Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

DESENHO TÉCNICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Diferenciar as características do desenho técnico manual e do assistido 
por computador.
 > Explicar o motivo da padronização do desenho técnico.
 > Identificar algumas normas da ABNT que normalizam os desenhos téc-
nicos.
Introdução
O desenho técnico é um modo formal e acurado de fornecer informações e 
características da geometria e da dimensão de objetos físicos e/ou ideias. 
Na área da engenharia, sua função é representar máquinas, peças, equipa-
mentos, etc.; em arquitetura, é utilizado para colocar no papel representações 
de plantas de construções e designs de interiores; e na parte dos estudos de 
elétrica e eletrônica, o desenho técnico é usado para representar esquemas 
elétricos, circuitos, etc. (CRUZ, 2010).
Desenho 
técnico: formas 
de elaboração, 
padronização e 
normas da ABNT
Antonio dos Reis de Faria Neto
Independente da aplicação, o desenho técnico é todo padronizado, desde a 
forma e a espessura das linhas para construção do desenho até a simbologia para 
representação de dimensões e informações relevantes. Ele pode ser realizado à 
mão por projetistas, que precisam dominar as mais variadas técnicas e o manu-
seio de instrumentos como réguas e compassos, por exemplo, e ter conhecimento 
“de cabeça” das normas que regem cada detalhe. Com o desenvolvimento 
da tecnologia, diversas ferramentas computacionais ganharam destaque na 
confecção de desenhos técnicos, porém o conhecimento das normas e dos 
conceitos básicos ainda é fundamental para seu entendimento (CRUZ, 2010).
Neste capítulo, você vai estudar as características fundamentais do desenho 
técnico manual e assistido por computador, além das principais vantagens e 
desvantagens de cada um. Além disso, vai poder entender o motivo da padro-
nização do desenho técnico e por que isso é fundamental para a indústria nos 
dias de hoje. Por fim, vai ser apresentado a algumas normas técnicas da ABNT 
que regem os fundamentos do desenho técnico.
Desenho técnico manual × assistido por 
computador
O desenho
O desenho pode ser considerado uma expressão da arte que, por meio de 
linhas e traços, dá forma a representações, ideias e/ou conceitos. Além disso, o 
desenho representa uma linguagem — com o objetivo de expressar as formas 
e ideias — universal, usada desde os primórdios da humanidade e que é um 
dos recursos mais importantes de comunicação não verbal (PACHECO; SOU-
ZA-CONCÍLIO; PÊSSOA FILHO, 2017). O desenho foi um percursor da linguagem 
escrita, acompanhando a evolução da humanidade e sendo utilizado com 
diversos objetivos ao longo da história. Podemos citar o caráter descritivo 
dos desenhos rupestres dos homens das cavernas e os hieróglifos feitos 
pelos egípcios para descrever o dia a dia da comunidade, conforme Figuras 1a 
e 1b. O desenho ganhou conotação artística quando passou a valorizar a 
estética e a forma — por exemplo, os quadros renascentistas e os desenhos 
gregos destacando a estética humana (Figuras 1c e 1d). Com o desenvolvimento 
das comunidades e das tecnologias, o desenho passou conter informações 
técnicas acerca de algum equipamento e/ou processo — o que chamamos de 
desenho técnico. É um desenho mais elaborado, que tem o intuito de passar 
alguma informação — como nas Figuras 1e, que mostra uma das primeiras 
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT2
máquinas elaboradas por Leonardo da Vinci, e 1f, que apresenta um desenho 
de uma planta de um imóvel (BARETA; WEBBER, 2010).
O desenho técnico
Assim como o inglês, as linguagens de programação e até mesmo a matemática, 
com suas equações e funções, o desenho técnico é uma linguagem universal, 
o que significada que um desenho feito no Brasil precisa ser perfeitamente 
entendido e interpretado em qualquer lugar do mundo. O desenho técnico 
é uma linguagem gráfica industrial, que tem por finalidade a representação 
de formas, posições de objetos e dimensões. Composto por linhas, números, 
simbologia própria e indicações de escritas normalizadas internacionalmente, 
ele pode ser definido como a linguagem gráfica universal da engenharia e da 
arquitetura. Sua origem está na geometria descritiva — ciência que objetiva 
representar no plano os objetos tridimensionais. 
Figura 1. (a) Desenho descritivo pré-histórico; (b) desenho descritivo egípcio; (c) dese-
nho artístico renascentista; (d) desenho artístico grego; (e) desenho técnico de da Vinci; 
(f) desenho técnico arquitetônico/engenharia.
