Prévia do material em texto
GESTÃO E PLANEJAMENTO DO TRABALHO DOCENTE AULA 06 Abertura Gestão de Resultados Educacionais Olá! A avaliação, concebida como instrumento para o planejamento de ações que promovam mudanças nos resultados considerados insatisfatórios, é muito importante. Ela pode ser realizada pela própria escola ou pelos órgãos governamentais interessados em acompanhar os resultados produzidos pelos diferentes sistemas de ensino. Esse tipo de avaliação é chamado de avaliação externa e visa à criação de políticas públicas para a resolução de problemas diagnosticados a partir da análise dos resultados. A realização das avaliações externas permite aos gestores o acompanhamento do desempenho dos estudantes, bem como a elaboração e a implementação de estratégias para a correção das desigualdades existentes entre escolas ou dentro de uma boa escola. O uso dos resultados das avaliações externas para a promoção de melhorias é fundamental para uma gestão comprometida com a qualidade e com a equidade da educação. Nesta aula, você vai estudar as avaliações externas e suas funções, reconhecendo os indicadores educacionais que visam ao monitoramento de resultados. BONS ESTUDOS! Referencial Teórico A cultura de avaliações externas, instituída graças à promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394/96), deve ser comemorada no Brasil, dada sua perspectiva de garantia do direito à educação. Diferentes instrumentos visam ao acompanhamento das aprendizagens, nas diferentes etapas da Educação Básica, nos diferentes sistemas de ensino. A utilização dos dados para o planejamento de ações, quer seja pelos órgãos públicos, quer seja pelas unidades escolares, é fundamental para que um ensino de qualidade seja oferecido a todos os educandos. No capítulo "Gestão de resultados educacionais", da obra Gestão Educacional da Educação Básica, você vai conhecer as avaliações externas e suas funções, bem como seus impactos positivos nas intervenções pedagógicas. Saberá, ainda: • Descrever as avaliações externas e suas funções. • Planejar o levantamento de indicadores com vistas ao monitoramento dos resultados. • Avaliar indicadores educacionais a partir dos dados oficiais. BOA LEITURA! Gestão de resultados educacionais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as avaliações externas e as suas funções. Planejar o levantamento de indicadores com vistas ao monitoramento dos resultados. Avaliar indicadores educacionais a partir dos dados oficiais. Introdução Na atuação docente em sala de aula, as práticas avaliativas estão sempre presentes para a verificação das aprendizagens dos alunos. Durante muito tempo, acreditou-se que os resultados da avaliação eram responsabili- dade dos avaliados: se os resultados não eram satisfatórios, o aluno não havia se esforçado, não havia estudado ou não era inteligente. Desde a década de 1980, novos paradigmas demonstram que os resultados da avaliação também advêm das práticas docentes. Nesse sentido, resultados não satisfatórios devem ser utilizados como pontos de partida para a busca de novas estratégias pedagógicas que promovam efetivamente a aprendizagem. Da mesma forma que o professor precisa avaliar os seus alunos para ter certeza de que as estratégias utilizadas são adequadas, os governantes precisam avaliar a aprendizagem dos educandos matriculados nas suas redes de ensino para verificar se a aprendizagem está ocorrendo de fato. Essas avaliações governamentais, realizadas em larga escala por meio de testes padronizados, são chamadas de avaliações externas. Você vai conhecê-las melhor neste capítulo. Avaliações externas e suas funções A Constituição Federal, promulgada em 1988, assegura, em seu art. 208, que o dever do Estado relativo à educação será efetivado mediante a garantia de: ensino fundamental obrigatório e gratuito; progressiva universalização do ensino médio gratuito; e educação infantil disponível em creches e pré-escolas para crianças de até 5 anos de idade (BRASIL, 1988). Com a crescente universalização da educação, o aparato legal idealizou mecanismos de avaliação que se tornaram realidade a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996). No art. 9º, essa lei afirma que a União deve se incumbir de “[...] assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino” (BRASIL, 1996, documento on-line). Em 2005, foi criado o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), com