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Sistema de análise do fenômeno visual 
e de seus processos expressivos e cognitivos.
Cláudio C. Babenko Gonçalves
é publicitário, designer,
professor de Design,
Publicidade & Propaganda,
Crítica de arte,
 e Marketing.
Sua formação passa por 
Graduação em Propaganda,
Pós-Graduação em História da Arte,
Pós-graduação em Artes plásticas,
Mestrado em Teoria e Praxis da Arte,
MBA em Gestão de Processos
e Doutorado em Comunicação e Artes
(Mediações). 
É sócio diretor da Babenko DeLima Consultores
Provando que letras script
devem ser usadas com
muito critério.
O Projeto do sistema 2
Norma Totalitária 3
Invariante 5
Intencionalidade 6
Iconografia 8
Resignificações E Prolongamentos 9
Temática 11
Possibilidade Imagética 12
Intensidade 14
Massas 16
Objeto Formal 18
Não Objeto (Vazio) 19
Tensão 21
Ritmo 20
Esgotamento 22
Amplitude 23
Distribuição 24
Fundo 25
Matiz 26
Contraste 32
Tipografia 34
Bidimensionalidade 40
Tridimensionalidade 41
Efeito 42
Enquadramento ou Campo Visual 43
Agrupamentos Formais 45
Um manual prático de análise,
com um índice de inspiração
Art Nouveau e Romântica Neo-gótica.
Uma composição com elementos
"Barroquiformistas" e "Etnoformistas".
fonte: Basic ttnorm 
O sistema:
São quatro aspectos gerais que agrupam suas sub classes:
DE SIGNIFICÂNCIA• 
Que englobam as ferramentas que podem ajudar a indicar 
os valores e os possíveis significados do objeto de análise.
DE PROBLEMAS FORMAIS• 
Apresentam os esquemas de avaliação da forma e suas 
percepções. 
DE APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS• 
Orientam quanto aos traços de tecnologia na criação do 
objeto, assim como apresenta a competência expressiva 
desses meios.
DAS VARIAÇÕES CULTURAIS DE APRECIAÇÃO ESTÉTICA• 
Aqui se apresentam categorias para possíveis traços gerais 
do objeto agrupando grandes áres estéticas. Relativo à 
origem do objeto.
Para que o modelo de 
avaliação funcione e preserve 
um valor científico, com o 
distanciamento desejável para 
aquele que analisa, torna-se 
fundamental avaliar se a 
análise construída não 
apresenta características 
tendenciosas. O que se propõe 
é que ao final da reflexão 
sobre o objeto visual ou fato 
imagético avalie-se o eventual 
texto resultante, considerando 
evitar aspectos de um discurso 
totalitário como os que Ângelo 
Masson organiza em seu curso 
de lingüística e 
reinterpretamos aqui como 
referência para construção do 
texto crítico:
Norma
lingüística
totalitária
2 Propagandismo triunfalista
Evite ”levantar bandeiras” ou “vende” uma impressão a respeito do objeto.
6 Oportunismo dialético
Não apóie seu raciocínio sobre falhas da discussão de outros avaliadores. 
9 Pretensão de verdade absoluta
Jamais feche questão em torno de qualquer fato da realidade visível.
7 Prevalecimento do super-ego
Tenha extremo cuidado na construção de uma avaliação onde a primeira pessoa
seja mais importante que o próprio objeto.
8 Formulismo partidarista
Não construa e apresente sua opinião como sendo algo característico
de determinado grupo.
1 Predomínio da oratória.
Evite uma eloqüência que dificulte o entendimento de um possível leitor.
Não use muitos elementos abstratos para qualificar coisas
e nem faça contas complexas para explicar pontos de vista.
4 Exagerada abstração e desmedida pretensão científica.
Não faça do seu apreço e gosto pelo objeto analisado o ponto fraco da análise.
5 Obsessão estimativa e apaixonada
Não construa argumentos sobre estruturas deformadas e/ou de lógica infundada.
de conceitos e ausência de lógica
3 Falseamento ou deformação dialética
ASPECTOS
DE SIGNIFICÂNCIA
Englobam as ferramentas que podem 
ajudar a indicar valores e os possíveis 
significados do objeto de análise. 
Propõe-se aqui criar alguns mecanismos 
com os quais se possam localizar 
eventuais funções sociais, valores e 
funções culturais, sua validade como 
instrumento de comunicação, bem 
como sua amplitude e repercussões. 
Parte-se de uma determinação de 
significados básicos apoiados no 
repertório de um receptor para 
considerar vínculos e impressões que 
chegam a questões de resignficações.
Invariante:
Existe um objeto ou idéia associada instantaneamente ao 
material analisado, sempre a partir de um repertório social 
ou consenso mínimo? Apoiado em Merleau-Ponty surge a 
noção de invariante. O invariante está relacionado a 
essência das coisas, sua representação mental ou física, 
guardadas as considerações sobre a noção de repertório de 
grupo. São os elementos que constituem um conjunto 
mínimo de informações sobre o fato ou fenômeno visual, 
mas que ainda definem a idéia fundamental.
O homem pode ser distinguido do cavalo em uma análise 
superficial? Os hominídeos pré-históricos usavam elementos 
simplificadores para definir uns e outros. Sabemos que se 
refiriam a homens, touros, cavalos por quais dados? 
Distinguimos um caminhão de um pequeno automóvel sem 
reconhecer marcas. Reconhecemos invariantes.
Lascaux - França
Altamira - Espanha
Intencionalidade ou 
Significação de Base: 
O objeto da análise se relaciona 
a algum valor anterior? Existem 
relações de vínculo por 
significado ou intenção da 
estruturação, focado no autor 
ou no público.
1 - Uso: Construído em termos 
reais com vínculo de significado. 
Modesty Blase, o filme, é um 
relato sobre a estética dos anos 
60, assim como o anúncio de 
Leite Moça faz menção a Matrix, 
e a tecnologia virtual.
b - Indevida: Usurpação esvaziada de sentido. Faz uma 
tentativa de uso que se transforma em mau gosto ou 
disfunção cômica. Veja a modelo Joana Prado, a "feiticeira" 
como modelo grego, uma coluna greco-romana como perna 
de pia, na matéria da revista "Banheiros & Lavabos", e o 
gótico como rótulo de refrigerante azul de framboesa (sim, 
framboesa!).
3 - Apropriação: O vínculo estético 
pode existir, mas sob suspeita. 
Apropriar-se de uma orientação 
estética pode ser um recurso útil 
mas deve ser qualificado em duas 
modalidades:
a - Devida: Usurpação lúdica 
e despretensiosa. Usa 
elementos formais que 
podem até ser 
reconhecidos mas o vínculo 
é mais formal que 
conceitual. Pode surgir 
como uma brincadeira 
visual que resulta algo 
plasticamente viável. 
