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Estudo dos Gases O estudo dos gases compreende a análise da matéria quando se apresenta no estado gasoso, sendo este o seu estado termodinâmico mais simples. Um gás é composto por átomos e moléculas e nesse estado físico, um sistema apresenta pouca interação entre suas partículas. Devemos notar que um gás é diferente do vapor. Normalmente consideramos um gás quando a substância se encontra no estado gasoso em temperatura e pressão ambiente. Já as substâncias que se apresentam no estado sólido ou líquido em condições ambientes, quando estão no estado gasoso são chamadas de vapor. Variáveis de estado Podemos caracterizar um estado de equilíbrio termodinâmico de um gás através das variáveis de estado: pressão, volume e temperatura. Quando conhecemos o valor de duas das variáveis de estado podemos encontrar o valor da terceira, pois elas estão inter-relacionadas. Volume Como existe uma grande distância entre os átomos e moléculas que compõem um gás, a força de interação entre suas partículas é muito fraca. Por isso, os gases não possuem forma definida e ocupam todo o espaço onde estão contidos. Além disso, podem ser comprimidos. Pressão As partículas que compõem um gás exercem força sobre as paredes de um recipiente. A medida dessa força por unidade de área representa a pressão do gás. A pressão de um gás está relacionada com o valor médio da velocidade das moléculas que o compõem. Desta forma, temos uma ligação entre uma grandeza macroscópica (pressão) com uma microscópica (velocidade das partículas). Temperatura A temperatura de um gás representa a medida do grau de agitação das moléculas. Desta forma, a energia cinética média de translação das moléculas de um gás é calculada através da medida da sua temperatura. Utilizamos a escala absoluta para indicar o valor da temperatura de um gás, ou seja, a temperatura é expressa na escala Kelvin. Gás Ideal Sob determinadas condições, a equação de estado de um gás pode ser bastante simples. Um gás que apresenta essas condições é chamado de gás ideal ou gás perfeito. As condições necessárias para que um gás seja considerado perfeito são: • Ser constituído por um número muito grande de partículas em movimento desordenado; • O volume de cada molécula ser desprezível em relação ao volume do recipiente; • As colisões são elásticas de curtíssima duração; • As forças entre as moléculas são desprezíveis, exceto durante as colisões. Na verdade, o gás perfeito é uma idealização do gás real, entretanto, na prática podemos muitas vezes utilizar essa aproximação. Quanto mais a temperatura de um gás se distanciar do seu ponto de liquefação e a sua pressão for reduzida, mais próximo estará de um gás ideal. Equação geral dos gases ideais A lei dos gases ideais ou equação de Clapeyron descreve o comportamento de um gás perfeito em termos de parâmetros físicos e nos permite avaliar o estado macroscópio do gás. Ela é expressa como: P.V = n.R.T Sendo, P: pressão do gás (N/m2) V: volume (m3) n: número de moles (mol) R: constante universal dos gases (J/K.mol) T: temperatura (K) Constante universal dos gases Se considerarmos 1 mol de um determinado gás, a constante R pode ser encontrada pelo produto da pressão com o volume dividido pela temperatura absoluta. De acordo com a Lei de Avogadro, em condições normais de temperatura e pressão (temperatura é igual a 273,15 K e pressão de 1 atm) 1 mol de um gás ocupa um volume igual a 22,415 litros. Assim, temos: Fazendo as devidas transformações, podemos ainda expressar a constante dos gases como sendo igual a: R = 8,314 J/K.mol ou 1,986 cal/k.mol https://www.todamateria.com.br/lei-dos-gases/ https://www.todamateria.com.br/lei-de-avogadro/ Exercícios Resolvidos 1) UERJ – 2016 Para descrever o comportamento dos gases ideais em função do volume V, da pressão P e da temperatura T, podem ser utilizadas as seguintes equações: De acordo com essas equações, a razão é aproximadamente igual a: Isolando o valor de R na primeira equação e o valor de k na segunda equação, podemos determinar a razão R/k: Considerando que o número de moléculas é igual ao produto do número de mol pela constante de Avogadro (6. 1023), temos: N = n . 6.1023 Substituindo na expressão anterior, encontramos: Alternativa: d) 6.1023 2) UFPR – 2014 A equação geral dos gases ideais é uma equação de estado que correlaciona pressão, temperatura, volume e quantidade de matéria, sendo uma boa aproximação ao comportamento da maioria dos gases. Os exemplos descritos a seguir correspondem às observações realizadas para uma quantidade fixa de matéria de gás e variação de dois parâmetros. Numere as representações gráficas relacionando-as com as seguintes descrições. 