Fonte: (a) LoggaWiggler/pixabay.com, (b) AlexPee07/pixabay.com, (c) janeb13/pixabay.com, (d) 
cocoparisienne/pixabay.com, (e) biggerthanpluto/pixabay.com, (f) 3844328/pixabay.com.
A B
DC
E F
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 3
Assim como as demais linguagens mencionadas, a linguagem gráfica do 
desenho técnico exige uma alfabetização, ou seja, um treinamento específico, 
sobretudo pelo fato de que figuras tridimensionais (espaciais) são represen-
tadas no plano por figuras bidimensionais (planas). Por exemplo, na Figura 2a, 
observa-se uma sequência de três quadrados; uma pessoa leiga consegue 
fazer essa interpretação ao analisar a imagem. No entanto, na Figura 2b, 
vemos um cubo, que é o desenho representado na Figura 2a.
Figura 2. (a) Desenho técnico de um cubo mostrando três quadrados, interpretação possível 
para pessoas não alfabetizadas em desenho técnico. (b) Desenho espacial de um cubo.
A B
Para conseguir representar a forma do cubo a partir dos quadrados repre-
sentados na Figura 2a, antes de tudo é necessário conhecer a metodologia 
utilizada para representação de figuras espaciais no plano. Essa habilidade 
de visualização é chamada de visão espacial. Algumas pessoas têm facilidade 
de identificar e conceber esses desenhos em três dimensões a partir das 
figuras planas. No entanto, para aqueles que não têm a visão espacial, ela é 
totalmente treinável, ou seja, é uma habilidade que pode ser desenvolvida.
Após o exposto, podemos definir que a finalidade do desenho técnico é 
a representação no plano de formas tridimensionais, de modo que o obser-
vador possa reconstruir essa forma tridimensional a partir da leitura técnica 
do desenho (BARETA; WEBBER, 2010). Diferentemente do desenho artístico, 
o desenho técnico não pode permitir dupla interpretação, ou seja, ao olhar 
e interpretar um desenho técnico, apenas uma conclusão deve aparecer, 
o que não acontece com o outro tipo de desenho, o qual apresenta interpre-
tações subjetivas, de caráter pessoal, dos observadores do desenho (BARETA; 
WEBBER, 2010). 
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT4
Uma das características do desenho técnico manual é a utilização de uten-
sílios para auxiliar o desenhista/projetista na confecção. Dentre os diversos 
materiais, podemos citar (CRUZ, 2010):
 � lapiseira e lápis: 
 ■ recomenda-se as lapiseiras com grafite 0,7 mm e 0,5 mm ou 0,5 mm 
e 0,3 mm;
 ■ já com relação aos lápis, é recomendada a utilização de grafites HB 
e H ou F e 2H. Para esse utensílio, os grafites 9H, 8H, 7H, 6H, 5H e 4H 
são mais duros; 3H, 2H, H, F, HB e B são de dureza média; e 2B, 3B, 
4B, 5B, 6B e 7B são os lápis que apresentam grafite macio; 
 � borracha;
 � esquadros — de 30°, 45° e 60°;
 � régua;
 � escalímetro;
 � compasso.
Além disso, nessa modalidade de desenho, são necessários muito cuidado 
e atenção com relação à limpeza do local de trabalho para que não suje o 
desenho técnico. Para tanto, as mãos devem estar limpas, e lápis e lapiseiras 
bem apontados, para que não haja necessidade de apontá-los durante o tra-
balho — se houver, nunca fazer sobre a mesa de trabalho, para evitar manchas 
com os resíduos de grafite. É necessário que a borracha seja pouco utilizada, 
e as partículas devem ser removidas da área de trabalho com auxílio de uma 
flanela. Manter os utensílios, como réguas, escalímetros e esquadros, o mais 
limpos possível para evitar manchar o desenho quando utilizados (CRUZ, 
2010). A Figura 3 apresentaa ilustração dos materiais básicos utilizados para 
realização do desenho técnico à mão.
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 5
Figura 3. Instrumentos para desenho: (a) lápis, lapiseira e borracha; (b) compasso; (c) es-
quadro; (d) régua.
Fonte: (a) caffeinesystem/pixabay.com, (b) OpenClipart-Vectors/pixabay.com, (c) OpenClipart-
-Vectors/pixabay.com, (d) OpenClipart-Vectors/pixabay.com.
