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UNIBRAS NORTE GOIANO 
PRO: Jéssyca Fernandes Boaventura 
Disciplina: Sistema Acusatório Brasileiro 
Aula 03 
AÇÃO PENAL E AÇÃO CIVIL “EX DELICTO” 
 
➢ AÇÃO PENAL 
1. Conceito 
 
O crime é a conduta que lesa direitos, razão pela qual a sua prática gera ao Estado 
o poder-dever de punir. Como esta punição não pode ser arbitrária nem ocorrer à revelia 
das garantias individuais do indivíduo, é necessária a existência de uma fase de apuração, 
assegurando-se ao acusado o direito de defesa, o contraditório e a produção de provas. 
 
Surge, assim, a ação penal, como ato inicial desse procedimento, alicerçando-se 
no direito de postular ao Estado a aplicação de uma sanção em face da violação a uma 
norma penal incriminadora. 
 
#SELIGA: O que é direito de ação penal? 
De acordo com a doutrina majoritária, direito de ação penal é o direito público 
subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso 
concreto. Funciona, portanto, como o direito que a parte acusadora - Ministério 
Público ou o ofendido (querelante) - tem de, mediante o devido processo legal, 
provocar o Estado a dizer o direito objetivo no caso concreto. Há doutrina (minoritária) 
sustentando que a ação penal não seria um direito, mas sim um poder, porque a 
contrapartida seria uma sujeição do Estado-Juiz, que está obrigado a se manifestar. 
 
2. Características do direito de ação penal 
 
 
a) direito público: a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza 
pública, razão pela qual se diz que a ação penal é um direito público, mesmo nas 
hipóteses em que o Estado transfere ao ofendido a possibilidade de ingressar em juízo; 
 
b) direito subjetivo: o titular do direito de ação penal pode exigir do Estado-Juiz a 
prestação jurisdicional, relacionada a um caso concreto; 
 
c) direito autônomo: o direito de ação penal não se confunde com o direito 
material que se pretende tutelar; 
 
d) direito abstrato: o direito de ação existe e será exercido mesmo nas hipóteses 
em que o juiz julgar improcedente o pedido de condenação do acusado. Ou seja, o direito 
de ação independe da procedência ou improcedência da pretensão acusatória; 
 
e) direito determinado: o direito de ação é conexo a um fato concreto, já que 
pretende solucionar uma pretensão de direito material; 
 
f) direito específico: o direito de ação penal apresenta um conteúdo, que é o 
objeto da imputação, ou seja, é o fato delituoso cuja prática é atribuída ao acusado. 
 
3. Lide no processo penal 
 
É conhecida a concepção clássica de Carnelutti, segundo a qual a lide seria um 
conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. 
 
Tem prevalecido o entendimento de que deve se evitar a transposição do 
conceito de lide para o processo penal. Primeiro, porque não haveria um conflito de 
interesses, já que o interesse na preservação da liberdade individual também é um 
interesse público, uma vez que interessa ao Estado, na mesma medida, a condenação do 
culpado e a tutela da liberdade do inocente. No processo penal, o Estado pretende 
apenas a correta aplicação da lei penal. 
 
 
Segundo, porque, mesmo que o imputado esteja de acordo com a imposição de 
pena, com o que não haveria qualquer resistência de sua parte ao pedido condenatório, 
ainda assim a defesa técnica será indispensável no processo penal. 
 
Assim, no processo penal, costuma-se trabalhar com o que se convenciona 
chamar de pretensão punitiva, que significa a pretensão de imposição da sanção penal 
ao autor do fato tido por delituoso. 
 
4. Condições da ação 
 
Assim como no processo civil, também a ação penal está subordinada ao 
preenchimento das chamadas condições da ação. Sem elas a inicial acusatória não 
poderá conduzir à instauração da relação processual-penal, devendo ser rejeitada de 
plano pelo judiciário (art. 395, II, do CPP). As condições da ação classificam-se em duas 
ordens: 
 
a) Condições gerais ou genéricas; 
b) Condições especiais ou específicas. 
 
4.1 Condições gerais da ação – LIP 
 
São aquelas aplicáveis a toda e qualquer ação penal. 
 
a) Possibilidade jurídica do pedido: corresponde à viabilidade de procedência da 
ação penal. Assim, é necessário que a conduta imputada na inicial acusatória constitua 
crime ou contravenção penal. Logo, esta primeira condição da ação penal exterioriza-se 
por meio da imputação de um fato típico. 
 
#SELIGA: Sendo inequívoca, isto é, completamente estreme de dúvida a ocorrência de 
excludente de ilicitude a abrigar a conduta do agente, modo geral tem-se admitido que 
 
o Ministério Público não ofereça denúncia, requerendo o arquivamento do inquérito 
policial. A hipótese é relativamente comum na prática forense. Agora, se na mesma 
circunstância fática, optar o promotor por deduzir a ação penal, não poderá o juiz 
rejeitar a inicial, devendo aguardar a fase posterior ao oferecimento da resposta do 
acusado (art. 396 do CPP), quando então poderá, em julgamento antecipado do 
processo, absolver sumariamente o imputado com fundamento no art. 397, I, do CPP 
(“Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz 
deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I – a existência manifesta 
de causa excludente da ilicitude do fato”). 
 
b) Legitimidade ad causam: é a pertinência subjetiva da ação. 
(i) Legitimidade ativa: 
- Ação penal pública (art. 129, I, da Constituição Federal): Ministério Público; 
- Ação penal privada: o ofendido, ou seu representante legal, ou as pessoas do 
art. 31, CPP (Cônjuge/companheiro; Ascendente; Descendente; Irmão). 
 
(ii) Legitimidade passiva: autor do fato delituoso, com 18 (dezoito) anos 
completos ou mais, já que a CF estabelece que os menores de 18 anos são penalmente 
inimputáveis (art. 228). 
 
#OLHAOGANCHO: Quanto à legitimação passiva da pessoa jurídica (capacidade para 
ocupar a posição de ré na ação penal), este é admitida quanto aos crimes ambientais, 
já que a CF, no seu art. 225, § 3.º, expressamente prevê que as condutas e atividades 
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou 
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de 
reparar os danos causados. Ademais, também o art. 3.º da Lei 9.605/1998 dispõe que 
as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente nos 
casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou 
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
 
Contudo, tal tema sempre foi controvertido, havendo posições conflitantes na doutrina 
e na jurisprudência: 
a) Não se admite a responsabilidade penal das pessoas jurídicas no sistema brasileiro. 
Isso não significa dizer que devam elas ficar sem punição na hipótese de prática lesiva 
ao meio ambiente, mas sim que a sanção que lhes pode ser aplicada possui natureza 
administrativa e civil, e não penal. Na medida em que as pessoas jurídicas não agem 
por si próprias, sendo resultantes os crimes praticados da vontade das pessoas naturais 
que as administram, apenas estas é que podem ser responsabilizadas criminalmente. 
b) É possível a responsabilidade penal das pessoas jurídicas, pois esta decorre da 
Constituição Federal e da Lei Ambiental (Lei 9.605/1998), que visaram não apenas à 
punição das condutas lesivas como também à prevenção geral e especial do meio 
ambiente. Quanto ao argumento acerca da suposta incapacidade de serem culpáveis 
e sofrerem penalidades, não procede para o fim de afastar essa possibilidade de 
responsabilização criminal, pois se a pessoa jurídica possui existência própria no 
ordenamento jurídico e pratica atos no meio social mediante a atuação de seus 
administradores, pode, então, cometer condutas típicas passíveis de responsabilização 
penal, condicionando-se, apenas, a que seja ela beneficiária direta ou indireta peladeclaração assinada pelo querelado, por seu 
representante legal ou procurador com poderes especiais. 
 
d) Perempção: é a perda do direito de prosseguir na ação privada, ou seja, a 
sanção jurídica cominada ao querelante em decorrência de sua inércia ou negligência. 
Seu reconhecimento implica na extinção da punibilidade do querelado, não sendo 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art152
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art50
 
possível que, após seu reconhecimento, o ofendido ou seu representante legal ofereça 
nova queixa pelo mesmo fato. Hipóteses: 
 
(i) quando, iniciada a ação penal exclusivamente privada ou personalíssima, o 
querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias 
seguidos: prevalece o entendimento de que, antes de declarar a perempção, o juiz deve 
intimar o querelante para apresentar eventual justificativa para o abandono do processo. 
 
(ii) quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não 
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, 
qualquer das pessoas enumeradas no art. 31 do CPP pelo período de 60 dias; 
 
(iii) quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a 
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de 
condenação nas alegações finais; 
 
#SELIGA: Tratando-se de processo criminal em que dois ou mais crimes estejam sendo 
apurados, o pedido de condenação apenas no tocante a um ou alguns importará em 
perempção da ação penal em relação aos remanescentes. 
 
(iv) quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar 
sucessor. 
 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias 
seguidos; 
 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para 
prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-
lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
 III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que 
deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de 
ofício. 
Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará 
autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de cinco dias 
para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a matéria na 
sentença final. 
 
6. Outras classificações da ação penal 
 
6.1. Ação Penal Popular 
 
Parte da doutrina aponta a existência da ação penal popular em razão da Lei 
1.079/1950 possibilitar qualquer cidadão desencadear perante o Senado Federal a 
apuração dos crimes de responsabilidade nela previstos e que tenham sido cometidos 
por determinados agentes públicos. 
 
Permite-se, enfim, a qualquer pessoa, com base na citada lei e em relação às 
infrações que nela constam, denunciar: 
 
a) Ministros do Supremo Tribunal Federal e o Procurador-Geral da República 
perante o Senado Federal; 
b) O Presidente da República e os Ministros de Estado nos crimes conexos ao 
daquele junto à Câmara dos Deputados, à qual incumbirá autorizar ou não a instauração 
de processo. Autorizada essa instauração por voto de dois terços de seus membros, as 
peças serão encaminhadas ao Senado, a quem incumbirá o julgamento (arts. 51, I, e 86, 
da CF). 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art36
 
#OUSESABER: Há ações penais populares no Direito Penal brasileiro? No Direito 
Processual Penal, o critério para definir a espécie de ação penal é o da titularidade do 
seu exercício, assim, há dois gêneros de ação penal: a ação penal pública, cujo titular é 
o Ministério Público e a ação penal privada, cujo titular é o ofendido ou seu 
representante legal. No entanto, parte minoritária da doutrina, entende que existe uma 
terceira espécie, a ação penal popular, a qual consiste no direito que qualquer do povo 
pode exercer denunciando crime visando à punição do autor do delito, enquadrando 
como ação popular a possibilidade de qualquer pessoa oferecer denúncia à Câmara dos 
Deputados, em caso de crime de responsabilidade praticado pelo Presidente da 
República, previsto no art. 14 da Lei 1.079/50, bem como, a impetração de habeas 
corpus, previsto no art. 5º, inciso LXVII, CF. Ocorre que prevalece o entendimento de que 
referido dispositivo não autoriza o início de ação penal, apenas possibilita o 
oferecimento de notitia criminis, uma vez que a ação penal somente será iniciada, caso 
a denúncia seja admitida por dois terços da Câmara dos Deputados, podendo o Senado 
Federal rever os requisitos de admissibilidade. Ademais, não se trata de sanção de 
natureza penal, mas sim de natureza político-administrativa, tendo como julgador o 
Poder Legislativo, não o judiciário. Em relação ao habeas corpus, trata-se de ação 
libertatória. 
 
6.2 Ação de Prevenção Penal 
 
É a ação que se destina à aplicação da medida de segurança aos absolutamente 
inimputáveis (art. 26 do CP). 
 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
6.3 Ação Penal Secundária 
 
Ocorre na hipótese em que a lei estabelece uma espécie de ação penal para 
determinado crime, porém, em virtude do surgimento de circunstâncias especiais, passa 
 
a prever, secundariamente, uma nova espécie de ação penal para essa infração. Ex: nos 
crimes contra a honra, em regra, a ação penal é de iniciativa privada (CP, art. 145, caput). 
 
No entanto, se cometido o crime contra a honra de injúria racial (CP, art. 140, § 
3º), a ação penal será pública condicionada à representação (CP, art. 145, parágrafo 
único, in fine, com redação determinada pela Lei n° 12.033/09). 
 
#NÃOCONFUNDA: 
 
*#OBS. O estupro não é mais exemplo de legitimação secundária, uma vez que com a lei 
13.718/18 ação penal passou a ser incondicionada para todos os casos de crimes contra 
liberdade sexual. 
 
7. Ação penal nas várias espécies de crimes 
 
7.1 Ação Penal nos crimes contra a honra 
 
Em regra, os crimes contra a honra são de ação penal de iniciativa privada (art. 
145, CP). Contudo, há certos crimes contra a honra que estão submetidos a espécies 
distintas de ação penal: 
 
a) Injúria real: consiste na prática de injúria através de violência ou vias de fato, 
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes (CP, art. 140, § 
2º). 
 
 
Se a injúria real for praticada através de vias de fato, a ação penal será de iniciativa 
privada, pois as vias de fato são absorvidas pelo crime contra a honra. Porém, se resultar 
lesão corporal, a ação penal será de natureza pública. 
 
b) Crime contra a honra do Presidente da República ou contra chefe de governo 
estrangeiro: trata-se de crime de ação penal pública condicionada à requisição do 
Ministro da Justiça (art. 145, parágrafo único, CP); 
 
c) Crime contra a honra de funcionário público no exercício das funções: no caso 
de crime contra a honra de funcionário público em razão de suas funções (propter 
ojficium), a ação penal será pública condicionada à representação (CP, art. 145, parágrafo 
único). Contudo, o Supremo Tribunal Federal passou a entender que também seria 
cabível a ação penal deiniciativa privada. 
 
Nesse sentido é a súmula n° 714 do STF: “é concorrente a legitimidade do 
ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do 
ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do 
exercício de suas funções”. 
 
d) Crimes militares contra a honra: o Código Penal Militar prevê tais espécies de 
delitos entre os arts. 214 e 216, todos eles de ação penal pública incondicionada, 
ressalvada a possibilidade de ação penal privada subsidiária da pública, caso verificada a 
inércia do órgão ministerial; 
 
e) Crimes eleitorais contra a honra: o Código Eleitoral também prevê crimes 
contra a honra (arts. 324, 325 e 326), acrescidos, porém, do elemento especializante “na 
propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda”. Logo, eventual crime contra a 
honra cometido no âmbito doméstico, desvinculado, direta ou indiretamente, de 
propaganda eleitoral, ainda que motivada por divergências políticas às vésperas de 
 
eleição, deve ser processado e julgado pela Justiça Comum Estadual, e não pela Justiça 
Eleitoral. Todos os crimes eleitorais são de ação penal pública incondicionada (art. 355, 
do Código Eleitoral); 
 
f) Injúria racial: atualmente, trata-se de crime de ação penal pública condicionada 
à representação. 
 
#ATENÇÃO: Não se pode confundir o crime de injúria racial com os delitos de racismo, 
tipificados na Lei n° 7.716/89, os quais são de ação penal pública incondicionada. No 
art. 140, § 3º, há ofensa à honra subjetiva de determinada pessoa; nos delitos de 
racismo, há oposição indistinta a toda uma raça, cor, etnia, religião ou procedência 
nacional. 
 
7.2. Ação penal nos crimes de trânsito de lesão corporal culposa, de embriaguez ao 
volante e de participação em competição não autorizada 
 
a) Lesão corporal culposa: trata-se de infração de menor potencial ofensivo 
(porque sua pena não ultrapassa a dois anos de detenção). Como regra geral, deve ter 
incidência a Lei n° 9.099/95. Logo, a ação penal será pública condicionada à 
representação. Se, no entanto, estiver presente uma das situações descritas nos incisos 
I, II e III do § 1º, do art. 291, do CTB, o crime deixa de ser considerado infração de menor 
potencial ofensivo. 
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei 
no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do parágrafo 
único pela Lei nº 11.705, de 2008) 
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine 
dependência; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) 
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou 
demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade 
competente; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) 
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros 
por hora). (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm#art74
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm#art76
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm#art88
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm#art88
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11705.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11705.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11705.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11705.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11705.htm#art5
 
 
b) Embriaguez ao volante: considerando que sua pena é de detenção, de 6 (seis) 
meses a 3 (três) anos, não se trata de infração de menor potencial ofensivo. Cuida-se de 
crime de ação penal pública incondicionada. 
 
c) Participação em competição não autorizada: também não se trata de infração 
de menor potencial ofensivo. Cuida-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
 
7.3. Ação penal nos crimes de lesão corporal com violência doméstica e familiar contra a 
mulher 
a) Regra geral: os crimes são de ação penal pública condicionada à representação. 
b) Lesão corporal: o STF, no julgamento da ADI 4424, assentou a natureza 
incondicionada da ação penal nos casos de crime de lesão corporal (de todos os tipos) 
contra a mulher nos casos de violência doméstica. 
 
