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Construção de autoria na produção acadêmica: o ensaio A concepção de escrita estabelece a união de saberes, experiências e práticas que habilitam para o desenvolvimento de um texto, seja para descrever, narrar ou dissertar, sobre determinado assunto, conteúdo ou acontecimento. O texto nasce das demandas do dia a dia, descrevendo as vivências oriundas das relações sociais, o que constitui a principal função da produção acadêmica: a construção do conhecimento. Nesta unidade, vamos verificar os elementos que caracterizam a escrita do gênero textual acadêmico ensaio — estruturas, normas e construção da argumentação —, que estabelecem diálogos e laços com os leitores intra e extramuros da academia, a partir da abordagem de temas que fazem parte da ordem do dia e compõem as dinâmicas sociais do cotidiano. Objetivo Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Empregar as etapas de produção textual (planejamento, escrita, autoavaliação crítica e reescrita) na construção de produções escritas. Conteúdo Programático Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas: • Tema 1 - O texto científico e o gênero acadêmico ensaio • Tema 2 - Construção da argumentação no texto • Tema 3 - Estrutura do texto científico: elementos e normas A produção acadêmica estabelece um grande desafio quando exige a aplicação das habilidades de correlacionar as questões cotidianas com as normas científicas. Isso possibilita discussão e diálogo sobre os mais variados aspectos, trazendo, ao centro do debate, temas de interesse a um determinado público, constituindo um grande leque de informações. Tema 1 O texto científico e o gênero acadêmico ensaio Quais as principais características do gênero acadêmico ensaio? O texto acadêmico possui particularidades que dialogam de forma direta com a produção e a difusão do conhecimento, trazendo, ao centro de discussão, a própria manifestação da ciência. Ou seja, tem o objetivo de levar à compreensão de acontecimentos sociais, naturais e físicos a partir de técnicas, métodos, procedimentos, de modo a conduzir a humanidade ao seu próprio desenvolvimento. Por sua natureza investigativa, possibilita que fatos, acontecimentos e resultados (da pesquisa) sejam amplamente discutidos pela comunidade cientifica e pela sociedade em geral, com linguagem acessível, o que se coaduna com a democratização da informação. Cabe dizer que a ideia defendida na academia não se estabelece como verdade absoluta e/ou irrefutável, pois, a todo o momento, está sendo verificada, analisada e ampliada, seja intramuros da academia ou por outras instituições públicas ou privadas, mas convergindo para um só objetivo: o crescimento qualitativo e quantitativo das práticas e respostas às demandas e desafios do cotidiano. Neste momento, será abordado o texto acadêmico como materialização e/ou aplicação da contextualização e problematização de um assunto, com coesão e coerência. Os elementos, por exemplo, presentes no gênero ensaio, a serem aqui abordados, são necessários para a construção de argumentos, com objetividade, concisão, por meio de uma escrita de qualidade. Afinal, o que é um ensaio? Seria um treino? Seria a encenação de um ato, uma peça, uma prática? Bem, a resposta pode ser sim e não. O gênero ensaio segue a linha de um fragmento de pensamento livre, sobre um tema que não tem necessidade/obrigatoriedade de nascer do resultado de uma pesquisa aprofundada. Para ver o exemplo de um ensaio acadêmico, leia o ensaio: OLIVEIRA, Jayr Figueiredo. Um ensaio reflexivo das novas tecnologias na educação do ensino superior. Revista Acadêmica, São Paulo, n. 3, p. 71-81, ago. 2012. Por outro lado, o ensaio exige o desenvolvimento de uma discussão coerente. Deve levar o leitor a compreender o aspecto argumentativo, problematizador e crítico, http://www.fics.edu.br/index.php/augusto_guzzo/article/view/9 http://www.fics.edu.br/index.php/augusto_guzzo/article/view/9 pautado na interpretação do autor sobre o fato, respaldado em outros autores/obras relevantes na área e/ou no tema escolhido. Ou seja, o ensaio possui maior abertura para diálogo, mas exige o rigor acadêmico, a disposição dos acontecimentos em uma narrativa que permita inferências, questionamentos, aproximações, concordâncias, afastamentos, discordâncias, com "[...] exposição metodológica dos assuntos realizados e [...] conclusões originais [...] problematizador, antidogmático e nele deve se sobressair o espírito crítico do autor e a originalidade" (MEDEIROS, 2019, p. 112). MEDEIROS, J. B. Redação Científica – Guia prático para trabalhos científicos. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2019. Para apresentar uma discussão fluida, ampla e aprofundada, são necessários a leitura e o contato com referências de outros autores, sem perder de vista o olhar criterioso. Também é preciso manter o estilo, a forma e a assinatura, elementos esses que irão conferir originalidade ao texto, com disposição das “[...] ideias e pontos de vista sobre determinado tema, de forma original, com argumentos e evidências sólidos — elementos fundamentais para a prática científica” (CARMO, 2021, p. 39). CARMO, C. N. Leitura e produção de textos acadêmicos. Rio de Janeiro: UVA, 2021. Desse modo, a liberdade do pensamento do ensaio e sua objetividade intelectual vão levar à ampliação ou até mesmo aos passos iniciais para uma abordagem crítica de uma dada realidade, trazendo, como principais atributos, a interpretação e a possibilidade de que os leitores reflitam sobre a questão problematizada no texto. Assim, as principais características do gênero acadêmico ensaio, conforme Carmo (2021), são: Hibridização Corresponde ao estado híbrido, versa entre a fluidez de aglutinamento/agrupamento/conversão entre as áreas do conhecimento (humanas, exatas, naturais, saúde, entre outras), sem bordas/limites para a criatividade e/ou argumentação e com o caráter rigoroso da percepção e interpretações das obras analisadas para elaboração de uma crítica ao objeto de estudo. Temporalidade A questão da temporalidade está no próprio caráter provisório, transitório, ou seja, poderá ser o primeiro momento de uma pesquisa, pois o ensaio situa o tema, a percepção pessoal do autor sobre questões que nortearão uma resposta complexa, dentro de uma investigação científica que por vezes não se esgota apenas no gênero acadêmico e que acompanhará toda a carreira do pesquisador/profissional. Independência Está pautada na construção livre, sem necessidade de rigor científico na validação e análise de todas as variáveis (sociais, econômicas, políticas e culturais) como meta final, resultado ou conclusão. CARMO, C. N. Leitura e produção de textos acadêmicos. Rio de Janeiro: UVA, 2021. Tema 2 Construção da argumentação no texto Como se constitui a construção da argumentação no ensaio? O texto possui uma função sociointeracional que consiste na missão de informar, expor ideias, narrar, orientar a partir da descrição, dissertação e argumentação. A argumentação nasce na posição ou disposição de ideias que levem à compreensão dos temas discutidos, que resultem na construção de “[...] um ponto de vista racional, uma explicação, recorrendo a experiências individuais e sociais em um quadro espacial e temporal de uma situação com finalidade persuasiva” (KOCH, 2016, p. 24). KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Escrever e argumentar. São Paulo: Contexto, 2016. O desenvolvimento da argumentação no texto acadêmico ou no gênero textual ensaio está pautado na sistematização de saberes. Ele parte da cultura acadêmica, sendo referenciado em leituras, palestras, congressos, aulas etc. O ensaio pode ainda estar presente na própria experiência vivenciada no dia a dia, no exercício profissional, possibilitando questionamentos a partir de um pontoPedagógico e Recursos Educacionais Aberto – REA; formação de tutores, instrutores, monitores e professores na utilização de tecnologias e robótica aplicada à educação. Pesquisadora da área de Educação, Educação Infantil, Educação a Distância, Educação e Novas Tecnologias, Formação de Professores, Produção de material didático, Consultoria Pedagógica, Design Educacional. Revisão e atualização Professora Silvana Moreli Vicente Dias Licenciada em Português e Inglês pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp (1999), mestre (2003) e doutora (2008) pela Universidade de São Paulo – USP. Ganhou o prêmio Capes de Tese 2009, na área de Letras/Linguística. Foi pesquisadora bolsista Nível I da Fundação Biblioteca Nacional – FBN (2008). Fez pesquisa de pós-doutorado na Università degli Studi di Roma “La Sapienza”, no Instituto de Estudos Brasileiros da USP (IEB-USP, 2010-2012) e na Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Linguística Aplicada; Humanidades Digitais, relações entre o Modernismo brasileiro e a literatura anglo-americana, Preparo de Edições, Crítica Genética e Crítica Textual; edições acadêmicas com aparato crítico, manuscritos de escritores, artistas e intelectuais, crônica, memorialismo, ensaio; curadoria de exposições. É autora de Cartas provincianas: correspondência entre Gilberto Freyre e Manuel Bandeira (edição de cartas e estudo crítico, editora Global, 2017). Tem experiência nos ensinos Fundamental, Médio e Superior, sendo atualmente professora na Universidade Veiga de Almeida – UVA. Estratégias de leitura, análise e interpretação de textos na universidade Nossa formação leitora perpassa a união das palavras e seu vínculo com o mundo/realidade, compreendendo as complexidades das relações sociais que estão para além das técnicas que norteiam a gramática normativa (sendo este o segundo movimento para uma escrita legível e acessível), mas pautada em criatividade e identificação/reconhecimento, que permite a construção do senso crítico. Para pensar nas articulações entre saberes, conhecimentos e experiências do leitor diante do texto, é preciso pensar em estratégias que impliquem objetivos que busquem o entendimento da junção entre Língua, Linguagem e a Sociedade; tipologias e gêneros textuais, materialização do texto acadêmico e produção de sentidos no texto como ato constante de conexões com as dinâmicas que movem a interpretação dos fenômenos sociais, objeto de estudo desta unidade. Objetivo Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Desenvolver a leitura crítica e a percepção de interpretação enquanto gesto de atribuição de sentido. Conteúdo Programático Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas: • Tema 1 - Língua, linguagem e sociedade • Tema 2 - Tipologia e gêneros textuais • Tema 3 - O texto acadêmico e a produção de sentidos no texto Fonte: NASCIMENTO, Mauricio. Vaso de Flor / dominiopublico Ao observar esta imagem, o que podemos notar? Percebam as diferentes possibilidades, as etapas e camadas de cada desenho; suas cores, seus tons. Ao olhar para um objeto, percebemos as diversas figuras, personagens, linhas, contornos que são semelhantes ao pensar, interpretar e agir do homem sobre a matéria-prima, na articulação direta entre modelos e conteúdo. O mesmo acontece com a leitura, uma livre associação de ações do pensamento sobre as situações-problema que acabam exigindo de nós maior interpretação e elaboração. Vamos entender suas principais características e estruturas? http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=152601 Tema 1 Língua, linguagem e sociedade Qual a relação entre Língua, Linguagem e Sociedade? A