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Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Unidade 1
Educação, Diversidade E Desigualdade
Aula 1
Diversidade Social E Cultural
Diversidade social e cultural
Este conteúdo é um vídeo!
Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
para assistir mesmo sem conexão à internet.
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
Ponto de Partida
Nesta aula, você vai estudar a diversidade cultural humana e as relações com a educação.
Inicialmente, você vai re�etir sobre o conceito de cultura, seja ele em seu signi�cado
antropológico, ou na forma com que diversos indivíduos e agrupamentos humanos representam
a realidade ao longo do tempo. Em seguida, você verá, com uma abordagem introdutória, as
diferentes perspectivas antropológicas sobre o conceito de cultura: multiculturalismo,
etnocentrismo e relativismo. A ideia é que você perceba, em linhas gerais, o caráter (e as
características) de algumas das principais correntes antropológicas e suas distintas abordagens
em relação ao conceito de cultura.
Por �m, você vai estudar expressões, práticas, crenças, valores, tradições e costumes dos mais
diversos indivíduos e agrupamentos humanos, abordados de modo a reconhecer a diversidade
étnico-cultural com que somos constituídos enquanto humanidade plural. A ideia é que
possamos estabelecer conexões entre diversidade cultural e educação.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Para iniciar os estudos desta aula, vamos apresentar algumas problematizações: à luz dos
objetivos propostos na disciplina de educação e diversidade, é possível de�nir um conceito de
cultura? Como o conceito de cultura pode ser de�nido a partir das diferentes perspectivas
antropológicas? Quais as relações entre educação, diversidade e as representações culturais?
Com esses questionamentos iniciais, damos as boas-vindas, estudante, recomendando que você
aprofunde seus estudos a partir das referências indicadas neste material.
Vamos Começar!
Iniciando as re�exões sobre educação e diversidade, a partir de agora, você vai estudar as
culturas humanas e suas relações sociais, elemento fundamental para que possamos re�etir e
analisar o conceito de diversidade na educação. Como apresentado, o exercício proposto para os
estudos desta aula consiste em uma problematização sobre o conceito de cultura a partir das
correntes antropológicas, para que se possa analisá-las mediante o estudo e aprofundamento
dos conceitos elencados com a realidade social em que estamos inseridos.
Cultura: um conceito antropológico plural
A disciplina de educação e diversidade toma como premissa o conceito de cultura pertencente
ao conjunto de perspectivas antropológicas que partem do entendimento de que nós, seres
humanos, vivemos em uma sociedade plural e diversa. A educação está diretamente relacionada
à cultura e às diversas possibilidades com que se realiza nas diferentes sociedades. Assim,
nessa perspectiva, devemos reconhecer as diferenças culturais como fundamento da diversidade
com que a vida social se realiza. Perceber as diferenças humanas como algo normal, nada mais
é do que o contínuo exercício de visar o bem viver em sociedade.
Partindo da concepção antropológica do conceito de cultura para a compreensão da diversidade
e da educação, ou seja, daquelas correntes signatárias da ideia de que o ser humano é um ser
cultural, e que, portanto, convive social e culturalmente com outros povos. Para os propósitos
desses estudos, devemos renunciar à concepção de cultura no senso comum, ao menos
daquelas abordagens que compreendem a cultura como um termo classi�catório de indivíduos e
grupos sociais inteiros, de forma generalizante e/ou até mesmo preconceituosa. Em educação e
diversidade, leva-se em consideração as culturas, no plural, bem como as diversas possibilidades
com que a educação se realiza.
Uma das características do ser humano é a sua capacidade cultural, e isso o distingue de outros
seres vivos. Nesse sentido, podemos a�rmar que todos os seres humanos produzem cultura,
seja vivenciando o cotidiano da vida, seja representando a realidade em que se inserem. Na
antropologia, sabemos que existem muitas de�nições e correntes teórico-metodológicas em
torno do conceito de cultura. Visando contemplar os propósitos desta disciplina, podemos
de�nir, de modo geral, o conceito de cultura como a capacidade da humanidade como um todo e
a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos, de se apropriar dos recursos naturais e
transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la (Santos, 1994).
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
A cultura, vista sob esse ângulo, caracteriza-se como a possibilidade do indivíduo, inserido em
seu agrupamento social, de viver o seu dia a dia, compreender a realidade e atribuir signi�cados
a ela, planejar, calcular e transformar a natureza, além de re�etir sobre todas as coisas que estão
ao nosso redor. A abordagem antropológica é uma das maneiras de de�nir cultura a partir de um
conjunto de pressupostos metodológicos e regras determinados por essa ciência.
A antropologia, portanto, é uma ciência que se dedica ao estudo aprofundado do ser humano e
suas relações, é um termo de origem grega, formado por anthropos (homem, ser humano) e
logos (conhecimento). Sendo uma das ciências sociais, a antropologia nasceu e se desenvolveu
ao longo do século XIX, tendo o objetivo de estudar e conhecer a cultura e a diversidade das
manifestações culturais dos diferentes povos no tempo e no espaço.
A Antropologia é a ciência que busca entender como o ser humano pode levar vidas tão
diferentes [...]. Essa diversidade estonteante da experiência humana é o objeto principal da
Antropologia. Podemos dizer que a Antropologia se dedica ao estudo da diferença, usando como
exemplos as várias formas que as sociedades escolheram para viver e organizar sua coletividade
[...] (Machado, 2016, p. 14).
Para a antropologia, o autoconhecimento da própria cultura passa necessariamente pelo
conhecimento de outras culturas. Nesse sentido, “devemos especialmente reconhecer que
somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única” (Oliveira; Costa, 2016, p. 58).
Esse é, portanto, o “espírito” que se deve adotar nos estudos sobre educação e diversidade, tendo
em vista as múltiplas possibilidades e pontos de vista com que as culturas podem (e devem) ser
analisadas e compreendidas.
Multiculturalismo, etnocentrismo e relativismo cultural
Ao longo da história e desenvolvimento da antropologia, há diferentes abordagens em relação ao
entendimento do conceito de cultura, que varia de acordo com a perspectiva metodológica
adotada. Evolucionismo social, relativismo cultural, funcionalismo, estruturalismo, entre outras,
são exemplos de algumas das correntes da antropologia. Para os propósitos desses estudos em
educação e diversidade, as noções relacionadas ao conceito de cultura serão realizadas a partir
das diferentes perspectivas: multiculturalismo, etnocentrismo e relativismo.
O multiculturalismo parte da premissa da existência de sociedades multiculturais, ou seja, de que
diferentes culturas coexistem no interior de um mesmo espaço social, e suas relações podem se
dar por aceitação, podendo ser até híbridos quanto à inclusão do outro na condução política e
econômica de uma determinada sociedade; de tolerância, como o próprio termo de�ne, ou seja,
quando as culturas se toleram em uma mesma sociedade, mesmo que os interesses da cultura
dominante prevaleça, mas sem que ocorra a aceitação; ou de con�itos, quando se percebem
manifestações de diversas formas de violência, por meio de ações preconceituosas e/ou
discriminatórias praticadas por indivíduos e grupos.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Figura 1 | Diversidade cultural - Pure Diversity, Mirta Toledo (1993). Fonte: Wikimedia Commons. 
Multiculturalismo é um termo que indica a existência decorpo docente contribuem com a
representatividade?
Sempre que possível, aprofunde os seus conhecimentos, explore a Biblioteca Virtual e faça a
leitura das referências indicadas neste material, entre outros. Organize um planejamento e
desenvolva o autoestudo. Desejamos a você excelentes estudos!
Vamos Começar!
Você vai estudar nesta aula a educação humanista e inclusiva, um dos eixos para re�etir sobre as
relações entre educação, diversidade e desigualdade. Nesses estudos, é importante relembrar da
concepção de Paulo Freire sobre a educação popular e relacioná-la a escopo dos objetivos
propostos para a disciplina, de pensar as diversidades a partir da perspectiva do respeito e da
inclusão, bem como de compreender a importância das políticas públicas voltadas para a
inclusão social, o respeito à diversidade e as ações a�rmativas.
Políticas públicas de educação, inclusão e ações a�rmativas
A Declaração Universal dos Direitos Humanos explicita que “toda pessoa tem direito à
educação”. O Brasil é signatário dos valores universais dos direitos humanos, constituídos
mediante lutas sociais históricas. Na Constituição “Cidadã” de 1988, documento que marca o
processo de redemocratização do país, após anos de regime ditatorial, há um entendimento claro
a respeito da compreensão e da importância de valorizar e reconhecer os direitos humanos.
A construção dos direitos humanos relaciona-se com a perspectiva dos direitos de cidadania:
direitos civis, direitos políticos e direitos sociais (Marshall, 1967 apud Machado, Amorim, Barros,
2016). Cidadania é uma condição que permite àquele que é cidadão participar como igual da
discussão política, com uma reivindicação de que todos participem da “herança comum” da
sociedade, da riqueza que ela produz e da discussão sobre os valores que a sustentam. Observe
as características dos direitos de cidadania: 
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Direitos civis: aqueles que permitem ao cidadão exercer sua liberdade individual. Por exemplo, o
direito de cada um dizer o que pensa (liberdade de expressão), o direito de acreditar na religião
que quiser (ou não acreditar em nenhuma), o direito de fazer acordos e contratos com outros
cidadãos e o direito à propriedade. Os direitos civis foram os primeiros a surgir na Inglaterra, se
consolidando a partir do século XVII.
Direitos políticos: são aqueles que permitem ao cidadão participar do exercício do poder político.
São exemplos de direitos políticos o direito ao voto, o direito de se organizar com outros
cidadãos para defender propostas (incluindo aí o direito a formar partidos políticos) e o direito de
ser eleito para cargos políticos. Os direitos políticos se consolidaram na Inglaterra entre o �nal do
século XIX e o começo do século XX, primeiro com a ampliação do direito ao voto para todos os
homens e depois com o reconhecimento dos direitos políticos das mulheres.
Direitos sociais: são aqueles que garantem ao cidadão um mínimo de bem-estar econômico e
uma vida digna, de acordo com o padrão do país e da época. São exemplos de direitos sociais o
direito à educação, à saúde, a uma aposentadoria na velhice ou em caso de invalidez. Os direitos
sociais ganharam força no século XX, quando os movimentos operários europeus conseguiram
obrigar o Estado a prover a todos os cidadãos saúde e educação públicas, entre outros direitos
(Machado, Amorim, Barros, 2016, p. 291-292).
T. Marshall identi�cou três tipos de direitos que formaram a cidadania moderna na Inglaterra
(Marshall, 1967 apud Machado, Amorim, Barros, 2016). Obviamente que devemos analisar o
conceito de cidadania e perceber as particularidades e condições histórico-sociais de cada país,
levando em consideração os avanços e retrocessos em relação à conquista desses direitos,
quando se analisa a formação do Brasil, por exemplo. 
O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos (1979 apud Oliveira; Costa, 2016) a�rma
que, no Brasil, vivemos uma cidadania regulada, ou seja, esses direitos não são previstos em sua
totalidade para toda a população brasileira, especialmente para a população pertencente às
classes menos abastadas social e economicamente. De forma diferente dos países
desenvolvidos, “no Brasil, os direitos sociais foram implementados antes dos direitos civis, que
continuavam totalmente precários, e dos direitos políticos que praticamente deixaram de existir
durante o regime autoritário de 1937 a 1945” (Oliveira; Costa, 2016, p. 187).
Em meio à construção desses direitos, é preciso levar em consideração as mudanças sociais e
políticas de nosso país ao longo do século XX. O Art. 6º da Constituição Federal diz que: “São
direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição” (Brasil, 1988). Perceba que a educação é entendida
como um dos direitos sociais garantidos pela nossa Constituição e, nesse sentido, o Estado
brasileiro deve reunir esforços junto à sociedade civil para a garantia e manutenção desse direito
básico.
A Constituição Federal, em seu Art. 6º, diz que, além de outros direitos elementares, todos os
cidadãos têm direito à educação, e sabemos que a educação transforma realidades. As políticas
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
públicas voltadas à educação, como a Carta Magna, são ferramentas indispensáveis, que ajudam
a construir sociedades mais justas, igualitárias e inclusivas.
É por meio das políticas públicas educacionais que os instrumentos possíveis de correção (e/ou
mitigação) de partes dessas distorções sociais históricas, promovidas pelas contradições entre
as classes sociais, remontando o contexto de formação histórica, social e política brasileira,
podem acontecer. A ideia é que, em conjunto, essas políticas sirvam para o combate de formas
de discriminação, de desigualdades diversas em sociedades como nossa.  
As políticas públicas educacionais caracterizam-se por programas, estratégias e iniciativas
implementadas por governos, com vistas a melhorar o sistema educacional de modo geral, bem
como garantir o acesso equitativo à educação de qualidade. Essas políticas são essenciais para
garantias de acesso universal à educação e cultura, a todas as pessoas, de modo que possam
receber uma ação de qualidade, de melhora na qualidade de ensino, ou de redução (ou
mitigação) das formas diversas de desigualdade, e a inclusão de pessoas com de�ciência, por
exemplo.
As políticas de inclusão visam garantir que todos os indivíduos sejam incluídos na sociedade e
tem como objetivos buscar a acessibilidade, o respeito, a diversidade, o combate à discriminação
e desenvolver a participação cidadã. As ações a�rmativas são políticas ou práticas que se
objetivam por corrigir desigualdades históricas e promover a inclusão de grupos que foram
historicamente marginalizados. As cotas para o acesso a universidades e concursos públicos
são exemplos de políticas de ações a�rmativas, pois buscam justiça social, redução de
disparidades, desa�os e controvérsias. 
 
 
Siga em Frente...
A escola como preparação para uma cidadania global
A escola, como meio de educação formal, é uma instituição que, a partir de seus valores e
princípios orientadores, contribuiu para moldar e preparar os indivíduos para o exercício da
cidadania, do ponto de vista global. Sabemos que muitos problemas enfrentados atualmente
pela humanidade em escala global dependem de ações coordenadas e integradas, envolvendo a
participação de pessoas que habitam os quatro cantos do planeta.
Os desa�os para pensar nas possibilidades da cidadania em âmbito global, e na perspectiva dos
povos habitantes do eixo sul do globo, constituídos historicamente através de relações de
dominação, são ainda maiores quando tomamos como referência as epistemologias do Sul,
segundo Boaventura de Sousa Santos.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
A turbulência hoje vivida pela constelação dos direitos humanos também permite entreverhorizontes promissores para as agendas emancipatórias apostadas em superar os
entendimentos convencionais dos direitos humanos. Estes horizontes, que vão se desenhando
em várias regiões do mundo, apontam para um efetivo reconhecimento da inesgotável
experiência do mundo à luz das epistemologias do Sul, na persuasão de que a compreensão do
mundo excede em muito a compreensão ocidental do mundo. [...]
Identi�co três tensões que, ao mesmo tempo, são constitutivas da presente turbulência e
representam um desa�o para uma ressigni�cação emancipatória dos direitos humanos à luz das
epistemologias do Sul. A primeira diz respeito à tensão entre o direito ao desenvolvimento e a
incessante devastação ambiental do planeta. A segunda refere-se à tensão entre as aspirações
coletivas de povos indígenas, afrodescendentes e camponeses e o individualismo que marca o
cânone originário dos direitos humanos. A terceira refere-se à tensão que resulta da inadequação
da linguagem de direitos, e em particular dos direitos humanos, para reconhecer a existência de
sujeitos não humanos (Santos, 2019, p. 39-40). 
Figura 1 | Estudantes indígenas, Sergio Amaral/MDS. Fonte: Wikimedia Commons. 
Com isso, pertencendo à realidade dos países do sul global, obviamente que cada país com as
suas particularidades, pode-se perceber a importância da escola na problematização dessas
questões que colocam em xeque a lógica do modelo de produção e de sociabilidade adotados
no capitalismo, que se realiza essencialmente pela exploração (extração) de recursos da
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
natureza e mediante a exploração da classe trabalhadora, além do estabelecimento de uma
relação assimétrica e de dominação com os países colonizados. 
No Brasil, com as reformas educacionais vigentes advindas com a BNCC, houve a reorganização
dos conteúdos por competências e habilidades distribuídas nas áreas de conhecimentos:
linguagens e interpretação de textos, matemática e questões relacionadas ao raciocínio lógico,
ciências da natureza e ciências humanas. No entanto, sabemos que a escola, em perspectiva
voltada aos valores da educação popular, deve trabalhar as dimensões do conceito de cidadania,
proporcionando aos estudantes re�exões e estudos críticos acerca dos problemas sociais,
políticos e ambientais da sociedade em que estão inseridos.
Pensar a sociedade na qual estamos inseridos leva-nos a re�etir sobre aspectos múltiplos,
determinados em âmbitos local, nacional e global, ou seja, essas dimensões estão interligadas
para uma cidadania geral. Parte-se da premissa de que as escolas podem contribuir para formar
cidadãos conscientes em torno das questões globais, possibilitando re�exões e situações que
inserem o indivíduo no mundo.
Por ser a escola o lugar por onde o indivíduo, inserido em uma coletividade diversa, pode
conhecer questões relacionadas à cidadania, essa instituição deve se fazer presente na vida de
todos os indivíduos, pois todos devem ter esse direito garantido. Além disso, a criança e o
adolescente não podem ter esse direito cerceado eventualmente pelos seus responsáveis.
Escola, educação e diversidade, portanto, são conceitos inter-relacionados.
A escola prepara os cidadãos para a vida em sociedade em um contexto de globalização das
relações econômicas. Sob o manto da educação e da diversidade, é preciso o estabelecimento
de uma proposta multicultural e intercultural de ensino, que parta do princípio do reconhecimento
da coexistência de múltiplas culturas em nossa sociedade.
Ainda sobre educação e diversidade, devemos nos lembrar sempre da proposta da educação em
direitos humanos, direitos inalienáveis a qualquer cidadão. Com isso, espera-se que possa haver
o reconhecimento da diversidade cultural, mediante o exercício da alteridade, da empatia e da
tolerância. Ademais, a escola, como preparação para a cidadania global, deve estar também
preocupada com a questão da sustentabilidade e da conscientização ambiental.
Representatividade: materiais didáticos, currículos, corpo docente
Você pode perceber que todas essas questões para as quais a escola deve estar preparada na
construção e exercício de uma cidadania em âmbito global, leva-nos a pensar em todos os
elementos que envolvem o processo de ensino e aprendizagem no dia a dia. Isto é, do currículo
ao livro didático, do corpo docente aos componentes curriculares, dos órgãos colegiados da
escola às instâncias deliberativas da comunidade escolar, todos estão envolvidos.
A diversidade presente no conjunto de elementos da escola, que nada mais é que o re�exo da
sociedade em que estamos inseridos, deve ser contemplada pela questão da representatividade
diversa e plural da sociedade brasileira. Isso contribui com a promoção da igualdade de
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
oportunidades na educação, de forma equitativa e igualitária. Quando os currículos, os materiais
didáticos e o corpo docente agem de forma articulada com a representatividade, a escola torna-
se mais inclusiva e democrática. Com isso, contribui para formar cidadãos conscientes e
engajados para a vida em sociedade e para o exercício da cidadania global.
Os materiais didáticos são ferramentas indispensáveis, que auxiliam o trabalho do professor na
mediação com os alunos no processo de ensino e aprendizagem. Livros, apostilas, textos,
plataformas, aplicativos e outras ferramentas na web, entre outros, são exemplos de materiais
didáticos. Desses materiais, especialmente os livros didáticos devem estar atualizados com a
legislação vigente, como, por exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei 10.639/03,
que torna o ensino da história e cultura afro-brasileira obrigatório, e a Lei 11.645/08, que torna o
ensino da história e cultura dos povos indígenas também obrigatório. 
Essas legislações reforçam as identidades sociais e culturais, suas histórias e perspectivas
diversas, essenciais por abordar a diversidade cultural e a diferença com que se constitui a
população brasileira. Nesse sentido, devem abarcar situações e exemplos de diferentes
abordagens socioeconômicas, culturais, étnico-raciais, de gênero etc., tendo suas histórias de
vida mostradas e valorizadas.
A matriz curricular deve estar alinhada aos documentos e legislação norteadores da educação
básica promulgados desde a Constituição Cidadã de 1988: a Lei de Diretrizes e Bases (1996),
que introduz as áreas de sociologia e de �loso�a, indispensáveis para a formação cidadã, as
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (2013), que orientam as instituições
de ensino a organizarem seus currículos de acordo com a região e contexto em que se insere, e a
Base Nacional Comum Curricular (2017), exemplos de alguns dos documentos norteadores para
trabalhar a questão da diversidade, da diferença e das identidades em nossas escolas.
 O currículo e as matrizes curriculares devem se preocupar em contemplar a diversidade cultural
e as identidades, bem como a legislação e os documentos orientadores para a educação básica.
Assim, devem ser incorporados no currículo e matrizes autores, cientistas, líderes e pensadores
de diferentes origens e abordagens interdisciplinares que tratem das questões sociais e
culturais.
Nessa mesma perspectiva, o corpo docente das unidades educacionais deve ser diversi�cado do
ponto de vista social e cultural. Deve contemplar, ao máximo possível, as características da
diversidade cultural e das identidades, ou seja, as identidades étnico-raciais e culturais nas
escolas devem re�etir a nossa sociedade. É interessante que os estudantes se sintam
representados pelo corpo docente, bem como em outras situações de liderança, coordenação ou
direção na escola. Isso pode representar uma variedade da diversidade humana, que contribui
para o desenvolvimento de formas e práticas de eliminação do preconceito, da intolerância e da
discriminação.
Podemos perceber, en�m, a necessidade de evidenciar a questão da cidadania e o papel da
escola nesse processo, para que seja possível re�etir sobre a necessidade de retomarconstantemente as condições e determinações de nossa formação social e histórica. Para isso,
é necessário apontar as contradições e os con�itos. Veja a importância de um modelo de
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
educação inclusiva a ser adotado pela escola, para que as formas diversas de desigualdades
possam assim ser reduzidas! A�nal, como apontou Wanderley Guilherme dos Santos, a cidadania
no Brasil é uma corrida de obstáculos (Oliveira; Costa, 2016, p. 186). Por isso, a educação
inclusiva é fundamental, para que possamos superar esses obstáculos e, algum dia, conquistar
todas as dimensões do conceito de cidadania de forma plena para toda a população brasileira e
mundial. 
Vamos Exercitar?
Chegamos ao �nal desta aula e, para isso, devemos nos lembrar dos questionamentos iniciais:
qual a importância das políticas públicas de educação, inclusão e ações a�rmativas em uma
sociedade como a brasileira, constituída historicamente pelas formas diversas de
desigualdades? Você estudou que, no Brasil, a construção dos direitos de cidadania se dá de
forma diferenciada em relação aos países desenvolvidos. De acordo com o que aprendemos, “no
Brasil, os direitos sociais foram implementados antes dos direitos civis, que continuavam
totalmente precários, e dos direitos políticos que praticamente deixaram de existir durante o
regime autoritário de 1937 a 1945” (Oliveira; Costa, 2016, p. 187) e, se acrescentarmos, durante a
ditadura militar.
Você estudou que as políticas públicas educacionais se caracterizam por programas, estratégias
e iniciativas desenvolvidas por governos para a melhoria do sistema educacional de modo geral.
A ideia consiste em garantir o acesso equitativo à educação de qualidade. Já as políticas de
inclusão visam garantir que todos os indivíduos sejam incluídos na sociedade e têm como
objetivos trazer a acessibilidade, o respeito, a diversidade, o combate à discriminação e
desenvolver a participação cidadã. As ações a�rmativas, por sua vez, são políticas ou práticas
que objetivam corrigir desigualdades históricas e promover a inclusão de grupos que foram
historicamente marginalizados.
Como as escolas podem contribuir para uma cidadania global? Você aprendeu que a escola,
pertencente ao sul global, é uma instituição bastante importante que contribui com a
problematização de questões que colocam em xeque a lógica do modelo de produção e de
sociabilidade adotados no capitalismo. Você percebeu que pensar a sociedade envolve-nos a
re�etir sobre aspectos múltiplos determinados em seus âmbitos local, nacional e global, pois são
dimensões interligadas em uma cidadania geral.
Você estudou que a escola prepara os cidadãos para a vida em sociedade e em meio a um
contexto de globalização das relações econômicas. A �m de preparar a escola para a cidadania
global, é preciso o estabelecimento de uma proposta multicultural e intercultural de ensino, de
uma educação em direitos humanos, além de a escola estar também preocupada com a questão
da sustentabilidade e da conscientização ambiental.
De que maneira a escola, seus materiais didáticos, currículos e corpo docente contribuem com a
representatividade? Você estudou que, quando currículos, materiais didáticos e corpo docente
estão articulados com a representatividade, a escola torna-se mais inclusiva e democrática. A
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
diversidade presente no conjunto de elementos da escola deve ser contemplada pela questão da
representatividade diversa e plural de nosso povo, a�nal, a escola é re�exo da sociedade. A
escola, nessa perspectiva, pode contribuir para a formação de cidadãos conscientes e engajados
para a vida em sociedade e para o exercício da cidadania global, promovendo oportunidades na
educação, de forma equitativa e igualitária.
Saiba mais
Políticas Públicas de educação, inclusão e ações a�rmativas
Saiba mais! Para aprofundar os seus conhecimentos sobre as políticas públicas de educação,
inclusão e ações a�rmativas, sugerimos a leitura do artigo Políticas a�rmativas e inclusão:
formação continuada e direitos, de Cristina Miyuki Hashizume e Maria Dolores Fortes Alves.
Nesse ensaio, as autoras discutem as políticas a�rmativas e os direitos dos estudantes com
de�ciência e abordam o histórico das políticas a�rmativas no Brasil, tecendo re�exões a partir da
educação inclusiva.
A escola como preparação para uma cidadania global
Para o aprofundamento dos estudos acerca da cidadania em sua dimensão global,
recomendamos a leitura do Capítulo 1 – Direitos Humanos, democracia e desenvolvimento, do
livro O pluriverso dos Direitos Humanos: a diversidade das lutas pela dignidade, do livro de
Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins (orgs.). Nesse capítulo, Boaventura de Sousa
Santos analisa as tensões e assimetrias que os direitos humanos terão de considerar para se
constituírem enquanto uma efetiva gramática de contra-hegemonia. O sociólogo analisa a
necessidade de uma tradução intercultural entre valores da matriz ocidental e princípios não-
ocidentais da dignidade humana.
Representatividade: materiais didáticos, currículos, corpo docente
Para o aprofundamento dos estudos sobre a questão da representatividade em materiais
didáticos, currículo e corpo docente, indicamos a leitura do Capítulo 4 – O relativismo cultural, o
respeito à diversidade e a Lei n. 10.639, do livro Relações étnico-raciais para o ensino da
identidade e da diversidade cultural brasileira, de Mario Sergio Michaliszyn. Nesse capítulo, o
autor apresenta algumas possibilidades de intervenção na escola para que se contemple a
identidade e diversidade cultural brasileira.  
 