#DEOLHONASSÚMULAS: 
Súmula 536, STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se 
aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. 
Súmula 542, STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
Súmula 588, STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com 
violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena 
privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
Súmula 589, STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções 
penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06
 
Súmula 600, STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no 
artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre 
autor e vítima. 
 
7.4. Ação Penal nos crimes contra a dignidade sexual 
Com a entrada em vigor da Lei nº. 13.718, no dia 25 de setembro de 2018, que 
alterou o art. 225, caput, do CP, todos os crimes contra a dignidade sexual são de ação 
penal pública incondicionada. 
 
#OLHAOGANCHO #NOVIDADELEGISLATIVA #SELIGA: A Lei 13.718/18 altera disposições 
importantíssimas nos crimes sexuais, que vão despencar nas nossas provas! 
- A ação penal passa a ser pública incondicionada em todos os casos de crimes contra a 
liberdade sexual e de crimes sexuais contra vulneráveis. 
- Criação do tipo penal de importunação sexual, entendido como o ato libidinoso 
praticado contra alguém, e sem autorização, a fim de satisfazer desejo próprio ou de 
terceiro. 
- Por se tratar de norma processual penal mista ou híbrida desfavorável ao réu, a novel 
legislação não retroage para atingir situações em que, antes do seu advento, era prevista 
como regra geral a ação penal pública condicionada à representação do ofendido. 
 
A nova lei vem como resposta a casos como o registrado em São Paulo, quando um 
homem se masturbou e ejaculou em uma mulher no metrô. 
- Torna criminosa a divulgação, por qualquer meio, de vídeo e foto de cena de sexo ou 
nudez ou pornografia sem o consentimento da vítima, além da divulgação de cenas de 
estupro. A lei aumenta a pena em até dois terços se o crime for praticado por pessoa que 
mantém ou tenha mantido relação íntima afetiva com a vítima, como namorado, 
namorada, marido ou mulher, situação conhecida como “pornografia de vingança” 
(#DEOLHONANOMENCLATURA) 
- Define causa de aumento para o estupro coletivo - duas ou mais pessoas - e para o 
estupro corretivo (#DEOLHONANOMENCLATURA). 
 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10868890/artigo-5-da-lei-n-11340-de-07-de-agosto-de-2006
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06
 
Estupro corretivo: acontece quando uma ou mais pessoas (geralmente familiares e 
"amigos") estupram a vítima como forma de "curar" sua sexualidade ou comportamento 
social. #SEGUNDAFASE #PROVAORAL: O termo "estupro corretivo" foi usado pela 
primeira vez no início de 2000 por direitos humanos de organizações não-
governamentais para descrever esses estupros cometidos contra Sul Africanas lésbicas. 
Um ataque notável deste tipo ocorreu em 2008, quando Eudy Simelane, um membro 
mulher da equipa nacionalde futebol da África do Sul e uma representante LGBT ativista 
dos direitos humanos na África do Sul, foi estuprada e assassinada em KwaThema, 
Gauteng. Um relatório de novembro de 2008 feito pela ONG Action Aid e pela Comissão 
Sul Africana de Direitos Humanos pediu a criação de uma legislação que visam 
especificamente os crimes de ódio, incluindo a violação corretiva. 
- Prevê aumento de pena caso o crime resulte gravidez ou se o agente transmite à vítima 
doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a 
vítima é idosa ou pessoa com deficiência. 
 
 
 
#SELIGANACOMPARAÇÃO: 
 
 
 
8. Inicial acusatória 
 
8.1 Nomenclatura 
 
a) Crimes de ação penal pública (incondicionada e condicionada): denúncia. 
 
b) Crimes de ação penal privada: queixa crime. Possui os mesmos requisitos da 
denúncia (art. 41, CPP). 
 
8.2 Requisitos 
 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a 
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, 
quando necessário, o rol das testemunhas. 
 
a) Exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias: a peça deve 
conter a descrição de como os fatos ocorreram e todas as suas circunstâncias. 
(i) Elementos essenciais: são aqueles necessários para identificar a conduta como 
fato típico. Devem obrigatoriamente constar na peça acusatória, sob pena de prejuízo à 
defesa, que se defende dos fatos. 
#DEOLHONAJURIS: Em um caso concreto apreciado pelo STJ, concluiu-se pela inépcia 
da peça acusatória porquanto esta não descrevera a conduta praticada pelo paciente 
que decorreria de negligência, imprudência ou imperícia, a qual teria ocasionado a 
produção do resultado naturalístico. Considerou-se não ser típico o fato de o acusado 
ter perdido o controle da direção e ter, em consequência, invadido a contramão. A 
tipicidade, se houvesse, estaria na causa da perda do controle do veículo. Essa, 
entretanto, não foi mencionada na peça acusatória, cerceando o direito de defesa e de 
contraditório, razão pela qual foi reconhecida a inépcia da peça acusatória. 
 
#SELIGA: O que é criptoimputação? 
 
Segundo ensina Antônio Scarance Fernandes, trata-se da imputação contaminada por 
grave situação de deficiência na narração do fato imputado, quando não contém os 
elementos mínimos de sua identificação como crime como às vezes ocorre com a 
simples alusão aos elementos do tipo abstrato. 
 
(ii) Elementos acidentais/acessórios: são aqueles ligados a circunstâncias de 
tempo, de espaço, ou até que revelem maiores dados de modos de atuar, cuja ausência 
nem sempre afeta a reação do acusado. Ex: hora exata que ocorreu o delito. 
 
#OLHAOGANCHO: Devem constar as agravantes e atenuantes? 
1ª posição: Doutrina majoritária entende que elas devem constar. 
2ª posição: Os nossos tribunais entendem que a narrativa é indiferente, pois o juiz 
poderá reconhecê-las na respectiva sentença, mesmo que a inicial seja omissa (art. 385 
CPP - Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda 
que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer 
agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.). 
#SELIGA: As qualificadoras são obrigatórias. 
 
b) Qualificação do acusado: não havendo a qualificação completa do acusado, e 
não sendo possível a sua identificação criminal, a parte acusadora pode apontar os 
esclarecimentos pelos quais seja possível identificá-lo. Assim, o fato de ser desconhecida 
a identificação completa do acusado não seria óbice ao oferecimento da peça acusatória, 
desde que se pudesse mencionar seus traços característicos, permitindo distingui-lo de 
outras pessoas. 
Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos 
não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do 
julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação, por 
termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes. 
 
 
c) Classificação do crime: é a indicação do dispositivo legal que descreve o fato 
criminoso praticado pelo imputado. Não basta a simples menção do nomen juris da figura 
delituosa (v.g., homicídio simples), 
 
d) Rol de testemunhas: não se trata de requisito essencial. 
 
#DEOLHONAJURIS: A 5ª Turma do STJ concluiu que não há qualquer óbice à intimação 
do Ministério Público para que proceda à juntada do rol de testemunhas mesmo após 
o oferecimento da denúncia, conquanto o faça antes da citação do acusado e 
apresentação da resposta à acusação, sem que se possa objetar eventual nulidade 
absoluta por violação ao sistema acusatório. In casu, é perfeitamente possível a 
aplicação subsidiária ao processo penal do quanto disposto no art. 321 do novo CPC, 
que dispõe que, na eventualidade de a petição inicial não preencher os requisitos 
legais, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento 
do mérito, o juiz pode determinar que o autor a emende ou a complete no prazo de 15 
(quinze) dias, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado, 
devendo indeferir a petição inicial tão somente quando o vício não for saneado. 
 
#IMPORTANTE: O número de testemunhas é estabelecido de acordo com a quantidade 
de fatos imputados, independentemente do número de acusados. 
 
#ATENÇÃO: Nesse número de testemunhas a serem arroladas, não são computadas as 
testemunhas referidas, as que não prestam compromisso e a pessoa que nada souber 
que interesse à decisão da causa (CPP, art. 209, § 2º e art. 401, § 1º). 
 
e) Endereçamento da peça: a peça deve indicar o juízo a qual é dirigida. 
 
f) Subscrição pelo MP e pelo advogado do querelante: A ausência de assinatura 
do promotor na denúncia é mera irregularidade, se for facilmente demonstrável que a 
inicial foi realmente ofertada pelo órgão acusatório, havendo mero esquecimento da 
 
assinatura. Quanto ao advogado do querelante, é necessário que ele possua poderes 
especiais. A firma tem que ser reconhecida – STJ. Art. 44 do CPP. 
 
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento 
do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos 
dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. 
 
OBS.: Para que seja protocolizada queixa-crime é necessária capacidade postulatória. A 
procuração outorgada pelo querelante ao seu advogado para o ajuizamento de queixa-
crime é uma procuração com poderes especiais. 
Nesta procuração deve constar o "nome do querelante" e a "'menção ao fato criminoso". 
Para o STJ, "menção ao fato criminoso" significa que, na procuração, basta que seja 
mencionado o tipo penal ou o nomen iuris do crime, não precisando identificar a 
conduta. 
Para o STF, "menção ao fato criminoso" significa que, na procuração, deve ser 
individualizado o evento delituoso, não bastando que apenas se mencione o nomen iuris 
do crime. 
 
#DEOLHONAJURIS: Para que o advogado proponha queixa-crime em nome do seu cliente, 
ele precisa ter recebido procuração com poderes especiais para praticar esse ato. 
Se o cliente outorga procuração sem conferir poderes ao advogado para ajuizar queixa-
crime, este advogado não pode oferecer substabelecimento a outro advogado 
mencionando que este terá poderes para propor queixa-crime. 
Assim, deve ser tida por inexistente a inclusão, ao substabelecer, de poderes especiais 
para propositura de ação penal privada, se eles não constavam do mandato originário. 
Portanto, cabe reconhecer a nulidade da queixa-crime, por vício de representação, tendo 
em vista que a procuração outorgada para sua propositura não atende às exigências do 
art. 44 do CPP. STJ. 6ª Turma. RHC33.790 - SP, Rel. Originário. Min. Maria Thereza de 
Assis Moura, Rel. para Acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/6/2014 (Info 
544). 
 
 
A nomeação judicial de Núcleo de Prática Jurídica para patrocinar a defesa de réu 
dispensa a juntada de procuração. STJ. 3ª Seção. EAREsp 798.496-DF, Rel. Min. Nefi 
Cordeiro, julgado em 11/04/2018 (Info 624). 
 
O que se entende por "menção do fato criminoso"? É necessário que se narre o fato 
criminoso na procuração para se cumprir o disposto no art. 44? 
NÃO 
(posição do STJ) 
SIM 
(posição da 2ª turma do STF) 
 
Não é necessário que se narre o fato 
criminoso na procuração, bastando que 
se indique o nome do querelado e o artigo 
do Código Penal que ele teria praticado. 
Basta a menção do nomen juris ou do 
dispositivo penal. 
 
Ex1: procuração para oferecer queixa-
crime contra Fulano pela prática do crime 
de injúria. 
 
Ex2: procuração para oferecer queixa-
crime contra Fulano pela prática do crime 
do art. 140 do Código Penal. 
 
É necessário que a procuração 
individualize o evento delituoso, não 
bastando que apenas mencione o nomen 
juris do crime. 
 
Ex: procuração para oferecer queixa-crime 
contra Fulano pela prática do crime de 
injúria ocorrido no dia XX, por meio de 
palavras proferidas no lugar YY. 
 
Vale ressaltar, no entanto, quem não é 
necessária uma descrição minuciosa, 
pormenorizada, ou seja, com detalhes. 
 
Se o juiz entender que a procuração não atendeu ao art. 44, este vício poderá ser 
suprido? 
SIM 
 
Até que momento este vício poderá ser suprido? 
 
 
Suponhamos que o juízo adote o entendimento do STF. Logo, a procuração apresenta 
uma irregularidade. Esta regularidade pode ser corrigida? SIM. Até que momento? 
 
→ segundo entendimento manifestado em precedentes antigos do STF: a qualquer 
momento, mediante ratificação dos atos processuais, em especial se o querelante 
estava presente nas audiências do processo que se seguiram ao recebimento da 
queixa, o que evidencia o seu interesse na persecução criminal. 
 
→ Segundo o entendimento manifestado no julgado deste Informativo: o vício na 
procuração somente poderia ser suprido dentro do prazo decadencial (6 meses), ou 
seja, até o dia 9/8/2012. Se no dia 10/8/2012, não tiver sido corrigido este vício, ocorre 
a decadência e a consequente extinção da punibilidade. 
 
Obs.: o novo entendimento do STF, manifestado no informativo 665, e também a 
posição do STJ, de modo que deve ser a que irá prevalecer na jurisprudência. 
 
#OBS: Denúncia genérica: é aquela que não estabelece a cota de participação de cada 
acusado no fato delituoso. CRÍTICA: mesmo nos crimes societários (crimes de gabinete 
ou de escritório - empresas) os Tribunais entendem que o mínimo de especificação da 
conduta é necessário para que não caracterize uma verdadeira responsabilidade objetiva, 
pelo simples fato do agente ser gestor da instituição, o que ocasionaria uma nulidade 
absoluta do processo. 
 
#ATENÇÃO: Não confundir denúncia genérica com acusação geral. A acusação geral 
ocorre quando um mesmo fato é atribuído a mais de uma pessoa com a existência de 
lastro, mas sem a especificação da real cota de contribuição de cada um. Ex.: rixa. Essa 
acusação geral tem sido aceita. Ex2.: Acusação geral – os sócios da empresa deixaram de 
recolher a contribuição previdenciária. 
 
Acusação genérica: venda de combustível adulterado: distribuidor, transportador, 
varejista (não soube identificar o momento correto da adulteração). 
 
DENÚNICA GENÉRICA DENÚNCIA GERAL 
É aquela que narra vários fatos típicos ou 
vários núcleos verbais do mesmo tipo e 
os imputa genericamente aos acusados, 
sem que se possa saber quem agiu e de 
qual maneira. 
Quando se narra o fato criminoso com 
todas as circunstâncias e o imputa 
indistintamente a todos os acusados. 
Saber se todos os acusados cometeram o 
crime é matéria de prova e não 
pressuposto para a validade do processo. 
É inepta e deve ser rejeitada. STJ: RHC 
24515 e HC 117306 
 
É apta e deve ser recebida. 
Venda de combustível adulterado: 
distribuidor, transportador, varejista (não 
soube identificar o momento correto da 
adulteração). 
Denúncia narra que todos os sócios 
determinaram que fossem cortadas 
árvores ilegalmente, em área de 
preservação permanente. Saber se todos 
realmente praticaram a conduta é 
questão de prova, mérito. 
 
#DEOLHONAJURIS: O diretor-geral da empresa de telefonia Vivo foi denunciado pelo fato 
de que na filial que funciona no Estado de Pernambuco teriam sido inseridos elementos 
inexatos em livros fiscais. Diante disso, o Ministério Público denunciou o referido diretor 
pela prática de crime contra a ordem tributária (art. 1º, II, da Lei nº 8.137/90). A denúncia 
aponta que, na condição de diretor da empresa, o acusado teria domínio do fato, o poder 
de determinar, de decidir, e de fazer com que seus empregados contratados 
executassem o ato, sendo responsável pelo delito. O STF determinou o trancamento da 
ação penal afirmando que não se pode invocar a teoria do domínio do fato, pura e 
simplesmente, sem nenhuma outra prova, citando de forma genérica o diretor 
estatutário da empresa para lhe imputar um crime fiscal que teria sido supostamente 
 
praticado na filial de um Estado-membro onde ele nem trabalha de forma fixa. Em 
matéria de crimes societários, a denúncia deve apresentar, suficiente e adequadamente, 
a conduta atribuível a cada um dos agentes, de modo a possibilitar a identificação do 
papel desempenhado pelos denunciados na estrutura jurídico-administrativa da 
empresa. Não se pode fazer uma acusação baseada apenas no cargo ocupado pelo réu 
na empresa. STF. 2ª Turma. HC 136250/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 
23/5/2017 (Info 866). 
 
8.3. Prazos 
 
a) Queixa-crime: 
(i) Acusado solto: 6 meses, contados da descoberta da autoria. 
(ii) Acusado preso: 5 dias (em analogia ao que ocorre com a denúncia, já que o 
CPP não disciplina a matéria). 
(iii) Art. 236, CP: 6 meses, contados do trânsito em julgado da sentença que, por 
erro ou impedimento, anule o casamento. 
(iv) Art. 529, CPP: 30 dias, contados da homologação do laudo pericial. 
 
