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PSICOLOGIA SOCIAL Jair Modesto Filho Vivian Moreira Rodrigues de Souza 2022 Professor: Jair Modesto Filho Professora: Vivian Moreira Rodrigues de Souza SUMARIO • Apresentação ………………………………………………………………………………………..03 • História da Psicologia Social………………………………………….………….…………….04 • Base Teórica da Psicologia Social…….………………………………………….………….16 • Atitudes Sociais ………………………………………………….…………………………….……34 • Representações Sociais.……………………………………….…………………………………54 • Psicologia Social Comunitária…….……….……………….…………………………………66 • A Cultura……………..……………….…………………………………….………………………….92 • Agentes de Socialização…….….……………………………………………….…………….114 • Psicologia Social e Gênero………………………..….………………….…………………..131 • O Papel da Escola…………………………………………………………………………………149 Professor: jair Modesto Filho Professora: Vivian Moreira Rodrigues de Souza 4 Apostila elaborada para ministrar aula da Disciplina Psicologia Social do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera de Betim, MG, no ano de 2022. Professor Dr. Jair Modesto Filho Professora Me: Vivian Moreira Rodrigues de Souza Minas Gerais, 2022 Apresentação HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL 5 HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL A PSICOLOGIASOCIAL NA AMÉRICAdo Norte ○ Floyd Allport (1924) defende que a Psicologia Social deveria concentrar-se no estudo experimental do indivíduo na medida em que o grupo constituía-se tão somente em mais um estímulo do ambiente social. Para ele: disciplina objetiva, de base experimental e focada no indivíduo. Anos 1920 e 1930: estudo das atitudes, da influência social interpessoal e da dinâmica de grupos. 7 HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL Sheriff (1936): os grupos desenvolvem normas que governam os julgamentos dos indivíduos que dele fazem parte → normas grupais existem à revelia de seus membros individuais. 8 INFLUÊNCIASOCIAL E DINÂMICADE GRUPOS ○ Muzar Sheriff e Kurt Lewin, psicólogos europeus que imigraram para os EUA e receberam fortes influências do gestaltismo( compreensão da totalidade para que haja a percepção das partes.) HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL ○ Lewin (1939): à análise da influência dos estilos de liderança e do clima grupal sobre o comportamento dos membros do grupo. ○ 1 - Estilo de liderança democrático: produzia normas grupais construtivas e independentes, que levavam à realização de um trabalho produtivo, independentemente da presença ou não do líder; ○ 2 - A liderança laissezfaire deixava os membros passivos; ○ 3 - Grupos com liderança autocrática tornavam-se agressivos ou apáticos. 9 INFLUÊNCIASOCIAL E DINÂMICADE GRUPOS HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL ○ Festinger (1954), sob a influência das investigações realizadas por Lewin, propõe a teoria dos processos de comparação social, na qual defende que as pessoas necessitam avaliar suas habilidades e opiniões a partir de comparações realizadas com outros indivíduos que lhes são similares; amigo, o 10 “E você, meu que acha disso?” OS ANOSDE1950E 1960 HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL ○ Festinger (1957): dissonância cognitiva -> as pessoas são motivadas a procurar o equilíbrio entre suas atitudes e ações (modificando um comportamento, mudam-se as atitudes). OS ANOSDE1950E 1960 11 HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL ○ Ao final dos anos 70, muitos psicólogos sociais latino- americanos iniciaram um forte movimento de questionamento à Psicologia Social norte- americana (em função de seu experimentalismo e individualismo), em prol de uma psicologia social mais voltada para os problemas políticos e sociais que a região vinha enfrentando. 12 A PSICOLOGIA SOCIAL NA AMÉRICA LATINA: EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS ATUAIS HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL ○ Estimulados pela 13 arbitrariedade dos regimes militares desigualdade social e pela grande do continente, esses psicólogos sociais irão defender uma ruptura radical com a psicologia (Spink & Spink,social tradicional 2005). A PSICOLOGIA SOCIAL NA AMÉRICA LATINA: EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS ATUAIS HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL ○ Martín-Baró, 1996 (psicólogo e padre jesuíta espanhol, radicado em El Salvador): a principal tarefa do psicólogo social deve ser a conscientização de pessoas e grupos, como forma de levá- los a desenvolver um saber crítico sobre si e sobre sua realidade, que lhes permita controlar sua própria existência. PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA 14 HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL ○ Os psicólogos sociais devem contribuir para a 15 construção de identidades pessoais, coletivas e históricas capazes de romper a situação de alienação das maiorias populares oprimidas e desumanizadas que vivem à margem da sociedade dominante e, consequentemente, levar à mudança social. PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL ○ Temas recorrentes: 16 estereótipos, autoimagens, identidades sociais, gênero,nacionalismo, movimentos sociais, poder social, relações de violência doméstica, direitos reprodutivos da mulher, entre outros. PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL 17 expectativa de tal interação. Objeto: Interação social, interdependência entre os indivíduos, o encontro social. Principais conceitos: a percepção social, a comunicação, as atitudes, a mudança de atitudes, o processo de socialização,os grupos sociais e os papéis sociais. 18 PsicologiaSocial □ Área da Psicologiaque estuda a interação social. □ É o estudo das manifestações comportamentais ocasionadaspela interaçãode uma pessoa com outras pessoas, ou pela mera BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL Percepção social □ Percepção não só da presença do outro, mas o conjunto de características que apresenta, o que nos possibilita “ter uma impressão” dele. □ Impressão a partir de nossos contatos com o mundo, organização desses informações em nossa cognição. □ Esta organização nos permite compreender ou categorizar um novo fato. Ex.: estudante, padre, pastor. □ Um processo que vai desde a recepção do estímulo pelos órgãos dos sentidos até a atribuição de significadoao estímulo. 