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PREPARO DE SOLO PARA A CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR Antonio Celso Joaquim Setembro de 2022 CONCEITO O preparo de solo tem como objetivo criar condições ideais para o desenvolvimento das raízes da planta e consequentemente, proporcionar maior produção. Esta etapa visa normalmente revolver o solo e eliminar ervas daninhas, controlando a erosão e descompactando o solo. Para Pott et all. (2019), ele altera a estrutura do solo e a rugosidade da superfície deste. O preparo de solo envolve algumas práticas importantes, como o controle de pragas de solos, controle de plantas daninhas, incorporação de corretivos do solo e descompactação. O controle de plantas daninhas é uma prática muito importante e, ela deve ser feita, em alguns casos antes do preparo propriamente dito, ou seja, realizar a eliminação química, principalmente de grama seda e tiririca. A aplicação de calcário ou calcário e gesso devem ser realizadas antes de qualquer operação de preparo, pois facilita sua distribuição e incorporação. A forma de preparo de solo é outro fator muito importante no manejo pois dela depende, em grande parte, o destino dos restos culturais, a rugosidade do solo, a porosidade do solo na camada preparada, se rompeu toda a camada compactada, o encrostamento superficial, a capacidade de retenção de água no solo, a velocidade de infiltração, além da distribuição e do comportamento dos nutrientes na camada explorada pelas raízes. Para Bertoni & Lombardi Neto (2017), é de grande importância a maneira como são deixados os resíduos da cultura anterior no solo após o preparo. Para estes, os resíduos deixados na superfície protegem melhor o solo contra a erosão e as perdas de água por evaporação. O aumento no número de operações de preparo do solo, principalmente, o uso de equipamentos de preparo secundário, como as grades intermediárias e niveladoras, tende a diminuir a rugosidade superficial e a porosidade total da camada preparada, diminuindo a estabilidade dos agregados e aumentando a quantidade de solo prontamente disponível para o transporte pelo processo erosivo. A compactação do solo é uma das principais causas da queda de produtividade, por isso ela deve ser eliminada com o preparo de solo. Os usos mais comuns de implementos na descompactação do solo são de arado de aiveca e subsolador. O preparo de solo, é fundamental para ser ter sucesso, pois ele aumenta a porosidade do solo, aumentando assim a exploração do sistema radicular e consequentemente aumentando o seu potencial produtivo. Ele é composto por várias fases, onde todas tem a sua importância dentro de um projeto de preparo de solo. As fases do preparo de solos são compostas por: 1 – Conhecer os tipos de solos da área a ser preparada; 2 – Avaliação da presença de pragas de solos; 3 – Avaliação da compactação de solos; 4 – Presença de ervas daninhas (grama seda, tiririca, etc); 5 – Época de preparo de solo; 6 – Sequência de preparo de solo; 7 – Máquinas e equipamentos de preparo de solo; 8 – Avaliação da qualidade do preparo de solo. 1 Conhecer os tipos de solos da área a ser preparada Para definir e fazer um planejamento conservacionista é preciso conhecer os tipos de solos da área. A carta de solos é a ferramenta que vai mostrar estes tipos de solos. As principais classes de solos cultivados com cana de açúcar são: latossolos, argissolos, neossolos quartzarênicos, nitossolos e plintossolos. Outros solos cultivados, porém, com pequenas áreas são os cambissolos, neossolos litólicos, gleissolos, organossolos e espodossolos. O conhecimento das características morfológicas, físicas e químicas de cada tipo de solo se torna importante para identificar o seu grau de susceptibilidade à erosão. A cor, textura, gradiente textural, fertilidade, profundidade e pedregosidade são outros parâmetros do solo que interferem diretamente na erosão. A necessidade de conhecer cada característica do solo é fundamental para a utilização de boas técnicas de conservação de solo. Este tópico já foi abordado no capítulo de conservação de solo. 2 Avaliação da presença de pragas de solos A avaliação, se existe a presença de pragas de solos, é fundamental para tomadas de decisões do sistema de preparo de solo que será utilizado. As pragas principais que interferem ou definem um sistema de preparo de solos são o migdolus fryanus e sphenophorus levis. Estas duas pragas podem causar prejuízos que variam de 5 a 100%, ou seja, podem dizimar uma área inteira. O migdolus fryanus é um besouro cuja fase larval causa sérios danos ao sistema radicular, contribuindo para grandes perdas de produtividade e longevidade do canavial. Os seus danos podem ser observados na figura 1, que mostra os danos numa imagem de satélite e também foto de local severamente atacado. Para o controle do migdolus fryanus, o preparo deve ser: eliminador mecânico de soqueira/grade aradora, se necessário grade niveladora ou intermediária para nivelar o terreno (no caso do uso do eliminador mecânico), subsolagem com barreira química e plantio com inseticidas. Lembrando que as eliminações mecânicas da soqueira destas áreas devem