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DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 1 Constituição é norma superior, pressuposto de validade de todas as demais normas do ordenamento jurídico. Superioridade material – poder constituinte – valores considerados superiores pela vontade geral Superioridade formal – prescreve as formas de criação das demais normas e suas próprias regras de alteração. FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA Art. 1º da CF A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - Soberania: poder político independente (internacional) e titularizado pelo povo (esfera interna). Sufrágio universal (art. 60, parágrafo 4º II CF) II Cidadania: conjunto de direito e obrigações à participação do individuo na formação da vontade do poder estatal. Cidadania eleição: votar e ser votado Cidadania fiscalização: propor ação popular (art. 5º LXXIII CF) Cidadania propositiva: dar início a projeto de lei (art. 61, parágrafo 2º CF) Cidadania conciliação: ser eleito juiz de paz (art. 98 II CF). III dignidade da pessoa humana: qualidades intrínsecas de cada ser humano. Proteção contra tratamento degradante e discriminação odiosa IV valores sociais do trabalho e da livre iniciativa V pluralismo político 1 Anotações que serviram de referências em aula expositiva. Este material não é apostila, tampouco texto acadêmico. Não substitui consulta à doutrina e jurisprudência. DIVISÃO DOS PODERES Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. OBJETIVOS DA REPÚBLICA Art. 3º da CF Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS Art. 4º II CF A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. CLÁUSULAS PÉTREAS Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS A Constituição de 1988 concluiu o mais extenso rol de direitos humanos (civis, políticos, econômicos, sociais e culturais) Direitos e garantias não exaustivos: Artigo 5º, parágrafo 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Título II da Constituição brasileira de 1988 é dedicado aos direitos e garantias fundamentais. Dividido em cinco capítulos: “DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS” (artigo 5º); “DOS DIREITOS SOCIAIS” (artigos 6º ao 11); “DA NACIONALIDADE” (artigos 12 e 13); “DOS DIREITOS POLÍTICOS” (artigos 14 ao 16), “DOS PARTIDOS POLÍTICOS” (artigo 17). São considerados indispensáveis à pessoa humana, necessários para assegurar a todos uma existência digna, livre e igual. Não basta o Estado apenas receonher direitos formalmente,, pois o Estado deve buscar concretizá-los, incorporá-los no dia-a-dia dos cidadãos e de seus agentes. HIERARQUIA DAS NORMAS DE DIREITOS HUMANOS Emenda Constitucional 45/2004 Hierarquia constitucional dos tratados de direitos humanos Tratados de direitos humanos são diferenciados dos demais tratados art. 5, parágrafo 1º: As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. parágrafo 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. parágrafo 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) parágrafo 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) COMPETÊNCIA FEDERAL Na hipótese de grave violação de direitos humanos Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. REMÉDIOS OU GARANTIAS CONSTITUCIONAIS Remédios ou garantias constitucionais são os meios disponibilizados ao indivíduo pela Constituição de 1988 para a proteção de seus direitos fundamentais. Visam provocar a atividade jurisdicional do Estado HABEAS CORPUS (Artigo 5º, LXXII) É a ação constitucional para a tutela da liberdade de locomoção, utilizada sempre que alguém estiver na iminência de sofrer, ou sofrendo constrangimento ilegal em seu direito de ir e vir. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 Espécies: habeas corpus liberatório ou repressivo: cessar o constrangimento à liberdade de locomoção. habeas corpus preventivo: quando houver ameaça ao direito de ir e vir. habeas corpus de ofício: concedido pela autoridade judicial, sem pedido da parte, quando verificado no curso do processo que alguém está sofrendo ou na iminência de sofrer constrangimento ilegal em seu direito de ir e vir. HABEAS DATA (Artigo 5º, LXXII) Ação constitucional para a tutela de direito de informação e de intimidade do indivíduo, assegurando o conhecimento de informações relativas a sua pessoa constante de bancos de dados de entidades governamentais ou abertas ao público, bem como o direito de retificação desses dados. MANDADO DE SEGURANÇA (Artigo 5º, LXIX) Ação constitucional para a tutela de direitos individuais líquidos e certos, não amparados por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for a autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (Artigo 5º, LXX) Ação constitucional para a tutela de direitos individuais líquidos e certos, não amparados por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder fora autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. São