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PROJETO “A LITERATURA ENTRA NO CLIMA: PROSA E VERSO NAS QUATRO ESTAÇÕES!” Projeto apresentado às Instituições de Ensino como referência para a construção de seus Projetos Literários relativos ao segundo semestre do ano de 2025, a ser desenvolvido de agosto a dezembro, nas escolas municipais, com todos os alunos do Sistema Municipal de Ensino de Montes Claros/MG. Montes Claros – MG Agosto/2025 Adriane Rocha Pacheco Gisele Santana Campos Azevedo Josely Ribeiro Pimenta Silva Leisy Patrícia Farias Santos Maria Deusdima Silva Ruth Nobre Aguiar Equipe Técnica Éllen Cássia Esteves Costa Santa Rosa Coordenadora do Projeto Montes Claros na Trilha da Leitura Zenilca Damásio Silva Tófani Gerente Pedagógica Renata Cristina Pereira Maia Diretora Técnico-Pedagógica Charles Gutemberg Alencar Soares Secretário Municipal de Educação Otávio Batista Rocha Machado Vice-prefeito Guilherme Augusto Guimarães Oliveira Prefeito 1 APRESENTAÇÃO A Secretaria de Educação de Montes Claros, por meio da Coordenadoria do Projeto Montes Claros na Trilha da Leitura, apresenta a temática “A Literatura entra no clima: Prosa e verso nas quatro estações!” tendo como eixo principal as quatro estações do ano, com vistas a oportunizar aos alunos experiências de leitura em casa e na escola, a partir de textos literários que contemplem o “clima” como pretexto poético e reflexivo em suas mais diversas nuances. Já no seu décimo segundo ano de trabalho, o Projeto Montes Claros na Trilha da Leitura (2013- 2025) tem o objetivo de incentivar a prática da leitura literária, levando-a aos mais diferentes espaços através de variados suportes e estratégias que visam o desenvolvimento da leitura, da escrita e da valorização da literatura como direito1. Dessa forma, trabalha no sentido de apresentá-la como condição básica para a vivência da cidadania e um convite à imaginação, aos sonhos e à vida. Ler literatura, nesse entendimento, funciona como um mecanismo de instrução capaz de denunciar e anunciar restrições e negações de direitos, sendo os livros, dentro da sua pluralidade, fundamentais para a transformação, tomada de consciência e criação de novas realidades. Formado por uma equipe de professores do próprio município, o trabalho acontece através de personagens exclusivos2 e dialoga com todas as idades ao oferecer reflexões a partir de leituras tanto para as crianças da Educação Infantil quanto para o Ensino Fundamental Anos Iniciais, Finais e EJA – Educação de Jovens e Adultos. Além do trabalho itinerante3 que acontece em ambientes como praças, parques, pontos de ônibus, shoppings, hospitais, asilos, auditórios, entre outros, as escolas municipais são o ponto principal para o desenvolvimento das ações, sendo incentivadas 1 Antonio Candido (1995), no artigo “O direito à literatura”, do livro Vários escritos, afirma que, assim como é indispensável para qualquer pessoa, de qualquer classe social, o acesso à moradia, ao vestuário, à saúde, à liberdade e à justiça, é também “incompressível” o acesso à cultura e à literatura, constituindo-se numa “manifestação universal de todos os homens em todos os tempos” (CANDIDO, 1995, p. 174). 2 Os personagens que compõem a Turma da leitura, como Lalinha, Leleu, Leleia, Vovó, Fadinha, entre outros foram criados exclusivamente para o trabalho. 3 Através da caravana da leitura, os personagens abrem trilhas de leitura pela cidade, com apresentação de teatros, contação de histórias, oficinas de leitura, feiras literárias, realização de Blitz literária, Dia L – Dia da leitura, sorteio e distribuição de livros, panfletos e marca-páginas, incentivando a leitura das mais variadas formas. nas formações periódicas a escrever e desenvolver o seu próprio projeto de leitura, com atividades literárias organizadas e significativas, contando com o suporte do Projeto Montes Claros na Trilha da Leitura como coordenador e desencadeador das ações gerais. Nesse sentido, para o desenvolvimento de tais atividades, as instituições têm anualmente, o seu cronograma de ações planejado em consonância com o projeto, visando avançar na concretização gradual dos seus objetivos, desenvolvendo ações que utilizem a leitura como fruição, informação e aprendizagem em diversos espaços e suportes, ampliando a escrita e o conhecimento dos alunos, da comunidade, e mobilizando a sociedade como um todo. Assim, dando sequência a tais atividades, neste segundo semestre de 2025, em sintonia com o novo projeto da Educação Infantil do município intitulado “Que clima é este?!”, a equipe do Trilha da Leitura lança mais uma temática como proposta de trabalho tendo o clima como pano de fundo, uma vez que nos tempos atuais, os efeitos das mudanças climáticas se fazem sentir de forma cada vez mais intensa. O aquecimento global, a escassez de recursos naturais, os desastres ambientais e a degradação do planeta são temas urgentes, que precisam ser discutidos em diferentes contextos e áreas do conhecimento, e a Literatura, como reflexo da sensibilidade humana e dos dilemas do seu tempo, oferece uma rica fonte para refletir sobre o clima e os efeitos da ação humana sobre a natureza. Prosa e verso registram, denunciam, emocionam, inspiram