19 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL □ Processo que 20 envolve codificação (formação de um sistema de códigos) e decodificação (a forma de procurar entender a codificação) de mensagens. □ Essas mensagens permitem a troca de informações entre os indivíduos. □ A comunicação não é constituída apenas de código verbal. Também utilizamos para a comunicação expressões de rosto, gesto, movimentos, desenhos e sinais. Comunicação BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL Esquema básico de comunicação: transmissor (aquela que codifica), mensagem (transmitida utilizando um código), receptor (aquele que codifica). Comunicação 21 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL □ A Psicologia Social estuda o processo de interdependência e de influência entre as pessoas que se comunicam, respondendo a questões do tipo: □ Como se dá a influência? □ Quais as características da mensagem? □ Como aumentar nosso poder de persuasão através da comunicação? Comunicação 22 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL □ A partir da percepção do meio social e dos outros, o indivíduo vai organizando informações, relacionando-as com afetos (positivos ou negativos). □ Desenvolvimento de uma predisposição para agir (favorável ou desfavoravelmente) em relação às pessoas e aos objetos presentes no meio social. □ Predisposição do indivíduo para uma determinada ação (comportamento). Atitudes 23 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL □ Para a Psicologia Social, não tomamos atitudes (comportamento, ação), mas desenvolvemos atitudes (crenças, valores, opiniões) em relação aos objetos do meio social. Temos atitudes positivas em relação a determinados objetos ou pessoas, e isto predispõe-nos a uma ação favorável em relação a eles. 24 □ Mudança de atitudes: Nossas atitudes podem ser modificadas a partir de novas informações, novos afetos ou novos comportamentos ou situações. Atitudes BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIASOCIAL □ Processo que forma o conjunto de nossas crenças, valores e significações. □ O indivíduo torna-se membro e um determinado conjunto social, aprendendo seus códigos e regras básicas de relacionamentos. □ Apropriação de um conjunto de conhecimentos já sistematizados e acumulados por um determinado conjunto social. Socialização 25 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL □ Pequenas organizações de indivíduos que, objetivos comuns, ações da direção desses possuindo desenvolvem objetivos. □ Características: □ Normas □ Formas de pressão para que seus elementos se conformem às normas; □ Funcionamento determinado, com tarefas e funções distribuídas entre seus elementos; □ Formas de cooperação e competição; □ O líder apresentam aspectos que atraem os indivíduos, impedindo que abandonem o grupo. Grupo sociais 26 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL □ Papel prescrito: As expectativas de comportamento estabelecidas pelo conjunto social para os ocupantes das diferentes posições sociais. Assim sabemos o que esperar de alguém que ocupa uma determinada posição. Ex.: professor, estudante, médico, padre, pai, mãe, homem, mulher... □ Papel desempenhado: comportamento manifestado, que podem ou não estar de acordo com a prescrição social, ou seja, as normas prescritas socialmente para o desempenho de um determinado papel. Papéis sociais 27 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL □ Permitem-nos compreender a situação social, pois são referências para a nossa percepção do outro e ao mesmo tempo para o nosso próprio comportamento. □ Os diferentes papéis sociais permitem que nos adaptemos às diferentes situações sociais e que sejamos capazes de nos comportar diferentemente em cada uma delas. 28 Papéissociais BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL Subjetividadehumana □ O mundo interno que possuímos e suas expressões são construídas nas relações sociais, ou seja, surge do contato entre as pessoas e das pessoas com a natureza. □ A Psicologia Social busca também compreender como se dá a construção do mundo interno a partir das relações sociais vividas. □ O mundo objetivo (realidade social) é visto como fator constitutivo da subjetividade. 29 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL □ É a unidade básica fundamental da vida do sujeito material. É através da atividade que a pessoa se apropria do mundo. □ É a base do conhecimento e do pensamento da pessoa. Para existirmos precisamos atuar sobre o mundo, transformando-o de acordo com nossas necessidades. □ Ao atuarmos no mundo, construirmos a nós mesmos. Atividade 30 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL □ Expressa a forma como a pessoa se relaciona com o mundo objetivo. □ Compreensão: O modo de reagir ao mundo objetivo. □ Transforma em ideias e imagens e estabelece relações entre essas informações, de modo a compreender o que se produz na realidade. □ Reagimos ao mundo compreendendo- o, sabendo-o. É produto das relações sociais que a pessoa estabelece. Consciência 31 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL □ As representações sociais, veiculadas pela linguagem, são expressões da consciência. □ Quando alguém discursa ou fala sobre algum assunto, está se referindo ao mundo real e expressa sua consciência através das representações sociais. □ É o conjunto de ideias que articulam os significados sociais. Envolvem crenças, valores, e imagens que os indivíduos constroem no decorrer de suas vidas e a partir da vivência na sociedade. Representações sociais 32 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL □ Representações e sentimentos que o indivíduo desenvolve a respeito de si próprio, a partir de conjunto de suas vivências. □ Síntese pessoal de si mesmo, incluindo dados pessoais (cor, sexo, idade), biografia (trajetória pessoal), atributos que os outros lhe conferem, permitindo uma representação de si mesmo. □ Como a pessoa se vê. Identidade 33 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL Identidade □ A mudança nas situações sociais, a mudança da história de vida e nas relações sociais determinam um processar contínuo na definição de si mesmo. □ O indivíduo é um ser social, que constrói a si próprio, ao mesmo tempo que constrói, com os outros indivíduos, a sociedade e sua história. 34 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL ATITUDES SOCIAIS 35 Características gerais É uma dimensão avaliativa que se refere a: gostar/não gostar, simpatia/antipatia, favorável/contrário, apoiar/não apoiar, concordar/discordar com um objeto social. Atitude pode ser: Positiva: gostar, simpatizar, ser favorável, apoiar, concordar de um objeto social. Negativa: não gostar, antipatizar, ser contrário, não apoiar, discordar de um objeto social. Atitudes Sociais 36 BASE TEÓRICA DA PSICOLOGIA SOCIAL Pessoas: Lula, Bolsonaro, Bruna Surfistinha, a aluna Suzane ... Lugares: São Paulo, Paris, Aiuruoca... Acontecimentos: Greve de ônibus, luta de boxe, união civil de homossexuais, cirurgias plásticas ... Idéias: Reencarnação, aborto, clonagem ... Empresas e Produtos: CCE, Apple, maconha, buchada de bode, água com gás ... Grupos: Nordestinos, gaúchos, Pabllo Vittar, Skank … Atitudes em relação aos grupos determinam os nossos estereótipos e os preconceitos. Quais são as suas Atitudes para com os seguintes Objetos Sociais? 