A B C
D
A Figura 3 apresenta alguns materiais necessários para realização do 
desenho técnico, e, com isso, conseguimos apontar uma grande desvantagem 
desse método. O desenho técnico realizado à mão depende da qualidade 
dos materiais empregados — lápis, lapiseira, réguas, etc. —, além, é claro, da 
habilidade do desenhista.
Desenho técnico auxiliado por computador
Antes de apontar as características do desenho técnico auxiliado por com-
putador, precisamos apresentar a sigla CAD (computer aided design) ou, em 
português, desenho assistido por computador. Os softwares responsáveis 
por criar desenhos técnicos fazem parte do conjunto de CAD. Existem vários 
softwares famosos para criação de desenho técnico, como o AutoCad — talvez 
o mais famoso entre eles; SolidWorks, CATIA, Autodesk Inventor, SolidEdge, 
entre outros. Todos estes são softwares com os quais realizamos procedi-
mentos para desenhos em duas ou três dimensões (CRUZ, 2010; RIBEIRO; 
PEREZ; IZIDORO, 2013). 
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT6
As vantagens de criar desenhos técnicos utilizando softwares em vez de 
fazê-los à mão encontra-se na maior rapidez com que se faz projetos e peças 
mais complexas; na precisão das dimensões e de detalhes nos desenhos; na 
compatibilidade, já que os softwares produzem desenhos padronizados; no 
armazenamento virtual, entre outros. As desvantagens são que o desenhista/
projetista necessitará de conhecimentos de informática e específicos do 
próprio software a ser utilizado e que há um custo de aquisição da licença e 
do software para utilização.
Portanto, nos dias atuais, a utilização do desenho técnico à mão encon-
tra-se na aprendizagem das padronizações e normas de desenho técnico e 
na habilidade de interpretação de desenho técnico, além da confecção de 
croquis e projetos iniciais. A Figura 4 apresenta uma parte de uma tela de 
trabalho de um software para desenho técnico.
Figura 4. Parte da tela inicial de um software para desenho técnico.
Observe na Figura 4 que, com a utilização do software, os materiais antes 
utilizados no desenho técnico à mão — lápis/lapiseira, régua e compasso, por 
exemplo — são substituídos por funções disponíveis a um clique no mouse. 
Para se traçar uma linha reta, por exemplo, basta que o desenhista/projetista 
clique na função line. Além disso, os comandos para dimensão podem ser 
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 7
inseridos pelo teclado do computador, e o software disponibiliza opções de 
linha (contínua, tracejada, etc.) e cor. 
Nesta seção, você foi apresentado ao conceito de desenho, passando por 
todas as suas funções ao longo da história, até chegarmos ao desenho técnico. 
Foram mostrados os aspectos do desenho técnico e os materiais necessários 
para sua realização e feita a comparação com o desenho técnico realizado com 
auxílio de softwares. Para que isso fosse possível — utilização de softwares 
—, na confecção de desenhos técnicos é necessária uma padronização do 
desenho. Vamos agora estudar o porquê da padronização do desenho técnico 
e quando ela surgiu. 
Padronização do desenho técnico
Impulsionado pela Revolução Industrial, que trouxe o advento das máquinas 
para a sociedade, o desenho técnico ganhou importância e começou a ser 
tratado como disciplina científica. De acordo com Soares (2007), em conjunto 
com o desenho geométrico e com a geometria projetiva e a descritiva, formou-
-se uma linguagem visual de caráter universal por meio da qual o projetista 
disponibiliza informações para que o fabricante consiga realizar a construção 
do objeto. Para isto, um complexo sistema de normas deve ser seguido pelo 
desenhista e pelo fabricante, o primeiro na confecção do desenho e o segundo 
na sua interpretação. A importância do desenho técnico tornou-se tão grande 
para a expressão gráfica dos projetos que todos os países industrializados 
regularam, por meio de normas técnicas oficiais e não apenas acadêmicas, 
a sua elaboração.
Para lançar o desenho técnico como uma linguagem gráfica internacional, 
foi necessário padronizar seus procedimentos por meio da elaboração de 
normas técnicas, provenientes de um esforço coletivo dos interessados em 
estabelecer uma simbologia técnica para regular as relações entre produtores 
e consumidores. Cada país elabora suas normas técnicas, e estas são aca-
tadas por todos que desejam parcerias comerciais com aquele país. No caso 
do Brasil, as normas são reguladas e editadas pela Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT), fundada em 1940 (RIBEIRO; PEREZ; IZIDORO, 2013).