ser de maio a setembro, período de maior frequência das larvas. Estudos realizados pela Copersucar, o eliminador mecânico chega a eliminar 80% do migdolus no período da larva, enquanto uma gradagem aradora chega a eliminar 40% e três gradagens aradoras 95%. Figura 1 – Área com presença de migdolus. Figura 2 – Época de ocorrência no ano, no Sudeste, de larvas e adultos de migdolus fryanus. Fonte: Basf S.A. Figura 3 – Eliminação mecânica da soqueira com o eliminador mecânico, em área com presença de migdolus. Figura 4 – Eliminação mecânica da soqueira com grade intermediária ou aradora, em área com presença de migdolus. Figura 5 – Modelo de subsolador para barreira química, em área com presença de migdolus. Figura 6 – Modelo de subsolador para barreira química, em área com presença de migdolus. Detalhe dos bicos abaixo das asas (foto à direita). Figura 7 – Arado de aiveca na aplicação da barreira química, em área com presença de migdolus. A outra praga é o sphenophorus levis, conhecido comumente como bicudo da cana, cuja larva destroem a parte subterrânea da touceira (rizoma), matando os perfilhos ou a touceira inteira, causando grandes perdas de produtividades e reduzindo a longevidade do canavial. Os seus danos podem ser observados na figura 8, que mostra os danos numa imagem de satélite e também foto de local severamente atacado. Para o controle do sphenophorus levis, o preparo deve ser: eliminador mecânico de soqueira, fazendo a eliminação de duas linhas e após 10 a 15 dias, fazer a eliminação das outras duas linhas (Figuras 8 e 9), se necessário grade niveladora ou intermediária para nivelar o terreno, subsolagem e plantio com inseticidas. Lembrando que as eliminações mecânicas da soqueira destas áreas devem ser de maio a setembro, período de maior frequência das larvas. Figura 8 – Área com presença de sphenophorus. Figura 9 – Eliminação mecânica da soqueira com o eliminador mecânico, em área com presença de migdolus. Figura 10 – Eliminação mecânica da soqueira com o eliminador mecânico, em área com presença de migdolus. 3 Avaliação da compactação do solo. A compactação do solo é uma das principais causas da queda de produtividade, principalmente quando ocorre na linha de cana, visto que é normal ocorrer na entrelinha onde ocorre o tráfego no plantio e colheita (Figuras 11, 12 e 13). O controle de tráfego é o melhor método para evitar esta compactação na linha de cana através do pisoteio. Em áreas de reforma ela deve ser eliminada com o preparo de solo para um novo ciclo. Figura 11 – Área por presença de compactação na linha e entrelinha, devido à colheita semcontrole de tráfego. Figura 12 – Detalhe do pisoteio na linha de cana, causando alta compactação que impediu a brotação da soqueira, ocasionando a morte das touceiras. Figura 13 – Pisoteio na linha de cana, em área de alternado, causando alta compactação que impediu a brotação da soqueira, ocasionando a morte das touceiras em alguns locais. Existem algumas metodologias para a avaliação da compactação do solo, entre elas está a da avaliação da densidade do solo, através de coleta de amostras com um anel volumétrico (Figura 14). Esta metodologia é a mais técnica e precisa, porém, demanda muito tempo, além de deslocamento de retroescavadeira para a abertura de trincheiras, sendo um dos fatores das usinas não utilizarem este método. As amostras devem ser retiradas nas profundidades de 15, 30, 45 e 60 cm (Figura 15). As densidades de referência para considerar um solo compactado é influenciada pela classe e textura de solo, como descrito a seguir: Latossolos • % de argila acima de 35 %, a densidade para considerar compactado é acima de 1,35 g/cm3; • % de argila de 25 a 35 %, a densidade para considerar compactado é acima de 1,45 g/cm3; • % de argila de 15 a 25 %, a densidade para considerar compactado é acima de 1,55 g/cm3; • % de argila menor que 15 %, a densidade para considerar compactado é acima de 1,65 g/cm3. Neossolos Quartzarênicos • % de argila menor que 15 %, a densidade para considerar compactado é acima de 1,65 g/cm3. Outra forma de avaliar, se existe camada compactada em latossolos e neossolos quartzarênicos, através da densidade é comparar o valor das camadas acima (15, 30 e 45 cm) com o valor a 60 cm. Quando estas densidades nas camadas acima, for superior a 15 % da densidade aos 60 cm, existe evidência de compactação de solo. De maneira geral, as profundidades de 15 e 30 cm tem densidades acima de 15 % em relação a 60 cm, e a profundidade a 45 cm tem densidade menor do que 15% em relação a 60 cm. Argissolos Nos argissolos, a avaliação da existência de compactação do solo deve ser de forma diferente, onde a compactação da camada “A” mais arenosa, deve seguir a densidade utilizada para Latossolos ou Neossolos Quartzarênicos. Já na camada do B textural, quando ocorre a menos de 45 cm, deve ser comparada com a densidade do solo a 60 cm de profundidade, que não tem compactação. Quando estas densidades nas camadas do B textural acima, for superior a 15 % da densidade aos 60 cm, significa que existe evidência de compactação de solo. Figura 14 – Amostrador e anel utilizado para a amostragem de solos para avaliação da