o objetivo de avaliar a aprendizagem dos alunos de cada escola e de cada rede de ensino. O cálculo desse indicador é realizado com base no desempenho dos estudantes nas avaliações realizadas pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e nas taxas de aprovação e reprovação registradas no Censo Escolar. No início do programa, o índice nacional alcançou a média 3,8, fazendo com que o Inep estabelecesse metas progressivas para obter melhorias tanto no índice quanto na qualidade da educação como um todo. Desde então, o Ideb é calculado a cada dois anos, por meio da aplicação de uma avaliação intitulada Prova Brasil e dos dados do Censo Escolar. Em 2007, foi lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), juntamente ao Decreto nº. 6.094, que estabeleceu o plano de metas Compro- misso Todos pela Educação, objetivando o cumprimento da referida legislação. A meta 7 do Plano Nacional da Educação (PNE) 2014–2024 visa ao aumento do Ideb com o objetivo de atingir, até 2021, as seguintes médias nacionais: 6,0 para os anos iniciais do ensino fundamental; 5,5 para os anos finais do ensino fundamental; e 5,2 para o ensino médio. As metas propostas visam à aproximação aos 6 pontos percentuais, que constituem a meta atingida em 2003 pelos países que compõem a Organização para a Cooperação e Desen- volvimento Econômico (OCDE). A consolidação de uma cultura das avaliações externas, concebidas para traçar um diagnóstico das redes de ensino e desenvolver estratégias para a melhoria da educação, é uma grande conquista na área educacional brasileira. Gestão de resultados educacionais2 No Brasil, as avaliações externas são aplicadas pelo Inep. Elas têm por objetivo a produção de um diagnóstico da realidade educacional brasileira a partir do qual podem ser criadas estratégias para a melhoria da educação do País inteiro, de uma região ou de uma escola específica. A maior parte dos instrumentos aplicados não visa à atribuição de uma nota individual. O objetivo dos instrumentos de avaliação externa é analisar um sistema de ensino como um todo, verificando a evolução do ensino oferecido em determinada rede. A partir dos diagnósticos elaborados, os governantes podem criar e/ou aperfeiçoar políticas públicas para a melhoria da qualidade e da equidade da educação. Além disso, os gestores e professores das unida- des escolares podem planejar ações de intervenção que produzam impactos positivos na aprendizagem em sala de aula. A equidade pode ser definida como o uso da imparcialidade para reconhecer o direito de cada um. Ela implica a busca por tornar todos os indivíduos iguais, sem preconceitos ou privilégios. Assim, a equidade reconhece a desigualdade de cada um e age em relação a ela de forma a garantir oportunidades igualitárias a todos, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa. No caso de um concurso, por exemplo, a mera igualdade seria a concessão de condições iguais a todos os candidatos. Já agir com equidade seria reconhecer que, como os candidatos têm características pessoais distintas (raça, deficiência, etc.), a igualdade de condições não é suficiente para haver justiça. Portanto, ações afirmativas, como reserva de vagas, são um exemplo materialde equidade. Diferentes etapas da educação básica são avaliadas mediante a utilização de instrumentos que têm finalidades distintas. A partir de 2019, deve ser rea- lizada uma avaliação dos insumos ofertados nas escolas de educação infantil, configurando o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de Educação Infantil. Essa avaliação já havia sido prevista nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para a Educação Infantil em 2010 e no PNE em 2016. A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) foi aplicada até 2017 nos anos iniciais do ensino fundamental. Ela foi aplicada três vezes em estudantes do 3º ano do ensino fundamental das escolas públicas, em 2013, 2014 e 2016. Com a publicação da versão final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no final de 2017, o ciclo de alfabetização, que antes era do 1º ao 3º ano, passou a 3Gestão de resultados educacionais ser de dois anos (1º e 2º anos). Assim, o exame passou a ser revisto e não foi aplicado desde então. Há a previsão de que ele volte a ser realizado em 2019 para avaliar os estudantes do 2º ano, passando a se chamar Saeb dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Como tal, deverá medir o desempenho dos alunos concluintes do ciclo de alfabetização em leitura, escrita e matemática. Desde 2005, a cada dois anos, alunos do 5º e do 9º anos dos anos finais do ensino fundamental vinham sendo avaliados por um exame padronizado denominado Prova Brasil, que abordava questões de língua portuguesa, com foco em leitura, e de matemática, com foco na resolução de problemas, além de um questionário socioeconômico. A aplicação do questionário socioeconômico visava a identificar e compreender fatores extraescolares que pudessem estar associados ao desempenho em sala de aula, como o nível socioeconômico da família. Está previsto que, a partir de 2019, esse exame passe a ser chamado de Saeb dos Anos Finais do Ensino Fundamental e que os alunos do 9º ano passem a responder a questões de ciências humanas e ciências da natureza, áreas que não faziam parte das versões anteriores. Os alunos do 3º ano do ensino médio das escolas públicas, assim como os alunos do 5º e do 9º anos do ensino fundamental, também prestam o Saeb, respondendo a questões de língua portuguesa e matemática e ao questionário socioeconômico. Até 2015, o exame era realizado de maneira amostral, ou seja, só por um pequeno grupo de jovens. A partir de 2017, a prova passou a ser censitária, sendo realizada por todos os alunos matriculados nas escolas públicas. Embora realizada por todos, os resultados individuais da prova não são divulgados. Outra avaliação realizada no ensino médio, e que é mais divulgada pela mídia, é o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que é opcional para os alunos. Esse exame foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar os sistemas de ensino. Ele ganhou maior visibilidade a partir do momento em que as notas individuais dos alunos passaram a ser utilizadas como forma de acesso ao ensino superior, em faculdades privadas e públicas. O primeiro programa a utilizar as notas do Enem como critério para a obtenção de bolsas de estudo em faculdades particulares foi o Programa Universidade para Todos (Prouni), em 2004. A partir de 2010, o caráter de vestibular foi intensificado, com a utilização da nota como critério único de seleção via Sistema de Seleção Unificado (Sisu). Em 2014, as notas passaram a ser utilizadas também como meio para a obtenção de financiamento estudantil nas instituições superiores privadas, integrando o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O Enem 2019 terá 45 questões de cada uma das quatro áreas de conhe- cimentos gerais (ciências humanas e suas tecnologias; matemática e suas Gestão de resultados educacionais4 tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e linguagens, códigos e suas tecnologias), totalizando 180 questões. Além de responder às questões, o aluno deverá elaborar um texto argumentativo-dissertativo sobre o enfren- tamento de uma situação-problema. Monitoramento dos resultados escolares A função principal das avaliações externas é orientar as políticas educa- cionais, visando às redes de ensino como um todo. Contudo, os resultados obtidos podem ser subsídios para que a gestão das escolas desenvolva, junto à equipe pedagógica, projetos de intervenção que impactem positivamente a aprendizagem dos alunos. Estudos demonstram que a utilização das avaliações externas como ferramenta para subsidiar a tomada de decisões no âmbito dos sistemas educacionais ou de cada unidade escolar é uma prática associada a redes e escolas com melhores resultados de aprendizagem. Em 2015, o Serviço Social da Indústria do Rio de Janeiro (SESI–RJ) divul- gou um estudo intitulado “O impacto da liderança dos diretores sobre os resul- tados dos alunos das escolas de Ensino Médio do Estado do Rio de Janeiro”, realizado pela Universidade de Nottingham em parceria com a Universidade Federal Fluminense. Tal estudo apontou para o fato de que, nas escolas mais bem-sucedidas do estado do Rio de Janeiro, os gestores escolares adotavam a prática de analisar os resultados das avaliações externas em conjunto com os professores. A análise se constituía como ponto de partida para o planejamento de projetos de melhoria do desempenho escolar. Outra pesquisa interessante foi realizada em 2015 pela Fundação Lemann, em parceria com o Itaú BBA e com o Instituto Credit Suisse. A pesquisa foi feita junto a escolas públicas que apresentavam