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RELATÓRIO DE VIVÊNCIA PRÁTICA DAS DISCIPLINAS DE FISIOTERAPIA EM NEUROLOGIA E FISIOTERAPIA NA SAÚDE DA CRIANÇA Camila Emilly Nazaré Loureiro 04082890 Fisioterapia INTRODUÇÃO A disciplina de Fisioterapia em Neurologia na Saúde da Criança aborda o atendimento fisioterapêutico de crianças com alterações neurológicas. Esses distúrbios podem incluir condições como paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento neuromotor e lesões cerebrais adquiridas. O objetivo dessa abordagem terapêutica visa a promoção do desenvolvimento motor, funcionalidade e qualidade de vida. O fisioterapeuta desempenha um papel essencial na avaliação, diagnóstico funcional e intervenção precoce, contribuindo para o manejo de déficits motores e prevenindo complicações secundárias a condições neurológicas. A abordagem fisioterapêutica é baseada em conhecimentos sobre o desenvolvimento neuropsicomotor normal e patológico, considerando as fases do crescimento infantil e os marcos motores. As intervenções podem incluir técnicas como o Conceito Bobath, Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) e estimulação precoce, adaptando o tratamento às necessidades específicas de cada criança. O presente relatório aborda experiências vivenciadas no laboratório de Cinesioterapia da Universidade da Amazônia (UNAMA), em Castanhal/PA, nos dias 06/01, 07/01, 08/01 e 13/01/2025, teve como finalidade aprofundar nossos conhecimentos na área específica. Tive a experiência de vivenciar diversos conteúdos relacionados à Fisioterapia Neurológica. ATIVIDADES DESENVOLVIDA Na primeira aula, a professora realizou a introdução sobre a Neuro Pediatria, falou da sua importância e como o fisioterapeuta atua na área. No segundo dia de aula, ela explicou sobre os reflexos primitivos, que são respostas automáticas e involuntárias que o recém-nascido têm. Demostrou como é realizado cada um, quando eles surgem e quando desaparecem. Os reflexos primitivos são: reflexo de sucção, reflexo moro, reflexo de preensão palmar, reflexo de preensão plantar, reflexo de Galant, reflexo de Landau, reflexo do paraquedista e reflexo de escada. No terceiro dia, foi falado sobre os casos clínicos de neurologia pediátrica e as condutas fisioterapêuticas. A professora explicou sobre dois casos clínicos de paciente neurológicos. • Caso 1: Criança com Paralisia Cerebral (PC), 5 anos, sexo masculino, os pais relataram que a criança apresenta atraso no desenvolvimento motor, dificuldades para caminhar e postura inadequada ao tentar sentar-se ou ficar em pé. Foi diagnosticado com paralisia cerebral do tipo diplegia espástica aos 18 meses, prematuridade extrema, nascido com 29 semanas de gestação pesando 1,2 kg ao nascer. Necessitou de ventilação mecânica por 20 dias após o nascimento, sem crises convulsivas, sentou-se sem apoio aos 18 meses e iniciou o engatinhar aos 2 anos. Ultimamente faz uso de órteses para os membros inferiores, ainda não iniciou a marcha independente e caminha com auxilio de andador. Possui hipertonia em MM II, padrão de marcha espástica com joelhos em flexão e tendência à marcha em equino ao tentar andar com apoio, os MM SS apresentam tônus próximo ao normal, tem acompanhamento com a Terapeuta Ocupacional e a Fisioterapeuta. Os objetivos e condutas fisioterapêuticas são: Reduzir a espasticidade em membros inferiores com técnicas como alongamentos passivos e estimulação neuromuscular; Melhorar o alinhamento postural e o controle de tronco; Promover ganho de amplitude de movimento nos tornozelos e joelhos; Facilitar padrões de marcha mais funcionais, com ajustes na órtese se necessário; Estimula o ganho de força e usar abordagem de neuroplasticidade para estimular o desenvolvimento motor. Orientar os pais sobre exercícios domiciliares e estratégias para estimular a independência. • Caso 2: Paciente do sexo feminino, 2 anos de idade. Os pais relatam atraso no desenvolvimento motor global e dificuldades para adquirir habilidades motoras típicas da idade, como caminhar e manter o equilíbrio em pé. Foi diagnosticada logo após o nascimento com Síndrome de Down, realizou cirurgia de cardiopatia congênita aos 6 meses de idade para correção no septo antrioventricular parcial, teve episódios frequentes de infecções respiratórias no primeiro ano de vida. Aos 8 meses apresentou controle cervical, sentou-se