densidade. Figura 15 – Profundidades recomendada para a amostragem de solos com anel volumétrico, para a avaliação da densidade do solo. Outro método é através de penetrômentro (Figura 16), porém, este método só é preciso quando se faz a avaliação com a umidade do solo na capacidade de campo, mesmo assim, existem critérios diferentes para se definir se um solo está compactado ou não. O interessante é que ele demonstra onde tem mais resistência, independente da umidade ou textura do solo, não definindo se é compactação ou adensamento. Estudos estão sendo realizados para definir um critério, se uma camada está compactada ou não, independente da umidade, classe e textura do solo. Em função de conhecimento de campo, da cultura, especialistas em solo pode definir se um solo está compactado ou não, utilizando este equipamento. Uma das restrições, atualmente existente, do uso do penetrômetro é da variação da umidade do solo durante a medição, podendo ter resultados totalmente diferentes gerando interpretações incertas. Apesar de existir indefinições, o resultado das avaliações pode dar uma ideia da existência ou não de camada adensada/compactada, e a que profundidade ela ocorre. A figura 17 mostra uma avaliação sendo realizada, enquanto a figura 18 mostra graficamente o resultado real de um local de uma usina. 15 cm 30 cm 45 cm 60 cm Figura 16 – Penetrômetro digital penetroLOG da Falker. Fonte: www.falker.com.br. Figura 17 – Avaliação da resistência do solo, na linha de cana. http://www.falker.com.br/ Figura 18 – Resultado real de pressão existente em um local de uma usina, com o uso de penetrômetro digital, mostrando evidência de camada adensada/compactada. Uma outra metodologia prática, porém, com menos precisão, mas com bons resultados, é medir a velocidade de infiltração através da abertura de “cavinhas”, e colocando o mesmo volume conhecido de água nelas e quantificar o tempo para infiltração. Neste método pode abrir “cavinhas” a cada 10 ou 15 cm até 60 cm de profundidade, e medir este tempo de infiltração em todas elas. Pode-se utilizar como referência de tempo de infiltração a profundidade de 60 cm, que é a profundidade que o pisoteio não causa compactação. Como exemplo prático, coloca-se água na profundidade de 60 cm e mede o tempo de infiltração, depois faz o mesmo processo nas profundidades acima. Se o tempo de infiltração em algumas destas profundidades acima forem mais do que três vezes o tempo a 60 cm, significa que está compactado. Normalmente este tempo é superior a três vezes nas profundidades avaliadas até 40 cm, visto que abaixo de 40 cm não tem compactação. A figura 19, mostra um teste prático realizado em uma usina, onde foi avaliado nas profundidades: 15 cm, 230cm, 45 cm e 60 cm, apenas como exemplo. O tempo gasto para infiltrar a água a 15 cm foi de 4 min e 12 seg, a 30 cm foi de 2 min e 43 seg, a 45 cm foi de 1 min 10 seg e a 60 cm foi de 0 min e 45 seg. Isto mostra que à medida de se aprofunda no solo, diminui a sua densidade, que normalmente chegando a 40 cm já não há mais compactação, sendo o observado no campo. Figura 19 – Avaliação da velocidade de infiltração de água no solo (VIB). Uma outra metodologia prática, que exige muita experiência é através do uso de uma faca pedológica, exercendo pressão no barranco da trincheira no sentido de cima para baixo, até encontrar uma menor resistência. A figura 20 mostra uma trincheira com a camada compactada delimitada através do uso da faca, em uma área de reforma sem uso de implemento agrícola. A figura 21 mostra uma camada compactada observada com o uso da faca, onde já tinha sido feito uma gradagem com grade aradora. 15 cm 30 cm 45 cm 60 cm Figura 20 – Identificação da profundidade da camada compactada, em uma área de reforma sem uso de implemento agrícola, com o uso de uma faca pedológica. Figura 21 – Identificação da profundidade da camada compactada, em uma área de reforma que já tinha sido gradeada, com o uso de uma faca pedológica. Camada compactada Condição natural do solo Estudos realizados por Bellinaso et. al. (1997), sobre o efeito pressão dos pneus dos transbordos e da umidade do solo na densidade do solo (Figura 22). Foi observado que a densidade aumentou à medida que aumentou a pressão dos pneus, e dentro da mesma pressão ela aumentou à medida que aumentou a umidade do solo. Este trabalho mostrou a importância da calibração dos pneus, bem como a retomada da colheita após chuvas. Recomenda-se reduzir a calibragem e também o peso da carga, na retomada da colheita, visando minimizar o efeito do pisoteio. Bellinaso et. al. (1997), também estudou o efeito da pressão em solo úmido sobre a produtividade e a densidade do solo (Figura 23). Ele encontrou resultados que mostram o impacto da colheita com solo úmido, onde à medida que aumenta a umidade, ocorre o inverso na produtividade e ocorre um aumento na densidade do solo. Trouce Jr. (1965), estudou o efeito da densidade do solo no crescimento das raízes (Tabela 1). Observou que à medida que aumenta a densidade do solo, reduz drasticamente o crescimento das raízes. Figura 22 – Efeito da pressão e umidade sobre a densidade do solo.Figura 23 – Efeito da pressão