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AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 1 AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA: CAMINHOS PARA UMA PRÁTICA AVALIATIVA QUE PROMOVA A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E A INCLUSÃO. Simone Helen Drumond Ischkanian Gladys Nogueira Cabral Sandro Garabed Ischkanian Priscilla Nayane Magalhães Ribeiro dos Santos Giane Demo Silvana Nascimento de Carvalho A avaliação da aprendizagem tem assumido papel central nos debates educacionais contemporâneos, especialmente diante das exigências de uma educação mais inclusiva, equitativa e promotora de aprendizagens significativas. O artigo analisa criticamente os modelos de avaliação formativa e somativa, destacando seus fundamentos teóricos, propósitos pedagógicos e implicações na prática docente. A partir de uma revisão extensa da literatura, os autores propõem caminhos para integrar essas abordagens de forma a fortalecer a função formativa da avaliação e superar práticas reducionistas e excludentes. A avaliação somativa, tradicionalmente voltada à certificação e mensuração de resultados, ainda é amplamente utilizada nas escolas brasileiras. No entanto, estudos como os de Harlen (1997, 2005) e Perrenoud (1999, 2001) mostram que seu uso exclusivo tende a reforçar desigualdades e limitar o desenvolvimento pleno dos estudantes. Já a avaliação formativa, compreendida como processo contínuo de observação, feedback e regulação das aprendizagens, emerge como estratégia essencial para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem, conforme argumentam Hoffmann (2014), Hadji (2001) e Scriven (1967). A Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017) reforça a necessidade de práticas avaliativas alinhadas ao desenvolvimento de competências e habilidades, exigindo que professores adotem metodologias mais interativas e dialógicas. Nesse contexto, a avaliação deve ser parte integrante do processo de ensino, não um momento isolado, voltado exclusivamente à atribuição de notas. Trabalhos como os de Looney (2011) e Sadler (1989) sugerem que a integração entre avaliação formativa e somativa pode criar sistemas mais coerentes, capazes de apoiar tanto a aprendizagem quanto a certificação, desde que cada abordagem seja utilizada com clareza de objetivos. Um contexto discutido pelos autores é a relação entre avaliação e inclusão. A perspectiva formativa possibilita maior atenção às diferenças individuais e aos ritmos de aprendizagem, favorecendo a equidade. Além disso, práticas como a avaliação comparativa de julgamentos, destacada por Jones, Swan e Pollit (2015), e os desafios de sala de aula do Mathematics Assessment Project (2013) oferecem exemplos concretos de como a avaliação pode promover engajamento, reflexão crítica e tomada de decisão pedagógica fundamentada. O artigo também ressalta a importância da formação docente para uma prática avaliativa transformadora. Os professores precisam compreender os objetivos e os instrumentos da avaliação, desenvolver competências de análise de evidências de aprendizagem e promover feedbacks construtivos e contínuos. Para isso, obras como as de Ponte (2014), Luckesi (2011) e Leal (1992) contribuem com fundamentos teóricos e práticos sobre o papel da avaliação no cotidiano escolar. O caminho para uma prática avaliativa mais significativa e inclusiva exige uma mudança de paradigma: da lógica da verificação para a lógica da compreensão e do acompanhamento do processo educativo. A avaliação deve ser instrumento de diálogo, reflexão e promoção da aprendizagem — não de exclusão. Sua função reguladora e emancipadora só será possível com políticas educacionais consistentes, investimento na formação docente e uma cultura escolar que valorize a aprendizagem em sua totalidade. Palavras-chave: Avaliação formativa; avaliação somativa; aprendizagem significativa; inclusão escolar; práticas pedagógicas; feedback; regulação da aprendizagem. AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 2 FORMATIVE AND SUMMATIVE ASSESSMENT IN CONTEMPORARY EDUCATION: PATHS TOWARD AN EVALUATIVE PRACTICE THAT PROMOTES MEANINGFUL LEARNING AND INCLUSION. Simone Helen Drumond Ischkanian Gladys Nogueira Cabral Sandro Garabed Ischkanian Priscilla Nayane Magalhães Ribeiro dos Santos Giane Demo Silvana Nascimento de Carvalho The assessment of student learning has assumed a central role in contemporary educational debates, especially in response to the demands for a more inclusive, equitable, and meaningful education. This article critically analyzes the models of formative and summative assessment, highlighting their theoretical foundations, pedagogical purposes, and implications for teaching practice. Drawing on an extensive review of the literature, the authors propose pathways to integrate these approaches in order to strengthen the formative function of assessment and overcome reductionist and exclusionary practices. Summative assessment, traditionally focused on certification and the measurement of outcomes, remains widely used in Brazilian schools. However, studies by Harlen (1997, 2005) and Perrenoud (1999, 2001) show that its exclusive use tends to reinforce inequalities and limit the full development of students. In contrast, formative assessment—understood as a continuous process of observation, feedback, and regulation of learning—emerges as an essential strategy for improving the quality of teaching and learning, as argued by Hoffmann (2014), Hadji (2001), and Scriven (1967). The Brazilian National Common Curricular Base (BNCC, 2017) reinforces the need for assessment practices aligned with the development of competencies and skills, demanding that teachers adopt more interactive and dialogical methodologies. In this context, assessment should be an integral part of the teaching process, not an isolated moment focused solely on grading. Research by Looney (2011) and Sadler (1989) suggests that the integration of formative and summative assessment can create more coherent systems that support both learning and certification, provided that each approach is applied with clear objectives. One of the contexts discussed by the authors is the relationship between assessment and inclusion. The formative perspective allows for greater attention to individual differences and learning rhythms, thereby promoting equity. Additionally, practices such as comparative judgment assessment, highlighted by Jones, Swan, and Pollit (2015), and the classroom challenges proposed by the Mathematics Assessment Project (2013), provide concrete examples of how assessment can foster engagement, critical reflection, and informed pedagogical decision-making. The article also emphasizes the importance of teacher training for a transformative assessment practice. Educators must understand the purposes and tools of assessment, develop skills to analyze evidence of student learning, and provide continuous, constructive feedback. Works by Ponte (2014), Luckesi (2011), and Leal (1992) offer both theoretical and practical foundations for understanding the role of assessment in the school context. The path to a more meaningful and inclusive assessment practice requires a paradigm shift: from the logic of verification to the logic of understanding and monitoring the educational process. Assessment should be a tool for dialogue, reflection, and the promotion of learning—not exclusion. Its regulatory and emancipatory function will only be possible through consistent educational policies, investment in teacher