Após a Segunda Guerra Mundial, o mercado passou a se globalizar, ou 
seja, as nações começaram a cada vez mais importar e exportar produtos. 
Uma reflexão sobre essa mudança de comportamento é mostrada na Figura 5. 
Naturalmente, a necessidade de obtenção de peças para manutenção em má-
quinas importadas passou a ocorrer; então, para favorecer o desenvolvimento 
da padronização internacional e facilitar o intercâmbio de produtos e serviços 
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT8
comercializados pelo mundo, em 1947 os países se reuniram em Londres e 
criaram uma organização internacional para cuidar das padronizações — 
a Organização Internacional de Normalização (International Organization 
for Standardization [ISO]). A ISO avalia uma norma proposta por um país e a 
torna uma norma internacional, ou seja, os produtores daquele produto ou 
processo devem seguir aquela norma para que o produto possa ser utilizado 
entre todos os países que seguem o órgão (RIBEIRO; PEREZ; IZIDORO, 2013).
A necessidade de definir padrões internacionais está diretamente 
ligada à globalização das relações comerciais, ocorrida, principal-
mente, após a Segunda Guerra. Essa necessidade se encontra no fato de que um 
produto fabricado pode atender aos requisitos de padrões em um determinado 
país e não atender a outro, prejudicando a sua comercialização. Foi em razão disso 
que surgiu a ISO. No entanto, antes disso, em 1926, essa organização foi criada 
como Federação Internacional das Associações Nacionais de Padronização (ISA), 
com o intuito de elaborar padrões no campo da mecânica, e foi disseminada prin-
cipalmente durante a Segunda Guerra Mundial, em decorrência da necessidade 
de maquinário, manutenção em armamento, veículos, etc. — em resumo, devido 
à necessidade de intercâmbio da indústria bélica. Em 1946, 25 países se reuniram 
em Londres para fomentar a criação de uma nova organização internacional 
de padrões, então em 1947 a ISO foi criada e iniciou o seu trabalho. Além do 
significado da sigla, ISO é derivado da palavra grega isos, que significa igual.
Nos dias atuais, a organização conta com mais de 165 países membros e mais 
de 3.000 órgãos técnicos responsáveis pelo desenvolvimento de padrões. Sua 
base é em Genebra, na Suíça, e é uma organização independente e não gover-
namental que auxilia no comércio de bens e serviços entre os países. Durante 
os primeiros 40 anos de operação, a organização focou os seus esforços na 
normatização de produtos e tecnologias. No entanto, na década de 1980, a ISO 
iniciou o desenvolvimento de padrões de processos, e o primeiro deles ficou 
conhecido como ISO 9000 (LEAD, 2017). 
A Figura 5 traz uma reflexão sobre a necessidade de implantação 
de uma normatização para, além de favorecer o comércio global, 
produzir um entendimento amplo entre as empresas produtoras de máquinas 
e elementos mecânicos. Suponha que uma empresa que produz um motor, 
mas não necessariamenteproduz os parafusos que vão prender o motor. Após 
produzido o motor, ela compra parafusos de outra empresa, e estes não con-
seguem entrar nos furos do motor, seja por problemas de dimensão ou devido 
aos filetes das roscas do parafuso e do furo serem diferentes. Ou então, que a 
empresa de parafusos atende a uma empresa específica que produz motores, 
mas não consegue atender à outra, pois o padrão é diferente. Ou, ainda, que 
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 9
você tenha uma empresa no Brasil, compra uma máquina alemã e, ao precisar 
consertá-la, só encontra peças no padrão americano; seria necessário enviar 
ou encomendar peças diretamente da Alemanha, o que aumentaria o custo e 
o prazo da manutenção. Por esses e outros motivos, a padronização passou a 
ser uma necessidade no mundo globalizado e teve um grande impulso durante 
a guerra, pois as nações que lutavam juntas — por exemplo, Estados Unidos e 
Reino Unido — precisavam compartilhar equipamentos e máquinas e conseguir 
realizar manutenções e trocar peças eventualmente. 
Figura 5. Sala de máquinas de um navio de guerra.
Fonte: GregoryButler/pixabay.com.
Nesta seção, você pôde entender a necessidade de se padronizar os pro-
dutos e processos, ainda mais com o advento da globalização. Também foi 
vista a criação do órgão que administra essas padronizações — ISO. Agora é 
necessário conhecer algumas normas básicas para desenho técnico, o que 
será mostrado na próxima seção.
