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Universidade Estadual Do Centro-Oeste Do Paraná – UNICENTRO Departamento de Química - DEQ Caso Motivador 2: Transformação Sustentável Na Produção De Papel E Celulose Nome: Melissa Silverio Da Rosa 1. Conhecer E Compreender Método De Produção Tradicional X Inovador Polpação é o processo utilizado para transformar a madeira em uma massa de fibras individualizadas. Consiste na ruptura das ligações entre as fibras no interior da estrutura da madeira. Separação das fibras → quimicamente, mecanicamente ou combinação dos dois métodos. Métodos Mecânicos: Um processo simples e barato, mas que produz uma polpa de baixa qualidade. É utilizado para fabricar papéis de baixo custo e vida útil curta. Para melhorar as propriedades do papel, é comum misturar essa polpa com fibras de maior qualidade, obtidas por processos químicos. A maioria dos constituintes da madeira permanece na pasta fibrosa. O moinho de pedra é o instrumento mais antigo para a conversão de madeira em polpa. De modo geral, toras de madeira descascadas são pressionadas paralelamente às pedras de moagem em rotação, enquanto água é acrescentada à zona de moagem. O atrito na zona de moagem pode aumentar a temperatura a 150-190 °C. O processo de moagem desfibrila a superfície da madeira, refinando as fibras e reduzindo o tamanho dos aglomerados de fibras. Obtém-se alto rendimento (85 a 95%), porém o papel obtido é pouco resistente, tornando-se necessário misturar fibras longas produzidas por processos químicos. Outras desvantagens são a rápida e fácil descoloração do material e o alto consumo de energia. A pasta de madeira moída é um material praticamente não-deslignificado, portanto, sofre amarelamento com o tempo, sendo utilizado em aplicações temporárias, como papel-jornal, catálogos, revistas, papel higiênico e papelão. A pasta de madeira moída é utilizada pura como material fibroso apenas em papéis de baixa qualidade. Em papel-jornal, por exemplo, é adicionada 15-20% de pasta obtida em processos químicos, para atingir qualidade aceitável para impressão. Modificações do processo de moagem tradicional incluem pré-tratamento com vapor, produtos químicos e, mais recentemente, a moagem sob pressão. Estes processos objetivam a redução do consumo de energia e melhoramento das propriedades dos materiais, especialmente de madeiras duras. Métodos Químicos: O processo Kraft é o processo de polpação mais importante e mais utilizado na indústria de papel. A pasta de celulose Kraft, além de ser obtida com alto rendimento e com propriedades superiores, possui as seguintes vantagens: baixa demanda em espécies de plantas, podendo ser utilizadas madeiras moles, duras, com altos teores de extrativos ou resíduos de casca; tempos de cozimento curtos; é um processo bem estabelecido no que diz respeito a gasto de licor, recuperação dos reagentes, geração de calor de processo, e produção de coprodutos. As principais desvantagens estão relacionadas a problemas com o mau cheiro, a coloração escura das polpas não branqueadas e aos enormes custos para a instalação dos moinhos. 1.1 https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/137603/1/doc-18.pdf 2. Estudar Propriedades Dos Insumos A celulose é um homopolímero natural (poli-β(1,4) D-glucose), não ramificado, fibroso, com configuração sindiotática e insolúvel em água. Esse é o material natural mais abundante no reino vegetal e o principal componente da madeira e das fibras vegetais. Ele é composto de unidades de (β) D-glucopiranose, unidas através de ligações glicosídicas entre os carbonos 1 e 4. Madeira: Possui uma composição química aproximada de 50% de celulose, 20% de hemiceluloses, de 15 a 35% de lignina e até 10% de constituintes menores. Densidade básica: apresentam valores entre 0,40 e 0,55 g/cm3, pois madeiras com densidade inferior a 0,40 levam a redução de rendimento, maior consumo de reagentes e elevado teor de rejeitos, enquanto que densidades superiores a 0,55 apresentam maior dificuldade de picagem das toras, o que acarreta além do maior desgaste das facas picadoras, maior proporção de cavacos de grandes dimensões, dificultando a impregnação do licor nestes e levando a uma menor produção de polpa depurada. Teor