 
Referências
https://www.scielo.br/j/delta/a/8j7NS7XTVMDTyHstDmRTxJs/#
https://www.scielo.br/j/delta/a/8j7NS7XTVMDTyHstDmRTxJs/#
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/194737/epub/8?code=SOuW7mQhJq31ut5AwOiJssCVjHaLRz+ZEsEsjCS1obaPzUKAu9Kn9h63m85VsZH/F7rR47XGzneF86lCDK2ShQ==
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Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
BARBOSA, A. C. A. et al. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional
S.A., 2014.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidente da
República, 1988.
MACHADO, I. J. de R.; AMORIM, H.; BARROS, C. R. de. Sociologia hoje: ensino médio. São Paulo:
Ática, 2016.
OLIVEIRA, L. F. de; COSTA, R. C. R. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor. Rio
de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
SANTOS, B. de S. Direitos humanos, democracia e desenvolvimento. In: SANTOS, B. de S.; 
MARTINS, B. S. O pluriverso dos direitos humanos: a diversidade das lutas pela dignidade. Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2019. p. 39-61.
Aula 5
Encerramento da Unidade
Videoaula de Encerramento
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Bons estudos!
Ponto de Chegada
Olá, estudante! Para desenvolver a competência desta unidade, que é reconhecer um arcabouço
teórico-conceitual sobre a formação das identidades socioculturais e o papel da educação,
cooperando com a a�rmação dos direitos humanos, com o reconhecimento e com valorização
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
da diversidade, você deve ter em mente alguns conceitos socioantropológicos fundamentais
para os estudos sobre educação, diversidade e desigualdade.
Diversidade social e cultural
Reconhecer a formação da diversidade sociocultural e valorizar essa diversidade em nosso meio
social está compreendido na competência desta unidade. O conceito de cultura deve ser
entendido a partir de uma perspectiva plural e diversa, ou seja, partindo da concepção de que
todo ser humano é um ser cultural e convive social e culturalmente com outros povos. Ele
depende de outros seres humanos para a realização da sua vida social.
Seres humanos possuem diferenças, assim, em educação e diversidade, a diferença e a
diversidade devem ser respeitadas e preservadas. Nos estudos sobre cultura, existem diferentes
de�nições acerca da forma de abordar essa qualidade humana. O multiculturalismo parte da
ideia de que diferentes culturas coexistem no interior de um mesmo espaço social.
No campo da antropologia, há diferentes correntes teórico-metodológicas: o etnocentrismo parte
do ponto de vista do observador, levando em consideração a sua própria etnia no centro de tudo;
e o relativismo cultural parte da perspectiva de que cada cultura deve ser analisada de acordo
com os seus próprios termos e prede�nições.
Identidade e diferenças
A identidade é um conceito-chave para os estudos das diferenças socioculturais. Reconhecer as
identidades sociais e culturais corresponde à demarcação e estabelecimento das diferenças. A
disciplina de educação e diversidade toma como premissa o reconhecimento das características
socioculturais dos povos diversos que habitam um mesmo lugar.
A sociologia e a antropologia, por sua vez, contribuíram com os estudos sobre identidade. Entre
eles, podemos elencar Stuart Hall (2006) e Zygmunt Bauman (2001): o primeiro indica diferentes
características da identidade a partir do advento da modernidade – sujeito do iluminismo, sujeito
sociológico e sujeito pós-moderno. O sujeito pós-moderno, atrelado às mudanças sociais
advindas a partir da década de 1970 e também sob a in�uência das novas tecnologias de
informação e comunicação, estaria sendo in�uenciado pelas múltiplas identidades que
constituem o per�l dos indivíduos. Isto é, acreditava-se que o sujeito até possuía um núcleo
“cultural”, mas �xo, imutável, pois mantinha um diálogo contínuo com as culturas com as quais
entrava em contato. Para Bauman (2001), a identidade na modernidade torna-se algo líquido, os
indivíduos incorporam outros elementos culturais, de forma mais �uida e �exível, se comparada
ao contexto histórico anterior, marcado pela rigidez. A modernidade líquida, portanto, não
consegue preservar a sua forma por muito tempo.
A identidade possui algumas características: circunstancial, referindo-se às características
atribuídas a um indivíduo inserido em uma sociedade com base em fatores externos, muitas
vezes fora de seu controle; dinâmica, pois está sujeita a mudanças ao longo do tempo, como
algo �uido, que se adapta segundo as condicionantes da vida; e contrastiva, algo motivado pelo
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
próprio indivíduo, ou seja, é a forma como as pessoas se de�nem em relação aos outros. Em
suma, podemos perceber a importância da alteridade e do reconhecimento do outro, conceito
elementar nos estudos em educação e diversidade. O exercício da alteridade é signi�cativo para
a construção de nossa própria identidade.
Preconceito, discriminação e desigualdades
As relações entre educação, diversidade e desigualdades devem ser analisadas de forma crítica,
a tomar como base a formação histórica e social do Brasil. Uma das expressões das diversas
formas de desigualdades são as discriminações praticadas pela não aceitação da diferença.
Nesse caso, enquanto estudiosos da disciplina de educação e diversidade, precisamos de�nir
corretamente os signi�cados de preconceito e discriminação: preconceitos são julgamentos ou
percepções antecipadas sobre as pessoas, crenças ou sentimentos; e discriminação é o
tratamento diferenciado e/ou exclusão diante de características especí�cas da pessoa ou grupo
social e corresponde à materialização de atos preconceituosos que se conectam a processos
culturais de identidade e alteridade, e à maneira com que lidamos com a diferença. As práticas
discriminatórias surgem, na maioria das vezes, motivadas por formas de desigualdades
ocasionadas pela distribuição desigual de recursos, gerando o fenômeno da pobreza. Essas
questões são importantes de serem analisadas e relacionadas com a educação, o que nos leva a
entender as características do modo de produção capitalista em que estamos inseridos, como
procurou fazer Karl Marx. Nesse sentido, faz-se necessário re�etir sobre as possibilidades de
inclusão que a educação proporciona e, com isso, alcançar a mudança social para uma
sociedade mais justa, inclusiva e democrática.
Educação inclusiva e humanista
Diante das condições e determinações sociais, econômicas e culturais com que nos
constituímos enquanto população brasileira ao longo de nossa formação, caracterizadas pelas
desigualdades sociais e a distribuição desigual de renda, poder e oportunidades, é preciso
pensar na redução das formas diversas de desigualdades: econômica, social, política, étnico-
racial, gênero, educacional, regional, entre outras. Sobretudo quando nos inserimos em um país
marcado historicamente pelas desigualdades, as políticas públicas de educação, inclusão e
ações a�rmativas são fundamentais para que seja possível a construção de uma sociedade justa
e igualitária. Essas políticas caracterizam-se por programas, estratégias e iniciativas
desenvolvidas por governos para a melhoria da educação e da sociedade. As políticas de
inclusão visam à garantia da inclusão de todos a partir da acessibilidade, do respeito, da
diversidade, do combate à discriminação e do desenvolvimento da participação cidadã. Já as
ações a�rmativas são políticas ou práticas com o objetivo de corrigir desigualdades históricas e
promover a inclusão de grupos historicamente marginalizados. Mediante o conjunto de políticas
públicas educacionais, de inclusão e de ações a�rmativas, a escola busca se preparar para a
cidadania global, mediante uma proposta multicultural e intercultural de ensino, preocupada com
os direitos humanos, a sustentabilidade e a conscientização ambiental. Para auxiliar esse
processo, você pode perceber a importância da representatividade nos currículos, materiais
didáticos e corpo docente, no qual deve atuar de forma articulada, contemplando a diversidade
plural de nosso povo, e entendendo a escola como re�exo da sociedade.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
É Hora de Praticar!
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No estudo de caso desta unidade, imagine-se como um educador de uma escola localizada em
uma cidade de médio porte, constituída pela integração de múltiplas etnias ao longo de sua
formação histórica. Nesse sentido, a escola atende uma população diversi�cada social e
culturalmente, composta por alunos de diferentes origens étnicas, culturais e socioeconômicas.
A escola vem enfrentando muitos desa�os relacionados à questão da diversidade social e
cultural, especialmente nos últimos anos, diante do agravamento de con�itos relacionados à
discriminação e à intolerância.
Entre os principais desa�os enfrentados pela escola nas questões relacionadas à diversidade
social e cultural, tem-se percebido que a diversidade não é totalmente re�etida nos currículos,nas práticas pedagógicas e na organização dos órgãos colegiados. A escola acaba priorizando a
história da cultura da Europa ocidental em seu currículo, em detrimento de outras formas de
saberes e conhecimentos. Quanto às questões relacionadas à identidade e às diferenças, os
estudantes dessa escola têm enfrentado desa�os relacionados à expressão de sua identidade,
seja ela étnica, cultural, de gênero ou de orientação sexual. Além disso, houve o aumento do
número de casos de preconceito e/ou discriminação em decorrência da falta de compreensão e
respeito pela diversidade de identidades na comunidade escolar, registrados com maior
frequência recentemente na escola. Outro desa�o para a escola é fazer uma abordagem
inclusiva e humanista em educação, a �m de minimizar a marginalização de certos grupos
sociais. Por �m, tem-se veri�cado a falta de recursos no apoio a alunos com necessidades
especiais.
Como vimos, são muitos os desa�os relacionados à educação e à diversidade. Diante dessa
situação, em que medida você, na condição de educador dessa escola, poderia contribuir com a
resolução de alguns desses desa�os colocados, tendo em vista um modelo de educação mais
inclusivo, democrático e pautado na diversidade e na valorização das identidades sociais e
culturais? Quais as suas sugestões para a diminuição (ou erradicação) de casos de preconceito,
discriminação e violência que têm acontecido na escola? De que modo você acredita ser possível
desenvolver, articulado com a direção, educadores, órgãos colegiados e comunidade escolar, um
modelo de educação representativa na escola, re�etindo a diversidade social e cultural daquela
sociedade?  
Você pode aprofundar suas re�exões sobre o caso apresentado por meio das seguintes
questões: 
1. Qual a importância dos conceitos de diversidade sociocultural e de identidade para os estudos
em educação?
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
2. Quais as relações entre preconceitos e discriminações com a distribuição desigual de
recursos, poder e oportunidades?
3. Com quais ações é possível desenvolver uma educação mais inclusiva e humanista na
escola? 
Prossiga com a leitura para saber como o desa�o exposto pode ser solucionado!
Para a resolução desse estudo de caso sobre as relações entre educação, diversidade e
desigualdade, em que nos compete reconhecer a formação das identidades socioculturais e o
papel da educação com o reconhecimento da valorização da diversidade, é preciso retomar a
importância de compreender a diversidade sociocultural e os processos de formação das
desigualdades em nosso país.
Retomando a atividade proposta para esta unidade, em que medida você, na condição de
educador da �ctícia escola, poderia contribuir com a resolução de alguns dos desa�os
apresentados, tendo em vista um modelo de educação mais inclusivo, democrático e pautado na
diversidade e na valorização das identidades sociais e culturais? Quais as suas sugestões para a
diminuição (ou erradicação) de casos de preconceito, discriminação e violência que têm
acontecido na escola? De que modo você acredita ser possível desenvolver, articulado com a
direção, educadores, órgãos colegiados e comunidade escolar, um modelo de educação
representativa na escola, re�etindo a diversidade social e cultural daquela sociedade?
Primeiramente, você deve ter em mente que, em educação, não se faz nada sozinho, mas com
parcerias e apoio, envolvendo o maior número de atores sociais na realização de múltiplos
projetos. Você pode contribuir, ajudando a revisar e adaptar os currículos e as matrizes
curriculares de acordo com a diversidade cultural e social dos estudantes demonstrados naquela
sociedade. A ideia é que a diversidade seja re�etida nesses documentos orientadores,
demonstrando saberes e conhecimentos das mais diversas origens, como a história e cultura
africana, afro-brasileira e indígena. Você também pode contribuir propondo atividades
integradoras em todos os componentes curriculares a partir da abordagem de temáticas
relacionadas à diversidade, à igualdade e à justiça social, de modo a contemplar os aspectos da
formação social e histórica de nosso país, em perspectiva crítica. Além disso, você pode propor o
desenvolvimento de ações e programas de sensibilização que promovam a compreensão, o
respeito e a empatia entre os estudantes, professores e comunidade escolar.
Em conjunto com a direção da escola, os órgãos colegiados e outros educadores, você pode
sugerir o desenvolvimento de ações e atividades formativas sobre práticas pedagógicas
inclusivas, enfatizando a sensibilidade cultural e social. Além disso, você pode sugerir que se
aplique a diversidade no corpo docente da escola, promovendo uma representação mais ampla
das diferentes origens e experiências sociais e culturais. Para os estudantes em situação de
vulnerabilidade, você pode sugerir que haja meios de acolhimento e de orientação educacional,
além de recursos pedagógicos que possibilitem a inclusão dos estudantes em situação de
vulnerabilidade.
Com isso, espera-se que o conjunto de ações propostas, envolvendo as colaborações dos
demais atores da escola, promovam uma cultura mais inclusiva e humanista, fazendo com que
todos os estudantes se sintam incluídos naquela realidade educacional. A educação focada em
diversidade e igualdade tem o potencial de promover um ambiente mais justo e igualitário,
mediante a perspectiva humanista, por meio de práticas e políticas que promovam a inclusão e a
igualdade entre todos os estudantes.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Para que você assimile os conteúdos trabalhados durante a jornada desta unidade, inserimos um
mapa mental que retoma os elementos essenciais e suas correlações para trabalhar educação e
diversidade na escola.
Fonte: elaborada pelo autor.
BARBOSA, A. C. A. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A.,
2014. 
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidente da
República, 1988.
GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
MACHADO, I. J. de R.; AMORIM, H.; BARROS, C. R. de. Sociologia hoje: ensino médio. São Paulo:
Ática, 2016.
MOREIRA, A. F.; CANDAU, V. M. (orgs.). Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas
pedagógicas. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
OLIVEIRA, L. F. de; COSTA, R. C. R. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor. Rio
de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
PAULA, C. R. de. Educar para a diversidade: entrelaçando redes, saberes e identidades. Curitiba:
InterSaberes, 2013.
PRADO JUNIOR, C. História Econômica do Brasil. 43. ed. São Paulo: Brasiliense, 2012.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017. 
SANCHES, W.; ALENCAR, M. G. de; FERREIRA, L. A. S. Sociologia crítica. Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S. A., 2016.
SANTOS, B. de S.;  MARTINS, B. S. O pluriverso dos direitos humanos: a diversidade das lutas
pela dignidade. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
SANTOS, J. L. O que é cultura. 14. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.
,
Unidade 2
Educação E Políticas Da Diferença
Aula 1
Educação e Violências
Educação e violências
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Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Você vai estudar nesta aula as relações entre educação, as políticas da diferença e as formas de
violência cotidianamente reproduzidas em nossa sociedade, pautada pelo modo de produção
capitalista. Você conhecerá,de forma introdutória, a perspectiva crítica do sociólogo Pierre
Bourdieu, sobretudo em suas análises sobre a reprodução da violência simbólica. Em seguida,
você vai estudar o fenômeno do epistemicídio, que se dá em meio ao contexto de disputa de
narrativas de conhecimento e das relações de poder. Com isso espera-se que você possa
compreender o papel da ideologia burguesa e como ela opera na escola e em nossa sociedade
nos dias atuais. Por �m, você vai estudar a intolerância na educação: produto e produtor da
sociedade, e as formas com que ocorre esse tipo de violência.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Para começar, vamos propor alguns questionamentos que nos ajudarão a conduzir a
problematização proposta para esta aula: quem é Pierre Bourdieu e qual a sua importância para
os estudos em educação e diversidade? Segundo Bourdieu, qual o signi�cado da teoria da
reprodução da violência simbólica? O que é epistemicídio? De que forma é possível perceber o
fenômeno do epistemicídio, ou seja, a morte da construção de conhecimento? O que signi�ca a
intolerância na educação? Quem produz e como se manifesta?
Abrindo os estudos da unidade sobre educação e políticas da diferença, convidamos você a
estudar e re�etir conosco acerca das problematizações, perspectivas, avanços e retrocessos em
relação à educação e suas correlações com as formas de violência na escola e na sociedade.
Bons estudos!  
Vamos Começar!
A partir de agora, você vai estudar as características das desigualdades oriundas das relações
presentes nas sociedades capitalistas modernas ocidentais, a partir da segunda metade do
século XX. Conhecerá um pouco mais da sociologia de Pierre Bourdieu e sua teoria da
reprodução simbólica. Você vai estudar as disputas de narrativas no campo da episteme e do
conhecimento cientí�co e o signi�cado do conceito de epistemicídio. Por �m, você vai retomar
essas discussões relacionando-as ao campo da educação e o fenômeno da intolerância.
Pierre Bourdieu e a teoria da reprodução da violência simbólica
A educação envolve muitos elementos para pensar a vida de uma sociedade. Quando se fala em
educação nos dias atuais, é fundamental acrescentar nesses estudos a perspectiva do sociólogo
Pierre Bourdieu, fundamental para re�etir sobre educação e diversidade. Pierre Bourdieu nasceu
em 1930, em Béarn, região rural de uma província periférica da França, �lho de operários,
pequenos comerciantes e camponeses. Ou seja, pode-se perceber a origem humilde e simples
do sociólogo francês.  
As contribuições de Pierre Bourdieu para a sociologia são muitas, e inovadoras, especialmente
nas áreas do pensamento cientí�co, no qual o sociólogo articula aspectos objetivos e subjetivos
no campo metodológico da pesquisa social. É uma contribuição também do ponto de vista
político, pois Bourdieu desenvolve uma sociologia engajada, ou seja, ele toma a questão das
desigualdades presentes na sociedade capitalista como o elemento central de suas análises.
A sociologia engajada de Pierre Bourdieu in�uenciou diversos estudos posteriormente, bem
como a ação de diversos cidadãos envolvidos nos movimentos sociais. Como você estudou na
unidade anterior, os novos movimentos sociais, que surgiram no �nal dos anos de 1960 e década
de 1970, lutavam por pautas ambientais, raciais, ambientais, de gênero, entre outras, que
emergiram naquele contexto cultural e político.
A teoria da reprodução da violência simbólica está presente na educação e seus sistemas de
ensino transmitidos pelas escolas e pelos centros educacionais, ou seja, está embrenhada na
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
estrutura da sociedade capitalista. Os tipos de conhecimentos, o sistema de avaliação, a
estrutura de ensino, entre outros, presentes no sistema educacional de uma escola, re�etem a
estrutura de dominação na sociedade capitalista hegemônica.
Figura 1 | Homem e conhecimento - Homem Vitruviano, Leonardo Da Vinci. Fonte: Wikimedia Commons.
É justamente nesse sentido que se percebe a importância do pensamento de Pierre Bourdieu
para pensar nas características das escolas e seus sistemas, modelos e métodos de ensino,
a�nal, eles reproduzem as desigualdades sociais e educacionais. Esses métodos de ensino são
tradicionais, segundo o sociólogo, do ponto de vista da manutenção do status quo vigente, e sua
estrutura de reprodução, que preserva os interesses da classe dominante.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
As premissas teórico-metodológicas trazidas na sociologia de Bourdieu mostram que o cientista
social (e o educador) deve descobrir as motivações pelas quais ocorre esse fenômeno social. No
entanto, deve-se descobrir: i) as causas objetivas, ou seja, a estrutura social e o cotidiano
vivenciado pelas pessoas; e ii) as razões subjetivas, isto é, as orientações/motivações
individuais, que estavam “em alta”, diga-se de passagem, sobretudo naquele contexto de maior
protagonismo por estudos em identidade e dos (novos) movimentos sociais. Para Bourdieu o
papel da ciência é compreender a articulação entre agência, ou seja, a ação do indivíduo, com a
estrutura, a realidade objetiva propriamente dita, que condiciona as ações dos indivíduos.  
Pierre Bourdieu desenvolve conceitos e problematizações importantes da estrutura social e sua
reprodução em seu livro A economia das trocas simbólicas. O conceito de capital em Bourdieu
corresponde à unidade de medida que determina a posição social de cada indivíduo no interior
de uma sociedade, a partir das relações e trocas simbólicas que ocorrem em diversos “campos”
da vida social. Capital, segundo Bourdieu, corresponde à quantidade e à qualidade de capital de
um agente, e de�ne a sua posição social, seu prestígio e seu poder. Capital político, capital
econômico, capital social, capital cultural, portanto, são exemplos de tipos de capital que os
seres humanos possuem como riqueza, fatores diferenciadores na estrutura social.
O campo social, para Bourdieu, corresponde à socialização dos indivíduos em meio à estrutura
social. Cada um dos campos se constitui por relações de força entre agentes e instituições, que
lutam entre si pelo domínio e hegemonia. O mundo social, segundo Bourdieu, se explica sendo
formado por campos, que nada mais são do que espaços, microcosmos, em que possuem uma
lógica própria de dinamicidade e organização.
Para Pierre Bourdieu, o habitus (hábito), ou seja, a maneira como estamos habituados a ser e
viver no convívio social, é a produção e reprodução das condutas individuais na vida em
sociedade. Esse conceito tem a ver com os sistemas simbólicos subjetivos, internalizados nos
indivíduos, tendo as instituições sociais papel importante nesse processo.  
A reprodução das desigualdades signi�ca a distribuição desigual de recursos, oportunidades e
poder, gerando a pobreza e suas diversas expressões. A reprodução das desigualdades se
realiza, nesse sentido, de forma sistemática e historicamente constituída e engendrada em
nossa sociedade. A distribuição desigual de recursos e a estrutura social estabelecida contribui
para determinar a posição social que cada indivíduo ocupa.
En�m, você pode perceber a importância das contribuições trazidas pela sociologia de Bourdieu
que enfatiza a articulação dos aspectos objetivo e subjetivo na análise cientí�ca do fenômeno da
reprodução da violência simbólica. No livro A reprodução: elementos para uma teoria do sistema
de ensino, Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron analisam a educação, os sistemas de ensino
e a violência simbólica como fenômeno que se reproduz nessa estrutura social.
A violência simbólica corresponde à existência de um con�ito, uma luta pelo poder, entre os
agentes no interior de um mesmo campo, e com outros agentes e demais campos. A violência
simbólica, segundo Bourdieu, é considerada legítima no interior de cada campo porque é vista
pelos agentes como própria do sistema. E esse tipo de violência se reproduz a partir da
convivência de suas vítimas.  
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Epistemicídio
A educação, os sistemas de ensino e a reproduçãoda violência simbólica são conceitos
entrelaçados com o conceito de epistemicídio: episteme, que signi�ca conhecimento; cídio, do
latim cide, é um elemento que exprime a ação que provoca a morte ou o extermínio de algo.
Epistemicídio, termo cunhado pelo sociólogo Boaventura Sousa Santos, que, aliás, você
conheceu na unidade anterior, corresponde à morte da construção do conhecimento. 
A escola, em conjunto com universidades, centros técnicos e/ou outras áreas de conhecimento
formativo estabelecidos na sociedade, são instituições ligadas ao conhecimento humano.
Nessas instituições, ensina-se o saber cientí�co construído ao longo da história sob in�uência do
pensamento ocidental. Como você já deve ter visto, existem diversos tipos de conhecimento:
cientí�co, �losó�co, religioso e popular (ou vulgar), que é o senso comum. Nesse sentido, o
conceito de cultura nos ajuda a re�etir sobre os diferentes tipos de conhecimento que são
produzidos e sua relevância, a partir de uma perspectiva multicultural.
No entanto, à luz da compreensão da educação e dos sistemas de ensino tradicionais, como os
que se veri�cam nos dias atuais, é preciso trazer à tona a teoria da reprodução da violência
simbólica, de Pierre Bourdieu, internalizada nas escolas e seus sistemas de ensino. Na
instituição de ensino transmite-se o conhecimento cientí�co, portanto, saberes interligados aos
conhecimentos, cultura e visão de mundo das classes dominantes. É a classe dominante quem
determina os tipos de conhecimentos a serem apreendidos na escola, bem como a moldagem de
seus currículos a serviço da reprodução das desigualdades sociais.
A reprodução da violência simbólica nas escolas acaba sendo, nesse sentido, uma forma de
violência constituída nas relações sociais e de poder que, por sua vez, relaciona-se ao
epistemicídio. Os estudos em educação e diversidade nos ajudam a pensar como a escola lida (e
tem lidado) com a questão das diferenças culturais nos sistemas de ensino, currículos e
matrizes curriculares. Quando pensamos na história da educação brasileira e as relações entre a
diversidade e as políticas da diferença, é preciso reconhecer os avanços, as rupturas e os
retrocessos ao longo do tempo.
As políticas públicas de educação inclusiva e as ações a�rmativas são exemplos de aspectos
positivos para a construção de um modelo de educação mais inclusivo e democrático, que
valorize a diversidade cultural nas últimas décadas. No entanto, é preciso avançar ainda mais e
reunir esforços para a construção de uma escola mais inclusiva, que não reproduza as
desigualdades sociais, mediante o constante pensar dos papéis dos educadores e de todos os
atores da escola, bem como o combate ao epistemicídio e em defesa da construção de
conhecimentos mais plurais e multiculturais.
A cultura escolar, segundo Bourdieu, é dominada pela cultura burguesa. O sistema educacional e
a estrutura social do modo de produção capitalista reproduzem as desigualdades sociais. É a
continuidade da reprodução de uma estrutura de dominação que preserva e mantém privilégios
historicamente constituídos em detrimento da exclusão de parcela signi�cativa da sociedade,
oriundos das classes populares (classe trabalhadora).
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Bourdieu e Passeron (1975) chamam a atenção para essa atitude da escola, isto é, o ato de
ignorar as diferenças culturais perante a educação, uma “violência simbólica”. Isso quer dizer que
a ação pedagógica envolve tanto a reprodução cultural quanto social. Assim, ela tem uma atitude
“arbitrária”, isto é, coercitiva, pois, apresenta a cultura dominante (das classes mais abastadas)
como uma cultura geral, concebida como uma “violência simbólica” (Previtalli; Vieira, 2017).  
[...] o sistema escolar cumpre uma função de legitimação cada vez mais necessária à
perpetuação da “ordem social” uma vez que a evolução das relações de força entre as classes
tende a excluir de modo mais completo a imposição de uma hierarquia fundada na a�rmação
bruta e brutal das relações de força (Bourdieu, 2001, p. 311). 
Pode-se perceber que o sistema escolar reproduz a ordem social vigente e o status quo
dominante, portanto, a violência simbólica, aquela produzida pela cultura dominante como uma
cultura geral, que todos devem seguir. E isso se demonstra com relação à construção do
conhecimento, no qual se priorizam os saberes das elites e culturas dominantes. A violência
simbólica praticada nas escolas e nos sistemas educacionais, nesse sentido, relaciona-se ao
epistemicídio.
A morte da construção do conhecimento, ou seja, quando não se prioriza a diversidade e
variedade de formas de pensamento e de conhecimentos, ainda que de modo imperceptível, do
ponto de vista da criticidade dos atores sociais, sinaliza para o fenômeno do epistemicídio. As
epistemologias (formas de conhecimento) transmitidas pelas instituições de ensino e a
educação reproduzem as formas de ver e de conhecer das culturas dominantes, e está presente
nos currículos e matrizes das escolas.
O Sul é, neste caso, um conceito epistêmico não geográ�co, uma metáfora dos conhecimentos
nascidos na luta. A diversidade de lutas é uma fonte de abundante de saberes, de conhecimentos
produzidos pelas classes e grupos sociais em sua resistência contra as injustiças estruturais e
as múltiplas opressões causadas pela dominação moderna (Santos, 2022, p. 16).   
As epistemologias do sul, portanto, são as epistemologias (saberes e formas de conhecimento)
nascidos da luta (Santos, 2022), advindas das classes sociais oprimidas no âmbito das relações
sociais. A teoria social da burguesia é a teoria dos vencedores, e é o conhecimento geral que se
produz e que é ministrado na maioria das universidades modernas e nas escolas. Nesse sentido,
os atores sociais reproduzem as relações de dominação e a violência simbólica.
Siga em Frente...
Intolerância na educação: produto e produtor na sociedade
Compreende-se a intolerância na educação como uma das formas de violência física e simbólica
que se realiza nas relações de poder entre os atores (agentes) sociais de uma escola ou de uma
sociedade. Como se pode perceber, a intolerância está relacionada às práticas de violência,
como as de gênero, étnico-raciais, entre outras, como as que acontecem no cotidiano de uma
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
escola. No entanto, as formas de violência, como a intolerância na educação, está
subliminarmente presente na escola desde as escolhas (currículos) com que os conhecimentos
são selecionados, contribuindo para a reprodução da violência simbólica e o epistemicídio.
O produto da intolerância em nossa sociedade, portanto, aquilo que é produzido por essa prática,
ou seja, os seus resultados, correspondem em formas diversas de violência simbólica e material
que se manifesta nas práticas de preconceito, discriminação e intolerância. O produto é,
portanto, a perpetuação da estrutura de desigualdades sociais, econômicas, educacionais,
culturais e de gênero, historicamente estabelecidas em nosso meio social.
Os produtores na sociedade são a estrutura social em que a escola está inserida, a classe
dominante que mantém o status quo vigente, e as escolas, bem como a reprodução da violência
(os agentes), de acordo com o que você estudou em Bourdieu. Produto e produtores são, nesse
sentido, elementos entrelaçados, um não existe sem o outro. Eles são reproduzidos no dia a dia,
conforme as relações e as estruturas de dominação são preservadas, especialmente na
educação. Cabe-nos, portanto, pensar em um modelo de educação que contribua para a
superação do modelo de exclusão com que vivemos em nossa sociedade.  
O epistemicídio é abordado por Boaventura de Sousa Santos em seus estudos sobre as
epistemologias do Sul, ou seja, as narrativas e formas de apreensão da realidade que nascem
das massas, classes subalternas no processo histórico de dominação. Santos destaca que os
conhecimentos não hegemônicos são sistematicamente desconsiderados ou excluídos pela
ciência dominante e os sistemas de poder globais.
FrantzFanon, um dos importantes �lósofos e psiquiatras (pós) coloniais, discute o fenômeno do
colonialismo e seus efeitos psicológicos e sociais. Os estudos de Franz Fanon, assim como o de
Léopold Senghor, que tem maior representatividade depois da consolidação das independências
das colônias africanas e asiáticas em relação às grandes potências mundiais, são percebidos
como bases importantes do pensamento das ciências humanas e sociais contemporâneas
(Durão, 2022).
Segundo Fanon, para além da opressão física e calcada no âmbito das questões políticas e
econômicas nas relações de poder, as relações de colonização também atuaram (e atuam) para
destruir modos de vida, culturas e sistemas de conhecimento de povos e comunidades
colonizadas, portanto, pertencentes às epistemologias do sul. Isso indica a forma com que
ocorre o epistemicídio e a reprodução de práticas de intolerância na educação.
É preciso, dessa forma, analisar de que modo a intolerância na educação é um prisma que deve
ser compreendido como fruto da sociedade, isto é, como consequência das relações
socioeconômicas previamente estruturadas para uma distribuição desigual das relações de
poder e de oportunidades. Desse modo, a estrutura social (sociedade capitalista) e as relações
de poder in�uenciam a sociedade, a educação e a cultura. Contudo, é preciso reconhecer os
esforços e os avanços que ocorreram (e ocorrem) na educação, sobretudo a partir das políticas
públicas de educação, inclusão e as ações a�rmativas.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Vamos Exercitar?
Você se lembra das problematizações propostas no começo desta aula. Para os estudos das
relações entre educação e as políticas da diferença, você conheceu Pierre Bourdieu, um
sociólogo de origem humilde, bastante importante nos estudos sobre educação e diversidade.
Como você percebeu, são signi�cativas as contribuições de Bourdieu para os estudos em
educação e diversidade, sobretudo pela capacidade de articulação entre a ação do indivíduo com
a realidade objetiva que está presente em sua perspectiva teórico-metodológica. 
Segundo Bourdieu, qual o signi�cado da teoria da reprodução da violência simbólica? As escolas
e seus sistemas de ensino reproduzem a violência simbólica e toda a estrutura de dominação da
sociedade capitalista. A teoria da violência simbólica de Pierre Bourdieu demonstra que as
escolas, mediante seus métodos de ensino, reproduzem as desigualdades educacionais e
sociais. Essa teoria contribui para entender que os métodos de ensino das escolas são
tradicionais, contribuindo assim com a manutenção do status quo vigente, além de preservar os
interesses da classe dominante.  
Retomemos outros questionamentos do início desta aula: O que é epistemicídio? De que forma é
possível perceber o fenômeno do epistemicídio, ou seja, a morte da construção de
conhecimento? Como você estudou, epistemicídio é um termo cunhado pelo sociólogo
Boaventura Sousa Santos que corresponde à morte da construção do conhecimento. Para
pensar no conceito de epistemicídio e as relações com a educação e os sistemas de ensino
tradicionais, a teoria da reprodução da violência simbólica de Pierre Bourdieu nos ajuda ao
demonstrar que o conhecimento cientí�co transmitidos nas escolas reporta-se aos saberes,
cultura e visão de mundo das classes dominantes, como mencionado. Nesse sentido, veri�ca-se
uma forma de violência praticada pela (e na) escola, que é constituída a partir das relações
sociais e de poder, o que por sua vez se relaciona ao epistemicídio. 
Por �m, questionamos o signi�cado da intolerância na educação. Quem a produz e como se
manifesta? Você viu que o produto da intolerância corresponde a formas diversas de violência
simbólica e material reproduzida pela sociedade e que se manifesta nas práticas de preconceito,
discriminação e intolerância. O produto, ou seja, o resultado, corresponde às formas diversas de
desigualdades historicamente estabelecidas em nossa sociedade. E os produtores são a classe
dominante e a estrutura social, que mantém o status quo vigente. Estes dois elementos, produto
e produtores, não vivem em separado, ou seja, eles se retroalimentam e são reproduzidos em
nosso cotidiano, preservando assim as relações sociais e as estruturas de dominação, sobretudo
no âmbito da educação e da escola.  
Saiba mais
Pierre Bourdieu e a teoria da reprodução da violência simbólica
Para saber mais sobre a teoria da reprodução da violência simbólica em Pierre Bourdieu, leia o
livro Escritos da educação, do próprio autor. Leia o capítulo II – A escola conservadora: as
desigualdades frente à escola e à cultura. Depois que você terminar a leitura desse capítulo,
organize-se em sua agenda para fazer a leitura de outros capítulos dessa obra. Você encontra
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/210534/epub/0?code=iNPQw50oN4KkhkWM1hh+KMCCNpWhwGYwXM+LcYiqCP5f0AwUHQQ55eP2SVKJZLpSpTtKoLLuGLwWEAd/GqqFUA==
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
este material em nossa Biblioteca Virtual, além de outros títulos de Bourdieu e de outros autores
que comentam os conceitos desenvolvidos pelo sociólogo.
Epistemicídio
Para aprofundar seus estudos sobre o tema do epistemicídio, indicamos a leitura do Capítulo 1 –
Pós-colonialismo, descolonialidade e epistemologias do Sul, do livro Descolonizar: abrindo a
história do presente, do sociólogo Boaventura de Sousa Santos. Você encontra esse material
acessando a nossa Biblioteca Virtual.
Intolerância na educação: produto e produtor na sociedade
Visando o aprofundamento dos estudos sobre o tema da intolerância na educação, indicamos a
leitura da introdução do livro Léopold Senghor e Frantz Fanon: Intelectuais (pós) coloniais entre o
político e o cultural, de Gustavo de Andrade Durão. A ideia é que você possa se inteirar nos
debates sobre a questão do colonial e pós-colonial, fundamental para o pensamento das ciências
humanas e sociais contemporâneas.
Referências
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2001.
BOURDIEU, P. Escritos de educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2023. 
DURÃO, G. de A. Léopold Senghor e Frantz Fanon: Intelectuais (pós) coloniais entre o político e o
cultural. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2022.
PREVITALLI, I. M; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017. 
RODRIGUES, R. Sociologia Contemporânea. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A.,
2018. 
SANTOS, B. de S. Descolonizar: abrindo a história do presente. Belo Horizonte: Autêntica Editora;
São Paulo: Boitempo, 2022. 
Aula 2
Educação E Aspectos Legais Da Diversidade
Educação e aspectos legais da diversidade
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/208632/epub/0?code=l2CuQAs9nq/DL+N9e+B1aJJzMUu5apfpZPM8yqHmRH3hGKGra6MNRuE03siUylZ2WQSvanQrgIBe1447hrfk9Q==
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https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/208632/epub/0?code=l2CuQAs9nq/DL+N9e+B1aJJzMUu5apfpZPM8yqHmRH3hGKGra6MNRuE03siUylZ2WQSvanQrgIBe1447hrfk9Q==
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https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/206312/epub/0?code=4tTKfs1n4rNb22WpfFAe8PRmmikng5Y/2R+eu9dreA+RwlEXzGlk32Y4dx3okHVpukvQjzPnAK0aOKiAPGkRAA==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/206312/epub/0?code=4tTKfs1n4rNb22WpfFAe8PRmmikng5Y/2R+eu9dreA+RwlEXzGlk32Y4dx3okHVpukvQjzPnAK0aOKiAPGkRAA==
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computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
para assistir mesmo sem conexão à internet.
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la?Bons estudos!
Ponto de Partida
Nesta aula, veremos os avanços obtidos na educação e na sociedade de modo geral no que se
refere à diversidade, políticas da diferença e políticas públicas educacionais de inclusão,
fundamentais para os mecanismos de justiça social, educação e diversidade.
Para a problematização vamos re�etir sobre os questionamentos: do que trata a Lei 10.639/03?
Qual a sua importância para a educação e diversidade? E a Lei 11.645/08, do que trata? Qual a
sua importância para a educação e diversidade? Por que as Leis 10.639/03 e 11.645/08 são
essenciais para o estabelecimento de uma educação democrática, inclusiva e diversa? Qual o
objetivo e a importância da Lei de Cotas nas Universidades e da Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com De�ciência? 
Perceba que são muitas as problematizações possíveis para esses estudos, e que já temos
questionamentos su�cientes para o começo de uma boa conversa sobre o tema. Então,
estudante, �ca a dica para que você possa aprofundar suas leituras e conhecimentos sobre essa
temática. Bons estudos.
Vamos Começar!
Agora, você vai estudar algumas leis que contribuem para a inclusão, a democracia e a
pluralidade na educação e para a redução das desigualdades sociais e raciais: serão objetos de
nossos estudos a Lei 10.639/03, que trata do ensino da história e cultura afro-brasileira e
africana, a Lei 11.645/08, sobre o ensino da história e cultura dos povos indígenas, a Lei
12.711/12, sobre as cotas nas Universidades e a Lei Brasileira de Inclusão, Lei 13.146/15,
conhecida como o Estatuto da Pessoa com De�ciência.
Lei 10.639/03: ensino da história e cultura afro-brasileira e africana
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Em diversidade, educação e políticas da diferença, é preciso destacar os avanços sociais
trazidos com o advento das políticas educacionais de ações a�rmativas no Brasil. Essas
políticas que emergem especialmente no contexto da década de 2000, foram resultado de
pressões e lutas históricas de movimentos sociais e grupos engajados por melhores condições e
oportunidades mais justas e equitativas para as minorias sociais.
A Lei 10.639/03, que completou duas décadas no ano de 2023, aborda a questão da história e
cultura afro-brasileira e africana, tornando esses conteúdos obrigatórios em todos os
componentes curriculares das matrizes dos sistemas educacionais de ensino no país. Isso quer
dizer que não é somente em História, Arte ou Língua Portuguesa que essas questões devem ser
abordadas, mas em todas as disciplinas e por toda a escola.  
Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts.
26-A, 79-A e 79-B:
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, o�ciais e particulares, torna-se
obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História
da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na
formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social,
econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de
todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História
Brasileiras (Brasil, 2003, [s. p.]).
A Lei 10.639/03 torna o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana obrigatório nos
estabelecimentos de ensino fundamental e médio, o�ciais e particulares de todo o país. Como se
pode perceber, de acordo com a Lei, incluem-se nos conteúdos e currículos, e de forma
obrigatória, os estudos da História da África e dos africanos, a luta dos negros, a cultura negra e
as contribuições da população negra de modo geral na formação da sociedade brasileira, ou
seja, seus saberes e conhecimentos.
É importante contextualizar que a Lei 10.639/03 foi aprovada em meio a um conjunto de
mudanças importantes no currículo da educação básica e de avanços de pautas progressistas
na política brasileira. Essa Lei foi implementada no mesmo contexto em que se aprovou a
obrigatoriedade da oferta do espanhol como língua estrangeira, em 2005, a obrigatoriedade dos
conteúdos relativos à história e à cultura indígena, em 2008, e a introdução das disciplinas de
sociologia e �loso�a no currículo da educação básica, em 2008.
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Figura 1 | Arte indígena - Curumim, Guardador de Memórias, Rafaela Campos Alves (2020). Fonte: Wikimedia Commons. 
No entanto, como você estudou na aula anterior, há uma hegemonia do que se ensina na escola,
e nessa correlação de forças os conhecimentos pertencentes às classes dominantes acabam
prevalecendo, de acordo com o conceito de violência simbólica de Bourdieu. Temos um
paradoxo, pois as políticas públicas educacionais de ação a�rmativa e de inclusão vão na
contramão dessa perspectiva. Este é o exercício re�exivo que você deve fazer, ou seja,
reconhecer os avanços e os retrocessos da educação e da sociedade brasileira.
Entendemos que a educação e a conscientização caminham juntas, por isso a importância das
políticas educacionais de ação a�rmativa e de inclusão em nosso país. Entretanto, sabemos que
a conscientização das classes populares não é de interesse das classes dominantes, uma vez
que o interesse é que o pobre pense que é pobre por falta de oportunidades, de esforço individual
ou, ainda, que não atingiu melhores condições de vida porque não tem mérito para isso
(Previtalli; Vieira, 2017, p. 27). Por isso a necessidade de a escola repensar constantemente seus
sistemas educacionais, de modo a proporcionar um ensino mais acessível a todas as classes
sociais.
Do ponto de vista das elites, a questão se apresenta de modo claro: trata-se de acomodar as
classes populares emergentes, domesticá-las em algum esquema de poder ao gosto das classes
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dominantes. Se já não é possível a mesma docilidade tradicional, se já não é possível contar com
sua ausência, torna-se indispensável manipulá-las de modo a que sirvam aos interesses
dominantes e não passem dos limites (Freire, 2006, p. 25).
Há, portanto, retrocessos que ainda perduram nas atitudes pedagógicas tradicionais na
educação formal. A�nal, Paulo Freire, patrono da educação brasileira, apontava para a
necessidade de uma educação popular, de modo que a classe trabalhadora possa se emancipar
cultural e socialmente. Como contraponto positivo a essa realidade, temos a proposta da
multiculturalidade presente nos currículos por meio das Leis 10.639/03 e 11.645/08, que
veremos mais adiante. Trata-se da adoção de práticas de diversidade e pluralidade para a
educação das relações étnico-raciais, bem como a superação de formas de discriminação e de
violência.
As diferenças culturais entre as classes burguesas e as classes trabalhadoras existem na
realidade educacional e social em que estamos inseridos. Como podemos perceber, as
produções culturais das classes trabalhadoras são desvalorizadas por serem consideradas
inferiores às das classes dominantes. Nessas re�exões, devemos nos lembrar de Marx e suas
explicações sobre as contradições da sociedade capitalista e o fenômeno de pauperização da
classe trabalhadora, a classe dominada.
En�m, sabemos do nosso papel de educadores, no sentido de buscar superar qualquer forma de
desigualdade e de injustiça social que ainda persiste em nossa sociedade. Por isso
reconhecemos a importância da Lei 10.639/03, que busca o reconhecimento e a valorização da
diversidade cultural, como o ensino das contribuições diversas da formação da população
brasileira: cultura e saberes dos povos indígenas, da população negra e dos europeus, assim
como de outras etnias que contribuíram com o desenvolvimento do país ao longo da formação
multicultural de nossa sociedade.
Com isso, espera-se que as instituições de ensino contribuam signi�cativamente para
desconstruir estereótipos e preconceitos, historicamente constituídosem nosso meio social, e
promova o respeito e a valorização da multiculturalidade, para que se possa pensar uma
educação mais inclusiva e democrática, re�etindo as características múltiplas da população
brasileira.
Essas políticas educacionais contribuem com o fortalecimento da identidade e o
desenvolvimento da autoestima da população negra, além de proporcionar meios de inclusão e
de ajuda no combate ao racismo estrutural, culminando com a educação para a igualdade racial.
Assim, é possível estabelecer mecanismos educacionais para a cidadania e o respeito à
diversidade cultural e social.
Lei 11.645/08: ensino da história e cultura dos povos indígenas
A Lei 11.645/08 vai na esteira das políticas educacionais voltadas à inclusão e a valorização da
diversidade sociocultural. Sabemos da importância da contribuição dos povos indígenas, seus
modos de vida e cosmovisão, saberes e conhecimentos, cultura, arte, economia, entre outros
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
elementos, fundamentais para a formação social e cultural do Brasil. A Lei 11.645/08 trata da
questão da diversidade cultural dos povos indígenas e a forma de apreensão da realidade. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
Art. 1o O art. 26-A da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte
redação:
Art. 26-A.  Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados,
torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena (Brasil, 2008, [s. p.]).
A Lei 11.645/08, como se percebe, inclui a abordagem sobre a cultura indígena, tornando-a
obrigatória na educação básica em todas as modalidades de ensino, bem como em todos os
componentes curriculares. Você pode perceber que a obrigatoriedade do ensino das culturas
indígenas e negras contribui signi�cativamente para retratar todos os aspectos da população
brasileira, a�nal estamos falando de duas populações que correspondem à base de nosso povo,
que tiveram seus saberes ignorados durante séculos.
Ao pensarmos a formação do povo brasileiro, na qual aparecem o negro, o indígena e o europeu,
não se pode esquecer da exploração do negro e do indígena pelo sistema de trabalho
compulsório durante séculos. Essas duas populações foram vítimas, e existe um trabalho árduo
para a educação no sentido de descolonizar conteúdos e matrizes curriculares, sendo necessário
reforçar essas contradições históricas junto aos agentes sociais envolvidos no processo
educacional. Nesse sentido, da mesma forma que os negros encontram di�culdades para serem
incluídos dignamente na sociedade, também os indígenas vivem uma situação problemática
desde o período da colonização do Brasil, e isso reverbera na forma de preconceitos e
discriminações (Previtalli; Vieira, 2017, p. 106).
Em conjunto com a Lei 10.639/03, a Lei 11.645/08 contribui signi�cativamente para promover
mudanças que ampliam a perspectiva de uma escola inclusiva do ponto de vista social, plural e
democrática, sobretudo porque promove o reconhecimento da diversidade cultural. A população
brasileira tem como característica a miscigenação, a mistura de povos que contribuíram para
formar a nossa identidade.
Apesar de ter havido muito extermínio de grupos indígenas, eles ainda resistem no Brasil.
Segundo o Instituto Socioambiental
Os povos indígenas contemporâneos estão espalhados por todo território brasileiro. Vários
desses povos também habitam países vizinhos. No Brasil, a grande maioria das comunidades
indígenas vive em terras coletivas, declaradas pelo governo federal para seu usufruto exclusivo.
As chamadas Terras Indígenas (TIs) somam, hoje, 703. (ISA, 2016, p. 1)
Muitas dessas populações passaram a exigir seus direitos a partir dos anos 1970, considerando
que deveriam não somente contar com os cuidados do Estado, mas reivindicarem seus direitos
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por si sós. Uma das conquistas foi a Lei 11.645, promulgada em 2008, que institui a
obrigatoriedade do ensino de história e culturas indígenas na educação básica. Essa lei tem a
intenção de perpetrar o conhecimento da história e da diversidade étnica indígena e reconhecer a
importância do índio na constituição do povo e da cultura brasileira. (Previtalli; Vieira, 2017, p. 90)
A Lei 11.645/08, que trata do ensino da cultura dos povos indígenas, contribui com a
desconstrução de estereótipos e preconceitos do senso comum e em muitos outros segmentos
de nossa sociedade. É preciso destacar a concepção ecológica e a economia de subsistência
com que os povos indígenas estabelecem nas mediações entre homem e natureza. Com isso, o
conjunto dessas legislações contribui para promover o respeito e a valorização, bem como uma
educação para a cidadania e respeito à diversidade.
 
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Lei de Cotas nas Universidades e Lei Brasileira de Inclusão
A Lei de Cotas e a Lei Brasileira de Inclusão são expressões da ampliação da diversidade nas
escolas e instituições de ensino, de modo a garantir as vagas e as condições para todos os
estudantes. Elas estabelecem conexões com a abordagem das Leis 10.639/03 e 11.645/08, que
trazem a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena e são
essenciais para o estabelecimento de uma educação democrática, inclusiva e diversa.
Para que se possa entender a Lei de Cotas nas Universidades, devemos nos lembrar que a
palavra cota signi�ca parte. As cotas descrevem um dos aspectos mais importantes das
políticas de ações a�rmativas, pois correspondem a uma reserva de vagas na universidade ou
em qualquer outro espaço social no qual o acesso de algum grupo étnico, religioso, de gênero ou
qualquer outro não tenha acesso garantido com uma base de oportunidades realmente
equivalentes. A igualdade de oportunidades deve estar baseada em uma igualdade real e
concreta de condições sociais, econômicas e educativas.
Quando a igualdade de oportunidades não acontece por motivos diversos, são construídas as
ações a�rmativas que forem necessárias para a reparação desse problema social. Ações
a�rmativas, portanto, correspondem a um conjunto de ações temporárias construídas pela
sociedade para resolver algum problema que afeta de forma negativa um grupo social. São
a�rmativas, pois a�rmam a necessidade de encontrar soluções para problemas sociais.
A Lei 12.711/12, conhecida como a Lei de Cotas nas Universidades, foi sancionada em agosto de
2012 e garante a reserva de 50% das matrículas por curso e turno nas 59 universidades federais
e 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia a alunos oriundos integralmente do
ensino médio público, em cursos regulares ou da educação de jovens e adultos (Previtalli; Vieira,
2017, p. 105). Os demais 50% das vagas permanecem para ampla concorrência.
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
As vagas reservadas às cotas (50% do total de vagas da instituição) serão subdivididas − metade
para estudantes de escolas públicas com renda familiar bruta igual ou inferior a um salário
mínimo e meio, per capita, e metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar
superior a um salário mínimo e meio. Em ambos os casos, também será levado em conta
percentual mínimo correspondente ao da soma de pretos, pardos e indígenas no estado, de
acordo com o último censo demográ�co do Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística (IBGE)
(Previtalli; Vieira, 2017, p. 105).  
A Lei de Cotas, por meio da reserva de vagas, das cotas raciais e dos critérios socioeconômicos
têm como objetivo promover a democratização do acesso ao ensino superior, buscando
estimular a inclusão nas universidades federais brasileiras e, assim, diminuir as desigualdades
sociais e raciais no país, promovendo a inclusão no ensino superior. Essa Lei é importantíssima,
pois contribui para a diminuição das desigualdades sociais e educacionais veri�cadas
historicamente no Brasil.
A Lei 13.146/15, ou seja, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com De�ciência, tem como
objetivo garantir e promovermuitas culturas em uma determinada
sociedade. O Brasil, por exemplo, é um país multicultural, o que se evidencia claramente quando
re�etimos sobre as particularidades de nossa formação social, política e econômica, marcadas
pela inclusão de diversas etnias e culturas ao longo da história, e pelo estabelecimento de
relações culturais com os povos originários e autóctones aqui estabelecidos. O contato entre os
diferentes povos caracteriza-se por relações de dominação e de exploração.
Na América Latina e, particularmente, no Brasil a questão multicultural apresenta uma
con�guração própria. Nosso continente é um continente construído com uma base multicultural
muito forte, onde as relações interétnicas têm sido uma constante através de toda sua história,
uma história dolorosa e trágica principalmente no que diz respeito aos grupos indígenas e
afrodescendentes (Moreira; Candau, 2013, p. 18).
A formação histórica de nosso país está marcada na eliminação física do “outro” ou por sua
escravização ou no plano das representações e no imaginário social (Moreira; Candau, 2013). É
justamente nesse sentido que o debate multicultural e sobre a constituição sociocultural do
Brasil se fazem relevantes. 
No Brasil, as políticas públicas promulgadas nas últimas décadas vêm tendo o entendimento de
que a democracia e a pluralidade cultural são elementos importantes a serem preservados e
valorizados em nosso país, de acordo com os princípios e os valores humanos. Essa é também a
visão que outros países do mundo têm do Brasil. A educação, em suas diferentes formas, deve
caminhar no sentido de oportunizar meios a�rmativos de reconhecimento e valorização da
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
diversidade cultural e, nessa perspectiva, a educação deve valorizar e reconhecer as várias
culturas diferentes que coexistem no interior de uma mesma sociedade, como um fator positivo,
pois a mistura dessas diferentes culturas, gerou a especi�cidade e a particularidade da cultura
brasileira.
O etnocentrismo parte da ideia, do ponto de vista de quem observa, em considerar a sua própria
etnia no centro de tudo, ou seja, é a base (conjunto de princípios e valores) pela qual o
observador deve olhar as demais culturas existentes no mundo. Nesse sentido, a própria etnia
(povo) e todos os atributos culturais que lhes são peculiares devem estar no centro de referência
do sujeito observador, especialmente quando se relaciona a culturas diferentes. Trata-se de um
instrumento comparativo de diferentes culturas.
Na antropologia, o etnocentrismo está presente nas narrativas da evolução, denominadas
evolucionismo social. O inglês Edward Tylor, o norte-americano Lewis Morgan e o escocês
James Frazer são autores que apoiam suas teorias nas narrativas de evolução. Essas
perspectivas são, portanto, etnocêntricas, pois entendem que a cultura dos povos “civilizados”
dos quais fazem parte, incluindo seus modelos de desenvolvimento, correspondem à etapa mais
evoluída da humanidade, além de ser tomada como centro de referência nas comparações entre
as diferentes culturas. 
A perspectiva etnocêntrica foi responsável por proporcionar formações sociais desiguais desde
o advento da modernidade. A “postura” etnocêntrica foi a base para o colonialismo, contribuindo
com o desenvolvimento do mercantilismo e da economia de mercado, além do avanço do
imperialismo e do fenômeno do neocolonialismo, pelo qual diversos países da África, Ásia e
Oceania foram dominados pelas potências imperialistas que se desenvolviam no contexto da
Segunda Revolução Industrial, tendo suas riquezas exploradas e expropriadas.
As teorias do evolucionismo social serviam de “justi�cativa” para a dominação exercida pelos
europeus no contexto do imperialismo. O encontro entre os europeus e as diferentes populações
não europeias resultou no fenômeno do etnocentrismo. Uma postura etnocêntrica, portanto,
possibilita um entendimento equivocado e preconceituoso do outro, uma vez que não se
reconhece a diferença e todas as dimensões culturais.
Em perspectiva inversa ao evolucionismo, o relativismo cultural toma como referência a ideia de
que cada cultura deve ser analisada a partir dos seus próprios termos. Os olhares, as
observações e todas as possibilidades de percepções de uma cultura diferente devem ser
relativas. Esse exame depende fundamentalmente da forma com que o indivíduo e seu grupo
compreendem e enxergam as diferentes culturas do mundo ao seu redor.
O antropólogo alemão Franz Boas foi quem inaugurou a perspectiva do relativismo cultural e, ao
criticar a postura etnocêntrica do evolucionismo cultural, compreendia o conceito de cultura
semelhante a um todo integrado e ordenado em determinado agrupamento social, movido a
partir de princípios vivenciados e compartilhados pelos indivíduos de uma sociedade especí�ca.
En�m, como você pode perceber, existem diferentes concepções em torno do conceito de
cultura, a partir de uma abordagem socioantropológica e das relações com a educação. 
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Siga em Frente...
Expressões, práticas, crenças, valores, tradições e costumes
As bases do conceito de cultura que estamos adotando nos estudos sobre a sociedade, a
educação e a diversidade, tomam como referência o reconhecimento da própria diversidade
cultural humana como fator indispensável nesse exercício re�exivo. Expressões, práticas,
crenças, valores, tradições e costumes são formas de representações culturais da realidade
praticadas por diferentes etnias e culturas ao longo do tempo e do espaço.
A educação, mecanismo pelo qual a assimilação das práticas culturais é possível, corresponde a
um processo de socialização dos indivíduos, assumindo um papel importante para a vida em
sociedade. O sociólogo francês Émile Durkheim aponta a educação (e a escola) como uma das
instituições sociais responsáveis por “moldar” os indivíduos para a vida em sociedade, de acordo
com os pressupostos estabelecidos pela consciência coletiva de determinada sociedade.
Como podemos perceber, a educação serve para a socialização das pessoas, pois ela re�ete o
papel social que cada indivíduo deve representar naquela sociedade, sendo que, assim, todos
aprendem que para serem adultos, alguns para se tornarem homens, mulheres ou mesmo para
se tornarem chefes, feiticeiros, músicos, de acordo com a posição que vão ocupar no grupo
(Previtalli; Vieira, 2017). Segundo a perspectiva de Durkheim, a educação, assim como outras
instituições sociais, promove a coesão social. Para o sociólogo, a sociedade prevalece e se
impõe sobre os indivíduos, a �m de integrá-los à sociedade.
As diversas práticas e representações culturais dos indivíduos e grupos sociais coexistem com
os diversos tipos de educação: educação informal, educação formal, educação não formal e
educação popular – exemplos de como a educação pode ser realizada em determinada
sociedade.
A �m de buscar uma de�nição para as relações entre cultura e diversidade, os estudos do
antropólogo norte-americano Clifford Geertz e sua perspectiva interpretativa de cultura são
importantes para este estudo. Geertz procurou mostrar como os homens se relacionam entre si
tendo por base um comportamento pré-determinado, sendo que o objetivo da antropologia
consiste na compreensão dos signi�cados produzidos pelo homem.  
O conceito de cultura que eu defendo é essencialmente semiótico. Acreditado, como Max Weber,
que o homem é um animal amarrado a teias de signi�cados que ele mesmo teceu, assumo a
cultura como sendo essas teias e sua análise, portanto, não como uma ciência experimental em
busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura de signi�cado (Geertz, 1989, p.
15).
Segundo Geertz, é necessário compreender o signi�cado de cultura, assumindo-o como uma
produção humana que tem sentido. O conceito de cultura deve ser preciso, não muito amplo,
relacionado a uma dimensão justa (Geertz, 1989). A�nal, cultura, para Geertz, sob a in�uência de
Weber, corresponde a teias de signi�cado por meio das quais o homem estabelece as relaçõesos direitos e a inclusão das pessoas com de�ciência em diferentes
aspectos da vida social, cultural, econômica e política (Brasil, 2015). Isso representou um avanço
signi�cativo na garantia dos direitos das pessoas com de�ciência, pois se baseia nos princípios
da dignidade, igualdade, autonomia e inclusão e participação na sociedade.
São garantias proporcionadas com essa legislação: o acesso à educação mediante a oferta de
recursos e estratégias que busquem promover a educação escolar em todas as modalidades de
ensino, a acessibilidade e mobilidade urbana, cujo objetivo consiste na facilitação de locomoção
e acesso das pessoas com de�ciência, trabalho e emprego, para a inclusão no mercado de
trabalho, o atendimento à saúde e a assistência social, sendo assegurado o atendimento e a
garantia de condições dignas de vida (Brasil, 2015). Os direitos civis e políticos são também
contemplados às pessoas com de�ciência com a garantia de participação política e de proteção
contra qualquer forma de discriminação. 
Vamos Exercitar?
Vamos retomar as problematizações propostas no início desta aula: do que trata a Lei
10.639/03? Qual a sua importância para a educação e diversidade? E a Lei 11.645/08, do que
trata? Qual a sua importância para a educação e diversidade? Por que as Leis 10.639/03 e
11.645/08 são essenciais para o estabelecimento de uma educação democrática, inclusiva e
diversa? Qual o objetivo e importância da Lei de Cotas nas Universidades e da Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com De�ciência? 
Você estudou que a Lei 10.639/03 torna o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana
obrigatório em todas as escolas do Brasil. Estudos sobre a história da África e dos africanos, a
luta dos negros, a cultura negra e as contribuições da população negra, de modo geral, na
formação da sociedade brasileira devem ser realizados nas escolas e previstos em conteúdos
multidisciplinares e currículos de todo o país. Por sua vez, a  Lei 11.645/08 tornou igualmente
obrigatório  o ensino da história e cultura indígena na educação básica, em todas as modalidades
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
de ensino e em todas as disciplinas. Essa Lei contribui com a desconstrução de estereótipos e
preconceitos em relação aos povos originários do país. 
Você compreendeu que o ensino das culturas indígenas e negras contribuem signi�cativamente
para retratar aspectos importantes de nossa sociedade, a�nal estamos falando de populações
que são a base do povo brasileiro, tidas como irrelevantes durante um bom tempo ao longo da
história da educação. Em conjunto, as Leis 10.639/03 e 11.645/08 buscam o reconhecimento da
diversidade cultural, mediante o estabelecimento de políticas públicas e de ações que
contribuam para a promoção de mudanças rumo a uma escola inclusiva, democrática e
igualitária. Você pode perceber a importância do papel de educador, no sentido de buscar
superar qualquer forma de desigualdades e injustiças sociais que ainda persistem em nossa
sociedade. 
Também de acordo com o que aprendemos, a Lei 12.711/12, conhecida como a Lei de Cotas nas
Universidades garante a reserva de metade das matrículas por curso e turno nas 59
universidades federais e 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia a alunos
oriundos integralmente do ensino médio público, em cursos regulares ou da educação de jovens
e adultos. Essa Lei visa à promoção da democratização do acesso ao ensino superior e,
consequentemente, à diminuição das desigualdades sociais e raciais no Brasil, a partir da
reserva de vagas com as cotas raciais e os critérios socioeconômicos preestabelecidos nessa
legislação.  
Por �m, você viu a importância da Lei 13.146/15, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
De�ciência. Como discutimos, essa política pública promove direitos e inclusão de pessoas com
de�ciência, o que signi�ca avanços importantes na garantia dos direitos de pessoas com
de�ciência a partir de princípios universais pautados na participação social de todas as pessoas.
 