e os textos literários podem abrir caminhos para a conscientização ambiental de forma mais profunda, simbólica e afetiva. Já diziam nossos ancestrais: “A natureza sabe das coisas”. Essa afirmação, carregada de sabedoria, nos convida a perceber que os ciclos da Terra são mais do que alterações climáticas e podem ser consideradas como metáforas existenciais. As estações do ano, além de fenômenos naturais, representam etapas da vida humana e dialogam diretamente com nossos sentimentos, ritmos e transformações interiores o que permitirá aliar a subjetividade da literatura com a conscientização climática, destacando os impactos das mudanças do clima no ambiente ao longo do tempo, de forma coletiva, mas também de forma individual, na própria vida do aluno, a fim de favorecer vivências afetivas, éticas, estéticas e contribuir para a prática do letramento literário e da formação do leitor. 2 JUSTIFICATIVA O aquecimento global é um desafio urgente, cujas consequências já se fazem sentir no Brasil e no mundo. No país, queimadas na Amazônia, secas no Nordeste, e enchentes em diversas regiões revelam como a exploração desordenada dos recursos naturais afeta diretamente a vida das pessoas; globalmente, furacões, ondas de calor e inundações mostram que a ação humana intensifica crises climáticas que não conhecem fronteiras. É relevante destacar que o modo como as sociedades se relacionam com a natureza determina não apenas o equilíbrio ambiental, mas também a justiça social e a segurança das futuras gerações. Por isso, é urgente e necessária uma ação conjunta de governos, empresas e cidadãos para reduzir impactos, proteger ecossistemas e garantir um futuro sustentável para a vida no Planeta Terra. Nessa direção, a COP304, ou 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima5, que será aqui no Brasil, em Belém6, no estado do Pará, de 10 a 21 de novembro de 2025, marcará a primeira vez que a Amazônia sediará uma COP e destaca a importância da região na agenda climática global. A conferência abordará questões cruciais, incluindo a redução de emissões de gases de efeito estufa, com discussões sobre estratégias para diminuir as emissões e limitar o aquecimento global; a adaptação às mudanças climáticas, com medidas para lidar com os impactos das mudanças climáticas já em curso; o financiamento climático que é o apoio financeiro para países em desenvolvimento enfrentarem os desafios climáticos; a transição energética justa com a promoção de fontes de energia renováveis e sustentáveis; a justiça climática,por fim, para garantir que as populações vulneráveis sejam protegidas e beneficiadas pelas ações climáticas. Nesse sentido, a escola torna-se um canal importantíssimo de diálogo, reflexão e aprendizagem sobre o tema, e a literatura, como espelho da sociedade e das inquietações humanas, oferece ferramentas sensíveis e críticas para profundas reflexões acerca da 4 Disponível em: cop30.br+3 Acesso em 16/08/2025. 5 COP30 é a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes), um encontro global anual onde líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil discutem ações para combater as mudanças do clima. 6 A escolha de Belém visa enfatizar a relevância da floresta amazônica na mitigação das mudanças climáticas e na preservação da biodiversidade. https://www.theguardian.com/environment/2025/jul/30/un-emergency-talks-sky-high-accommodation-costs-cop30-brazil?utm_source=chatgpt.com relação do homem com a natureza. Em prosa ou em verso, a arte das palavras tem o poder de ampliar a visão de mundo das pessoas, ao despertar a sensibilidade e promover pontes entre as diversas áreas do conhecimento. Escritores de diferentes épocas perceberam que mudanças no tempo, nas estações ou em fenômenos naturais podem refletir contextos sociais, conflitos internos e transformações do mundo, como por exemplo, Graciliano Ramos (1982), em Vidas Secas7, onde o título já é, por si só, uma poderosa síntese do conteúdo e da atmosfera do romance. A escolha das palavras “vidas” e “secas” evoca imediatamente imagens de escassez, aridez e sofrimento. A palavra “vidas” remete à existência humana, à luta cotidiana pela sobrevivência, enquanto “secas” tem dupla função: literal e simbólica. Literalmente, refere-se à seca do sertão nordestino, um fenômeno climático recorrente que determina o ritmo da vida das personagens. Simbolicamente, indica a escassez de oportunidades, afeto e recursos, mostrando que a aridez do ambiente se reflete diretamente na aridez emocional e social das pessoas. Nesse entendimento, o clima serve também como metáfora, permitindo explorar sentimentos, tensões e possibilidades de esperança ou desastre. A partir do registro de chuvas, de secas, de tempestades ou de calor intenso, a literatura cria relações estreitas entre o humano e o ambiente, mostrando que o seu destino está intimamente ligado à Terra e às suas mudanças. Mas afinal, qual o significado da palavra clima8? De acordo com o Dicionário Online de Português,9 é um conjunto dos fenômenos meteorológicos (temperatura, pressão atmosférica, ventos, precipitações etc.) que caracterizam uma região, tendo em conta o modo como influenciam a vida neste lugar, porém, em sentido figurado, pode ser uma sensação provocada pela sucessão de ações, comportamentos, palavras, circunstâncias e condições. Pode-se afirmar, dessa forma, que o clima desempenha um papel fundamental na literatura, não apenas como cenário físico, mas como símbolo emocional e gatilho narrativo. Ele pode refletir o estado de espírito de personagens, anunciar transformações na trama ou até mesmo representar forças maiores, como a natureza em conflito com o 7 Disponível em: administrador,+v15-n.1-2007-17+-+Meio+ambiente.pdf Acesso em 16/08/2025. 