Observe o anúncio de 
Wella com um Picasso no 
subtexto visual e o anúncio 
da Cultura Inglesa com um 
Pop anos 60.
2 - Releitura: pesquisa de 
linguagem, com base sólida de 
conhecimento. Repare no 
anúncio de Charm, resgatando 
a Op Art, a revista Super 
Interessante relembrando 
Arcimboldo e O laboratório de 
Dexter, mostrando o bem com 
linhas retas e "modernas" e o 
mau com traços de inspiração 
gótica.
6
O Laboratório de Dexter. Cartoon Network
Resignificações e 
Prolongamentos: 
O objeto de análise 
sofreu um processo de 
mudança de sentido 
ou valor?
Houve a assunção de 
um novo significado 
ou sentido para o 
componente ou obra, em 
função de posicionamento 
específico do conteúdo, 
da situação ou da 
situabilidade do objeto? 
Um exemplo perfeito é a 
Mãe Preta de Júlio 
Guerra, no Largo do 
Paissandú em SP que de 
obra decorativa pública 
é transformada, segunda a 
pesquisadora Paula Belfort, em símbolo 
de adoração e louvor popular. Repare nas 
fotos em detalhes as marcas das velas 
derretidas e as flores jogadas no colo da 
personagem. Na simplificação do traço 
percebe-se apenas o importante ato da 
amamentação, sem um discurso político 
carregado.
9
Iconografia: 
A imagem faz parte de 
algum conjunto 
iconográfico, repertório 
de imagens ou símbolos 
associados a um tema por 
tradição ou popularidade? 
A imagem é carregada de 
sentido compreendido por 
algum agrupamento social? Observe a máscara 
africana: com alguma informação visual o 
continente africano é associado fortemente ao 
objeto. A foice e o martelo se transformam na 
essência do socialismo com uma carga negativa 
estimulada pelos anos da ditadura militar brasileira. 
A imagem da virgem bizantina é a alma da tradição 
ortodoxa. Segundo essa tradição, inclusive, a 
imagem não é mera representação, mas a própria 
materialização da santa. Tambémé um ícone o boi 
em argila do canto superior esquerdo que, em 
havendo repertório, será entendido como artefato 
símbolo do nordeste brasileiro.
Fotos: Babenko
8
Temática: 
Existem temas ou aspectos temáticos 
que sejam recorrentes, inéditos, mais 
importantes, menos importantes?
Como são os temas, ordens ou os 
moldes que caracterizam uma obra. 
Se avaliarmos a capa de 'Índia' de Gal 
Costa percebemos elementos que 
reportam a um tema indígena 
brasileiro (agressão e contundência 
do tema surge pela visibilidade da 
vagina da cantora em primeiro 
plano). Da mesma maneira observamos 
outro tema, o ”Natal”, quando 
percebemos a mais famosa imagem de 
Papai Noel criada pela Cocal Cola, e o 
anúncio de Charm, veiculado nos anos 80 
quando o politicamente incorreto do uso 
não seria um problema. Finalmente, um 
exemplo mais complexo: uma capa de livro 
da literatura modernista brasileira, 
representando um assunto recorrente dos 
modernos, a condição humana.
11
Resignificações e 
Prolongamentos:
 A linha sinuosa à esquerda tem algum 
sentido? Se algum observador disser ´uma 
garrafa de Coca-Cola´ estará tendo a 
impressão que a maioria das pessoas tem. O 
mais interessante talvez seja a possibilidade 
da interpretação: A garrafa está vazia ou 
cheia? E a garrafa no canto inferior direito, 
estará deitada, vazia, sem tampinha?
É possível que esse seja o 
sentimento. Partindo do fato 
de que a interpretação da 
realidade visível depende de 
vivências pessoais, e 
considerando a idéia de 
Rudolf Arnheim que diz 
que várias impressões 
podem advir de um mesmo 
estímulo, esses 
prolongamentos ou 
resignificações de sentido 
podem acontecer também 
em formas simples como o 
impressionante caso do losango. Deste 
mesmo quadrilátero podemos extrair 
idéias extremas como: Baralho, naipe de 
ouros; se o leitor for um jogador de 
truco, talvez pense primeiro em "Sete-
de-ouro"; se estiver em uma sala de 
desenho será um losango; em literatura 
será a capa de Paulicéia Desvairada, 
grande obra modernista de Mário de 
Andrade ou a capa do Pau Brasil de 
Oswald de Andrade; para uma criança 
talvez um balão, um doce de amendoim; 
poderá lembrar a bandeira da república.
O mais importante é que se observe a 
imprecisão da percepção a respeito dos 
fatos visuais.
10
12
Possibilidade imagética - Imagens Possíveis: Possibilidade imagética - Imagens Impossíveis:
B- Abstrações formais
A- Figurativismos fantásticosA- Figurativismo naturalista realista
B- Figurativismo
A imagem é de um 
figurativismo naturalista 
realista? Há uma sensação de 
registro instantâneo? Talvez 
a fotografia tenha assumido 
o papel de registrar a 
realidade da maneira "mais 
real". O fato visual 
transforma-se em registro 
informacional e eu percebo o 
velho, a criança, o local, a 
época, a situação. Da fotografia surge 
uma informação histórica até mais forte 
que aquela possível com a pintura. A sociedade 
contemporânea acostumou-se a verdade 
factual que a fotografia oferece. 
Desconsidere aqui as 
possibilidades tecnológicas 
modernas de adulteração das 
imagens em geral.
A imagem é compreensível? Pode-se 
reconhecer algum fato visual? No 
exemplo de Picasso podemos 
reconhecer mulheres, os objetos, a 
mesa, e até mesmo que estão nuas. 
Existe uma compreensão do fato 
mesmo que em eventual 
deformação. O fato visual pode 
parecer estranho mas a compreensão 
de um objeto real faz relevar esse 
estranhamento. O caipira de Almeida Junior é 
um retrato fiel e de tendência naturalista e 
um bom registro, mas nunca saberemos quais 
ajustes foram feitos na interpretação.
A imagem é reconhecida e 
compreendida? É um conjunto de 
objetos cujas naturezas 
independentes fazem 
sentido mas em um 
conjunto seriam 
improváveis. Uma 
montanha de vidro não 
existe, mas reconheço e 
aproximo conceitos reais 
de montanha e do vidro 
criando uma nova 
realidade. A computação 
gráfica acelera essas 
possibilidades como nos 
exemplos gerados em softwares 3D. 
Dalí provoca o mesmo sentimento 
com suas formas estranhas e quase 
reconhecíveis.
A imagem conforma algo compreensível? 
Elas tem algum aspecto figurativista? As 
abstrações são talvez as imagens de 
aproximações mais difíceis, exatamente 
porque estão distanciadas das 
representações da realidade. Algumas 
qualificações para o abstracionismo são 
importantes: Lírico 
(Kandinsky), Geométrico 
(Mondrian), Expressionista 
etc, mas o fato continua 
sendo a incompreensão 
dessas representações em 
função de sua 
expresssvidade estar 
apoiada "apenas"na forma 
e na cor.