#ATENÇÃO: A demora na conclusão do inquérito policial NÃO interrompe a decadência. 
 
b) Denúncia: 
(i) Acusado solto: 15* dias, contados da data em que o órgão do Ministério Público 
receber os autos do inquérito policial. 
(ii) Acusado preso: 5* dias. 
 
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 05 dias, contado da data em 
que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto 
ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á 
o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. 
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia 
contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação 
 
§ 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério 
Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que 
aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. 
 
c) Lei de Drogas (art. 54, III, Lei 11.343/06): 10 dias, sendo indiferente se o 
denunciado está preso ou solto. 
 
d) Crimes contra a Economia Popular (art. 10, § 2°, Lei 1.521/51): 2 dias, sendo 
indiferente se o denunciado está preso ou solto. 
 
e) Abuso de autoridade: #NOVIDADELEGISLATIVA: Agora o prazo é o mesmo 
previsto no CPP! 
(i) Acusado preso: 5 dias. 
(ii) Acusado solto: 15 dias. 
 
f) Código Eleitoral (art. 357 do CE): 10 dias, sendo indiferente se o denunciado 
está preso ou solto. 
 
g) Código de Processo Penal Militar (art. 79, CPPM): 
(i) Acusado preso:5 dias. 
(ii) Acusado solto: 15 dias (2x ou 3x). 
 
8.4. Inobservância dos prazos 
 
a) Cabimento de ação privada subsidiária da pública (art. 29, CPP); 
b) Perda de subsídio por dia de atraso (não recepção do art. 801 do CPP pelo art. 
128, § 5°, I, “c”, CF); 
c) Relaxamento prisional se o excesso for abusivo. 
 
#SELIGA: 
 
O oferecimento da queixa-crime em juízo relativamente incompetente interrompe o 
prazo decadencial. 
O oferecimento da queixa-crime em juízo absolutamente incompetente NÃO 
interrompe o prazo decadencial. 
 
Em caso de crime continuado, conta-se o prazo individualmente, para cada delito. 
No caso de crime permanente, a regra deve ser a mesma da prescrição, iniciando a 
contagem do prazo a partir do conhecimento da autoria. 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA): A pessoa que foi extraditada somente pode ser julgada 
ou cumprir pena no Brasil pelo (s) crime (s) contido (s) no pedido de extradição. Se o 
extraditando havia cometido outros crimes antes do pedido de extradição, em regra, ele 
não poderá responder por tais delitos se não constaram expressamente no pedido de 
extradição. A isso se dá o nome de "princípio da especialidade". Ex: o Brasil pediu a 
extradição mencionando o crime 1; logo, em regra, o réu somente poderá responder por 
este delito; como o crime 2 tinha sido praticado antes do pedido de extradição, o governo 
brasileiro deveria ter mencionado expressamente não apenas o crime 1, como também 
o 2. Para que o réu responda pelo crime 2, o governo brasileiro deverá formular ao Estado 
estrangeiro um pedido de extensão da autorização da extradição. Isso é chamado de 
"extradição supletiva". Assim, caso seja oferecida denúncia pelo Ministério Público por 
fato anterior e não contido na solicitação de extradição da pessoa entregue, deve a ação 
penal correspondente ser suspensa até que seja julgado pedido de extradição supletiva. 
STJ. 5ª Turma. RHC 45.569-MT, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 4/8/2015 (Info 566). 
 
Verificado empate no julgamento de ação penal, deve prevalecer a decisão mais 
favorável ao réu. Esse mesmo entendimento deve ser aplicado em caso de empate no 
julgamento dos embargos de declaração opostos contra o acórdão que julgou a ação 
penal. Terminando o julgamento dos embargos empatado, aplica-se a decisão mais 
 
favorável ao réu. STF. Plenário. AP 565 ED-ED/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. 
Min. Dias Toffoli, julgado em 14/12/2017 (Info 888). 
 
#ATENÇÃO #MP: A PGR ofereceu denúncia contra Paulo e outros réus perante o STJ. Este 
Tribunal desmembrou o feito e ficou com o processo apenas da autoridade com foro no 
STJ, declinando da competência para que o TJ julgasse os demais. O PGJ (que atua no TJ) 
ratificou a denúncia. Ocorre que o TJ também decidiu desmembrar o feito e ficou com o 
processo apenas da autoridade com foro no TJ, declinando da competência para que o 
juízo de 1ª instância julgasse os demais corréus. O processo de Paulo, que não tinha foro 
privativo, foi remetido para a 1ª instância. O Promotor de Justiça que atua na 1ª instância 
decidiu não ratificar a peça acusatória, oferecendo nova denúncia incluindo, inclusive, 
novos réus. A defesa alegou que o Promotor não poderia ter alterado a denúncia. O STF 
entendeu que o membro do MP agiu corretamente e que não há qualquer nulidade neste 
caso. É possível o aditamento da denúncia a qualquer tempo antes da sentença final, 
garantidos o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, especialmente 
quando a inicial ainda não tenha sido sequer recebida originariamente pelo juízo 
competente, como ocorreu no caso concreto. O membro do MP possui total liberdade 
na formação de seu convencimento (opinio delicti). Assim, a sua atuação não pode ser 
restringida ou ficar vinculada às conclusões jurídicas que o outro membro do MP chegou, 
mesmo que este atue em uma instância superior. Em outras palavras, o Promotor de 
Justiça que passou a ter atribuição para atuar no caso não está vinculado às conclusões 
do Procurador-Geral de Justiça que estava anteriormente funcionando no processo. 
Desse modo, é irrelevante que outros membros do Ministério Público com atribuição 
para atuar em instância superior, em virtude da análise dos mesmos fatos, tenham, 
anteriormente, oferecido denúncia de diferente teor em face do réu, uma vez que, 
conforme ficou reconhecido pelo STJ e pelo TJDFT, a competência para o processo 
criminal era da 1ª instância, de forma que o promotor natural do caso era o Promotor de 
Justiça que atua na 1ª instância. Portanto, o fato de o promotor natural — aquele com 
atribuição para atuar na 1ª instância — não se encontrar tecnicamente subordinado e 
apresentar entendimento jurídico diverso, afasta qualquer alegação de nulidade 
decorrente de alteração do teor da peça acusatória oferecida contra o réu Paulo. STF. 1ª 
Turma. HC 137637/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/3/2018 (Info 893). 
 
 
8.5 Aditamento da denúncia 
 
a) Conceito: aditar a denúncia é acrescentar fatos não descritos, complementar a 
acusação, retificar a qualificação do imputado ou a narrativa inicial, inserir sujeitos ou 
circunstâncias que não constavam na peça original, sanar omissões ou corrigir a 
capitulação. 
 
b) Espécies: 
(i) Quanto ao objeto: 
- Aditamento próprio: ocorre em relação a fatos, dispositivos ou sujeitos. Ele 
subdivide-se em: 
+ Aditamento próprio real: refere-se ao fato imputado. 
Aditamento próprio real material: acrescenta elemento ou circunstância que não 
se encontra contida na peça original. 
Aditamento próprio real legal: acrescenta dispositivos legais, penais ou 
processuais, alterando a classificação ou o rito processual, mas sem inovar no fato 
narrado. 
+ Aditamento próprio pessoal: quando disser respeito à inclusão de coautores e 
partícipes. 
 
- Aditamento impróprio: apesar de não se acrescentar um fato novo ou outro 
acusado, busca-se corrigir alguma falha na denúncia, seja através de retificação, 
ratificação, suprimento ou esclarecimento de algum dado narrado originariamente na 
peça acusatória. Ex: equívoco quanto à qualificação do acusado. 
 
(i) Quanto à voluntariedade: 
- Aditamento espontâneo: é o realizado pelo Ministério Público por iniciativa 
própria. 
 
- Aditamento provocado: no exercício de função de fiscal do princípio da 
obrigatoriedade, verificando a necessidade de se acrescentar algo à peça acusatória, o 
próprio juiz provoca o Ministério Público a fazê-lo. 
 
9. Ação civil ex delicto e Ação de execução ex delicto 
 
9.1. Conceito 
 
A Ação Civil Ex Delicto é a ação ajuizada pelo ofendido, na esfera cível, para obter 
indenização por eventual dano causado pelo crime. Ela divide-se em duas espécies: 
 
a) Ação de Execução Ex Delicto (art. 63 do CPP): Depois que transitar em julgado, 
poderá ser proposta, no juízo cível, a execução da sentença penal condenatória, na qual 
o pedido será para que o condenado seja obrigado a reparar os danos causados à vítima. 
Aqui pressupõe-se a existência de título executivo judicial, que é a sentença penal 
condenatória. 
 
Art. 63, CPP – Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo 
cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. 
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo 
valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a 
apuração do dano efetivamente sofrido. 
 
b) Ação Civil Ex Delicto (art. 64 do CPP): Mesmo que a sentença penal ainda não 
tenha transitado em julgado, a vítima, seu representante legal ou herdeiros já poderão 
buscar a reparação dos danos no juízo cível, independentemente do desfecho da ação na 
esfera criminal. 
 
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser 
proposta no juízocível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. (Vide Lei 
nº 5.970, de 1973) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L5970.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L5970.htm
 
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o 
julgamento definitivo daquela. 
 
Cabe ressaltar que a Ação Civil pode ser proposta tanto para intentar danos 
morais quanto danos materiais, abrangendo danos emergentes e lucros cessantes. 
 
*(Atualizado em 16/10/2020) #OLHAOGANCHO: Cuidado, pois apesar de o CPP adotar 
o sistema da independência, ele o faz com certo grau de mitigação. Renato Brasileiro 
assim descreve em seu manual: 
"Nosso Código de Processo Penal adota o sistema da independência das instâncias, 
com certo grau de mitigação. Deveras, apesar de o art. 63 do CPP dispor que, transitada 
em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, 
para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus 
herdeiros, de onde se poderia inferir a adoção do sistema da solidariedade, o art. 64 
do CPP prevê que sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para 
ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, 
se for caso, contra o responsável civil, o que acaba por confirmar que o sistema 
adotado pelo CPP é o da independência, com a peculiaridade de que a sentença penal 
condenatória já confere à vítima um título executivo judicial. (...) Consoante o art. 387, 
IV, do CPP, por ocasião da sentença condenatória, deverá o juiz fixar valor mínimo para 
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo 
ofendido. Isso não significa dizer que nosso sistema tenha se aproximado do sistema 
da solidariedade, nem tampouco do da confusão. Com efeito, não há necessidade de 
cumulação obrigatória, nem tampouco facultativa das pretensões perante o juízo 
penal. Por mais que o juiz criminal possa, desde já, fixar um valor mínimo a título de 
indenização, não há propriamente uma ação civil cumulada com uma ação penal no 
juízo criminal, vez que a fixação do valor mínimo a título de indenização é apenas um 
efeito automático da sentença condenatória, que independe de pedido expresso do 
Ministério Público ou do ofendido. Continua a vigorar, pois, o sistema da separação das 
instâncias, vez que é possível a propositura de uma ação civil pela vítima, com o 
 
objetivo de obter a reparação do dano causado pelo delito – ação civil ex delicto –, 
paralelamente à ação penal, proposta, em regra, pelo Ministério Público". 
 
Art. 387 – O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos 
sofridos pelo ofendido; 
 
9.2. Legitimidade ativa 
 
São legitimados para propor a ação civil ex delicto: 
 
a) A vítima; 
b) Seu representante legal (se menor de 18 anos ou doente mental); ou 
c) Seus herdeiros (na hipótese de morte ou declaração judicial de ausência). 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O Ministério Público poderá ajuizar a ação de execução 
ou a ação civil ex delicto em favor da vítima? O texto do CPP diz que sim: 
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da 
sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério 
Público. 
 
O STF, contudo, entendeu que, a partir da Constituição Federal de 1988, esta legitimidade 
não mais pertence ao Ministério Público (e sim à Defensoria Pública). Isso porque o 
constituinte conferiu à Defensoria (e não ao MP) a competência para promover a 
assistência jurídica dos necessitados (art. 134 da CF/88). Havia, no entanto, um problema 
de ordem prática: quando o STF proferiu esta decisão, a Defensoria Pública ainda não 
estava totalmente instalada nas diversas cidades do país (como ainda hoje, infelizmente, 
não está). Logo, seria prejudicial às vítimas se o STF simplesmente proibisse o MP de 
propor a ação civil ex delicto já que, na maioria dos lugares não havia Defensoria e o 
ofendido ficaria desassistido. 
 
Por conta disso, o STF adotou a seguinte solução: ele declarou que o art. 68 do CPP estava 
 
em PROCESSO DE INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA e que deveria continuar 
válido até que a Defensoria Pública estivesse totalmente instalada. Assim, nos locais onde 
há Defensoria Pública, o MP não pode ajuizar as ações de que trata o art. 68. Por outro 
lado, onde não existir a Defensoria, o Parquet continua tendo, ainda, legitimidade. Veja 
a ementa do julgado: 
 
LEGITIMIDADE - AÇÃO "EX DELICTO" - MINISTÉRIO PÚBLICO - DEFENSORIA PÚBLICA - 
ARTIGO 68 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - CARTA DA REPÚBLICA DE 1988.
A teor 
do disposto no artigo 134 da Constituição Federal, cabe à Defensoria Pública, instituição 
essencial à função jurisdicional do Estado, a orientação e a defesa, em todos os graus, 
dos necessitados, na forma do artigo 5o, LXXIV, da Carta, estando restrita a atuação do 
Ministério Público, no campo dos interesses sociais e individuais, àqueles indisponíveis 
(parte final do artigo 127 da Constituição Federal). INCONSTITUCIONALIDADE 
PROGRESSIVA - VIABILIZAÇÃO DO EXERCÍCIO DE DIREITO ASSEGURADO 
CONSTITUCIONALMENTE - ASSISTÊNCIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA DOS NECESSITADOS - 
SUBSISTÊNCIA TEMPORÁRIA DA LEGITIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Ao Estado, no 
que assegurado constitucionalmente certo direito, cumpre viabilizar o respectivo 
exercício. Enquanto não criada por lei, organizada a Defensoria Pública - e, portanto, 
preenchidos os cargos próprios, na unidade da Federação - permanece em vigor o artigo 
68 do Código de Processo Penal, estando o Ministério Público legitimado para a ação de 
ressarcimento nele prevista. (...) STF. Plenário. RE 135328, Rel. Min. Marco Aurélio, 
julgado em 29/06/1994. 
 
#CUIDADO: É certo que o Ministério Público não detém legitimidade ativa para a 
propositura de ação civil ex delicto quando houver Defensoria Pública em 
funcionamento, em razão da aplicação da chamada inconstitucionalidade progressiva do 
art. 68 do CPP. No entanto, essa situação (existência da Defensoria) não acarreta, de 
pronto, a simples extinção do processo sem julgamento do mérito. Antes é necessário 
que o juiz determine a intimação da Defensoria para que tome ciência do feito e, a partir 
de então, assuma a defesa da parte hipossuficiente ou, se for o caso, informe da ausência 
de interesse na continuação da demanda. 
 
A extinção do feito antes da intimação da Defensoria pode ocasionar prejuízo irreparável 
à parte necessitada, que, até então, recebia assistência do Ministério Público. Assim, 
antes de o magistrado reconhecer a ilegitimidade ativa do Ministério Público para propor 
ação civil ex delicto, é indispensável que a Defensoria Pública seja intimada para tomar 
ciência da demanda e, sendo o caso, assumir o polo ativo da ação. Se esta providência 
não for adotada, haverá violação do art. 68 do CPP. 
 
#DEOLHONAJURIS: O reconhecimento da ilegitimidade ativa do Ministério Público para, 
na qualidade de substituto processual de menores carentes, propor ação civil pública ex 
delicto, sem a anterior intimação da Defensoria Pública para tomar ciência da ação e, 
sendo o caso, assumir o polo ativo da demanda, configura violação ao art. 68 do CPP. 
Antes de o magistrado reconhecer a ilegitimidade ativa do Ministério Público para propor 
ação civil ex delicto, é indispensável que a Defensoria Pública seja intimada para tomar 
ciência da demanda e, sendo o caso, assumir o polo ativo da ação. STJ. 4a Turma. REsp 
888.081-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 15/9/2016 (Info 592). 
 
9.3 Legitimidade passiva 
 
Quanto à legitimidade passiva, a Ação de Execução Ex Delicto difere da Ação de 
Ressarcimento Ex Delicto. Istoporque, na primeira, apenas quem participou da ação 
penal poderá ser demandado na esfera cível, enquanto na Ação de Conhecimento pode-
se demandar tanto o acusado quanto seu responsável civil. Posto isso: 
 
a) Ação de Execução Ex Delicto: apenas quem participou da Ação Penal – Acusado. 
 
b) Ação Civil Ex Delicto: Acusado ou seu Responsável Civil (art. 932, CC). 
 