8 Etimologia (origem da palavra clima). A palavra clima deriva do francês “climat”, pelo latim “clima,atis”, do grego “klíma,atos”, que significa posição inclinada de um ponto no planeta, limitado pela distância entre o equador e um dos polos, relativamente ao Sol. 9 Disponível em: Clima - Dicio, Dicionário Online de Português Acesso em: 17/08/2025. about:blank https://www.dicio.com.br/clima/ ser humano. Com suas variações de luz, temperatura, sons e sensações, influencia diretamente a maneira como percebemos o mundo — e, por consequência, como o mundo é retratado na literatura. A utilização do clima para evocar sentimentos, simbolizar conflitos internos ou marcar a passagem do tempo e cada uma das estações carrega em si uma compreensão infinita das fases da própria vida, que se espelha também nos estágios da nossa existência, como nascer, crescer, amadurecer e morrer, e metaforicamente nos verbos como brotar, florescer, frutificar e fenecer. Dessa forma, dada a relevância do tema para todas as idades, o presente projeto justifica-se para todos os alunos do Sistema Municipal de Ensino, como forma de tornar a leitura literária mais significativa, conectando-a ao mundo onde o aluno vive e ampliando o seu repertório literário e cultural, por meio de mediações literárias criativas, como rodas de leitura e escrita, debates e encenações para expressar, com sensibilidade, sua percepção sobre o clima no seu sentido mais amplo, promovendo também o desenvolvimento da linguagem oral e escrita, da imaginação e da consciência ambiental. 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 O CLIMA E A LITERATURA 3.3.1 O clima como espelho das emoções: Na literatura, as condições climáticas são frequentemente usadas para refletir o humor e o estado psicológico dos personagens: dias de chuva podem sugerir tristeza, melancolia ou recomeço. Noites de tempestade evocam tensão, medo ou situações dramáticas. Céu claro e ensolarado geralmente representa esperança, alegria ou liberdade. Neblina ou vento pode sugerir dúvida, confusão ou transformação interior. Com exemplo, pode-se citar o livro O Jardim Secreto, de Frances Hodgson Burnett (1911), onde a chuva e a neblina inicial da história representam tristeza e isolamento. Já o sol e a primavera transformam o jardim e, simbolicamente, a vida emocional das crianças protagonistas, trazendo alegria, esperança e o renascimento emocional dos personagens. O crescimento da natureza reflete a cura emocional, amizade e esperança. O livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos (1938) também traz diversos momentos em que o clima aparece como espelho das emoções: o clima seco e a aridez do sertão refletem o desespero, a luta e a resignação da família de Fabiano e os momentos de chuva trazem alívio, renovação e esperança, mesmo que passageira. A seca no sertão nordestino não é apenas pano de fundo; ela molda a vida da família de Fabiano, determina suas decisões, sua fome, sua solidão e sofrimento, apresentando-se também como uma metáfora para a opressão social, a pobreza e a resistência humana. Outro exemplo é o livro Severino Faz Chover, de Ana Maria Machado (1998): O clima está diretamente ligado às emoções com a chegada da chuva, que representa alívio, esperança e renovação para Severino e sua comunidade. Já o sol ou dias secos podem refletir dificuldade ou tensão. 3.3.2 As estações do ano como metáfora da vida: As quatro estações do ano são metáforas poderosas usadas em prosa e verso: a primavera evoca nascimento, renovação, esperança, juventude. O verão indica plenitude, intensidade, paixão. O outono lembra amadurecimento, nostalgia, transição e o inverno revela solidão, fim, introspecção ou pausa. Cecília Meireles, no poema Desenho10 exemplifica metaforicamente a primavera e a sua capacidade de renovação, ao se deixar “cortar e a voltar sempre inteira”, como podemos perceber no fragmento seguinte. No poema, a primavera simboliza renovação e resiliência, refletindo a capacidade humana de se renovar após dificuldades: [...] E minha avó cantava e cosia. Cantava canções de mar e de arvoredo, em língua antiga. E eu sempre acreditei que havia música em seus dedos e palavras de amor em minha roupa escritas. Minha vida começa num vergel colorido, Por onde as noites eram só de luar e estrelas. Levai-me aonde quiserdes! - aprendi com as primaveras A deixar-me cortare a voltar sempre inteira. 10 O poema encontra-se completo, nos anexos deste projeto. (MEIRELES, Cecília. Poesia Completa: Mar Absoluto e outros poemas. 