education, and a school culture that values comprehensive learning. Keywords: Formative assessment; summative assessment; meaningful learning; school inclusion; pedagogical practices; feedback; learning regulation. AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 3 EVALUACIÓN FORMATIVA Y SUMATIVA EN LA EDUCACIÓN CONTEMPORÁNEA:CAMINOS HACIA UNA PRÁCTICA EVALUATIVA QUE PROMUEVA EL APRENDIZAJE SIGNIFICATIVO Y LA INCLUSIÓN. Simone Helen Drumond Ischkanian Gladys Nogueira Cabral Sandro Garabed Ischkanian Priscilla Nayane Magalhães Ribeiro dos Santos Giane Demo Silvana Nascimento de Carvalho La evaluación del aprendizaje ha asumido un papel central en los debates educativos contemporáneos, especialmente ante las exigencias de una educación más inclusiva, equitativa y promotora de aprendizajes significativos. Este artículo analiza críticamente los modelos de evaluación formativa y sumativa, destacando sus fundamentos teóricos, propósitos pedagógicos e implicaciones en la práctica docente. A partir de una extensa revisión de la literatura, los autores proponen caminos para integrar ambos enfoques con el fin de fortalecer la función formativa de la evaluación y superar prácticas reduccionistas y excluyentes. La evaluación sumativa, tradicionalmente orientada a la certificación y la medición de resultados, aún se utiliza ampliamente en las escuelas brasileñas. Sin embargo, estudios como los de Harlen (1997, 2005) y Perrenoud (1999, 2001) demuestran que su uso exclusivo tiende a reforzar desigualdades y limitar el desarrollo pleno del estudiante. Por otro lado, la evaluación formativa, comprendida como un proceso continuo de observación, retroalimentación y regulación del aprendizaje, emerge como una estrategia esencial para mejorar la calidad de la enseñanza y del aprendizaje, como argumentan Hoffmann (2014), Hadji (2001) y Scriven (1967). La Base Nacional Común Curricular (BRASIL, 2017) refuerza la necesidad de prácticas evaluativas alineadas con el desarrollo de competencias y habilidades, exigiendo que los docentes adopten metodologías más interactivas y dialógicas. En este contexto, la evaluación debe formar parte integral del proceso de enseñanza, y no ser un momento aislado dedicado exclusivamente a la asignación de calificaciones. Investigaciones como las de Looney (2011) y Sadler (1989) sugieren que la integración de la evaluación formativa y sumativa puede generar sistemas más coherentes, capaces de apoyar tanto el aprendizaje como la certificación, siempre que cada enfoque sea utilizado con claridad de objetivos. Un aspecto discutido por los autores es la relación entre evaluación e inclusión. La perspectiva formativa permite mayor atención a las diferencias individuales y a los ritmos de aprendizaje, favoreciendo la equidad. Además, prácticas como la evaluación comparativa por juicio, destacada por Jones, Swan y Pollit (2015), y los desafíos en el aula del Mathematics Assessment Project (2013), ofrecen ejemplos concretos de cómo la evaluación puede fomentar la participación, la reflexión crítica y la toma de decisiones pedagógicas fundamentadas. El artículo también resalta la importancia de la formación docente para una práctica evaluativa transformadora. Los docentes necesitan comprender los objetivos e instrumentos de evaluación, desarrollar competencias para analizar evidencias de aprendizaje y ofrecer retroalimentaciones constructivas y continuas. Para ello, obras como las de Ponte (2014), Luckesi (2011) y Leal (1992) aportan bases teóricas y prácticas sobre el papel de la evaluación en la vida escolar cotidiana. El camino hacia una práctica evaluativa más significativa e inclusiva requiere un cambio de paradigma: de la lógica de la verificación a la lógica de la comprensión y del acompañamiento del proceso educativo. La evaluación debe ser una herramienta de diálogo, reflexión y promoción del aprendizaje —no de exclusión. Su función reguladora y emancipadora solo será posible mediante políticas educativas coherentes, inversión en la formación docente y una cultura escolar que valore el aprendizaje en su totalidad. Palabras clave: Evaluación formativa; evaluación sumativa; aprendizaje significativo; inclusión escolar; prácticas pedagógicas; retroalimentación; regulación del aprendizaje. AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 4 1. INTRODUÇÃO A avaliação formativa e a avaliação somativa cumprem funções distintas, porém complementares, no cenário educacional atual, visando fomentar uma aprendizagem significativa e inclusiva. A avaliação formativa ocorre ao longo do processo de ensino-aprendizagem e tem como objetivo principal fornecer um feedback contínuo para os estudantes, ajudando-os a reconhecer suas fortalezas e pontos a melhorar, além de ajustar suas estratégias de estudo. Por sua vez, a avaliação somativa é aplicada geralmente ao término de uma etapa ou unidade curricular, com o propósito de mensurar o resultado final da aprendizagem, atribuindo notas e certificando o cumprimento de objetivos específicos. Quando integradas de maneira estratégica, ambas as avaliações colaboram para uma prática mais justa e inclusiva, favorecendo o desenvolvimento integral dos alunos. Avaliação Formativa: Foco: Acompanhar o progresso do aluno, detectar dificuldades e oferecer suporte personalizado para aprimorar o processo de aprendizagem. Características: Emprega diversos instrumentos, como observação contínua, participação ativa, trabalhos individuais e em grupo, além de feedbacks constantes que permitem ajustes pedagógicos durante o percurso. Objetivo: Estimular a melhoria progressiva do aprendizado, promovendo o desenvolvimento das habilidades e competências dos estudantes. Benefícios: Possibilita ao professor intervenções pedagógicas mais precisas e direcionadas às necessidades específicas de cada aluno. Avaliação Somativa: Foco: Avaliar o desempenho final do estudante, por meio da atribuição de notas e da certificação do domínio dos conteúdos. Características: Utiliza provas, testes padronizados e outros instrumentos formais para medir o conhecimento e as habilidades adquiridas. Objetivo: Confirmar o grau de aprendizado e permitir comparações entre estudantes, servindo de base para decisões sobre a progressão acadêmica. Benefícios: Oferece uma visão geral do desempenho coletivo, auxiliando na identificação de áreas que requerem reforço ou recuperação. Integração entre Avaliação Formativa e Somativa: AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 5 A combinação dessas duas abordagens é essencial para uma avaliação eficaz e equilibrada. A avaliação formativa fornece informações detalhadas e contínuas sobre o processo de aprendizagem, permitindo que o professor ajuste suas práticas e ofereça um suporte individualizado. Já a avaliação somativa, ao final do ciclo, avalia os resultados obtidos e orienta o planejamento futuro das ações pedagógicas. Essa articulação torna o ambiente educacional mais dinâmico, valorizando tanto o processo quanto o resultado e contribuindo para o desenvolvimento integral dos alunos. Caminhos para uma prática Avaliativa Inclusiva: Para que a avaliação seja inclusiva, é fundamental reconhecer a diversidade dos estudantes, considerando seus diferentes estilos, ritmos e necessidades. Algumas estratégias importantes incluem: Diversificar os instrumentos de avaliação, usando métodos variados como portfólios, projetos e observação, para atender às particularidades dos alunos. Flexibilizar as atividades e os critérios avaliativos, adaptando-os para respeitar as diferentes habilidades e velocidades de aprendizagem. Incentivar a participação ativa dos alunos na avaliação, promovendo a autoavaliação e o feedback entre pares. Valorizar o esforço e o progresso individual, reconhecendo avanços pessoais independentemente do desempenho final. Ao adotar essa postura mais ampla e sensível, a avaliação deixa de ser um mero instrumento de medição para tornar-se um recurso poderoso na promoção de uma aprendizagem significativa e no desenvolvimento pleno de todos os estudantes. 