Quanto ao responsável civil, "só poderá ser sujeito passivo da ação de 
conhecimento, não se admitindo a execução da sentença penal condenatória em seu 
detrimento, afinal, não foi parte no processo penal, não servindo o título contra aquele 
que não figurou no polo passivo da demanda" (TÁVORA; ALENCAR, 2009, p. 180). Do 
 
contrário, haveria violação dos princípios constitucionais do devido processo legal, do 
contraditório e da ampla defesa. Nesse sentido também é Guilherme de Souza Nucci 
(2008, p. 238-240). 
 
Em sede de doutrina, vem prevalecendo o entendimento de que o responsável 
civil, por não participar do processo penal, poderá arguir qualquer matéria de defesa 
durante a ação civil de conhecimento, inclusive rediscutir a autoria e a materialidade 
delitivas, ainda que elas já estejam assentadas na sentença penal condenatória transitada 
em julgado (TÁVORA; ALENCAR, 2009, p. 181). 
 
No entanto, deve-se rememorar que, no procedimento sumaríssimo do Juizado 
Especial Criminal, o responsável civil é notificado a comparecer à audiência preliminar, 
oportunidade em que poderá firmar acordo de composição civil dos danos, o que 
ensejará uma sentença homologatória, título executivo judicial que também o vinculará 
(artigos 72 e 74 da Lei n° 9.099/95). 
 
9.4 Efeitos civis da absolvição penal 
 
Ao contrário do que ocorre com a sentença condenatória, em relação à 
absolutória não existe a previsão geral de vinculação com a esfera cível, concluindo-se 
que a regra será a independência entre a responsabilidade criminal e a responsabilidade 
civil. Contudo, tal regra comporta exceções nos seguintes casos: 
 
a) Estar provada a inexistência do fato: não se trata de falta de provas, ou de um 
estado de dúvida, estando o juiz convicto de sua decisão. Em razão disso, essa absolvição 
faz coisa julgada no cível. 
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando 
não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. 
 
b) Não haver prova da existência do fato: trata-se de decisão baseada no in dubio 
pro reo, não fazendo coisa julgada no cível. 
 
c) Não constituir o fato infração penal: refere-se à atipicidade da conduta 
imputada ao agente. Não faz coisa julgada no cível. 
d) Estar provado que o acusado não concorreu para a infração penal: essa decisão 
absolutória também é baseada em um juízo de certeza, fazendo coisa julgada no cível. 
e) Não existir prova de ter o acusado concorrido para a infração penal: decisão 
baseada na existência de dúvida razoável acerca da autoria, coautoria ou participação e 
não faz coisa julgada no cível. 
f) Absolvição penal fundamentada em excludentes de ilicitude: Neste caso, a 
vinculação entre a sentença penal absolutória transitada em julgado e a responsabilidade 
civil é consequência do art. 65 do CPP, dispondo que “faz coisa julgada no cível a sentença 
penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima 
defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito”. 
 
(i) Estado de necessidade agressivo: verifica-se quando a prática do ato necessário 
importa em sacrifício de bem jurídico de terceiro inocente. Importa a necessidade de 
indenizar. Ex: visando fugir de um desafeto que o perseguia, o agente invade domicílio 
alheio, causando danos materiais para nele ingressar. 
 
(ii) Estado de necessidade defensivo: ocorre quando o agente, ao praticar o ato 
necessário descrito no tipo penal, sacrifica bem jurídico pertencente à própria pessoa 
que gerou a situação de perigo. Não tem a obrigação de indenizar. Ex: para evitar uma 
inundação, o agente desvia o curso de um riacho (crime ambiental) em direção à 
propriedade do indivíduo que causou o rompimento de um dique. 
 
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de 
necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
 
g) Legítima defesa em que, por erro na execução, atinge-se terceiro inocente: 
ainda que o autor seja absolvido no juízo criminal, há a necessidade de indenizar. 
 
 
h) Absolvição penal fundamentada em excludentes de culpabilidade: nos casos de 
erro de proibição, coação moral irresistível, obediência hierárquica, inexigibilidade de 
conduta diversa, embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior há a 
necessidade de indenizar. 
i) Fundada dúvida acerca de causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade: 
não faz coisa julgada no cível. 
j) Não existir prova suficiente para a condenação: não faz coisa julgada no cível. 
 
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: 
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; 
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; 
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime. 
 
 
 
#SELIGA: 
 
 
 
 
 
 
 
9.5 Ação de Execução Ex Delicto 
 
Prevista no art. 63 do CPP, a ação de execução ex delicto tem como pressuposto 
básico a existência de uma sentença condenatória criminal transitada em julgado, a qual 
se constitui em título executivo judicial (art. 515, VI, do CPC/2015). 
 
#OUSESABER: A cassação da aposentadoria do servidor público é um dos efeitos da 
sentença condenatória criminal. Certo ou errado? 
ERRADO. Com efeito, o art. 92, I do Código Penal traz como efeito da condenação “a 
perda de cargo, função pública ou mandato eletivo”. Percebe-se que, neste rol, não se 
encontra a “cassação de aposentadoria”. Diante disso, questiona-se: o servidor público 
que cometeu crime em atividade, mas, durante a persecução penal obteve 
aposentadoria, pode ter tal benefício cassado? O STJ entende que, diante da 
 
impossibilidade de analogia in malam partem, o servidor aposentado NÃO PODERÁ ter o 
benefício cassado. Nesse sentido: RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME DE TORTURA. 
POLICIAL MILITAR REFORMADO. CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA. EFEITO EXTRA-PENAL 
DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. INAPLICABILIDADE DO ART. 92, INCISO I, ALÍNEA B, DO 
CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA 
PENALIDADE DE CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA NA ESFERA ADMINISTRATIVA, NOS 
TERMOS LEGALMENTE PREVISTOS. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. O efeito da 
condenação relativo à perda de cargo público, previsto no art. 92, inciso I, alínea b, do 
Código Penal, não se aplica ao servidor público inativo, uma vez que ele não ocupa cargo 
e nem exerce função pública. 2. O rol do art. 92 do Código Penal é taxativo, não sendo 
possível a ampliação ou flexibilização da norma, em evidente prejuízo do réu, restando 
vedada qualquer interpretação extensiva ou analógica dos efeitos da condenação nele 
previstos. (...) (REsp 1317487/MT, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado 
em 07/08/2014, DJe 22/08/2014). 
 
➔ Quantificação do valor: aqui não caberá qualquer discussão a respeito de ser 
a indenização devida ou não (an debeatur), mas tão somente o quanto devido pelo réu 
(quantum debeator). Além disso, é facultado ao ofendido realizar a execução pelo valor 
mínimo da reparação fixado na própria sentença penal condenatória, sem prejuízo da 
liquidação para apurar o dano efetivamente sofrido. Esta inovação foi trazida pela Lei 
11.719.2008. 
 
➔ Qual era, no entanto, a dificuldade antes da Lei no 11.719/2008? Apesar de 
ser reconhecida a obrigação de indenizar (an debeatur), não era possível que a vítima (ou 
seus sucessores)executasse imediatamente a sentença, porque não havia sido definido 
ainda o valor da indenização (quantum debeatur). Em outras palavras, a sentença 
condenatória reconhecia que a vítima tinha direito à indenização a ser paga pelo 
condenado, mas não dizia o quanto. Com isso, a vítima (ou seus sucessores) tinha ainda 
que tomar uma outra providencia antes de executar: promover a liquidação. 
 
O legislador tentou facilitar a situação da vítima e, por meio da Lei no 
11.719/2008, alterou o CPP, prevendo que o juiz, ao condenar o réu, já́ estabeleça na 
 
sentença um valor mínimo que o condenado estará́ obrigado a pagar a título de 
reparação dos danos causados. 
 
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
IV — fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos 
sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei no 11.719/2008) 
 
Desse modo, se o juiz, na própria sentença, já́ fixar um valor certo para a 
reparação dos danos, não será́ necessário que a vítima ainda promova a liquidação, 
bastando que execute este valor caso não seja pago voluntariamente pelo condenado. 
 
➔ Qual é a natureza jurídica dessa fixação do valor mínimo de reparação? Trata-
se de um efeito extrapenal genérico da condenação. 
 
➔ A vítima poderá ́pleitear indenização maior no juízo cível? SIM. Na sentença 
penal, o juiz fixará um valor mínimo. Assim, a vítima poderá́ executar desde logo este 
valor mínimo e pleitear um valor maior que o fixado na sentença, bastando, para isso, 
que prove que os danos que sofreu foram maiores que a quantia estabelecida na 
sentença. Essa prova é feita em fase de liquidação pelo procedimento comum, regulado 
pelos arts. 509, I e 511 do CPC 2015. 
 
➔ Para que seja fixado o valor da reparação, deverá haver pedido expresso e 
formal do MP ou do ofendido? SIM. Para que seja fixado, na sentença, o valor mínimo 
para reparação dos danos causados à vítima (art. 387, IV, do CP), é necessário que haja 
pedido expresso e formal, feito pelo parquet ou pelo ofendido, a fim de que seja 
oportunizado ao réu o contraditório e sob pena de violação ao princípio da ampla defesa 
(STJ. 5a Turma. HC 321.279/PE, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Des. Conv. do 
TJ/PE), julgado em 23/06/2015). 
 
Além disso, o STJ já́ decidiu que o juiz somente poderá́ fixar este valor se existirem 
provas nos autos que demonstrem os prejuízos sofridos pela vítima em decorrência do 
 
crime. Vale ressaltar, ainda, que o réu tem direito de se manifestar sobre esses 
documentos juntados e contraditar o valor pleiteado como indenização. 
 
Cabe lembrar ainda que o julgador penal é obrigado a sempre fixar esse valor 
mínimo, podendo deixar de fazê-lo, por exemplo, quando não houver prova do prejuízo; 
b) se os fatos forem complexos e a apuração da indenização demandar dilação 
probatória, o juízo criminal poderá́ deixar de fixar o valor mínimo, que deverá ser apurado 
em ação civil; c) quando a vítima já́ tiver sido indenizada no juízo cível. 
 
Quanto à legitimidade do MP para pleitear a fixação de valor mínimo, entende-se 
cabível em casos de ação penal pública e quando ocorra prejuízo efetivo ao patrimônio 
público, a exemplo do que ocorre em alguns crimes contra a Administração Pública, como 
o peculato. O STF já chegou a se pronunciar a esse respeito, inclusive no julgamento do 
processo do "Mensalão" (Ação Penal n° 470). Todavia, tal requerimento deverá ser 
formulado na peça acusatória, não sendo possível que ele se opere em momentos 
posteriores, como, por exemplo, em alegações finais, pois não haveria mais a 
oportunidade de as partes produzirem provas sobre tal matéria nesta etapa processual. 
 
➔ O art. 387, IV, com a redação dada pela Lei no 11.719/2008, fez com que o 
Brasil passasse a adotar a chamada “cumulação de instancias” em matéria de indenização 
pela prática de crimes? NÃO. A cumulação de instâncias (ou união de instâncias) em 
matéria de indenização pela prática de crimes ocorre quando um mesmo juízo resolve a 
lide penal (julga o crime) e também já́ decide, de forma exauriente, a indenização devida 
à vítima do delito. 
Conforme explicam Pacelli e Fischer, “por esse sistema, o ajuizamento da 
demanda penal determina a unidade de juízo para a apreciação da matéria cível” 
(Comentários ao Código de Processo Penal e sua Jurisprudência. São Paulo: Atlas, 2012, 
p. 769). No Brasil, não há unidade de instâncias porque o juízo criminal irá apenas, 
quando for possível, definir um valor mínimo de indenização pelos danos sofridos sem, 
contudo, esgotar a apreciação do tema, que ainda poderá́ ser examinado pelo juízo cível 
para aumentar esse valor. Assim, continuamos adotando o modelo da separação 
mitigada de instâncias. 
 
 
➔ A previsão da indenização contida no inciso IV do art. 387 surgiu com a Lei no 
11.719/2008. Se o crime ocorreu antes da Lei e foi sentenciado após a sua vigência, pode 
ser aplicado o dispositivo e fixado o valor mínimo de reparação dos danos? NÃO. A regra 
do art. 387, inciso IV, do CPP, que dispõe sobre a fixação, na sentença condenatória, de 
valor mínimo para reparação civil dos danos causados ao ofendido, é norma híbrida, de 
direito processual e material, razão pela qual não se aplica a delitos praticados antes da 
entrada em vigor da Lei nº 11.719/2008, que deu nova redação ao dispositivo. 
 
➔ O condenado poderá ́impugnar o valor fixado na forma do art. 387, IV por meio 
de um habeas corpus? NÃO. A via processual do habeas corpus não é adequada para 
impugnar a reparação civil fixada na sentença penal condenatória, com base no art. 387, 
IV do CPP, tendo em vista que a sua imposição não acarreta ameaça, sequer indireta ou 
reflexa, à liberdade de locomoção (STJ. 6a Turma. AgRg no AgRg no REsp 1519523/PR, 
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 01/10/2015). 
 
➔ Se a punibilidade do condenado for extinta pela prescrição da pretensão 
punitiva, haverá ́ extinção também do valor de reparação imposto na sentença? SIM. 
Extinta a condenação pela prescrição, extingue-se também a condenação pecuniária 
fixada como reparação dos danos causados à vítima, nos termos do art. 387, IV do CPP, 
pois dela decorrente, ficando ressalvada a utilização de ação cível, caso a vítima entenda 
que haja prejuízos a serem reparados (EDcl no AgRg no REsp 1260305/ES, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 12/03/2013). 
 
 
 
 
#Info 588 STJ: É possível que o juiz fixe valor mínimo para indenização de danos morais 
sofridos pela vítima de crime: 
O juiz, ao proferir sentença penal condenatória, no momento de fixar o valor mínimo 
para a reparação dos danos causados pela infração (art. 387, IV, do CPP), pode, sentindo-
se apto diante de um caso concreto, quantificar, ao menos o mínimo, o valor do dano 
moral sofrido pela vítima, desde que fundamente essa opção. 
Isso porque o art. 387, IV, não limita a indenização apenas aos danos materiais e a 
legislação penal deve sempre priorizar o ressarcimento da vítima em relação a todos os 
prejuízos sofridos. STJ. 6a Turma. REsp 1.585.684-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, julgado em 9/8/2016. 
 
#ATENÇÃO: Súmula 18 STJ: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da 
extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório” 
 
 
- Revisão Criminal e Ação Rescisória: apaga a sentença condenatória 
anteriormente proferida, não podendo mais ser executada no cível. 
 
- Sentença Estrangeira: pode ser executada após homologação. 
 
9.6 Ação de Conhecimento Ex Delicto / Ação Civil Ex Delicto Stricto Sensu 
 
A Ação Civil Ex Delicto propriamente dita é aquela que, mesmo que a sentença 
penal ainda não tenha transitado em julgado, a vítima, seu representante legal ou 
herdeiros já poderão buscar a reparação dos danos no juízo cível, independentemente 
do desfecho da ação na esfera criminal. Está previstano artigo 64 do CPP. 
 
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser 
proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. 
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o 
julgamento definitivo daquela. 
 
Conforme dispõe parágrafo único, uma vez intentada a ação penal, para evitar 
decisões contraditórias, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o 
julgamento definitivo daquela. Nesse sentido, embora seja sempre recomendável a 
suspensão da ação civil, prevalece na doutrina o entendimento de que essa suspensão é 
meramente facultativa. É a posição de Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar 
(TÁVORA; ALENCAR, 2009, p. 184) e Eugênio Pacelli de Oliveira (OLIVEIRA, 2008). Na 
jurisprudência, é a posição do STJ no julgado REsp n° 47246/RJ, 3a Turma, Rei. Min. Costa 
Leite, DJ 30/08/1994. 
 
Ressalte-se também que, ainda que a ação penal não tenha sido deflagrada, será 
possível a suspensão da ação civil. Neste caso, se a ação penal não for deflagrada no prazo 
de 3 meses, contados da intimação do sobrestamento da demanda cível, o feito irá 
prosseguir. Além disso, que se as ações civil e penal tramitarem simultaneamente, a ação 
civil somente poderá ficar suspensa pelo prazo de até 1 (um) ano (art. 315 do CPC/15 e 
parágrafos). 
 
 
Art. 315, CPC. Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato delituoso, o juiz 
pode determinar a suspensão do processo até que se pronuncie a justiça criminal. 
§ 1o Se a ação penal não for proposta no prazo de 3 (três) meses, contado da intimação do ato de 
suspensão, cessará o efeito desse, incumbindo ao juiz cível examinar incidentemente a questão prévia. 
§ 2º Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo prazo máximo de 1 (um) ano, ao final do qual 
aplicar-se-á o disposto na parte final do § 1o. 
 
a) Competência na ação civil ex delicto: prevalece o entendimento de que a 
competência para o processamento e julgamento da ação civil ex delicto (pouco importa 
se a ação é de conhecimento ou executória) é do juízo cível do domicílio da vítima ou do 
local do fato, devendo a opção ser feita pela própria vítima. É possível ainda que a vítima 
venha a optar pelo domicílio do réu (TÁVORA; ALENCAR, 2009, p. 181). 
 
