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S.P.2.3–GINástIcaDeaVIão 1. CaracterIzar fisIoPatoLoGIcaMeNte os quaDros De troMBose VeNosa ProfuNDa. AnATOmiA O sistema venoso periférico apresenta a função de reservatório sanguíneo e, também, serve como um conduto que transporta o sangue da periferia até o coração e pulmões. Histologicamente, as veias não apresentam três camadas bem definidas como as artérias, sendo a maioria composta de uma camada tecidual única. Somente as veias de maior calibre apresentam uma membrana elástica interna, mas esta camada é fina e irregular, não suportando, portanto, grande aumento de pressão local como uma artéria. O funcionamento adequado das veias depende de um sistema complexo de válvulas que permite o fluxo em um sentido único (Figura 2A), além do auxílio do sistema muscular, que contribui para o retorno venoso através da compressão e descompressão muscular sobre as veias (Figura 2B). As válvulas consistem em uma camada única e fina, presente na parede interna das veias (Figura 3A). Estudos evidenciam a presença destas vávulas inclusive na microcirculação venosa (Figura 3B). Apesar da fragilidade destas válvulas, elas apresentam um sistema supreendentemente eficiente, capaz de retornar o conteúdo sanguíneo da periferia até o coração (Figura 3C). ½IGURA s A: Ilustk»çmo mostk» » válvul» vcкos» imfickiкko o kcfiuxo vcкoso, m»кtcкko o fiuxo cm scкtiko úкico. B: comfikcssmo c kcl»x»mcкto muscul»k »tu»кko como um» “komk» kc comfikcssmo”, »uxili»кko o kctokкo vcкoso ½IGURA 3 A: Im»gcm histológic» k»s válvul»s kc um» vci» (coкtkikuiçmo fikof». Ckistiк» S. C»milo). B: mickoscofii» kc válvul» limitc (coкtkikuiçmo fikof. Hcctok fiimcкcz). C: im»gcm ultk»ssoкogkáfic» cm moko B kc válvul» com fuкcioк»mcкto кokm»l. D: válvul»s. O sistema venoso é dividido em dois: o sistema venoso superficial e o sistema venoso profundo. O sistema venoso superficial é formado por veias de menor calibre, suprafasciais, de paredes finas e cercadas por tecido adiposo no tecido celular subcutâneo. Elas são suscetíveis à distensão e dilatação em situações em que seja necessário, podendo aumentar em duas vezes o volume de sangue coletado no sistema superficial, sem que ocorra qualquer alteração nas funções normais destas veias. As veias do sistema venoso superficial se comunicam, por sua vez, com o sistema venoso profundo através de veias perfurantes (veias valvuladas que atravessam a fáscia muscular até as veias subfasciais) e, em especial nos membros inferiores, pela veia safena magna (interna) e veia safena parva (externa) que desembocam na veia femoral e veia poplítea, respectivamente. Nos membros superiores, a drenagem superficial ocorre através das veias cefálica e basílica, que se aprofundam e desembocam nas veias axilar e braquial medial, respectivamente. A veia mediana também cumpre um papel importante no sistema venoso superficial dos membros inferiores, mas ela se bifurca e faz anastomose com as veias cefálica e basílica, sem se aprofundar na fáscia muscular. O sistema venoso profundo apresenta veias com paredes mais espessas e menos distensíveis, localizadas subfascialmente, cercadas por estruturas musculares. O sistema venoso profundo dos membros inferiores pode ser dividido em sua porção distal (abaixo do joelho) e proximal (acima do joelho, incluindo a veia poplítea). Na sua porção distal se destaca a panturrilha que apresenta três pares de veias profundas: as veias tibiais anteriores, que drenam o dorso do pé; as veias tibiais posteriores, que drenam a região plantar e as veias fibulares (peroneiras), que drenam a porção lateral do pé. Sinusoides venosos localizados na musculatura da panturrilha constituem os plexos gastrocnêmicos e soleares, que drenam nas veias fibulares ou, diretamente, na veia poplítea (Figura 4). As veias tibiais e fibulares se unem formando a veia poplítea. ½IGURA 4 Dissccçmo kc c»kávck cvikcкci»кko kkcк»gcm kc vci»s muscul»kcs fi»k» vci» fiofilítc» (coкtkikuiçmo ko Dk. fiosé Akckv»l Ak»gmo). Osmúsculos da panturrilha e o sistema venoso de válvulas são, muitas vezes, chamados de “coração venoso periférico”, uma vez que este sistema é responsável pelo retorno sanguíneo da panturrilha (aproximadamente 150 mL) através do relaxamento muscular e contração da musculatura, que ejeta cerca de 40 a 50% do volume acumulado nas veias. No relaxamento da panturrilha, as válvulas de veias perfurantes se abrem, permitindo o escoamento sanguíneo do sistema superficial, e as válvulas do sistema profundo se fecham, impedindo o refluxo pela ação da gravidade. Durante a contração da panturrilha, as válvulas perfurantes são forçadas a fechar e as válvulas do sistema profundo a abrir, mantendo, desse modo, um fluxo contínuo da porção distal até o átrio direito. O sistema venoso profundo proximal se inicia na veia poplítea, na região posterior do joelho, passa pelo canal dos músculos adutores (canal de Hunter) e, neste ponto, passa a se chamar veia femoral. Comumente chamada de veia “femoral superficial”, para diferenciá-la da veia femoral profunda, este termo deve ser evitado (embora seja muito comum na prática), uma vez que pode causar confusão com o sistema venoso superficial e, consequente erro, no que tange a conduta e tratamento das patologias neste local anatômico. A veia femoral recebe a veia femoral profunda e, no terço superior medial da coxa, passa a se chamar veia femoral comum que, por sua vez, ao cruzar o ligamento inguinal, passa a se chamar veia ilíaca. FiSiOPATOLOGiA Rudolf Virchow, no ano de 1855, descreveu a tríade (tríade de Virchow) responsável pela formação da trombose venosa. Tal tríade consiste em: estase sanguínea, lesão endotelial e hipercoagulabilidade. Vamos descrever cada um destes itens separadamente: ESTASE SANGUÍNEA A estase sanguínea é um dos mais importantes itens da tríade, uma vez que a associação entre pacientes acamados, seja por cirurgia ou impossibilidade de movimentar-se, é conhecida e descrita desde o século XIX. O paciente em repouso fica com a musculatura relaxada, permitindo um maior volume sanguíneo acumulado nos membros inferiores, além da própria dilatação da parede venosa. Estes itens, associados à redução do débito cardíaco no repouso e a não utilização dos mecanismos de retorno venoso da contração da panturrilha, causam uma queda da velocidade de fluxo local e consequente instalação da estase sanguínea local. Servitt, ao estudar o local de formação dos trombos em estudos realizados em necrópsias, propôs a hipótese de que a diminuição de fluxo causaria uma alteração do fluxo laminar local nas veias, em especial nas válvulas venosas, criando um turbilhonamento de sangue neste local. Este turbilhonamento local nos seios valvulares causando um acúmulo de hemáceas e plaquetas que, em condições normais, seria “lavado” pelo fluxo venoso. A estase promovida pelo repouso prolongado é responsável pela ativação da agregação plaquetária e, consequentemente, pela ativação da cascata de coagulação neste local. Este mecanismo causaria uma rede de fibrina que, por sua vez, seria responsável pelo aprisionamento de hemáceas nos seios das válvulas venosas e, através da agregação plaquetária local com liberação de ADP e tromboxano A2, causaria progressão da coagulação local e do trombo na luz do vaso (Figura 5). ½IGURA / Ilustk»çmo quc mostk» o scio v»lvul»k vcкoso como loc»l kc fokm»çmo kc tkomkos. Há também uma teoria que preconiza que o turbilhonamento sanguíneo na região mais profunda do seio valvular, além de permitir maior agregação de hemáceas e plaquetas pelo baixo fluxo, também causaria uma hipóxia do tecido com consequente lesão endotelial. LESÃOENDOTELIAL A lesão endotelial é trombogênica pela própria ativação da cascata da coagulação. O endotelio vascular não é somente uma camada celular em contato com a luz, mas também um tecido biológico ativo que, em condições normais, impede a formação de trombos, mantendo o sangue em sua forma líquida através da produção de óxido nítrico (NO), prostaglandina I2 (prostaciclina), ADP-defosfatase. Essas substâncias impedem a adesãoem indivíduos tratados com varfarina na presença de inibidor direto da trombina, presumivelmente devido à depleção aguda da proteína C, anticoagulante dependente da vitamina K, observada na presença de concentrações elevadas de proteínas procoagulantes e estado hipercoagulável ativo. Os seguintes aspectos devem ser considerados em todos os pacientes que recebem heparina: as contagens de plaquetas devem ser obtidas com frequência, deve-se suspeitar de TIH em caso de desenvolvimento de trombocitopenia dentro de um período de tempo compatível com uma resposta imune à heparina e qualquer trombo novo que apareça em um paciente tratado com heparina deve levantar a suspeita de TIH. Os pacientes que desenvolvem TIH são tratados mediante interrupção de heparina e administração de argatrobana, um inibidor direto da trombina. Contraindicações A heparina está contraindicada para pacientes com TIH, hipersensibilidade ao fármaco, sangramento ativo, hemofilia, trombocitopenia significativa, púrpura, hipertensão grave, hemorragia intracraniana, endocardite infecciosa, tuberculose ativa, lesões ulcerativas do trato gastrintestinal, ameaça de aborto, carcinoma visceral ou doença hepática ou renal avançada. Deve-se evitar o uso de heparina em pacientes recentemente submetidos a cirurgia do cérebro, da medula espinal ou do olho, bem como naqueles submetidos a punção lombar ou bloqueio anestésico regional. Apesar da aparente ausência de transferência placentária, a heparina só deve ser usada em mulheres grávidas quando claramente indicada. Administração e posologia As indicações para o uso de heparina são descritas na seção sobre farmacologia clínica. Uma concentração plasmática de heparina de 0,2 a 0,4 unidade/mL (por titulação com protamina) ou de 0,3 a 0,7 unidade/mL (unidades anti-Xa) é considerada dentro da faixa terapêutica para o tratamento da doença tromboembólica venosa. Essa concentração geralmente corresponde a um TTPa de 1,5 a 2,5 vezes o valor basal. Entretanto, o uso do TTPa para monitoração da heparina é problemático. Não existe nenhum esquema padronizado de TTPa, como no caso do tempo de protrombina (TP) e seu índice normalizado internacional (INR, do inglês international normalized ratio) na monitoração da varfarina. O TTPa expresso em segundos para uma determinada concentração de heparina varia entre diferentes sistemas de reagentes/instrumentos. Por conseguinte, se o TTPa for utilizado para monitoração, o laboratório deve determinar o tempo de coagulação que corresponde à faixa terapêutica por titulação com protamina ou atividade anti-Xa, conforme já assinalado. Além disso, alguns pacientes apresentam TTPa basal prolongado, devido à deficiência ou inibidores de fatores (podendo aumentar o risco de sangramento) ou anticoagulante do lúpus (que não está associado a um risco de sangramento, mas que pode estar associado a um risco de trombose). É problemático utilizar o TTPa para avaliar o efeito da heparina nesses pacientes. Uma alternativa consiste em utilizar a atividade anti-Xa para avaliar a concentração de heparina, um teste hoje disponível nos instrumentos automatizados para coagulação. Essa abordagem mede a concentração de heparina; entretanto, não fornece uma avaliação global da integridade da via intrínseca do TTPa. Recomenda-se a seguinte estratégia: antes de iniciar qualquer tipo de terapia anticoagulante, deve-se avaliar a integridade do sistema hemostático do paciente por meio de uma cuidadosa anamnese de eventos hemorrágicos precedentes, assim como determinar TP e TTPa basais. Se houver prolongamento do tempo de coagulação, a sua causa (deficiência ou presença de inibidor) deve ser determinada antes de se iniciar a terapia, e as metas do tratamento devem ser estratificadas de acordo com a avaliação dos riscos e benefícios. Nos pacientes de alto risco, a determinação tanto do TTPa como da atividade anti-Xa pode ser útil. Quando se utiliza a administração intermitente de heparina, o TTPa ou a atividade anti-Xa devem ser medidos dentro de 5 horas após a dose administrada para manutenção do prolongamento do TTPa em 2 a 2,5 vezes o valor de controle. Todavia, a terapia com HBPM constitui a opção preferida nesse caso, visto que não há necessidade de monitoração dos pacientes. A administração intravenosa contínua de heparina é efetuada por meio de uma bomba de infusão. Após uma injeção inicial direta de 80 a 100 unidades/kg, é necessária uma infusão contínua de cerca 15 a 22 unidades/kg/h para manter a atividade anti-Xa na faixa de 0,3 a 0,7 unidade/mL. A profilaxia com baixas doses é efetuada com a administração de heparina por via subcutânea, 5.000 unidades a cada 8 a 12 horas. Devido ao perigo de formação de hematoma no local de injeção, a heparina nunca deve ser administrada por via intramuscular. A enoxaparina profilática é administrada por via subcutânea, em uma dose de 30 mg, 2 vezes ao dia, ou 40 mg, 1 vez ao dia. A terapia com enoxaparina em dose integral é de 1 mg/kg por via subcutânea, a cada 12 horas. Isso corresponde à concentração terapêutica de anti-fator Xa de 0,5 a 1 unidade/mL. Pacientes selecionados podem ser tratados com enoxaparina, 1,5 mg/kg, 1 vez ao dia, com concentração-alvo de anti-Xa de 1,5 unidade/mL. A dose profilática de dalteparina é de 5.000 unidades por via subcutânea, 1 vez ao dia. A dose