em solo úmido sobre a produtividade e a densidade do solo. Tabela 1 – Efeito da densidade no crescimento de raízes (Fonte: Trouse Jr, A.C., 1965). Densidade do solo (g/cm3) Crescimento das raízes (mm/dia) 1,04 20,0 1,12 17,3 1,20 16,5 1,28 13,5 1,36 7,5 1,44 1,7 Os usos mais comuns de implementos na descompactação do solo são de arado de aiveca e subsolador. Tem-se observado que nem sempre o arado faz uma descompactação completa, pois a maioria dos produtores trabalham a uma profundidade menor do que 30 cm, não atingindo a parte inferior do solo onde existe a camada compactada, que normalmente vai até 40 cm, ficando remanescentes de compactação. O uso deste implemento deve ser restrito aos latossolos e neossolos quartzarênicos e, de preferência em áreas de expansão com pastagens para aprofundar o calcário e gesso, bem como, jogar para camada mais profunda o banco de sementes que ocorre na superfície. Antes da aração deve-se fazer uma ou duas gradagens com grade aradora para incorporar os corretivos até 15 a 20 cm, sendo completado pelo arado, bem como picar os restos da pastagem, no caso de áreas de expansão sobre pastagens. Em áreas já estabilizadas é mais recomendado o uso de subsolador, pois este além de atingir camadas mais profundas, também mantém boa parte dos restos culturais na superfície, minimizando o efeito da gota de chuva no processo erosivo do solo. A condição do solo adequada para o preparo é quando este está na condição friável, ou seja, nem seco e nem molhado. Existe algumas técnicas de campo que mostra como saber se o solo está na condição adequada de preparo. 4 Presença de ervas daninhas. Existem ervas daninhas que devem ser erradicadas antes do preparo de solo. Entre as principais ervas estão a grama seda e tiririca. A grama seda é uma espécie tão importante quanto a tiririca, sob os aspectos de competição com a lavoura, redução da produtividade e dificuldade de controle. O efeito alelopático é facilmente detectável no campo, ao se observar que no interior de reboleiras de grama seda e tiririca, nenhuma outra espécie vegetal sobrevive por muito tempo. A cana-de-açúcar sofre os mesmos efeitos, que se manifestam pela redução da produtividade e da longevidade dos canaviais. A reforma do canavial é a época mais propícia para eliminar a grama seda e a tiririca, onde recomenda-se a implantação, em caráter prioritário, de um sistema integrado que possibilite erradicar definitivamente essas espécies antes do plantio da cana. A figura 24 mostra uma área com alta infestação de grama seda (Cynodon dactylon). Ela tem reprodução vegetativa através de estruturas conhecidas como rizomas e estolões, elas devem ser eliminadas antes do plantio do novo canavial, pois após a instalação deste, os herbicidas que controlam esta planta daninham não poderão ser utilizados em área total pois prejudicariam as plantas de cana-de-açúcar. É necessário então eliminá-las através do preparo do solo, quando suas partes vegetativas devem ser picadas e expostas à dessecação pelo sol, juntamente com a eliminação química com o uso de herbicidas. As figuras 25 e 26 mostram áreas com alta infestação de tiririca (Cyperus rotundus), em área de reforma e área onde já ocorreu o plantio. Ela tem reprodução vegetativa através de estruturas conhecidas como tubérculos, elas devem ser eliminadas antes do plantio do novo canavial em níveis de intensidade que variam de baixo a muito alto. O programa de controle deve ser através do uso de herbicidas. Figura 24 – Alta infestação de grama seca em área de reforma. Figura 25 – Alta infestação de tiririca em área de reforma. Figura 26 – Alta infestação de tiririca em área de cana planta. 5 Época de preparo de solo. A época ideal de preparar o solo é quando o mesmo está nas condições de friabilidade adequada. De maneira geral coincide com os meses que iniciam as chuvas (setembro/outubro) e os meses finais das chuvas (março/abril), porém, pode ocorrer condições favoráveis em qualquer época do ano, desde que ocorra uma chuva de bom volume, fazendo com que este passe das condições seca para úmido ou friável. Existem três condições de umidade do solo: seco, úmido ou friável e molhado. Normalmente as operações agrícolas de preparo trabalham nas três condições, visto que, o período de umidade adequada, considerado úmido ou friável, é curto, bem como, há a necessidade de otimização das máquinas e equipamentos. É comum ver o preparo ocorrendo em julho, agosto e setembro, quando o solo está seco, e em dezembro, janeiro, fevereiro e março quando o solo está molhado. Nestas condições há a necessidade de adaptação dos equipamentos e máquinas para o preparo. Quando o solo está mais seco, há a necessidade de mais potência dos tratores por haste do subsolador ou por aiveca do arado, e quando está molhado há a necessidade de menos potência. Então como ajustar as potências com as hastes no caso da subsolagem, se tem um trator de potência fixa, de 225 CV, por exemplo? Neste caso, poderia utilizar subsoladores com 5 hastes com asinhas e espaçadas em 50 cm, nos solos mais arenosos, sob as condições de solos mais úmidos e friáveis. No caso de solos mais argilosos e mais secos, deve-se