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10
12
UNIP
ROGER RODRIGUES
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Jundiaí - SP
2022
ROGER RODRIGUES
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Paulista, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. 
Orientador: Camila Colucci. 
Jundiaí - SP
2022
ROGER RODRIGUES
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Paulista, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. 
BANCA EXAMINADORA
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Jundiaí – SP, __ de _______ de _____.
São necessárias várias outras folhas antes de vir o resumo. Deve haver a ficha catalográfica, que deve ser impressa no verso da segunda folha. Deve vir a folha de aprovação. 
RESUMO
O presente trabalho, busca-se entender os principais fatores, introduzir mais de seu conhecimento e curiosidade ao enfrentar um tópico que atrai sua atenção, e também querem entender as vítimas que sofreram ou sofreram abuso em um relacionamento autoritário. Em vista disso, busca-se respostas para entender os principais fatores que afetam a permanência das mulheres em uma violência doméstica. O método utilizado para a confecção deste trabalho foi uma pesquisa para revisão bibliográfica de caráter exploratório, com foco na avaliação dos problemas comuns de violência doméstica, realizados em consultas em acervos e artigos científicos do ano de 2016 à 2020. Conclui-se, que a justiça tem sua importância contra a violência doméstica, evidenciado que o tema requer uma reflexão vasta no que afeta à ressocialização e a reintegração da pessoa e das incontroversas vivenciadas no sistema criminal tradicional e no modelo atual de justiça criminal e de suas distintas medidas alternativas.
Palavras-chave: Violência contra a Mulher. Violência doméstica. Lei Maria da Penha. Impacto psicológico. Abuso em relacionamento. 
ABSTRACT 
The present work seeks to understand the main factors, introduce more of their knowledge and curiosity when facing a topic that attracts their attention, and also want to understand victims who have suffered or suffered abuse in an authoritarian relationship. In view of this, answers are sought to understand the main factors that affect the permanence of women in domestic violence. The method used for the preparation of this work was a research for an exploratory literature review, focusing on the evaluation of common problems of domestic violence, carried out in consultations in collections and scientific articles from the year 2016 to 2020. It is concluded that the Justice has its importance against domestic violence, evidenced that the subject requires a vast reflection on what affects the resocialization and reintegration of the person and the uncontroversial experiences in the traditional criminal system and in the current model of criminal justice and its different alternative measures.
Keywords: Violence against Women. Domestic violence. Maria da Penha Law. Psychological impact. Relationship abuse.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	10
1 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA	12
1.1 CONCEITO	13
1.2 EVOLUÇÃO DOS DIREITOS DAS MULHERES NO BRASIL E A LEI MARIA DA PENHA	16
1.3 TIPOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA	21
1.3.1 Violência Física	21
1.3.2 Violência Psicológica	24
1.3.3 Violência sexual	25
1.3.4 Violência Patrimonial	27
1.4 O CICLO DA VIOLÊNCIA EM SUAS VARIADAS FORMAS	28
1.5 A PERMANÊNCIA DA MULHER NA RELAÇÃO, AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO E AS DELEGACIAS ESPECIALIZADAS	29
1.6 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER	31
1.7 RETRATO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER NO BRASIL	32
1.8 AS MELHORIAS ALCANÇADAS COM A ENTRADA DA LEI 11.340/06 EM VIGOR	33
1.9 DA INCAPACIDADE DO SISTEMA E INEFICÁCIA DA LEI	35
1.10 AS POLÍTICAS PÚBLICAS E AS NORMAS CONSTITUCIONAIS SOCIAIS	37
2 A POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA JUSTIÇA RESTAURATIVA NO CONTEXTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER	39
2.1 APLICABILIDADE AO CASO CONCRETO DE MODO GERAL	42
2.2 PROGRAMAS RESTAURATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS EXISTENTES NO BRASIL	43
2.3 POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA JUSTIÇA RESTAURATIVA NO BRASIL	45
CONCLUSÃO	49
REFERÊNCIAS	51
INTRODUÇÃO 
Atualmente, a violência contra a mulher tem muitos efeitos, incluindo não apenas a violência doméstica, mas também qualquer relacionamento considerado prejudicial e, na maioria das vezes, mostra sinais de abuso. Estes temas são categorizados em cinco tipos, a saber: violência física, violência sexual, violência psicológica, violência moral e violência patrimonial.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2021) colocar dados da fonte, um terço das mulheres sofre violência doméstica no mundo. A violência doméstica acontece diariamente, a cada hora e meia uma mulher sofre algum tipo de agressão tendo como consequência desses atos o óbito. A grande parte dos homicídios cometidos contra a mulher ocorreu entre os anos de 2001 a 2011, onde metade desses crimes aconteceram dentro do ambiente familiar. 
Entre os dados de homicídios registrados para cada 100 mil mulheres, El Salvador encontra-se na 1°posição com taxa de (10,3), seguido de Trindade e Tobago (7,9). O Brasil está na 7° posição com taxa de (4,4%). Em último encontra-se a Islândia, na 80° posição, que apesar de existirem agressões contra as mulheres não foram notificados casos de homicídios na Islândia. De acordo com as estatísticas dos estados brasileiros, o Espírito Santo ocupa o 1° lugar com taxa de (9,8 homicídios/100 mil mulheres), a Bahia ocupa a 2° posição com taxa de 9,0/100 mil mulheres e Alagoas ocupa a 3° posição com taxa de 8,8/100 mil mulheres (SANTOS, 2019, p. 42).
A violência contra a mulher é geralmente praticada por familiares, parceiros e cônjuges, muitas vezes praticada sem motivos sendo a finalidade principal mostrar que o parceiro detém o poder na relação. Estes atos de violência deixam a vítima vulnerável em qualquer época da vida e afeta os laços entre os integrantes da família, principalmente as crianças. Esta cerca de uma pandemia que exige rápidas resoluções para a situação, onde a integração do poder público e da sociedade é de fundamental importância.
Diante do contexto apresentado, o presente trabalho pretende responder a seguinte pergunta em questão: Em que medida a justiça restaurativa é importante para a resolução de crimes envolvendo a violência doméstica?
Acredita-se que o presente trabalho contribua para o crescimento e conhecimento acerca da situação, proporcionando uma visão holística sobre o assunto e contribuindo para uma melhor assistência prestada preparando-se para lidar com as vítimas dessa situação nas unidades assistidas.
Assim, através do presente trabalho, procuramos compreender os principais fatores, introduzir mais o seu conhecimento e curiosidade quando confrontados com os temas que lhes chamam a atenção, mas também compreender as vítimas de sofrimento ou abuso em relações autoritárias. Em vista disso, busca-se respostas para entender os principais fatores que afetam a permanência das mulheres em uma violência doméstica.
Sob essa perspectiva, a monografia visa reconhecer quais são os principais fatores que persistem nas relações de abuso, analisar as estratégias que as mulheres usam para responder à violência e determinar que a violência sofrida por essas mulheres tem o maior impacto. Esse estudo tem por objetivo realizar uma pesquisa exploratória, uma vez que aplicará conhecimento da pesquisa básica para solucionar impasses. 
Para uma melhor abordagem dos objetivos e melhor apreciação desta pesquisa, verifica-se que ela é classificada como pesquisa explicativa. Notou-se também a necessidade da pesquisa bibliográfica no instante em que se fez uso de materiais já realizados como: artigos científicos, livros, documentos eletrônicos, revistas, e enciclopédias na procura e alocação de conhecimento sobre os meios como forma de demonstrar a sua aplicabilidade, relacionando desse modo conhecimento comviabilizam a violência. É necessário estimular campanhas através da mídia e projetos propostos através de parceria com esferas não governamentais, informando os direitos das vítimas e estimulando a denúncia.  As políticas públicas devem, então, priorizar sobretudo a intervenção pedagógica e reeducacional tanto no meio social quanto na esfera familiar, a fim de conscientizar as pessoas de suas responsabilidades e deveres na ordem democrática, a fim de manter em equilíbrio as relações humanas dentro do seio familiar. É necessário o desenvolvimento de um trabalho educativo dirigido ao agressor e às vítimas, o que envolve a análise de aspectos culturais no que diz respeito ao enfrentamento da violência, possibilitando a reabilitação e evitando a reincidência na prática criminosa pelo agressor
Enfim, para que seja corrigido as dificuldades que a lei têm encontrado na eficácia de sua aplicabilidade faz-se necessário que ocorra o cumprimento do pacto que envolve a sociedade e o poder público no enfretamento da violência contra as mulheres. Nesse sentido um dos desafios a serem enfrentados é a construção coletiva de uma interpretação unificada da Lei, assim certamente irá garantir uma maior eficácia no combate a um dos grandes problemas da sociedade atual: a crescente violência doméstica e familiar contra a mulher.
2 A POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA JUSTIÇA RESTAURATIVA NO CONTEXTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER 
O pré-requisito para lidar com a justiça restaurativa e a violência doméstica contra as mulheres é que a vítima seja protegida. A resolução da complexidade desse fenômeno requer a participação de mulheres, agressores, famílias e comunidades (FABENI, 2013, p.146). Diante disso, é preciso esclarecer que quando o agressor passa a ser pessoa que mantém vínculo familiar com a vítima, independentemente das circunstâncias que existam devido ao nome do marido, noivo, amante ou namorado, é por esse tipo de violência. A relação afetiva entre a vítima e o agressor (JESUS, 2015 apud OLIVEIRA; SANTOS, 2017, p.5). Mais amplamente, pode ser definido como:
Qualquer ato ou omissão criminosa entre pessoas que vivem no mesmo espaço familiar, ou entre ex-cônjuges, ex-parceiros, ex-namorados, filhos comuns, pais, filhos ou filhos, e que cause danos físicos, sexuais, psicológicos e / ou financeiros (APAV, n.p. apud APPEL, 2017, p. 59).sem aspas
Granjeiro (2012, p. 30) destaca que embora a sociedade tenha progredido no combate à violência doméstica, principalmente devido à implementação da Lei Maria da Peña (Lei nº 11.340 / 2006), a Violência ainda existe. Quer seja em locais públicos ou privados, têm apresentado um desempenho bastante duradouro, materializado em agressões psicológicas, físicas, verbais ou simbólicas. Portanto, os conflitos são sempre manejados pelo Estado para a tomada de decisões com base na racionalidade jurídica, sem considerar outras visões da relação conjugal, que estão relacionadas às características históricas, psicológicas e sociais que legitimam a violência doméstica.
De acordo com a promulgação da Lei nº 11.340 / 2006 (Maria da Penha), Huber (2018, p.48-49) aponta que o tratamento dos crimes domésticos foi alterado e foram instituídos métodos de retribuição. Diante disso, acredita que, por um lado, a “Lei Maria” beneficia a vítima, por outro, dado que a sociedade tem surgido naturalmente as diferenças de gênero, a lei conferiu-lhe proteção excessiva e tornou-o vulnerável. Além disso, isso torna impossível mediar e chegar a um acordo entre as partes em conflito.