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Intensidade: 
Como são os aspectos de força de significado do 
objeto, intensos ou atenuados?
Quais os níveis de influência do sentimento surgido 
na primeira aproximação do objeto no processo do 
entendimento? Dentro de certo contexto a imagem 
pode ser mais ou menos agressiva, como no 
exemplo do disco de Tom Zé 'Todos os olhos', 
extraordinariamente intenso e agressivo quando se 
percebe que a bolinha de gude está colocada sobre 
um ânus humano. Assim como Picasso, novamente, 
sem apelar à sexualidade neste caso, demonstra 
uma intensidade de sentimentos em Guernica. 
Surgem sentimentos como dor, raiva, medo, aflição 
entre outros quando se começa a avaliar a 
expressividade da peça. Seja pelos membros 
humanos decepados ou pelos rostos em desespero 
Guernica sempre gerará alguma reação. Em 
oposição temos uma intensidade atenuada na 
natureza morta onde a discussão social não surge 
como
aspecto principal.
Pedro Alexandrino
ASPECTOS
DE PROBLEMAS 
FORMAIS
Nestes aspectos agrupam-se as 
ferramentas indicadas para localizar 
os problemas da forma, dos 
componentes e funções estruturais, 
de sintaxe visual e cromática. 
Avaliando-se as estruturas pode-se 
delimitar os objetos constitutivos 
chegando a conclusões sobre os 
sentidos e significados dos elementos 
básicos e complementares.
4
Massas: 
Qual o desenho geral das 
massas de todos os 
elementos envolvidos? 
Substituir os elementos 
componentes por objetos 
geométricos simplificados 
pode ajudar a compreender 
a disposição espacial das 
massas e sua relações mais 
gerais. Surge dessa 
interpretação a possibilidade 
de valoração dos 
componentes formados por 
objetos e não objetos, 
explícitos e implícitos. Nos 
exemplos, o disco de Gal 
Costa, FA-TAL, demonstra atribuição de destaque para o 
nome da artista e para o subtítulo do disco. O valor do rosto 
em uma estrutura tringular determina intensidade ao 
elemento. Na pagina seguinte em "O Beijo" de Gustav Klimt 
percebemos a 
verticalidade da 
estrutura e o equilíbrio 
castanho da paleta. A 
interpretação das massas 
pode ser mais ou menos 
detalhada e dessa 
opção surgem 
diferentes níveis de 
leitura, em outras 
palavras, quanto mais 
geral e pouco detalhado 
mais se percebem as 
macro estruturas, quanto 
mais detalhada a 
interpretação mais se 
verticaliza a análise das 
relações dos objetos constitutivos.
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Objeto formal:
Qual é a natureza da estrutura formal básica do 
objeto? O que e como ele é em termos de linhas, 
campos, orientações espaciais.
Pode-se descrever as estruturas em termos de linhas 
verticais, horizontais, oblíquas e curvilíneas, 
considerando que as obliíquas são mais tensas que as 
horizontais e verticais. Assim como as curvlíneas são 
mais delicadas que as retas.
Existem impressões visuais que podem ser registradas 
na determinação do objeto que auxiliam em uma 
análise posterior :
• Posição espacial por camadas: determinando 
hierarquia das formas em profundidade. Observe os 
dois quadrados e perceba que o vermelho parece em 
primeiro plano e este fato se deve à proximidade do 
obervador como parâmetro.
• Posição espacial por localizaçãono campo visual: 
determinação no plano cartesiano, onde em ‘ ’ 
termos de vertical X horizontal. Podemos determinar 
que o círculo amarelo está no canto superior 
esquerdo da página esquerda do livro. 
• Posição espacial por interpretação sígnica: O objeto 
parece visto por cima ou por baixo? Aí deve-se ter 
cuidado: observe o desenho dos livros ao lado. 
Apesar de ser o mesmo objeto, em função da 
localização espacial e sua rotação temos uma leitura 
diferente (o livro de cima parece ser visto de baixo e 
o debaixo para ser visto de cima)
Os objetos guardam relações entre si, dadas por 
tamanho, cor, forma, deformação etc. Repare nos 3 
círculos. Se perguntássemos apenas "Qual?" para um 
observador e forçássemos apenas essa pergunta a 
resposta seria o primeiro da esquerda para a direita 
em função da diferença da forma.
Qual?
18
Não objeto (Vazio): 
Como é e qual o valor da área 
não utilizada pelo objeto? É mais 
ou menos impactante que o 
objeto?
Para esta avaliação deve-se 
perceber o entorno do objeto, 
aquilo entre o que é e o que 
recebe. Esta é a área 
costumeiramente não percebida. 
Este ‘não objeto’ preenche o 
espaço com o descanso visual 
necessário para a compreensão, 
como no exemplo do texto ao 
lado demonstrando de maneira 
simplificada o valor dos vazios. 
Essa preocupação talvez seja 
mais comum no oriente e pode 
ser observada no sumi-ê do 
mestre Massao Okinaka à direita 
na página. Um outro exemplo 
famoso do valor e da leveza que 
a composição do vazio pode 
oferecer é o logotipo do 
supermercado Carrefour, onde o 
"C" se forma pelo não 
preenchido dos objetos azul e 
vermelho. E talvez o mais antigo 
e famoso exemplo do necessário 
e recorrente equilíbrio entre o 
objeto e a ausência seja o 
símbolo Yin e Yang e seu 
perfeito equilíbrio entre o 
preenchido e o vazio. Se o 
colocarmos em um fundo escuro 
a dualidade se acentua.
19
Ritmo: 
Há ritmo conceitual perceptivo, portanto movimento, e como é a 
intensidade dinâmica do fluxo lexical visual na obra estática? 
Como são as características desse ritmo, sugerem constância, 
variação, truncamento, episodicidade etc? Donis A. Dondis e 
Rudolf Arnheim listam outras várias possibilidades para esse 
atributo em seus livros. Existe ou não um ritmo compreensível no 
conjunto ou em partes do objeto de análise? Como se relacionam 
os objetos constitutivos do conjunto, eles geram interpretações 
de ordem dinâmica?
Essas perguntas podem ser 
feitas para os objetos estáticos 
e também para objetos em 
movimento real, assim é 
possível que se avaliem os 
movimentos em uma peça 
teatral, em um número de 
dança, em um filme.
Nos exemplos identificamos 
algumas idéias:
Na caixa Os objetos verde: 
pequenos parecem 
movimentar-se mais rápido.
Na caixa o elemento vermelha 
deformado atrai a atenção e 
em contraste à solidez do 
objeto íntegro, assume o 
movimento.
Na caixa o objeto menor lilás
dispara em movimento de 
rotação e se ancora ao objeto 
maior.
