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REVISÃO PROVA CONSTITUCIONAL Constitucionalismo Contemporâneo O Constitucionalismo Contemporâneo surge no período pós-Segunda Guerra Mundial e está relacionado ao pós-positivismo. Esse movimento tem forte influência da Lei Fundamental Alemã (Grundgesetz), promulgada em 1949, após a queda do regime nazista, sendo um marco na reconstrução democrática da Alemanha e referência para diversos sistemas jurídicos modernos. Características do Constitucionalismo Contemporâneo 1. Dignidade Humana como Fundamento do Direito – A dignidade da pessoa humana passa a ser o princípio central da ordem jurídica. 2. Crítica à Legalidade Estrita – O direito não deve se restringir à mera aplicação formal das leis, mas sim interpretar normas à luz dos princípios. 3. Retorno Moral do Direito – O direito deve estar vinculado a valores morais e éticos, afastando o positivismo jurídico rígido. 4. Força Normativa da Constituição – A Constituição passa a ter supremacia sobre todas as outras normas e deve ser efetivamente aplicada. 5. Alargamento de Matérias Constitucionais – Ampliação do conteúdo das constituições, abrangendo direitos fundamentais, organização do Estado, ordem econômica e social. 6. Juridicização da Política – A política passa a ser regulada e limitada pelo direito constitucional. 7. Constitucionalização do Direito – O direito infraconstitucional deve estar sempre em conformidade com a Constituição. 8. Destaque da Jurisdição Constitucional – Fortalecimento do controle de constitucionalidade e do papel das cortes constitucionais. Dignidade Humana (Art. 1º, III, CF) A dignidade da pessoa humana é um princípio fundamental da Constituição Brasileira e possui três dimensões essenciais: • Qualidade intrínseca ao ser humano – Todos os indivíduos possuem dignidade pelo simples fato de serem humanos. • Complexo de direitos de defesa – A dignidade garante proteção contra qualquer ato degradante ou que afete a essência do ser humano. • Condições existenciais mínimas – A dignidade exige que o Estado e a sociedade assegurem um nível básico de condições de vida, como alimentação, moradia, saúde e educação. Comparação entre Constitucionalismo Clássico e Neoconstitucionalismo Constitucionalismo Clássico Representado pela tradicional pirâmide normativa de Hans Kelsen, onde a hierarquia das normas se organiza da seguinte forma: 1. Constituição 2. Leis 3. Decretos 4. Atos administrativos Esse modelo prioriza a legalidade estrita e o positivismo jurídico, no qual a Constituição serve apenas como um parâmetro formal para a criação de normas. Neoconstitucionalismo Surge com o fortalecimento da força normativa da Constituição e a inclusão de valores e princípios fundamentais como norteadores da interpretação jurídica. Sua pirâmide normativa tem a seguinte organização: 1. Constituição com valores e princípios fundamentais 2. Leis 3. Direitos 4. Atos administrativos A Constituição passa a ser norma suprema e material, orientando toda a interpretação jurídica e conferindo força vinculante aos princípios, especialmente a dignidade humana. Influência da Lei Fundamental Alemã A Lei Fundamental Alemã de 1949 foi um marco do neoconstitucionalismo e influenciou diversas constituições, incluindo a brasileira de 1988. Entre suas principais contribuições estão: • Princípios Fundamentais – Dignidade Humana como pilar central do ordenamento jurídico. • Atuação da Corte Constitucional – Tribunal que assegura a supremacia da Constituição e garante a aplicação dos direitos fundamentais. Constitucionalismo O Constitucionalismo é um movimento histórico, cultural, jurídico, político, filosófico e social que tem como principal objetivo a limitação do poder público e a garantia de direitos. A ideia central do constitucionalismo é a criação de um ordenamento jurídico que imponha regras ao Estado, impedindo abusos e protegendo os direitos fundamentais dos cidadãos. Constitucionalismo Antigo (Séc. XIII ao Séc. XVIII) O constitucionalismo antigo teve origem na Europa e se manifestou em diversos documentos históricos que estabeleceram limites ao poder dos governantes. Alguns dos mais importantes são: • Magna Carta (1215) – Documento assinado pelo rei João Sem Terra, na Inglaterra, que impôs limites ao poder do monarca e garantiu certos direitos aos barões. • Petition of Rights (1628) – Documento inglês que reforçou a necessidade de consentimento parlamentar para a cobrança de impostos e proibiu prisões arbitrárias. • Habeas Corpus Act (1679) – Lei britânica que garantiu proteção contra detenções ilegais, estabelecendo o direito de qualquer pessoa presa exigir uma justificativa legal para sua prisão. • Revolução Gloriosa (1688) – Movimento político que resultou na deposição do rei Jaime II da Inglaterra e na afirmação da soberania do Parlamento. • Bill of Rights (1689) – Documento inglês que estabeleceu a supremacia do Parlamento sobre o rei, garantindo direitos individuais e limitando o poder da Coroa. Constitucionalismo nos Estados Unidos (Séc. XVIII) Nos Estados Unidos, o constitucionalismo foi fortemente influenciado pelos ideais iluministas e pela luta pela