1. Ao encher um balão com gás hélio ou oxigênio, o balão apresentará a mesma dimensão. 2. Ao encher um pneu de bicicleta, é necessária uma pressão maior que a utilizada em pneu de carro. 3. O cozimento de alimentos é mais rápido em maiores pressões. 4. Uma bola de basquete cheia no verão provavelmente terá aparência de mais vazia no inverno, mesmo que não tenha vazado ar. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta na numeração das representações gráficas. a) 1 – 3 – 4 – 2. b) 2 – 3 – 4 – 1. c) 4 – 2 – 1 – 3. d) 4 – 3 – 1 – 2. e) 2 – 4 – 3 – 1. O primeiro diagrama está relacionado com a afirmação 2, pois para encher o pneu da bicicleta, que tem um menor volume que o pneu de um carro, iremos precisar de uma maior pressão. O segundo diagrama representa a relação entre a temperatura e a pressão e indica que quanto maior a pressão, maior será a temperatura. Desta forma, este gráfico está relacionado com a afirmação 3. A relação entre o volume e a temperatura do terceiro diagrama relaciona-se com a afirmação 4, pois no inverno a temperatura é menor e o volume também é menor. Por fim, o último gráfico está relacionado com a primeira afirmação, pois para um determinado volume teremos a mesma quantidade de mol, não dependendo do tipo de gás (hélio ou oxigênio). Alternativa: b) 2 - 3 - 4 – 1 Forças intermoleculares Forças intermoleculares são as forças exercidas para manter unidas duas ou mais moléculas. Elas correspondem a ligações químicas que têm a função de unir ou repelir as moléculas de um composto. As forças intermoleculares provocam estados físicos diferentes nos compostos químicos. Essa interação pode ser mais ou menos forte, conforme a polaridade das moléculas. Classificação As forças intermoleculares são classificadas em três tipos que variam conforme a intensidade: • Ligação de Hidrogênio: Ligação de forte intensidade. • Dipolo Permanente ou dipolo-dipolo: Ligação de média intensidade. • Dipolo Induzido ou Forças de London: Ligação de fraca intensidade. O conjunto das forças intermoleculares também pode ser chamado de Forças de Van der Waals. Ligação de Hidrogênio A ligação ou ponte de hidrogênio ocorre em moléculas polares que têm o hidrogênio unido à elementos eletronegativos e com volume atômico baixo, como o oxigênio (O), flúor (F) e nitrogênio (N). É a força intermolecular mais forte, pois existe uma grande diferença de eletronegatividade entre os elementos. Um exemplo de ligação de hidrogênio ocorre na molécula de água (H2O) nos estados sólido e líquido. Ligação de hidrogênio das moléculas de água (H2O) Na água líquida essa interação ocorre de forma desordenada, enquanto que no gelo as moléculas dispõem-se tridimensionalmente em uma estrutura cristalina organizada. Dipolo-dipolo O dipolo-dipolo ocorre entre as moléculas dos compostos polares e é considerada uma interação de força intermediária. Os elétrons estão distribuídos de forma assimétrica e assim o elemento mais eletronegativo atrai os elétrons para si. Nas ligações dipolo-dipolo, as moléculas polares interagem de maneira que os polos opostos sejam preservados. Interação dipolo-dipolonas moléculas de ácido clorídrico (HCl) Com o exemplo acima, podemos perceber que a interação dipolo-dipolo ocorre devido à atração entre os polos de carga oposta. O polo negativo (cloro) atrai o polo positivo (hidrogênio) da molécula vizinha. Dipolo induzido O dipolo induzido é constituído pela atração não gravitacional que ocorre em todas as moléculas e é o único tipo de atração entre moléculas apolares. Os elétrons estão distribuídos de forma uniforme e não há formação de dipolo elétrico. Porém, quando as moléculas apolares se aproximam induzem a formação de dipolos temporários. Dipolo induzido na molécula de cloro (Cl2) Nos estados físicos sólido e líquido, as moléculas estão tão próximas que forma-se uma deformação instantânea das nuvens eletrônicas e originam-se polos positivo e negativo. Forças intermoleculares x Forças intramoleculares É importante saber que as forças intermoleculares são um tipo de ligações químicas. As demais são as "forças intramoleculares". Assim, as forças intermoleculares são exercidas entre as moléculas e as intramoleculares no interior das moléculas. As forças intramoleculares são: Iônica A ligação iônica é considerada uma ligação química forte. Ela é produzida pela atração eletrostática entre íons de cargas diferentes (+ e -). Ligação iônica no cloreto de sódio (NaCl) Consiste na relação estabelecida entre metal e não-metal por meio da transferência de elétrons. Covalente As forças que produzem a ligação covalente resultam na partilha de