Saiba mais
Lei 10.639/03: ensino da história e cultura afro-brasileira e africana
Para aprofundar os estudos sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana,
sugerimos a leitura do Capítulo 1 – O Estado contemporâneo e as ações a�rmativas como
efetivação do princípio da igualdade, do livro Cotas para negros em universidades: função social
do estado contemporâneo e o princípio da proporcionalidade, de Everaldo Medeiros Dias. Você
encontra esse material em nossa Biblioteca Virtual.
Lei 11.645/08: ensino da história e cultura dos povos indígenas
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre a história e cultura dos povos indígenas,
sugerimos que você conheça a página do Instituto Socioambiental. Ali você encontra muitos
materiais interessantes para trabalhar nas escolas a cultura dos povos indígenas.
Lei de Cotas nas Universidades e Lei Brasileira de Inclusão
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/207184/epub/0?code=g0h9togMVe5eLAj4ciZCHwbF1/FKr/DffesozqofQCEzeSlYY+ypFVvUwrgpYCIpKUBreGSU+AN3l8E6zD53iQ==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/207184/epub/0?code=g0h9togMVe5eLAj4ciZCHwbF1/FKr/DffesozqofQCEzeSlYY+ypFVvUwrgpYCIpKUBreGSU+AN3l8E6zD53iQ==
https://www.socioambiental.org/
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Para o aprofundamento dos estudos sobre a questão da inclusão, recomendamos a leitura do
Capítulo 2 – A inclusão e as mudanças por ela requeridas, do livro Inclusão de pessoas com
de�ciência e/ou necessidades especí�cas: avanços e desa�os, de Margareth Diniz. Nesse
capítulo, a autora discute a inclusão como um processo de mudança e de reestruturação das
escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os estudantes tenham acesso a
todas as oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela escola.
Referências
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo o�cial da
Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras
providências. Diário O�cial da União, Brasília, 10 jan. 2003. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm#:~:text=LEI%20No%2010.639%2C%
20DE%209%20DE%20JANEIRO%20DE%202003.&text=Altera%20a%20Lei%20no,%22%2C%20e%2
0d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em: 30 jan. 2024. 
BRASIL.  Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
1996, modi�cada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional, para incluir no currículo o�cial da rede de ensino a obrigatoriedade
da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Diário O�cial da União, Brasília, 11 mar.
2008.  Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm.
Acesso em: 30 jan. 2024.
BRASIL.  Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades
federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências.
Diário O�cial da União, Brasília, 30 ago. 2012. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm. Acesso em: 30 jan.
2024.
BRASIL.  Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
De�ciência (Estatuto da Pessoa com De�ciência). Diário O�cial da União, Brasília, 7 jul. 2015.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm.
Acesso em: 30 jan. 2024.
DIAS, E. M. Cotas para negros em universidades: função social do estado contemporâneo e o
princípio da proporcionalidade. 1. ed. Jundiaí: Paco e Littera, 2017. 
DINIZ, M. Inclusão de pessoas com de�ciência e/ou necessidades especí�cas: avanços e
desa�os. 1. ed. São Paulo: Autêntica, 2012. 
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 29. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192572/epub/0?code=2M1PNUIkJ4SyvgBtgcBngl4aPs8QRQcfXw07D6giRkYsIOLd+A5gnVp6myaZbMPnd1T/JAav8IrDxlHWZm960w==https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192572/epub/0?code=2M1PNUIkJ4SyvgBtgcBngl4aPs8QRQcfXw07D6giRkYsIOLd+A5gnVp6myaZbMPnd1T/JAav8IrDxlHWZm960w==
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm#:~:text=LEI%20No%2010.639%2C%20DE%209%20DE%20JANEIRO%20DE%202003.&text=Altera%20a%20Lei%20no,%22%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm#:~:text=LEI%20No%2010.639%2C%20DE%209%20DE%20JANEIRO%20DE%202003.&text=Altera%20a%20Lei%20no,%22%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm#:~:text=LEI%20No%2010.639%2C%20DE%209%20DE%20JANEIRO%20DE%202003.&text=Altera%20a%20Lei%20no,%22%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (ISA). População indígena no Brasil. Disponível em:
https://pib.socioambiental.org/pt/c/0/1/2/populacao-indigena-no-brasil. Acesso em: 30 nov.
2023.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017.   
Aula 3
Educação e Movimento Negro
Educação e movimento negro
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computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
para assistir mesmo sem conexão à internet.
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
Ponto de Partida
Nesta aula, você vai estudar a importância do movimento negro e as relações com a educação,
sobretudo a partir de suas contribuições que culminam com o advento das políticas públicas de
ações a�rmativas, de inclusão e de redução das desigualdades sociais, e sua relação com o
desenvolvimento da diversidade na educação. A questão das discriminações raciais,
especialmente no contexto pós-abolicionista, será retomada nos estudos desta aula. O acesso
igualitário, a permanência na educação e o combate ao racismo estrutural serão aprofundados
de forma dialógica em perspectiva crítica.
Alguns questionamentos se fazem necessários para iniciarmos nossas re�exões: de que modo
as formas diversas de discriminações raciais estão presentes no contexto pós-abolicionista? No
atual contexto, é possível garantir a permanência e o acesso igualitário para todas as pessoas na
educação, independentemente de sua identidade sociocultural? De que forma isso é possível? O
https://pib.socioambiental.org/pt/c/0/1/2/populacao-indigena-no-brasil
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
que é racismo estrutural? Quais as ações mais e�cazes para combater o racismo estrutural em
nosso país? Qual o papel da educação nesse processo?
Veja que esses são questionamentos interessantes para uma abordagem inicial, nos permitindo
traçar um percurso de estudos sobre educação e movimento negro. Desejamos que você tenha
uma excelente leitura. Bons estudos.
Vamos Começar!
Nesta aula, que aborda um dos eixos da unidade sobre educação e políticas da diferença, como
já anunciado, você vai estudar o movimento negro e sua importância para a educação.
Primeiramente, você compreenderá a reatualização das discriminações raciais no contexto pós-
abolicionista e o seu necessário combate. Em seguida, você vai compreender a importância de
lutar e preservar o acesso igualitário e a permanência na educação por todos os povos que
constituem a identidade brasileira. Por �m, você vai acompanhar os estudos sobre o racismo
estrutural e o papel da educação nesse processo.  
A reatualização das discriminações raciais pós-abolição
Inicialmente, precisamos lembrar que discriminação, preconceito e racismo estão relacionados a
formas de violência simbólica que infelizmente acompanham a história da humanidade. E, no
Brasil, não é diferente. Como já estudamos, preconceito corresponde a um pré-julgamento, ou
seja, conceito ou opinião formado por alguém antecipadamente, sem algum �ltro ponderativo. É
um julgamento ou opinião formada sem levar em conta os fatos que o contestem. Eles ocorrem
na sociedade, mas não necessariamente segregam ou discriminam as diferenças.
A discriminação, por sua vez, promove a separação, a distinção, a segregação e o
estabelecimento de diferenças de grupos ou pessoas, consideradas racialmente diferentes,
partindo da perspectiva de que existem raças superiores e inferiores. No entanto, como vimos,
“raça” é um termo equivocado, pois a raça que estamos adotando em nossa perspectiva é a de
“raça humana”. O que existem são diferenças na aparência dos indivíduos, não relacionadas a
inteligência ou capacidade. Essas diferenças e a diversidade devem ser valorizadas e, inclusive,
ressaltadas.
O racismo, termo que se relaciona ao conceito de discriminação, nesse sentido, produz ódio e
morte entre grupos e indivíduos, ou seja, parte da perspectiva de que existe superioridade de
“raças”, que propõe a segregação racial ou, até mesmo, a extinção de determinadas minorias.
Sabemos que o racismo deve ser combatido, como o que se conquistou com o advento das
políticas públicas de ação a�rmativa, in�uenciado pelo movimento negro, e a escola tem um
papel preponderante nesse processo. A partir desse breve resgate conceitual, você
compreenderá a correlação entre discriminação e racismo na sociedade brasileira.
A abolição da escravatura no Brasil ocorreu em 1888 e determinou o �m da escravização dos
negros no país. No entanto, o período que sucede a abolição da escravatura não representou o
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
�m das desigualdades e das discriminações raciais, mas foi uma espécie de reatualização de
práticas discriminatórias em formas mais sutis e estruturais, como as políticas de
branqueamento e de eugenia desenvolvidas no país no �nal do século XIX e começo do século
XX. No contexto pós-abolição da escravatura, o negro foi largado à própria sorte e não houve no
Brasil medidas efetivas de reparação social ou inclusão da população negra. O que se observou
ao longo do tempo foram mecanismos de discriminações raciais, que impediram a inclusão e
integração da população negra no desenvolvimento da sociedade brasileira.
Figura 1 | Retrato de Negro, Artur Timóteo da Costa (1906). Fonte: Wikimedia Commons.
A falta de medidas de reparação, de políticas públicas voltadas à integração do negro na
sociedade brasileira e/ou de formas de inclusão que pudessem amenizar as di�culdades
encontradas pela população negra naquelas condições provocou o fenômeno de marginalização
social e exclusão desses povos. É o que explica, por exemplo, o processo de favelização no
Brasil, pois as faltas de condições econômicas e oportunidades levaram os negros a buscar
regiões mais afastadas das cidades, muitas vezes desamparadas pelo Estado, como com o que
se deu com o processo de formação e desenvolvimento dos grandes centros no Brasil.
Parte das explicações que contribuíram para o processo de desigualdades étnico-raciais no
Brasil, desde o contexto pós-abolicionista, se sustentam no conceito de democracia racial
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
desenvolvida por Gilberto Freyre (Previtalli; Vieira, 2017). O mito da democracia é uma concepção
que explica a inexistência de con�itos raciais no Brasil, partindo da perspectiva de que existe
uma harmonia étnico-racial, ou seja, a ideia de que diferentes povos convivem paci�camente.
Com isso, mesmo que não se possa a�rmar, essa perspectiva indica que nessa situação deixaria
de existir preconceitos, formas de intolerância e discriminações de natureza étnico-racial.
Essa concepção se baseou no conceito de miscigenação da população brasileira, segundo
Gilberto Freyre, no seu livro Casa Grande e Senzala, desde a formação histórica. Freyre construiu
a visãode que, no Brasil, se vivia uma democracia racial, caracterizado pela miscigenação, da
mistura étnica que se faz presente na cultura brasileira. Essa concepção parte da ideia de que a
mistura étnico-racial em nosso país contribuiu para superar as diferenças e estabelecer uma
convivência harmônica, proporcionando uma democracia homogênea e inclusiva. Por isso,
quando analisamos e comparamos as relações étnico-raciais com os Estados Unidos, por
exemplo, percebe-se que, naquele país, os con�itos são mais segregados e explícitos.
Para isso, temos que partir de uma diferença fundamental que é o “mito da democracia racial”
que considerava que no Brasil não havia discriminação racial ou racismo. A expressão
“democracia racial” parte da interpretação dos livros do antropólogo pernambucano Gilberto
Freyre, “Casa Grande & Senzala” e “Sobrados e Mocambos”, em que o autor argumenta sobre a
originalidade da miscigenação do povo brasileiro em que todos os antagonismos haviam sido
dissolvidos na miscigenação cultural (Previtalli; Vieira, 2017, p. 101).  
O sociólogo Florestan Fernandes critica a perspectiva do mito da democracia racial.
Diferentemente dos Estados Unidos, por exemplo, o racismo e a violência étnico-racial presente
no Brasil ocorrem de forma velada, escamoteada, embrenhada nas relações sociais que
historicamente apresentam uma estrutura desigual, em que a população negra foi considerada
inferior. A perspectiva de que as diferentes culturas étnico-raciais convivem paci�camente,
serviria para encobrir as contradições e con�itos que a segregação racial na sociedade brasileira
provocou historicamente.
Florestan Fernandes, em seu livro A integração do negro na sociedade de classes, destaca as
di�culdades encontradas pela população negra para se inserir em um mundo cuja lógica é a da
dominação capitalista e de uma reprodução desigual de dominação, que não oferece condições
para o desenvolvimento e o acesso às riquezas produzidas socialmente. No Brasil, isso se
veri�ca a partir das in�uências das históricas desigualdades sociais e econômicas, que
provocaram formas de discriminação e uma estrutura racial de exclusão. 
Siga em Frente...
Acesso igualitário e permanência na educação
Como você está percebendo, a igualdade de condições de uma sociedade e o que ela representa
do ponto de vista do desenvolvimento social em que se deve contemplar a utilização de várias
ideias, saberes e conhecimentos advindos da diversidade dos diversos povos que compõem a
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
sociedade brasileira, são primordiais para os estudos em educação e diversidade. A educação é
muito importante, pois através dela pode-se garantir os conhecimentos diversos da humanidade.
O movimento negro uni�cado, fundado em 1978, foi o grande responsável pelas mudanças mais
recentes e que signi�cam conquistas de direitos para negros e negras (Oliveira, 2016, p. 332).
Nesse sentido, a política de cotas é um exemplo de política de ações a�rmativas, uma das
medidas importantes que contribuem para a superação do racismo no Brasil, proporcionando a
inclusão e a permanência dessa população nas instituições de ensino.
Para que possamos pensar nas possibilidades e garantias para a permanência e o acesso
igualitário na educação, precisamos nos lembrar de algumas das políticas públicas, voltadas à
educação, desde o advento da Constituição de 1988. A própria Constituição Cidadã já apontava
para os avanços sociais na área da educação, consolidando a transição de um regime autoritário
vivenciado na ditadura militar para o regime democrático. A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 foi
importante na década de 1990, pois ofereceu as bases para a implementação de ações e
políticas educacionais para a valorização da diversidade étnico-racial e o combate às formas de
discriminação.
Na esteira dessas políticas públicas, a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-
brasileira no ensino fundamental e médio veio com a Lei 10.639/03, sendo uma importante
conquista do movimento negro. Trabalhar nas escolas a luta da população negra no Brasil, a
cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, nos currículos, de forma
sistemática contribui para o desenvolvimento de uma educação não racista (Previtalli; Vieira,
2017, p. 105-106).
Nessa perspectiva do acesso igualitário e a permanência na educação, você percebeu que a Lei
11.645/08, que trata da obrigatoriedade do ensino da cultura dos povos indígenas, população
autóctone que habitava o Brasil, a Lei de Cotas nas universidades brasileiras, e a Lei brasileira da
inclusão, também conhecida como o Estatuto Nacional da pessoa com de�ciência, são políticas
públicas, oriundas das lutas e reivindicações de movimentos sociais e da sociedade civil
organizada de extrema importância para a democratização e inclusão nas instituições de ensino,
além da valorização da diversidade cultural.
Outra política pública igualmente importante para a inclusão e a democratização da educação foi
a Lei 12.288/10, conhecida como o Estatuto da Igualdade Racial, que se destina a garantir “à
população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos
individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância
étnica” (Brasil, 2010).
Essas políticas públicas, em conjunto, contribuem com o acesso igualitário à educação. Mas isso
não basta. É preciso que a educação contribua signi�cativamente com a eliminação de
narrativas antidemocráticas e racistas, mas, para isso, é preciso que haja cada vez mais pessoas
com entendimento dessas políticas, para que se estenda para a sociedade de modo geral. Que
os estudantes e atores da escola (professores, funcionários, comunidade escolar) possam obter
os conhecimentos sobre a importância dessas políticas públicas, para tornar a nossa sociedade
mais justa e igualitária.
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Como você pode perceber, o mito da democracia racial oculta as desigualdades étnico-raciais
históricas. Podemos perceber a existência do racismo estrutural, que se reverbera até os dias de
hoje com a segregação racial, que se contrasta com a realidade de discriminação e de
desigualdade racial vivenciada por muitos grupos excluídos social e economicamente.
A abolição da escravatura e a Proclamação da República não trouxeram ganhos para o negro no
Brasil. Sem um programa que o introduzisse social e economicamente em nossa sociedade, o
negro �cou marginalizado, foram negligenciados seus direitos de várias maneiras, seja pela
questão da cidadania, pois não tinham direito a voto, seja por problemas com a moradia, saúde e
trabalho, uma vez que competiam com a migração europeia. Além disso, havia o desprestígio
relacionado às teorias eugênicas, em voga na época, que consideravam o negro uma raça inferior
(Previtalli; Vieira, 2017, p. 102).
Os ex-escravizados brasileiros foram privados de condições materiais de existência e
sobrevivência, tendo que se adaptar às condições precárias, resultando em altos índices de
pobreza e marginalização. O racismo estrutural está presente na formação histórica brasileira, a
partir de uma hierarquização rígida da estrutura social brasileira reverberando em condições
precárias da população negra no Brasil, que se veri�ca no acesso a serviços públicos, na
representação política e/ou no mercado de trabalho.  
A estigmatização e o preconceito levaram a formas de discriminação, preconceitos e
intolerância, que agravam as desigualdades sociais e econômicas. Durante muito tempo, não
houve no país políticas públicas de inclusão que buscassem a reparação histórica que o racismo
estrutural aqui provocou. Isso tem começado a mudar nas últimas décadas, mas há muito
trabalho a ser feito do ponto de vista da educação e da conscientização.
O combate ao racismo estrutural e o papel da educação
Infelizmente, ainda ocorrem muitos casos de racismo em nossa sociedade. Diversos tipos de
violência vitimizam a população negra em nosso cotidiano.
O racismo estrutural é outracaracterística de como se veri�cam as discriminações étnico-raciais
no contexto pós-abolicionista do Brasil, re�exo de nossa formação histórica e que ecoa até os
dias atuais. O conceito explica o fenômeno da hierarquização da cor da pele desde o período da
colonização, fazendo com que se estabeleça um sistema em que pessoas negras ocupem a
base da estrati�cação social, com menor acesso a condições e oportunidades.
Pode-se perceber que a educação tem papel fundamental no combate ao racismo estrutural e as
formas de violência associadas às questões étnico-raciais. A educação e suas ações, para além
dos muros da escola, são fundamentais no combate do preconceito, discriminação e
intolerância. Das muitas funções sociais, as políticas públicas servem para proporcionar maior
conscientização e sensibilização dos estudantes e da sociedade brasileira.
A conscientização e a desconstrução de estereótipos, portanto, contribuem para a valorização de
conteúdos e competências da história e da cultura negra, africana, afro-brasileira e indígena, que
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
devem estar presentes nos currículos de todos níveis da educação básica, de modo a contemplar
e valorizar a diversidade étnico-racial. Com isso, espera-se promover o respeito e a compreensão
das diferentes culturas, sendo todas elas importantes para o desenvolvimento do país.
A promoção da igualdade e da equidade social por meio da educação e da cultura, bem como de
outras áreas importantes e estratégicas na sociedade brasileira, contribui para que seja possível
alcançar a igualdade de oportunidades e a equidade para toda a população brasileira,
independentemente da identidade sociocultural e da origem étnico-racial. A�nal, somos um país
multicultural e as diversas culturas aqui existentes devem ser respeitadas e valorizadas.
A formação de professores, funcionários e comunidade escolar, além da adoção de práticas
pedagógicas inclusivas, contribui para o combate ao racismo estrutural. A formação e a
capacitação adequada, com mecanismos que valorizem a diversidade sociocultural, são, nesse
sentido, amplamente importantes para o que estamos tratando nesta aula. As o�cinas temáticas
e culturais para professores da educação básica, a ação das equipes multidisciplinares para a
educação das relações étnico-raciais e o desenvolvimento de um plano de ação conjunto na
escola corroboram amplamente para o estímulo e re�exão crítica acerca da inclusão da história e
cultura afro-brasileira e indígena nos currículos e no cotidiano da escola. 
 
 
Vamos Exercitar?
Vamos rever as questões levantadas no início desta aula: de que modo as formas diversas de
discriminações raciais estão presentes no contexto pós-abolicionista? A abolição da escravatura
no Brasil se deu em 1888 e determinou o �m da escravização dos negros no Brasil. O período
que sucede a abolição da escravatura reatualizou práticas discriminatórias de formas mais sutis
e estruturais, como as políticas de branqueamento e de eugenia. Isso esteve longe de indicar o
�m das desigualdades e das discriminações raciais.
No atual contexto, é possível garantir a permanência e o acesso igualitário para todas as
pessoas na educação, independentemente de sua identidade sociocultural? De que forma isso é
possível? Você compreendeu a importância do movimento negro uni�cado, movimento social
responsável pelas mudanças mais recentes e que signi�cam conquistas de direitos para negros
e negras. A política de cotas é um exemplo de política de ação a�rmativa, uma medida que
contribui com a garantia de acesso igualitário para todas as pessoas. É também importante, pois
contribui para a superação do racismo no Brasil, proporcionando a inclusão e a permanência da
população negra nas instituições de ensino.
O que é racismo estrutural? Quais as ações mais e�cazes para combater o racismo estrutural em
nosso país? Qual o papel da educação nesse processo? Você estudou o conceito do mito da
democracia racial e percebeu que essa perspectiva oculta as desigualdades étnico-raciais
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
existentes historicamente em nosso país. A existência do racismo estrutural, que se reverbera
até os dias de hoje com a segregação racial, escancara as formas de discriminação e as
desigualdades raciais aqui vivenciadas por muitos grupos excluídos social e economicamente.
Segundo o que aprendemos, o racismo estrutural está presente na formação histórica brasileira,
desde o advento de uma hierarquização rígida da estrutura social brasileira, trazida com os
portugueses, que resultou em condições precárias da população negra no Brasil. Isso se veri�ca
no acesso a serviços públicos, na representação política e/ou no mercado de trabalho. Nesse
sentido, a educação tem um papel preponderante no combate ao racismo estrutural e às formas
de violência associadas às questões étnico-raciais. A educação precisa estender suas ações
para além dos muros da escola, fundamentais no combate ao preconceito, à discriminação e à
intolerância. Como discutimos, das muitas funções sociais, as políticas públicas servem para
proporcionar maior conscientização e sensibilização dos estudantes e da sociedade brasileira.
Saiba mais
A reatualização das discriminações raciais pós-abolição
Para aprofundar seus estudos sobre as discriminações raciais no Brasil no contexto pós-
abolicionista, recomendamos a leitura do capítulo intitulado Como o racismo afeta o
desenvolvimento das crianças negras do livro Sobrevivendo ao racismo: memórias, cartas e o
cotidiano da discriminação no Brasil,  de Luana Tolentino. Você encontra esse material
disponibilizado em nossa Biblioteca Virtual. 
Acesso igualitário e permanência na educação
Para pensar a questão do acesso e permanência na educação, sugerimos que você assista ao
�lme Que horas ela volta?, dirigido por Anna Muylaert. O �lme revela e explicita as múltiplas
contradições da sociedade de classes no Brasil e nos leva a re�etir sobre a importância das
políticas públicas de ações a�rmativas e de inclusão.
O combate ao racismo estrutural e o papel da educação
Para o aprofundamento dos estudos sobre o combate ao racismo estrutural e o papel da
educação recomendamos a leitura do Capítulo 1: Combate ao racismo – obrigação ética e moral
dos afro-brasileiros no pós-escravismo do livro Educação: um pensamento negro
contemporâneo, de Sales Augusto dos Santos. O livro demonstra mais de cem anos de luta de
movimentos contra o racismo e por educação no Brasil. O livro está disponível em nossa
Biblioteca Virtual.
 
 
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/211229/pdf/0?code=CKrQ6+mRBNWDwCYp8djkP34cVhv8bLHoSMsiyTaMCiy1XoJYksWVwWKNBeXNezZ/cWlQrG59QMeA8vL4OKIEcg==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/211229/pdf/0?code=CKrQ6+mRBNWDwCYp8djkP34cVhv8bLHoSMsiyTaMCiy1XoJYksWVwWKNBeXNezZ/cWlQrG59QMeA8vL4OKIEcg==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/207692/epub/0?code=OIc03IjpzCmxAOjhFH8xP3o1wWDZYvOub96SMlvMyQ2PutVTQWFrkx/8YyuGZGqdudy1fJh9gTmyFCN1846LkA==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/207692/epub/0?code=OIc03IjpzCmxAOjhFH8xP3o1wWDZYvOub96SMlvMyQ2PutVTQWFrkx/8YyuGZGqdudy1fJh9gTmyFCN1846LkA==
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Referências
BRASIL. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as
Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de
1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003. Diário O�cial da União, Brasília, 21 jul. 2010.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm.
Acesso em: 31 jan. 2024.   
FELINTO, R. Culturas africanas e afro-brasileiras em sala de aula: saberes para professores,
fazeres para os alunos: religiosidade, musicalidade, identidade e artes visuais. Belo Horizonte:
Editora Fino Traço, 2012.
OLIVEIRA, L. F. de. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor. Rio de Janeiro:
Imperial Novo Milênio, 2016.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade.Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017.
SANTOS, S. A. dos. Educação: um pensamento negro contemporâneo. Jundiaí, SP: Paco e Littera,
2014. 
TOLENTINO, L. Sobrevivendo ao racismo: memórias, cartas e o cotidiano da discriminação no
Brasil. 1. ed. Campinas: 7 Mares, 2023. 
Aula 4
Educação e Povos indígenas
Educação e povos indígenas
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Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Bons estudos!
 
Ponto de Partida
Nesta aula, você vai estudar sobre educação e políticas da diferença, a partir da perspectiva dos
povos indígenas. Estamos completando o percurso desta unidade, que se objetivou em
aprofundar os conhecimentos oriundos das populações originárias que compuseram a formação
da sociedade brasileira. Buscamos destacar as políticas públicas de valorização e de
reconhecimento das identidades socioculturais das populações negra e indígena e a diversidade
brasileira.
Para esta aula sobre educação e povos indígenas, alguns questionamentos se fazem
necessários para iniciarmos as nossas re�exões: Qual a importância da preservação cultural dos
povos indígenas? Quais as principais reivindicações do movimento indígena brasileiro? No atual
contexto em que estamos inseridos, de que modo é possível estabelecer justiça social para os
povos indígenas? Qual a importância da educação intercultural e bilíngue nas escolas de
educação indígena? Por que se devem valorizar nas escolas e na sociedade, de modo geral, os
conhecimentos tradicionais?
Você pode perceber que esses são alguns questionamentos que nos levam a re�etir sobre as
relações entre educação e os povos indígenas. Sabemos que precisamos contextualizar essa
discussão com as questões que envolvem a formação histórica da sociedade, marcada pela
desigualdade e por formas diversas de discriminação e de violência. Você é o nosso convidado
especial. Aprofunde, sempre que possível, os seus conhecimentos sobre o tema. Bons estudos!
Vamos Começar!
A partir de agora, você vai estudar os embaraços e desembaraços envolvendo os povos
indígenas, a questão da preservação cultural e a justiça social. Em seguida, você vai estudar a
educação intercultural e bilíngue nas escolas. Por �m, vai analisar a importância de valorizar os
conhecimentos dos povos tradicionais, transmitidos de geração em geração ao longo do tempo.
Povos indígenas, preservação cultural e justiça social
Sabemos da importância dos povos indígenas e suas contribuições para a cultura brasileira,
aliás, os povos indígenas são as bases da identidade sociocultural de nosso povo. A preservação
cultural dos povos indígenas, bem como o direito à terra, diante de todo o contexto que envolve a
nossa formação histórica, se faz mais do que necessário e se justi�ca por si só, de modo que
possa haver justiça social. Somente assim seria possível corrigir minimamente as distorções,
violências e atrocidades cometidas pelo homem branco.  
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Tratar sobre educação e diversidade cultural dos povos indígenas consiste em reconhecer a
importância das políticas da diferença presentes na educação e sociedade brasileira. Preservar a
cultura dos povos originários do Brasil, que é dever de todos os brasileiros, não bene�cia apenas
os povos indígenas, mas a sociedade brasileira de modo geral e a diversidade cultural com que
nos constituímos ao longo da história.
O resgate cultural dos povos indígenas está presente em nossas memórias quando nos
lembramos das maneiras tradicionais estabelecidas no manuseio das relações com a natureza,
que contribuem amplamente para a preservação do meio ambiente, pauta essencial no contexto
da contemporaneidade.
A defesa por esses direitos, a autodeterminação, a terra e a cultura dos povos indígenas são
bandeiras próprias do movimento indígena brasileiro, órgão que se constituiu visando à
preservação cultural dos povos originários do Brasil e à conquista de direitos. Não à toa, é
fundamental que seja promovida a justiça social para os povos indígenas e para a população
negra, historicamente explorados pelo trabalho compulsório realizado no Brasil. Ou seja, da
mesma forma que os negros encontram di�culdades para serem incluídos, os povos indígenas
também sofrem por causa da formação desigual e excludente da sociedade brasileira.
Durante o século XX, pensou-se na construção de algumas instituições que buscassem promover
a justiça social para os indígenas. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) nasce do
Serviço de Proteção ao Índio (SPI), órgão criado no contexto da ditadura militar. A SPI, por sua
vez, nasceu do projeto do Marechal Cândido Rondon, que tinha como objetivo a assimilação do
indígena junto à sociedade brasileira de forma inclusiva, sem violência. No contexto da ditadura,
esses projetos buscavam a integração dos povos indígenas na sociedade brasileira, no sentido
de que os indígenas fossem “adaptados” à cultura brasileira, deixando de lado suas percepções e
cosmovisões de mundo, no contexto de nacionalismo exacerbado proposto pelos militares
(Previtalli; Vieira, 2017, p. 105-106).
A questão da demarcação de terras para os povos indígenas é uma maneira de se fazer a justiça
social, restaurativa, a�nal eram eles que aqui estavam antes da chegada dos europeus
colonizadores. Por isso, é direito dos povos indígenas acessar as terras que foram retiradas de
suas posses em favor de uma política de colonização.
O Art. 231 da Constituição de 1988 assegura os direitos à cultura, direitos legais e direito à terra
para os povos indígenas, e o Estado terá a obrigação de zelar por esses direitos. É dever de todo
o cidadão contribuir para que esse direito seja preservado, ajudando a desconstruir qualquer
estereótipo ou preconceito contra a população indígena. Somente em 2002 foi declarado no
código civil a competência dos indígenas em gestar suas vidas, pois, até então, eram
considerados incapazes (Previtalli; Vieira, 2017, p. 107), o que nos faz lembrar, por exemplo, de
órgãos como o Serviço de Proteção ao Índio (SPI).
Conscientizados, os líderes indígenas centraram sua luta em função da terra, porém com
abordagens diversas. Algumas questões abordadas são: a regularização do processo de
demarcação das terras indígenas; inspeção das áreas demarcadas para que não sejam
descaracterizadas; ampliação das terras demarcadas, que muitas vezes são insu�cientes para o
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
sistema de vida do grupo indígena ali estabilizado; combate às empresas que possam se instalar
próximos ou até invadir as terras indígenas e que causam impacto ambiental prejudicando a vida
nas aldeias etc. (Previtalli; Vieira, 2017, p. 108).
Ao encontro dessas políticas de valorização da cultura indígena, a Lei 11.645/08, como você
estudou em aulas anteriores, foi extremamente importante para a preservação cultural dos povos
indígenas, assegurando a obrigatoriedade dos seus conteúdos nas escolas. Você pode perceber
a importância de preservar a cultura dos povos indígenas, pois ela é fundamental para um
mecanismo de inclusão na sociedade de modo geral. A cultura indígena é bastante vasta, rica e
diversa, além de amplamente valiosa, especialmente quando se re�ete sobre os problemas
ambientais sofridos pela humanidade.
A biodiversidade, a conservação e a sustentabilidade ambiental propostas pelos povos
indígenas, considerados os guardiões das terras e dos recursos naturais, é algo extremamente
importante para a preservação do meio ambiente e de suas terras no contexto de crise
socioambiental vivenciada no capitalismo contemporâneo. Os conhecimentos tradicionais sobre
medicina, agricultura, religião,arte, entre outros, devem assim ser apreendidos e trabalhados nas
escolas, para que todos os estudantes tenham a oportunidade de conhecer aspectos da cultura
dos povos originários.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Figura 1 | Instrumentos musicais indígenas - fotogra�a de Álvaro Eugénio Neves da Fontoura e António de Almeida. Fonte:
Wikimedia Commons. 
Munidos de conhecimentos sobre os con�itos que envolvem a demarcação de terras em
território nacional, os povos indígenas têm lutado para preservar as poucas terras que possuem,
algo em torno de 13% do território nacional, em detrimento das severas ameaças e pressões
sofridas por ruralistas e grandes latifundiários (ISA, 2021). Recentemente, como retrocesso
dessa perspectiva da diversidade e da educação, a aprovação do Marco Temporal fez com que
os povos indígenas tivessem direito de ocupar apenas as terras que ocupavam em 1988, ano da
promulgação da Constituição Cidadã.
Como se pode perceber, é preciso que haja justiça social e o reconhecimento de direitos, das
terras indígenas, de modo que essa população tenha autonomia e autodeterminação.
Estabelecer meios de diálogo intercultural e de valorização da diversidade nos espaços da escola
contribui para uma maior conscientização social e para o estreitamento da convivência entre
diferentes culturas promovido pelos povos indígenas, levando ao enriquecimento da cultura.
É preciso que os povos indígenas estejam juntos no processo de tomada de decisões de nossa
sociedade. Isto é, deve-se reconhecer a diversidade cultural, ambiental e a luta por justiça social
e inclusão. A preservação cultural dos povos indígenas, portanto, é fundamental para a
construção de uma sociedade plural, democrática e mais justa.
 
Siga em Frente...
Educação intercultural e bilíngue
A educação intercultural e bilíngue é primordial para que os povos indígenas possam ser
incluídos na sociedade de modo mais efetivo, pois assim se contribui para a promoção da
igualdade e da valorização da diversidade cultural. Como se pode perceber, somos uma
sociedade multicultural e, por isso, não devemos economizar esforços para a construção de
sociedades mais inclusivas e respeitosas em relação às diferentes culturas.
O foco dos estudos em educação e diversidade consiste na construção de uma identidade
coletiva, mais plural e democrática. Apesar de todo um processo histórico marcado pelo
genocídio e tentativas do Estado brasileiro de integração da população indígena e suas culturas,
muitos povos indígenas resistem na luta pela sua a�rmação. No Brasil, existem catalogadas 274
línguas, entre os 305 povos indígenas (IBGE, 2010 apud Oliveira; Costa, 2016, p. 382).
Tronco linguístico corresponde às a�nidades linguísticas que costumam ser organizadas em
famílias de línguas, de modo a identi�car origens comuns ou semelhanças. As escolas de
educação indígena, e não apenas elas, devem proporcionar em seus currículos um modelo de
educação intercultural e bilíngue que contribua com a preservação das línguas e das culturas
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
indígenas, uma vez que possibilita aos povos indígenas o acesso à língua materna e que a
trabalhem ao longo de sua formação. A língua, nesse sentido, possibilita o reconhecimento e a
valorização das tradições, cosmovisões e conhecimentos próprios dos povos indígenas, estreita
diálogos entre saberes tradicionais e acadêmicos, empodera e dá autonomia em uma relação
bilateral.
A valorização da diversidade cultural e o reconhecimento das diferentes culturas e a linguagem é
muito importante nesse processo, facilita as condições da população indígena em se
desenvolver e melhorar a capacidade comunicativa, a partir dos conhecimentos da língua
materna e da língua portuguesa, entre outras línguas que porventura aprenderem. Esses
conhecimentos são fundamentais para que a população indígena possa se comunicar com
outros povos.
Em educação e diversidade, estima-se que esses diálogos sejam acompanhados do respeito
entre as diferentes culturas. A educação intercultural e bilíngue preserva e fortalece a identidade
cultural de grupos étnicos minoritários, permitindo que os estudantes se reconheçam e se
identi�quem na própria cultura. A aprendizagem multicultural e multilíngue, portanto, estimula a
aprendizagem de diferentes línguas e culturas.
Os povos indígenas têm direito a uma educação escolar especí�ca, diferenciada, intercultural,
bilíngue/multilíngue e comunitária, conforme de�ne a legislação nacional que fundamenta a
Educação Escolar Indígena. Seguindo o regime de colaboração, posto pela Constituição Federal
de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a coordenação nacional
das políticas de Educação Escolar Indígena é de competência do Ministério da Educação (MEC),
cabendo aos Estados e Municípios a execução para a garantia deste direito dos povos indígenas
(Educação..., 2013, [s. p.]).
Com isso, esses modelos educacionais buscam reduzir as desigualdades e os preconceitos,
favorecendo a inclusão e o acesso igualitário na educação escolar indígena, a partir do
fortalecimento de mecanismos que incentivem o desenvolvimento da língua e cultura indígenas.
Essas medidas, ou seja, a educação intercultural e bilíngue contribui para a promoção da justiça
social e a equidade.  
Valorização de conhecimentos tradicionais
Os povos indígenas produziram (e produzem) conhecimentos milenares, essenciais para a
preservação cultural. Infelizmente, em muitas situações, esses saberes são ignorados e/ou
recusados pela cultura dominante e hegemônica. Você deve se lembrar do conceito de
epistemicídio que estudamos no começo desta unidade, e perceber que esse fenômeno tem um
propósito nas escolas e demais instituições de ensino.
No entanto, sabemos que as escolas são espaços necessários para a desconstrução de
estereótipos, discriminações e qualquer forma de violência e para a construção de espaços
democráticos e inclusivos. A ideia é a de que as escolas possam valorizar os diversos saberes e
os conhecimentos tradicionais proporcionados pelos povos originários.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
A�nal, sabemos da riqueza dos saberes acumulados pelos povos indígenas, comunidades
quilombolas, povos tradicionais e/ou minoritários ao longo do tempo e por diferentes
comunidades. Os saberes e conhecimentos dos povos originários são transmitidos ao longo do
tempo e abrangem agricultura, medicina tradicional, técnicas de preservação ambiental (rotação
de culturas), artes, mitologia, cosmologia, entre outros conhecimentos.
Valorizar os conhecimentos tradicionais signi�ca respeitar a diversidade de saberes e
conhecimentos existentes nas diferentes culturas que coabitam um mesmo meio social. Como
se pode perceber até aqui, em educação e diversidade, não existem conhecimentos melhores ou
piores, eles são apenas formas de conhecimento diferentes entre si.  
Os conhecimentos tradicionais são elementos essenciais para a preservação da identidade
cultural e para a transmissão de valores e tradições de um grupo étnico. Por isso, é importante
que as equipes multidisciplinares para a educação das relações étnico raciais nas escolas
trabalhem conteúdos e saberes das populações tradicionais junto a seus estudantes.
Os afro-brasileiros, embora pela diáspora, tenham tido uma história diversa quanto à separação
em grupos étnicos, também têm uma identidade que os identi�ca como tal. De alguma forma
foram preservadas suas culturas, seus modos de falar, de viver sua religião, de presenciar a vida
e a morte, de contar suas histórias. É por meio da cosmovisão dessas populações, das histórias
orais, que suas memórias podem ser mantidas. Stuart Hall (2004, p. 29) escreve que: “Possuir
uma identidade cultural [...] é estar primordialmente em contato com um núcleo imutável e
atemporal, ligando o passado, o futuro e o presente numa linha ininterrupta. Esse cordão
umbilical é o que chamamos de ‘tradição’ [...]” (Previtalli; Vieira, 2017, p. 109-110).
É preciso dar o devido empoderamento e autonomia para os saberesdas comunidades
indígenas, especialmente quando esses saberes se tornam cada vez mais relevantes no
enfrentamento dos desa�os vivenciados pela humanidade no contexto atual, marcado por
problemas como o aquecimento global, a poluição, o desmatamento, entre outros.
Nesse sentido, como se pode perceber, os povos indígenas contribuem a partir dos saberes
tradicionais para o conhecimento global. A sustentabilidade ambiental, na qual muitos
saberes/conhecimentos estão diretamente ligados à preservação e manejo sustentável dos
recursos naturais, é igualmente importante nesse processo e deve ser disseminada nas escolas.
 
 
Vamos Exercitar?
Você estudou nesta aula sobre educação e povos indígenas, tomando como percurso um breve
roteiro de questionamentos que referenciaram a problematização. Vamos a eles: qual a
importância da preservação cultural dos povos indígenas? Você estudou sobre a preservação
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
cultural dos povos indígenas, bem como o direito à terra, diante de todo o contexto que envolve a
nossa formação histórica, algo que se faz mais do que necessário e se justi�ca por si só, de
modo que possa haver o mínimo de justiça social. Os ensinamentos e as relações estabelecidas
nessa mediação com a natureza contribuem amplamente para a preservação do meio ambiente,
pauta essencial no contexto da contemporaneidade.
Quais as principais reivindicações do movimento indígena brasileiro? É um órgão que se
constituiu visando à preservação cultural dos povos originários do Brasil e à conquista de
direitos. Assim, tem como objetivo a defesa de direitos como a autodeterminação, a terra e a
cultura dos povos indígenas.
No atual contexto em que estamos inseridos, de que modo é possível estabelecer justiça social
para os povos indígenas? A justiça social é fundamental para os povos indígenas e para a
população negra, historicamente explorados pelo trabalho compulsório realizado no Brasil. Como
você estudou, da mesma forma que os negros encontram di�culdades para serem incluídos, os
povos indígenas também sofrem por causa da formação desigual e excludente da sociedade
brasileira. A questão da demarcação de terras para os povos indígenas é uma maneira de se
fazer a justiça social, restaurativa, a�nal eram eles que aqui estavam antes da chegada dos
europeus colonizadores. Você percebeu a necessidade da justiça social e o reconhecimento de
direitos das terras indígenas, de modo que essa população tenha autonomia e
autodeterminação.
Outro questionamento proposto foi: qual a importância da educação intercultural e bilíngue nas
escolas de educação indígena? Como você estudou, a educação intercultural e bilíngue é
primordial para que os povos indígenas possam ser incluídos na sociedade de modo mais
efetivo, pois assim se contribui para a promoção da igualdade e da valorização da diversidade
cultural. As escolas de educação indígena, e não apenas elas, devem proporcionar em seus
currículos um modelo de educação intercultural e bilíngue, pois contribui para preservar e
fortalecer a identidade cultural de grupos étnicos minoritários, permitindo que os estudantes se
reconheçam e se identi�quem na própria cultura.
En�m, por que se devem valorizar nas escolas e na sociedade de modo geral os conhecimentos
tradicionais? Como você estudou, as escolas são espaços necessários para a desconstrução de
estereótipos, discriminações e qualquer forma de violência e para a construção de espaços
democráticos e inclusivos. Nessas instituições, é possível valorizar os diversos saberes e os
conhecimentos tradicionais proporcionados pelos povos originários. Você estudou que valorizar
os conhecimentos tradicionais signi�ca respeitar a diversidade de saberes e conhecimentos das
diferentes culturas que coabitam um mesmo meio social, sendo elementos essenciais para a
preservação da identidade cultural e para a transmissão de valores e tradições de um grupo
étnico.  
Saiba mais
Povos indígenas, preservação cultural e justiça social
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre os povos indígenas, recomendamos a leitura da
Introdução do livro Povos indígenas e direitos territoriais, de Leandro Ferreira Bernardo. Leia
depois outro capítulo de sua escolha relacionado a períodos históricos como: pré-colombiano,
colonial, Império e República. Anote a referência para posteriormente realizar a leitura de toda a
obra. Você encontra esse material em nossa Biblioteca Virtual. 
Educação intercultural e bilíngue
Para o aprofundamento dos estudos sobre os saberes e conhecimentos dos povos indígenas,
recomendamos que você assista à animação Ga vī: a voz do barro. A animação foi criada através
das memórias narradas por Gilda Wankyly Kuita e Iracema Gãh Té Nascimento, com imagens e
sons captados na Terra Indígena Kaingang Apucaraninha (PR) durante o encontro de mulheres
Ga vī: a voz do barro, conversando com a terra. Você pode encontrar essa animação,
pesquisando na internet.
Valorização de conhecimentos tradicionais
Para que você possa conhecer mais e valorizar os conhecimentos tradicionais, sugerimos que
explore a página Cartas Indígenas ao Brasil. Conheça as perspectivas apresentadas pelos povos
indígenas no Brasil.
 