Na caixa , o objeto mais azul
claro e luminoso, o círculo 
amarelo, torna-se mais 
vibrante e por decorrência 
gera a noção de movimento.
Na caixa o objeto amarela, 
vermelho, mais complexo, 
assumirá o movimento pela 
impressão de leveza.
Tensão: 
Partindo de Rudolf Arnheim que afirma que 
a tensão surge da deformação, há aspectos 
de tensão na estrutura analisada? Objetos 
ou formas se agridem ou se complementam 
harmonicamente?
Como é a intesidade desses acontecimentos? 
No exemplo ao lado, as linhas amarelas que 
formam a seta (forma de cunha com tensão 
dirigida) observamos a agressão na linha 
vertical e a definição de um ponto de 
convergência extremamente atrativo, o 
próprio ponto de encontro dos dois 
elementos. Não há lado positivo ou negativo 
neste dado, apenas o fato de que esse 
encontro formal ancora a atenção visual. De 
fato, o limite da página deste livro também 
é atingida pela linha vertical amarela e cria 
outro ponto de tensão.
No exemplo do retângulo vertical o ritmo é 
quebrado pela deformação e a tensão surge 
da mesma maneira. Observe-se que, apesar 
de "discreta", ainda assim a interferência 
atrai todo o raciocínio gerando interesse 
específico. A história do fato visual tende a 
se intensificar com a deformação. Observe os 
dois retângulos abaixo. Há tensão no objeto 
deformado e ele seria, provavelmente o 
início de uma eventual explicação do 
conjunto. Apenas como curiosidade, a 
tesoura é inequivocamente um instrumento 
agressivo e sua estrutura formal está 
baseada em linhas oblíquas.
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20
Esgotamento: 
A idéia está completa, fechada no 
conjunto e não se amplia para
além do limite?
É a conclusão do discurso inserido e 
limitado ao visível. Esse esgotamento 
pode ser formal e conceitual, isto é, um 
objeto ou conjunto podem estar 
contidos em um certo limite e nenhum 
siginificado se amplia nas formas não 
incluída. Idéias podem surgir e vários 
significados podem ser depreendidas 
mas não se projetam para fora dos 
limites. Da Vinci demonstra em seu quadro sobre Santa 
Ana, Maria e o menino Jesus esse conceito: 
Literalmente milhares de interpretações podem surgir 
do quadro, mas é pouco provável que alguém localize 
um lançamento do olhar para além de seus limites. O 
Nascimento da vênus de Boticelli é tão conclusivo 
quanto o DaVinci. Conta uma história 
linear e se encerra nisso. Voltando à 
natureza morta, no exemplo de Pedro 
Alexandrino, o mesmo esgotamento 
se observa em um conjunto fechado 
resolvido temática e formalmente.
Amplitude: 
O conjunto ou algum elemento 
lança o olhar para além do 
limite do objeto? Existem 
projeções de forma para além 
do limite do objeto visível?
Em Monet, de maneira 
contundente, o corte no motivo 
determina a realidade visível 
mas permite que o observador 
perceba um complemento da 
realidade representada e que 
esta, por sua vez, vai muito 
além do limite do quadro. Esse 
aspecto propicia uma leitura 
mais lúdica, mesmo que 
tematicamente neste exemplo 
seja mais simplificado. Essa 
abordagem da imagem 
remonta, em essência, ao 
barroco europeu.
Finalmente, o Batman de Frank 
Miller atualiza para os 
quadrinhos do final do século 
XX essa amplitude, só que neste 
exemplo carregando de sentido 
e ampliando sua dramaticidade 
como no caso do prédio cuja 
altura se percebe pelo olhar do 
personagem de amarelo.
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Fundo: 
Como é a relação do objeto com seus 
anteparos e suportes, inclusive os que não 
recebem tratamento artístico?
Como se podem definir as relações, 
limitações e funções do suporte? Os 
fundos e anteparos não devem ser 
negligenciados ou entendidos como 
meros suportes do projeto. De fato as 
escolhas para a obra começam na 
escolha do suporte e em alguns casos 
até mesmo antes do próprio projeto 
visual. Os fundos são objetos 
compositivos e requerem as mesmas 
ponderações dos objetos. Por 
exemplo, a cor preta do fundo desta 
página foi escolhida propositalmente 
e colocada ao lado da página 
marrom a esquerda, que por sua vez 
também foi planejada. Outros 
exemplos importantes desta relação 
figura-fundo ou da componibilidade 
do objeto estão em Klimt com sua 
"Judith" e Malevich com seu "Branco 
sobre branco"ou a composição em 
preto e vermelho a direita. A moldura de Klimt, um 
complemento do fundo, é entalhada e parte da obra. E o 
branco de Malevitch que se parece com um simples fundo é, 
na verdade, a massa compositiva principal.
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Distribuição: 
Como é a ordenação espacial dos 
elementos? São equilibrados ou não?
Quais são as razões espaciais, incluindo 
equilíbrio, quantidade de elementos, 
padrões etc? A distribuição simétrica como 
modelo de equilíbrio é um fato 
incontornável se considerarmos que a 
medida das coisas para o homem é o 
homem. Da Vinci demonstra isso em seu 
Homem de Vitrúvio, como um projeto 
completo.É necessária a compreensão de 
mais alguns exemplos desses fatos 
perceptivos (aqui focado na visão ocidental):
• Se pensarmos em entrada e saída teremos a 
esquerda como entrada e a direita como saída. Em 
termos de progressão, esquerda será entendida 
como começo (menos) e direita como final (mais).
• Simplicidade formal se consegue pela simplicidade 
da estrutura, como no exemplo ao lado, um 
conjunto com 32 objetos, mas simples.
• A distribuição espacial pode determinar, ritmo, 
intensidade, padrão, sistema, e provocar inferência 
conceitual destes aspectos assim como da estrutura. 
No exemplo dos círculos azuis é bastante provável 
que o círculo do canto superior esquerdo da página não seja 
entendido como participante do conjunto abaixo, 
simplesmente por que está "distante".
• O equilíbrio na distribuição pode ser conseguido por cor, 
forma, ou massa: 
Da Vinci
Menos Mais
Cor e forma Massa Forma Forma
A percepção da matiz é decorrência da reflexão da 
luz sobre os objetos e da capacidade físico-química 
das substâncias de refletir determinadas amplitudes 
de onda que dão as sensações das cores. Os dois 
sistemas mais comuns de definição da matiz são o 
RGB (para luzes) e CMYK (para tintas gráficas). No 
caso das tintas, a matiz vai sofrer variação de tom a 
medida que está exposta a mais ou menos 
iluminação. No caso das luzes a matiz vai variar de 
tom em função da intensidade de cada uma das 
luzes RGB. Abaixo observam-se algumas situações 
que causam variações nos tons. Não se pode 
esquecer que em termos de tridimensionalidade é a 
luz, e por decorrência a sombra, que definem a 
posição espacial de um objeto.
