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Grupo 8 PREPARAÇÃO E ANÁLISE MICROESTRUTURAL – PARTE I – DETERMINAÇÃO DE TAMANHO DE GRÃO 1. Introdução Como a maioria dos materiais cristalinos utilizados na engenharia são policristalinos, é razoável avaliar os componentes estruturais dos materiais que influenciam suas qualidades, a fim de apoiar projetos de engenharia. O agregado cristalino é composto de minúsculos cristais conhecidos como grãos que são dispostos para preencher completamente o espaço da rede e não deixar lacunas. A microestrutura de um material pode ser alterada para aproveitar características específicas, como dureza, limite de escoamento e resistência à deformação, para melhorar sua adequação em aplicações específicas. Num agregado policristalino, os limites que dividem os cristais com várias orientações são conhecidos como limites de grão. O diâmetro médio do grão, medido a partir de uma seção transversal aleatória, é o seu tamanho. Embora existam vários métodos para calcular o tamanho do grão, o método ASTM - um acrônimo para "Sociedade Americana de Testes e Materiais" - é o mais comumente empregado, especialmente em aplicações de engenharia. A abordagem é baseada na norma ASTM-E-112, onde a medição manual do tamanho dos grãos por meio de fotografias é feita, geralmente, por meio da contagem dos interceptos. Além disso, a preparação da amostra metalográfica – que envolve as operações de corte, embutimento, lixamento, polimento e ataque químico – é necessária para avaliar a microestrutura dos metais. Este artigo descreve uma atividade prática que envolveu a preparação metalográfica do ferro puro (Fe). 2. Objetivos Conhecimento dos métodos fundamentais de preparação metalográfica de amostras para exame microestrutural. A demonstração prática do procedimento de preparo das amostras, realizado pelos técnicos administrativos do laboratório, proporciona essa visão. Da mesma forma que foi necessário aplicar a ideia de grão nas estruturas cristalinas dos materiais e utilizar o método de interceptação para determinar o tamanho do grão, também foi necessário analisar amostras utilizando o critério óptico da luz refletida para determinar o tamanho do grão de uma amostra policristalina. 3. Metodologia 3.1. O preparo da amostra para análise É fundamental preparar metalograficamente a amostra, que envolve cinco etapas: corte, embutimento, lixamento, polimento e tratamento químico, para fazer a análise microestrutural da amostra. Na etapa inicial, a amostra é cortada com um cortador do tipo cut-off, a fim de minimizar seu tamanho para análise microscópica. Após o corte, a amostra é imersa em baquelite em pó, uma resina sintética resistente ao calor e quimicamente estável. Esse processo é feito em uma máquina de incorporação metalográfica a quente da marca Arotec, modelo PRE-30Mi, que possui carcaça de aço inoxidável para evitar corrosão. Incluindo o tempo necessário para o resfriamento do componente após sua inserção, essa fase leva cerca de sete a doze minutos. O embutimento é importante para facilitar o manuseio durante as etapas do processo de preparação metalográfica e análise microestrutural. Figura 1 - Cortador Figura 2 - modelo da embutidora a quente A superfície da amostra precisa ser lixada e polida para melhorar a visibilidade e torná-la adequada ao experimento. Diferentes tamanhos de grãos de lixa abrasiva de carboneto de silício (SiC) são usados para lixar. Uma lixadeira da marca Arotec, tipo Aropol VV-PUD, utiliza discos giratórios e água corrente para o lixamento. Após múltiplas lixagens com lixa, da mais grossa à mais fina, a amostra é polida com pano de feltro e alumina de 1 μm. Figura 3 - Lixadeira Figura 4 - Polidora Na etapa final, a superfície polida é submersa em solução de Nital 3% (álcool + ácido nítrico) e seca com auxílio de secador. Este ataque químico da amostra revela seus microconstituintes. Após todo o processo de preparação de uma amostra metalográfica, o material é examinado em microscópio óptico para investigação microestrutural. Figura 5 - peça pronta para análise no microscópio 3.2. A análise microestrutural Após o processamento metalográfico, o tamanho do grão de Fe foi determinado por meio de exame microestrutural. A amostra foi levada ao microscópio óptico e examinada sob aumento de 100x para obtenção de imagem nítida das microestruturas. Cinco áreas distintas da substância foram capturadas pela câmera