2. DESENVOLVIMENTO A avaliação da aprendizagem ocupaum papel central na educação contemporânea, especialmente em um cenário em que se buscam práticas pedagógicas mais inclusivas, equitativas e orientadas para o desenvolvimento integral dos estudantes. Tradicionalmente vista como instrumento de verificação de resultados e atribuição de notas, a avaliação passou, nas últimas décadas, por profundas transformações conceituais e metodológicas, impulsionadas por debates acadêmicos, políticas públicas e novas demandas sociais. Nesse contexto, as abordagens formativa e somativa assumem relevância particular, uma vez que representam concepções distintas — porém complementares — sobre o papel da avaliação no processo de ensino-aprendizagem. A avaliação somativa, ainda amplamente utilizada nas escolas, cumpre uma função certificadora e seletiva, oferecendo um retrato final do desempenho do aluno com base em parâmetros fixos e quantitativos. Seu uso exclusivo, contudo, tem sido objeto de críticas, por AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 6 contribuir com práticas excludentes, que muitas vezes reforçam desigualdades sociais e ignoram os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem. Por outro lado, a avaliação formativa propõe uma mudança de paradigma, ao entender o ato de avaliar como parte integrante da ação pedagógica, orientada para o acompanhamento contínuo da aprendizagem e para a promoção de intervenções didáticas significativas. Torna-se urgente refletir sobre como articular essas duas modalidades de avaliação de forma a potencializar seus benefícios e minimizar suas limitações. A literatura especializada aponta para a necessidade de uma prática avaliativa que vá além da mera mensuração de resultados, adotando uma postura reguladora e formativa que promova o desenvolvimento cognitivo, social e emocional dos alunos. Essa prática requer do professor um papel ativo como mediador da aprendizagem, capaz de interpretar evidências, oferecer feedbacks construtivos e adaptar sua intervenção pedagógica às necessidades do grupo. A avaliação precisa estar alinhada aos princípios da inclusão escolar, respeitando as singularidades dos estudantes e oferecendo condições equitativas para que todos aprendam com qualidade. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ao destacar a importância das competências e habilidades no processo educacional, reforça essa visão integrada e dinâmica da avaliação. A construção de uma cultura avaliativa mais humanizada, dialógica e orientada para a aprendizagem requer investimento na formação docente, mudanças institucionais e o compromisso com uma educação mais democrática e significativa. Discutir a avaliação formativa e somativa no contexto atual não se trata apenas de rever técnicas ou instrumentos, mas de repensar profundamente os fundamentos que sustentam a prática pedagógica. Avaliar vai muito além de medir resultados ou atribuir notas: trata-se de um ato político, ético e pedagógico, cuja intencionalidade pode impulsionar transformações reais no cenário educacional. Em 2025, diante dos desafios complexos enfrentados pelas escolas — como as desigualdades educacionais, a necessidade de inclusão efetiva e a valorização da aprendizagem significativa — o debate sobre avaliação ganha ainda mais urgência e relevância. Autoras como Simone Helen Drumond Ischkanian e Gladys Nogueira Cabral têm ressaltado que uma prática avaliativa coerente deve estar enraizada em princípios de equidade, escuta ativa e respeito à diversidade dos estudantes. Para elas, a avaliação precisa dialogar com os projetos de vida dos alunos, valorizando suas trajetórias, saberes prévios e contextos socioculturais. Sandro Garabed Ischkanian, por sua vez, enfatiza que a avaliação deve assumir seu papel formador e humanizador, superando a lógica classificatória e punitiva que ainda prevalece em muitas escolas. Ele defende uma avaliação que se coloque a serviço do processo educativo, como instrumento de mediação, diagnóstico e emancipação. AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 7 A autora Priscilla Nayane Magalhães Ribeiro dos Santos contribui com a perspectiva da escuta pedagógica e do feedback formativo como elementos centrais para promover o engajamento dos estudantes. Em seus estudos, ela propõe estratégias que favoreçam a autonomia discente, incentivando o protagonismo estudantil e a corresponsabilidade no processo avaliativo. Segundo Giane Demo ao debate a urgência de políticas públicas que assegurem condições para que a avaliação formativa se concretize na prática, com formação continuada para os docentes, tempo pedagógico adequado e cultura institucional voltada ao desenvolvimento integral do aluno. Sua visão articula o micro e o macro da educação, evidenciando a necessidade de coerência entre diretrizes curriculares e práticas de sala de aula. Já Silvana Nascimento de Carvalho destaca que a avaliação inclusiva deve considerar as singularidades dos estudantes com deficiência, transtornos de aprendizagem e diferentes estilos cognitivos, defendendo abordagens avaliativas que garantam acessibilidade, justiça educacional e pertencimento. Os autores aqui reunidos reafirmam que a avaliação, quando concebida como prática reflexiva, dialógica e transformadora, pode promover a construção de uma escola mais justa, democrática e comprometida com o sucesso de todos os estudantes. O caminho para essa transformação passa pela valorização da avaliação como ferramenta de escuta, intervenção e reconstrução do processo educativo, em sintonia com as demandas contemporâneas e com os princípios de uma educação verdadeiramente humanizadora. 2.1. DIFERENÇAS E COMPLEMENTARIDADES ENTRE AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA A avaliação da aprendizagem é um dos pilares do processo educativo e pode assumir diferentes funções, dependendo da abordagem adotada. Dentre os modelos mais discutidos na literatura educacional contemporânea estão a avaliação somativa e a avaliação formativa, que, embora distintas em seus propósitos, podem e devem ser complementares quando integradas de maneira equilibrada e consciente. A avaliação somativa é tradicionalmente associada à mensuração de resultados e à certificação do desempenho dos estudantes ao final de um processo de ensino. Segundo Harlen (1997, p. 366), esse tipo de avaliação tem como função principal "julgar e registrar os resultados da aprendizagem ao término de um ciclo ou unidade", sendo frequentemente utilizada para decisões de promoção, classificação ou aprovação. Ela se apresenta, portanto, como uma ferramenta de caráter mais quantitativo, baseada na atribuição de notas ou conceitos. A avaliação formativa é concebida como um processo contínuo, interativo e integrado à prática pedagógica, cuja finalidade é promover a aprendizagem por meio da observação, análise de AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 8 evidências e devolutivas construtivas (feedbacks). Hadji (2001, p. 49) ressalta que a avaliação formativa "não se destina a verificar