Matiz:
Quais cores que predominam, quais seus valores intrínsecos e 
culturais e o porque disso?
A compreensão das relações cromáticas deve ser pensada 
sempre em dois aspectos: sentido puro, cujos valores atribuídos 
podem variar pouco ou não variar culturalmente e sentido 
relativo cultural, que atribui a cor sentido específico ou 
diferenciado. A primeira aproximação deve ser sempre em 
termos de localização das grandezas cromáticas.
27
26
Fonte 
de luz
primária
Luz refletida
na sombra
Sombra
projetada
Ângulos
iguais
A matiz ou cor é uma experiência pessoal e depende de formação, 
etnia, crenças, gostos, competência física, mas independentemente 
de tudo isso é uma experiência emocional. Apesar disso o modelo 
ocidental de aprendizado racionaliza a interpretação da cor e torna 
essa necessidade um processo matemático. O melhor exemplo dessa 
deformação na competência em relação a cor está na brincadeira 
antiga, usada até como merchandising de lanchonetes: Primeiro 
LEIA as palavras da seqüência abaixo:
Agora DIGA as cores que você VÊ. É bastante provável que a 
primeira alternativa tenha sido mais rápida. Isso porque a 
experiência da cor não é tão mecânica como a leitura. Esse 
distanciamento está no próprio convívio com a cor. Vejamos 
algumas impressões sobre as cores, esbarrando propositalmente 
em uma visão poética:
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RGB:
Soma
gerando
branco
CMYK:
Soma
gerando
preto
Para o vermelho as primeiras impressões normalmente são sangue, fogo, tensão. Muito intenso, 
se relaciona à mulher, e num desdobramento muito antigo, muito complexo, talvez tenha se 
transformado também em vulgaridade porque está relacionado a sexo. Sexo e mulher são idéias 
próximas. Menstruação, mamilo, lábio, ponta dos dedos, gravidez, todas essas coisas estão 
relacionadas com o vermelho de uma maneira ou de outra. Essa sexualidade, na cultura ocidental 
se transformou em um objeto de vergonha, e o vermelho acaba, por decorrência, sendo poluído 
em termos de expressividade. Mas se tivermos que afirmar algo será que vermelho é sangue em 
todos os lugares do mundo.
O amarelo é absolutamente brilhante, está relacionado ao que nós temos como vida. É o sol, é o 
campo do trigo, é a luz. Em termos de cor é a mais luminosa. É intenso, mas em uma 
intensidade que flerta com o estado emocional. Para o momento nervoso, talvez o amarelo seja 
intensamente nervoso. Se você estiver alegre, talvez o amarelo seja intensamente alegre. Um 
amarelo sempre poderá ser de extrema vibração.
O azul é a calma. O azul é o céu para o ser humano desde o momento em que ele o percebeu.
O céu será grandiosidade, eventualmente o infinito. 
Ele é frio, porque o céu azul é o frescor da manhã. É a placidez relativa à maturidade, estável e 
Sólida. É a constância do que contempla e do que é contemplado.
Se for azul escuro talvez seja um pouco mais preocupado.
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Profundamente relacionado ao mundo natural e às plantas. Se uma planta estiver verde, está 
viva. Se vejo verde vejo vida, vejo a mata, a floresta. Vicejante, forte, talvez perene. É agradável e 
pulsa. É refrescante. O mundo natural dá a pista para o entendimento da cor: Pense em uma 
floresta verde, extremamente fresca, não fria, mas tropical. Pense em uma bala de hortelã. Pense 
no menino e na menina correndo pela grama verdinha, são todos iguais, cheios de energia e 
radiantes.
O preto é morte no mundo ocidental, é tristeza, mas também é o inesperado, é o que não se 
conhece, é o misterioso. É oculto. Pense nas cavernas. Pense no homem que se abrigava da noite, 
com medo daquilo que o fogo não iluminava. Com medo do que não conhecia. Então, o que é o 
escuro, o que é preto? É aquilo que não se conhece? O que não sabe como é? Talvez uma 
comparação bastante divertida, seja a vida noturna atual: pessoas se divertindo em casas 
noturnas, vestindo-se de preto - talvez seja a memória bastante distante do inesperado, do 
mágico, do oculto. Um jogo: "Eu estou aqui, você me quer e você não sabe sobre mim. Você não 
me conhece porque eu não sou tão óbvio assim." Há uma implacável sobriedade no preto, mas há 
também a carga negativa da perda e da ausência. É a não reflexão da luz, é a 
absorção da intensidade da vida.
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Kandinsky
O laranja é jovial por natureza, talvez porque ele seja o melhor de dois mundo, do mundo 
vermelho e do mundo amarelo. Toda a força e agressividade do vermelho, com a 
luminosidade, clareza e a intensidade do amarelo. O laranja dilui as tensões do vermelho e do 
amarelo reconstruindo uma nova realidade de alegria, de vibração, de brilho e luz. Talvez seja a cor 
mais peralta. Talvez seja uma eterna brincadeira. Talvez seja a fruta, com uma leve acidez que dá 
tom e novo sabor a vida.
Se o ser humano gosta de ser a medida e a referência para as coisas, o roxo será antes de tudo um 
hematoma. É engraçado, mas verdadeiro. O roxo se refere ao místico, se refere à nobreza.
 Há uma certa impressão de fantástico no roxo, daí ser clerical e imperial. O roxo deve incorporar 
aspectos graves de dois mundos: Do azul, a frieza e do vermelho, a tensão agressiva. Não se pode 
ignorar o roxo, sua presença é definitiva.
O branco é para o ocidente (e em grande medida para o oriente também) a paz, a calma, a 
limpeza. É a pureza, é a luminosidade absoluta, é a reflexão total. Uma certa falta de presença do 
branco gera a noção de clareza. O ocidente tem a noção de vazio. O vazio é limpo. Talvez 
acreditemos mais no médico se estiver vestido de branco. Talvez achemos o pão mais gostoso se o 
padeiro estiver de branco (talvez achemos a padaria mais limpa também). O branco é intensidade 
e serenidade. Uma calma nula e ausente. Sem idade, sem crença, sem medida. O branco é a 
ausência da medida.
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O marrom talvez seja a mais complexa de todas as cores em termos de sentimento, porque ao 
mesmo tempo que é vida, é morte. Marrom é terra, e terra está relacionada ao sagrado. O que 
nasce do solo. A plantação que cresce da terra pura. Forte. Verdadeira. Entretanto, depois do 
advento do cristianismo e da noção de ressurreição a terra, e por decorrência o marrom, passam a 
representar também a morte, a perda. O marrom pode ser uma paradoxo nesse sentido: Pode ser 
vida e morte. Pode ser perda e esperança. É verdadeiro é natural cheio de personalidade.