terapêutica é de 200 unidades/kg, 1 vez ao dia, para a doença venosa, ou de 120 unidades/kg, a cada 12 horas, para a síndrome coronariana aguda. A HBPM deve ser usada com cautela em pacientes com insuficiência renal ou com peso corporal acima de 150 kg. A determinação da concentração de anti-Xa é útil para orientar a dose nesses indivíduos. A molécula sintética de pentassacarídeo fondaparinux liga-se com alta afinidade à antitrombina e exibe alta atividade específica, resultando em inativação eficiente do fator Xa. O fondaparinux apresenta uma meia-vida longa de 15 horas, possibilitando a sua administração em dose única diária por via subcutânea. O fondaparinux mostra-se efetivo na prevenção e no tratamento da tromboembolia venosa e não parece exibir reação cruzada com anticorpos patológicos da TIH na maioria dos indivíduos. Reversão da ação da heparina A ação anticoagulante excessiva da heparina é tratada com a interrupção do fármaco. Se houver sangramento, indica-se a administração de um antagonista específico, como o sulfato de protamina. A protamina é um peptídeo altamente básico, de carga positiva, que se combina com a heparina de carga negativa, como par iônico, formando um complexo estável desprovido de atividade anticoagulante. Para cada 100 unidades de heparina remanescente no paciente, administra-se 1 mg de sulfato de protamina por via intravenosa. A velocidade da infusão não deve ultrapassar 50 mg em qualquer período de 10 minutos e deve-se evitar o uso da protamina em quantidades excessivas, visto que esses fármacos também exercem efeito anticoagulante. A neutralização da HBPM pela protamina é incompleta. A experiência limitada sugere que se pode administrar 1 mg de sulfato de protamina para neutralizar parcialmente 1 mg de enoxaparina. A protamina não reverte a atividade do fondaparinux. O danaparoide em excesso pode ser removido por plasmaférese. VARFARINAEOUTROSANTICOAGULANTES CUMARÍNICOS Química e farmacocinética A aplicação clínica dos anticoagulantes cumarínicos remonta à descoberta de uma substância anticoagulante formada na forragem de trevo-doce estragado, que causava doença hemorrágica no gado. A pedido dos fazendeiros locais, um químico da Universidade de Wisconsin identificou o agente tóxico como bis-hidroxicumarina. Um derivado sintetizado, o dicumarol, e seus congêneres, mais notavelmente a varfarina (do inglês warfarin – Wisconsin Alumni Research Foundation, com sufixo “arina” de cumarina; Figura 34-5), foram inicialmente usados como rodenticidas. Na década de 1950, a varfarina foi introduzida como agente antitrombótico nos seres humanos. A varfarina é um dos medicamentos mais comumente prescritos . ½IGURA 34-/ ½ókmul»s cstkutuk»is kc vákios»кtico»gul»кtcs ok»is c k» vit»miк» K. O átomo kc c»kkoкo k» v»kf»kiк» com »stckisco é um ccкtko »ssimétkico. Em geral, a varfarina é administrada na forma de sal sódico e apresenta uma biodisponibilidade oral de 100%. Mais de 99% da varfarina racêmica liga-se à albumina plasmática, o que pode contribuir para o seu pequeno volume de distribuição (o espaço albumínico), sua meia-vida longa no plasma (35 horas) e ausência de excreção urinária do fármaco inalterado. A varfarina usada para fins clínicos consiste em uma mistura racêmica composta de quantidades iguais de dois enantiomorfos. A varfarina levorrotatória S é 4 vezes mais potente do que a varfarina dextrorrotatória R. Essa observação é útil para a compreensão da natureza estereosseletiva de várias interações medicamentosas com a varfarina. Mecanismo de ação Os anticoagulantes cumarínicos bloqueiam a γ-carboxilação de vários resíduos de glutamato existentes na trombina e nos fatores VII, IX e X, bem como nas proteínas anticoagulantes endógenas C e S (ver Figura 34-2 e Tabela 34-1). O bloqueio resulta na formação de moléculas incompletas de fatores da coagulação, biologicamente inativas. A reação de carboxilação proteica está acoplada à oxidação da vitamina K. Em seguida, a vitamina K precisa ser reduzida para reativação. A varfarina impede o metabolismo redutor do epóxido da vitamina K inativo em sua forma de hidroquinona ativa (Figura 34-5). A mutação do gene da enzima responsável, a vitamina K epóxido redutase (VKORC1), pode dar origem a uma resistência genética à varfarina nos seres humanos e em roedores. ½IGURA 34-6 Ciclo k» vit»miк» K – iкtckcoкvcksõcs mct»kólic»s k» vit»miк» K »ssoci»k»s m síкtcsc kos f»tokcs kc co»gul»çmo kcficкkcкtcs kc vit»miк» K. A vit»miк» K1 ou Ks é »tiv»k» fiok mcio kc su» kckuçmo m fokm» hikkoquiкoк» (KHs). A oxik»çmo cm ct»fi»s » cfióxiko kc vit»miк» K (KO) cstá »cofil»k» m c»kkoxil»çmo k» fikotkomkiк» ficl» cкzim» c»kkoxil»sc. A kc»tiv»çmo ko cfióxiko kc vit»miк» K coкstitui » ct»fi» scкsívcl m v»kf»kiк» (v»kf»kiк»). A lctk» R к» molécul» kc vit»miк» K kcfikcscкt» um» c»kci» l»tck»l fitil kc s0 átomos kc c»kkoкo к» vit»miк» K1 c um» c»kci» l»tck»l fiolifikcкil kc 30 » 6/ átomos kc c»kkoкo к» vit»miк» Ks. Existe uma demora de 8 a 12 horas para o início da ação da varfarina. O efeito anticoagulante resulta de um equilíbrio entre a síntese parcialmente inibida e a degradação inalterada dos quatro fatores da coagulação dependentes de vitamina K. A consequente inibição da coagulação depende de suas meias-vidas de degradação na circulação. Essas meias-vidas são de 5, 24, 40 e 50 horas para os fatores VII, IX, X e II respectivamente. Um fato importante é que a proteína C tem uma meia-vida curta semelhante ao fator VIIa. Por conseguinte, o efeito imediato da varfarina consiste em causar depleção do fator procoagulante VII e da proteína C anticoagulante, o que pode criar paradoxalmente um estado hipercoagulável transitório, devido à atividade residual dos procoagulantes de meia- vida mais longa na presença de depleção da proteína C (ver adiante). Por esse motivo, em pacientes com estados hipercoaguláveis ativos, como TVP ou EP, a HNF ou a HBPM são sempre usadas para obter uma anticoagulação imediata até que ocorra depleção dos fatores de coagulação procoagulantes induzida pela varfarina. A duração dessa terapia de sobreposição é geralmente de 5 a 7 dias. Reações adversas A varfarina atravessa facilmente a placenta e pode causar distúrbio hemorrágico no feto. Além disso, proteínas fetais com resíduos de γ-carboxiglutamato encontrados no osso e no sangue podem ser afetadas pela varfarina. O fármaco pode, ainda, causar um defeito de nascença grave caracterizado pela formação óssea anormal. Por esse motivo, a varfarina nunca deve ser administrada durante a gravidez. Durante as primeiras semanas de terapia em pacientes que apresentam deficiência hereditária da proteína C, ocorre algumas vezes necrose cutânea, com redução da atividade da proteína C. Raramente, esse mesmo processo provoca infarto franco da mama, dos tecidos adiposos, do intestino e dos membros. A lesão patológica associada ao infarto hemorrágico consiste em trombose venosa, compatível com um estado de hipercoagulabilidade devido à depleção da proteína C induzida pela varfarina. Administração e posologia O tratamento com varfarina deve ser iniciado com doses padrão de 5 a 10 mg. O ajuste inicial do TP leva cerca de 1 semana, o que geralmente resulta em uma dose de manutenção de 5 a 7 mg/dia. O TP deve aumentar até o nível correspondente à redução de 25% da atividade protrombínica normal, devendo ser mantido neste valor para tratamento em longo prazo. Quando a atividade é inferior a 20%, a dose de varfarina deve ser reduzida ou omitida até haver aumento da atividade acima de 20%. Polimorfismos hereditários em 2CYP2C9 e VKORC1 possuem efeitos significativos sobre a posologia da varfarina. Entretanto, os algoritmos que incorporaram a informação genômica para prever a dose inicial de varfarina não foram superiores aos algoritmos clínicos padronizados em dois de três ensaios clínicos randomizados de grande porte que examinaram essa questão. A faixa terapêutica para tratamento com anticoagulantes orais é definida em termos de seu INR. O INR refere-se à razão do TP (TP do paciente/média do TP normal para o laboratório)ISI, em que o expoente ISI refere-se ao índice de sensibilidade internacional (do inglês international sensitivity index) e depende dos reagentes específicos e instrumentos usados para sua determinação. O ISI serve para relacionar os TPs medidos com um padrão de referência com tromboplastina da OMS. Assim, os TPs obtidos com diferentes instrumentos apropriadamente calibrados, com uma variedade de reagentes de tromboplastina, devem fornecer os mesmos resultados de INR para determinada amostra. Na maioria das combinações de reagentes e instrumentos em uso, o ISI aproxima-se de 1, tornando o INR aproximadamente equivalente à razão entre o TP do paciente e o TP normal médio. O valor recomendado de INR para profilaxia e tratamento da doença trombótica é de 2 a 3. Pacientes com alguns tipos de valvas cardíacas artificiais (p. ex., disco inclinável) ou outras condições clínicas que aumentam o risco trombótico apresentam uma faixa recomendada de 2,5 a 3,5. Embora um prolongamento do INR seja bastante usado como indicação da integridade do sistema da coagulação na doença hepática e em outros distúrbios, só foi validado em pacientes com terapia crônica com varfarina em estado de equilíbrio dinâmico. Em certas ocasiões, os pacientes exibem resistência à varfarina, definida pela progressão ou recidiva de um evento trombótico, apesar de estarem dentro da faixa terapêutica. Esses indivíduos podem ter o seu INR-alvo elevado (acompanhado de aumento no risco de sangramento), ou a varfarina pode ser substituída por uma forma alternativa de anticoagulação (p. ex., injeções diárias de HBPM ou um dos novos anticoagulantes orais). A resistência à varfarina é mais comum em pacientes com câncer avançado, em geral de origem gastrintestinal (síndrome de Trousseau). A heparina BPM é superior à varfarina na prevenção de tromboembolismo venoso recorrente em pacientes com câncer. Interações medicamentosas Os anticoagulantes cumarínicos interagem frequentemente com outros fármacos e com estados mórbidos. Essas interações podem ser amplamente divididas em efeitos farmacocinéticos e farmacodinâmicos (Tabela 34-2). Os mecanismos farmacocinéticos que atuam na interação medicamentosa com a varfarina envolvem principalmente a indução da enzima do citocromo P450 (CYP) CYP2C9, a inibição enzimática e a redução da ligação às proteínas plasmáticas. Os mecanismos farmacodinâmicos envolvidos nas interações com a varfarina incluem sinergismo (comprometimento da hemostasia, síntese diminuída de fatores de coagulação, conforme observado na doença hepática), antagonismo competitivo (vitamina K) e alteração da alça de controle fisiológico da vitamina K (resistência hereditária aos anticoagulantesorais). As interações mais graves com a varfarina são as que aumentam o efeito anticoagulante e o risco de sangramento. Entre essas interações, as mais perigosas são as interações farmacocinéticas com as pirazolonas, na maior parte obsoletas, fenilbutazona e sulfimpirazona. Esses fármacos não apenas intensificam a hipoprotrombinemia, como também inibem a função plaquetária e podem induzir o desenvolvimento de doença ulcerosa péptica. Os mecanismos da interação hipoprotrombinêmica consistem em inibição estereosseletiva da transformação metabólica oxidativa da varfarina S (o isômero mais potente) e deslocamento da varfarina ligada à albumina, com consequente aumento da fração livre. Por essa e outras razões, nem a fenilbutazona, nem a sulfimpirazona são de uso comum nos Estados Unidos.