Art. 53, NCPC – É competente o foro: 
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito 
ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. 
 
b) Prazo prescricional: nos termos do art. 200 do CC, quando a ação civil "se 
originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da 
respectiva sentença definitiva". 
 
A partir do trânsito em julgado da sentença penal condenatória é que o prazo 
prescricional para a ação civil começa a ter curso. Nesta hipótese, a prescrição se opera 
no prazo de 3 (três) anos, consoante o art. 206, § 3°, inciso V, do Código Civil. 
 
10. Jurisprudência correlata 
 
O princípio geral da sucumbência é aplicável no âmbito do processo penal quando se 
tratar de ação penal privada. Em outras palavras, é possível haver condenação em 
honorários advocatícios em ação penal privada. Assim, julgada improcedente a queixa-
crime, é cabível a condenação do querelante ao pagamento dos honorários 
sucumbenciais ao advogado do querelado. Conclusão que se extrai da incidência dos 
 
princípios da sucumbência e da causalidade, o que permite a aplicação analógica do art. 
85 do CPC/2015, conforme previsão constante no art. 3º do CPP. STJ. 5ª Turma. AgRg no 
AREsp 992.183/DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 07/06/2018. STJ. Corte 
Especial. EDcl na APn 881/DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 03/10/2018. 
 
No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate. STF. 1ª Turma. 
Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 
17/04/2018 (Info 898). 
 
A PGR ofereceu denúncia contra Paulo e outros réus perante o STJ. Este Tribunal 
desmembrou o feito e ficou com o processo apenas da autoridade com foro no STJ, 
declinando da competência para que o TJ julgasse os demais. O PGJ (que atua no TJ) 
ratificou a denúncia. Ocorre que o TJ também decidiu desmembrar o feito e ficou com o 
processo apenas da autoridade com foro no TJ, declinando da competência para que o 
juízo de 1ª instância julgasse os demais corréus. O processo de Paulo, que não tinha foro 
privativo, foi remetido para a 1ª instância. O Promotor de Justiça que atua na 1ª instância 
decidiu não ratificar a peça acusatória, oferecendo nova denúncia incluindo, inclusive, 
novos réus. A defesa alegou que o Promotor não poderia ter alterado a denúncia. O STF 
entendeu que o membro do MP agiu corretamente e que não há qualquer nulidade neste 
caso. É possível o aditamento da denúncia a qualquer tempo antes da sentença final, 
garantidos o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, especialmente 
quando a inicial ainda não tenha sido sequer recebida originariamente pelo juízo 
competente, como ocorreu no caso concreto. O membro do MP possui total liberdade 
na formação de seu convencimento (opinio delicti). Assim, a sua atuação não pode ser 
restringida ou ficar vinculada às conclusões jurídicas que o outro membro do MP chegou, 
mesmo que este atue em uma instância superior. Em outras palavras, o Promotor de 
Justiça que passou a ter atribuição para atuar no caso não está vinculado às conclusões 
do Procurador-Geral de Justiça que estava anteriormente funcionando no processo. 
Desse modo, é irrelevante que outros membros do Ministério Público com atribuição 
para atuar em instância superior, em virtude da análise dos mesmos fatos, tenham, 
anteriormente, oferecido denúncia de diferente teor em face do réu, uma vez que, 
conforme ficou reconhecido pelo STJ e pelo TJDFT, a competência para o processo 
 
criminal era da 1ª instância, de forma que o promotor natural do caso era o Promotor de 
Justiça que atua na 1ª instância. Portanto, o fato de o promotor natural — aquele com 
atribuição para atuar na 1ª instância — não se encontrar tecnicamente subordinado e 
apresentar entendimento jurídico diverso, afasta qualquer alegação de nulidade 
decorrente de alteração do teor da peça acusatória oferecida contra o réu Paulo. STF. 1ª 
Turma. HC 137637/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/3/2018 (Info 893). 
 
Verificado empate no julgamento de ação penal, deve prevalecer a decisão mais 
favorável ao réu. Esse mesmo entendimento deve ser aplicado em caso de empate no 
julgamento dos embargos de declaração opostos contra o acórdão que julgou a ação 
penal. Terminando o julgamento dos embargos empatado, aplica-se a decisão mais 
favorável ao réu. STF. Plenário. AP 565 ED-ED/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. 
Min. Dias Toffoli, julgado em 14/12/2017 (Info 888). 
 
Não viola o Princípio do Promotor Natural se o Promotor de Justiça que atua na vara 
criminal comum oferece denúncia contra o acusado na vara do Tribunal do Júri e o 
Promotor que funciona neste juízo especializado segue com a ação penal, participando 
dos atos do processo até a pronúncia. No caso concreto, em um primeiro momento, 
entendeu-se que a conduta não seria crime doloso contra a vida, razão pela qual os autos 
foram remetidos ao Promotor da vara comum. No entanto, mais para frente comprovou-
se que, na verdade, tratava-se sim de crime doloso. Com isso, o Promotor que estava no 
exercício ofereceu a denúncia e remeteu a ação imediatamente ao Promotor do Júri, que 
poderia, a qualquer momento, não ratificá-la. Configurou-se uma ratificação implícita da 
denúncia. Não houve designação arbitrária ou quebra de autonomia. STF. 1ª Turma. HC 
114093/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado 
em 3/10/2017 (Info 880).Em um programa de maior audiência da rádio, o apresentador proferiu uma série de 
acusações contra determinado político, afirmando que ele desviou dinheiro público na 
construção da escola, que se trata de um corrupto, de um ladrão etc. O ofendido ajuizou 
queixa-crime contra o radialista e contra o proprietário da rádio afirmando que todos 
sabem que o dono deste meio de comunicação é seu inimigo político, de forma que é 
 
intuitivo crer que foi o sócio proprietário da rádio quem orientou e ordenou que o 
apresentador proferisse as agressões verbais contra o querelante. Em uma situação 
semelhante a esta, o STF rejeitou a queixa-crime afirmando que o querelante não 
individualizou, minimamente, a conduta do querelado detentor de prerrogativa de foro 
e lhe imputou fatos criminosos em razão da mera condição de sócio proprietário do 
veículo de comunicação social, o que não é admitido. A mera posição hierárquica do 
querelado como titular da empresa de comunicação não é suficiente para o recebimento 
da queixa-crime. Seria necessário que o querelante tivesse descrito e apontado 
elementos indiciários que evidenciassem a vontade e consciência do querelado de 
praticar os crimes imputados. Não tendo isso sido feito, a queixa-crime deve ser rejeitada 
por manifesta ausência de justa causa. STF. 1ª Turma. Pet 5660/PA, Rel. Min. Luiz Fux, 
julgado em 14/3/2017 (Info 857). 
 
A denúncia contra Prefeito por crime ocorrido em licitação municipal deve indicar, ao 
menos minimamente, que o acusado tenha tido participação ou conhecimento dos fatos 
supostamente ilícitos. O Prefeito não pode ser incluído entre os acusados unicamente em 
razão da função pública que ocupa, sob pena de violação à responsabilidade penal 
subjetiva, na qual não se admite a responsabilidade presumida. STF. 1ª Turma. AP 
912/PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2017 (Info 856). 
 
O Ministério Público ofereceu denúncia contra alguns sócios da empresa, dentre eles o 
Diretor-Presidente, afirmando, quanto a este, que praticou o crime de evasão de divisas 
porque detinha o domínio do fato e que não seria crível que a empresa movimentasse 
altos valores para o exterior sem que ele soubesse. O STF entendeu que esta denúncia é 
inepta. Não há óbice para que a denúncia invoque a teoria do domínio do fato para dar 
suporte à imputação penal, sendo necessário, contudo, que, além disso, ela aponte 
indícios convergentes no sentido de que o Presidente da empresa não só teve 
conhecimento do crime de evasão de divisas, como dirigiu finalisticamente a atuação dos 
demais acusados. Assim, não basta que o acusado se encontre em posição 
hierarquicamente superior. Isso porque o próprio estatuto da empresa prevê que haja 
divisão de responsabilidades e, em grandes corporações, empresas ou bancos há 
controles e auditorias exatamente porque nem mesmo os sócios têm como saber tudo o 
 
que se passa. STF. 2ª Turma. HC 127397/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/12/2016 
(Info 850). 
 
O reconhecimento da ilegitimidade ativa do Ministério Público para, na qualidade de 
substituto processual de menores carentes, propor ação civil pública ex delicto, sem a 
anterior intimação da Defensoria Pública para tomar ciência da ação e, sendo o caso, 
assumir o polo ativo da demanda, configura violação ao art. 68 do CPP. Antes de o 
magistrado reconhecer a ilegitimidade ativa do Ministério Público para propor ação civil 
ex delicto, é indispensável que a Defensoria Pública seja intimada para tomar ciência da 
demanda e, sendo o caso, assumir o polo ativo da ação. STJ. 4ª Turma. REsp 888081-MG, 
Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 15/9/2016 (Info 592). 
 
É possível condenar o querelante em honorários advocatícios sucumbenciais na hipótese 
de rejeição de queixa-crime por ausência de justa causa. STJ. 3ª Seção. EREsp 1218726-
RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/6/2016 (Info 586). 
 
Não oferecida a queixa-crime contra todos os supostos autores ou partícipes da prática 
delituosa, há afronta ao princípio da indivisibilidade da ação penal, a implicar renúncia 
tácita ao direito de querela, cuja eficácia extintiva da punibilidade estende-se a todos 
quantos alegadamente hajam intervindo no cometimento da infração penal. STF. 1ª 
Turma. Inq 3526/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 2/2/2016 (Info 813). 
 
Deve ser rejeitada a queixa-crime que, oferecida antes de qualquer procedimento prévio, 
impute a prática de infração de menor potencial ofensivo com base apenas na versão do 
autor e na indicação de rol de testemunhas, desacompanhada de Termo Circunstanciado 
ou de qualquer outro documento hábil a demonstrar, ainda que de modo indiciário, a 
autoria e a materialidade do crime. STJ. 5ª Turma. RHC 61822-DF, Rel. Min. Felix Fischer, 
julgado em 17/12/2015 (Info 577). 
 
A denúncia que deixa de mencionar a legislação complementar a que se refere o tipo 
penal não atende o disposto no art. 41 do CPP porque não descreve por completo a 
conduta delitiva, dificultando a compreensão da acusação e, por conseguinte, o exercício 
 
do direito de defesa. STJ. 5ª Turma. RHC 64430/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 
19/11/2015. 
 
Determinado indivíduo teria proferido discurso racista contra um grupo de índios que 
teria invadido uma fazenda em certa região. O Ministério Público não ofereceu denúncia 
nem instaurou qualquer procedimento. Em virtude disso, o Conselho dos Povos Indígenas 
(organização não-governamental indígena) ajuizou uma queixa-crime subsidiária (art. 5º, 
LIX, da CF/88) contra o indivíduo, imputando-lhe a prática dos crimes de racismo (art. 20 
da Lei 9.459/97) e incitação à violência e ódio contra os povos indígenas (arts. 286 e 287 
do CP). Essa queixa-crime deverá ser rejeitada, porque os conselhos indigenistas não 
possuem legitimidade ativa em matéria penal. Na ação penal privada (mesmo sendo a 
subsidiária da pública), a queixa-crime somente pode ser promovida pelo ofendido ou 
por quem tenha qualidade para representá-lo (art. 100, § 2º do CP e art. 30 do CPP). A 
suposta vítima dos crimes não foi o conselho indigenista, mas sim os próprios índios que 
participaram da invasão. STF. 1ª Turma. Inq 3862 ED/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 18/11/2014 (Info 768). 
 
Deve ser rejeitada a queixa-crime que impute ao querelado a prática de crime contra a 
honra, mas que se limite a transcrever algumas frases, escritas pelo querelado em sua 
rede social, segundo as quais o querelante seria um litigante habitual do Poder Judiciário 
(fato notório, publicado em inúmeros órgãos de imprensa), sem esclarecimentos que 
possibilitem uma análise do elemento subjetivo da conduta do querelado consistente no 
intento positivo e deliberado de lesar a honra do ofendido. STJ. Corte Especial. AP 724-
DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 20/8/2014 (Info 547). 
 
É inepta a denúncia que, ao imputar a sócio a prática dos crimes contra a ordem tributária 
previstos nos incisos do art. 1º da Lei 8.137/1990, limita-se a transcrever trechos dos 
tipos penais em questão e a mencionar a condição do denunciado de administrador da 
sociedade empresária que, em tese, teria suprimido tributos, sem descrever qual 
conduta ilícita supostamente cometida pelo acusado haveria contribuído para a 
consecução do resultado danoso. O simples fato de o acusado ser sócio e administrador 
da empresa constante da denúncia não pode levar a crer, necessariamente, que ele 
 
tivesse participação nos fatos delituosos, a ponto de se ter dispensado ao menos uma 
sinalização de sua conduta, ainda que breve, sob pena de restar configurada a repudiada 
responsabilidade criminal objetiva. STJ. 6ª Turma. HC 224728-PE, Rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 10/6/2014 (Info 543). 
 
Nos crimes de autoria coletiva, não é necessária a descrição MINUCIOSA e 
INDIVIDUALIZADA da ação de cada acusado. Basta que o MP narre as condutas delituosas 
e a suposta autoria,conduta praticada por seus representantes legais. Trata-se da posição prevalente. 
 
#MAISUMGANCHO: Para fins de sua responsabilização, é necessária a imputação 
simultânea da prática criminosa ao ente moral e à pessoa física que a administra? 
No âmbito do STF e do STJ, o entendimento é o de que o art. 225, § 3.º, da CF, não 
vincula a responsabilidade penal da pessoa jurídica a que haja essa dupla persecução. 
Assim, não é mais admitida a Teoria da Dupla Imputação, posicionando-se no sentido 
de que se admite a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais, 
independentemente de imputação conjunta da prática delitiva com a pessoa física que 
atua em seu nome ou em seu benefício. 
 
 
#CEREJADOBOLO: A possibilidade de responsabilização criminal atinge tanto a pessoa 
jurídica de direito privado como também a pessoa jurídica de direito público interno 
(União, Estados, Municípios etc.)? 
O tema também é controvertido, havendo posição que admite a responsabilidade 
penal de pessoa jurídica de direito público, já que não existe distinção a respeito na 
Constituição Federal e na legislação ambiental. Contudo, há quem defenda posição 
contrária, sob o argumento de que as pessoas jurídicas de direito público jamais 
poderão satisfazer o requisito previsto no art. 3.º da Lei 9.605/1998, que estabelece, 
para tal responsabilização, a necessidade de que o fato delituoso ocorra no interesse 
ou benefício da pessoa jurídica. Asseveram para tanto que, se a proteção do meio 
ambiente é um dos deveres do Estado, conforme estabelece o art. 225, caput, da CF, 
não é possível que a sua violação (do meio ambiente) represente algum interesse ou 
benefício para o Estado. 
 
#SELIGA: Legitimidade ordinária e extraordinária no processo penal. 
A regra geral do processo civil prevê que somente o titular do alegado direito poderá 
pleitear em nome próprio seu próprio interesse. É o que se denomina de legitimação 
ordinária. É o que ocorre, no âmbito processual penal, nas hipóteses de ação penal 
pública, já que a CF outorga ao Ministério Público a titularidade da ação penal pública, 
agindo este em nome próprio na defesa de interesse próprio. 
Por outro lado, excepcionalmente, e desde que autorizado por lei, o ordenamento 
jurídico prevê situações em que alguém pode pleitear, em nome próprio, direito alheio. 
É o que se denomina de legitimação extraordinária ou substituição processual. Ex: na 
ação penal privada, o Estado transfere a legitimidade para a propositura da ação penal 
à vítima ou ao seu representante legal. Assim, o ofendido age, em nome próprio, na 
defesa de um interesse alheio, pois o Estado continua sendo o titular da pretensão 
punitiva. 
 