o que foi retido, mas a alimentar o processo de ensino e aprendizagem com informações que permitam sua reorientação". Nesse sentido, a avaliação formativa é processual, diagnóstica e voltada para a melhoria contínua. Tabela 1: Avaliação formativa e somativa na educação contemporânea. Autor (2025) Tópico de Contribuição Simone Helen Drumond Ischkanian Conceituação e finalidades de cada tipo de avaliação Gladys Nogueira Cabral A avaliação somativa como ferramenta de certificação e mensuração de resultados Sandro Garabed Ischkanian A avaliação formativa como processo contínuo de apoio à aprendizagem Priscilla Nayane Magalhães Ribeiro dos Santos A importância da integração equilibrada entre avaliação formativa e somativa Giane Demo A avaliação como instrumento de justiça e inclusão educacional Silvana Nascimento de Carvalho Dimensões éticase pedagógicas da avaliação como prática transformadora Fonte: ISCHKANIAN, Simone Helen Drumond; CABRAL, Gladys Nogueira; ISCHKANIAN, Sandro Garabed; SANTOS, Priscilla Nayane Magalhães Ribeiro dos; DEMO, Giane; CARVALHO, Silvana Nascimento de, 2025. Simone Helen Drumond Ischkanian: Conceituação e finalidades de cada tipo de avaliação. Drumond Ischkanian (2025) defende que compreender os conceitos de avaliação formativa e somativa é essencial para o planejamento pedagógico coerente. A avaliação somativa tem como principal finalidade a verificação de resultados ao final de uma etapa do processo educativo, enquanto a formativa se propõe a acompanhar e apoiar o desenvolvimento do estudante de forma contínua. Ischkanian (2025) argumenta que “a avaliação deve ser compreendida como parte orgânica da prática pedagógica, e não como um evento isolado do processo de ensino”. Gladys Nogueira Cabral: A avaliação somativa como ferramenta de certificação e mensuração de resultados. Cabral (2025) analisa criticamente o uso tradicional da avaliação somativa nas escolas, destacando seu papel histórico de controle e exclusão. Contudo, reconhece sua importância quando usada de forma transparente, com critérios claros e alinhados às competências esperadas. Para a autora, “avaliar para certificar não pode significar punir ou excluir, mas sim reconhecer os avanços e orientar as decisões pedagógicas com base em evidências” (Cabral, 2025). Sandro Garabed Ischkanian: A avaliação formativa como processo contínuo de apoio à aprendizagem. Ischkanian (2025) enfatiza a avaliação formativa como prática centrada na aprendizagem significativa, no feedback contínuo e na autorregulação dos estudantes. A prática formativa é um “olhar pedagógico atento às trajetórias de cada aluno, oferecendo suporte AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 9 personalizado e contextualizado ao seu desenvolvimento”, destaca o autor. Seu trabalho contribui com estratégias concretas para incorporar a avaliação formativa no cotidiano escolar. Priscilla Nayane Magalhães Ribeiro dos Santos: A importância da integração equilibrada entre ambas. A autora propõe que uma avaliação eficaz deve integrar, de maneira reflexiva, tanto aspectos formativos quanto somativos. Segundo Santos (2025), “a complementaridade entre essas abordagens permite que a escola cumpra sua função de ensinar e também de reconhecer as conquistas dos estudantes”. Ela reforça que a clareza dos objetivos pedagógicos é essencial para que a integração seja bem-sucedida e beneficie todos os envolvidos no processo educativo. Giane Demo: A avaliação como instrumento de justiça e inclusão educacional Demo (2025) traz à tona a importância da avaliação como promotora de equidade. Ao considerar os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem, a autora defende que “avaliar é também um ato político e social, que deve buscar garantir o direito de aprender para todos”. Sua análise propõe práticas avaliativas que considerem o contexto dos alunos, ampliando as possibilidades de participação e sucesso escolar. Silvana Nascimento de Carvalho: Dimensões éticas e pedagógicas da avaliação como prática transformadora. Carvalho (2025) aborda a avaliação a partir de seus fundamentos éticos. Para a autora, avaliar não é apenas mensurar, mas refletir sobre o compromisso com a aprendizagem e com o desenvolvimento humano. “A avaliação ética é aquela que promove autonomia, escuta ativa e respeito às diferenças”, argumenta. Sua contribuição reforça a necessidade de políticas formativas para docentes e de uma cultura escolar mais sensível e reflexiva. As finalidades distintas de cada modelo não devem ser vistas como excludentes. Pelo contrário, diversos autores defendem a necessidade de integração entre as abordagens, desde que cada uma seja aplicada com clareza quanto aos seus objetivos pedagógicos. Harlen (2006, p. 62) argumenta que "o uso combinado da avaliação formativa e somativa pode fortalecer tanto a aprendizagem quanto a certificação, desde que as funções não se confundam e se respeitem suas especificidades". No mesmo sentido, Figari e Remaud (2014, p. 95) destacam que "uma prática avaliativa equilibrada exige que o professor saiba quando e como utilizar cada forma de avaliação, reconhecendo seus limites e possibilidades". A avaliação somativa pode oferecer uma visão global dos resultados obtidos, enquanto a avaliação formativa permite acompanhar o progresso e adaptar intervenções pedagógicas ao longo do tempo. A Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017, p. 70) também reforça essa perspectiva ao orientar que "a avaliação deve ser utilizada como ferramenta pedagógica voltada à AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 10 aprendizagem, com práticas que incluam tanto momentos diagnósticos quanto somativos", respeitando os ritmos e as necessidades de cada estudante. Estudos como o de Foster e Noyce (2004) demonstram que sistemas avaliativos que integram aspectos formativos, por meio de tarefas abertas e avaliações de desempenho, contribuem significativamente para o aprimoramento da prática docente e o engajamento dos estudantes na construção do conhecimento. Essas práticas, ao mesmo tempo que informam sobre os resultados, oferecem subsídios para que o professor ajuste o ensino e para que o aluno tome consciência de seu próprio processo de aprendizagem. Compreender as diferenças e complementaridades entre avaliação formativa e somativa é essencial para promover uma educação que, além de mensurar, realmente ensine e transforme. A articulação entre essas abordagens, como indicam Harlen (2005), Hadji (2001) e a BNCC (2017), é o caminho mais promissor para construir práticas avaliativas mais justas, inclusivas e centradas na aprendizagem. 