Vale destacar, ainda, que a Lei nº 9.099 / 95 (Juizado Especial Cível e Criminal) prevê um mecanismo de combate à violência doméstica antes da promulgação da “Lei Maria da Penha”. No que diz respeito à violência doméstica, especialmente em ameaças e crimes com lesões corporais, são consideradas “crimes com menor potencial ofensivo”, tendo sido efetuadas mediações, transações criminosas e suspensão condicional de procedimentos. 
Dada a estrutura consensual de justiça criminal, este mecanismo evita a ocorrência de medidas preventivas, descargas detenções ou ordens de prisão preventiva, que foram revogadas pela Lei Maria da Penha, que não considerou que a violência doméstica contra a mulher tem menor potencial ofensivo (PADÃO; CAMPOS, 2018, p. 130)
Segundo Fabeni (Fabeni, 2013, p. 136), “Maria da Penha” é um grande avanço no campo jurídico do país em termos de direitos humanos. No entanto, é necessário distinguir a agressividade de cada caso particular. Um agressor pontual que vivenciou problemas pessoais durante a agressão não pode ser classificado como violento permanente, nem equiparado a um agressor. Portanto, antes de determinar a punição, o caso deve ser esclarecido e os motivos do agressor devem ser compreendidos.
A aplicação da justiça restaurativa no tratamento da violência doméstica é em si um meio importante para buscar restaurar os laços emocionais enfraquecidos pela violência e fornecer condições de segurança adequadas e conduzir procedimentos de resolução de conflitos (FABENI, 2013, p. 151). portanto,
A justiça restaurativa pode ser usada como um meio eficaz para resolver casos de violência doméstica, porque pode permitir que os próprios agentes (agressores e vítimas) resolvam seus problemas internos e lhes dê um papel ativo na resolução de seus conflitos específicos. (WRIGHT; MEIRELLES, 2016, p.11). sem aspas
Para Howard Zerh (2008, p.18), nos casos de violência doméstica, não basta reparar a perda, é apenas deter o incidente violento que indica a real mudança na relação entre as partes, e não apenas impedir a violência doméstica, não é suficiente. Nesse processo, a capacidade das vítimas precisa ser potencializada, ou seja, elas devem ser os principais participantes na determinação das necessidades, como e quando serão atendidas.
Ao considerar a justiça restaurativa e a violência doméstica, a necessidade de restaurar a confiança, reconectar e fortalecer as relações têm amplas implicações, especialmente para as mulheres (CARAVELLA, 2009 apud RUBEN, 2017, p. 24). Diehl e Porto (2018, p.699-700) afirmam que, em qualquer caso, é impossível esperar outra forma de lidar com o conflito para aproximar os casais do casamento. A esperança é que ambas as partes acreditem que é possível seguir em frente, tirar a própria vida e encerrar o ciclo de reprodução do personagem e da própria violência.
Fabeni (2013, p. 147) enfatiza que a justiça restaurativa deve ser considerada uma ferramenta apropriada quando é usada com seriedade para resolver conflitos envolvendo violência doméstica contra as mulheres. Nesse processo, a vitimização ou a violência como código de linguagem pode ser considerada um aspecto do processo de recuperação. Nesse sentido, a “justiça restaurativa” se configura como método aplicado e conceituada como um conceito de “justiça”, deslocando o foco de atenção para a relação prejudicada pela violência, utilizando a escuta respeitosa e a linguagem não violenta oportuniza as partes em conflito para entender a causa do incidente e restaurar a paz e o equilíbrio em seu relacionamento e em seus laços" (PORTO; SIMÕES, 2013, p. 8).
A esse respeito, Graciano Suxberger (SUXBERGER, 2005, p. 09) se posiciona no sentido de que “o direito penal brasileiro tem passado de ultima ratio a prima ratio, efetuando a construção de verdadeiras ignomínias, motivadoras de grandes embates doutrinários e jurisprudenciais.”.
Em contrapartida a essa realidade, pode-se depreender que o Brasil também tem se posicionado na política criminal em que confusamente adota no sentido de que novas medidas sejam capazes de reparar os danos, combater a reincidência criminal e que de fato funcionem. Isto porque a criminologia moderna tem apontado inúmeras críticas ao sistema penal falido do país.
Neste sentido, conforme bem lembra Karina Silva (SILVA, 2007, p. 54), esse posicionamento que o país tem procurado obter pode ser refletido diante da edição de leis que possibilitem medidas alternativas à privação da liberdade, como por exemplo,a Lei dos Juizados Especiais Criminais – Lei nº. 9.099/1995, a Lei nº. 9.714/1998 que ampliou as penas restritivas de direito, assim como a Lei nº. 10.2059/2001, que também ampliou as situações consideradas de menor potencial ofensivo.
Desta forma, pode-se constatar que o Brasil segue duas ideologias no que tange à intervenção penal na resolução dos conflitos, e, é nesta última que se pode visualizar a implementação da justiça restaurativa. Contudo, faz-se necessário que a política criminal estatal tome uma postura capaz de permitir sua inserção, e de se firmar na ideologia que pretende se basear.
2.1 APLICABILIDADE AO CASO CONCRETO DE MODO GERAL
O especialista em criminologia, Antônio Baptista Gonçalves (GONÇALVES, 2009, p. 296), faz uma abordagem acerca da aplicabilidade da justiça restaurativa, baseado em situações em que esta intervenção penal possa ser melhor aplicada. Nesse sentido, os procedimentos restaurativos possuem grandes possibilidades de serem eficazes e prevenirem a reincidência quando se tratam de casos em que existem questões psicológicas, relações de dependência, entre outros.
Além da edição de normas tendentes ao restaurativismo, conforme exposto na introdução deste capítulo, o mencionado autor (GONÇALVES, 2009, p. 296) lembra que um dos casos em que se podia visualizar a aplicação da justiça restaurativa era a questão da violência doméstica, quando era tratada sob a égide da Lei 9.099/95, em que a pena podia ser convertida ao pagamento de cestas básicas, caso houvesse a transação penal. Acerca disso, Karina Silva (SILVA, 2007, p. 11) menciona que “a violência doméstica, por séculos, foi considerada legítima no Brasil, enquanto hoje é duramente combatida pela nossa legislação”.
Antônio Baptista Gonçalves (GONÇALVES, 2009, p. 296) cita como exemplo de adoção de medida rígida para o caso A edição da Lei Maria da Penha, porém, nas situações de violência doméstica, o que se almeja pela pessoa agredida é justamente que a violência cesse, O que ocorre geralmente, é que, levado ao cárcere, aquele que agrediu entende que só está preso por culpa e erro exclusivo da pessoa agredida, e, por isso, quando cessa a privação da liberdade, as agressões voltam a ocorrer, o que responde o porquê de, na grande maioria dos casos, a vítima não denunciar o agressor.
Para Antônio Baptista (GONÇALVES, 2009, p. 296):
No modelo tradicional de justiça retributiva, o agressor entende que o tempo preso ou a pena pecuniária advém de uma totalidade de erros cometidos pela esposa. Tal procedimento necessita de uma correção, qual seja: uma nova agressão. Não foi dirimido o problema da vítima. Exatamente por esse motivo sugere-se aplica a via da justiça restaurativa.
É diante disso que a aplicação da justiça restaurativa se apresenta como uma saída para a problemática, pois é justamente nesse tipo de situação em que há relação de dependência e a necessidade de tratamento psicológico dos envolvidos no conflito, e, consoante explanado em capítulos anteriores, é com esse enfoque que se voltam os procedimentos desse tipo de intervenção penal.
Entretanto, não é somente em relação às questões de violência doméstica em que a justiça restaurativa pode ser aplicada, nada impede que ela também possa tratar de crimes como furto, por exemplo. A necessidade seria então que o Estado assumisse a postura que pretenderia seguir, se mais branda ou se mais repressora. 
Uma outra crítica que existe em torno da abordagem restaurativa consiste no preconceito que pode existir na sociedade, caso venha a entender que ela implicaria em impunidade ao agressor. Segundo Baptista (GONÇALVES, 2009, p. 296) “o principal entrave é o preconceito que essa nova modalidade recebe, porque no entendimento dos críticos há uma sensação de impunidade para o agressor”. E essa hipótese, não está excluída, tendo em vista a cultura e a tradição da sociedade brasileira é voltada para a rigidez do sistema.
2.2 PROGRAMAS RESTAURATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS EXISTENTES NO BRASIL
Ainda que a justiça restaurativa não esteja inserida no ordenamento jurídico como uma lei própria que estabeleça um procedimento restaurativo formal, tal modelo de intervenção penal adentrou ao sistema de justiça brasileiro oficialmente no ano de 2005. Isto porque a Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento apoiaram importantes projetos pilotos que tiveram início nessa época (MELO, 2008). 
Após a implantação desses projetos, muitos seminários sobre Justiça Restaurativa ocorreram no Brasil. Houve publicações de obras brasileiras sobre o tema, além de que obras de outros países começaram a ser estudadas. Com isto, o movimento foi ganhando força e se tornando conhecido, embora ainda haja muitas comarcas que ainda não experimentaram a experiência de práticas restaurativas.
Consoante abordado em capítulo anterior, no ano de 2002, a Organização das Nações Unidas editou uma resolução orientando que os países aderissem práticas restaurativas nas resoluções de seus conflitos penais internos, muito embora no Brasil a Justiça Restaurativa só tenha sido oficialmente introduzida a partir de 2005.
Eduardo Rezende Melo opinou quanto a isso (MELO, 2008, p. 151):
Essas experiências tiveram como base a Resolução nº2002/12 das Nações Unidas, reconhecendo-se que processo restaurativo seria aquele em que vítima e ofensor, assim como os membros da comunidade que tenham sido afetados pelo ato delituoso, participem da resolução das questões, contando com a ajuda de um facilitador. No caso, cuidou-se desde ações preventivas, com apuração dos atos infracionais, até a execução de medidas socioeducativas.
Um dos projetos desenvolvidos foi implantado na cidade Porto Alegre – RS, na 3ª Vara da Infância e da Juventude, e recebeu o do nome de “Justiça para o Século 21”, sendo que o principal objetivo foi o de por em prática os mecanismos restaurativos nos processos por atos infracionais, visando a pacificação dos conflitos e o atendimento das medidas socioeducativas. Tal projeto vem ganhando força e já capacitou grande quantidade de pessoas envolvidas. Segundo Melo (MELO, 2008, p.127):
[...] este projeto incorpora os princípios restaurativos em duas fases distintas do processo de execução: quando da elaboração do plano de atendimento sócio-educativo e ao ser feita a avaliação das medidas aplicadas, para se verificar a possibilidade de o adolescente ter sua medida progredida.
Para Blancher e Beatriz Aguiskinar (BRANCHER, 2009), este projeto “tem marcos específicos que constituem a um só tempo sua singularidade e sua conexão com a universalidade dos valores restaurativos”.
Outro deles é o projeto do Juizado da Infância e da Juventude de São Caetano do Sul-SP, que é voltado prioritariamente para fatos ocorridos em âmbito escolar e também aos casos levados ao âmbito judiciário. Este projeto conta com o apoio da Diretoria Regional de Ensino, Conselho Tutelar e outras entidades locais e foi denominado “Projeto Justiça, Educação, Comunidade: parcerias para a cidadania”.