pares de elétrons entre dois átomos de não-metais. Ligação covalente na molécula de cloro (Cl2) A maior parte dos compostos covalentes tem pontos de ebulição e fusão baixos, são pouco solúveis em água e dissolvem-se com facilidade em solventes apolares. Metálica A ligação metálica resulta das forças exercidas no interior das moléculas de substâncias metálicas. Ligação metálica entre átomos de metais Os metais têm poucos elétrons de valência, sendo bons condutores de eletricidade, calor e refletem a radiação. Exercícios com gabarito comentado 1. (UFPE-Adaptado) Interações intermoleculares são propriedades de diversas moléculas, muitas delas vitais para os seres vivos, tais como as moléculas de água e de proteínas. Sobre esse assunto, julgue os itens a seguir: a) O álcool etílico (etanol) apresenta interações do tipo ligações de hidrogênio. b) A molécula de água apresenta interações do tipo ligações de hidrogênio. c) A molécula de água apresenta interações do tipo dipolo-dipolo. d) A molécula de dióxido de carbono apresenta interações do tipo dipolo induzido. a) CORRETA. A presença da hidroxila (OH) no etanol (CH3CH2OH) faz com que as moléculas tenham interações do tipo ligações de hidrogênio. b) CORRETA. Na molécula de água o hidrogênio está ligado ao oxigênio, elemento muito mais eletronegativo que ele. Consequentemente, formam-se ligações de hidrogênio devido aos dipolos da molécula. c) CORRETA. As interações do tipo dipolo-dipolo ocorrem em moléculas compostas por elementos químicos com diferentes eletronegatividades. Um caso extremo da ligação dipolo- dipolo é a ligação de hidrogênio que ocorre na água. A água tem os átomos de hidrogênio ligados ao oxigênio, elemento muito eletronegativo e pequeno, que assim como flúor e nitrogênio, fazem com que esse tipo de interação muito mais intensa se forme. d) CORRETA. O dióxido de carbono (CO2) é uma molécula apolar e o único tipo de interação possível é do tipo dipolo induzido. 2. (PUC-RS-Adaptado) Para responder à questão, numere a Coluna B, que contém algumas fórmulas de substâncias, de acordo com a Coluna A, na qual estão relacionados tipos de atrações intermoleculares. Coluna A Coluna B 1. ligações de hidrogênio HF Cl2 CO2 2. dipolo induzido-dipolo induzido NH3 HCl SO2 3. dipolo-dipolo BF3 CCl4 1. Ligação de hidrogênio: ocorre em moléculas cujo hidrogênio está ligado aos elementos flúor (F), oxigênio (O) e nitrogênio (N). Substâncias: HF e NH3. 2. dipolo induzido-dipolo induzido: ocorre entre moléculas apolares. Substâncias: Cl2, CO2, BF3 e CCl4. 3. dipolo-dipolo: ocorre em moléculas polares. Substâncias: HCl e SO2. 3. (Unicamp) Considere os processos I e II representados pelas equações: Indique quais ligações são rompidas em cada um desses processos. I: são rompidas as ligações de hidrogênio (interação intermolecular) entre as moléculas de água, fazendo com que elas se dispersem no estado gasoso. II. são rompidas as ligações covalentes (interação intramolecular), ocorrendo a "quebra" da molécula e liberação dos átomos que a compõe (hidrogênio e oxigênio). Sólidos A natureza dos sólidos (metálicos, iônicos ou moleculares) define suas características físico- químicas. Um sólido cristalino é aquele em que os átomos, íons ou moléculas se encontram em um arranjo ordenado, já um sólido amorfo, é aquele que não apresenta nenhum tipo de organização periódica ou regular dos constituintes do sólido. As faces de um sólido cristalino são comumente planas, com ângulos bem definidos entre si. Já um sólido amorfo só apresenta uma face definida se for moldado ou cortado. Um mesmo composto pode ser encontrado como um cristal ou um sólido amorfo, dependendo do processo de obtenção, sendo estas formas conhecidas como alotrópicas. Um exemplo disso é o óxido de silício () que pode ser encontrado como o cristal quartzo ou na forma amorfa como no vidro. Os sólidos cristalinos são classificados de acordo com o tipo de ligação que mantém a conectividade dos seus constituintes: moleculares, reticulares, metálicos ou iônicos. 1) Sólidos moleculares: moléculas covalentes que se mantêm próximas devido às interações intermoleculares. Suas características dependerão destas interações. Como elas apresentam baixa grandeza de força, sólidos moleculares apresentam pontos de fusão baixos. Para a água, a , o sólido apresenta ligações de hidrogênio, mesmo tipo de interação da sacarose. Como estas interações são fortes, as moléculas são bastante duras. Você deve notar que, apesar de apresentarem o mesmo tipo de interação intermolecular, os compostos apresentam pontos de fusão bem diferentes, sendo que a glicose se decompõe antes de fundir, a uma temperatura de . Estes sólidos podem ser cristalinos ou amorfos, e a graxa de silicone é um exemplo de sólido amorfo. Comumente, os sólidos moleculares são mais densos que os líquidos, sendo a água uma exceção, devido à formação mais rígida de ligações de hidrogênio, conforme apresentado na Figura 3.9. Figura 3.9 Água líquida e água sólida. Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/03/Liquid-water-and-ice.png. Acesso em: 28 fev. 2024. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/03/Liquid-water-and-ice.png 2) Sólidos reticulares: os átomos em sólidos reticulares são ligados a seus vizinhos por ligações covalentes fortes, formando uma rede que se estende ao longo do sólido e, por isso, são duros e rígidos, com elevados pontos de fusão e insolubilidade em água. Assim como o óxido de silício, o carbono também apresenta duas formas alótropas, ou seja, são o mesmo elemento que difere na maneira como os átomos se conectam. No diamante, os átomos de carbono se ligam a outros quatro átomos de carbono, enquanto na grafita, o átomo de carbono se liga a outros três átomos, em moléculas planas, conforme apresentado na Figura 3.10. Figura 3.10 Carbono diamante (A) e grafita (B). Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d9/Diamond_and_graphite2.jpg. Acesso em: 28 fev. 2024. Siga em Frente... 3) Sólidos metálicos: átomos de elementos metálicos mantêm seus cátions unidos por um mar de elétrons. Sódio metálico são cátions em um mar de elétrons, caracterizando a ligação metálica. Metais são maleáveis, dúcteis, lustrosos, bons condutores térmicos e elétricos. Grande parte destascaracterísticas pode ser explicada pela maneira como os cátions se organizam. Eles adotam uma estrutura de empacotamento compacta, ocorrendo o empilhamento de cátions, deixando sempre o menor espaço vazio entre estes. A menor unidade de repetição em um sólido cristalino é chamada de cela unitária (ou célula unitária). Ela se repete ao longo do sólido metálico cristalino, sendo que o formato da célula unitária depende da relação entre os ângulos (, e ) e as arestas (, e ). A relação entre ângulos e arestas leva a 14 padrões básicos, denominados retículos de Bravais, apresentados na Figura 3.11. Quando os átomos ocupam as posições dos vértices, dizemos que o arranjo é uma cela simples ou primitiva (). Quando existe um átomo no centro da cela unitária, o arranjo é chamado de cela corpo centrado (), quando eles estão nos vértices e em cada face, é chamado de cela face centrado (), temos, ainda, uma situação em que os átomos estão em duas faces opostas. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d9/Diamond_and_graphite2.jpg Figura 3.11 Retículos de Bravais. Fonte: DREKENER, R. L. Química Geral. Londrina: Editora e Distribuidora S.A., 2017. A Figura 3.12 mostra uma célula unitária cúbica, em que . Nela você pode evidenciar a divisão entre as faces, arestas e vértices entre os cubos. Para celas cúbicas, as abreviações são (cúbica simples), (cúbica de corpo centrado) e (cúbica de face centrada). Figura 3.12 Cela unitária cúbica simpes (cs), cúbica de corpo centrado (ccc) e agrupamento de celas unitárias. Fonte: DREKENER, R. L. Química Geral. Londrina: Editora e Distribuidora S.A., 2017. Esta análise permite identificar a quantidade de átomos em uma cela. Os átomos que estão no vértice são divididos entre oito celas, portanto, temos de átomo para cada vértice. Em uma cela cúbica simples ( de átomo por vértice, sendo oito vértices, no total teremos um átomo por cela. Os átomos que estão no centro em uma cela cúbica de corpo centrado () contam inteiramente para uma cela, somando aos átomo dos vértices, uma cela cúbica de corpo centrado tem dois átomos por cela. Já os átomos que estão em uma face são divididos entre duas celas, portanto, soma- se de átomos para cada cela. Com isso, numa cela cúbica de face centrada (), temos os átomos dos vértices e átomo multiplicado por seis faces do cubo, resultando em um átomo dos vértices e três átomos das faces, totalizando quatro átomos. Para uma cela com átomos centrados em duas faces você conta um átomo dos vértices e duas faces com átomo cada face, tendo mais um átomo, somando dois átomos no total. A massa total de uma cela será o número de átomos que a compõe, multiplicando a massa molar do elemento. O empacotamento adotado pelos átomos garante que estes se organizem utilizando o menor espaço possível, entretanto, existem alguns espaços vazios, os buracos. É possível calcular a fração do espaço ocupado pelos átomos, chamado de fator de empacotamento atômico, na cela cúbica através do volume do cubo e do volume dos átomos. 