2.2. A FUNÇÃO FORMATIVA DA AVALIAÇÃO NA PROMOÇÃO DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA A avaliação na contemporaneidade deve ser entendida como parte integrante do processo pedagógico, e não apenas como um momento isolado de verificação de conhecimentos. Nesse sentido, sua função formativa destaca-se por contribuir para a promoção de uma aprendizagem significativa, atuando de modo contínuo no acompanhamento e regulação do desenvolvimento dos estudantes. Como destaca Santos (2011, p. 156), “a avaliação formativa pressupõe o uso sistemático das informações coletadas para ajustar estratégias de ensino e apoiar o progresso individual dos alunos”, enfatizando a importância de um processo avaliativo que transcenda a simples atribuição de notas. Para que a avaliação cumpra sua função formativa, é essencial a utilização de estratégias de feedback constante, que ofereçam aos estudantes orientações claras e construtivas para o aprimoramento de suas aprendizagens. Shepard (2001, p. 1073) destaca que “o feedback eficaz deve ser específico, oportuno e focado em aspectos que possam ser melhorados, criando um ambiente de aprendizagem colaborativo”. O uso pedagógico das evidências de aprendizagem possibilita aos professores identificar dificuldades e potencialidades, promovendo intervenções educativas mais precisas e adequadas (Shavelson et al., 2008, p. 300). É fundamental destacar a avaliação formativa é seu papel no desenvolvimento de competências e habilidades, uma vez que a regulação contínua da aprendizagem estimula a autonomia e o pensamento crítico dos estudantes. Scriven (1967, p. 123) já ressaltava que “a avaliação deve servir para fornecer informações que permitam aos alunos e professores tomarem AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 11 decisões educacionais informadas, fortalecendo o processo de ensino-aprendizagem”. Neste contexto, a avaliação formativa atua como um instrumento de regulação que ajuda a criar condições para que os estudantes construam conhecimentos de forma ativa e reflexiva. A função formativa da avaliaçãonão apenas enriquece o processo educativo, mas também contribui diretamente para a efetivação de uma educação mais significativa e inclusiva. Essa abordagem entende a avaliação como um componente essencial e contínuo do processo de ensino-aprendizagem, que ultrapassa o simples ato de medir ou classificar o desempenho dos estudantes. Ela atua como uma ferramenta de diagnóstico, monitoramento e regulação, permitindo que professores e alunos identifiquem juntos os pontos fortes, as dificuldades e as possibilidades de melhoria ao longo da trajetória educacional. Ao valorizar as singularidades, os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem, bem como as necessidades específicas de cada estudante, a avaliação formativa promove uma compreensão mais profunda do desenvolvimento integral do aluno — que abrange não só os aspectos cognitivos, mas também emocionais, sociais e culturais. Essa perspectiva contribui para a construção de práticas pedagógicas mais flexíveis, dialógicas e centradas no estudante, possibilitando a adaptação das estratégias de ensino e a oferta de intervenções mais adequadas a cada contexto. Dessa forma, a avaliação deixa de ser um momento isolado e pontual, transformando-se em um processo interativo e reflexivo que incentiva a autoavaliação e o desenvolvimento da autonomia do aprendiz. Além disso, ao propiciar feedbacks contínuos e construtivos, a avaliação formativa favorece a motivação, o engajamento e o protagonismo do estudante, elementos fundamentais para a construção de aprendizagens significativas. No âmbito da inclusão, a função formativa da avaliação desempenha um papel ainda mais relevante, uma vez que permite a consideração das diferenças individuais e culturais, respeitando as múltiplas formas de aprender e expressar conhecimentos. Ela abre espaço para a valorização da diversidade, contribuindo para reduzir desigualdades educacionais e para a promoção da equidade, já que propicia ajustes pedagógicos que atendem às necessidades específicas de cada aluno, garantindo que todos tenham acesso às oportunidades de desenvolvimento pleno. Assim, a avaliação formativa está diretamente ligada à construção de uma escola democrática, que acolhe e respeita a pluralidade dos saberes e das experiências dos estudantes, comprometida com a formação de cidadãos críticos, conscientes e capazes de atuar de forma efetiva na sociedade. A função formativa da avaliação não deve ser vista apenas como um complemento ao processo avaliativo tradicional, mas como um eixo estruturante das práticas educativas que orienta e transforma o ensino e a aprendizagem. A implementação efetiva dessa função exige, contudo, investimento na formação continuada dos professores, na construção de instrumentos adequados e na criação de uma cultura escolar que valorize a avaliação como um processo fundamental para a AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 12 melhoria da qualidade da educação e para a promoção do desenvolvimento humano em sua totalidade. 2.3. AVALIAÇÃO E INCLUSÃO: PROMOVENDO EQUIDADE NA EDUCAÇÃO A avaliação formativa se destaca como um importante instrumento para atender às diferenças individuais presentes no processo educativo, promovendo uma abordagem que respeita os ritmos e estilos diversos de aprendizagem dos estudantes. Segundo Harlen e Gardner (2010, p. 20), “a avaliação que apoia a aprendizagem deve considerar as particularidades de cada aluno, permitindo adaptações pedagógicas que garantam o progresso efetivo e inclusivo de todos”. Essa perspectiva reconhece a avaliação não apenas como um mecanismo de verificação, mas como uma ferramenta essencial para promover justiça educacional, combatendo práticas excludentes e contribuindo para a equidade no ambiente escolar. Hoffmann (2014) reforça que a avaliação deve “funcionar como uma seta que orienta o caminho do aprendizado, adaptando-se às necessidades dos alunos e favorecendo a construção de conhecimentos significativos” (p. 58). Práticas inovadoras no campo da avaliação educacional, como a avaliação comparativa de julgamentos apresentada por Jones, Swan e Pollit (2015, p. 162), representam um avanço significativo na forma de compreender e aplicar processos avaliativos que promovam o engajamento dos estudantes e estimulem a reflexão crítica. Essa metodologia, ao incentivar a comparação e análise de diferentes soluções ou respostas, permite que os alunos se posicionem de maneira ativa diante do próprio aprendizado, desenvolvendo habilidades metacognitivas e o pensamento crítico. A avaliação deixa de ser um simples instrumento para medir o que foi aprendido, tornando-se um espaço para o diálogo e a construção coletiva do conhecimento. Isso é particularmente relevante em contextos educativos que buscam valorizar a diversidade, pois reconhece as múltiplas formas de pensar e resolver problemas, afastando-se de um padrão único e rígido que muitas vezes exclui estudantes cujos estilos e ritmos de aprendizagem não se enquadram em modelos tradicionais. Leal (1992, p. 45) reforça essa perspectiva ao destacar que a avaliação inserida em contextos de inovação curricular precisa promover aprendizagens que respeitem e valorizem a diversidade dos alunos, rompendo com modelos homogêneos e excludentes. Essa visão implica uma mudança paradigmática na forma como os processos avaliativos são concebidos e implementados, priorizando uma abordagem centrada no aluno e na singularidade de seu percurso educacional. Em vez de padronizar os critérios e aplicar um modelo único para todos, a avaliação deve considerar as especificidades culturais, sociais e cognitivas de cada estudante, reconhecendo que a diversidade é um elemento enriquecedor para a construção do conhecimento coletivo. Esse AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 13 modelo inovador contribui para a criação de ambientes educativos mais inclusivos, nos quais todos os alunos se sintam valorizados e motivados a participar de forma plena e autônoma. Tabela 2: A avaliação deve considerar as especificidades culturais. Tema Autor Fundamentação Avaliação Comparativa Simone Helen Drumond Ischkanian Ischkanian (2025) destaca que a avaliação comparativa é uma metodologia inovadora que possibilita a análise aprofundada dos desempenhos dos estudantes a partir de julgamentos críticos, promovendo uma reflexão colaborativa entre educadores que enriquece o processo avaliativo e