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CUIDADO INTEGRAL AO PACIENTE NAS DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS ORGANIZADORES ANDRÉ LUIZ FIDELIS LIMA; ELISANDRA ALVES KUSE Cuidado integral ao paciente nas doenças infecto-parasitárias GRUPO SER EDUCACIONAL O enfermeiro que integra o setor de doenças infectoparasitárias atua no sentindo de gerir e prestar assistência com foco no aperfeiçoamento do cuidar. Neste livro, vamos abordar os protocolos institucionais e de órgão legisladores da saúde, as ferramentas inovadoras para a aplicação do processo de sistematização da assistência de enfermagem, a potencial- ização do cuidado e identi�cação das necessidades básicas e prioritárias com base em evidências individualizadas, humanizadas e holísticas. Este livro abrangente apresenta um conteúdo amplo sobre as doenças infectoparasitárias para os estudos na área da enfermagem. Aproveite! CUIDADO INTEGRAL AO PACIENTE NAS DOENÇAS INFECTO- PARASITÁRIAS ORGANIZADORES ANDRÉ LUIZ FIDELIS LIMA; ELISANDRA ALVES KUSE gente criando futuro C M Y CM MY CY CMY K CUIDADO INTEGRAL AO PACIENTE NAS DOENÇAS INFECTOPARASITÁRIAS Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi Lima, André Luiz Fidelis. Cuidado integral ao paciente nas doenças infectoparasitárias / André Luiz Fidelis Lima ; Elisandra Alves Kuse. – São Paulo: Cengage, 2020. Bibliografia. ISBN 9786555581485 1. Enfermagem. 2. Saúde – Doenças infectoparasitárias. 3. Kuse, Elisandra Alves. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria André Luiz Fidelis Lima Enfermeiro Generalista – Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas. Biólogo Licenciado – Universidade Federal de Alagoas. Pós-graduado em Gestão de Saúde Pública e Meio Ambiente – Ucamprominas. Pós-graduado em Enfermagem em Urgência e Emergência – Ucamprominas. Pós- graduado em Formação em Educação a Distância – UNIP. Docente da Universidade Paulista – Polo Maceió/Alagoas. Elisandra Alves Kuse Enfermeira, Especialista em Urgência, Emergência e Trauma, Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho. SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Introdução aos estudos das doenças infecto-parasitárias humanas ...........................11 Introdução.............................................................................................................................................12 1 Noções preliminares ......................................................................................................................... 13 2 Epidemiologia das doenças infecto-parasitárias humanas ...............................................................15 3 Conceitos básicos das d oenças infecto-parasitárias humanas ..........................................................17 4 Tríade epidemiológica das doenças infecto-parasitárias humanas ....................................................23 5 Etapas da sistematização da assistência de enfermagem nas principais doenças infectocontagiosas ................................................................................................................. 29 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................33 UNIDADE 2 - Doenças parasitárias: dengue, febre amarela, malária, meningites, hepatites, hiv, leptospirose e tuberculose ......................................................................................35 Introdução.............................................................................................................................................36 1 Dengue ...............................................................................................................................................37 2 Febre amarela .................................................................................................................................... 39 3 Malária ...............................................................................................................................................41 4 Meningites .........................................................................................................................................43 5 Hepatites virais................................................................................................................................... 47 6 Infecção por HIV e AIDS ..................................................................................................................... 50 7 Leptospirose ....................................................................................................................................... 53 8 Tuberculose ........................................................................................................................................ 55 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................58 UNIDADE 3 - Doenças infecto-parasitárias humanas: uma assistência contínua ............................59 Introdução.............................................................................................................................................60 1 Noções preliminares ......................................................................................................................... 61 2 Doenças infecto-parasitárias virais: rubéola e poliomielite ...............................................................63 3 Doenças infecto-parasitárias bacterianas: hanseníase .....................................................................67 4 Doenças infecto-parasitárias ocasionadas por protozoários: toxoplasmose .....................................72 5 Doenças infecto-parasitárias:bacterianas, o agente etiológico Neisseria meningitidis (meningococo) que é um diplococo gram-negativo, aeróbio, imóvel, pertencente à família Neisseriaceae é o que apresenta maior importância. Já nas meningites virais o agente etiológico são os vírus do gênero Enterovírus. 4.2 Meningite bacteriana O reservatório das bactérias causadores da meningite é o homem, sendo a região da via aérea, mais especificamente a nasofaringe, a área de colonização desse patógeno. O modo de transmissão é direto, ou seja, de pessoa para pessoa, por meio das secreções respiratórias com presença do micro-organismo, mesmo as pessoas infectadas ainda estando assintomáticas. O período de incubação na forma bacteriana é em média de 3 (três) a 4 (quatro) dias, mas pode se estender até 10 (dez) dias. O período em que a pessoa contaminada pode transmitir a doença permanece até que o meningococo seja eliminado da via aérea, o que costuma acontecer após 24 horas de início do tratamento com antibiótico adequado. 45 Todas as pessoas estão suscetíveis a contrair a meningite bacteriana, porém existe um grupo de maior vulnerabilidade que são as crianças, especialmente as menores de um ano de idade. Os sinais e sintomas apresentados por pacientes acometidos pela bactéria N. Meningitidis permeiam desde uma febre transitória até os quadros de septicemia, o que pode levar o paciente ao óbito em poucas horas depois do início dos sintomas. São eles: • Febre. • Dor de cabeça. • Rigidez no pescoço. • Náusea. • Vômito. • Falta de apetite. • Irritabilidade. • Sonolência ou dificuldade para acordar do sono. Conforme o Ministério da Saúde (2017), o diagnóstico pode ocorrer pela forma laboratorial. Os principais exames para o esclarecimento diagnóstico de casos suspeitos são: CULTURA Pode ser realizada com diversos tipos de fluidos corporais, principalmente líquido cefalorraquidiano (LCR), sangue e raspado de lesões petequeais. É considerada padrão ouro para diagnóstico da doença meningocócica, por ter alto grau de especialidade. EXAME QUIMIOCITOLÓGICO DO LCR Permite a contagem e o diferencial das células; e as dosagens de glicose e proteínas do LCR. Traduz a intensidade do processo infeccioso e orienta a suspeita clínica, mas não deve ser utilizado para conclusão do diagnóstico final, pelo baixo grau de especificidade. A forma preventiva mais eficaz para a meningite bacteriana ocorre por meio da imunização. A vacina disponibilizada pelo SUS por meio do Programa Nacional de Imunização para prevenção da meningite é a Meningococo C, que deve ser aplicada em duas doses, umas aos 3 meses e a segunda aos 5 meses, sendo o reforço aos 12 meses de idade. Vale ressaltar que crianças não imunizadas na idade recomendada pelo Ministério da Saúde podem ser vacinadas até os 4 anos de idade. 46 A meningite é uma doença de notificação compulsória e deve ser imediata, em 24 horas. O órgão de vigilância epidemiológica deve ser comunicado por meio do preenchimento da Ficha de Investigação Meningites, disponibilizado pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). 4.3 Meningite viral Esse tipo de afecção, assim como na forma bacteriana, causa um processo inflamatório das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, só que de origem viral. O agente etiológico é um vírus, sendo o principal causador da doença os que pertencem a família do Enterovírus. O reservatório é o homem e a principal forma de contaminação é pela via fecal-oral. Em alguns casos também pode ser pela via respiratória. O período de incubação do vírus é em média de 7 (sete) a 14 (quatorze) dias. Quanto à vulnerabilidade, as crianças são o grupo mais atingido, porém a doença é de suscetibilidade universal. As manifestações clínicas mais frequentes, em se tratando de Enterovírus, são: • Febre. • Mal-estar geral. • Náusea e dor abdominal na fase inicial do quadro. • Irritação meníngea, com rigidez de nuca geralmente. • Vômito. Diferentemente da meningite bacteriana, a recuperação desse tipo de infecção viral é quase que completa. Alguns pacientes posteriormente podem apresentar espasmos musculares, surdez, atraso mental, insônia e mudança de personalidade. O quadro geral de duração da doença costuma ser de 1 (uma) semana ou menos. Em casos de surtos, os casos suspeitos são de extrema importância sua investigação. As principais formas de identificar o agente etiológico são: • Sorologia (pesquisa de anticorpos IgG e IgM). • Isolamento viral em cultura celular (liquor e fezes). • PCR (Reação em cadeia da Polimerase), LCR, soro e outros tipos de amostra. • Exame quimiocitológico do LCR. 47 O tratamento antiviral específico não tem sido amplamente utilizado. Em geral, opta- se pelo tratamento dos sinais e sintomas e tratamento de suporte, com avaliação criteriosa e acompanhamento clínico. Assim como na meningite bacteriana, no caso da viral todos os casos suspeitos ou confirmados devem ser notificados às autoridades competentes por profissionais da área da saúde no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). 5 HEPATITES VIRAIS As hepatites virais são doenças causadas por diferentes vírus hepatotrópicos, que apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas e possuem distribuição universal. É uma doença conhecida popularmente por tiriça ou amarelão. 5.1 Características da hepatite O agente etiológico são os vírus A (HAV), B (HBV), C (HCV), D (HDV) e E (HEV). Esses vírus pertencem, respectivamente, às seguintes famílias: Picornaviridae, Hepadnaviridae, Flaviviridae, Deltaviridae e Hepeviridae (Brasil, 2017). O homem é o reservatório de maior importância na epidemiológica. HEPATITES A e E São transmitidas ou adquiridas quando há má condições de saneamento básico, má higiene pessoal, água tratada de forma duvidosa e alimentos contaminados, portanto é adquirida pela via fecal-oral. HEPATITE B, C e D São transmitidas por sangue (vertical, parenteral e percutânea) via sexual e secreções. FIQUE DE OLHO Um item importante a se observar é que a irritação meníngea se associa aos seguintes sinais: Sinal de Kernig: resposta em flexão da articulação do joelho quando a coxa é colocada em certo grau de flexão, relativamente ao tronco. Sinal de Brudzinski: flexão involuntária da perna sobre a coxa e desta sobre a bacia, ao se tentar fletir a cabeça do paciente (Ministério da Saúde, 2014). 48 O compartilhamento de objetos contaminados é uma das formas de transmissão, assim como a realização de tatuagens, o uso de instrumentos injetáveis, os acidentes com material biológico em procedimentos cirúrgicos, odontológicos, hemodiálise, transfusão sanguínea (aos profissionais da saúde), entre outros. No entanto, para esse grupo de risco, que são os trabalhadores da saúde, o cumprimento adequado das normas de biossegurança pode evitar esses acidentes passíveis de contaminação. A imunidade aos vírus da hepatite é conferida pelo próprio quadro infeccioso na hepatite A e B, sendo duradoura e específica. A manifestação da hepatite pode acontecer também de duas formas, aguda e crônica. Na hepatite aguda, temos: PERÍODO PRODRÔMICO OU PRÉ-ICTÉRICO Os sintomas são inespecíficos como anorexia, náuseas, vômitos, diarreia (ou raramente constipação), febre baixa, cefaleia, mal-estar, astenia e fadiga, aversão ao paladar e/ou olfato, mialgia, fotofobia, desconforto no hipocôndrio direito, urticária, artralgia ou artrite e exantema papular ou maculopapular. FASE ICTÉRICA Com o aparecimento da icterícia, em geral há diminuição dos sintomas prodrômicos. Existe hepatomegalia dolorosa, com ocasional esplenomegalia. Ocorre hiperbilirrubinemia intensa e progressiva, com aumento da dosagem de bilirrubinas totais, principalmente à custa da fração direta. FASE DE CONVALESCENÇA Período que se segue ao desaparecimento da icterícia, quando retorna progressivamente a sensação de bem-estar. Na hepatite crônica, destacam-se: PORTADOR ASSINTOMÁTICOIndivíduos com infecção crônica que não apresentam manifestações clínicas, que têm replicação viral baixa ou ausente e que não apresentam evidências de alterações graves à histologia hepática. Em tais situações, a evolução tende a ser benigna, sem maiores consequências para a saúde. HEPATITE CRÔNICA Indivíduos com infecção crônica que apresentam sinais histológicos de atividade da doença e que do ponto de vista virológico caracterizam-se pela presença de marcadores de replicação viral. 49 Podem ou não apresentar sintomas na dependência do grau de dano hepático já estabelecido. Apresentam maior propensão para uma evolução desfavorável, com desenvolvimento de cirrose e suas complicações. A forma de diagnósticos das hepatites virais se dá por meio da presença de vírus no sangue, no soro, no plasma ou fluido corporal da pessoa infectada. As formas para fazer essa detecção são: • Imunoensaios. • Ensaio imunoenzimático (ELISA). • Ensaios luminescentes. • Testes rápidos (geram resultado em até 30 minutos) Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Não existe tratamento para os quadros de hepatite, os quadros agudos são tratados com medicações para os sintomas. Nos casos crônicos, devemos observar as comorbidades do paciente, a evolução da doença, eventos adversos, entre outros fatores. As medidas preventivas, no caso da Hepatite A e B, a mais eficiente é a imunização, disponibilizada pelo Ministério da Saúde por meio do Programa Nacional de Imunização. Contudo, as hepatites A e E visam como pedida profilática os cuidados com a água de consumo, manipulação de alimentos e com as condições de higiene e saneamento básico. Na hepatite C não há imunização, mas assim como na B e D, as medidas profiláticas são as mesmas para evitar o contágio: não fazer compartilhamento de objetos cortantes pessoais, cuidado com a esterilização dos materiais para colocação de piercing e realização de tatuagens, além de fazer uso de preservativo em todas as práticas sexuais. 50 As hepatites são doenças de notificação compulsória que devem ser encaminhadas ao órgão de vigilância epidemiológica sendo comunicada por meio do preenchimento da Ficha de Investigação Hepatites, disponibilizado pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). 6 INFECÇÃO POR HIV E AIDS A infecção causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) até seu desenvolvimento da doença, ou seja, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é considerada um problema de saúde pública importante, uma vez que se trata de uma doença pandêmica. As pessoas que infectadas pelo HIV que não realizam tratamento apresentam uma grave disfunção no sistema imunológico, a partir da destruição das células, alvos do vírus que fazem parte do sistema de defesa os Linfócitos T CD+. 6.1 Características do HIV e AIDS Os agentes etiológicos são o HIV-1 e HIV-2, que fazem parte da família Lentiviridae. O reservatório é o homem. O período de incubação do HIV até o surgimento dos sintomas na fase aguda é de 1 (um) a 3 (três) semanas. Já o período que determina o desenvolvimento dos sinais e sintomas da AIDS, conhecido como período de latência, é de em média 10 anos. A suscetibilidade é universal, porém existem populações-chave que estão mais vulneráveis à exposição do vírus que são, os homossexuais, as mulheres profissionais do sexo, os travestis, os transexuais e os usuários de drogas injetáveis. As manifestações clínicas ocorrem da seguinte forma: INFECÇÃO AGUDA Os sintomas dessa fase, que acontecem no pico da viremia, são muito semelhantes a de um estado gripal, apresentando febre, faringite, mialgia, artralgia, lesões exantemáticas, ulcerações nas mucosas, cefaleia, fotofobia, anorexia náuseas e vômitos. As pessoas que desenvolvem a AIDS se tornam expostas às doenças oportunistas. Isso significa que doenças que são causadas por micro-organismos usualmente comuns ao meio ambiente podem desencadear situações de infecções graves em portadores da doença. Formas de diagnóstico do HIV: 51 • O imunoensaio enzimático (ELISA). • Western Blot. • Teste de imunofluorescência indireta. • Testes rápidos. JANELA IMUNOLÓGICA É definida como o tempo que decorre entre a infecção e o aparecimento ou identificação dos marcadores da infecção. A duração desse período vai depender do tipo de método e teste escolhido para identificar o marcador. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Muitos fatores podem contribuir para que o tempo de soroconversão nas pessoas seja diferente. Nesse período só os testes de biologia molecular são capazes de detectar partículas virais, como a carga viral. Existem duas formas de realizar o diagnóstico diferencial, um na fase aguda e outro na fase sintomática. FASE AGUDA Nesse momento, geralmente a infecção pelo HIV é negativa, e a pesquisa é para eliminar doenças virais exantemáticas ou não, como é caso do herpes. FASE SINTOMÁTICA Nessa fase, o diagnóstico diferencial investiga eliminar suspeita de meningite bacteriana, 52 outras infecções do sistema nervoso e pneumonia, por exemplo O tratamento da AIDS\HIV ocorre por meio de medicamentos antirretrovirais (ARV). Esses medicamentos surgiram na década de 80 e auxiliam no fortalecimento do sistema imunológico. O seu uso de forma regular é fundamental para que os indivíduos portadores do vírus tenham um tempo maior de vida, assim como qualidade de vida. Consequentemente, eles diminuem o tempo de internações desses pacientes e diminuem a chance de adquirir doenças oportunistas. Os ARV são distribuídos pelo SUS desde 1966. Atualmente são 22 tipos de ARV distribuídos no país em 38 formas de apresentação farmacêutica. As formas mais indicadas e eficientes de se evitar o HIV e o desenvolvimento da AIDS é a proteção com o uso de camisinhas durante as relações sexuais, além da restrição no compartilhamento de objetos de drogadição, além de seguir as normas de biossegurança pelos profissionais da saúde. Algumas delas são: INTERVENÇÕES BIOMÉDICAS São ações voltadas à redução do risco de exposição, mediante intervenção na interação entre o HIV e a pessoa passível de infecção. INTERVENÇÕES COMPORTAMENTAIS São ações que contribuem para o aumento da informação e da percepção do risco de exposição ao HIV e para sua consequente redução, mediante incentivos a mudanças de comportamento da pessoa e da comunidade ou grupo social em que ela está inserida. Como exemplos, podem ser citados: incentivo ao uso de preservativos masculinos e femininos. INTERVENÇÕES ESTRUTURAIS São ações voltadas aos fatores e condições socioculturais que influenciam diretamente a vulnerabilidade de indivíduos ou grupos sociais específicos ao HIV, envolvendo preconceito, estigma, discriminação ou qualquer outra forma de alienação dos direitos e garantias fundamentais à dignidade humana. Podemos enumerar como exemplos: ações de enfrentamento ao racismo, sexismo, LGBTfobia e demais preconceitos. É importante ressaltar que o teste para detecção do HIV deve ser feito regularmente e sempre que a pessoa tenha vivido uma situação de risco, como é o caso do sexo sem camisinha. Quanto mais brevemente souber do diagnóstico, mais rápido se iniciara o tratamento e a qualidade de vida será melhor, mesmo se tratando de uma doença que não tem cura. HIV é uma doença de notificação compulsória tardia, até sete dias, que deve ser encaminhada ao órgão de vigilância epidemiológica sendo comunicada através do preenchimento da Ficha de 53 Investigação Hepatites, disponibilizado pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). 7 LEPTOSPIROSE Trata-se de uma doença infecciosa febril de início abrupto, cujo espectro clínico pode variar desde um processo assintomático até formas graves. 7.1 Características da leptospirose O agente etiológico da leptospirose é uma bactéria aeróbicado tipo Leptospira, existem 14 espécies dessa bactéria, mas a mais importante desse gênero é a Leptospira interrogans. O reservatório dessa bactéria são os animais,domésticos e selvagens. Entre o principal reservatório estão os roedores, as ratazanas ou rato de esgoto, ratos de telhado e os camundongos, pertencentes as espécies, Rattus norvegicus, Rattus rattus e Mus musculos, respectivamente. Esses animais não desenvolvem a doença quando infectados, mas fazem o alojamento da bateria em seus rins, que posteriormente são eliminadas vivas no ambiente por meio da diurese no ambiente o que ocasiona a contaminação do solo, água e alimentos. Contudo, outros animais podem ser reservatórios dessa bactéria, como os cães, os porcos, os bovinos, cabras e equinos. O homem nessa cadeia é um hospedeiro acidental e terminal. A forma de contrair a doença, ou seja, o modo de transmissão, ocorre por meio da exposição direta ou indireta com a urina desses animais infectados. A bactéria penetra na pele por meio de lesões existentes ou a exposição mesmo com pele íntegra por longo tempo em água contaminada, o que pode ocorrer também pelas mucosas. O período de incubação da doença costuma ser de 1 (um) a 30 (trinta) dias. Já a situação de transmissibilidade preocupa os órgãos de saúde, uma vez que os animais infectados podem eliminar a bactéria leptospira por meses ou até por toda a vida dependendo a espécie do animal infectado e o sorovar envolvido. E a suscetibilidade a doença é universal. As manifestações clínicas da doença podem se apresentar de duas formas: FASE PRECOCE Hipertermia que aparece de forma abrupta, cefaleia, mialgia, anorexia, náuseas e vômito, se assemelhando a outras doenças infecciosas febris, o que dificulta o diagnóstico e notificação da doença nessa fase. Também nessa fase o paciente pode apresentar diarreia, artralgia, hiperemia e hemorragia conjuntival, fotofobia e tosse. Algumas pessoas podem apresentam lesões exantemáticas na região do tronco e região tibial. 