utilizar os canteirizadores, que exigem menos potência. A figura 27 mostra as condições de umidade do solo e sugestões de uso ou não de asinhas, nas faixas de umidades, assim como, a resistência do solo e exigência de potência dos tratores. Foi observado em uma área de reforma que a época inadequada de preparo influenciou muito na erosão nos nitossolos e cambissolos, e não influenciou nos latossolos (Figura 28), sendo todos argilosos. O preparo nesta área foi realizado em dezembro e janeiro, com ocorrência de muita chuva após o preparo. Devido a característica de relevo e morfologia dos nitossolos e cambissolos, houve muita erosão nas áreas com estes dois tipos de solos, com assoreamento dos terraços, sendo necessários serem refeitos e em alguns locais foi subsolado novamente. Nos latossolos não teve problema nem de erosão e nem de assoreamento dos terraços. As figuras 29 e 30 mostram dois cenários de preparo de solo. A figura 29 mostra o preparo de solo com subsolador em condições de solo seco e de umidade adequada, enquanto a figura 30 mostra o preparo com arado de aiveca em condições de solo seco e umidade adequada. A condição de umidade do solo é fundamental para se ter uma boa operação de preparo. Figura 27 – Condições de umidade adequada e inadequada para a realização da subsolagem. Figura 28 – Área de latossolos sem erosão e áreas de nitossolos+cambissolos com erosão. LATOSSOLO NITOSSOLO + CAMBISSOLO Figura 29 – Área subsolada e gradeada, à esquerda em condições de solo seco, com muitos torrões. À direita, solo subsolado em condições de umidade adequada, sem torrões. Figura 30 – Área preparada com arado de aiveca com solo seco (esquerda da foto) e solo úmido ou friável após chuva (à direita da foto). 6 Sequência de preparo de solo. A sequência de preparo de solo é importante para se ter um bom resultado e deixar a área em condições adequadas para plantio. Dependendo da sequência de preparo, pode-se deixar o solo mais, ou menos vulnerável à erosão. Lembrando que antes do preparo de solo deve fazer a aplicação de corretivos do solo. É importante salientar que não se deve utilizar arado de aiveca em argissolo, nitossolo, plintossolo, cambissolo e neossolo litólico. Cita-se a seguir as sequências de preparo de solo mais utilizada na cultura da cana-de-açúcar, apenas lembrando que não estão em ordem de utilização: a) Grade aradora ou intermediária, arado de aiveca, grade niveladora, plantio; b) Grade aradora ou intermediária, subsolador, grade niveladora, plantio; c) Grade aradora ou intermediária,subsolador, plantio; d) Grade aradora ou intermediária, subsolador canteirizador, plantio; e) Grade aradora ou intermediária, canteirizador com rotativa, plantio; f) Grade aradora ou intermediária, penta, plantio; g) Dessecação, grade aradora ou intermediaria, arado de aiveca, grade niveladora, plantio; h) Dessecação, grade aradora ou intermediaria, subsolador, grade niveladora, plantio; i) Dessecação, grade aradora ou intermediaria, subsolador, plantio; j) Dessecação, grade aradora ou intermediaria, subsolador canteirizador, plantio; k) Dessecação, grade aradora ou intermediaria, canteirizador com rotativa, plantio; l) Dessecação, grade aradora ou intermediaria, penta, plantio; m) Dessecação, arado de aiveca, grade niveladora, plantio; n) Dessecação, subsolador, grade niveladora, plantio; o) Dessecação, subsolador, plantio; p) Dessecação, subsolador canteirizador, plantio; q) Dessecação, penta, plantio. Em áreas de sphenophorus levis, deve-se utilizar o eliminador mecânico de soqueira, antes de qualquer outra operação (Figura 31). Em áreas de migdolus fryanus, deve-se fazer a eliminação mecânica da soqueira com grade ou eliminador mecânico, e fazer a barreira química com arado de aiveca ou subsolador. A figura 32 mostra uma subsolagem numa área que foi realizada a eliminação química da soqueira, seguida de gradagem intermediária. Esta sequência de preparo tende a deixar o solo mais exposto ao processo erosivo. Visando uma maior proteção da superfície do solo, recomenda-se o preparo reduzido, onde se faz apenas a dessecação e subsolagem mantendo grande parte da cobertura morta na superfície (Figura 33). Este tipo de preparo é possível em áreas sem as pragas de solos sphenophorus e migdolus. Figura 31 – Área com presença de sphenophorus, sendo utilizado o eliminador mecânico de soqueira. Figura 32 – Área sendo preparada no sistema de preparo convencional, onde a soqueira foi eliminada quimicamente seguida de gradagem intermediária e subsolagem em área total. Figura 33 – Área sendo preparada no sistema de preparo reduzido, onde a soqueira foi eliminada quimicamente seguida da subsolagem. Outro equipamento muito utilizado no preparo de solo em cana-de-açúcar é o arado de aiveca. Em áreas de reforma deve-se fazer a eliminação química da soqueira em áreas sem pragas de solos, fazer a aplicação de corretivos, realizar uma gradagem intermediária ou aradora e realizar o preparo com o arado de aiveca. A figura 34 ilustra o preparo com arado de aiveca em uma área de reforma. O resultado de uma aração pode mostrar a inversão de camada juntamente com o cisalhamento (Figura 35), que é um ponto