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ENZIMAS BIOQUÍMICA Prof. Dr. Geovane Ribeiro dos Santos 1 célula ~ 6000 substâncias químicas METABOLISMO no reações químicas A maior parte do metabolismo é catalisada pelas enzimas que são denominadas catalisadores biológicos. Cerca de 25% de nossos genes codificam enzimas. A atividade enzimática em nosso organismo acontece à temperatura corporal é controlada por vários mecanismo. Mas, além da temperatura, existem outros fatores que podem interferir na atividade enzimática? Existem substancias que são capazes de inibir tal atividades. Como ocorrem, em termos bioquímicos, as inibições enzimáticas, e como os inibidores interferem nas suas atividades? Ambiente Químico Celular: - pH neutro - pressão - [ ] de reagentes - temperatura moderada ? ? ? - BIOCATALISADORES ENZIMAS Características das Enzimas - Afinidade específica pelo substrato - Baixa concentração intracelular a mesma enzima pode catalisar reações sequenciais modificando a estrutura de milhares de substratos em reações sucessivas - Regulação múltiplos mecanismos simultâneos de regulação da atividade enzimática (ativação ou inibição das reações) - Altíssima velocidade de catálise (agilidade química) Desestabilização do substrato A enzima não se modifica durante a reação que promove Afinidade Complexo Enzima _ Substrato Quebra da Ligação entre os Substratos para Ligação no Sítio Ativo Ocorre a Reação Molécula Liberada As são formadas por uma parte proteica, chamada de ( ) e outra parte não proteica, chamada de cofator ou coenzimas. O é uma molécula inorgânica, enquanto a , recebe a denominação de . Muitas coenzimas são relacionadas com as vitaminas. , é de ( ). Não proteico Grupo prostético Apoenzima x Holoenzima Ribozimas COFATOR * (íon metálico) Ex: Fe+++, Zn++, Cu++, Mn++ COENZIMA* (molécula orgânica) Ex: NADH2, NADPH2, FADH2 * nem sempre presentes PROTEÍNA Estrutura das Enzimas As ribozimas são moléculas de RNA que possuem a capacidade de atuar como catalisadores, ou seja, de diminuir a energia de ativação de uma reação de forma específica. Os grupos prostéticos são um subgrupo de cofatores; ao contrário das coenzimas, encontram-se ligados de forma permanente à proteína. A enzima chamada de apoenzima, está inativa. Enquanto holoenzima está na forma ativa. A + B ABH+ enzima A + B AB - cofator coenzima (-H+) coenzima enzima cofator - - doadores ou receptores de elementos químicos - modificam-se durante a reação química - termoestáveis - essenciais Cofator/Coenzima - esquema de classificação numérica que traduz as reações químicas envolvidas - composto por 4 dígitos Número EC (enzyme comission number) Número EC LIGAÇÃO ENZIMA-SUBSTRATO - Tipo Chave-Fechadura (Fisher, 1890) substrato + enzima produto + enzima complexo enzima-substrato - Tipo Encaixe Induzido (Haldane, 1930) substrato + enzima produto + enzima complexo enzima-estado de transição As enzimas alostéricas são aquelas que podem mudar de estrutura na presença de determinadas moléculas. Além do sítio ativo, apresentam também o sítio alostérico, que é onde irão se ligar as moléculas específicas, chamadas de moduladores, para a ativação da enzima. Sítio Ativo x Sítio alostérico Sítio Ativo - específico - fenda hidrofóbica - radicais dos a.a. favorecem a ruptura ou formação de ligações químicas no substrato - poucos a.a. O ou centro ativo é a pequena , ou seja, é a onde ocorre a . ENZIMAS METABOLISMO REAÇÕES QUÍMICAS Regulação metabólica (enzimática) - modulação covalente ou hormonal - enzimas alostéricas - indução enzimática - zimogênios - isoenzimas enzimas indutíveis x constitutivas Indutores: - alimentação - hormônios - medicamentos INDUÇÃO ENZIMÁTICA - [ ] As enzimas constitutivas são aquelas cuja síntese não depende da presença de nenhuma substância específica, enquanto para a produção das enzimas induzidas é necessária a presença de tal substância, chamada indutor. Zimogênios (proenzimas) Lehninger,Princípoios de Bioquímica, 2005 - enzimas produzidas em forma inativa - ativadas“in locu” e ou no momento desejado por clivagem Regulação alostérica - ligante no sítio alostérico, modulando a atividade enzimática - alteração conformacional maior ou menor exposição do sítio ativo ativação ou inibição - retroinibição negativa produto final ( - ) - ou dependente do estatus energético da célula Stryer, Bioquímica, 2004 Retroinibição negativa Lehninger,Princípoios de Bioquímica, 2005 Regulação alostérica Regulador alostérico + ou - ATP ADP, AMP Estatus energético x regulação alostérica Stryer, Bioquímica, 2004 energia energia Regulação alostérica: efetores alostéricos sinalizadores de presença ou ausência de energia e efeitos na atividade enzimática. Efetor alostéricoVia metabólica Enzima Sinalizadores de presença de energia Efeito na atividade enzimática Sinalizadores de baixa energia Efeito na atividade enzimática fosfofrutoquinase ATP, citrato ADP, AMP Glicólise piruvato quinase ATP Frutose 1,6- bifosfatase Citrato AMP Gliconeogênes e piruvato- carboxilase acetil-coA ADP Oxidação do piruvato piruvato desidrogenase acetil-coA, NADH, ATP NAD + , ADP citrato sintase NADH, ATP, citrato, acil- coA ADP isocitrato- desidrogenase NADH, ATP ADP Ciclo do ácido cítrico -cetoglutarato desidrogenase ATP, GTP, NADH Síntese de ácidos graxos acetil-coA carboxilase citrato Síntese de glicogênio glicogênio sintetase glicose-6- fosfato Degradação de glicogênio glicogênio fosforilase glicose, glicose-6- fosfato, ATP AMP, Ca ++ (músculo) Efetor alostéricoVia metabólica Enzima Sinalizadores de presença de energia Efeito na atividade enzimática Sinalizadores de baixa energia Efeito na atividade enzimática fosfofrutoquinase ATP, citrato ADP, AMP Glicólise piruvato quinase ATP Frutose 1,6- bifosfatase Citrato AMP Gliconeogênes e piruvato- carboxilase acetil-coA ADP Oxidação do piruvato piruvato desidrogenase acetil-coA, NADH, ATP NAD + , ADP citrato sintase NADH, ATP, citrato, acil- coA ADP isocitrato- desidrogenase NADH, ATP ADP Ciclo do ácido cítrico -cetoglutarato desidrogenase ATP, GTP, NADH Síntese de ácidos graxos acetil-coA carboxilase citrato Síntese de glicogênio glicogênio sintetase glicose-6- fosfato Degradação de glicogênio glicogênio fosforilase glicose, glicose-6- fosfato, ATP AMP, Ca ++ (músculo) Malheiros, SVP, Rev. Bras. Ens. Bioq. Biol. Molec., 2005 Regulação covalente - inserção ou remoção de grupamentos específicos (fosfato, metila, adenilato, etc) no sítio ativo das enzimas - ativação ou inibição - dependente de ação hormonal (ativa) (inativa) (inativa) (ativa) fosfatases Enzima Enzima-P quinases HORMÔNIO HORMÔNIO Regulação covalente é mediada por hormônios Os hormônios glucagon e insulina regulam antagonicamente diversas enzimas pelo mecanismo de fosforilação e desfosforilação do sítio ativo. A regulação da glicemia no organismo depende basicamente de dois hormônios, o glucagon e a insulina. A ação do glucagon é estimular a produção de glicose pelo fígado, e a da insulina é bloquear essa produção,além de aumentar a captação da glicose pelos tecidos periféricos insulino-sensíveis. Com isso, eles promovem o ajuste, minuto a minuto, da homeostasia