#NÃOCONFUNDA: Não se pode confundir a legitimação extraordinária (substituição 
processual) com a sucessão processual. Há sucessão processual quando um sujeito 
 
sucede outro no processo, assumindo a sua posição processual. Há, portanto, uma 
troca de sujeitos no processo, uma mudança subjetiva da relação jurídica processual. 
 
c) Interesse de agir: deve-se demonstrar a necessidade de se recorrer ao Poder 
Judiciário para a obtenção do resultado pretendido, independentemente da legitimidade 
da pretensão. Segundo a doutrina, o interesse de agir deve ser analisado sob 3 
dimensões: 
(i) Necessidade: segundo Pacelli, a necessidade é presumida, já que a sanção 
penal pressupõe o devido processo legal e a imposição jurisdicional. Contudo, vale 
destacar que há exceções. Ex: transação penal no âmbito dos Juizados Especiais Criminais 
(Lei n° 9.099/95, art. 76). 
(ii) Adequação: é o ajustamento da providência judicial requerida à solução do 
conflito. 
 
#ATENÇÃO: Nas ações não condenatórias, a adequação ganha destaque, notadamente 
na seleção entre HC e MS, já que o primeiro é inadequado quando inexistir risco, mesmo 
que remoto, à liberdade de locomoção. 
Súmula nº 693 - não cabe "habeas corpus" contra decisão condenatória a pena de multa, 
ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única 
cominada. 
Súmula nº 694 não cabe "habeas corpus" contra a imposição da pena de exclusão de 
militar ou de perda de patente ou de função pública. 
Súmula nº 695 - não cabe "habeas corpus" quando já extinta a pena privativa de 
liberdade. 
 
(iii) Utilidade: é a eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do 
autor. Só haverá utilidade se houver possibilidade de realização do jus puniendi estatal, 
com a aplicação da sanção penal adequada. 
 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=693.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=694.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=695.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas
 
#CHUVADEGANCHO #MPSP: Prescrição virtual/hipotética/em perspectiva. 
A prescrição virtual consiste no reconhecimento da prescrição antes do oferecimento 
da denúncia ou da queixa e, no curso do processo, anteriormente à prolação da 
sentença, sob o argumento de que eventual pena a ser aplicada em caso de 
condenação ensejaria, inevitavelmente, ou com muita probabilidade, a prescrição 
retroativa da pretensão punitiva. Nesse sentido, a pena restaria extinta não em razão 
da extinção da punibilidade do art. 107, mas sim pela ausência do interesse de agir 
do Estado. Contudo, vale destacar que essa modalidade de prescrição não é admitida 
pelos Tribunais, a exemplo da Súmula 438 do STJ: É inadmissível a extinção da 
punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena 
hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal. 
 
#CEREJADOBOLO: Prescrição inevitável. 
Segundo ensina Samer Agi1, tem-se prescrição inevitável quando, no curso do 
processo, verifica-se, com base no tempo necessário à conclusão da marcha 
processual, que a prescrição da pretensão punitiva em abstrato ocorrerá, 
necessariamente, antes do decreto condenatório. Considera-se para o cálculo do 
prazo prescricional a pena máxima cominada à infração, o que a diferencia da 
chamada prescrição virtual. É mister perceber que o prazo prescricional ainda não 
se esgotou, o que a diferencia da prescrição da pretensão punitiva em abstrato, mas, 
com certeza, se esgotará antes do édito condenatório. Destaca-se que o termo 
inicial para a contagem do prazo é a data do recebimento da denúncia. 
Portanto, são requisitos para o reconhecimento da prescrição inevitável: 
a) Que já tenha sido recebida a denúncia; 
b) Que a prescrição da pretensão punitiva em abstrato ainda não tenha ocorrido; 
c) Que até a data de eventual sentença condenatória seja possível concluir, com 
juízo de certeza, que a prescrição punitiva em abstrato ocorrerá. 
 
1 Disponível em: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI303791,41046-
Uma+nova+hipotese+de+prescricao+da+pretensao+punitiva. 
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI303791,41046-Uma+nova+hipotese+de+prescricao+da+pretensao+punitiva
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI303791,41046-Uma+nova+hipotese+de+prescricao+da+pretensao+punitiva
 
 
#UMPOUCODEDOUTRINA: Renato Brasileiro ensina que, “se a categoria das “condições 
da ação” não foi extinta pelo novo CPC, melhor sorte não assiste à possibilidade jurídica 
do pedido. Aliás, mesmo antes da vigência do novo CPC, grande parte da doutrina já 
sustentava que a possibilidade jurídica não podia ser considerada espécie autônoma de 
condição da ação. (...) Louvável, portanto, a sistemática adotada pelo novo diploma 
processual civil, que deixa de fazer referência à “possibilidade jurídica do pedido” como 
hipótese que leva a uma decisão de inadmissibilidade do processo. Consolida-se, assim, 
o entendimento praticamente majoritário até então no sentido de que o reconhecimento 
da impossibilidade jurídica funciona como decisão de mérito,com elementos suficientes para garantir o direito à ampla defesa e 
ao contraditório. Embora não seja necessária a descrição PORMENORIZADA da conduta 
de cada denunciado, o Ministério Público deve narrar qual é o vínculo entre o denunciado 
e o crime a ele imputado, sob pena de ser a denúncia inepta. STJ. 5ª Turma. HC 214861-
SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 28/2/2012. 
 
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA 
 
Jurisprudência do site Dizer o Direito. 
Manual de Processo Penal – Nestor Távora. 
Manual de Processo Penal – Renato Brasileiro.e não de inadmissibilidade. 
(...) Com efeito, sem embargo do silêncio do novo CPC acerca da possibilidade jurídica, 
há diversas referências expressas à legitimidade e ao interesse de agir, que subsistem 
como condições da ação. Em seu art. 17, o novo CPC dispõe expressamente que é 
necessário ter interesse e legitimidade para postular em juízo.”. 
 
d) Justa causa: é o lastro probatório mínimo que deve lastrear toda e qualquer 
acusação penal. Aqui, lastro probatório mínimo é o fumus boni iuris, que significa a 
existência de indícios de autoria e prova da materialidade. 
 
#DIVERGÊNCIADOUTRINÁRIA: Na esfera penal, prevalece o entendimento de que a justa 
causa seria uma quarta condição da ação. Na esfera cível, no entanto, prevalece o 
entendimento de que a justa causa não é tecnicamente uma condição da ação, e sim um 
requisito da própria construção da inicial. 
 
4.1.1. Ausência de qualquer das condições da ação 
 
a) No momento da admissibilidade da inicial: ação deve ser rejeitada. 
Art. 395, II, CPP – A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 
 
b) Aferição incidental ao processo: 
(i) O juiz pode declarar a nulidade absoluta do processo; ou 
(ii) Extinguir o processo sem resolução do mérito. 
 
 – SE HÁ ANÁLISE DAS CONDIÇÕES BASEADA NA SIMPLES AFIRMAÇÃO DO AUTOR: Trata-
se da verificação das condições da ação pela teoria da asserção. Se ausentes, 
haverá carência de ação e a coisa julgada formal. 
– SE HÁ NECESSIDADE DE INSTRUÇÃO PROBATÓRIA PARA VERIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES 
DA AÇÃO: Se com a instrução probatória se verificar que o afirmado não era verdade, a 
consequência será a improcedência e coisa julgada material. 
 
4.2. Condições específicas da ação penal (condições de procedibilidade) 
 
Há determinadas situações em que a lei condiciona o exercício do direito de ação 
ao preenchimento de certas condições específicas. Sua presença também deve ser 
aferida pelo magistrado por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória, 
impondo-se a sua rejeição, caso verificada a ausência de uma delas (CPP, art. 395, II). São 
exemplos: 
a) Representação do ofendido, nos crimes de ação penal pública condicionada à 
representação. 
b) Requisição do Ministro da Justiça, nos crimes de ação penal pública 
condicionada à requisição. 
c) Provas novas, quando o inquérito policial tiver sido arquivado com base na 
ausência de elementos probatórios. 
d) Provas novas, após a preclusão da decisão de impronúncia, em se tratando de 
crimes dolosos contra a vida 
e) Laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial. 
f) autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços de seus membros, para 
a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os 
Ministros de Estado. 
 
 
 
#SELIGA: 
a) Condições objetivas de punibilidade: são elementos exteriores à infração penal, não 
integrantes do tipo penal, ocorrendo nas hipóteses em que a punibilidade da conduta 
é vinculada à superveniência de determinado acontecimento. Ex: a decisão definitiva 
do processo administrativo-fiscal constitui condição objetiva de punibilidade dos crimes 
previstos no art. 1.º, I a IV, da Lei 8.137/1990 (crimes contra a ordem tributária). Isto 
quer dizer que, na pendência de defesa ou recurso na esfera administrativa, não há 
justa causa para a instauração de inquérito policial e de ação penal contra o agente, 
por inexistir, ainda, lançamento definitivo do débito fiscal. 
b) Escusas absolutórias: são situações em que, ainda que exista o crime, não se impõe 
pena em razão de circunstâncias pessoais do agente. É o que ocorre no caso de furto 
praticado por descendente contra ascendente menor de 60 anos (art. 181, II, c/c o art. 
183, III, do CP), em que, pela condição pessoal do agente (filho da vítima), considerou-
o o legislador isento de pena. 
 
4.3 Condições de prosseguibilidade 
 
As condições da ação não se confundem com condições de prosseguibilidade. 
Condição da ação (ou de procedibilidade) é uma condição que deve estar presente para 
que o processo penal possa ter início. 
 
Condição de prosseguibilidade (ou condição superveniente da ação) é uma 
condição necessária para o prosseguimento do processo. 
 
Ex: A lei dos juizados especiais (lei 9.099/95) passou a exigir a representação nos 
crimes de lesão corporal leve e culposa. Para os processos que estavam em trâmite 
perante o Juizado, a representação funcionou como condição de prosseguibilidade, no 
entanto, nos processos que fossem começar, a representação será uma condição de 
procedibilidade. 
 
 
5. Classificação 
 
5.1. Ação penal pública 
 
a) Ação penal pública incondicionada: A atuação do Ministério Público 
independe do implemento de qualquer condição específica. É a regra no processo penal 
brasileiro. 
*#NOVIDADELEGISLATIVA *#SELIGA: A Lei 13.718/18 altera disposições 
importantíssimas nos crimes sexuais, que vão despencar nas nossas provas! 
- A ação penal passa a ser pública incondicionada em todos os casos de crimes contra a 
liberdade sexual e de crimes sexuais contra vulneráveis. 
- Criação do tipo penal de importunação sexual, entendido como o ato libidinoso 
praticado contra alguém, e sem autorização, a fim de satisfazer desejo próprio ou de 
terceiro. 
- Por se tratar de norma processual penal mista ou híbrida desfavorável ao réu, a novel 
legislação não retroage para atingir situações em que, antes do seu advento, era prevista 
como regra geral a ação penal pública condicionada à representação do ofendido. 
 
 
b) Ação penal pública condicionada: 
(i) Titularidade: assim como na APP Incondicionada, a titularidade é do MP, sendo 
necessário, contudo, a representação do ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça. 
 
(ii) Representação: trata-se de condição de procedibilidade, não exigindo forma 
específica. 
 
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes 
especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade 
policial. 
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, 
de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, 
presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. 
§ 2o A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria. 
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não 
sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for. 
 
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade 
policial para que esta proceda a inquérito. 
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos 
elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze 
dias. 
 
- Ofendido maior e capaz: somente ele poderá decidir pela conveniência de 
oferecer representação, podendo também ser exercido por procurador com poderes 
especiais (art. 39, CPP). 
 
- Representante legal do ofendido menor ou incapaz: nesse caso, a representação 
deverá ser oferecida pelo seu representante legal, independentemente da vontade da 
vítima. 
 
#DEOLHONAJURIS: A representação nos crimes de ação penal pública condicionada 
prescinde de qualquer formalidade, sendo necessária apenas a vontade inequívoca da 
vítima ou de seu representante legal, mesmo que realizada na fase policial (HC 
46.455/RJ). 
#CEREJADOBOLO: E se o ofendido incapaz não possuir representante legal ou houver 
colisão entre os seus interesses e os de seu representante?Nesse caso, deverá o juiz, ex officio ou a requerimento do Ministério Público, proceder 
à nomeação de curador, que poderá ser qualquer pessoa, advogado ou não, desde que 
maior de 18 anos. 
 
O curador especial nomeado pelo juiz em face do que dispõe o art. 33 do CPP está 
obrigado a oferecer representação? 
Há duas posições: 
 
- Primeira (majoritária): A nomeação de curador não impõe a este a obrigação de 
oferecer representação contra o autor do crime, incumbindo-lhe analisar a 
conveniência deste procedimento segundo os interesses do incapaz. 
- Segunda: O curador nomeado deve obrigatoriamente representar em prol da vítima, 
já que está agindo como substituto processual, ou seja, defendendo interesse alheio 
em nome próprio. 
 
E se o ofendido for morto ou declarado ausente? 
No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o 
direito de representação passará ao cônjuge/companheiro, ascendente, descendente 
ou irmão. 
 
E se, no caso anterior, mais de um entre os legitimados comparecer para representar? 
Neste caso, terão preferência os primeiros em prol dos demais, na ordem enumerada 
em lei. Em caso de discordância entre os legitimados – um querendo representar e o 
outro não –, deve prevalecer a vontade daquele que deseja representar. 
 
- Prazo: 6 meses, contados do conhecimento da autoria do crime, sob pena de 
decadência. A contagem desse prazo inclui o dia do início. Se a vítima for menor de 18 
anos ou mentalmente incapaz, o prazo decadencial flui apenas para o representante 
legal. Alcançada a maioridade pelo ofendido ou recuperado da enfermidade, a partir 
deste momento terá início o prazo. 
 
No caso de crime continuado, o prazo decadencial deverá ser contado em relação 
a cada crime individualmente. 
 
No caso de crime permanente, o prazo deverá ser contado a partir do momento 
em que cessar a permanência. 
 
 
No caso de crime habitual, prevalece o entendimento de que o lapso é contado 
com a ciência da autoria do crime pela vítima. 
 
- Irretratabilidade: A representação será irretratável após o oferecimento da 
denúncia, sendo possível a retratação da retratação, desde que não tenha sido esgotado 
o prazo de 6 meses contados da ciência do autor do fato. 
 
Art. 25, CPP – A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. 
Art. 16, Lei 11.340/06 – Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata 
esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada 
com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. 
 
#ATENÇÃO: A representação não vincula o membro do Ministério Público. 
 
(iii) Requisição: não existe prazo decadencial para o exercício da requisição pelo 
Ministro da Justiça, entendendo-se, pois, que isto pode ocorrer até a prescrição do crime 
praticado. 
- É dirigida ao MP e também não vincula o órgão! 
 
#SAINDODOFORNO: Atualmente, com as mudanças trazidas pela Lei nº. 13.718/18, 
todos os crimes contra a dignidade sexual são de ação pública incondicionada. Não há 
exceções! 
 
#DEOLHONAJURIS: A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em 
detrimento da mulher, no âmbito doméstico e familiar, é pública incondicionada. 
STJ. 3ª Seção. Pet 11805-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 10/5/2017 
(recurso repetitivo) (Info 604). 
 
Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante 
de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
 
 
#OLHAOGANCHO #SELIGANASÚMULA: 
Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam 
na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 
10/06/2015, Dje 15/06/2015. 
 
Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 
26/8/2015, DJe 31/8/2015. 
 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de 
representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade 
para representá-lo. 
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não 
oferece denúncia no prazo legal. 
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: companheira, em união estável homoafetiva 
reconhecida, goza do mesmo status de cônjuge para o processo penal, possuindo 
legitimidade para ajuizar a ação penal privada. STJ. Corte Especial. APn 912-RJ, Rel. Min. 
Laurita Vaz, julgado em 07/08/2019 (Info 654). 
 
5.1.1. Princípios 
 
a) Princípio da obrigatoriedade: havendo indícios de autoria e prova da 
materialidade quanto à prática de um fato típico e não se fazendo presentes causas 
extintivas da punibilidade, não pode o Ministério Público deixar de ajuizar a ação penal. 
São exceções ao princípio da obrigatoriedade (princípio da obrigatoriedade 
regrada/discricionariedade regrada): 
 
 
(i) Transação penal (art. 76, Lei nº. 9.099/99): em se tratando de infrações de 
menor potencial ofensivo, ainda que haja lastro probatório suficiente para o 
oferecimento de denúncia, desde que o autor do fato delituoso preencha os requisitos, 
ao invés de o Ministério Público oferecer denúncia, deve propor a transação penal, com 
a aplicação imediata de penas restritivas de direitos ou multa. 
 
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo 
caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de 
direitos ou multas, a ser especificada na proposta. 
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. 
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: 
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença 
definitiva; 
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva 
ou multa, nos termos deste artigo; 
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e 
as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. 
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. 
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena 
restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir 
novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. 
 § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei. 
 § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes 
criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos 
interessados propor ação cabível no juízo cível. 
 