 
Referências
BERNARDO, L. F. Povos indígenas e direitos territoriais. 1. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2021. 
EDUCAÇÃO escolar indígena. Gov.br, 18 nov. 2013. Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-
br/atuacao/povos-indigenas/cidadania/educacao-escolar-indigena. Acesso em: 31 jan. 2024.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (ISA). Marco temporal não: entenda por que não tem “muita terra
para pouco índio” no Brasil. Disponível em: https://site-antigo.socioambiental.org/pt-br/noticias-
socioambientais/marcotemporalnao-entenda-por-que-nao-tem-muita-terra-para-pouco-indio-no-
brasil  Acesso em: 30 nov. 2023.
OLIVEIRA, L. F. de. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor. Rio de Janeiro:
Imperial Novo Milênio, 2016.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017. 
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/196975/epub/0?code=tOjRUZYv2uXW+eE7qSb/tKGiCrqaqtJ8dnCH/P2GXvP/cxPwoYOIcJwdKOpypcjhYopMJ2j6PB12Pk2bB/XHPg==
https://cartasindigenasaobrasil.com.br/
https://site-antigo.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/marcotemporalnao-entenda-por-que-nao-tem-muita-terra-para-pouco-indio-no-brasil
https://site-antigo.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/marcotemporalnao-entenda-por-que-nao-tem-muita-terra-para-pouco-indio-no-brasil
https://site-antigo.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/marcotemporalnao-entenda-por-que-nao-tem-muita-terra-para-pouco-indio-no-brasil
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Aula 5
Encerramento da Unidade
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Ponto de Chegada
Sabemos que são muitos os desa�os para que a educação e a diversidade sejam promovidas em
nossa sociedade. Como educadores, é de nossa competência encontrar os meios para que
possamos viabilizar os direitos, o reconhecimento, a autodeclaração e a autonomia dos povos
negros e indígenas do nosso país, contribuindo assim para valorizar a diversidade cultural
brasileira. 
Educação e violências
Nos estudos sobre as relações entre educação e as políticas da diferença, você conheceu Pierre
Bourdieu e sua importância nos estudos sobre educação e diversidade. O sociólogo desenvolveu
a teoria da reprodução da violência simbólica que está presente na educação e seus sistemas de
ensino transmitidos pelas escolas e pelos centros educacionais. Esse conceito nos ajuda a
pensar nas característicasdas escolas e seus sistemas, modelos e métodos de ensino, a�nal,
segundo Bourdieu, eles reproduzem as desigualdades sociais e educacionais. Relacionado a
essas discussões, o conceito de epistemicídio ilustra a maneira com que as formas de violência
simbólica ocorrem nas escolas. O epistemicídio é um termo cunhado pelo sociólogo Boaventura
Sousa Santos que explica a morte da construção do conhecimento. Na instituição de ensino, na
qual se transmite o conhecimento cientí�co, portanto, saberes interligados aos conhecimentos,
cultura e visão de mundo das classes dominantes, veri�ca-se uma forma de violência praticada
pela (e na) escola, que é constituída a partir das relações sociais e de poder, o que, por sua vez,
se relaciona ao epistemicídio. O produto da intolerância corresponde a formas diversas de
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
violência simbólica e material reproduzida pela sociedade e que se manifesta nas práticas de
preconceito, discriminação e intolerância. O produto é, portanto, a perpetuação da estrutura de
desigualdades sociais, econômicas, educacionais, culturais e de gênero, historicamente
estabelecidas em nosso meio social. E o(s) produtor(es) da violência na sociedade são a
estrutura social em que a escola está inserida, a classe dominante que mantém o status quo
vigente e as escolas, bem como a reprodução da violência (os agentes), segundo Bourdieu.
Educação e aspectos legais da diversidade
Nas últimas décadas, foram promulgadas políticas públicas educacionais que reconhecem a
importância da diversidade social e cultural do Brasil. Cabe-nos destacar essas políticas como
avanços para a sociedade brasileira como resultado das reivindicações dos movimentos sociais
e da sociedade civil organizada. 
A Lei 10.639/03 torna o ensino da história e cultura afro-brasileira [RSL1] e africana obrigatório
nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, o�ciais e particulares de todo o país. A
Lei 11.645/08 inclui a abordagem sobre a cultura indígena, tornando-a igualmente obrigatória na
educação básica em todas as modalidades de ensino e em todos os componentes curriculares
(disciplinas). Ambas as legislações contribuem signi�cativamente para promover mudanças que
ampliam a perspectiva de uma escola inclusiva do ponto de vista social, plural e democrática,
sobretudo porque promove o reconhecimento da diversidade cultural. A Lei nº 12.711/12,
conhecida como a Lei de Cotas nas Universidades garante a reserva de 50% das matrículas por
curso e turno nas 59 universidades federais e 38 institutos federais de educação, ciência e
tecnologia a alunos oriundos integralmente do ensino médio público, em cursos regulares ou da
educação de jovens e adultos. E a Lei 13.146/15, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
De�ciência tem como objetivo garantir e promover os direitos e a inclusão das pessoas com
de�ciência em diferentes aspectos da vida social, cultural, econômica e política. Isso representou
um avanço signi�cativo na garantia dos direitos das pessoas com de�ciência, pois se baseia nos
princípios da dignidade, igualdade, autonomia e inclusão e participação na sociedade.
Educação e movimento negro
As questões relacionadas à educação e ao movimento negro são importantes para a conquista
de direitos da população negra, relegada historicamente a condições desiguais para a
reprodução da vida. Mesmo com a abolição da escravatura no Brasil, em 1888, que determinou o
�m da escravização dos negros no Brasil, isso não representou condições igualitárias de acesso
a oportunidades e direitos para essa população, como o que se veri�cou com as políticas de
branqueamento e de eugenia. É preciso compreender a importância do Movimento negro
uni�cado na conquista de direitos pela população negra. A política de cotas é um exemplo de
políticas de ações a�rmativas, uma medida que contribui para garantir o acesso igualitário para
todas as pessoas. Outro conceito importante que estudamos nesta aula foi o mito da
democracia racial, que oculta as desigualdades étnico-raciais existentes historicamente em
nosso país. A existência do racismo estrutural, que se reverbera até os dias de hoje com a
segregação racial, escancara as formas de discriminação e as desigualdades raciais aqui
vivenciadas por muitos grupos excluídos social e economicamente. En�m, a educação tem um
papel importante no combate ao racismo estrutural e às formas de violência associadas às
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
questões étnico-raciais. Deve-se promover suas ações para além dos muros da escola, no
combate ao preconceito, à discriminação e à intolerância.
Educação e povos indígenas
Nos estudos sobre educação e povos indígenas, devemos nos lembrar da importância da
preservação cultural dos povos indígenas, o direito à terra, diante de todo o contexto que envolve
a nossa formação histórica. A educação é uma instituição que promove justiça social nesse
contexto.
O movimento indígena brasileiro defende a preservação cultural dos povos originários do Brasil e
a conquista de direitos, tendo como objetivo a defesa desses direitos, a autodeterminação, a
terra e a cultura dos povos indígenas. A educação intercultural e bilíngue é primordial para que os
povos indígenas possam ser incluídos na sociedade de modo mais efetivo, contribuindo para a
promoção da igualdade e da valorização da diversidade cultural. Nesse sentido, as escolas são
espaços necessários para a desconstrução de estereótipos, discriminações e qualquer forma de
violência e para a construção de espaços democráticos e inclusivos, onde seja possível valorizar
os diversos saberes e os conhecimentos tradicionais proporcionados pelos povos originários.
Isso signi�ca respeitar à diversidade de saberes e conhecimentos existentes nas diferentes
culturas, elementos essenciais para a preservação da identidade cultural brasileira.
 
 
É Hora de Praticar!
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Para o estudo de caso desta unidade, imagine-se como um educador que integra a Equipe
Multidisciplinar para a Educação das Relações Étnico-Raciais de uma escola brasileira. Para o
encaminhamento deste estudo de caso, você deve se lembrar que a escola é re�exo da
sociedade brasileira, ou seja, um país multicultural e caracterizado pela diversidade com que se
constitui a população brasileira. Além disso, você também deve levar em consideração as
reformas educacionais da educação básica no atual contexto proposto pela Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) que levou à reformulação da organização curricular das escolas
brasileiras, sob a perspectiva da emergência de novas possibilidades na abordagem dos
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
conteúdos por competências e habilidades, de forma interdisciplinar, entre as áreas do
conhecimento.
Sabemos que a educação para as relações étnico-raciais e o ensino de história e cultura afro-
brasileira, africana e indígena têm sido um grande desa�o para os educadores, diante das
contradições sociais presentes historicamente em nossa sociedade, e das formas de violência
simbólica que são reproduzidas na escola. No entanto, sabemos que a temática do ensino da
história e da cultura afro-brasileira, africana e indígena tem oportunizado momentos
signi�cativos para os educadores implementarem as Leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08 no
espaço escolar, sobretudo por meio das ações da Equipe Multidisciplinar para a Educação das
Relações Étnico- Raciais. Como vimos, a escola é o lócus, por excelência, de estudos, re�exões,
diálogos, debates e mobilizações diversas sobre a diversidade cultural em suas matrizes étnicas
que compõem a nossa população, bem como as especi�cidades da pluralidade cultural da
população brasileira.
Sabendo das possibilidades múltiplas da Equipe Multidisciplinar para a Educação das Relações
Étnico-Raciais, de que modo você pode contribuir para uma educação mais inclusivavisando a
diversidade étnico-racial? Como você poderia contribuir para a erradicação de manifestações de
discriminação, estereótipos e de desconhecimento da história e cultura dos grupos étnicos
representados na comunidade escolar? 
Aprofunde sua re�exão sobre o caso apresentado por meio das questões a seguir:
1. Quais os aspectos legais da diversidade na educação?
2. Quais são as estratégias para trabalhar a história e cultura negra e indígena nas escolas?
3. De que forma a violência simbólica está presente na escola e nas instituições de ensino em
nossa sociedade?  
Para saber como o desa�o proposto pode ser solucionado, prossiga com a sua leitura.
Para a resolução desse estudo de caso sobre as relações entre educação e políticas da
diferença, você deve se lembrar que nos estudos em educação e diversidade, devemos
reconhecer a formação das identidades socioculturais e o papel da educação com o
reconhecimento da valorização da diversidade, compreendendo os aspectos formadores das
desigualdades, que se manifesta de diversas formas em nosso país. Nesse estudo de caso,
lembre-se de que se encontra na condição de um educador que integra a Equipe Multidisciplinar
para a Educação das Relações Étnico-Raciais de uma escola brasileira.
Quando pensamos no papel das equipes multidisciplinares, percebemos a necessidade de
integrar um movimento coletivo no ambiente escolar, envolvendo todos os agentes educacionais
de uma escola. Não devemos supor que essa tarefa é de um ou de outro componente curricular,
mas deve haver um movimento que envolva toda a comunidade escolar, trabalhando a
interdisciplinaridade de maneira pedagógica, com questões latentes no cotidiano escolar, como a
discriminação racial e também o ocultamento da diversidade étnico-racial presente em nossa
sociedade. Lembre-se sempre de que a instituição escolar se propõe a valorizar e respeitar a
diversidade étnica e cultural da história dos povos africanos, indígenas e da cultura afro-brasileira
e suas contribuições na constituição da identidade do povo brasileiro.
Assim, retomamos os questionamentos propostos em nosso estudo de caso: de que modo você,
na condição de integrante da equipe multidisciplinar da escola, poderia contribuir para uma
educação mais inclusiva para a diversidade étnico-racial? Como você poderia contribuir para a
erradicação de manifestações de discriminação, estereótipos e de desconhecimento da história
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
e cultura dos grupos étnicos representados na comunidade escolar?  Perceba que, o seu papel, é
justamente contribuir para uma mudança de comportamento de maneira positiva, em relação à
posição ocupada pelos negros e indígenas na sociedade. Trata-se de promover atividades que
incentivem as ações culturais indígenas e afro-brasileiras na escola e de práticas pedagógicas,
que se objetivam pelo respeito entre os seres humanos e a valorização das contribuições de
todas as culturas que ajudaram a enriquecer a cultura brasileira. A�nal, desejamos uma
sociedade com justiça social e, para isso, não devemos poupar esforços para que as escolas se
tornem territórios de equidade e respeito, espaço adequado à formação de todos os cidadãos.
Devemos ter sempre em mente que a sociedade brasileira é plural, e mais do que compreender
essa pluralidade, torna-se importante o conhecimento, o respeito e a valorização de todas elas,
especialmente a presença negra e indígena, que muitas vezes são invisibilizadas no currículo
escolar. Devemos conectar essas experiências ao cotidiano escolar, para torná-las reconhecidas
por todos os atores envolvidos com o processo pedagógico, em especial professores, agentes
educacionais, pais, mães, responsáveis e estudantes. Portanto, é necessário que haja essa
re�exão coletiva dos agentes educadores para que a escola não seja um espaço excludente, mas
que seja um local integrador, no qual as diferenças não sejam apagadas ou escondidas, mas
reconhecidas.
Dessa forma, você pode contribuir com a equipe multidisciplinar de sua escola, participando,
conduzindo e mobilizando toda a escola em ações das equipes multidisciplinares, com a
oportunidade de estender o desenvolvimento dos estudos sobre as questões indígenas e étnico-
raciais em todos os componentes curriculares. Isso pode se dar mediante a inclusão de
conteúdos e atividades que abordem a história e cultura afro-brasileira e indígena nos materiais
didáticos e nas metodologias pedagógicas, além de outras atividades extracurriculares que
envolvam estudantes, professores e comunidade escolar para a discussão de questões étnico-
raciais e a promoção da diversidade no combate a práticas discriminatórias.
Por �m, você deve considerar sempre nesse trabalho as Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tratam
da necessidade de trabalhar a cultura indígena, africana e afro-brasileira em todos os
componentes da escola, bem como as ações desenvolvidas no plano de ação da equipe
multidisciplinar da escola que você ajudou a construir. E essas atividades devem ser trabalhadas
ao longo de todo o ano letivo.  
 
 
O mapa mental a seguir mostra as principais políticas públicas de ações a�rmativas e de
inclusão no Brasil promulgadas nas últimas décadas.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Fonte: elaborada pelo autor.
BERNARDO, L. F. Povos indígenas e direitos territoriais. 1. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2021. 
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2001.
BOURDIEU, P. Escritos de educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2023. 
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo o�cial da
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras
providências. Diário O�cial da União, Brasília, 10 jan. 2003. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm#:~:text=LEI%20No%2010.639%2C%
20DE%209%20DE%20JANEIRO%20DE%202003.&text=Altera%20a%20Lei%20no,%22%2C%20e%2
0d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em: 30 jan. 2024. 
BRASIL.  Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
1996, modi�cada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional, para incluir no currículo o�cial da rede de ensino a obrigatoriedade
da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Diário O�cial da União, Brasília, 11 mar.
2008.  Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm.
Acesso em: 30 jan. 2024.
BRASIL. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as
Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de
1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003. Diário O�cial da União, Brasília, 21 jul. 2010.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm.
Acesso em: 31 jan. 2024.   
BRASIL.  Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades
federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências.
Diário O�cial da União, Brasília, 30 ago. 2012. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm. Acesso em: 30 jan.
2024.
BRASIL.  Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
De�ciência (Estatuto da Pessoa com De�ciência). Diário O�cial da União, Brasília, 7 jul. 2015.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm.
Acesso em: 30 jan. 2024.
DIAS, E. M. Cotas para negros em universidades: função social do estado contemporâneo e o
princípio da proporcionalidade. 1. ed. Jundiaí: Paco e Littera, 2017. 
EDUCAÇÃO escolar indígena. Gov.br, 18 nov. 2013. Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-
br/atuacao/povos-indigenas/cidadania/educacao-escolar-indigena. Acesso em: 31 jan.2024.
DINIZ, M. Inclusão de pessoas com de�ciência e/ou necessidades especí�cas: avanços e
desa�os. 1. ed. São Paulo: Autêntica, 2012. 
DURÃO, G. de A. Léopold Senghor e Frantz Fanon: Intelectuais (pós) coloniais entre o político e o
cultural. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2022.
FELINTO, R. Culturas africanas e afro-brasileiras em sala de aula: saberes para professores,
fazeres para os alunos: religiosidade, musicalidade, identidade e artes visuais. Belo Horizonte:
Editora Fino Traço, 2012.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 29. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (ISA). População indígena no Brasil. Disponível em:
https://pib.socioambiental.org/pt/c/0/1/2/populacao-indigena-no-brasil  Acesso em: 30 nov.
2023.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (ISA). Marco Temporal Não: entenda por que não tem “muita terra
para pouco índio” no Brasil. Disponível em:Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
com a natureza e com outros homens. E isso forma um conjunto de representações simbólicas
que dão signi�cado à vida social, e o modo de viver, de estar e de interpretar e dar sentido ao
mundo nos conduz à cultura (Previtalli; Vieira, 2017).
Para pensarmos a cultura, temos que interpretar os signi�cados atribuídos aos diversos
elementos da sociedade, percebendo o que é do outro e o que é nosso. Pelo fato de o homem
estar sempre construindo novas relações com o mundo e interpretando a realidade, isto é,
tecendo as teias de signi�cados, a cultura é viva e dinâmica. A cultura é essa construção na qual
nada se perde, isto é, em que as coisas novas vão se misturando com as antigas. Assim, é a
partir da lente da cultura que nos vemos e vemos os outros. Cada cultura tem especi�cidades,
características próprias que as tornam diferentes entre si, mas nunca superiores/inferiores se
comparadas. (Previtalli; Vieira, 2017, p. 18)
Compreender a diversidade é entender que cada um de nós pertence a uma cultura. O
estranhamento àquilo a que não estamos acostumados não signi�ca que o outro esteja errado
ou que seja ruim (Previtalli; Vieira, 2017), mas nos permite a�rmar que ele (o outro) é apenas
diferente. Em suma, essa deve ser a postura a ser adotada nos estudos de educação e
diversidade, de modo a reconhecer as diferenças culturais existentes e valorizá-las.
Vamos Exercitar?
É chegado o momento de encerramento desta aula em que você estudou sobre cultura: um
conceito antropológico plural; as diferentes perspectivas em torno do conceito de cultura:
multiculturalismo, etnocentrismo e relativismo cultural; e as formas diversas de representação
cultural: expressões, práticas, crenças, valores, tradições e costumes. Essas abordagens estão
interrelacionadas com educação, diversidade e desigualdade.  
Você deve se lembrar de nossos questionamentos e problematizações para esta aula: à luz dos
objetivos propostos na disciplina de educação e diversidade, é possível de�nir um conceito de
cultura? Como você pôde perceber, existem muitas de�nições sobre o conceito de cultura. Para
os propósitos deste estudo, podemos de�nir cultura como a capacidade da humanidade como
um todo e a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos, de se apropriar dos recursos
naturais e transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la. De acordo com o que você
estudou, cultura se caracteriza como a possibilidade do indivíduo, inserido em seu agrupamento
social, de viver o seu dia a dia, compreender a realidade e atribuir signi�cados a ela, planejar,
calcular e transformar a natureza, além de re�etir sobre todas as coisas que estão ao nosso
redor.
Outro questionamento colocado em nossas problematizações é: como o conceito de cultura
pode ser de�nido a partir das diferentes perspectivas antropológicas? Você estudou que o
multiculturalismo parte da premissa da existência de sociedades multiculturais, pois culturas
coexistem no interior de um mesmo espaço social. Você conheceu diferentes abordagens no
entendimento sobre cultura: etnocentrismo e relativismo. O etnocentrismo, presente nas
chamadas narrativas da evolução, denominadas de evolucionismo social, parte do ponto de vista
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
de quem observa, em considerar a sua própria etnia no centro de tudo, ou seja, é a base
(conjunto de princípios e valores) pela qual o observador deve olhar as demais culturas
existentes no mundo. Por outro lado, o relativismo cultural toma como referência a perspectiva
de que cada cultura deve ser analisada a partir dos seus próprios termos, ou seja, os olhares, as
observações e todas as possibilidades de percepções de uma cultura diferente devem ser
relativas para o observador.
Por �m, quais as relações entre educação, diversidade e as representações culturais? Para
responder a esse questionamento, você deve se lembrar de que todo ser humano é um ser
cultural e que, portanto, convive social e culturalmente com outros povos. No entanto, é preciso
reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única. Em outras
palavras, devemos reconhecer e valorizar a diversidade social cultural e as diversas maneiras de
representações culturais existentes em nossa sociedade, ou seja, valorizar a nossa pluralidade
cultural. 
Em suma, compreender a diversidade signi�ca aceitar que cada um de nós pertencemos a uma
cultura, independentemente de qualquer estranhamento que uma cultura divergente possa
produzir. 
Saiba mais
Cultura: um conceito antropológico plural
Sobre o tema da cultura na abordagem antropológica, você pode ler a Aula 5 – Evolucionismo:
perspectivas e considerações e a Aula 7 – Boas e o conceito de cultura do livro Introdução à
Antropologia, de Igor José de Renó Machado, disponível em nossa Biblioteca Virtual. A ideia é
que você possa aprofundar os seus conhecimentos sobre a historiogra�a do pensamento
antropológico.
Multiculturalismo, etnocentrismo e relativismo cultural
Sobre o tema do multiculturalismo, você pode aprofundar os seus conhecimentos a partir da
leitura do Capítulo 1 – Multiculturalismo e educação: desa�os para a prática pedagógica, escrito
por Vera Maria Candau, no livro Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas, de
Antonio Flávio Moreira e Vera Maria Candau (orgs.). Esse capítulo oferece elementos para o
aprofundamento da compreensão das relações entre educação e cultura(s), particularmente nas
sociedades multiculturais em que vivemos. Aproveite e faça a leitura dos demais capítulos do
livro, também importantes para os estudos em educação e diversidade. Você encontra esse
material acessando a nossa Biblioteca Virtual.
Expressões, práticas, crenças, valores, tradições e costumes
Para pensar nas formas de representações culturais da realidade e as relações com a educação,
especialmente nas relações que envolvem a escola, recomendamos o �lme Entre os muros da
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/208550/pdf/0?code=enrO7PAT4zzoJedfLsf3lsVWB+BBT+ELCydztYNuk36wVBTq6zCETmV+5brdMWmV5Arq17d8+mZtIw5VLJHQXA==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/38430/epub/0?code=GzS7ZrcLePU93FPlSZQdBiE0E5ClgkFWGOvflacZ3uh9o+5AB9Vlablc4FuEfvQf35p8dbKwllP+yJIZzHvghg==
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
escola (Entre les Murs), dirigido por Laurent Cantent. O �lme mostra o choque cultural entre um
professor de francês e seus estudantes pertencentes a diversas culturas. 
Referências
GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
MACHADO, I. J. de R.; AMORIM, H.; BARROS, C. R. de. Sociologia hoje: ensino médio. São Paulo:
Ática, 2016.
MOREIRA, A. F.; CANDAU, V. M. (orgs.). Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas
pedagógicas. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
OLIVEIRA, L. F. de; COSTA, R. C. R. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor. Rio
de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017. 
SANTOS, J. L. O que é cultura. 14. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.
Aula 2
Identidades e Diferenças
Identidades e diferenças
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Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Ponto de Partida
Você vai estudar, nesta aula, as identidades e as diferenças. Em um primeiro momento, à luz das
re�exões trazidas sobre a diversidade social e cultural, cujas re�exões foram abordadas na aula
anterior, você vai explorar os conhecimentos sobre as identidades, do ponto de vista de como
elas se constroem, sobretudo a partir das diferenças que caracterizam os indivíduos em relação
aos outros; em meiotrabalhar ou querer viver a vida. Já que tudo
está determinado mesmo, caberia apenas �car esperando acontecer (Previtalli; Vieira, 2017, p.
125).
Pode-se perceber que gênero corresponde à construção social que demarca identidades, como
de homens, mulheres e de outros, como elaborações do contexto histórico e social, não
decorrentes simplesmente da diferença anatômica dos corpos (Oliveira; Rocha, 2016, p. 339).
Além disso, precisa-se destacar as articulações com as lutas sociais em torno da construção de
gênero, que se reverbera na produção de conhecimento.
Isso auxilia na articulação de uma proposta para o conceito de gênero. A historiadora norte-
americana Joan Scott indica que foram nesses ambientes, onde emergiram as contradições de
gênero, que começou a ser pensada uma produção historiográ�ca em que as mulheres
protagonizassem tanto quanto os homens o papel de sujeito histórico e pudessem, além de
�gurar nas páginas dos livros, rever várias abordagens cientí�cas sobre a produção do
conhecimento (Burke apud Previtalli; Vieira, 2017).
Os questionamentos acerca das contradições e dos con�itos gerados pela inferiorização e a
discussão sobre o que era o feminino no espaço acadêmico, possibilitaram desconstruir nesses
campos de saberes os limites de pensar o homem e a mulher como contraposição de relações,
como se fossem validados pela oposição entre os sexos (Previtalli; Vieira, 2017). Nesse sentido,
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
pode-se perceber que a construção do conceito de gênero perpassa a discussão acerca da
sexualidade.
O �lósofo Michel Foucault aponta em seus estudos sobre a sexualidade, investigada a partir da
sujeição, que ela se con�gura como um processo no qual nos tornamos o que somos a partir de
algo produzido para dizer quem somos e como devemos nos manter para ser o que está
de�nido. Segundo Foucault, nos tornamos quem somos, fazemos ou nomeamos as coisas de
uma forma e não de outra e isso gera efeitos ao tomarmos determinadas atitudes sobre nós e
sobre os outros e o que se produz a partir disso no espaço em que vivemos.
Foucault re�etiu acerca da sexualidade em seus estudos sobre os processos de sujeição na
modernidade, procurando criar uma história pela qual diferentes modos tornariam seres
humanos em sujeitos. O �lósofo propõe no sentido investigativo um olhar sob a norma e o poder,
uma força social múltipla que pode assimilar ou excluir alguém, inquirir da repreensão à punição,
do discriminar até a exclusão.
Os movimentos feministas tiveram origem desde �ns do século XIX. Ali se encontra a raiz da
problematização que culminou com a elaboração do conceito de gênero (Previtalli; Vieira, 2017).
Esses movimentos lutam por equidade e igualdade de condições entre homens e mulheres,
apontando as desigualdades de gênero existentes em nossa sociedade. O movimento feminista
foi muito importante, pois contribuiu com a construção de uma sociedade mais justa, a partir do
questionamento da cultura do patriarcado e das relações de dominação a partir do gênero.
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Figura 1 | As lutas feministas - Pôster We can do it!, J. Howard Miller (1942). Fonte: Wikimedia Commons.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Como se pode ver, não se tolera mais qualquer forma de injustiça e desigualdades que possa
haver em meio a nossas relações, inclusive entre homens e mulheres. A escola deve transmitir
esses conhecimentos relacionados aos direitos humanos e reproduzir práticas que demonstrem
relações e condições de igualdade, não se pode tolerar qualquer forma de violência e de
hierarquia nas relações de gênero, e isso deve ser trabalhado desde cedo, sobretudo com a ajuda
das famílias.
Cabe dizer se é necessário estabelecer uma hierarquia para que uns vivam em detrimento de
outros, pois só assim podemos perceber o quanto essas lutas, conhecidas como lutas
feministas, que lutaram por direitos e em busca do reconhecimento dessas desigualdades,
trouxeram expressivos ganhos e conquistas para a ampliação da participação da mulher em
todos os espaços da sociedade.
En�m, esses são estudos sobre o conceito de gênero, abordagem preliminar, especialmente para
se pensar nas relações com a realidade escolar. Como se viu, o gênero deve ser pensado em sua
concepção social e cultural e deve-se levar em conta a diversidade de identidades de gênero e o
seu reconhecimento. 
Siga em Frente...
Luta contra estereótipos e representatividade
O processo de educação escolar deve ser uma experiência de ensinamentos contra quaisquer
estereótipos que envolvam a questão das diferenças, como as de gênero, de acordo com o que
estamos examinando nesta aula. Mediante o entendimento dialético para a compreensão do
fenômeno em si, o nosso ponto de partida é o ponto de chegada.
É preciso conhecer e combater os diversos estereótipos existentes no convívio social de uma
escola, por exemplo. As pessoas precisam desnaturalizar as formas de vida que as colocam em
condição de inferioridade, por isso precisamos exercer um papel crítico e construtivo no que diz
respeito à questão de gênero. Deve-se reconhecer a importância da representatividade. A
instituição escolar é positivamente fértil para promover a justiça e a igualdade de condições de
gênero, e isso deve se estender para outros arranjos sociais, visando à construção de uma rede
de apoio.  
Nesse sentido, como se pode perceber, gênero é algo construído a partir das relações sociais e
culturais que moldam os indivíduos e seus corpos, sobretudo a mulher e as expectativas criadas
em relação ao seu comportamento. Estudar sobre gênero é também pensar na sexualidade
humana sob a ótica da natureza social do fenômeno, ou seja, como algo que a desvincule de um
discurso somente biológico: gravidez, métodos contraceptivos, doenças sexualmente
transmissíveis, cuidados e higiene com o corpo. É preciso pensar a construção do gênero na
perspectiva sociocultural.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
A principal crítica de Joan Scott se deu justamente pelo caráter descritivo de gênero, sem ir além
de questões envolvendo homens e mulheres, ou seja, gênero é uma forma relacional de saber a
respeito das diferenças sexuais, permeado por relações de poder que dão sentido a um espaço
estabelecido, segundo a historiadora.
A pouco vimos o conceito de poder, que engloba as relações de gênero, para Foucault. Como
exemplo, a representação do feminino para a tradição cristã ocidental é algo que remonta os
aspectos históricos e culturais e que estão relacionados às diferenças de gênero. Essa
discussão e outras que envolvem a desigualdade de gênero devem ser sempre incentivadas, de
modo que seja possível encontrar os caminhos para o enfrentamento de estereótipos.
Os estereótipos são clichês, uma imagem preconcebida e padronizada. É preciso desconstruir
certos padrões de comportamento que estão embrenhados em nossa cultura social, nos quais
se relega, muitas vezes, um papel de inferioridade à mulher. Isso tem impactos negativos, pois
reforça as formas de discriminação, aprofundando as desigualdades de gênero.
Visando uma ampliação da educação e da conscientização em relação à igualdade de gênero,
família, escola e sociedade, todos devem saber da importância do seu papel para a construção
de uma sociedade mais justa e igualitária no que diz respeito às questões de gênero. A escola é
uma instituição fundamental nesse processo de conscientização.
A busca pela representatividade signi�ca garantir que diferentes grupos sociais sejam
representados de forma justa, seja na mídia, na cultura, nas artes e em quaisquer outros espaços
de relações sociais de todos os setores da sociedade. A diversidade de representações, nesse
sentido, contribui com a ampliação de narrativas e a quebra de monopólios de histórias únicas e
estereotipadas.
Com isso, observa-se a importância da luta conjunta no enfrentamento dessas di�culdades, de
justiça social e de gênero. Para a construção de uma forma mais justa em relação às questões
de gênero, deve-se envolver diferentes vozes, perspectivase experiências e em mais espaços na
escola. A construção (e valorização) desses espaços é essencial para que se desenvolvam e se
realizem políticas inclusivas, equiparação salarial, cargos de liderança e che�a ocupados por
mulheres em toda a sociedade.
As diferenças entre os sexos não podem gerar violência, exclusão e intolerância. O feminismo foi
um movimento de caráter sociopolítico na defesa dos direitos humanos das mulheres ao
questionar o tripé da exploração, discriminação e violência. Com essas ações, buscou-se
combater enfaticamente o tratamento biológico.
A �lósofa francesa Simone de Beauvoir já dizia que não se nasce mulher, mas torna-se mulher.
Nos estudos sobre a condição das mulheres e as relações entre os sexos, Simone de Beauvoir
trouxe uma contribuição signi�cativa para pensar sobre as questões relacionadas ao gênero.
Simone de Beauvoir procurou mostrar que o termo feminilidade foi inventado pelos homens e
tinha como intenção limitar o papel social das mulheres. [...] uma palavra não é somente uma
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
representação de fonemas, mas carrega consigo valores, modos de pensar e visões de mundo. A
�lósofa questionava a ideia de que as mulheres são inferiores e também questionava a sua
posição de subordinação. Para Beauvoir, as mulheres tinham que superar o ‘eterno feminino’, que
as amarrava e formava seu próprio ser, além de escolher seu próprio destino, libertando-se das
ideias pré-concebidas e dos mitos pré-estabelecidos (Oliveira; Rocha, 2016, p. 339).  
Simone de Beauvoir colocava em questão estruturas de dominação relacionadas às questões de
gênero, ou seja, algo que sempre se relegou à posição de subordinação. Discutir essas questões
impacta signi�cativamente a vida em sociedade, pois é preciso ampliar o debate, de modo que
todos possam encontrar meios para a desconstrução de estereótipos relacionados às questões
de gênero. Como se pode perceber, o feminismo não pretende subverter a ordem de poder,
trocando mulheres por homens no comando, mas estabelecer uma luta por equidade social,
política, cultural e econômica entre as pessoas (Previtalli; Vieira, 2017).
Esses debates contribuíram decisivamente para repensar e recriar o que se dizia sobre a
identidade do ser homem e ser mulher. Debater essa questão contribuiu para desestabilizar uma
lógica de pensamento binária, que posiciona de um lado mulheres com características atribuídas
como mais próximas da natureza em razão da reprodução e gravidez, da passividade, do cuidado
com o corpo e da paramentação, entre outros (Previtalli; Vieira, 2017). A luta feminista procura
remover para o campo político todo esse discurso ligado à natureza e trabalhar com o conceito
de cultura, argumentando uma construção social dos indivíduos que se dá a partir das relações
sociais.
Problematizando ideologia de gênero
À luz desses estudos e questionamentos para pensar em educação, gênero e lutas feministas,
precisa-se problematizar a ideologia de gênero. Na verdade, pode-se dizer que há estudos de
gênero, como uma esfera presente nas relações sociais, assim como o trabalho, a educação, a
religião, entre outros. Essas instituições sociais apresentam formas e estruturas de dominação e
relações de poder. As relações de gênero se estabelecem em nossa sociedade a partir das
questões culturais de acordo com a sexualidade das pessoas.
No �nal da década de 1960, os estudos de gênero e sexualidade ligados à educação no Brasil
estiveram presentes em universidades e escolas através das militantes feministas (Louro apud
Previtalli; Vieira, 2017). Naquele contexto, os estudos das mulheres serviram como forma de
visibilizar e combater a segregação social e política a que as mulheres historicamente estiveram
condicionadas. Nos últimos anos, esse termo tem gerado muitos questionamentos por parte da
sociedade, sendo que, na maioria das vezes, são acompanhados de muitos equívocos. É preciso
contextualizar este termo que tem sido pejorativamente usado para desacreditar os movimentos
sociais de luta por direitos e igualdade.
São, no entanto, bastante controversas as polêmicas em torno do conceito de ideologia de
gênero, sobretudo na última década, na realidade brasileira, marcada pela ascensão e
consolidação das redes sociais e um período bastante conturbado na política. São muitos os
desa�os da educação e das políticas públicas no combate à desinformação e o uso pejorativo do
conceito de gênero. Ao contrário, como se pode observar, o conceito de gênero se constrói a
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
partir de arranjos sociais arquitetados ao longo da história, também nas condições de acesso ao
que a sociedade necessitava para funcionar e o que usava como representação (Louro apud
Previtalli; Vieira, 2017).
Um dos principais aspectos de problematizar ideologia de gênero diz respeito à desconstrução
de estereótipos de gênero que reforçam os padrões binários masculino e feminino. Outro
aspecto diz respeito à diversidade de identidades as quais se pode problematizar nos estudos de
gênero. Isso quer dizer que a diversidade de identidades de gênero deve ser valorizada e
ressaltada na escola. Para se pensar na diversidade de identidades de gênero, deve-se lembrar
que gênero é uma construção social e cultural. Nesse sentido, gênero corresponde a algo em
processo de elaboração em meio a nossas trajetórias de vida. Não existe apenas as identidades
de gênero masculino e feminino, mas outras possibilidades que podem ser reveladas pelas
identidades de gênero.  
Por �m, espera-se que a educação e a discussão de gênero estejam presentes e vivas nas
escolas, sendo problematizadas junto aos estudantes e comunidade escolar, de modo a tornar a
sociedade mais justa e equitativa. É preciso que haja liberdade de gênero, ou seja, de livre
manifestação de identidades e expressões culturais.
En�m, como se pode perceber, faz-se necessário problematizar os estudos de gênero nas
escolas e envolver ao máximo toda a comunidade escolar, de modo a combater e desconstruir
estereótipos e qualquer outro tipo de violência de gênero que possa haver em nosso meio social.
Vamos Exercitar?
Em nosso processo de aprendizagem, buscamos nos pautar em uma compreensão lógica e
racional da diversidade. As questões relacionadas a gênero e lutas feministas fazem parte
desses estudos. Nesse sentido, você deve se lembrar dos questionamentos iniciais que se fazem
necessários para problematizarmos essas questões: o que é gênero? Qual a contribuição dos
movimentos feministas na construção de uma sociedade mais justa? Quais as formas mais
e�cazes de luta contra os estereótipos? Qual a importância da representatividade? Qual a
importância de se problematizar a ideologia de gênero? 
Você estudou que pensar na construção de gênero nos leva a re�etir sobre nossas relações
sociais e a forma como a sociedade constrói essas relações. Você aprendeu que gênero tem a
ver com papéis, comportamentos, expectativas e identidades sociais atribuídas aos indivíduos,
diferentemente de sexo, relacionado às características biológicas. Nesse sentido, o conceito de
gênero destaca que as diferenças entre homens e mulheres não são apenas biológicas, mas
socialmente construídas, in�uenciadas por normas, expectativas e valores culturais. O gênero,
portanto, corresponde à construção social que demarca identidades. 
Os movimentos feministas são importantíssimos na luta por equidade e igualdade de condições
entre homens e mulheres, pois as relações sociais que apontam as desigualdades de gênero
existentes em nossa sociedade tiveram origem no movimento iniciado por mulheres desde �ns
do século XIX. A problematização dessas questões pelo movimento feminista culminou com a
elaboração do conceito de gênero e contribuiu com a construção de uma sociedade mais justa, a
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
partir do questionamento da cultura do patriarcado e das relações de dominação a partir do
gênero. 
O feminismo foi um movimento de caráter sociopolítico na defesa dos direitos humanos das
mulheres ao questionaro tripé da exploração, discriminação e violência. Isso contribuiu na luta
contra quaisquer estereótipos existentes no convívio social de uma escola, por exemplo. Vimos
que as pessoas precisam desnaturalizar as formas de vida que as colocam em condição de
inferioridade, por isso precisamos exercer um papel crítico e construtivo no que diz respeito à
questão de gênero. A questão da desigualdade de gênero deve sempre vir à tona de modo que
seja possível encontrar os caminhos para o enfrentamento de estereótipos. Por isso a
necessidade de discutir as questões das desigualdades de gênero que impactam
signi�cativamente a vida em sociedade. É preciso ainda que se amplie a promoção de políticas
públicas voltadas à questão da igualdade de condições de gênero.
Você estudou que a escola é positivamente fértil para promover a justiça e a igualdade de
condições de gênero, sendo um espaço importante também na questão da representatividade,
crucial para promover a diversi�cação de narrativas e a ruptura de monopólios de histórias
singulares e estereotipadas. E isso deve se estender para outros arranjos sociais, visando à
construção de uma rede de apoio. Você pode perceber que os estudos de gênero são
fundamentais, e que essas relações pertencem a uma esfera presente em nossas relações
sociais na vida cotidiana, assim como o trabalho, a educação, a religião, entre outros. 
No entanto, como discutimos, são controversas as polêmicas em torno do conceito de ideologia
de gênero, sobretudo na última década da realidade brasileira, marcada pela ascensão e
consolidação das redes sociais e de um período bastante conturbado em nosso país do ponto de
vista da política. Como vimos, não se trata de promover determinada ideologia de gênero nas
escolas, mas sim de destacar que a disciplina de educação e diversidade objetiva contribuir com
o desenvolvimento dos estudos relacionados à gênero, ou seja, trata-se de estudos de gênero.
Você percebeu que é preciso problematizar ideologia de gênero, para que se possa desconstruir
os padrões binários de gênero, masculino e feminino, demonstrando o aspecto social e cultural
presente na construção de gênero. 
Saiba mais
Construção do conceito de gênero e movimentos feministas
Para o aprofundamento dos estudos sobre as relações entre gênero e o seu contexto,
recomendamos a leitura do Capítulo: Um olhar para a socialização na construção das
desigualdades de gênero no contexto escolar, de Sandra Unbehaum, Thais Gava e Elisabete
Regina B. Oliveira (in memoriam), do livro Gênero e educação: 20 anos construindo o
conhecimento, de Cláudia Vianna e Marília Carvalho (orgs.). Leia também outros capítulos desse
livro, disponibilizado em nossa Biblioteca Virtual.
Luta contra estereótipos e representatividade
Para o aprofundamento dos estudos sobre a luta contra estereótipos e representatividade,
recomendamos a leitura do capítulo As assimetrias da intersecção entre cidadania e igualdade
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/191764/epub/0?code=VzxnJi1eQEji5JnIZtnYuW+9zuduAGlGzpbhCRIz9tgLVVw9XpOHkQ3E0zVSKHkLvET4y6ZQuUr7Bs3if2oQog==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/191764/epub/0?code=VzxnJi1eQEji5JnIZtnYuW+9zuduAGlGzpbhCRIz9tgLVVw9XpOHkQ3E0zVSKHkLvET4y6ZQuUr7Bs3if2oQog==
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
para as mulheres do livro Teorias de Gênero: feminismos e transgressão, de  Marlene Neves Strey
e Sabrina Daiana Cúnico. O livro está disponibilizado em nossa Biblioteca Virtual.
Problematizando ideologia de gênero
Para o aprofundamento dos estudos sobre educação e gênero, recomendamos a leitura do
Capítulo 1 – Lutas por educação: gênero, identidade coletiva e organização de mães de
alunas/os, do livro Políticas de educação, gênero e diversidade sexual, de Cláudia Vianna. O livro
está disponibilizado em Minha Biblioteca.
Referências
OLIVEIRA, L. F. de; COSTA, R. C. R. da. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor.
Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017.
STREY, M. N.; CÚNICO, S. D. Teorias de gênero: feminismos e transgressão. 1. ed. Porto Alegre:
EdiPUCRS, 2016. 
VIANNA, C.; CARVALHO, M. Gênero e educação: 20 anos construindo o conhecimento. 1. ed. São
Paulo: Autêntica, 2020. 
VIANNA, C. Políticas de educação, gênero e diversidade sexual. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.
Aula 2
Educação, Diversidade e as Pessoas LGBTQIAPN+
Educação, diversidade e as pessoas LGBTQIAPN+
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788551304006/pageid/0
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
Ponto de Partida
Nos estudos em educação e interseccionalidades entre marcadores sociais da diferença, a
questão da diversidade e dos direitos das pessoas LGBTQIAPN+ são fundamentais para se
pensar no exercício de uma educação plural e inclusiva. Isso nos leva a problematizar as formas
de dominação que se re�etem no cotidiano da escola.
Pensar nessa questão leva-nos ao reconhecimento da diversidade de identidades e de
sexualidades com que se apresentam em nossa sociedade. Nesse sentido, é preciso que sejam
reconhecidos os direitos das pessoas LGBTQIAPN+, ou seja, direitos de lésbicas, gays,
bissexuais, trans, queer, intersexo, assexuais, pansexuais, não-binárias e mais. Ademais, deve-se
dar visibilidade a conquistas de espaços importantes na construção de uma sociedade mais
justa. Dessa forma, você vai re�etir nesta aula sobre as possibilidades, avanços e retrocessos em
relação ao combate ao bullying e à LGBTfobia nas escolas e na sociedade.  
Nesses estudos sobre as relações entre educação, diversidade e pessoas LGBTQIAPN+, alguns
questionamentos se fazem necessários: quais os avanços e retrocessos em relação ao
reconhecimento dos direitos das pessoas LGBT+? Quais as práticas e�cazes para combater o
bullying relacionado às questões de gênero e a LGBTfobia? Qual o papel da escola nesse
processo? O que é representatividade e visibilidade das pessoas LGBTQIAPN+?  
Perceba que essas são algumas das problematizações acerca das questões relacionadas à
educação e interseccionalidades como marcadores sociais das diferenças. Nosso recorte desta
aula consiste em analisar essas questões sob o espectro dos direitos das pessoas LGBTQIAPN+.
Aprofunde seus conhecimentos sobre o tema a partir da leitura das referências bibliográ�cas e
de outros materiais. Desejamos excelentes estudos.  
Vamos Começar!
Nesta aula sobre diversidade e os direitos das pessoas LGBTQIAPN+, fundamentais para pensar
no exercício de uma educação plural e inclusiva, como se observa nos estudos em educação e
diversidade, você vai estudar primeiramente o respeito e reconhecimento dos direitos das
pessoas LGBT+. Em seguida, vai estudar as formas de combate ao bullying e à LGBTfobia. Por
�m, vai estudar a questão da representatividade e visibilidade.
Respeito e reconhecimento dos direitos das pessoas LGBT+
Quando você ler LGBT+, entenda que estamos falando de LGBTQIAPN+. Esses elementos são
fundamentais para a garantia de uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária, sem
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
discriminações ou quaisquer outras formas de violência.
Em educação e diversidade, o respeito é um fator indispensável para o desenvolvimento dos
estudos, para que não haja a discriminação, seja a forma como ela se manifestar. Com isso,
busca-se desconstruir estigmas, ou seja, a desaprovação de características ede preconceitos no
ambiente escolar e na sociedade, de modo que ambientes mais seguros e inclusivos sejam
criados. É sempre bom lembrar que o Brasil é um dos países nos quais se comete mais violência
contra homossexuais em todo o mundo, muitas vezes na forma de homicídio. Isso revela
claramente as di�culdades em aceitar a diversidade de gênero em nosso país.
Dessa forma, faz-se necessário o reconhecimento de direitos da população LGBT+, para que
essas pessoas tenham a garantia de direitos legais. Perceba que são direitos básicos e
elementares para o exercício e desenvolvimento da cidadania, como o direito de acesso à saúde,
à educação e à adoção de crianças, e que são considerados avanços para a sociedade brasileira.
O direito ao casamento gay, por exemplo, também corresponde a um dos avanços para que a
população LGBT+ possa ter garantidos alguns dos direitos fundamentais. É preciso continuar
trabalhando nas escolas e junto à comunidade escolar, para que as práticas discriminatórias e o
bullying sejam extintos de nosso convívio social.
Um avanço conquistado pela população LGBT+ é com relação às políticas de proteção e
inclusão. A questão da representatividade das pessoas LGBT+ na política e em demais centros
tomadores de decisão deve ser consolidada e ampliada em nossa sociedade.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Figura 1 | Registros da Parada do Orgulho LGBT, Mídia Ninja (2017). Fonte: Wikimedia Commons.   
Como você estudou na aula anterior, a sexualidade é uma construção sexual mediada por
relações sociais que determinam o que pode ou não existir. Essa construção está intimamente
ligada às relações de poder que se estabelecem na constituição de cada indivíduo em nossa
sociedade. A ideia dos estudos em educação e diversidade é justamente lançar olhar acerca da
sexualidade, entendendo-a como uma construção social (Previtalli; Vieira, 2017), o que vai na
contramão do senso comum ou do julgamento de valor de muitas pessoas.
A consolidação dos estudos de gênero se dá principalmente a partir da década de 1990, no
contexto em que se denunciaram falsas oposições entre natureza/cultura e real/construído. Os
estudos de gênero ganham impulso a partir da vertente do Queer Studie’s, estudos oriundos dos
movimentos de gays e lésbicas nos EUA, outro campo emergente que começou a discutir a
construção do corpo travesti/transgênero, entendendo gênero como forma de poder social, que
produz um campo de inteligibilidade dos sujeitos, em um dispositivo pelo qual se produz o saber
sobre ser masculino e também feminino (Toneli apud Previtalli; Vieira, 2017).
Devemos pensar a questão de gênero como forma de poder social que se estabelece
historicamente no campo das relações sociais e de dominação política e cultural. É preciso que
haja o respeito e o reconhecimento e direitos para todas as pessoas. Para tanto, precisamos
desconstruir as normatizações, muitas delas representando formas de violência de gênero que
estão naturalizadas em nossa sociedade.
Como se viu, não existem apenas as identidades masculino e feminino. A criação dessas
distinções funciona como mecanismos que retiram direitos e di�cultam acessos aos espaços
públicos para lésbicas, gays, transgêneros, transexuais, indivíduos não binários, drag queens e
tantas outras que possam se classi�car atualmente, inclusive assexuais (Previtalli; Vieira, 2017).
É preciso retomar a teoria queer para lançar algumas re�exões. Segundo Judith Butler, é preciso
desconstruir a identidade de gênero (aquilo que somos direcionados a nos identi�car, cujas
opções transitam entre “ser feminino” ou “ser masculino”), justamente por esse fenômeno ser
pensado ainda de forma binária e linear (Previtalli; Vieira, 2017).
Nesse sentido, precisamos caminhar e avançar no âmbito do respeito e do reconhecimento dos
direitos das pessoas LGBT+, fundamental para construir uma sociedade mais inclusiva,
respeitosa e justa. Isso envolve ações que vão desde a promoção da igualdade legal até a
desconstrução de estigmas e preconceitos, visando a criação de ambientes seguros e
acolhedores para todas as pessoas, independentemente da orientação sexual dos indivíduos
pertencentes a uma sociedade.
Siga em Frente...
Combate ao bullying e à LGBTfobia
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Sabemos que o conhecimento proporciona imensuráveis conquistas à humanidade e que
conhecer e entender o outro em suas próprias condições é uma forma bastante interessante de
praticar a tolerância em relação às questões de gênero.
Figura 1 | Biscoito de gênero. Fonte: adaptada de Guia da Diversidade LGBT: saúde, atendimento e legislação (Rio de Janeiro,
2019 apud Campos; Magalhães; Veras, 2022, p. 3).
A escola é um espaço muito importante para o desenvolvimento de uma pedagogia da
sexualidade (Louro apud Previtalli; Vieira, 2017), e isso envolve todos os atores da escola para
que seja possível estabelecer uma cultura mais acessível e mais inclusiva em relação às
questões de gênero, sobretudo aos professores que, em parte, apresentam uma grande
resistência em discutir temas e tabus como a questão de gênero e sexualidade nas escolas.
A escola, como se viu, é re�exo das relações da sociedade. Isso não quer dizer que deva ser ela a
estar na vanguarda no processo de lutas políticas em relação à questão de gênero, mas ela é
importantíssima, podendo a escola ser o motor para o estabelecimento de algumas pautas e
demandas para que se diminua a prática do bullying e da violência de gênero.
As noções de gênero, sexualidade e educação, nesse sentido, são entendidas como construtos
sociais que se fundamentam por meio da historicidade e do caráter provisório das culturas. E as
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
culturas estão em constante processo de mudança e de adaptação. Classi�car alguém como
masculino ou feminino, homossexual, heterossexual ou bissexual está intimamente ligado a o
que o gênero e a sexualidade produzem como saberes e verdades na sociedade como um todo
(Previtalli; Vieira, 2017).
O combate ao bullying é dever da escola, para que se estenda ao entorno da comunidade escolar
e de toda a sociedade. Quando falamos em combater o bullying, inclui-se também o combate à
LGBTfobia, ou seja, as discriminações oriundas das relações sociais de convivência com
identidades diversas de gênero.
Uma das formas de eliminar esses tipos de violência consiste na inclusão, no acolhimento e no
apoio à população LGBT+ e a qualquer outra minoria sociológica, de modo que se possa
compreender os seus anseios e angústias.
A escola é uma instituição que tem por �nalidade educar para a cidadania, igualdade e ampliação
dos direitos. Presenciamos muitas escolas reproduzindo práticas sexistas, que, através de
normas, formas de avaliação, livros didáticos, currículos, disciplinas, etc., não problematizam
e/ou não abordam as questões de gênero assim como outras produções discursivas e
linguísticas que hierarquizam as diferenças produzindo as desigualdades no ambiente escolar.
Os estudos de gênero contribuem para a educação na medida em que oferecem proposições
políticas implicadas por relações de poder que produzem outro olhar e possibilitam inúmeras
articulações entre masculinidades e feminilidades (Teixeira; Magnabosco, 2010, p. 5). 
As práticas sexistas relacionadas a alguma forma de violência devem ser evitadas e
cotidianamente desconstruídas nas escolas, de modo que sejam construídos ambientes mais
plurais. As escolas precisam acompanhar tais mudanças. As relações de gênero são oriundas
das relações de poder em nossa sociedade, e elas produzem hierarquias, hegemonias e
exclusões a partir dos dispositivos de gênero e sexualidade. Isso ocorre porque esses dois
dispositivos de poder são atravessados pela noção da diferença, e a diferença que existe, quer
queiramos ou não, mas o que a sociedade faz com ela é justamente o ponto a re�etir (Previtalli;
Vieira, 2017).
O que nos leva a dizer, por exemplo, que a homossexualidade sempre é vista como diferente,
anormal? Partimos do entendimento de que as relações de gênero sãoconstruídas cultural e
socialmente. É o contexto cultural quem de�ne a classi�cação binária, a partir de um mecanismo
sociocultural entendido como um processo de distinção e do estabelecimento de privilégios para
alguns. Os marcadores de gênero atuam nesse sentido, não apenas no campo simbólico, mas
também no campo material e social.
A diferença conduz a normatização em regulamentar quem seriam esses normais, ou seja, há
disciplinamento de comportamentos, códigos culturais, controle do corpo, consensos que vão
dizendo reiteradamente quem eles são os normais (Previtalli; Vieira, 2017). Historicamente,
esses processos têm produzido formas de violência por meio de práticas de discriminação e de
violência simbólica com LGBT+, mesmo na escola, que reproduz a estrutura de dominação e
padronização normativa em relação a questão de gênero. 
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
A con�guração do que é ser homem e ser mulher passa pela socialização de códigos de roupas,
comportamentos, movimentos do corpo, voz, presença/ausência de pelos, postura, sentimentos
e outros, que fazem um quadro de tramas sobre o qual vai se dizendo quem é quem e o que pode
ou não fazer para ser considerado esse alguém (Previtalli; Vieira, 2017). Não se trata dizer das
cores das roupas que meninos e meninas devam usar, mas problematizar essa questão a partir
de uma perspectiva mais abrangente sobre a forma com o gênero é construído.
O combate ao bullying em relação às questões de gênero e a outras expressões de minorias
sociais, portanto, é necessário na escola e em toda a sociedade. Sabemos que existe um longo
caminho a ser trilhado em busca da igualdade de gênero, o que leva à necessidade de um árduo
processo de conscientização e de políticas públicas que reduzam as formas de preconceito e de
discriminação para reconhecer a dignidade e o direito de todas as pessoas.
Representatividade e visibilidade
Diante do que estamos estudando, vimos a importância do reconhecimento da população LGBT+
e a eliminação de toda forma de preconceito e discriminação que possa haver na escola e em
todo o meio social, ou seja, é inaceitável a LGBTfobia. Para isso, a questão da representatividade
e da visibilidade das pessoas LGBT+ torna-se um instrumento importante para a inclusão dessa
população e para o desenvolvimento de uma sociedade mais democrática, tendo a escola um
papel fundamental nesse processo.
A questão da representatividade e da identi�cação se veri�ca no empoderamento de
personalidades LGBT+ que ocupam espaço na representação política ou na cultura de massa
(mídia), assim como em outros espaços importantes. Com isso, se exacerba a diversidade,
validando a construção social e cultural múltipla de gênero, representando uma variedade de
identidades e experiências. A visibilidade da população LGBT+ promove a conscientização e a
empatia, de modo que as pessoas aceitem e possam vivenciar as diferenças, contribuindo com a
luta contra a LGBTfobia.
A necessidade de representação e inclusão em diferentes espaços, o que leva à criação de
oportunidades, corresponde aos desa�os e avanços dessa pauta, ainda mais quando se percebe
que as relações sociais que se estabelecem são permeadas por diferentes poderes, tanto
investidos como processos de normatização da escola quanto criados pela subjetividade do
sujeito (Previtalli; Vieira, 2017). A escola acredita que pode determinar a representação de quem
somos, e pode-se perceber a existência de uma correlação entre a produção de saberes de modo
geral com a própria construção do sujeito, a partir dos saberes da escola (Previtalli; Vieira, 2017,
p. 164). Trata-se de relações que são construídas na escola a partir da troca entre os indivíduos.  
A escola exercita suas pedagogias a partir de um referencial cultural e histórico e, dependendo
das relações estabelecidas na escola, exercitamos diferentes pedagogias no que se refere à
sexualidade e também ao gênero (Louro apud Previtalli; Vieira, 2017). Nesse sentido, tanto
gênero quanto sexualidade são dispositivos que constituem o sujeito dentro de determinadas
relações sociais em contextos especí�cos, e o mesmo ocorre com o tempo histórico nas
diferentes sociedades, que atribuem características especí�cas a esse fenômeno em épocas
diferentes (Previtalli; Vieira, 2017).
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Podemos perceber que a questão da representatividade na cultura e na política é muito
importante para a desconstrução de estereótipos e de formas de discriminação em relação à
heteronormatividade. Mesmo com a complexidade das questões relacionadas ao gênero e à
sexualidade, podemos identi�car caminhos que possibilitem a mudança social. Por isso, é
necessário evitar que a escola e outros ambientes continuem a excluir, segregar e diferenciar
homossexuais, lésbicas, travestis, transexuais e todas outras pessoas que não se adequam às
normas de gênero e sexualidade (Previtalli; Vieira, 2017).
Com isso, entendemos que a escola pode e deve ocupar um papel importante na atualidade,
desmisti�cando e desconstruindo as diferenças sexuais, combatendo a segregação, a violência e
a exclusão, especialmente no que tange às questões de gênero. Nesse sentido, é necessário
demarcar a diferença, de modo a incentivar o reconhecimento das diferenças sociais e culturais
com que nos constituímos enquanto população brasileira. Em suma, é preciso que haja mais
mecanismos de representatividade e de visibilidade de pessoas LGBTQIAPN+, ajudando na
desconstrução de estigmas e preconceitos, elementos fundamentais para a construção de
sociedades mais justas, respeitosas e inclusivas.
 