bons resultados nos anos finais do ensino fundamental. Ela mostrou que essas escolas costumavam realizar avaliações externas com uma periodicidade mais frequente para que, a partir dos resultados, pudessem rever o planejamento das aulas, os aspectos metodológicos e as avaliações internas. Para auxiliar os gestores e os professores a visualizar os resultados dos diferentes instrumentos de avaliação e a utilizá-los para o planejamento de novas práticas, em 2015, o Inep lançou a Plataforma Devolutivas Pedagógi- cas. Nesse portal, gestores e professores podem visualizar a distribuição dos alunos da escola pelos níveis de proficiência e comparar os resultados da sua escola com os de escolas semelhantes na região. Nele, também é possível acessar itens da Prova Brasil acompanhados de comentários pedagógicos e 5Gestão de resultados educacionais de estatísticas de como os alunos responderam. Como você deve imaginar, as respostas dos alunos podem ser importantes parâmetros para a reorganização do trabalho pedagógico. Avaliação externa como impulso para a melhoria das intervenções pedagógicas Frasseto e Ramos (2013) realizaram uma pesquisa sobre os fatores que levaram a Escola de Educação Básica Senador Rodrigo Lobo, situada na cidade de Joinville, em Santa Catarina, a obter uma melhoria signifi cativa, em um curto período, nos resultados da Prova Brasil. Em 2009, a escola havia alcançado nota 2,0 na média do Ideb nas 8as séries e nota 3,2 nas 4as séries. Essas notas a colocaram na menor classifi cação no ranking das escolas do município no qual está localizada. Além disso, representaram um dos resultados mais preocupantes do estado de Santa Catarina. Transcorridos dois anos, as turmas de 5ª série obtiveram nota 5,8, e as de 8ª série, nota 6,2 (note que essa nomenclatura se refere ao ensino fundamental de oito anos, já que até 2012 as escolas da rede estadual de Joinville ainda utilizavam a matriz curricular de oito anos para as duas séries finais do ensino fundamen- tal). Surpreendidas positivamente pela melhoria apresentada, as pesquisadoras resolveram investigar que fatores a haviam determinado. De acordo com a equipe escolar, a tristeza sentida com os resultados de 2009 e a decepção de ver o nome da escola sendo veiculado pela mídia de forma tão negativa foram determinantes para o início das mudanças. A partir de então, a equipe pedagógica começou a realizar várias ações visando à melhoria dos resultados: oportunizou aos alunos um maiorconhecimento sobre as estratégias necessárias para a realização de testes e passou a aplicar simulados da Prova Brasil duas vezes por ano; criou projetos específicos de incentivo à leitura e ao raciocínio lógico, desenvolvidos pelos professores no turno inverso; implantou salas-ambientes, pensadas para cada disciplina, nas quais o professor permanece durante todo o tempo diário de trabalho e os alunos fazem trocas a cada 45 minutos; intensificou o apoio pedagógico proporcionado aos professores e alunos, fazendo-se presente em sala de aula, buscando materiais didáticos para diversificar as práticas pedagógicas e realizando reuniões com pais de alunos para conscientização da importância de estarem em constante monitoramento das dificuldades e avanços escolares de seus filhos; Gestão de resultados educacionais6 possibilitou, a toda a comunidade escolar, durante o ano letivo, o acompanhamento dos resultados obtidos por meio da implantação das mudanças. A pesquisa realizada por Frasseto e Ramos (2013) mostra como os resultados das avaliações externas podem ser pontos de partida para a revisão das práticas pedagógicas. Embora as avaliações desse tipo sejam realizadas para a criação e/ou revisão de políticas públicas, a própria escola pode, e deve, replanejar suas ações para a promoção de melhorias. Isso não significa que os órgãos governamentais devam ser eximidos de suas responsabilidades, nem que a escola deva ser a única responsabilizada pelos resultados obtidos. Significa, sim, que uma equipe pedagógica que conta com o engajamento de todos os envolvidos nos processos de ensino e de aprendizagem pode empreender ações capazes de promover melhorias no desenvolvimento dos alunos. Avaliação dos indicadores oficiais Segundo Coelho (2008), a discussão sobre os problemas da educação básica brasileira tem sido pautada pela divulgação mais ampla de informações pro- duzidas a partir dos resultados das