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DESENHO TÉCNICO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Diferenciar as características do desenho técnico manual e do assistido por computador. > Explicar o motivo da padronização do desenho técnico. > Identificar algumas normas da ABNT que normalizam os desenhos téc- nicos. Introdução O desenho técnico é um modo formal e acurado de fornecer informações e características da geometria e da dimensão de objetos físicos e/ou ideias. Na área da engenharia, sua função é representar máquinas, peças, equipa- mentos, etc.; em arquitetura, é utilizado para colocar no papel representações de plantas de construções e designs de interiores; e na parte dos estudos de elétrica e eletrônica, o desenho técnico é usado para representar esquemas elétricos, circuitos, etc. (CRUZ, 2010). Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT Antonio dos Reis de Faria Neto Independente da aplicação, o desenho técnico é todo padronizado, desde a forma e a espessura das linhas para construção do desenho até a simbologia para representação de dimensões e informações relevantes. Ele pode ser realizado à mão por projetistas, que precisam dominar as mais variadas técnicas e o manu- seio de instrumentos como réguas e compassos, por exemplo, e ter conhecimento “de cabeça” das normas que regem cada detalhe. Com o desenvolvimento da tecnologia, diversas ferramentas computacionais ganharam destaque na confecção de desenhos técnicos, porém o conhecimento das normas e dos conceitos básicos ainda é fundamental para seu entendimento (CRUZ, 2010). Neste capítulo, você vai estudar as características fundamentais do desenho técnico manual e assistido por computador, além das principais vantagens e desvantagens de cada um. Além disso, vai poder entender o motivo da padro- nização do desenho técnico e por que isso é fundamental para a indústria nos dias de hoje. Por fim, vai ser apresentado a algumas normas técnicas da ABNT que regem os fundamentos do desenho técnico. Desenho técnico manual × assistido por computador O desenho O desenho pode ser considerado uma expressão da arte que, por meio de linhas e traços, dá forma a representações, ideias e/ou conceitos. Além disso, o desenho representa uma linguagem — com o objetivo de expressar as formas e ideias — universal, usada desde os primórdios da humanidade e que é um dos recursos mais importantes de comunicação não verbal (PACHECO; SOU- ZA-CONCÍLIO; PÊSSOA FILHO, 2017). O desenho foi um percursor da linguagem escrita, acompanhando a evolução da humanidade e sendo utilizado com diversos objetivos ao longo da história. Podemos citar o caráter descritivo dos desenhos rupestres dos homens das cavernas e os hieróglifos feitos pelos egípcios para descrever o dia a dia da comunidade, conforme Figuras 1a e 1b. O desenho ganhou conotação artística quando passou a valorizar a estética e a forma — por exemplo, os quadros renascentistas e os desenhos gregos destacando a estética humana (Figuras 1c e 1d). Com o desenvolvimento das comunidades e das tecnologias, o desenho passou conter informações técnicas acerca de algum equipamento e/ou processo — o que chamamos de desenho técnico. É um desenho mais elaborado, que tem o intuito de passar alguma informação — como nas Figuras 1e, que mostra uma das primeiras Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT2 máquinas elaboradas por Leonardo da Vinci, e 1f, que apresenta um desenho de uma planta de um imóvel (BARETA; WEBBER, 2010). O desenho técnico Assim como o inglês, as linguagens de programação e até mesmo a matemática, com suas equações e funções, o desenho técnico é uma linguagem universal, o que significada que um desenho feito no Brasil precisa ser perfeitamente entendido e interpretado em qualquer lugar do mundo. O desenho técnico é uma linguagem gráfica industrial, que tem por finalidade a representação de formas, posições de objetos e dimensões. Composto por linhas, números, simbologia própria e indicações de escritas normalizadas internacionalmente, ele pode ser definido