O cinza sempre será um problema e uma solução em função de sua extrema 
neutralidade. Ele será sempre um grande parceiro para qualquer outra cor, 
porque ele vai ser o anteparo neutro ideal para a ocorrência dessa outra 
cor. Em contrapartida a neutralidade gera também falta de personalidade. 
Gera falta de vibração e provavelmente não acrescentará. Se uma 
composição estiver toda baseada em cinzas talvez venha a carecer de 
personalidade. É provável que a sobriedade do cinza esteja em sua falta de 
brilho e expressividade.
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Turner
O que é bege?
O bege é uma variação do 
cinza, que passará 
necessariamente por uma 
questão cultural. Pode ser uma
entendido como uma
reinterpretação do marrom
ou do amarelo. Possui a 
neutralidade do cinza, mas 
com alma de alguma outra cor.
O bege faz parte de um conjunto
de cores que dependem muito 
mais das crenças pessoais do 
que da impressão do grupo.
Contraste: 
Há constrastes entre os elementos da composição, sejam eles 
temáticos formais cromáticos, ou ? Para localizar melhor as 
possibilidades das contraposições observe os quadrados coloridos. 
Algumas cores geram contrastes mais fortes e marcantes
outros menos determinados. No fragmento de foto temos cores 
verdes em linhas sinuosas constrastando com o elemento esférico 
vermelho, surge aí um contraste formal reforçado pelo contraste 
cromático. 
Finalmente existe 
uma definição 
importante para os 
problemas visuais 
de composições 
multifatoriais e que 
talvez até não 
passem pela 
questão cromática, 
é o contraste temático. Trata-se, nesta abordagem, da utilização de 
elementos distantes entre si em conceito e que fazem saltar aos olhos 
distinções sintáticas que podem até gerar equívocos de interpretação. 
Em nosso exemplo do 
anúncio de cigarros 
surge uma improvável 
combinação visual entre 
o produto e elementos 
que remetem à pintura 
cubista de Picasso. 
Parece claro que a 
intenção dos criadores 
da peça era associar o 
produto à elegância e 
sofisticação da pintura, 
entretanto o 
estranhamento 
resultante da 
coexistência dos objetos torna o conjunto tematicamente 
contrastante e sintaticamente instável. Podemos remeter a análise, a 
partir daqui, a uma avaliação de uso devido ou indevido, como visto 
no ítem 'Intencionalidade ou significação de base'.
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ASPECTOS
DE APLICAÇÕES 
TECNOLÓGICAS
Tecnologias contemporâneas criam 
novas possibilidades tanto de 
representação como expressão. Alguns 
conceitos surgem por decorrência do 
surgimento de softwares, equipamentos, 
computadores, e estes associados a 
meios de repodução mais antigos devem 
ser contemplados como elementos 
expressivos de linguagem, muitas vezes, 
bastante peculiares.
Estas ferramentas visam orientar quanto 
aos traços de tecnologia na criação do 
objeto visível, assim como apresenta a 
competência expressiva desses meios.
C00M15Y100K00 C100M20Y00K00 C40M00Y100K00 C00M60Y100K00 C00M100Y100K00 C60M80Y00K00C00M00Y00K00
R250G207B000 R000G124B195R255G255B255 R132G194B037 R231G120B023 R218G037B029 R111G068B138
Tipografia: 
Caso ocorram letras no objeto 
de análise, como se podem 
avaliar as cargas 
expressivas? O que dizem 
ou podem querer dizer
os caracteres?
Os caracteres tipográficos 
são peças importantes na 
construção da informação 
visual e carregam carga 
expressiva tanto sub-textual 
(informação embutido no 
formal) quanto textual (a 
idéia do verbal 
propriamente ). 
Em um nível sub-textual e 
basicamente expressivo 
como é a mensagem ou idéia 
da forma da letra? É masculina, 
feminina, alegre, triste, 
agressivo, pueril, antiga, 
moderna etc ? 
Os adjetivos mais variados 
podem ser usados para definir 
a carga expressiva do desenho 
do tipo. Alguns exemplos são 
mostrados ao lado e podem 
servir como subsídios iniciais 
para a avaliação da função 
do desenho da letra dentro 
do conjunto informacional.
Focaremos a análise no 
aspecto sub-textual formal, 
já que em nível textual 
entraríamos nos domínios 
da literatura onde outras 
regras se impõem para 
o entendimento do 
objeto de análise.
35
34
Tipografia Sub-textual: Estrutura.
O tipo é composto por elementos básicos cuja manipulação pode 
levar a variações das cargas expressivas. Além dos aspectos 
nomeados no esquema acima, definem mudanças:
• A razão entre a altura da caixa baixa (nome técnico para 
minúsculas) e a altura da caixa alta (nome para maiúsculas) - essa 
diferença cria mais ou menos áreas de vazio e por decorrência 
escurecimento ou clareamento da mancha em geral (veja os blocos 
abaixo, com os nomes dos tipo e os tons das manchas), em 
conjunto com a espessura das paredes ou hastes da letra que 
definem o peso do tipo.
• Tracking: entreletras para a palavra completa.
• Kerning: entreletras para duas letras.
• Deformações: Condensação, Extensão.
• Alinhamentos: Esquerda = Maior leiturabilidade (veja abaixo).
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Entrelinha, ombro ou Leading
Linha-base Olho Descendente
Ascendente
A
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Largura,
que inclui
o espaço
entreletras
Ajustes visuais para
estruturas curvas
AB vh
Paredes ou
hastes
Tipografia Sub-textual: Serifas
O tipo serifado funciona muito bem para os textos longos em 
função de suas terminações (serifas) que promovem as conexões 
entre as letras das palavras. Mesmo dentro das serifadas de 
estruturas mais comportadas, ainda podemos perceber dfirenças 
Tipografia Sub-textual: Grotescas, Lapidárias ou Sanserif
Esses tipos carregam a noção de modernidade em seu desenho. 
Talvez seja pela limpeza estrutural característica do século XX, 
século das formas rápidas e ágeis. São menos complexas que as 
serifadas (com exceção da Zapf que tem todas as hastes apoiadas 
em arcos) causando certo problema para textos longos, mas 
ótimas para títulos. Se o leitor aprofundar sua avaliação crítica dos 
tipos poderá atribuir adjetivos como se fez nas serifadas.
37
Transicional
Romana moderna
seccionada
Moderna
Romana
Fantasia
Por alargamento
Egípcia
Old style
Clássica
Forte
Direta
Elegante
Monárquica
Leve
Mecânica
Legível
Impessoal
Pesada
Agressiva
Masculina
Feminina
Suave
Curvilínea
Inconsistente
Plástica
Indefinida
Tipografia Sub-textual: Fantasias
Os tipos "Fantasia"são, basicamente, 
caracteres desenhados com as mais 
diversas temáticas, orientações 
estéticas, finalidades e estruturas. 