de umidade: recém cortada possui entre 40 e 60 % de umidade, mas quando armazenada perde umidade para o ar até alcançar o equilíbrio que é entre 10 e 15%. A madeira seca proporciona redução do ataque por fungos e insetos, contudo a diminuição da umidade resulta no endurecimento da madeira, o que aumenta a resistência ao desfibramento. Quanto maior o volume de água, menor a quantidade dos demais elementos químicos presentes na madeira, tais como a celulose, a hemicelulose e a lignina. Química: A constituição química da madeira é classificada pelos componentes fundamentais que são os constituintes macromoleculares como celulose, hemiceluloses e a lignina, que representam cerca de 95% da estrutura total da madeira. Os outros 5% são classificados como compostos que não formam parte essencial da estrutura da madeira, denominados extrativos. 2.1 0104-8899-libre.pdf (d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net) 3. CC Os Impactos Ambientais Considera-se a indústria de papel e celulose um setor de alto impacto ambiental, uma vez que lida diretamente com a flora para obter sua matéria prima. Desde o plantio das sementes, preparação do solo, desmatamento até a extração do insumo da celulose, há diversos pontos de grande interferência no ecossistema. O alto consumo de água e energia e a falta de otimização das operações envolvidas, também podem representar empecilhos ambientais para o setor. Descargas de poluentes na atmosfera e em corpos líquidos, geração de ruídos. Poluentes atmosféricos O processo Kraft, em especial, é potencialmente danoso ao meio ambiente dada a poluição atmosférica decorrente da emissão de dióxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio, material particulado e compostos orgânicos tóxicos (cloro e sulfetos de hidrogênio), bem como em razão da disposição inadequada e posterior lixiviação dos seus resíduos. Além do uso intensivo da água o processo utiliza grandes quantidades de produtos químicos para degradação da lignina e branqueamento da polpa que também gera emissões atmosféricas poluidoras. A recuperação de produtos químicos, vaporação, caldeiras (recuperação, biomassa e auxiliares), forno de cal e secagem da polpa também proporcionam elevada quantidade de emissões atmosféricas prejudiciais ao meio ambiente. A tabela a seguir, apresenta os principais poluentes atmosféricos e suas respectivas fontes geradoras, na indústria de papel e celulose: Resíduos Sólidos A indústria de papel e celulose também gera resíduos sólidos constituídos de alto teor de matéria orgânica, sobre tudo, de fibras celulósicas. Os resíduos inorgânicos principais são os dregs, grits e lama de cal do processo de recuperação 3.1https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3742/1/1983%20RSP%20ano40%20v111 %20n4%20Out-Dez%20p.141-146.pdf 4. Pesquisar a regulamentação A produção de papel e celulose é um setor industrial que exige um alto nível de regulamentação devido aos seus impactos ambientais e sociais. As normas e leis que regem essa indústria visam garantir a sustentabilidade, a segurança dos trabalhadores e a qualidade dos produtos. Licenciamento Ambiental: É obrigatório para qualquer empresa que utilize recursos naturais e gere efluentes. As licenças ambientais estabelecem as condições para o funcionamento da indústria, incluindo limites para a emissão de poluentes, consumo de água e geração de resíduos. Instituído pela Lei Federal 6.938/1981, pelas Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97 e pela Lei Complementar nº 140/2011, o licenciamento ambiental é uma ferramenta de gestão pública que tem como objetivo dar permissões sobre a localização e as atividadeshumanas realizadas por uma empresa. 4.1 https://projetoambiental.com.br/licenciamento-ambiental-porque-voce-deve-se- importar/#:~:text=Para%20obter%20a%20Licen%C3%A7a%20Ambiental,desde%20dete n%C3%A7%C3%A3o%20a%20multas%20pesad%C3%ADssimas. Código Florestal: Estabelece as regras para o uso da vegetação nativa, incluindo o plantio de florestas para suprir a demanda da indústria de celulose. A Reposição deve ser feita por pessoas físicas ou jurídicas que explorem, utilizem, consumam ou transformem produtos ou subprodutos de origem florestal. De acordo com a Lei Estadual nº 10.780/2001 no seu Artigo 1.