sozinha sem apoio aos 12 meses, iniciou o engatinhar com 18 meses, ainda não apresenta marcha independente, mas tenta se deslocar segurando em moveis. Atualmente, possui hipotonia generalizada, mais evidente em tronco e membros inferiores, hiperextensibilidade ligamentar em joelhos, tornozelos e cotovelos, postura em pé com base alargada e joelhos em hiperextensão, dificuldade em manter a posição de pé por longos períodos sem apoio, Instabilidade ao realizar transições posturais, como passar de sentado para em pé. Realiza acompanhamento multidisciplinar com fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e pediatra. Os objetivos e condutas fisioterapêuticas são: Estimular o fortalecimento da musculatura estabilizadora, com foco no tronco e membros inferiores; Melhorar o controle postural e o equilíbrio para promover a aquisição da marcha; Corrigir padrões compensatórios e melhorar o alinhamento postural. Facilitar a participação em atividades funcionais e de brincadeiras que promovam o desenvolvimento motor global; Orientar os pais sobre estratégias para estimular habilidades motoras no ambiente domiciliar. No quarto e último dia de vivência a professora levou um paciente como o caso clínico de Paralisia Cerebral do tipo Espástica. Foi realizada a anamnese pelos acadêmicos presentes, com coleta de histórico clínico e exame físico, incluindo testes de tônus, reflexos primitivos e avaliação do controle de cabeça e tronco. • Caso clínico: Paciente do sexo masculino, 6 anos. Os pais relataram dificuldade motora desde o nascimento. Paciente com antecedente de prematuridade evoluiu com dificuldade motora, ficou internado na UTI Neonatal por 46 dias após o nascimento. Desde a alta, sempre usou fenobarbital e nunca mais teve crises convulsivas. Evoluiu com atraso do desenvolvimento motor. A mãe relatou que teve parto vaginal prematuro sem intercorrências, na 30a semana de gestação. Precisou suporte ventilatório por doença de membrana hialina (imaturidade pulmonar), também apresentou enterocolite e icterícia. Com 5 dias de vida apresentou crise epiléptica, sendo medicado com fenobarbital. Teve Pneumonia duas vezes. Sustento cefálico com 9 meses; sentou sem apoio com 2 anos; em pé com apoio 2 anos e meio; ainda só anda com apoio; fala poucas palavras com dificuldade para articulá-las, mas aparentemente a compreensão está preservada. Os pais negam doença neurológica. No exame físico geral: BEG, aaa, corado, hidratado. Cardio = BRNF sem sopros. Pulmonar = MV + sem RA. Abdomen = flácido, sem visceromegalias. Extremidades = pé equinovaro bilateral. No exame neurológico: PC = 46cm. Consciente, orientado, bom contato com o examinador. Motor: força muscular grau IV em MM SS e grau III em MM II. Hipertonia global, mais importante nos MM II. Reflexos osteotendíneos exaltados em membros superiores e inferiores (patelar e aquileu). Clono presente em pés. Sinal de Babinski presente bilateralmente. Sensibilidade: difícil de ser testada. Coordenação: difícil de ser testada pelo déficit motor, mas sem dismetria. Equilíbrio: não testado. Nervos cranianos: normais. Sinais meníngeos: ausentes. Os acadêmicos explicaram seus objetivos, tais como: o Melhorar o controle motor e postural; o Reduzir a espasticidade e minimizar contraturas musculares; o Promover a mobilidade funcional e independência; o Prevenir deformidades ortopédicas; o Estimular habilidades motoras da idade. As condutas realizadas foram: o Alongamento e mobilização deMM SS e MM II; o Fortalecimento muscular; o Treino de marcha, controle postural e equilíbrio; o Exercícios cinesioterapeuticos; o Orientação familiar CONCLUSÃO Assim, a experiência prática reforçou a importância da fisioterapia neuropediátrica no tratamento de crianças com disfunções neurológicas, evidenciando seu impacto positivo no desenvolvimento neuropsicomotor e na qualidade de vida. A aplicação dos conhecimentos teóricos em um contexto real permitiu compreender melhor as necessidades individuais de cada paciente, destacando a relevância de uma abordagem multidisciplinar e personalizada. Além disso, ficou evidente que o suporte oferecido aos pais e cuidadores é fundamental para a continuidade do tratamento e para a promoção do bem-estar infantil. Dessa forma, a fisioterapia neuropediátrica se mostra uma área essencial para garantir o desenvolvimento saudável das crianças.