[NT] O metronidazol, o fluconazol e a sulfametoxazol + trimetoprima também inibem de modo esterosseletivo a transformação metabólica da varfarina S, ao passo que a amiodarona, o dissulfiram e a cimetidina inibem o metabolismo de ambos os enantiomorfos da varfarina. O ácido acetilsalicílico, a doença hepática e o hipertireoidismo aumentam os efeitos da varfarina – o ácido acetilsalicílico, em virtude de seu efeito na função plaquetária, e a doença hepática e o hipertireoidismo por aumentarem a taxa de renovação dos fatores de coagulação. As cefalosporinas de terceira geração eliminam as bactérias do trato intestinal que produzem vitamina K e, como a varfarina, também inibem diretamente a vitamina K epóxido redutase. Os barbitúricos e a rifampicina provocam uma acentuada diminuição do efeito anticoagulante ao induzirem as enzimas hepáticas que transformam a varfarina racêmica. A colestiramina liga-se à varfarina no intestino, reduzindo a sua absorção e biodisponibilidade. Ocorrem reduções farmacodinâmicas do efeito anticoagulante com a vitamina K (síntese aumentada de fatores de coagulação), com os diuréticos clortalidona e espironolactona (concentração dos fatores de coagulação), resistência hereditária (mutação de moléculas do ciclo de reativação da vitamina K) e hipotireoidismo (diminuição da taxa de renovação dos fatores de coagulação). Os fármacos que não exercem efeito significativo sobre a terapia anticoagulante incluem etanol, fenotiazinas, benzodiazepínicos, paracetamol, opioides, indometacina e a maioria dos antibióticos. Reversão da ação da varfarina O efeito anticoagulante excessivo e o sangramento em decorrência do uso da varfarina podem ser revertidos pela interrupção do fármaco e pela administração de vitamina K1 (fitonadiona) por via oral ou parenteral, plasma fresco congelado, concentrados de complexo protrombínico e fator VIIa recombinante (rFVIIa). Está disponível um concentrado de quatro fatores contendo os fatores II, VII, IX e X (concentrado de complexo protrombínico [humano]) (4F PCC). O desaparecimento do efeito excessivo não está correlacionado com as concentrações plasmáticas de varfarina, mas com o restabelecimento da atividade normal dos fatores de coagulação. Um excesso moderado de efeito anticoagulante, na ausência de sangramento, pode exigir apenas a interrupção do fármaco. O efeito da varfarina pode ser rapidamente revertido em quadros de sangramento grave com a administração do complexo protrombínico ou rFVIIa juntamente com vitamina K intravenosa. É importante notar que, devido à longa meia-vida da varfarina, uma única dose de vitamina K ou rFVIIa pode não ser suficiente. INIBIDORESORAIS DIRETOSDOFATORXA Os inibidores orais de Xa, incluindo rivaroxabana, apixabana, edoxabana e betrixabana (não disponível no Brasil), representam uma classe mais recente de fármacos anticoagulantes orais que não requerem monitoramento. Junto com os inibidores diretos de trombina oral (discutidos adiante), essa classe de fármacos anticoagulantes orais diretos (DOAC, do inglês direct oral anticoagulant) é cada vez mais usada na farmacoterapia antitrombótica. Farmacologia A rivaroxabana, a apixabana, a edoxabana e a betrixabana inibem fator Xa, a via comum final da coagulação (ver Figura 34-2). São administrados em doses fixas e não necessitam de monitoração. Apresentam rápido início de ação e meias-vidas mais curtas que a da varfarina. A rivaroxabana apresenta alta biodisponibilidade oral quando tomada com alimentos. Após uma dose oral, a concentração plasmática máxima é alcançada em 2 a 4 horas; o fármaco liga-se extensamente às proteínas. Trata-se de um substrato do sistema CYP e um transportador de glicoproteína P. Os fármacos que inibem tanto a CYP3A4 como a glicoproteína P (p. ex., cetoconazol) resultam em aumento do efeito da rivaroxabana. Um terço do fármaco é excretado de modo inalterado na urina, ao passo que o restante é metabolizado e excretado na urina e nas fezes. A meia-vida é de 5 a 9 horas em pacientes entre 20 e 45 anos de idade e aumenta no idoso, bem como naqueles com comprometimento da função renal ou hepática. A apixabana apresenta uma biodisponibilidade oral de 50% e absorção prolongada, resultando em meia-vida de 12 horas em doses crônicas. O fármaco é um substrato do sistema de enzimas CYP e da glicoproteína P e é excretado na urina e nas fezes. Tal como acontece com a rivaroxabana, os medicamentos que inibem CYP3A4 e glicoproteína P, bem como a diminuição da função renal ou hepática, resultam no aumento do efeito do medicamento. Edoxabana é um inibidor de Xa que se toma 1 vez ao dia, com biodisponibilidade oral de 52%. As concentrações máximas do medicamento ocorrem 1 a 2 horas após a administração e não são afetadas por alimentos. A meia-vida do fármaco é de 10 a 14 horas. A edoxabana não induz as enzimas CYP. Não é necessário redução de dose com o uso concomitante de inibidores de glicoproteína P. A edoxabana é excretada principalmente em sua forma inalterada na urina. A betrixabana também é um inibidor de Xa com dose de 1 vez ao dia, com biodisponibilidade oral de 34% e meia-vida de 19 a 27 horas. As concentrações máximas são alcançadas de 3 a 4 horas e são reduzidas em até 70% se ingeridos com alimentos. A redução da dose é necessária se usado com inibidores da glicoproteína P e na insuficiência renal. O fármaco é excretado principalmente pelo fígado e deve ser utilizado com cautela em pacientes com doença hepática. Indicações e posologia A rivaroxabana está aprovada para a prevenção do AVE embólico em pacientes com fibrilação atrial sem doença cardíaca valvar, para prevenção da tromboembolia venosa após cirurgia de quadril ou de joelho e para o tratamento da doença tromboembólica venosa (TEV). A dose profilática é de 10 mg/dia, VO, durante 35 dias, para substituição de quadril, ou de 12 dias para a do joelho. Para o tratamento da TVP/EP, a dose é de 15 mg, 2 vezes ao dia, durante 3 semanas, seguida de 20 mg/dia. Dependendo da apresentação clínica e dos fatores de risco, os pacientes com TEV são tratados por 3 a 5 meses; a rivaroxabana também está aprovada para terapia prolongada em pacientes selecionados para reduzir o risco de recorrência na dose de tratamento. A apixabana é aprovada para prevenção de AVE na fibrilação atrial não valvar, para prevenção de TEV após cirurgia de quadril ou joelho e para tratamento e prevenção de longo prazo de TEV. A dose para fibrilação atrial é de 5 mg, 2 vezes ao dia. A dose para TEV é de 10 mg, 2 vezes ao dia, durante a primeira semana, seguida de 5 mg, 2 vezes ao dia. A dose profilática para prevenção de TEV após cirurgia de quadril ou joelho ou prevenção de longo prazo de TEV após a terapia inicial é de 2,5 mg, 2 vezes ao dia. A duração recomendada da terapia para artroplastia de quadril e joelho é a mesma do rivaroxabana. A edoxabana é aprovada para prevenção de AVE na fibrilação atrial não valvar e para tratar TEV após tratamento com heparina ou HBPM por 5 a 10 dias. A dose para fibrilação atrial e tratamento de TEV é de 50 mg, 1 vez ao dia. Para pacientes com depuração da creatinina de 15 a 50 mL/min ou aqueles que tomam inibidores da glicoproteína P concomitantes, a dose é de 30 mg, 1 vez ao dia. A edoxabana é contraindicadaem pacientes com fibrilação atrial e depuração de creatinina > 95 mL/min, devido ao aumento da taxa de AVE isquêmico neste grupo em comparação com pacientes em uso de varfarina. A betrixabana foi aprovada para profilaxia de TEV. A dose recomendada é uma dose única inicial de 150 mg, seguida por 80 mg, 1 vez ao dia, tomada à mesma hora todos os dias com alimentos (com reduções de dose para insuficiência renal grave ou uso concomitante de inibidor da glicoproteína P). A duração recomendada do tratamento é de 35 a 42 dias. Avaliação e reversão do efeito do medicamento anti-Xa O monitoramento do efeito do medicamento anti-Xa não é necessário na maioria das situações, mas pode ser realizado por ensaios anti-Xa calibrados para o medicamento em questão. Andexanete alfa (não disponível no Brasil) é uma molécula “dublê” do fator Xa sem atividade procoagulante que compete pela ligação aos medicamentos anti-Xa. Em ensaios clínicos envolvendo apixabana e rivaroxabana, o andexanete administrado por perfusão IV resulta e uma diminuição rápida do efeito anti-Xa. O fármaco foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) em 2018 para reversão de sangramento com risco de vida em pacientes tratados com apixabana ou rivaroxabana. A estratégia terapêutica leva em consideração a dose usada de apixabana ou rivaroxabana e o tempo decorrido desde a última dose. A dose baixa é de 400 mg, IV, a uma taxa de 30 mg/min, seguida de 4 mg/min, por até 120 minutos. A dose alta é de 800 mg, em bólus administrado a 30 mg/min, seguido de 8 mg/min, por até 120 minutos. Complicações trombóticas foram relatadas, assim como parada cardíaca e morte súbita. O concentrado de quatro fatores pode ser considerado uma abordagem alternativa para sangramento com risco de vida causado por medicamentos anti-Xa. INIBIDORES DIRETOS DA TROMBINA Os inibidores diretos da trombina (IDTs) exercem seu efeito anticoagulante por meio de sua ligação direta ao sítio ativo da trombina, inibindo, assim, seus efeitos. Isso contrasta com os inibidores indiretos da trombina, como a heparina e a HBPM (ver anteriormente), que atuam por meio da antitrombina. A hirudina e a bivalirudina são IDTs bivalentes e grandes, que se ligam ao sítio catalítico ou ativo da trombina, bem como a um sítio de reconhecimento de substrato. A argatrobana (não disponível no Brasil) e a melagatrana são pequenas moléculas que se ligam apenas ao sítio ativo da trombina. Um inibidor de trombina oral (dabigatrana) está disponível. INIBIDORES DIRETOSDA TROMBINA PARENTERAIS As sanguessugas têm sido usadas para flebotomia desde a época de Hipócrates. Recentemente, os cirurgiões passaram a utilizar sanguessugas medicinais (Hirudo medicinalis) para evitar a trombose nos vasos finos de dedos reimplantados. A hirudina é um inibidor específico e irreversível da trombina, obtido da saliva de sanguessugas, que, por um tempo, esteve disponível na forma recombinante, como lepirudina. Sua ação não depende da antitrombina, e ela pode alcançar e inativar a trombina ligada à fibrina nos trombos. A lepirudina exerce pouco efeito nas plaquetas ou sobre o tempo de sangramento. À semelhança da heparina, a lepirudina deve ser administrada por via parenteral, com monitoramento por TTPa. A lepirudina foi aprovada pela FDA para uso em pacientes com trombose relacionada à TIH. A lepirudina é excretada pelo rim e deve ser usada commuita cautela em pacientes com insuficiência renal, visto que não existe nenhum antídoto. Até 40% dos pacientes que recebem infusões em longo prazo desenvolvem anticorpos dirigidos contra o complexo de trombina-lepirudina. Esses complexos de antígeno-anticorpo, que não são depurados pelo rim, podem resultar em aumento do efeito anticoagulante. Alguns pacientes expostos novamente ao fármaco desenvolveram reações anafiláticas potencialmente fatais. A produção de lepirudina foi interrompida pelo fabricante em 2012. A bivalirudina, outro inibidor bivalente da trombina, é administrada por via intravenosa, com rápido início e término de ação. O fármaco tem meia-vida curta, com 20% de depuração renal, sendo a depuração restante metabólica. A bivalirudina também inibe a ativação das plaquetas e foi aprovada pela FDA para uso na angioplastia coronariana percutânea. A argatrobana é uma pequena molécula de inibidor da trombina, que foi aprovada pela FDA para uso em pacientes com TIH, com ou sem trombose, bem como na angioplastia coronariana de pacientes com TIH. A argatrobana também apresenta meia-vida curta, é administrada na forma de infusão intravenosa contínua e monitorada pelo TTPa. A sua depuração não é afetada pela presença de doença renal, mas depende da função hepática. É necessário reduzir a dose em pacientes com doença hepática. Os pacientes tratados com argatrobana apresentam elevação do INR, dificultando a transição para a varfarina (i.e., o INR reflete contribuições tanto da varfarina como da argatrobana). (O INR é discutido em detalhe na seção sobre administração de varfarina.) O fabricante fornece um nomograma para auxiliar nessa transição. INIBIDORES ORAIS DIRETOS DA TROMBINA As vantagens da inibição direta da trombina por via oral incluem farmacocinética e biodisponibilidade previsíveis, que permitem dose fixa e resposta anticoagulante previsível e tornam desnecessária a monitoração de coagulação de rotina. Semelhante aos medicamentos anti-Xa orais descritos anteriormente, o rápido início e fim da ação desses agentes permitem a anticoagulação imediata. O mesilato de etexilato de dabigatrana é o único inibidor oral direto de trombina aprovado pela FDA. A dabigatrana é aprovada para redução do risco de AVE e embolia sistêmica causados por fibrilação atrial não valvar, tratamento de TEV após 5 a 7 dias de terapia inicial com heparina ou HBPM, redução do risco de TEV recorrente e profilaxia de TEV após cirurgia de substituição do quadril ou joelho. Farmacologia A dabigatrana e seus metabólitos são inibidores diretos da trombina. Após administração oral, o mesilato de etexilato de dabigatrana, um profármaco, é convertido em dabigatrana. A biodisponibilidade oral é de 3 a 7% em voluntários normais. O fármaco é um substrato para a bomba de efluxo da glicoproteína P. Os inibidores da glicoproteína P, como o cetoconazol, devem ser evitados em pacientes com insuficiência renal. Em voluntários normais, a meia-vida do fármaco é de 12 a 17 horas. A insuficiência renal resulta na eliminação prolongada do medicamento. Administração e posologia Para prevenção de AVE e embolia sistêmica na fibrilação atrial não valvar, a dose é 150 mg, 2 vezes ao dia, para pacientes com depuração de creatinina maior que 30 mL/min. Na presença de depuração diminuída de creatinina, de 15 a 30 mL/min, a dose é de 75 mg, 2 vezes ao dia. Não há necessidade de monitoração. Avaliação e reversão do efeito do fármaco antitrombina À semelhança de qualquer fármaco anticoagulante, a principal toxicidade da dabigatrana consiste em sangramento. A dabigatrana prolonga o TTP, o TP e o tempo de coagulação da ecarina, que pode ser usado para estimar o efeito do medicamento, se necessário. (O tempo de coagulação da ecarina [TCE] é outro teste de coagulação baseado no uso de uma proteína isolada do veneno de uma serpente.) O idarucizumabe é um fragmento Fab de anticorpo monoclonal humanizado que se liga à dabigatrana e reverte o efeito anticoagulante. Esse medicamento reversível foi aprovado para uso em situações que requerem cirurgia emergente ou sangramento com risco de vida. A dose recomendada é 5 g, IV. Se o sangramento voltar, uma segunda dose pode ser administrada. O fármaco é excretado principalmente pelos rins. A meia-vida em pacientes com função renal normal é de aproximadamente 1 hora. Conforme discutido anteriormente para reverter a terapia anti-Xa, a reversão de dabigatrana expõe os pacientes à doença trombótica subjacente para a qual estão sendo tratados e o uso deve ser restrito àqueles com sangramento com risco de vida ou cirurgia. Resumo dos medicamentos anticoagulantes orais diretos Os medicamentosanticoagulantes orais diretos têm demonstrado consistentemente eficácia antitrombótica equivalente e taxas de sangramento mais baixas quando comparados com a terapia tradicional com varfarina. Além disso, esses fármacos oferecem as vantagens de rápido efeito terapêutico, ausência de necessidade de monitoração e menos interações medicamentosas, em comparação com a varfarina, que possui uma janela terapêutica estreita, é afetada pela dieta e por muitos fármacos e exige monitoração para otimização da dose. Entretanto, a meia-vida curta dos anticoagulantes mais recentes tem como importante consequência a falta de adesão do paciente ao tratamento, levando rapidamente a uma perda do efeito anticoagulante e ao risco de tromboembolia. Dada a conveniência da administração oral 1 ou 2 vezes ao dia, a falta de necessidade de monitoramento e menos interações medicamentosas e dietéticas documentadas até agora, os novos anticoagulantes orais diretos representam um avanço significativo na prevenção e terapia de doenças trombóticas. ReferêNcIas AMORIM, Jorge Eduardo de. Manual de angiologia e cirurgia vascular e endovascular. Barueri: Manole, 2019. E-book. ISBN 9788520453597. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/ /books/9788520453597/. Acesso em: 05 out. 2024. BRITO, Carlos J.; MURILO, Rossi; LOUREIRO, Eduardo. Cirurgia Vascular: Cirurgia Endovascular – Angiologia. Rio de Janeiro: Thieme Revinter, 2020. E-book. ISBN 9788554552159. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/ /books/9788554552159/. Acesso em: 05 out. 2024. HALL, John E.; HALL, Michael E. Guyton & Hall - Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: GEN Guanabara Koogan, 2021. E-book. ISBN 9788595158595. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/ /books/9788595158595/. Acesso em: 05 out. 2024. KATZUNG, Bertram G.; VANDERAH, Todd W. Farmacologia básica e clínica. Porto Alegre: ArtMed, 2023. E-book. ISBN 9785558040194. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/ /books/9785558040194/. Acesso em: 05 out. 2024. MARTINS, Mílton de A.; CARRILHO, Flair J.; ALVES, Venâncio Avancini F.; CASTILHO, Euclid. Clínica Médica, Volume 2: Doenças Cardiovasculares, Doenças Respiratórias, Emergências e Terapia Intensiva. Barueri: Manole, 2015. E-book. ISBN 9788520447727. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/ /books/9788520447727/. Acesso em: 05 out. 2024. JATENE, Ieda B.; FERREIRA, João Fernando M.; DRAGER, Luciano F.; et al. Tratado de cardiologia SOCESP. Barueri: Manole, 2022. E-book. ISBN 9785555755182. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/ /books/9785555755182/. Acesso em: 05 out. 2024. PORTO, Celmo C.; PORTO, Arnaldo L. Clínica Médica na Prática Diária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2022. E-book. ISBN 9788527738903.Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/ /books/9788527738903/. Acesso em: 05 out. 2024. 1.CaracterIzar fisIoPatoLoGIcaMeNte os quaDros De tro AnATOmiA FiSiOPATOLOGiA ESTASE SANGUÍNEA LESÃO ENDOTELIAL TROMBOFILIAS 2.IDeNtIficar os eLeMeNtos Da cascata De coaGULação, MeCAniSmO DA COAGULAçãO SAnGUíneA MECANISMO GERAL CONVERSÃO DA PROTROMBINA EM TROMBINA CONVERSÃO DE FIBRINOGÊNIO EM FIBRINA | FORMAÇÃO DO FEEDBACK POSITIVO DA FORMAÇÃO DO COÁGULO INÍCIO DA COAGULAÇÃO: FORMAÇÃO DO ATIVADOR DA PROT Via extrínseca da coagulação sanguínea Via intrínseca da coagulação sanguínea Papel do cálcio nas vias intrínseca e extrínseca 3.ExPLIcar o PaPeL Da estase e De outros fatores eNV PAPEL DA ESTASE NA ATIVAÇÃO DA COAGULAÇÃO ATIVAÇÃO DA CASCATA DE COAGULAÇÃO OUTROS FATORES IMPORTANTES CONCLUSÃO 4.CaracterIzar cLíNIca e fisIoPatoLoGIcaMeNte a TroMB CLíniCA FiSiOPATOLOGiA LESÃO DA PAREDE VENOSA ESTASE SANGUÍNEA HIPERCOAGULABILIDADE FATOReS PReDiSPOnenTeS ExAmeS LAbORATORiAiS 5.CaracterIzar, Do PoNto Da fisIoPatoLoGIa e Do DIaGN FiSiOPATOLOGiA DiAGnóSTiCO DifeRenCiAL 6.CoMPreeNDer a correLação eNtre a TVP e o TEP, coMo TVP FATORES DE RISCO PROFILAXIA - Pacientes cirúrgicos Pacientes clínicos TEP PREVENÇÃO 7.IDeNtIficar o trataMeNto Do TEP, cItaNDo suas INDIc PACIENTES COM ALTO RISCO DE MORTE (INSTABILIDADE H PACIENTES COM RISCO BAIXO OU INTERMEDIÁRIO ATENÇÃO 8.RecoNhecer o MecaNIsMo De ação Dos aNtIcoaGULaNtes INIBIDORES INDIRETOS DA TROMBINA HEPARINA Química e mecanismo de ação Farmacologia clínica Monitoração do efeito da heparina Reações adversas Contraindicações Administração e posologia Reversão da ação da heparina VARFARINA E OUTROS ANTICOAGULANTES CUMARÍNICOS Química e farmacocinética Mecanismo de ação Reações adversas Administração e posologia Interações medicamentosas Reversão da ação da varfarina INIBIDORES ORAIS DIRETOS DO FATOR XA Farmacologia Indicações e posologia Avaliação e reversão do efeito do medicamento anti INIBIDORES DIRETOS DA TROMBINA INIBIDORES DIRETOS DA TROMBINA PARENTERAIS INIBIDORES ORAIS DIRETOS DA TROMBINA Farmacologia Administração e posologia Avaliação e reversão do efeito do fármaco antitrom Resumo dos medicamentos anticoagulantes orais dire ReferêNcIasplaquetária local ao inativar os receptores da plaqueta (NO e prostaciclina) e causar quebra do ADP (ADP-defosfatase). Além disso, o endotélio impede a adesão plaquetária, uma vez que constitui uma barreira entre o sangue e a matriz extracelular (Figura 5). ½IGURA 6 Ilustk»çmo ko cкkotélio v»scul»k s»ukávcl cvit»кko » »kcsmo c »gkcg»çmo fil»quctáki» ficl» »çmo ko óxiko кítkico, fikost»cicliк» c ADP-fosf»t»sc. O endotélio vascular em condições normais não apenas mantém as plaquetas inativas, impedindo a adesão e agregação, mas também evita a coagulação local ao impedir a presença de fatores pró-coagulantes ativados. O complexo sulfato de heparano-antitrombina III, que inativa moléculas de trombina, fator X ativado (Xa) e fator IX ativado (IXa). A trombomodulina forma um complexo com a trombina após modular sua função e ativa a proteína C que, por sua vez, inativa o fator V ativado (Va) e o fator VIII ativado (VIIIa). O ativador do plasminogênio tecidual (t-PA) converte o plasminogênio em plasmina, uma enzima fibrinolítica responsável pela degradação da fibrina (Figura 7). ½IGURA 7 Ilustk»çmo ko cкkotélio v»scul»k s»ukávcl c os mcc»кismos kc iк»tiv»çmo kc f»tokcs »tiv»kos k» co»gul»çmo, »lém k» quckk» k» fikkiк». Diversos fatores, como traumas (iatrogênicos ou não), radiação, infecção, drogas, lesões térmicas, citocinas e anticorpos, além de outros, podem ser responsáveis pela lesão do endotélio vascular saudável, causando exposição da matriz extracelular, produção de tromboxano A2 e ADP, adesão e agregação plaquetária, com formação de trombina (que estimula a agregação) e, por sua vez, a ativação da cascata de coagulação, com formação de fibrina através da ativação dos fatores VII, IX e X. O próprio trauma cirúrgico e a reação inflamatória com leucocitose podem ser suficientes para lesão do endotélio e pela consequente formação de trombos em pacientes pós-operatórios. TROMBOFILIAS A hipercoagulabilidade sanguínea, ou trombofilia pode ser de origem genética ou adquirida. Na origem genética podemos encontrar uma deficiência de fatores que impedem a coagulação, como a antitrombina, a proteína C e a proteína S. Podemos também encontrar resistência à proteína C ativada causada por mutação no fator V, encontrada em 20 a 50% dos pacientes com TVP, sendo a trombofilia mais comum nos pacientes com TEV. Ela também é conhecida como fator V de Leiden, fator V mutante ou, também, como FVR Q ou FV:Q, evidenciando a mutação que leva à substituição de arginina (R) por glutamina (Q) em uma transição no nucleotídeo, causando uma alteração na função no fator V da coagulação que acarreta resistência à proteína C. Constituem também causas genéticas, alterações no gene da protrombina, que é encontrada em 5 a 18% dos pacientes com TVP, e a hiper-homocisteinemia, que encontra sua origem na mutação do gene da metilenotetra-hidrofolato redutase (MTHFR), além de causas adquiridas, como deficiências de vitamina B12, B5 e folato. Existem outras causas genéticas raras, como as desfibrinogenemias, deficiência de co-fator II e de plasminogênio. Na origem adquirida temos fatores teoricamente temporários como a gravidez, uso de anticoncepcionais orais (em especial os combinados com estrogênio e progestágenos), cirurgias, tabagismo, obesidade e infecções. Temos, também, doenças adquiridas como a síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAAF), neoplasias, vasculites, poliglobulias e outras. A SAAF é uma doença autoimune na qual anticorpos se ligam a proteínas plasmáticas, em fosfolípides de membrana. As proteínas que são reconhecidas como antígeno são: a protrombina (fator II) e a β2-glicoproteína I (β2GPI), além da proteína C, proteína S, fator X, fator XI, dentre outras. Esta síndrome causa trombose venosa e arterial (na maioria das vezes venosa) e tem uma manifestação clínica variada devido à quantidade de proteínas com potencial antigênico. As manifestações clínicas incluem as tromboses de pequenos vasos (não incluindo tromboflebites superficiais), que pode se manifestar sob a forma de isquemia cerebral, visceral e, curiosamente, por meio de episódios recorrentes de trombose no mesmo local. Existem também as manifestações obstétricas que incluem morte fetal, mesmo com feto saudável em ultrassom (US) anterior, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, insuficiência placentária e abortos recorrentes. Nos membros inferiores, até 50% dos trombos localizados na musculatura da panturrilha apresentam resolução espontânea e, aproximadamente 15% evoluem até acometer a veia femoral. Até um terço das TVPs de panturrilha não tratadas acabam por acometer veias proximais. Após um mês, 20% das TVPs proximais não tratadas vão regredir, enquanto 25% vão se propagar. É importante saber que, ainda que os trombos de panturrilha sejam causas raras de TEP, este pode ocorrer em uma incidência de 29 a 50%, caso a trombose inicial não seja tratada adequadamente. A TVP ocorre com maior frequência no membro inferior esquerdo. Tal fato encontra justificativa na própria disposição anatômica, uma vez que a artéria ilíaca direita, ao cruzar a veia ilíaca esquerda, pode, ocasionalmente, comprimi-la. Esta doença é conhecida como síndrome de Cockett ou síndrome de May-Thurner que, por meio da compressão da veia ilíaca esquerda, predispõe estase sanguínea, favorecendo a formação de trombos neste membro (Figura 8A e B). Esta síndrome deve ser investigada nos casos de TVP de membro inferior esquerdo, uma vez que é possível realizar tratamento com implante de stents venosos visando evitar episódios recorrentes, além de aliviar sintomas de hipertensão venosa causados pela compressão extrínseca na veia proximal (Figura 8C). Nos membros superiores existem basicamente duas causas principais de TVP: as tromboses induzidas por esforços (síndrome de Paget-von Schrötter) e a trombose secundária. ½IGURA 8 A: Im»gcm kc »кgiotomogk»fi» quc mostk» » comfikcssmo cxtkíкscc» k» vci» ilí»c» csquckk» ficl» »ktéki» ilí»c» kikcit». B: fickogk»fi» kc mcsm» fi»cicкtc com f»lh» kc cкchimcкto cm loc»l kc comfikcssmo kc vci» ilí»c» csquckk». C: tk»t»mcкto k» comfikcssmo ficlo imfil»кtc kc w»llstcкt cm loc»l kc comfikcssmo vcкos». A síndrome de Paget-von Schrötter, ou a trombose induzida por esforço, foi descrita de maneira independente por James Paget em 1875, na Inglaterra, que propôs a ideia de que a trombose seria a causa de dor e edema em membro superior acometido. Leopold von Schötter, em 1894, na Alemanha, por sua vez, associou a clínica à trombose de veias axilares e subclávias. Esse quadro acomete pacientes jovens e ocorre após esforço intenso e repetido com o membro superior, podendo estar associado à síndrome do desfiladeiro cervicotorácico (compressão extrínseca por costela cervical, músculos ou ligamentos). O esforço repetido é responsável por microlesões no endotélio vascular, causando, consequentemente, trombose neste membro. Esta síndrome é responsável por aproximadamente 25% dos casos de TVP no membro superior. A trombose secundária, responsável por, aproximadamente, 75% dos quadros de TVP em membros superiores, ocorre como consequência de um estado de hipercoagulabilidade ou por uso de acessos venosos centrais, fraturas, traumas e outras injúrias à parede vascular. Uma vez instalada a trombose venosa na luz do vaso, ocorre um processo inflamatório secundário que pode ser intenso e causar febre, taquicardia e astenia no paciente, além da irritação dos tecidos adjacentes e dor na musculatura. Outra manifestação advinda da obstrução venosa é o aumento da pressão venosa distal ao local acometido que causa maior pressão em vênulas e capilares que, por sua vez, causam edema e aumento da circulação venosa colateral. 2. IDeNtIficar os eLeMeNtos Da cascata De coaGULação, DescreVeNDo as VIas INtríNseca e extríNseca Da coaGULação saNGUíNea. MeCAniSmO DA COAGULAçãO SAnGUíneA MECANISMOGERAL Foram encontradas no sangue e nos tecidos mais de 50 substâncias importantes que causam ou afetam a coagulação sanguínea – algumas que promovem a coagulação, chamadas pró- coagulantes, e outras queinibem a coagulação, chamadas anticoagulantes. A coagulação do sangue depende do equilíbrio entre esses dois grupos de substâncias. Na corrente sanguínea, os anticoagulantes normalmente predominam; assim, o sangue não coagula enquanto está circulando nos vasos sanguíneos. No entanto, quando um vaso é rompido, os pró-coagulantes da área do tecido lesionado são ativados e ultrapassam os anticoagulantes, e então um coágulo se desenvolve. A coagulação ocorre em três etapas essenciais: 1. Em resposta ao rompimento do vaso ou a dano ao próprio sangue, uma cascata complexa de reações químicas ocorre no sangue, envolvendo mais de 12 fatores de coagulação sanguínea. O resultado efetivo é a formação de um complexo de substâncias ativadas, chamadas coletivamente de ativador da protrombina. 