 
Vamos Exercitar?
É chegado o momento de exercitarmos as questões relacionadas à questão da educação,
diversidade e direitos de pessoas LGBT+. Nesse sentido, devemos pensar na educação a partir
de categorias teóricas e analíticas sobre a questão da diversidade. Vamos então retomar os
questionamentos propostos no começo da aula: quais os avanços e retrocessos em relação ao
reconhecimento dos direitos das pessoas LGBT+? Quais as práticas e�cazes para se combater o
bullying relacionado às questões de gênero e a LGBTfobia? Qual o papel da escola nesse
processo? O que é representatividade e visibilidade das pessoas LGBTQIAPN+? 
Você estudou que se faz necessário o reconhecimento de direitos da população LGBT+, para que
essas pessoas possam ter a garantia de direitos legais, ou seja, direitos básicos e elementares
para o exercício e desenvolvimento da cidadania. Como exemplo, você pode perceber que o
casamento gay corresponde a um dos avanços para que a população LGBT+ possa ter
garantidos alguns dos direitos fundamentais. As políticas de proteção e de inclusão são
conquistas importantes para a garantia de direitos. Reconhecemos a importância de avançar em
relação ao reconhecimento dos direitos das pessoas LGBT+, fundamental para que se possa
construir uma sociedade mais inclusiva, respeitosa e justa. No entanto, você percebeu que o
Brasil é um dos países mais preconceituosos em relação à população LGBT+, culminando,
muitas vezes, numa elevada quantidade de formas de violência física e simbólica. Por isso, é
necessário o estabelecimento de práticas culturais respeitosas entre todas as pessoas.  
Você estudou que a escola é muito importante nesse processo, pois dali saem pautas e
demandas fundamentais para que sejam discutidas as questões de gênero e sua construção
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
social, para que se diminua a prática do bullying, que deve ser combatido, assim como a
LGBTfobia e todas as formas de violência de gênero em nossa sociedade. O respeito, a aceitação
do outro e o diálogo nos ambientes escolares são práticas e�cazes para o combate ao bullying e
às formas diversas de violência. É interessante reforçar que o combate ao bullying é também
dever da escola, para que se estenda para toda a comunidade e a sociedade. 
Você estudou sobre a importância do reconhecimento da população LGBT+ e a eliminação de
qualquer forma de preconceito e de discriminação. A questão da representatividadee da
visibilidade de pessoas LGBT+ é um instrumento importante na construção de uma sociedade
mais democrática. En�m, você percebeu que a visibilidade da população LGBT+ promove a
conscientização e a empatia, contribuindo com a luta contra a LGBTfobia.
 
 
Saiba mais
Respeito e reconhecimento dos direitos das pessoas LGBT+
Para o aprofundamento de seus estudos sobre os direitos das pessoas LGBT+ e as relações com
a educação, recomendamos a leitura do Capítulo – Um breve histórico do conceito de gênero, do
livro Gênero e diversidade: formação de educadoras/es, de Cíntia Maria Teixeira e Maria
Madalena Magnabosco.
Combate ao bullying e à LGBTfobia
Para o aprofundamento dos estudos sobre a questão da diversidade sexual e o reconhecimento
dos direitos das pessoas LGBT+, recomendamos a leitura do Capítulo – As sexualidades, o
preconceito contra LGBT e a escola, do livro A diversidade sexual na educação e os direitos de
cidadania LGBT na escola, de Marco Antonio Torres. O livro está disponível em nossa biblioteca
virtual.
Representatividade e visibilidade
Para que você possa aprofundar seus estudos sobre a questão da representatividade e
visibilidade e as relações com as questões de gênero, recomendamos a leitura do Capítulo – A
compreensão da sexualidade por meio da diversidade sexual, também do livro A diversidade
sexual na educação e os direitos de cidadania LGBT na escola, de Marco Antonio Torres. Como
você sabe, o livro está disponível em nossa biblioteca virtual.
Referências
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192546/epub/0?code=U3yEBrai1o6nAVx6UvyXJ/148wtouMkL2Pm/1LvoPRyZcnhSmyzfuDvgv6dWGdSQAjKuE+ToToTW17B62T6RBw==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192387/epub/0?code=1hSH/wQVEVoKg4UzwUAw5ebdKjDn6Nn3j41sgf/ZM0aOwby2blauI+rAkmQU7JJu6Jg/eJINC7WWN/aEAIC3sg==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192387/epub/0?code=1hSH/wQVEVoKg4UzwUAw5ebdKjDn6Nn3j41sgf/ZM0aOwby2blauI+rAkmQU7JJu6Jg/eJINC7WWN/aEAIC3sg==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192387/epub/0?code=1hSH/wQVEVoKg4UzwUAw5ebdKjDn6Nn3j41sgf/ZM0aOwby2blauI+rAkmQU7JJu6Jg/eJINC7WWN/aEAIC3sg==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192387/epub/0?code=rM6p/Ykka7Hm653X8Gom4qKgPUW7elHHTmLI6NQcOru/IDRmbd5cNO53KipcpcTM8fGvY66o2rsubn+i72pEsw==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192387/epub/0?code=rM6p/Ykka7Hm653X8Gom4qKgPUW7elHHTmLI6NQcOru/IDRmbd5cNO53KipcpcTM8fGvY66o2rsubn+i72pEsw==
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
AQUINO, J. G. et al. Família e educação: quatro olhares. 1. ed. Campinas: Papirus, 2013. 
CAMPOS, M.; MAGALHÃES, P. A. M.; VERAS, L. F. S. Gênero e sexualidade na dança do Coco do
Grupo Oré Anacã: uma análise coreográ�ca. ARJ – Art Research Journal: Revista de Pesquisa em
Artes, v. 9, n. 2, 2022. Disponível em: https://www.researchgate.net/�gure/Figura-1-Biscoito-de-
Genero-Fonte-Guia-da-Diversidade-LGBT-saude-atendimento-e_�g1_365925035. Acesso em: 19
set. 2024.
GIL, A. C. Sociologia Geral. São Paulo: Grupo GEN, 2011.
OLIVEIRA, L. F. de; COSTA, R. C. R. da. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor.
Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017.
SILVA, A. I. da. Relações familiares intergeracionais. 1. ed. São Paulo: Contentus, 2020. 
TEIXEIRA, C. M.; MAGNABOSCO, M. M. Gênero e Diversidade: formação de educadoras/es. Belo
Horizonte: Autêntica Editora; Ouro Preto, MG: UFOP,  2010. (Série Cadernos da Diversidade).
TEIXEIRA, C. M; MAGNABOSCO, M. M. Gênero e diversidade: formação de educadoras/es. 1. ed.
São Paulo: Autêntica, 2011. 
TORRES, M. A. A diversidade sexual na educação e os direitos de cidadania LGBT na escola. 1.
ed. São Paulo: Autêntica, 2010. 
VIANNA, C. Políticas de educação, gênero e diversidade sexual. Belo Horizonte: Grupo Autêntica,
2018.
Aula 3
Educação e Arranjos Familiares
Educação e arranjos familiares
https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Biscoito-de-Genero-Fonte-Guia-da-Diversidade-LGBT-saude-atendimento-e_fig1_365925035
https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Biscoito-de-Genero-Fonte-Guia-da-Diversidade-LGBT-saude-atendimento-e_fig1_365925035
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
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Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
Ponto de Partida
Nos estudos em educação e diversidade, estamos percebendo a questão das
interseccionalidades como marcadores sociais da diferença. Nesse exercício re�exivo, estamos
examinando o modo como as interseccionalidades sobrepõem formas de dominação que são
re�etidas no cotidiano do contexto escolar.
Dando continuidade aos estudos sobre educação e interseccionalidades entre marcadores
sociais da diferença, precisamos reconhecer a importância da família no entendimento dessas
questões. Por isso, é preciso compreender as características dos arranjos familiares e o
processo de socialização, primário e secundário, que ocorrem nas relações sociais. Sabemos
que, quanto mais estreitas forem as relações entre família e escola, mais construtivo é para o
estudante e seu desenvolvimento socioemocional e acadêmico. A rede de apoio e bem-estar
proporcionada pela escola e a família é, portanto, objeto de estudos e re�exões desta aula. Você
também vai analisar a família moderna, sua classi�cação e mudanças ocasionadas ao longo do
tempo.
As relações entre educação e arranjos familiares possibilitam-nos tecer algumas questões para
começarmos as discussões: o que é socialização primária? O que é socialização secundária?
Quais as relações com educação e diversidade? De que modo é possível de�nir a construção da
família moderna? Quais as mudanças? O que elas implicam? Qual a importância da escola e da
família na construção de uma rede de apoio e bem-estar?
 Veja que essas são algumas de muitas das problematizações das questões relacionadas à
educação e arranjos familiares, o que demonstra a abrangência dos estudos sobre educação e
interseccionalidades entre marcadores sociais da diferença. Ajeite a sua poltrona, organize sua
mesa e aprofunde os seus conhecimentos sobre as relações entre educação e arranjos
familiares. Bons estudos. 
Vamos Começar!
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Nesta aula sobre educação e arranjos familiares, você vai examinar alguns aspectos importantes
que envolvem as relações familiares. Primeiramente, você vai conhecer as características (e as
diferenças) da socialização primária e da socialização secundária. Em seguida, você vai estudar
a construção da família moderna, classi�cação e mudanças que ocorreram ao longo do tempo.
Por �m, você vai estudar as relações entre escola e família para a construção de uma rede de
apoio e bem-estar.
Socialização primária e socialização secundária
A socialização é um aspecto fundamental para pensarmos no processo de formação e
desenvolvimento das pessoas. É algo que prepara (forma) o indivíduo, ou seja, molda-o para a
vida em sociedade, em outras palavras, é o que a sociedade espera dele. Nesse sentido,
entendemos que re�etir a respeito da socialização dos indivíduos na disciplina de educação e
diversidade é fundamental para compreender o papel dos indivíduos e das instituições sociais.
A socialização ocorre em diversas situações de nossa vida, a partir do momento em que nos
relacionamos com outras pessoas. Quando falamos em socialização dos indivíduos, estamos
dizendo que somos resultados de um processo de convivência com outros seres humanos a
partir de fazeres diversos e comuns, ideias, valores, isto é, a realização da cultura em nosso
cotidiano.
Podemos de�nir o processo de socialização dos indivíduos em primária e secundária.A
socialização primária, como o próprio termo sugere, é aquela que acontece nas famílias, ou seja,
é aquela que está presente na quase totalidade do tempo do indivíduo, desde o seu nascimento.
Tem como objetivo o ensinamento de normas e regras de comportamento para a vida em
sociedade.
No entanto, um aspecto interessante que precisamos levar em consideração, conforme você vai
estudar mais adiante, tem a ver com o fenômeno da modernização da família, especialmente
quando o pai e, sobretudo, a mãe precisam trabalhar para complementar os rendimentos da
família, “cada vez mais, no entanto, na medida em que o pai e a mãe trabalham fora, a
socialização primária pode ocorrer também nas creches, onde nós, quando crianças, passamos
a maior parte do dia” (Oliveira; Costa, 2016, p. 20-21).  
A socialização secundária acontece na etapa seguinte, ou seja, quando o indivíduo ingressa e
passa a conviver com outros grupos sociais e em outros ambientes que não a própria família. Ou
seja, estamos falando da socialização que ocorre fora da família, aquela que se realiza com os
amigos da rua, do clube, grupo de jovens da igreja e na escola, quando os indivíduos ingressam
nas séries iniciais do ensino fundamental. Perceba que, para uma parcela signi�cativa da
população, a socialização primária ocorre mediante instituições sociais públicas e/ou
�lantrópicas, o que revela aspectos das desigualdades sociais e econômicas com que nos
constituímos.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Figura 1 | A socialização dos indivíduos – Happy Days, Edward Henry Potthast (1910). Fonte: Wikimedia Commons.   
Quando a assistimos aos canais de TV, também estamos falando do processo de socialização.
Isso ocorre também com os celulares, tablets e computadores, mediante o advento das
tecnologias de informação e comunicação, a partir da interação com vídeos, redes sociais e
outros aplicativos. 
Os dois tipos de socialização condicionam nossas relações com outros indivíduos e,
dependendo da forma, do ambiente social e da educação que recebemos, adotamos ou
abandonamos uma série de papéis sociais. Um papel social é um comportamento esperado de
um indivíduo que ocupa uma determinada posição na sociedade.
Há relações entre o processo de socialização e o que estamos estudando em educação e
diversidade, pois o processo de socialização implica também os ensinamentos sobre valores
justos, democráticos e inclusivos em nosso meio social, para que os indivíduos possam chegar
mais preparados nas escolas. Como temos estudado, a socialização primária e secundária não
são processos isolados, ou seja, estão interligados.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
A base estabelecida na socialização primária in�uencia e interage com a socialização secundária
ao longo da vida do indivíduo, por isso é importante que as famílias e a escola caminhem juntas
no processo de socialização. En�m, a socialização primária e secundária desempenham papéis
signi�cativos na formação da identidade, valores, crenças e comportamentos de um indivíduo,
moldando sua integração na sociedade e seu entendimento das dinâmicas sociais ao longo do
tempo.
Siga em Frente...
A família moderna: classi�cação e mudanças
Nos estudos em educação e interseccionalidades, a respeito das relações entre educação e os
arranjos familiares, precisamos falar sobre a construção da família moderna. Como já foi dito
nos estudos sobre o processo de socialização, muitas crianças têm sido inseridas (e
socializadas) inicialmente em creches e/ou centros de educação infantil, pois muitas mães
precisam trabalhar e estão cada vez mais atuantes no mercado de trabalho.
Isso revela outro problema, o das desigualdades de gênero, pois ocorre a sobrecarga de trabalho
da mulher (mãe), que assume uma dupla jornada de trabalho quando acumula as tarefas
domésticas em conjunto ao trabalho externo. Diferentemente de algumas décadas atrás, quando
se observava uma cultura do patriarcado mais predominante na sociedade (pois é verdade
também que muitos pais têm assumido um papel importante no processo de educação dos
�lhos em casa) esse fenômeno revela mudanças nas atitudes em relação às funções de gênero,
como a maior participação da mulher no mercado de trabalho, que tem in�uenciado as
dinâmicas familiares da contemporaneidade.
As diferenças que ocorrem com o passar do tempo são muitas, pois se recon�gurou a
normatividade de que famílias são constituídas apenas por pai, mãe e �lhos. Diante das
mudanças e dos avanços sociais relacionados à inclusão e ao respeito às diferenças, percebem-
se mudanças na composição das famílias modernas, como por exemplo, o aceite de casais
homoafetivos e adoção de �lhos nessas famílias. Obviamente que muitas coisas ainda precisam
mudar para melhorar o nosso meio social, tornando-o mais justo, inclusivo e democrático, no
qual as práticas de discriminação e de intolerância sejam eliminadas.
O que se sabe é que a família dos tempos atuais vem passando por muitas adaptações em
relação à dinâmica cultural em que estamos inseridos. Além da questão de gênero e de uma
recomposição para se pensar no quadro da família, existem outros aspectos importantes a
serem considerados. Como vimos, a televisão e a internet são fatores que explicam aspectos de
novas relações na atualidade, que têm nosso comportamento nos dias atuais.
O principal aspecto que se deve levar em consideração para pensar na família moderna é com
relação aos novos arranjos familiares que se veri�cam mais frequentemente em nossa
sociedade. Atualmente, as famílias modernas podem ser classi�cadas da seguinte forma: família
nuclear ou conjugal, composta por pais e �lhos, geralmente considerada a unidade básica da
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
sociedade moderna; monoparental, quando há uma única �gura parental com responsabilidade
pelos �lhos, ou seja, um pai, uma mãe ou uma avó, por exemplo; reconstituída, como aquela
família que surge a partir do divórcio ou da separação; ou homoparental, composta por casais do
mesmo sexo que optam por ter �lhos, seja por adoção ou outros métodos de reprodução
assistida.
Outro aspecto que deve ser considerado para se pensar na construção da família moderna é com
relação às menores restrições sociais quando comparadas às das famílias tradicionais. Isso
ocorre, por exemplo, com relação à decisão de não ter �lhos ou da adoção de um estilo de vida
não convencional.
Contudo, percebe-se que são muitos os elementos e desa�os quando falamos na composição
das famílias modernas e, um deles, certamente, é o de conciliar as demandas pro�ssionais e
familiares e lidar com as novas con�gurações, bem como seus papéis e expectativas. A
constante evolução da sociedade demanda uma re�exão contínua sobre as necessidades,
valores e estruturas que de�nem uma família nos tempos modernos. Por isso é importante
compreender, reconhecer e valorizar a diversidade de arranjos familiares presentes na realidade
contemporânea.
Escola e família: rede de apoio e bem-estar
Como vimos, é importante compreender, reconhecer e valorizar a diversidade de arranjos
familiares e os diferentes modelos de organização familiar que re�etem a nossa realidade na
contemporaneidade. Para que se possa pensar em uma sociedade mais inclusiva e solidária, a
família, nesse sentido, precisa estender os braços e acolher os indivíduos, independentemente de
sua orientação e/ou escolhas para a vida. Obviamente que isso não exime a família de cobrar
certas responsabilidades de seus �lhos para com a relação dinâmica em casa.
A escola é igualmente importante para acolher os estudantes e suas famílias,
independentemente da maneira como se constituem, pois é nesse espaço onde mais se deve
valorizar e reconhecer a diversidade cultural. Sabemos que as famílias modernas apresentam
arranjos socioculturais diversos, não existindo julgamentos ou juízos de valores. Estudou-se em
aulas anteriores que é preciso desconstruir estereótipos e práticas discriminatórias, para que se
possa vivenciar uma sociedade melhor e mais justa.
Nesse sentido, sabemos da importânciada família e da escola para a construção de uma rede de
apoio e de bem-estar para os indivíduos e para toda a sociedade. Isso se torna ainda mais
importante, especialmente quando escola e família atuam em parceria na educação dos
�lhos/estudantes. Com isso, estima-se que as responsabilidades sejam compartilhadas, de
modo que a educação seja mais efetiva e completa para os alunos e comunidade escolar.
Outro aspecto importante na solidi�cação de uma rede de apoio é com relação à comunicação
constante que deve ser proposta entre família e escola, sobretudo no acompanhamento e
desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes. Nos dias atuais, mediante o advento das
tecnologias da informação e comunicação, isso pode se dar de maneira mais efetiva e dinâmica,
com o uso das redes sociais e dos meios de interação presentes na contemporaneidade.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
A escola continua sendo uma instituição importante para trazer as re�exões sobre a constituição
da família moderna e deve atuar no sentido de promover a construção de uma rede de apoio e
bem-estar, promovendo o desenvolvimento integral dos estudantes e se adaptando
constantemente para atender às necessidades emocionais, sociais e educacionais.
A parceria entre escola e família, a partir de uma boa comunicação e do estreitamento das
relações, promove inúmeros benefícios para o bem-estar dos estudantes, da escola e da
comunidade de modo geral, pois gera segurança e estabilidade para todos, os alunos se sentem
acolhidos e apoiados. Maior motivação certamente vai resultar em melhoria do desempenho
acadêmico e satisfatório dos alunos, ou seja, é preciso que escola e família, na construção de
uma rede de apoio, ofereçam o bem-estar emocional e social dos alunos, além do aprendizado
formal.
Superar os desa�os é essencial para o sucesso educacional das crianças. Como se viu, a
parceria escola-família é essencial para promover um ambiente de aprendizagem acolhedor,
inclusivo, no qual o aluno é o centro.
 
Vamos Exercitar?
As intersecções entre marcadores sociais da diferença e a abordagem inclusiva da educação
nos levam a pensar na família e nos arranjos familiares. As relações entre educação e arranjos
familiares possibilitam-nos tecer algumas questões para problematizar o estudo em questão: o
que é socialização primária? O que é socialização secundária? Quais as relações com educação
e diversidade? De que modo é possível de�nir a construção da família moderna? Quais as
mudanças? O que elas implicam? Qual a importância da escola e da família na construção de
uma rede de apoio e de bem-estar? 
Você aprendeu que a socialização primária é aquela que acontece nas famílias, ou seja, está
presente na quase totalidade do tempo de vida do indivíduo, desde o seu nascimento, e tem
como objetivo o ensinamento de normas e regras de comportamento para a vida em sociedade.
Por sua vez, a socialização secundária acontece quando o indivíduo ingressa e passa a conviver
com outros grupos sociais e em outros ambientes que não a própria família. Você também
estudou sobre as relações entre o processo de socialização, educação e diversidade. A�nal, o
processo de socialização implica também os ensinamentos sobre valores justos, democráticos e
inclusivos em nosso meio social, para que os indivíduos possam chegar mais preparados nas
escolas. 
Você estudou sobre a construção da família moderna e pôde perceber que essa instituição vem
passando por muitas, rápidas e dinâmicas mudanças no contexto em que estamos inseridos.
Isso implica um constante repensar sobre o papel do educador nas instituições de ensino. Além
disso, em educação e diversidade, deve-se levar em consideração a cultura, a sociabilidade e o
papel das novas tecnologias de comunicação para pensar nos novos arranjos familiares da
contemporaneidade. 
Você estudou que as famílias podem ser classi�cadas da seguinte forma: família nuclear ou
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
conjugal, monoparental, reconstituída ou homoparental. Outro aspecto que você percebeu e que
deve ser considerado para se pensar na construção da família moderna é que esta apresenta
menores restrições sociais quando comparada às famílias tradicionais.
Por �m, você estudou a importância da família e da escola para a construção de uma rede de
apoio e de bem-estar para os indivíduos e toda a sociedade. Por isso a importância de uma
comunicação e�ciente e constante no acompanhamento e desenvolvimento da aprendizagem
dos estudantes. Como discutimos, a escola deve promover a construção de uma rede de apoio e
de bem-estar, promovendo o desenvolvimento integral dos estudantes e se adaptando
constantemente para atender as necessidades emocionais, sociais e educacionais do aluno.
 
 
Saiba mais
Socialização primária e socialização secundária
Para o aprofundamento dos estudos sobre o processo de socialização, recomendamos a leitura
do Capítulo 6 – Socialização do livro Sociologia Geral, de Antonio C. Gil. O livro está disponível na
plataforma Minha Biblioteca.
A família moderna: classi�cação e mudanças
Para que você possa aprofundar os seus estudos sobre família e as relações com educação e
diversidade, recomendamos a leitura do Capítulo 2 – Família do livro Relações familiares
intergeracionais , de Andressa Ignácio da Silva. Você encontra o livro em nossa Biblioteca Virtual.
Escola e família: rede de apoio e bem-estar
Para o aprofundamento dos estudos sobre escola, família e �lhos/estudantes, recomendamos a
leitura do capítulo Crise, acosso e reinvenção da experiência educativa contemporânea, de Julio
Groppa Aquino, do livro Família e educação: quatro olhares, de Julio Groppa Aquino, Rosely
Sayão, Sérgio Rizzo e Yves De La Taille. O livro encontra-se disponível em nossa Biblioteca
Virtual.
 
 
Referências
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788522489930/pageid/0
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/186850/pdf/0?code=x0mIsIf1myylfF21eCieWx0w9DGUuD6XQuWt7g7gG/ONVU4ByyOWNlAo7WAmU33z5Or/yY/YNzb0jkusBi5+7w==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/186850/pdf/0?code=x0mIsIf1myylfF21eCieWx0w9DGUuD6XQuWt7g7gG/ONVU4ByyOWNlAo7WAmU33z5Or/yY/YNzb0jkusBi5+7w==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/4161/pdf/0?code=YT+1b2QnCocIlB5AViDe/Peg0DfSHluryvjYUdQqyslZ5XIYpYpkyrMkDmN0tiZ9+m0kZiew2sR7gSlrsRV7dw==
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
AQUINO, J. G. et al. Família e educação: quatro olhares. 1. ed. Campinas: Papirus, 2013. 
GIL, A. C. Sociologia Geral. São Paulo: Grupo GEN, 2011.
OLIVEIRA, L. F. de; COSTA, R. C. R. da. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor.
Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017.
SILVA, A. I. da. Relações familiares intergeracionais. 1. ed. São Paulo: Contentus, 2020. 
Aula 4
Educação e as Lutas Anticapacitistas
Educação e as lutas anticapacitistas
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conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
Ponto de Partida
Nossa competência de estudos consiste em examinar o modo como as interseccionalidades
sobrepõem formas de dominação e se re�etem sobre o cotidiano do contexto escolar, o que nos
leva a pensar nas condições das pessoas com de�ciência. As lutas anticapacitistas são, nesse
sentido, essenciais para darmos continuidade aos estudos sobre educação e diversidade, pois
elas são também consideradas marcadores sociais da diferença. 
Nesta aula, vamos analisar a importância dos estudos da temática marcador social da diferença,
para pensar a escola como meio para o exercício de práticas de acessibilidade e a criação de
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
ambientesinclusivos, seguros e acolhedores, de modo a envolver toda a escola, a família e a
comunidade escolar. Por isso, a sensibilização, a conscientização e o apoio de uma rede
articulada em prol desses objetivos se fazem necessários. 
Vejamos alguns questionamentos iniciais necessários: como devemos buscar entender (no
sentido de se colocar no lugar do outro) a necessidade de acessibilidade e de recursos para as
pessoas com de�ciência? De que modo podemos contribuir para a criação de ambientes
inclusivos voltados à população com de�ciência? Qual a importância da sensibilização e da
conscientização e apoio para uma educação anticapacitista? De que modo a escola pode ser a
protagonista para a sensibilização e a conscientização da comunidade escolar e da sociedade?
Você pode perceber a importância das lutas anticapacitistas visando uma educação mais
inclusiva e democrática nas escolas e em nossa sociedade. Nesse sentido, convidamos você
para que aprofunde os seus estudos e leituras sobre o tema e que tenha uma excelente aula.
Bons estudos.
Vamos Começar!
Nesta aula sobre a educação e as lutas anticapacitistas, você vai compreender e perceber a
importância da inclusão das pessoas com de�ciência no processo educacional e no
desenvolvimento da sociedade como um todo. Você vai estudar primeiramente sobre a
acessibilidade e recursos e, em seguida, sobre a criação de ambientes inclusivos, seguros e
acolhedores, envolvendo a parceria entre escola, família e comunidade escolar. Por �m, você vai
estudar sobre a necessidade de uma maior sensibilização, conscientização e apoio para essas
causas fundamentais no exercício do desenvolvimento da diversidade e da inclusão. 
Acessibilidade e recursos
Em educação e diversidade, como temos visto até aqui, prioriza-se a perspectiva da inclusão e de
uma sociedade (e escola) plural, que valorize o reconhecimento, a diferença, e a multiplicidade
sociocultural com que nos constituímos historicamente. Com isso, tem-se como um dos
objetivos desta aula, a desconstrução de qualquer forma de preconceito, discriminação e de
intolerância contra quaisquer pessoas e povos, suas especi�cidades e diferenças que demarcam
a sua identidade.
Pode-se perceber que, em nosso percurso, estamos reconhecendo e valorizando a diversidade
sociocultural, étnico-racial, de gênero, entre outras. As pessoas com de�ciência, da mesma
forma, precisam de reconhecimento e de inclusão em nosso meio, e mais que isso, é necessário
um mínimo de empatia para compreender as necessidades especí�cas para a inclusão no
convívio social. Em todos os espaços, seja em casa, na escola, espaço público ou privado, a
liberdade de ir e vir não pode ser cerceada.
Mais que reconhecimento e inclusão, falar em educação e lutas anticapacitistas é falar nos
direitos das pessoas com de�ciência que devem ser exercidos por todos. São os direitos
relacionados à saúde, educação, transporte, trabalho, entre outros. A educação é fundamental
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
para que a pessoa com de�ciência supere barreiras e consiga exercer seus direitos e liberdades
individuais em condições de igualdade com as demais pessoas (Muzy, 2022, p. 97).
A escola, nesse sentido, é um espaço importantíssimo de criação de uma cultura de mudanças
para uma sociedade mais inclusiva e acessível a todas as pessoas que nela frequentam,
independentemente das suas condições físicas, psicológicas ou sociais. Um dos eixos
fundamentais da disciplina de educação e diversidade consiste, portanto, na educação e
conscientização das lutas anticapacitistas. Esse é, sem dúvida, um marcador social da diferença,
portanto deve ser pauta de todos nós.
Sendo a educação um direito da pessoa com de�ciência, é implícito, mas mesmo assim, foi
determinado no Estatuto da Pessoa com De�ciência a garantia de sistema educacional inclusivo.
Além disso, a discussão se a regra é a pessoa com de�ciência frequentar o ensino regular ou
não, já poderia estar reduzida pela disposição do artigo 27 do citado diploma legal, pois ao
assegurar sistema educacional inclusivo, subtende-se que será dentro do sistema regular de
ensino (Muzy, 2022, p. 97).
Temos como premissa fundamental nesses estudos buscar entender, colocando-se no lugar do
outro, das pessoas com alguma de�ciência, a importância da acessibilidade e recursos em
quaisquer espaços em que se convive socialmente. Você deve se lembrar do conceito de
alteridade, ou seja, que o eu se constrói também em contato com o outro, e isso é importante ser
tomado como premissa elementar em nossos estudos sobre educação anticapacitista. Acresce-
se a isso o exercício da empatia, colocando-se no lugar do outro, no sentido de procurar enxergar
de que modo é possível se inserir na convivência social.
A escola serve, portanto, para construção de mecanismos e dispositivos de acessibilidade e de
inclusão das pessoas com de�ciência, por um lado, e para desconstrução do preconceito e da
discriminação ou de qualquer outra forma de violência contra as pessoas com de�ciência, ou
seja, em uma cultura de luta anticapacitista.
Uma pesquisa realizada em 2009 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com
501 escolas públicas do país, apontou as formas de preconceito no ambiente escolar brasileiro.
Das 18,5 mil pessoas entrevistadas, entre alunos, educadores, funcionários e pais, 99,3%
demonstram algum tipo de preconceito: etnorracial, socioeconômico, de gênero, geracional,
orientação sexual ou territorial ou em relação às pessoas com algum tipo de necessidade
especial. A discriminação relacionada aos portadores de de�ciências é a mais frequente (96,5%
dos entrevistados), seguido pelo preconceito etnorracial (94,2%), de gênero (93,5%), de geração
(91%), socioeconômico (87,5%), com relação à orientação sexual (87,3%) e 75,95% têm
preconceito territorial (Piacentini, 2015 apud Previtalli; Vieira, 2017, 49).
Perceba que as práticas de discriminação estão mais relacionadas às pessoas com de�ciência, e
ela está presente também na escola. Por isso a importância de uma educação inclusiva para as
pessoas com de�ciência, considerando que a escola pode contribuir para uma educação
inclusiva de modo a proporcionar um acesso equitativo e a valorização das diferenças.
Criação de ambientes inclusivos, seguros e acolhedores
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
A educação anticapacitista transforma realidades fazendo com que escolas e outros espaços
sejam modi�cados e adaptados para o atendimento de necessidades múltiplas de pessoas com
de�ciência.
Sabe-se que a escola precisa ter acessibilidade e recursos disponíveis para que tais ações sejam
implementadas, não apenas no que tange à ordem física ou de acessibilidade, mas é preciso que
haja meios para a inclusão sociocultural, de modo que todos possam participar em condições de
igualdade no espaço escolar. A ideia é que isso seja espraiado para toda a comunidade, sendo a
escola a instituição de referência. A utilização de recursos tecnológicos é igualmente
fundamental nesse processo, oferecendo tecnologias mais acessíveis para as pessoas com
necessidades diversas.  
A criação de ambientes inclusivos e acolhedores é importante para que se possa incluir a
diversidade de populações e suas necessidades múltiplas. O estudante com de�ciência precisa
se sentir acolhido na escola. O ambiente que tem estrutura para receber essa pessoa já
representa parte do acolhimento necessário, assim, quando falamos na adequação da
infraestrutura para o atendimento das pessoas com de�ciência referimo-nos à adaptação da
estrutura física das escolas, como rampas, banheiros, sala com recursos especí�cos e
sinalização adequada, para que seja garantida a participação de todos. 
Os recursos e as tecnologias assistivas são igualmente importantes no desenvolvimento de uma
educação anticapacitista, por isso a escola precisa aprimorar e disponibilizar recursos didáticos
e tecnológicos de modo a atender às necessidades individuais dos alunos com de�ciência.
A formação docente e pro�ssional é um pilar importante para contemplaressa demanda da
diversidade sociocultural. Por isso, deve-se preparar o pessoal, oferecer formação contínua para
professores e pro�ssionais da educação, capacitando-os a trabalhar de maneira inclusiva e
atendendo às necessidades variadas dos alunos.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Figura 1 | Parte da obra de Stephen Wiltshire do desenho de uma paisagem da Cidade do México (2016). Fonte : Wikimedia
Commons. 
Com isso, permite-se que pessoas com de�ciência sejam incluídas nas relações sociais, espaços
de construção, tomadas de decisão e de desenvolvimento na escola, na comunidade e na
sociedade. Espera-se, com o tempo, que seja eliminadas as diversas formas de discriminação
em relação às pessoas com de�ciência. 
Siga em Frente...
Sensibilização, conscientização e apoio
A criação de ambientes inclusivos, seguros e acolhedores têm levado à construção de espaços
mais acessíveis, plurais e democráticos, portanto, com mais diversidade. A sensibilização e a
conscientização de toda a sociedade nas lutas anticapacitistas tende a promover uma educação
que se propõe a superar os preconceitos, estereótipos e barreiras que limitam a participação
plena e igualitária de pessoas com de�ciência. 
A conscientização promove a inclusão, o respeito à diversidade e a igualdade de oportunidades
para todos, independentemente de suas condições ou habilidades físicas ou psicológicas. A
escola pode ser a protagonista na sensibilização e conscientização da comunidade escolar e da
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
sociedade, por isso é importante que a comunidade escolar se organize e se envolva em
programas educacionais de sensibilização, articulando ao máximo a família e a comunidade
escolar (uma espécie de prática extensionista).
Todos os estudantes são muito importantes nesse processo, e podem exercer o protagonismo
estudantil no desenvolvimento de projetos (confecção de cartazes, por exemplo). Esse tipo de
atividade pode garantir a construção de uma rede de apoio, buscando envolver todos os atores
da escola, órgãos colegiados, como equipes multidisciplinares, grêmio estudantil, a escola e a
comunidade escolar, além de buscar parcerias com ONG e outros institutos e instituições de
apoio.
Promover ambientes inclusivos, seguros e acolhedores acompanhados de uma educação
anticapacitista requer um esforço contínuo, colaborativo e multifacetado, visando criar espaços
nos quais todas as pessoas sintam-se valorizadas, respeitadas e plenamente integradas à
sociedade. Isso faz com que todos nós saiamos da zona de conforto, para tentar entender o
outro, colocando-nos em seu lugar, a �m de lutar e trabalhar em conjunto. 
 