como a linguagem gráfica universal da engenharia e da arquitetura. Sua origem está na geometria descritiva — ciência que objetiva representar no plano os objetos tridimensionais. Figura 1. (a) Desenho descritivo pré-histórico; (b) desenho descritivo egípcio; (c) dese- nho artístico renascentista; (d) desenho artístico grego; (e) desenho técnico de da Vinci; (f) desenho técnico arquitetônico/engenharia. Fonte: (a) LoggaWiggler/pixabay.com, (b) AlexPee07/pixabay.com, (c) janeb13/pixabay.com, (d) cocoparisienne/pixabay.com, (e) biggerthanpluto/pixabay.com, (f) 3844328/pixabay.com. A B DC E F Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 3 Assim como as demais linguagens mencionadas, a linguagem gráfica do desenho técnico exige uma alfabetização, ou seja, um treinamento específico, sobretudo pelo fato de que figuras tridimensionais (espaciais) são represen- tadas no plano por figuras bidimensionais (planas). Por exemplo, na Figura 2a, observa-se uma sequência de três quadrados; uma pessoa leiga consegue fazer essa interpretação ao analisar a imagem. No entanto, na Figura 2b, vemos um cubo, que é o desenho representado na Figura 2a. Figura 2. (a) Desenho técnico de um cubo mostrando três quadrados, interpretação possível para pessoas não alfabetizadas em desenho técnico. (b) Desenho espacial de um cubo. A B Para conseguir representar a forma do cubo a partir dos quadrados repre- sentados na Figura 2a, antes de tudo é necessário conhecer a metodologia utilizada para representação de figuras espaciais no plano. Essa habilidade de visualização é chamada de visão espacial. Algumas pessoas têm facilidade de identificar e conceber esses desenhos em três dimensões a partir das figuras planas. No entanto, para aqueles que não têm a visão espacial, ela é totalmente treinável, ou seja, é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Após o exposto, podemos definir que a finalidade do desenho técnico é a representação no plano de formas tridimensionais, de modo que o obser- vador possa reconstruir essa forma tridimensional a partir da leitura técnica do desenho (BARETA; WEBBER, 2010). Diferentemente do desenho artístico, o desenho técnico não pode permitir dupla interpretação, ou seja, ao olhar e interpretar um desenho técnico, apenas uma conclusão deve aparecer, o que não acontece com o outro tipo de desenho, o qual apresenta interpre- tações subjetivas, de caráter pessoal, dos observadores do desenho (BARETA; WEBBER, 2010). Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT4 Uma das características do desenho técnico manual é a utilização de uten- sílios para auxiliar o desenhista/projetista na confecção. Dentre os diversos materiais, podemos citar (CRUZ, 2010): � lapiseira e lápis: ■ recomenda-se as lapiseiras com grafite 0,7 mm e 0,5 mm ou 0,5 mm e 0,3 mm; ■ já com relação aos lápis, é recomendada a utilização de grafites HB e H ou F e 2H. Para esse utensílio, os grafites 9H, 8H, 7H, 6H, 5H e 4H são mais duros; 3H, 2H, H, F, HB e B são de dureza média; e 2B, 3B, 4B, 5B, 6B e 7B são os lápis que apresentam grafite macio; � borracha; � esquadros — de 30°, 45° e 60°; � régua; � escalímetro; � compasso. Além disso, nessa modalidade de desenho, são necessários muito cuidado e atenção com relação à limpeza do local de trabalho para que não suje o desenho técnico. Para tanto, as mãos devem estar limpas, e lápis e lapiseiras bem apontados, para que não haja necessidade de apontá-los durante o tra- balho — se houver, nunca fazer sobre a mesa de trabalho, para evitar manchas com os resíduos de grafite. É necessário que a borracha seja pouco utilizada, e as partículas devem ser removidas da área de trabalho com auxílio de uma flanela. Manter os utensílios, como réguas, escalímetros e esquadros, o mais limpos possível para evitar manchar o desenho quando utilizados (CRUZ, 2010). A Figura 3 apresentaa ilustração dos materiais básicos utilizados para realização do desenho técnico à mão. Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 5 Figura 3. Instrumentos para desenho: (a) lápis, lapiseira e borracha; (b) compasso; (c) es- quadro; (d) régua. Fonte: (a) caffeinesystem/pixabay.com, (b) OpenClipart-Vectors/pixabay.com, (c) OpenClipart- -Vectors/pixabay.com, (d) OpenClipart-Vectors/pixabay.com. A B C D A Figura 3 apresenta alguns materiais necessários para realização do desenho técnico, e, com isso, conseguimos apontar uma grande desvantagem desse método. O desenho técnico realizado à mão depende da qualidade dos materiais empregados — lápis, lapiseira, réguas, etc. —, além, é claro, da habilidade do desenhista. Desenho técnico auxiliado por computador Antes de apontar as características do desenho técnico auxiliado por com- putador, precisamos apresentar a sigla CAD (computer aided design) ou, em português, desenho assistido por computador. Os softwares responsáveis por criar desenhos técnicos fazem parte do conjunto de CAD. Existem vários softwares famosos para criação de desenho técnico, como o AutoCad — talvez o mais famoso entre eles; SolidWorks, CATIA, Autodesk Inventor, SolidEdge, entre outros. Todos estes são softwares com os quais realizamos procedi- mentos para desenhos em duas ou três dimensões (CRUZ, 2010; RIBEIRO; PEREZ; IZIDORO, 2013). Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT6 As vantagens de criar desenhos técnicos utilizando softwares em vez de fazê-los à mão encontra-se na maior rapidez com que se faz projetos e peças mais complexas; na precisão das dimensões e de detalhes nos desenhos; na compatibilidade, já que os softwares produzem desenhos padronizados; no armazenamento virtual, entre outros. As desvantagens são que o desenhista/ projetista necessitará de conhecimentos de informática e específicos do próprio software a ser utilizado e que há um custo de aquisição da licença e do software para utilização. Portanto, nos dias atuais, a utilização do desenho técnico à mão encon- tra-se na aprendizagem das padronizações e normas de desenho técnico e na habilidade de interpretação de desenho técnico, além da confecção de croquis e projetos iniciais. A Figura 4 apresenta uma parte de uma tela de trabalho de um software para desenho técnico. Figura 4. Parte da tela inicial de um software para desenho técnico. Observe na Figura 4 que, com a utilização do software, os materiais antes utilizados no desenho técnico à mão — lápis/lapiseira, régua e compasso, por exemplo — são substituídos por funções disponíveis a um clique no mouse. Para se traçar uma linha reta, por exemplo, basta que o desenhista/projetista clique na função line. Além disso, os comandos para dimensão podem ser Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 7 inseridos pelo teclado do computador, e o software disponibiliza opções de linha (contínua, tracejada, etc.) e cor. Nesta seção, você foi apresentado ao conceito de desenho, passando por todas as suas funções ao longo da história, até chegarmos ao desenho técnico. Foram mostrados os aspectos do desenho técnico e os materiais necessários para sua realização e feita a comparação com o desenho técnico realizado com auxílio de softwares. Para que isso fosse possível — utilização de softwares —, na confecção de desenhos técnicos é necessária uma padronização do desenho. Vamos agora estudar o porquê da padronização do desenho técnico e quando ela surgiu. Padronização do desenho técnico Impulsionado pela Revolução Industrial, que trouxe o advento das máquinas para a sociedade, o desenho técnico ganhou importância e começou a ser tratado como disciplina científica. De acordo com Soares (2007), em conjunto com o desenho geométrico e com a geometria projetiva e a descritiva, formou- -se uma linguagem visual de caráter universal por meio da qual o projetista disponibiliza informações para que o fabricante consiga realizar a construção do objeto. Para isto, um complexo sistema de normas deve ser seguido pelo desenhista e pelo fabricante, o primeiro na confecção do desenho e o segundo na sua interpretação. A importância do desenho técnico tornou-se tão grande para a expressão gráfica dos projetos que todos os países industrializados regularam, por meio de