2. O ativador da protrombina catalisa a conversão da protrombina em trombina. 3. A trombina atua como uma enzima para converter o fibrinogênio em fibras de fibrina, que formam um emaranhado de plaquetas, células sanguíneas e plasma para originar o coágulo. Discutiremos primeiro o mecanismo pelo qual o coágulo sanguíneo é formado, começando com a conversão da protrombina em trombina; em seguida, voltaremos aos estágios iniciais do processo de coagulação em que o ativador da protrombina é formado. CONVERSÃODAPROTROMBINA EMTROMBINA 1. O ativador da protrombina é formado como resultado ou da ruptura de um vaso sanguíneo ou de danos a substâncias especiais no sangue. O ativador da protrombina, na presença de quantidades suficientes de cálcio iônico (Ca2+), ocasiona a conversão da protrombina em trombina (ver Figuras 37.3 e 37.4). ½iguk» 37.3 Esqucm» fi»k» » coкvcksmo k» fikotkomkiк» cm tkomkiк» c fiolimckiz»çmo ko fikkiкogêкio fi»k» fokm»k »s fikk»s kc fikkiк». ½iguk» 37.4 C»sc»t» kc co»gul»çmo »fiós lcsmo v»scul»k. A cxfiosiçmo ko s»кguc m fi»kckc v»scul»k c»us» likck»çmo ko f»tok tcciku»l (t»mkém ch»m»ko kc f»tok III ou tkomkofil»stiк») ficl»s célul»s cкkotcli»is, cxfikcssmo kc fosfolifiíkios, »tiv»çmo k» tkomkiк», quc »tu» sokkc o fikkiкogêкio fi»k» fokm»k fikkiк», c fiolimckiz»çmo k» fikkiк», fi»k» cki»k um» kckc quc cst»kiliz» o t»mfimo fil»quctákio. 2. A trombina causa polimerização das moléculas de fibrinogênio em fibras de fibrina dentro de 10 a 15 segundos. Assim, o fator limitante da taxa de coagulação sanguínea é geralmente a formação do ativador da protrombina, e não as reações subsequentes além desse ponto, pois essas etapas terminais costumam ocorrer rapidamente para formar o coágulo. As plaquetas também desempenham um papel importante na conversão da protrombina em trombina, porque grande parte da protrombina se liga primeiramente aos receptores de protrombina nas plaquetas, que já estão ligadas ao tecido danificado. Protrombina e trombina. A protrombina é uma proteína plasmática, uma α2-globulina, com peso molecular de 58.700. Está presente no plasma normal em uma concentração de cerca de 15 mg/dℓ. É uma proteína instável, que pode dividir-se facilmente em compostos menores, um dos quais é a trombina, cujo peso molecular é de 33.700, quase metade do da protrombina. Continuamente, a protrombina é formada pelo fígado e usada em todo o corpo para a coagulação sanguínea. Se o fígado não consegue produzi-la, em 1 dia ou mais a concentração de protrombina no plasma cai muito, a ponto de não ser suficiente para proporcionar a coagulação normal do sangue. A vitamina K é necessária ao fígado para a ativação normal da protrombina, bem como de alguns outros fatores da coagulação. Portanto, a falta de vitamina K ou a presença de doença hepática, que impeça a formação normal da protrombina, pode diminuir os níveis de protrombina a ponto de causar uma tendência à hemorragia. CONVERSÃODE FIBRINOGÊNIO EMFIBRINA | FORMAÇÃODOCOÁGULO Fibrinogênio formado no fígado é essencial para a formação do coágulo.O fibrinogênio é uma proteína de alto peso molecular (aproximadamente 340.000) que ocorre no plasma em quantidades de 100 a 700 mg/dℓ. Ele é formado no fígado; no entanto, a doença hepática pode diminuir tanto a concentração de fibrinogênio circulante como a de protrombina, observada anteriormente. Devido ao seu grande tamanho molecular, pouco fibrinogênio normalmente extravasa dos vasos sanguíneos para os líquidos intersticiais; estes, por sua vez, não tendem a coagular em razão de o fibrinogênio ser um dos fatores essenciais no processo de coagulação. No entanto, quando a permeabilidade dos capilares aumenta patologicamente, o fibrinogênio extravasa para os líquidos teciduais em quantidades suficientes para possibilitar a coagulação desses líquidos, da mesma maneira com que o plasma e o sangue total podem coagular. Ação da trombina sobre o fibrinogênio para formar a fibrina. A trombina é uma enzima proteica com fraca capacidade proteolítica. Ela atua no fibrinogênio para remover quatro peptídeos de baixo peso molecular de cada molécula de fibrinogênio, formando uma molécula de monômero de fibrina, que tem a capacidade automática de polimerizar com outras moléculas de monômero de fibrina para formar os filamentos de fibrina. Portanto, muitas moléculas de monômero de fibrina polimerizam em segundos em longos filamentos de fibrina que constituem a rede de fibrina. Nos estágios iniciais da polimerização, as moléculas de monômero de fibrina são mantidas juntas por fracas ligações de hidrogênio não covalentes, e as fibras recém-formadas não têm ligações cruzadas umas com as outras. Portanto, o coágulo resultante é fraco e pode ser rompido facilmente. No entanto, outro processo ocorre durante os próximos minutos e fortalece muito a rede de fibrina: trata-se de uma substância chamada fator estabilizador da fibrina, que está presente em pequenas quantidades nas globulinas plasmáticas normais, mas também é liberada pelas plaquetas aprisionadas no coágulo. Antes que o fator estabilizador da fibrina possa ter um efeito sobre os filamentos de fibrina, ele deve ser ativado. A mesma trombina que causa a formação da fibrina também ativa o fator estabilizador da fibrina. Essa substância ativada então opera como uma enzima para formar ligações covalentes entre mais e mais moléculas de monômero de fibrina, bem como múltiplas ligações cruzadas entre os filamentos de fibrina adjacentes, adicionando, assim, muita força à malha tridimensional de fibrina. Coágulo sanguíneo. O coágulo é composto de uma rede de filamentos de fibrina que corre em todas as direções e aprisiona células sanguíneas, plaquetas e plasma (ver Figura 37.4). Os filamentos de fibrina também aderem às superfícies danificadas dos vasos sanguíneos; portanto, o coágulo sanguíneo torna-se aderente a qualquer abertura vascular e, assim, evita mais perda de sangue. Retração do coágulo e expulsão do soro. Alguns minutos após a formação de um coágulo, ele começa a contrair-se e geralmente expele a maior parte do seu líquido em 20 a 50 minutos. O líquido expelido é chamado de soro, porque todo o seu fibrinogênio e a maioria dos outros fatores de coagulação foram removidos; dessa forma, o soro difere do plasma e não pode coagular, pois não possui esses fatores, ou seja, o soro é o plasma sem o fibrinogênio. As plaquetas são necessárias para que ocorra a retração do coágulo. Portanto, quando isso não acontece, é possível que o número de plaquetas no sangue circulante esteja baixo. Micrografias eletrônicas de plaquetas em coágulos sanguíneos mostram que elas se ligam às fibras de fibrina de tal modo que, na verdade, unem fibras diferentes. Além disso, as plaquetas aprisionadas no coágulo continuam a liberar substâncias pró-coagulantes, sendo uma das mais importantes o fator estabilizador da fibrina, que ocasiona cada vez mais ligações cruzadas entre as fibras de fibrina adjacentes. Além disso, as plaquetas contribuem diretamente para a contração do coágulo, ativando as moléculas de trombostenina, actina e miosina plaquetárias, que são todas proteínas contráteis das plaquetas; elas causam forte contração das espículas plaquetárias aderidas à fibrina. Essa ação também ajuda acomprimir a malha de fibrina em massa menor. A contração é ativada e acelerada pela trombina e por íons cálcio liberados dos estoques de cálcio nas mitocôndrias, no retículo endoplasmático e no complexo de Golgi das plaquetas. À medida que o coágulo se retrai, as bordas do vaso sanguíneo rompido são unidas, contribuindo ainda mais para a hemostasia. FEEDBACKPOSITIVODA FORMAÇÃODOCOÁGULO O coágulo sanguíneo, quando começa a desenvolver-se, normalmente se estende dentro de minutos no sangue circundante – isto é, o coágulo inicia um feedback positivo para promover mais coagulação. Uma das causas mais importantes desse progresso do coágulo é que a ação proteolítica da trombina permite que ela atue sobre muitos dos outros fatores de coagulação sanguínea, além do fibrinogênio. Por exemplo, a trombina tem um efeito proteolítico direto sobre a protrombina, tendendo a convertê-la em ainda mais trombina, e atua sobre alguns dos fatores de coagulação sanguínea responsáveis pela formação do ativador da protrombina. Esses efeitos, discutidos nos parágrafos subsequentes, incluem a aceleração das ações dos fatores VIII, IX, X, XI e XII e a agregação plaquetária. Uma vez que uma quantidade crítica de trombina é formada, um feedback positivo desenvolve-se, causando ainda mais coagulação sanguínea e mais e mais trombina a ser formada; assim, o coágulo sanguíneo continua a crescer até que cesse o extravasamento de sangue. INÍCIO DA COAGULAÇÃO: FORMAÇÃO DO ATIVADOR DA PROTROMBINA Agora que discutimos o processo de coagulação, serão descritos os mecanismos mais complexos que iniciam a coagulação. Eles são acionados da seguinte maneira: (1) traumatismo à parede vascular e aos tecidos adjacentes; (2) traumatismo ao sangue; ou (3) contato do sangue com células endoteliais danificadas ou com o colágeno e outros elementos teciduais fora do vaso sanguíneo. Em cada caso, isso leva à formação do ativador da protrombina, que então causa a conversão da protrombina em trombina e todas as etapas subsequentes da coagulação. Em geral, o ativador da protrombina é considerado como sendo formado de duas maneiras, embora, na realidade, ambas interajam constantemente entre si: (1) pela via extrínseca que começa com o traumatismo da parede vascular e dos tecidos circundantes; e (2) pela via intrínseca que começa no sangue. Tanto na via extrínseca quanto na intrínseca, uma série de diferentes proteínas plasmáticas chamadas fatores de coagulação sanguínea desempenham um papel importante. A maioria dessas proteínas tem formas inativas de enzimas proteolíticas. Quando convertidas em suas formas ativas, suas ações enzimáticas causam as sucessivas reações em cascata do processo de coagulação. A maioria dos fatores de coagulação listados na Tabela 37.1 é designada por algarismos romanos. Para indicar a forma ativada do fator, uma letra minúscula “a” é adicionada após o algarismo romano, como o fator VIIIa para indicar o estado ativado do fator VIII. Via extrínseca da coagulação sanguínea A via extrínseca para iniciar a formação do ativador da protrombina começa com uma parede vascular traumatizada ou tecidos extravasculares traumatizados que entram em contato com o sangue. Essa condição leva às seguintes etapas, conforme mostrado na Figura 37.4 e na Figura 37.5: ½iguk» 37./ Vi» cxtkíкscc» fi»k» iкici»k » co»gul»çmo s»кguíкc». 1. Liberação do fator tecidual. O tecido traumatizado libera um complexo de vários fatores denominado fator tecidual ou tromboplastina tecidual. Esse fator é composto principalmente por fosfolipídios das membranas do tecido mais um complexo lipoproteico que funciona sobretudo como uma enzima proteolítica. 2. Ativação do fator X – papel do fator VII e do fator tecidual. O complexo lipoproteico do fator tecidual ainda se combina com o fator VII da coagulação sanguínea e, na presença de íons cálcio, atua enzimaticamente no fator X para formar o fator X ativado (Xa). 3. Efeito do fator X ativado (Xa) para formar o ativador da protrombina – papel do fator V. O fator X ativado combina-se imediatamente com os fosfolipídios teciduais que fazem parte dos fatores teciduais ou com os fosfolipídios adicionais liberados pelas plaquetas, bem como com o fator V, para formar o complexo denominado ativador da protrombina. Em poucos segundos, na presença de Ca2+, a protrombina é clivada para formar trombina, e o processo de coagulação prossegue conforme já explicado. A princípio, o fator V no complexo ativador da protrombina é inativo, mas, uma vez que a coagulação se inicie e a trombina comece a formar-se, a ação proteolítica da trombina ativa o fator V. Essa ativação então se torna um forte acelerador adicional da ativação da protrombina. Assim, no complexo final do ativador da protrombina, o fator X ativado é a verdadeira protease que causa a clivagem da protrombina para formar a trombina. O fator V ativado acelera muito a atividade dessa protease, e os fosfolipídios plaquetários agem como um veículo que acelera ainda mais o processo. Observe especialmente o efeito de feedback positivo da trombina, agindo por meio do fator V, para acelerar todo o processo uma vez que ele seja iniciado. Via intrínseca da coagulação sanguínea O segundo mecanismo para iniciar a formação do ativador da protrombina e, portanto, iniciar a coagulação começa com o traumatismo ao próprio sangue ou com a exposição do sangue ao colágeno de uma parede de vaso sanguíneo traumatizada. Em seguida, o processo continua por meio da série de reações em cascata mostradas na Figura 37.5. ½iguk» 37.6 Vi» iкtkíкscc» fi»k» iкici»k » co»gul»çmo s»кguíкc». APM: »lto ficso molccul»k. 1. O traumatismo sanguíneo causa (1) ativação do fator XII e (2) liberação de fosfolipídios plaquetários. O traumatismo ao sangue ou a exposição sanguínea ao colágeno da parede vascular altera dois importantes fatores de coagulação no sangue: o fator XII e as plaquetas. O fator XII, quando perturbado, por exemplo, ao entrar em contato com o colágeno ou com uma superfície molhável, como o vidro, assume uma nova configuração molecular que o converte em uma enzima proteolítica chamada fator XII ativado. Simultaneamente, o traumatismo sanguíneo também danifica as plaquetas por causa da aderência ao colágeno ou a uma superfície molhável (ou por danos de outros tipos); isso libera os fosfolipídios plaquetários contendo a lipoproteína chamada fator plaquetário 3, que também desempenha um papel nas reações subsequentes de coagulação. 