 
Vamos Exercitar?
Em nosso percurso de estudos sobre as relações entre marcadores sociais da diferença e uma
abordagem inclusiva da educação, especi�camente nas questões voltadas a uma educação
anticapacitista, vamos retomar alguns questionamentos realizados no começo da aula: como
devemos buscar entender (no sentido de se colocar no lugar do outro) a necessidade de
acessibilidade e de recursos para as pessoas com de�ciência? De que modo podemos contribuir
para a criação de ambientes inclusivos voltados à população com de�ciência? Qual a
importância da sensibilização e da conscientização e apoio para uma educação anticapacitista?
De que modo a escola pode ser a protagonista para a sensibilização e a conscientização da
comunidade escolar e sociedade? 
Você estudou que as pessoas com de�ciência precisam de reconhecimento e de inclusão em
nosso meio. Aliás, mais que isso, é necessário um mínimo de empatia para que se compreendam
as necessidades especí�cas para a inclusão no convívio social, e isso em todos os espaços, sem
que a liberdade de ir e vir seja cerceada. Nesse sentido, você percebeu a importância de se
colocar no lugar dessas pessoas. 
Por sua vez, a escola deve promover espaços mais acessíveis, inclusivos e acolhedores que
atendam às especi�cidades da população com de�ciência. Nesse contexto, você estudou que a
escola é importante na construção de mecanismos e dispositivos de acessibilidade e de inclusão
das pessoas com de�ciência e na desconstrução do preconceito e da discriminação, ou de
qualquer outra forma de violência. 
Como você estudou, a conscientização e a sensibilização acerca dessas questões na escola
contribuem para promover o respeito à diversidade e à igualdade de oportunidades para todos,
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
especialmente para as pessoas com alguma de�ciência. Esses fatores são fundamentais para a
continuidade das lutas anticapacitistas nas instituições de ensino, contribuindo para a superação
de preconceitos, estereótipos e barreiras estruturais limitadoras para essas pessoas. É preciso a
participação plena e igualitária de todos, o que inclui as pessoas com de�ciência nas instituições
de ensino. 
En�m, de acordo com o que se estudou, a inclusão de pessoas com de�ciência na convivência
social é muito importante e a escola pode ser uma instituição protagonista na sensibilização e
conscientização da comunidade escolar e da sociedade, promovendo meios de inclusão e de
incentivo de participação em que as pessoas com de�ciência sejam protagonistas em ações,
práticas e projetos educativos realizados pela escola. Isso contribui signi�cativamente para
promover a inclusão de pessoas com de�ciência e o desenvolvimento de uma sociedade mais
igualitária e inclusiva.  
 
Saiba mais
Acessibilidade e recursos
Para o aprofundamento dos estudos sobre as pessoas com de�ciência e as relações com
educação e diversidade, recomendamos a leitura do Capítulo 3 do livro Direito das pessoas com
de�ciência, de Evandro Muzy. A obra está disponível em nossa Biblioteca Virtual e pode ser
acessada por você.
Criação de ambientes inclusivos, seguros e acolhedores
Para o aprofundamento dos estudos sobre os direitos das pessoas com de�ciência,
recomendamos a leitura do Capítulo 9 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com De�ciência:
modi�cações substanciais, de Luciana Fernandes Berlini, no livro Direito das pessoas com
de�ciência psíquica e intelectual nas relações privadas, de Joyceane Bezerra de Menezes. A obra
está disponível em nossa Biblioteca Virtual.
Sensibilização, conscientização e apoio
Para que você re�ita sobre a questão da sensibilização, conscientização e apoio à pessoa com
de�ciência, recomendamos dois �lmes bastante interessantes.
Um deles é O oitavo dia. O �lme aborda temas relacionados à diferença, aceitação e beleza da
diversidade humana. É uma obra que nos toca profundamente ao explorar a jornada emocional e
espiritual dos personagens principais em direção à compreensão e ao respeito mútuo.
Outro �lme é Uma aula de harmonia, que traz a história de um boxeador problemático que vai
morar com a mãe e o irmão autista, mas precisa se encaixar em uma família com a qual não
convive há anos. Muito próprio para pensarmos na sensibilização de nossa sociedade.
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/200214/pdf/0?code=o8GNKPLOFySW7oS2OetfJlcvQneLhdNZV62vGrmMUc3dJkAwFPYQgiV6YK4gv2nn8AIsrWVVU8KVNVg6EfsD6w==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/200214/pdf/0?code=o8GNKPLOFySW7oS2OetfJlcvQneLhdNZV62vGrmMUc3dJkAwFPYQgiV6YK4gv2nn8AIsrWVVU8KVNVg6EfsD6w==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/185341/pdf/0?code=NbBqOVlSe2Q4xi2KNaQvchq4Wl8Kng+bt/5dw6NdHivrtACLa+MXLoW5T9uqh8xyXiBmophwdQMaYadYFMUa2w==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/185341/pdf/0?code=NbBqOVlSe2Q4xi2KNaQvchq4Wl8Kng+bt/5dw6NdHivrtACLa+MXLoW5T9uqh8xyXiBmophwdQMaYadYFMUa2w==
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
 
 
Referências
MENEZES, J. B. de. Direito das pessoas com de�ciência psíquica e intelectual. 2. ed. Rio de
Janeiro: Processo, 2020. 
MUZY, E. Direito das pessoas com de�ciência. 1. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2022. 
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017.
Aula 5
Encerramento da Unidade
Videoaula de Encerramento
Este conteúdo é um vídeo!
Para assistira esse exercício re�exivo, o conceito de identidade será contextualizado e
apresentado de forma introdutória, bem como algumas das categorias sociais de análise do seu
entorno.
Em seguida, você vai estudar as diferentes possibilidades com que se torna possível
compreender o conceito de identidade, ou seja, em suas perspectivas circunstancial, dinâmica e
contrastiva. Por �m, você vai analisar as identidades e as diferenças sob a perspectiva do
conceito de alteridade e sua importância para o constante exercício de reconhecimento do outro,
ou seja, do mosaico cultural que é a vida em sociedade. Com isso, será realizada uma mediação
em torno dessas questões sobre diversidade, diferenças e identidades, que envolvem o
constante repensar do eu e as relações com a sociedade e a educação.
Nos estudos desta aula, trazemos algumas problematizações para pensar na educação e na
diversidade: qual a importância do conceito de identidade para pensar a diferença? Quais os
tipos de identidade? O que signi�ca identidade contrastiva? Pensando em educação e
diversidade, qual a validade do conceito de alteridade? São nesses e outros questionamentos
que esta aula será conduzida. A ideia é que você possa aprimorar os seus estudos e aprofundar
suas leituras e conhecimentos acerca do tema. Desejamos excelentes estudos! 
Vamos Começar!
Em nosso percurso de estudos sobre educação, diversidade e desigualdade, temos buscado
oportunizar re�exões a respeito das diversidades e das relações com a educação. A ideia é
proporcionar uma formação crítica acerca dos conhecimentos em torno da diversidade, das
diferenças e das identidades mediante uma narrativa dialógica, a partir das problematizações
propostas para essas re�exões. Os múltiplos aspectos que envolvem o conceito de identidade
serão abordados. No entanto, é preciso ter o entendimento de que o conceito de identidade é
amplamente complexo, assim como a sua abordagem, o que nos exige fazê-la de forma
interdisciplinar.
Identidade e diferença: categorias sociais de análise
Quando falamos em identidade, estamos também falando em diferenças socioculturais. As
relações entre identidade e diferença nos permitem lembrar os aspectos de�nidores que cada
pessoa tem em uma determinada sociedade. Isso tudo, de forma bastante sucinta, está presente
em um documento de identidade, por exemplo, pois é lá que encontramos o nome e o
sobrenome, o ano de nascimento, a �liação e a naturalidade da pessoa. É claro que essas
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
informações não são su�cientes para falar de nossas identidades, mas esses elementos mais
formais dizem algo a respeito de nós, embora de forma bastante super�cial.
Os estudos sobre identidade são mais profundos e abrangentes do que se pensa, a�nal as
preocupações em torno da relevância da identidade social e cultural ganhou maior destaque a
partir de con�itos políticos e culturais que emergiram no mundo no contexto da década de 1960,
sobretudo em países como França e Estados Unidos, por exemplo. Esses movimentos foram
protagonizados pela juventude da época.
Em maio de 1968, na França, os jovens estudantes tomaram as ruas de Paris e protagonizaram
as lutas por melhores condições de vida, de forma crítica em relação aos rumos tomados na
política pelo Estado. Antes dessa experiência, as manifestações e lutas sociais eram
organizadas pelos sindicatos, ou seja, pela classe trabalhadora, sendo também inédito nessas
lutas o aspecto político e cultural com que as manifestações se apresentaram. Além disso, o
movimento foi liderado por estudantes naquela ocasião.
Diante desses fenômenos, as ciências sociais passaram a se debruçar de forma mais intensa
sobre a questão das identidades. Certamente, essa é a área do conhecimento que contribuiu
para examinar de forma mais aprofundada esse conceito ante as mudanças sociais, políticas e
econômicas pelas quais o mundo estava passando naquele contexto da segunda metade do
século XX, fornecendo instrumentos e ferramentas explicativas para a questão das identidades e
das diferenças. O conceito de identidade, nesse sentido, reacende o debate paradigmático na
sociologia em torno das questões relacionadas a teoria e método, sobretudo quando se enfatiza
o papel do indivíduo e suas relações, em detrimento das classes sociais, e das metanarrativas,
na compreensão das mudanças da sociedade.
No âmbito da sociologia clássica, o método compreensivo de Max Weber toma como ponto de
partida o indivíduo e suas ações sociais. Essa orientação teórico-metodológica de caráter
ideográ�co aproxima-se dos interesses do indivíduo, portanto, dos estudos acerca do conceito
de identidade. Por outro lado, as perspectivas metodológicas de Émile Durkheim, cujo objetivo
busca o entendimento e a gênese do funcionamento das instituições sociais e da sociedade,
sendo determinante sobre o conjunto de indivíduos a partir dos fatos sociais, e de Karl Marx, e
seus estudos sobre os con�itos e lutas entre as classes sociais sob as orientações do
materialismo histórico dialético, denominadas de metanarrativas, colocavam-se do ponto de
vista das in�uências da estrutura social sobre os indivíduos.
Alguns autores sinalizavam a passagem da modernidade para a pós-modernidade que a
humanidade estaria vivenciando naquele contexto. Esse período caracteriza-se como uma crítica
às metanarrativas nas explicações sociológicas. O sociólogo francês Alain Touraine a�rmou que
as lutas sociais que estouravam no contexto da década de 1970 estavam mais ligadas ao campo
político-cultural, em detrimento do material e econômico que, até então, pautavam os
movimentos sociais. Esses movimentos derivam fundamentalmente dos con�itos em torno do
controle dos modelos culturais. Touraine contribuiu para o pensamento sobre o papel dos novos
movimentos sociais, ligados às questões ecológicas, étnico-raciais, de gênero, entre outras.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
O conceito de identidade é, então, bastante debatido nas ciências sociais a partir da década de
1970. O termo identidade ganha maior destaque por causa da fragmentação social e dos
con�itos produzidos pelo avanço do capitalismo e com o aprofundamento de formas diversas de
desigualdades, bem como diante da ascensão das novas tecnologias de informação e
comunicação, características do fenômeno da globalização. Diante desse contexto social, a
identidade torna-se, portanto, um conceito importante para se pensar nas diferenças.
Identidade e suas características: circunstancial, dinâmica e contrastiva
A identidade tem como uma de suas características fundamentais ser compreendida como algo
relacionado a um processo em construção, que se realiza transitoriamente, mas nunca como
algo acabado e determinado. É possível amalgamar várias identidades no sujeito moderno.
A�nal, é a vivência social que contribui com a construção das identidades das pessoas e dos
grupos sociais. Além do mais, precisa-se pensar a identidade e suas características sob as
perspectivas circunstancial, dinâmica e contrastiva.
Figura 1 | Identidade cultural e a in�uência da cultura indígena. Fonte: Wikimedia Commons.
Nas ciências sociais, diversos autores contribuíram com os estudos do conceito de identidade.
Para os estudos desta aula, você vai conhecer, em caráter introdutório, as contribuições de Stuart
Hall, Zygmunt Bauman, Anthony Giddens e Erving Goffman a respeito das identidades e
diferenças.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Em seu livro A identidade cultural na pós-modernidade, o sociólogo jamaicano Stuart Hall
sintetiza três concepções distintas de identidades que se constituíram em torno do sujeito no
Ocidente, ao longo do desenvolvimento da modernidade: iluminismo, sociológico e pós-moderno.
O sujeito do iluminismo está relacionado ao contexto do Renascimento Cultural com o advento
do antropocentrismo, que se consolida com o processo de valorização da razão humana. Tem
origem a partir de uma “concepção de pessoa humana como um indivíduo totalmente centrado,
uni�cado, dotado de capacidades de razão, de consciência e deeste conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
para assistir mesmo sem conexão à internet.
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
 
Ponto de Chegada
Nesta etapa dos estudos em educação e diversidade, na qual buscamos examinar a maneira
como as interseccionalidades sobrepõem formas de dominação e se re�etem sobre o cotidiano
no contexto escolar, traçamos a nossa abordagem sob uma perspectiva inclusiva da educação.
Acompanhe a seguir!
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Educação, gênero e lutas feministas
Os estudos em educação e gênero são importantes porque possibilitam uma re�exão e
desconstrução de hábitos e práticas historicamente construídos em nossa formação social. Isso
nos leva a pensar na construção de gênero e em nossas relações sociais, bem como na forma
com que são construídas as bases de nossa sociedade. O conceito de gênero destaca que as
diferenças entre homens e mulheres não são apenas biológicas, mas socialmente construídas,
in�uenciadas por normas, expectativas e valores culturais. Como estudamos, os movimentos
feministas foram importantes para as lutas das mulheres, pois problematizaram essas questões
que culminaram com a elaboração do conceito de gênero. O feminismo objetiva a construção de
uma sociedade mais justa, contribuindo signi�cativamente para a desconstrução de quaisquer
formas de estereótipos existentes em nosso convívio social. Por isso a questão da desigualdade
de gênero deve sempre vir à tona de modo que seja possível encontrar os caminhos para o
enfrentamento de estereótipos. A escola é, nesse sentido, um espaço fértil para que se possa
promover a justiça e a igualdade de gênero. Em suma, os estudos de gênero são fundamentais
para a construção de condições mais igualitárias
Educação, diversidade e pessoas LGBTQIAPN+
Nos estudos em educação e diversidade, é importante lembrarmos da importância das
conquistas de direitos das pessoas LGBTQIAPN+, para uma educação plural e inclusiva e
essenciais para o exercício da cidadania. Nesse sentido, as políticas de proteção e de inclusão
são conquistas importantes, resultados de lutas contra a discriminação que demarcam avanços
legais e culturais para a comunidade LGBT+. Também deve-se combater e�cazmente toda forma
de bullying qualquer forma de preconceito e de discriminação na escola, como um exercício
diário de todos nós. A questão da representatividade e da visibilidade de pessoas LGBT+ se
torna, nesse sentido, um instrumento importante para a construção de uma sociedade mais
democrática e inclusiva nas questões relacionadas ao gênero. En�m, a visibilidade da população
LGBT+ promove a conscientização e a empatia de modo mais efetivo, para que as pessoas
aceitem e vivenciem as diferenças.
Educação e arranjos familiares
Quando falamos em socialização, precisamos diferenciar a primária da secundária. A
socialização primária é aquela que acontece nas famílias e tem como objetivo o ensinamento de
normas e regras de comportamento para a vida em sociedade. A socialização secundária
acontece quando o indivíduo passa a conviver com outros grupos sociais e em outros ambientes
que não a própria família. O processo de socialização é fundamental para os estudos em
educação e diversidade, a�nal, isso implica os ensinamentos sobre valores justos, democráticos
e inclusivos em nosso meio social, para que os indivíduos possam chegar mais preparados nas
escolas.
A construção da família moderna vem passando por muitas, rápidas e dinâmicas mudanças.
Deve-se levar em consideração a cultura, a sociabilidade e o papel das novas tecnologias de
comunicação para pensar nos novos arranjos familiares da contemporaneidade. Nesse sentido,
as famílias podem ser classi�cadas da seguinte forma: nuclear ou conjugal, monoparental,
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
reconstituída ou homoparental. A família moderna também oferece menos restrições sociais se
comparadas às famílias tradicionais. A  família e a escola são importantes para a construção de
uma rede de apoio e de bem-estar para os indivíduos e toda a sociedade. Isso contribui por
promover o desenvolvimento integral dos estudantes.
Educação e as lutas anticapacitistas
Nos estudos sobre as pessoas com de�ciência e as relações com a educação, é válido
sabermos que essas pessoas precisam de reconhecimento e de inclusão em nosso meio. Além
disso, é preciso um mínimo de empatia, colocar-se no lugar das pessoas com alguma
de�ciência, auxiliando na luta por acessibilidade e recursos em quaisquer espaços em que se
convive socialmente. A escola é importante na construção de mecanismos e dispositivos de
acessibilidade e de inclusão das pessoas com de�ciência e de desconstrução do preconceito e
da discriminação ou de qualquer outra forma de violência contra as pessoas com de�ciência. A
sensibilização e a conscientização de toda a sociedade para a questão anticapacitista são
importantes para que se possa superar os preconceitos, estereótipos e barreiras que limitam a
participação plena e igualitária de pessoas com de�ciência. A conscientização promove a
inclusão, o respeito à diversidade e a igualdade de oportunidades para todos,
independentemente das condições ou habilidades físicas ou psicológicas.
É Hora de Praticar!
Este conteúdo é um vídeo!
Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
para assistir mesmo sem conexão à internet.
Para o estudo de caso desta unidade, imagine-se trabalhando como educador que recentemente
assumiu o cargo de coordenação de uma escola que atende uma população diversi�cada social
e culturalmente, composta por alunos de diferentes origens étnicas, culturais e
socioeconômicas. A escola vem tendo muitos desa�os relacionados à questão da diversidade
social e cultural, especialmente nos últimos anos, diante do agravamento de con�itos
relacionados ao preconceito, discriminação e intolerância. 
Nos últimos meses, houve aumento de relatos de ocorrência e até de evasão, por parte de alunos
que se sentiram discriminados pela forma como se expressam a partir de suas identidades.
Além disso, tem-se observado a prática do bullying na escola contra essas pessoas.
Sabemos da importância do reconhecimento das diferenças de gênero, da população LGBT+, das
pessoas com de�ciência, entre outras interseccionalidades como marcadores sociais da
diferença, que estudamos ao longo desta unidade, e que é preciso dialogar e propor uma
educação nas escolas mostrando os marcadores sociais da diferença.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Diante de tal contexto, a diretoria da escola pediu-lhe a elaboração de uma atividade no sentido
de promover a inclusão e o combate à discriminação na escola. Nesse caso, de que modo você
atuaria para melhorar a questão da inclusão e da aceitação da diversidade e da diferença na
escola? Quais seriam as suas propostas e ações, buscando envolver toda a equipe da escola e
comunidade escolar? 
 
 
Antes de solucionarmos o desa�o proposto, que tal resgatarmos alguns pontos do que
estudamos? Para isso, convidamos você para re�etir sobre as seguintes questões:
1. De que modo podemos proporcionar uma abordagem inclusiva na educação a partir das
intersecções entre marcadores sociais da diferença?
2. Por que a aproximação entre família e escola é tão importante para o desempenho acadêmico
e inteligência emocional do estudante?
3. Qual a importância da conscientização e da sensibilização de toda a sociedade nas lutas
anticapacitistas?
Agora sim, vamos à resolução do caso apresentado!
Para a resolução deste estudo de caso, lembre-se sempre de que os estudos em educação e
diversidade promovem um olhar para a compreensão das identidades socioculturais e sua
diversidade, e a educação tem aí um papel fundamental.
Para a ação na escola, inicialmente,você pode fazer um diagnóstico participativo, a partir da
realização de conversas e grupos focais com alunos, professores, funcionários e família,
buscando identi�car os desa�os e as demandas para uma atuação mais e�caz no combate ao
bullying e a outras práticas discriminatórias contra a população marginalizada.
Em meio a esses trabalhos, você pode promover campanhas e atividades interdisciplinares
diversas em toda a escola, de modo que se contemple a questão de gênero, de pessoas com
de�ciência, entre outras. Para uma ação e�ciente, você pode articular com o grêmio estudantil da
escola e toda equipe de professores e funcionários, de modo que a re�exão e o diálogo entre os
estudantes sejam incentivados. Nessa ação, é importante que se faça o uso de uma rede de
apoio e�caz para o atendimento especializado com os estudantes da escola mediante palestras,
o�cinas e workshops.
Você pode propor ações que efetivem a adaptação curricular e as práticas pedagógicas, para que
se inclua nos materiais didáticos, bem como em matrizes curriculares, experiências e
contribuições das mulheres, da população LGBT+ ou de pessoas com de�ciência para a
sociedade como um todo, reconhecendo a importância da diferença e da diversidade social e
cultural.
Com isso, espera-se melhorar o ambiente escolar, de modo que diminua as formas de
preconceito, de discriminação e de intolerância contra essas pessoas, diminuindo assim as
ocorrências da escola e os casos de evasão como se tem percebido nos últimos meses. Além
disso, espera-se que a escola, tornando-se um ambiente ainda mais acolhedor, possa contribuir
para a melhora dos rendimentos dos alunos e o desenvolvimento da inteligência socioemocional
de todos.
En�m, é muito importante levar em consideração as interseccionalidades entre marcadores
sociais da diferença, para que seja possível promover ações especí�cas no sentido de buscar a
inclusão e a desconstrução de práticas de dominação na escola, criando um ambiente mais
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
justo, igualitário e acolhedor para todos os alunos, independentemente de suas condições ou
vivências. 
 
 
O infográ�co proposto tem como objetivo ilustrar as interseccionalidades entre marcadores
sociais da diferença e a educação.
Fonte: elaborada pelo autor.
MENEZES, J. B. de. Direito das pessoas com de�ciência psíquica e intelectual. 2. ed. Rio de
Janeiro: Processo, 2020. 
MUZY, E. Direito das pessoas com de�ciência. 1. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2022. 
OLIVEIRA, L.F. de; COSTA, R. C. R. da. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor.
Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017. 
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
STREY, M. N.; CÚNICO, S. D. Teorias de gênero: feminismos e transgressão. 1. ed. Porto Alegre:
ediPUCRS, 2016. 
TEIXEIRA, C. M.; MAGNABOSCO, M. M.. Gênero e diversidade: formação de educadoras/es. 1. ed.
São Paulo: Autêntica, 2011. 
TORRES, M. A. A diversidade sexual na educação e os direitos de cidadania LGBT na escola. 1.
ed. São Paulo: Autêntica, 2010. 
VIANNA, C.; CARVALHO, M. Gênero e educação: 20 anos construindo o conhecimento. 1. ed. São
Paulo: Autêntica, 2020. 
VIANNA, C. Políticas de educação, gênero e diversidade sexual. Belo: Horizone: Grupo Autêntica,
2018.
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Unidade 4
Educar Para A Diversidade
Aula 1
Educação E A Liberdade Religiosa
Educação e a liberdade religiosa
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Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Nesta jornada de estudos em educação e diversidade, temos analisado e re�etido até aqui sobre
o contexto em que estamos inseridos, para que possamos repensar nossos hábitos de vida e
práticas educacionais vivenciadas nas escolas. Pretende-se desenvolver a competência de
conjecturar práticas educativas signi�cativas, relevantes e contextualizadas, pautadas na
compreensão lógica e racional da diversidade sociocultural. Com isso, espera-se que se
desenvolva uma abordagem holística para a educação a partir de categorias teóricas e analíticas
sobre a diversidade.
Nesta aula sobre educação e liberdade religiosa, especi�camente, você vai estudar sobre as
questões legais do respeito à liberdade religiosa e as relações com a escola e a sociedade na
qual estamos inseridos. Em seguida, você está convidado a re�etir sobre o direito à liberdade,
escolha, prática e expressão da religiosidade, percebendo a importância da laicidade nas
práticas educativas. Por �m, você vai estudar a educação e o papel da prevenção e combate às
intolerâncias.
Para que possamos iniciar os estudos desta aula, propomos algumas questões para
problematização: quais as relações entre educação, diversidade e religiosidades? Como trabalhar
a questão da religiosidade na escola? Qual o papel da educação e da escola no combate às
intolerâncias religiosas? O que é laicidade na educação?
Veja que essas são algumas de muitas das problematizações relacionadas à educação e
liberdade religiosa. Você pode perceber que já temos um bom começo com essas
problematizações propostas, mas recomendamos que você aprofunde suas leituras a partir das
referências indicadas neste material, entre outras que você pode pesquisar e julgar interessante.
Pesquise por outros materiais na Biblioteca Virtual ou na Minha Biblioteca que você tem acesso.
Bons estudos!
Vamos Começar!
Os estudos em educação e liberdades religiosas, cujo escopo dos estudos consiste num modelo
de educação para a diversidade, é importante para a construção de uma sociedade mais justa e
solidária. Como anunciado, nesta aula, você vai estudar primeiramente as questões legais do
respeito à liberdade religiosa. Em seguida, você vai re�etir sobre o direito à liberdade, escolha,
prática e expressão da religiosidade. Finalmente, veremos a educação e o papel da prevenção e
combate às intolerâncias.
Questões legais do respeito à liberdade religiosa
Vamos veri�car como trabalhar a questão da religião e compreender os aspectos legais do
respeito à liberdade religiosa. Em educação e diversidade, é preciso reconhecer o exercício da
religião como um direito, que determina que todas as práticas devem ser respeitadas e
incentivadas. Isso deve ser compreendido em meio ao contexto democrático e do direito à
diferença, garantidos em nossa sociedade. 
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Para entender as questões legais do respeito à diversidade religiosa, é preciso de�nir religião e
liberdade religiosa, e perceber que “discorrer sobre a liberdade religiosa exige uma de�nição de
religião, algo que, como se verá, não é tarefa fácil e pela etimologia, a palavra religião de origem
latina teria por signi�cado religar, reeleger, no sentido de religar o homem a sua divindade”
(Coutinho, 2012, p. 176 apud Tenório, 2023, p. 33). Trata-se de questões ligadas ao sagrado, a
uma dimensão que liga o ser humano à sua divindade.
Pensar nas religiões brasileiras é considerar a miscigenação da população e da diversidade
sociocultural com que nos constituímos historicamente. A religião e as religiosidades, são
aspectos culturais que precisam ser observados a partir de nossa formação social e cultural.
Com isso, é preciso analisar essas características quando pensamos nas relações entre
educação, diversidade e religiosidade no Brasil.
O Brasil é considerado um dos países mais religiosos do mundo. Entretanto, é necessário
perceber que nossa formação nacional se caracteriza pela in�uência de vários matizes
religiosos, como o catolicismo o�cial e o popular, as religiões de matrizes africanas – como o
candomblé e a umbanda –, o protestantismo, ospentecostais, os espíritas kardecistas, a
teologia da libertação e os católicos carismáticos (Oliveira; Costa, 2016, p. 307). 
Perceba a singularidade de nosso país, ou seja, a diversidade sociocultural existente em relação
às religiões da população brasileira, marcada por uma vasta e diversa mistura étnico-racial e
cultural. Ademais, precisamos reconhecer que o Brasil é um dos países mais religiosos do
mundo.
Essas especi�cidades da cultura proporcionam ao mundo um fenômeno interessante, o do
sincretismo religioso. O termo sincretismo se origina na Grécia Antiga e tem a ver com as fusões
culturais e religiosas de diferentes povos a partir das relações sociais. O sincretismo está
associado à cultura da religião em nosso país. 
Um fenômeno social bastante interessante no Brasil é o chamado sincretismo religioso. Este é o
resultado do contato social entre povos e grupos, resultando numa espécie de “fusão” ou
“amálgama” de determinadas características distintas desses grupos, referentes a elementos
religiosos e culturais. É, portanto, a existência comum de traços culturais e religiosos,
originalmente diferentes, que poderiam ser interpretados até como incompatíveis ou
antagônicos, mas que acabam se apresentando como um só elemento novo e único (Oliveira;
Costa, 2016, p. 307). 
O sincretismo religioso no Brasil tem relação com a formação social e econômica do
colonialismo brasileiro e as relações com os povos originários e a população escravizada em
nosso país. Como exemplos do sincretismo no Brasil, podemos mencionar a Umbanda, religião
de matriz africana e afro-brasileira, que se utiliza da mistura de elementos do catolicismo, do
espiritismo e do candomblé. O catolicismo popular é também um exemplo de sincretismo, como
por exemplo, o culto à Nossa Senhora dos Navegantes e Iemanjá.
O fenômeno da religião e das relações culturais em nosso país é um rico objeto de estudos para
o desenvolvimento de uma perspectiva que integre as relações entre educação, diversidade e
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
religiosidades. O sincretismo, por exemplo, pode ser trabalhado nas escolas na forma de uma
interessante experiência didática que contemple essas relações sociais e culturais.
Direito à liberdade, escolha, prática e expressão da religiosidade
Estudar sobre religião e religiosidades é falar no direito à liberdade, escolha, prática e expressão
da religiosidade, que pode ser feito na escola, de modo que o reconhecimento, a valorização e o
respeito à diferença social e cultural possam ser amplamente disseminados na comunidade
escolar e na sociedade como um todo. No entanto, para se pensar no papel das escolas,
sobretudo as escolas públicas, é preciso ter o cuidado para que uma determinada religião não se
torne hegemônica (dominante) perante as demais religiões, manifestações e expressões
culturais das religiosidades na convivência escolar.
O exercício da laicidade do Estado e da escola indica que não se deve apoiar nenhuma religião;
no entanto, diante da pluralidade religiosa com que se constitui a sociedade brasileira,
considerando a religião é algo extremamente importante para a maioria dos brasileiros, a escola
pode oportunizar os estudos sobre religião de modo a valorizar as identidades sociais e culturais
– em que pode-se aproveitar para trabalhar a questão do respeito e da tolerância religiosa e
cultural.   
Nos estudos sobre o direito à liberdade, escolha, prática e expressão da religiosidade, pode-se
ressaltar a legislação que garante a liberdade religiosa para todos, na forma de direito de culto,
de proteção aos locais de culto e liturgias, assim como a garantia à assistência religiosa. Na
passagem a seguir, estão descritos os direitos à liberdade religiosa, garantidos pela Constituição
Cidadã de 1988.
A Constituição Federal brasileira consagrou uma ampla proteção à liberdade religiosa, prevendo
em diversos momentos garantias e direitos relativos à manifestação da religião, seja em âmbito
individual, coletivo, institucional, público e privado. A primeira referência à religião está no
preâmbulo da Constituição Federal brasileira, que faz expressa menção a Deus, como protetor da
promulgação da nova ordem constitucional.
Em seguida, no artigo 5a, incisos VI, VII e VIII tutelam a liberdade religiosa, o direito de culto, a
proteção aos locais de culto e às liturgias; bem como garantem a assistência religiosa, nas
entidades civis e militares de internação coletiva, além de estabelecerem o dever fundamental do
Estado de não privar de direitos uma pessoa por motivos religiosos (Tenório, 2023, p. 40).  
Perceba que a Constituição Federal brasileira proporciona a ampla proteção à liberdade religiosa.
No entanto, na perspectiva dos estudos em educação e diversidade, cabe ressaltar a importância
do exercício do diálogo. O diálogo é uma conversa entre duas ou mais pessoas, que trocam
ideias, com vistas a um entendimento e uma concordância para conviverem uma com as outras,
inclusive no campo religioso. Diante disso, o diálogo busca a paz, o amor e a fraternidade.
Em um mundo marcado pelo advento das novas tecnologias, comunicações, migrações e trocas
culturais, o diálogo entre culturas diferentes se faz cada vez mais necessário para uma
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
convivência saudável e a sobrevivência de todas elas. O diálogo entre as culturas, como se pode
perceber, faz parte da responsabilidade de um projeto de vida pela paz mundial. Dessa maneira, o
diálogo inter-religioso é fundamental para a construção da paz e de um mundo melhor.
Figura 1 | Cultura e diversidade religiosa – Registro de bandeiras de oração budistas hasteadas no planalto tibetano
penduradas por budistas locais como forma de enviar suas orações aos céus. Fonte: Wikimedia Commons.
Quando tratamos das religiões, o diálogo inter-religioso é extremamente importante e bené�co
para toda a sociedade, de modo que a religião seja compreendida sob a perspectiva da
diversidade cultural. Por isso, a escola pode ser uma instituição fundamental nesse processo.
Como se percebe, em religião não existe verdade absoluta, pois, se assim for, ocorrerão práticas
e formas de intolerância e de discriminação de uma perspectiva religiosa em detrimento de
outra. O direito à liberdade religiosa, portanto, não impede o exercício da liberdade individual das
pessoas que são diferentes. Isso tudo deve ser adotado do ponto de vista da religião.
Siga em Frente...
A educação e o papel da prevenção e combate às intolerâncias
Para trabalhar a educação e o papel da prevenção e combate às intolerâncias nas escolas, pode-
se pensar no componente curricular de Ensino Religioso. Pode-se perceber que “as intolerâncias
se manifestam de diversas maneiras e pode ser imputada em relação a: religião, diferentes
etnias, raças, nacionalidades, times de futebol, partidos políticos, estrangeiros e discriminações
correlatas” (Previtalli; Vieira, 2017, p. 185-186).
Essa área do conhecimento, que se pauta na escola sob o âmbito cientí�co, aprofunda os
conhecimentos sobre cultura e diversidade para os estudantes, e investiga a manifestação de
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
fenômenos religiosos em diferentes culturas e sociedades enquanto um dos bens simbólicos
resultantes da busca humana por respostas aos enigmas do mundo, da vida e da morte (Brasil,
2018).
Os fenômenos ligados ao campo da religião envolvem distintos sentidos e signi�cados de vida,
“em torno dos quais se organizaram cosmovisões, linguagens, saberes, crenças, mitologias,
narrativas, textos, símbolos, ritos, doutrinas, tradições, movimentos, práticas e princípios éticos e
morais” (Brasil, 2018) e são, portanto, parte integrante do substrato cultural da humanidade.
A intolerância religiosa no Brasil tem uma leitura peculiar. Mesmo que a legislação nacional
assegure a liberdade de crença e de culto, a intolerância religiosa é uma realidade. Embora haja
denúncias de intolerância e discriminação religiosa em relação às inúmeras religiões que se
apresentam no panorama nacional, são as religiõesafro-brasileiras os alvos mais comuns desse
fenômeno. A intolerância às religiões afro-brasileiras não é uma novidade. Elas foram, durante
toda sua história, estigmatizadas como baixo espiritismo, feitiçaria, magia negra e essas marcas
ainda estão presentes no imaginário brasileiro (Previtalli; Vieira, 2017, p. 185-186). 
Perceba que estabelecer uma cultura da paz no âmbito do aceite da diversidade das religiões é
fator indispensável e contribui com o combate às intolerâncias culturais e religiosas. Nesse
sentido, sob o viés da laicidade da educação escolar, compete às escolas contribuírem com a
erradicação das intolerâncias religiosas e de quaisquer formas de discriminação ou de violência
que possa haver com qualquer religião e sua expressividade.
A disciplina de ensino religioso, nesse sentido, é muito importante nesse processo, e isso se
percebe nas competências dessa área do conhecimento segundo a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC).
Cabe ao Ensino Religioso tratar os conhecimentos religiosos a partir de pressupostos éticos e
cientí�cos, sem privilégio de nenhuma crença ou convicção. Isso implica abordar esses
conhecimentos com base nas diversas culturas e tradições religiosas, sem desconsiderar a
existência de �loso�as seculares de vida. [...] Por isso, a interculturalidade e a ética da alteridade
constituem fundamentos teóricos e pedagógicos do Ensino Religioso, porque favorecem o
reconhecimento e respeito às histórias, memórias, crenças, convicções e valores de diferentes
culturas, tradições religiosas e �loso�as de vida. O Ensino Religioso busca construir, por meio do
estudo dos conhecimentos religiosos e das �loso�as de vida, atitudes de reconhecimento e
respeito às alteridades. Trata-se de um espaço de aprendizagens, experiências pedagógicas,
intercâmbios e diálogos permanentes, que visam o acolhimento das identidades culturais,
religiosas ou não, na perspectiva da interculturalidade, direitos humanos e cultura da paz. Tais
�nalidades se articulam aos elementos da formação integral dos estudantes, na medida em que
fomentam a aprendizagem da convivência democrática e cidadã, princípio básico à vida em
sociedade. Considerando esses pressupostos, e em articulação com as competências gerais da
Educação Básica, a área de Ensino Religioso – e, por consequência, o componente curricular de
Ensino Religioso –, devem garantir aos alunos o desenvolvimento de competências especí�cas
(Brasil, 2018, p. 436-437).   
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Perceba a importância da área do ensino religioso para os estudos em educação e diversidade e
do diálogo como exercício que deve prevalecer em todos os espaços educativos, para que se
conheça as diferentes culturas, tradições religiosas e �loso�as da vida. Assim como o conceito
de cultura, pode-se dizer que as religiões são múltiplas e devem ser valorizadas e reconhecidas
em sua diferença.
Os projetos culturais e interdisciplinares e as relações com o componente cultural de ensino
religioso e a abordagem interdisciplinar, envolvendo outros atores da escola, são fundamentais
nesse processo educacional. A convivência harmoniosa e a tolerância tornam-se, nesse sentido,
essenciais na construção da paz, pois é graças a ela que muitos con�itos e crimes motivados
pelo ódio ao diferente podem ser evitados.
Vamos Exercitar?
Em nossos resultados de aprendizagem, buscamos desenvolver uma abordagem holística para a
educação a partir de categorias teóricas e analíticas sobre a diversidade. As questões
relacionadas à religiosidade e diversidade religiosa são fundamentais nos estudos em educação
e diversidade.
Nesse sentido, vamos retomar algumas questões realizadas em nossa problematização: quais
as relações entre educação, diversidade e religiosidades? Como trabalhar a questão da
religiosidade na escola? Qual o papel da educação e da escola no combate às intolerâncias
religiosas? O que é laicidade na educação?
Em educação e diversidade, é preciso reconhecer o exercício da religião como um direito a ser
respeitado e praticado. Para entender essa questão, você estudou a importância de analisar as
características da composição cultural religiosa no Brasil, que é extremamente plural e
sincrética.
Você pôde perceber que o fenômeno da religião e das relações culturais em nosso país é um
valioso objeto de estudos para o desenvolvimento de uma perspectiva que integre as relações
entre educação, diversidade e religiosidades. O sincretismo, dessa forma, é interessante de ser
trabalhado e ressaltado nas escolas, de modo que as relações sociais e culturais em nosso país
sejam abordadas e preservadas.
A escola, nesse sentido, é o lugar propício para que o reconhecimento, a valorização e o respeito
à diferença social e cultural sejam amplamente disseminados, na escola e para além dela, ou
seja, na comunidade escolar e na sociedade como um todo. Assim, a escola deve oportunizar os
estudos sobre religião, de modo a valorizar as identidades sociais e culturais, aproveitando-se
disso para trabalhar a questão do respeito e da tolerância religiosa. Isso contribui para a
eliminação de práticas de intolerância e de discriminação religiosa.
O componente curricular de Ensino Religioso, nesse sentido, é um meio importante para
trabalhar a educação e o papel da prevenção e combate às intolerâncias nas escolas,
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
estabelecer uma cultura da paz no âmbito do aceite da diversidade das religiões, fator
indispensável para a promoção da diversidade social e cultural.
O exercício da laicidade do Estado e da escola promove a imparcialidade da instituição em
relação às questões religiosas e pode-se aproveitar da discussão legal para trabalhar a questão
do respeito e da tolerância religiosa. É competência de todas as escolas contribuir com a
erradicação das intolerâncias religiosas e de quaisquer outras formas de discriminação ou de
violência que possa haver com qualquer religião e sua expressividade.
Saiba mais
Questões legais do respeito à liberdade religiosa
Para o aprofundamento dos estudos sobre as questões legais do respeito à liberdade religiosa,
recomendamos a leitura do Capítulo 2 – Liberdade e discurso religioso na Constituição Federal
brasileira de 1988, do livro Liberdade religiosa e discurso de ódio, de Ricardo Jorge Medeiros
Tenório. O livro está disponível em nossa Biblioteca Virtual.
Direito à liberdade, escolha, prática e expressão da religiosidade
Para o aprofundamento dos estudos sobre os dados relativos ao pertencimento religioso dos
brasileiros, recomendamos a leitura do texto As religiões no Brasil, de Matheus Pestana. Os
dados são resultados do Censo de 2010 do IBGE (2010) de 2009 e da pesquisa Datafolha
realizada em 2019. Você pode explorar outras informações sobre religião que estão disponíveis
na página Religião e Poder.
Para ilustrar e ampliar suas re�exões, ouça a música Procissão, de Gilberto Gil, na qual se
apresenta uma re�exão política sobre a condição social do nordestino e sua religiosidade.
A educação e o papel da prevenção e combate às intolerâncias
Para o aprofundamento dos estudos sobre a educação e o componente de ensino religioso,
recomendamos a leitura dos Capítulos 1 – Ensino religioso e 2 – O ensino religioso na escola
pública, do livro História e legislação do ensino religioso, de Karin Willms. O livro está disponível
em nossa Biblioteca Virtual.
 