1ª ed. vol. 1. São Paulo: Global, 2017, p. 525). Em Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, o sertão, embora quente e seco, apresenta momentos de intensidade emocional e de paixão, especialmente nas relações humanas, remetendo à força do verão. Em A Árvore Generosa, de Shel Silverstein (1964), as estações e o clima refletem o ciclo de vida da árvore e do garoto, associando mudanças do tempo à evolução emocional e à generosidade. 3.3.3 O clima e o humor dos personagens: Psicologicamente, o ambiente climático influencia diretamente o comportamento dos personagens, assim como das pessoas na vida real. Em narrativas, isso se expressa por personagens mais introspectivos e reflexivos em dias frios ou chuvosos, reações impulsivas ou festivas durante o verão, mudanças de humor associadas à passagem das estações. Essa conexão também pode ser vista em muitos contos e romances, inclusive no livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, onde o clima no planeta do príncipe muda conforme suas emoções e responsabilidades. Arenas do deserto, ventos e noites frias são quase personagens, moldando encontros, perigos e reflexões filosóficas do protagonista. 3.3.4 O clima como personagem ou força dramática: Em alguns livros, o clima deixa de ser apenas cenário e torna-se quase um personagem ativo, influenciando decisões, alterando rumos e servindo de metáfora para grandes temas, como o aquecimento global e o conflito entre homem e natureza. Como exemplo, pode-se citar o livro A Ilha Perdida, de Maria José Dupré, onde o clima surge como obstáculo e drama: tempestades e o clima imprevisível da ilha influenciam aventuras, perigos e decisões dos personagens. No livro A Formiguinha e a Neve, adaptado por João de Barro (Braguinha), o clima aparece como personagem: A neve altera a rotina da formiguinha, representando desafios, transformação e aprendizado. Ensina sobre adaptação e o ciclo das estações. É uma obra clássica da literatura infantil brasileira que utiliza a estação do inverno como metáfora para momentos de dificuldade e solidão na vida. A história narra a jornada de uma formiga que, ao ficar presa na neve, busca ajuda em diversos elementos da natureza e seres vivos. Cada um deles representa diferentes forças e limitações, até que, finalmente, a primavera surge, simbolizando a renovação e a superação das adversidades. 3.2 A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA A literatura, tanto oral quanto escrita, fundamental para a consolidação da formação do leitor, constitui-se como um direito a ser garantido desde a infância. Porém, é possível afirmar que ainda há muito o que se fazer para que a literatura ocupe um lugar de importância nas escolas e na sociedade em geral, como se verifica ao acompanhar dados divulgados em diversas pesquisas que tratam do assunto, no Brasil11 e no mundo12, as quais evidenciam um número baixo de leitores e falta de reconhecimento da importância da leitura. Segundo Ana Maria Machado (2011), “é inegável o fato de que não somos mesmo um país leitor, por mais vergonhoso que isso possa ser” (MACHADO, 2011, p. 15), contudo, toda essa desvalorização da literatura é fruto de uma desconfiança em relação ao livro, algo muito arraigado entre nós, o que gera uma quantidade incontável de equívocos, pretextos para justificar o distanciamento que se procura manter da leitura de literatura, vista como algo quase ameaçador, afinal, lê-se pouco no Brasil “porque não se acha que ler é importante, não se tem exemplo de leitura, existe a sensação de que livro é uma coisa difícil, trabalhosa, não compensa o esforço. Só se faz obrigado” (MACHADO, 2011, p. 16). Nesse entendimento, a consciência de que cada um tem uma história e a importância dela para a construção da memória coletiva é um passo significativo para que o indivíduo perceba a importância da leitura e escrita dessa mesma história na sua vida. Não só a leitura dos signos escritos, a decodificação, mas também a leitura de mundo, dos fatos, do meio em que vive. Conforme Freire (1989) “a leitura do mundo precede a leitura 11 4 O Instituto Pró-livro (IPL), organiza as sedimentadas pesquisas sobre o setor de leitura no país, dentre as quais a Retratos da Leitura no Brasil (2019). De acordo com a socióloga Zoara Failla (2021) responsável, desde 2006, pelos projetos do instituto, 50% dos brasileiros não são leitores de livros, e desses, menos da metade lê um livro inteiro a cada três meses, referindo-se ao critério de uma das pesquisas do IPL, sendo que a maior proporção de leitores se encontra entre quem tem nível superior de escolaridade (FAILLA, 2021, p. 95). 12 O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), tradução de Programme for International Student Assessment, é um estudo comparativo internacional realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Pisa oferece informações sobre o desempenho dos estudantes na faixa etária dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países, vinculando dados sobre seus backgrounds e suas atitudes em relação à aprendizagem, e aos principais fatores que moldam sua aprendizagem, dentro e fora da escola. A edição de 2018 revelou que o Brasil está classificado como um dos países com baixo índice de educação e leitura, ocupando a 57ª posição no ranking dos 77 participantes na categoria Proficiência em leitura. A conjuntura é alarmante, conforme destaca a economista Mariana Bueno, da Nielsen Books. Ao referenciar o relatório produzido pelo Banco Mundial, World Development Report (2017), ela destaca: “(...) se tudo o mais se mantiver constante levaremos 260 anos para que os estudantes brasileiros consigam atingir o mesmo nível de proficiência em leitura que a média detectada pela OCDE” (BUENO, 2021, p. 79). Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-eexameseducacionais/pisa. Acesso em fev. 2023. da palavra”; assim, a memória individual e coletiva de cada um tem grande importância no processo de construção do leitor e reavivar, trabalhar e valorizar tais memórias torna- se essencial para que ler e escrever sejam processos concomitantes e significativos. Daí, a importância de incentivar a leitura desde cedo. Nessa perspectiva, o manuseio de livros desde a primeira infância contribui de maneira eficaz para o gosto e prazer da leitura por toda a vida, sendo importante que a criança descubra que ler não é só uma atividade útil, mas divertida. Sendo assim, a leitura não será um ato mecânico, mas sim a interação entre autor e leitor, levando-o naturalmente a querer registrar, escrever suas impressões e emoções. Como constata Ângela Kleiman (2002, p. 13): “É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo”. Nessa mesma direção, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aborda a literatura em todos os campos do conhecimento13 sobretudo contemplando-a na terceira das dez Competências Gerais da Educação Básica, que consiste em “valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locaisàs mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural14”(BRASIL, 2018, p. 9). Essa competência relaciona-se com o fato de que as instituições educacionais devem ser ambientes abertos às manifestações artísticas e dar suporte aos alunos para que eles tenham contato com as mais diversas obras literárias, conhecendo as obras regionais, nacionais e internacionais e dentre as seis competências específicas de “Linguagens” para o Ensino Fundamental, tem-se na quinta o intuito de 13 Apesar de não estar delimitada como um componente curricular específico, marca presença em vários segmentos do ensino, sendo explorada com base nos diferentes aspectos do texto ficcional. 14 É importante pontuar que várias habilidades da BNCC contemplam a importância da literatura, como podemos confirmar em: (EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade. (BRASIL, 2018, p. 97). [...] desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas. (BRASIL, 2018, p. 65). Assim, o contato com obras literárias que desenvolvam habilidades de apreciações estéticas, éticas, políticas e ideológicas com base na leitura crítica é fundamental ao leitor literário para a sua formação e a escola deve promover momentos para que o estudante se envolva com a leitura de tais textos, desde a Educação Infantil. 3.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL Um dos grandes desafios do mundo inteiro na contemporaneidade, marcada por graves e complexos problemas que corroem o tecido social é o desenvolvimento da consciência ambiental. Nas últimas décadas observamos uma grande preocupação com as questões denominadas ambientais e ecológicas. A discussão dessa temática tem crescido consideravelmente, tanto nos meios de comunicação em massa quanto em revistas e periódicos especializados. Em grande parte dos casos, percebemos um discurso consensual a todas essas esferas, ou seja, o de que o ambiente, o meio ambiente ou a natureza é uma entidade com a qual a humanidade se relaciona, na qual está inserida e que deve ser preservada para que as futuras gerações mantenham condições saudáveis de sobrevivência15. Ao evidenciar o foco principal da Educação Ambiental, que é contribuir para a conscientização das pessoas sobre a problemática ambiental e ecológica, a fim de que sejam capazes de discutir, decidir e atuar localmente e globalmente, de forma crítica e responsável, comprometidas com o bem-estar da sociedade, a qualidade da vida e a sobrevivência de todas as espécies do planeta, pode-se destacar a escola, canal de transformação e disseminação do conhecimento formal e informal, como um espaço privilegiado para o desenvolvimento de um trabalho significativo e expressivo, capaz de 15 Leia mais em: Os conceitos de ambiente, meio ambiente e natureza no contexto da temática ambiental: definindo significado. Disponível em: content Acesso em 16/08/2025. https://repositorio.unesp.br/server/api/core/bitstreams/c44ef599-0c5c-4294-8682-ba7ccffc6f14/content promover a criticidade e a participação do educando na realidade social, percebendo-se como parte desse ambiente que existe tanto fora quanto dentro de si mesmo, contando com a parceria de toda a comunidade escolar. É importante destacar aqui que o Clima é um dos objetos do conhecimento da disciplina de Geografia, porém, neste projeto, ele será abordado de forma mais ampla, dialogando com todas as áreas do conhecimento e mais especificamente, de forma literária, como um tema transversal16, dentro da Educação Ambiental17. 