37 Sua importância reside no fato de que, conhecendo as atitudes de uma pessoa para com um objeto (Ex: PT,PSDB), podemos prever o seu comportamento em relação a este objeto (votar no PT, votar no PSDB). A crença numa informação (Ex: camisinha previne HIV), isto é o quanto uma pessoa acredita nisto, definirá a força de sua atitude (ser a favor do uso da camisinha). Se uma pessoa acreditar firmemente que uma informação é verdadeira (mesmo que na verdade seja falsa), ela mobilizará afetos intensos e atitudes fortes. Quando as informações são vagas, imprecisas, desencontradas ou contraditórias, a atitude é fraca ou inexistente. Atitudes Sociais Características adicionais 38 É uma predisposição mental para a ação, logo Atitude não é o comportamento. Quando se está em dúvida (contradição), ou se desconhece o objeto, ou tanto faz para a pessoa … Não se considera que exista Atitude Neutra. Para a Psicologia Social não é correto dizer: Tomar uma atitude. Pois Atitude não é um iogurte que se toma, e sim Atitude é algo que se desenvolve. Atitudes Sociais Atenção!!! Cuidado!!! 39 Organização duradoura de crenças e cognições (pensamentos), dotadas de uma carga afetiva pró ou contra (afeto) um objeto social, que predispõe o indivíduo à ação (comportamento). Componentes: pensamentos (conhecimentos, cognições, idéias), afetos (sentimentos, avaliações), comportamentos (intenção de agir). São sentimentos pró ou contra objetos sociais Atitudes Sociais Conceito 40 Ele é desorganizado Sua aula é monótona e chata Ele dá muito trabalho p/ casa Ele trata alunos com respeito Ele conhece a matéria Pensamentos Afetos Comportamentos Concordo totalmente Concordo Em dúvida, não sei Discordo Discordo totalmente Conversar durante a sua aula Desconfiar das informações dadas em aula Não realizar as tarefas por ele exigidas Comparecer a todas as suas aulas Conversar com ele nos intervalos das aulas Atitudes Sociais Exemplo: atitude em relação ao professor x 41 Protege contra HIV e DST Impede a gravidez Não é um método muito seguro É desconfortável É contra a lei de Deus Exemplo: usar camisinha Pensamentos Afetos Comportamentos Concordo totalmente Concordo Em dúvida, não sei Discordo Discordo totalmente Nunca comprei nem usei Uso quando desconfio da(o) parceira(o) Trago sempre comigo Participo de campanhas para distribuição no Carnaval Atitudes Sociais 42 Teoria de Fishbein e Ajzen (1967) Maior será a chance de prevermos um comportamento se conhecermos as intenções do indivíduo e, para isto, é necessário que conheçamos as suas atitudes e a norma subjetiva(o que o seu grupo social de referência pensa sobre o assunto) em relação ao objeto social em questão. Atitude Norma subjetiva Intenção comportamental Comportamento Atitude e Comportamento 43 Exemplo da teoria de Fishbein e Ajzen (1967) Exemplo: Fazer uma viagem de negócio para Manaus. Atitude: não gostar de Manaus Norma subjetiva: os colegas de trabalho acham que a firma precisa que você vá Intenção comportamental: está disposto a viajar ou não pretende ir? Comportamento: Viajar para Manaus ou não Atitude e Comportamento 44 Acessibilidade da Atitude (Fazio,1995) * Acessibilidade: indica se, na sua mente, a associação entre um objeto (p. ex: filmes de suspense) e a atitude em relação a ele (p. ex: detestar ou admirar filmes de suspense) é imediata, isto é, se há uma forte associação entre objeto e atitude. Tempo de reação: Quando perguntado sobre um objeto social a resposta veio logo à mente (era acessível) ou você teve que pensar na pergunta por um tempo? Pesquisas sugerem que o comportamento tem mais probabilidade de ser coerente com atitudes quando estas estão muito acessíveis. Atitude e Comportamento 45 Acessibilidade da Atitude (Fazio,1995) * Quando uma atitude se torna altamente acessível? Experiência direta: Quando está baseada na sua experiência direta (assistir a filmes de suspense) ao invés de ter ouvido outros falarem ou ter lido opiniões de outros a respeito. Associações freqüentes: Quando as atitudes foram expressas com mais freqüência, isto é quanto mais vezes você teve que expressar suas atitudes em relação a o objeto (p. ex: tem o costume de assistir a filmes de suspense). Especificidade: quando mais específicas forem as atitudes em relação ao objeto, p. ex: você gosta de filmes do tipo O Chamado, A Profecia, A Bruxa de Blair ou Psicose. Atitude e Comportamento 46 * Valores são categorias gerais. Diferentemente das atitudes, que se referem a objetos sociais específicos. * Os valores são considerados como princípios transituacionais, que orientam a vida do indivíduo. Um mesmo valor orienta nossas atitudes e comportamentos em diferentes situações, por exemplo: o valor igualdade entre os sexos: vale dentro de casa entre marido e esposa, entre irmão e irmã, entre colegas da faculdade, salário igual para homens e mulheres que realizem o mesmo trabalho, etc. Atitudes são específicas e Valores são genéricos Atitudes e Valores 47 Estereótipos: imputação de certas características a pessoas pertencentes a determinados grupos sociais; são definidos por atitudes positivas ou negativas em relação a estas pessoas; Preconceitos: são estereótipos negativos. imputação de certas características exclusivamente negativas a pessoas pelo fato de pertencentes a determinados grupos sociais; pessoas preconceituosas tendem a ser autoritárias. Estereótipos e Preconceitos Conceito 48 * Estereótipos Positivos: Paulistas são trabalhadores; Cariocas são divertidos; Bombeiros são prestativos; Homens são corajosos; Mulheres são grandes líderes; etc. Exemplos de Estereótipos e Preconceitos * Estereótipos Negativos: Preconceitos Jogadoras de basquete são lésbicas; Mulheres são péssimas motoristas; Baianos são preguiçosos; Os idosos são imprestáveis; Portugueses são burros; etc. 49 Estereótipos e Preconceitos 50 Como se formam? São rótulos aprendidos desde cedo (não são inatos ou naturais), surgem a partir dos 4 anos de idade. São culturalmente aprendidos: formam-se a partir da repetição e similaridade de padrões de comportamentos por: Modelação: imitação de modelos: Ex: repetir idéias estereotipadas de pais e amigos; Modelagem: condicionamento: Ocasião→Comportamento→Reforço. Ex: Na escola, ele xinga um aluno de gay e é reforçado pelos colegas. Conceito de Estereótipos e Preconceitos: são representações mentais: estruturas de memória; funcionam como arquivos de computadores; organizam as idéias; referentes a um domínio específico: grupo de pessoas, relevante para