Algumas letras podem resolver apenas 
títulos, outras podem funcionar até 
mesmo em textos corridos. Algumas 
vezes extravagantes, outras delicadas e 
comedidas as "Fantasias" são 
praticamente um discurso a parte na 
questão da expressividade. Elas 
podem, entre outras possibilidades :
• Complementar um determinado
conteúdo ou idéia.
• Reforçar um sentido.
• Negar um significado.
• Elucidar algum aspecto, 
• Sugerir ou insinuar idéias.
Podemos chamá-las de ferramentas 
expresssivas.
Na página ao lado temos alguns 
exemplos das possibilidades e das 
competências comunicacionaissub-
textuais de alguns tipos, sempre 
orientados a reforçar o sentido textual 
da palavra. É possível que o leitor não 
concorde com todas as escolhas das 
palavras e suas associaçõs visuais, mas 
essa impressão realmente dependerá 
de vários fatores que vão desde o 
contexto até repertório do recipiente. 
Ao lado temos três exemplos de 
negação do sentido pela forma. As 
próprias soluções gráficas chamadas 
"all type" são os melhores exemplos 
da competência dos tipos em 
funcionar como meio da mensagem e 
como ilustração com carga expressiva. 
Nos exemplos, Klaxon - revista da 
semana de 22 - um de seus anúncios e 
uma peça de Alphonse Mucha, de 
orientação estética art nouveau.
38
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Tridimensionalidade: 
Como é conseguida a impressão 
de tridimensionalidade? Como 
são os aspectos de gradiente 
aplicados ao objeto e da simulação de 
profundidade não simbólica. É digital ou analógica 
a construção da impressão de tridimensionalidade. 
Como se dá a relação de planos? A simulação da 
realidade tridimensional é uma ocorrência bastante 
comum nas artes 
visuais e elas 
podem 
apresentar 
sistemas de 
representações 
bastante diversos. 
Na ilustração da 
bailarina Eva 
Yerbabuena, o 
volume é 
simplificado ao 
máximo assumindo 
que a importância do 
fato visual está no 
conceito de 
movimento da 
dança. O 
desenho a lápis 
registra 
minimamente a 
sombra e o volume já que 
a preocupação maior era a captura do momento, trata-se de um 
desenho com modelo vivo. Idem para o ursinho, só que ao invés 
de captar o momento o foco é registrar o 
simbólico. As esferas são geradas por 
computador e buscam uma realidade extrema. O 
que ocorre é que por vezes essa realidade é tão 
perfeita que pode causar estranhamento. 
Finalmente, os bonecos tridimensionais 
(brinquedos) da Turma da Mônica, 
demonstram os problemas possíveis na 
transposição do desenho bidimensional bem 
desenvolvido para a peça tridimensional. 
Algumas características como leveza e soltura do 
traço se perdem nesse processo.
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Bidimensionalidade:
Os elementos são chapados, isto é, sem a simulação 
da tridimensionalidade, em termos de matiz ou 
efeito? Essa 
bidimensionalidade 
tem função ou não? 
Como são os aspectos 
da composição por 
camadas não 
gradientes. Como se dá 
a relação de planos? O 
objeto tira proveito dessa 
bidimensionalidade? No 
desenho em traço do 
gato não existe 
simulação de 
profundidade, o 
entendimento se dá 
pelo reconhecimento da 
forma de contorno. O boneco criado 
no site da animação "South Park", demonstra a simplificação 
total da bidimensionalidade, e o sucesso do desenho norte-
americano só confirma que o conteúdo ainda tem maior 
responsabilidade na eficácia da 
informação que eventualmente a 
forma, em termos de processo de 
comunicação. Para uma comparação 
de linguagem é bastante 
conveniente as duas páginas de 
histórias em quadrinhos abaixo. A 
página do Pernalonga, apesar de 
bidimensional, usa uma coleção 
profusa de elementos formais 
complexos. Faz parte de uma 
linguagem mais dinâmica e tensa. A 
página de Mônica apresenta uma 
simplificação formal e cromática 
que não a desmerece, em absoluto, 
ao contrário aponta a orientação da 
produção focada no público alvo 
(crianças por volta de 7 a 12 anos, 
prioritariamente) e na sua forma de 
explorar a informação visual..
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41
Turma da Mônica 
Maurício de Souza
Efeito: 
Existem efeitos gráficos analógicos e/ou digitais 
no objeto de análise? Padronagens, texturas e 
simulações computadorizadas ou semelhantes? 
Como estão e qual sua função expressiva? As 
texturas e padronagens sempre fizeram parte 
do ferramental expressivo gráfico, entretanto o advento da 
computação gráfica deu um novo impulso a estes recursos. 
Algumas das formas tradicionais de tratamento da imagem foram 
incorporadas aos softwares gráficos, alguns outros vieram dos 
domínios da fotografia como solarização e desfoque. Surgem 
também efeitos que são produtos das potencialidades de 
processamento e 
recombinações 
desses softs, como 
por exemplo a 
pixelização 
(transformação da 
imagem em 
mosaico de 
quadrados 
interpretando a 
imagem inicial - são 
definidos por sua 
quantidade, 
quanto mais e 
menores mais 
definida a 
imagem), 
posterizazção, 
metalização, 
liquefação. Entre 
centenas dessas 
possibilidades é 
importante que 
durante a análise se 
observe a 
proveniência desses 
efeitos e o quão 
úteis ou 
determinantes eles 
podem ter sido à 
composição.
Van Gogh
ruído
desfoque
pixelização
liquefação
cromo
cristalização
43
4242
Enquadramento ou campo visual:
Como é o enquadramento do objeto visual a partir 
de uma notação técnica ou cinematográfica? 
Como são a distribuição e o ritmo da imagem nos 
momentos iniciais, intermediários e finais do fluxo 
do movimento real? Pensando em cinema, teatro 
ou dança, o enquadramento da imagem tem 
responsabilidade expressiva e pode determinar a 
significação, assim como o movimento da câmera 
descreve ambientes, objetos ou situações e conduz 
a interpretação do fato visual. A escolha de um 
certo ponto de vista reforça a significação no 
processo da explicação visual. Os campos 
cinematográficos demonstrados à direita, 
representam, de maneira simplificada, os níveis de 
discurso desde o plano mais geral, ou vista 
panorâmica, que estabelece o entendimento inicial 
da imagem, até o plano de detalhe ou close-up, 
cuja maior competência está em especificar o 
objeto ou intensificar sua participação. O 
movimento físico da câmera também 
descreve uma situação e pode, em função 
das variações e complexidades do 
movimento, gerar mais ou menos tensão e 
significado na idéia representada. Alguns 
movimentos de câmera importantes: Pan 
(varredura no eixo horizontal - veja o 
modelo laranja ao lado); Tilt ou pan vertical 
(varredura vertical); Grua (mini guindaste); 
Dolly ou Traveling (câmera em movimento 
sobre carrinho); Steadicam - hand held 
(aparato de câmera em movimento livre 
acoplada ao corpo do operador, sem 
trepidação); Zoom. Em relação ponto de 
vista: Superior, Inferior, Aéreo, Nível dos 
olhos, Subjetiva (ver através dos olhos do 
personagem), ou Direto (observador vê a cena "de fora", o 
mais comum. Outro elemento expressivo é o tipo do corte, seco 
ou com transição. Finalmente a iluminação: Geral (Todos 
objetos igualmente iluminados), Dramática (Intensidades 
variáveis sobre os objetos ), Esculpida (Pontual e discursiva).