Para Melo (MELO, 2008, p. 151), o maior enfoque deste programa é uma mudança institucional que envolvesse a escola e também o judiciário, e os envolvidos nessas duas instituições precisariam enxergar os conceitos de disciplina sob outra ótica, não apenas como a disciplina resultante da punição, mas aquela que resultasse da cooperação. Acerca do projeto ora em apreço, explica o referido autor (MELO, 2006, p.108):
A vertente educacional, em seu início, foi desenvolvida em três escolas estaduais e, em 2006, já contava com a participação de todas as escolas estaduais. Nesta, os Círculos Restaurativos são realizados nas próprias escolas, em salas especialmente destinadas ao programa, e os professores desempenham o papel de facilitadores. O público alvo são os alunos de 4º a 8º série e do ensino médio das respectivas escolas, podendo haver, portanto, até mesmo a participação de crianças – o que é inviável na faceta jurisdicional do programa. Nas escolas em que há crianças, os Círculossão chamados de “Cirandas Restaurativas”. Nesta vertente, qualquer conflito é passível de ser encaminhado a um Círculo Restaurativo, mesmo que não compreenda ato infracional, mas simples infração escolar disciplinar, sendo que se dá ênfase aos casos relacionados ao chamado bullying.
Sobre o procedimento no âmbito judicial, Karina Silva (SILVA, 2007, p. 73) esclarece que “[...] na vertente jurisdicional do programa, o público alvo são os adolescentes em conflito com a lei. Diferentemente do projeto desenvolvido em Porto Alegre, que atua na fase de execução, neste, os Círculos ocorrem logo na fase inicial do processo de conhecimento”.
Após o início do programa restaurativo em São Caetano do Sul, outras cidades de São Paulo também engatinham para a criação de outros projetos com enfoques semelhantes, como por exemplo, o projeto “Justiça e Educação em Heliópolis e Guarulhos: parceria para a cidadania”.
Por fim, tem-se o projeto de Brasília-DF, com o Juizado Especial Criminal do Núcleo Bandeirante, onde há aplicação das práticas restaurativas nos crimes de menor potencial ofensivo praticado por maiores de idade. O projeto ali alcança cinco regiões do Distrito Federal e se restringe aos conflitos de competência do JECRIM. Segundo Andrea Zimmermann de Borba (BORBA, 2009, p. 86), “o projeto de Justiça Restaurativa da Promotoria de Justiça do Gama/DF utiliza os procedimentos de justiça restaurativa nos casos de Violência Doméstica, o que já vem previsto nos artigos 29 e 30 da Lei 11.340 de 2006”.
Após o surgimento desses primeiros projetos, outros estados têm demonstrado interesse em iniciar uma experiência de Justiça Restaurativa na resolução de conflitos, como é o caso do Estado do Pará em parceria com a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que firmaram parceria em 2009 para desenvolver o movimento restaurativo naquele estado, contudo, ainda encontra-se em fase de planejamento.
2.3 POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA JUSTIÇA RESTAURATIVA NO BRASIL
Para Renato Sócrates Pinto (PINTO, 2005, p. 30), mesmo que no Brasil vigore a indisponibilidade da ação penal e a obrigatoriedade da ação penal pública, a justiça restaurativa é compatível com o ordenamento jurídico. Vale ressaltar que o princípio da indisponibilidade está mais flexível, haja vista a possibilidade de se suspender o processo, além da possibilidade de transação penal a partir da Lei dos Juizados Especiais Criminais.
Assim com a edição da Lei 9.099/95 e a própria Constituição Federal de 1988, em que há a possibilidade de aplicação do princípio da oportunidade, tem-se um espaço, ainda que pequeno, para que a sistemática restaurativista possa ser implementada no país, ainda que não ocorram alterações na legislação.
Um exemplo disso, e que tem sido apresentado por inúmeros estudiosos do sistema restaurativo, é a fase preliminar dos processos que tramitam nos Juizados Especiais Criminais, que preveem a composição de conflitos, a aceitação da proposta de aplicação imediata da pena não privativa de liberdade e a presença de um conciliador conduzindo o procedimento. Vejamos os artigos 72 a 74 da Lei 9.099/95:
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade.
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação.
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da Justiça Criminal.
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
A proposta então, segundo Renato Sócrates Pinto (PINTO, 2005, p. 31), seria a criação de um Núcleo de Justiça Restaurativa, assim como existem núcleos de conciliação e outros mais que tratam de inúmeras situações jurídicas. O Núcleo teria um papel fundamental na triagem dos casos a serem submetidos a ele, vez que avaliaria os pressupostos de admissibilidade na ótica jurídica, ou seja, requisitos que seriam definidos em conformidade com a legislação penal.
A controvérsia se insurge quando o parágrafo único do art. 74, Lei 9.099/95, estabelece que a homologação do acordo implica em renúncia ao direito de queixa ou representação, posto que, para a justiça restaurativa, vige o princípio da revogabilidade do acordo. Assim, diante dessa celeuma, muitos questionamentos foram levantados. Contudo, Renato Sócrates Pinto traz à baila posicionamento esclarecedor, vejamos (PINTO, 2005, p. 31):
[...] trata-se de um falso problema, pois não há nenhum impedimento legal para a proposta de encaminhamento desses casos para o procedimento restaurativo, desde que a vítima seja informada de maneira clara e inequívoca de que o acordo importará em renúncia ao direito de queixa ou representação, de sorte que lhe restará apenas a busca da reparação cível negociada.
Karina Silva corrobora do posicionamento de Renato Sócrates (SILVA, 2007, p. 51):
Quanto aos crimes que se procedem mediante ação privada, temos que, alcançado o resultado previsto no acordo restaurativo não poderá mais ser iniciada a ação penal, pois terá havido a renúncia ao direito de queixa do ofendido, tenha sido expressa no acordo ou não (hipótese de renúncia tácita). Portanto, em casos tais, deve ser considerada extinta a punibilidade do ofensor, com fulcro nos artigos 104 c/c o artigo 107 do Código Penal.
Diante de todo exposto acerca dos procedimentos que norteiam a justiça restaurativa, pode-se ainda destacar como uma proposta válida de atribuição a um Núcleo de Justiça Restaurativa, o encaminhamento das situações em que caiba suspensão condicional do processo. Pode-se observar o quanto a legislação dos juizados referente ao SURSIS, art. 89, da Lei 9.099/95, tem se assemelhado à sistemática restaurativa:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de freqüentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
Desta forma, nada obsta que seja dada a esta sistemática uma nova roupagem, aindaque não haja mudança na letra da lei, mas com uma mudança de visão, na forma de aplicação da norma ao caso concreto. A esse respeito, Karina Silva (SILVA, 2007, p. 56) assevera:
Para que a Justiça Restaurativa seja juridicamente viável no nosso ordenamento, não são imprescindíveis reformulações legislativas que prevejam explicitamente sua aplicação. [...] Mas, para tanto, é necessário que haja uma vontade política nessa direção. Daí a afirmação de que se mostra forçoso maior clareza na escolha da ideologia que pautará a nossa política criminal: se aquela que conduz ao enrijecimento penal ou a outra que prega a resolução do conflito.
É possível, ainda, estabelecer parâmetros restaurativistas na aplicação das normas contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente, que, mesmo que implicitamente, verifica-se uma recomendação do modelo restaurativo, a exemplo do artigo 126, que trata da remissão, e o artigo 112 que dispõe um ampliado rol de medidas socioeducativas.
O processo restaurativo também é possível nos crimes contra os idosos, uma vez que o artigo 94 do Estatuto dispõe sobre a possibilidade de aplicação da Lei 9.099/95 aos delitos que não ultrapassem 04 anos.
Mesmo que viável a possibilidade de aplicação da justiça restaurativa no Brasil, ainda não há um procedimento formal, estabelecido em lei, neste sentido. O que há são medidas já existentes, que se voltadas para este modelo de intervenção penal, podem incorporá-la no ordenamento jurídico brasileiro.
CONCLUSÃO 
O presente trabalho objetivou apresentar uma amostragem do que se trata o tema da Justiça na resolução de crime de violência doméstica e feminicídio e por conseguinte, foi analisada sua aplicação e eficiência no cenário jurídico brasileiro quanto ao seu modo de execução e as consequências jurídicas em razão da aplicabilidade dessas medidas alternativas de Justiça dentro do Sistema Penal tradicional. E simultaneamente relatar a realidade em que nosso sistema jurídico se conduz perante as novas interpretações e a ineficiência do sistema tribunal.
Nestes termos, retratou-se também, o recrudescimento de pena, o descaso do Poder Público, a ineficiência do sistema para com o seu principal objetivo - Reeducação e Ressocialização. 
Apresentou, sobretudo, o que preceitua Justiça no caso de violência doméstica e feminicídio, a sua relevância, o molde de aplicação e eficácia, e, por conseguinte, o valor contributivo para a recuperação e a suposta viabilização de sua reinserção social, ao fim do cumprimento da pena do egresso do sistema penitenciário. 
Neste contexto, fora mencionado, a ausência e o modo de efetivação do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, em vista da violação dos direitos essenciais dirimidos a pessoa do infrator sob o crivo da Justiça Retributiva na sua aplicabilidade diante do sistema punitivo tradicional. Como também, o novo modelo de Justiça Criminal- Da Justiça Restaurativa, a qual, se faz jus a sua utilização, pois, esse novo sistema se mostra como o mais humano e que apresenta os melhores resultados práticos.
Apresentou, sobre, o projeto de lei n° 7.006 de 2006 para adoção da justiça restaurativa e LJE – Lei dos Juizados Especiais Lei nº 9.099/1995 e a lei das Penas Alternativas, Lei nº 9.714/1998, contudo em um contexto geral também foi relatado sobre o princípio da oportunidade e legalidade das medidas alternativas em nosso âmbito jurídico.
Por todo o exposto, conclui-se, que a justiça tem sua importância contra a violência doméstica, evidenciado que o tema requer uma reflexão vasta no que afeta à ressocialização e a reintegração da pessoa e das incontroversas vivenciadas no sistema criminal tradicional e no modelo atual de justiça criminal e de suas distintas medidas alternativas. E que este novo modelo deve ser consensual e voluntário entre o ofensor e ofendido, regidos pelos princípios da legalidade e oportunidade, na autocomposição para a solução do litígio, de maneira célere e eficaz. Desse modo, sintetiza-se o conhecimento produzido.
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CIP - Catalogação na Publicação
Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Universidade Paulista 
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Rodrigues, Roger
 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA / Roger Rodrigues. - 2022.
 54 f. 
 Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto 
de Ciência Jurídicas da Universidade Paulista, Jundiaí, 2022.
 Área de Concentração: Direito Penal.
 Orientadora: Profª. Me. Camila Colucci.
 
 1. Violência contra a Mulher. 2. Abuso em relacionamento. 3. Lei Maria 
da Penha. I. Colucci, Camila (orientadora). II.Título.
CIP - Catalogação na Publicação
Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Universidade Paulista 
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Rodrigues, Roger
 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA / Roger Rodrigues. - 2022.
 54 f. 
 Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto 
de Ciência Jurídicas da Universidade Paulista, Jundiaí, 2022.
 Área de Concentração: Direito Penal.
 Orientadora: Profª. Me. Camila Colucci.