2. Ativação do fator XI. O fator XII ativado também atua enzimaticamente sobre o fator XI para ativar esse fator, que é a segunda etapa da via intrínseca. Essa reação também requer cininogênio de alto peso molecular e é acelerada pela pré-calicreína. 3. Ativação do fator IX pelo fator XI ativado. O fator XI ativado então age enzimaticamente no fator IX para ativar esse fator também. 4. Ativação do fator X – papel do fator VIII. O fator IX ativado, agindo em conjunto com o fator VIII ativado e com os fosfolipídios plaquetários e com o fator III das plaquetas traumatizadas, ativa o fator X. Naturalmente, quando o fator VIII ou as plaquetas estão em falta, essa etapa é deficiente. O fator VIII é o que está ausente em uma pessoa com hemofilia clássica, sendo, por isso, chamado de fator anti-hemofílico. As plaquetas são o fator de coagulação ausente na doença hemorrágica chamada trombocitopenia. 5. Ação do fator X ativado para formar o ativador da protrombina – papel do fator V. Essa etapa da via intrínseca é igual à última da via extrínseca. Ou seja, o fator X ativado combina-se com o fator V e com os fosfolipídios plaquetários ou teciduais para originar o complexo denominado ativador da protrombina. O ativador da protrombina, por sua vez, inicia a clivagem da protrombina para formar trombina em segundos, colocando em movimento o processo final de coagulação, conforme descrito anteriormente. 6. Papel do cálcio nas vias intrínseca e extrínseca Exceto para as duas primeiras etapas da via intrínseca, os íons cálcio são necessários para o progresso ou a aceleraçãode todas as reações da coagulação sanguínea. Portanto, na ausência de íons cálcio, a coagulação sanguínea não ocorre por qualquer uma das vias. No organismo, a concentração de íons cálcio raramente cai o suficiente para afetar de maneira significativa a cinética da coagulação sanguínea. No entanto, quando o sangue é removido de alguém, ele pode ser impedido de coagular, reduzindo a concentração de íons cálcio para abaixo do nível limiar para a coagulação, por meio da descalcificação, fazendo com que o cálcio iônico reaja com substâncias como o íon citrato ou precipitando o cálcio com substâncias como o íon oxalato. Interação das vias extrínseca e intrínseca | Resumo do processo de coagulação sanguínea Está claro a partir dos esquemas dos sistemas intrínseco e extrínseco que, após o rompimento dos vasos sanguíneos, a coagulação ocorre por ambas as vias simultaneamente. O fator tecidual inicia a via extrínseca, enquanto o contato do fator XII e das plaquetas com o colágeno na parede vascular inicia a via intrínseca. Uma diferença especialmente importante entre as vias extrínseca e intrínseca é que a via extrínseca pode ser explosiva; uma vez iniciada, sua velocidade de conclusão até o coágulo final é limitada apenas pela quantidade de fator tecidual liberado dos tecidos traumatizados e pelas quantidades dos fatores X, VII e V no sangue. Com traumatismos teciduais graves, a coagulação pode ocorrer em apenas 15 segundos. A via intrínseca é muito mais lenta para prosseguir, geralmente levando de 1 a 5 minutos para causar a coagulação. 3. ExPLIcar o PaPeL Da estase e De outros fatores eNVoLVIDos Na atIVação Da cascata De coaGULação. A estase sanguínea desempenha um papel central na ativação da cascata de coagulação, sendo um dos principais fatores da Tríade de Virchow, que predispõe à trombose. Ela é caracterizada pela diminuição ou parada do fluxo sanguíneo, criando um ambiente favorável para a formação de trombos, especialmente em veias profundas. PAPELDAESTASENAATIVAÇÃODACOAGULAÇÃO A estase sanguínea, especialmente em situações de imobilização prolongada (como em pacientes acamados ou após cirurgias), leva à redução do fluxo venoso, particularmente nas pernas. Isso resulta em um acúmulo de sangue nos membros inferiores, contribuindo para a formação de trombos de diversas formas: - Acúmulo de hemácias e plaquetas: Em condições normais, o fluxo sanguíneo "lava" essas células das veias. Entretanto, na estase, o fluxo reduzido permite que as hemácias e plaquetas se acumulem, especialmente nas válvulas venosas, onde ocorre turbilhonamento do sangue. - Alteração do fluxo laminar: A estase altera o fluxo laminar do sangue, criando turbilhonamento local nos seios valvulares, o que favorece a agregação de plaquetas e hemácias. Esse acúmulo local inicia a agregação plaquetária, essencial para o início da coagulação. ATIVAÇÃODACASCATADECOAGULAÇÃO Com a estase, ocorre a ativação da cascata de coagulação, que envolve uma série de reações sequenciais e ativação de enzimas. A estase facilita a formação de um coágulo através de diversos mecanismos: - Exposição ao colágeno subendotelial: Com o turbilhonamento do sangue e a estase, pode ocorrer hipóxia tecidual, levando à lesão endotelial. Isso expõe o colágeno subendotelial, o que ativa a via intrínseca da coagulação, iniciando a ativação das plaquetas. - Ativação de plaquetas: As plaquetas são ativadas e agregadas na presença de estase e lesão endotelial. Esse processo é intensificado pela liberação de ADP e tromboxano A2, que promovem a adesão das plaquetas umas às outras e a formação de um tampão plaquetário. - Formação de fibrina: A estase também facilita a formação de uma rede de fibrina. A trombina, que é ativada tanto na via extrínseca (mais importante in vivo) quanto na intrínseca, converte o fibrinogênio em fibrina, que forma a base estrutural do coágulo, aprisionando células sanguíneas como hemácias e leucócitos. OUTROS FATORES IMPORTANTES Além da estase, a ativação da coagulação envolve outros fatores: - Fator Tissular (via extrínseca): Lesões endoteliais provocadas pela hipóxia ou por traumas levam à liberação de fator tissular (tromboplastina tecidual) pelas células danificadas, que inicia a via extrínseca da coagulação, considerada a via mais relevante in vivo. - Cálcio e vitamina K: São essenciais para a ativação de vários fatores da coagulação. A vitamina K, por exemplo, é necessária para a ativação dos fatores de coagulação dependentes de cálcio. - Trombina: A trombina é o denominador comum da ativação das vias extrínseca e intrínseca. Ela converte o fibrinogênio em fibrina, que se polimeriza para formar o suporte físico do coágulo. CONCLUSÃO A estase, ao reduzir o fluxo sanguíneo, facilita o acúmulo de plaquetas e hemácias e promove a ativação da cascata de coagulação, tanto pela via intrínseca (pela exposição de colágeno subendotelial) quanto pela via extrínseca (pela liberação do fator tecidual). Isso culmina na formação de trombos, com a agregação plaquetária e a produção de fibrina, que aprisiona as células sanguíneas no coágulo. 4. CaracterIzar cLíNIca e fisIoPatoLoGIcaMeNte a TroMBose VeNosa ProfuNDa (TVP), INcLUINDo seus fatores PreDIsPoNeNtes e o PaPeL Dos exaMes LaBoratorIaIs e Dos aLGorItMos que estuDaM o ProBLeMa. CLíniCA - Pode ser assintomática - Edema: sinal mais importante e precoce, geralmente unilateral, de início súbito, com cacifo ou não, dependendo da extensão do trombo, estando presente em 80% dos pacientes - Aumento de temperatura do membro: alteração frequente - Dor: de intensidade variável, leve a intensa, que piora com ortostatismo e deambulação, e melhora com repouso e elevação dos membros inferiores - Empastamento da musculatura da panturrilha (sinal da Bandeira – ausência de movimento da panturrilha; sinal de Homans – dor na perna quando se faz dorsiflexão do pé; e sinal de Olow– dor à palpação da musculatura da panturrilha) - Turgência venosa: veias dilatadas superficiais no tecido subcutâneo, dependendo da topografia da trombose, sendo mais comum em trombose de veias tronculares maiores, denominadas veias sentinelas de Pratt ou sinal de Pratt - Cianose: manifestação pouco frequente - Indicador clínico indireto: tromboembolismo pulmonar. FiSiOPATOLOGiA Desde 1855, o patologista alemão Rudolf Virchow descreveu a necessidade de 3 fatores para o desenvolvimento da trombose. A tríade ficou conhecida em todo mundo com “tríade de Virchow” e inclui lesão endotelial, estase e hipercoagulabilidade. Sabe-se que esses fatores podem exercer diferentes graus de influência na formação do trombo. LESÃODA PAREDEVENOSA Quando existe uma lesão endotelial com exposição do subendotélio, plaquetas e leucócitos acumulam-se neste local havendo também ativação da coagulação. As plaquetas liberam tromboxano A2 e adenosina difosfato (ADP), promovendo agregação de mais plaquetas e formação de fibrina, dando consistência ao trombo. Há liberação local de fator tissular pelo endotélio lesado, acúmulo de leucócitos e micropartículas geradas pelos glóbulos brancos induzidas por p-selectina , ativando fatores VII, IX e X que, na presença dos cofatores VIII e V, formam a trombina. Há ainda ativação do fator XII por contato com o colágeno, gerando mais agregação plaquetária. ESTASE SANGUÍNEA A estase é, dentre os fatores citados por Virchow, o mais importante para o desenvolvimento da TVP. Estão inclusos neste termo os conceitos de diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo e de volume de fluxo. A diminuição da velocidade de fluxo pode dever-se a: - Diminuição do débito cardíaco. - Relaxamento de músculos da panturrilha, perdendo-se a bomba propulsora periférica. - Relaxamento muscular no repouso. - Dilatação passiva das veias, por aumento da quantidade de sangue no seu interior. A diminuição no volume de fluxo depende, basicamente, da queda do débito cardíaco e da circulação arterial. Os mecanismos pelo quais a estase leva a trombose são: - Distúrbio do fluxo laminar, formando redemoinhos em dilatações venosas e seiosvalvulares. - Depósito de hemácias, plaquetas e leucócitos nesses locais. - Aumento na concentração de fatores de coagulação. - Aumento na concentração local de ADP. ƒ Prevenção da chegada local e/ou destruição de fatores antiagregantes e anticoagulantes. - Hipóxia do endotélio. HIPERCOAGULABILIDADE São as chamadas trombofilias que podem ser primárias (de origem genética) ou secundárias (consequência de algum outro estado fisiológico ou patológico). Elas incluem: - Alterações genéticas: - Fator V de Leiden; mutação no gene da protrombina. - Aumento dos fatores de coagulação, com VIII e XI. - Diminuição dos inibidores da coagulação: proteínas C e S e a antitrombina. - Aumento de fatores que promovem a coagulação. - Diminuição de fatores anticoagulantes. - Diminuição da atividade fibrinolítica. FATOReS PReDiSPOnenTeS - Imobilização superior a 3 dias - Gravidez e puerpério - Cirurgia de grande porte nas últimas 4 semanas - Câncer - Viagens com duração superior a 4 horas nas últimas 4 semanas - TVP prévia - AVE - Insuficiência cardíaca - Sepse - Síndrome nefrótica - Retocolite ulcerativa - Trauma - Lesão em medula/SNC - Queimaduras - Fraturas em membros inferiores - LES - SAAF - Síndrome de Behçet - Policitemia vera - Trombocitose - Distúrbios hereditários da coagulação - Deficiência de antitrombina III - Deficiência de proteínas C e S - Mutação do gene da protrombina - Fator V de Leiden - Trombocitopenia induzida por heparina - Desfibrogenemias e distúrbios da ativação do plasminogênio - Uso de drogas intravenosas - Contraceptivos orais combinados - Estrógenos - Tabagismo - Obesidade AVE: »cikcкtc v»scul»k cкccfálico; LES: lúfius ckitcm»toso sistêmico; SAA½: síкkkomc ko »кticokfio »кtifosfolífiikc; SNC: sistcm» кckvoso ccкtk»l; TVP: tkomkosc vcкos» fikofuкk». ExAmeS LAbORATORiAiS O diagnóstico laboratorial da TVP é costumeiramente pobre. Exames inespecíficos, como leucograma, velocidade de hemossedimentação e desidrogenase láctica, podem estar alterados, e também uma série de outras condições. O dímero-D é um produto de degradação da fibrina que está elevado na fase aguda da TVP. Não obstante, outras condições não trombóticas podem determinar elevação dos seus níveis, como idade avançada, câncer, infecção, agressão cirúrgica, processos inflamatórios etc. Portanto, embora seja um método sensível, não pode ser considerado específico para o diagnóstico. Quando o resultado é negativo, é possível excluir o diagnóstico de TEV. Isso é importante em serviços de urgência para estabelecer o diagnóstico diferencial. No ambiente hospitalar, em doente com as condições citadas, a sua aplicação perde muito valor pelo grande número de resultados falso-positivos. Existe uma grande variedade de ensaios para a dosagem do dímero-D. Os ensaios pelo método ELISA e o método enzimático por imunofluorescência podem ser considerados de alta sensibilidade diagnóstica, atingindo a marca de 95%. 