relação entre língua, linguagem e suas representações na sociedade não estão limitadas apenas a aplicação da norma culta, mas engloba também o que acontece conosco, o que produzimos, ou seja, nossas marcas. Tudo isso acaba aparecendo mais nitidamente nas interações humanas, nos lugares que usam a escrita como narrativas no compartilhamento de conhecimentos. Nesse sentido, a Língua pode ser compreendida como um “[...] produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos” (SAUSSURE, 2012, p. 41), ou seja, agrupamento de palavras regido por uma norma e/ou um sistema organizado que proporcione combinações específicas que gerem comunicação. A língua se estabelece nessas práticas em que a disseminação de um pensamento/ideia/ato comunicacional expressa e permite a compreensão de um determinado grupo, estabelecendo o perfil social e cultural, na troca de símbolos característicos de um determinado local, região ou país, pois “ [...] não é constituída por um sistema abstrato de formas linguísticas nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato fisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua. (BAKHTIN, 2002, p. 123) ” Nesse sentido, a língua como princípio de interação comunicacional se estabelece no diálogo, ou seja, na interação entre os indivíduos, a qual resulta em fragmentos das experiências vividas, (re)elaboradas e interpretadas que fazem parte dos contextos que pertencem as relações sociais pois “[...] a língua vive e evolui historicamente na comunicação verbal concreta, não no sistema abstrato das formas na língua nem no psiquismo individual dos falantes” (BAKHTIN, 2002, p.124). Já em relação a Linguagem, esta reúne vários signos que não se limitam à expressão da fala, mas abrange também a língua e também outros sinais, sons, cores, gestos, movimentos, expressões faciais e imagens que permitem a transmissão de pensamentos, pois a linguagem se apresenta: “ [...] como forma de ação entre homens, adentra-se nos campos da persuasão e do convencimento, porque a linguagem como meio de interação social é dotada de intencionalidade [...] seu fundamento está, pois, na argumentação que procura persuadir e convencer alguém a agir de determinada forma. A par disso, entende-se que a função básica da linguagem é a argumentação, uma vez que o sujeito enunciador sempre tem em vista persuadir e convencer seu interlocutor. (SITYA, 1995, p.12) ” Ou seja, a linguagem corresponde ao conjunto de símbolos que permite a comunicação, a expressão da ideia a determinados grupos/público-alvo, com base na qual se permite a troca mútua de informações, conectando as pessoas como um mecanismo que penetra diversos cenários/contextos, de acordo com as intenções sociais, culturais, econômicas e políticas dos sujeitos interagentes. Assim, a reflexão sobre a relação entre Língua, Linguagem e Sociedade está pautada na mistura como uma estrutura conectada. Desse modo, a língua é um fragmento que compõe o todo da linguagem (visuais, sonoras, gestuais, imagéticas) e permite a compreensão dos acontecimentos que materializam o pensamento enquanto produto do cotidiano social, da livre associação individual e/ou coletiva das intenções/ideologias que levam a pensar o texto e os gêneros textuais. Tema 2 Tipologia e gêneros textuais Como as tipologias e gêneros textuais auxiliam na elaboração do texto acadêmico? Após a verificação da ligação entre Língua e Linguagem como possibilidade de vínculos de signos sociais, que permite a comunicação verbal e não verbal, perceberemos que domínio de conceitos como texto, seus tipos e gêneros discursivos é crucial para subsidiar a elaboração do texto acadêmico. O texto é o resultado da aplicação da Língua e da Linguagem para aelaboração da comunicação escrita, que possui sua própria dinâmica. No processo de comunicação escrita, as ideias do autor são interpretadas pelo leitor, ou seja, há um movimento de troca entre emissor e receptor, em articulações de palavras que sempre pressupõem um determinado contexto. Saiba Mais Autor - O que produz o texto ou qualquer outra obra. Emissor – Quem expressa uma ideia. Receptor – Quem interpreta uma ideia. Nesse sentido, é importante pontuar que o texto expressa, além do pensamento, a cultura de um período, de uma época, sendo fruto da sobreposição de tempo e espaço, deixando claras as intencionalidades. Ou seja, não há pureza/imparcialidade na escrita do texto, sempre haverá um objetivo a ser alcançado, uma ideia a ser expressa na ambivalência da ética, moral que representa algum grupo social. Nesse contexto, as tipologias textuais são identificadas quando os textos determinam processos comunicativos com determinados objetivos e pressupondo estruturas dos textos. Eles se apresentam como: Narrativo O tipo de texto narrativo tem como princípio narrar uma história localizada no tempo e no espaço com a descrição das ações do personagem. A estrutura da tipologia textual narrativa envolve a introdução/contextualização, desenvolvimento, clímax final. Clímax - Ponto central, decisivo da narrativa, apresenta os desdobramentos e resolução da história. Dissertativo Podemos afirmar que o texto dissertativo é a tipologia textual com maior predominância no espaço acadêmico. Compreende o fenômeno, estabelece objetivos a serem alcançados com a ideia do autor e dispõe de argumentos frente aos questionamentos de um dado objeto de análise, com embasamento conceitual, auxiliando o fortalecimento científico do texto. Expositivo Já o texto expositivo tem como principal característica difundir mensagens de forma mais objetiva, direta, que permitam a compreensão sem correlações e dubiedade. Assim, as informações expostas são suficientes para rápido entendimento. Descritivo A função de descrever os fatos ou pessoas a partir da observação é o que caracteriza a tipologia descritiva, que ressalta o detalhamento com maior precisão e riqueza de particularidades, características e observações sobre o objeto de análise. Injuntivo Por fim, a tipologia injuntiva caracteriza-se por apresentar, em sua estrutura, as indicações de uso ou realização de alguma atividade a partir de um arcabouço de métodos, técnicas e procedimentos que levam à execução de alguma prática. Para saber mais sobre tipologias textuais, acesse a página inicial da disciplina, no ambiente virtual, e leia as páginas 22 a 25 do e-book Leitura e produção de textos acadêmicos. Os gêneros textuais atuam de forma simultânea com a tipologia textual. Porém, isso não é algo que possa ser facilmente compreendido sem se levarem em consideração a forma e a função, os contextos sociais e a execução, o que acaba fazendo deste um movimento de auxílio e composição do texto acadêmico. Tudo isso, vale destacar, acontece ao mesmo momento em que se registram os fatos ocorridos no cotidiano e, a partir da ideia de autore(s) dentro de normas, aspectos científicos que dialogam com as dimensões sociais, econômicas, culturais e políticas, enquanto “ [...] conjunto de meios de orientação coletiva na realidade, dirigido para seu acabamento. Essa orientação é capaz de compreender novos aspectos da realidade. A compreensão da realidade desenvolve-se e origina-se no processo da comunicação social ideológica. (MEDVIÉDEV, 2012, p. 200). ” Neste sentido, os gêneros textuais (conforme o Quadro 1) estão intimamente ligados às questões coloquiais, às ações diárias que se relacionam com as práticas sociais, nos aspectos do conjunto de regras linguísticas. Quadro 1 - Correlação das tipologias textuais com os gêneros textuais. Tipologia Textuais Gênero Textuais Narrativo Novelas, romances, contos, cosmologias, entre outros. Dissertativo Resenha, manifestos, editorais, artigos científicos, monografias, entre outros. Expositivo Entrevistas, enciclopédias, resumos, verbetes de dicionário, entre outros. Descritivo Diários, relatos de experiências, folhetos turísticos, classificados, entre outros. Injuntivo Manuais de instruções, mapas, receitas, tutoriais, entre outros. Fonte: A autora. Neste sentido, a correlação das tipologias textuais e os gêneros são classificados nominalmente de acordo com a propriedade textual contextualizada com o lugar (instituições, formalidades e expressões cotidianas, entre outras), ou seja, são estruturados de acordo com a demanda e/ou objetivo que exerce o autor. Para saber mais sobre gêneros acadêmicos, assista ao vídeo Escrita e gêneros textuais acadêmicos: resumo, resenha, artigo científico e fichamento. Para saber mais sobre tipologias textuais, acesse a Minha Biblioteca e leia as páginas 19 a 30 do livro: MENDES, A. et. al. Linguística textual e ensino. Grupo A, 2020. ISBN: 9786581492670. https://www.youtube.com/watch?v=rG2-lz5ztbg https://www.youtube.com/watch?v=rG2-lz5ztbg https://www.youtube.com/watch?v=rG2-lz5ztbg Tema 3 O texto acadêmico e a produção de sentidos no texto Como despertar a produção de sentidos no texto acadêmico? A escrita de um texto acadêmico não nasce a esmo. Ela tem sua origem a partir da curiosidade, do questionamento e da busca por entendimento/resposta para um determinado assunto. Dentro do aspecto científico, a realidade vivenciada é que será o foco para as argumentações que integram a produção do conhecimento científico, uma vez que o texto se estabelece como “[...] uma identidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual” (MARCUSCHI, 2002, p. 24). A escrita não é neutra, tampouco sem direcionamento. Ela tem um objetivo que interage com a visão de mundo do autor. Isso permite um diálogo entre as formas da escrita e a experiência dos sujeitos no mundo, que aparentemente está externa ao texto, mas que são condensados, mobilizados e materializados, o que contribui para “[...] ou determina a construção de sentido" (KOCH; ELIAS, 2006, p. 59). Pensar sobre o conceito de sentidos e/ou produção de sentidos é refletir sobre os aspectos cognitivos (e polissêmicos) de interação/inferência na identificação, representação e/ou reconhecimento da língua como forma social de diálogo e das linguagens (e seus desdobramentos). Esses atos despertam memórias, lembranças, aprendizagem e questões fisiológicas, que correspondem a tato, olfato, visão e paladares de acordo com a perspectiva psíquica dos indivíduos que se relacionam na sociedade. Essas percepções são aplicadas em tipologias e gêneros textuais, pois a produção de sentido é: “ [...] um movimento de organização de linguagem nas relações interpessoais que criam contextos para aprendizagem e desenvolvimento [...] entendida como espaço de colaboração e criticidade em que as mediações sociais são pré-requisito e produto, instrumento e resultado de transformação da realidade. (MAGALHÃES; OLIVEIRA, 2011, p. 107-108) ” Neste aspecto, a produção de sentido é uma conversação entre os saberes experienciais a partir da palavra, sem imposição de uma dada cultura/perspectiva sobre palavras dos outros, com respeito a pluralidade e diversidade, pois as “[...] palavras dos outros trazem consigo a sua expressão, o seu tom valorativo que assimilamos, reelaboramos e reacentuamos” (BAKHTIN, 2011, p.295). No que corresponde ao texto acadêmico, este perpassa por um movimento de letramento quando existe uma junção natural entre escrever e ler, uma vez que o ato de ler “[...] está geralmente restrito à decifração da escrita, sua aprendizagem, no entanto liga-se, por tradição, ao processo de formação global doindivíduo [...].” (MARTINS, 1994, p. 23). Inclusive, refletir sobre conceito de letramento é importante