 
 1. Violência contra a Mulher. 2. Abuso em relacionamento. 3. Lei Maria 
da Penha. I. Colucci, Camila (orientadora). II.Título.abordagens já trabalhadas por outros autores.
1 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
O termo violência é definido através de qualquer comportamento no qual cause algum dano a outra pessoa. A violência Doméstica é uma relação de desigualdade que faz o uso da força causando constrangimentos, sofrimentos físicos ou psicológicos com intuito de coagir a outra pessoa a fazer algo sem a sua própria vontade, no qual causa violação dos direitos sociais.
A caracterização da violência não está ligada somente a agressões físicas e sim pelo fato da dominação de uma pessoa com outra de modo a impedir que a mesma realize suas vontades e decisões. Como forma de prevenção e punição foi criada a lei nº 11.340 mais conhecida como lei Maria da Penha.
Observa-se claramente, desde os primórdios da civilização humana, a hierarquia que divide homens e mulheres, onde, no topo, o sexo masculino eo sexo feminino é inferior a ele, sendo uma causa constante de violência, e a razão tal ocorrência ocorre simplesmente porque nasceu no sexo feminino.
A sociedade ocidental é um exemplo claro de uma cultura tradicionalmente favorecida pelos homens. A violência contra as mulheres abrange várias esferas, não obstante seu aspecto anacrônico, ainda se encontra fortemente presente no Brasil, de modo que a erradicação evolui de forma paulatina, seja por meio das leis, seja por meio das políticas públicas, ou até mesmo da própria cultura (SANTIAGO, 2011, p. 102).Apesar dos estereótipos, das aparências e das características biológicas que distinguem mulheres e homens, não são eles que definem gênero, mas as questões psicológicas, culturais e sociais que constituem feminilidade e masculinidade (MARODIN, 2000).
Ainda assim, uma cultura familiar baseada em diretrizes originárias de seus ancestrais é transmitida de geração em geração, ajudando a criar uma "identidade familiar". Isso ocorre devido à influência da vida cotidiana do tempo em que está inserido e onde sofre várias alterações. (MARODIN, 2000).
A violência doméstica é recorrente em todo o mundo e se tornou um tipo gênero de violência de gênero, sendo reforçada pela cultura do machismo, onde acredita-se que tal atitude seja conveniente. A Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340, de 2006, é uma ferramenta criada com o objetivo de proteger e garantir os direitos das mulheres diante da violência que ocorre em casa, bem como a proximidade e o vínculo afetivo com o agressor.
A questão da violência contra as mulheres, além de atual, também é muito ampla e complexa, principalmente a abordagem de relacionamentos abusivos que se destacou nos últimos anos. A violência em casa é um dos principais tipos, variando da violência psicológica à agressão física. De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos (MDH), em 2018, houve 79.661 denúncias feitas pelo serviço ligue 180 no estado brasileiro, incluindo 37.396 referentes a violência doméstica no período de janeiro a julho de 2018 (MDH, 2018). 
Tais dados são demonstrativos dos índices de violência doméstica, mencionado anteriormente e podem ser definidos como a predominância de autoridade excessiva sobre o parceiro e esse comportamento aparece de forma insignificante que, com o tempo, rompe barreiras e causa tormentos e infortúnios.
1.1 CONCEITO
A violência doméstica é definida como qualquer ato ou conduta que cause dano físico ou emocional, de forma direta ou indiretamente por meio de ameaça, coação ou qualquer meio que cause manipulação tendo como objetivo principal intimidar, punir ou manter a mulher sob o controle do agressor ocorrendo no âmbito familiar (MILLER, 2002, p. 63).
Historicamente, percebe-se o domínio do patriarcado sob as mulheres, consideradas inferiores e, portanto, submissas aos homens. Tornar a sociedade cada vez mais desigual diante da hierarquia dos sexos. No entanto, quando essa ideia é reforçada no ambiente familiar, pode gerar agressões psicológicas, onde esse tipo de violência é mostrado como uma marca inicial da vulnerabilidade da vítima, deixando-a sem autoestima e segurança, abrindo espaço para vários outros tipos de violência. violência (MILLER, 2002, p. 64). Legalmente são reconhecidas cinco categorias de violência doméstica, a saber: violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
[...] não há um fator único que explique por que algumas pessoas se comportam de forma violenta em relação a outras, ou por que a violência ocorre mais em algumas comunidades do que em outras. A violência é o resultado da complexa interação de fatores individuais, de relacionamento, sociais, culturais e ambientais. Entender como esses fatores estão relacionados à violência é um dos passos importantes na abordagem de saúde pública para evitar a violência. (Relatório mundial sobre violência e saúde. (Genebra, OMS,2002). trechos destacados devem vir sem aspas. As palavras estão grudadas umas nas outras aqui
Apesar da violência, a vítima mantém o relacionamento conjugal por inúmeras razões, que podem ser subjetivas, emocionais e/ou familiares herdadas. A persistência nesse tipo de relacionamento pode ser devida à dependência emocional e financeira, idealização de amor e relacionamentos, cautela e responsabilidade pelas crianças, medo, principalmente quando as mulheres não têm o apoio de amigos e familiares (BONMANN, 2014, p. 74).
Segundo Amores e Raimundo (2018, p. 11), nem toda violência é considerada violência física, nem toda dor pode ser sentida na pele e nem todo amor pode ser verdadeiramente visto em público. No entanto, a violência doméstica se aplica a vários padrões e os relacionamentos de abuso ocorrem nesse tipo de código. É necessário enfatizar mais sobre o assunto e o que ele descreve para a sociedade principalmente mulheres.
Ainda assim, Amores e Raimundo (2018, p. 11) enfatiza que a relação de abuso é considerada uma forma de violência psicológica originária da violência doméstica; nesse caso, o agressor e a vítima geralmente nem precisam morar juntos ou manter relacionamentos próximos para se encontrarem.
Sendo assim, é definido como um jogo de controle, violência, ciúme e abuso que começa com o agressor e priva a vítima do direito de fazer suas próprias escolhas e gozar de liberdade, mesmo em seu trabalho diário. As mulheres geralmente não sabem e raramente percebem que estão relacionadas a relacionamentos abusivos. Podemos considerar um tipo de violência doméstica qualquer relacionamento, especialmente um relacionamento amoroso. Um dos fatores que admitem essa situação é a violência física. (AMORES; RAIMUNDO, 2018, p. 43).
Qualquer ato, conduta ou omissão que sirva para infligir, reiteradamente e com intensidade, sofrimentos físicos, sexuais, mentais ou econômicos, de modo direto ou indireto (por meio de ameaças, enganos, coação ou qualquer outro meio) a qualquer pessoa que habite no mesmo agregado doméstico privado (crianças, jovens, mulheres adultas, homem adultos ou idosos a viver em alojamento comum) ou que, não habitando no mesmo agregado doméstico privado que o agente da violência seja cônjuge ou companheiro marital ou ex-cônjuge ou ex-companheiro marital”. (MACHADO E GONÇALVES, 2003, p.88)
A violência contra a mulher é geralmente praticada por familiares, parceiros e cônjuges, muitas vezes praticada sem motivos sendo sua única finalidade mostrar que o parceiro detém o poder na relação. Para Maria Celina Bordin (2009, p. 313); a lei além de proteger a mulher busca proteger a entidade familiar quanto se trata da violência doméstica, e não aponta somente de violência contra mulher.
A Lei Maria da Penha inseriu seu âmbito de proteção não só a mulher, mais a própria entidade familiar ao falar também de violência doméstica e não apenas em violência contra a mulher. Com efeito, a violência praticada contra a mulher no âmbito doméstico é capaz de lesar, simultaneamente, vários bens jurídicos protegidos. Salta aos olhos que a violência doméstica diz respeito não mais apenas a instancia privada da orbita familiar, mas, também e especialmente, as instancias publicas dotadas de poder para resguardar os direitos fundamentaisdos membros da família (BORDIN, 2009, P.313). faltam dados da fonte
Estes atos de violência deixam a vítima vulnerável em qualquer época da vida e afetam os laços entre os integrantes da família, principalmente as crianças. Está a cerca de uma pandemia que exige rápidas resoluções para a situação, onde a integração do poder público e da sociedade é de fundamental importância. É necessário se atentar à utilização da palavra gênero quanto a palavra mulher na lei, onde ela faz a distinção em relação entre os sexos. Com isso Gomes (2008, p.99) descreve que;
[…]a distinção entre sexo e gênero é significativa. Sexo está ligado a condição biológica do homem e da mulher, perceptível quando do nascimento pelas características genitais. Gênero é uma construção social, que identifica papeis sociais de natureza cultural que levam a aquisição da masculinidade e da feminilidade.
Diante da ideia que a sociedade impõe do que é ser homem, o que é ser mulher, onde o homem deve ser o provedor da casa enquanto a mulher sua submissa, dedicando apenas as tarefas do lar, faz com que o mesmo ocupe uma posição de masculinidade ocupando a mulher uma posição de inferioridade, causando isso um índice elevado de violência contra mulher. Para Maria Berenice Dias (2005 p. 49):
 A lei não poderia ser mais didática. Primeiro define o que seja violência doméstica (LMP, art. 5°): qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral e patrimonial. Depois estabelece seu campo de abrangência. A violência passa a ser domestica quando praticada: (a) no âmbito da unidade domestica; (b) no âmbito da família; ou (c) em qualquer relação intima de afeto, independente de orientação sexual da vítima.
O estudo teve como objetivo geral conhecer as mulheres em situação de vulnerabilidade na violência doméstica e o reflexo dessa prática que atinge os filhos na educação, e também se busca identificar e traçar o perfil das vítimas e o papel da sociedade e da justiça diante destes casos. Acredita-se que o mesmo contribua para o crescimento e conhecimento acerca da situação, proporcionando uma visão holística sobre o assunto e contribuindo para uma melhor assistência prestada preparando-se para lidar com as vítimas dessa situação nas unidades assistidas. Perante o exposto, será tratado nos próximos tópicos acerca das formas de violência doméstica listada pela lei 11.340/2006.
1.2 EVOLUÇÃO DOS DIREITOS DAS MULHERES NO BRASIL E A LEI MARIA DA PENHA
Na época do Brasil colônia (1500-1822) existia uma cultura geral violência doméstica, por esses motivos as mulheres eram tratadas como propriedade de seus pais, maridos, irmãos ou o chefe de família. Nesse sentido, o papel principal das mulheres à época consistia em cuidar e educar os filhos e cuidar da casa. Diante disso, as mulheres e outras minorias tinham pouco espaço para reivindicar os seus direitos. Naquela época as lutas das mulheres eram focadas em direitos fundamentais, como direito ao livre acesso ao mercado de trabalho, ao divórcio direito à participação política e direito à educação (SANTOS, 2019). 
No período do Brasil Império (1822-1889) passou a ser reconhecido o direito feminino à educação. Nísia Floresta foi a primeira educadora do país a defender o direito à educação ao público feminino, responsável pela fundação da primeira escola feminina do Brasil, fundada no Rio de janeiro em 1938, tendo como grande nome de ativismo da época (SANTOS, 2019). 