favorece a melhoria contínua da aprendizagem. Avaliação Formativa Gladys Nogueira Cabral Cabral (2025) argumenta que a avaliação formativa deve ser compreendida como um componente essencial e contínuo do processo pedagógico, atuando como ferramenta para fornecer feedbacks construtivos que auxiliam o estudante a identificar suas dificuldades e a desenvolver estratégias para aprimorar seu desempenho, o que contribui para uma aprendizagem significativa e contextualizada. Avaliação Somativa Sandro Garabed Ischkanian Ischkanian (2025) observa que a avaliação somativa, embora tradicionalmente utilizada para certificação e mensuração dos resultados educacionais, deve ser integrada a outras práticas avaliativas para que seu uso não restrinja o desenvolvimento do aluno, mas sim contribua para o reconhecimento dos avanços alcançados ao final dos ciclos de ensino. Avaliação Interdisciplinar Priscilla Nayane Magalhães Ribeiro dos Santos Ribeiro dos Santos (2025) enfatiza que a avaliação interdisciplinar constitui uma abordagem indispensável na educação contemporânea, pois promove a integração de saberes e competências de diversas áreas do conhecimento, estimulando o pensamento crítico e a resolução de problemas complexos, essenciais para formar cidadãos preparados para os desafios atuais. Avaliação para Inclusão com AdaptaçõesGiane Demo e Silvana Nascimento de Carvalho Demo e Carvalho (2025) defendem que a avaliação inclusiva, com adaptações pedagógicas adequadas, é fundamental para garantir a equidade educacional, pois reconhece as singularidades dos alunos com diferentes necessidades, respeita seus ritmos e estilos de aprendizagem, e assegura que todos tenham oportunidades reais de demonstrar seu conhecimento e potencial. Fonte: ISCHKANIAN, Simone Helen Drumond; CABRAL, Gladys Nogueira; ISCHKANIAN, Sandro Garabed; SANTOS, Priscilla Nayane Magalhães Ribeiro dos; DEMO, Giane; CARVALHO, Silvana Nascimento de, 2025. A incorporação dessas práticas inovadoras no cotidiano escolar tem o potencial de transformar não apenas a relação do aluno com o conhecimento, mas também a postura do professor em relação à avaliação. Os educadores passam a assumir um papel mais reflexivo e mediador, utilizando os resultados avaliativos não como fins em si mesmos, mas como ferramentas para orientar o processo de ensino-aprendizagem de maneira contínua e adaptativa. Essa mudança exige formação adequada e comprometimento, pois é necessário desenvolver AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 14 competências para interpretar as evidências de aprendizagem de forma crítica e sensível às necessidades individuais dos estudantes. A avaliação comparativa de julgamentos e outras práticas inovadoras contribuem para o fortalecimento de uma educação inclusiva, que reconhece a diversidade como um valor e um princípio orientador da ação pedagógica. A avaliação formativa revela-se indispensável para a construção de uma escola que efetivamente promova a equidade e a inclusão, pois ela transcende a simples verificação do aprendizado para atuar como um instrumento dinâmico e contínuo de acompanhamento e apoio ao processo educativo. Diferentemente da avaliação somativa, que tradicionalmente se concentra na mensuração final do desempenho dos alunos, a avaliação formativa foca na identificação das necessidades, dificuldades e potencialidades de cada estudante ao longo do percurso de aprendizagem. Essa abordagem possibilita intervenções pedagógicas oportunas e personalizadas, que respeitam os diferentes ritmos, estilos e contextos de aprendizagem, assegurando que todos os alunos tenham condições reais de desenvolver suas competências e habilidades. Dessa forma, a avaliação formativa contribui para reduzir desigualdades educacionais e superar barreiras que frequentemente excluem alunos com diferentes características e demandas específicas. A avaliação formativa fortalece a participação ativa dos estudantes no próprio processo de aprendizagem, promovendo a autonomia e a construção de uma consciência crítica sobre seu progresso. Ao receber feedbacks constantes e direcionados, os alunos são convidados a refletir sobre suas práticas, identificar pontos a melhorar e estabelecer metas realistas, o que favorece um engajamento mais profundo e significativo. Esse processo dialogado entre professor e aluno reforça a confiança e o sentimento de pertencimento, elementos fundamentais para a inclusão escolar. A escola, assim, deixa de ser um espaço onde apenas se mede o que o aluno já sabe, para se tornar um ambiente de suporte e desenvolvimento integral, onde a diversidade é valorizada como parte essencial do processo educativo. A avaliação formativa, ao ser incorporada como prática regular e integrada ao cotidiano escolar, exige uma mudança cultural tanto na gestão da escola quanto na atuação dos educadores. Os professores precisam estar preparados para interpretar os dados avaliativos de forma crítica, utilizar estratégias pedagógicas diversificadas e promover ambientes de aprendizagem que atendam às particularidades de cada estudante. A formação continuada, o apoio institucional e políticas públicas que incentivem essa prática são elementos imprescindíveis para consolidar a avaliação formativa como ferramenta de transformação social. Somente com um compromisso coletivo e estruturado será possível construir uma escola que realmente reflita os princípios da equidade e da inclusão, assegurando que a avaliação contribua para o sucesso e a realização de todos os alunos. AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 15 2.4. DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA PRÁTICA AVALIATIVA NAS ESCOLAS A prática avaliativa nas escolas contemporâneas enfrenta diversos desafios que dificultam a superação de modelos tradicionais e reducionistas, muitas vezes baseados exclusivamente na mensuração quantitativa e na certificação de resultados, sem considerar o desenvolvimento integral do aluno. Essa persistência é reflexo de barreiras estruturais, culturais e formativas que permeiam o sistema educacional e influenciam a formação de professores, as políticas públicas e as próprias práticas cotidianas em sala de aula (Luckesi, 2011, p. 48-52). Looney (2011, p. 15) destaca que a integração entre avaliação formativa e somativa é ainda um desafio para muitos sistemas educacionais, que necessitam avançar rumo a uma prática avaliativa mais coerente e contínua, capaz de apoiar tanto o aprendizado quanto a certificação. Simone Helen Drumond Ischkanian, Gladys Nogueira Cabral, Sandro Garabed Ischkanian, Priscilla Nayane Magalhães Ribeiro dos Santos, Giane Demo e Silvana Nascimento de Carvalho (2025) destacam que a persistência de práticas avaliativas tradicionais e reducionistas nas escolas contemporâneas revela uma dificuldade estrutural e cultural que impede a efetiva transformação dos processos pedagógicos, uma vez que essas práticas ainda privilegiam a mensuração superficial dos resultados em detrimento de uma compreensão mais ampla e formativa da aprendizagem, limitando o potencial emancipatório da avaliação. Segundo Ischkanian et al. (2025), as barreiras estruturais e formativas, como a rigidez dos currículos, a falta de preparo docente e a resistência cultural a novas metodologias, configuram obstáculos significativos à adoção de práticas avaliativas inovadoras e integradoras, exigindo um esforço coordenado que envolva políticas públicas, formação continuada e a construção de uma cultura escolar mais aberta ao diálogo e à reflexão crítica. Os autores (2025) destacam com