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Títulos Públicos e Crédito Privado Autor Paulo Renato LimaVideoaula - Apresentação Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/457501055] Querido aluno, o Mercado de Crédito é, insofismavelmente, um assunto de conteúdo, que requer muitos estudos e atualizações constantes. Profissionais que se voltam para o setor sabem muito bem da responsabilidade que é trabalhar com tudo aquilo que envolve o futuro. Com efeito, uma boa avaliação e rigorosa análise da concessão de crédito são fundamentais para que a instituição financeira se mantenha em crescimento salutar ao longo dos anos, a despeito da existência do Fundo Garantidor de Crédito. Isso não seria diferente para os Títulos Públicos, os quais, de igual modo, requerem atenção redobrada frente a investimentos que rendem menos, mas que ainda têm forte representatividade no mercado financeiro brasileiro, como é o caso da caderneta de poupança. De qualquer modo, trabalharemos a questão dos Títulos Públicos como investimentos que são considerados conservadores em seus mais diversos aspectos, especialmente por conta da segurança do investidor em receber o valor investido. É deste modo que iremos trabalhar, com informações atualizadas, haja vista a nomenclatura alterada dos títulos do Tesouro Nacional, bem como demais aspectos concernentes aos diversos títulos públicos que estão ao dispor no mercado. Não deixe também de consultar as leituras complementares, que o ajudarão nesse processo de caminhada em prol do conhecimento.Ótimos estudos! Videoaula - Sistema Financeiro Nacional Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/457501857] o mercado de crédito tem por objetivo maior a provisão das necessidades de caixa tanto de curto quanto de médio prazo dos mais diversos agentes econômicos; isto é feito desde financiamentos e empréstimos às empresas até concessão de créditos às pessoas físicas. No âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN), as operações desse mercado são feitas, geralmente, por meio de instituições financeiras bancárias (bancos comerciais e múltiplos). As atividades dos bancos, de acordo com Assaf Neto (2018, p. 71) que "visam principalmente reforçar o volume de captação de recursos, têm evoluído para um processo de diversificação de produtos financeiros e também na área de serviços prestados". Essas atividades também são incluídas no escopo do mercado de crédito, no qual as operações de financiamento de bens de consumo duráveis são diretamente executadas pelas sociedades financeiras. Nessa estrutura, a atuação do mercado torna-se mais abrangente, provendo recursos a médio prazo, por meio de instituições financeiras não bancárias, aos consumidores de bens de consumo (ASSAF NETO, 2018).Videoaula - Mercado Financeiro Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui 1.1 Os mercados e conceitos gerais do mercado de crédito Segundo Carrete (2019, p. 59), as estratégias bancárias em crédito são um "processo [que] exige um conhecimento altamente especializado com equipe de profissionais fortemente capacitada". Válido mencionar que há um claro entrelaçamento entre o mercado de crédito privado, de capitais, cambial e monetário (Figura 1). Tratemos brevemente acerca de cada um deles agora. Figura 1 - Representação do mercado financeiro e o entrelaçamento dos principais segmentos. Mercado Mercado cambial monetário Mercado Mercado de capitais de créditos Fonte: adaptado de Carrete (2019, p. 62). De acordo com Menezes e Mariano (2015, p. 49), o Mercado de Capitais é caracterizado como um "segmento do mercado financeiro e tem como finalidade o atendimento das necessidades de financiamento de médio e longo prazos das Empresas de Capital aberto", voltado para empresasque têm o foco de alavancar um projeto que necessita de dinheiro de terceiros. Aqui ela terá duas alternativas: 1. Captar dinheiro de uma IF bancária; ou 2. Criar um novo mercado, no qual o custo do dinheiro seja menor que o oferecido pelo banco. Aqui emerge o mercado de capitais, em que, geralmente, são negociados riscos de uma empresa com o intuito de captar dinheiro, a fim de, como falado, tornar possível seu projeto. É na alocação eficiente da poupança, ainda de acordo com Menezes e Mariano (2015), que o mercado de ações encontra forte justificativa. o Mercado Monetário denominado também Mercado Aberto ou Open Market por sua vez, engloba as operações de prazo muito curto. São operações feitas por poucos dias ou até mesmo de um dia para outro. Segundo Menezes e Mariano (2015, p. 49), trata-se de um mercado que executa duas funções. São elas: 1. Aplica recursos disponíveis de curto prazo; e 2. É utilizado pelo Bacen com o intuído de controlar o nível de liquidez. Nesta última função, é mensurada a