As mulheres seguindo na luta no início do século XX passam a reivindicar o direito a trabalho, onde ocorreu a “greve das costureiras” pois a maior parte de mão-de-obra feminina estava locada nas fábricas têxteis, na qual buscava a regularização do trabalho, a jornada de 8 horas diárias e abolição do trabalho noturno (SANTOS, 2019, p. 57).
Ainda no início do século XX, houve discussões sobre a possível participação feminina na política brasileira. No ano de 1928 foi autorizado o primeiro voto feminino, e a primeira no Brasil a se tornar prefeita, os dois acontecimentos foram anulados, somente no governo de Getúlio Vargas em 1932 foi garantido o direito das mulheres a votarem e serem votadas (AMORES; RAIMUNDO, 2018).
O movimento feminista perdeu muita força diante dos dois períodos ditatoriais do pais, o Estado novo (1937-1945) no qual ficou conhecido como golpe de 1937, por afetar de forma direta as instituição democráticas, houve o fechamento do congresso nacional, das assembleias estaduais e câmaras municipais ,com o apoio do os lideres militares o poder executivo passou a controlar as demais (AMORES; RAIMUNDO, 2018). faltam dados da fonte
 O Regime Militar teve início em 1964 á 1985, foi um período em que a politica Brasileira foi governada pelos militares, caracterizada por não haver democracia e repressão aos que eram contra ao regime, havendo a participação dos setores importantes da área empresarial brasileira, com o apoio dos principais bancos e federações industriais do pais (ELUF, 2007). faltam dados da fonte
No ano de 1975 houve a oficialização no dia 08 de março do ano internacional da mulher oficialmente declarado pela Organização das Nações Unidas ONU, provocou muitas discussões a respeito das condições femininas no país. A primeira conquista básica após esse dia, foi a Lei do divórcio (Lei 6.515/1977) que permitiu às mulheres que viviam em relacionamentos indesejáveis ou abusivos, a separação legal. 
Nos anos 80 foi criado o Conselho Nacional dos direitos da mulher (CNDM), que passaria a secretaria de estado dos direitos da mulher, passando a ter estado ministerial como secretaria de política para as mulheres o intuito era para acabar com descriminação da participação do papel feminino nas atividades políticas, econômicas e culturais do país. 
Durante toda essa trajetória o movimento feminista já proporcionou muitas conquistas, porém, quando se trata em respeito aos direitos da mulher e igualdade entre os gêneros, existem muitos desafios. O movimento feminista tem como objetivo é estabelecer igualdades para homens e mulheres, com intuito de que seja garantido para ambos os mesmos diretos, oportunidades e tratamentos. Vale ressaltar que a principal luta do movimento feminista é contra o machismo, tendo como objetivo a instrução de uma sociedade igualitária para homens e mulheres, um colocando ponto final no machismo enraizado.
A questão da violência doméstica contra a mulher era a principal bandeira de luta dos movimentos feministas a partir da década de 1980, por estar ligada às relações de poder que percorrem a conexão entre homens e mulheres. Durante anos, os movimentos feministas faziam denúncias de casos de violência doméstica, mas por não haver uma legislação especifica para garantir a proteção das mulheres diante do fato, faziam com que as mesmas temessem denunciar. A Lei Maria da Penha veio para garantir direitos e proteção às mulheres vítimas de violência doméstica (AMORES; RAIMUNDO, 2018).
A lei 11.340 foi sancionada e entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006, tem como objetivo a busca oferecer uma proposta de mudança cultural e jurídica a ser implantado no ordenamento jurídico com o foco de coibir e prevenir a violência doméstica e resgatar a cidadania feminina. 
 Conhecida como Lei Maria da Penha, por homenagear a história de vida de Maria da Penha Maia Fernandes, que foi vítima de violência por 23 anos de casamento. Maria da penha é uma farmacêutica e era casada com um professor universitário e economista, que tentou assassina-la no ano de 1983 simulando um assalto com o uso de uma espingarda, com o acontecimento Maria da Penha ficou paraplégica. m pouco tempo depois realizou uma nova tentativa para assassiná-la, durante o banho da vítima buscou eletrocutá-la com uma descarga elétrica (ELUF, 2007).
Essa nova lei foi batizada de Maria da Penha, em homenagem à mulher que se tornou um símbolo de resistência à crueldade masculina. A Lei Maria da Penha protege especificamente a mulher e determina a criação de Juizados de ViolênciaDoméstica e Familiar contra a Mulher, afastando a aplicação da Lei nº 9099/95 (Juizados Especiais Criminais) e estabelecendo importantes medidas de proteção à população feminina. (ELUF, 2007, p. 53).
sem aspas
Maria da Penha, todo esse tempo não realizou a denúncia por medo da exposição de sua vida e de duas filhas. Somente após as duas tentativas de homicídio resolveram fazer uma denúncia pública. Após alguns anos o réu foi condenado, recorreu em liberdade, sendo preso 19 anos após a primeira tentativa de homicídio, cumprindo apenas dois anos de prisão (ELUF, 2007). 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2020 p. 30), um terço das mulheres sofre violência doméstica no mundo. A violência doméstica acontece diariamente, sendo que a cada hora e meia uma mulher sofre algum tipo de agressão tendo como consequência desses atos o óbito. A Lei Maria da Penha é uma lei específica quando se trata da mulher, onde estabelece proteção a qualquer tipo de violência causada aos gêneros mulher seja ela física, sexual, psicológica e moral. O artigo 2º da lei 11.340 estabelece que:
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
A maioria dos homicídios contra mulheres ocorreu entre 2001 e 2011, com metade dos crimes ocorrendo em ambientes domésticos. El Salvador ocupa o primeiro lugar com uma taxa de homicídios por 100.000 mulheres (10,3), seguido por Trinidad e Tobago (7,9). O Brasil ocupa o sétimo lugar com 4,4%. A última é a Islândia, na 80ª posição, sem relatos de homicídios, apesar das violações contra as mulheres (SANTOS, 2019, p. 46).
De acordo com Santos (2019) garantido igualdade entre as mulheres independente das circunstâncias de origens, raça, pois é garantido a igualdade de gêneros entre homens e mulheres, proporcionando um convívio harmonioso, onde ambos tenham assegurado os direitos fundamentais. (SANTOS, 2019, p. 46).
Vale destacar que a lei Maria da Penha abrange três âmbitos no que se trata-se de violência contra mulher, no qual é importante destacar a unidade doméstica; no qual trata-se de um convívio permanente de pessoas em um determinado espaço, sem a necessidade de vínculos parentais.
Visto isso, há a unidade familiar no art. 36 da Lei Nº 8.112/90, que é caracterizada de várias formas por meios das diferenças na sociedade de local para local, com definição e leis que são reconhecida por cada estado no geral o conceito pode ser apenas de uma pessoa que vive só, famílias ou grupos de pessoas que partilhem condições de vida. (BRASIL, 2010, p. 17). Se esse é um conceito de lei, deve vir aqui qual é a lei 
Já a relação e afeto é quanto há relação entre duas pessoas no qual existe sentimentos de aproximação como o amor, a amizade, etc. um exemplo é a paternidade sócio afetiva. e/ou em qualquer relação íntima de afeto, independente de coabitação[footnoteRef:1]. O artigo 5° vem descrevendo o mesmo. [1: Art. 5º: Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. (BRASIL, 2006, online)
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Frisa-se que o artigo 22 traz acerca das medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor após a constatação da violência, tendo como consequência a suspensão da posse ou restrição do porte de armas, o afastamento do local de convivência com a vítima, como qualquer forma de contato com a ofendida. Vale ressaltar que a lei prevê a proibição de qualquer tipo de contato com a mulher por redes sociais[footnoteRef:2]. [2: Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor ;b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio. (BRASIL, 2006, online).
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O juiz deve impor de imediato ao agressor, em conjunto ou separadamente, alguma medida desta lei. Sublinha-se que a lei 11,984 de 2020 acrescentou os incisos VI e VII ao artigo com o intuito de estabelecer como medida a frequência do agressor a centro de educação e reabilitação e acompanhamento psicossocial (BRASIL, 2020, p.6).
Os incisos implementados são de essencial importância, pois o intuito não é a retomada do relacionamento, mas a inclusão de encarar a relação após a violência doméstica, pois a casos que o agressor e a vítima necessitam manter o contato por exemplo (nas relações mais complexas na qual há existência de filhos), necessitam construir uma nova base para a estrutura familiar. 
Em caso de descumprimento das medidas protetivas de urgência, o artigo 24 A, estabelece que descumprir decisão judicial que deferiu medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei e a Pena de detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.    
O artigo 24-A está contido nos seguintes trechos da Lei nº 13.641, de 2018, que dispõe sobre as infrações às medidas protetivas de emergência puníveis com detenção de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, infrações que constituam infração independente da ordem civil ou o juiz que der competência criminal a estas medidas, no caso de prisão no local, a caução só pode ser concedida pelas autoridades judiciárias. As disposições anteriores deste artigo não excluem a aplicação de outras sanções aplicáveis.
1.3 TIPOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
As formas de violência doméstica contra a mulher está presente no artigo 7º e incisos seguintes[footnoteRef:3],descritas como, Violência física ,violência psicológica, violência sexual, violência patrimonial e violência moral. Da lei 11.340/2006 onde conceitua violência como “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, sem distinção de raça, classe, religião, idade ou qualquer outra condição, tanto no espaço público como no privado” (BRASIL, 2010, p.4). [3: Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra amulher, entre outras: I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
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1.3.1 Violência Física
 É empregado o uso de força com o objetivo de ferir ou matar, deixando ou não marcas evidentes. Ocorre de diversas formas por meio de espancamento, arremesso de objetos, o uso de armas brancas ou de fogo. Quando ocorre esse tipo de denúncia, a vítima é submetida ao exame de corpo de delito onde lhe causa um certo desconforto por vergonha, medo e por toda a humilhação diante da situação e esse é um dos motivos pelo qual a vítima se nega a fazer o registro do boletim de ocorrência, nas delegacias.
A violência física praticada contra a mulher é consequência direta do aspecto cultural de nossa sociedade machista e patriarcal, onde, culturalmente, há a determinação que o homem deve exercer domínio sobre a mulher, através da força física ou psicológica. Essa violência repete-se num círculo vicioso, pois geralmente a mulher que é agredida, e não tem coragem para denunciar a violência, na infância também conviveu num ambiente doméstico onde pessoas de sua família sofreram violência, passando a achar, até de forma inconsciente, que essa agressão é algo “normal. (HIRIGOYEN, et. al, p. 106.)
Observa-se que na maioria dos casos quando há denúncia da violência ocorrida, falta aprofundamento e contexto dos fatos, bem como uma perspectiva social à abordagem. O fato é que este problema existe e está presente na maioria das casas dos brasileiros.  É preciso ressaltar que os números de violência contra a mulher não retratam a realidade.