normas técnicas oficiais e não apenas acadêmicas, a sua elaboração. Para lançar o desenho técnico como uma linguagem gráfica internacional, foi necessário padronizar seus procedimentos por meio da elaboração de normas técnicas, provenientes de um esforço coletivo dos interessados em estabelecer uma simbologia técnica para regular as relações entre produtores e consumidores. Cada país elabora suas normas técnicas, e estas são aca- tadas por todos que desejam parcerias comerciais com aquele país. No caso do Brasil, as normas são reguladas e editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), fundada em 1940 (RIBEIRO; PEREZ; IZIDORO, 2013). Após a Segunda Guerra Mundial, o mercado passou a se globalizar, ou seja, as nações começaram a cada vez mais importar e exportar produtos. Uma reflexão sobre essa mudança de comportamento é mostrada na Figura 5. Naturalmente, a necessidade de obtenção de peças para manutenção em má- quinas importadas passou a ocorrer; então, para favorecer o desenvolvimento da padronização internacional e facilitar o intercâmbio de produtos e serviços Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT8 comercializados pelo mundo, em 1947 os países se reuniram em Londres e criaram uma organização internacional para cuidar das padronizações — a Organização Internacional de Normalização (International Organization for Standardization [ISO]). A ISO avalia uma norma proposta por um país e a torna uma norma internacional, ou seja, os produtores daquele produto ou processo devem seguir aquela norma para que o produto possa ser utilizado entre todos os países que seguem o órgão (RIBEIRO; PEREZ; IZIDORO, 2013). A necessidade de definir padrões internacionais está diretamente ligada à globalização das relações comerciais, ocorrida, principal- mente, após a Segunda Guerra. Essa necessidade se encontra no fato de que um produto fabricado pode atender aos requisitos de padrões em um determinado país e não atender a outro, prejudicando a sua comercialização. Foi em razão disso que surgiu a ISO. No entanto, antes disso, em 1926, essa organização foi criada como Federação Internacional das Associações Nacionais de Padronização (ISA), com o intuito de elaborar padrões no campo da mecânica, e foi disseminada prin- cipalmente durante a Segunda Guerra Mundial, em decorrência da necessidade de maquinário, manutenção em armamento, veículos, etc. — em resumo, devido à necessidade de intercâmbio da indústria bélica. Em 1946, 25 países se reuniram em Londres para fomentar a criação de uma nova organização internacional de padrões, então em 1947 a ISO foi criada e iniciou o seu trabalho. Além do significado da sigla, ISO é derivado da palavra grega isos, que significa igual. Nos dias atuais, a organização conta com mais de 165 países membros e mais de 3.000 órgãos técnicos responsáveis pelo desenvolvimento de padrões. Sua base é em Genebra, na Suíça, e é uma organização independente e não gover- namental que auxilia no comércio de bens e serviços entre os países. Durante os primeiros 40 anos de operação, a organização focou os seus esforços na normatização de produtos e tecnologias. No entanto, na década de 1980, a ISO iniciou o desenvolvimento de padrões de processos, e o primeiro deles ficou conhecido como ISO 9000 (LEAD, 2017). A Figura 5 traz uma reflexão sobre a necessidade de implantação de uma normatização para, além de favorecer o comércio global, produzir um entendimento amplo entre as empresas produtoras de máquinas e elementos mecânicos. Suponha que uma empresa que produz um motor, mas não necessariamenteproduz os parafusos que vão prender o motor. Após produzido o motor, ela compra parafusos de outra empresa, e estes não con- seguem entrar nos furos do motor, seja por problemas de dimensão ou devido aos filetes das roscas do parafuso e do furo serem diferentes. Ou então, que a empresa de parafusos atende a uma empresa específica que produz motores, mas não consegue atender à outra, pois o padrão é diferente. Ou, ainda, que Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 9 você tenha