4) Sólidos iônicos: compostos iônicos são constituídos por íons, conectados por interações eletrostáticas. Os sólidos iônicos são duros, quebradiços, com elevados pontos de fusão e, quando solúveis em água, são bons condutores elétricos. Assim como nos sólidos metálicos, os sólidos iônicos se organizam em retículos cristalinos, sendo a cela unitária a menor unidade organizacional repetida no sólido. A diferença entre os compostos iônicos e metálicos é que nos compostos iônicos dois átomos de tamanhos diferentes se organizam na cela. O empacotamento do NaCl é chamado de sal-gema, e se assemelha a um arranjo cúbico de corpo centrado, porém expandido, evitando que íons de mesma carga se repilam. Já o cloreto de césio se compacta como uma cela cúbica de corpo centrado. Nos dois casos, a proporção entre os íons é 1:1, lembre-se de que os átomos do vértice são divididos entre oito celas, enquanto os das faces são divididos entre duas. Os dois arranjos estão descritos na Figura 3.13. Figura 3.13 Arranjo sal- gema do NaCl e cúbico de corpo centrado do CsCl. Fonte: DREKENER, R. L. Química Geral. Londrina: Editora e Distribuidora S.A., 2017. O número de coordenação para os compostos iônicos é calculado pela proporção de íons de sinal oposto que estão circulando um determinado íon. Para o sal-gema, o número de coordenação dos cátions é idêntico ao dos ânions, ou seja, seis, sendo descrito como tendo coordenação-(), em que o primeiro número corresponde à coordenação do cátion e o segundo à coordenação do ânion. Esta mesma estrutura você irá observar no , , e . Para o cloreto de césio, o número de coordenação é (). Para você determinar qual é o arranjo de cada composto iônico você deve calcular a razão radial (): íí Quandoa estrutura provável é de sal-gema. Para um número maior de ânions se ajusta na volta do cátion, como o cloreto de césio que adota um arranjo cúbico de corpo centrado expandido. Para temos cátions muito menores que ânions, sendo um exemplo deste caso uma estrutura blenda de zinco (ou esfarelita), encontrada pela primeira vez para o , apresentando coordenação- (). Você deve ficar atento que embora seja um ótimo indicativo, existem muitas exceções. A transformação do estado sólido para o estado líquido é denominada de fusão. Energia deve ser fornecida ao sistema para que as moléculas aumentem sua energia cinética e passem a líquidos, em que esta energia é absorvida como energia térmica na fusão e sua variação é a entalpia de fusão (ã). O processo inverso à fusão é a cristalização e sua energia corresponde a ã, ou seja, a energia é liberada no processo. O ponto de fusão corresponde à temperatura em que ocorre a passagem de um sólido para um líquido. Baixos pontos de fusão correspondem a entalpias de fusão menores, assim como pontos de fusão elevados indicam entalpias de fusão elevadas. O ponto de fusão de uma substância fornece diversas informações sobre ela. Sólidos cristalinos puros apresentam ponto de fusão bem definidos, sendo usualmente utilizado como dado de caracterização de um composto. Já sólidos amorfos fundem ao longo de uma faixa de temperatura, como é o caso do vidro. Lembre-se de que sólidos amorfos não apresentam organização molecular repetida. Além de dados sobre a pureza, como no ponto de ebulição, a temperatura em que uma amostra funde revela dados sobre as forças intermoleculares. Compostos que se mantêm unidos por interações fortes, como os sólidos iônicos, apresentam pontos de fusão maiores que compostos moleculares (interações eletrostáticas são mais fortes que as forças de Van der Waals ou ligações de hidrogênio). À medida que ocorre o aumento da massa molecular em uma série de compostos, o ponto de fusão também aumenta, devido as forças de London serem mais fortes em moléculas maiores. Em sólidos iônicos, quanto menor o tamanho do íon ou maior sua carga, maior será a interação eletrostática, portanto, maior o ponto de fusão. Isso pode ser observado na série de sais (), (), () e (). Para os sólidos metálicos, alguns como o mercúrio (), são líquidos a temperatura ambiente, já outros como o tungstênio () são sólidos a temperaturas bem elevadas. Estas características definem muito suas aplicações. Alguns compostos podem passar diretamente da fase sólida para a fase gasosa em um processo conhecido como sublimação, esta energia deve ser fornecida para o sistema (çã). As condições de temperatura e pressão definem se um composto será sólido, líquido ou gasoso, e em algumas condições, mais de um estado pode coexistir. Podemos representar todas estas informações em um único gráfico chamado de diagrama de fases. A partir de um diagrama de fases você consegue obter informações sobre qual será o estado da matéria em