16 Os temas transversais, introduzidos nos currículos escolares na década de 1990, por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais, consolidaram-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) e, mais recentemente, ganharam destaque com a publicação da Base Nacional Comum Curricular. Constituem-se de conteúdos relevantes, urgentes e abrangentes que não são específicos de nenhuma disciplina, todavia aparecem transversalizados em determinadas áreas curriculares, expressando conceitos e valores essenciais à democracia e à cidadania. Acrescente-se ainda que a macro área Meio Ambiente, abriga dois importantes temas que se auxiliam e se complementam: a Educação Ambiental e Educação para o Consumo. (Disponível em Referencial Curricular Completo - Anos Finais - V.1.5-1.pdf Acesso em 16/08/ 2025). 17 Certamente o clima é um tema cientificamente transversal em todas as áreas do conhecimento. A ciência não tem dúvidas quanto ao fato de que as mudanças climáticas estão gerando impactos significativos para o Brasil e para o planeta como um todo. Aumentar a resiliência socioambiental é muito importante. Para além do potencial impacto nos ecossistemas, com boa vontade e governança colaborativa, as mudanças climáticas podem ser vistas como uma oportunidade para transformações socioeconômicas significativas e para agilizar o desenvolvimento tecnológico em diversos setores, incluindo indústria, agronegócio, sistemas de energia, transportes, etc., buscando a transição para uma sociedade mais sustentável. Leia mais em: Mudanças climáticas e a transversalidade do conhecimento – Revista Acesso em 16/08/2025. file:///C:/Users/User/OneDrive/Referencial%20Curricular%20Completo%20-%20Anos%20Finais%20-%20V.1.5-1.pdf https://revistacienciaecultura.org.br/?p=6900 PREFEITURA DE MONTES CLAROS SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO 4 OBJETIVOS 4.1 Geral Desenvolver ações que proporcionem aos alunos a vivência de experiências de leitura literária que contemplem o “clima” e “as quatro estações” como pretexto poético e reflexivo em suas mais diversas nuances, com vistas ao desenvolvimento da consciência ambiental, a partir de vivências afetivas, éticas, estéticas que contribuem para a prática do letramento literário e de formação do leitor. 4.2 Objetivos específicos ● Promover momentos prazerosos de leitura e escrita na escola, destacando a importância da arte literária para o desenvolvimento e formação do ser humano. ● Analisar como escritores de diferentes épocas expressam sentimentos, percepções e preocupações com a natureza e o clima. ● Perceber como a literatura retrata a natureza e as estações, mostrando sua importância nos ciclos da Terra e na vida humana. ● Estimular atitudes sustentáveis e consciência ambiental por meio da literatura. ● Refletir sobre o cuidado com o planeta e as mudanças climáticas a partir das histórias, poemas e narrativas literárias. ● Relacionar experiências humanas, emoções e valores éticos com as estações do ano presentes nas obras literárias. ● Incentivar a expressão criativa, poética, crítica, a sensibilidade estética, emocional e ética sobre o tema em estudo, por meio da literatura. ● Interagir com o livro/texto literário de maneira prazerosa, reconhecendo-o e valorizando-o como uma fonte de múltiplas informações e entretenimento; ● Compartilhar experiências leitoras que levem à liberdade de expressão e à reflexão sobre sentimentos e emoções, visando o autoconhecimento. ● Ampliar o repertório literário e estabelecer relações com outras leituras, outras épocas/lugares e autores diferentes, praticando a intertextualidade. ● Confrontar interpretações esaber articular argumentos que sustentem seu ponto de vista. ● Engajar-se em discussões sobre as leituras realizadas, levando em conta o ponto de vista dos colegas e usando as questões trazidas por eles para rever suas próprias ideias e impressões. ● Interessar-se por compartilhar opiniões, ideias e preferências acerca dos livros e textos lidos. ● Desenvolver estratégias de argumentação para defender ideias e pontos de vista sobre os livros e textos lidos. ● Estimular o diálogo, formando cidadãos conscientes de seus direitos e deveres em relação ao ambiente individual e coletivo. 5 DESENVOLVIMENTO 5.1 Orientações Metodológicas 5.1.1 Atividade Desencadeadora: Circuito das Quatro Estações Realizar a atividade inicial do projeto, que consiste em um Circuito das quatro estações, com o intuito de chamar a atenção dos alunos para a poesia que há em cada estação do ano. Como fazer: Organizar quatro cantinhos na escola ou sala de aula contendo objetos, adereços e outros materiais que lembrem cada estação, além de textos selecionados sobre o tema. Cada turma deverá passar pelos cantinhos e o professor conduzirá a atividade para que os alunos tenham momentos de vivência literária em cada cantinho: contação de história, leitura de textos, declamação de poemas, músicas, dinâmicas, relacionados ao tema do projeto “A literatura entra no clima: Prosa e verso nas quatro estações!” Depois do momento desencadeador, as aulas seguintes continuarão em clima de descobertas, com outros gêneros textuais complementares aos iniciais, nos cantinhos das estações, pois é importante que os alunos tenham contato com diversos tipos de textos para que possam ampliar seu universo literário sobre o clima, a fim de que possam participar dos debates acerca do assunto e se posicionarem, criticamente. A cada gênero textual apresentado, uma nova atividade deverá ser proposta, levando os alunos a se imaginarem dentro da história, ocupar o lugar os personagens, propor saídas para as dificuldades, imaginar outros finais para as tramas, enfim, que os alunos possam exercitar o direito de fabular e brincar com as palavras, manuseá-las, fazer arte, vivenciar e registrar emoções e descobertas. 