avaliações externas. A análise do baixo desempenho dos estudantes do sistema público de educação básica ao longo dos anos — no ensino fundamental e médio, em língua portuguesa e matemá- tica — tem gerado discussões acerca da gestão educacional e da efetividade das políticas públicas criadas. O Ideb é o principal indicador de qualidade da educação no Brasil, sendo divulgado a cada dois anos. O índice leva em consideração duas dimensões: o rendimento escolar (média das taxas de aprovação do ciclo avaliado) e as médias de desempenho nos exames aplicados pelo Inep. A meta é que até 2022 as diferentes etapas da educação básica avaliadas alcancem um Ideb igual a 6,0, que, como você já viu, é equivalente à média apresentada pelos países-membros da OCDE em 2003. A análise do Ideb de 2017 demonstra que, em algumas etapas da educação básica, a aplicação das avaliações externas e a criação de estratégias para a melhoria da qualidade da educação a partir do diagnóstico encontrado não têm produzido os resultados esperados. Os resultados de 2017 apontam para um cenário que vem se mantendo: melhoria significativa nos anos iniciais do ensino fundamental; melhoria mais discreta nos anos finais, ainda abaixo das metas traçadas; e estagnação no ensino médio. É o que você pode ver no Quadro 1, a seguir. 7Gestão de resultados educacionais Fonte: Adaptado de Todos pela Educação (2018). Nível 2005 2015 2017 Anos iniciais do ensino fundamental 3,8 5,5 5,8 Anos finais do ensino fundamental 3,5 4,5 4,7 Ensino médio 3,4 3,7 3,8 Quadro 1. Ideb ao longo dos anos Para um melhor acompanhamento do cumprimento das metas do PNE, foram traçadas metas intermediárias, que deveriam ser atingidas em deter- minados espaços de tempo. De acordo com as metas intermediárias, os anos iniciais do ensino fundamental deveriam apresentar um Ideb de 5,2 em 2015; de 5,5 em 2017; de 5,7 em 2019; e de 6,0 em 2021. No início do ensino fundamental, conforme observado nos últimos anos, o Ideb tem se mantido em trajetória ascendente, superando as metas intermediá- rias propostas. Nos anos finais do ensino fundamental, a melhora é bem mais discreta e as mudanças ocorrem em um ritmo mais lento. Desde 2013, o Ideb vem se mantendo abaixo do que era esperado. No ensino médio, a distância entre o Ideb observado e a meta tem aumentado. Para 2017, o Ideb esperado era de 4,7, mas o resultado ficou 0,9 pontos percentuais abaixo desse valor. Dados destoantes Nos resultados do Ideb por estado brasileiro, enquanto a maior parte dos estados mantém as tendências ao longo dos anos, dois deles chamam a atenção por destoarem dos demais: Ceará e Pernambuco. Segundo o site Todos pela Educação (TODOS PELA EDUCAÇÃO..., 2018), esses estados vêm fazendo um trabalho consistente em seus sistemas públicos de ensino, mesmo tendo condições socioeconômicas desfavoráveis. De acordo com o site Todos pela Educação (TODOS PELA EDUCAÇÃO..., 2018), o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Ceará ocupa a 23ª posição no ranking dos estados brasileiros. Isso significa que o Ceará é um dos estados mais pobres do Brasil. Ainda assim, a rede pública cearense ficou com o 5º maior Ideb do País nos anos iniciais do ensino fundamental, o 3º maior nos Gestão de resultados educacionais8 anos finais (junto a São Paulo) e o 4º maior no ensino médio (junto a São Paulo e Rondônia). Soma-se a esses dados o fato de que o Ceará é o estado brasileiro que apresenta a menor diferença na aprendizagem entre os alunos mais ricos e os mais pobres nos anos iniciais e finais do ensino fundamental, o que decorre da oferta de qualidade educacional com equidade para os alunos. O PIB per capita é a soma das riquezas produzidas em um estado ou país dividida pelo seu número de habitantes. No estado de Pernambuco, o destaque é o ensino médio, que, na contramão da maior parte dos outros estados brasileiros, tem seu índice aumentado constante- mente desde 2007. A rede pública estadual pernambucana apresenta o 3º maior Ideb, mesmo com o 19º PIB per capita do País. Embora o estado ainda tenha uma grande taxa de distorção idade-série, é ele que apresenta a menor diferença na aprendizagem entre os alunos mais ricos e os mais pobres no ensino médio. Ceará e Pernambuco mostram, com os resultados das avaliações externas, que é possível melhorar os índices de qualidade da educação em escalas maiores, garantindo ainda a equidade educacional. Quando dois dos estados mais pobres do País conseguem apresentar melhorias na qualidade da edu- cação ofertada, eles demonstram que, mesmo em condições adversas, se há intencionalidade e mobilização de esforços, é possível avançar. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consti- tuicao/constituicao.htm. Acesso em: 26 jun. 2019. BRASIL. Lei no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm. Acesso em: 26 jun. 2019. 9Gestão de resultados educacionais COELHO, M. I M. Vinte anos de avaliação da educação básica no Brasil: aprendizagens e desafios. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 16, n. 59, p. 229-258, abr./jun. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v16n59/ v16n59a05. Acesso em: 26 jun. 2019. FRASSETO, D. L. P.; RAMOS, I. O. Avaliação externa como impulso para a melhoria para das intervenções pedagógicas. Horizontes, [s. l.], v. 31, n. 2, p. 15-23, jul./dez. 2013. Disponível em: https://revistahorizontes.usf.edu.br/horizontes/article/download/3/3. Acesso em: 26 jun. 2019. TODOS PELA EDUCAÇÃO. IDEB 2017: o que podemos aprender, mesmo (quase) sem novidades. 2018. Disponível em: https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/ ideb-2017-o-que-podemos-aprender-mesmo-quase-sem-novidades. Acesso em: 28 jun. 2019. Leituras recomendadas BRASIL. Lei nº. 13.005, de 2 dejunho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação — PNE e dá outras providencias. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 jun. 2014. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional- -de-educacao-lei-n-13-005-2014. Acesso em: 26 jun. 2019. COMO utilizar as avaliações externas para a melhorar a aprendizagem. Aprendizagem em Foco, [s. l.], n. 8, abr. 2016. Disponível em: https://www.institutounibanco.org.br/ aprendizagem-em-foco/8/. Acesso em: 26 jun. 2019. EDUCAÇÃO de Sobral no Programa Roda Viva. Youtube, [s. l.], 22 ago. 2018. 1 vídeo (10 min). Publicado pelo canal Seduc Sobral. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=Svk4ryLSASs. Acesso em: 26 jun. 2019. INEP. Vencendo o desafio da aprendizagem nas séries iniciais: a experiência de Sobral/CE. Bra- sília, DF: Inep, 2005. (Série Projeto Boas Práticas na Educação, n. 1). Disponível em: http:// portal.inep.gov.br/documents/186968/488938/Vencendo+o+desafio+da+aprendiz agem+nas+s%C3%A9ries+iniciais+a+experi%C3%AAncia+de+Sobral-CE/a7de6174- 3f52-49fe-b81c-9f40372761a3?version=1.0. Acesso em: 26 jun. 2019. OLIVEIRA, A. C. P.; CARVALHO, C. P. Gestão escolar, liderança do diretor e resultados educacionais no Brasil. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 23, e230015, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- -24782018000100211&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 26 jun. 2019. QUAIS são as avaliações brasileiras e por que elas são importantes? Todos Pela Educa- ção, Brasília, DF, 17 jul. 2019. Disponível em: https://www.todospelaeducacao.org.br/ conteudo/uais-sao-as-avaliacoes-brasileiras-e-porque-elas-sao-importantes. Acesso em: 26 jun. 2019. Gestão de resultados educacionais10 Portfólio ATIVIDADE Além de participar das avaliações externas nacionais, os brasileiros de 15 anos, independentemente do ano no qual estão matriculados, participam do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). O PISA é uma iniciativa de avaliação comparada, coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Pesquise e descreva como funciona esse instrumento de avaliação, bem como os resultados obtidos pelos estudantes brasileiros em sua última edição. OBS: Para redigir sua resposta, use uma linguagem acadêmica. Faça um texto com no mínimo 20 linhas e máximo 25 linhas. Lembre-se de não escrever em primeira pessoa do singular, não usar gírias, usar as normas da ABNT: texto com fonte tamanho 12, fonte arial ou times, espaçamento 1,5 entre linhas, texto justificado. OBS: Para redigir sua resposta, use uma linguagem acadêmica. Faça um texto com no mínimo 20 linhas e máximo 25 linhas. Lembre-se de não escrever em primeira pessoa do singular, não usar gírias, usar as normas da ABNT: texto com fonte tamanho 12, fonte arial ou times, espaçamento 1,5 entre linhas, texto justificado. Pesquisa AUTOESTUDO Educação de Sobral no Programa Roda Viva https://www.youtube.com/watch?v=Svk4ryLSASs Para saber mais sobre a experiência do município de Sobral/CE, assista ao vídeo selecionado. N