independência: • Pacto do "Mayflower" (1620) – Primeiro acordo de autogoverno firmado pelos colonos ingleses na América. • Declaração de Virgínia (1776) – Documento que proclamou os direitos fundamentais dos cidadãos da Virgínia e serviu de base para a Declaração de Independência dos EUA. • Declaração da Independência dos EUA (1776) – Documento que formalizou a separação das Treze Colônias do domínio britânico. • Constituição dos Estados Unidos (1787) – Primeira constituição escrita da história, estabelecendo um governo baseado na separação dos poderes. • Bill of Rights dos EUA (1791) – Conjunto das dez primeiras emendas à Constituição dos EUA, garantindo liberdades individuais e restringindo o poder do governo. Constitucionalismo na França (Séc. XVIII e XIX) A França teve um papel central na evolução do constitucionalismo, principalmente durante a Revolução Francesa (1789-1799): • Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) – Proclamou os direitos fundamentais dos cidadãos franceses e influenciou diversas constituições ao redor do mundo. • Constituições Francesas: o 1791 – Primeira Constituição francesa, estabelecendo uma monarquia constitucional. o 1793 – Constituição jacobina, garantindo maior participação popular, mas nunca entrou em vigor. o 1799 – Constituição do Consulado, consolidando o poder de Napoleão Bonaparte. Constitucionalismo Moderno (Séc. XVIII em diante) O constitucionalismo moderno é dividido em dois momentos principais: 1. Liberal Clássico (Séc. XIX) o Caracterizado pela defesa da liberdade individual, propriedade privada e limitação do poder do Estado. o Direitos de Primeira Geração – Direitos civis e políticos, como liberdade de expressão, direito à vida e igualdade perante a lei. 2. Social (Séc. XX) o Resultado das lutas sociais por melhores condições de vida e trabalho. o Direitos de Segunda Geração – Direitos econômicos, sociais e culturais, como saúde, educação e trabalho digno. Constitucionalismo Contemporâneo (Pós-Segunda Guerra Mundial) Após a Segunda Guerra Mundial, o constitucionalismo passa a enfatizar a dignidade humana como princípio fundamental, garantindo a proteção dos direitos humanos e ampliando o papel da Constituição na organização social e política. Controle de Constitucionalidade O Controle de Constitucionalidade é o mecanismo jurídico utilizado para verificar a compatibilidade entre normas infraconstitucionais (leis e demais atos normativos) e a Constituição. Esse controle ocorre de maneira vertical (hierárquica), garantindo que as normas inferiores respeitem os princípios e disposições constitucionais. Bloco de Constitucionalidade O Bloco de Constitucionalidade compreende todas as normas que possuem status constitucional e servemcomo parâmetro para o controle de constitucionalidade. Ele é composto por: • CF (Constituição Federal) – Texto permanente e os Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). • Emendas Constitucionais (EC). • Tratados Internacionais de Direitos Humanos (TIDH) incorporados com força de emenda constitucional (art. 5º, § 3º da CF). Parâmetro e Objeto do Controle de Constitucionalidade • Parâmetro: Normas superiores usadas para aferir a constitucionalidade de outras normas. o CF, EC, leis complementares, tratados internacionais de direitos humanos, medidas provisórias etc. • Objeto: Normas que podem ser submetidas ao controle de constitucionalidade. o Decretos, regulamentos e outras normas infralegais. Inconstitucionalidades A inconstitucionalidade pode ocorrer por ação ou omissão, sendo classificadas da seguinte forma: 1. Inconstitucionalidade por Ação o Formal/Nomodinâmica: Ocorre quando há erro no processo legislativo, ou seja, uma norma é aprovada sem seguir os procedimentos exigidos pela Constituição. o Material/Nomostática: Ocorre quando o conteúdo da norma viola diretamente um princípio ou dispositivo constitucional. 2. Inconstitucionalidade por Omissão o Ocorre quando o legislador deixa de editar uma norma exigida pela Constituição, prejudicando direitos ou obrigações. o Exemplo: A não regulamentação do art. 37 da CF, que trata dos princípios da administração pública. Modalidades de Inconstitucionalidade 1. Orgânica: Quando uma norma é criada por um órgão incompetente para legislar sobre o tema. 2. Propriamente Dita: o Subjetiva: Vício de iniciativa (norma proposta por autoridade não competente). o Objetiva: Vício na tramitação do projeto de lei (erro no processo legislativo). 3. Violação de pressupostos do ato: o Análise da necessidade e relevância de medidas provisórias ou outros atos normativos. Aqui está a explicação detalhada do conteúdo da sua anotação sobre o Sistema Brasileiro de Controle de Constitucionalidade: Sistema Brasileiro de Controle de Constitucionalidade O Sistema de Controle de Constitucionalidade no Brasil é responsável por garantir que as normas infraconstitucionais estejam em conformidade com a Constituição Federal. Ele pode ser classificado em controle preventivo e controle repressivo, além de se dividir em controle judicial difuso e concentrado. 