54 FASE TARDIA A situação mais grave que pode ocorrer nessa fase é Síndrome de Weil, que é composta por uma tríade: icterícia, insuficiência renal e hemorragia. O aparecimento de hemoptise de forma franca indica gravidade extrema da infecção e pode ocorrer subitamente, levando o paciente a insuficiência respiratória grave e também ao óbito. O diagnóstico laboratorial pode ser feito pelos exames específicos e inespecíficos. Exames específicos na fase precoce: • Exame direto. • Cultura. • Detecção do DNA pela reação em cadeia da polimerase (PCR). Exames específicos na fase tardia: • Cultura. • ELISA-IgM. • Microaglutinação (MAT). Esses exames por recomendação do Ministério da Saúde devem ser realizados pelos Lacens, laboratórios pertencentes à Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública. E quanto aos exames inespecíficos contamos com os seguintes para diagnóstico: • Hemograma. • Bioquímico. • Radiografia de tórax. • Eletrocardiograma (ECG). • Gasometria arterial. O tratamento para leptospirose deve ser de hospitalização imediata dos casos graves, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. Nos casos leves, o atendimento é ambulatorial com tratamento dos sinais e sintomas. A leptospirose é uma doença de notificação compulsória imediata, inclusive nos casos suspeitos, que devem ser encaminhados ao órgão de vigilância epidemiológica sendo comunicado 55 através do preenchimento da Ficha de Investigação Hepatites, disponibilizado pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). 8 TUBERCULOSE A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa que atinge principalmente os pulmões. Ela existe desde a Antiguidade e até em múmias do Antigo Egito foram encontradas lesões características da TB. Mas só em 1882 o médico alemão Robert Koch conseguiu identificar o tipo de micróbio que causa esta doença. 8.1 Características da tuberculose O agente etiológico pela tuberculose é uma bactéria em forma de pequenos bastões. Seu nome científico é Mycobacterium tuberculosis, porém é popularmente conhecida e chamada de Bacilo de Koch (B.K.), em homenagem ao seu descobridor. Na maioria dos casos, as lesões da TB se localizam nos pulmões, mas a doença também pode ocorrer nos gânglios, rins, ossos, meninges ou outros locais do organismo (CVE, 2000). O reservatório principal é o homem, no entanto bovinos, primatas e aves podem se tornar reservatórios da bactéria também. A tuberculose é de transmissão aérea, ocorrendo através da inalação de aerossóis expelidos pela fala, espirro ou tosse. Objetos que se depositam os bacilos, como roupas, copos e talheres não são importantes na cadeia de transmissão á que se dispersam facilmente. A transmissibilidade do bacilo dura enquanto a pessoa estiver eliminando bacilo, mas com o início da medicação adequada a transmissão diminuía gradativamente, e de forma geral, em 15 (quinze) dias iniciado o tratamento não é mais possível a identificação do micro-organismo. A suscetibilidade da doença é universal. A forma mais eficiente de imunização é vacina, que é preparada através de bacilos vivos atenuados, a partir da cepa do Mycobacterium bovis, atingindo alto grau de imunidade nas formas de tuberculose miliar e meníngea. A vacina é distribuída pelo SUS no Programa Nacional de Imunização e deve ser aplicada em dose única de 0,1 ml em via intradérmica. O principal sintoma da doença nas pessoas infectadas de tuberculose é a tosse seca ou produtiva. Nesse sentido, é recomendado que em todas as pessoas sintomáticas, com episódio de tosse por três semanas ou mais, seja feita uma investigação clínica para tuberculose. Existem outros sintomas que a doença apresenta, como: • Febre vespertina. • Sudorese noturna. 56 • Emagrecimento. • Cansaço/fadiga. O diagnóstico para a tuberculose pode ser feito de duas formas, pelos seguintes exames: BACTERIOLÓGICOS • Baciloscopia. • Teste rápido molecular para tuberculose. • Cultura para microbactéria. POR IMAGEM (EXAME COMPLEMENTAR) • Radiografia de tórax. A tuberculose se tratada adequadamente tem cura, isso inclui as doses corretas pelo tempo determinado, que costuma ser de seis meses. O esquema terapêutico, disponibilizado pelo SUS, são a Isoniazida, a Rifampicina, a Pirazinamida e o Etambutol. A tuberculose é uma doença de notificação compulsória imediata. Os casos suspeitos devem ser encaminhados ao órgão de vigilância epidemiológica sendo comunicado por meio do preenchimento da Ficha de Investigação de Tuberculose, disponibilizado pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). FIQUE DE OLHO A lista de doenças, agravos e eventos de notificação compulsória obrigatória é pautada na portaria n. 204, de fevereiro de 2016 do Ministério da Saúde (2020), devendo ser notificados todos os casos suspeitos ou confirmados. A notificação compulsória é obrigatória a todos os profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, odontólogos, médicos veterinários, biólogos, biomédicos, farmacêuticos e outros no exercício da profissão, bem como aos responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e de ensino, em conformidade com os artigos 7º e 8º da Lei nº 6.259 de 30 de outubro de 1975. 57 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer quais são os agentes etiológicos; • estudar o período de incubação, compreender sinais e sintomas; • conhecer o conceito das doenças infectocontagiosas e parasitárias; • verificar o reservatório; • aprender a forma de transmissão e de imunização; • saber como fazer o diagnóstico e reconhecer o tratamento adequado; • aprender sobre notificação compulsória. PARA RESUMIR BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Febre amarela: guia para profissionais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: https:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/febre_amarela_guia_profissionais_saude.pdf. Acesso em: 30 abr. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Lista de doenças compulsórias de notificação. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/ saudelegis/gm/2017/prc0004_03_10_2017.html. Acesso em: 30abr. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. Departamento de Vigilância Epidemiológica. 4. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://production.latec.ufms. br/modulos/chick/res/guia_vigilancia_saude_completo.pdf Acesso em: 05 mai. 2020. ROMANO et al. (2014). Yellow fever out breaks in um vaccinated populations, Brazil, 2008-2009. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24625634. Acesso em: 30 abr. 2020. SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE. Divisão de Tuberculose – CVE. São Paulo, 2000. Disponível em: www.cve.saude.sp.gov.br. Acesso em: 30 de abr. 2020. VASCONCELOS, P. F. C. Febre amarela: reflexões sobre a doença, as perspectivas para o século XXI e o risco da reurbanização. Revista brasileira epidemiol. São Paulo, v. 5, n. 3, p. 244-258. Dezembro, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1415-790X2002000300004 Acesso em: 27 abr. 2020. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE 3 Doenças infecto-parasitárias hu- manas: uma assistência contínua Introdução Você está na unidade Doenças Infecto-Parasitárias Humanas: uma Assistência Contínua. Conheça aqui as doenças ocasionadas por vírus, bactérias, protozoários e helmintos, parasitas cujo estudo é de suma importância para o ramo das ciências biológicas e da saúde. Entenda as características da rubéola, poliomielite, hanseníase, toxoplasmose, neurotoxoplasmose, leishmaniose, pediculose, escabiose, parasitoses intestinais e ainda as infecções sexualmente transmissíveis. Compreenda essas patologias e como a epidemiologia deve investigar, entender e controlar as causas dos surgimentos das doenças infecto-parasitárias associadas à vigilância sanitária, que está sempre relacionada aos fatores observacionais das doenças para controlar a disseminação e atuar com medidas eficazes de promoção, prevenção e recuperação da saúde da população. Bons estudos! 61 1 NOÇÕES PRELIMINARES Doenças infectocontagiosas, parasitárias e as infecções sexualmente transmissíveis são um desafio na atualidade para o enfermeiro, por se tratar do campo prático assistencial voltado às necessidades biopsicossociais do indivíduo acometido por patologias infecciosas de espectros diferentes de contaminações. Não podemos esquecer que há muitos séculos inúmeros países tiveram suas populações atacadas por patologias transmissíveis, ocasionando colapso geral no sistema de saúde pública e privada, evoluindo rapidamente para a morte de milhares de pessoas. Nos dias atuais, esses problemas não são diferentes. Mesmo com todo conhecimento, inovação, tecnologia em saúde e pesquisas para as detecções precoces de doenças infecciosas e parasitárias continuamos a observar casos diários de contaminações de doenças conhecidas desde os tempos remotos. Os tempos mudaram, o ambiente mudou e os dias atuais nos trazem reflexões do comportamento humano referentes aos erros e decisões tomadas no passado. Encontramos a tríade epidemiológica (agente, hospedeiro e ambiente) desequilibrada ou em desequilíbrio aos impactos errôneos em não trabalhar adequadamente sob o enfoque da promoção, prevenção e precaução à saúde. É importante lembrar que os nossos atos de hoje refletirão no amanhã das próximas gerações. A partir desse contexto, passamos a apresentar duas realidades de saúde pública que determinam o perfil epidemiológico atual. A primeira realidade está ligada aos reduzidos investimentos para as ações de promoção e controle das doenças infecciosas e parasitárias, permitindo dessa forma as manifestações repentinas e abruptas de doenças que tínhamos a certeza de que já estavam eliminadas do ambiente. A segunda realidade é que cada dia aumenta o número de pessoas acometidas por patologias e agravos não transmissíveis, o que nos faz refletir que essas patologias expõem a espécie humana a inúmeros fatores do processo do adoecer. É preciso que sejam implementadas ações intersetoriais como garantia de efetividade e resolutividade de programas e estratégias de ações em saúde para combater as doenças infecciosas transmissíveis e não infecciosas. Os agravos à saúde, por exemplo, os danos físico, mental, social e econômicos dos indivíduos e de uma comunidade podem provocar patologias ou disfunções orgânicas, que gerem circunstâncias nocivas, fazendo com que os setores de política e assistência à saúde desenvolvam as práticas de saúde baseando-se no perfil epidemiológico da comunidade assistida por uma determinada doença, sendo importantes desafios para os profissionais e órgãos de saúde. 62 ENFERMEIRO INFECTOLOGISTA Deve direcionar o seu olhar integral e humanizado para as práticas de intensificação ou inovações das ações de vigilância à saúde, principalmente no que diz respeito à vigilância epidemiológica para atingir o objetivo de controlar as doenças transmissíveis, de acordo com protocolos do Ministério da Saúde. Além disso, é preciso direcionar o olhar integral para as doenças não transmissíveis e seus agravos. Principalmente nos grandes centros urbanos com fator de aumento dos novos casos de doenças infecciosas, por entender que o organismo desses indivíduos se torna propício ao desenvolvimento de agentes infecciosos que se encontram debilitados. É primordial que o enfermeiro infectologista, juntamente com a equipe de saúde, planeje uma assistência direcionada e baseada em evidências científicas e proponha cuidados terapêuticos adequados e preventivos baseados nos processos infecciosos, analisando clinicamente o quadro do paciente. Deve ainda acompanhar os pacientes para promover uma melhor qualidade de saúde às pessoas acometidas pelas DIP (Doenças Infecto-Parasitárias). É preciso compreender os impactos e mudanças ambientais que ocasionam modificações nas propriedades químicas, físicas e biológicas do comportamento do ambiente e que podem modificar bioquimicamente e geneticamente os agentes infectantes e parasitas, fazendo com que desenvolvam doenças com grandes potenciais de transmissibilidade, trazendo prejuízos imediatos e inesperados à espécie humana. Figura 1 - Agentes infectantes e parasitas Fonte: GoodStudio, Shutterstock, 2020 #ParaCegoVer: Na imagem com fundo branco há um esquema organizacional didático constituído por várias formas de vida microscópicas, presentes no interior do corpo humano, que acometem a espécie humana. São chamados de agentes infectantes ou parasitas. 63 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2 DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS VIRAIS: RUBÉOLA E POLIOMIELITE Consideramos como doenças infecciosas as alterações ou anormalidades ocasionadas por formas de vidas microscópicas parasitas ou por partes das suas estruturas celulares ou toxinas, e que podem gerar processos infecciosos orgânicos (CDC, 2003). 2.1 Características gerais da rubéola A rubéola tem a sua origem latina e significa rubella ou pequena vermelha. É considerada uma doença aguda por se tratar de uma infecção abrupta e rápida, terminando com a recuperação gradativa ou evoluindo para o óbito do paciente em menos de três meses. É altamente contagiosa, tendo a sua transmissão pelo agente etiológico viral, de RNA, pertencente ao gênero da família Togaviridae. Foi detectada pela primeira vez em 1814 pelos profissionais médicos alemães, por isso pode ser também chamada de sarampo alemão (BRASIL, 2019). No final dos anos 80, tínhamos o processo saúde x doença (processo do adoecer) da rubéola pouco estudado, ou seja, a frequência de novos casos, casos antigos, adoecimento e morte era quase nada conhecida. Nessa mesma década, pesquisas sobre as células de defesa contra a rubéola no organismo humano de grupos populacionais apontavam resultados em que deveriam ser desenvolvidas estratégias de imunização. Então, a partir desse contexto, foi fabricada a vacinachamada de tríplice viral (SRC) para combater sarampo, caxumba e rubéola. Nos dias atuais é preciso seguir o calendário de imunização proposto pelo PNI (Programa Nacional de Imunização) do Ministério da Saúde e pela (Sociedade Brasileira de Imunizações) do Brasil. 64 Figura 2 - Características da poliomielite Fonte: BRASIL, 2019. #ParaCegoVer: Na imagem com fundo branco há um esquema organizacional e didático constituído por várias características da rubéola: o reservatório (homem); o modo de transmissão (direta pelo contato com secreções nasofaringes de pessoas infectadas; período de incubação (período de 14 a 21 dias em média 17 dias, podendo variar de 12 a 23 dias); período de transmissibilidade (período de 5 a 7 dias antes do início das manchas avermelhadas e de 5 a 7 dias após). Doença com erupção na pele maculopapular, com manchas vermelhas com início na face, couro cabeludo e pescoço, com desenvolvimento de febre baixa, podendo se espalhar rapidamente para o tronco (tórax e abdome) e membros superiores e inferiores. Essas erupções cutâneas devem seguir em cinco a dez dias por processos patológicos que causam disfunções no sistema linfático ou mais precisamente nos nódulos linfáticos (BRASIL, 2019). É comum apresentar dores em diversas articulações ou juntas (poliartralgias) nos adultos e adolescentes, além de queixas comuns de poliartrite, inflamação nas conjuntivas (conjuntivite), coriza e tosse. Podemos considerar a rubéola como benigna, com raríssimos transtornos ou complicações orgânicas. Alguns casos podem evoluir para o surgimento de púrpuras. Podemos considerar uma doença autoimune que destrói as plaquetas, púrpura trombocitopênica é a baixa de plaquetas no sangue podendo desenvolver processos hemorrágicos (BRASIL, 2005). A importância dos estudos epidemiológicos se direciona, principalmente, para a Síndrome da Rubéola Congênita quando a patologia se desenvolve nos cincos meses iniciais do período gestacional, resultando em aborto espontâneo, morte do feto a partir da 20ª semana gestacional (natimorto) e malformações congênitas relacionadas a problemas de cardiopatias, surdez e 65 catarata no feto, além de baixo peso, hepatoesplenomegalia, entre outras anomalias. O diagnóstico da rubéola é feito por meio de exames laboratoriais sorológicos para investigação de anticorpos IgM e IgG na corrente sanguínea. As pessoas acometidas pela doença devem ser tratadas de acordo com os métodos terapêuticos adequados, disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e com os protocolos terapêuticos dos hospitais privados, conforme os sinais e sintomas da rubéola. Recomenda- se procurar imediatamente cuidados médicos assim que surgirem os primeiros sintomas, para confirmação diagnóstica e tratamento adequado. 2.2 Características gerais da poliomielite A palavra poliomielite tem a sua origem grega poliós (cinza), myelós (medula). Então, podemos dizer que é considerado um processo de inflamação da substância cinzenta da medula espinal, chamada de paralisia infantil ou poliomielite nos humanos. É considerada uma doença infectocontagiosa de caráter agudo e tem transmissão por um agente etiológico viral, de RNA, chamado de Poliovírus, sorotipos 1, 2 e 3, que pertence ao gênero Enterovírus, da família Picornaviridae (BRASIL, 2005). O vírus se encontra presente nas secreções orais, fezes, no líquido cefalorraquidiano, e raríssimas vezes no sangue de adultos e crianças contaminados, podendo provocar ou não a paralisia muscular. Quando o agente etiológico atinge os músculos e os membros inferiores dizemos que a doença evoluiu para a sua forma grave desenvolvendo a paralisia infantil. Encontra-se disponível na rede pública de saúde duas vacinas para o combate preventivo da poliomielite. A primeira é chamada de VOP ou Sabin, de uso oral e desenvolvida pelo poliovírus vivos atenuados. A segunda é chamada de VIP ou Salk, injetável intramuscular, e foi desenvolvida com o poliovírus inativado. 66 Figura 3 - Características da poliomielite Fonte: BRASIL, 2019. #ParaCegoVer: Na imagem com fundo branco há um esquema organizacional e didático constituído por várias características da doença (poliomielite): o reservatório (homem); o modo de transmissão (principalmente direta pessoa a pessoa, via fecal-oral, por objetos e água contaminados, e por via-oral, por gotículas de secreções da orofaringe ao falar, tossir ou espirrar e higiene ambiental e pessoal inadequada); o período de incubação (período de 7 a 12 dias, podendo variar de 2 a 30 dias); o período de transmissibilidade (não se conhece com exatidão); e complicações (parada respiratória e sequelas paralíticas). O processo sintomatológico pode variar de acordo com as formas clínicas da doença, podendo se apresentar com ausência dos sintomas ou disfunções neurológicas. As formas clínicas mais graves podem ocasionar paralisia ou evolução para o óbito. Geralmente, o indivíduo contaminado pelo polivírus não desenvolve a doença, permanecendo sem manifestações clínicas, mas transmite o vírus por diversas formas (BRASIL, 2019). É importante aos profissionais da saúde, médicos e enfermeiros fiquem atentos para as sintomatologias mais frequentes nos indivíduos infectados pelo polivírus, como: febre, mal- estar, cefaleia, dor ao longo do corpo e na orofaringe, êmese, processos diarreicos, constipação, espasmos, rigidez na nuca, e na possibilidade de desenvolver a meningite. E na forma clínica mais grave, chamada de paralítica. Geralmente pode ocorrer deficiência ou transtornos motores, presença ou ausência de febre, processos assimétricos musculares dos membros, além de flacidez dos tecidos musculares com diminuição ou eliminação total de 67 reflexos profundos na área paralisada. Mantém a sensibilidade orgânica e podem desenvolver sequelas após dois meses do desenvolvimento da poliomielite. O diagnóstico da doença, sempre que houver suspeita de paralisia com validez, aguda, com minimização ou ausência de reflexos em indivíduos menores de 15 anos. Deve ser suspeitado sempre que houver paralisia flácida de surgimento agudo com diminuição ou abolição de reflexos tendinosos em menores de 15 anos. Para confirmação da doença é necessária a solicitação dos exames de cultura (liquor), a eletromiografia e a confirmação do vírus nas fezes. Não existe tratamento específico para crianças, adolescentes ou adultos acometidos pela polivírus, mas a hospitalização se faz necessária para investigação e tratamento adequado de acordo com as manifestações clínicas sintomatológicas do paciente (FERNANDES; MUNÕZ, 2010). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 3 DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS BACTERIANAS: HANSENÍASE A hanseníase ou Mal de Hansen, e em décadas passadas conhecida como lepra, é uma doença infectocontagiosa crônica, de alta infectividade e baixa patogenicidade, causada pelo agente transmissor Mycobacterium leprae, com especificidade de acometimento da pele e os nervos periféricos do corpo (WHO, 2010). 