 
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788563920287/pageid/0
https://religiaoepoder.org.br/artigo/a-influencia-das-religioes-no-brasil/
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/191664/pdf/0?code=WWiynTtf8Y3XlLo+J4TemEBrOsMFKjUqE8CRFYwqE/ewLI+ZhfszkJIgDB9xQhzIeURWmi2vw4K3bA7jkzOpSA==
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
OLIVEIRA, L. F. de; COSTA, R. C. R. da. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor.
Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina:Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017.
TENÓRIO, R. J. M. Liberdade religiosa e discurso de ódio. Portugal: Grupo Almedina, 2023.
WILLMS, K. História e legislação do ensino religioso. 1. ed. São Paulo: Contentus, 2020. E-book. 
Aula 2
Educação Intergeracional
Educação intergeracional
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computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
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Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Você está percebendo que educar para a diversidade envolve primeiramente compreender a
diversidade sociocultural. Isso contribui para a sua valorização e reconhecimento. Vamos adotar
a mesma perspectiva para tratar dos aspectos que envolvem a educação intergeracional, ou seja,
analisar o etarismo como marcador social da diferença. Em seguida, você vai estudar sobre a
importância do acolhimento e da valorização de estudantes de diferentes faixas etárias. Por �m,
vai estudar os programas sociais de educação de adultos.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Para os estudos sobre educação intergeracional, alguns questionamentos iniciais se fazem
necessários: etarismo é um marcador social da diferença? De que modo podemos acolher e
valorizar estudantes de diferentes faixas etárias? Qual o papel do Estado e das políticas públicas
na educação de jovens e adultos? O que é a modalidade de ensino EJA?
Pensar nessas questões, sob a ótica das desigualdades sociais, é fundamental para o exercício
re�exivo em educação e diversidade. Aprofunde suas leituras e conhecimentos a partir dos livros
disponibilizados na Minha Biblioteca e na Biblioteca Virtual. Bons estudos!
Vamos Começar!
Nos estudos em educação intergeracional e diversidade vamos analisar práticas e�cazes de
promoção da diversidade social e cultural. Como anunciado, primeiramente, você vai estudar o
etarismo como marcador social da diferença. Em seguida, você vai estudar as questões
relacionadas à educação e às diferentes faixas etárias e pensar no acolhimento, valorização e
incentivo à continuidade dos estudos, essenciais para o escopo do que estamos tratando nesta
aula. Por �m, você vai conhecer os programas sociais de educação de adultos e veri�car a sua
importância para uma educação igualitária e inclusiva.
Etarismo como marcador social da diferença
Um dos aspectos importantes nos estudos em educação e diversidade tem a ver com a questão
intergeracional. O etarismo, nesse sentido, é compreendido como marcador social da diferença,
pois se baseia na discriminação, estereótipos e preconceitos relacionados à idade. Esses
aspectos negativos relacionados às questões intergeracionais ocorrem tanto com pessoas mais
idosas quanto com pessoas mais jovens, sobretudo quando se analisam os aspectos
relacionados ao mercado de trabalho ou ao atendimento em serviços públicos, por exemplo.
Nos estudos em educação e diversidade, parte-se do entendimento de que a educação deve se
estender a toda a população brasileira, independentemente das características das identidades
socioculturais e/ou da faixa etária em que o indivíduo se insere. Ou seja, trata-se de garantir a
educação, o ensino e a aprendizagem de conteúdos elementares para a reprodução de uma vida
social mais humanizada nas diferentes etapas da vida.
Sabe-se que o fator geracional corresponde à diminuição da quantidade de �lhos por família, o
que acarreta, a médio e longo prazo, o envelhecimento da população. Isso levanta a preocupação
de se contemplar a oportunidade de estudos para todos, mesmo para as pessoas que se
encontram na distorção da idade/série escolar. Essa área do conhecimento, educação e
diversidade, defende a constante busca pelo aprender, independente da faixa etária, desde a
infância até a velhice, pois compreende-se que nunca é tarde para isso.
É justamente nesse sentido que a garantia do direito à educação deve ser preservada pelo
Estado e a sociedade brasileira, como na oferta de modalidades geracionais de ensino: educação
básica, cursos técnicos, ensino superior, entre outros. Deve-se também promover políticas
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
públicas educacionais e geracionais que incentivem a permanência dos jovens na escola, de
modo que essa dimensão tão importante da vida não seja tolhida por circunstâncias diversas.
É justamente nesse sentido que todos temos como necessidade a conscientização a respeito
das consequências prejudiciais dos preconceitos e estereótipos baseados na idade, para que se
promova uma cultura que valorize as contribuições diversas e se respeite as diferentes fases da
vida. Sabemos que é essencial desa�ar as noções negativas associadas à idade para criar uma
sociedade mais inclusiva e equitativa para todas as faixas etárias no âmbito da educação. 
Siga em Frente...
Acolhimento e valorização de estudantes de diferentes faixas etárias
Nas questões relacionadas à educação intergeracional, sabe-se da importância do acolhimento e
da valorização de estudantes de diferentes faixas etárias, para que a educação contemple a
todos, o que resulta na ampliação de políticas públicas educacionais e de desenvolvimento,
contribuindo com a diminuição das desigualdades educacionais e sociais veri�cadas em nosso
país.
Percebe-se a importância do papel do Estado no sentido de promover políticas públicas
educacionais que acolham jovens e adultos, como, por exemplo, a partir da modalidade da
educação de jovens e adultos (EJA). Perceba que, para além das instituições e relações sociais, é
preciso que todos contribuam para uma cultura de que a educação e a constante formação
pessoal e pro�ssional, mediante a educação, seja alcançada e contemple estudantes de
diferentes faixas etárias. Analisando do ponto de vista das interseccionalidades, pode-se
perceber que essas re�exões contribuem com o combate à discriminação etária e o preconceito
à idade.
A escola, a família e a sociedade têm, nesse sentido, um papel primordial na promoção da
educação, no acolhimento e na valorização de diferentes faixas etárias, no sentido de criar meios
e oportunidades para dar continuidade aos estudos, o que corrobora com a multiplicação
(fruti�cação) do conhecimento em larga escala.
Embora o preconceito etário e a discriminação por idade costumem ser considerados como
sinônimos, o fato é que o primeiro remete essencialmente ao sistema de atitudes, muitas vezes
atribuídas por indivíduos e pela sociedade a outros em função da idade, enquanto a
discriminação por idade descreve comportamentos que favorecem pessoas de determinada
idade (Goldani, 2010, p. 428 apud Previtalli; Vieira, 2017, 191). 
Pode-se perceber nos estudos sobre o etarismo a maneira com que estão presentes o
preconceito etário e discriminação por idade em nossa convivência social. É preciso
desnaturalizar essas práticas e perceber que a educação é um direito de todos. Quando falamos
das relações intergeracionais nas famílias, Goldani chama a atenção para o aumento da
esperança de vida humana e “a subsequente transferência de recursos materiais e simbólicos
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
entre avós, pais e �lhos/netos, dos mais velhos aos mais novos e dos mais novos aos mais
velhos” (Goldani, 2010, p. 415 apud Previtalli; Vieira, 2017, p. 193).   
Com isso, percebe-se que as trocas entre gerações são relevantes para as relações interpessoais
e contribui com o desenvolvimento de todas as pessoas. O senso comum, muitas vezes, associa
as pessoas idosas (mais velhas) a valores negativos, o que se justi�ca em parte pela valorização
do jovem no mercado de trabalho e, consequentemente, à desvalorização do idoso por ser
considerado menos produtivo, fora da idade do trabalho e de menos consumidor. Isso se
evidencia nas práticas discriminatórias por idade observadas na sociedade.
Trata-se do preconceitosupremo, da última discriminação, da mais cruel rejeição e do terceiro
maior “-ismo”, após o racismo e o sexismo (Palmore, 2004). Como o racismo, o preconceito
etário depende da estereotipagem. Sente-se o seu impacto destruidor em três áreas principais:
preconceito social, discriminação nos locais de trabalho e tendenciosidade no sistema de saúde
(Butler, 1980 apud Previtalli; Vieira, 2017, p. 195). 
O preconceito etário está relacionado aos estereótipos construídos do ponto de vista social, no
mercado de trabalho e no sistema de saúde. Os estudos relacionados ao etarismo em educação
e diversidade, nesse sentido, nos levam à construção de um novo modelo de identidade do velho
em nossa sociedade. Isso pode culminar com a construção de uma sociedade mais
desenvolvida e inclusiva do ponto de vista do etarismo.
Essa identidade vem sendo construída pelo idoso, não em contraste com a do jovem, mas em
contraste à identidade estereotipada do velho. Assim, esse “novo” idoso procura se desvincular
de antigos estereótipos. A esperança é que uma nova visão do idoso seja construída na
educação, por meio da revisão das imagens estereotipadas anteriores, possibilitando um olhar
sobre o idoso pautado na realidade e em suas necessidades, não em preconceitos (Previtalli;
Vieira, 2017).
A nova visão sobre o idoso que os estudos sobre educação intergeracional têm apontado trazem
as possibilidades de um sujeito que ainda é capaz e atuante na construção de sua história
pessoal, social e familiar. Essa postura permite a elaboração de uma nova identidade, também
atrelada à constante busca pelo saber, pois, como vimos, da infância até a velhice, sempre temos
a possibilidade de aprender, de conhecer algo novo.
Programas sociais de educação de adultos
Como vimos, é preciso criar espaços de convivência e de inclusão para todas as pessoas da
sociedade, e isso nos leva a priorizar a questão etária, de modo a re�etir sobre o papel da escola.
A educação é compreendida, nesse sentido, como um exercício de inclusão, de modo a
proporcionar a inclusão de pessoas nas diversas faixas etárias.
No âmbito do desenvolvimento social e político, entendemos que o Estado tem um papel
importante e necessário nesse processo de educação de jovens e adultos, e por isso se deve
analisar o contexto histórico das políticas voltadas ao etarismo no Brasil. Além disso, sabe-se
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
que “os ‘benefícios’ e pensões obtidos por meio das políticas públicas para o idoso vão ter um
forte impacto na vida econômica das famílias” (Previtalli; Vieira, 2017, p. 193).
O Estado tem o dever de promover políticas públicas para a educação de jovens e adultos em
todos os níveis de ensino da educação básica: alfabetização, ensino fundamental e médio. Deve-
se ofertar um currículo e metodologias de ensino especial adaptado às condições dos
estudantes que estão nessa condição, e que muitas vezes pararam de estudar por causa das
necessidades do trabalho ou de outras questões.
Figura 1 | Educação de jovens e adultos. Fonte: Wikimedia Commons. 
Com isso, parte-se da perspectiva de que os educadores e a escola, de modo geral, possam ter
um olhar diferenciado que contribua com o acolhimento de todos no espaço escolar.  A
educação de jovens e adultos (EJA) corresponde aos programas sociais de educação de adultos
e procura oferecer oportunidades educacionais para jovens, adultos e idosos retomarem seus
estudos e concluir a etapa da educação básica. Nesse sentido, deve-se proporcionar que a EJA
ofereça �exibilidade de horários e modalidades de ensino, além da inclusão de temáticas
relevantes para que o jovem, adulto ou idoso se interessem pelo que está sendo proposto a
estudar.
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
O Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), criado em 2005 pelo Governo Federal, é
um programa do governo brasileiro voltado à inclusão educacional, social e pro�ssional dos
jovens entre 18 e 29 anos. O programa se realiza por meio de parcerias entre prefeituras,
governos estaduais e instituições de ensino, tendo como objetivo oferecer uma oportunidade de
retomada dos estudos para os jovens dessa faixa etária concluírem os estudos. A EJA tem como
características principais garantir a educação básica, a quali�cação pro�ssional e as ações de
cidadania.
A reprodução de uma sociedade mais inclusiva na questão etária, de modo a incluir todas as
pessoas, independentemente da idade, perpassa questões relacionadas à educação
intergeracional. As políticas públicas e os programas sociais governamentais previstos para a
EJA são essenciais na garantia e permanência da educação, sendo compreendida como um
direito de todas as pessoas e contemplando todas as faixas etárias. No entanto, ainda são
muitos os desa�os signi�cativos que requerem políticas públicas e esforços contínuos para sua
melhoria.
Por isso, o Estado tem um papel fundamental no exercício dessa demanda. Trata-se, portanto, de
medidas de conscientização social sobre a importância da continuidade dos estudos. Sabe-se
dos desa�os importantes para que as políticas públicas aloquem os estudantes formados na
EJA no mercado de trabalho. Por isso, é necessário continuar lutando para a transformação de
uma sociedade mais justa e inclusiva.
En�m, podemos perceber que a EJA desempenha um papel fundamental na democratização do
acesso à educação básica para jovens e adultos, permitindo que pessoas dessa faixa etária
concluam seus estudos e possam, posteriormente, buscar melhores oportunidades no mercado
de trabalho e na sociedade de modo geral. 
Vamos Exercitar?
Com o intuito de dar continuidade no desenvolvimento de uma abordagem holística para a
educação a partir de categorias teóricas e analíticas sobre a diversidade, vimos que questões
relacionadas à educação intergeracional são de suma importância nos estudos em educação e
diversidade. Para tanto, vamos retomar alguns dos questionamentos iniciais: o etarismo é
marcador social da diferença? De que modo podemos acolher e valorizar estudantes de
diferentes faixas etárias? Qual o papel do Estado e das políticas públicas na educação de jovens
e adultos? O que é a modalidade de ensino EJA?
Você viu que o etarismo é compreendido como um marcador social da diferença, pois se baseia
na discriminação, estereótipos e preconceitos no que diz respeito à idade, direcionados tanto a
pessoas idosas quanto a jovens, principalmente no contexto do mercado de trabalho ou do
atendimento em serviços públicos.  
Você estudou sobre a importância do acolhimento e da valorização de estudantes de diferentes
faixas etárias, para que a educação possa contemplar a todos, em uma abordagem relacionada à
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
educação intergeracional. Isso resulta, como você viu, na ampliação de políticas públicas
educacionais e de desenvolvimento, contribuindo com a diminuição das desigualdades
educacionais e sociais historicamente veri�cadas em nosso país.
Além disso, você compreendeu a importância da escola, da família e da sociedade na promoção
da educação, no acolhimento e na valorização de diferentes faixas etárias. Isso pode contribuir
com a criação de meios e oportunidades para dar continuidade aos estudos, o que corrobora
com a multiplicação do conhecimento em larga escala. Exige-nos, dessa forma, um olhar
diferenciado que contribua com o acolhimento de todos no espaço escolar, que deve ser
praticado pelos educadores e pela escola, de modo geral.
Você compreendeu a importância do papel do Estado no sentido de promover políticas públicas
educacionais que acolham jovens e adultos, como por exemplo, a partir da modalidade EJA. A
educação de jovens e adultos consiste numa categoria de ensino voltada ao público que não teve
acesso à educação formal ou não completou, ou abandonou, por razões diversas, a escola na
idade adequada. O Estado tem o dever de promover políticas públicas para a educação de jovens
e adultos em todos os níveis de ensino da educação básica: alfabetização, ensino fundamental e
médio. Para tanto, você acompanhouque deve ser proporcionada a oferta de um currículo e
metodologias de ensino especial, adaptado às condições dos estudantes que estão nessa
condição e que muitas vezes pararam de estudar por conta do trabalho ou outras questões.
Assim, são necessárias medidas de conscientização social sobre a importância da continuidade
dos estudos para todas as faixas etárias. Por isso, as políticas públicas voltadas ao atendimento
educacional a diferentes faixas etárias devem acompanhar essas mudanças.
A educação é um direito de todas as pessoas, contemplando todas as faixas etárias.
 
 
Saiba mais
Etarismo como marcador social da diferença
Para o aprofundamento dos estudos sobre o etarismo como marcador social da diferença,
recomendamos a leitura do Capítulo 6: A ampliação do horizonte de vida do livro Vivemos mais!
vivemos bem?: por uma vida plena, de Mario Sergio Cortella e Terezinha Azerêdo Rios. Sugerimos
que você leia também os demais capítulos da obra. O livro está disponibilizado em nossa
Biblioteca Virtual.  
Acolhimento e valorização de estudantes de diferentes faixas etárias
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/212527/epub/0?code=OWAj6NThn9svEbOd166xc/ZLEOTz1tre14kMaSoPEN5hMswQIqcD0/u0Bi1WWuRU9W0gZZUoNO8fI4GHl23MRg==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/212527/epub/0?code=OWAj6NThn9svEbOd166xc/ZLEOTz1tre14kMaSoPEN5hMswQIqcD0/u0Bi1WWuRU9W0gZZUoNO8fI4GHl23MRg==
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Para aprofundar os seus estudos sobre o acolhimento e a valorização de estudantes de
diferentes faixas etárias, recomendamos a leitura do Capítulo – Alfabetização de jovens e
adultos: uma abordagem do problema, do livro A construção do letramento na educação de
jovens e adultos, de Marina Lúcia Pereira. O livro está disponibilizado em Nossa Biblioteca
Virtual.
Programas sociais de educação de adultos
Para aprofundar os seus estudos sobre os programas sociais de educação de adultos,
recomendamos a leitura do Capítulo – A juvenilização na EJA: um exercício ético de
compreender a juventude que habita uma escola do EJA, de Priscila de Andrade Oliveira Leal, que
está no livro Conhecimento e docência: caminhos cruzados na educação de jovens e adultos, de
Alessandra Nicodemos Oliveira Silva (org.). 
 
 
Referências
CORTELLA, M. S.; RIOS, A. A. Vivemos mais! vivemos bem?: por uma vida plena. 2. ed. Campinas,
SP: 7 Mares, 2023. 
OLIVEIRA, L. F. de; COSTA, R. C. R. da. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor.
Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017.
PEREIRA, M. L. A construção do letramento na educação de jovens e adultos. 1. ed. São Paulo:
Autêntica, 2007. 
SILVA, A. N. O. (org.). Conhecimento e docência: caminhos cruzados na educação de jovens e
adultos. 1. ed. Jundiaí, SP: Paco e Littera, 2021. 
Aula 3
Uma Educação Contextualizada, Relevante E Signi�cativa
Uma educação contextualizada, relevante e signi�cativa
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192385/epub/0?code=6k8jetErN4bF+DLQwMUW08pn2TVHC01rZgDYj4D8VFw/9sa5YUeT1g58gNzAiQ7LgcEXQFInf/AF9QAH+R2sFQ==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192385/epub/0?code=6k8jetErN4bF+DLQwMUW08pn2TVHC01rZgDYj4D8VFw/9sa5YUeT1g58gNzAiQ7LgcEXQFInf/AF9QAH+R2sFQ==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/206963/epub/0?code=ITWZWO3N35GguW8j+f/qCBwUhZzUVbWZ6SLjM8HIk0MS8wctjH6LAzqDIfKxwvawsHFZin46ZRGRITD2waERNQ==
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
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Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula sobre a educação para a diversidade, você vai se debruçar nos estudos para uma
educação contextualizada, relevante e signi�cativa. Dessa maneira, você vai re�etir sobre a
diversidade regional e linguística e a importância de se aprofundarem essas re�exões com todos
os estudantes das escolas. Você vai estudar nesta aula sobre educação do campo e educação
quilombola.
Diante disso, alguns questionamentos são necessários: qual a importância da preservação da
diversidade regional e linguística? Por que se faz necessário trabalhar educação e diversidade
social e cultural brasileira a partir da região e da língua das pessoas? O que é educação do
campo? Como podemos trabalhar a educação no campo? O que é educação quilombola? Quais
os desa�os para a inclusão da diversidade sociocultural em nosso país?
Perceba que essas são algumas de muitas das problematizações pertinentes a uma educação
contextualizada, relevante e signi�cativa. Isso nos leva a buscar compreender a maneira como as
populações do campo e originárias se inserem na atual realidade socioeconômica, que nos leva
a pensar e trabalhar políticas públicas educacionais de inclusão.
Você pode aprofundar os seus estudos a partir da leitura dos livros e de outros materiais
disponibilizados em nossa Biblioteca. Bons estudos!
Vamos Começar!
Como apresentado anteriormente, nesta aula que aborda uma educação contextualizada,
relevante e signi�cativa, você vai estudar primeiramente a diversidade regional e linguística. Em
seguida, você vai estudar a educação do campo e, por �m, a educação quilombola. Perceba a
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
necessidade desses estudos para a promoção da diversidade e da inclusão da população
moradora do campo e em áreas de preservação ambiental. 
Diversidade regional e linguística
Nesta aula, você vai estudar a diversidade regional e linguística e a importância de sua
valorização nas escolas de todas as unidades federativas do país, sejam elas públicas ou
privadas, do campo ou da cidade. A diversidade sociocultural e regional brasileira é fundamental
no exercício de compreensão da nossa identidade e isso deve ser trabalhado com os estudantes
de todas as séries e modalidades de ensino.
Conhecer as culturas, as diferentes formas de vida, de trabalho e de crença, entre outros
elementos, é primordial e muito contribui com o desenvolvimento de uma perspectiva mais plural
e diversi�cada. Portanto, os educadores devem proporcionar o conhecimento das diferenças
regionais, os aspectos de sua comunicação e suas características, de modo inclusivo e
respeitoso em relação às diversidades do povo brasileiro.
A valorização da cultura local é fundamental para que as identidades sociais e culturais sejam
reforçadas em nosso meio e convivência social, e a educação escolar tem esse papel bastante
importante no processo de conscientização de todos, evitando-se, assim, formas
discriminatórias e preconceituosas relacionadas ao lugar onde as pessoas moram.
Por isso a comunicação e as formas de diálogo acessível, e que contemplam as especi�cidades
da diversidade regional e linguística, devem ser exploradas em sala de aula e na escola como um
todo. Trata-se, por exemplo, de trabalhar os conhecimentos em literatura, ciência, arte, entre
outros campos do saber, de modo que esses conhecimentos sejam atrelados às realidades
regionais e culturais.
Isso ajuda bastante e aproxima ainda mais os estudantes das formas diversas do conhecimento
humano. Os educadores e a escola podem abordar os temas de estudos a partir do contexto e
das condições da realidade em que as pessoas se inserem.
A criticidade das ciências humanas e sociais, para que se possa enxergar as contradições e os
con�itos que permeiam a vida das pessoas, é imprescindível no processo educacional. Lembre-
se da necessidade do constante exercício de desnaturalização dos fenômenos sociais, e da
forma como eles se apresentam na realidade em que nos inserimos.
O desenvolvimento de uma sociologia enraizada, de acordo com a perspectiva do sociólogo José
deSouza Martins, é muito importante e se faz necessária nesse processo, ou seja, um tipo de
conhecimento que esteja voltado ao contexto do lugar em que as pessoas se inserem e suas
características. Esses estudos apontam para a importância das análises da vida social e rural
brasileira a partir do cotidiano, da maneira com que as relações sociais e de produção são
realizadas.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Como se pode perceber, um modelo de educação centrado na contextualização e na relevância
leva-nos a re�etir sobre as condições existenciais de vida da população moradora no campo.
Esse é o exercício imprescindível que deve acompanhar a disciplina de educação e diversidade,
que busca compreender as condições plurais com que nos constituímos enquanto povo
brasileiro. 
 
 
 
 
 
Siga em Frente...
Educação do campo
A educação do campo corresponde a uma modalidade de estudos adaptada às especi�cidades e
características da população do campo. Sabemos que são muitos os desa�os a serem
enfrentados pelas populações moradoras dessas regiões, e a necessidade de implementação de
políticas educacionais que contribuam e fomentem a inclusão responsiva e contextualizada da
população moradora do campo.
Perceba a importância de trabalhar em todos os componentes curriculares os cotidianos da vida
rural junto aos estudantes. Sabe-se da importância e da contribuição da vida rural brasileira, para
que se compreenda a cultura local, a agricultura e as relações com a natureza e as práticas de
sustentabilidade. A cultura do campo tem as suas especi�cidades em relação aos modos de
vida, por isso, as práticas culturais devem ser preservadas e valorizadas no processo
educacional.
As vivências e práticas de atividades no campo correspondem à efetivação de metodologias
ativas. Nesse sentido, é importante trabalhar de forma prática a educação do campo. A título de
exemplo, gostaria de compartilhar a atividade interdisciplinar de ciências, desenvolvida por uma
professora de uma escola do campo. Ela trabalhou com os seus alunos do ensino fundamental II
a semeadura, o plantio e a germinação de crotalárea juncea em um canteiro no quintal da escola.
Essa prática de iniciação cientí�ca teve o intuito de atrair libélulas, animais predadores naturais
do mosquito da dengue, sendo, portanto, uma interessante ação de saúde pública realizada pela
escola. Perceba que as metodologias ativas correspondem às práticas experimentais que podem
se realizar no próprio campo. A realização da vida é o próprio cotidiano do campo em si.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
A vida no campo tem as suas especi�cidades, que podem ser mais bem aproveitadas nas
escolas que ofertam essa modalidade educacional. A permanência dos estudantes nas escolas
do campo deve ser incentivada e respeitada por todos e garantida pelo Estado. A formação da
sociedade brasileira e as determinações históricas que se desenvolveram a partir das relações
de classe, desde os tempos do Brasil colonial, caracterizadas por uma relação de exploração,
deve ser contemplada no processo educacional. É preciso problematizar essas questões a partir
da crescente concentração de riquezas pelas classes dominantes, consequência dessas
determinações históricas.
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Figura 1 | O Lavrador de Café, Cândido Portinari (1934). Fonte: Wikimedia Commons. 
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
A questão de terras e sua distribuição desigual mostram as di�culdades de se estabelecerem
condições sociais e econômicas de igualdade em nosso país, especialmente para a população
do campo. Por isso, se faz necessária a preservação de direitos e garantias aos povos
originários, as populações do campo, quilombolas, ribeirinhas, assentadas, entre outras.
A educação no campo, portanto, demonstra mais uma faceta das formas da diversidade
educacional re�etida pela diversidade sociocultural com que nos constituímos enquanto povo
brasileiro, uma riqueza social.
Diante das contradições da realidade social que reproduzem formas de desigualdades
econômicas e que afetam frontalmente as condições dos trabalhadores do campo, os
movimentos sociais são importantes nesse processo. No campo, o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTST) é resultado da organização dos trabalhadores do campo
em defesa da reforma agrária e por melhores condições de vida.
O surgimento do MST é consequência de uma estrutura agrária concentradora de terra que
perpassa cinco séculos da chegada dos portugueses, desde quando perceberam que estavam
em uma terra sem cercas e imaginaram que tudo estivesse a seu dispor. A concentração de terra
no Brasil e a manutenção do latifúndio começam aí, e a terra vai �car na mão da grande
burguesia agrária. Esta concentração da terra no Brasil se dá inicialmente através das capitanias
hereditárias, em seguida pelo roubo das terras indígenas pelos brancos e consolidando através
das sesmarias, em seguida pelo roubo das terras indígenas pelos brancos e se consolidando
através das sesmarias com o ciclo da cana e do café, que mesmo em épocas diferentes [...]
(Stival, 2022, [s. p.]).
Mesmo em épocas diferentes, o ciclo da cana e do café tinham as mesmas características, no
âmbito de uma estrutura de poder e de divisão do trabalho. Posteriormente, com a Lei de Terras,
em 1850, diante do declínio do escravismo, surge um “novo” modelo agrário exportador
estabelecendo o modelo de desenvolvimento do capital no Brasil. Esse modelo se assemelha ao
que Marx denominou modelo de colonização sistemática.
O êxodo rural que ocorreu em nosso país nas décadas de 1960 e 1970 demonstrou as
consequências das desigualdades do campo, evidenciando a concentração de poder econômico
e político das classes dominantes. E o Brasil chegou assim ao século XXI e aos dias de hoje, com
uma estrutura fundiária concentrada, caracterizada pela coexistência de latifúndios e
minifúndios, como aponta o Censo Agropecuário do IBGE de 2017 (Stival, 2022).
Os movimentos sociais contribuem na pressão do Estado para desenvolver políticas públicas
voltadas ao atendimento da população do campo. A garantia de recursos pelo Estado para a
manutenção da educação do campo é importante para que se possa promover a educação, a
inclusão e o acesso ao conhecimento. O acesso à educação é para todos, por isso a necessidade
de se ampliarem as políticas públicas educacionais para a população do campo.
Além disso, cabe ao Estado e aos Conselhos municipais de�nirem políticas importantes para o
desenvolvimento e a distribuição de renda, em que a articulação com outros programas e o
incentivo à população do campo sejam meios importantes de desenvolvimento social e
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
econômico. O Programa de Agricultura Familiar, por exemplo, é um programa de apoio destinado
à população do campo, que traz renda e melhores condições de vida para a população. 
Educação quilombola
Sabe-se que são muitos os desa�os para o incentivo e inclusão da diversidade sociocultural em
nosso país por meio da educação, para que se ampliem as condições de desenvolvimento social
e econômico para a população pertencente às comunidades quilombolas, resistentes e
remanescentes históricos da formação do Brasil.
Enquanto durou a escravidão no Brasil, os escravizados nunca deixaram de resistir à privação da
liberdade e à violência. Entre as formas de resistência coletiva mais organizadas e bem-
sucedidas, estão a formação de quilombos ou mocambos. Os quilombos eram agrupamentos de
escravizados que fugiam da dominação colonial e seus membros eram chamados quilombolas.
Para as autoridades, os quilombos representavam uma afronta e um mau exemplo. Por isso,
deveriam ser encontrados e destruídos, e seus líderes executados. Entre todos os que existiram,
o mais famoso foi Quilombo dos Palmares, que chegou a ter uma população aproximada de 30
mil pessoas e teve como um dos líderes, Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra
(Dutra, 2022, [s. p.]). 
A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, o termo quilombopassou por um
processo de ressigni�cação, isto é, se antes era visto como estigma relacionado à herança do
cativeiro, aos escravizados e aos grupos de cativos fugidos, o termo foi ressigni�cado
positivamente no âmbito das políticas públicas de ação a�rmativa destinadas aos
afrodescendentes no Brasil e relacionadas ao campo da luta política para garantir a permanência
e a conquista do direito étnico sobre a terra (Oliveira apud Dutra, 2022).
A educação quilombola é fundamental para que memórias das pessoas descendentes de negros
e indígenas escravizados, que resistiram, fugiram (e se constituíram nos quilombos) no contexto
da colonização, lutando por direitos fundamentais do ser humano, como o da liberdade, sejam
preservadas. É preciso que haja a valorização das histórias dos povos quilombolas, e que não
haja o apagamento das memórias coletivas.
As diversas técnicas de manufaturas como as cestarias, as artes, as pinturas corporais, também
expressam a cultura indígena e afro-brasileira. As reservas indígenas e os territórios quilombolas
têm suas composições arquitetônicas próprias e possuem lugares que são sagrados na
cosmovisão do grupo. Da mesma forma os índios e afro-brasileiros urbanos possuem, na cidade,
seus jeitos de ser que exprimem a vivência e identidades dessas populações nos seus meios
(Previtalli; Vieira, 2017, p. 110). 
As artes, diversas técnicas e outros saberes importantes devem estar previstos na educação
quilombola. É preciso respeitar e reconhecer a sua história, a cultura e as tradições das
comunidades como uma forma de conhecimento importante e construtor da identidade
brasileira. Os conhecimentos tradicionais das comunidades quilombolas devem ser
reconhecidos e repassados a outras formas de saberes, o que contribui por reforçar a identidade
positiva. 
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
En�m, perceba a importância de compreender as relações entre educação e diversidade em uma
abordagem contextualizada, relevante e signi�cativa para a população do campo e da
comunidade quilombola. Apesar de serem muitos os desa�os para a continuidade no avanço das
demandas da população quilombola, é preciso desenvolver um olhar que inclua e acolha o outro,
suas condições e a todas as formas de vida social.
 
 
Vamos Exercitar?
Em nossos resultados de aprendizagem, buscamos desenvolver uma abordagem holística para a
educação a partir de categorias teóricas e analíticas sobre a diversidade. As questões
relacionadas à educação para a diversidade exigem uma educação contextualizada, relevante e
signi�cativa. Isso tudo faz parte dos estudos em educação e diversidade. 
Agora, vamos retormar os questionamentos apresentados no início da aula: qual a importância
da preservação da diversidade regional e linguística? Por que se faz necessário trabalhar
educação e diversidade social e cultural brasileira a partir da região e da língua das pessoas? O
que é educação do campo? Como podemos trabalhar a educação no campo? O que é educação
quilombola? Que comentários podemos fazer a respeito dos desa�os para a inclusão da
diversidade sociocultural em nosso país? 
Vimos que os educadores devem proporcionar o conhecimento das diferenças regionais, dos
aspectos de sua comunicação e suas características, fazendo esse trabalho de modo inclusivo e
respeitoso em relação às diversidades do povo brasileiro. Conhecer a diversidade cultural, as
diferentes formas de vida, de trabalho e de crença, entre outros, contribui com o desenvolvimento
de uma perspectiva mais plural e diversi�cada. 
Você percebeu a necessidade de valorizar a cultura local, fundamental para que as identidades
sociais e culturais sejam reforçadas em nosso meio e convivência social. Nesse sentido, você
compreendeu que a educação escolar tem esse papel bastante importante no processo de
conscientização de todos. A comunicação e as formas de diálogo acessível, contemplando as
especi�cidades da diversidade regional e linguística, devem ser bem exploradas em sala de aula
e na escola. Esses conhecimentos devem ser trabalhados relacionados às realidades regionais e
culturais, sendo que o objeto de estudos toma como ponto de partida conhecimentos atrelados
às especi�cidades locais, valorizando a diversidade social e cultural da população brasileira.
Você compreendeu a importância das análises da vida social e rural brasileira a partir do
cotidiano das pessoas, da maneira como as relações sociais e de produção são realizadas no dia
a dia. 
Como aprendemos, a educação do campo corresponde a uma modalidade de estudos adaptada
às especi�cidades e características da população rural. Em muitas situações cotidianas da
escola, a educação do campo pode ser trabalhada de maneira prática, de modo que experiências
e atividades diversas sejam aplicadas no dia a dia do processo de ensino-aprendizagem. Esta
modalidade de estudos tem as suas especi�cidades em relação aos modos de vida e demonstra
mais uma faceta das formas da diversidade educacional, que é re�etida pela diversidade
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
sociocultural com que nos constituímos enquanto povo brasileiro. 
Você estudou sobre a educação quilombola e viu que é fundamental que as memórias das
pessoas descendentes de negros e indígenas escravizados sejam preservadas. A educação
quilombola busca compreender as singularidades do contexto da população brasileira
remanescente das comunidades dos quilombos, destacando as especi�cidades de seus
conhecimentos. Nesse sentido, você percebeu a necessidade de valorizar as histórias dos povos
quilombolas e de não apagar as memórias coletivas. Também notou que são muitos os desa�os
para a valorização da educação quilombola em todas as regiões do país, de modo a destacar e a
reconhecer a nossa diversidade social e cultural, a partir de uma perspectiva local. 
En�m, você pôde perceber a importância das vivências práticas e atividades na educação do
campo e quilombola, como a efetivação de metodologias ativas, usando suas especi�cidades
para melhorar o aprendizado e o desenvolvimento intelectual dentro do contexto social e
comunitário do aluno. 
Saiba mais
Diversidade regional e linguística
Para aprofundar os seus estudos sobre a diversidade regional e linguística e a educação do
campo, recomendamos a leitura do Capítulo – Formação de professores para a educação do
campo: projetos sociais em disputa, do livro Educação do campo: desa�os para a formação de
professores, de Maria Isabel Antunes Rocha e Aracy Alves Martins. Se possível, leia os demais
capítulos desse livro também. Você pode acessá-lo na Biblioteca Virtual. 
Educação do campo
Para o aprofundamento dos estudos sobre a educação do campo e o MST, recomendamos a
leitura do Capítulo 1 – A história da luta pela terra, uma tradição dos movimentos sociais, do livro
A educação do campo e o MST: trabalho e práticas sociais com assentados da reforma agrária,
de David Stival. Você encontra esse livro em nossa Biblioteca Virtual. 
Educação quilombola
Para o aprofundamento dos estudos sobre a educação quilombola, recomendamos a leitura do
Capítulo – O olhar do Estado sobre as comunidades quilombolas: reconhecer ou integrar?, do
livro Comunidades quilombolas: as lutas por reconhecimento de direitos na esfera pública
brasileira, de Simone Ritta dos Santos. Você encontra esse livro na Biblioteca Virtual.
 
 
Referências
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192517/epub/0?code=Y3sjQPC6G9DyC5bL0gmQGXpUB+4AY1A01EPo6D5MtS2rgMpKXHkENAAwLW+I1DzIbyK8AiwbLqhbWrAKf6XyTA==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/192517/epub/0?code=Y3sjQPC6G9DyC5bL0gmQGXpUB+4AY1A01EPo6D5MtS2rgMpKXHkENAAwLW+I1DzIbyK8AiwbLqhbWrAKf6XyTA==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/205223/epub/0?code=7m69ztECLDiA/wJnoJ5p7v3/SQw/gLY5rk+NKXcsnZJd0FNaAOGxHat53l0HwFiD31tMrtwuJ5hAFVUP8RNs5Q==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/52827/epub/0?code=nZ++LK2CdzgSKsiQnk6wrR/qIMKH14moIdJcPjiHQxAQu+WR6PhyAER6WoWcEa68ibZtJvPsXV+230fVHzZXYQ==
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/52827/epub/0?code=nZ++LK2CdzgSKsiQnk6wrR/qIMKH14moIdJcPjiHQxAQu+WR6PhyAER6WoWcEa68ibZtJvPsXV+230fVHzZXYQ==Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
DUTRA, T. B. Em busca de autonomia: quilombolas e políticas públicas. 1. ed. Jundiaí, SP: Paco e
Littera, 2022. E-book.
OLIVEIRA, L. F. de; COSTA, R. C. R. da. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor.
Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017.
ROCHA, M. I. A.; MARTINS, A. A. Educação do campo: desa�os para a formação de professores.
1. ed. São Paulo: Autêntica, 2013. 
SANTOS, S. R. dos. Comunidades quilombolas: as lutas por reconhecimento de direitos na esfera
pública brasileira. 1. ed. Porto Alegre: ediPUCRS, 2014. 
STIVAL, D. A educação do campo e o MST: trabalho e práticas sociais com assentados da
reforma agrária. 1. ed. São Paulo: Vozes, 2022. E-book.
Aula 4
Práticas Educativas e Diversidade
Práticas educativas e diversidade
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para assistir mesmo sem conexão à internet.
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
Ponto de Partida
Esta aula é uma espécie de culminância de tudo o que se viu sobre a diversidade sociocultural e
a identidade populacional brasileira, com todas as suas características, formas, especi�cidades,
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
e que deve ser contemplada na educação e nos processos de ensino.
Falar em educação e diversidade é falar em educar para a diversidade. Com isso, vamos �nalizar
esta trajetória comentando sobre as práticas educativas e a diversidade. No entanto, como você
já deve ter se acostumado, vamos propor alguns questionamentos e outras referências para a
continuidade e o aprofundamento dos estudos e re�exões (Saiba Mais). Para pensar nas práticas
educativas e diversidade, deve-se re�etir sobre um modelo de educação centrada no amor e na
empatia. Além disso, cabe uma re�exão sobre a revisão e a correção de narrativas dominantes
em nossa comunicação e, por �m, pensar sobre as possibilidades de um currículo inclusivo,
responsivo e com epistemologias plurais.
Re�ita: de que modo é possível proporcionar uma educação centrada no amor e na empatia?
Quais narrativas dominantes estão presentes nas escolas e nas relações sociais? Por que a
revisão e a correção de narrativas dominantes, especialmente nas escolas, são necessárias? De
que modo é possível desenvolver nas escolas um currículo inclusivo, responsivo e com
epistemologias plurais? Qual a importância disso?
Essas são algumas de muitas das problematizações relacionadas às práticas educativas e à
diversidade, o que leva à constante necessidade de aprofundamento de estudos e de
conhecimento de outras re�exões na perspectiva de outros pensadores sobre o tema da
educação e diversidade. Certamente, você deve estar lendo e assistindo as referências que
estamos indicando ao longo da disciplina de educação e diversidade, entre outras, e deve ter
anotado uma série de referências bibliográ�cas para ler posteriormente. Esperamos que você
tenha bons estudos e que os conhecimentos nos tornem pessoas melhores para viver em
sociedade. Desejamos felicidades e sucesso em sua trajetória na vida. 
Vamos Começar!
 
A aula de práticas educativas e diversidade aborda conhecimentos e temas importantes para
pensar e realizar um exercício de autoconhecimento sobre os valores socioemocionais e
afetivos. Como anunciado, vamos começar essas re�exões sobre a educação centrada no amor
e na empatia. Em seguida, você vai compreender a necessidade da revisão e correção de
narrativas dominantes presentes em nossa convivência em sociedade. Por �m, você vai estudar
uma proposta de currículo inclusivo, responsivo que contempla as epistemologias plurais. 
A educação centrada no amor e na empatia
Falar em educar para a diversidade e suas práticas diversas, inclusivas e democráticas é falar em
educação centrada no amor e na empatia. Nessas questões, parte-se da premissa de que a
educação se volta para o outro e, como sabemos, suas identidades são também construídas a
partir das relações sociais. Educar é se envolver com o outro, no âmbito de uma relação entre
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
educador e estudante, ou seja, é se envolver do ponto de vista de assumir um compromisso
voltado à educação e formação para o conhecimento.
No mundo existem e existiram muitas pessoas dedicadas a um modelo de educação centrado no
amor e na empatia. Pode-se dizer que, ao longo de toda a disciplina, você se deparou com muitos
deles: Karl Marx, Simone de Beauvoir, Florestan Fernandes, Paulo Freire, Pierre Bourdieu, entre
diversos outros autores e pensadores preocupados com a educação e a mudança social.
Bell Hooks, pseudônimo de Gloria Jean Watkins, foi uma professora, escritora e ativista norte-
americana bastante in�uente na participação pública em debates envolvendo as questões
relativas às pautas das mulheres e das interseccionalidades de identidades. Defendia a
educação como ferramenta de transformação, para a compreensão e igualdade do ponto de
vista das relações étnico-raciais e a desconstrução da cultura do patriarcado. Preocupava-se
com o diálogo e o empoderamento das mulheres, que poderia ser realizado mediante o diálogo e
através da educação. 
Perceba o quanto a atribuição de sentido e signi�cado nas práticas educativas é importante para
o trabalho do educador. As questões e contradições, e qualquer forma de desigualdade e de
injustiça que estão presentes em nossa realidade social, devem ser problematizadas nos
diálogos nas salas de aula, na escola, na comunidade e em qualquer outra possibilidade em que
se realizam as relações sociais.
Compreender (e valorizar) a diversidade sociocultural com que nos constituímos historicamente
a partir das relações sociais aqui estabelecidas é uma premissa essencial para o desempenho
do trabalho docente. A educação, nesse sentido, é uma prática de transformação de pessoas
que, munidas de conhecimento, podem mudar o mundo, segundo Paulo Freire, no sentido de
mudar para melhor.
A imaginação sociológica, que você conheceu em aulas anteriores, pode ser um interessante
exercício para os estudos em educação e diversidade, para a desnaturalização de todos os
aspectos que constituem as relações sociais. Isso deve ser aprofundado às voltas de um modelo
de educação para a diversidade e requer o comprometimento, a empatia e a solidariedade social
dos educadores e de todos os atores sociais envolvidos no cotidiano das práticas educacionais.
  