(ii) Termo de ajustamento de conduta: nos casos de Ação Civil Pública (Lei nº. 
7.347/85), pode o MP pactuar com o infrator um ajustamento de sua conduta nos casos 
de violação a direitos transindividuais (danos ao meio ambiente, ao direito consumerista, 
etc.) para que se cumpra os requisitos legais. 
 
 
(iii) Parcelamento do débito tributário (art. 83, §2º, Lei 9.430/96): a sua 
formalização antes do recebimento da denúncia é causa de suspensão da pretensão 
punitiva, impedindo o oferecimentoda peça acusatória pelo Ministério Público. 
 
§ 2o É suspensa a pretensão punitiva do Estado referente aos crimes previstos no caput, durante o período 
em que a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída 
no parcelamento, desde que o pedido de parcelamento tenha sido formalizado antes do recebimento da 
denúncia criminal. 
 
(iv) Acordo de não persecução penal (Resolução 181/2017-CNMP): 
 
Art. 18. Não sendo o caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor ao investigado acordo de 
não persecução penal quando, cominada pena mínima inferior a 4 (quatro) anos e o crime não for cometido 
com violência ou grave ameaça a pessoa, o investigado tiver confessado formal e circunstanciadamente a 
sua prática, mediante as seguintes condições, ajustadas cumulativa ou alternativamente: (Redação dada 
pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, salvo impossibilidade de fazê-lo; (Redação dada pela 
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos, indicados pelo Ministério Público como instrumentos, 
produto ou proveito do crime; (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima 
cominada ao delito, diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo Ministério Público; 
(Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Código Penal, a entidade pública 
ou de interesse social a ser indicada pelo Ministério Público, devendo a prestação ser destinada 
preferencialmente àquelas entidades que tenham como função proteger bens jurídicos iguais ou 
semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de 
janeiro de 2018) 
V – cumprir outra condição estipulada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com 
a infração penal aparentemente praticada. (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
 
§ 1º Não se admitirá a proposta nos casos em que: (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro 
de 2018) 
I – for cabível a transação penal, nos termos da lei; (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro 
de 2018) 
II – o dano causado for superior a vinte salários mínimos ou a parâmetro econômico diverso definido pelo 
respectivo órgão de revisão, nos termos da regulamentação local; (Redação dada pela Resolução n° 183, 
de 24 de janeiro de 2018) 
III – o investigado incorra em alguma das hipóteses previstas no art. 76, § 2º, da Lei nº 9.099/95; (Redação 
dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
IV – o aguardo para o cumprimento do acordo possa acarretar a prescrição da pretensão punitiva estatal; 
(Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
V – o delito for hediondo ou equiparado e nos casos de incidência da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006; 
(Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
VI – a celebração do acordo não atender ao que seja necessário e suficiente para a reprovação e prevenção 
do crime. (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
§ 2º A confissão detalhada dos fatos e as tratativas do acordo serão registrados pelos meios ou recursos 
de gravação audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações, e o investigado deve estar 
sempre acompanhado de seu defensor. (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
§ 3º O acordo será formalizado nos autos, com a qualificação completa do investigado e estipulará de modo 
claro as suas condições, eventuais valores a serem restituídos e as datas para cumprimento, e será firmado 
pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e seu defensor. (Redação dada pela Resolução n° 183, 
de 24 de janeiro de 2018) 
§ 4º Realizado o acordo, a vítima será comunicada por qualquer meio idôneo, e os autos serão submetidos 
à apreciação judicial. (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
§ 5º Se o juiz considerar o acordo cabível e as condições adequadas e suficientes, devolverá os autos ao 
Ministério Público para sua implementação. (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 
2018) 
§ 6º Se o juiz considerar incabível o acordo, bem como inadequadas ou insuficientes as condições 
celebradas, fará remessa dos autos ao procurador-geral ou órgão superior interno responsável por sua 
apreciação, nos termos da legislação vigente, que poderá adotar as seguintes providências: (Redação dada 
pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
 
I – oferecer denúncia ou designar outro membro para oferecê-la; (Redação dada pela Resolução n° 183, de 
24 de janeiro de 2018) 
II – complementar as investigações ou designar outro membro para complementá-la; (Redação dada pela 
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
III – reformular a proposta de acordo de não persecução, para apreciação do investigado; (Redação dada 
pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
IV – manter o acordo de não persecução, que vinculará toda a Instituição. (Redação dada pela Resolução 
n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
§ 7º O acordo de não persecução poderá ser celebrado na mesma oportunidade da audiência de custódia. 
(Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
§ 8º É dever do investigado comunicar ao Ministério Público eventual mudança de endereço, número de 
telefone ou e-mail, e comprovar mensalmente o cumprimento das condições, independentemente de 
notificação ou aviso prévio, devendo ele, quando for o caso, por iniciativa própria, apresentar 
imediatamente e de forma documentada eventual justificativa para o não cumprimento do acordo. 
(Redação dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
§ 9º Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo ou não observados os deveres do 
parágrafo anterior, no prazo e nas condições estabelecidas, o membro do Ministério Público deverá, se for 
o caso, imediatamente oferecer denúncia. (Incluído pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
§ 10 O descumprimento do acordo de não persecução pelo investigado também poderá ser utilizado pelo 
membro do Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão 
condicional do processo. (Incluído pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
§ 11 Cumprido integralmente o acordo, o Ministério Público promoverá o arquivamento da investigação, 
nos termos desta Resolução. (Incluído pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
§ 12 As disposições deste Capítulo não se aplicam aos delitos cometidos por militares que afetem a 
hierarquia e a disciplina. (Incluído pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018) 
§ 13 Para aferição da pena mínima cominada ao delito, a que se refere o caput, serão consideradas as 
causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. (Incluído pela Resolução n° 183, de 24 de 
janeiro de 2018). 
*Antes da Lei nº 13.964/2019 Depois da Lei nº 13.964/2019 
Sem artigo correspondente “Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e 
tendo o investigado confessado formal e 
 
circunstancialmente a prática de infração penal sem 
violência ou grave ameaça e com pena mínima 
inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público 
poderá propor acordo de não persecução penal, 
desde que necessário e suficiente para reprovação 
e prevenção do crime, mediante as seguintes 
condições ajustadas cumulativa e alternativamente: 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto 
na impossibilidade de fazê-lo; 
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos 
indicados pelo Ministério Público como 
instrumentos, produto ou proveito do crime; 
III - prestar serviço à comunidade ou a entidadespúblicas por período correspondente à pena 
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois 
terços, em local a ser indicado pelo juízo da 
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); 
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos 
termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade 
pública ou de interesse social, a ser indicada pelo 
juízo da execução, que tenha, preferencialmente, 
como função proteger bens jurídicos iguais ou 
semelhantes aos aparentemente lesados pelo 
delito; ou 
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição 
indicada pelo Ministério Público, desde que 
 
proporcional e compatível com a infração penal 
imputada. 
 
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao 
delito a que se refere o caput deste artigo, serão 
consideradas as causas de aumento e diminuição 
aplicáveis ao caso concreto. 
 
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica 
nas seguintes hipóteses: 
I - se for cabível transação penal de competência 
dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; 
II - se o investigado for reincidente ou se houver 
elementos probatórios que indiquem conduta 
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto 
se insignificantes as infrações penais pretéritas; 
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos 
anteriores ao cometimento da infração, em acordo 
de não persecução penal, transação penal ou 
suspensão condicional do processo; e 
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência 
doméstica ou familiar, ou praticados contra a 
mulher por razões da condição de sexo feminino, 
em favor do agressor. 
 
§ 3º O acordo de não persecução penal será 
formalizado por escrito e será firmado pelo membro 
 
do Ministério Público, pelo investigado e por seu 
defensor. 
 
§ 4º Para a homologação do acordo de não 
persecução penal, será realizada audiência na qual 
o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por 
meio da oitiva do investigado na presença do seu 
defensor, e sua legalidade. 
 
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes 
ou abusivas as condições dispostas no acordo de 
não persecução penal, devolverá os autos ao 
Ministério Público para que seja reformulada a 
proposta de acordo, com concordância do 
investigado e seu defensor. 
 
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não 
persecução penal, o juiz devolverá os autos ao 
Ministério Público para que inicie sua execução 
perante o juízo de execução penal. 
 
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta 
que não atender aos requisitos legais ou quando 
não for realizada a adequação a que se refere o § 5º 
deste artigo. 
 
 
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os 
autos ao Ministério Público para a análise da 
necessidade de complementação das investigações 
ou o oferecimento da denúncia. 
 
§ 9º A vítima será intimada da homologação do 
acordo de não persecução penal e de seu 
descumprimento. 
 
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições 
estipuladas no acordo de não persecução penal, o 
Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para 
fins de sua rescisão e posterior oferecimento de 
denúncia. 
 
§ 11. O descumprimento do acordo de não 
persecução penal pelo investigado também poderá 
ser utilizado pelo Ministério Público como 
justificativa para o eventual não oferecimento de 
suspensão condicional do processo. 
 
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de 
não persecução penal não constarão de certidão de 
antecedentes criminais, exceto para os fins 
previstos no inciso III do § 2º deste artigo. 
 
 
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não 
persecução penal, o juízo competente decretará a 
extinção de punibilidade. 
 
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério 
Público, em propor o acordo de não persecução 
penal, o investigado poderá requerer a remessa dos 
autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste 
Código.” 
 
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
RESOLUÇÃO 181/17 LEI ANTICRIME 
Pena mínima inferior a 4 anos Pena mínima inferior a 4 anos 
Crime não for cometido com violência ou 
grave 
ameaça a pessoa, o investigado tiver 
confessado formal e 
circunstanciadamente a sua prática. 
Investigado confessado formal e 
circunstancialmente 
a prática de infração penal sem violência 
ou grave 
ameaça 
CONDIÇÕES: 
I – reparar o dano ou restituir a coisa à 
vítima, salvo 
impossibilidade de fazê-lo; 
II – renunciar voluntariamente a bens e 
direitos, indicados pelo Ministério Público 
como instrumentos, produto ou proveito 
do crime; 
CONDIÇÕES: 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à 
vítima, exceto 
na impossibilidade de fazê-lo; 
II - renunciar voluntariamente a bens e 
direitos 
 
II – prestar serviço à comunidade ou a 
entidades pú- 
blicas por período correspondente à pena 
mínima 
cominada ao delito, diminuída de 1/3 a 
2/3, em local 
a ser indicado pelo Ministério Público; 
IV – pagar prestação pecuniária, a ser 
estipulada nos termos do art. 45 do Código 
Penal, a entidade pública 
ou de interesse social a ser indicada pelo 
Ministério 
Público, devendo a prestação ser 
destinada preferencialmente àquelas 
entidades que tenham como função 
proteger bens jurídicos iguais ou 
semelhantes aos aparentemente lesados 
pelo delito; 
V – cumprir outra condição estipulada 
pelo Ministério 
Público, desde que proporcional e 
compatível com a 
infração penal aparentemente praticada. 
indicados pelo Ministério Público como 
instrumentos, 
produto ou proveito do crime; 
III - prestar serviço à comunidade ou a 
entidades 
públicas por período correspondente à 
pena mínima 
cominada ao delito diminuída de 1/3 a 
2/3, em local 
a ser indicado pelo juízo da execução, na 
forma do art. 
46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal); 
IV - pagar prestação pecuniária, a ser 
estipulada nos 
termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, 
de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal), a 
entidade pública 
ou de interesse social, a ser indicada pelo 
juízo da 
execução, que tenha, preferencialmente, 
como função 
proteger bens jurídicos iguais ou 
semelhantes aos 
 
aparentemente lesados pelo delito; ou 
V - cumprir, por prazo determinado, outra 
condição 
indicada pelo Ministério Público, desde 
que proporcional e compatível com a 
infração penal imputada. 
NÃO CABÍVEL: 
I – for cabível a transação penal, nos 
termos da lei; 
II – o dano causado for superior a 20 
salários mínimos ou a parâmetro 
econômico diverso definido pelo 
respectivo órgão de revisão, nos termos 
da regulamentação local; 
III – o investigado incorra em alguma das 
hipóteses 
previstas no art. 76, § 2º, da Lei nº 
9.099/95; 
IV – o aguardo para o cumprimento do 
acordo possa 
acarretar a prescrição da pretensão 
punitiva estatal; 
V – o delito for hediondo ou equiparado e 
nos casos 
NÃO CABÍVEL: 
I - se for cabível transação penal de 
competência dos 
Juizados Especiais Criminais, nos termos 
da lei; 
II - se o investigado for reincidente ou se 
houver 
elementos probatórios que indiquem 
conduta 
criminal habitual, reiterada ou 
profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais 
pretéritas; 
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 
anos 
anteriores ao cometimento da infração, 
em acordo 
de não persecução penal, transação penal 
ou 
 
de incidência da Lei nº 11.340, de 7 de 
agosto de 
2006; 
VI – a celebração do acordo não atender 
ao que seja 
necessário e suficiente para a reprovação 
e preven- 
ção do crime. 
suspensão condicional do processo; e 
IV - nos crimes praticados no âmbito de 
violência doméstica ou familiar, ou 
praticados contra a mulher 
por razões da condição de sexo feminino, 
em favor 
do agressor. 
 
 Caberá RESE da decisão, despacho ou 
sentença que recusar homologação àproposta de acordo de não 
persecução penal, previsto no art. 28-A 
desta Lei. 
 
 (v) Colaboração premiada (art. 4º, §4º, Lei 12.850/13): 
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se 
o colaborador: 
I - não for o líder da organização criminosa; 
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. 
 
b) Princípio da indisponibilidade: uma vez ajuizada a ação penal pública, dela não 
pode o Ministério Público desistir. 
 
#SELIGA: O MP pode renunciar ao direito de recorrer, deixando de interpor recurso por 
concordar com a sentença, mas não pode, após a sua interposição, desistir de 
prosseguir com o seu trâmite. 
 
#SELIGA2: Requerer a absolvição do réu ou deixar de recorrer não constitui ofensa ao 
princípio da indisponibilidade! 
 
#SELIGANAEXCEÇÃO: Suspensão condicional do processo. 
Preenchidos os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/95, o MP propõe ao agente que 
cumpra algumas condições, que resultará na extinção da punibilidade, sem 
antecedentes, reincidência ou condenação na ficha penal. 
 
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. 
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. 
 
c) Princípio da oficialidade: a ação penal pública incondicionada será deflagrada 
por iniciativa de órgão oficial, o Ministério Público, independentemente da manifestação 
de vontade expressa ou tácita de qualquer pessoa. 
 
d) Princípio da divisibilidade: havendo mais de um autor do crime, nada impede 
que venha o Ministério Público a ajuizar a ação penal apenas em relação a um ou alguns 
deles, postergando a propositura quanto aos demais para outro momento. 
 
Inaplicabilidade do princípio da indivisibilidade à ação penal pública 
 
Na ação penal pública não vigora o princípio da indivisibilidade. Assim, o MP não está 
obrigado a denunciar todos os envolvidos no fato tido por delituoso, não se podendo 
falar em arquivamento implícito em relação a que não foi denunciado. Isso porque o 
Parquet é livre para formar a sua convicção, incluindo na denúncia as pessoas que ele 
entenda terem praticado o crime, mediante a constatação de indícios de autoria e 
materialidade (STJ. 6ª Turma. RHC 34.233-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 
julgado em 06/05/2014). 
 
→ O STJ concordou com a tese de defesa? 
 
 
NÃO. O Ministério Público não é obrigado a denunciar todos os envolvidos nos fatos tidos 
por delituosos, dado que não vigora, na ação penal pública incondicionada, o princípio 
da indivisibilidade. 
 
O princípio da indivisibilidade preconiza que a ação penal deve ser proposta contra todos 
os autores do delito. 
 
O princípio da indivisibilidade é aplicado à ação penal privada, mas não incide no caso de 
ações penais públicas. O MP pode intentar a ação penal contra um autor, enquanto 
investiga o outro, por exemplo. 
 
Assim, o Parquet é livre para formar a sua convicção, incluindo na denúncia as pessoas 
que ele entenda que praticaram os crimes, não se podendo falar em arquivamento 
implícito em relação a quem não foi denunciado. 
 
Vale lembrar que até a sentença é possível que o MP faça o aditamento da denúncia. 
 
*Antes da Lei nº 13.964/2019 Depois da Lei nº 13.964/2019 
Arquivamento 
Art. 28. Se o órgão do Ministério 
Público, ao invés de apresentar a 
denúncia, requerer o 
arquivamento do inquérito 
policial ou de quaisquer peças 
de informação, o juiz, no caso de 
considerar improcedentes as 
razões invocadas, fará remessa 
do inquérito ou peças de 
informação ao procurador-geral, 
e este oferecerá a denúncia, 
“Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito 
policial ou de quaisquer elementos informativos da 
mesma natureza, o órgão do Ministério Público 
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade 
policial e encaminhará os autos para a instância de 
revisão ministerial para fins de homologação, na 
forma da lei. 
 