diferentes temperaturas e pressões. Para a água, o diagrama de fases está descrito na Figura 3.14. As curvas , e demarcam o equilíbrio entre as fases. Note que a inclinação da retaé negativa e isso pode ser explicado pelo fato de o gelo apresentar maior volume que a água. A pressões maiores, a água apresenta uma maior tendência a ser líquida, pois ocupa menos volume que sólida, logo, precisamos de uma temperatura ligeiramente maior para realizar a fusão. Note que em combinações de pressão e temperatura que fiquem entre as linhas e , você terá água líquida (por exemplo pressão ambiente de e temperatura de ). Seguindo esta análise, o ponto a determina uma condição em que a água está na forma sólida. Ao aumentarmos a temperatura, mantendo a pressão constante, chegaremos até o ponto , em que há equilíbrio entre as fases sólida e líquida, seguindo o aumento da temperatura, chegamos a uma condição em que a água como um líquido até o ponto , no qual ocorre a passagem para a fase gasosa e, a partir deste ponto, em qualquer temperatura a água será um gás. Figura 3.14 Diagrama de fases da água. Fonte: DREKENER, R. L. Química Geral. Londrina: Editora e Distribuidora S.A., 2017. Neste diagrama, cabe ressaltar ainda que o ponto de fusão e ebulição normais (pressão ao nível do mar) são as temperaturas em que a água muda de fase (fusão e evaporação, respectivamente). O ponto triplo é aquele em que as três fases estão em equilíbrio e ponto crítico define que a partir dali, não há mais separação entre as fases líquida e vapor. Propriedades Coligativas As propriedades coligativas envolvem os estudos sobre as propriedades físicas das soluções, mais precisamente de um solvente em presença de um soluto. Ainda que não seja de nosso conhecimento, as propriedades coligativas são muito utilizadas em processos industriais e mesmo em diversas situações cotidianas. Relacionados a essas propriedades estão as constantes físicas, por exemplo, a temperatura de ebulição ou de fusão de determinadas substâncias. Como exemplo, podemos citar o processo da indústria do automóvel, como a adição de aditivos nos radiadores dos carros. Isso explica porque em locais mais gélidos, a água presente no radiador não congela. Processos realizados com alimentos, como o salgamento de carnes ou mesmo os alimentos saturados em açúcar, evitam a deterioração e proliferação de organismos. Além disso, a dessalinização da água (retirada de sal) bem como o espalhamento de sal na neve em locais onde o inverno é muito rigoroso, corroboram a importância do conhecimento dos efeitos coligativos nas soluções. Solvente e Soluto Antes de mais nada, devemos nos atentar aos conceitos de solvente e soluto, ambos componentes de uma solução: • Solvente: substância que dissolve. • Soluto: substância dissolvida. https://www.todamateria.com.br/soluto-e-solvente/ Como exemplo, podemos pensar numa solução de água com sal, onde a água representa o solvente e o sal, o soluto. Efeitos Coligativos: Tipos de Propriedades Coligativas Os efeitos coligativos estão associados aos fenômenos que ocorrem com os solutos e solventes de uma solução, sendo classificados em: Efeito Tonométrico A tonoscopia, também chamada de tonometria, é um fenômeno que se observa quando ocorre a diminuição da pressão máxima de vapor de um líquido (solvente). Gráfico do Efeito Tonométrico Isso ocorre por meio da dissolução de um soluto não-volátil. Sendo assim, o soluto diminui a capacidade de evaporação do solvente. Esse tipo de efeito coligativo pode ser calculado pela seguinte expressão: Δp = p0 – p Onde, Δp: abaixamento absoluto da pressão máxima de vapor a solução p0: pressão máxima de vapor do líquido puro, à temperatura t p: pressão máxima de vapor da solução, à temperatura t Efeito Ebuliométrico A ebulioscopia, também chamada de ebuliometria, é um fenômeno que contribui para o aumento da variação de temperatura de um líquido durante o processo de ebulição. Gráfico do Efeito Ebuliométrico Isso ocorre por meio da dissolução de um soluto não-volátil, por exemplo, quando acrescentamos açúcar na água que está prestes a entrar em ebulição, a temperatura de ebulição do líquido aumenta. O chamado efeito ebuliométrico (ou ebulioscópico) é calculado pela seguinte expressão: Δte = te – t0 Onde, Δte: elevação da temperatura de ebulição da solução te: temperatura inicial de ebulição da solução t0: temperatura de ebulição do líquido puro Efeito Criométrico A crioscopia, também chamada de criometria, é um processo em que ocorre a diminuição da temperatura de congelamento de uma solução. Gráfico do Efeito Criométrico Isso porque quando se dissolve um soluto não-volátil em um líquido, a temperatura