1. Controle Preventivo Ocorre antes da norma ser aprovada e promulgada, buscando impedir que um ato inconstitucional entre no ordenamento jurídico. • Poder Executivo (Regra) → Pode vetar projetos de lei por razões jurídicas (Veto Jurídico). • Poder Legislativo (Regra) → Atua por meio da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), avaliando a constitucionalidade das propostas antes da votação. • Poder Judiciário (Exceção) → Pode ser acionado para impedir a tramitação de uma norma por meio do Mandado de Segurança, geralmente contra decisões da mesa diretora ou das comissões parlamentares. 2. Controle Repressivo Ocorre após a norma ser aprovada e promulgada, sendo exercido para retirar do ordenamento jurídico leis e atos normativos inconstitucionais. • Poder Legislativo (Exceção) → Pode sustar atos normativos do Executivo, como leis delegadas e decretos. • Poder Executivo (Exceção) → Pode determinar a não aplicação de uma lei por meio de decreto. • Poder Judiciário (Regra) → Atua por meio do controle judicial de constitucionalidade, podendo declarar a norma inconstitucional. Controle Judicial da Constitucionalidade O controle judicial no Brasil pode ser difuso ou concentrado, com diferentes efeitos e formas de aplicação. 1. Controle Difuso • Surgiu nos EUA com o caso Marbury x Madison (1803). • Qualquer juiz ou tribunal pode exercer esse controle em casos concretos, ou seja, quando há uma disputa entre partes. • Efeitos: o Inter partes (vale apenas para as partes envolvidas no processo). o Ex tunc (efeito retroativo, anulando a norma desde sua origem). 2. Controle Concentrado • Origem na Áustria com Hans Kelsen. • Feito exclusivamente pelo STF em ações como: o ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) o ADC (Ação Declaratória de Constitucionalidade) o ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) • Efeitos: o Erga omnes (válido para todos). o Vinculante (todos os órgãos do Poder Público devem seguir). o Ex tunc ou ex nunc (pode ter efeito retroativo ou apenas a partir da decisão, dependendo da modulação dos efeitos). Pontos Importantes • Efeito Repristinatório → Quando uma norma inconstitucional é anulada, a norma anterior pode voltar a valer. • Súmula Vinculante → Tem efeito erga omnes, obrigando a aplicação uniforme da decisão em outros casos semelhantes. • Senado Federal → Pode suspender a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF (art. 52, X, CF). Aqui está a explicação detalhada das principais ações do Controle Concentrado de Constitucionalidade, conforme sua anotação: 1. Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) A ADI tem o objetivo de retirar do ordenamento jurídico normas que contrariem a Constituição Federal. Características: • Julgada exclusivamente pelo STF. • Ocorre de forma abstrata, ou seja, não precisa haver um caso concreto em discussão. • Legitimados (Art. 103 da CF): o Presidente da República. o Procurador-Geral da República (PGR). o Governadores dos Estados. o Mesas das Casas Legislativas (Câmara dos Deputados, Senado, Assembleias Legislativas e Câmara Legislativa do DF). o Entidades como o Conselho Federal da OAB, partidos políticos com representação no Congresso e confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional. • Efeitos da Decisão: o Se procedente → A norma é declarada inconstitucional e perde efeito. o Se improcedente → A norma é declarada constitucional e continua válida. o Erga omnes → A decisão vale para todos. o Efeito vinculante → Todos os órgãos públicos devem obedecer à decisão. o Ex tunc ou ex nunc → Pode retroagir (ex tunc) ou ter efeito a partir da decisão (ex nunc), dependendo da modulação dos efeitos pelo STF. 2. Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) A ADC tem a função oposta à ADI: serve para confirmar que uma norma está de acordo com a Constituição. Características: • Finalidade: Evitar incertezas jurídicas quando há decisões conflitantes sobre a constitucionalidade de uma norma. • Legitimados: Os mesmos da ADI (Art. 103 da CF). • Julgada pelo STF. • Efeitos: o Se procedente, a norma é declarada constitucional e deve ser aplicada por todos. o Se improcedente, pode gerar questionamentos sobre sua inconstitucionalidade. o Também possui efeito erga omnes e vinculante. 3. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) A ADPF é uma ação mais ampla, usada quando não há outro meio eficaz para evitar ou reparar lesão a preceitos fundamentais da Constituição. Características: • Pode ser usada contra atos normativos anteriores à Constituição. • Evita "vácuos" na proteção constitucional, permitindo questionar normas que não poderiam ser analisadas via ADI ou ADC. • Instrumento subsidiário: só pode ser usada quando não há outro meio processual eficaz. • Julgada pelo STF. • Efeitos: o Erga omnes e vinculante. o Pode ter efeito ex tunc ou ex nunc, conforme decisão do STF. Resumo das Diferenças Ação Objetivo Efeito ADI Declarar a inconstitucionalidade de uma norma Erga omnes, vinculante, pode ser ex tunc ou ex nunc ADC Declarar a constitucionalidade de uma norma Erga omnes, vinculante, pode ser ex tunc ou ex nunc ADPF Evitar lesão a preceitos fundamentais, quando não há outro meio adequado Erga omnes, vinculante, pode ser ex tunc ou ex nunc