um sujeito. Têm a função de estruturar o mundo exterior: tornar simples a realidade complexa (supergeneralização); São ilógicos (inferências arbitrárias), passivos e resistentes a mudança. Estereótipos e Preconceitos 51 De acordo com aTeoria dos Esquemas Mentais Os Preconceitos representam um grande problema social, pois: Limitam a capacidade de percepção do preconceituoso; Ignoram o potencial real das vítimas de preconceito; Prejudicam o autoconceito das vítimas; Proporcionam um sentimento de impotência; Geram tensão social: debates, animosidades e conflitos; Instigam até mesmo guerra entre grupos e nações. Preconceitos 52 Os preconceitos variam entre as culturas: Judeus e muçulmanos; Americanos e poloneses; Ingleses e franceses; etc. Grupos que mais sofrem preconceitos no Brasil: negros e índios; homossexuais e portadores de HIV; mulheres (loiras e prostitutas); portugueses, argentinos, paraguaios; nordestinos; obesos, baixinhos, idosos, tatuados, feios; pobres, ex-presidiários; Preconceitos doentes mentais e portadores de necessidades especiais. 53 Adolf Hitler nasceu a 20 de abril de 1889 e faleceu a 30 de abril de 1945, suicidando-se no seu quartel-general. Foi o líder do Partido Nazi ou nazista. Documentos apresentados durante o Julgamento de Nuremberg indicam que, no período em que Adolf Hitler esteve no poder, grupos minoritários considerados indesejados - tais como ciganos, homossexuais, deficientes físicos e mentais, e judeus - foram perseguidos no que se tornou conhecido como Holocausto discriminaçãoao extremo milhões de pessoas http://pt.wikipedia.org/wiki/Defici%C3%AAncia_f%C3%ADsica REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 55 Década de 60 Serge Moscovici La psychanalyse: son image et son public (1961) Esta obra lançou uma problemática: Como é que o conhecimento científico é consumido, transformado e utilizado pelo homem comum (leigo)? Como constrói o homem a realidade? 56 Origem “Um conjunto de conceitos, proposições e explicações criado na vida cotidiana no decurso da comunicação interindividual. São o equivalente, na 57 crenças ser vistas comum” nossa sociedade, dos mitos e sistemas de das sociedades tradicionais, podem ainda como a versão contemporânea do senso (Moscovici, 1981,p. 181). Sua principal função é tornar familiar o não-familiar Definição “forma pelos quais o senso comum expressa seu pensamento (Jodelet, 1993) —Não seria uma resposta individual emitida em relação a um estímulo social, —Mas a maneira como os grupos sociais constroem e organizam diferentes significados dos estímulos do meio social e as possibilidades de respostas que podem acompanhar esses estímulos. 58 Representações Sociais —Ato de pensamento na qual o sujeito se relaciona com o objeto (pessoa, idéia, evento social ou natural) —Como: —Através de operações mentais (atenção, percepção e memória) esse objeto é substituído por um SÍMBOLO que se faz presente quando o objeto está ausente. —O objeto fica representado simbolicamente na mente dos indivíduos. —RS não é uma simples reprodução do objeto implica sua transformação ou construção Representações Sociais 59 —Sãos construídas nos processos de interação e comunicação social. — Devido ao significado para os grupos sociais as RS: — Circulam nos meios de comunicação de massa; — Nas conversas entre as pessoas e; — Se cristalizam nascondutas —Os meios de comunicação: — levam a informação a população; —Nas relações interpessoais —trocam-se opiniões, se reafirmam conceitos e idéias, se debate e se consolida o processo de comunicação sobre o objeto. 60 São sociais em sua origem RS podem variar de um grupo para outro; — Origem da variação: —Complexidade social; —Diversidade de categorias —Valores, —posição social; —Experiência com o objeto da RS; —Contexto histórico, cultural e social dos grupos. As RS se vinculam a sistemas de pensamentos mais amplos, ideológicos ou culturais, a um estadode conhecimento científico, como a condição social e a esfera de experiências prévias e afetivas dos indivíduos (Jodelet, 1991) 61 São compartilhadas, mas não homogêneas paraa sociedade —Critério quantitativo: são compartilhadas por um grande número de pessoas e grupos. —Critério genético : são construídas socialmente. —O pensamento social é construído nas e pelas interações sociais; —Portanto, o objeto da PSéo“Social —Critério funcional: são guias para a comunicação e para a ação. 62 Síntese: Por que as RS são sociais? São evidentes quando se compreende sua natureza social; As RS permitem que os indivíduos transformem uma realidade estranha, desconhecida em uma realidade familiar; As RS guiam aação social; As RS servem para justificar as decisões, posições econdutas adotadas diante de um evento. 63 Funções das RS RS podem variar de um grupo para outro; — Origem da variação: —Complexidade social; —Diversidade de categorias —Valores, —posição social; —Experiência com o objeto da RS; —Contexto histórico, cultural e social dos grupos. As RS se vinculam a sistemas de pensamentos mais amplos, ideológicos ou culturais, a um estado de conhecimento científico, como a condição social e a esfera de experiências prévias e afetivas dos indivíduos (Jodelet, 1991) 64 São compartilhadas, mas não homogêneas paraa sociedade —Critério quantitativo: são compartilhadas por um grande número de pessoas e grupos. —Critério genético : são construídas socialmente. —O pensamento social é construído nas e pelas interações sociais; —Portanto, o objeto da PSéo“Social —Critério funcional: são guias para a comunicação e para a ação. 65 Síntese: Por que as RS são sociais? São evidentes quando se compreende sua natureza social; As RS permitem que os indivíduos transformem uma realidade estranha, desconhecida em uma realidade familiar; As RS guiam aação social; As RS servem para justificar as decisões, posições econdutas adotadas diante de um evento. 66 Funções das RS PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA 67 O que é PsicologiaSocial Comunitária? 68 Segundo Góis (1993) a psicologia comunitária é uma área da psicologia social que estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo de vida do lugar/comunidade; estuda o sistema de relações e representações, identidade, níveis de consciência, identificação e pertinência dos indivíduos ao lugar/comunidade e aos grupos comunitários. Definição 69 A psicologia comunitária (PC) um caráter interdisciplinar, voltada principalmente para o desenvolvimento e a mudança sócio-política de uma realidade psicossocial caracterizada por relações de dominação e de exclusão social. (Martín-Baró, 1989). Definição 70 processos de facilitação social baseadosna ação local e na conscientização 1. DESENVOLVIMENTO HUMANO 2. MUDANÇA SOCIAL (busca de alternativas sócio-políticas) visão positiva da COMUNIDADE e DAS PESSOAS reconhecimento da capacidade do indivíduo e da própria comunidade de serem responsáveis e competentesna construção de suas vidas Fonte: Góis, (2003) 71 PC centrada em doisgrandes modelos: › 1 ) com a realidade social e histórica dos sujeitos; › 2 ) desenvolver nos sujeitos uma consciência crítica e autônoma; › 3 ) contribuir na formação da identidade individual e social, › 4 ) despertar perspectivas para uma mudança social; › 5 ) buscar melhorias nas condições de vida e bem-estar dos indivíduos e da comunidade. 