para que o estudante compreenda que a produção textual escrita, oral ou multissemiótica ocorre em consonância com as práticas sociais de determinadas comunidades. Em outras palavras, o sujeito comunica-se com autonomia e sempre em concordância com as práticas sociais explícitas ou implícitas, e sempre reconhecíveis na vida cotidiana. Ao aplicar o conceito de letramento acadêmico, reforça-se que um sujeito ou os vários sujeitos em interação comunicativa de certa comunidade estão em permanente evolução. Quanto maior a escolarização, até chegar-se à universidade, mais complexas se tornam essas práticas, com a sistematização de gêneros que circulam, em especial, nos âmbitos científicos ou acadêmicos. Dentre os gêneros acadêmicos mais difundidos, estão: fichamentos, resenhas descritivas, resenhas críticas, monografias, projetos de pesquisa, artigos científicos e livros, que seguem padrões de cientificidade e credibilidade no interior da cultura letrada. Para saber mais letramento acadêmico, assista ao vídeo Clube da escrita: “O que são letramentos acadêmicos”. Ou seja, o processo formativo do indivíduo não é isolado do convívio social, mas precisa de uma formação para compreender o modo de produção acadêmico, que envolve os eventos atuais (o texto como filho do seu tempo), a leitura como sinônimo de matriz, compreensão inicial para o entendimento dos fenômenos sociais. Isso resulta em uma produção textual que acaba fazendo sentido para nós, já que mergulhamos em um vasto material teórico/conceitual aplicado a uma realidade específica, que compõe o texto e parte de metodologias (formas de fazer) que ajudam a leitura, escrita e produção de um texto acadêmico desenvolvendo habilidades e “[...] competência sociocomunicativa dos interlocutores permite-lhes discernir o que é adequado ou inadequado no interior das práticas sociais em que se acham engajados” (KOCH, 2004, p. 160). https://www.youtube.com/watch?v=KCn1fZ0qE4M https://www.youtube.com/watch?v=KCn1fZ0qE4M Neste sentido, considerando que o cotidiano é movido de acordo com a experiência do indivíduo, conjuntamente com língua, linguagem, tipologia e gêneros textuais, o texto acadêmico integra a produção do sentido, pois versa com identificação e reconhecimento, bem como com materialização do texto e difusão do conhecimento que nasce do pessoal para o coletivo, além de ter uma infinidade de possibilidades de expressar a ideia e sua funcionalidade na sociedade. Encerramento Qual a relação entre Língua, Linguagem e Sociedade? A reflexão sobre a relação entre Língua, Linguagem e Sociedade está pautada na mistura como uma estrutura conectada, em que a língua é um fragmento que compõe o todo da linguagem (visuais, sonoras, gestuais, imagéticas) e permite a compreensão dos acontecimentos que materializam o pensamento, enquanto produto do cotidiano social. Como as tipologias e gêneros textuais auxiliam na elaboração do texto acadêmico? Os gêneros textuais atuam de forma simultânea com a tipologia textual. No entanto, isso não é algo que pode ser compreendido facilmente sem se levarem em consideração forma e função, os contextos sociais e a execução, o que acaba fazendo deste um movimento de auxílio e composição do texto acadêmico. Tudo isso, vale destacar, acontece ao mesmo tempo em que se registram os fatos ocorridos no cotidiano e, a partir da ideia de autor(es) dentro de normas, aspectos científicos que dialogam com as dimensões sociais, econômicas, culturais e políticas. Como despertar a produção de sentidos no texto acadêmico? O processo formativo do indivíduo não é isolado do convívio social, mas precisa de uma formação para compreender o modo de produção acadêmico, que envolve os eventos atuais (o texto como filho de seu tempo), a leitura como sinônimo de matriz, compreensão inicial para o entendimento dos fenômenos sociais. Isso resulta em uma produção textual que acaba fazendo sentido para nós, já que mergulhamos em um vasto material teórico/conceitual aplicado a uma realidade específica, que compõe o texto e que parte de metodologias (formas de fazer) que ajudam a leitura, escrita e produção de um texto acadêmico desenvolvendo habilidades e competência. Resumo da Unidade Nesta primeira unidade, vimos a relação entre língua, linguagem e sociedade, em que a língua é uma pequena parte que compõe o todo dos diferentes tipos de linguagem (visuais, sonoras, gestuais, imagéticas), permitindo compreender o pensamento enquanto produto do cotidiano social. Além disso, estudamos a diferença entre tipologias e gêneros textuais, entendendo que esses não podem ser compreendidos sem que se considerem suas formas, funções, contextos e aplicação, o que faz do entendimento dessas ações um movimento que ajuda no momento de escrita do texto acadêmico. Logo, compreendemos que, para ter sentido, o texto acadêmico exige um processo formativo do indivíduo não isolado de seu contexto social, mas que seja capaz de compreender que a produção acadêmica também tem a leitura como ponto central. Referências BAKHTIN, M. M. Estética da Criação Verbal. Tradução do russo: Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. BAKHTIN, M.M.; VOLOSHINOV, V. N. A interação verbal. In: BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 10. ed. Tradução: Michel Lahud e Yara Frateschi Veira. 10. ed. São Paulo, Hucitec, 2002. KOCH, I. G. V. Introdução à Linguística Textual. São Paulo: Martins Fontes, 2004. KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. são Paulo: Contexto, 2006. MAGALHÃES, M. C. C.; OLIVEIRA, W. Vygotsky e Bakhtin/Volochinov: dialogia e alteridade. Bakhtiniana, São Paulo, v. 1, n.5, p.103-115, 2011. MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A.P.; MACHADO, A.B.; BEZERRA, M.A. Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. MARTINS, M. H. O que é leitura. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. MEDVIÉDEV, P. N. O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma poética sociológica. Tradução: Sheila Camargo Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Contexto, 2012. MENDES, A. et. al. Linguística textual e ensino. Grupo A, 2020. ISBN: 9786581492670. SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. 3. ed. Tradução: Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. São Paulo: Cultrix, 2012. SITYA, Celestina Vitória Moraes. A linguística textual e a análise do discurso: uma abordagem interdisciplinar. Rio Grande do Sul: Ed. da URI, 1995. https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/article/download/4749/5077/17051 https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/article/download/4749/5077/17051de vista que comporta observar o tema/objeto/acontecimento por outra perspectiva. Para conhecer um exemplo: gênero acadêmico ensaio Para conhecer a estrutura de um ensaio acadêmico, que tem uma liberdade maior do que paper e artigo científico do ponto de vista de sua estrutura, consulte o texto: MARTINS, Carla Macedo; SOUTTO MAYOR, Ana Lucia de Almeida . “Bacurau”: No futuro, só resistência? Novos estudos CEBRAP, v.41, n.3, set.-dez.2022. No ato argumentativo, a crítica sobre a realidade/assunto vai nortear a busca por um conjunto de elementos que auxiliem a minimizar dúvidas e a defender o raciocínio elaborado por meio de fontes fidedignas (estudos e teorias de autoria de outros pesquisadores, preferencialmente). Isso garante a validade do pensamento em um determinado grupo/comunidade/instituição a partir da identificação desses sujeitos com a proposta argumentativa apresentada sobre o fato. Assim, a construção da argumentação no ensaio se constitui de acordo com a sua intencionalidade informativa, conceitual/teórica, analítica e avaliativa, pois estes irão definir a linguagem e a estrutura utilizada, indicando a escolha/seleção optada pelo autor. O questionamento é o primeiro passo, pois, problematizando um determinado tema, se trazem ao centro da discussão o direcionamento da argumentação e a originalidade da escolha do autor, realizando progressão, coesão e coerência na articulação das ideias, sem se perder o objetivo (o porquê escrever o texto). A exposição dos temas deve ser clara e lúcida, deixando explícita para o leitor qual é a linha de pensamento a ser seguida, com linguagem acessível, sem apresentar https://www.scielo.br/j/nec/a/8XWsCtdPhTpgmy7h3t7qLtf/ parágrafos longos, enfadonhos, sem objetividade etc. Deve-se dialogar com a problematização levantada na contextualização/apresentação da intenção de escrever. A utilização de exemplos e citações de outros autores/obras ajuda a validar e a garantir um embasamento consistente do ponto de vista/argumento sobre o tema, possibilitando a apresentação da interpretação do autor e a demonstração crítica e reflexiva sobre o questionado, estabelecendo um diálogo. Desse modo, ancorar conceitos, conteúdos e argumentação sobre situações vivenciadas no cotidiano auxilia o entendimento e a legitimidade da argumentação, mas isso deve ser precedido de posicionamentos críticos em uma estrutura básica dissertativa: introdução, contextualização, desenvolvimento e conclusão sobre o tema levantado, com argumentos e disposição de conceitos, referências e considerações. A construção da argumentação nos textos científicos do gênero acadêmico ensaio é um eterno entrelaçamento de teoria, conceitos, conteúdos que estão presentes no dia a dia e não se esgota, sendo sempre revisitado por outros pesquisadores e profissionais, sujeitos que buscam contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Há outros gêneros que são relativamente parecidos com o ensaio, como o artigo científico e o paper. Do ponto de vista metodológico, os gêneros ensaio, artigo científico e paper pressupõem rigor com a pesquisa e a citação de trabalhos que subsidiam a elaboração das ideias do texto. Mas as diferenças relativas à composição de cada um são evidentes. Vimos até o momento que o ensaio apresenta uma relativa liberdade composicional, sem sair dos limites do texto acadêmico bem organizado, com boa seleção de fonte recentes e cuidadosa argumentação. Por sua vez, paper e artigo científico seguem divisões pré-estabelecidas, mais previsíveis. Vejamos: O gênero acadêmico paper é um documento que divulga pesquisas acadêmicas, explicitando a metodologia, os resultados e a análise dos dados do trabalho desenvolvido. Normalmente o gênero é demandando para a circulação de pesquisas acadêmicas em anais de eventos científicos. Sua estrutura apresenta, sem ambiguidades, os seguintes tópicos: tema, assunto, objetivos da pesquisa, justificativa da pesquisa, metodologia aplicada (precisa ser atual e validada pela comunidade acadêmica), apresentação e análise dos resultados da pesquisa, que antecedem as conclusões do estudo, e referências. Para observar-se estrutura de um paper, gênero comum em diversas áreas, especialmente no contexto de divulgação de pesquisas em eventos científicos, consulte a seguinte publicação: ZAMITH, Fernando; FONSECA, A. A.; BARBOSA, S. O.; FILHO, W. et al. O clickbait no ciberjornalismo português e brasileiro: o caso português. In: ATAS DO VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIBERJORNALISMO. Porto: Universidade do Porto - Faculdade de Letras, 2018. p. 7-29. https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/130312/2/430799.pdf https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/130312/2/430799.pdf Por sua vez, o gênero artigo científico encontra seu espaço de divulgação em periódicos ou revistas científicas. Há diversos tipos de artigo (como os artigos de revisão bibliográfica, estudo de caso, pesquisa-ação, dentre outros). Entretanto, em geral, apresentam os resultados de uma pesquisa acadêmica seguindo esse formato: resumo/abstract, palavras-chave/Keywords, introdução, referencial teórico, metodologia, apresentação e análise de dados, conclusões e referências. Dialoga, com cuidado, rigor, objetividade e ponderação, com fontes recentes sobre o tema da pesquisa. Para observar-se estrutura de um artigo científico, gênero comum quando se busca publicar em revistas com corpo editorial formado e de extremo rigor ao selecionar textos para compor determinado número da publicação, consulte o texto: PEREIRA, Mauricio Gomes. Estrutura do artigo científico. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 21, n. 2, p. 351-352, jun. 2012. Para que a comunidade científica perceba as diferenças entre os diferentes gêneros acadêmicos (como resumo, resenha, fichamento, ensaio, paper, artigos científicos, projeto de pesquisa, monografia de Trabalho de Conclusão de Curso, dissertação de mestrado e tese de doutorado, dentre outros), é necessário conhecer as normas e a estrutura dos distintos gêneros textuais, o que buscamos apresentar ao nosso graduando no decorrer da disciplina. A estrutura de projetos de pesquisa e monografias serão oportunamente apresentados e exigidos a depender da matriz do curso de graduação, nos anos finais do curso. O estilo de todos esses gêneros textuais acima mencionados, de qualquer modo, preza pela objetividade, pela clareza e pelo rigor das fontes, mas as especificidades e diferenças de cada um são claras. Dominar a organização de cada um é crucial para o sucesso da divulgação de pesquisas desenvolvidas em universidades e instituições que prezam pelo tratamento científico das fontes. No próximo tema, dedicaremos espaço para apresentar, de forma resumida, aspectos do trabalho monográfico (por exemplo, Trabalho de Conclusão de Curso, dissertações e teses), além de discorrer brevemente sobre as normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas úteis para estudantes universitários e pesquisadores no que se refere, em especial, à elaboração de citações e referências. Para saber mais sobre a estrutura do artigo científico, acesse a minha biblioteca e leia a seguinte obra de referência: MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina Tomasi. Redação de Artigos Científicos. Métodos de Realização, Seleção de Periódicos, Publicação. 2.ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2021. http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742012000200018&lng=pt&nrm=iso Tema 3 Estrutura do texto científico: elementos e normas Qual a Importância dos elementos e normas no texto científico? O texto científico possibilita dar vida à criatividade do autor, conduzindo à reflexão sobre temas de relevância social caros à academia, em diálogo com o público- alvo/leitor a partir de uma estrutura argumentativa que conecta ideias, língua e linguagem, com coesão e coerência.Pensar a estrutura do texto científico é adentrar a discussão sobre a importância dos elementos e normas no texto, pautada na própria funcionalidade de auxiliar o autor a apresentar, de forma detalhada, suas ideias, argumentos e propriedades sobre o tema desenvolvido no trabalho acadêmico, dividido em partes internas (compõe o núcleo do texto) e partes externas (antes e após o texto). Segundo Carmo (2021), a estrutura do texto científico está dividida em três elementos. Esses elementos são claramente observados na composição de monografias, dissertações e teses. Observem-se a seguir os elementos pré-textuais, os elementos textuais e os elementos pós-textuais: Elementos pré-textuais Antecedem o texto com informações importantes para a identificação da instituição, título do trabalho, local, ano nome do autor, entre outros. Exemplos: Capa, Folha de rosto, Resumo, Sumário (Elementos opcionais), Dedicatória, Agradecimentos, Epígrafe, Lista (ilustrações, tabelas etc.). Elementos textuais Consistem no coração do texto, na disposição das contextualizações, conteúdos, argumentações que compõem o trabalho científico em três partes fundamentais: introdução, desenvolvimento, citações e conclusão. Elementos pós-textuais Informações adicionais como referência das obras consultadas, tabelas, quadros. Exemplos: Referências (dos textos utilizados ao longo do trabalho), Anexos (documentos utilizados, criados por terceiros) e Apêndices (elementos construídos pelo autor para o trabalho). CARMO, C. N. Leitura e produção de textos acadêmicos. Rio de Janeiro: UVA, 2021. Estrutura geral da composição de monografias, dissertações e teses em conformidade com a ABNT: elementos pré-textuais, elementos textuais e elementos pós-textuais. Na garantia do entendimento do texto a partir de uma padronização, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT apresenta formas de padronizar trabalhos acadêmicos nas diversas áreas do conhecimento. De modo genérico, a ABNT norteia como o texto deve ser apresentado, mas não estabelece um formato absoluto para a escrita do gênero. As regras de normatização em conformidade com a ABNT garantem que os trabalhos científicos divulgados no Brasil sigam as mesmas diretrizes do ponto de vista técnico, os mesmos parâmetros. A seguir , há um gráfico que ilustra as partes de um trabalho monográfico. Estrutura da monografia acadêmica em conformidade com a ABNT. Portanto, esquematicamente, os elementos de monografia acadêmica foram divididos em: (1) elementos pré-textuais, (2) texto e (3) elementos pós-textuais. Vejamos a seguir: Quadro: Estrutura da monografia acadêmica em conformidade com a ABNT: elementos pré-textuais. Elementos pré-textuais Capa obrigatório Folha de rosto obrigatório Dedicatória opcional Agradecimento opcional Epígrafe opcional Resumo obrigatório Abstract opcional Lista: ilustrações, tabelas, abreviaturas, siglas opcional Sumário obrigatório Fonte: Silvana Moreli Vicente Dias. Quadro: Estrutura da monografia acadêmica em conformidade com a ABNT: elementos textuais. Elementos textuais Introdução Desenvolvimento Conclusão Fonte: Silvana Moreli Vicente Dias. Quadro: Estrutura da monografia acadêmica em conformidade com a ABNT: elementos pós-textuais. Elementos Pós-textuais Referências obrigatório Anexo opcional Fonte: Silvana Moreli Vicente Dias. Mais ainda, é importante saber como elaborar citações diretas e indiretas. As citações ocorrem quando o autor precisa citar textos elaborados por outros, o que faz parte de qualquer trabalho acadêmico de relevância. O tamanho da citação indica como se deve proceder, grosso modo, em dois casos. Para saber como elaborar citações em seu trabalho científico, detalhadamente, e itens como notas de rodapé e formalização das referências bibliográficas, verifique os subcapítulos 3.4 “Citações: um recurso de diálogo como os teóricos”, 3.5 “Notas de rodapé” e 3.6 “A formalização das referências bibliográficas”, da obra: BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Como Produzir Textos Acadêmicos e Científicos. São Paulo: Contexto, 2021. (Disponível em Biblioteca Virtual Pearson 3.0). Os exemplos a seguir (resumidos) já estarão formatados como se pede nas monografias, com texto principal com espaço entrelinhas de 1,5, fonte Times New Roman ou Arial 12. Já para o texto citado, há diferenças. Veja: (1) Citações diretas curtas, de menos de três linhas, são incorporadas ao texto da monografia ou do trabalho acadêmico, sendo delimitadas por aspas duplas. É necessário colocar a referência, no geral, simplificada, como se segue no Quadro: Exemplo de citação direta, curta, com referência simplificada. Quadro: Exemplo de citação direta, curta, com referência simplificada (no meio do texto, após a citação direta) e referência completa (ao fim do trabalho monográfico, na seção REFERÊNCIAS). Fonte: excerto retirado do artigo científico: JANKS, Hilary. A importância do letramento crítico. Letras & Letras, Uberlândia, v.34, n.1, p.15-27, jan./jun. 2018. (2) Já as citações longas, de mais de três linhas, são separadas do corpo do texto. O autor deverá colocar o texto citado em espaço entrelinhas menor (no geral, simples), diminuir o tamanho da fonte (no geral, 11) e colocar um recuo de 4cm da margem esquerda, como se segue no Quadro : Exemplo de citação direta, longa, com referência simplificada. http://www.seer.ufu.br/index.php/letraseletras Quadro: Exemplo de citação direta, longa, com referência simplificada (no meio do texto, após a citação direta) e referência completa (ao fim do trabalho monográfico, na seção REFERÊNCIAS). Fonte: excerto retirado da tese de doutorado: DIAS, Silvana Moreli Vicente Dias. Cartas provincianas: correspondência entre Gilberto Freyre e Manuel Bandeira. São Paulo: FFLCH-USP, 2008. (3)Por sua vez, as citações indiretas são incorporadas ao texto principal, sem aspas. O autor deverá colocar o texto citado com formatação semelhante ao seu texto principal, mas não deverá haver ambiguidade sobre quem é autor das ideias ali arroladas ou indiretamente citadas. Veja a seguir: Quadro: Exemplo de citação indireta, com referência simplificada (no meio do texto, após a citação indireta) e referência completa (ao fim do trabalho monográfico, na seção REFERÊNCIAS). REFERÊNCIA COMPLETA [que fica no fim do artigo científico]: KRESS, G. Multimodality . London: Routledge, 2010. Fonte: excerto retirado do artigo científico: JANKS, Hilary. A importância do letramento crítico. Letras & Letras, Uberlândia, v.34, n.1, p.15-27, jan./jun. 2018. Anteriormente, colocamos alguns exemplos de como elaborar citações. É importante destacar que, mesmo na hipótese de não haver a citação direta (com aspas) de excertos de outro texto, é crucial deixar evidente que se trata de uma citação indireta. O autor indiretamente citado precisa estar explícito, como no Quadro: Exemplo de https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-10072008-110515/pt-br.php https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-10072008-110515/pt-br.php http://www.seer.ufu.br/index.php/letraseletras citação indireta, com referência simplificada. Se não o fizer, o autor do texto principal estará plagiando o texto alheio, o que gerará consequências acadêmicas, éticas e jurídicas ao plagiador. Portanto, o plágio nunca é tolerado no âmbito das práticas acadêmicas e em textos científicos. O conteúdo relativo à estrutura do trabalho monográfico, às regras de citações e de elaboração de referências vão voltar em inúmeras ocasiões ao longo da formação de nossos graduandos. Esteja sempre atento! Ao escrever seu texto, revise-o com cuidado. Se houver dúvidas sobre qualquer assunto relativo à adequação às normas da ABNT para trabalho científico, busque essa resposta em boas e recentes obras de divulgação das normas da ABNT vigentes.Para ter acesso a outro compilado das regras da ABNT e da estrutura das monografias acadêmicas (Trabalhos de Conclusão de Curso, dissertações e teses), das regras de elaboração de citações e de referências, consulte a seguinte publicação: LUBISCO, Nídia Maria Lienert; VIEIRA, Sônia Chagas. Manual de estilo acadêmico: trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses. 6.ed. rev. ampl. Salvador: EDUFBA, 2019. A aplicação das normas da ABNT possibilita a acessibilidade do público ao texto, viabilizando a circulação da informação e o aprofundamento das características científicas expostas na composição de textos autorais, o que é extremamente relevante para a consolidação do conhecimento. Para saber mais sobre a elaboração de trabalhos acadêmicos, assista ao vídeo Normalização de trabalhos acadêmicos de acordo com as normas da ABNT – Vilma Machado, produzido pelo SiBi UFPR. Ao longo da graduação, você, estudante, também terá a oportunidade de aprender outros aspectos relativos à normalização de seus trabalhos acadêmicos, como margens, capas, gráficos, sumários etc. Estude com afinco as normas. Cuide sempre da apresentação de seus trabalhos acadêmicos. Para ter acesso a um compilado das regras da ABNT, em especial, a Norma 14724 (elaboração de conclusão de curso), a Norma 6023 (elaboração de referências) e Norma 10520 (elaboração de citações de documentos), conferir a página Normas ABNT.org. Adicionalmente, a seguinte obra de referência sempre poderá ser consultada para saber como aplicar as normas da ABNT: MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica – Guia prático para trabalhos científicos. 