de congelação do líquido diminui. Um exemplo de crioscopia são os aditivos anticongelantes que se colocam nos radiadores dos automóveis em locais onde a temperatura é muito baixa. Esse processo evita o congelamento da água, auxiliando na vida útil dos motores dos carros. Além disso, o sal espalhado nas ruas dos locais onde o inverno é muito rigoroso, evita o acúmulo de gelo nas estradas. Para calcular esse efeito coligativo, utiliza-se a seguinte fórmula: Δtc = t0 – tc Onde, Δtc: abaixamento da temperatura de congelação da solução t0: temperatura de congelação do solvente puro tc: temperatura inicial de congelação do solvente na solução Confira um experimento sobre essa propriedade em: Experimentos de Química Lei de Raoult A chamada “Lei de Raoult” foi proposta pelo químico francês François-Marie Raoult (1830-1901). Ele estudou os efeitos coligativos (tonométrico, ebuliométrico e criométrico), auxiliando nos estudos das massas moleculares das substâncias químicas. Ao estudar os fenômenos associados à fusão e ebulição da água, ele chegou à conclusão de que: ao dissolver 1 mol de qualquer soluto não-volátil e não-iônico em 1kg de solvente, tem-se sempre o mesmo efeito tonométrico, ebuliométrico ou criométrico. Assim, a Lei de Raoult pode ser expressa da seguinte maneira: “Numa solução de soluto não-volátil e não-iônico, o efeito coligativo é proporcional à molalidade da solução”. Ela pode ser expressa da seguinte maneira: Psolução = xsolvente . Psolvente puro Osmometria A osmometria é um tipo de propriedade coligativa que está relacionada com a pressão osmótica das soluções. Lembre-se que osmose é um processo físico-químico que envolve a passagem de água de um meio menos concentrado (hipotônico) para outro mais concentrado (hipertônico). Isso ocorre através de uma membrana semipermeável, a qual permite somente a passagem de água. Ação da membrana semipermeável após um tempo A chamada pressão osmótica é a pressão que permite que a água se movimente. Em outras palavras é a pressão exercida sobre a solução, a qual impede sua diluição pela passagem do solvente puro através da membrana semipermeável. https://www.todamateria.com.br/experimentos-de-quimica/ https://www.todamateria.com.br/pressao-osmotica/ Sendo assim, a osmometria é o estudo e a medição da pressão osmótica nas soluções. Note que na técnica de dessalinização da água (retirada de sal) é utilizado o processo chamado de osmose reversa. Leis da Osmometria O físico e químico holandês Jacobus Henricus Van’t Hoff (1852-1911) foi responsável por postular duas leis associadas à osmometria. A primeira lei pode ser expressa da seguinte maneira: “Em temperatura constante, a pressão osmótica é diretamente proporcional à molaridade da solução” Já na segunda lei postulada por ele, temos o seguinte enunciado: “Em molaridade constante, a pressão osmótica é diretamente proporcional à temperatura absoluta da solução” Sendo assim, para calcular a pressão osmótica das soluções moleculares e diluídas, utiliza-se a fórmula: π = MRT sendo, π: pressão osmótica da solução (atm) M: molaridade da solução (mol/L) R: constante universal dos gases perfeitos = 0,082 atm.L/mol.K T: temperatura absoluta da solução Exercícios de Vestibular com Gabarito 1. Comparando duas panelas, simultaneamente sobre dois queimadores iguais de um mesmo fogão, observa-seque a pressão dos gases sobre a água fervente na panela de pressão fechada é maior que aquela sobre a água fervente numa panela aberta. Nessa situação, e se elas contêm exatamente as mesmas quantidades de todos os ingredientes, podemos afirmar que, comparando com o que ocorre na panela aberta, o tempo de cozimento na panela de pressão fechada será: a) menor, pois a temperatura de ebulição será menor. b) menor, pois a temperatura de ebulição será maior. c) menor, pois a temperatura de ebulição não varia com a pressão. d) igual, pois a temperatura de ebulição independe da pressão. e) maior, pois a pressão será maior. Alternativa b 2. (UFRN) Em locais de inverno rigoroso, costuma-se adicionar uma certa quantidade de etilenoglicol na água dos radiadores de automóveis. O uso de uma solução, em vez de água, como líquido de refrigeração, deve-se ao fato de a solução apresentar: https://www.todamateria.com.br/osmose-reversa/ a) menor calor de fusão. b) menor ponto de congelamento. c) maior ponto de congelamento. d) maior calor de fusão. Alternativa b 3. (Vunesp) Uma das formas de conseguir cicatrizar feridas, segundo a crença popular, é a colocação de açúcar ou pó de café sobre elas. A propriedade coligativa que melhor explica a retirada de líquido, pelo procedimento descrito, favorecendo a cicatrização, é estudada