72 As ações da PSC são pautadas: QUATRO PILARES A PSICOLOGIACOMUNITÁRIA 73 › Consiste em identificar, facilitar ou criar 74 contextos em que as pessoas isoladas ou silenciadas possam ser compreendidas, ter uma voz e influência sobre as decisões que lhes dizem modo, afetem a suadiretamente respeito ou que de algum vida. (Rappaport,1992). Atribuir poder aos indivíduos, de forma a estes serem autônomos e conseguirem por si só resolverem e minimizarem os seus problemas. Através da troca e partilha de conhecimentos. Empoderamento › Cidadania - está fortemente ligada à democracia, concebendo os indivíduos com direitos e deveres. Implica respeito e liberdade entre as pessoas, de forma a cumprir as suas obrigações e reclamar os seus direitos, promovendo a qualidade de vida sem afetar os outros. 75 Cidadania ›A pobreza é resultado de graves desigualdades sociais, tem uma forte influência sobre o desenvolvimento de competências e aptidões individuais e coletivas. Ultrapassar a pobreza torna-se essencial para o desenvolvimento saudável humano. 76 Lutacontraa pobreza › Saúde mental- É considerado um estado de equilíbrio entre a pessoa e a sociedade, é um conceito amplo, representado pela família, comunidade, escola e trabalho. Possuindo saúde mental, o individuo torna-se mais produtivo, tem melhor qualidade de vida e bem-estar. (ELOI, J, 2015) 77 Saúdemental O QUE FAZ UM PSICÓLOGO COMUNITÁRIO? 78 intervenção social, baseados em metodologias 79 › Contribui para a construção de programas inovadores de colaborativas de investigação-ação, promotoras de empoderamento e facilitadorasda mudança social. › na área da violência, por ex. (violência contra as mulheresEstrutura, implementa ou avalia programas de prevenção e/ou crianças; saúde; bullying). › Apoio aos grupos e as organizações na comunidade (coletividades, organizações não-governamentais ou outras) para que funcionem de forma mais eficaz, cumprindo os objetivos a que se propõem ao nível da cultura, do bem-estar físico e do desenvolvimento integral dos grupos que pretendem beneficiar. › Pode contribuir para a consultoria na criação de grupos ou organizações de ajuda mútua, onde as pessoas podem ajudar-se a si próprias e a outras na resolução dos seus problemas de forma natural, integrada e que promove o sentimento de integração e de pertença. › Territóriocomum › Espaço deconvivência › Membros ativamenteparticipantes Comunidade 80 › “onde todos são chamados pelo nome”(Marx). › “viver em sociedade onde a pessoa é reconhecida pelo nome, significa que além de manter sua identidade e singularidade, o indivíduo pode expressar sua opinião, seu pensamento, onde ele é alguém. (Guareschi, 2013, p. 78). 81 COMUNIDADE:definições › participação da mesma cultura, vinculação a um território comum, espaço de moradia e de convivência, nível socioeconômico semelhante e laço histórico comum.” (Góis, 2005). › “é uma associação que se dá na linha do ser, isto é, por uma participação profunda dos membros com o grupo, onde são colocados os sentimentos nobres como o amor, a lealdade, a honra, a amizade, crenças e conhecimento mútuo”. (F.Tönnies apud Sawaia, 1996; Guareschi, 2013). 82 COMUNIDADE:definições › Inserção e conhecimento dosindivíduos na comunidade › Despertar a conscientização dosdireitos › Identificar necessidades dosmembros Atuaçãodo psicólogo comunitárioem comunidades 83 › Consiste na inserção e conhecimento dos indivíduos e da comunidade, atuar no sentido analista e facilitador, identificando as suas necessidades, onde as ações e ferramentas são construídas de forma compartilhada (profissional e comunidade) visando a busca de soluções, respeitando sua singularidade, história e o local. Despertar nos indivíduos conscientização de seus direitos que os fortaleçam em busca de melhores condições de qualidade vida (Freitas, 2014). Trabalho do Psicólogo Comunitário 84 › O princípio central da psicologia social comunitária prioriza que o trabalho em equipe nas comunidades deve ocorrer por meio do enfoque interdisciplinar e da colaboração mútua. (Campos, 2007; Ussher, 2008) › construção do conhecimento deve estar fundamentada na interação do psicólogo com os indivíduos da comunidade. 85 Trabalhodo Psicólogo Com. › Maior relevância em indivíduoscom situação de isolamento › Pessoas com maisvulnerabilidade › Relacionado com o suporteemocional, seja afeto, companhia, informação, fazendo com que o indivíduos se sinta confortado. PSC E SUPORTESOCIAL86 ›O desgaste excessivo do trabalho, horários irregulares impostos pela rotina de trabalho e estudos, a falta de oportunidade no mercado de trabalho, os baixos salários, a crise financeira entre outras questões; O suporte social poderá constituir-se como um fator importante de promoção de saúde inclusive da saúde mental. 87 PC E SUPORTE SOCIAL › Um processo intencional de interferência ou influência que objetiva provocar mudança. A intervenção poderá ser operacionalizada a partir de influências, orientações ou ações concretas no sentido de modificar sistemas sociais e políticos, com incidência em áreas como a saúde, a educação, o bem-estar físico e emocional, domínios judiciais entre outros. (Ornelas, 1997) 88 Intervençãosocial › Existem 18 competências relacionadasaprática da psicologia comunitária, elaboradas com a intenção de comunicar a natureza e como a psicologia comunitária contribui: Competências para a prática 89 1. Perspectivas ecológicas 2. Empoderamento 3. Competência sociocultural e cross-cultural (intercâmbio de culturas) 4. Inclusão comunidade e parceria 5. Ética prática, reflexivo 6. Programa de desenvolvimento, implementação e gestão 7. Prevenção e promoção da saúde 8. Comunidade liderança e mentoring 9. Pequenos e grandes processos de grupos 10. Desenvolvimento de recursos 11. Consulta e desenvolvimentoorganizacional 12. Colaboração e desenvolvimento coalition(alianças) 13. Desenvolvimento da comunidade 14. Organização comunitária 15. Análise de políticaspúblicas 16. Comunidade educação, disseminação de informaçãoe sensibilização pública 17. Participação na comunidade 18. Comunidade FONTE: Dalton & Wolfe (2012). / SCRA