ênfase exemplos concretos de boas práticas avaliativas que têm se mostrado eficazes na transformação do processo de avaliação escolar, dentre as quais se destaca o Mathematics Assessment Project (MAP). Essa iniciativa propõe atividades formativas que são ao mesmo tempo desafiadoras e profundamente contextualizadas, permitindo que os estudantes se envolvam em problemas reais e significativos que favorecem o desenvolvimento do pensamento crítico, da resolução de problemas e da compreensão conceitual em matemática. Ao articular avaliação e ensino, o MAP não apenas mensura o desempenho, mas também funciona como uma ferramenta contínua de aprendizado, onde os erros e dificuldades são usados como pontos de partida para intervenções pedagógicas ajustadas às necessidades individuais de cada aluno. Essa abordagem reforça a ideia de que a avaliação deve ser um processo dinâmico e integrador, capaz de promover avanços significativos na aprendizagem, ao invés de se limitar a uma simples verificação de respostas corretas ou incorretas. AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 16 Simone Helen Drumond Ischkanian, Gladys Nogueira Cabral, Sandro Garabed Ischkanian, Priscilla Nayane Magalhães Ribeiro dos Santos, Giane Demo e Silvana Nascimento de Carvalho (2025) destacam ressaltam a avaliação por comparação de julgamentos como outra prática inovadora que rompe com a lógica tradicional da avaliação padronizada e isolada. Essa metodologia envolve a construção coletiva de critérios de avaliação por meio da comparação e discussão de múltiplos exemplos de trabalhos ou respostas dos alunos, promovendoa participação ativa dos educadores e, potencialmente, dos próprios estudantes no processo avaliativo. Essa prática contribui para a criação de padrões mais justos, transparentes e compartilhados, diminuindo a subjetividade e as injustiças que podem ocorrer nas avaliações convencionais. Ao incentivar o diálogo e a reflexão crítica sobre o que deve ser avaliado e como, essa abordagem fortalece a colaboração entre professores e estudantes, promove maior compreensão dos objetivos de aprendizagem e amplia a possibilidade de adaptação das avaliações às diversidades presentes em cada contexto escolar. Os autores (2025) enfatizam que a superação dos modelos tradicionais e restritivos de avaliação é plenamente viável quando se implementam estratégias que colocam o engajamento do estudante no centro do processo avaliativo, promovendo o feedback contínuo como ferramenta essencial para a regulação da aprendizagem. Essa mudança de paradigma valoriza não só o resultado final, mas também o percurso do aluno, reconhecendo suas dificuldades, avanços e singularidades. Além disso, essa visão inclusiva da avaliação contribui para a valorização da diversidade cultural, social e cognitiva presente nas salas de aula, favorecendo a construção de ambientes educacionais mais justos, equitativos e propícios ao desenvolvimento integral dos estudantes. A integração dessas práticas avaliativas inovadoras reflete um compromisso com a democratização do ensino e com a promoção de uma educação que respeita e potencializa as múltiplas formas de aprender. As barreiras culturais também se manifestam na resistência à mudança, especialmente quando as práticas avaliativas são vistas apenas como um momento de verificação final, desconsiderando seu potencial formativo. Lopez (2012, p. 22-26) argumenta que a regulação das aprendizagens em sala de aula exige não apenas novos instrumentos, mas uma mudança profunda no entendimento do papel da avaliação no processo educativo. Nesse sentido, o Mathematics Assessment Project (2013) oferece um exemplo concreto de como práticas inovadoras podem ser incorporadas ao cotidiano escolar, propondo desafios e atividades avaliativas que estimulam a reflexão crítica, o engajamento dos estudantes e a tomada de decisões pedagógicas fundamentadas. A avaliação por comparação de julgamentos, conforme discutido por Looney (2011, p. 30-32), surge como uma alternativa capaz de promover uma avaliação mais justa e inclusiva, ao AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 17 envolver múltiplos avaliadores na análise das produções dos alunos, reduzindo vieses e favorecendo a construção de critérios compartilhados. Essas práticas inovadoras, embora promissoras, ainda encontram resistências estruturais e demandam investimento contínuo na formação docente, na revisão das políticas educacionais e na construção de uma cultura escolar que valorize o processo de aprendizagem em sua totalidade, como ressaltam Perrenoud (1999, p. 66-70) e Pinto e Santos (2006, p. 102-110). 2.5. A FORMAÇÃO DOCENTE E A CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA AVALIATIVA TRANSFORMADORA A formação docente contínua sobre avaliação emerge como um dos pilares fundamentais para a construção de uma cultura avaliativa transformadora nas escolas, conforme evidenciam os estudos de Ponte (2014), que ressaltam a importância de capacitar professores para que compreendam não apenas os instrumentos avaliativos, mas também os processos que envolvem a análise crítica de dados e a construção de feedbacks pedagógicos eficazes. Segundo Ponte (2014, p. 34), “a avaliação deve ser compreendida como uma ferramenta dinâmica e integrada ao processo de ensino-aprendizagem, capaz de orientar decisões pedagógicas que promovam o desenvolvimento integral dos estudantes.” Nesse sentido, a formação deve incentivar os professores a desenvolverem habilidades analíticas para interpretar evidências de aprendizagem de forma qualificada, contribuindo para a adaptação contínua das práticas didáticas às necessidades reais dos alunos. Price et al. (2011) complementam essa visão ao enfatizar a necessidade de uma reflexão crítica sobre as práticas avaliativas vigentes, alertando que muitas abordagens tradicionais ainda persistem devido à falta de preparo e suporte adequados aos professores. Eles argumentam que “sem a formação adequada, a avaliação permanece um instrumento limitado à atribuição de notas, deixando de cumprir seu papel formativo e emancipador” (Price et al., 2011, p. 485). Portanto, investir em formação docente não significa apenas ensinar técnicas, mas fomentar uma mudança de paradigma onde a avaliação seja percebida como parte inseparável da cultura escolar, voltada para o diálogo, a reflexão contínua e o crescimento real dos alunos, consolidando um ambiente educacional mais inclusivo e participativo. A importância de desenvolver competências específicas para a emissão de feedback construtivo é destacada por Pugalee (2004) e Sadler (1989), que apontam que o feedback eficaz não se limita a corrigir erros, mas deve orientar o aluno na autorregulação de sua aprendizagem, promovendo a construção de competências e o desenvolvimento progressivo das habilidades cognitivas. Sadler (1989, p. 130) afirma que “a avaliação formativa, acompanhada de um feedback claro e orientador, constitui um elemento-chave para a criação de sistemas instrucionais que AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 18 respondam às reais necessidades dos aprendizes.” Santos (2008) também enfatiza que a construção dessa cultura avaliativa depende do comprometimento coletivo da escola, onde avaliação e ensino se entrelaçam em um processo regulador que fomenta a autonomia do estudante e o aprimoramento contínuo das práticas pedagógicas. A formação docente contínua e aprofundada é um elemento fundamental para que se possa construir e consolidar uma cultura avaliativa verdadeiramente transformadora no ambiente