pela: a) osmometria. b) crioscopia. c) endoscopia. d) tonoscopia. e) ebuliometria. Alternativa a 4. (UFMG) Num congelador, há cinco formas que contêm líquidos diferentes, para fazer gelo e picolés de limão. Se as formas forem colocadas, ao mesmo tempo, no congelador e estiverem, inicialmente, com a mesma temperatura, vai congelar-se primeiro a forma que contém 500 ml de: a) água pura. b) solução, em água, contendo 50 ml de suco de limão. c) solução, em água, contendo 100 ml de suco de limão. d) solução, em água, contendo 50 ml de suco de limão e 50g de açúcar. e) solução, em água, contendo 100 ml de suco de limão e 50g de açúcar. Alternativa a 5. (Cesgranrio-RJ) Determinou-se o ponto de fusão de uma substância x, encontrando-se um valor menor que o tabelado para essa substância. Isso pode significar que: a) a quantidade de substância utilizada na determinação foi menor que o necessário. b) a quantidade de substância utilizada na determinação foi maior que o necessário. c) uma parte da substância não fundiu. d) a substância contém impurezas. e) a substância está 100% pura. Alternativa d Coloides Coloides, soluções coloidais ou sistema coloidal são misturas que apresentam aspecto de solução, ou seja, de uma mistura homogênea. Mas, na verdade, eles são misturas heterogêneas. Isso porque embora não seja nítida a olho nu, a diferença das misturas coloidais pode ser observada mediante o uso de instrumentos, tais como o microscópio. O sangue apesar de parecer homogêneo, com o uso do microscópio observamos que é formado por diversos componentes. Os coloides estão presentes em nosso cotidiano. São exemplos de coloides: creme hidratante, iogurte, leite, sangue, tintas e geleia. É por esse motivo que alguns produtos químicos trazem a indicação de que devem ser agitados antes de serem utilizados. Isso deve ser realizado para unir as partículas coloidais. Ao mesmo tempo, as misturas coloidais não se sedimentam de forma natural. Se colocarmos um coloide em um recipiente, as partículas não se depositam no fundo. Elas também não podem ser filtradas. O tamanho das partículas presentes nos coloides compreende entre 1 e 100 nanômetros (1 nanômetro equivale a 1 milionésimo de milímetro). Tudo o que está fora desse intervalo são misturas homogêneas ou heterogêneas. As misturas homogêneas são consideradas soluções verdadeiras. Suas partículas são menores do que 1 nanômetro. As misturas heterogêneas possuem partículas maiores que 100 nanômetros. Quais as suas Propriedades? Os componentes dos coloides são chamados de disperso e dispersante. A quantidade de dispersante é sempre superior. Aparentemente, assumem uma característica de mistura homogênea. Um exemplo são as claras batidas em neve: a clara em estado líquido assume o papel de componente disperso, pois se encontra em menor quantidade em relação ao ar. O ar, que faz com que a clara se transforme em espuma, por outro lado, é o componente dispersante por estar em maior quantidade. Além disso, os coloides permitem a passagem de luz entre eles, o que não acontece com as misturas homogêneas. Se apontarmos uma lanterna com um foco pequeno de luz para uma mistura coloidal, é possível ver um feixe de luz atravessando todo o recipiente onde ela se encontra. É o que se chama efeito Tyndall. https://www.todamateria.com.br/misturas-homogeneas-e-heterogeneas/ Mediante a mesma experiência, é possível detectar também o movimento aleatório das partículas na mistura. Esse é chamado de movimento Browniano. Em resumo, as propriedades dos sistemas coloidais são: • As fases da mistura não são distinguíveis facilmente; • O intervalo do tamanho das partículas é de 1 e 100 nanômetros; • Efeito Tyndall; • Presença de partículas dispersas e dispersantes; • Não sedimentam de forma natural, tal como também não podem ser filtrados; • Movimento Browniano. Tipos de Coloides Os coloides são classificados conforme o estado físico das partículas dispersas e dispersantes. Os tipos de coloides são: aerossol, emulsão, espuma, gel e sol (aqueles que têm aspecto de solução). Saiba mais sobre cada um deles: Aerossol Componente Disperso: Sólido ou Líquido Componente Dispersante: Gás Exemplos: Fumaça, neblina, nuvem, spray Emulsão Componente Disperso: Líquido Componente Dispersante: Líquido ou Sólido Exemplos: Maionese, manteiga, queijo, sorvete Espuma Componente Disperso: Gás Componente Dispersante: Líquido ou Sólido Exemplos: Chantili, clara em neve, espuma de barbear, pipoca Gel Componente Disperso: Líquido Componente Dispersante: Sólido Exemplos: Gelatina, sílica-gel, pasta de dente Sol Componente Disperso: Sólido Componente Dispersante: Líquido ou Sólido Exemplos:Pérola, rubi, sangue