Nas relações familiares violentas observa-se a presença da força bruta, pois os agressores utilizam-se da relação de poder e da força física para subjugar as vítimas e mantê-las sob o jugo das mais variadas formas de violência. Assim, uma simples divergência de opinião ou uma discussão de menos importância se transformam em agressões verbais e físicas, capazes de consequências danosas para toda a família. Nesses conflitos, a palavra, o diálogo e a argumentação dão lugar aos maus tratos, utilizados cotidianamente como forma de solucioná-los. (CAVALCANTI, et al., p. 29, 2007).No que se refere à classe social das vítimas, Porto afirma que as principais desculpas usadas pelos agressores são:
Nas classes mais desfavorecidas, a violência na família é resultado do baixo nível educacional, da tradição cultural machista e patriarcal, do desemprego, das drogas e do alcoolismo. Também ocorre nas classes economicamente superiores, estando relacionada também à parte desses fatores. (PORTO, et al., p. 18-19, 2007)
A violência contra a mulher chegou ao ponto de ser considerado um grande problema de saúde pública. Iniciou-se uma busca pela igualdade de direitos e principalmente pela prevenção e punição dos agressores. Como observa Porto (2007 p. 100), deve-se partir do reconhecimento sociológico de que não há uma igualdade entre homens e mulheres, ou seja, essa isonomia é apenas formal, explícita no princípio constitucional da igualdade, repetida muitas vezes em legislação ordinária, mas, de fato, não se transferiu essa “igualdade” ou “isonomia” dos textos legais para a vida cotidiana.
O direito das mulheres a uma vida livre de violência é um enunciado exigente e urgente. Não se refere a um tratamento de exceção que afirma a sua natural vulnerabilidade. Em formulação dos direitos das mulheres, tratou-se, apropriadamente, de revelar, e como consequência, corrigir a falta de proteção de exceção que jurídica e institucionalmente vêm tendo os direitos humanos das mulheres. 
Em conceituação, ratificam-se direitos humanos de aplicação universal e se reconhecem como violações a estes um conjunto de atos lesivos que até então não tinham sido apreciados como tais. É um direito que repõe o princípio de igualdade, fazendo com que tudo o que seja violento, prejudicial e danoso para as mulheres seja considerado como ofensivo para a humanidade. (GIULIA, Tamayo Leon. 2000, p. 26-27)
Não é possível ignorar, pois a violência é praticada contra a mulher em sua maioria escondida no interior dos lares, seus efeitos podem ser muito negativos atingem não somente a mulher, que é fisicamente agredida, mas também produz danos psicológicos. Atinge não só a dignidade da mulher agredida, como sujeito de direitos humanos que ela é, como também a formação dos seus filhos e a dignidade de toda a sua família.
Acredita-se que a sociedade pode e deve intervir e promover ações para que a violência contra a mulher seja cada vez mais eliminada, não algo considerado "Cultural" e que pode-se e deve-se agir contra esses atos desprezíveis através de ações como sensibilizar cada mulher e cada homem para que atue na construção das tão propaladas igualdade, justiça social, cidadania, democracia, autonomia (TALES MELO, 2003, p. 9).
Concretizar a igualdade de gêneros se constitui em um direito humano que é a Constituição do direito humano basilar. A igualdade possui um valor histórico e está classificada como direito humano de segunda geração, sendo uma conquista pós-iluminista. Da mesma forma, concretizando esta igualdade e protegendo a mulher da violência doméstica é efetivar os direitos humanos de terceira geração.
1.3.2 Violência Psicológica
Nesse sentido, violência psicológica consiste em todo ato que cause dano á autoestima prejudicando a identidade do individuo como constantes ameaças verbais, humilhação, discriminação desrespeito. A violência psicológica não deixa marcas no corpo, mas tem por consequência cicatrizes emocionais que acompanham a vítima pelo resto da vida, como por exemplo a mulher que é tratada com pelo uso de termos ofensivos dentro do seu próprio relacionamento. Isso faz com que a mulher desenvolva transtornos graves, tendo como consequência comportamentos que necessariamente não se manifestem no momento da violência, mas com um tempo depois. 
 Segundo Colossi e Falcke (2013, p. 48), os estudos demonstram que, na grande maioria das vezes, apenas a parte perceptível do fenômeno da violência doméstica é destacada: à violência física. Os aspectos da violência que não envolvem danos físicos permanecem obscuros nas pesquisas científicas, devido a sua difícil identificação e exposição por parte das vítimas.
        De acordo com Teles e Melo (2002, p.37), o crime de ameaça ocupa lugar de destaque nas denúncias das mulheres contra os homens, pois é a forma mais eficaz de manutenção do controle e poder sobre a mulher. As autoras consideram este crime uma forma de violência psicológica, que pode vir a apresentarum efeito mais cruel, pois pode destruir a vontade, o desejo e a autonomia do outro. Além disso, a vítima encontra-se desprotegida, já que raramente sua denúncia é levada a sério e medidas de proteção são tomadas.
        Hirigoyen apud Colossi e Falcke (2013, p.22), caracterizam a violência psicológica em diferentes formas de manifestação: controle, isolamento, ciúme patológico, assédio, desvalorização, humilhação, intimidação, indiferença às demandas afetivas e ameaças. Estas formas de poder do cônjuge sobre a mulher fazem com que, mesmo sem a presença do ato amedrontador se consumar, haja a antecipação de um ferimento que pode fazer tanto mal ao psiquismo quanto o ferimento físico de fato ocasionado.
Mesmo que hoje haja consciência acerca da gravidade da violência física, essa mesma consciência não é vista em relação à violência psicológica. Enquanto há uma falsa sensação de equilíbrio entre controle, rebaixamento e gentileza, ela – a violência psicológica – é vista como suportável. A mulher diz a si mesma que sua percepção da realidade é falsa, que é ela quem está interpretando mal as situações, que está exagerando. Acaba muitas vezes duvidando do que sente e muitas vezes é preciso que uma outra testemunha venha confirmar o que ela não ousa expressar (HIRIGOYEN, 2006, p.62).
        Para Miller (1999, p.40), a mulher que está em situação de abuso psicológico, vai a cada dia sendo mais manipulada emocionalmente de tal forma que se sente mais culpada, e assim procura agradar mais ao parceiro, tendendo a justificar o comportamento dos agressores. Esses por sua vez não pensam em separação, pois isso significaria perda de controle. 
Dessa forma, agredindo a mulher verbalmente, chamando-a por nomes pejorativos, recusando-se a chamá-la por seu nome, etc. Qualquer engano cometido por essa mulher por menor que seja, é tido como um enorme erro, e se não houver nada de que ele possa culpá-la, ele cria, conseguindo assim que essa mulher se sinta cada vez mais culpada.
O tratamento da mulher vítima do abuso psicológico exige, acima de tudo, serenidade por parte dela mesma e dos sujeitos que estarão envolvidos neste processo. Pois a vítima, psicologicamente muito envolvida na condição de violência, não conseguirá instantaneamente se curar dos vestígios causados por anos de humilhações e agressão. 
As fases do tratamento devem ser respeitadas. Ainda assim, como acontece na maioria dos casos, mesmo determinada a sair da situação de violência, a mulher não se sente fortalecida ou investida de apoio necessário para deixar sua casa. Desta forma, é comum que as vítimas voltem por diversas vezes para o agressor antes de conseguirem romper permanentemente os laços com o agressor (HIRIGOYEN, 2006 apud SOUZA e CASSAB, 2010, p.44).
1.3.3 Violência sexual
Caracteriza-se a violência sexual quando há prática de relações sexuais forçadas e atos sexuais que não lhe agradam o agressor. A pessoa é obrigada a praticar atos sexuais sobre ameaça ou práticas libidinosas, como assistir pornografia, fazer sexos com outras pessoas, e entre outros no qual a pratica do agressor cause desconforto e sofrimento a vitima diante da violência. O código penal expressa crime de violência sexual, em seu artigo 213:
Art. 213Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
Segundo Freitas et al (2006, p. 75), a mulher vítima de violência sexual pode produzir sequelas físicas e psíquicas, ficando susceptível a outros tipos de violências, a prostituição, uso de drogas, as DSTs, dentre outros distúrbios podendo chegar a depressão e o suicídio. É importante ressaltar que a gravidez indesejável é encarada como uma segunda violência, intolerável à maioria das mulheres, sendo necessário os mecanismos de atendimento confiável dessas mulheres, no sentido imediato e tardio a fim de minimizar as consequências obtidas através da violência.
Segundo Raimondo et al (2009, p.28), o drama da violência faz parte do cotidiano das cidades, do país e do mundo, algo muito antigo, porém, silenciado pela história, sendo percebido pela sociedade como algo natural que faz parte da vida, a violência somente passou a ser conquistada no Brasil na década de 1980.
A Lei Maria da Penha foi denominada assim em homenagem a uma das vítimas da violência masculina contra mulher, lei fundamenta em normas e diretrizes consagradas na Constituição Federal (art. 226, § 8º) e na Convenção da ONU sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra Mulher e na Convenção Interamericana para Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (LEAL, 2006, p. 19)
No capítulo II desta Lei dispõe que:
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos ( Lei de Nº1130 de 7 agosto 2006, Capítulo II, das Formas de Violência Domestica e Familiar Contra Mulher, artigo 7º).
A Lei Maria da Penha buscou estratégias para reduzir justamente a violência doméstica e familiar contra mulheres. Mesmo assim o número de violência continua aumentando no Brasil, a cada 4 minutos uma mulher é violentada na sociedade seja por pessoas do próprio convívio ou não, e essas lesões podem levar a graves problemas e até mesmo a morte (GONÇALVEZ e LIMA, 2006, p. 32).
1.3.4 Violência Patrimonial
A violência patrimonial é configurada quando a conduta configura retenção, destruição ou subtração de objetos pessoais ou de trabalho da vítima, de modo que que a mesma fique impossibilitada de usufruir de seus bens por meio de ameaças e agressões. E, na maioria das vezes essa violência de apresenta juntamente com outras, pois o agressor se aproveita para agredir fisicamente e psicologicamente. A violência patrimonial é tratada pela Lei Maria da Penha em seu Art.7º, inciso IV:
a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.
Constitui o crime de violência patrimonial a retenção, a subtração e a destruição de instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos (PORTO, 2012, p.7). A violência patrimonial está presente na vida de muitas mulheres, porém ainda é desconhecida pela maioria das vítimas. Esta ignorância decorre do fato de que muitas mulheres não sabem que a retenção, a subtração e a destruição parcial ou total de seus objetos pessoais são consideradas um crime previsto na lei Maria da Penha (Lei 11.340/06). 
Nesse sentido, as vítimas não reconhecem os atos de violência patrimonial como uma forma de agressão. Dessa forma, a violência patrimonial raramente se apresenta separada das demais, servindo, quase sempre, como meio para agredir física ou psicologicamente a vítima; ou seja, durante as brigas o agressor usa do artifício de abstrair os bens da vítima para que ela se cale e continue a aceitar a agressão.
Cabe mencionar outra peculiaridade atinente à violência patrimonial, no que se refere à obrigação alimentar quando o agente deixa de atender à obrigação, com plenas condições econômicas. Além de violência doméstica, pratica o crime de abandono material, não sendo necessário que este encargo esteja fixado judicialmente (DIAS, 2007, p. 41).
