legais. Assim prevê o art. 14 da Lei nº. 8.935/1994 (BRASIL, 1994a, 
documento on-line):
 Art. 14 A delegação para o exercício da atividade notarial e de registro depende 
dos seguintes requisitos:
I — habilitação em concurso público de provas e títulos;
II — nacionalidade brasileira;
III — capacidade civil;
IV — quitação com as obrigações eleitorais e militares;
V — diploma de bacharel em direito;
VI — verificação de conduta condigna para o exercício da profissão.
Assim, é fundamental que o candidato a tabelião ou a registrador seja 
bacharel em Direito. No entanto, o art. 15, ao tratar sobre o concurso público 
pertinente ao exercício dessas funções, permite que candidatos sem o título 
de bacharel em Direito, mas que tenham completado 10 anos de exercício no 
serviço notarial ou de registro, possam concorrer ao cargo: 
Art. 15 Os concursos serão realizados pelo Poder Judiciário, com a participa-
ção, em todas as suas fases, da Ordem dos Advogados do Brasil, do Ministério 
Público, de um notário e de um registrador.
§ 1º O concurso será aberto com a publicação de edital, dele constando os 
critérios de desempate.
Introdução ao registro de títulos e documentos6
§ 2º Ao concurso público poderão concorrer candidatos não bacharéis em 
direito que tenham completado, até a data da primeira publicação do edital 
do concurso de provas e títulos, dez anos de exercício em serviço notarial ou 
de registr o (BRASIL, 1994a, documento on-line).
Os principais passos para se tornar um tabelião são (BRASIL, 1994a):
  fazer um curso superior em Direito ou ter 10 anos de experiência profissional em 
cartório;
  prestar um concurso público;
  realizar a escolha da serventia vaga de acordo com a colocação alcançada.
Uma vez tabelião, é possível prestar novos concursos para assumir outras serventias.
Conforme o art. 16 (BRASIL, 1994a), uma vez classificados os candida-
tos, as vagas serão preenchidas da seguinte maneira: duas terças partes por 
concurso público de provas e títulos e uma terça parte por meio de remoção, 
mediante concurso de títulos, não se permitindo que qualquer serventia notarial 
ou de registro fique vaga, sem abertura de concurso de provimento inicial 
ou de remoção, por mais de 6 meses. Ainda, para estabelecer o critério do 
preenchimento das vagas, a base será a data de vacância da titularidade ou, 
quando houver vagas na mesma data, aquela da criação do serviço.
3 Serviços notariais e registrais conforme a 
Constituição Federal
A Constituição Federal trouxe novas perspectivas para os serviços notarial 
e registral, permitindo a posterior edição da Lei nº. 8.935/1994. Assim, nos 
termos do art. 236 da Constituição Federal (BRASIL, 1988, documento on-line):
Art. 236 Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, 
por delegação do Poder Público. 
 § 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e cri-
minal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a 
fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
 § 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos 
relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. 
7Introdução ao registro de títulos e documentos
§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público 
de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem 
abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.
Assim, de acordo com o dispositivo constitucional, há a necessidade de 
lei especial para a regulamentação dos serviços notariais e registrais, que é 
atualmente atendida pela Lei dos Notários e Registradores. 
Responsabilidade civil e criminal
Sobre a responsabilidade civil e criminal dos responsáveis pelos tabelionatos 
e ofícios de registro, nos termos do § 2º do art. 236 da Constituição Federal 
(BRASIL, 1988), a Lei nº. 8.935/1994 prevê nos arts. 22 a 24 (BRASIL, 1994a, 
documento on-line):
Art. 22 Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por 
todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, 
pelos substitutos que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado 
o direito de regresso. 
Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado 
o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial. 
 Art. 23 A responsabilidade civil independe da criminal. 
Art. 24 A responsabilidadecriminal será individualizada, aplicando-se, no 
que couber, a legislação relativa aos crimes contra a administração pública.
Parágrafo único. A individualização prevista no caput não exime os notários 
e os oficiais de registro de sua responsabilidade civil.
Até o advento da Lei dos Notários e dos Registradores, era o art. 28 da Lei 
nº. 6.015/1973 (BRASIL, 1973) que tratava especificamente da responsabili-
dade dos registradores. Contudo, o art. 22 da lei posterior (BRASIL, 1994a), 
embora com redação semelhante, revogou implicitamente, na parte que se 
refere aos registradores, o art. 28 da Lei dos Registros Públicos (BRASIL, 
1973), regulando por inteiro a matéria da responsabilidade civil. Assim prevê 
o art. 28 da Lei de Registros Públicos:
Art. 28 Além dos casos expressamente consignados, os oficiais são civilmente 
responsáveis por todos os prejuízos que, pessoalmente, ou pelos prepostos 
ou substitutos que indicarem, causarem, por culpa ou dolo, aos interessados 
no registro.
Parágrafo único. A responsabilidade civil independe da criminal pelos delitos 
que cometerem (BRASIL, 1973, documento on-line).
Introdução ao registro de títulos e documentos8
Para Ceneviva (1999, p. 146):
Terceiro, para determinação de responsabilidade civil, é toda pessoa natural 
ou jurídica estranha à relação funcional entre o delegado, seus escreventes e 
auxiliares, e o Estado, vitimada por prejuízo decorrente de imperícia na prá-
tica de ato profissional próprio dos que são atribuídos por lei à serventia. É o 
cliente do serviço instituído pelo Poder Público, o qual, não tendo funcionado 
adequadamente, causa-lhe prejuízo. 