Plano Geral ou Panorâmica
Plano de conjunto
Plano de americano
Plano de médio
Plano de médio fechado
Close-up
liquefação
38
ASPECTOS
DAS VARIAÇÕES 
CULTURAIS
DE APRECIAÇÃO 
ESTÉTICA
OU AGRUPAMENTOS FORMAIS. 
Aqui se apresentam categorias para 
possíveis traços gerais formais do objeto 
agrupando grandes áres estéticas. As 
categorias qualificam detalhes do 
conjunto estrutural do objeto visual, já 
que todo fenômeno visual guarda 
relações mais ou menos evidentes com 
referências e registros anteriores ou 
paralelos. Evitando ao máximo a 
tipificação das escolas estéticas da história 
da arte podemos localizar nove 
categorias, que em sentido mais amplo e 
genérico são usadas para descrever uma 
primeira impressão sobre as referências 
do objeto.
4
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Europeísmo formal:
Remete ao conjunto de elementos do 
bloco cultural europeu? Existem 
elementos como castelos, por 
exemplo, que são fortemente 
associados a países como França, 
Itália e outros, ou mesmo um 
período como idade média, 
renascimento, cavaleiros, cruzadas 
etc. Repare o resgate do tema no 
videogame "Legion".
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Imperioformismo Celebrativo:
A produção tem a marca indelével do 
poder imperial e de seus tradicionais 
exageros formais, estruturais e 
matéricos? São exemplos o 
neoclássico norte-americano e a 
estética napoleônica. Há sempre uma 
grandiloqüência no discurso visual. 
Repare na recorrência dos vermelhos 
que remetem a veludos finos.
Ingres
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Orientalismo formal
O conjunto pode ser abordado como 
uma experiência oriental? 
Englobamos aqui manifestações do 
Japão, China, Índia, Países Árabes. 
Mesmo que existam diferenças entre 
os países - por exemplo a profusão 
decorativa da Índia e a busca pelo 
Wabi (prazer da tranqüilidade) e 
Sabi (simplicidade elegante) do 
Japão - permanece uma postura 
voltada à espiritualidade nas 
estruturas visuais.
Moderniformismo:
Remete ou baseia-se em uma condução 
estética de linhas retas simples ou 
excessivamente simples, destituída ao 
máximo de adornos complexos na forma e 
na quantidade? A modernidade, 
principalmente o período pós guerras, 
instituiu linhas retas e simples que 
atenderam às necessidades de reconstrução 
urgente, abandonando os elementos 
decorativos de produção demorada. Outros 
aspectos bastante associados ao 
esteticamente moderno são as modulações 
e a simplificação cromática que pretendem 
levar o objeto ao extremo da simplicidade 
e funcionalidade. Repare nas calculadoras 
Braun, nos móveis moduláveis e no mapa 
do Metro de Londres.
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Latinoformismo:
Elementos latinos podem ser 
reconhecidos? Em que nível a obra 
apropria-se de um conjunto de 
“tropicalidade”? Existem alguns 
elementos visuais recorrentemente 
associados ao tema latino, entre 
eles: vegetações exuberantes; 
composições frugais com cores 
vivas, e nesse aspecto 
certamente Carmem Miranda 
fez grandes contribuições; cores 
puras bastantes saturadas e 
principalmente quentes; e, é 
claro, a estereotipada 
sensualidade latina em clima de 
eterna festa, que mesmo que 
não seja um traço formal não 
pode ser deixado de lado.
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Classiformismo:
O objeto remete ou baseia-se em uma 
tradição greco-egipto-romana, ou em 
alguma idéia de “clássico”? O termo 
clássico não se refere ao período 
histórico mas a uma idéia generalista 
que coloca na mesma perspectiva tanto 
os padrões gregos helenísticos como 
um capitel do interior de uma clínica 
médica. Da mesma maneira surgem os 
ornamentos egípcios dos quais o maior 
símbolo, eternizado em réplicas de 
gesso, é a máscara de Tuntancamom, ou 
mesmo os arcos romanos para entradas 
de prédios. Talvez o maior problema 
dessa "necessidade estética" 
freqüentemente reincidente seja a 
apropriação indevida, mas o irresistível 
charme do clássico é sempre uma saída 
compreensível e eficaz para o 
entendimento de uma idéia de elegância.
Religioformismo:
A obra atende necessidades de sistemas 
religiosos?
Os objetos visuais podem ser reconhecidos como 
ferramentais de culto ou adoração? As religiões e 
as doutrinas de fé podem determinar ordens 
estéticas e formas que indicam inclusive sua 
origem. A diferença importante entre a 
qualificação "religiosismo"e "iconografia" é que 
um ícone pode ter valor individual, mas o 
elemento religioso será uma peça de conjunto 
que segue regras, seja em 
termos de forma ou temática, e 
o vínculo à idéia de religião é 
maior que o próprio objeto. 
Alguns exemplos desses 
conjuntos são os elementos 
islâmicos, católicos, ortodoxos, 
camdomblecistas etc. 
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Barroquiformismo:
Remete ou baseia-se em uma tradição 
de rebuscamento e exagero 
decorativo com traços barrocos, cuja 
estética é retomada fortemente pelo Art 
Nouvea, entre outras estéticas. De certa 
maneira podemos atribuir o conceito 
barroquismo aos elementos florais, 
femininos, curvilíneos, adornados, 
botânicos, carregados de expressividade. O 
Barroco propriamente dito se refere a uma 
postura antes até mesmo da questão 
formal. Barroquiformismo não sugere a 
necessidade de uma intenção barroca, mas 
apenas o uso dos elementos. Há um 
requinte formal e normalmente objetos com 
essa orientação tem processo produtivo 
detalhado e complexo.
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Etnoformismo:
Elementos inspirados em 
construções aborígenes de 
várias partes do mundo podem 
ser reconhecidas na obra? São bastante 
características dessa orientação as obras 
do continente africano, mas todas as 
manifestações tribais podem receber esta 
qualificação, aproximando-se, inclusive, em 
alguns momentos, da produção 
compreendida como ‘artesanato’. Caracteriza-
se por elementos decorativos com 
padronagens construídas a partir de 
repetições formais, no uso de materias 
rústicos e por estilizações. Alguns exemplos: 
tatuagens "tribais", estátuas e máscaras 
africanas, tecidos, os moais
chilenos e os objetos na ilustração do cartaz 
de Parintins.
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