capacidade das empresas públicas ou privadas de cumprir, no curto prazo, com suas respectivas obrigações. Isto é feito por meio de compra e venda de títulos. As instituições autorizadas possuem a carteira de títulos públicos e privados, cujo financiamento é feito por terceiros (MENEZES; MARIANO, 2015) Ainda temos o Mercado de Câmbio, no qual se realiza a troca de moeda de um país pela de outro. Em regra, a taxa de câmbio "define o valor da moeda nacional perante a moeda estrangeira. As operações do mercado cambial são basicamente de compra e venda de moeda estrangeira, com a intermediação de instituições financeiras autorizadas" (MENEZES; MARIANO, 2015, p. 49). Já o Mercado de Crédito, de acordo com Carrete (2019, p. 63), é o segmento do mercado financeiro que "abrange as operações de empréstimos e financiamentos, entre empresas e bancos, e a concessão de prazo para recebimento das vendas, negociada entre empresas". Sabe-se que o crédito faz parte de quase qualquer operação de compra e venda de produtos e serviços. As operações no mercado de crédito também são feitas por empresas comerciais e industriais, que procuram na rede bancária por empréstimos e 1.1.1 Crédito comercial e bancário o foco principal do mercado de crédito é o de fornecer recursos aos agentes econômicos, sejam pessoas físicas ou jurídicas, em suas necessidades de consumo, operação e/ou deinvestimentos. Com efeito, segundo Carrete (2019), o crédito desenvolve-se em dois grandes segmentos, a saber, o de (i) operações comerciais ou mercantis; e o de (ii) operações bancárias. Quando um prazo para pagamento é concedido, as operações comerciais ou mercantis envolvem decisão de crédito. Muitas das operações de compra de mercadorias e serviços entre empresas industriais ou comerciais não são realizadas à vista, incluindo comércio e pessoas físicas. Dessa formar, tais operações envolvem a concessão de crédito, sem a necessidade de envolver instituição. Deste modo, ainda segundo Carrete (2019, p. 63), a empresa que concede crédito atua "como doador de recursos e essa concessão de prazo pode representar um fator estimulante para as vendas", e, ainda, quando houver uma "instituição bancária ou financeira envolvida na intermediação dos recursos, essa instituição estará atuando no mercado de crédito", conforme podemos ver na Figura 2. Figura 2 - Intermediação financeira. Crédito Aplica Tomador Instituição Poupador de Recursos Financeira (aplicador) Resgate Resgate Operações ativas Operações passivas Legenda: Processo de intermediação financeira para as operações de crédito, uma instituição pode atuar como sujeito ativo (credor de empréstimos de recursos), ou sujeito passivo (devedor de recursos captados). Fonte: Assaf Neto (2018, p. 71). Assim sendo: crédito bancário envolve as operações realizadas dentro do âmbito do Sistema Financeiro Nacional, ou seja, o doador de recursos é um banco ou sociedade financeira e a doação destina-se ao suprimento de recursos para as pessoas físicas e empresas dos vários segmentos, nas suas necessidades de equilíbrio de caixa, capital de giro e investimentos [...]. Ao emprestar, a instituição financeira assume o risco de crédito, ou seja, o risco de eventualmente não receber de volta o valor emprestado, no prazo combinado. risco de crédito é um dos principais fatores de risco do mercado financeiro. Ele está presente nos vários segmentos do mercado financeiro, como nas operações interbancárias realizadas no mercado monetário, ou no investimento em títulos mobiliários de emissores privados no mercado de capitais. (CARRETE, 2018, p. 63) o banco capta recursos do público por meio de depósitos à vista e a prazo, e fornece empréstimos, sendo este um fato marcante e característico no mercado de crédito. Deste modo, ao longo do tempo, os bancos compreenderam que poderiam oferecer certos produtos para opúblico a fim de captar recursos, ficando evidente que, se um indivíduo abre uma conta corrente, então o banco, segundo o perfil do cliente, poderá oferecer cheques, cartões de crédito, cheque especial e outros serviços (MENEZES; MARIANO, 2015). Tratemos um pouco mais acerca da questão do crédito bancário e questões correlacionadas. 