13.ed. São Paulo: Atlas, 2019. (Disponível em Minha Biblioteca). Por fim, o seu cuidado nesse processo de normatização conferirá maior credibilidade acadêmica ao seu texto e ao seu trabalho. Você estará cada vez apto a circular na http://www.ppgclip.faced.ufba.br/sites/ppgclip.faced.ufba.br/files/manual-de-estilo-academico-6ed-ri.pdf http://www.ppgclip.faced.ufba.br/sites/ppgclip.faced.ufba.br/files/manual-de-estilo-academico-6ed-ri.pdf https://www.youtube.com/watch?v=4zi95DTRvd8 https://www.youtube.com/watch?v=4zi95DTRvd8 https://www.normasabnt.org/#tipos-dos-trabalhos-cientificos academia e em instituições pautadas pelo rigor da pesquisa científica. Portanto, esse é um saber de extrema relevância durante e após a graduação. Dedique-se e logo poderá colher o resultado bem-sucedido de seu empenho, seriedade e profissionalismo, com ética e compromisso social. Uma ótima jornada em sua graduação e no decorrer de sua vida profissional! Vídeo Para saber mais, assista ao vídeo publicado na unidade da disciplina no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Encerramento Quais as principais características do gênero acadêmico ensaio? É o gênero acadêmico que permite o desenvolvimento de uma discussão coerente, que leve ao leitor a compreender os aspectos argumentativo, problematizador e crítico, pautados na interpretação do autor sobre o fato, respaldado em outros autores/obras relevantes para a área e/ou para o tema escolhido. As principais características do gênero acadêmico ensaio são: hibridização, temporal, independência. Como se constitui a construção da argumentação no ensaio? A argumentação é um ato intencional do autor, que busca a defesa de uma ideia pautado em conceitos que permitem uma análise, uma escolha que possibilita ao autor expandir o saber a partir de estrutura científica. Qual a importância dos elementos e normas no texto científico? A estrutura do texto científico apresenta a importância dos elementos (pré-textuais, textuais e pós-textuais) e as normas como um padrão que permite a leitura e apresenta a funcionalidade do ensaio, detalhando as ideias, validando as argumentações, dividido em partes externas (compõem o núcleo do texto) e partes internas (antes e após). Resumo da Unidade Nesta unidade verificamos que as principais características do gênero acadêmico ensaio estão envoltas em hibridização, temporal e independência, presentes na elaboração do argumento, conotando a intencionalidade quando apresenta a ideia própria da linguagem e estrutura a partir da opção do autor. Este, por sua vez, deve respeitar as normas padrão de escrita do texto acadêmico no detalhamento e na descrição do tema, respondendo às questões levantadas, propriedades essas que formam o trabalho acadêmico. Referências da Unidade • MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica – Guia prático para trabalhos científicos. 13.ed. São Paulo: Atlas, 2019. (Disponível em Minha Biblioteca). • CARMO, C. N. Leitura e produção de textos acadêmicos. Rio de Janeiro: UVA, 2021. • KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Escrever e argumentar. São Paulo: Contexto, 2016. (Disponível na Biblioteca Virtual Pearson 3.0). Para aprofundar e aprimorar os seus conhecimentos sobre os assuntos abordados nessa unidade, não deixe de consultar as referências bibliográficas básicas e complementares disponíveis no plano de ensino publicado na página inicial da disciplina. O discurso científico e as formas de leitura e produção de textos: resumo e resenha O progresso da sociedade passa pela busca incansável de entendimento, de produção de instrumentos, suportes, ferramentas e desenvolvimento de métodos, técnicas, procedimentos que buscam aperfeiçoar a comunicação. No que diz respeito ao âmbito da pesquisa acadêmica e sua divulgação, o discurso científico demanda métodos que visam à análise e à compreensão dos acontecimentos, processos e objetos verificáveis e mensuráveis, que possam ser validados e disseminados por meio de uma linguagem pautada pela objetividade. Assim, o principal objetivo desta unidade é compreender como se dá a construção dos gêneros acadêmicos resenha e resumo. Observaremos suas principais características, estrutura, disposição de ideias e padrões de linguagem, a fim de que os estudantes possam ler e produzir textos em conformidade com esses gêneros discursivos altamente disseminados na cultura acadêmica. Objetivo Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Construir resenhas e resumos observando os preceitos de estrutura, organização de ideias e padrões de linguagem dos respectivos gêneros textuais que circulam no ambiente acadêmico. Conteúdo Programático Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas: • Tema 1 - O discurso e escrita acadêmica • Tema 2 - O gênero acadêmico resumo • Tema 3 - O gênero acadêmico resenha Ingressar no ambiente acadêmico vai além dos conhecimentos técnicos ligados à escolha de uma determinada área de atuação e/ou profissão, pois significa estar em contato com outras mentes trocando conhecimentos construídos nos primórdios da História. Significa um constante mergulhar nas águas profundas que compõem os saberes oriundos da experiência, da vivência e da interpretação dos fenômenos provenientes da convivência entre diversidade e pluralidade cultural, que formam o grande caleidoscópio social. Nesse movimento, os sujeitos são receptores, tradutores e transmissores de dados, de informações e saberes que tornam o discurso científico incomensurável e inesgotável diante do fluxo produtivo que permite o desenvolvimento da sociedade, questão esta que verificaremos a seguir. Tema 1 O discurso e escrita acadêmica Como são estruturados o discurso e a escrita acadêmica? Pensar em discurso acadêmico é se aprofundar nas características presentes no campo da produção universitária ou do ensino superior, apresentando um diálogo em que convergem as formas e as linguagens de áreas do conhecimento que compõem a ciência. Assim, o texto acadêmico deve expressar de forma direta a explicação, a resolução e as análises dos objetos/acontecimentos sociais, enquanto “[...] principal forma de apresentação da linguagem que circula na comunidadecientífica [...], que é metodologicamente analisado à luz de uma teoria" (CARIOCA, 2014, p. 827). CARIOCA, C. R. A caracterização do discurso acadêmico baseada na convergência da linguística textual com a análise do discurso. Fortaleza: UFCE, 2014. Portanto, existem normas e regras que versam sobre os gêneros textuais, formatos, estruturas e convenções literárias que caracterizam a cultura acadêmica como “[...] conjunto de significados cuja aprendizagem se pretende provocar nas novas gerações através da instituição escolar” (PÉREZ GÓMEZ, 2001, p. 259), a partir da formalidade, clareza, objetividade, referência, métodos, técnicas, procedimentos, entre outros aspectos que compõem a escrita acadêmica. PÉREZ-GÓMEZ, A. I. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Tradução: Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2001. A escrita acadêmica demanda planejamento adequado a sequências textuais que conectam e difundem ideias nos âmbitos do ensino, da pesquisa e da extensão (tripé que norteia a ação universitária/acadêmica) ou, ainda, de instituições que se pautam pela promoção do saber científico. Ainda adentra as esferas da produção do conhecimento que, segundo Castro (2006), apresenta-se como formas de descrição, interpretação e generalização sob uma realidade observada que se coaduna com as práticas de escrita científica e o discurso acadêmico. Portanto, o discurso e a escrita acadêmica são estruturados a partir da objetividade, apresentando um texto direto, sem dubiedades, respondendo às questões que surgem do cotidiano. Outro aspecto da estruturação é a própria linguagem acadêmica como convergência do gênero textual dissertativo, constituído a partir da ação no tempo e espaço social. Portanto, o discurso e a escrita acadêmica são estruturados a partir da objetividade, apresentando um texto direto, sem dubiedades, respondendo às questões que surgem do cotidiano. Outro aspecto da estruturação é a própria linguagem acadêmica como convergência do gênero textual dissertativo, constituído a partir da ação no tempo e espaço social. Aliado à escrita, o discurso acadêmico visa um processo de reflexão, crítica, questionamentos, ampliações das discussões e diálogos, instituindo um ciclo produtivo que não finda. Além disso, abre margens para o desenvolvimento da área do conhecimento/profissão a partir de outras abordagens, técnicas, procedimentos com a intencionalidade de atuar na vida em sociedade. Neste sentido, a leitura é muito importante, pois trará um arcabouço de informações prévias sobre determinado assunto. Com isso, é torna possível perceber as particularidades, aproximações de temas e conceitos que devem ser analisados diante da infinidade de textos produzidos. Ou seja, a escrita é um recorte, uma escolha, a pesca de um peixe no infinito mar de possibilidades, com diversas espécies que variam de acordo com os ecossistemas. Esta analogia mostra a “complexidade” no desenvolvimento e produção do conhecimento científico referente aos temas das ciências humanas, exatas, naturais, saúde, entre outras que exigem métodos e divulgação de forma fluida, permitindo que outros sujeitos tenham acesso aos estudos. Refletir sobre as estruturações/materializações dos textos acadêmicos e/ou primeiras formas de acessos à produção é trazer à tona a importância das categorias/formatos de produção acadêmica: resumos e resenhas. Tema 2 O gênero acadêmico resumo Como escrever um resumo acadêmico? O primeiro formato que iremos verificar é o resumo. Diversas vezes, quando estamos contando um fato ou narrando uma história, alguém pede para fazer um resumo, sintetizar ou ir direto ao ponto. Na escrita acadêmica, o resumo ganha a mesma conotação, partindo da premissa de compreender os fragmentos mais importantes do texto. Neste sentido, não é algo criado sem referências, sem base, pois apresenta, de forma sucinta, uma síntese das ideias apresentadas pelo autor, de forma articulada, pautada em coerência e coesão, permitindo a compreensão sem dificuldades ou sem dubiedades, identificando de forma prática e direta os elementos (objetivos, conceitos e técnicas) abordados na escrita como uma “[...] explicitação mais clara de uma compreensão global do texto gerador” (BORBA, 2004, p. 87). BORBA, V. M. R. Gêneros textuais e produção de universitários: o resumo acadêmico. 