negativo quando se faz a inversão total de camada, resultando numa exposição do solo ao processo erosivo. As figuras 36 e 37 mostram um preparo inadequado sendo realizado numa área de expansão com pastagem e o resultado desta operação. Toda área de expansão com pastagens, a primeira operação deve ser com grade aradora, uma ou duas vezes, depois fazer a aração. A figura 38 mostra um preparo adequado com arado de aiveca em latossolo e inadequado em argissolo. Devido às características morfológicas e físicas de argissolos, não se recomenda o uso de arado de aiveca neste tipo de solo. Figura 34 – Área sendo preparada no sistema de preparo convencional, onde a soqueira foi eliminada com grade e seguida do arado de aiveca. Figura 35 – Resultado da aração, com inversão total da camada A, com cisalhamento. Figura 36 – Área de expansão de pastagens sendo preparada inadequadamente com arado de aiveca. Figura 37 – Resultado de uma aração inadequada, em área de expansão de pastagens. Figura 38 – Resultado de uma aração adequada em latossolo (à esquerda) e, inadequada em argissolo (à direita). Outro tipo de preparo de solo que está sendo muito utilizado é o preparo canteirizado (Figura 39). O equipamento utilizado neste preparo é denominado canteirizador com enxada rotativa (Figura 40). Normalmente se utiliza apenas uma haste para cada canteiro, porém, já existe equipamento com duas hastes, aumentando a área de preparo. Neste tipo de preparo, o sistema radicular tende a desenvolver no canteiro formado, reduzindo a área útil de exploração do solo (Figuras 41 e 42). Este “envasamento“ do sistema radicular tende a reduzir a produtividade, quando comparado com um preparo bem feito em área total, onde o sistema radicular tem uma área maior de exploração (Figura 43). Este tipo de equipamento deve ser utilizado em áreas de latossolos. A recomendação deste equipamento é para usinas ou fornecedores que tem tratores com menos de 250 CV, considerado potência inadequada para subsoladores de 5 hastes. Dentro do conceito de preparo de solo, é melhor fazer uma boa operação canteirizada do que uma má operação em área total. Figura 39 – Vista do preparo canteirizado sobre área de soja (à esquerda) e sobre restos culturais da cana após a dessecagem (à direita). Figura 40 – Equipamento utilizado no preparo canteirizado. Figura 41 – Sistema radicular “envasado” devido ao preparo canteirizado. Figura 42 – Sistema radicular “envasado” devido ao preparo canteirizado. Figura 43 – Sistema radicular explorando um grande volume de solo, cujo preparo foi subsolagem em área total. Algumas usinas já estão adotando um novo sistema de preparo de solo, denominado “canteirão” (Figura 44), que nesta área foi utilizado o eliminador mecânico de soqueira para o controle do sphenophorus. Este tipo de preparo é realizado com subsoladores de 5 hastes, espaçadas em 46 cm entre hastes e utilizando as asinhas de andorinha, formando um canteiro preparado de 2,30m. Para a realização desta operação é necessário utilizar o projeto de plantio, visto que, ele deve ser realizado no sentido da sulcação, formando um canteiro preparado (Figura 45). O princípio desta operação é não preparar a zona de tráfego quando utilizamos o plantio mecanizado (Figura 46). A figura 47, mostra um esquema do sistema de preparo “canteirão” com subsolador de 5 hastes. O recomendado é espaçar as hastes em 46 cm, utilizando aletas ou asinhas de 10 a 12 cm de cada lado, nas sapatas, formando uma área preparada de 2,30 m, e zona de tráfego não preparado com 0,70 m. Lembrando que deve utilizar o projeto de plantio para realizar o preparo. Figura 44 – Sistema de preparo “canteirão”, em área onde foi realizado o eliminador mecânico de soqueira para o controle do sphenophorus. Figura 45 – Área de exploração do sistema radicular de cada linha de cana (posicionada no local das facas), no canteiro formado pelo preparo no sistema “canteirão”. Figura 46 – Zona de tráfego não preparada, no sistema de preparo “canteirão”. Figura 47 – Esquema do sistema de preparo “canteirão”. Algumas usinas também estão utilizando o equipamento “penta” no preparo de solo, (Figura 48). A eliminação da soqueira pode ser realizada com grade aradora/intermediária, seguida do penta (Figura 49), porém, o melhor manejo de preparo com este equipamento é realizar a dessecação da soqueira e fazer o preparo, mantendo cobertura do solo na faixa de tráfego, reduzindo assim o risco de erosão (Figura 50). Este tipo de equipamento é utilizado em áreas onde o plantio é alternado (0,90 x 1,50 m). Canteirão Local de tráfego Figura 48 – Preparo de solo com o equipamento “penta”. Figura 49 – Preparo de solo sendo realizado com o equipamento “penta”, em área gradeada. Figura 50 – Preparo de solo realizado adequadamente com o equipamento “penta”, em área com cobertura de restos culturais. Tabela 2 – Vantagens e desvantagens dos tipos de preparo de solo. Tipo de preparo Vantagens Desvantagens Arado de aiveca Corretivo em profundidade Expansão pastagem Solo descoberto Riscode erosão Queima MO Subsolador (área total) Maior exploração do solo Mantém a cobertura do solo Maior potência Risco na qualidade Subsolador (canteirão) Maior rendimento Redução de custo Maior potência Risco de erosão Canteirizador Maior rendimento Redução de custo Menor potência Menor exploração do solo Risco de erosão 7 Máquinas e equipamentos utilizados no preparo de solo. Para um bom preparo de solo é necessário fazer um bom dimensionamento das máquinas e equipamentos. Não há restrição quanto às marcas de tratores e equipamentos a serem utilizados no preparo de solo. Dentro da parte de máquinas é avaliado apenas a potência, enquanto para os equipamentos a avaliação é pelo tipo utilizado no preparo de solo, sendo os mais comuns o arado de aiveca, subsolador, canteirizador com rotativas e penta. No caso do subsolador, este pode ser usado de três formas, podendo ser utilizado para subsolagem em área total, subsolagem no sistema canteirão e subsolagem canteirizada. As grades de maneira geral são consideradas implementos secundários no preparo de solo, já que não fazem a descompactação do solo, porém, são importantes em algumas condições. É comum ver as usinas ou fornecedores utilizando de 35 a 45 CV por haste de subsolador ou por aiveca do arado, onde observa-se em alguns casos um preparo bem-feito, quando realizado na condição friável do solo e solos mais arenosos. Na maioria dos casos ocorre um preparo de baixa qualidade, realizado com o solo em condições desfavoráveis, podendo ser com solo seco ou molhado, e utilizando implementos não ajustados pela potência do trator. A recomendação é de 50 a 60 CV por haste do subsolador considerando o uso de aletas ou asinhas de andorinha, ou por aiveca do arado, sendo 50 CV em solos mais arenosos e com maior friabilidade, enquanto a utilização de 60 CV em solos argilosos e em solos um pouco mais seco, fora da condição adequada de preparo. Como pode ocorrer vários tipos de solos, com diferentes texturas, nas áreas das usinas ou fornecedores, bem como operam em condições não adequadas, a recomendação é pela maior potência que é 60 CV. Para uma boa subsolagem a recomendação é trabalhar a uma velocidade de 6,0 a 6,5 km por hora, numa profundidade efetiva de 40 a 45 cm, com espaçamento entre hastes de 50 cm, no caso de subsoladores de 5 hastes, e utilizando as aletas na ponta das hastes do subsolador. Estas aletas devem ter um tamanho de 7 a 10 cm de comprimento. No uso de subsoladores de 7 hastes, a recomendação é utilizar espaçamento entre hastes de 40 cm, que na maioria dos casos não há necessidade de uso de asinhas. 8 Avaliação da qualidade do preparo de solo. Durante a operação de preparo de solo, deve-se realizar a avaliação da qualidade deste preparo, visto que, o sucesso na produtividade depende, e muito, de um bom preparo de solo. Tem que lembrar sempre que a boca da cana é a raiz, por isso, precisa dar condições favoráveis para o seu bom desenvolvimento e exploração do solo. Existem algumas metodologias para avaliar a qualidade do preparo de solo após a operação de subsolagem, podendo ser utilizada as mesmas da avaliação da compactação do solo, antes do preparo. Sendo elas, método da densidade do solo, da velocidade de infiltração, do penetrômetro, ou de uma haste de ferro graduada chamada vulgarmente de “xuxo”, e pode também utilizar o método da trincheira, onde através do uso de uma faca pedológica, identifica e delimita o perfil preparado do solo. A figura 51 mostra uma avaliação pelo método da trincheira, cujo preparo foi realizado com subsolador. Na foto da esquerda observa claramente que o preparo ficou a desejar, ficando remanescente de compactação, enquanto a foto da direita mostra um preparo adequado com eliminação total da compactação. A figura 52 mostra, pelo método da trincheira, um outro preparo inadequado com subsolador, onde foi utilizado trator de baixa potência, com menos de 40 CV por haste, além de não estar utilizando as asinhas. Já a figura 53 mostra uma subsolagem inadequada, observada com o uso de um enxadão, ficando remanescentes de compactação na faixa subsolada e também ficando “facões”, que são áreas sem preparar na emenda das passagens dos subsoladores. A figura 54 mostra uma avaliação realizada pelo método da trincheira, onde a subsolagem ficou bem-feita, considerada adequada, realizada com trator de potência adequada pelo número de hastes do subsolador e utilizando asinhas nas sapatas das hastes. A figura 55 mostra uma avaliação realizada pelo método do “xuxo”, onde estende uma trena perpendicular ao sentido da subsolagem, em mais ou menos 3,0 m, e faz a medição da profundidade atingida onde passou a haste e entre as hastes, lembrando de descontar o empolamento ocasionado pelo preparo. O empolamento é quando o solo se ‘expande’ para cima com o preparo, provocado pela redução de densidade do solo na camada preparada. Normalmente este empolamento varia de 15 a 20% da camada efetivamente preparada. O resultado da medição de uma subsolagem inadequada, onde ficou remanescente de camada compactada, pode ser observado na figura 56, enquanto a figura 57 mostra o resultado de uma boa subsolagem. Figura 51 – Subsolagem inadequada à esquerda e adequada à direita. Figura 52 – Subsolagem inadequada, realizada com trator de baixa potência e sem asinhas nas sapatas