5. CaracterIzar, Do PoNto Da fisIoPatoLoGIa e Do DIaGNóstIco DIfereNcIaL, o TroMBoeMBoLIsMo PuLMoNar (TEP). O TEP consiste na obstrução da circulação arterial pulmonar por coágulos sanguíneos oriundos da circulação venosa sistêmica – geralmente do sistema venoso profundo dos membros inferiores – com redução ou cessação do fluxo sanguíneo pulmonar para a área afetada. Mais raramente pode-se originar do átrio direito ou a partir da trombose associada a cateteres venosos centrais. Pode ser agudo, com manifestações clínicas e laboratoriais surgidas imediatamente após a instalação da obstrução vascular, ou crônico, caracterizado pelo surgimento progressivo de dispneia e outras manifestações de hipertensão pulmonar ao longo de meses ou anos. Além de êmbolos sanguíneos outros materiais podem ser embolizados para o pulmão, como gordura, ar, células neoplásicas, líquido amniótico, mercúrio e fragmentos de cateteres. FiSiOPATOLOGiA Para que ocorra TEP, é necessário que haja a formação de um trombo em algum lugar do sistema venoso. Em pacientes com TEP clinicamente sintomático e objetivamente diagnosticado, pode ser encontrada TVP silenciosa em cerca de 70% dos casos, principalmente nas veias profundas dos membros inferiores e da pelve. Para que ocorra a formação do trombo, é necessária a presença de um ou mais componentes da tríade de Virchow, descrita em 1855, e que consiste em estase sanguínea, hipercoagulabilidade e lesão endotelial. Com grande frequência verifica-se a concomitância de mais de um desses elementos. Exemplo do papel da estase sanguínea na gênese da TVP é o que ocorre com indivíduos em longas viagens, permanecendo muitas horas na mesma posição, sentados, em que o efeito da força da gravidade, as angulações dos membros inferiores com a compressão das veias, em decorrência da postura, a ausência de bombeamento sanguíneo ligado à deambulação (que aceleraria o retorno venoso), em vista da imobilidade prolongada, levam ao represamento do sangue nos membros inferiores, predispondo à formação de trombos naquele território e à ocorrência de TVP e TEP (síndrome da classe econômica, na aviação). A tromboembolia pulmonar ocorre em 1 a 2% dos pacientes com mais de 40 anos após cirurgia geral. A incidência é maior na cirurgia ortopédica do quadril ou joelho. A estase venosa decorrente da imobilização talvez seja uma importante causa de trombose venosa associada à cirurgia, mas outros fatores estão envolvidos: aumento da coagulabilidade sanguínea associada à liberação de tromboplastina tecidual e exposição do subendotélio, diminuição pós-operatória da atividade fibrinolítica sanguínea e lesão do vaso, principalmente na cirurgia dos membros inferiores ou da pelve. Os pacientes são estratificados em riscos baixo, moderado e alto para o desenvolvimento de tromboembolismo, de acordo com os critérios apresentados no Quadro 54-1. O estado trombofílico – favorecendo a hipercoagulabilidade e predispondo ao TEP – pode ser hereditário ou adquirido. As principais condições associadas à trombofilia hereditária podem ser classificadas em dois grupos: 1. estados associados à diminuição de inibidores da coagulação, deficiências de proteínas C e S e de antitrombina; 2. situações relacionadas com o aumento dos níveis ou da função de fatores da coagulação, resistência à proteína C-ativada, fator V de Leiden, mutação da sequência reguladora da protrombina, níveis elevados de fatores VIII, IX e X, aumento da lipoproteína A e disfibrinogenemia. Já a trombofilia secundária é decorrente de alterações indiretas no mecanismo hemostático, que favorecem a trombose e são provocadas pela presença de condições adquiridas, como anticoagulante lúpico ou anticorpos antifosfolipídeos, hiper- homocisteinemia, síndromes mieloproliferativas, neoplasias, hemoglobinúria paroxística noturna, gravidez, hipercoagulabilidade iatrogênica (uso de anticoncepcionais orais ou de estrógenos), doença inflamatória intestinal, síndrome nefrótica, entre outras. O trombo, uma vez formado, pode desprender-se da parede venosa, cair na corrente sanguínea e ser carreado em direção ao coração direito. Ao chegar no átrio ou no ventrículo direitos, eles podem embolizar intactos para o pulmão ou fragmentar-se no coração, despejando êmbolos para os pulmões de uma só vez, ou em vários episódios. Ambos os pulmões são afetados em cerca de 2/3 das vezes. Os vasos dos lobos inferiores são acometidos com maior frequência do que os vasos dos lobos superiores. O pulmão direito é afetado com maior frequência do que o esquerdo. As oclusões dos vasos arteriais segmentares ou ramos menores possuem maior tendência a causar infarto pulmonar, observado em 10% dos tromboembolismos – a quase totalidade dos pacientes com necrose do parênquima apresenta insuficiência cardíaca. A intensidade das alterações hemodinâmicas e ventilatórias da embolia pulmonar depende, principalmente, da extensão da obstrução vascular pulmonar e da existência ou não de cardiopatia ou pneumopatia preexistente. Em pacientes sem doença cardiopulmonar prévia, a oclusão de 50% do leito vascular pulmonar está associada a aumento significativoda pressão da artéria pulmonar e do átrio direito. Quando a extensão da obstrução na circulação pulmonar atinge 75%, o ventrículo direito deveria gerar uma pressão sistólica maior que 50 mmHg e uma pressão média da artéria pulmonar maior que 40 mmHg para preservar a perfusão pulmonar. Entretanto, o ventrículo direito dificilmente é capaz de atingir, de forma aguda, tais níveis pressóricos, e insuficiência ventricular direita se instala. Em pacientes com circulação pulmonar previamente danificada, a obstrução de 10 a 15% do leito vascular pode ocasionar grandes elevações das pressões e resistência vascular nos pulmões, com graves repercussões clínicas. Uma pressão média da artéria pulmonar acima de 40 mmHg sugere hipertrofia crônica do ventrículo direito secundária à embolia pulmonar recorrente. Quando isto ocorre, vários eventos hemodinâmicos são desencadeados. Há aumento de pressão diastólica ventricular direita, da pressão atrial direita e da pressão venosa sistêmica. O índice cardíaco cai abaixo de 2,5 L/min/m2 e surgem hipotensão sistêmica e outros sinais clínicos de distúrbio hemodinâmico. O papel da circulação arterial brônquica na fisiopatologia do TEP também está sendo mais extensivamente avaliado. Logo após a oclusão embólica, o fluxo na artéria brônquica aumenta para o parênquima habitualmente perfundido pelas artérias pulmonares obstruídas. Acredita-se que o fluxo colateral, via artérias brônquicas, seja responsável, pelo menos em parte, pela minimização da extensão do infarto pulmonar e das alterações na troca gasosa após um episódio de tromboembolismo maciço. As principais consequências fisiopatológicas do TEP são a hipertensão pulmonar e o cor pulmonale agudo, além das alterações na relação ventilação-perfusão. A elevação na pressão da artéria pulmonar resulta primariamente do bloqueio mecânico do leito vascular pulmonar, havendo certa linearidade entre o grau de obstrução arterial e o aumento na pressão média da artéria pulmonar. Entretanto, a hipóxia e a ação de mediadores, como a serotonina e o tromboxano liberado pelas plaquetas, causam vasoconstrição reflexa das arteríolas pulmonares e agravam o efeito mecânico oclusivo do trombo. Como consequência desses fenômenos, a resistência vascular pulmonar e a pós-carga ventricular direita aumentam e levam à dilatação ventricular direita, à regurgitação tricúspide e, por fim, à insuficiência ventricular direita. O tromboembolismo pulmonar agudo estimula a ventilação. Esta geralmente se faz tanto por aumento do volume-minuto como da frequência respiratória e, de certa forma, compensa o aumento do espaço morto fisiológico produzido pela obstrução do leito vascular pulmonar. Como consequência, a PCO2 arterial mostra-se normal ou até mesmo reduzida, embora a hipercapnia possa ser observada em alguns casos de embolia maciça. A patogenia da hiperventilação não é clara. Pode resultar de uma adaptação à presença de grande aumento da ventilação do espaço morto ou de estímulos neurogênicos oriundos das artérias lesionadas. A hipoxemia, provavelmente, é resultante de muitos processos inter-relacionados. Um dos mecanismos mais importantes parece ser o desvio do fluxo de sangue para áreas não embolizadas, porém acometidas por broncospasmo, atelectasia ou infarto pulmonar. Isto contribui para o aparecimento de alvéolos hipoventilados e hiperperfundidos, que é o substrato anatomopatológico do efeito shunt. Se o débito cardíaco cair como consequência da redução da função ventricular direita e, subsequentemente, da ventricular esquerda, o teor de oxigênio venoso misto também declinará. Dessa forma, não haverá tempo suficiente para que a hemoglobina fique totalmente saturada com oxigênio durante a passagem dos glóbulos vermelhos pelos capilares pulmonares, agravando a hipoxemia. Finalmente, a formação de shunt intracardíaco pelo forame oval patente como resultado de pressões cardíacas direitas aumentadas ocorre em um terço dos pacientes e também pode explicar a hipoxemia desses doentes. Embora a fisiopatologia do tromboembolismo pulmonar ainda não esteja totalmente elucidada, houve um progresso importante no conhecimento da sequência de alterações fisiopatológicas precipitadas pelos êmbolos pulmonares. Este fato, aliado às novas ou aperfeiçoadas modalidades de diagnóstico, aumentou nossa capacidade de diagnosticar o tromboembolismo pulmonar. DiAGnóSTiCO DifeRenCiAL - Pneumonia - Pleurite - Pericardite - Pneumotórax - Síndrome isquêmica aguda do miocárdio - Infarto agudo do miocárdio - Dissecção aórtica aguda. 6. CoMPreeNDer a correLação eNtre a TVP e o TEP, coMo coMPoNeNtes Da SíNDroMe Do TroMBoeMBoLIsMo VeNoso (TEV), INcLUINDo seus fatores causaIs coMUNs, BeM coMo IDeNtIficar seus PrINcIPaIs fatores De rIsco e MeDIDas PreVeNtIVas. O tromboembolismo venoso (TEV) constitui-se fundamentalmente de duas condições inter- relacionadas. A trombose venosa profunda (TVP) é a condição básica, e o tromboembolismo pulmonar (TEP) é a sua complicação. Trombose Venosa Profunda (TVP): Entre todas as doenças vasculares, a trombose venosa profunda (TVP) é uma das mais relevantes, devido ao grande potencial de evoluir complicações graves, como a síndrome pós-trombótica (SPT) e embolia pulmonar (EP), que apresentam altas morbidade e mortalidade. O tromboembolismo venoso é uma das causas de maior morbidade em pacientes submetidos a tratamento cirúrgico. A EP permanece como causa frequente e, muitas vezes, evitável, de mortalidade pós- operatória. O trombo ocasiona interrupção da drenagem sanguínea, por obstrução mecânica, e pode causar danos ao sistema valvular venoso provocando insuficiência do segmento acometido (refluxo), quando recanalizado. Tromboembolismo Pulmonar (TEP): é a oclusão brusca, parcial ou total, de uma artéria pulmonar ou de seus ramos por um coágulo sanguíneo (trombo) que se desprende de uma veia ou do coração. Os trombos originam-se mais frequentemente em veias dos membros inferiores e da pelve, mas podem se formar também nas câmaras cardíacas e, mais raramente, nos membros superiores. É uma complicação frequente em pacientes hospitalizados. TVP FATORESDERISCO - Imobilização superior a 3 dias - Gravidez e puerpério - Cirurgia de grande porte nas últimas 4 semanas - Câncer - Viagens com duração superior a 4 horas nas últimas 4 semanas - TVP prévia - AVE - Insuficiência cardíaca - Sepse - Síndrome nefrótica - Retocolite ulcerativa - Trauma - Lesão em medula/SNC - Queimaduras - Fraturas em membros inferiores - LES - SAAF - Síndrome de Behçet - Policitemia vera - Trombocitose - Distúrbios hereditários da coagulação - Deficiência de antitrombina III - Deficiência de proteínas C e S - Mutação do gene da protrombina - Fator V de Leiden - Trombocitopenia induzida por heparina - Desfibrogenemias e distúrbios da ativação do plasminogênio - Uso de drogas intravenosas - Contraceptivos orais combinados - Estrógenos - Tabagismo - Obesidade AVE: »cikcкtc v»scul»k cкccfálico; LES: lúfius ckitcm»toso sistêmico; SAA½: síкkkomc ko »кticokfio »кtifosfolífiikc; SNC: sistcm» кckvoso ccкtk»l; TVP: tkomkosc vcкos» fikofuкk». PROFILAXIA - Pacientes cirúrgicos O TEV é uma complicação conhecida em pacientes cirúrgicos, principalmente em cirurgias que envolvem abdome, pelve e membros inferiores. Conforme discutido anteriormente, o trauma cirúrgico pode ser responsável por um estado de hipercoagulabilidade, predispondo a formação de trombos, além de grande parte destes pacientes permanecerem em repouso prolongado, aumentando a estase sanguínea. Mecanismos como a deambulação precoce (quando possível) e o uso de meias elásticas, compressão pneumática ou mecanismo que faz a dorsoflexão passiva do tornozelo, aumentam o retorno venoso dos pacientes no pós operatório e reduzem a incidência de TEV. O American College of Chest Physicians (ACCP) apresenta um consenso que classifica os pacientes em patamares de risco, bem como a profilaxia proposta (Tabela 9). Existe hoje uma tendência a individualizar o tratamento profilático de acordo com o paciente e o tipo de cirurgia.Pacientes com câncer podem se beneficiar de profilaxia prolongada com enoxaparina Pacientes clínicos Pacientes clínicos apresentam uma alta incidência de TEV, superando, em alguns estudos, a incidência em pacientes cirúrgicos. Isso torna necessária a avaliação de risco para todos os pacientes clínicos internados, buscando evitar a TVP e a EP. Vários estudos têm sido feitos buscando incidência de TEV e complicações advindas desta patologia nos pacientes clínicos, sendo o primeiro destes o estudo THRIFT (Thromboembolic Risk Factors Consensus Group) que apresenta riscos similares ao dos pacientes cirúrgicos, semelhante aos discutidos neste capítulo (Fatores de risco). Até hoje, não existe um consenso internacionalmente aceito para avaliação de risco em pacientes clínicos. ½IGURA s0 Av»li»çmo k» кcccssik»kc kc fikofil»xi» kc TEV cm fi»cicкtcs clíкicos hosfiit»liz»kos. No Brasil, 12 sociedades médicas desenvolveram a Diretriz brasileira para profilaxia de TEV em pacientes clínicos internados. Foi realizada revisão sistemática sobre os fatores de risco e desenvolvido um fluxograma (Figura 20) com estratificação de risco e a profilaxia a ser realizada. TEP FATORESDERISCO Consideram-se como fatores de risco para tromboembolismo: - Idade acima de 40 anos - Imobilização no leito acima de 5 dias - Paralisia de membros inferiores - Varizes em membros inferiores, obesidade - História prévia de TEP - História de trombofilia, período operatório acima de 30 minutos - Câncer - Uso de anticoncepcionais orais - Transfusão sanguínea - Uso de estimuladores da eritropoiese - Infarto agudo do miocárdio - Insuficiência cardíaca congestiva - Acidente vascular encefálico - Aneurismas de grandes vasos - Infecção (torácica, abdominal, sepse) - Doença inflamatória crônica - Síndrome nefrótica - Trauma (quadril, joelho, fêmur, tíbia) - Gestação, parto ou puerpério PREVENÇÃO Identificar fatores de risco para implementação de medidas profiláticas: - Risco baixo: medidas mecânicas (deambulação precoce, dispositivos de compressão intermitente, meias elásticas) - Risco moderado: medidas mecânicas + HNF 5.000 UI, 12/12 horas, ou HBPM doses baixas (enoxaparina, 0,2 mℓ SC, 1 vez/dia, dalteparina, 2.500 UI SC, 1 vez/dia) - Risco alto: medidas mecânicas + HBPM (enoxaparina, 0,4 mℓ SC, 1 vez/dia, ou dalteparina, 5.000 UI SC, 1 vez/dia) ou HNF em dose ajustada para manter TTPA em 1,5 vez o controle. 