Society for Community Research and Accion 90 › HORTAS COMUNITÁRIAS EM HELENA, MONTANA- EUA construção de hortas comunitárias tem como objetivo trabalhar com populações de baixa renda, dando-lhes espaço jardinagem e ensinar-lhes habilidades de jardinagem, para que possam assumir o controle da qualidade dos Atualmente, são cinco jardins ealimentos que eles e suas famílias consomem. mais de 60 jardineiros. (fonte: ctb.ku.edu) Exemplosde trabalho comunitário 91 › INICIATIVA DE ENERGIA SOLAR PARA HOMELESS SHELTER Las Cruces Verde – Novo México - instalação de painéis solares em habitação para o cronicamente sem-teto. Seus esforços servem como um símbolo, mostrando o apoio da comunidade para a energia verde e ajudando a alavancar a implementação em toda a cidade de energias renováveis. › PREPARANDO COMUNIDADES EM SANTIAGO TEXACUANGOS PARA DESASTRES NATURAIS El Salvador após o furacão Ida em 2009, Colectivo CEIBA optou por trabalhar com 3 comunidades que mais precisam de reconstrução social, determinado por níveis de danos e desejo expresso das comunidades a "se organizar." Uma equipe de 6 pessoas implementaram os projetos escolhidos, consultado com os governos locais e lançaram os projetos em fevereiro de 2010. (fonte: ctb.ku.edu 92 Exemplosde açõesda PC http://ctb.ku.edu/en/solar-powered-homeless-shelter A CULTURA 93 ANTES DE MIM 94 A CULTURA • O nascimento, a alimentação, a doença, a reprodução e a morte são fenómenos biológicos, mas, no caso do ser humano, são também fenómenos sociais e culturais. • Todas as sociedades humanas criaram um sistema de crenças, valores, hábitos e conhecimentos associado aos atos de nascer, de alimentar, etc. Como funciona? 95 NOÇÃO DE CULTURA NOÇÃO DE CULTURA 96 • Forma comum e aprendida da vida, que compartilham os membros de uma sociedade, e 97 que consta da totalidade dos instrumentos, técnicas, instituições, atitudes, crenças, motivações e sistemas de valores que o grupo conhece (FOSTER). NOÇÃO DE CULTURA • O conceito de cultura refere-se: • Á totalidade de conteúdos, modos de pensamento e comportamentos, transmitidos no decurso do processo de socialização; 98 meio,• Á capacidade do ser humano para se adaptar ao transformando-o e reinventando-o. NOÇÃO DE CULTURA • O indivíduo não se limita a ser um recipiente passivo, um guardião de uma tradição cultural transmitida socialmente: constrói-se, participa, interpreta, rejeita, recria e renova permanentemente o seu ambiente social. • O ser humano é portanto, não apenas um produto do seu meio, mas um produtor de cultura. 99 NOÇÃO DE CULTURA •Os padrões culturais são o conjunto de comportamentos, práticas, crenças e valores, comuns aos membros de uma cultura. PADRÕES CULTURAIS 100 Uma língua ou um grupo de línguas; Uma história oral e/ou escrita; Uma religião dominante organizada, ou um conjunto de cre.n.ç.a.s religiosas; Costumes e valores nucleares; Sistemas de organização social, incluindo normas de conduta pessoal, familiar e social; Artefatos próprios dessa sociedade (pintura, música, etc.); Hábitos alimentares e sanitários socialmente aceitos; Moral comum. 101 CADA CULTURA TEM EMCOMUM… • Os padrões importante quadros de 102 culturais desempenham um papel na construção de significados, referência, atividades e relações entre as pessoas. • Através do processo de socialização o indivíduo interioriza os padrões culturais – enculturação. PADRÕES CULTURAIS • Mas os padrões culturais não são estáticos, isto é, contactam uns com os outros, originando o processo de aculturação. • A aculturação resulta do contato contínuo entre indivíduos de diferentes culturas, provocando mudanças nos padrões culturais existentes, mudanças essas que tanto os podem enriquecer, como eliminar por completo. • A desculturação é o processo de perda ou destruição do património cultural, o que pode incluir apenas alguns elementos culturais ou toda uma cultura (pode acontecer de modo traumático, como em situações de extermínio e genocídio). De que forma? 103 PADRÕES CULTURAIS • Os diferentes povos criaram e desenvolveram um estilo de vida que cada indivíduo aceita – não sem reagir, decerto – como um protótipo.” • MALSON (1988) DIVERSIDADE CULTURAL 104 Heródoto (historiador grego – sec. V a.C.) : “Se oferecêssemos aos homens a escolha de todos os costumes do mundo, aqueles que lhes parecessem melhor, eles examinariam a totalidade e acabariam preferindo os seus próprios costumes, tão convencidos estão de que estes são melhores do que todos os outros. ” 105 DIVERSIDADE CULTURAL Tácito (historiador, orador e político romano): “Os alemães são quase únicos, entre os bárbaros, por se satisfazerem com uma mulher para cada. As exceções, que são extremamente raras, constituem-se de homens que recebem ofertas de muitas mulheres devido ao seu posto. Não há questão de paixão sexual. O dote é dado pelo marido à mulher, e não por esta àquele”. 106 DIVERSIDADE CULTURAL Entre os ciganos da Califórnia, a obesidade é considerada como um indicador da virilidade, mas também é utilizada para conseguir benefícios junto aos programas governamentais de bem-estar social, que a consideram como uma deficiência física. DIVERSIDADE CULTURAL 107 • A carne da vaca é proibida aos hindus, da mesma forma que a de porco é interditada aos muçulmanos. DIVERSIDADE CULTURAL 108 • O nudismo é uma tolerada em certas enquantoeuropéias, países islâmicos, prática praias nos de orientação xiita, as mulheres mostrar o rostomal podem em público DIVERSIDADE CULTURAL 109 E SE TODOS FOSSEM IGUAIS? 110 ¡ O etnocentrismo é a visão centrada ou egocêntricade uma cultura em relação às outras. ¡ Avalia asoutras culturas a partir de siprópria, dosseus valores e padrões de comportamento. ETNOCENTRISMO 111 Percebe-se que o preconceito surge quando se defende a ideia de que temos uma cultura uniforme, em lugar de reconhecer, valorizar e pesquisar a enorme variedade cultural. Assim, as diversas etnias que formam a diversidade cultural, são desprezadas e ignoradas. O Preconceito 112 ¡ O multiculturalismorespeita a diversidade cultural defendendo o diálogo eo respeito peladiferença 113 AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO 114 • A socialização é o processo pelo qual, ao longo de toda a vida, o ser humano aprende e interioriza os diversos elementos da cultura envolvente, num meio social e cultural específico. SOCIALIZAÇÃO 115 • Por socialização primária entende‐se a etapa de desenvolvimento social que decorre fundamentalmente durante a infância (e para muitos autores também durante a adolescência) e em que o indivíduo recebe e assimila as atitudes, comportamentos, valores e normas próprios da sua cultura. • Por socialização secundária, entende‐se o processo de adaptação a