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT10
Normas para desenho técnico
No Brasil, as normas técnicas que regulam o desenho técnico são editadas pela 
ABNT e são registradas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização 
e Qualidade Industrial (Inmetro) como normas brasileiras (NBR). Elas estão 
completamente de acordo com as normas internacionais aprovadas pela ISO 
(RIBEIRO; PEREZ; IZIDORO, 2013).
Os procedimentos para realização de desenhos técnicos aparecem 
em normas gerais, que normatizam desde a denominação e classificação 
dos desenhos até as formas de representação gráfica; alguns casos são a 
NBR 5984 – Norma Geral do Desenho Técnico e a NBR 6402 – Execução de 
Desenho Técnicos de Máquinas e Estruturas Metálicas, que abordam o dese-
nho técnico desses elementos de forma geral. Existem também aquelas que 
tratam de assuntos específicos e são fundamentais para o bom desempenho 
da função do projetista no dia a dia de trabalho (RIBEIRO; PEREZ; IZIDORO, 
2013). No Quadro 1, a seguir, é mostrado um resumo das principais normas 
específicas para desenho técnico.
Quadro 1. Normas específicas para desenho técnico
NBR 10647 Desenho Técnico – Norma Geral
NBR 10068 Folha de Desenho — Layout e Dimensões
NBR 10582 Apresentação da Folha para Desenho Técnico
NBR 13142 Desenho Técnico — Dobramento de Cópias
NBR 8402 Execução de Caracteres para Escrita em Desenhos Técnicos
NBR 8403 Aplicação de Linhas em Desenhos
NBR 10067 Princípios Gerais de Representação em Desenho Técnico
NBR 8196 Desenho Técnico — Emprego de Escalas
NBR 12298 Representação de Área de Corte por meio de Hachuras em 
Desenho Técnico
NBR 10126 Cotagem em Desenho Técnico
NBR 8404 Indicação do Estado de Superfície em Desenhos Técnicos
NBR 6158 Sistema de Tolerância e Ajustes
(Continua)
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 11
NBR 8993 Representação Convencional de Partes Roscadas em Desenho 
Técnico
NBR 6409 Normaliza a execução dos desenhos de eletrônica
NBR 6492 Normaliza a representação de projetos de arquitetura
NBR 7191 Normaliza a execução de desenhos para obras de concreto 
simples ou armado
NBR 11534 Normaliza a representação de engrenagens em desenho técnico
A norma ABNT NBR 10647:1989 estabelece os termos empregados em 
desenho técnico. Ela define os tipos de desenho com relação aos aspectos 
geométricos — desenhos projetivos e não projetivos — e o grau de elaboração 
— esboço e desenhos preliminares e definitivos. Além disso, ela diz respeito 
ao grau de detalhamento — desenho de detalhes e conjuntos — e disserta 
acerca da forma de execução — à mão livre ou utilizando software (RIBEIRO; 
PEREZ; IZIDORO, 2013).
A norma ABNT NBR 10068:1987 estabelece um padrão de dimensões das 
folhas usadas na confecção dos desenhos e define um layout (Figura 6a), 
além das medidas das margens e legenda. Nessa norma, é estabelecido que 
as folhas podem ser utilizadas tanto na posição vertical quanto na horizontal. 
Além disso, o tamanho da folha é normatizado de acordo com a série A — 
sendo o formato A0 como máximo e A4 como mínimo (Figura 6b). O desenho 
deve ser executado no menor formato possível, desde que não prejudique a 
interpretação (RIBEIRO; PEREZ; IZIDORO, 2013). As dimensões da série A, em 
milímetros, são:
 � A0 = 841 × 1189; 
 � A1 = 594 × 841; 
 � A2 = 420 × 594; 
 � A3 = 295 × 420; 
 � A4 = 210 × 297. 
Além dessas informações, a margem também é padronizada na ABNT NBR 
10068:1987. Aqui vamos nos limitar à folha padrão A4, que deve possuir 25 mm 
de margem esquerda e 7 mm de margem direita, e essa margem deve ser feita 
com uma linha contínua de 0,5 mm de espessura.
(Continuação)
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT12
A norma NBR 10582 – Apresentação da folha para Desenho Técnico diz 
respeito ao posicionamento dos elementos na folha e principalmente trata 
sobre a legenda.
Figura 6. (a) Layout da folha de desenho; (b) folha A0 e formatos derivados.
Fonte: Adaptada de Cruz (2010).