5.1.2 Cantinho de Leitura: Cada escola deverá organizar um cantinho de leitura na biblioteca e/ou sala de aula com livros e textos selecionados sobre o tema, a fim de que sejam trabalhados durante todo o projeto, com a dinâmica do livro/texto vai-e-vem, onde os alunos levam o livro ou texto para lerem em casa e depois compartilham a leitura na sala ou escola. Obs.: É importante lembrar que há um drive disponibilizado às escolas, por e- mail, com textos e PDF’s de livros já selecionados pela equipe do projeto18. 5.1.3 Concurso de Escrita: Concomitante à leitura, promover a escrita de poemas, contos e/ou crônicas, de acordo com estudo feito sobre o gênero textual específico para cada segmento ou etapa de ensino a fim de participar da culminância na escola e do concurso de escrita do Projeto Montes Claros na Trilha da Leitura, que ocorrerá no DIA DE POESIA/2025, em dezembro, conforme orientações em anexo. 18 Em anexo a este projeto, disponibilizamos textos literários e pdf’s de livros que poderão ser utilizados no trabalho, porém, é importante destacar a importância do livro físico, impresso, para que seja desenvolvido, na escola, uma vez que na era tecnológica atual em que o celular e a internet ocupam tanto espaço na vida dos alunos, o gosto por esse tipo de leitura, na escola, muitas vezes passa a ser um grande desafio para os mediadores de leitura, que devem criar condições para que os alunos equilibrem o uso dos eletrônicos e possam mergulhar no universo da literatura. 5.2 CONSIDERAÇÕES ESPECÍFICAS PARA CADA SEGMENTO DE ENSINO 5.2.1 Educação infantil:19 A partir de poemas, brincadeiras, músicas, parlendas, entre outros, trabalhar o tema de forma concomitante ao projeto “Que clima é este?!” da Educação Infantil e, ao final, promover a escrita de um texto coletivo, conforme regulamento em anexo. 19 As atividades da Educação Infantil estão de acordo com a proposta do Projeto apresentado pela Coordenadoria de Educação Infantil do Município de Montes Claros. As fotos apresentadas nesta seção são da abertura do projeto, em 13/08/2025. 5.2.2 Ensino Fundamental Anos Iniciais20: A partir de gêneros textuais diversos disponibilizados, trabalhar o tema de forma lúdica, recriando, a partir das histórias lidas e ouvidas, situações concretas de valorização e vivência do tema, envolvendo as famílias. Ao final, promover a escrita de um texto, conforme regulamento em anexo. 5.2.3 Ensino Fundamental Anos Finais: A partir de gêneros textuais diversos disponibilizados, trabalhar o tema de forma que os alunos percebam a subjetividade da literatura, refletindo sobre os conceitos de clima. Poderão ser promovidos debates para que os alunos se posicionem. Atividades como: Se você pudesse dar um conselho à humanidade sobre a preservação do planeta, qual seria? Qual recado você daria para a humanidade? Ao final, promover a escrita de um texto, conforme regulamento em anexo21. 20 Obs.: Os professores participarão de oficinas de mediação de leitura sobre o tema. 21 Obs.: É necessário atentar-se de forma diferenciada para os alunos maiores, que precisam de incentivos para lerem, vivendo num mundo tão digital. As fotos desta seção são de uma Gibiteca, da E. M. João Valle Maurício, que tem um trabalho de literatura consistente e inovador. 5.2.4 Educação de Jovens e Adultos - EJA: A Educação de Jovens e Adultos visa promover ensino de qualidade que atenda às multiplicidades dos estudantes, asseverando matriz curricular plural que possibilite ao discente a construção do conhecimento, a partir da ampliação de seu arcabouço cultural, de suas práticas sociais, da valorização dos direitos e o desenvolvimento do posicionamento crítico22. Dessa forma, é essencial ressignificar as práticas educativas em todos os componentes curriculares e a Literatura pode ser uma grande aliada nesse processo, a partir de textos significativos que possibilitem reflexões sobre o trabalho e a vida. Neste segundo semestre de 2025, o novo tema da EJA para o semestre é “Montes Claros, Terra da arte, cultura e parques”, com o objetivo geral de proporcionar ações que favoreçam aos estudantes a compreensão dos aspectos históricos, geográficos, culturais e ambientais de Montes Claros, dialogando com o novo tema do Projeto Montes Claros na Trilha da Leitura, que é “A literatura entra no clima: prosa e verso nas quatro estações!”, oportunizando reflexões literárias sobre o clima e suas diversas nuances, na cidade de Montes Claros23. A partir de gêneros textuais diversos, como músicas, provérbios, poemas, contos, crônicas, cordéis de autores locais, disponibilizados aos professores, os temas serão desenvolvidos de forma lúdica e prazerosa, para que os alunos percebam a subjetividade da literatura presente na cultura literária da cidade de Montes Claros e, consequentemente, na vida de cada um. 22 Leia mais em: Pagina inicial (montesclaros.mg.gov.br) e EJA Referencial Curricular - 2 Segmento - 2 edição (2022).pdf - Google Drive Acesso em: 27/07/2025. 