2004. 232 f. Tese (Doutorado em Letras e Linguística) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2004. Assim, o resumo acadêmico é “[...] uma apresentação concisa [...] seletiva do texto de um artigo, obra ou outro documento, pondo em relevo os elementos de maior interesse e importância” (SALVADOR, 1978, p. 19). SALVADOR, Â. D. Métodos e técnicas de pesquisa bibliográfica. Porto Alegre: Sulina, 1978. Segundo Medeiros (2021), o resumo acadêmico é dividido em três categorias: Resumo indicativo Está pautado no ato de descrever o principal propósito do texto, exigindo sua leitura total em sua forma para compreensão e exposição do todo, levando o entendimento central da obra/artigo/produção acadêmica. Resumo informativo Traz em seu corpo as principais informações do texto, informando ao leitor a que se refere cada parágrafo e/ou capítulo. Resumo crítico Também chamado de resumo-resenha, no momento em que suscita as inferências do autor frente à leitura do texto principal, apresenta as opiniões e questionamentos diante dos temas apresentados na produção acadêmica. É importante ressaltar que o resumo não é uma cópia, ele atende à necessidade de uma ação de síntese de estudo e/ou apresentação de um trabalho em um congresso (por exemplo). Mesmo na indução do resumo indicativo, é preciso apresentar as referências e as relações do autor com os pontos mais importantes, ou seja, abrangendo questões que englobam a totalidade do texto. O principal objetivo do resumo é facilitar o acesso ao texto, permitindo a identificação da ideia central do autor, possibilitando a fragmentação para compreensão do todo a partir da disposição do aspecto geral, sem desrespeitar ou fugir da estrutura e/ou das bases conceituais em que a escrita foi elaborada. Um bom resumo condensa as informações, buscando interligar os conteúdos enquanto “[...] partes constantes de um resumo” (MEDEIROS, 2019, p. 129), que elenca e preserva os valores, ideologias, visão de mundo, originalidade do autor, além de trazer ao centro do debate/elaboração os resultados e conclusões do texto em análise. MEDEIROS, J. B. Redação Científica - A prática de fichamentos, resenhas e resumos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. Nesse contexto, no que se refere aos critérios para escrever resumos acadêmicos, Borba (2004) e Carmo (2021) apresentam alguns procedimentos: 1. Verificação e análise do texto principal, a partir da leitura e compreensão textual. 2. Identificação e disposição da ideia principal do autor, representando as principais características do texto, permitindo ao leitor questionamentos e reelaborações. 3. Correlações e associações como exemplos que elucidem e objetifiquem o entendimento. 4. Não descaracterização do texto a partir de exposições ou inferências de algo que não está presente na elaboração do autor. BORBA, V. M. R. Gêneros textuais e produção de universitários: o resumo acadêmico. 2004. 232 f. Tese (Doutorado em Letras e Linguística) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2004. CARMO, C. N. Leitura e produção de textos acadêmicos. Rio de Janeiro: UVA, 2021. O resumo é uma ação que aparentemente parece limitada, mas que apresenta funcionalidade muito valiosa em relação ao entendimento do texto acadêmico, bem como à disposição de uma ideia, permitindo rápida leitura e acesso ao discurso. Para conhecer a estrutura de um resumo, leia o seguinte artigo sobre o tema: PEREIRA, Mauricio Gomes. O resumo de um artigo científico. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília,v.22, n.4, p. 707-708, dez. 2013. Isso auxilia de forma direta o desenvolvimento da cultura acadêmica, sendo um exercício que prepara para uma elaboração mais crítica e aprofundada da questão presente no gênero resenha. Para saber mais sobre como elaborar e como pode ser estruturado o resumo, acesse a Minha Biblioteca e leia as páginas 108-118 do livro: MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina Tomasi. Redação de Artigos Científicos. Métodos de Realização, Seleção de Periódicos, Publicação. 2.ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2021. ISBN:9788597026641. http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742013000400017&lng=pt&nrm=iso Tema 3 O gênero acadêmico resenha Como escrever a resenha de um texto acadêmico? Outro aspecto/gênero acadêmico é a resenha, que segue o mesmo princípio de um resumo, ou seja, de apresentação das principais partes relevantes de um texto, de forma extensiva. A interpretação e a inferência são fundamentais na resenha, possibilitando adentrar as entrelinhas do objeto (obra, produção científica) a ser analisado a partir do olhar e visão de mundo de quem o lê. Neste sentido, ter criticidade sobre o texto é característica fundamental na construção da resenha, além de explanar um conhecimento prévio sobre o tema a ser analisado/resenhado. Isso porque a resenha permite uma ampliação, um compilado referenciado, um cruzamento de textos/conceitos que estabelece: “[...] informações selecionadas e resumidas sobre o conteúdo de outro texto, trazendo, além das informações, comentários e avaliações do resenhista” (MACHADO; LOUSADA; ABREU-TARDELLI, 2004b, p. 15). MACHADO, A. R.; LOUSADA, E.; ABREU-TARDELLI, SANTOS, L. Resenha. São Paulo: Parábola, 2004b. Com a pretensão de trazer uma descrição detalhada, a resenha requer o exame minucioso das ideias dispostas nas obras, desempenhando papel fundamental no campo acadêmico no momento em que permite a objetividade do entendimento, da reflexão e da avaliação, avançando o discurso/diálogo com a comunidade científica. Para saber mais sobre a resenha crítica, assista ao vídeo Resenha crítica: introdução ao texto acadêmico, produzido pelo NAPEAD-UFRGS e pelo SEAD-UFRGS. Você poderá relembrar aspectos importantes para gêneros escolares que serão aprofundados na universidade. Segundo Carmo (2021), para escrever a resenha de um texto acadêmico, é necessário realizar uma leitura pautada em análises, além de algumas observações pormenorizadas, ou seja, verificando, de forma separada, as partes que compõem o parágrafo/corpo textual e as questões sociais, sendo estas: CARMO, C. N. Leitura e produção de textos acadêmicos. Rio de Janeiro: Universidade Veiga Almeida, 2021. https://www.youtube.com/watch?v=ASdbHtHmq5s https://www.youtube.com/watch?v=ASdbHtHmq5s Análise textual Está pautada no estudo do referencial teórico, no aprofundamento das palavras e dos acontecimentos/fatos sociais que se configuram como objeto do texto. Análise temática Verifica de forma direta o conteúdo pretendido no texto, buscando a resposta da questão que mobiliza a escrita e os caminhos adotados pelo autor para responder à problematização levantada (apresentando-se sempre o resultado e a conclusão). Análise interpretativa ou crítica Estabelece um diálogo entre autor e leitor, demonstrando respeito pelo padrão e estilo literário escolhido. Busca uma conversa de ideias a partir da verificação da consistência dos argumentos e constitui vínculos com o cotidiano ao ponto de auxiliar na constituição de elementos que produzem sentidos. Nas análises indicadas por Carmo (2021), apresenta-se a questão da problematização enquanto ponto de elaboração/questionamento que vai nortear o entendimento do texto. Pode-se ter uma resposta objetiva ou não, mas que indica outros caminhos para se compreender o conteúdo disposto no texto de forma objetiva/categórica/direta e subentendida (pautado em subjetividade, experiência e/ou conhecimento prévio do sujeito). Por fim, vem a escrita da resenha, pautada na síntese, pois está baseada em uma leitura aprofundada e bem embasada. É importante sinalizar que a produção do gênero Resenha (bem como a de outros gêneros) é uma escolha, um recorte de um determinado assunto e uma maneira/estilo de escrita que é inerente do autor, ou seja, é a materialização de seu pensamento de acordo com os princípios políticos, econômicos, culturais e sociais que criam afinidades com o leitor, sendo, então, uma conversa. Para escrever uma resenha de um texto acadêmico, Carmo (2021) nos indica que devemos destacar: 1. Apresentação do autor da obra para os leitores, ou seja, antes de ler a obra conheça o autor, sua vida, formação, ano de produção da obra e seus contextos, pois a escrita é filha de seu tempo. 2. Contextualização do tema a ser descrito, elucidando a importância da obra para o desenvolvimento do objeto/área de conhecimento científico. 3. Disposição dos principais elementos/conceitos/temas presentes na publicação, pois estes serão pontos de convergência (ou divergência) entre outras obras de outros autores, quando realizada comparação/cruzamentos/complementações. 4. Análise das principais aproximações de ideias e/ou afastamentos mostrando os pontos de concordâncias e/ou discordância, permitindo, assim, a ampliação da discussão teórica do texto. No que corresponde à estrutura do gênero textual acadêmico resenha, podemos sugerir, a partir de Carmo (2021), que a composição estrutural de uma resenha consiste em: 1. Utilização e disposição das referências bibliográficas utilizadas/citadas no texto (nome do autor, título da obra, local de edição, editora, data, entre outros). 2. Breve histórico sobre quem é o autor, sua história de vida e formação e como tudo está elencado com sua produção acadêmica (livros e artigos publicados, período em que foi realizado o estudo). 3. Síntese da obra, destacando o objetivo do texto, suas principais ideias, quais são os conceitos, saberes e conhecimentos tratados, norteando a descrição do conteúdo. 4. Conclusão, resultados e olhar crítico sobre a obra em questão, seja convergindo e/ou divergindo da ideia levantada, buscando responder por meio do texto. Para saber mais sobre resenha, acesse a Minha Biblioteca e leia a página 34 do livro: SANTAELLA, L. Redação e Leitura: guia para o ensino. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2014. ISBN: 9788522112999. Para saber mais sobre as partes que compõem uma resenha, com destaque para o tópico frasal, conferir: GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Como elaborar uma resenha de um artigo acadêmico ou científico. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, ano 3, v.3, n.7, jul.