68 Figura 4 - Características da hanseníase Fonte: BRASIL, 2019. #ParaCegoVer: Na imagem com fundo branco há um esquema organizacional e didático constituído por várias características da doença (hanseníase): o reservatório (homem); o modo de transmissão (principalmente pelo trato respiratório superior – entrada preferencial do bacilo); o período de incubação (período de 2 a 7 dias em média (referências de períodos mais curtos, de 7 meses, como de 10 anos); o período de transmissibilidade (geralmente os pacientes multibacilares podem transmitir a doença enquanto o tratamento não for iniciado). A maioria das pessoas adultas é resistente ao Mycobacterium leprae. As crianças geralmente são mais rapidamente contaminadas por estarem desenvolvendo resistências aos diversos microrganismos ambientais, sendo contaminadas por alguém que esteja infectado na família. Além disso, os fatores socioeconômicos, de desnutrição e superpopulação doméstica são os agravos ambientas comseus filhos nascerem com macrocefalia, microcefalia e desenvolverem processos de crises convulsivas. Além disso, estão susceptíveis à ocorrência de icterícia em grandes proporções. RECÉM-NASCIDOS Os que foram infectados de forma congênita podem apresentar alterações clínicas, como restrição do desenvolvimento intrauterino, prematuridade, anormalidades visuais e no sistema neurológico. É importante salientar que existem casos de surgimento de sequelas da doença tardia, geralmente ocorrem no período da adolescência ou na fase adulta. Pessoas com o sistema imunitário em excelente evolução de combate à toxoplasmose, geralmente não desenvolvem sequelas. Sendo assim, não se recomenda o tratamento específico, apenas cuidados para combater os processos sintomatológicos. Indivíduos com imunidade afetada ou com desenvolvimento das manifestações clínicas, como cegueira e diminuição auditiva, costumam ser encaminhados para atenção clínica médica especializada (BRASIL, 2005). Todo acompanhamento, cuidado e tratamentos estão disponíveis pelo Ministério da Saúde em diversos níveis da atenção à saúde. É importante seguir os protocolos e recomendações de orientações primárias, secundárias e terciárias, propostas pelo SUS. 4.1 Doenças infecto-parasitárias: neurotoxoplasmose A neurotoxoplasmose é uma patologia ocasionada pelo Toxoplasma gondii, desenvolvendo lesões no sistema nervoso central em pacientes imunocomprometidos. Nos Estados Unidos da América (EUA) dados epidemiológicos afirmam que a doença é desenvolvida em 3 a 10% dos pacientes com imunodeficiência adquirida (HIV). Na Europa e África, em 25 a 50%. Em pacientes imunocompetentes, a manifestação clínica é habitualmente benigna, e o processo infeccioso é na maioria das vezes sem sintomas (LIMA, 2014). O protozoário, eucarionte e parasita intracelular desenvolve processos infecciosos neurológicos que geralmente são quase sempre em pacientes imunocomprometidos. Nas manifestações sintomatológicas são comuns processos inflamatórios e o aumento de volume de um ou mais gânglios linfáticos (linfadenite). Esse processo vem acompanhado de febre, astenia e dores musculares, encefalite e meningoencefalite sem alterações ou manifestações neurológicas focais. Cefaleias intensas, sonolência, mudança de comportamento, seguido por coma, processos convulsionais, síndromes piramidal ou cerebelar, paralisias oculares e transtornos psíquicos, manifestações comuns no início dos sintomas da neurotoxoplasmose (BRASIL, 2019). 74 O diagnóstico da doença é baseado no exame de tomografia computadorizada (TC) ou de ressonância magnética (RM). Em alguns casos inconclusivos, que já tenham sido amplamente investigados, podemos utilizar o método clínico de biópsia cerebral estereotáxica (BE) para lesões intracraniana e estabelecer o diagnóstico preciso da doença. 4.2 Doenças infecto-parasitárias: leishmanioses As leishmanioses são doenças infecto-parasitárias ocasionadas pelos agentes etiológicos, protozoários, do gênero Leishmania. Possuem a sua transmissão por vetores, chamados de flebotomíneos que estão infectados pelo parasita. Figura 7 - Vetor da leishmaniose – Mosquito flebotomíneo Fonte: Mr. Rashad, Shutterstock, 2002. #ParaCegoVer: Na imagem há um mosquito, chamado de Flebotomíneo, em seu repasto sanguíneo (alimentação). É também chamado de mosquito palha devido à coloração acastanhada. As leishmanioses desenvolvem grande espectro de manifestações clínicas por estarem associadas a diferentes espécies do parasita Leishmania (WHO, 2010). 4.3 Leishmaniose visceral ou calazar A doença infecto-parasitária, chamada de Leishmaniose Visceral (LV), conhecida por calazar, encontra-se em constante aumento e agravo à saúde da população nas regiões Norte e Nordeste do Brasil por se tratar principalmente das modificações socioambientais, como o desmatamento ambiental que diminui a proporção de animais considerados fontes de alimentação para o mosquito transmissor, considerado vetor, para a disseminação da doença e o completo desenvolvimento do seu ciclo biológico (WHO, 2010). É um ciclo digenético envolvendo o cão e a espécie humana como alternativas mais acessíveis e susceptíveis ao processo migratório do vetor, devido os fatores socioambientais trazendo para 75 a população urbana das periferias das cidades a doença, que antes era considerada endêmica da área de matas ou rural. Não existe formas de prevenções de completa efetividade como uma imunização ou vacina (BRASIL, 2004). É preciso investir em condições favoráveis e orientações constantes, pelos profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF), por meio da prevenção primária para tentar diminuir os casos nas comunidades ou territórios assistindo pela equipe de saúde da ESF. O Ministério da Saúde afirma que o setor da vigilância epidemiológica é um dos componentes mais importantes do Programa de Controle da Leishmaniose Visceral (PCLV), que tem como finalidade primordial reduzir os números de letalidade e adoecimento (morbidade) por meio do diagnóstico e tratamento precoce dos casos positivados nas regiões endêmicas, bem como reduzir os agravos de contaminações e transmissões, controlando a população, considerada susceptível para reservatórios do agente infectante. A principal disfunção da LV é a hepatoesplenomegalia. E manifestação ou período de incubação da doença é de aproximadamente dois a quatro meses após a picada do vetor. Podem surgir manifestações clínicas de anorexia, palidez e tardiamente aumento da temperatura (febre) nos indivíduos que foram contaminados (NEVES, 2016). Além disso, as pessoas acometidas pela LV poderão desenvolver anemias e processos nutricionais de falta de nutrientes importantes para o desenvolvimento das funções orgânicas. É característico do animal infectado que ocorra um crescimento anormal das unhas, aparecimento de nódulos e lesões ou feridas ao longo do corpo, principalmente nas orelhas e focinhos e a queda de pelos. Além disso, surge descamação do tecido tegumentar, aumento da região abdominal, com perda de peso acentuada e grave, seguido de conjuntivite (BRASIL, 2019). 4.4 Leishmaniose tegumentar americana É uma doença infecto-parasitária, zoonose de animais silvestres, de regiões rurais, de mata, e de regiões periurbanas. Os principais fatores associados ao aparecimento da doença são as atividades econômicas, como garimpos, expansão de fronteiras agrícolas, o aumento do extrativismo, em condições ambientais altamente favoráveis ao contágio da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA). As manifestações sintomatológicas da LTA surgem por meio dos processos ulcerativos que acometem a pele com ausência de sensibilidade, mas com odor característica, fétida e de aparência e aspecto repugnante, afetando as questões biopsicossocial do indivíduo infectado pela patologia, que tende a se isolar. Além disso, existe uma destruição do septo nasal, seguido do dorso do nariz, o palato e a região faringiana (WHO, 2010). Apresentando inúmeras manifestações, devido às questões epidemiológicas das regiões 76 endêmicas de desenvolvimento da doença, A LTA, pode também se manifestar de diversas formas clínicas por serem transmitidas por inúmeras espécies do gênero Leishmania, com diferentes adaptações aos seus vetores e reservatórios. Infelizmente as ações humanas de destruição do meio ambiente dificultam o controle da doença e as medidas preventivas e de controle da LTA, e devem ser direcionadas conforme a situação epidemiológica de cada local e região endêmica (CDC, 2003). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 5 DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS: ESCABIOSE E PEDICULOSE A doença parasitária chamada de escabiose é causada pelo Sarcoptes scabiei, artrópode, eucarionte, microscópico, considerado um parasito humano obrigatório que vive em estruturas no formato de túneis na camada córnea da pele. Considerada uma doença infecto-parasitária de fácil contaminação, geralmente é transmitida de forma direta (pessoaa pessoa) principalmente pelo contato físico, apesar que também pode ser transmitida por animais e objetos que provavelmente estejam contaminados com o parasito. Aglomerações (creches, escolas, residências e abrigos) e a falta de higienização da população são os agravos principais para a transmissão da doença (LIMA, 2014). Em pessoas imunossuprimidos (comprometimento do sistema imunológico) é comum a manifestação da escabiose crostosa ou sarna crostosa com intensa descamação e com ausência ou pouco prurido. É considerada uma infestação que se desenvolve com minúsculas pápulas eritematosas com formações de poucos túneis no tecido tegumentar, principalmente nas áreas das regiões interdigitais, punhos, axilas, região periumbilical, sulco interglúteo, órgãos 77 genitais externos masculinos, no couro cabeludo e nas mãos. A coceira ou prurido é intenso, principalmente no período noturno por se tratar de um momento reprodutivo e deposição de ovos na camada córnea da pele (NEVES, 2016). A escabiose possui um período de incubação que pode variar de 1 dia até 6 semanas para as manifestações clínicas. Sua transmissibilidade ocorre durante todo o período da doença. O complicado dessa infestação é a formação de infecções secundárias que se dão pelos pruridos, principalmente em pacientes com o sistema imunológico comprometido, como os indivíduos com HIV e neoplasias. Biopsia ou raspado da pele são métodos para o diagnóstico clínico, e ajudam na visualização do agente etiológico (ácaro), por meio da microscopia. O tratamento é com fármacos antiparasitários associados com anti-histamínicos para alívio da coceira ou prurido. Não é considerada uma doença de notificação compulsória, mas é preciso ter controle para evitar surtos. As medidas de controle são consideradas de promoção e prevenção primária, por exemplo, lavar as roupas do paciente com água quente e sabão. Em casos de pacientes hospitalizados, é recomendado o isolamento para evitar surtos e transmissão rápida para outros indivíduos debilitados (OPAS, 2010). A pediculose é causada por piolhos (artrópodes) que necessitam de sangue para nutrição e reprodução, tendo habitat, preferencial, na superfície do tecido tegumentar (pele) e nos pelos. É comum pessoas que estão com a infestação apresentarem as lêndeas, que são consideradas os ovos dos piolhos. Existem mais de dois tipos de pediculoses, sendo que as mais comuns são as pediculoses do corpo e a pediculose do púbis, chamada de “chato”. Doença de transmissão por contato direto, com destaque para as aglomerações, geralmente das crianças em escolas e creches. Em adolescentes e adultos pode ser transmitida pelo compartilhamento de roupas, no caso da pediculose do púbis, ou ainda, pelo contato sexual. A pediculose tem como principal manifestação a coceira intensa, provocando pequenas lesões no couro cabeludo e por trás das orelhas e nuca. Já no tipo de pediculose corporal são encontradas escoriações, pápulas, minúsculas manchas de processo hemorrágico e pigmentação, principalmente no tronco, glúteo e abdome. E, no tipo pubiana, ocorre prurido, podendo ser encontradas manchas arroxeadas, escoriações e crostas hemorrágicas na região genital. É muito comum a ocorrência de infecção secundária, devido às lesões formadas através dos pruridos (BRASIL, 2005). O tratamento é semelhante ao da escabiose, mas se faz necessário o tratamento da família ou comunicantes das pessoas que tiveram contato com o indivíduo infestado, devido à contaminação rápida e contínua do parasita (GRISOTTI, 2010). Para prevenir a pediculose, o ideal é evitar o 78 compartilhamento de roupas, toalhas, acessórios de cabelo e outros objetos de uso pessoal, bem como evitar o contato direto cabeça com cabeça ou cabelo com cabelo de pacientes infestados. 6 DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS: PARASITOSES INTESTINAIS As parasitoses intestinais são ocasionadas por parasitas pertencentes ao grupo dos helmintos e dos protozoários, que preferencialmente se alojam no intestino dos seres humanos para se alimentarem das substâncias sanguíneas ou do conteúdo do trato intestinal, além de ocasionarem uma série de transtornos organismos para o hospedeiro (BRASIL, 2019). São doenças com alta frequência em crianças, principalmente nas áreas de periferia. Por este motivo, e pelas condições socioeconômicas desiguais, são consideradas problema de saúde pública, principalmente nos países subdesenvolvidos. A transmissibilidade e o período de incubação são variáveis, mas na maioria das vezes a transmissão depende dos fatores sanitárias e de higiene da população (BRASIL, 2004). É preciso entender que os investimentos de controle de promoção e prevenção a saúde são resolutivos em 80 a 85% dos casos das parasitoses intestinais. As principais parasitoses intestinais de interesse para os estudos nas doenças infecto- parasitárias são: AMEBÍASE Ocasionada pelo protozoário Entamoeba histolytica, considerado um parasita infeccioso do trato intestinal grosso, que pode desenvolver a disenteria amebiana. É transmitida pela água, alimentos e objetos contaminados. GIARDÍASE Ocasionada pelo protozoário Giardia lamblia, considerado um parasita infeccioso do trato intestinal delgado do homem, que pode desenvolver diarreia, além disso, impede o processo de absorção de nutrientes, ocasionando perda de peso e anemia para o hospedeiro. ASCARIDÍASE Ocasionada pelo nematelminto Ascaris lumbricoides, conhecido como lombriga, considerado um parasita do trato intestinal, que também pode migrar para outros órgãos da espécie humana. ANCILOSTOMÍASE Ocasionado pelo nematelminto Ancylostoma duodenale ou Necator americanos, conhecido 79 por amarelão, considerado um parasita do trato gastrointestinal, entra pela pele podendo causar irritação, até chegar ao intestino. Tem característica principal de sugar o sangue por meio da parede do intestino, ocasionando diarreia pela inflamação e anemia. ENTEROBÍASE OU OXIURÍASE Ocasionado pelo nematelminto Enterobius vermiculares, conhecido por oxiúro, considerado um parasita o trato intestinal delgado, de hábitos alimentares e reprodutivos noturnos, ocasionando prurido anal, principalmente nas crianças. TENÍASE Ocasionada pelo platelminto adulto das tênias (do porco) e Taenia saginata (do boi), é conhecida por solitária, podendo ocupar todo o trato intestinal do hospedeiro, ou seja, chegar a medir até 12 metros. Tem a sua transmissão por meio da ingestão de carne do porco mal cozida. As parasitoses são doenças diretamente relacionadas aos fatores de higienização, saneamento básico, esgoto e moradia. É importante dizer que os processos sintomatológicos mais comuns são as dores na região abdominais, diarreia, náuseas, vômitos, produção e eliminação excessiva de gases, tosse, calafrio, febre, e em algumas situações podem ocorrer sufocamento ou falta de ar, além das manifestações das anemias, pruridos anais e falta de apetite (FERNANDES; MUNÕZ, 2010). Os diagnósticos são realizados pelo quadro clínico do paciente com solicitação de exames específicos como fezes e sangue. O tratamento geralmente é realizado por meio de fármacos antiparasitários ou helmínticos, associados com outros fármacos de acordo com o surgimento das manifestações clínicas secundárias das parasitoses intestinais. Os métodos preventivos envolvem os cuidados de promoção e prevenção primária para a saúde da população. 7 INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Os processos infecciosos que são transmitidos pelo contato sexual são ocasionados por vírus, bactérias, fungos e outros microrganismos. A expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) foi substituída por Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), devido ao indivíduo contaminado transmitir a infecção para um outro individuo sem manifestações aparentes dos sinais e sintomas da patologia (BRASIL, 2019). Algumas se apresentam por corrimento diversos, lesões ou feridas, verrugas anogenitais e através de inflamação da pelve, decorrente do processode contaminação por uma IST. Geralmente a gonorreia e clamídia, quando não tratadas corretamente podem desenvolver a síndrome pélvica, chamada de Doença Inflamatória Pélvica (DIP). 80 A transmissão das ISTs ocorre, principalmente, pelo contato sexual, que pode ser oral, vaginal, anal, sem o uso do preservativo masculino e feminino. Além dessa forma de contágio, pode acontecer de forma congênita (mãe para criança) durante o processo gestacional, parto ou no aleitamento materno. E de forma não tão comum por mucosas ou tecido cutâneo lesionado (BRASIL, 2005). O tratamento dos indivíduos contaminados com as ISTs varia de acordo com o agente patológico viral, bacteriano, fúngico ou parasitários, e envolve diferentes tipos de fármacos apropriados para cada tipo específico. O que não podemos esquecer é a necessidade de romper a cadeia de transmissão (agente, hospedeiro e ambiente) do processo infeccioso sexualmente transmitido. O Ministério da Saúde assegura todo o diagnóstico, tratamento e cuidados de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde. Não adianta somente o tratamento das pessoas infectadas, é importante o controle das ISTs para evitar a reinfecção. Por esse motivo, existe a importância da prevenção primária constante como forma de conscientizar a população dos agravos sexuais transmitidos. Os parceiros sexuais devem ser comunicados e orientados para o diagnóstico precoce e necessidade de ser acompanhados por uma equipe de saúde. Existem inúmeros casos que a falta da adesão ao tratamento adequado evoluiu para diversas complicações seguido de morte. O Sistema Único de Saúde vem conscientizado e orientando a realização do teste rápido de HIV (tipo 1 e tipo 2), triagem para sífilis, Hepatite B e C como estratégia de saúde pública para ampliação rápida e segura do diagnóstico das infecções sexualmente transmissíveis (BRASIL, 2019). Figura 8 - Preservativo masculino Fonte: Purple Anvil, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: Na imagem há diversos preservativos masculinos, em cores diferentes, envolvidos por um involucro estéril para não ocorrer a contaminação desnecessária. 81 Enfim, os cuidados ou assistência de enfermagem em doenças transmissíveis infectocontagiosas e parasitárias tem como finalidade priorizar às necessidades básicas vitais do indivíduo, da família, e da comunidade. Tem como princípio do cuidar fundamentado na prevenção dos agravos à saúde ou da doença por meio da aplicação da promoção, proteção à saúde e de recuperação do indivíduo enfermo, evitando, assim, a disseminação e multiplicação no ambiente de agentes biológicos infectantes aos seres humanos. FIQUE DE OLHO As ações de enfermagem no controle das infecções sexualmente transmissíveis por nível de promoção e prevenção são constantes, principalmente pela atenção básica representada pela estratégia saúde da família. Para compreender o tema, leia o artigo “Ação educativa do enfermeiro na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis: uma investigação a partir das adolescentes”, acessando o link disponível nas referências desta unidade. 82 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • compreender os aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos, métodos diagnósticos, tratamento, profilaxia e prevenção das doenças infecto-parasitárias; • conhecer os principais agravos das doenças infectocontagiosas e parasitárias; • conhecer e discutir a situação epidemiológica das doenças infecciosas e parasitárias do Brasil; • aprender ações de educação em saúde tendo em vista informar a população os me- canismos de tratamento, profilaxia e prevenção das principais doenças infecciosas e parasitárias; • compreender que o enfermeiro é o profissional capacitado para trabalhar com mé- todos diferenciais em uma população ou comunidade para minimização dos casos das doenças infectocontagiosas e parasitárias humanas. PARA RESUMIR BESERRA, E. P.; PINHEIRO, P. N. C; BARROSO, M. G. T. Ação educativa do enfermeiro na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis: uma investigação a partir das adolescentes. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ean/v12n3/v12n3a19.pdf. Acesso em: 19 mai. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 6. ed. Brasília, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância em saúde. 3. ed. Brasília, 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Situação da prevenção e controle das doenças transmissíveis no Brasil. Brasília, Ministério da Saúde, 2004. CDC. Centers for Disease Control and Prevention. Guidelines for environmental Infection Control in Health-Care Facilities. Atlanta, 2003. FERNANDES, A. P. M.; MUNÕZ, S. S. As doenças infecciosas e parasitárias e seus condicionantes socioambientais. Disponível em: https://midia.atp.usp.br/plc/ju0004/ impressos/ju0004_01.pdf. Acesso em: 07 mai. 2020. GRISOTTI, M. Doenças infecciosas emergentes e a emergência das doenças: uma revisão conceitual e novas questões. Ciência & Saúde Coletiva. Florianópolis, V. 15, n. 1, 1095- 1104, 2010. LIMA, A. D. Ecologia médica: uma visão holística no contexto das enfermidades humanas. Rev Bras Edu Med. Rio de Janeiro, V. 38, n. 2, 165-172, 2014. NEVES, D. P. Parasitologia humana. São Paulo: Atheneu, 2016. OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde. Módulos de princípios de epidemiologia para o controle de enfermidades. Módulo 2: Saúde e doença na população. Organização Pan-Americana da Saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/modulo_ principios_epidemiologia_2.pdf. Acesso em: 07 mai. 2020. WHO. Working to overcome the global impact of neglected tropical diseases: first report on neglected tropical diseases. 2010. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE 4 Doenças parasitárias: varicela, caxumba, difteria, sarampo, coq- ueluche, tétano, medidas de biosse- gurança, tipos de isolamento hospi- talar e bactérias multirresistentes Você está na unidade Doenças Parasitárias: Varicela, Caxumba, Difteria, Sarampo, Coqueluche, Tétano, Medidas de Biossegurança, Tipos de Isolamento Hospitalar e Bactérias Multirresistentes. Conheça aqui conceitos básicos sobre as principais doenças infecciosas e parasitárias existentes no Brasil, inclusive as doenças emergentes causadas por vírus, bactérias, protozoários, helmintos e fungos. Compreenda os aspectos epidemiológicos, clínicos, diagnósticos, de controle, profilaxia e notificação das doenças infecto-parasitárias, além das medidas básicas de biossegurança para os trabalhadores da saúde. E por fim, conheça as formas de isolamento em hospitalização e as principais bactérias multirresistentes. Bons estudos! Introdução 87 1 VARICELA A varicela, conhecida popularmente como catapora, é uma doença exantemática viral infecciosa, altamente contagiosa. Os sintomas variam de febre moderada a alterações sistêmicas. As lesões cutâneas são poliformes e apresentam prurido. A doença costuma ser benigna em crianças. 