da glicose. Quanto ao estado normal de jejum, pequenos aumentos na taxa de glicemia levam à supressão da produção de glucagon e ao aumento da produção de insulina, enquanto as hipoglicemias levam a um aumento na produção de glucagon e à redução da produção de insulina. Em problemas musculares, é conveniente dosar também a AST. Ocorre elevação da CK antes da AST, desaparecendo primeiro também. Assim, o padrão de alteração dessas enzimas pode indicar o estágio do transtorno: a CK aumentada, com baixa AST, indica lesão recente; níveis persistentemente altos das duas indicam lesão continuada, enquanto que níveis baixos de CK e altos de AST indicam processo em fase de recuperação. Insulina tem ação anabólica enquanto o glucagon tem efeito catabólico no metabolismo celular !! Monofosfato de Adenosina Cíclico - catalisam mesma reação - estruturalmente parecidas - atuam em tecidos diferentes - cinética diferentes Isoenzimas/Isoformas ISOFORMAS DA CREATINA QUINASE - CK Fosfocreatina Creatina ADP ATP cérebro, trato gastrointestinal e geniturinário músculo esquelético (99%) e cardíaco (80-85%) músculo esquelético (1-5%) e cardíaco (15-20%) A enzima CK, também conhecida como creatina fosfoquinase (CPK), existe na forma de dímeros, cujas subunidades pesam 40 kDa. As subunidades correspondem às formas M (muscular) ou B (cerebral), havendo 3 isoenzimas (MM, MB e BB). A CK é amplamente usada para diagnosticar transtornos musculares. A enzima é citosólica ou associada às estruturas das miofibrilas. Requer magnésio como cofator e, portanto, sua atividade pode estar inibida em presença de compostos quelantes (EDTA, citrato, oxalato). Seu nível está aumentado no infarto cardíaco e em danos musculares, como na isquemia muscular por decúbito prolongado (LDH) piruvato lactato - relacionada ao catabolismo anaeróbico da GLICOSE ISOFORMAS DA LACTATO DESIDRO- GENASE (LDH) - estrutura tetramérica formada por subunidades H ou M ISOFORMAS DA LACTATO DESIDRO- GENASE (LDH) ENZIMOLOGIA CLÍNICA Enzimas tecido específicas aparecem na circulação sanguínea: - em baixa concentração (concentração basal) por apoptose - em altas concentrações por lesão tecidual Enzimas são marcadores de lesão tecidual !! • Perfil densitométrico de isoenzimas de LDH após separação eletroforética. (A) normal, (B) infarto do miocárdio, (C) embolia pulmonar, (D) doença hepática. ISOFORMAS DA LDH COMO MARCADODAS DE LESÃO TECIDUAL Perfil bioquímico das enzimas cardíacas no pós-infarto Enzimas = marcador temporal da lesão tecidual - [ ] = miocárdio, fígado, músc. esquelético - [ ] = rins, pâncreas, baço, cérebro, pulmões e eritrócitos AST (TGO) Aspartato aminotransferase ALT (TGP) Alanina amino-transferase - [ ] = fígado, rins - mais específica para o fígado AST X ALT lesões hepáticas crônicas lesões hepáticas agudas Citossólica (20%) e Mitocondrial (80%) Citossólica Enzima sérica Uso diagnóstico Amilase pancreatite aguda/ parotidite ALT(TGP) AST(TGO) Ceruloplasmina Creatina-quinase (CK) (total) Creatina-quinase MB (CK-MB) Lactato desidrogenase (LDH) desordens hepáticas IAM, doenças hepáticas doença de Wilson doenças musculares e IAM IAM IAM, hemólise, doenças hepáticas, leucemias, doença renal Fosfatase ácida câncer de próstata Fosfatase alcalina (ALP) desordens ósseas, doenças hepáticas obstrutivas Lipase g-glutaril transferase (GGT) pancreatite aguda doenças hepatobiliares CINÉTICA ENZIMÁTICA A Cinética Enzimática é o estudo da velocidade das reações enzimáticas e dos fatores que nela podem interferir, fundamentada na lei de ação das massas, estabelecidas por Guldberg