º – “Ficam obrigadas à reposição florestal as pessoas físicas ou jurídicas que explorem, suprimam, utilizem, consumam ou transformem produtos ou subprodutos florestais”. 4.2 https://semil.sp.gov.br/sma/reposicao- florestal/#:~:text=A%20Reposi%C3%A7%C3%A3o%20Florestal%20%C3%A9%20exigida,da%20con stru%C3%A7%C3%A3o%20civil;%20entre%20outros.&text=Confira%20na%20rela%C3%A7%C3% A3o%20abaixo%20quais,consultados%20clicando%20na%20referida%20legisla%C3%A7%C3%A3o. &text=Quem%20deve%20fazer%20a%20Reposi%C3%A7%C3%A3o,a%20realizarem%20a%20Repos i%C3%A7%C3%A3o%20Florestal. A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, Lei Nº 12.305/2010 : Determina as diretrizes para a gestão integrada de resíduos sólidos, incentivando a reciclagem e a disposição final adequada dos resíduos gerados pela indústria. 4.3 https://engemausp.submissao.com.br/24/anais/arquivos/147.pdf?v=1728422285 Legislação sobre Produtos Químicos: Controla o uso de produtos químicos na produção de papel e celulose, visando minimizar os riscos à saúde humana e ao meio ambiente. O Projeto de Lei nº 4.069, de 2008, de autoria do Deputado Sr. Juvenil, proíbe a utilização de dióxido de cloro na produção de papel e determina que o branqueamento do mesmo deve ser realizado a partir do processo Chlorine free (TCF), que utiliza oxigênio, peróxido de hidrogênio e ozônio. 4.4 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=639712&fil ename=Avulso%20PL%204069/2008#:~:text=O%20Projeto%20de%20Lei%20n%C2 %BA,per%C3%B3xido%20de%20hidrog%C3%AAnio%20e%20oz%C3%B4nio. Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP): Promove práticas sustentáveis e certifica florestas para a produção de celulose e papel no Brasil; Lei de Florestas (Lei nº 11.428/2006): Estabelece diretrizes para a gestão e conservação das florestas no Brasil, incluindo a necessidade de licenças para desmatamento; Agência Nacional de Águas (ANA): Regula o uso e a qualidade da água, essencial para a produção de celulose e papel. 5. Pesquisar o que e como reciclar Reciclagem: A coleta e reprocessamento de produtos já utilizados diminui a necessidade de plantio e expansão das florestas artificiais. Assim como também diminuem a quantidade de resíduos descartados, já que estes produtos serão usados novamente no processo. Atualmente, existem diversas rotas consolidadas para a reciclagem do papel e outros produtos de origem celulósica. resíduos, a matéria orgânica sólida rejeitada apresenta grande potencial para compostagem e adubação, por vezes dos próprios solos utilizados para retirada de matéria prima e reflorestamento. Essa alternativa garante que os resíduos não haverá simplesmente descartes em aterros sanitários, fazendo com que se tornem fertilizantes úteis para a produção. os resíduos líquidos devem passar por uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), devido a sua capacidade de contaminação do ambiente. Isso se dá principalmente por conta da etapa de branqueamento da celulose, em que o papel é tingido com corantes que podem ser tóxicos ou poluentes. Portanto, outro conceito a ser repensado é a idéia do papel totalmente branco e uniforme, já que estas características só são obtidas a partir de etapas com possíveis danos ecológicos 5.1 Venha conferir as questões ambientais na indústria de papel e celulose (propeq.com) Estão sendo desenvolvidos visando o aproveitamento do alto teor de açúcar no licor preto do processo sulfito, para transformar em etanol por processos fermentativos. Casca e serragem: A casca e a serragem, além do fornecimento de energia para a própria fábrica, na queima da caldeira, são bastante usadas como compostagem. No caso da serragem, pode ser também é usada na fabricação de briquetes. Lodo primário: Proveniente do sistema primário do tratamento de efluentes. Possui em geral, 50 a 60 % de material orgânico, principalmente fibras de celulose. O lodo primário pode ser usado na confecção de blocos de cerâmica vermelha, pois, segundo estudos realizados, o uso do resíduo tem como vantagens, o enriquecimento da massa argilosa por um plastificante e devido à presença de celulose, contribui para a redução do consumo de combustível durante a etapa da queima. Quando misturado à casca, pode