uma empresa no Brasil, compra uma máquina alemã e, ao precisar consertá-la, só encontra peças no padrão americano; seria necessário enviar ou encomendar peças diretamente da Alemanha, o que aumentaria o custo e o prazo da manutenção. Por esses e outros motivos, a padronização passou a ser uma necessidade no mundo globalizado e teve um grande impulso durante a guerra, pois as nações que lutavam juntas — por exemplo, Estados Unidos e Reino Unido — precisavam compartilhar equipamentos e máquinas e conseguir realizar manutenções e trocar peças eventualmente. Figura 5. Sala de máquinas de um navio de guerra. Fonte: GregoryButler/pixabay.com. Nesta seção, você pôde entender a necessidade de se padronizar os pro- dutos e processos, ainda mais com o advento da globalização. Também foi vista a criação do órgão que administra essas padronizações — ISO. Agora é necessário conhecer algumas normas básicas para desenho técnico, o que será mostrado na próxima seção. Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT10 Normas para desenho técnico No Brasil, as normas técnicas que regulam o desenho técnico são editadas pela ABNT e são registradas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) como normas brasileiras (NBR). Elas estão completamente de acordo com as normas internacionais aprovadas pela ISO (RIBEIRO; PEREZ; IZIDORO, 2013). Os procedimentos para realização de desenhos técnicos aparecem em normas gerais, que normatizam desde a denominação e classificação dos desenhos até as formas de representação gráfica; alguns casos são a NBR 5984 – Norma Geral do Desenho Técnico e a NBR 6402 – Execução de Desenho Técnicos de Máquinas e Estruturas Metálicas, que abordam o dese- nho técnico desses elementos de forma geral. Existem também aquelas que tratam de assuntos específicos e são fundamentais para o bom desempenho da função do projetista no dia a dia de trabalho (RIBEIRO; PEREZ; IZIDORO, 2013). No Quadro 1, a seguir, é mostrado um resumo das principais normas específicas para desenho técnico. Quadro 1. Normas específicas para desenho técnico NBR 10647 Desenho Técnico – Norma Geral NBR 10068 Folha de Desenho — Layout e Dimensões NBR 10582 Apresentação da Folha para Desenho Técnico NBR 13142 Desenho Técnico — Dobramento de Cópias NBR 8402 Execução de Caracteres para Escrita em Desenhos Técnicos NBR 8403 Aplicação de Linhas em Desenhos NBR 10067 Princípios Gerais de Representação em Desenho Técnico NBR 8196 Desenho Técnico — Emprego de Escalas NBR 12298 Representação de Área de Corte por meio de Hachuras em Desenho Técnico NBR 10126 Cotagem em Desenho Técnico NBR 8404 Indicação do Estado de Superfície em Desenhos Técnicos NBR 6158 Sistema de Tolerância e Ajustes (Continua) Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 11 NBR 8993 Representação Convencional de Partes Roscadas em Desenho Técnico NBR 6409 Normaliza a execução dos desenhos de eletrônica NBR 6492 Normaliza a representação de projetos de arquitetura NBR 7191 Normaliza a execução de desenhos para obras de concreto simples ou armado NBR 11534 Normaliza a representação de engrenagens em desenho técnico A norma ABNT NBR 10647:1989 estabelece os termos empregados em desenho técnico. Ela define os tipos de desenho com relação aos aspectos geométricos — desenhos projetivos e não projetivos — e o grau de elaboração — esboço e desenhos preliminares e definitivos. Além disso, ela diz respeito ao grau de detalhamento — desenho de detalhes e conjuntos — e disserta acerca da forma de execução — à mão livre ou utilizando software (RIBEIRO; PEREZ; IZIDORO, 2013). A norma ABNT NBR 10068:1987 estabelece um padrão de dimensões das folhas usadas na confecção dos desenhos e define um layout (Figura 6a), além das medidas das margens e legenda. Nessa norma, é estabelecido que as folhas podem ser utilizadas tanto na posição vertical quanto na horizontal. Além disso, o tamanho da folha é normatizado de acordo com a série A — sendo o formato A0 como máximo e A4 como mínimo (Figura 6b). O desenho deve ser executado no menor formato possível, desde que não