escolar, capaz de transcender as práticas tradicionais e muitas vezes mecanicistas que predominam nas instituições educacionais. Essa formação não deve se limitar à transmissão de técnicas e instrumentos de avaliação, mas deve englobar uma reflexão crítica sobre o papel social, político e pedagógico da avaliação no processo educativo, preparando os professores para que possam atuar de maneira ética, reflexiva e inovadora. É por meio desse preparo que os educadores estarão aptos a utilizar a avaliação como uma ferramenta dinâmica e integrada, que contribua efetivamente para o crescimento integral dos alunos, respeitando suas singularidades, promovendo o desenvolvimento de suas potencialidades cognitivas, emocionais e sociais, e estimulando a sua participação ativa no processo de aprendizagem. A construção de uma cultura avaliativa transformadora implica uma mudança de paradigma na escola, onde a avaliação deixa de ser vista apenas como um momento de verificação e certificação para se tornar um componente contínuo do processo pedagógico, fundamentado no diálogo, na cooperação e na busca constante pela melhoria do ensino e da aprendizagem. Essa cultura deve estar alicerçada em práticas inclusivas que reconheçam e valorizem a diversidade presente nas salas de aula, garantindo que cada estudante tenha suas necessidades respeitadas e possa progredir em seu próprio ritmo. Dessa forma, a avaliação torna-se um instrumento de equidade e justiça educacional, promovendo ambientes escolares mais acolhedores e democráticos, onde o sucesso acadêmico é alcançado por meio do apoio sistemático e do incentivo à autorregulação dos estudantes. A efetivação de uma cultura avaliativa transformadora depende também do engajamento coletivo da comunidade escolar, que inclui não apenas os professores, mas gestores, famílias e os próprios alunos, numa perspectiva de corresponsabilidade pela construção de processosavaliativos que fortaleçam a aprendizagem significativa e a inclusão. Esse ambiente colaborativo favorece a troca de experiências, o desenvolvimento profissional contínuo e a implementação de práticas avaliativas diversificadas, capazes de atender às múltiplas dimensões do desenvolvimento humano. A formação docente aliada à construção de uma cultura avaliativa inovadora é indispensável para que a educação cumpra seu papel social, promovendo o desenvolvimento pleno AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 19 dos estudantes e contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e democrática. 3. CONCLUSÃO A avaliação formativa e somativa, quando adequadamente integradas, configuram-se como elementos centrais para a construção de uma prática educativa que ultrapassa a mera verificação de conhecimentos, direcionando-se para a promoção de aprendizagens significativas e inclusivas. A avaliação somativa, tradicionalmente focada na certificação e mensuração dos resultados, ganha um novo significado quando articulada com a avaliação formativa, que atua continuamente no acompanhamento e no suporte ao desenvolvimento dos estudantes. Essa integração permite que o processo avaliativo deixe de ser uma instância pontual e punitiva para tornar-se uma ferramenta dinâmica, capaz de identificar dificuldades, orientar intervenções pedagógicas e potencializar o crescimento individual e coletivo dos alunos. Assim, ao valorizar tanto a mensuração quanto a regulação da aprendizagem, a avaliação contemporânea contribui decisivamente para a melhoria da qualidade do ensino e para a promoção da equidade, assegurando que cada estudante tenha condições reais de alcançar seu pleno potencial. A promoção de uma avaliação formativa eficaz depende diretamente da valorização da diversidade e do reconhecimento das singularidades dos estudantes. A avaliação inclusiva, que se apoia na compreensão das diferenças individuais e dos múltiplos ritmos de aprendizagem, revela- se essencial para a superação das barreiras educacionais historicamente presentes nas escolas. Ao incorporar estratégias que respeitam e adaptam-se a essas diversidades, a prática avaliativa torna- se um instrumento de justiça educacional, combatendo a exclusão e promovendo a equidade no acesso ao conhecimento. Esse enfoque inclusivo implica a necessidade de revisitar conceitos, métodos e instrumentos avaliativos, para que se configurem em práticas que valorizem o percurso e o esforço do estudante, estimulando a autoavaliação, a reflexão crítica e o protagonismo na construção do saber. A construção de uma cultura avaliativa inovadora exige que os educadores desenvolvam competências específicas, como a análise crítica de evidências de aprendizagem, a capacidade de fornecer feedback construtivo e a habilidade para utilizar os resultados da avaliação como base para o planejamento pedagógico. Investir na formação docente é investir na qualidade do processo educativo como um todo, pois professores bem preparados são capazes de articular teoria e prática, adaptando as estratégias avaliativas às demandas do contexto escolar e às necessidades dos alunos. Essa formação também deve promover a reflexão sobre os fundamentos éticos e políticos da avaliação, fortalecendo o compromisso dos docentes com uma prática que visa o desenvolvimento integral e a inclusão social. AVALIAÇÃO FORMATIVA E SOMATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNE. Página 20 No contexto das práticas inovadoras, destacam-se experiências que demonstram a viabilidade e os benefícios da avaliação formativa integrada à somativa, como o Mathematics Assessment Project e a avaliação por comparação de julgamentos. Essas iniciativas evidenciam que é possível superar o modelo tradicional e fragmentado de avaliação, adotando metodologias que promovem o engajamento ativo dos estudantes, a colaboração entre professores e a utilização de feedback contínuo e eficaz. Além disso, tais práticas reforçam a importância do desenvolvimento de critérios coletivos e transparentes, capazes de garantir justiça e equidade no processo avaliativo, ampliando o espaço para a participação e a voz dos alunos. Essas experiências bem-sucedidas servem como referência para a construção de sistemas avaliativos mais coerentes, flexíveis e alinhados com os objetivos da educação contemporânea. A consolidação de uma prática avaliativa que promova a aprendizagem significativa e a inclusão depende da construção de uma cultura escolar que valorize o diálogo, a reflexão e o compromisso coletivo com o desenvolvimento dos estudantes. A avaliação deve ser concebida como um processo contínuo e integrador, que articula objetivos pedagógicos, necessidades dos alunos e princípios éticos, contribuindo para a formação de cidadãos críticos, autônomos e conscientes de seu papel social. Políticas educacionais que incentivem a inovação avaliativa, investimentos na formação docente e a promoção de ambientes escolares acolhedores e democráticos são fundamentais para garantir que a avaliação cumpra sua função transformadora. A educação contemporânea avança rumo a um modelo mais justo, inclusivo e efetivo, em que a avaliação é uma aliada estratégica para a aprendizagem e o desenvolvimento humano. REFERÊNCIAS BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. FOSTER, D.; NOYCE, P. The mathematics assessment collaborative: performance testing to improve instruction. Morgan Hill: Silicon Valley Mathematics Initiative, 2004. Disponível em: http://www.svmimac.org/images/Phi_Delta_Kappan_Article.pdf. Acesso em: 08 jul. 2025. 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