1.1 Características da varicela O agente etiológico da varicela é o vírus Varicella-zoster. O reservatório exclusivo é o homem. O modo de transmissão se dá de modo direto, sendo de pessoa a pessoa, por meio de contato direto ou de secreções respiratórias pelas partículas de aerossóis, muito raramente pelo contato com as lesões da pele. O período de incubação costuma ser de 14 a 16 dias. O período designado como período de transmissibilidade varia de 1 a 2 dias antes do aparecimento das lesões exantemáticas, e estende-se até que todas as lesões estejam na fase de crosta. A suscetibilidade da doença é universal. Uma vez que a pessoa desenvolve a doença, a infecção confere imunidade permanente, no entanto, em casos raros podem acontecer um segundo episódio de varicela. Já quando se trata de imunidade passiva, ou seja, transferida de mãe para filho, esta pode perdurar em proteção para criança entre 4 e 6 meses da criança.As manifestações clínicas da varicela são divididas em dois momentos: PERÍODO PRODRÔMICO Esse período se inicia com febre baixa, cefaleia, anorexia e vômito, e pode durar de horas por até 3 dias. As erupções cutâneas pápulo-vesicular começam na face evoluem para o couro cabeludo ou tronco. PERÍODO EXANTEMÁTICO As lesões costumam surgir de formas múltiplas e evolutivas, variando de máculas que evoluem para pápulas, vesículas, pústulas e crostas. Têm uma frequência maior de surgimento nas partes cobertas do corpo, mas também podem surgir no couro cabeludo, na mucosa oral e das vias aéreas superiores. A Síndrome de Reye, que ocorre pelo uso prolongado de ácido acetilsalicílico (AAS), está associada também à varicela. Essa complicação é caracterizada por quadros de vômito, agitação, diminuição do nível de consciência e edema cerebral. Por esse motivo, o uso de ASS é contraindicado a pacientes que desenvolvem varicela (BRASIL, 2004). 88 1.2 Herpes zoster Dentro desse estudo sobre varicela, é necessário abrirmos um espaço para falar sobre a herpes zoster. Essa doença ocorre quando há a reativação do vírus da varicela-zoster. Conforme o Ministério da Saúde, o quadro clínico é, quase sempre, típico. A maioria dos doentes refere, antecedendo às lesões cutâneas, dores nevrálgicas, além de parestesias, ardor e prurido locais, acompanhados de febre, cefaleia e mal-estar. A lesão elementar é uma vesícula sobre base eritematosa. A erupção é unilateral e segue o trajeto de um nervo. As regiões mais comprometidas são a torácica e cervical, correspondentes ao trajeto do nervo trigêmeo e região lombossacra. Quando ocorre o acometimento do nervo facial, que também é possível (paralisia de Bell), a pessoa apresenta a característica de distorção da face. Em pessoas com herpes zoster disseminado ou com várias recidivas, é aconselhável fazer teste de sorologia para HIV, além de uma pesquisa para neoplasias malignas. Vejamos as complicações da varicela: • Ataxia cerebelar aguda. • Trombocitopenia. • Infecção secundária da pele (Exemplo: impetigo). • Síndrome de Reye. • Infecção fetal. • Varicela hemorrágica. O diagnóstico pode ser feito clínico por meio das manifestações clínicas ou por meio de análise laboratorial, este último de três formas mais específicas: • Ensaio imunoenzimático (EIE); • Aglutinação pelo látex (AL); • Imunofluorescência indireta (IFI). O tratamento sempre deve ser sintomático, como o uso de antitérmicos, anti-histamínico e analgésico não salicilato. A orientação de higiene da pele com água e sabão também deve ser recomendada como tratamento. Se houver infecção secundária, é recomendada a introdução do uso de antibióticos. No entanto, o tratamento específico para varicela quando identificado o risco de agravamento da doença em pessoas com mais de 12 anos de idade, exceto as portadoras de doenças respiratórias e dermatológicas crônicas, é indicado o uso do antirretroviral Aciclovir. 89 A varicela só deve ser notificada para a vigilância epidemiológica na ocorrência de casos graves ou surto. Deve ser preenchida a Ficha de Investigação de Varicela, disponibilizada pelo Sistema de Agravos de Notificação (SINAN). 2 CAXUMBA A caxumba é uma doença viral que tem como característica atingir inicialmente crianças em idade escolar e adolescentes. Costuma ser de evolução benigna, em raros casos pode haver agravamento necessitando a hospitalização. Quando atinge a população adulta, nos homens em certa porcentagem, pode evoluir para orquiepididimite e nas mulheres mastite. Apresenta febre, dor, causam aumento do volume das glândulas salivares, especialmente as parótidas. 2.1 Características da caxumba O agente etiológico da caxumba é um vírus do gênero Paramyxovírus. O reservatório é o homem. A transmissão se dá de forma direta pela via aérea, pela disseminação de gotículas ou pelo contato direto com saliva de pessoas infectadas. O período de incubação dura em média de 12 a 25 dias. A suscetibilidade da doença é universal. Quanto à imunidade, esta é de caráter permanente, sendo adquirida após infecções inaparentes, aparentes ou após imunização. A manifestação clínica mais comum dessa doença é o aumento das glândulas salivares, sendo a principal delas acometidas, as parótidas, além das glândulas sublinguais e submaxilares, seguida de quadro febril. Os sintomas iniciais são: • Febres que variam de 37,7º a 39,4ºC. • Anorexia. • Astenia. • Cefaleia. • Mialgia. • Artralgia. • Desconforto em mastigar. Em crianças menores de 5 anos de idade é comum sintomas das vias respiratórias. Trata-se de um evento raro, mas pode haver perda neurossensorial da audição, de início súbito e unilateral. O vírus também tem afinidade pelo sistema nervoso central, onde há situações em que observamos casos de meningite asséptica, de curso benigno e encefalite. Em mulheres gestantes, no primeiro 90 trimestre da gestação, pode levar ao aborto. O diagnóstico da doença é claramente clínico-epidemiológico. Podem ser realizados testes sorológicos como ELISA e inibição da hemaglutinação, mas não são rotineiramente. O tratamento é baseado nos sintomas em que o paciente apresenta, sendo indicadas a hidratação adequada e a alimentação saudável. Antitérmicos e analgésicos que aliviam as dores e baixam a febre também são aplicados. A caxumba não é uma doença de notificação compulsória, ela não consta na Portaria nº 204, de 17 de Fevereiro de 2016. Porém, os municípios e estados têm autonomia para instituir uma portaria tornando a doença como caso de notificação compulsória (Brasil, 2019). 3 DIFTERIA A difteria é uma doença infectocontagiosa, imunoprevenível, com certo grau de letalidade. É causada por um bacilo, que costuma se alojar nas vias aéreas, mais precisamente na laringe e faringe, amígdalas e nas fossas nasais. 3.1 Características da difteria A difteria, também conhecida como crupe, é causada por um agente etiológico gram-positivo, um bacilo que produz toxina diftérica, chamada de Corynebacterium diphtheriae. O reservatório desse bacilo é o homem, que tem sua via respiratória superior e a pele colonizada por essa bactéria. O meio de transmissão da doença é de forma direta, sendo passado de pessoa para pessoa por via respiratória através de gotículas e secreções eliminadas pela tosse, fala ou espirro. O período de incubação da doença costuma ser de 1 a 6 dias. A suscetibilidade da difteria é universal. A imunidade pode ser adquirida pela vacinação, disponibilizada pelo calendário vacinal do Programa Nacional de Imunização, além de poder ser adquirida pela passagem de anticorpos maternos via transplacentária, que protegem o bebê nos primeiros meses de vida. A principal manifestação clínica da difteria é a presença de placas branco-acinzentadas que se aderem nas amígdalas, invadindo as estruturas vizinhas. Além de se aderirem nas vias aéreas, podem com menor frequência se instalar na pele, nas conjuntivas, na vulva e no pênis, além do cordão umbilical. Os sintomas mais comuns são: • Dor de garganta. • Febre. 91 • Mal-estar geral. • Edema cervical. Dependendo do tamanho e localização da placa pseudomembranosa, o paciente pode apresentar quadro de asfixia aguda, necessitando intervenção imediata para evitar a morte do paciente. As complicações do quadro podem ocorrer no decorrer da doença, que variam desde miocardites, neurites até complicações renais. O diagnóstico, considerado padrão ouro, é feito pela identificação e isolamento da bactéria causadora da difteria por meio de cultura de amostras biológicas coletadas por meio das lesões e secreções da nasofaringe e orofaringe. O tratamento mais eficaz da doença é a administração do soro antidiftérico (SAD). Esse soro deve ser administrado em ambiente hospitalar, e visa inativar a toxina circulante no organismo, promovendo a circulação suficiente de anticorpos para o combate as toxinas. O soro é de origem heteróloga de equinos. A administração endovenosa é feita apenasescabiose e pediculose .......................................................................76 6 Doenças infecto-parasitárias: parasitoses intestinais ........................................................................78 7 Infecções sexualmente transmissíveis ............................................................................................... 79 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................82 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................83 UNIDADE 4 - Doenças parasitárias: varicela, caxumba, difteria, sarampo, coqueluche, tétano, medidas de biossegurança, tipos de isolamento hospitalar e bactérias multirresistentes ...85 Introdução.............................................................................................................................................86 1 Varicela ..............................................................................................................................................87 2 Caxumba ............................................................................................................................................89 3 Difteria ...............................................................................................................................................90 4 Sarampo .............................................................................................................................................92 5 Coqueluche ........................................................................................................................................94 6 Tétano acidental ................................................................................................................................. 96 7 Medidas de biossegurança................................................................................................................. 100 8. Equipamentos de proteção ............................................................................................................... 103 9 Tipos de isolamentos hospitalares ..................................................................................................... 105 10 Bactérias multirresistentes .............................................................................................................. 109 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................110 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................111 Os cuidados da enfermagem relacionados às doenças infectoparasitárias são apresentados neste livro de forma didática e com linguagem simples. Você conhecerá aqui as doenças, formas de tratamento, período de cuidados, entre outros aspectos relacionados ao tema. Na primeira unidade, vamos fazer uma introdução aos estudos das doenças infectoparasitárias humanas. Abordaremos aqui um ramo das ciências biológicas e da saúde direcionadas para o estudo das disfunções ou patologias infecciosas e contagiosas, ou, ainda, chamadas de infectoparasitárias humanas. Procuramos englobar nesta unidade as diversas áreas da saúde, como a epidemiologia, que é considerada a base da saúde pública, para investigar, entender e controlar as causas dos surgimentos das doenças infectoparasitárias. Na sequência, abordaremos os conceitos básicos sobre as principais doenças infecciosas e parasitárias existentes no Brasil, inclusive as doenças emergentes causadas por vírus, bactérias, protozoários, helmintos e fungos. O conteúdo terá como foco especialmente os aspectos epidemiológicos, clínicos, de diagnósticos, de controle, profilaxia e notificação das doenças infecto-parasitárias. Na terceira unidade, doenças infectoparasitárias humanas: uma assistência contínua, apresentaremos as doenças ocasionadas por vírus, bactérias, protozoários e helmintos, parasitas cujo estudo é de suma importância para o ramo das ciências biológicas e da saúde. Mostraremos as características da rubéola, poliomielite, hanseníase, toxoplasmose, neurotoxoplasmose, leishmaniose, pediculose, escabiose, parasitoses intestinais e ainda as infecções sexualmente transmissíveis. Você compreenderá aqui essas patologias e como a epidemiologia deve investigar, entender e controlar as causas dos surgimentos das doenças infectoparasitárias associadas à vigilância sanitária, que está sempre relacionada aos fatores observacionais das doenças para controlar a disseminação e atuar com medidas eficazes de promoção, prevenção e recuperação da saúde da população. A quarta unidade tem um conteúdo abrangente sobre as doenças parasitárias: varicela, caxumba, difteria, sarampo, coqueluche, tétano, medidas de biossegurança, tipos de isolamento hospitalar e bactérias multirresistentes. Discutiremos os conceitos básicos sobre as principais doenças infecciosas e parasitárias existentes no Brasil, inclusive as doenças emergentes causadas por vírus, bactérias, protozoários, PREFÁCIO helmintos e fungos. Os aspectos epidemiológicos, clínicos, diagnósticos, de controle, profilaxia e notificação das doenças infectoparasitárias, além das medidas básicas de biossegurança para os trabalhadores da saúde, também serão apresentados aqui. Por fim, mostraremos as formas de isolamento em hospitalização e as principais bactérias multirresistentes. Um livro fundamental para o estudo dos cuidados da enfermagem aos pacientes portadores de doenças infectoparasitárias. UNIDADE 1 Introdução aos estudos das doenças infecto-parasitárias humanas Olá, Você está na unidade Introdução aos Estudos das Doenças Infecto-Parasitárias Humanas. Conheça aqui um ramo das ciências biológicas e da saúde direcionado ao estudo das disfunções ou patologias infecciosas e contagiosas, também chamado de infecto- parasitárias humanas. Entenda as diversas áreas da saúde, como a epidemiologia, considerada a base da saúde pública para investigar, entender e controlar as causas dos surgimentos das doenças infecto-parasitas associadas à vigilância epidemiológica. Compreenda que a epidemiologia está sempre relacionada aos fatores observacionais para o surgimento das novas doenças a fim de controlar a sua disseminação e atuar com medidas eficazes de promoção, prevenção e recuperação da saúde da população. Bons estudos! Introdução 13 1 NOÇÕES PRELIMINARES Estudar essas doenças é um desafio diário para a saúde pública por ser uma área do conhecimento de espectro amplo, que vai desde as doenças mortais até as que podem ocasionar incapacidade no organismo humano. Estudar o mundo das doenças infectocontagiosas é entender as estruturas e os comportamentos dos vírus, bactérias, fungos, helmintos e artrópodes de interesses médicos, além de compreender a relação parasito-hospedeiro e meio ambiente, para estabelecer o controle do agente infeccioso. O enfermeiro integrante do setor das doenças infectocontagiosas tem a função de gerenciar e prestar assistência direcionada ao aperfeiçoamento do cuidar, aplicando protocolos institucionais e de órgãos legisladores da saúde da população. Ele se utiliza de ferramentas inovadoras para a aplicação do processo de sistematização da assistência de enfermagem para potencializar o cuidado e identificar as necessidades básicas e prioritárias baseadas em evidências individualizadas, humanizadas e holísticas. Esta unidade apresentará as Doenças Infecto-Parasitárias (DIP) ou infectocontagiosas como um desafio atual para os profissionais da saúde, principalmente o enfermeiro, por se tratar do campo prático assistencial voltado às necessidades biopsicossociais do indivíduo acometido por uma patologia infecciosa, podendo ser até contagiosa. O setor ou unidade hospitalar das DIP é crítico, pertencenteem ambiente hospitalar, que tem capacidade de atender possíveis complicações referentes ao soro, como a presença de médico e equipamentos de emergência. Se não houver essa disponibilidade, o paciente deve ser encaminhado a outro serviço que atenda essas exigências, garantindo assim a administração segura do soro. O tratamento com antibioticoterapia também pode ser feito, e dura em média 14 dias. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: A difteria é uma doença de notificação compulsória. A vigilância epidemiológica deve ser comunicada por meio da Ficha de Investigação de Difteria disponibilizada pelo Sistema Informações de Agravos de Notificação (SINAN). 92 4 SARAMPO O sarampo é uma doença altamente contagiosa, que atinge todos os grupos etários, trazendo um risco maior quanto à letalidade em crianças menores de 5 anos e tem preferência pelo grupo de adultos jovens, entre 15 e 29 anos. É uma doença imunoprevenível. Recentemente, casos de surtos de sarampo aconteceram pelo mundo tanto em países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento, fazendo com que por esse motivo o Brasil, que não registrava casos de sarampo desde o ano 2000, registrasse novos casos que vieram importados de outros países (Ribeiro, 2015). 4.1 Características do sarampo O agente etiológico do sarampo é um RNA vírus do gênero Morbillivirus, que pertence a família Paramyxoviridae. O reservatório é o homem. A transmissão se dá pelo contato direto, por via respiratória através de gotículas, por secreções expelidas na fala, na tosse ou no espirro. Já existem descrições da transmissão direta também por aerossóis, o que aumenta a capacidade de contágio da doença, principalmente em ambientes fechados com muitas pessoas, como é o caso de escolas e creches. O período de transmissibilidade começa antes do aparecimento do exantema, em 4 a 6 dias e dura até mais ou menos 4 dias depois do aparecimento das lesões. O período de incubação costuma ser de 10 dias, mas pode ter uma variação e ser de 7 a 18 dias. Em relação à suscetibilidade da doença, ela é universal. As crianças lactentes, que tiverem mães vacinadas ou que já passaram pela doença, possuem imunidade passiva, que é realizada pelos anticorpos via transplacentária. Essa imunidade pode durar até por volta dos 12 meses de idade. Motivo esse que justifica a necessidade da imunização das crianças nos primeiros anos de vida, pois a maioria delas perde os anticorpos que receberam da mãe por volta dos 9 meses. As manifestações clínicas do sarampo são caracterizadas por febre, geralmente alta, acima de 38,5ºC, presença de exantema máculo-papular generalizado pelo corpo, coriza, conjuntivite, tosse, manchas de Koplik, que são pequenos pontos brancos na mucosa oral, antecedente ao aparecimento das lesões exantemáticas. De forma geral, as manifestações clínicas são divididas em três fases: PERÍODO DE INFECÇÃO Inicia com o surgimento do quadro febril, dura em média 7 dias, acompanhado de coriza, conjuntivite, tosse produtiva e fotofobia. Nessa fase surgem os exantemas na região retroauricular. 93 PERÍODO TOXÊMICO Nesse período ocorre a bacteremia pela falta de imunidade do doente. As complicações mais sérias costumam acometer crianças menores de 2 anos de idade, com baixo peso. PERÍODO DE REMISSÃO Nessa fase ocorre a diminuição dos sintomas, como a diminuição da febre, o exantema fica escurecido e, em alguns casos, pode haver descamação fina, lembrando características de farinha. Figura 1 - Lesões exantemáticas Fonte: Kaspars Grinvalds, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem apresenta as costas de uma criança com lesões exantemáticas: pode-se observar o padrão da lesão característica do sarampo. O diagnóstico do sarampo é feito pela localização de anticorpos de IgM na corrente sanguínea, em sua fase aguda. Esses anticorpos podem ser encontrados em até 4 semanas depois do surgimento dos exantemas. Os exames específicos para localização dos anticorpos são: • Ensaio imunoenzimático (ELISA). • Inibição de hemoaglutinação (HI). • Imunoflourescência para dosagem de IgM e IgG. • Neutralização em placas. 94 Não há um tratamento específico para o sarampo. Além dos medicamentos para o tratamento dos sintomas, é recomendada a administração de vitamina A, que auxilia na diminuição do risco de agravamento dos casos. O sarampo é uma doença imunoprevenível por meio da vacinação. A idade para iniciar o esquema vacinal recomendado pelo Ministério da Saúde é que a primeira dose deve ser administrada em crianças ao completarem 12 meses de idade e a segunda dose aos 15 meses de idade. Com o aumento de casos de sarampo em alguns estados do Brasil nos últimos anos, o Ministério da Saúde incluiu a dose zero que é a vacina obrigatória em todas as crinas entre 6 meses e 1 ano incompletos, chamada também de dose extra. Em pessoas adultas, que tomaram apenas uma dose da vacina até os 29 anos, é recomendado completar o esquema vacinal e tomar a segunda dose. Se a pessoa ainda não tomou nenhuma dose ou perdeu o cartão de vacinação para comprovação das vacinas, de 1 a 29 anos, devem ser administradas duas doses da vacina e se a idade for entre 30 e 59 anos, deve ser administrada somente uma dose. Em mulheres grávidas, a vacina é contraindicada, pois é produzida com o vírus vivo do sarampo, o que pode comprometer o sistema imunológico da mulher, ocasionando complicações na gestação. O sarampo é uma doença de notificação imediata. A vigilância epidemiológica precisa receber a notificação dos casos em 24 horas. O comunicado é feito a partir da Ficha de Investigação de Sarampo disponibilizada pelo Sistema de Informações de Agravos e Notificação (SINAN). Por se tratar de uma doença de alta importância contagiosa e infecciosa, todo caso suspeito de sarampo deve ser comunicado também por telefone à vigilância epidemiológica, para acompanhamento precoce do desenvolvimento do caso. 5 COQUELUCHE É uma doença infecciosa aguda, com alto potencial de transmissibilidade atingindo a população de forma universal. É também conhecida como tosse comprida. É uma doença com grande importância nas causas de morbimortalidade na idade infantil. O principal sistema afetado com a coqueluche é o sistema respiratório, sendo caracterizado por tosse seca. Em lactentes, as FIQUE DE OLHO Febre persistente por mais de 3 dias, depois do surgimento dos exantemas, é sempre um sinal de alerta para o surgimento de complicações respiratórias, auditivas, neurológicas e diarreicas. Complicações que levam pacientes à hospitalização, principalmente crianças desnutridas e imunodeprimidas. 