-dez. 2020. Vídeo Para saber mais, assista ao vídeo publicado na unidade da disciplina no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Encerramento Como são estruturados o discurso e a escrita acadêmica? O discurso e a escrita acadêmica são organizados a partir da objetividade, expondo um texto direto, sem duplo sentido, respondendo às questões que aparecem na rotina. Outro elemento da estruturação é a própria linguagem acadêmica como ligação ao tipo textual dissertativo, formado a partir da ação no tempo e espaço social. Como escrever um resumo acadêmico? Para escrever um resumo acadêmico é necessário atentar para alguns procedimentos, conforme nos dizem Borba (2004) e Carmo (2021). São esses: 1. Verificação e análise do texto principal, a partir da leitura e compreensão textual; 2. Identificação e Disposição da ideia principal do autor, quais as principais características do texto e como este se apresenta no decorrer do texto, permitindo ao leitor questionamentos e reelaborações; 3. Correlações e associações como exemplos que elucidem e objetifiquem o entendimento; 4. Não descaracterizar o texto a partir de expor, inferir algo que não está presente na elaboraçãodo autor. Como escrever a resenha de um texto acadêmico? Segundo Carmo (2021), alguns critérios são necessários para escrever. São eles: 1. Apresentação do autor da obra para os leitores, ou seja, antes de ler a obra conheça o autor, sua vida, formação, ano de produção da obra e seus contextos, pois a escrita é filha de seu tempo; 2. Contextualização do tema a ser descrito, elucidando a importância da obra para o desenvolvimento do objeto/área de conhecimento científico; 3. Disposição dos principais elementos/conceitos/temas presentes na publicação, pois estes serão pontos de convergência (ou divergência) entre outras obras de outros autores, quando realizada comparação/cruzamentos/complementações e; 4. Análise das principais aproximações de ideias e/ou afastamentos, mostrando os pontos de concordâncias e/ou discordância, permitindo, assim, a ampliação da discussão teórica do texto. Resumo da Unidade Nesta terceira unidade, aprendemos que o discurso e a escrita acadêmica são estruturados a partir da objetividade, apresentando um texto direto, sem dubiedades, respondendo às questões/situações que surgem no cotidiano. Outro aspecto da estruturação é a própria linguagem acadêmica como convergência do tipo textual dissertativo, constituído a partir da ação no tempo e espaço social. Por conseguinte, compreendemos que, para escrever um resumo acadêmico, devemos seguir os procedimentos que estão pautados em: 1. Verificação e análise do texto principal, a partir da leitura e compreensão textual; 2. Identificação e disposição da ideia principal do autor, quais as principais características do texto e como este se apresenta no decorrer do texto, permitindo ao leitor questionamentos e reelaborações; 3. Correlações e associações, como exemplos que elucidem e objetifiquem o entendimento e; 4. Não descaracterizar o texto a partir de expor, inferir algo em que não está presente a elaboração do autor. Por fim, ao que corresponde à escrita da resenha acadêmica, aprofundamos no momento em que destacamos: 1. Apresentação do autor da obra para os leitores, ou seja, antes de ler a obra conheça o autor, sua vida, formação, ano de produção da obra e seus contextos, pois a escrita é filha de seu tempo; 2. Contextualização do tema a ser descrito, elucidando a importância da obra para o desenvolvimento do objeto/área de conhecimento científico; 3. Disposição dos principais elementos/conceitos/temas presentes na publicação, pois estes serão pontos de convergência (ou divergência) entre outras obras de outros autores, quando realizada comparação/cruzamentos/complementações e; 4. Análise das principais aproximações de ideias e/ou afastamentos, mostrando os pontos de concordância e/ou discordância, permitindo a ampliação da discussão teórica do texto. Referências da Unidade • BORBA, V. M. R. Gêneros textuais e produção de universitários: o resumo acadêmico. 2004. 232 f. Tese (Doutorado em Letras e Linguística) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2004. • CARMO, C. N. Leitura e produção de textos acadêmicos. Rio de Janeiro: UVA, 2021. MACHADO, A. R.; LOUSADA, E.; ABREU-TARDELLI, SANTOS, L. Resenha. São Paulo: Parábola, 2004. • MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica – Guia prático para trabalhos científicos. 13.ed. São Paulo: Atlas, 2019. (Disponível em Minha Biblioteca). • SANTAELLA, L. Redação e Leitura: guia para o ensino. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2014. (Disponível em Minha Biblioteca). • SALVADOR, Â. D. Métodos e técnicas de pesquisa bibliográfica. Porto Alegre: Sulina, 1978. Para aprofundar e aprimorar os seus conhecimentos sobre os assuntos abordados nessa unidade, não deixe de consultar as referências bibliográficas básicas e complementares disponíveis no plano de ensino publicado na página inicial da disciplina. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7767 https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7767 Coesão e coerência: a estruturação do parágrafo e estratégias argumentativas A construção de um texto perpassa nuances que estabelecem organização e estruturação que expressam uma ideia e atribuem sentidos. O entendimento de um artigo, ensaio, entrevista, romance (entre outros) só é possível se existir uma sequência lógica de ideias e conexões entre as normas e a criatividade do autor, permitindo o diálogo com o leitor. Nesta unidade compreenderemos os conceitos de coesão e coerência enquanto elementos que formam o conjunto de características que compõe o texto. Trabalharemos, ainda, com parágrafos e tópico frasal, enquanto uma subdivisão do texto que auxilia o desenvolvimento da ideia central a ser indicada. Tudo isso para compreender que esses elementos desaguam em estratégias argumentativas utilizadas por diferentes tipos e gêneros textuais, de modo articulado e harmônico. Objetivo Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Examinar os elementos de coesão e coerência em situações comunicativas e gêneros discursivos diversos. Conteúdo Programático Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas: • Tema 1 - Elementos de textualidade: coesão e coerência • Tema 2 - Unidade de composição do texto: parágrafo e tópico frasal • Tema 3 - Estratégias argumentativas utilizadas por diferentes tipos e gêneros textuais Cinza, nebuloso, desconfigurado e embaçado. Assim é o texto sem uma estrutura que concentre os principais elementos da textualidade: coesão, coerência, parágrafo — tópicos que levam a questionamentos e argumentos na exposição e desenvolvimento de ideias. Esse é o objetivo desta unidade: trazer embasamento para uma construção textual sem embaçamentos, sombras e dúvidas. Tema 1 Elementos de textualidade: coesão e coerência Como a coesão e a coerência auxiliam na composição do texto? A escrita do texto perpassa inúmeras questões normativas que garantem sua funcionalidade de dialogar, informar, instruir e descrever os acontecimentos do cotidiano, formação profissional, cientifica, entre outros. Entre essas normas, se estabelece Coesão e Coerência, conceitos aplicados a construção de argumentos qualitativos com distinção e lucidez do texto, a partir da característica que converge e promove “[...] a inter-relação semântica entre os elementos do discurso, respondendo pelo que se pode chamar de conectividade textual. A coerência diz respeito ao nexo entre os conceitos e a coesão, à expressão desse nexo no plano linguístico” (COSTA VAL, 2006, p. 7). COSTA VAL, M. G. Redação e textualidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. Coesão A coesão se estabelece a partir da conexão de todas as partes que compõem o texto, conotando uma sequência harmônica que auxilia o entendimento da ideia do autor no momento em que preserva. “ [...] a organização linear, que é o tratamento estritamente linguístico abordado no aspecto da coesão, além de considerar a organização reticulada, não linear, dos níveis de sentido e intenções que realizam a coerência no aspecto semântico e funções pragmáticas. (SANTOS, 2010, 194) ” SANTOS, M. C. Análise textualidade em produções textuais: o caso da coesão e coerência. Intersecções. Ano 3, n. 1, p. 192-207, 2010. Neste sentido, a coesão promove uma estrutura linguística nas interrelações dos parágrafos, conectando ideias que compõem o texto como um mapa que norteia o leitor a partir dos “[...] elementos linguísticos presentes na superfície textual, [que] se encontram interligados entre si, por meio de recursos também linguísticos, formando sequências veiculadoras de sentido” (KOCH, 2007, p. 45). KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2007. As principais características da coesão estão pautadas em: Remissão SequenciaçãoEncaminhamento do olhar do leitor para as conexões entre as partes do texto. Que apresenta uma ordem, uma sequência na obra/texto. Segundo Carmo (2021) a remissão pode ser observada como: 1. Pronomes pessoais de terceira pessoa: ele, ela, eles, elas, de forma. Podendo ser: o Reta/Retos: presente na oração que articula as funções de sujeito ou predicativo do sujeito. o Oblíquos: como complemento — objetivo direto ou indireto, complemento nominal ou agente passivo. 2. Pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. 3. Numerais. 4. Advérbios pronominais: “aqui”, “ali”, “aí”, “lá”. 5. Artigos definidos. 6. Sinônimos e outros. A sequenciação traz fluidez ao texto quando garante o avanço, a compreensão, ato contínuo e permite a produção dos sentidos a partir da seleção de palavras e relações estabelecidas entre os campos/tópicos/parágrafos de forma direta e/ou progressiva (CARMO, 2021). CARMO, C. N. Leitura e produção de textos acadêmicos. Rio de Janeiro: UVA, 2021. Para consultar exemplos de remissão e sequenciação, acesse a página inicial da disciplina, no ambiente virtual, e leia as páginas 22 a 25 do e- book Leitura e produção de textos acadêmicos. Coerência O que corresponde a Coerência está envolto na relação intrínseca, que estabelece uma lógica de acordo com a disposição dos componentes textuais na articulação de conceitos enquanto um caminho, uma harmonia que conecta o sistema de ação do pensamento/ideias e materializa o texto, sem dubiedade e/ou contradições, pois: “ [...] deriva de sua lógica interna, resultante dos significados que sua rede de conceitos e relações põe em jogo, mas também da compatibilidade entre essa rede conceitual — o mundo textual — e o conhecimento de mundo de quem processa o discurso. (COSTA VAL, 2006, p. 5-6) ” COSTA VAL, M. G. Redação e textualidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. Assim, cria uma configuração que relaciona as partes do texto e permite o entendimento e correlações com o objeto/ideia central na articulação de aspectos coerentes, racionais, estruturais, semânticos e cognitivo, o que corresponde ao diálogo com a experiência/vivência do leitor de acordo com: “[...] a funcionalidade do que é dito, os efeitos pretendidos, em função dos quais escolhemos esse ou aquele jeito de dizer as coisas” (ANTUNES, 2005, p. 176). ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2005. A coerência textual, segundo Antunes (2005) se caracteriza a partir dos seguintes elementos: 1. Sequência: pautado no desenvolvimento homogêneo e contínuo, sem quebra de pensamento. 2. Constância: manter uma continuidade do conteúdo evitando variações que permitam ambiguidade do texto. 3. Concordância: afirmações contínuas, sem caracterizar preposições contraditórias. 4. Articulação: relação entre as partes, os fatos e suas representações, criando um diálogo, conexão, vínculo. Para consultar exemplos dos elementos da coerência textual, acesse a Minha Biblioteca e leia as páginas 75 a 90 do livro: Português: práticas de leitura e escrita (AIUB, 2015). A coesão e a coerência auxiliam na composição do texto quando articulam as partes e permitem a compreensão do leitor quando identificam os significados das questões elaboradas no texto, de acordo com os contextos das situações cotidianas. Tema 2 Elementos de textualidade: coesão e coerência Qual a estrutura principal para a elaboração de um texto com coesão e coerência textual? Dentro da estrutura da escrita encontramos um dos principais elementos que permitem/dinamizam a percepção de coerência e coesão: o parágrafo. Esse importante vetor textual permite desenvolver a ideia central, como núcleo estruturante que compõe e articula os sentidos produzidos pelo texto. O parágrafo é o conjunto de frases que estrutura a ideia central que deve ser desenvolvida/conectada. Sua comunicação é expressa por meio de diferentes linguagens, visto que são mecanismos indispensáveis de estruturação e compreensão e que representam a: “ [...] generalização, em que se expressa opinião pessoal, um juízo, se define ou se declara alguma coisa [...] entre o tópico frasal e as frases que o desenvolvem garante a coesão ao parágrafo, da mesma forma que o relacionamento entre parágrafos, por meio de partículas de transição, afiança a coesão textual. (GARCIA, 1988, p. 206) ” GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 14. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1988. Neste sentido, a estrutura que compõe o parágrafo está dividida em três momentos: introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução apresenta a ideia central em que o parágrafo irá discutir/contextualizar a partir do tópico frasal. Na sequência, o desenvolvimento compete a conceituar, elucidar, ilustrar o que foi apresentado no tópico frasal, trazendo conceitos e/ou exemplos que servem para fortalecer a ideia. Por fim, a conclusão encerrando a ideia, conotando um fechamento que poderá abrir para um novo parágrafo, reiniciando o ciclo estrutural. Para ler um pouco mais sobre estruturação de parágrafo, acesse a Minha Biblioteca e leia as páginas 21 a 34 do livro: Linguística textual e ensino (MENDES et al., 2019). MENDES, A. A. et al. Linguística textual e ensino. Porto Alegre: SAGAH, 2019. É importante ressaltar que o parágrafo não pode ser muito extenso, para que a ideia não se perca, incorrendo no erro de abordar vários temas/tópicos comprometendo a fluidez e o entendimento da ideia/assunto discutida pelo autor. A composição dos tipos de parágrafos dialoga bastante com a tipologia textual quando corresponde às especificidades e finalidades na ação sociocomunicativa. Assim, segundo Abreu (2004), os tipos de parágrafos são definidos como dissertativos, narrativos e descritivos. Para conferir exemplos de parágrafos e textos dissertativos, narrativos e descritivos, acesse a Minha Biblioteca e leia as páginas 21 a 34 do livro: Leitura e Produção textual (BRASILEIRO, 2016). O parágrafo dissertativo parte de um processo em que a conclusão reforça a ideia apresentada no tópico frasal introdutório, possibilitando o entendimento da ideia de forma corrente, coerente e objetiva. O tipo de parágrafo narrativo discorre sobre um fato, um breve episódio, apresentando a ação do personagem/sujeito central da narrativa (como discrição da ocorrência e/ou fala dos personagens — que deve ser apresentada em cada parágrafo para não confundir o leitor). Já o parágrafo descritivo se estabelece a partir do fragmento da ideia, gerando uma descrição aprofundada (paisagem, ambiente, grupos, pessoas, objetos, entre outros), aquela descrita pela perspectiva do autor, apresentando articulações e caracterizações próprias que levam à materialização textual da ideia descrita. O entendimento da estrutura de parágrafos e tópicos frasal permite construir estratégias argumentativas do núcleo articulador da produção do texto, quando a criatividade encontra as normas e regras e permite a composição/solidificação de tipologias e gêneros textuais. Tema 3 Estratégias argumentativas utilizadas pelos diferentes tipos e gêneros textuais Qual o papel do questionamento na elaboração de estratégias argumentativas? O texto tem como princípio comunicar, expressar, informar, discutir e materializar o pensamento no momento em que infere sobre uma realidade. Ele conta/narra um fato/história e descreve os objetos, lugares e procedimentos a partir de argumentos, como ato de defender com embasamento e nitidez determinadas visões. Ou seja, escrever é um recorte argumentativo pautado no aspecto/perspectiva política, econômica, social e cultural. A argumentaçãonasce dessa capacidade de defesa de ideais, no qual responde-se a uma pergunta/questionamento e que desperta no leitor outras questões e argumentos, criando assim um intercâmbio de informações que compõe uma rede de sentidos a partir da tessitura de “[...] premissas à conclusão: temos de querer que as premissas “conduzam” ou “estabeleçam” ou “sustentem” a conclusão” (EPSTEIN; CARNIELLI, 2019, p. 35). CARNIELLI, W. A.; EPSTEIN, R. L. Guia prático da arte de pensar, argumentar e convencer. 4. ed. São Paulo: Rideel, 2019. No momento em que surge a fagulha criativa e/ou questionadora, o pensamento se remete ao mergulho de argumentar, conduzindo uma investigação que resultará em articulação entre a funcionalidade da concretude e do pensamento. Ou seja, um movimento de leitura de mundo, experiências vivenciadas e métodos, técnicas e procedimentos que auxiliam na composição de boas argumentações. Neste sentido, é importante reiterar que o texto não é um conflito, não é uma intensa luta de convencimento. Trata-se de exposição de ideais (seguindo as características que constituem a tipologia textual escolhida) que não versam com o único propósito de burilar ou interferir na decisão do outro, mas de expor, de forma complexa, contextualizada e embasada no processo cognoscente, critica e reflexivamente. Assim, a escrita resulta no desenvolvimento de estratégias como conjunto de ações que organiza um caminho, um procedimento que leva ao alcance de metas e objetivos traçados, convergindo as tipologias e gêneros textuais com argumentações estruturantes e focadas no objeto do texto. Segundo Carmo (2021), as estratégias argumentativas estão pautadas: 1. Pelas crenças, valores, conhecimentos que advêm da percepção/produção no espaço tempo, ou seja, da cultura. 2. Dados estatísticos, censo, demografia, anuários, entre outras fontes oficiais. 3. A partir das pesquisas científicas que resultam em artigos, dissertações, teses, livros, relatórios técnicos. 4. Na comparação de dois objetos/fatos diferentes, que convergem dentro de um contexto preestabelecido, ou seja, pautado em analogias. 5. Formas de explicação, demonstrações de como determinado fator é aplicado e/ou executado, caracterizados por exemplos. CARMO, C. N. Leitura e produção de textos acadêmicos. Rio de Janeiro: UVA, 2021. Desse modo, a organização e disposição das estruturas argumentativas estão articuladas a partir da intenção do autor de situar o leitor no limiar do tempo (narrativo, dissertativo, descritivo), localizado em um espaço dentro do gênero textual, articulando os parágrafos e apresentando coesão e coerência na produção textual. Encerramento Como a coesão e a coerência auxiliam na composição do texto? A coesão e a coerência auxiliam na composição do texto quando articulam as partes e permitem a compreensão do leitor quando identificam os significados das questões elaboradas no texto, de acordo com os contextos das situações cotidianas. Qual a estrutura principal para a elaboração de um texto com coesão e coerência textual? A estrutura que compõe o parágrafo está dividida em três momentos: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. A introdução apresenta a ideia central que o parágrafo irá discutir/contextualizar a partir do tópico frasal. Na sequência, ao desenvolvimento compete conceituar, elucidar, ilustrar o que foi apresentado no tópico frasal, trazendo conceitos e/ou exemplos que servem para fortalecer a ideia. Por fim, a conclusão encerra a ideia, conotando um fechamento que poderá abrir para um novo parágrafo, reiniciando o ciclo estrutural. Qual o papel do questionamento na elaboração de estratégias argumentativas? No momento em que surge a fagulha criativa e/ou questionadora, o pensamento remete ao mergulho de argumentar, conduzindo uma investigação que resultará na articulação da funcionalidade da concretude do pensamento, ou seja, um movimento de leitura de mundo, experiência vivenciadas e métodos, técnicas e procedimentos que auxiliarão na composição de bons argumentações. Resumo da Unidade Nesta unidade vimos como a coesão e a coerência auxiliam na composição do texto no momento em que articulam as partes e permitem a compreensão do leitor quando identificam os significados das questões elaboradas no texto, de acordo com os contextos de situações cotidianas. Conhecemos, também, a estrutura que compõe o parágrafo e sua divisão em três momentos: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. Por fim, estudamos a articulação entre a funcionalidade da concretude do pensamento, o movimento de leitura de mundo, experiências vivenciadas e métodos, técnicas e procedimentos que auxiliam na composição de boas argumentações. Para aprofundar e aprimorar os seus conhecimentos sobre os assuntos abordados nessa unidade, não deixe de consultar as referências bibliográficas básicas e complementares disponíveis no plano de ensino publicado na página inicial da disciplina. Leitura e produção acadêmica O mundo que nos cerca e as pessoas que cruzam o nosso caminho estão em constante transformação. São tais mudanças que estabelecem formas, estruturas que implicam leitura e interpretação dos fenômenos sociais que desaguam no centro da produção científica e, por conseguinte, nas ações acadêmicas. Tendo em vista esta perspectiva, nesta disciplina iremos discutir as especificidades do texto acadêmico, características e tipologias que auxiliam a interpretação da realidade contemporânea, sua leitura e escrita de forma crítica e reflexiva, como a ciência/academia produz. O entendimento dos casos e tipos textuais nos permitirá a compreensão da disposição dos elementos essenciais que compõem a funcionalidade do texto acadêmico, pautado na aquisição de competências de leitura e produção de textos a partir do estudo de aspectos dos principais gêneros textuais. Assim, os conteúdos que estudaremos situam o desenvolvimento da leitura crítica e a percepção de interpretação enquanto gesto de atribuição de sentido a partir do exame dos elementos de coesão e coerência em situações comunicativas e gêneros discursivos diversos, de ideias e padrões de linguagem dos gêneros textuais que circulam no ambiente acadêmico. Objetivos Ao final desta disciplina, você deverá ser capaz de: • Desenvolver a leitura crítica e a percepção de interpretação enquanto gesto de atribuição de sentido. • Examinar os elementos de coesão e coerência em situações comunicativas e gêneros discursivos diversos. • Construir resenhas e resumos observando os preceitos de estrutura, organização de ideias e padrões de linguagem dos respectivos gêneros textuais que circulam no ambiente acadêmico. • Empregar as etapas de produção textual (planejamento, escrita, autoavaliação crítica e reescrita) na construção de produções escritas. Conteúdo Programático Esta disciplina está organizada de acordo com as seguintes unidades: • Unidade 1 – Estratégias de leitura, análise e interpretação de textos na universidade • Unidade 2 – Coesão e coerência: a estruturação do parágrafo e estratégias argumentativas • Unidade 3 – O discurso científico e as formas de leitura e produção de textos: resumo e resenha • Unidade 4 – Construção de autoria na produção acadêmica: o ensaio Autoria Professora Lorena Bárbara da Rocha Ribeiro Mestre em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia – PPGEduC/UNEB. Especialista em Currículo de Formação Cientifica, Tecnológica e Cultural pela UNEB. Graduada em Pedagogia pela UNEB. Possui experiência em Gestão de Cursos Superiores na modalidade de ensino a distância EaD: coordenação, Design Instrucional em Ambiente Virtuais de Aprendizagem; elaboração de Material