e Waage. Representada na reação enzimática e pela equação. Onde, E: enzima; S: substrato; ES: complexo ativado e P: produto. A + B AB A + B C + D REAÇÕES QUÍMICAS 2 substâncias reagem quimicamente quando: - colidem idealmente e - possuem energia suficiente para atingir o estado de transição Teoria Cinética ou Colisional Ea = energia de ativação Em presença da enzima a reação se processa com menor energia de ativação (traçado em vermelho). Mas porque ? MODO DE AÇÃO A presença do sítio ativo garante - afinidade pelo substrato, o que aumenta significativamente a concentração do(s) mesmo(s) na região do sítio ativo - posicionamento adequado e proximidade ideal, garantindo colisão ideal - presença de cofator e coenzima doando elementos químicos que efetivam a ocorrência da reação velocidade da reação de 107 a 1012 vezes É possível estimar a velocidade com que o substrato se liga à enzima !!! É possível estimar a velocidade com que o substrato depois de ligado se transforma em produto !! enz. + subst. enz-subst. enz. + produto K1 K-1 K2 Velocidade de uma reação enzimática K1 > K-1 K-2 K2 > K-2 A ligação enzima-substrato x [S] Marzzoco e Torres, 2015 Modificadores da Atividade Enzimática - pH e temperatura Inibição Enzimática - inibidor e substratos são análogos químicos - ocupação do sítio ativo Competitiva Stryer, Bioquímica, 2004 O metanol é catabolizado por uma enzima álcool desidrogenase formando formaldeído, que pode ser oxidado até formato ou ácido fórmico. O etanol é, então, convertido a acetaldeído pela álcool desidrogenase 2 (adh2), sendo esse convertido a acetato pela enzima aldeído desidrogenase, entrando no ciclo de Krebs, o qual é convertido até CO2. Corrente Sanguíneo, Sistema Urinário; Urina. Estatinas – inibidores competitivos da enzima HMG-coA redutase - da síntese de colesterol Não competitiva Reversível - ocupação do sítio alostérico - inativação Irreversível AAS – inibidor não competitivo irreversível da enzima cicloxigenase da síntese de PGs TX inflamação Isso não ocorre no endotélio vascular, pois este tem a capacidade de sintetizar as novas moléculas. O seu tempo de ação persiste por aproximadamente 10 dias (tempo de meia vida das plaquetas), porém não afeta a adesão plaquetária ao endotélio e a placa aterosclerótica, inibindo parcialmente a agregação induzida pela trombina, colágeno ou ácido araquidônico, bloqueando a produção plaquetária de diacilglicerol, ações menos duradouras que a inibição da ciclo-oxigenase (OLIVEIRA, 2001; SILVA, 2010). O Ácido Acetil Salicílico pertence a uma classe de medicamentos antiinflamatórios não hormonais (AINEs). Além de ser muito utilizada para dor, febre e inflamação, o ácido acetil salicílico também tem um importante efeito inibitório sobre as plaquetas no sangue (WEKSLER et al., 1983). O Ácido Acetil Salicílico atua inibindo a ação da ciclo-oxigenase. Ao inibir a Cox –1 diminui a síntese de tromboxane A2 e, como consequência, da agregação plaquetária. Na inibição da Cox–2, com seu efeito anti-inflamatório, diminui a inflamação vascular no sítio da placa ateromatosa e esse, por sua vez, reduz a infiltração de células mononucleares na placa ateromatosa. COX-1 e COX-2 são enzimas (tromboxanos, prostaciclinas e prostaglandinas sintases) que catalisam a produção de mediadores lipídicos usando como matéria-prima o ácido araquidônico (PALOMO et al., 2009). O efeito do AAS ao nível plaquetário é irreversível, pois devido às plaquetas não possuírem núcleo são incapazes de sintetizar novas moléculas de enzima para substituir as inativas. GRATO PELA ATENÇÃO!