95 complicações podem levar a criança ao óbito. 5.1 Características da coqueluche O agente etiológico da coqueluche é um bacilo aeróbico gram-negativo Bordetella pertussis. O reservatório é o homem. O modo de transmissão se dá principalmente da forma direta através de gotículas expelidas pelo espirro, fala e tosse. Em alguns raros casos, pode acontecer a transmissão por meio de objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas infectadas, mas esse meio de transmissão é pouco frequente pela dificuldade de o agente patológico sobreviver fora do hospedeiro. O período de incubação da doença varia de 5 a 10 dias. A suscetibilidade a doença é geral. A pessoa pode se tornar imune em duas situações específicas: uma quando adquire e trata a doença, e outra por meio da vacinação. As manifestações clínicas aparecem em três fases, são elas: CATARRAL Tem duração de 1 a 2 semanas. Os sintomas aparentes são febre leve, mal-estar coriza e tosse, sendo gradativo o aumento dos episódios de tosse, tornando-se cada vez mais frequentes e intensos até desenvolver crises de tosses paroxísticas. FASE PAROXÍSTICA Nessa fase o quadro de febre costuma ser brando, paroxismos de tosse seca de forma súbita, rápida, curta e incontrolável, chegando ao número de 5 a 10 tossidas em uma só expiração. Durante os acessos de tosse, a pessoa não consegue realizar a inspiração, apresentandoprotrusão da língua, congestão facial, podendo chegar a casos de cianose, apneia e vômitos. Quando o quadro de tosse cessa, ocorre uma inspiração profunda através da glote estreitada, podendo ser perceptível um som denominado de “guincho”. O número de episódios de tosse paroxística pode chegar atingir 30 em 24 horas, sendo mais acometido no período da noite. Essa fase dura em média de 2 a 6 semanas. FASE DE CONVALESCENÇA Os quadros de paroxismos de tosse desaparecem e a tosse comum permanece. Infecções respiratórias de outra natureza podem se instalar no indivíduo durante o período de convalescença da coqueluche, podendo assim provocar o reaparecimento transitório dos paroxismos. A realização do diagnóstico da coqueluche em estágios iniciais é difícil, isto porque os sintomas podem ser semelhantes ao de um resfriado ou até mesmo de outras doenças respiratórias. A tosse seca é uma característica forte e indicativa da coqueluche, mas para confirmar o diagnóstico podem ser realizados os seguintes exames: 96 • Coleta de material de nasofaringe para cultura. • PCR em tempo real. • Exames complementares podem ser realizados, como o hemograma e o raio-x de tórax para auxílio de identificação do diagnóstico. O tratamento da coqueluche é praticamente à base de antibioticoterapia. A internação hospitalar se torna necessária pela severidade dos sintomas. Gestantes no último trimestre ou puérperas que tiveram contato com casos confirmados ou suspeitos e que apresentarem tosse por no mínimo 5 dias devem iniciar tratamento, independente do seu estado vacinal. A imunização se dá por meio da vacina pentavalente (DTP, HIB, Hepatite B), sendo o primeiro reforço aos 15 meses de idade e um segundo reforço aos 4 anos de idade com a tríplice bacteriana (DTP). A imunidade para essa doença não é permanente, depois de 10 anos em média da última dose da vacina a proteção é quase que inexistente. A doença da coqueluche é de notificação compulsória, devendo a vigilância epidemiológica ser comunicada por meio do preenchimento da Ficha de Investigação de Coqueluche, que é disponibilizada pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). 6 TÉTANO ACIDENTAL O tétano é uma doença causada por um bacilo. Pode ser prevenido por meio da imunização. É classificado de duas formas: a acidental e neonatal. O tétano neonatal é o de pior prognóstico e maior mortalidade. O tétano acidental nos dias atuais ainda é uma doença frequente em países em desenvolvimento e nos desenvolvidos. A letalidade da doença varia dependendo de faixa etária do paciente, da gravidade da forma clínica, tipo de ferimento que serviu de porta e de entrada para o bacilo, rapidez no fechamento do diagnóstico até nas condições em que a doença é tratada referente à qualidade da assistência prestada, dentre outros motivos (LISBOA, 2011). 6.1 Características do tétano acidental O agente etiológico causados do tétano é um bacilo gram-positivo anaeróbico chamado Clostridium tetani. O reservatório desse bacilo é a natureza. Ele é encontrado sob a forma de esporo, podendo ser identificado na poeira das ruas, fezes, pele, arbustos, água contaminadas, terra e no trato gastrointestinal do homem e de equinos, sem causar o desenvolvimento da doença. 97 A via de transmissão do tétano acidental é de forma indireta. Ocorre, geralmente, pela contaminação de um ferimento da pele ou mucosa pela introdução dos esporos. A presença de tecidos desvitalizados, infecções e corpo estranho são condições favoráveis para o desenvolvimento do bacilo na forma vegetativa, por serem situações favoráveis de anaerobise, sendo responsáveis nessa situação pela produção das toxinas tetanopasmina e tetanolisina. O período de incubação da doença é curto: em média, de 5 a 15 dias, podendo ter variação para menos ou para mais. Vale ressaltar que quanto menor for o período de incubação do bacilo, maior a gravidade da doença seguida de um pior prognóstico. A suscetibilidade do tétano acidental é geral, sendo a principal medida de prevenção contra o tétano a vacinação, que consta no calendário oficial de vacinação do Programa Nacional de Imunizações (PNI). A vacina que deve ser realizada é a pentavalente em crianças entre 2 meses e 1 ano de vida, seguida de dois reforços com a vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche) aos 15 meses de idade o primeiro reforço, e o segundo aos 4 anos de idade. Pode ser realizada também a vacina dT (dupla adulto) para a população acima dos 7 anos, sendo recomendadas três doses dessa vacina com um reforço a cada 10 anos. As gestantes devem ser vacinas com uma dose da vacina dupla adulto em cada gestação. As manifestações clínicas mais importantes do tétano acidental são: • Contraturas musculares. • Rigidez de membros (braços e pernas). • Rigidez abdominal. • Dores nas costas e nos membros (braços e pernas). • Dificuldade de abrir a boca. • Febre baixa Os espasmos musculares acontecem sob a forma de abalos tonicoclônicos, que variam em intensidade e intervalos, de acordo com a gravidade do quadro da doença. O aparecimento de contração da glote, as crises espáticas e hipertonia torácica podem agravar o quadro com insuficiência respiratória, o que geralmente é a causa de óbito em pessoas doentes pelo tétano. Nas formas mais graves ocorre a disautonomia que é a ocorrência da hiperatividade do sistema autônomo, seguido de sudorese, hipertensão arterial sistêmica, taquicardia, febre e bexiga neurogênica são os sinais que agravam o prognóstico do tétano. O diagnóstico é essencialmente clínico, não dependendo de análise laboratorial. Nas formas generalizadas do tétano podem ser identificados sintomas parecidos com os de outras doenças. Nesse sentido para o diagnóstico diferencial do tétano são incluídos a investigação para: 98 intoxicação pela estricnina, meningites, tetania, raiva, histeria, intoxicação pela metoclopramida e intoxicação por neurolépticos e doença do soro. O tratamento do tétano exige a hospitalização imediata, preferencialmente em unidade de terapia intensiva (UTI), local apropriado e com suporte técnico para o manejo das complicações da doença, principalmente respiratória, reduzindo desta forma as sequelas e também a letalidade da doença. Caso não exista a possibilidade de internação em UTI, o paciente deve ser assistido nas enfermarias, em quarto individual, com o uso de equipamentos e cuidados necessários, promovendo o mínimo de ruídos, luminosidade temperatura estável. O isolamento é necessário pela sensibilidade do paciente aos seus sintomas, não se trata de uma doença contagiosa. O uso do soro antitetânico (SAT) é indicado para a prevenção e o tratamento do tétano. A prescrição e administração vão depender das condições em que ocorreram o ferimento, além da relação com o estado vacinal antitetânico anterior do paciente e ao uso anterior do próprio soro. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 6.2 Desbridamento da lesão É recomendado, como forma de tratamento, limpar o ferimento suspeito com soro fisiológico 0,9% ou água e sabão, em seguida realizar o desbridamento, tendo como objetivo a retirada do tecido desvitalizado e presença de corpo estranho. Após o procedimento, deve-se realizar a limpeza com solução antisséptica a 70%. Os ferimentos puntiformes e profundos devem ser abertos em cruz para fazer a lavagem com solução abundante. O tétano acidental é doença de notificação compulsória. A vigilância epidemiológica deve ser comunicada por meio do preenchimento da Ficha de Investigação de Tétano Acidental, que é 99 disponibilizada pelo Sistema de Informações e Agravos de Notificação (SINAN). 6.3 Tétano neonatal O tétano neonatal é uma doença grave, infecciosa e não contagiosa, muitas vezes fatal, conhecida também popularmente como “mal dos sete dias”. É causada pela toxina de uma bactéria que pode se manifestar nos primeiros 28 dias após o nascimento. Está associado à falta de esterilização na técnica durante o parto e pela faltade cuidados com o cordão umbilical. Os recém-nascidos que adquirem o tétano neonatal apresentam dificuldades para realizar sucção e abertura da boca, além de contração intensa e rigidez muscular. 6.4 Características do tétano neonatal O agente etiológico causador do tétano neonatal é um bacilo anaeróbico, gram-positivo chamado Clostridium tetani, que causa contração muscular. Esse bacilo é encontrado na poeira, em pregos enferrujados, instrumentos cirúrgicos não esterilizados, além de serem encontrados também no trato gastrointestinal do homem e de cavalos. A transmissão se dá por meio da contaminação do cordão umbilical durante sua manipulação ou por meio de procedimentos realizados no coto umbilical de forma inadequada, quando utilizados materiais contaminados. O período de incubação pode ser de até 28 dias. A suscetibilidade da doença é geral, atingindo recém-nascidos de ambos os sexos. A doença não confere imunidade, esta só é adquirida pela vacinação correta da mãe, sendo três doses, ou o reforço se a última dose foi a mais de 5 anos. Essas crianças conferem imunidade passiva até os 2 meses de vida. As manifestações clínicas geralmente encontradas nos recém-nascidos são choros constantes, dificuldade de sucção decorrentes do trismo (contratura doloroso dos músculos da mandíbula), irritabilidade seguido de rigidez de nuca, tronco e abdome. Evoluem para hipertonia generalizada, apresentando hiperextensão dos membros inferiores e hiperflexão dos membros superiores, com as mãos fechadas, flexão dos punhos, rigidez extrema da musculatura dorsal e intercostal, o que resulta em dificuldade respiratória. A musculatura facial acontece de forma severa, em que ocorre o cerramento dos olhos e a contratura dos lábios, como se a criança quisesse pronunciar a letra U. Em alguns casos podem ter quadros de febre, espasmos musculares desencadeados por estímulo sonoro, tátil e luminoso. No agravamento do quadro, o recém-nascido cessa o choro, apresenta dispneia seguida de apneia, que podem levar ao óbito. O diagnóstico é basicamente clínico, não há exame laboratorial para detectar do tétano. 100 O tratamento é a internação do recém-nascido em UTI ou enfermaria adequada às necessidades da criança. Tanto a UTI como a enfermaria devem prover o isolamento acústico, a baixa luminosidade, ruídos e manter a temperatura ambiente. A atenção da equipe de enfermagem deve ser contínua quanto às emergências, principalmente respiratórias que decorrem dos espasmos, prestando assistência ventilatória imediata nos casos de dispneia ou apneia. Dentre as medidas preventivas, a realização do pré-natal é de extrema importância para prevenir o tétano neonatal. Nesse período é que será realizada a investigação do esquema vacinal e a educação em saúde quanto aos cuidados com o recém-nascido, principalmente na realização da higiene do coto umbilical. O tétano neonatal é doença de notificação compulsória devendo ser levado ao conhecimento da vigilância epidemiológica por meio do preenchimento da Ficha de Investigação de Tétano Neonatal, que é disponibilizada pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). 7 MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA A biossegurança corresponde a um conjunto de ações que são destinadas a controlar, prevenir e eliminar riscos relativos às atividades que possam comprometer a saúde humana, a qualidade de vida e o meio ambiente. As medidas de biossegurança englobam ações que visam evitar riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos. 101 Figura 2 - Classificação dos principais riscos em grupos ocupacionais conforme a sua natureza e padronização das cores correspondentes Fonte: MORAES, 2014 (Adaptado). #ParaCegoVer: A imagem apresenta uma tabela com a classificação dos principais riscos em grupos ocupacionais conforme a sua natureza e padronização das cores correspondentes. A cor verde corresponde ao risco físico, a cor vermelha, ao risco químico, a cor marrom, ao risco biológico, a cor amarela, ao risco ergonômico e a cor azul corresponde ao risco mecânico. 102 7.1 Riscos físicos São considerados agentes de riscos físicos as variadas formas de energia, originadas dos equipamentos, e aquelas que são dependentes dos equipamentos, do manuseio do operador ou do ambiente em que se engloba o setor de saúde. São considerados riscos físicos: vibrações, temperaturas extremas, ruídos, radiações ionizantes e não ionizantes, entre outros. 7.2 Riscos químicos Os danos à saúde que envolvem as substâncias químicas estão relacionados à concentração dos agentes químicos, a frequência e a duração da exposição, hábitos laborais e também à suscetibilidade individual (FREIRE, 2009). São agentes de riscos químicos os produtos que penetram no organismo pelas vias respiratórias nas formas de poeira, vapores, neblinas, névoa, poeiras, fumos, gases ou vapores, ou por meio da natureza decorrente da atividade de exposição. As classificações das substâncias químicas como gases, líquidos ou sólidos devem sempre ser conhecidas pelos manipuladores. A manipulação deve ocorrer de forma adequada em locais que forneçam segurança pessoal e do meio ambiente, além de ter local adequado ao descarte dessas substâncias. 7.3 Riscos biológicos A exposição ao risco biológico ocupacional pode ocorrer de duas formas. A primeira pela exposição oriunda da atividade de trabalho que implica na manipulação direta do agente biológico. A segunda, decorre da atividade de trabalho sem necessariamente implicar na manipulação direta do agente biológico, como é o caso dos laboratórios clínicos, hospitais, consultórios odontológicos e médicos, além dos setores e lavanderia dos serviços de saúde. Os agentes são capazes de provocar dano à saúde humana e que podem causar efeitos tóxicos, alergênicos, infecções, formação de neoplasias, doenças autoimunes e malformações são as bactérias, fungos, vírus, protozoários, parasitas, toxinas e micro-organismos geneticamente modificados. A classificação dos agentes biológicos distribui os agentes em classes de risco, que vão de 1 ao 4. Essas classes consideram os riscos que representam para a saúde do trabalhador na sua exposição, relacionando a sua capacidade de propagação para a coletividade e a existência ou não de profilaxia e tratamento para as pessoas. 103 7.4 Riscos mecânicos Considera-se risco mecânico tudo o que está em relação com a falta de segurança no ambiente de trabalho e organização, fatores que possam acarretar algum tipo de dano à saúde e à integridade física dos trabalhadores. Os principais riscos mecânicos, causadores de acidente são: arranjos físicos deficientes, Maquinários e equipamentos sem a proteção adequada, ferramentas inapropriadas ou com problemas, eletricidade, risco de queda, incêndio ou explosão, animais peçonhentos e armazenamento inadequado. Esse tipo de risco está presente em qualquer atividade ou ramo de atuação dos trabalhadores. Devem ser realizadas avaliações rotineiras por um profissional capacitado para identificar e prevenir possíveis riscos do ambiente de trabalho. 7.5 Riscos ergonômicos São considerados riscos ergonômicos qualquer fator que possa interferir na condição psicofisiológica do trabalhador e que causem desconforto ou afetem sua saúde. Esses riscos estão relacionados, por exemplo, à distância e altura entre os balcões, assim como a condição das cadeiras, prateleiras, gavetas etc. Os espaços devem ser adequados para a realização das atividades do trabalhador, garantindo o menor risco possível para surgimento de agravos à saúde. Assim, Pereira (2014) destaca que quando ocorrem, durante o processo de trabalho, a postura inadequada do trabalhador, ventilação e iluminação inadequada, acompanhadas de jornada de trabalho prolongada e rotinas intensas, monotonia, esforços físicos repetitivos, trabalhos no período noturno e estresse, há sério risco ergonômico aos profissionais da saúde. Os riscos ergonômicos podem não gerar somente os distúrbios psicológicose fisiológicos, que provocam sérios danos à saúde, mas comprometem a realização da atividade de trabalho e diminuem a segurança da equipe, uma vez que causam alterações no organismo e também no estado emocional. 8. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO Existem inúmeros equipamentos para a segurança do trabalhador. Esses itens devem ser utilizados conforme o perigo ao qual o trabalhador é exposto para garantir sua integridade física e resguardar a sua sanidade. Com o tempo, a tecnologia aperfeiçoa materiais e traz novas opções ao mercado. 8.1 Equipamento de proteção individual É considerado Equipamento de Proteção Individual (EPI) todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a integridade física e a saúde do trabalhador. Sua função é limitar ou prevenir o contato entre o manipulador e o material infectante. A utilização dos EPIs é regulamentada pela 104 Norma Regulamentadora-6 (NR-6). Nesta normativa estão definidas as obrigações do empregador e do empregado. Os tipos mais comuns de EPIs são: • Proteção auditiva: abafadores de ruídos ou protetores auriculares. • Proteção de mãos e braços: luvas e mangotes. • Proteção respiratória: máscaras e filtro. • Proteção visual e facial: óculos e viseiras. • Proteção da cabeça: capacetes. • Proteção de pernas e pés: sapatos, botas e botinas. • Proteção contra quedas: cintos de segurança e cinturões. 8.2 Equipamentos de proteção coletiva Ainda no sentido de medidas de biossegurança encontramos os Equipamentos de Proteção Coletiva ou EPC. São equipamentos utilizados para a proteção de segurança de um grupo de pessoas que realiza determinada tarefa ou atividade. Alguns exemplos abaixo de EPC: • Redes de proteção (nylon). • Sinalizadores de segurança (como placas e cartazes de advertência, ou fitas zebradas). • Extintores de incêndio. • Lava-olhos. • Chuveiros de segurança. • Exaustores. • Kit de primeiros socorros. Independente do ambiente de trabalho, é fundamental que esses equipamentos sejam utilizados adequadamente para prevenir os riscos ocupacionais aos trabalhadores. 105 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 9 TIPOS DE ISOLAMENTOS HOSPITALARES A prevenção e o controle das infecções estão diretamente relacionados aos diferentes elementos que compõem a cadeia epidemiológica de transmissão. Essa cadeia está organizada na sequência da interação entre o agente, o hospedeiro e o meio. Conhecer a forma de transmissão dos micro-organismos é o fator mais importante dentro da cadeia epidemiológica das doenças, isto porque tendo esse conhecimento é possível fazer sua interrupção. O objetivo das medidas de precaução e isolamento é interromper a transmissão e prevenir infecções. A higienização das mãos junto com o uso adequado dos EPIs forma medidas importantes nesse objetivo de controle. Quando um paciente sofre uma hospitalização, algumas medidas gerais devem ser aplicadas a todos os internados sem exclusão por tipo de diagnóstico. No entanto, quando um paciente tem um tipo específico de infecção, os profissionais da saúde devem usar precauções especificas de acordo com a forma de transmissão da doença. FIQUE DE OLHO A prática de higienização das mãos tem por objetivo prevenir o risco de transmissão de micro-organismos patogênicos, visando a prevenção de doenças e a promoção da saúde proporcionando qualidade no atendimento. A higienização das mãos é procedimento básico e um dos mais efetivos na prevenção de infecção hospitalar. 106 9.1 Precaução padrão As precauções padrão (PP) representam um grupo de medidas que devem ser aplicadas no atendimento de todos os pacientes hospitalizados, em todos os setores do hospital, independente do seu estado infeccioso, e na manipulação de artigos ou equipamentos hospitalares com suspeitas de contaminação. As precauções padrão devem ser aplicadas sempre que existir o risco de contato com: sangue, líquidos corpóreos, excreções e secreção, não devendo ser levada em consideração a presença de secreção ou não. A paramentação para a precaução padrão inclui: LUVAS Todas às vezes que houver manipulação de sangue, secreções e excreções (exceto suor) e fluidos corpóreos, não substituindo a necessidade da lavagem das mãos. AVENTAL Quando possibilidade de contaminação através de respingo de fluidos corpóreos, de preferência impermeável. MÁSCARA/ÓCULOS Para a proteção das mucosas em caso de respingo de fluidos corpóreos. HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS Obrigatória antes e após a manipulação de pacientes, e imediatamente após a retirada de luvas. 