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não 
concordar com o arquivamento do inquérito 
policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do 
recebimento da comunicação, submeter a matéria 
 
designará outro órgão do 
Ministério Público para oferecê-
la, ou insistirá no pedido de 
arquivamento, ao qual só então 
estará o juiz obrigado a atender. 
à revisão da instância competente do órgão 
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei 
orgânica. 
 
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados 
em detrimento da União, Estados e Municípios, a 
revisão do arquivamento do inquérito policial 
poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem 
couber a sua representação judicial.” 
 
CUIDADO: Antes da lei o MP requeria o arquivamento ao juiz, que homologava ou não. 
Após a lei, o MP ordena o arquivamento e remete os autos à instância de revisão 
ministerial para fins de homologação, arquivamento ocorre unicamente no âmbito do 
próprio Ministério Público. 
#DUPLOREGIMEDOARQUIVAMENTO2 
Foi alterado significativamente o processamento de investigações, dado que agora 
devem ser arquivadas no âmbito do Ministério Público, sem a intervenção do Juiz, na 
linha acusatória. Não há mais espaço para homologação judicial do arquivamento, dado 
que tudo se resolve na esfera ministerial, especialmente as comunicações — vítima, 
investigado e autoridade investigante, inclusive nos casos de Foro de Prorrogativa de 
Função. A vítima, uma vez notificada, terá o prazo processual de 30 (trinta) dias para 
manejar recurso contra o arquivamento (CPP, artigo 28, § 1º), sendo que no caso de 
crimes praticados em detrimento de entes públicos, a revisão cabe ao chefe do órgão a 
quem couber a representação judicial (CPP, art. 28, § 2º). 
 
Então o arquivamento deve se dar em duas fases: 
 
a) primeira fase: o representante do Ministério Público emite manifestação pelo 
arquivamento, comunica formalmente vítima e investigados, quando existentes, 
advertindo expressamente da possibilidade recursal em 30 dias (prazo que se conta da 
respectiva intimação e não da juntada ao autos, na linha do art. 798, do CPP); 
 
b) segunda fase: Efetivadas as comunicações formais, ausente pedido voluntário de 
revisão da vítima (ou seu representante), investigado ou autoridade investigadora, 
devidamente certificado o prazo, sobem os autos para homologação do arquivamento 
pelo órgão competente da Instituição do Ministério Público que pode confirmar ou 
 
2 https://www.conjur.com.br/2020-jan-10/limite-penal-procede-arquivamento-modelo 
 
divergir, total ou parcialmente, caso em que será designado novo membro do Ministério 
Público para o exercício da ação penal. 
 
Em caso de manutenção do arquivamento os autos serão arquivados na estrutura 
administrativa do próprio Ministério Público, com comunicação ao Juiz das Garantias 
(CPP, artigo 3º-B, IV) para respectiva baixa do controle. Estabeleceu-se um regime de 
controle das investigações junto ao Juiz das Garantias, o qual deverá ser comunicado da 
instauração, andamento e arquivamento das investigações. O efeito do prazo é que 
somente depois de certificada a ausência de recurso voluntário é que o arquivamento 
definitivo poderá se operar, com demora mínima de mais de 30 dias, prazo de revisão. 
Se houver pedido de arquivamento, mesmo sem homologação, deve-se revogar eventual 
prisão e/ou medida cautelar imediatamente, instando-se o Juiz das Garantias para tanto. 
 
A determinação serve de mecanismo de controle ideológico dos membros do Ministério 
Público que não poderão mais agir diretamente com o Juiz de primeiro grau. O lado 
positivo é que exigirá maior esforço de análise do caso, enquanto o lado negativo é o de 
que diante da revisão obrigatória, tende-se a denunciar mais. Diretamente: no novo 
contexto é mais fácil denunciar do que arquivar. Caberá ao Juiz das Garantias o papel de 
avaliar — de uma vez por todas — a pertinência da acusação, motivando (CPP, artigo 315, 
§ 2º) o processamento da açãopenal, bem assim trancar investigações quando não 
houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento (CPP, artigo 3º-B, 
IX e XII), preferencialmente na via do habeas corpus (CPP, artigo 3º-B, XII), inclusive de 
ofício. 
 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O princípio da indivisibilidade significa que a ação penal 
deve ser proposta contra todos os autores e partícipes do delito. Segundo a posição da 
jurisprudência, o princípio da indivisibilidade só se aplica para a ação pena privada (art. 
48 do CPP). O que acontece se a ação penal privada não for proposta contra todos? O 
que ocorre se um dos autores ou partícipes, podendo ser processado pelo querelante, 
ficar de fora? Qual é a consequência do desrespeito ao princípio da indivisibilidade? 
 Se a omissão foi VOLUNTÁRIA (DELIBERADA): se o querelante deixou, 
deliberadamente, de oferecer queixa contra um dos autores ou partícipes, o juiz deverá 
rejeitar a queixa e declarar a extinção da punibilidade para todos (arts. 104 e 109, V, do 
CP). Todos ficarão livres do processo. 
 Se a omissão foi INVOLUNTÁRIA: o MP deverá requerer a intimação do querelante para 
que ele faça o aditamento da queixa-crime e inclua os demais coautores ou partícipes 
que ficaram de fora. Assim, conclui-se que a não inclusão de eventuais suspeitos na 
queixa-crime não configura, por si só, renúncia tácita ao direito de queixa. Para o 
 
reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa, exige-se a demonstração de que 
a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-crime se deu de forma 
deliberada pelo querelante. 
 
Não oferecida a queixa-crime contra todos os supostos autores ou partícipes da prática 
delituosa, há afronta ao princípio da indivisibilidade da ação penal, a implicar renúncia 
tácita ao direito de querela, cuja eficácia extintiva da punibilidade estende-se a todos 
quantos alegadamente hajam intervindo no cometimento da infração penal. STF. 1ª 
Turma. Inq 3526/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 2/2/2016 (Info 813). 
 
Duas observações finais: 1) O STF não fez, neste caso concreto, a distinção acima 
mencionada entre omissão voluntária e omissão involuntária. Isso não significa que o STF 
não adote esta diferenciação. Talvez, na presente situação, não tenha sido necessário 
discorrer sobre isso porque, como era público e notório que outros veículos de imprensa 
divulgaram a notícia supostamente caluniosa, no caso concreto a omissão foi nitidamente 
voluntária. O certo é que a distinção acima feita entre omissão voluntária e involuntária 
poderá ser cobrada na sua prova. 2) Como o ofendido era agente público e a 
manifestação do Senador, em tese, seria uma forma de fiscalizar os recursos públicos, o 
STF poderia até mesmo rejeitar a queixa-crime com base na imunidade material (art. 53 
da CF/88). No entanto, isso nem foi aventado no julgado por conta, talvez, da falha 
processual na imputação do crime contra apenas um querelado. STJ. 5ª Turma. RHC 
55.142-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/5/2015 (Info 562) 
 
e) Princípio da intranscendência: a ação penal será ajuizada, unicamente, contra 
o responsável pela autoria ou participação no fato típico. 
 
5.2. Ação penal privada 
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada. 
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver 
representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser 
 
exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz 
competente para o processo penal. 
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento 
do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos 
dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. 
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério 
Público, a quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo. 
 
A iniciativa é do particular, mas o direito de punir continua a ser do Estado. Ela 
pode ser: 
a) Ação penal privada exclusiva: a vítima ou seu representante legal decidem se 
vão propor ação ou não. É intentada mediante queixa-crime. Caso esteja morto ou 
ausente, esta legitimidade passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CADI). 
 
b) Ação penal privada personalíssima: a titularidade é apenas do ofendido, de 
forma que morrendo a vítima estará extinta a punibilidade. Aqui não há sucessão 
processual. 
 
#ATENÇÃO: Crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento: o prazo 
começa do trânsito em julgado da sentença que anulou o casamento. Nesse caso, por ser 
a ação penal privada personalíssima, em caso de morte do ofendido, extingue-se a 
punibilidade. 
 
c) Ação penal privada subsidiária da pública (ação penal acidentalmente privada 
ou ação penal supletiva): o titular originário é o MP, que fica inerte, sendo possível a 
queixa-crime subsidiária. É um mecanismo de controle externo que recai sobre o 
Ministério Público. Nesse caso, são poderes do MP (art. 29, CPP): 
 
(i) Opinar pela rejeição da queixa-crime subsidiária, caso conclua pela presença 
de uma das hipóteses do art. 395 do CPP: - inépcia da peça acusatória; - ausência de 
pressuposto processual ou de condição para o exercício da ação penal; - ausência de justa 
causa para o exercício da ação penal; 
 
 
(ii) Aditar a queixa-crime: na ação penal exclusivamente privada e na ação penal 
privada personalíssima, o MP só tem legitimidade para proceder ao aditamento para 
corrigir aspectos formais, incluindo circunstâncias de tempo ou de lugar. Não poderá 
fazê-lo para adicionar um novo fato delituoso ou outro corréu. Contudo, na ação penal 
privada subsidiária da pública, o MP pode aditar a queixa subsidiária tanto em seus 
aspectos acidentais quanto em seus aspectos essenciais, quer incluindo novos fatos 
delituosos, quer adicionando coautores ou partícipes do fato delituoso; 
 
(iii) Intervir em todos os termos do processo: também pode fornecer elementos 
de prova e interpor recurso; 
 
(iv) Repudiar a queixa-crime subsidiária, desde que o faça até o recebimento da 
peça acusatória, apontando, fundamentadamente, que não houve inércia de sua parte. 
Nessa hipótese, prevalece o entendimento de que o Ministério Público se vê obrigado a 
oferecer denúncia substitutiva. 
 
(v) Verificando-se a inércia ou negligência do querelante, deve o Ministério 
Público retomar o processo como parte principal. É o que se denomina de ação penal 
indireta. 
 
#SELIGANOESQUEMA: 
 
 
 
#OUSESABER: É cabível transação penal em ação penal privada? Errado. Pela 
interpretação literal do art.76, caput, da Lei 9099/95, poder-se-ia concluir que a 
transação penal só pode ser oferecida em relação aos crimes de ação penal pública 
incondicionada e condicionada à representação. Entretanto, doutrina e jurisprudência 
entendem que não há fundamento razoável para não se admitir transação penal em 
crimes de ação penal privada, recaindo a controvérsia apenas em relação a quem teria 
legitimidade para oferecer a proposta. Para uma primeira corrente, a proposta de 
transação penal deveria ser oferecida pelo Ministério Público, desde que haja 
concordância da vítima ou de seu representante legal, sendo este o teor do enunciado 
nº 112, do FONAJE – Fórum Nacional dos Juizados Especiais: Na ação penal privada, 
cabem transação penal e suspensão condicional do processo, mediante proposta do 
Ministério Público. Para uma segunda corrente, a proposta de transação penalsó pode 
ser oferecida pela vítima (querelante) ou seu representante legal, sob pena de verdadeira 
usurpação do Ministério Público do seu direito de queixa, pois o parquet não é titular 
deste. No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, é possível encontrar precedentes em 
ambos os sentidos. 
 
#DEOLHONAJURIS: Deve ser rejeitada a queixa-crime que, oferecida antes de qualquer 
procedimento prévio, impute a prática de infração de menor potencial ofensivo com base 
apenas na versão do autor e na indicação de rol de testemunhas, desacompanhada de 
Termo Circunstanciado ou de qualquer outro documento hábil a demonstrar, ainda que 
de modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime. STJ. 5ª Turma. RHC 61.822-DF, 
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 17/12/2015 (Info 577). 
 
Em um programa de maior audiência da rádio, o apresentador proferiu uma série de 
acusações contra determinado político, afirmando que ele desviou dinheiro público na 
construção da escola, que se trata de um corrupto, de um ladrão etc. O ofendido ajuizou 
queixa-crime contra o radialista e contra o proprietário da rádio afirmando que todos 
sabem que o dono deste meio de comunicação é seu inimigo político, de forma que é 
intuitivo crer que foi o socioproprietário da rádio quem orientou e ordenou que o 
 
apresentador proferisse as agressões verbais contra o querelante. Em uma situação 
semelhante a esta, o STF rejeitou a queixa-crime afirmando que o querelante não 
individualizou, minimamente, a conduta do querelado detentor de prerrogativa de foro 
e lhe imputou fatos criminosos em razão da mera condição de sócio-proprietário do 
veículo de comunicação social, o que não é admitido. A mera posição hierárquica do 
querelado como titular da empresa de comunicação não é suficiente para o recebimento 
da queixa-crime. Seria necessário que o querelante tivesse descrito e apontado 
elementos indiciários que evidenciassem a vontade e consciência do querelado de 
praticar os crimes imputados. Não tendo isso sido feito, a queixa-crime deve ser rejeitada 
por manifesta ausência de justa causa. STF. 1ª Turma. Pet 5660/PA, Rel. Min. Luiz Fux, 
julgado em 14/3/2017 (Info 857). 
 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, 
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em 
todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de 
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
 
5.2.1. Princípios 
 
a) Princípio da oportunidade/conveniência: cabe ao ofendido ou ao seu 
representante legal decidir acerca do oferecimento (ou não) da queixa-crime. 
 
b) Princípio da disponibilidade: é possível ao ofendido oferecer a queixa-crime e, 
durante o trâmite processual, desistir. 
 
c) Princípio da indivisibilidade: o processo criminal de um obriga ao processo de 
todos. 
 
- Omissão voluntária: se ficar demonstrado que o querelante deixou, de forma 
deliberada, de oferecer a queixa contra um ou mais autores ou partícipes, deve-se 
 
entender que houve de sua parte uma renúncia tácita, o que acarretará na extinção de 
punibilidade dos dois. 
 
- Omissão involuntária: neste caso, o MP deverá requerer a intimação do 
querelante para que ele faça o aditamento da queixa-crime e inclua os demais coautores 
ou partícipes que ficaram de fora. 
 
* Se houver o aditamento: o processo continuará normalmente. 
* Se não houver o aditamento: o juiz deverá entender que houve renúncia (art. 
49 do CPP). Assim, deverá extinguir a punibilidade em relação a todos os envolvidos. 
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério 
Público velará pela sua indivisibilidade. 
 
5.2.2. Hipóteses de extinção da punibilidade da ação penal privada 
 
a) Decadência: é a perda do direito de ação penal privada ou de representação 
em razão de seu não exercício no prazo legal (6 meses). Como já mencionado, em regra, 
o decurso do prazo decadencial só começa a fluir a partir do conhecimento da autoria. 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa 
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber 
quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da 
denúncia. 
b) Renúncia: é o ato unilateral (não depende da aceitação do autor do crime) e 
voluntário por meio do qual a pessoa legitimada ao exercício da ação penal privada abdica 
do seu direito de queixa. Frise-se que, como decorrência do princípio da indivisibilidade 
da ação penal privada, se o ofendido renunciar ao exercício da ação penal contra 
qualquer dos ofensores, todos os demais serão alcançados pela extinção da punibilidade 
(art. 49, CPP). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art29
 
A renúncia pode ser expressa (art. 50, CPP) quando constar de declaração 
assinada pelo ofendido, seu representante legal ou procurador com poderes especiais. 
Pode também ser tácita quando a vítima pratica ato incompatível com a vontade de 
processar (art. 104, parágrafo único, CP). 
 
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se 
estenderá. 
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal 
ou procurador com poderes especiais. 
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos 
não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. 
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. 
 
c) Perdão do ofendido: é o ato bilateral (depende da aceitação do autor do crime) 
e voluntário por meio do qual, no curso do processo penal, o querelante resolve não 
prosseguir com a demanda, perdoando o acusado, com a consequente extinção da 
punibilidade. 
Ocorre depois do recebimento da ação penal e pode ser concedido até o trânsito 
em julgado da sentença condenatória. 
Por força do princípio da indivisibilidade, o perdão concedido a um dos querelados 
aproveitará aos demais, sem que produza efeito, no entanto, em relação àquele que o 
recusar. 
O perdão pode ser expresso ou tácito. Será expresso quando constar de 
declaração nos autos ou termo assinados pelo ofendido ou por procurador com poderes 
especiais. Será tácito quando atos patrocinados pelo querelante forem incompatíveis 
com o desejo de prosseguir na ação penal. 
 
#SAIBADIFERENCIAR: 
 
 
 
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito 
em relação ao que o recusar. 
Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por 
ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não 
produzirá efeito. 
Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, ou 
colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe 
nomear. 
Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto 
no art. 52. 
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. 
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art. 50. 
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, 
dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará 
aceitação. 
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. 
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de

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