das hastes. Figura 53 – Com o uso de um enxadão, observou que a subsolagem ficou inadequada, com presença de “facões”, que são faixas sem preparar. Figura 54 – Subsolagem adequada, realizada com trator de potência adequada pelo número de hastes do subsolador e utilizando asinhas nas sapatas das hastes. Figura 55 – Metodologia de avaliação da qualidade do preparo de solo com subsolador. Figura 56 – Resultado de avaliação da qualidade inadequada da subsolagem, ficando remanescente de camada compactada. Figura 57 – Resultado de avaliação da qualidade adequada da subsolagem. A figura 58 mostra uma avaliação pelo método da trincheira, cujo preparo foi recém realizado com arado de aiveca. Observa claramente que o preparo ficou a desejar, ficando remanescente de camada compactada, que dependendo da profundidade de plantio, os toletes serão colocados sobre esta camada compactada, comprometendo o desenvolvimento do sistema radicular. A figura 59 mostra uma avaliação pelo método da trincheira, cujo preparo foi realizado com arado de aiveca e já havia ocorrido o plantio a mais ou menos dois meses. Observou que o preparo também ficou a desejar, criando uma camada compactada, que irá comprometer o aprofundamento do sistema radicular. A figura 60 mostra uma avaliação realizada pelo método da trincheira, fazendo a medição da profundidade atingida pelas aivecas, já descontando o empolamento ocasionado pelo preparo. O resultado da medição mostrou uma aração inadequada, onde ficou remanescente de camada compactada. Figura 58 – Resultado de avaliação da qualidade inadequada da aração, pelo método da trincheira, ficando remanescente de camada compactada. Figura 59 – Resultado de avaliação da qualidade inadequada da aração, pelo método da trincheira, em área já plantada. Camada preparada Camada compactada remanescente Condição natural do solo Figura 60 – Resultado de avaliação da qualidade inadequada da aração, ficando remanescente de camada compactada. O preparo de solo quando inadequado pode influenciar negativamente na qualidade do plantio, como pode ser observado na figura 61. Já o preparo bem-feito pode influenciar positivamente na qualidade do plantio, como mostra a figura 62. Isto mostra que um bom plantio começa por um bom preparo de solo. Figura 61 – Baixa qualidade no plantio, influenciado pela baixa qualidade no preparo.Figura 62 – Boa qualidade no plantio, influenciado pela boa qualidade no preparo. Recomendações 1 – Conhecer os tipos de solos da área a ser preparada A recomendação é fazer o levantamento de solos para o conhecimento dos tipos de solos existentes nas propriedades. 2 – Avaliação da presença de pragas de solos Para um bom controle de pragas como o sphenophorus e migdolus, recomenda-se fazer o levantamento destas pragas e adotar práticas adequadas de controle que começa pela erradicação das soqueiras com eliminador mecânico, no caso do sphenophorus e eliminador mecânico ou grade aradora/intermediária para o controle do migdolus. 3 – Avaliação da compactação do solo Recomenda-se fazer a avaliação da compactação do solo, para identificar a profundidade de ocorrência. 4 – Presença de ervas daninhas (grama seda, tiririca etc.) Fazer o levantamento de grama seda e tiririca, se existente, fazer a erradicação antes do preparo propriamente dito. 5 – Época de preparo de solo A época adequada de preparar o solo é aquela onde o solo está em condições de umidade e friabilidade adequada. Isto pode ocorrer em qualquer mês do ano, com maiores possibilidades nos meses de outubro a abril. 6 – Sequência de preparo de solo A recomendação da sequência de preparo depende da existência ou não de praga de solos, juntamente com o tipo de solo. Recomenda-se utilizar arado de aiveca apenas nos latossolos e neossolos quartzarênicos, e subsoladores em todos os tipos de solos. 7 – Máquinas e equipamentos de preparo de solo O CTC não recomenda marca de tratores, e sim a potência dos mesmos em relação ao equipamento que vai ser utilizado. De maneira geral utilizar tratores cuja potência se ajusta ao número de hastes do subsolador ou aiveca do arado, sendo de 50 a 60 CV por haste ou aiveca. 8 – Avaliação da qualidade do preparo de solo. A qualidade do preparo de solo depende das máquinas e equipamentos utilizados, bem como a umidade do solo. Recomenda-se fazer a avaliação durante a operação de preparo. Referências Bibliográficas POTT, C.A.; SPLIETHOFF, j.; BARBOSA, E.A.A.; FOGAÇA, A.M. Manual de manejo e conservação do solo e da água para o Estado do Paraná: Tecnologia para aumentar a infiltração de água no solo. Capítulo 2. Curitiba, PR: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2019, 325p. BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. 10ª edição. São Paulo: Íconi, 2017. CONDE, A, J. Conservação de solos. Relatório interno, safra 98/99, Piracicaba, Centro de Tecnologia Copersucar, 1999. 15p. CONDE, A, J. Conservação de solos. Preparo de solo e plantio. Relatório interno, safra 95/96, Piracicaba, Centro de Tecnologia Copersucar, 1996. 7p. TROUSE JR, A.C. Effects of soil compression on the development of Sugar – Cane Roots proceedings of the twelfth ISSCT Congress. Porto Rico, 1965.