9.2 Precaução de contato Esse tipo de precaução visa prevenir a transmissão de micro-organismos importantes na cadeia epidemiológica a partir de pacientes colonizados ou infectados para outros pacientes. Assim como para os profissionais, acompanhantes e visitantes através do contato direto ou indireto por meio de toque em superfícies contaminadas próximas aos pacientes ou pelos equipamentos e artigos médicos hospitalares. A paramentação da precaução de contato inclui: LUVAS Devem ser usadas ao entrar no quarto do paciente e removidas antes de sair. Imediatamente após a retirada das luvas, as mãos devem ser rigorosamente higienizadas. AVENTAL Limpo, não estéril, o avental deve ser retirado antes da saída do quarto, evitando a 107 contaminação da própria roupa. HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS Obrigatória antes e após a manipulação do paciente. O uso complementar de antissépticos alcoólicos pode ser um acréscimo importante na descontaminação das mãos. QUARTO PRIVATIVO Internar, em mesmo quarto, de paciente com infecção pelo mesmo micro-organismo ou mantê-lo sozinho observando distância mínima de um metro entre os pacientes. A porta sempre deve permanecer fechada e com placa de identificação com o tipo do isolamento. 9.3 Precauções por gotículas Essa medida de precauções tem por objetivo prevenir a transmissão de micro-organismos pelas vias respiratórias por partículas maiores do que 5 micra de pacientes com doença infecto- contagiosa, produzidas pela fala, espirro e tosse. Essas gotículas podem ficar depositadas em curtas distâncias de 1 a 1,5 metros. A paramentação da precaução de contato inclui: LUVAS Devem ser usadas ao entrar no quarto do paciente e removidas antes de sair. Imediatamente após a retirada das luvas, as mãos devem ser rigorosamente higienizadas. MÁSCARA Do tipo cirúrgica padrão, deve ser usada tanto pelo profissional de saúde que tiver contato direto com o paciente quanto pelos visitantes e acompanhantes sempre que a proximidade com o paciente for menor do que um metro. O paciente deve usar máscara ao ser transportado. AVENTAL FIQUE DE OLHO Pacientes transferidos de outras instituições podem estar colonizados por bactérias multirresistentes, que, se forem introduzidas no hospital, podem propiciar a transmissão cruzada entre os pacientes internados e até mesmo surtos. Por esse motivo, esses pacientes devem permanecer em isolamento de contato até que coletas ou swabs sejam feitos e apresentem resultados negativos. 108 Limpo, não estéril, o avental deve ser retirado antes da saída do quarto, evitando contaminação da própria roupa. HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS Obrigatória antes e após a manipulação do paciente. Uso complementar de antissépticos alcoólicos, pode ser um acréscimo importante na descontaminação das mãos. QUARTO PRIVATIVO Internar em mesmo quarto de paciente com infecção pelo mesmo micro-organismo ou mantê-lo sozinho observando distância mínima de um metro entre os pacientes. A porta sempre deve permanecer fechada e com placa de identificação com o tipo do isolamento. 9.4 Precauções por aerossóis São medidas de precaução adotadas para pacientes com suspeita ou diagnóstico de infecção transmitida pelas vias aéreas, com partículas menores que 5 micras, que podem permanecer suspensas no ar. A paramentação da precaução de contato inclui: LUVAS Devem ser usadas ao entrar no quarto do paciente e removidas antes de sair. Imediatamente após a retirada das luvas, as mãosdevem ser rigorosamente higienizadas. MÁSCARA Com capacidade de filtragem e vedação lateral adequada (N95). É de uso obrigatório toda vez que entrar no quarto do paciente. Quando o paciente tiver a necessidade de sair do quarto, para exames complementares ou transferência, deverá usar máscara cirúrgica. AVENTAL Limpo, não estéril, o avental deve ser retirado antes da saída do quarto, evitando contaminação da própria roupa. HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS Obrigatória antes e após a manipulação do paciente. Uso complementar de antissépticos alcoólicos pode ser um acréscimo importante na descontaminação das mãos. QUARTO PRIVATIVO 109 Internar em mesmo quarto de paciente com infecção pelo mesmo micro-organismo ou mantê-lo sozinho observando distância mínima de um metro entre os pacientes. A porta sempre deve permanecer fechada e com placa de identificação com o tipo do isolamento. 9.5 Precaução protetora ou reversa Essa medida é aplicada principalmente em pacientes imunodeprimidos e neutropênicos, tendo objetivo de garantir a proteção do paciente contra infecções. Será instituído principalmente em pacientes imunodeprimidos e neutropênicos, a fim de garantir a proteção do paciente contra infecções. 10 BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES Hoje, no Brasil, as infecções hospitalares por bactérias multirresistentes são uma realidade em praticamente todos os hospitais do país. O Serviço de Controle de Infecção Hospitalar é o responsável dentro das instituições por criar rotinas e normas para conter a disseminação desses micro-organismos e podem agravar o quadro clínico dos pacientes aumentando as chances de letalidade durante a hospitalização. As infecções hospitalares ocasionadas por bactérias multirresistentes, associadas às doenças de base dos pacientes, acabam aumentando o tempo de internação hospitalar, sendo necessário o uso de antibióticos, o que acarreta o aumento de custos de cada paciente. As bactérias com maior destaque no cenário mundial e que trazem preocupação pelo aumento considerável no número de casos e que tem escassas possibilidades terapêuticas são: • Enterobactérias como a Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), Acinetobacter baumanii; • Pseudomonas aeruginosa; • Bactérias gram-positivas como o Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA); • Enterococcus sp resistentes à vancomicina (VRE); • Clostridium difficile. A disseminação das bactérias está relacionada ao contato com reservatórios ambientais, como a água para realização do banho dos pacientes ou os próprios pacientes colonizados ou infectados, de forma direta ou indireta 110 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer o conceito das doenças infectocontagiosas e parasitárias; • saber as características das doenças • reconhecer sinais, sintomas e forma de transmissão; • compreender a imunização, como fazer o diagnóstico e o tratamento adequado; • conhecer medidas de biossegurança e equipamentos de proteção; • identificar os tipos de isolamento hospitalar e as principais bactérias multirresistentes. PARA RESUMIR BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 4. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://production.latec.ufms. br/modulos/chick/res/guia_vigilancia_saude_completo.pdf Acesso em: 05 mai. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: volume único. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. – 3ª. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em : http://www.saude.campinas. sp.gov.br/doencas/Guia_VE.pdf> Acesso em: 09 mai. 2020. FREIRE, A. K. N. et al. Enfermagem, riscos químicos em ambiente hospitalar e principais estratégias para evitá-los. In: Anais do 61º Congresso Brasileiro de Enfermagem. Fortaleza. 2009. Disponível em: http://www.abeneventos.com.br/anais_61cben/ files/02359.pdf > Acesso em: 09 mai. 2020. LISBOA, T. et al. Diretrizes para o manejo do tétano acidental em pacientes adultos. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 23, n. 4, p. 394-409, 2011. MORAES, G. A. Normas regulamentadoras comentadas e ilustradas. Legislação de segurança e saúde no trabalho. Rio de Janeiro: Gerenciamento Verde Consultoria, Editora e Livraria Virtual, 2014. PEREIRA, J. D. S. Boas práticas de laboratório e biossegurança: controle dos riscos ergonômicos. Archives of health investigation, v. 3, n. 2, 2014. Disponível em: Acesso em : 09 mai. 2020. RIBEIRO, C. et al. Sarampo: achados epidemiológicos recentes e implicações para a prática clínica. Almanaque Multidisciplinar de Pesquisa, v. 1, n. 2, 2015. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O enfermeiro que integra o setor de doenças infectoparasitárias atua no sentindo de gerir e prestar assistência com foco no aperfeiçoamento do cuidar. Neste livro, vamos abordar os protocolos institucionais e de órgão legisladores da saúde, as ferramentas inovadoras para a aplicação do processo de sistematização da assistência de enfermagem, a potencialização do cuidado e identificação das necessidades básicas e prioritárias com base em evidências individualizadas, humanizadas e holísticas. Este livro abrangente apresenta um conteúdo amplo sobre as doenças infectoparasitárias para os estudos na área da enfermagem. Aproveite!a uma organização complexa e altamente especializada, possuindo características particulares com leitos para isolamento, considerados como um tipo de precaução baseada na tentativa de afastar ou reduzir potencialmente os riscos de transmissibilidade do agente patológico infeccioso. Com isso, a unidade hospitalar das DIP tem a função de evitar possíveis contaminações setoriais e da equipe multiprofissional que presta os cuidados de saúde para os pacientes acometidos pelas patologias infecto-parasitas humanas. Para que a prestação da assistência seja apropriada, além das habilidades técnico- científico, é preciso que toda a equipe esteja paramentada adequadamente com vestuários corretos, para que não ocorram contaminações e disseminação de doenças no ambiente interno ou externo do hospital. ENFERMEIRO INFECTOLOGISTA É o profissional capacitado para atuar nas áreas das patologias transmissíveis e processos infecciosos relacionados ao cuidado, tratamento e recuperação à saúde da população. Podem atuar em órgãos das esferas federais, estaduais e municipais de vigilância em saúde, promovendo medidas preventivas de acordo com protocolos do Ministério da Saúde, e encaminhar pacientes para os profissionais médicos e de outras especialidades de saúde (SMELTZER; BARE, 2005). 14 É primordial que o enfermeiro infectologista, juntamente com a equipe de saúde, planeje uma assistência direcionada e baseada em evidências científicas, propondo cuidados terapêuticos adequados e preventivos em processos infecciosos, analisando clinicamente o quadro do paciente. Deve, ainda, acompanhar os pacientes para promover uma melhor qualidade para a saúde dele. O entendimento desta disciplina é de suma necessidade diante do avanço dos impactos gerais que o ambiente sofre diariamente, como as transformações ocasionadas por modificações nas propriedades químicas, físicas e biológicas ambientais. Além disso, modificam, também, bioquimicamente e geneticamente o comportamento dos micro-organismos e parasitas microscópicos existentes nesses ambientes, fazendo com que desenvolvam doenças com características inovadoras contagiosas, abruptas e repentinas, trazendo prejuízos imediatos à espécie humana. Figura 1 - Ilustração da microbiologia – parasitas humanos Fonte: Azat Valeev, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: Na imagem com fundo branco temos ilustrações de várias formas de vidas microscópicas presentes no interior do corpo humano, que acometem a espécie humana e são chamados de parasitas humanos. 1.1 Noções gerais das doenças infecto-parasitárias humanas A palavra doença, vem do latim e significa sentir ou causar dor. De forma geral, pode ser considerada um conjunto, síndrome, alteração ou anormalidade que modifica as funções das células, tecidos ou sistemas do organismo humano. O ramo das ciências biológicas e da saúde que estuda essas anormalidades é chamado de Patologia. Podemos considerar que a alteração ou anormalidade ocasionada por formas de vidas microscópicas parasitas, ou por partes das suas estruturas celulares ou toxinas, e que pode gerar processos infecciosos orgânicos é considerada Doença Infecciosa (DI). Além disso, quando as doenças são ocasionadas por forma de vidas multicelulares, metazoários e por formas de vida unicelulares eucariontes, protozoários, podemos dizer que são chamadas de Doenças Parasitárias (DP). Dessa forma, o conjunto das disfunções orgânicas ocasionadas por vírus, bactérias, fungos, 15 protozoários, metazoários, que possuem características parasitas do corpo humano, pode ser chamado de Doenças Infecto-parasitárias ou DIP (CDC, 2003). As DIP são consideradas infecciosas por serem ocasionadas por formas de vidas externas, que penetram e agridem o organismo humano. O corpo reage aos parasitas por uma resposta de defesa do sistema imunológico, chamada de inflamação. O processo inflamatório é decorrente de uma reação orgânica a um processo infeccioso ou infecção, que geralmente surge por uma penetração microbiológica, acompanhado de febre, dores sistêmicas, aparecimento de secreção purulenta, diarreia, fadiga e tosse seca ou produtiva. É importante que o paciente seja acompanhado por um profissional médico para avaliar o seu quadro clínico e prescrever medicamentos direcionados para cada tipo de infecções, seja viral, bacteriana, fúngica ou parasitária. 2 EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS INFECTO- PARASITÁRIAS HUMANAS Por décadas tínhamos a ideia de que inúmeras doenças infectocontagiosas seriam eliminadas ou erradicadas do ambiente. Foram pensamentos errôneos que subestimaram o poder agressivos dos diversos tipos de micro-organismos sobre o meio ambiente, contribuindo, dessa forma, para que os planejamentos de ações direcionadas à promoção, prevenção e controle dos agentes infecciosos fossem desvalorizados pelo homem na agenda de prioridades em saúde, com evidentes danos para uma ampliação de uma adequada capacidade de resposta do governo e com a perda de oportunidade na tomada de decisão sobre medidas que teriam tido um impacto relevante e importante nessa área (BRASIL, 2004). As DIP são consideradas como problema de saúde pública mundial, principalmente pelo descaso por parte dos investimentos na saúde pública e pela falta do saneamento básico. Por isso, têm ressurgido ou reemergido doenças que eram consideradas erradicadas ou quase que eliminadas com características diferenciadas provindas dos agentes agressores modificados, naturalmente fazendo disseminar com uma velocidade impensável as sintomatologias desconhecidas pelos profissionais da área de saúde, ocasionando com isso inúmeras mortes (BRASIL, 2004). Os dados epidemiológicos das DIP no território brasileiro têm anualmente modificado o perfil de morbimortalidade do país, no qual ressalta-se uma perda de comprometimento das autoridades de saúde direcionadas às doenças de caracteres transmissíveis. 16 Figura 2 - Saneamento básico Fonte: Peek Creative Collective, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: Na imagem ao fundo observamos um método de construção de casa chamada de vernacular (consiste no uso do barro e da madeira para criar moradias). No meio dessas construções existem espaços em que são lançados esgotos, caracterizando a falta do saneamento básico na comunidade, acarretando contaminações diversas e o surgimento de doenças infectocontagiosas. A partir do século XX inúmeros investimentos na área da saúde contribuíram para a diminuição das doenças infecciosas, o que criou uma falsa expectativa de que essas patologias transmissíveis estariam próximo de uma diminuição significativa ou em extinção. Entretanto, o seu embate ou impacto no processo do adoecer é importante, principalmente aquele produzido pelas doenças para as quais não se dispõem de métodos eficazes para promover os diversos tipos de prevenção e controle da doença infectocontagiosa ou parasitária humana. O conjunto de fatores que pode causar o adoecimento em um indivíduo é chamado de morbidade. Esses dados epidemiológicos do adoecer são de extrema importância e muito utilizado pela vigilância em saúde do tipo epidemiológica, que se objetiva em investigar os casos imediatos das doenças, patologias ou problemas sanitários ambientais (GRISOTTI, 2010). A morbidade, no âmbito hospitalar, é coletada a partir do Sistema de Informação Hospitalar (SIH) do Sistema Único de Saúde (SUS), que tem a finalidade de indicar a quantidade de internações diárias e por regiões das doenças infectocontagiosas ou parasitárias humanas. Os dados nos mostram que as internações no país são desiguais, atingindo em maiores números as regiões Norte e Nordeste, sendo os casos mais prevalentes os das patologias infectocontagiosas e parasitárias intestinais, que representam 59,6% do total de internações, sendo em média de 69% na região Nordeste (OPAS, 2010). A crise socioeconômica e sanitária no Brasil tem afetado parte da população brasileira. Algumas regiões do território brasileiro parecem ter sido esquecidas17 pelos governantes. As regiões Norte e Nordeste são as que mais sofrem com impactos da pobreza e com a falta de comprometimentos das ações sanitárias eficazes dos serviços públicos. 3 CONCEITOS BÁSICOS DAS D OENÇAS INFECTO- PARASITÁRIAS HUMANAS É inadmissível que em pleno século XXI, patologias infecciosas e parasitárias humanas possam fazer parte da vida diária das famílias das classes populacionais mais vulneráveis nos países subdesenvolvidos e/ou que se encontram em desenvolvimento, representando um gravíssimo problema dos fatores sanitários condicionantes aos agravos infecciosos e contagiosos. Fundamentando o conhecimento das doenças infecto-parasitárias humanas, e segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), o termo técnico “doença transmissível”, extraído na integra, significa: Qualquer doença causada por um agente infeccioso e específico, ou seus produtos tóxicos, que se manifesta pela transmissão deste agente ou de seus produtos, de uma pessoa ou animal infectado ou de um reservatório a um hospedeiro suscetível, direta ou indiretamente por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou animal, de um vetor ou do meio ambiente inanimado (OPAS/ OMS, 2010). O termo ou a expressão doença transmissível pode ser compreendido como patologia cujo agente microscópio (etiológico) é vivo e pode ser transmitido. Essas doenças são aquelas em que o agente etiológico parasita pode migrar do organismo parasitado para o ser vivo sadio, podendo dessa forma ter ou não uma fase biológica intermediária para o seu fortalecimento e desenvolvimento no meio ambiente. (GRISOTTI, 2010). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 18 3.1 Conceitos básicos: a gentes etiológicos O agente etiológico é um agente que pode ocasionar ou desencadear uma disfunção orgânica, patologia ou doença. É um termo usado nas ciências biológicas ou da saúde para designar um organismo acelular, unicelular ou multicelular que desenvolve sinais e sintomas das patologias no organismo humano. Geralmente pertence aos grupos de organismos chamados de vírus, bactérias, protozoários, fungos, platelmintos e nematelmintos. Observe a figura “Grupos de organismos”. Tabela 1 - Grupos de organismos Fonte: FERNANDES; MUNÕZ, 2010 (Adaptado) #ParaCegoVer: Na imagem observamos um esquema organizacional e didático dos grupos dos organismos que compõem os reinos dos seres vivos. Temos os vírus (acelulares e parasitas obrigatórios), as bactérias (Reino Monera, procariontes e unicelulares), os protozoários (Reino Protistas, eucariontes e unicelulares), os fungos (Reino Fungi, eucariontes, unicelular e pluricelular) e os animais (Reino Animalia, eucariontes e pluricelulares). Os vírus são considerados organismos microscópicos acelulares porque não são formados por células. São parasitas intracelulares obrigatórios e se destacam principalmente pelas doenças causadas na espécie humana. Por serem parasitas intracelulares, necessitam das células do seu hospedeiro para o seu processo reprodutivo, além disso infectam qualquer tipo de ser vivo e só podem ser visualizados por microscópio eletrônico em centros de estudos avançados. Estruturalmente são constituídos por um envoltório ou cápsulas proteicas, chamadas de capsídeos, que contém no seu interior o ácido nucleico (DNA ou RNA), com exceção de poucos vírus que apresentam os dois tipos. Esses organismos, praticamente, são encontrados em todos ambientes, podendo infectar qualquer tipo de célula, da mais simples a mais complexa, das diversas espécies de seres vivos. 19 VIROSES Chamamos de viroses as patologias orgânicas ocasionadas pelos vírus e são tratadas por fármacos ou medicamentos chamados de antivirais. Também são recomendados repouso e alimentação adequada, rica em nutrientes para o fortalecimento do organismo que se encontra acometido pelo vírus. Antibióticos não são fármacos eficazes no tratamento das disfunções virais. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), caxumba, dengue, zika, chikungunya, Covid-19, ebola, febre amarela, gripe, H1N1, hepatites, herpes, HPV, meningite, raiva, rubéola, sarampo, varicela e poliomielite são consideradas viroses ou doenças virais. As bactérias são seres vivos, microscópicos, unicelulares, pertencentes ao Reino Monera. Formadas de células procarióticas, possuem diversas formas e adaptam a qualquer tipo de ambiente, seja ele interno ou externo ao corpo do ser humano. Muitas bactérias possuem estruturas extracelulares como flagelos ou cílios, organelas de locomoção presentes nas bactérias móveis (FERNANDES; MUNÕZ, 2010). Muitas bactérias formam esporos, que são estruturas de resistência e proteção ao meio ambiente inadequado ou impróprio para sobreviver. Os esporos são formados quando o meio se encontra desfavorável e protege as bactérias até reencontrarem sua condição ideal de sobrevivência. No geral, esses seres procariontes unicelulares apresentam estruturas simples chamadas de organelas, que exercem funções vitais de extrema importância para a sobrevivência das bactérias. As bactérias patogênicas, que são aquelas que desenvolvem doenças orgânicas, são sensíveis e tratadas por fármacos ou medicamentos chamados de antibióticos, prescritos pelo profissional médico. Além disso, são recomendados repouso e alimentação adequada rica em nutrientes para o fortalecimento do organismo que se encontra acometido por esses microrganismos. DOENÇAS BACTERIANAS São consideradas doenças bacterianas: tuberculose, hanseníase, coqueluche, difteria, disenteria bacilar, tétano, botulismo, sífilis, gonorreia, entre outras. Geralmente são adquiridas pelos diversos ambiente, como ar, solo e água. Seres vivos eucarióticos, pluricelular ou unicelular, imóveis e que não fazem fotossíntese são chamados de fungos e pertencem ao Reino Fungi. Estão inclusos nesse reino de ser vivo os cogumelos, bolores e leveduras. É importante considerar que alguns são considerados parasitas de interesse médico, porque agem em seres humanos ocasionando as doenças chamadas de micoses (FERNANDES; MUNÕZ, 2010). Os protozoários pertencem ao Reino Protista. São unicelulares, microscópicos, eucariontes, com estrutura e organelas celulares que garantem a sua sobrevivência e, décadas, foram 20 considerados e classificados no Reino Animal por realizarem funções semelhantes e por serem organismos heterótrofos. Por serem unicelulares e mais simples, foram agrupados em grupo de ser vivo diferenciado dos metazoários ou animais. Além disso, se apresentam de formas variadas, ocupando habitats úmidos (vidas livres) ou são considerados parasitas do interior de outros seres vivos, inclusive da espécie humana, ocasionando doenças de interesse médico, infecciosas e contagiosas. Amebíase, doença de chagas, giardíase, leishmaniose, malária, toxoplasmose e tricomoníase são consideradas parasitoses humanas de extrema relevância (NEVES, 2016). Os animais pertencem ao Reino Animalia e são considerados multicelulares ou pluricelulares não fabricam o próprio alimento, são considerados heterótrofos, que obtêm seu alimento por ingestão de nutrientes do meio. Os grupos de animais platelmintos e nematelmintos são considerados helmintos ou vermes, ocasionando as verminoses ou parasitoses intestinais no organismo da espécie humana e são bem estudados no ramo das doenças infectocontagiosas e parasitárias humanas. Os agentes infecciosos ou etiológicos ocasionam doenças infecciosas com extremo potencial de transmissibilidade para outros seres vivos. Sabendo disso, podemos classificá-los em: ENDOPARASITAS São organismos parasitas que infectam e vivem no interior do corpo do hospedeiro, como é o caso de muitas espécies do Reino Monera, protozoários e helmintos. Dependem exclusivamente das substâncias bioquímicas do organismo parasitado, além de se reproduzirem, podem ocasionar disfunções orgânicas para o hospedeiro. ECTOPARASITAS São organismos parasitas que infestam e vivem fora docorpo do hospedeiro, como é o caso da escabiose e pediculose humana. Dependem parcialmente dos metabolitos extraídos da pele para sobreviver, além de se reproduzirem, podem ocasionar transtornos orgânicos ao hospedeiro. 21 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 3.2 Conceitos básicos: hospedeiros e vetores É preciso compreender que hospedeiro é o organismo vivo que abriga e carrega um outro ser vivo, ou seja, é o local ou ainda o habitat de desenvolvimento definitivo ou intermediário de cada parasita. Cada ser vivo, considerado parasita, tem por finalidade se adaptar no interior do organismo parasitado para conseguir sobreviver das substâncias orgânicas e ao final se reproduzir. O que possivelmente causará no hospedeiro sintomatologias bioquímicas e fisiológicas diferenciadas para o processo de adaptação do parasita, constituindo dessa forma um meio favorável para o ciclo vital ou ciclo do desenvolvimento biológico do organismo considerado parasita (NEVES, 2016). O profissional de saúde que atua com infectologia e parasitologia necessita conhecer o ciclo vital do agente infeccioso e parasitário para planejar ações de prevenção e controle das doenças infectocontagiosas parasitárias. É importante recordar que nem todos os organismos parasitas causam as disfunções orgânicas ou doenças. Alguns seres vivos, hospedeiros, podem se adaptar com a presença do parasita sem ocasionar transtorno, mas sendo uma fonte ativa de reprodução. Esses hospedeiros são chamados de hospedeiro natural. Aos seres vivos que adoecem ou morrem com a patologia parasitária chamamos de hospedeiros anormais. Temos ainda os considerados hospedeiros acidentais que possuem raramente a presença de determinado parasita. Essa última situação não pode ser considerada um complemento do ciclo vital do desenvolvimento do ser vivo considerado parasita. Os seres vivos considerados hospedeiros suprem a ausência de carboidratos, lipídios, proteínas e enzimas que o ser vivo parasita não dispõe, ou proporcionam substratos ou um meio favorável para a nutrição do parasita. (FERNANDES; MUNÕZ, 2010). 22 Algumas espécies de organismos parasitas possuem exclusivamente um único hospedeiro e são denominadas de estenoxenos. As espécies que se adaptam a múltiplos hospedeiros são denominadas de eurixenos. Os seres vivos parasitas que conseguem desenvolver completamente seu ciclo vital em um único hospedeiro são denominados de monóxeno, porém quando necessitam de dois ou mais organismos hospedeiros para completar o desenvolvimento do seu ciclo vital são denominados de heteróxeno. Os ciclos evolutivos constituem fatores de modificações orgânicas dos seres parasitas que se sucedem em um único ou em múltiplos hospedeiros e visam exclusivamente que o parasita consiga atingir a sua forma adulta para ocorrer o processo de reprodução. (NEVES, 2016). Os ciclos biológicos dos parasitas podem ser classificados em dois tipos principais: CICLO MONOXENO OU MONOGENÉTICOS Ocorre quando o ser vivo parasita possui somente um único hospedeiro para completar o ciclo vital ou evolutivo. CICLO HETEROXENO OU DIGENÉTICOS Ocorre quando o ser vivo parasita possui dois ou múltiplos hospedeiros para completar o seu ciclo vital ou evolutivo. Para que uma doença infecciosa ou parasitária consiga se desenvolver no corpo do hospedeiro, faz-se necessário que um outro ser vivo, denominado de vetor, carregue e transmita de forma ativa ou passiva o agente etiológico ou infectante, que pode ser considerado espécie de seres vivos pertencente ao Reino Monera (bactérias), Protista (protozoários), Fungi (fungos) e Animalia (helmintos). Os principais seres vivos considerados vetores pertencem ao Reino Animalia ou Metazoa. São pertencentes a um grupo de animais invertebrados chamados de artrópodes, que possuem estrutura corporal segmentada com apêndices ou membros articulados, presença de esqueleto externo de alta resistência para se adaptar aos diferentes ambientes. Têm importância significativa para a infectologia e parasitologia, principalmente o grupo de artrópodes chamados de insetos pela função que desempenham em transmitir agentes patológicos infecciosos entre seres humanos ou entre animais e seres humanos, além de contribuírem em partes para o desenvolvimento do ciclo vital dos micro-organismos patogênicos infecciosos e parasitários (NEVES, 2016). ARTRÓPODES TRANSPORTADORES DE DOENÇAS São animais invertebrados que transportam mecanicamente os agentes microscópicos patogênicos. No organismo dos transportadores, os patógenos não se reproduzem e nem 23 se desenvolvem. Podemos exemplificar as moscas e baratas que transportam os patógenos causadores da giardíase, amebíase e enterobíase. ARTRÓPODE TRANSMISSOR DE DOENÇAS Animal invertebrado que propaga a doença transmitida por grupos de insetos e carrapatos. Algumas dessas doenças, como a malária, febre amarela e dengue atualmente constituem importantes preocupações para os profissionais de saúde pública. ARTRÓPODES PRODUTORES DE DOENÇAS São animais invertebrados que desenvolvem as doenças. Podemos exemplificar as pediculoses e escabioses. O líder da equipe de enfermagem em qualquer um de seus níveis laboral precisa coordenar, planejar e supervisionar os cuidados e assistência prestada por equipes de saúde, atuando em áreas da promoção e prevenção assistencial administrativas, gerenciais, fornecendo educação e saúde contínua na comunidade ou no território de atuação para eliminação das doenças infecto-parasitárias humanas. Além disso, conhecer cientificamente comportamentos baseados em evidências e características dos agentes etiológicos, bem como processos adaptados e ciclos vitais dos vetores, é uma necessidade primordial para o enfermeiro planejar as suas ações de saúde em prol da comunidade ou do indivíduo acometido por enfermidades infecto-parasitárias. 4 TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS HUMANAS Tríade significa o conjunto ou junção de três elementos, objeto ou seres vivos inseridos em um mesmo contexto ou ambiente. Ou melhor, na área da saúde, tríade é o comportamento de dois seres vivos interagindo com o fator ambiental ou ecossistema. Precisamos entender que o conjunto dos seres vivos (bióticos) interagindo com os fatores físicos e químicos do ambiente (abiótico) é chamado de ecossistema. Quando nos referimos à epidemiologia, entendemos que pode ser considerada a base cientifica dos fatores de distribuição, agravos e problemas de saúde da pública da população ou de uma determinada comunidade. Sabendo disso, a tríade epidemiológica ou ecológica (figura “Tríade epidemiológica ou ecológica”) das doenças é constituída pelo agente hospedeiro, agente patológico e pelo meio ambiente. A desestruturação ou desequilíbrio dessa tríade (agente, hospedeiro e meio ambiente) leva ao aparecimento dos agravos para a ocorrência do aumento de casos de doenças infecto-parasitárias humanas no ambiente (LIMA, 2014). 24 Tabela 2 - Tríade epidemiológica ou ecológica Fonte: LIMA, 2014 #ParaCegoVer: Na imagem observamos um esquema organizacional e didático da tríade epidemiológica ou ecológica (ambiente, agente e hospedeiro). Temos as características do agente (imunogenicidade, infectividade, virulência e variabilidade) e as características do hospedeiro (imunidade, raça, sexo, idade e suscetibilidade). 4. 1 História natural da doença A esses fatores de desestruturação que podem surgir no ambiente, para o aparecimento da doença, iremos chamar de processo epidêmico. Já os estudos das interações entre o agente patológico e os demais fatores ambientais iremos denominar de história natural da doença (figura “História natural da doença”). A descrição do surgimento ininterrupto de uma patologia em um homem desde a exposição aos agentes infecciosos até a reabilitação, recuperação ou a morte é a história natural da doença. O enfermeiro infectologista precisa desse conhecimento técnico- científico para entender o controle das doenças.25 Figura 3 - História natural da doença Fonte: FERNANDES; MUNÕZ, 2010 (Adaptado). #ParaCegoVer: Na imagem observamos um esquema organizacional e didático da descrição da história natural da doença proposta por Leavell & Clark, 1976. Iniciamos com a suscetibilidade do hospedeiro em desenvolver a doença (pré-patogênese) em que são necessárias ações da atenção primária (proteção específica e promoção da saúde) para não adoecer. O segundo momento é a detecção precoce da doença (fase pré-clínica) em que é preciso a prevenção secundária com diagnósticos precoce. O terceiro momento chamado de patogênese refere-se à doença e as suas complicações no hospedeiro, sendo preciso investir na atenção terciária com a reabilitação para que o paciente não evolua para última fase, que é a morte. 4.2 Características dos componentes de ecossistema ou meio ambiente Os agentes que originam as enfermidades ou disfunções orgânicas podem ser diferenciados em três tipos: FÍSICOS Podemos citar como exemplo as queimaduras, lesões na pele ou traumatismos acidentais. QUÍMICOS Podemos citar como exemplo os fatores associados às substâncias químicas, como envenenamento e processos de intoxicações orgânicas. BIOLÓGICOS 26 Podemos citar como exemplo os processos de infestações e os processos infecciosos orgânicos. As estruturas morfológica, funcionais e adaptativas dos organismos microscópicos que desenvolvem as enfermidades são de extrema importância para o conhecimento dos profissionais da área da saúde. Precisamos entender o comportamento biológico das espécies etiológicas em relação aos seus ciclos de sobrevivência, transmissão, multiplicação e desenvolvimento das doenças na espécie humana. Reconhecer as multicausas de um agente etiológico que pode ser infeccioso e compreender a doença ocasionada por esses inúmeros fatores requer dos profissionais de saúde tempo e pesquisa, direcionados para os comportamentos desses vírus, bactérias, protozoários, fungos e helmintos, que encontram condições favoráveis para sobreviverem no organismo humano (LIMA, 2014). Quando conseguimos entender a tríade epidemiológica ou ecológica observamos com facilidade que qualquer alteração do comportamento dos agentes, hospedeiros e ambientes geram desequilíbrio no ecossistema. Uma característica marcante dessa desestruturação é a facilidade que o agente infeccioso encontra no hospedeiro, meios favoráveis (imunológicos e bioquímicos) rápidos e adaptativos de penetrar e se reproduzir no interior do corpo parasitado, gerando um processo orgânico chamado de infectividade. Uma outra característica que iremos chamar de patogenicidade é bem estudada pelos pesquisadores, e refere-se à capacidade do agente etiológico de produzir as disfunções orgânicas ou doenças no corpo do organismo hospedeiro. Encontrando o meio orgânico do hospedeiro com condições favoráveis (imunologicamente e bioquimicamente), o agente patogênico desenvolve efeitos abruptos, graves ou fatais da doença no corpo do hospedeiro. A essa característica de agressividade do patógeno no corpo do hospedeiro em relação ao desenvolvimento rápido da doença chamamos de virulência. A capacidade do agente etiológico de induzir no sistema imunológico do hospedeiro os diversos antígenos (corpos estranhos) e produzir resposta imune específica é chamada de imunogenicidade. Alguns agentes patogênicos induzem no organismo parasitado resposta imune intensa e duradoura, enquanto outros determinam uma resposta imune momentânea. O mundo microbiológico e parasitário ao longo do tempo sofreu inúmeras modificações para conseguir sobreviver em ambientes diferentes. Então, podemos dizer que a capacidade adaptativa do agente patogênico em sobreviver aos diferentes habitats orgânicos do corpo do hospedeiro e ao meio ambiente é chamada de variabilidade. Essa capacidade e característica adaptativa dos patógenos é um exemplo de seleção natural que busca mecanismos seletivo genéticos de adaptação a inúmeras situações adversas do ambiente e do corpo do hospedeiro, fazendo dessa forma uma alteração genética ou mutação. 27 O agente etiológico que sofre modificações genéticas consegue encontrar no ambiente externo ao corpo humano condições adaptativas. Essa situação não é algo favorável para os estudos da infectologia e parasitologia porque encontra uma viabilidade ou resistência para sobreviver no meio ambiente e desenvolvem maiores oportunidades de atingirem outras formas de vida, vetores para se propagarem, contaminarem e transmitirem a doença, e com isso reiniciarem os seus ciclos biológicos. Podemos afirmar que a viabilidade e resistência do patógeno ou agente etiológico não é uma característica favorável para a espécie humana, porque traduz uma persistência ou permanência adaptativa do patógeno ao hospedeiro, dificultando a sua eliminação e aumentando a resistência aos anticorpos do hospedeiro. 4.3 Características dos componentes de ecossistema: fatores físicos As variações climáticas influenciam o processo adaptativo do agente etiológico ou infectante sobre o hospedeiro. A temperatura é uma outra condição ambiental que influencia diretamente as funções comportamentais dos agentes microbiológicos transmissores de doenças. Elevações de temperaturas destroem abruptamente inúmeros organismos virais. Entretanto, várias espécies de bactérias são favorecidas e se multiplicam rapidamente com o aumento da temperatura ambiental quando esses seres procariontes (bactérias) encontrem um meio de sobrevivência com nutrientes importantes para o seu desenvolvimento. Além disso, também podem favorecer o aumento das espécies de insetos, que são considerados vetores de multiplicação e reprodução dos agentes patogênicos. É importante salientar que a umidade relativa do ar também é um fator físico que pode ser prejudicial aos processos adaptativos virais e pode ser vantajoso para o desenvolvimento dos fungos, parasitas, bactérias e vetores das doenças infecto-parasitárias. Precisamos entender que esses fatores são bens estudados para o comportamento dos parasitas fora do hospedeiro. Dessa forma, torna-se prejudicial para o complemento de inúmeros ciclos vitais dos agentes etiológicos. Quaisquer mudanças climáticas geralmente são desvantajosas para as adaptações dos agentes infectantes, pois cada espécie tem um comportamento diferenciado em relação aos comportamentos ambientais ou regionais (LIMA, 2014). Essas mudanças ou esses fatores climáticos podem modificar geneticamente os agentes etiológicos para uma melhor adaptação ou destruição do poder infectante. É preciso conhecer o comportamento dos fatores físicos dos ecossistemas para compreender as ações adaptativas dos agentes etiológicos. 28 Serras e montanhas são consideradas barreiras geográficas naturais contra a disseminação dos agentes etiológicos. Além disso, a altitude, geralmente, limita as condições de sobrevivência e reprodução dos vetores, artrópodes, transmissores de doenças. E para as espécies dos organismos vivos microscópicos infectantes, as características do solo representam um meio importante para o suporte físico de todas as interações das espécies, bem como contêm os elementos nutritivos essenciais para sobrevivência do patógenos. 4.4 Características dos componentes de ecossistema: fatores biológicos As diferentes espécies de animais e plantas são de fundamental importância na determinação do surgimento de doenças transmissíveis infecto-parasitárias. O Reino Plantae (plantas ou vegetais) determina as substâncias nutritivas disponíveis para as inúmeras espécies de animais, influenciando no funcionamento dos órgãos e sistemas do hospedeiro suscetível. Inúmeros animais podem determinar a presença ou ausência de um hospedeiro suscetível, assim como a presença de reservatórios e vetores. 4.5 Características dos componentes ambientais: fatores socioeconômicos Os fatores socioeconômicos ambientais podem comprometer o comportamento que a espécie humana exerce sobrea tríade epidemiológica (agente, hospedeiro e ambiente). Sendo assim, influenciam diretamente o surgimento das doenças infectocontagiosas e parasitárias. A educação em saúde, promovida pela equipe multiprofissional, é a melhor forma de conscientização sanitária. Ela influencia a comunidade a promover a higiene ambiental, podendo ser o principal fator primordial para a minimização da presença de agentes infectantes e vetores. A qualidade de vida, urbanização, alimentação e nível de escolaridade são outros fatores socioeconômicos que estão ligados à ocorrência das doenças em uma determinada comunidade. FIQUE DE OLHO As comunidades ribeirinhas sofrem influências diretas das contaminações de enfermidades infecto-parasitárias devido à distribuição e o curso dos rios pela qual necessitam para sobreviver. Essas comunidades necessitam dos rios para a disponibilidade de água por conta das necessidades vitais, irrigação do terreno e podem servir para a transmissão e multiplicação dos patógenos. Os rios e lagoas também servem como locais de concentração de animais e patógenos favorecedores de doenças transmitidas por inundações. Dependendo de vários fatores ambientais como a contaminação e o grau de correnteza, podem favorecer positivamente a adaptação e o aumento abruptos dos agentes infectantes parasitários e vetores ambientais (LIMA, 2014). 29 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 5 ETAPAS DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS PRINCIPAIS DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS Ao longo dos anos foi necessário oferecer ao usuário, cliente ou paciente, uma melhor assistência, baseada em achados científicos para garantir práticas seguras e cuidados da equipe de enfermagem (enfermeiro, auxiliares e técnicos) com um olhar holístico, humanizado e seguro para as pessoas assistidas nos diversos níveis de complexidades da assistência em saúde. Esse cuidar é direcionado para uma assistência planejada e continuada, que chamaremos de sistematização. O ato de planejar o cuidar, requer leitura e conhecimento dos fatos. Tanto no âmbito hospitalar e de saúde coletiva (pública), em que inserimos os cuidados primários das doenças infectocontagiosas e parasitárias, os princípios norteadores serão os mesmos, diferem somente no processo saúde x doença. Para complementar os estudos da assistência e sistematização de enfermagem, o Conselho Federal de Enfermagem – COFEN, por meio da Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009, destaca na íntegra: Toda instituição de saúde, pública e privada, sendo que cabe privativamente ao enfermeiro realizar todas as etapas da SAE. A presente resolução organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível a operacionalização do Processo de Enfermagem (PE) descrito em cinco etapas: coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, planejamento de enfermagem, implementação e avaliação de enfermagem (COFEN, 2009). O Processo de Enfermagem (PE) é sistematizado pelo enfermeiro, que tem o objetivo de 30 prestar cuidados clínicos e ambientais de acordo com a patologia infectocontagiosa e parasitária do ser humano que se encontra em sua comunidade ou internado. As orientações são fornecidas ao usuário ou paciente por meio do enfermeiro, desde as orientações de promoção e prevenção a saúde até os cuidados hospitalares. Sistematização da Assistência de Enfermagem, conhecida como SAE, é um método que se inicia com a organização do cuidar para o usuário acometido com alguma patologia. Logo após, o enfermeiro planeja o ato do cuidar, tanto em saúde comunitária quanto em rede hospitalar. Após o ato de planejar, a próxima etapa é a execução de ações sistematizadas. Podemos executar a SAE em qualquer ambiente que sejam prestados cuidados do enfermeiro e da sua equipe. A SAE é uma assistência completa em que o indivíduo se encontra sob a assistência de enfermagem. Entendemos que o processo de enfermagem representa uma opção de reaproximação do enfermeiro com a sua comunidade ou paciente, avaliando desde cuidados simples e fáceis da atenção primária à saúde, nas comunidades e territórios dos bairros, até em níveis de atenção secundária ou terciária dos cuidados à saúde. (TANNURE; PINHEIRO, 2011). A SAE (figura “SAE – Sistematização da Assistência em Enfermagem”), é composta de cinco fases: investigação, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação das ações de enfermagem na saúde pública ou na saúde hospitalar. Para que ocorra a sistematização da assistência em enfermagem com as doenças infectocontagiosas e parasitárias, o conhecimento da tríade epidemiológica é fundamental para traçar o perfil epidemiológico do processo saúde x doença da comunidade. A SAE é privativa e exclusiva do profissional enfermeiro. Fonte: COFEN, 2012. Na imagem observamos um esquema organizacional e didático da sistematização da assistência em enfermagem no âmbito da saúde pública em uma comunidade. No primeiro momento temos o histórico de enfermagem (coleta dos dados). No segundo momento temos o diagnóstico de enfermagem (interpretação dos dados clínicos). No terceiro momento temos o planejamento de enfermagem (elaboração dos cuidados de enfermagem). No quarto momento temos a implementação de enfermagem (realização prático dos cuidados de enfermagem) e no quinto e último momento temos a avaliação de enfermagem (avalia os cuidados de enfermagem que foram prestados aos pacientes). 