Ainda, o art. 22 assegura aos notários e registradores o direito de regresso 
contra os prepostos, quando estes, agindo dolosa ou culposamente, derem 
causa a dano moral ou material a terceiro (BRASIL, 1994a). Apesar de o texto 
legal não utilizar o termo “prepostos”, podemos interpretar como o direito de 
regresso aos escreventes e auxiliares, o que atinge também o efetivamente 
responsável pelos danos causados.
O art. 23, por sua vez, esclarece que a responsabilidade civil independe da 
responsabilidade criminal (BRASIL, 1994a). Como afirma Ceneviva (1999, 
p. 148), “O objetivo visado em uma delas, a civil, é a plena recomposição do 
patrimônio ofendido. [...]. Na outra, a penal, o direito tem em vista preservar 
os bens da vida protegidos, públicos ou privados, cuja ofensa sujeita seu autor 
à sanção criminal, com pena restritiva de liberdade ou de direitos e multa”. 
Sob essa perspectiva, então, o art. 24 comenta sobre a individualização da 
responsabilidade criminal (BRASIL, 1994a). 
Individualizar a pena consiste em adotar critérios específicos para que os 
direitos do condenado sejam ajustados às necessidades sociais e aos ideais 
de justiça. Essa individualização da pena, como ressaltado do caput do art. 
24, não dispensa a aplicação da lei referente aos crimes com a Administração 
Pública (BRASIL, 1994a). É importante ressaltar que notários e registradores 
são agentes públicos, ainda que atuem em caráter privado.
Emolumentos
O § 2º do art. 236 da Constituição Federal determina que a lei federal deverá 
estabelecer as regras gerais para os emolumentos (valores) cobrados em virtude 
dos serviços prestados (BRASIL, 1988). Esse dispositivo constitucional foi 
regulamentado por meio da Lei nº. 10.169, de 29 de dezembro de 2000 (BRA-
SIL, 2000), atribuindo aos Estados e ao Distrito Federal a responsabilidade 
em estabelecer os emolumentos aplicáveis no seu respectivo território. Assim 
dispõe o art. 2º:
9Introdução ao registro de títulos e documentos
Art. 2º Para a fixação do valor dos emolumentos, a Lei dos Estados e do Dis-
trito Federal levará em conta a natureza pública e o caráter social dos serviços 
notariais e de registro, atendidas ainda as seguintes regras:
 I — os valores dos emolumentos constarão de tabelas e serão expressos em 
moeda corrente do País;
 II — os atos comuns aos vários tipos de serviços notariais e de registro serão 
remunerados por emolumentos específicos, fixados para cada espécie de ato;
 III — os atos específicos de cada serviço serão classificados em:
 a) atos relativos a situações jurídicas, sem conteúdo financeiro, cujos emolu-
mentos atenderão às peculiaridades socioeconômicas de cada região;
 b) atos relativos a situações jurídicas, com conteúdo financeiro, cujos emo-
lumentos serão fixados mediante a observância de faixas que estabeleçam 
valores mínimos e máximos, nas quais enquadrar-se-á o valor constante do 
documento apresentado aos serviços notariais e de registro.
 Parágrafo único. Nos casos em que, por força de lei, devam ser utilizados 
valores decorrentes de avaliação judicial ou fiscal, estes serão os valores 
considerados para os fins do disposto na alínea b do inciso III deste artigo 
(BRASIL, 2000, documento on-line).
Dessa forma, cada Estado e o Distrito Federal são responsáveis por elaborar 
as normas que estabelecem os emolumentos cobrados, cujos valores geralmente 
valem pelo período de 1 ano. As escrituras, as averbações, as autenticações e os 
demais atos praticados nos tabelionatos e nos ofícios de registro são cobrados 
de acordo com parâmetros fixados por lei e não há diferença de valores entre 
estabelecimentos situados no mesmo Estado. 
Introdução ao registro de títulos e documentos10
BRANDELLI, L. Teoria geral do direito notarial. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 18 fev. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Emenda Constitucional n. 1, de 17 de outubro 
de 1969. Edita o novo texto da Constituição Federal de 24 de janeiro de 1967. Brasília, 
DF, 1969. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/
Emc_anterior1988/emc01-69.htm. Acesso em: 18 fev. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 5.621, de 4 de novembro de 1970. 
Regulamenta o artigo 144, § 5º, da Constituição e dá outras providências. Brasília, DF, 
1970. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L5621.htm. 
Acesso em: 18 fev. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe 
sobre os registros públicos e dá outras providências. Brasília, DF, 1973. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6015original.htm. Acesso em: 18 fev. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 8.934, de 18 de novembro de 1994. 
Dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras 
providências. Brasília, DF, 1994b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8934.htm. Acesso em: 18 fev. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 8.935, de 18 de novembro de 1994. 
Regulamenta o art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e 
de registro (Lei dos Cartórios). Brasília, DF, 1994a. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/L8935.htm. Acesso em: 18 fev. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 10.169, de 29 de dezembro de 2000. 
Regula o § 2º do art. 236 da Constituição Federal, mediante o estabelecimento de 
normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços 
notariais e de registro. Brasília, DF, 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/L10169.htm. Acesso em: 18 fev. 2020.
CENEVIVA, W. Lei dos notários e dos registradores comentada: Lei nº. 8.935/94. 2. ed. São 
Paulo: Saraiva, 1999.
11Introdução ao registro de títulos e documentos
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Introdução ao registro de títulos e documentos12

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