situações novas que implicam modificações significativas na nossa condição social. Traduz‐se na interiorização de novos papéis e estatutos como, por exemplo, a maternidade e a paternidade, o primeiro emprego ou a reforma, a mudança de estado civil, etc. 116 SOCIALIZAÇÃO 117 Processos de socialização Por aprendizagem Aprende-se por tentativas, erros e repetições Por imitação Repete-se mecanicamente os comportamentos observados Por identificação Assume-se como nossos os comportamentos de indivíduos com os quais nos identificamos 118 • Os agentes de socialização são estruturas sociais, cuja função é, em termos gerais, inserir o indivíduo no seu meio sociocultural, adaptando‐o às suas normas, exigências e padrões. AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO 119 • A família é o primeiro dos grupos em que decorre a socialização. Aí, a criança aprende as primeiras atitudes e comportamentos. Os pais e os familiares mais próximos desempenham um papel de modelos imitar e que a criança procura com os quais pretende identificar‐se (é através do processo de identificação que se formam as primeiras atitudes). AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO 120 • A escola é a instituição responsável pela transmissão de conhecimentos, técnicas e competências necessárias ao exercício de uma vida adulta socialmente valorizada. AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO 121 • O grupo de pares é um conjunto social formado por indivíduos de idade aproximada que têm em comum a vivência de situações e experiências semelhantes, a partilha de interesses e gostos. AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO 122 • Hoje em dia não pode, de modo algum, ser desprezada a função socializadora dos meios de comunicação social, onde pululam os ditos líderes de opinião dos mais diversos quadrantes, que veiculam de modo informal estilos de vida desejáveis, normas de comportamento, valores estéticos dominantes. • Não se limitam a entreter‐nos ou a noticiar: modelam as nossas atitudes, valores, etc. Basta pensar na Internet e também na poderosa TV, já, por alguns denominada “babysitter eletrônica” e “escola paralela”. 123 AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO Agentes de socialização 124 125 • O ser humano é simultaneamente um ser social, ligado a outros, e um ser individual, único. • A par da socialização como função integradora desenvolve-se a individuação como função diferenciadora. 126 HISTÓRIA PESSOAL – INDIVIDUAÇÃO • O indivíduo é um ser auto-organizado na sua relação com os outros e com o mundo que o rodeia. A auto-organização traduz-se na capacidade que o indivíduo tem de atribuir significados às experiências e aos acontecimentos significativos. • A narrativa do indivíduo composta a partir das singularidades construídas a partir do seu corpo, do processo de individuação e dos significados que cada um de nós atribui as coisas, constitui a nossa história pessoal, única e singular. 127 HISTÓRIA PESSOAL – INDIVIDUAÇÃO • Assim podemos afirmar que cada ser humano é uma totalidade singular e complexa condicionada por três fatores: Influências genéticas (da espécie e individuais), fatores ambientais (meio sócio cultural) e experiências pessoais (vivências). 128 HISTÓRIA PESSOAL – INDIVIDUAÇÃO • Apesar de 129 estar geneticamente preparado para a linguagem, o ser humano depende do meio que o rodeia – a sociedade, para a adquirir e desenvolver. • Por exemplo "as crianças selvagens", que estiveram privadas de qualquer contato com a linguagem, apenas conseguiram adquirir pouco mais de 20 palavras. A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM • A linguagem, a sua aquisição e desenvolvimento tem uma altura específica, variável (nem todas as crianças começam a falar com a mesma idade) no seu desenvolvimento físico, mental e mais importante, no seu desenvolvimento social. 130 A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM • Assim, nascer homem não é condição única e suficiente para o desenvolvimento das capacidades superiores e especificamente humanas. • A humanização só é possível pela cultura e o ponto de partida é a linguagem. 131 A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM • Os pensamentos que os humanos produzem não podem existir sem ter por base a linguagem, ou seja, sem a capacidade de representar a realidade por meio de símbolos. Não há pensamento verdadeiramente humano sem linguagem. 132 A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM PSICOLOGIA SOCIAL E GÊNERO 133 Gênero É uma dada maneira de olhar a realidade da vida (das mulheres e dos homens) para compreender: 134 • As relações sociais entre mulheres e homens; • As relações de poder entre mulheres e homens, mulheres e mulheres, homens e homens Gênero É uma dada maneira de olhar a realidade da vida (das mulheres e dos homens) para compreender: 135 • As relações sociais entre mulheres e homens; • As relações de poder entre mulheres e homens, mulheres e mulheres, homens e homens Gênero: Conjunto de representações sociais e culturais construídas a partir da diferença biológica dos sexos; construção social do masculino e feminino. Para Grossi (2005), Gênero é uma construção cultural, processado na educação formal e informal de homens e mulheres, contrariamente do senso comum, a qual compreende que biologicamente o sexo, por si só, determina os comportamentos masculinos e femininos. 136 “Gênero deve ser visto como elemento constitutive das relações sociais, baseadas em diferenças percebidas entre os sexos, e como sendo um modo básico de significar relações de poder” (Scott, 1990). 137 Gênero / Sexo Gênero: Maneira que as diferenças entre mulheres e homens assumem nas diferentes sociedades, no transcorrer da historia. Sexo: Diferenças anatomofisiológicas existentes entre os homens e as mulheres. 138 Outros Conceitos: 139 •Sexo: Expressão biológica que define um conjunto de características anatômicas e funcionais (genitais e extragenitais). •Sexualidade: entendida de forma mais ampla; e expressão cultural. Inclui sentimentos, fantasias desejos, sensações e interpretações. • Orientação Sexual: • Atração afetiva e/ou sexual que uma pessoa sente pela outra. Varia desde a homossexualidade exclusiva ate a heterossexualidade exclusiva, passando pelas diversas formas de bissexualidade. Os psicólogos não consideram que a orientação sexual seja uma opção consciente que possa ser modificada por um ato de vontade. 140 Sexual:• Identidade • Conjunto de características sexuais que di que se expressam pelas preferencias se relação ao ferenciam cada pessoa das demais e xuais, sentimentos ou atitudes em sexo. • É o sentimento de masculinidade ou feminilidade que acompanha a pessoa ao longo da vida. Nem sempre está de acordo com o sexo biológico ou com a genitalia da pessoa. 