prejudique a interpretação (RIBEIRO; PEREZ; IZIDORO, 2013). As dimensões da série A, em milímetros, são: � A0 = 841 × 1189; � A1 = 594 × 841; � A2 = 420 × 594; � A3 = 295 × 420; � A4 = 210 × 297. Além dessas informações, a margem também é padronizada na ABNT NBR 10068:1987. Aqui vamos nos limitar à folha padrão A4, que deve possuir 25 mm de margem esquerda e 7 mm de margem direita, e essa margem deve ser feita com uma linha contínua de 0,5 mm de espessura. (Continuação) Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT12 A norma NBR 10582 – Apresentação da folha para Desenho Técnico diz respeito ao posicionamento dos elementos na folha e principalmente trata sobre a legenda. Figura 6. (a) Layout da folha de desenho; (b) folha A0 e formatos derivados. Fonte: Adaptada de Cruz (2010). A B A2 A1 A4 A3 A4 84 0 1.189 A Norma ABNT NBR 8403:1984 estabelece padrões para a utilização de linhas no desenho técnico, como mostrado na Figura 7. Observe que, para um desenho realizado à mão, é necessária muita habilidade ao desenhista para diferenciar as espessuras das linhas, além da utilização de diversos materiais de apoio. Aqui está mostrada uma das vantagens, talvez uma das maiores, da utilização de softwares de desenhos. Quando pedimos para o programa fazer uma linha, esta já vem no padrão da NBR, tanto em relação à sua espessura como à sua aplicação, ou seja, as normatizações de linhas, cotas e letras já são automáticas dentro do software. As demais normas devem ser apresentadas à medida que o desenhista/ projetista for avançando com os conhecimentos em desenho técnico, como, por exemplo, a inserção de cotas, que nada mais é do que as dimensões do desenho, hachuras, cortes, etc. Qualquer representação ou detalhe em desenho técnico é normatizada, conforme pudemos observar. Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT 13 Figura 7. NBR 8403 – Aplicação de Linhas em Desenhos. Fonte: Adaptada de Cruz (2010) e Associação Brasileira de Normas Técnicas (1984). Linha Denominação Aplicação Contínua larga Contínua estreita Contínua estreita a mão livre Contínua estreita em zigue-zague Tracejada larga Traço e ponto estreita Traço e ponto estreita, larga extremidades e na mudança de direção Traço e ponto larga Traço dois pontos estreita Contornos visíveis Arestas visíveis Linhas de interseção imaginárias Linhas de cotas Linhas auxiliares Linhas de chamadas Hachuras Contornos de seções rebatidas na própria vista Linhas de centros curtas Limites de vistas ou cortes parciais ou inter- rompidas se o limite não coincidir com linhas, traço e ponto Essa linha se destina a desenhos confeccionados por máquinas Contornos não visíveis Arestas não visíveis Linhas de centro Linhas de simetria Trajetórias Planos de corte Indicação das linhas ou superfícies com indicação especial Contornos de peças adjacentes Posição limite de peças móveis Linhas e centro de gravidade Cantos antes da conformação Detalhes situados antes do plano de corte Nesta seção, vimos algumas normas básicas para desenho técnico. As demais normas, o projetista/desenhista precisa conhecer conforme for adquirindo conhecimentos em desenho técnico. Então, até aqui vimos as diferenças básicas e as vantagens e desvantagensde se utilizar desenho feito à mão ou com auxílio de um computador. Vimos também as razões pelas quais é importante a normatização do desenho técnico e, por último, estudamos com mais detalhes algumas normas básicas para desenho técnico. Desenho técnico: formas de elaboração, padronização e normas da ABNT14 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10068:1987. Folha de desenho: leiaute e dimensões. Rio de Janeiro: ABNT, 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8403:1984. Aplicação de linhas em desenhos: tipos de linhas: larguras das linhas: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1984. BARETA, D. R.; WEBBER, J. Fundamentos de desenho técnico mecânico. Caxias do Sul: EDUCS, 2010. CRUZ, M. D. Desenho técnico para mecânica: conceitos, leitura e interpretação. 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