utilizando uma câmera e software conectados ao computador - apresentadas nos resultados do relatório. Adicionalmente, obteve-se também uma foto, como o mesmo aumento (100x), da escala micrométrica que foi usada para calibrar o comprimento real das imagens obtidas anteriormente. Por meio do software de editor de imagens, Photoshop, foi estabelecida a escala real das imagens. Abrindo a imagem da escala micrométrica no software, foi determinada a relação entre pixels e micrômetros (1 pixels = 100 micrômetros). Com essa informação, criou-se a barra de escala real em micrômetros nas imagens da amostra. A partir daí foi desenhado um círculo de diâmetro conhecido, interceptando o número máximo de grãos possíveis dentro da imagem. Procedimento repetido para as 5 fotografias. Para determinar o número de interseções por milímetro (NL), contamos o número de grãos interceptados pelo círculo (N), e dividimos pelo comprimento do círculo traçado (pi*diâmetro) em milímetros - seguindo a calibração da imagem com escala - . Em seguida foi calculado o comprimento de intercepto linear (l), utilizando a equação: E finalmente, calculado o tamanho de grão ASTM (G) para cada região, utilizando a equação: 5. Resultados e Discussão Capturas realizadas com o microscópio com aumento 100x: Figura 6 - captura do microscópio (a) Figura 7 - captura do microscópio (b) Figura 6 - captura do microscópio(c) Figura 7 - captura do microscópio (d) Figura 6 - captura do microscópio (e) Figura 7 - captura da escala aumento 100x Seguindo a metodologia descrita acima, foram calculados os valores para número de interceptos (N), número de intersecções por mm (NL), o comprimento de interceptos linear (L) e o tamanho de grão médio (G) para cada fotografia impressa, conforme os cálculos expressos abaixo: Imagem a N = 18 interceptos; NL = 3,18 mm-1; L = 0,31 mm; G = - 6,644 (log L) – 3,288 = 0,054 mm Imagem b N = 33 interceptos; NL = 3,50 mm-1; L = 0,28 mm; G = - 6,644 (log L) – 3,288 = 0,32 mm Imagem c N = 45 interceptos; NL = 4,77 mm-1; L = 0,21 mm; G = - 6,644 (log L) – 3,288 = 1,22 mm Imagem d N = 46 interceptos; NL = 4,88 mm-1; L = 0,21 mm; G = - 6,644 (log L) – 3,288 = 1,28 mm Imagem e N = 37 interceptos; NL = 3,92 mm-1; L =0,25 mm; G = - 6,644 (log L) – 3,288 = 0,65 mm 6. Conclusão A análise microestrutural detalhada da amostra de ferro puro resultou na obtenção eficaz de diversos parâmetros, incluindo o número de interceptos (N), o número de intersecções por milímetro (NL), o comprimento de interceptos linear em milímetros (L) e o tamanho médio de grão em milímetros (G). É importante destacar que o sucesso dessa análise só foi possível pelos processos de preparação metalográfica aplicados à amostra. Esses processos desempenharam um papel crucial ao fornecer imagens nítidas e altamente representativas,possibilitando a caracterização precisa da estrutura cristalina da amostra. Além de que, a utilização do software Photoshop permitiu a interpretação precisa das imagens resultantes desse processo de preparação. Adicionalmente, a conversão dos pixels para micrômetros das imagens durante a preparação da amostra demonstrou ser uma etapa essencial para a aplicação do método de interceptos. Isso contribuiu para a precisão na medição e análise dos parâmetros microestruturais. Além disso, para esse propósito, a utilização de uma micrografia com um aumento de 100 vezes revelou-se adequada e suficiente para a realização bem-sucedida desses procedimentos. Embora os resultados tenham sido consistentes na obtenção do número de intersecções por milímetro, do comprimento de interceptos linear por milímetro e do tamanho médio de grão, com um valor médio de 0,71 milímetros, é fundamental reconhecer que o desvio padrão apresentou um valor muito alto. Isso decorre da coleta de dados experimentais, que pode estar sujeita a pequenas variações durante o processo de medição. Essas variações, embora presentes, não invalidam a eficácia do método, mas ressaltam a importância de considerar a incerteza associada às medições microestruturais. 7. Referências [1] Callister, W. D. Jr, Ciência e Engenharia de Materiais: uma introdução; Editora LTC, 7a. Edição 2008. [2] ASTM E112 – 13 (2014) Standard Test Methods for Determining Average Grain Size, ASTM International, 2014. 1. Introdução 2. Objetivos 3. Metodologia 3.1. O preparo da amostra para análise 3.2. A análise microestrutural 5. Resultados e Discussão 6. Conclusão 7. Referências