1.3.5 Violência Moral
Atos que configurem calúnia, difamação ou injúria. Através de comentários maldosos, ofensivo, sobre o corpo, aparência, fazendo com que a vítima se sinta diminuída.O artigo 7º, inciso V, define violência moral como: “a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria”. O crime é praticado contra a honra da mulher e, de um modo geral, é concomitante à violência psicológica. Contudo o agente que infringir o art. 7º, inciso V, da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), está sujeito às penalidades descritas nos artigos 138, 139 e 140 do Código Penal Brasileiro, conforme segue:
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Se o crime for cometido em decorrência do vínculo familiar ou afetivo, passa a configurar como violência doméstica. Quando isto ocorre, é instituído o agravamento da pena, conforme o artigo 61, inciso II, alínea f do Código Penal Brasileiro. Conforme Porto (2012, p. 62), é possível que todos os tipos de violência mencionados acima ocorram no âmbito familiar, doméstico ou em uma relação íntima de afeto. Não ocorrendo nesses âmbitos, não se caracteriza como violência doméstica.
1.4 O CICLO DA VIOLÊNCIA EM SUAS VARIADAS FORMAS
A vítima sofre quando fala algo sobre o relacionamento abusivo, além de danos físicos podem levar a crises como perda de identidade, depressão, estresse, autoestima, dor e insônia. Esses impactos não apenas trarão dor e impacto às vítimas, mas também às crianças, como resultado, os familiares que vivem com os casais também têm casamentos (RODRIGUES, 2018, p. 18). De acordo com a investigação do Conselho Judicial Nacional, no artigo 7 da Lei nº 11340/2006, foram descobertas a violência doméstica e a violência doméstica contra a mulher:
I - A violência física deve ser entendida como qualquer ato que ofenda sua integridade ou saúde física;
II-Violência psicológica refere-se a qualquer comportamento que cause dano emocional, reduza a autoestima, prejudique e destrua o desenvolvimento abrangente, ou seja projetado para manipular, isolar, manipular, isolar, ameaçar, embaraçar, humilhar, destruir ou controlar seu comportamento, comportamento, crenças e decisões , Vigilância contínua, perseguição contínua, insultos, extorsão, ridículo, exploração e restrições aos direitos de acesso ou qualquer outro meio de prejudicar a saúde mental e a autodeterminação;
III-Violência sexual refere-se a qualquer comportamento que o force a testemunhar, manter ou participar de comportamento sexual prejudicial por meio de intimidação, ameaças, coerção ou uso da força; induza a comercializá-la ou a usar seu comportamento sexual de qualquer forma para impedi-la de usar Qualquer método contraceptivo, ou através de coerção, extorsão, suborno ou manipulação para forçá-la a casar, engravidar, aborto ou prostituição, ou restringir ou cancelar o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - Violência familiar refere-se a qualquer ato que constitua a retenção, dedução, destruição parcial ou total de seus objetos, ferramentas de trabalho, arquivos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos (incluindo atos que visam atender às suas necessidades);
A violência moral V se refere a qualquer ato que constitua difamação, difamação ou dano.
Segundo a Associação Portuguesa de Apoio às Vítimas (2012, p. 58), a violência doméstica é um sistema circulatório - o chamado ciclo de violência doméstica, que propõe uma regra geral dividida em três etapas:1; Maior sensação de tensão: a tensão, lesões e ameaças acumuladas pelo agressor na vida cotidiana criam um perigo iminente para as vítimas.2; Ataque violento: o agressor agride física e mentalmente a vítima; esses abusos tendem a aumentar em frequência e intensidade.3; Lua de mel: o agressor agora envolve vítimas de emoção e atenção, pedindo desculpas pela agressão e prometendo mudar (ele não se envolverá mais em violência).
Se a vítima puder denunciar o agressor às autoridades, esse será um momento decisivo no processo, mas muitas vezes a vítima não conhece o ciclo de violência e retira a denúncia (SOARES, 1999, p.17). Mesmo que se saiba que esse ciclo será repetido, novos amores e promessas serão impostos às vítimas, mas esse juramento não será realizado e a felicidade da lua de mel será transformada em pressão, luta e violência.
1.5 A PERMANÊNCIA DA MULHER NA RELAÇÃO, AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO E AS DELEGACIAS ESPECIALIZADAS
	Houve um grande progresso no combate à violência contra mulheres, crianças, adolescentes e até idosos, que é a implantação de delegacias especializadas.
Portanto, em uma série de esforços destinados a derrubar as barreiras do silêncio e da violência, uma delegacia especializada constitui um mecanismo importante atualmente na sociedade brasileira como um exemplo (educacional e opressivo) de combate à violência. Cumplicidade diante desse fenômeno (SILVA, 1992, p. 172).
Em 6 de agosto de 1985, a primeira delegacia dedicada no Brasil foi estabelecida em São Paulo, Brasil, para orientar o surgimento de vários outros policiais (SILVA, 1992, p. 61).
Segundo Córdova et al. (2010, p. 74), ela pode ser conceituada como uma delegacia "profissional" porque é específica para um público específico (mulheres em violência) e é classificada no sistema jurídico como exigindo uma abordagem diferente de destruição.
As mulheres envolvidas em relacionamentos abusivos são psicologicamente abaladas, de modo que os psicólogos desempenham um papel importante. É necessária assistência externa para estabelecer mecanismos que mudem a realidade e superem os fatos que ocorrem durante a obediência e a violência.
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) (2012) sobre a profissão de psicóloga no “Programa Mulheres em Violência” mostra que a Lei Maria da Penha é uma das referências básicas para a atuação desses profissionais. No livreto "Referência técnica para o desempenho de psicólogos nesses procedimentos" (2012, página 64):
Para determinar os sinais da violência de uma mulher ou para avaliar a possibilidade de violência, os psicólogos sempre devem intervir para ajudar a mulher assim que isso for benéfico para sua consciência. Crie condições para evitar ou superar situações violentas.
Este curso foi criado para promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas, mas ajudará a evitar negligência, discriminação, violência, opressão e discriminação. Quando for diagnosticado que a mulher necessita de acompanhamento psicossocial, ela deve ser direcionada aos serviços da rede de atendimento (centro de referência, CRAS, CREAS, serviços de saúde), responsável pela assistência social e psicológica. A rede de apoio acolhe qualquer forma de violência e / ou abuso, fornecendo assistência e cuidados necessários para superar sequelas, fortalecer o status das mulheres e salvar seus direitos.
Em vista disso, a persistência de mulheres em relacionamentos abusivos ainda está sendo estudada. Existem vários fatores que podem ajudar a explicar a decisão da vítima de decidir se fica ou se separa no caso de agressão, mas muitas pessoas também não são claras sobre os recursos de ajuda.
Existe um método consciente ou inconsciente que a mulher usa para defender sua persistência em uma violência doméstica, que acredita que não possui recursos financeiros para se alimentar e tem medo da solidão e de outros fatores emocionais, usados ​​pela vítima para "prová-la". Relatório de razão. Abuso de continuidade do cônjuge (MILLER, 1999, p. 43).
Algumas vítimas ainda estão em estado de abuso porque acham que é melhor sofrer humilhação e dependência de seus maridos do que ficar sozinhas e / ou necessitadas. Ela acreditava que era amada e não encontraria outro parceiropara viver uma vida feliz, por isso decidiu ficar e suportar a agressão. Outros não têm medo da pobreza ou da solidão, mas pensam nos filhos e na felicidade sem perceber que foram agredidos, o que pode levar a um futuro traumático que sofre danos psicológicos (SOARES, 1999, p. 29).
Segundo a psicanálise, para Bragini (2000), as mulheres vivem uma relação de amor e ódio. Portanto, muitos dos agressores duvidam se estão dispostos a manter esse relacionamento, porque sentem que não podem decidir e agir de acordo. Como resultado, o casamento entre essas mulheres e seus cônjuges abusados ​​foi mantido. Eles não querem ser derrotados, mas também não querem deixar o parceiro ideal, "a amarão mesmo assim", para que muitas pessoas acreditem que se sentem culpadas (BRAGHINI, 2000, p. 32).
1.6 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
A violência contra a mulher no Brasil tornou-se algo banalizado e usual para seus habitantes que pode ser ignorado com facilidade. Tendo tal fato em vista, a violência não é tida com a importância que deveria, não é tratada como um caso sério e pela falta de represália momentânea e consecutiva ao agressor fazendo com que a vítima seja tomada pelo medo e não leve o caso à corte. Tal fragilidade da vítima requer uma atenção especial que foi afastada pelo Art. 41 da lei 11.340/06.
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a lei n° 9.099 de 26 de setembro de 1995.  
Devido a que este é um artigo da lei 11.340/06 que causou controvérsia na doutrina e na jurisprudência brasileira. Segundo os autores Guimarães e Moreira (2009, p. 86-93) que fazem uma análise desfavorável do art. em questão, pois este leva os casos de violência doméstica para a Justiça comum (casos que eram tratados anteriormente pelo Juizado Especial), que é ritualizada e morosa, fazendo com que a vítima tenha um desgaste maior no momento em que decide pedir ajuda às autoridades competentes.
O aumento de casos de violência doméstica contra mulher é um fato que evidencia a necessidade de uma supervisão mais intensa e feita corretamente para que mulheres que procuram fazer o uso dessa lei sejam devidamente atendidas e tenham o suporte necessário para garantir-lhes a segurança. Já que esta garantia, por motivo de deficiência no cumprimento da lei, não é conquistada pelas vítimas.
Esta deficiência, citada acima, poderia ser resolvida com a criação de tribunais específicos, com o aumento no número de delegacias e varas e com a aquisição de pessoal especializado no atendimento e tratamento de vítimas dessa violência.
1.7 RETRATO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER NO BRASIL  
Embora haja no Brasil o discurso constitucional que defende um Estado Democrático e Social de Direito e, consequentemente, uma ordem jurídica justa fundada no princípio da dignidade humana, ainda são encontradas muitas dificuldades pelas mulheres no que diz respeito à tutela concreta dos seus direitos humanos.
Quanto a isto, Aragão diz que:
Assim, para defender sua integridade (menos que isso: para levar sua queixa à justiça), a mulher tem que se dar em espetáculo. Tem que dar grandes vozes’[...] Para mostrar sua inocência, a mulher tem que se apresentar diante da lei no auge de sua degradação (ARAGÃO, 1999, p. 19).
Há um aumento dos problemas quando aquilo de que se necessita é algo que está além dos tribunais, ou seja, quando há dificuldades econômicas, escassez de trabalho, falta de estrutura familiar, e também quando não são oferecidos programas públicos de assistência. Não há socorro ao alcance dos cidadãos. Há a pura e simples segregação.
Porém, violência doméstica não é problema que se apresenta apenas nas classes sociais de poder econômico inferior, ao contrário, é um mal que está presente na sociedade como um todo, desde as mulheres mais vulneráveis até as que possuem maiores condições econômicas e sociais.
 A autora portuguesa Isabel Dias (1998, p. 197-198), dispõe que:
A violência doméstica conhece uma certa transversal idade no seio das sociedades atuais. Apesar de ser um fenômeno mais visível nas classes com fracos recursos econômicos e culturais, ela existe, igualmente, nas classes médias e altas, apesar destas defenderem com mais afinco a sua privacidade. [...] De fato, nenhuma família está imune à emergência de processos de violência doméstica no seu seio. A diferença reside na tipologia dos comportamentos violentos, no seu caráter mais concentrado ou mais difuso, na sua maior ou menor visibilidade e na capacidade de permanência ou efemeridade. (DIAS, 1998, p. 197-198).