tutelados direitos: coletivos, entendidos como transindividuais, de natureza indivisível, cuja titularidade seja um grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si; individuais homogêneos, decorrentes de origem comum e de atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros impetrantes. DIREITO DE PETIÇÃO (Artigo 5º, LXXIV, “a”) Direito de peticionar, de formular pedidos para a Administração pública em defesa de direitos próprios ou alheios, bem como de formular reclamações contra atos ilegais e abusivos cometidos por agentes do Estado. DIREITO DE CERTIDÃO (Artigo 5º, LXXIV “b”) Direito ao documento expedido pela Administração Pública, comprovando a existência de um fato e gozando de fé pública até prova em contrário. Direito de obter do Estado esse documento para a defesa de direitos ou esclarecimentos de situações de interesse pessoal. MANDADO DE INJUNÇÃO (Artigo 5º, LXXI) Ação constitucional para a tutela de direitos previstos na Constituição inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania que não possam ser exercidos em razão da falta de norma regulamentadora. AÇÃO POPULAR (Artigo 5º, LXXIII) Ação constitucional à disposição de qualquer cidadão para a tutela do patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, da moralidade administrativa, do meio ambiente e do patrimônio histórico e cultural, mediante a anulação do ato lesivo. AÇÃO CIVIL PÚBLICA (Artigo 129, III) Ação constitucional para a tutela do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. A BUSCA DE IMPLEMENTAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL Recomendação da Declaração e Programa de Ação da Conferência Mundial de Direitos Humanos de Viena, 1993. Elaboração de programas nacionais de direitos humanos Concretizar política pública PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS - PNDH – decreto 1.904, 13 de maio de 1996 Missão: diagnósticos de direitos humanos, adoção de medidas de defesa e promoção, conferir visibilidade aos problemas de direitos no Brasil, coordenar esforços para superação das dificuldade e sua implementação. Voltado à garantia e proteção dos direitos civis. Não possui força vinculante. Orientação para ações governamentais Inaugura processo de consultas e debates com a sociedade civil PNDH-2 – decreto 4.229, 13 de maio de 2002 Fruto de seminários regionais. Maio participações de órgãos não governamentais de Consulta pública pela Internet (via Secretaria dos direitos humanos do governo federal) Ênfase nos direitos sociais e em grupos vulneráveis (afrodescendentes, povos indígenas, orientação sexual, multiculturalismo). Direitos à educação, saúde, previdência, assistência social, trabalho, moradia, meio ambiente saudável, alimentação, cultura, lazer, educação e sensibilização à uma cultura de respeito aos direitos humanos) PNDH-3 – decreto 7037, 21 de dezembro de 2009 Processo de consulta e discussão finalizado no 11º Conferência Nacional dos Direitos Humanos (Tema: Democracia, Desenvolvimento e Direitos Humanos: Superando as Desigualdades) Seis eixos orientadores 1 – Interação democrática entre Estado e Sociedade Civil 2 – Desenvolvimento Humanos 3 – Universalizar Direitos em um Contexto de Desigualdades 4 – Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência 5 – Educação e Cultura em Direitos Humanos 6 – Direito à Memória e à Verdade PROGRAMAS ESTADUAIS Competência administrativa de realizar políticas públicas de implementação dos direitos humanos é comum a todos os entes federados Consideração às diversidades regionais AS PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES DE DEFESA E PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS EXECUTIVO FEDERAL: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade racial Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres. Ver Programa Nacional de Ações Afirmativas Conselho de Direitos Humanos Conselho Nacional dos Direitos da Criança e Adolescentes CONANDA Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência CONADE Conselho Nacional dos Direitos dos Direitos do Idoso CNDI Conselho Nacional dos Direitos de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos das Lésbicas, Gay, Bissexuais, Travestis e Transexuais – CNCD-LGBT Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos CEMDP Comissão Nacional da Erradicação do Trabalho Escravo CONATRAE Comissão Nacional de Educação em Direitos Humanos CNEDH Comissão Nacional de Promoção da Igualdade Racial CNPIR Comissão Nacional dos Direitos da Mulher CNDM NO LEGISLATIVO FEDERAL: Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara de Deputados CDHM Ministério Público Federal Procuradoria dos Direitos do Cidadão Defensoria Pública da União PLANO ESTADUAL: Ministério Público estadual Defensoria Pública do Estado Conselhos Estaduais de Direitos Humanos REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2015. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, de 1988.