Quando se pensa a educação como condição de possibilidade de constituição crítica dos
sujeitos, parece se estabelecer um clássico paradoxo entre os objetivos da educação e a
liberdade subjetiva. O fato é que não se trata de buscar a extinção desse paradoxo, pois o
objetivo é estabelecer a educação como condição de possibilidade de desenvolvimento
subjetivo. Ou seja, a educação poderá ter como horizonte os parâmetros para viabilizar a
formação subjetiva sob uma perspectiva múltipla e diversa, que lhe permita maior autonomia.
Para fazê-lo é preciso problematizar as possibilidades de constituição subjetiva, como fenômeno
dinâmico, concatenando os objetivos da educação com o desenvolvimento subjetivo (Erthal et.
al., 2019, p. 110).  
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
A educação, nesse sentido, é entendida como o estabelecimento de condições para a
possibilidade do desenvolvimento subjetivo, sob uma perspectiva múltipla e diversa, que lhe
permita maior autonomia. Dito isso e reconhecendo a importância da educação, passemos a
pensar no processo educacional e o seu desenvolvimento. Lembrando que devemos sempre
trabalhar a educação na perspectiva da diversidade, da inclusão e da integração.
Figura 1 | Há sempre esperança – Girl with ballon, Banksy Girl and Heart Baloon. Fonte: Wikimediaação” (Hall, 2004, p. 12).
O sujeito sociológico, surgiu “quando o mundo moderno passou a ser observado como um
turbilhão complexo, associado à corrosão da intimidade, à ditadura do tempo e todas outras
alegorias que nos lega a cultura capitalista, o entendimento da identidade muda de feição”
(Previtalli; Vieira, 2017, p. 32). Ou seja, esse tipo de sujeito ocidental emerge no contexto de
desenvolvimento do modo de produção capitalista, vinculado a uma perspectiva de
determinação de classe, sendo que as outras identidades estariam subordinadas a essa
estrutura de mundo do qual o sujeito fazia parte. Nesse sentido, segundo Hall, o sujeito não era
independente, ao invés disso, a identidade era formada em relação às “pessoas que lhe atribuíam
valores, sentidos e símbolos ou a cultura do mundo em que vivia” (Hall, 2004, p. 11).
No sujeito pós-moderno, para Hall, as identidades culturais coexistem nos indivíduos, diante das
mudanças sociais e culturais que o mundo ocidental vivenciava no contexto da década de 1970.
Isto é, o sujeito pós-moderno seria marcado pelas múltiplas identidades pelas quais esses
sujeitos são acometidos, ainda que, muitas vezes, se apresentassem de modo contraditório.
Nessa conceituação, acreditava-se que o sujeito tinha um núcleo, mas também admitia que não
era �xo, imutável, pois mantinha um diálogo contínuo com as culturas com as quais entrava em
contato (Previtalli; Vieira, 2017, p. 32). Essa concepção de identidade ressaltava as constantes
mudanças, contribuindo por tornar o sujeito mais fragmentado, que se constitui de várias
identidades assumidas em momentos diferentes de sua vida social.
O sociólogo canadense Erving Goffman parte do entendimento de que a vida social do indivíduo,
por consequência de sua identidade, pode ser entendida como uma representação teatral. Isso
quer dizer que a ação de um indivíduo em relação a outros não tem somente uma �nalidade
instrumental, ou seja, não tem somente o objetivo de fazer algo, mas também é condicionada
pelo modo como esse sujeito quer aparecer diante dos outros (Oliveira; Costa, 2016).
Como você pode perceber, pensar em identidade nada menos é do que um exercício bastante
complexo. Identidade pode ser compreendida sob diversas perspectivas, e possui características
importantes a serem consideradas em torno de sua análise. Nesses termos, a identidade pode
ser circunstancial, dinâmica e contrastiva.
A identidade circunstancial está relacionada às circunstâncias da vida, assim como o próprio
termo de�ne.  A identidade circunstancial refere-se às características atribuídas a um indivíduo
inserido em sociedade com base em fatores externos muitas vezes fora de seu controle. Os
fatores externos independem da vontade do indivíduo, ou seja, correspondem à exterioridade,
elemento característico dos fatos sociais, segundo Émile Durkheim. As identidades
circunstanciais incluem elementos, como gênero, etnia, nacionalidade, idade e classe social. Elas
são frequentemente usadas para categorizar e rotular as pessoas, algo semelhante à casca de
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
um indivíduo, aquilo que se vê em primeiro plano a partir da percepção das outras pessoas.
Essas categorias podem in�uenciar a forma como somos percebidos pelos outros e como
interagimos com os diferentes grupos sociais.
A identidade dinâmica está sujeita a mudanças ao longo do tempo, é algo �uido, que se adapta
segundo as condicionantes da vida. São mudanças que passamos pela vida e que in�uenciam a
construção de nossa identidade, como algo dinâmico, em constante mudança. A identidade
dinâmica realiza-se em meio às nossas experiências e interações estabelecidas entre indivíduo e
sociedade a partir das condições sociais de existência, e pode ser moldada por suas re�exões,
relações interpessoais, educação e eventos signi�cativos.  
A identidade contrastiva está relacionada a algo que diferencia, motivado pelo próprio indivíduo.
A identidade contrastiva é a forma como as pessoas se de�nem em relação aos outros. É o
indivíduo de�nindo a si mesmo. Esse conceito tem a ver com a conquista de espaços pela
juventude no contexto da década de 1960. A nossa identidade é construída considerando quem
somos em comparação a quem não somos, sendo ressaltadas as diferenças. Trata-se de
perceber as diferenças culturais e sociais, o que pode levar à criação e organização de grupos de
pertencimento e ao estabelecimento de fronteiras identitárias.
Siga em Frente...
Reconhecimento do outro e alteridade
Para entender e reconhecer o outro, em suas diferenças, deve-se sempre considerar os
elementos constituintes das identidades sociais e culturais. No entanto, isso tudo deve estar
relacionado ao contexto social no qual os indivíduos se inserem, além de levar em consideração
as especi�cidades das diversas realidades sociais. Por isso se faz importante e fundamental
para os estudos das diferenças e das identidades o exercício de reconhecimento do outro em
suas múltiplas determinações e condições sociais a que os indivíduos de uma sociedade são
acometidos.
Em suma, você pode constatar que o reconhecimento do outro refere-se à capacidade do
indivíduo ou seu grupo em reconhecer a identidade cultural do outro, daquele que é diferente do
indivíduo que observa, em termos identitários, culturais e/ou experienciais. Tem a ver com a
aceitação e a valorização da humanidade dos outros, independentemente de suas diferenças.
Para o sociólogo britânico Anthony Giddens, as in�uências globalizantes e a simples sensação
de ser presa das maciças ondas de transformação global é perturbadora. Mas importante é o
fato de que tal mudança é também intensa – cada vez mais, atinge as bases da atividade
individual e da constituição do eu (Previtalli; Vieira, 2017, p. 33).
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (2001) analisa a questão da identidade na modernidade,
denominando-a líquida. Nessa fase, os indivíduos incorporam outros e novos elementos de
forma mais �uida, líquida e �exível se comparado ao contexto histórico anterior, no qual se
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observava a identidade de forma mais rígida. A modernidade líquida pauta-se pela liquidez em
que nada consegue manter sua forma por muito tempo.
A modernidade líquida é o que caracteriza a sociedade contemporânea, uma época em que tudo
o que é sólido desmancha-se no ar. Nesse contexto em que se observam as identidades,
veri�cam-se mudanças na concepção de Estado nação no capitalismo, em sua fase globalizada.
As mudanças advindas com a modernidade, de sua fase sólida para a fase líquida, apontam para
o fenômeno de não haver mais a necessidade de pertencimento em comum por toda a
população, segundo Bauman (2001).
As categorias e aspectos sociológicos analisados e desenvolvidos pelos autores em torno do
conceito de identidade, estudados nesta aula, certamente são importantes e fundamentais, pois
nos ajudam a compreender as características dos sujeitos e suas identidades no contexto da
contemporaneidade. Você percebeu que os autores �zeram uma contextualização histórica em
torno do conceito de identidade para a compreensão das mudanças individuais e sociais
ocasionadas ao longo do tempo.
Mesmo com as mudanças advindas com o passar do tempo, que incidem sobre as identidades
sociais e culturais, você pode perceber que as interações sociais são fundamentais para a
construção das identidades. Somos sujeitos sociais e dependemos uns dos outros para a
realização da vida em sociedade. A�nal, pode-se a�rmar que há um estado de interdependência
entre os seres humanos, uma dependência mútua, que se realiza de forma recíproca (Barbosa,
2014). Essa interação realizada pelos seres humanos pode ser denominada alteridade.
[...] eu aprendo, mudo e me transformo com base nas transformações, nas mudanças e na
interação com o outro, e é nesse processo consciente de interação verbal ou dialógica que
construímos a nossa identidade e a identidade do outro. Geralmente essa interação é baseada
na nossa percepção e nossa ideia de valor, ideia essa que tem suaCommons.
Amor e empatia, nesse sentido, devem ser o “carro chefe” de uma prática educativa voltada à
diversidade sociocultural em que nos inserimos. Isso leva a uma educação mais humanizada,
contextualizada e abrangente, além de orientada para o atendimento das diferenças e
interseccionalidades múltiplas de nossa sociedade. 
A escola, portanto, na perspectiva da educação para a diversidade e acompanhada de amor e de
empatia, deve proporcionar ambientes mais inclusivos, sensíveis e responsivos às necessidades
diversas de todos os estudantes, buscando abranger a comunidade escolar e a sociedade como
um todo. O acolhimento, a escuta e quaisquer formas de entendimento mais humanizado do
outro, é importante no exercício cotidiano da escola. Você deve se lembrar da importância de
articular a família no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes.
O conjunto dessas práticas proporciona o aprimoramento social e emocional (inteligência
socioemocional). Certamente, essas ações contribuem no combate às discriminações e às
formas de intolerância, levando a uma sociedade mais justa e igualitária. No entanto, para que
isso seja possível, é necessário revisar e corrigir narrativas dominantes postas historicamente
em nossa sociedade a partir das relações de poder.
Revisão e correção de narrativas dominantes
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Como se pôde perceber até aqui, o constante exercício do pensamento crítico e as
possibilidades da imaginação sociológica contribuem para um pensar sobre todas as estruturas
e características com que está organizada a estrutura da educação em nosso país. Essa forma
de conhecer possui um elemento importante na forma que se realiza no exame dos fenômenos
sociais: o estranhamento e a desnaturalização. Essa é uma contribuição do conhecimento
sociológico, bastante importante de ser utilizado nas práticas em educação e diversidade.
A mudança deve começar na postura e na qualidade de espírito, de modo que nos ajude a usar a
informação e a desenvolver a razão com vistas a perceber, com lucidez, o que está ocorrendo no
mundo e o que pode estar acontecendo dentro de nós mesmos (Mills, 1975). 
A imaginação sociológica capacita seu possuidor a compreender o cenário histórico mais amplo,
em termos de seu signi�cado para a vida íntima e para a carreira exterior de numerosos
indivíduos. Permite-lhe levar em conta como os indivíduos, na agitação de sua existência diária,
adquirem frequentemente uma consciência falsa de suas posições sociais. Dentro dessa
agitação, busca-se a estrutura da sociedade moderna, e dentro dessa estrutura são formuladas
as psicologias de diferentes homens e mulheres. Através disso, a ansiedade pessoal dos
indivíduos é focalizada sobre fatos explícitos e a indiferença do público se transforma em
participação nas questões públicas (Mills, 1975, p. 11-12). 
A imaginação sociológica, ou seja, a desnaturalização da forma com que o conhecimento se
constrói e se apresenta na escola é um exercício que deve ser feito para se pensar nos
currículos, nos materiais didáticos e nos conteúdos que devem ser trabalhados na escola. É
justamente essa capacidade que torna importante a presença da sociologia no contexto da
educação escolar, uma vez que essa ciência estuda os comportamentos dos indivíduos e grupos
sociais, desnaturalizando, inclusive, suas relações e os papéis sociais de instituições diversas,
como a família, a escola e a sociedade. 
Sabe-se que as narrativas presentes em boa parte do nosso cotidiano são pertencentes aos
interesses das classes dominantes. E isso se veri�ca nas matrizes e nos currículos escolares, ou
seja, as narrativas dominantes estão presentes a todo momento na escola. Você deve se lembrar
do que estudamos nas aulas anteriores, sobre Pierre Bourdieu e o seu conceito de violência
simbólica.
A correção de narrativas dominantes, especialmente nas escolas, deve promover uma educação
inclusa, sensível e democrática. A educação para a diversidade, portanto, vai na contramão de
um modelo de reprodução da violência simbólica, na qual estamos inseridos. Vimos em estudos
anteriores que devemos revisar os conteúdos e as estruturas para que não se reproduzam as
relações sociais de dominação e de poder que, por sua vez, se relacionam ao epistemicídio.
Os estudos em educação e diversidade nos ajudam a pensar como a escola lida com a questão
das diferenças culturais nos sistemas de ensino, currículos e matrizes curriculares. Quando
pensamos na história da educação brasileira e nas relações entre a diversidade e as políticas da
diferença, é preciso reconhecer os avanços, as rupturas e os retrocessos ao longo do tempo.
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
A educação e a diversidade ajudam nesse processo. Para que seja promovida uma educação
crítica, na qual o questionamento constante é o motor do conhecimento, as bases normativas
constituídas nas escolas e na sociedade devem ser examinadas. Um exemplo é o
questionamento de gênero nas narrativas dos livros didáticos de história (Meyrer; Karawejczyk,
2021).
Sabe-se que é preciso, diante dos estudantes, uma proposta de re�exão sobre a realidade em
que nos inserimos em suas múltiplas dimensões, sejam elas culturais, políticas, sociais,
econômicas, entre outras. O processo de re�exão realiza-se na capacidade de problematização
das diversas formas de desigualdades, a partir de ações efetivas para a correção de narrativas
dominantes.
A escola é, nesse sentido, a instituição pioneira nesse processo, e deve partir dela a necessidade
do exercício re�exivo e crítico em todos os aspectos. É preciso repensar a escola, em todas as
suas dimensões, de modo a contribuir com a desconstrução de estereótipos e preconceitos e a
inclusão de múltiplas perspectivas. Com isso, valoriza-se na escola a diversidade cultural e
identitária.
Siga em Frente...
Currículo inclusivo, responsivo e epistemologias plurais
Para pensar um modelo de sociedade mais inclusivo, democrático e justo, sabe-se da
importância de desenvolver nas escolas um currículo inclusivo, responsivo e com epistemologias
plurais, no qual sejam contempladas todas as formas de diversidade e inclusão, as questões
étnico-raciais, de gênero, de pessoas com de�ciência etc. É muito importante o desenvolvimento
de um currículo responsivo na escola, que contemple a pluralidade das epistemologias
existentes, de modo a abarcar conhecimentos e saberes de todos os povos que fazem parte da
identidade sociocultural brasileira.
É preciso descolonizar o currículo da educação básica para que sejam incluídas as diversidades
de saberes e formas de conhecimento que se originam a partir da cultura dos estudantes.
Perceba que repensar a escola envolve reestruturar e reorganizar a instituição em seus aspectos
estruturais, formais e organizacionais.
Falamos em acessibilidade, em matrizes curriculares, organização do currículo e disciplinas,
entre outros elementos importantes, para um ensino mais inclusivo, de modo que se estabeleça
a cultura da não violência. A construção de um currículo inclusivo e responsivo, no qual se
veri�ca a �exibilidade curricular, leva à necessidade de re�etir sobre as mudanças nas políticas
educacionais e a relação destas com a educação inclusiva.
[...] A ação pedagógica conduz o indivíduo para a vida em sociedade, produzindo cultura e
usufruindo dela. É certo que as modi�cações em todos os âmbitos da sociedade a�oram as
desigualdades, de modo a impulsionar discussões sobre as exclusões e suas consequências e
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
lançar a semente do descontentamento e da discriminação social, evidenciando-se pela
necessidade de mudanças nas políticas públicas (Minetto, 2021, p. 18).
Trabalhar as diversas epistemologias, formas de conhecimento e outros saberes presentes na
escola a partir da in�uência cultural dos estudantes, e não valorizar apenas uma perspectiva de
conhecimento. É preciso respeitar toda a diversidade epistemológica e a contribuição de vários
povos no processo de construção do conhecimento.
Veri�camos, assim, oorigem na infância e nos
acompanha pelo resto de nossas vidas (Barbosa, 2014, p. 21).
Perceba a importância das interações na construção das identidades sociais e culturais,
independentemente do contexto histórico em que se analisa a formação das identidades dos
indivíduos. Como se pode perceber “a identidade de cada indivíduo é consequência da alteridade
do outro, sendo assim, se a identidade é um processo dinâmico de transformação, isso signi�ca
que quando o outro muda a sua performance naturalmente estará mudando a minha” (Barbosa,
2014, p. 21). 
Você pode compreender que, para pensar nas relações sociais, é preciso ter a sensibilidade para
o reconhecimento do outro, de qualquer forma e em quaisquer das dimensões da vida social e
cultural. O conceito de alteridade, nesse sentido, relaciona-se à ideia de reconhecimento do outro,
com as suas diferenças e particularidades. Isso quer dizer que o exercício da alteridade é
signi�cativo para a construção de nossa própria identidade, ou seja, aquele que pratica a
alteridade tem a identidade construída na sua relação com a de outros. 
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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Vamos Exercitar?
Nos estudos desta aula, trouxemos algumas problematizações para pensar nas relações entre
educação e diversidade: qual a importância do conceito de identidade para se pensar a
diferença? Você viu que identidade é relevante e fundamental para pensar nas diferenças
socioculturais. É preciso considerar as características socioculturais de todos os povos que
convivem em nossa realidade, assim como pensar nos povos originários e autóctones, como a
população afrodescendente e indígena. Esses são povos originários, autóctones, que aqui
habitavam antes mesmo da chegada dos europeus, realizando o seu próprio modelo de
desenvolvimento e organização social.
Quais são os tipos de identidades? O que signi�ca identidade contrastiva? Como você estudou, a
identidade pode ser circunstancial, dinâmica e contrastiva. A identidade circunstancial está
relacionada às circunstâncias da vida, como o próprio termo de�ne. Ela se refere às
características atribuídas a um indivíduo inserido em sociedade com base em fatores externos,
muitas vezes, fora de seu controle. Já a identidade dinâmica está sujeita a mudanças ao longo
do tempo, é algo �uido, que se adapta segundo as condicionantes da vida. E a identidade
contrastiva está relacionada a algo que difere, como o próprio termo sugere, motivado pelo
próprio indivíduo, ou seja, é a forma como as pessoas se de�nem em relação aos outros.
Outro questionamento aborda as relações entre educação e diversidade, questionando o
conceito de alteridade. Como você estudou, o conceito de alteridade relaciona-se à ideia de
reconhecimento do outro, com as suas diferenças e particularidades. Isso signi�ca dizer que o
exercício da alteridade é signi�cativo para a construção de nossa própria identidade, ou seja,
aquele que pratica a alteridade tem a identidade construída na sua relação com a de outros. Esse
conceito é muito importante para pensar nas relações sociais, sendo que, para isso, é preciso ter
a sensibilidade para o reconhecimento do outro, uma vez que somos sujeitos sociais e
dependemos uns dos outros para a realização da vida em sociedade. Há, portanto, um estado de
interdependência entre os seres humanos, uma dependência mútua, que se realiza de forma
recíproca.
Saiba mais
Identidade e diferença: categorias sociais de análise
Para o aprofundamento dos seus conhecimentos sobre identidade e as relações com a formação
da sociedade brasileira, sugerimos que você assista ao documentário O povo brasileiro de Darcy
Ribeiro. Nesse documentário, o antropólogo apresenta aspectos interessantes e sua visão sobre
a formação do povo brasileiro e suas identidades.
Identidade e suas características: circunstancial, dinâmica e contrastiva
Para que você possa saber mais e aprofundar seus conhecimentos sobre o tema da identidade,
indicamos a leitura da Introdução e do Capítulo 1 – Dialética da modernidade: entre a ordem
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
como tarefa e a ambivalência como refugo, do livro Bauman e a educação, de Felipe Quintão de
Almeida, Ivan Marcelo Gomes e Valter Bracht. Nesses textos, os autores apresentam a crítica de
Bauman à sociedade moderna e o desenvolvimento de um tipo novo de identidade. 
Reconhecimento do outro e alteridade
Para pensar a questão da alteridade e do reconhecimento do outro, indicamos o �lme Central do
Brasil, dirigido por Walter Salles. Esse excelente �lme nacional aborda a questão do
autoconhecimento, do reconhecimento do outro e da humanidade, mediante a interessante
interação dos personagens Dora e Josué. O �lme também retrata a questão das diferenças
sociais, econômicas e culturais do Brasil.
Referências
BARBOSA, A. C. A. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A.,
2014. 
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
OLIVEIRA, L. F. de; COSTA, R. C. R. Sociologia para jovens do século XXI: manual do professor. Rio
de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017. 
Aula 3
Preconceito, Discriminação E Desigualdades
Preconceito, discriminação e desigualdades
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Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
Ponto de Partida
Nesta aula, você vai estudar os conceitos de preconceito e discriminação, vai entender as
diferenças e as semelhanças entre eles e as relações com o fenômeno das desigualdades. Em
seguida, você vai analisar as determinações norteadoras da vida em sociedade no contexto da
contemporaneidade e estudar a respeito da distribuição desigual de recursos, as relações de
poder, as oportunidades e as situações diversas que se apresentam aos indivíduos. Por �m, você
vai estudar sobre exclusão e inclusão, e a necessidade de buscar a justiça social.
Para os estudos desta aula, algumas questões serão problematizadas: quais as diferenças
conceituais entre preconceito e discriminação? Tomando como base a distribuição desigual de
recursos em uma determinada sociedade, quais as implicações desse fenômeno social? Qual é o
papel da educação no combate às formas diversas de desigualdades? Qual a importância da
inclusão, em uma sociedade historicamente marcada pela exclusão, como a brasileira, para a
construção de justiça social?
De modo geral, esses são alguns dos questionamentos que nos ajudam a pensar nas relações
entre educação, diversidade e desigualdade. Nesta aula, você está convidado a estudar sobre a
formação histórica da sociedade brasileira e as relações com a educação. Seja bem-vindo!
Vamos Começar!
Para que possamos re�etir sobre as diversidades e as desigualdades, devemos sempre nos
lembrar de um dos objetivos propostos para a disciplina de Educação e Diversidade: discutir
questões relacionadas à desigualdade, ao preconceito, à discriminação e às diferentes formas de
estereótipos. Obviamente o centro desse debate parte da relação entre as diversidades e a
educação, de modo a contribuir com uma formação crítica, inclusiva, humana e cidadã.
Preconceito e discriminação: conceitos interligados, porém diferentes
Sabemos que as diversidades e as diferenças que se apresentam na vida em sociedade são
múltiplas, e se manifestam de diversas formas. Em um regime democrático e preocupado com a
justiça social,como o Brasil, a educação (e a escola) deve ter um olhar atencioso para a questão
das diversidades e das diferenças. A educação, dessa forma, precisa reconhecer e valorizar as
diferenças, bem como as diversidades que in�uenciam a forma com que somos construímos
cotidianamente, enquanto povo brasileiro.
Isso nos exige um constante repensar dos porquês e das razões pelas quais se dão as condições
(e contradições) sociais de onde estamos inseridos papel também da educação, ou seja,
Disciplina
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
constantemente provocar e problematizar no sentido de fornecer conhecimentos históricos
sobre os processos de luta de classes para que possamos compreender o nosso meio, e agir, no
sentido de buscar a igualdade das condições materiais de existência para toda a sociedade.
Podemos a�rmar que preconceito e discriminação são também expressões das formas diversas
de desigualdades. Apesar de serem conceitos próximos e interligados nas explicações de
determinado fenômeno social, são diferentes, e cada um tem o seu signi�cado particular. Em
comum, podemos perceber que ambos os conceitos representam uma manifestação negativa
das relações sociais, podendo desencadear em formas de violência.
Os preconceitos são julgamentos ou percepções antecipadas acerca de pessoas, crenças ou
sentimentos; já a discriminação se re�ete em tratamento diferenciado e/ou exclusão diante de
características especí�cas da pessoa ou grupo social. Como você pode perceber, preconceitos e
discriminações sociais são fenômenos diferentes, mas estão relacionados. Ideias preconcebidas
são comuns, entretanto, quando utilizamos essas noções para tratamentos diferenciados
fazemos discriminação.
Re�etindo as experiências dos seres humanos ao longo do tempo, pode-se a�rmar que o
preconceito geralmente se manifesta de forma discriminatória. Preconceito e discriminação
conectam-se a processos culturais de identidade e alteridade, e a maneira com que lidamos com
a diferença. A discriminação, portanto, corresponde à materialização de atos preconceituosos
praticados pelos indivíduos, muitas vezes organizados em coletividade.
De certo modo, tanto os preconceitos quanto as formas de discriminação revelam a maneira
com que ocorrem as manifestações das desigualdades em uma determinada sociedade. Nesse
sentido, “entre humanos também impera a lei do mais forte, permeada por hierarquias, castas, ou
divisões, como queiram denominar”, e os mais aptos nessas relações ganham na luta pela
sobrevivência, à custa da vida e do sofrimento dos semelhantes (Paula, 2013, p. 26).   
É fato que cada grupo social acumula experiências de êxitos e fracassos e constrói um
conhecimento prático (mesmo inconsciente) do que está ao alcance da sua realidade social – o
que Bourdieu (2002) denomina causalidade do provável, que é o que acontece quando os
indivíduos internalizam suas chances/probabilidades de acesso. Se considerarmos que, para as
classes populares, as possibilidades de sucesso escolar se reduzem não só em razão da falta de
recursos econômicos, mas de capital cultural, a distribuição desigual desse capital in�uencia as
trajetórias escolares e a mobilidade social desses grupos (Paula, 2013, p. 26).  
A estrati�cação social e as condições materiais de existência no contexto do capitalismo,
pautadas nas relações de produção e de mercado, tornam as estruturas de apropriação
econômica e de dominação política bastante nítidas. Isso revela uma estrutura social desigual e
o antagonismo entre as classes sociais, segundo Marx. A escola que deveria ser a instituição
alinhada às mudanças sociais, inserida no contexto do modo de produção capitalista pautado na
lógica do mercado, reproduz as desigualdades e a manutenção do status quo, de modo que a
distribuição desigual de recursos econômicos e de capital cultural, segundo Bourdieu (2002), faz
com que di�cilmente as classes populares ascendam, do ponto de vista socioeconômico. 
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O próximo passo de nossos estudos consiste em buscar compreender e agir, quando dotados de
uma mínima consciência de classe, diante dos porquês desses fenômenos, ou seja, entender as
razões e as motivações das desigualdades. Isso nos leva a problematizar e a re�etir sobre a
formação de nossa sociedade e a distribuição desigual de recursos, poder e oportunidades.
A distribuição desigual de recursos, poder e oportunidades
Você analisou as diferenças (e semelhanças) entre preconceito e discriminação, e suas relações
com a questão das desigualdades. Preconceito e discriminação, nesse sentido, também estão
relacionados à distribuição desigual de recursos, poder e oportunidades, que desencadeiam em
formas diversas de desigualdades e injustiças sociais. Essas desigualdades estão relacionadas
à distribuição desigual de recursos, e podem se manifestar em suas formas econômica, social,
política, étnico-racial, de gênero, educacionais, regionais, entre outras.
Re�etir sobre a distribuição desigual de riquezas, poder e oportunidades e as relações com a
educação nos leva a buscar entender que a sociedade capitalista da qual fazemos parte, na sua
essência, divide-se em classes sociais. As desigualdades são características das sociedades
modernas e pertencem a esse modo de produção. Marx toma como central em suas análises a
questão das classes sociais e as relações entre capital e trabalho assalariado, para pensar a
forma com que as sociedades são regidas. Nesse sentido, a educação assume um importante
papel no preparo da classe trabalhadora para a reprodução do modo de produção capitalista e do
conjunto de valores da sociabilidade burguesa hegemônica, baseado no consumo, produção e
circulação de mercadorias. 
Figura 1 | As faces das desigualdades, por Wilfredo Hernandez. Fonte: Wikimedia Commons.
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Marx explicou as contradições sociais produzidas pelas relações materiais de produção e o
fenômeno que dá origem às desigualdades no capitalismo, utilizando o materialismo histórico
dialético como método cientí�co. A sociedade capitalista apresenta-se de modo contraditório,
portanto transitório no curso da humanidade. A classe trabalhadora (classes populares),
oprimida no contexto do capitalismo, deveria se organizar e realizar a revolução social, visando a
construção de uma sociedade mais justa entre as classes. As forças produtivas de uma
sociedade são os meios de produção necessários para a realização da vida material dos homens
e, nesse sentido, a relação de produção se con�gura, no curso da história, pela exploração de
uma classe sobre a outra. A�nal, segundo Marx e Engels, no livro O Manifesto do Partido
Comunista, a “história das sociedades é a história da luta de classes”.  
A organização social pautada na exploração do homem pelo homem se perpetua em um
contexto de ascensão do capitalismo e da hegemonia burguesa, classe detentora dos meios de
produção (Sanches; Alencar; Ferreira, 2016, p. 90-91). Essa sociedade apresenta-se de forma
con�ituosa para Marx, revelando as desigualdades sociais, pois a classe dominante detém
maiores privilégios e oportunidades, ao passo que a classe trabalhadora, ou seja, as classes
populares, não obtêm as mesmas condições. Nesse contexto em que o trabalhador aparece
como vendedor da sua própria força de trabalho, tornando o trabalho assalariado e a divisão do
trabalho característicos desse período, houve o processo de subordinação do trabalho ao capital.
O modo de produção que compõe a realidade social é regido por leis dialéticas objetivas, como
as derivadas das contradições entre as forças produtivas e as relações de produção,
determinada em última instância pela infraestrutura e movida concretamente pela luta de
classes (Marx, 1983). O capitalismo em sua gênese histórica, se objetiva por ampliar e promover
a acumulação de riquezas (Sanches; Alencar; Ferreira, 2016, p. 91).
É justamente nesse sentido que há uma estrutura de poder e de dominação do Estado que se
articula internamente para promover os seus interesses econômicos e o statusquo vigente. O
Estado, na Modernidade, está a serviço dos interesses da burguesia, a classe dominante, e isso
acentua as desigualdades sociais e as contradições econômicas. A escola, muitas vezes,
contribui por manter e reproduzir essa lógica de dominação presente em nossa sociedade.
As desigualdades e a distribuição desigual de riquezas ocasionam a pobreza em uma sociedade.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2004), a pobreza é a
negação das escolhas e de oportunidades básicas e necessárias ao desenvolvimento da vida
humana, re�etida em: vida curta, falta de educação, falta de meios materiais, exclusão e falta de
liberdade e dignidade (Paula, 2013, p. 27).
O Brasil e sua formação histórica não pode ser entendido como algo isolado do contexto do
capitalismo internacional. Para Caio Prado Junior, é preciso utilizar a categoria marxista de
totalidade, de modo que seja possível entender as contradições, a distribuição desigual de
riquezas que aqui se desenvolveu historicamente, desde a colonização até os dias atuais (Prado
Junior, 2012).
No capitalismo global, o Brasil é parte integrante do processo de dominação capitalista e as
contradições entre as classes remontam a formação histórica e social brasileira. É justamente
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nesse sentido que a educação tem um papel fundamental, no exercício de repensar a estrutura
educacional e propor mudanças, para caminharmos para uma sociedade em que as
desigualdades e quaisquer formas de injustiça sejam erradicadas. A�nal, pode-se a�rmar que a
pobreza se apresenta de forma multidimensional. 
Siga em Frente...
Exclusão e inclusão: em busca de justiça social
É sabido, a partir da perspectiva das ciências humanas e sociais no Brasil, que, ao longo de
nossa formação histórico-social, promoveu-se formas de desigualdades, consequentemente, de
exclusão da maioria da população brasileira no acesso a condições dignas de vida. Nos
constituímos ao longo do período colonial, caracterizado pelo patriarcalismo, como uma
sociedade marcada pela escravidão e dominação racial, que repercute signi�cativamente até os
dias atuais. 
As desigualdades provocaram profundas formas de exclusão do povo brasileiro, sendo
necessário re�etir as possibilidades de inclusão e de mudança social por meio da educação, de
modo a promover a justiça social. Sabemos que os desa�os são enormes para a sociedade
brasileira e, além do mais, é preciso considerar que o fenômeno da globalização capitalista
acentuou as múltiplas identidades, as diferenças e as formas de desigualdades.
Trabalhar com as diferenças, a multiculturalidade e a fragmentação da identidade na
contemporaneidade nos leva, por conseguinte, a pensar os processos de exclusão que estão
presentes na nossa sociedade. O empobrecimento e as carências vividas por parte da população
os destituem de condições mínimas de vida e os afastam do acesso aos direitos humanos
universais. Esse processo fez com que essa questão social tomasse dimensão nas discussões
políticas e teóricas do mundo. (Previtalli; Vieira, 2017, p. 42)
Para que possamos trabalhar as diferenças e os processos de exclusão, é preciso analisar as
determinações com que se estrutura a sociedade brasileira. No entanto, a exclusão pode
também ser consequência do fenômeno da pobreza. O excluído é aquele que está à margem da
sociedade. Como se pode perceber em nosso meio social, especialmente no contexto da
globalização, existem outras motivações que contribuem para o processo de exclusão social,
“como a perda de emprego, sujeitos pertencentes às minorias sociais como as de gênero, raciais,
religiosas, geracionais, de�cientes físicos, pessoas com di�culdades �nanceiras, favelados,
desapropriados da moradia etc.” (Previtalli; Vieira, 2017, p. 43-44). Atualmente, existem muitos
refugiados em terras brasileiras que são considerados marginalizados, portanto, excluídos.
Há outras categorias para análise que consideramos atravessadores nesse debate:
pertencimentos étnicos, sociais, culturais, religiosos, geracional, de gênero, de orientação sexual,
espacial, temporal. Por exemplo: embora tenha havido um crescente ingresso das mulheres no
mercado de trabalho, sua participação na renda familiar não signi�cou maior autonomia, mas
sobrecarga. A segunda (ou terceira) jornada de trabalho feminina permanece. Aumentou a
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vulnerabilidade da mulher, vítima de assédio sexual e de violência doméstica (o aumento nos
casos se explica também pela possibilidade de denúncia e o estímulo a esta). [...] Sobre a mulher
negra de baixa renda paira, pelo menos, uma tríplice discriminação, em que podemos estimar as
violências e preconceitos derivadas desse pertencer: sexismo, racismo e classe social. Se
analisarmos ainda aspectos relativos à orientação sexual e religião, acentuam-se os contornos
da discriminação, se esses não corresponderem aos padrões legitimados [...]. (Paula, 2013, p. 28-
29)
Há, portanto, outras variáveis que agregam elementos para a compreensão da desigualdade
social (Paula, 2005; Candau, 2013 apud Paula, 2013). No decorrer da formação histórico-social
brasileira, povos indígenas foram expropriados de suas terras diante da investida de grandes
latifundiários, com o amparo do Estado brasileiro. Para que seja possível pensar em justiça
social, é preciso reestruturar os modelos educacionais, de modo que a educação seja um meio
possível para a transformação social. Ou seja, é preciso também pensar o Brasil, o mundo e suas
condições à luz dessas questões sociais, de modo a proporcionar a inclusão desses povos e
proporcionar uma sociedade mais equitativa e com justiça social.
Mesmo que se reconheça a existência do multiculturalismo, as oportunidades não são
distribuídas de forma equitativa. Basta pensarmos na educação formal, ou seja, na educação
proporcionada pela escola, na qual se demonstra a reprodução dos interesses da classe
dominante, segundo Pierre Bourdieu (2002). Em todo caso, “a escola é um lugar de convivência
com a diversidade, por isso ela deveria ser inclusiva, sustentável e plural” (Previtalli; Vieira, 2017,
p. 47).
A escola vivencia diariamente a questão da diversidade. É justamente nesse sentido, que
entendemos que a educação é um importante instrumento para a transformação da realidade
social, de modo a proporcionar o engajamento e o consequente empoderamento dos excluídos e
dos grupos minoritários, por meio da conscientização crítica da realidade como nos
constituímos enquanto povo brasileiro.
Essa conscientização que a educação pode proporcionar baseia-se na concepção de educação
popular, de acordo com Paulo Freire. A ideia consiste em desenvolver a proposta da pedagogia
da autonomia na educação, de modo que o conhecimento possa libertar a classe oprimida da
exploração e da situação de desigualdade.
A educação popular, proposta por Paulo Freire nos anos de 1960 [...] é baseada na
“conscientização”. Ainda hoje, a “educação popular” é uma grande alternativa em relação à
monoculturalidade da educação formal. Com o passar do tempo e do acúmulo de experiências
educativas nesse campo, a educação popular passou por transformações. Hoje ela está dentro
do aparato do Estado aproveitando-se das políticas públicas. (Previtalli; Vieira, 2017, p. 47-48)
En�m, você pode perceber que é preciso pensar em meios de inclusão para o desenvolvimento
humano e democrático, e a escola tem um papel fundamental na construção de uma sociedade
mais justa e igualitária. A educação popular, na perspectiva de Paulo Freire, leva à
conscientização e libertação das classes populares. O reconhecimento do outro e a
consideração pela alteridade são valores centrais, e isso representa a promoção de igualdade de
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direitos, a luta contra o preconceito e a discriminação, e a criação de espaços para que todas as
identidades e vozes possam ser valorizadas.
 
 
Vamos Exercitar?
Você estudou nesta aula as relações entre educação, diversidade e desigualdade, e pôde
compreenderque exclusão e discriminação são também ocasionadas pelas desigualdades e
suas formas diversas de manifestações: econômica, social, política, étnico-racial, gênero,
educacionais, regionais, entre outras. Algumas problematizações foram colocadas para que você
pudesse analisar e re�etir nesses estudos.
Quais as diferenças conceituais entre preconceito e discriminação? Você estudou que os
preconceitos se referem a julgamentos ou percepções antecipadas acerca de pessoas, crenças
ou sentimentos, já a discriminação se refere em tratamento diferenciado e/ou exclusão diante de
características especí�cas da pessoa ou grupo social. Nesse sentido, você viu que as ideias
preconcebidas são comuns entre os seres humanos. Entretanto, quando utilizamos essas
noções para tratamentos diferenciados, estamos falando em discriminação. A discriminação
corresponde à materialização de atos preconceituosos praticados pelos indivíduos, muitas vezes
organizados em coletividade. O preconceito geralmente se manifesta de forma discriminatória e,
nesse sentido, os conceitos de preconceito e discriminação conectam-se a processos culturais
de identidade e alteridade e à maneira com que lidamos com a diferença.
Tomando como base a distribuição desigual de recursos numa determinada sociedade, quais as
implicações desse fenômeno social? Qual é o papel da educação no combate às formas diversas
de desigualdades? Você pode perceber que as desigualdades e a distribuição desigual de
riquezas ocasionam a pobreza em uma sociedade, pois correspondem à negação das escolhas e
de oportunidades básicas e necessárias ao desenvolvimento da vida humana, re�etida em: vida
curta, falta de educação, falta de meios materiais, exclusão e falta de liberdade e dignidade
(PNUD, 2004). Em contrapartida, a educação proporciona um maior entendimento e
compreensão de todas as coisas que fazem parte da nossa realidade. Conhecer as
características da maneira com que as condições materiais de existência se apresentam em
nossa vida social e material certamente será bastante útil para que possamos pensar e agir no
sentido de encontrar meios para que haja maior dignidade, longevidade, acesso aos meios
materiais, inclusão, entre outros, conforme os estudos do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento apontaram sobre os fatores que ocasionam a pobreza. 
A educação, portanto, tem um papel fundamental no combate às diversas formas de
desigualdades. Nesse sentido, você pode perceber a importância de analisar e re�etir sobre a
distribuição desigual de riquezas, poder e oportunidades, e as relações com a educação. Isso
nos leva a buscar entender as características da sociedade capitalista da qual fazemos parte.
Primeiramente, você estudou que esse modelo de sociedade se divide em classes sociais. Você
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deve se lembrar das contribuições de Marx para pensar nas relações entre capital e trabalho
assalariado, características da sociedade moderna, e a forma com que as sociedades são
regidas. No atual contexto em que estamos inseridos, você também estudou que essas
desigualdades também estão relacionadas à distribuição desigual de recursos e podem se
manifestar em suas formas econômica, social, política, étnico-racial, de gênero, educacional,
regional, entre outras. 
Por �m, qual a importância da inclusão, em uma sociedade historicamente marcada pela
exclusão, como a brasileira, para a construção de justiça social? Você estudou que a inclusão é
essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, por isso se faz necessário
re�etir sobre as possibilidades de inclusão e mudança social através da educação. Nesse
sentido, é preciso reestruturar os modelos educacionais de modo que a educação seja um meio
possível para a transformação social. Em meio a isso, devemos também pensar o Brasil e o
mundo, suas condições à luz dessas questões sociais, para proporcionar a inclusão desses
povos desejando uma sociedade mais equitativa e com justiça social.
 
 
Saiba mais
Preconceito e discriminação: conceitos interligados, porém distintos
Para que você aprofunde os conhecimentos sobre racismo, preconceito e discriminação,
recomendamos a leitura dos capítulos Educação infantil – socialização: família, escola e
sociedade e Relações étnicas no Brasil, do livro Do silêncio do lar ao silêncio escolar: Racismo,
preconceito e discriminação na educação infantil, de Eliane Cavalleiro. O livro re�ete as
experiências vivenciadas pela autora, ao longo de oito meses, no cotidiano da realidade de uma
escola de educação infantil. Você encontra esse material em nossa Biblioteca Virtual.
A distribuição desigual de recursos, poder e oportunidades
Para pensar na distribuição desigual de recursos, poder e oportunidades, características
principais do modo de produção capitalista, sugerimos que você assista ao �lme Daens, um grito
de justiça, dirigido por Stijn Coninx. O �lme aborda as condições miseráveis e degradantes dos
trabalhadores de uma indústria têxtil no contexto da segunda metade do século XIX.
Exclusão e inclusão: em busca de justiça social
Re�etindo sobre as alternativas de inclusão e de justiça social, podemos trazer como exemplo,
as ações e os programas da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (SNDPI), órgão
vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A SNDPI tem como missão
formular e coordenar políticas públicas voltadas para a promoção e defesa dos direitos da
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/2195/pdf/0?code=f2acDc1WaRuGm+4TGajOcy4rqSyWIMdHNnx57NMnAbhJmec54Nz6Pk6aH8gZl3fHD03EkWIjIM1FH3X406f77A==
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pessoa idosa no Brasil. Para que você possa aprofundar os seus conhecimentos sobre a
inclusão, recomendamos que acesse a página da SNPDI e conheça suas ações e programas.
 
 
Referências
PAULA, C. R. de. Educar para a diversidade: entrelaçando redes, saberes e identidades. Curitiba:
InterSaberes, 2013.
PRADO JUNIOR, C. História Econômica do Brasil. 43 ed. São Paulo: Brasiliense, 2012.
PREVITALLI, I. M.; VIEIRA, H. E. S. Educação e diversidade. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2017.  
SANCHES, W.; ALENCAR, M. G. de; FERREIRA, L. A. S. Sociologia crítica. Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S. A., 2016.
Aula 4
Educação Humanista e Inclusiva
Educação humanista e inclusiva
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conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Bons estudos!
Ponto de Partida
https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/pessoa-idosa
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As políticas públicas educacionais voltadas à inclusão e às ações a�rmativas são fundamentais
no combate às desigualdades sociais historicamente constituídas em nossa sociedade, portanto
é o que você vai estudar na primeira parte desta aula. Em seguida, você vai estudar e perceber a
importância do papel da escola nesse processo de preparação para uma cidadania global. Por
�m, você vai compreender a ideia de representatividade para uma educação humanista e
inclusiva, no constante exercício de repensar a escola, assim como os materiais didáticos, os
currículos e o preparo do corpo docente.
Para introduzir as re�exões propostas para esta aula, apresentamos alguns questionamentos:
qual a importância das políticas públicas de educação, inclusão e ações a�rmativas em uma
sociedade como a brasileira, constituída historicamente pelas formas diversas de
desigualdades? Como as escolas podem contribuir para uma cidadania global? De que maneira a
escola, seus materiais didáticos, currículos e

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