Através da promulgação de leis o Estado pode tentar alcançar a solução imediata, mas não pode com a mesma facilidade alterar os conceitos morais e sociais. Dessa forma, com o intuito de atingir uma plena eficácia o artigo 226, parágrafo 8. °, da Constituição Federal, promulgou-se a Lei 11.340/06, conhecida vulgarmente como Lei “Maria da Penha” que acabou por criar os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, além de prever várias medidas protetivas de urgência e dispor de maneira atenta sobre as políticas públicas que deverão ser adotadas por todos os Entes Federados, constituindo, assim, importante aceitação em favor do gênero.
1.8 AS MELHORIAS ALCANÇADAS COM A ENTRADA DA LEI 11.340/06 EM VIGOR  
A Lei Maria da Penha trouxe inúmeras melhorias, a começar pelo processo democrático na formulação do texto da lei, trouxe um olhar inovador, principalmente para situação peculiar da vítima. Ao reconhecer a situação de fragilidade e de extremo perigo em que a vítima de violência doméstica e familiar se encontra o Estado toma para si a responsabilidade de prover medidas de prevenção, proteger as mulheres agredidas, contribuir na reconstrução da vida da mulher e punir os agressores.
A referida lei tornou-se o principal instrumento legal para coibir e punir a violência doméstica praticada contra mulheres no Brasil. A intervenção estatal se faz necessária, segundo Hermann (2008, p.30): faltam dados da fonte
A proteção da mulher, preconizada na Lei Maria da Penha, decorre da constatação de sua condição (ainda) hipossuficiente no contexto familiar, fruto da cultura patriarcal que facilita sua vitimização em situação de violência doméstica, tornando necessária a intervenção do Estado em seu favor, no sentido de proporcionar meios e mecanismos para o reequilíbrio das relações de poder imanentes ao âmbito doméstico e familiar. Reconhecer a condição hipossuficiente da mulher vítima de violência doméstica e/ou familiar não implica em invalidar sua capacidade de reger a própria vida e administrar os próprios conflitos. Trata-se de garantir a intervenção estatal positiva, voltada a sua proteção e não a sua tutela, respeitadas – sempre – sua personalidade, vontade e alteridade, ressalvados os casos em que não disponha a vítima, em razão de sua idade – casos de crianças e adolescentes – ou de deficiência ou doença mental, condições psíquicas para exercer com plenitude seus direitos e outros atos da vida civil. sem aspas
 
Em relação à prevenção, essa lei prevê políticas públicas integradas entre órgãos responsáveis. A primeira articulação citada na Lei Maria da Penha é a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação trabalho e habitação. Além dessa articulação, de fundamental importância para o efetivo funcionamento dos serviços a lei apresenta diretrizes para as políticas públicas no art. 1, Lei 11340/2006: a) a promoção de estudos e pesquisas com perspectiva do gênero; b) o respeito, nos meios de comunicação social, aos valores éticos e sociais da pessoa e da família; c) a promoção e realização de campanhas educativas de prevenção à violência doméstica e familiar; d) a difusão da própria lei; e) a capacitação dos profissionais que trabalham com o tema; f) e, a inclusão nos currículos e a disseminação dos valores éticos de respeito a dignidade da pessoa humana com perspectiva degênero, raça e etnia.
Na defesa à mulher, a lei prevê as medidas protetivas de urgência, que devem ser solicitadas na Delegacia de Polícia ou ao próprio juiz, tendo este um prazo de 48 horas para analisar a concessão da proteção requerida. A Lei Maria da Penha também protege as mulheres ao estabelecer que a vítima não possa entregar a intimação ou notificação ao agressor, ao tornar obrigatória a assistência jurídica à vítima e ao prever a possibilidade de prisão em flagrante e preventiva.
A partir desta legislação, os crimes cometidos contra as mulheres devem ser julgados nos juizados/varas especializadas de violência doméstica e familiar contra as mulheres, com competência civil e criminal providos com equipe multidisciplinar, composta por psicólogos e assistentes sociais treinados para um atendimento especializado e humanizado.
Ainda com relação à punição do agressor, a lei cria mecanismos específicos que visam desde a prevenção dos delitos, até às medidas protetivas de urgência, o amparo às vítimas e a punição mais severa para o agressor, que foi efetivada com sucesso no início, porém a falta de assistência estatal para o estabelecimento e cumprimento lei apresentou um grande enfraquecimento na sua aplicabilidade, fazendo com o que o seu poder coercitivo diminuísse consideravelmente.
1.9 DA INCAPACIDADE DO SISTEMA E INEFICÁCIA DA LEI
Como foi exposto no tópico anterior, a criação da referida lei criou um grande progresso no combate a violência contra a mulher, porém, por um curto período. O rigor apresentado na nova lei surtiu efeitos significativos nos índices de violência doméstica, contudo a falta de fiscalização e a dificuldade na aplicação das medidas de proteção à mulher vítima e denunciante da violência sofrida, vem demonstrando uma crescente ineficácia na punibilidade dos agressores e isso pode ser verificado no gráfico que segue de pesquisa realizada pelo ministério da saúde, no qual é demonstrado em seu mapa as cidades com maiores e menores índices de violência contra a mulher no Brasil.
Então, já não é certo se são ou serão de fato cumpridas as imposições legais previstas na lei. Abandonou-se o sistema de Justiça (Lei 9.099/1995), acreditando no sistema penal conflitivo clássico. “Ambos, na verdade, constituem fontes de grandes frustrações, que somente poderão ser eliminadas ou suavizadas com a terceira via dos futuros Juizados” (GOMES, 2006). 
 O dito acima é baseado em muitas das dificuldades encontradas pelas mulheres, como por exemplo, o número reduzido de delegacias especiais, que não dão conta de atender toda a população, principalmente ao que se refere à orientação de locais onde conseguir ajuda psicológica e jurídica, pois com a efetivação da Lei Maria da Penha no ano de 2006 a procura nas delegacias, das mulheres que sofriam violência, teve um grande aumento nos últimos anos, segundo o autor (SILVA, ET AL, 2011 p.3) e uma pesquisa recente feita pelo (IPEA,2013).
De janeiro a agosto de 2006 o órgão apresentou 5664 tipos de denúncias. Nos anos de 2007 a 2010 esses números apresentaram consideráveis acréscimos. Em 2007 há a duplicação de atendimento chegando a 10.544, destes 33% dizem respeito a casos em que fez boletim de Ocorrência Policial. No ano seguinte, os BOP 's apresentaram ligeira elevação de 38% dos 10.549 casos denunciados. No ano seguinte, os números continuaram evoluindo e chegam a 41% do total de 11.027 atendimentos. E, finalmente em 2010, os números de mulheres que prestam BOP’s apresentam breve regressão somando 38% dos 11.195 tipos de denúncia efetuadas.
 As mudanças penais postas em busca do valor da mulher e efetivação dos seus direitos humanos na esfera penal não alcançaram os efeitos desejados, não pela falta de boas intenções das legislações, mas pela falta de harmonia entre seus objetivos e o desenvolvimento do Direito Penal.
Garantir a resolução dos problemas de gênero não existe só na criação desta lei. Mesmo com o grave problema e a urgência em encontrar soluções, não há mudança na realidade do sistema penal de um momento para outro. É por isso que nem todos os profissionais da área jurídica estão esperando por uma solução das divergências privadas dentro desta lei.
 Logo, se, conforme explana Berenice Dias (DIAS, 2015, p.37):faltam dados da fonte
A Lei Maria da Penha – mais do que uma lei – é um verdadeiro estatuto [...] não somente de caráter repressivo, mas, sobretudo, preventivo e assistencial” e é verdade que o sistema penal não é eficaz na prevenção e sequer na capacidade repressiva do indivíduo, para evitar que este volte a cometer o ato delituoso, então é certo que há uma incompatibilidade entre o que deseja a Lei Maria da Penha em prol das mulheres e o que realmente acontece no deficiente sistema penal brasileiro.
	Existem muitas dificuldades identificadas na aplicação deste instituto que resultam de determinações externas à vontade da lei, e impede sua efetividade. Esses problemas são estruturais relacionados ao funcionamento do aparato estatal que interferem diretamente na qualidade do atendimento prestado pelos órgãos responsáveis, como o DEAM'S e o Ministério Público, fatores que contribuem para os atrasos na aplicação do sistema. Lei, bem como conflito de regras criminais e civis que tendem a impedir a realização do direito das mulheres à proteção contra a agressão (ELUF, 2007).
Uma das urgências nesse processo de implementação da Lei é a qualidade do sistema de auxílio à mulher, para que se priorize os valores da Lei. Isso implica em melhorar a qualidade das atividades nas Delegacias aprimoradas em Atendimento à Mulher, devendo essa responsabilidade estender-se também às outras esferas do poder judiciário, como os juizados de violência doméstica e família e o Ministério Público.
 A implementação dos Juizados Especiais de Multicompetência requer o apoio do poder público municipal de modo a tornar a aplicação dos mecanismos ofertados pela Lei unânime no país. Estes órgãos possibilitam o atendimento jurídico qualificado e aplicação das medidas de urgência de modo eficaz às necessidades das vítimas; A ligação afetiva existente entre a vítima e o seu agressor é o fundamento para a resistência à não concretização da denúncia. Devido a problemas de natureza emocional, que fragilizam a mulher, a mesma acaba por muitas vezes, desistindo do processo e consequentemente do seu direito de ação. No intuito de evitar que o liame afetivo existente não interfira na aplicação das penalidades impostas, a quem comete os crimes de violência doméstica contra a mulher, devem-se criar condições para que a ofendida seja merecedora de todo o auxílio psicológico mantido pelos juizados, de modo a impedir que o abalo psicológico resultado pela violência, prejudique a aplicação das sanções e medidas protetivas.
1.10 AS POLÍTICAS PÚBLICAS E AS NORMAS CONSTITUCIONAIS SOCIAIS
Em mais de 8 (oito) anos de vigência da lei em questão, em termos de implementação das políticas públicas previstas muito pouco foi feito, sabendo que apenas 47 (quarenta e sete) Juizados foram instalados em todo o território brasileiro. Ou seja, não há sequer 2 (dois) Juizados para atender a demanda de cada Estado-membro (ELUF, 2007).
Isto mostra que há uma real necessidade de que as políticas públicas sejam implementadas, sob pena de uma não efetividade da Lei “Maria da Penha”, pois caso contrário somente os seus comandos repressivos terão eficácia, porém sem qualquer alcance social que seja realmente concreto.
É notório que para a concretização de políticas públicas precisa-se de recursos financeiros e orçamentários, porém resta ressaltar que as normas constitucionais sociais possuem eficácia imediata e plena, não podendo ser negligenciadas, pois a Constituição não contemplou o princípio do equilíbrio orçamentário, justamente, para não atenuar o desenvolvimento social e humano, que poderia, inclusive, tornar inviável a própria consecução dos objetivos fundamentais do Estado, já dispostos nos artigos 1.º e 3.º da Carta Magna.
É sabido que a cultura do Brasil fomenta a prática das ações que

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