23 É importante pontuar que a equipe do Trilha da Leitura apresentará um teatro sobre o tema, para as escolas que ofertam a EJA, realizando o trabalho de incentivo à leitura literária e participação de todos no projeto. https://eja.edu.montesclaros.mg.gov.br/ https://drive.google.com/file/d/1CkWo0DEDixj15oW_ArpksanvB9YUIBDw/view https://drive.google.com/file/d/1CkWo0DEDixj15oW_ArpksanvB9YUIBDw/view Nessa mesma direção, é importante pontuar que vários objetivos específicos dos dois projetosdialogam entre si, sendo: incentivar a leitura deleite, por meio da literatura local, despertar o interesse pelas manifestações religiosas, culturais e artísticas das Festas de Agosto, assim como de outras, estimular os estudantes a conhecerem e valorizar os Parques de Montes Claros, vivenciar expressões corporais inspiradas nas danças, ritmos e movimentos dos Catopês, Marujos e Caboclinhos. Concomitante ao trabalho, o professor deverá oportunizar aos alunos a escrita de um texto para participar do concurso de escrita e Dia de Poesia, conforme regulamento em anexo. Obs.: Os responsáveis pelo desenvolvimento do trabalho nas escolas serão: na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o trabalho de Literatura deverá ser desenvolvido pelo professor de 40 horas - em parceria com o professor da turma, quando este for de 25 horas. Nos Anos Finais do Ensino Fundamental, o trabalho deverá ser conduzido pelo professor de Língua Portuguesa, responsável pelas aulas de Literatura, envolvendo, se possível, os demais professores nas atividades, uma vez que o tema perpassa por diversas disciplinas. Na EJA, o professor da turma será o responsável pelo desenvolvimento do trabalho, no Primeiro Segmento. Já no Segundo Segmento, o professor de Língua Portuguesa deverá conduzir as atividades de forma integrada aos demais componentes curriculares. 6 CULMINÂNCIA Na Escola: Promover a culminância do trabalho na escola, que consistirá em um auditório/chá poético/café literário com a socialização das vivências literárias para as famílias (contação de histórias, teatro, declamação de poemas, músicas, entre outros). No Dia de Poesia: Escolher os textos mais significativos produzidos pelos alunos e participar do concurso de escrita do projeto. Os textos vencedores participarão do Dia de Poesia, na primeira semana de dezembro, em local e horário e serem informados posteriormente às escolas. 7 PÚBLICO-ALVO Todos os alunos do Sistema Municipal de Ensino de Montes Claros (Educação infantil, Ensino Fundamental Anos Iniciais, Finais e EJA - Educação de Jovens e Adultos). 8 MATERIAL O material a ser utilizado no desenvolvimento do projeto, como textos literários e PDF’s de livros, será disponibilizado no drive enviado às escolas, por e-mail. Além disso, cada escola também conta com o acervo literário da sua biblioteca e cantinhos de leitura. 9 DURAÇÃO O trabalho será desenvolvido de agosto a dezembro de 2025, conforme cronograma seguinte. 10 AVALIAÇÃO Para avaliar se o trabalho desenvolvido está cumprindo com seus objetivos de aprendizagem, é importante observar se os alunos demonstram interesse em participar das atividades de leitura, compartilham suas observações sobre o livro/texto que estão lendo, sabendo que é possível falar dos sentimentos que a leitura despertou, das relações que estabeleceram com outros livros e/ou textos (intertextualidade) e outras situações, perguntar sobre palavras sobre as quais se tem dúvida, mostrar trechos preferidos, levantar questões sobre a história, fazer comentários sobre as ações dos personagens, contar como imaginam determinada cena, entre outros. Obs.: Acompanhar os leitores em formação, anotando questões para discutir no coletivo amplia o rol de procedimentos e relações que os alunos apresentam durante a leitura e favorece a formação do leitor literário. 11 CRONOGRAMA Data/Período Ação 20/08/2025 ● Reunião de lançamento do tema Até final de Agosto ● Realizar atividade desencadeadora na escola 29/08 (outras a Marcar) ● Oficinas literárias com professores Setembro, Outubro e Novembro ● Desenvolvimento do tema nas escolas 16 e 22 de Setembro ● Apresentar teatro para alunos da EJA relativo à cultura de Montes Claros Mês de Setembro ● Apresentar teatro para Educação infantil no auditório da Escola Técnica (O Pequeno Príncipe e as quatro estações) 29 de Outubro ● Dia L – Dia da Leitura Municipal (promover momentos de leitura na escola e troca de vivências literárias entre alunos, autores e familiares sobre o tema) Até final de Novembro ● Culminância nas escolas (auditório/chá poético com socialização das vivências literárias) Até 14 de Novembro Envio dos textos selecionados para o concurso, conforme Regulamento. 1ª Semana de Dezembro ● Realização do Dia de Poesia e premiação do Concurso de Escrita REFERÊNCIAS AURÉLIO, O minidicionário da língua portuguesa. 4ª Edição revista e ampliada. 7ª impressão - Rio de Janeiro, 2002. 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