ser aproveitado na compostagem. Grits: Gerado na hidratação da cal da recuperação da lama de cal. É constituído areia, pedregulho, calcário e outras impurezas que não reagiram, podendo possuir, também, quantidades de CaO, Ca(OH), Na e CO. Usados para a estabilização química nas estradas florestais. Cinzas: é o resíduo inorgânico, produto da combustão de cavacos, cascas, etc. São ricas em potássio, o que as confere um grande potencial para reutilização e aplicação no solo como nutrientes para plantas. Lama de cal e Dregs: A lama de cal, extraída da caustificação do licor verde e o dregs, removido durante a clarificação do licor verde, podem ser usados como corretivos da acidez do solo. 6. Estudar novas tecnologias e custo beneficio Nanocelulose: A implementação de soluções digitais no setor de papel e celulose aumentou a produtividade em até 15% e reduziu os custos de manutenção em 30%. Processos automatizados, como sensores inteligentes e análise de dados em tempo real, otimizam a produção e minimizam o tempo de inatividade, resultando em maior eficiência geral. A Inteligência Artificial garante mais qualidade nessa inovação; alta qualidade nos processos e produtos, é indispensável realizar a manutenção preditiva de máquinas. Com a IA é possível agendar a manutenção preditiva das máquinas, prevenindo falhas no processo produtivo. Essa tecnologia também é interessante para a automação e redução do trabalho humano na configuração de sistemas. E por fim, com a utilização da IA, a indústria de papel e celulose é capaz de ter mais precisão e profundidade dos dados gerados por ela. 6.1 https://industriall.ai/blog/o-avanco-tecnologico-da-industria-de-papel-e-celulose Diante de um cenário de maior complexidade, demanda-se uma nova lógica de organização industrial, apresentada por meio da Industria 4.0. Este termo refere-se às tecnologias e conceitos da organização de valor, baseado em fábricas inteligentes e modulares conectadas por sistemas ciberfísicos. A Indústria 4.0 cria e articula fábricas inteligentes em um novo sistema produtivo e de comercialização gerando diferentes modelos de negócios A Indústria 4.0 possibilita a introdução de interfaces complexas na relação homem e máquina, detecção de fraudes, caracterização do perfil dos clientes e interação com a cadeia de valor em vários níveis. Segundo o IEL (2017), essa revolução pode ser compreendida por oito clusters tecnológicos que impactarão a indústria, constituindo-se por: a) Inteligência Artificial (IA), b) tecnologias de redes, c) Internet das Coisas (IoT, no acrônimo em inglês), d) Produção Inteligente e Conectada (PIC), e) materiais avançados, f) nanotecnologia, g) biotecnologia e bioprocessos e h) armazenamento de energia. 6.2 https://www.rasi.vr.uff.br/index.php/rasi/article/download/522/137/1692 Tamanho da empresa: Grandes empresas com maior capital podem investir em tecnologias mais complexas e personalizadas. Nível de investimento: Algumas tecnologias exigem investimentosiniciais mais elevados, mas podem gerar economias de escala a longo prazo. 7. Pesquisar novas fontes de matérias primas O uso de fibras não madeireiras possui diversas vantagens para a polpação. Estas podem requerer menor quantidade de químicos e tempo durante a polpação, há maior aproveitamento de resíduos, menor ciclo de produção, maior rendimento por hectare, além de serem materiais de baixo custo em muitos casos. As matérias-primas vegetais utilizadas para a produção de pasta celulósica são bastante variadas, tais como (no Brasil): Plantas anuais e resíduos agrícolas: babaçu, bagaço de cana de açúcar, bambu, linter de algodão, estopa de linho e sisal. Dois tipos de fibras não madeireiras que podem ser utilizados no Brasil para produção de celulose e papel são o bagaço de cana e o bambu. O bambu apresenta grande potencial agrícola e econômico, já que possui ciclo curto de produção (2-6 anos), rusticidade, fácil manejo, reprodução assexuada, alta produtividade (40- 60 t/ha/ano), além de suas fibras apresentarem excelentes propriedades físico-químicas e elevada resistência mecânica. 7.1 Avaliação das propriedades do bagaço de cana e bambu para produção de celulose e papel Madeiras: eucalipto, pinus, araucária, acácia e gmelina.