A B
A2
A1
A4
A3
A4
84
0
1.189
A Norma ABNT NBR 8403:1984 estabelece padrões para a utilização de 
linhas no desenho técnico, como mostrado na Figura 7. Observe que, para um 
desenho realizado à mão, é necessária muita habilidade ao desenhista para 
diferenciar as espessuras das linhas, além da utilização de diversos materiais 
de apoio. Aqui está mostrada uma das vantagens, talvez uma das maiores, da 
utilização de softwares de desenhos. Quando pedimos para o programa fazer 
uma linha, esta já vem no padrão da NBR, tanto em relação à sua espessura 
como à sua aplicação, ou seja, as normatizações de linhas, cotas e letras já 
são automáticas dentro do software.
As demais normas devem ser apresentadas à medida que o desenhista/
projetista for avançando com os conhecimentos em desenho técnico, como, 
por exemplo, a inserção de cotas, que nada mais é do que as dimensões 
do desenho, hachuras, cortes, etc. Qualquer representação ou detalhe em 
desenho técnico é normatizada, conforme pudemos observar.
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 13
Figura 7. NBR 8403 – Aplicação de Linhas em Desenhos.
Fonte: Adaptada de Cruz (2010) e Associação Brasileira de Normas Técnicas (1984).
Linha Denominação Aplicação
Contínua larga
Contínua estreita
Contínua estreita a
mão livre
Contínua estreita em
zigue-zague
Tracejada larga
Traço e ponto estreita
Traço e ponto estreita,
larga extremidades e na
mudança de direção
Traço e ponto larga
Traço dois pontos estreita
Contornos visíveis
Arestas visíveis
Linhas de interseção imaginárias
Linhas de cotas
Linhas auxiliares
Linhas de chamadas
Hachuras
Contornos de seções rebatidas na própria vista
Linhas de centros curtas
Limites de vistas ou cortes parciais ou inter-
rompidas se o limite não coincidir com linhas,
traço e ponto
Essa linha se destina a desenhos 
confeccionados por máquinas
Contornos não visíveis
Arestas não visíveis
Linhas de centro
Linhas de simetria
Trajetórias
Planos de corte
Indicação das linhas ou superfícies com
indicação especial
Contornos de peças adjacentes
Posição limite de peças móveis
Linhas e centro de gravidade
Cantos antes da conformação
Detalhes situados antes do plano de corte
Nesta seção, vimos algumas normas básicas para desenho técnico. 
As demais normas, o projetista/desenhista precisa conhecer conforme for 
adquirindo conhecimentos em desenho técnico. Então, até aqui vimos as 
diferenças básicas e as vantagens e desvantagensde se utilizar desenho feito 
à mão ou com auxílio de um computador. Vimos também as razões pelas quais 
é importante a normatização do desenho técnico e, por último, estudamos 
com mais detalhes algumas normas básicas para desenho técnico.
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT14
Referências 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10068:1987. Folha de desenho: 
leiaute e dimensões. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8403:1984. Aplicação de 
linhas em desenhos: tipos de linhas: larguras das linhas: procedimento. Rio de Janeiro: 
ABNT, 1984.
BARETA, D. R.; WEBBER, J. Fundamentos de desenho técnico mecânico. Caxias do Sul: 
EDUCS, 2010.
CRUZ, M. D. Desenho técnico para mecânica: conceitos, leitura e interpretação. 
São Paulo: Érica, 2010.
LEAD. Uma breve história da ISO. [S. l.]: LEAD, 2017. Disponível em https://br.lead.
bureauveritas.com/uma-breve-historia-da-iso. Acesso em: 6 jul. 2022.
PACHECO, B. A.; SOUZA-CONCÍLIO, I. A.; PESSÔA FILHO, J. Desenho técnico. Curitiba: 
InterSaberes, 2017.
RIBEIRO, A. C.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Curso de desenho técnico e Autocad. São Paulo: 
Pearson, 2013.
SOARES, C. C. P. Uma abordagem histórica e científica das técnicas de representação 
gráfica. Rio de Janeiro: UFRJ, 2007.
Leituras recomendadas
LEAKE, J. M.; BORGERSON, J. L. Manual de desenho técnico para engenharia: desenho, 
modelagem e visualização. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
MICELI, M. T.; FERREIRA, P. Desenho técnico básico. 4. ed. São Paulo: Imperial Novo 
Milênio, 2008.
SILVA, A. et al. Desenho técnico moderno. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017
Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 15

Mais conteúdos dessa disciplina