31 Enfim, os cuidados ou assistência de enfermagem em doenças transmissíveis infectocontagiosas e parasitárias têm como finalidade priorizar as necessidades básicas vitais do indivíduo, da família, e da comunidade, estabelecendo métodos para interferir nos vários fatores da tríade epidemiológica ou ecológica. Têm como princípio também o cuidar fundamentado na prevenção dos agravos à saúde ou da doença por meio da aplicação da promoção, proteção à saúde e de recuperação do indivíduo enfermo, evitando assim a disseminação e multiplicação no ambiente de agentes biológicos infectantes aos seres humanos. FIQUE DE OLHO As ações de enfermagem no controle das doenças transmissíveis infectocontagiosas e parasitárias por nível de promoção e prevenção dependem do conhecimento científico da história natural da doença e da tríade epidemiológica ou ecológica. Para compreender o tema, indicamos a leitura do artigo “Trajetória das doenças infecciosas no Brasil nos últimos 50 anos: um contínuo desafio”. A página web de acesso ao artigo está disponível nas referências desta unidade. 32 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer as noções preliminares da enfermagem com os cuidados integrais aos pacientes nas doenças infecto-parasitárias; • aprender conceitos básicos das doenças infecto-parasitárias humanas; • entender a função da tríade epidemiológica das doenças infecto-parasitárias humanas; • compreender a história natural das doenças infecto-parasitárias; • aprender as características dos componentes de ecossistema ou meio ambiente; • entender e compreender as etapas da sistematização da assistência de enfermagem nas principais doenças infecto-parasitárias humanas. PARA RESUMIR BRASIL. Ministério da Saúde. Situação da prevenção e controle das doenças transmissí- veis no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. CDC. Centers for disease control and prevention. Guidelines for environmental infection control in health-care facilities. Atlanta, 2003. COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN n. 242, de 31 de agosto de 2000. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, de 23 de abril de 2012. COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução n. 358/2009. Dispõe sobre a Sis- tematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfer- magem em ambientes, públicos ouprivados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem, e dá outras providências. FERNANDES, A. P. M.; MUNÕZ, S. S. As doenças infecciosas e parasitárias e seus condi- cionantes socioambientais, 2010. Disponível em: https://midia.atp.usp.br/plc/ju0004/ impressos/ju0004_01.pdf. Acesso em: 07 mai. 2020. GRISOTTI, M. Doenças infecciosas emergentes e a emergência das doenças: uma revisão conceitual e novas questões. Ciência & Saúde Coletiva. Florianópolis, V. 15, n. 1, 1095- 1104, 2010. LIMA, A. D. Ecologia médica: uma visão holística no contexto das enfermidades humanas. Revista Brasileira Edu Med. Rio de Janeiro, V. 38, n. 2, 165-172, 2014. NEVES, D. P. Parasitologia humana. São Paulo: Atheneu, 2016. OMS. Organização Mundial de Saúde. Segundo desafio global para a segurança do paciente: Cirurgias seguras salvam vidas (orientações para cirurgia segura da OMS) / Organização Mundial da Saúde; tradução de Marcela Sánchez Nilo e Irma Angélica Durán – Rio de Janeiro: Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2009 OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde. Módulos de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades. Módulo 2: Saúde e doença na população. Organização Pan-Americana da Saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde, 2010. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/modulo_princi- pios_epidemiologia_2.pdf. 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Conheça os conceitos básicos sobre as principais doenças infecciosas e parasitárias existentes no Brasil, inclusive as doenças emergentes causadas por vírus, bactérias, protozoários, helmintos e fungos. Aprenda sobre os aspectos epidemiológicos, clínicos, diagnósticos, de controle, profilaxia e notificação das doenças infecto-parasitárias. Bons estudos! Introdução 37 1 DENGUE A dengue é uma infecciosa febril aguda, que pode ser curada com tratamento sintomático ou até apresentar situações mais graves. Ela se apresenta de três formas específicas, que são: • Infecção inaparente. • Dengue clássica. • Febre hemorrágica da dengue ou síndrome de choque da dengue. 1.1 Características da dengue Uma característica muito importante sobre a dengue clássica é que, em geral, o primeiro sinal é a febre alta (39°C a 40°C) e de forma abrupta, seguido dos sintomas de cefaleia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retro-orbitária, náuseas, vômitos, exantema, prurido cutâneo, hepatomegalia (ocasional), dor abdominal generalizada (principalmente em crianças). Pequenas manifestações hemorrágicas (petéquias, epistaxe, gengivorragia, sangramento gastrointestinal, hematúria e metrorragia) também podem ocorrer (Brasil, 2004). Na febre hemorrágica da dengue ou síndrome de choque da dengue, os sintomas iniciais são bastante semelhantes aos da dengue clássica, mas a gravidade se manifesta por volta do terceiro ou quarto dia. Os sinais que o paciente apresenta variam, tais como: dor abdominal, agitação, palidez, taquicardia, hipotensão, petéquias, equimoses, sangramento gastrointestinal, cianose e hipotermia. A dengue também é conhecida popularmente pela sinonímia de febre de quebra ossos, isto pelo fator da forte dor muscular nas articulações nos ossos que a doença tem como característica dos sintomas. O agente etiológico é o vírus da dengue, um arbovírus da família Flaviviridae possuindo quatro sorotipos conhecidos. Todos podem desenvolver a doença, o que significa que a suscetibilidade é universal. No entanto, a imunidade é homóloga, ou seja, permanente para um mesmo sorotipo do vírus. A dengue necessita de vetor para sua transmissão que são os mosquitos do gênero Aedes aegypti. Quando pensamos em hospedeiro pra essa doença, a fonte da infecção e hospedeiro vertebrado é o homem. A dengue ocorre por meio da picada da fêmea infectada do mosquito Aedes aegypti. A transmissão acontece quando a fêmea do mosquito deposita seus ovos em recipientes com água, gerando as larvas, que vivem na água por cerca de uma semana. Passado esse período, as larvas transformam-se em mosquitos adultos, prontos para picar as pessoas. 38 Figura 1 - Mosquito Aedes aegyti Fonte: frank60, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem apresenta o mosquito Aedes aegyti, transmissor da dengue, em contato com a pele de uma pessoa. O período de incubação da doença é de 3 (três) a 15 (quinze) dias. Já o período de transmissibilidade, aquele em que o indivíduo infectado pode passar a doença adiante com a ajuda do vetor permanece quando o homem infecta o mosquito durante o período de viremia, começa um dia antes da febre e dura aproximadamente até o sexto dia de doença. A principal forma de diagnóstico da dengue é o laboratorial. Nesse sentido, teremos: EXAMES ESPECÍFICOS A comprovação laboratorial das infecções pelo vírus da dengues se faz pelo isolamento do agente ou pelo emprego de métodos sorológicos - demonstração da presença de anticorpos da classe IgM em única amostra de soro ou aumento do título de anticorpos IgG em amostras pareadas (conversão sorológica). ISOLAMENTO É o método mais específico para determinação do sorotipo responsável pela infecção. A coleta de sangue deverá ser feita em condições de assepsia, de preferência no terceiro ou quarto dia do início dos sintomas. Após o término dos sintomas não se deve coletar sangue para isolamento viral. SOROLOGIA Os testes sorológicos complementam o isolamento do vírus e a coleta de amostra de sangue deverá ser feita após o sexto dia do início da doença (Vasconcelos, 2002). 39 A dengue não tem tratamento específico. O paciente diagnosticado recebe medicação apenas sintomática, como analgésicos e antitérmicos (paracetamol e dipirona). Devem ser evitados os salicilatos e os anti-inflamatórios não hormonais, já que o seu uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas e acidose, o que favorece o sangramento em casos de dengue hemorrágica. O paciente deve ser orientado a permanecer em repouso e iniciar hidratação oral. Vale lembrar que a dengue tem cura na maioria dos casos, depois de iniciado o tratamento por volta do décimo dia. Por ser uma doença de notificação compulsória, todo caso suspeito deve ser comunicado pela via mais rápida. Se for confirmado diagnóstico de dengue hemorrágica, essa notificação deve ocorrer em 24 horas ao Serviço de Vigilância Epidemiológica mais próxima. 2 FEBRE AMARELA A febre amarela é uma doença infecciosa, não contagiosa, transmitida ao homem através da picada de insetos hematófagos após um período de incubação extrínseco, para que o vírus se reproduza em seus tecidos. A doença pode ocorrer por duas modalidades epidemiológicas: a silvestre e urbana. A diferença entre elas está na forma dos transmissores e dos hospedeiros vertebrados. Já sob o aspecto clínico, a infecção é a mesma e pode se apresentar como assintomática, oligossintomática, moderada e grave. A letalidade global varia de 5% a 10%, no entanto, nos casos em que evoluem com as formas graves da enfermidade, apresentam as síndromes ictero-hemorrágica e hepato- renal, podendo chegar à 50%dos casos. A febre amarela urbana foi eliminada da América em 1942, mas ainda hoje é existente na África, os dois continentes endêmicos da arbovirose (Vasconcelos, 2002). 2.1 Características da febre amarela O agente etiológico da febre amarela é um vírus RNA. Vírus amarílico, arbovírus do gênero Flavivírus e família Flaviviridae. O reservatório da doença na forma Febre Amarela Urbana (FAU) é o homem, já na Febre Amarela Silvestre (FAS) são os macacos, que quando infectados e morrem em áreas próximas as urbanas servem de alerta para investigação do vírus que se aproxima do meio urbano, e no caso da febre amarela silvestre o homem é um hospedeiro acidental. A transmissão da febre amarela urbana se faz através da picada do Aedes aegypti e a febre amarela silvestre, pela picada de mosquitos silvestres do gênero Haemagogus e Sabethes, o período de transmissibilidade varia de 24 a 48 antes dos aparecimentos dos sintomas e vai até 3 (três) a 5 (cinco) dias depois que também são os dias em que podemos chamar de período de 40 incubação. O período de incubação no Aedes aegypti, que se mantém infectado por toda a vida, é de 9 (nove) a 12 (doze) dias (Brasil, 2004). Os principais sinais e sintomas da febre amarela são: • Febre. • Dores musculares em todo o corpo, principalmente nas costas. • Dor de cabeça. • Perda de apetite. • Náuseas e vômito. • Olhos, face ou língua avermelhada. • Fotofobia. • Fadiga e fraqueza. • Icterícia. O da febre amarela é baseado nos achados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. Em relação ao diagnóstico laboratorial, destacam-se: ESPECÍFICO Sorológico: Ensaio imunoenzimático para cultura de anticorpos corpos IgM (Mac-Elisa): esse exame é realizado a partir de amostras de sangue coletados após o 5º dia de infecção, e na maioria dos casos requer somente uma amostra de soro sendo possível realizar o diagnóstico presuntivo de infecção recente ou ativa. Este é o método de escolha utilizado na rotina diagnóstica da febre amarela. INESPECÍFICO Alterações laboratoriais: As formas leves e moderadas apresentam quadro clínico autolimitado, não há alterações laboratoriais importantes, salvo por leucopenia, discreta elevação das transaminases (nunca superior a duas vezes os valores normais encontrados) com discreta albuminúria. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL As formas leves e moderadas são de difícil diagnóstico diferencial com as doenças febris. As formas graves clássicas ou fulminantes devem ser diferenciadas das hepatites graves fulminantes, leptospirose, malária, dengue hemorrágica e septicemias (Ministério da Saúde, 2004). 41 A internação por febre amarela tanto nos quadros clássicos quanto nos fulminantes é necessária para o tratamento de dos sintomas e também de suporte. Na história do Brasil, conforme cita Romano (2014) a última epidemia urbana ocorreu no ano de 1929 na cidade do Rio de Janeiro, onde 738 pessoas foram diagnosticadas com a doença, destas 78 foram á óbito. Depois disso, o último caso suspeito de febre amarela foi registrado no Estado do Acre em 1942. A forma mais eficiente de prevenção da febre amarela e controle da doença é a imunização. A vacina é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI) e consiste em uma dose única a partir dos 9 meses de idade, sendo administrada de forma subcutânea com o volume da dose de 0,5 mL. A febre amarela é uma doença de notificação compulsória e deve ser imediata, em 24 horas o órgão de vigilância epidemiológica deve ser comunicado por meio do preenchimento da Ficha de Investigação de Febre Amarela, disponibilizado pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 3 MALÁRIA • A doença da malária é uma doença infecciosa aguda e febril. Ela é causada por um para- sita e se caracteriza pelos sinais e sintomas citados a seguir: • Hipertermia. • Calafrios. • Sudorese. 42 • Cefaleia. • Cansaço. • Mialgia. 3.1 Características da malária O agente etiológico causador da malária é o Plasmodium malariae e Plasmodium vivax, e as causas graves são causadas pelo Plasmodium falciparum. Quando se apresenta de forma grave o paciente apresenta cefaleia intensa, êmese, sonolência, convulsões, insuficiência renal aguda, edema agudo de pulmão, hipoglicemia, disfunção hepática e choque cardiogênico. O alto potencial de viremia dessa doença no Brasil está na Região Amazônica, o que caracteriza um importante fator epidemiológico, já que essa região apresenta um elevado potencial de disseminação da doença, colocando a população que lá vive em vulnerabilidade social e econômica. A malária também é conhecida popularmente por outros nomes como: febre palustre, maleita, sezão, tremedeira e batedeira. O único reservatório é o homem. Já o vetor da doença são mosquitos que pertencente à ordem dos dípteros, família Culicidae, gênero Anopheles. Em nosso país, o mosquito transmissor da doença, principal vetor da doença, são os mosquitos (fêmeas) conhecidos como “muriçoca”, carapanã, “sovela”, “mosquito – prego” e “bicuda”, todos pertencentes da família Anopheles darlingi. Por não se tratar de uma doença contagiosa, a malária não pode ser transmitida de pessoa para pessoa. Para o indivíduo se tornar doente é necessário a participação dos vetores que foram citados acima. Esses mosquitos têm hábitos diurnos, mas também picam a noite, só que em menor quantidade. As formas de diagnóstico da malária são feitas a partir de análise sanguínea. São elas: • Gota espessa. Oficialmente adotado no Brasil,é um método simples, eficaz, de baixo custo e de fácil realização. Sua técnica baseia-se na visualização do parasito por meio de microscopia óptica. • Testes rápidos. • Técnicas moleculares. • Malária mista. • Esfregaço delgado. 43 O paciente inicia o tratamento imediatamente após a confirmação da malária, o que se dá em regime ambulatorial com medicações via oral, comprimidos, fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente em casos graves devem ser hospitalizados de imediato. É importante destacar que não existe vacina contra a malária, por isso medidas de prevenção devem ser tomadas como profilaxia da doença, por exemplo: • Uso de mosquiteiros. • Roupas que protejam pernas e braços. • Telas em portas e janelas. • Uso de repelentes. A malária é uma doença de notificação compulsória e, portanto, todos os casos suspeitos ou confirmados devem ser obrigatoriamente notificados às autoridades de saúde. No entanto, temos que levar em consideração que a notificação tem tempo diferente para os casos ocorridos na Região Amazônica e fora dela, veja: Se houver casos na Região Amazônica, mesmo que sejam suspeitas, devem ser notificados em até 7 (sete) dias à vigilância epidemiológica. Casos em que acontecem nas demais regiões do Brasil, mesmo que suspeitos, a notificação compulsória deve ser imediata, em 24 horas, para a vigilância epidemiológica. 4 MENINGITES A meningite é caracterizada basicamente por uma inflamação nas membranas que envolvem o cérebro e a medula espinal. São elas durá-mater, aracnoide e pia-máter. No Brasil, a meningite é considerada uma patologia endêmica. A doença de meningite pode se apresentar de várias formas através do agente etiológico causador da patologia, no entanto as formas virais e bacterianas são as que acontecem com maior frequência. A forma mais grave da doença é a meningococcemia. Na figura “Inflamação por meningite” podemos visualizar a forma de disposição dessas membranas protetoras do cérebro. 44 Figura 2 - Inflamação por meningite Fonte: ellepigrafica, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem apresenta o processo de inflamação da meningite (bactérias, vírus, fungos) das meninges. As meninges são as membranas que protegem o cérebro da invasão de micro-organismos causadores de meningite, são elas: dura-máter, aracnoide e pia-máter. 4.1 Características da meningite No caso das meningitesdevem ser rigorosamente higienizadas. MÁSCARA Com capacidade de filtragem e vedação lateral adequada (N95). É de uso obrigatório toda vez que entrar no quarto do paciente. Quando o paciente tiver a necessidade de sair do quarto, para exames complementares ou transferência, deverá usar máscara cirúrgica. AVENTAL Limpo, não estéril, o avental deve ser retirado antes da saída do quarto, evitando contaminação da própria roupa. HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS Obrigatória antes e após a manipulação do paciente. Uso complementar de antissépticos alcoólicos pode ser um acréscimo importante na descontaminação das mãos. QUARTO PRIVATIVO 109 Internar em mesmo quarto de paciente com infecção pelo mesmo micro-organismo ou mantê-lo sozinho observando distância mínima de um metro entre os pacientes. A porta sempre deve permanecer fechada e com placa de identificação com o tipo do isolamento. 9.5 Precaução protetora ou reversa Essa medida é aplicada principalmente em pacientes imunodeprimidos e neutropênicos, tendo objetivo de garantir a proteção do paciente contra infecções. Será instituído principalmente em pacientes imunodeprimidos e neutropênicos, a fim de garantir a proteção do paciente contra infecções. 10 BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES Hoje, no Brasil, as infecções hospitalares por bactérias multirresistentes são uma realidade em praticamente todos os hospitais do país. O Serviço de Controle de Infecção Hospitalar é o responsável dentro das instituições por criar rotinas e normas para conter a disseminação desses micro-organismos e podem agravar o quadro clínico dos pacientes aumentando as chances de letalidade durante a hospitalização. As infecções hospitalares ocasionadas por bactérias multirresistentes, associadas às doenças de base dos pacientes, acabam aumentando o tempo de internação hospitalar, sendo necessário o uso de antibióticos, o que acarreta o aumento de custos de cada paciente. As bactérias com maior destaque no cenário mundial e que trazem preocupação pelo aumento considerável no número de casos e que tem escassas possibilidades terapêuticas são: • Enterobactérias como a Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), Acinetobacter baumanii; • Pseudomonas aeruginosa; • Bactérias gram-positivas como o Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA); • Enterococcus sp resistentes à vancomicina (VRE); • Clostridium difficile. A disseminação das bactérias está relacionada ao contato com reservatórios ambientais, como a água para realização do banho dos pacientes ou os próprios pacientes colonizados ou infectados, de forma direta ou indireta 110 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer o conceito das doenças infectocontagiosas e parasitárias; • saber as características das doenças • reconhecer sinais, sintomas e forma de transmissão; • compreender a imunização, como fazer o diagnóstico e o tratamento adequado; • conhecer medidas de biossegurança e equipamentos de proteção; • identificar os tipos de isolamento hospitalar e as principais bactérias multirresistentes. PARA RESUMIR BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 4. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. 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Neste livro, vamos abordar os protocolos institucionais e de órgão legisladores da saúde, as ferramentas inovadoras para a aplicação do processo de sistematização da assistência de enfermagem, a potencialização do cuidado e identificação das necessidades básicas e prioritárias com base em evidências individualizadas, humanizadas e holísticas. Este livro abrangente apresenta um conteúdo amplo sobre as doenças infectoparasitárias para os estudos na área da enfermagem. Aproveite!