141 Desigualdade de Gênero 142 143 De acordo com Beauvoir (1980), é através da experiência familiar que a menina percebe que o mundo pertence aos homens e esses devem ser respeitados. Beauvoir (1980, p. 29) esclarece: “a vida do pai é cercada de um prestígio misterioso: as horas que passa em casa, o cômodo em que trabalha, os objetos que os cercam, suas ocupações e manias tem um caráter sagrado”. 144 Para Beauvoir (1980), o poder dos homens sobre as mulheres é fortemente reforçado, diante dos olhos da menina, pela cultura, a literatura, as canções, as lendas, etc. 145 A autoraargumenta que a literatura infantil, a mitologia, os contos e narrativas refletem os mitos criados pelo desejo dos homens: Perseu, Hércules, Davi, Aquiles, Napoleão. É através dos olhos masculinos que a menina explora e vislumbra o mundo e nele projeta seu destino. Existe essa desigualdade no mercado de trabalho? 146 A Mulher no Mercado de Trabalho "As mulheres experimentam prazer e sofrimento ao assumirem posição gerencial, elas estão sujeitas a desconfortos causados pela desigualdade de gênero presentes no ambiente de trabalho, sempre relacionando a figura da mulher a fragilidade” (MODESTO FILHO, Jair) É algo que me irrita, essa diferença assim... “Ah, isso é coisa de mulher”. Uma certa fragilidade, um certo sentimentalismo assim, mulher é mais frágil, tem essa questão do sexo frágil. “Ah não, isso aí é frescura, isso é coisa de mulher”, eu não tenho muito isso não e eu acho que eu não tenho essa diferença como algo importante. (E2) 147 A Mulher no Mercado de Trabalho Quando a mulher está no comando, existe uma certa, como dizer, assim, comentários, como se a mulher tivesse conquistado aquele papel, não pela sua capacidade, por outros meios, não menos justos. [...] eu me lembro que uma vez uma pessoa chegou e me disse assim: “Eu quero falar com o senhor Silva”, eu disse assim: “O senhor Silva sou eu.” “Uai, você é uma mulher?”. Eu disse: “Sou”. Ele disse assim: “Eu vou discutir com uma mulher?” Eu falei “ Va, qual é o problema? Tem hora que você tem que ser extremamente forte, para enfrentar uma injustiça, enfrentar um tratamento desigual, desequilibrado, aí você tem que ser muito masculina, muito (E5) 148 “Em alguns casos, os homens, demonstram não ter nenhuma dificuldade em trabalhar com mulheres, no entanto evidenciam discriminação no que diz respeito a capacidade, pelas mulheres, de realizar tarefas consideradas de competência do sexo masculino”. (MODESTO FILHO, Jair). A Mulher no Mercado de Trabalho Por isso que eu digo, a política é muito dura, e mulher, até pela relação cultural, às vezes não aguenta esse embate. Em todos os sentidos, desde se impor em um determinado cargo, campanha. A campanha pra mulher é mais dura do que campanha pra homem. (E10). O homem viaja mais, é mais solto, vai pra uma cidade, vai pra outra, fica às vezes duas semanas fora de casa. A mulher já tem algo que a prende mais. Então ela é menos disponível à vida política da forma que ela é feita. A vida política é feita muito pra homem. A diferença fundamental é essa. A mulher tem que se adaptar ao modo de fazer política que não é o da vida dela cotidiana. Então a política é feita para homem. (E10) 149 O argumento de que homens e mulheres são biologicamente distintos e que a relação entre ambos decorre desta distinção, que é complementar e na qual cada um deve desempenhar um papel determinado secularmente, acaba por ter o caráter de argumento final, irrecorrível. Seja no âmbito do senso comum , seja revestido por uma linguagem “científica”, a distinção biológica, ou melhor, a distinção sexual, serve para compreender - e justificar - a desigualdade social. (Louro,1997) 150 O PAPEL DA ESCOLA 151 O Papel da Escola 152 Esta cena e uma representação fiel do comportamento meninas. esperado das A informação que a professora passa, é que essa aluna está correspondendo ao estereotipo previsto para seu sexo. A menina “quieta e comportada” recebe um elogio por estar cumprindo a conduta desejada. As relações pedagógicas que são construídas na escola estão carregadas de simbolizações e as crianças aprendem normas, conteúdos, valores, significados, que lhes permitem interagir e conduzir-se de acordo com o sexo. 153 Cabe a educação colaborar na construção de relações entre homens e mulheres mais justas, com conteúdos necessários para o desenvolvimento intelectual dos/as estudantes, que auxilie positivamente no processo formativo da identidade de gênero. 154 Diversidade Sexual 155 A Unesco, em 2004, realizou uma pesquisa nas escolas brasileiras, mostrando que há preconceito de pais, professores e alunos em relação a homossexualidade. Nessa pesquisa, 17% dos estudantes não gostariam de ter um colega homossexual e por volta de 15% deles acreditam que homossexualidade é uma doença. E na atualidade? 156 Dados Históricos: 157 - O tema discriminação com base na orientação sexual foi formalmente suscitado pela primeira vez no Foro das Nações Unidas —- Conferência Mundial de Pequim, (China), em 1995. - Debate sobre não discriminação com base na orientação sexual - processo preparatório para a Conferência Mundial Contra Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Conexas de Intolerância - Realizada em Durban (Africa), em 2001. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu no dia 13/06/2019, por 8 votos a 3, permitir a criminalização da homofobia e da transfobia. Os ministros consideraram que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais devem ser enquadrados no crime de racismo. Conforme a decisão da Corte: "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito" em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime; a pena será de um a três anos, além de multa; se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa; a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema. 158 Observações: • - A homossexualidade foi retirada da relação de doenças pelo Conselho Federal de Medicina em 1985. • - O Conselho Federal de Psicologia determinou que nenhum profissional deve exercer “ação que favoreça a patologização de comportamentos ou praticas homoeróticas”, em 1999. • - A proibição de discriminação por orientação sexual consta de três Constituições Estaduaisno Brasil: Sergipe, Para e Mato Grosso. 159 2022 Professor: Jair Modesto Filho Professora: Vivian Moreira Rodrigues de Souza Muito obrigado(a)! Prof° Dr. Jair Modesto Filho Professora Me: Vivian Moreira Rodrigues de Souza Tel: 31 9 8805-9017 jair.m.filho@kroton.com.br Tel: 31 9 9764-2328 vivian.m.souza@kroton.com.br 160 mailto:jair.m.filho@kroton.com.br mailto:vivian.m.souza@kroton.com.br