7. IDeNtIficar o trataMeNto Do TEP, cItaNDo suas INDIcações e coNtraINDIcações MaIs IMPortaNtes. - Suporte respiratório e hemodinâmico - Paciente com alta probabilidade clínica de embolia pulmonar: iniciar tratamento até resultados dos exames complementares - Pacientes com diagnóstico confirmado de TEP devem ser anticoagulados por, pelo menos, 3 meses e então ser avaliados quanto à necessidade de terapia prolongada. PACIENTES COM ALTO RISCO DEMORTE (INSTABILIDADE HEMODINÂMICA) Deve ser adotada a terapia de reperfusão. Empregar trombolítico sistêmico quando não houver alto risco de sangramento: - rtPA, 100 mg durante 2 horas ou 0,5 mg/kg por 15 minutos - Uroquinase 4.400 UI/kg por 10 minutos, seguida de 4.400 UI/horas durante 12 a 24 horas ou 3 milhões/UI durante 2 horas - Estreptoquinase 25.0000 UI durante 30 minutos, seguida por 100.000 UI/horas durante 12 a 24 horas ou 1,5 milhão UI durante 2 horas. Em situações especiais, como alto risco de sangramento ou falha da trombólise sistêmica, e em locais com acesso à trombólise dirigida por cateter ou à remoção de trombos assistida por cateter, essas técnicas podem ser indicadas. ½iguk» 1/s./ ½luxogk»m» fi»k» »v»li»çmo kc kisco c tk»t»mcкto ko tkomkocmkolismo fiulmoк»k. Durante a infusão de uroquinase e estreptoquinase, a infusão de heparina deve ser suspensa; após o término, manter preferencialmente heparina não fracionada nas primeiras horas, enquanto o risco de sangramento e a necessidade de reversão rápida são maiores. Qu»kko 1/s.s Íкkicc kc gk»vik»kc k» cmkoli» fiulmoк»k simfilific»ko. Qu»kko 1/s.3 Ckitékios kc cxccçmo fi»k» kccismo kc tk»t»mcкto komicili»k (cstuko HESTIA). Qu»kko 1/s.4 Av»liçmo fikogкóstic» ko tkomkocmkolismo fiulmoк»k. PACIENTESCOMRISCOBAIXOOU INTERMEDIÁRIO Novos anticoagulantes são a primeira escolha: - Apixabana 10 mg a cada 12 horas por 7 dias, seguida por 5 mg a cada 12 horas; ou - Dabigatrana 150 mg a cada 12 horas (necessário terapia parenteral com heparina nos primeiros 5 a 10 dias); ou - Edoxabana 50 mg a cada 24 horas (necessária terapia parenteral com heparina nos primeiros 5 a 10 dias); ou - Rivaroxabana 15 mg a cada 12 horas por 21 dias, seguida por 20 mg a cada 24 horas. Nos casos em que esses anticoagulantes não estiverem disponíveis, o tratamento é iniciado com uma das opções de heparina disponíveis ou fondaparinux, seguidos de anticoagulante oral (varfarina) - Heparina de baixo peso molecular (HBPM): - Enoxaparina, 2 mg/kg/dia SC, 12/12 horas (cada 0,2 mℓ = 20 mg); ou - Dalteparina, 200 unidades/kg/dia SC, 12/12 horas (1 amp. = 10 mℓ = 10.000 unidades; ou - Nadroparina, 225 unidades/kg/dia SC, 12/12 horas (cada 0,3 mℓ = 3.075 unidades) - Não há necessidade de monitorar laboratorialmente - Pode ser utilizada com segurança em obesos mórbidos de até 150 kg com dose conforme o peso - Heparina não fracionada (HNF) IV: - Bolus IV, 80 UI/kg ou 5.000 UI - Infusão contínua, 18 UI/kg/hora ou 1.300 UI/hora, ajustado a seguir para manter o TTPA entre 1,5 e 2,5 o controle. Determinar TTPA a cada 5 horas e ajustar a dose conforme necessário até TTPA ideal. A seguir, TTPA diariamente - Preferir esse esquema em casos de TEP maciço com necessidade de trombolítico, em pacientes com insuficiência renal grave (Cl creatinina 100 kg: 10 mg, 24/24 horas - Não há necessidade de monitorar laboratorialmente - É contraindicado se a depuração de creatininaacompanhada de falta de ar. Contudo, ansiedade e inquietação podem ser proeminentes. 8. RecoNhecer o MecaNIsMo De ação Dos aNtIcoaGULaNtes INjetáVeIs e oraIs, a IMPortâNcIa Do seu uso correto e os efeItos aDVersos. Um anticoagulante, para ser ideal, deve impedir a ocorrência de trombose patológica e limitar a lesão por reperfusão. Contudo, ele também deve propiciar uma resposta normal à lesão vascular e limitar o sangramento. Teoricamente, essas ações podem ser exercidas pela preservação da fase de iniciação do mecanismo da coagulação pelo complexo FT-VIIa, com atenuação da fase de propagação da via intrínseca secundária de desenvolvimento do coágulo. Até esse momento, não existe um fármaco desse tipo. Todos os anticoagulantes e fármacos fibrinolíticos apresentam um risco aumentado de sangramento como principal efeito tóxico. INIBIDORES INDIRETOS DA TROMBINA ½IGURA 34-4 Difckcкç»s cкtkc »s hcfi»kiк»s kc k»ixo ficso molccul»k (HBPM) c kc »lto ficso molccul»k (hcfi»kiк» кmo fk»cioк»k» [HN½]). O foкk»fi»kiкux é um ficqucкo fk»gmcкto ficкt»ss»c»kíkico k» hcfi»kiк». A »кtitkomkiк» III »tiv»k» kcgk»k» » tkomkiк», o f»tok X c vákios outkos f»tokcs. A lig»çmo kcsscs fákm»cos m »кtitkomkiк» III fiokc »umcкt»k cm 1.000 vczcs » »çmo c»t»lític» k» »кtitkomkiк» III. A »ssoci»çmo k» »кtitkomkiк» III com » HN½ »umcкt» » kcgk»k»çmo t»кto ko f»tok X» como k» tkomkiк», cкqu»кto » »ssoci»çmo com foкk»fi»kiкux ou HBPM »umcкt» m»is sclctiv»mcкtc » kcgk»k»çmo ko f»tok X». Os inibidores indiretos da trombina são assim denominados por seu efeito antitrombótico, que é exercido por meio de sua interação com uma proteína distinta, a antitrombina. A heparina não fracionada (HNF), também conhecida como heparina de alto peso molecular (HAPM), a heparina de baixo peso molecular (HBPM) e o pentassacarídeo sintético fondaparinux ligam-se à trombina e aumentam a inativação do fator Xa (Figura 34-4). A HNF e, em menor grau, a HBPM também intensificam a inativação da trombina pela antitrombina. HEPARINA Química e mecanismo de ação A heparina é uma mistura heterogênea de mucopolissacarídeos sulfatados. A heparina liga-se às superfícies das células endoteliais, bem como a uma variedade de proteínas plasmáticas, e sua atividade biológica depende de um anticoagulante endógeno: a antitrombina. A antitrombina inibe as proteases dos fatores de coagulação, em particular a trombina (IIa) e os fatores IXa e Xa, formando junto a eles complexos equimolares estáveis. Na ausência de heparina, essas reações são lentas, enquanto na sua presença, são aceleradas em até 1.000 vezes. Apenas cerca de ⅓ das moléculas nos preparados comerciais de heparina apresenta efeito acelerador, visto que o restante carece da sequência singular de pentassacarídeo necessária à ligação de alta afinidade à trombina. As moléculas ativas de heparina ligam-se com firmeza à antitrombina e produzem uma alteração na conformação desse inibidor. Essa alteração na conformação da antitrombina expõe o sítio ativo a uma interação mais rápida com as proteases (os fatores de coagulação ativados). A heparina funciona como cofator para a reação antitrombina protease, sem ser consumida. Uma vez formado o processo antitrombina antiprotease, a heparina é liberada intacta para ligar-se novamente a outra molécula de antitrombina. A região de ligação à antitrombina da HNF comercial consiste em unidades repetidas de dissacarídeos sulfatados compostos por ácido D-glucosamina-L-idurônico e ácido D-glucosamina-D- glucurônico. As frações de HAPM com alta afinidade pela antitrombina inibem acentuadamente a coagulação sanguínea por meio da inibição de todos os três fatores, particularmente a trombina e o fator Xa. A HNF apresenta um peso molecular na faixa de 5.000 a 30.000 Da. Por outro lado, as frações de heparina de cadeias mais curtas e baixo peso molecular (HBPM) inibem o fator X ativado, porém exercem menos efeitos sobre a trombina do que a espécie de HAPM. Entretanto, vários estudos demonstraram que as HBPMs, como a enoxaparina, a dalteparina e a tinzaparina (não disponível no Brasil), são efetivas em diversas condições tromboembólicas. Com efeito, as HBPMs – em comparação com a HNF – apresentam eficácia igual, maior biodisponibilidade a partir do local de injeção subcutânea e necessidade de administração menos frequente (sendo suficiente a sua administração 1 ou 2 vezes ao dia). A heparina USP[NT] está de acordo com o sistema internacional de unidades (SI) da Organização Mundial da Saúde (OMS). A enoxaparina é obtida das mesmas fontes da HNF regular, porém as doses são expressas em miligramas. O fondaparinux também é expresso em miligramas. A dalteparina, a tinzaparina (não disponível no Brasil) e o danaparoide (não disponível no Brasil) (um heparanoide HBPM contendo sulfato de heparana, sulfato de dermatana e sulfato de condroitina) são expressos em unidades de antifator Xa. Farmacologia clínica A heparina é indicada para prevenção e tratamento de doença tromboembólica venosa, trombose arterial e prevenção de trombose em cirurgia arterial ou cardíaca. A heparina pode ser administrada por via parenteral (intravenosa ou subcutânea, mas não por injeção intramuscular). O fármaco se liga extensivamente às proteínas plasmáticas. A eliminação da heparina é complexa, com a fase de saturação das proteínas seguida de eliminação dose-dependente com meia-vida de 30 minutos a 2 horas. Monitoração do efeito da heparina É necessário proceder a uma monitoração rigorosa do tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) nos pacientes em uso de HNF. As concentrações de HNF também podem ser determinadas por titulação da protamina (concentrações terapêuticas de 0,2-0,4 unidade/mL) ou unidades anti- Xa (concentrações terapêuticas de 0,3-0,7 unidade/mL). A dosagem das HBPMs em uma base ponderal resulta em farmacocinética e concentrações plasmáticas previsíveis em pacientes com função renal normal. Por conseguinte, as concentrações de HBPM geralmente não são determinadas, exceto nos casos de insuficiência renal, obesidade e gravidez. As concentrações de HBPM podem ser determinadas em unidades anti-Xa. No que concerne à enoxaparina, as concentrações máximas terapêuticas devem ser de 0,5 a 1 unidade/mL para uma posologia 2 vezes ao dia, determinadas dentro de 4 horas após a sua administração, e de cerca de 1,5 unidade/mL para uma dose única ao dia. Reações adversas A. Sangramento e outros efeitos A principal reação adversa da heparina é o sangramento. Esse risco pode ser diminuído com seleção criteriosa dos pacientes, controle cuidadoso das doses e monitoração rigorosa. As mulheres idosas e os pacientes com insuficiência renal são mais propensos a hemorragia. A heparina é de origem animal e, portanto, deve ser usada com cautela em pacientes com alergia. Foi relatado aumento na queda dos cabelos, bem como ocorrência de alopecia reversível. A heparinoterapia em longo prazo está associada ao desenvolvimento de osteoporose e fraturas espontâneas. A heparina acelera a depuração da lipemia pós-prandial ao induzir a liberação de lipoproteína lipase dos tecidos, estando o seu uso em longo prazo associado a uma deficiência de mineralocorticoides. B. Trombocitopenia induzida por heparina A trombocitopenia induzida por heparina (TIH) é um estado hipercoagulável sistêmico, que ocorre em 1-4% dos indivíduos tratados com HNF. Os pacientes cirúrgicos são os que correm maior risco. A incidência relatada de TIH é mais baixa na população pediátrica que não se encontra em cuidados críticos e é relativamente rara em mulheres grávidas. O risco de TIH pode ser maior em indivíduos tratados por HNF de origem bovina, em comparação com a heparina suína, sendo mais baixo naqueles tratados exclusivamente com HBPM. A morbidade e a mortalidade na TIH estão relacionadas com eventos trombóticos. Com mais frequência, ocorre trombose venosa, porém a oclusão das artérias periféricas ou centrais não é rara. Na presença de cateter de demora, o risco de trombose aumenta no membro. Foi descrita a ocorrência de necrose cutânea, sobretudo