1.1.2 Avaliação de crédito, conceito de risco e risco de mercado No tocante às empresas, a política de crédito acaba por influenciar o fluxo de caixa e os investimentos necessários em capital de giro. Com efeito, avaliação de crédito é uma das funções mais importantes do segmento financeiro das organizações. Contudo, como bem lembra Carrete (2019), notório do setor, qualquer operação de crédito envolve risco. Siebeneichler de Andrade (2015, p. 208)comenta que o risco é definido essencialmente pela "possibilidade de um evento econômico desfavorável, um dano, frente os interesses do segurado ou seus beneficiários". Sendo que a única exigência clara consiste no fato de que "o risco seja predeterminado, ou seja, deve estar explicitada a sua previsão no contrato anteriormente à configuração do autor supracitado ainda menciona outros requisitos relativos ao risco: "há que se constituir, por exemplo, em situação de realização incerta, bem como em situação lícita, permitida pelo ordenamento e pelos bons costumes. À realização do risco dá-se o nome de sinistro" (SIEBENEICHLER DE ANDRADE, 2015, p. 208). A Resolução n° 3.721, de 30 de abril de 2009, do Banco Central (BC) do Brasil dispõe sobre a implementação de estrutura de gerenciamento do risco de crédito. Em seu artigo 2°, define o risco de crédito da seguinte maneira: [...] a possibilidade de ocorrência de perdas associadas ao não cumprimento pelo tomador ou contraparte de suas respectivas obrigações financeiras nos termos pactuados, à desvalorização de contrato de crédito decorrente da deterioração na classificação de risco do tomador, à redução de ganhos ou remunerações, às vantagens concedidas na renegociação e aos custos de recuperação. Caldas, Curvello e Rodrigues (2016, p. 193-194) também informam didaticamente que o risco de mercado é "representado pela possibilidade de perda financeira por oscilação de preços e taxas de juros dos instrumentos financeiros da Companhia, uma vez que suas carteiras ativas e passivas podem apresentar descasamentos de prazos, moedas e indexadores". Deste modo, tal risco "é identificado, mensurado, mitigado e gerenciado, sendo as diretrizes e limites monitorados diariamente, de maneira independente" (CALDAS; CURVELLO; RODRIGUES, 2016, p.194).Você pode ver alguns exemplos de risco de crédito em diferentes tipos de atividades empresariais no Quadro 1. Quadro 1 - Diferenças nas políticas de crédito comercial de acordo com a característica do setor. Supermercados Atividade caracterizada por elevado volume de vendas à vista (dinheiro ou cartão de débito). o risco de crédito existirá se houver uma pequena parcela de faturamento por cheque ou cartão de crédito. Portanto, em geral, os supermercados não dispõem de um departamento ou de analistas voltados para análise e decisão de crédito. No máximo, em caso de cheques, são adotados alguns cuidados de consulta às fontes cadastrais. Empresas do Com vendas a crédito, em parcelas, tomam alguns cuidados adicionais ao aceitar setor de varejo cartão de crédito ou cheques. Em geral, têm sistemas interligados às fontes de informações e restrições cadastrais. Empresas Vendem para outras empresas (industriais ou comerciais) e raramente essa transação industriais ocorre à vista. o prazo para pagamento está presente em grande parte das transações e, portanto, o risco de crédito estará presente também. Dependendo dos prazos e valores envolvidos, as empresas industriais podem ter departamentos de crédito bastante sofisticados, com processos de buscas de dados, analistas especializados, alçadas e comitês de decisão. Duas situações podem ocorrer e interferir no processo de crédito a ser adotado: (i) vendas regulares ou (ii) vendas isoladas. Vendas Imagine uma empresa A que vende regularmente às empresas B, C e D. A empresa A é regulares entre fornecedora de matéria-prima para B, C e D. Entre essas empresas existe um vínculo empresas comercial e interesse na manutenção de bons negócios. A empresa A, ao vender a prazo para seus clientes, assume um risco de crédito, mas esse risco é mitigado pelo interesse comercial entre as partes. A empresa A deverá ter um departamento de crédito, procederá a análises regulares da situação de seus clientes e estabelecerá um limite para as vendas a prazo. Esse limite estará vinculado ao fluxo de negócios entre as empresas.Vendas imagine que a empresa X produz máquinas sob encomenda. A empresa Y a procura e isoladas ou encomenda um equipamento específico. Paga um sinal, mas a maior parte do eventuais entre pagamento se dará contra a entrega da máquina ou mesmo algum prazo após a entrega. empresas Fica evidente que a empresa X assumiu um risco de crédito e, antes de fechar o negócio, deverá fazer uma cuidadosa análise das condições de crédito da empresa Y. Diferentemente da situação anterior, da empresa A, não há entre as empresas um histórico de negócios ou um vínculo comercial que indique a qualidade do risco de crédito. Assim, as empresas dos ramos de negócios por encomenda, como máquinas, equipamentos, móveis etc., operam com considerável risco de crédito e devem buscar especialistas e melhores procedimentos para minimizar esse risco. Legenda: apresentação de alguns segmentos e seus respectivos exemplos de risco de crédito na atividade empresarial. Cada organização estabelece uma política a ser seguida, adequada à sua cultura, apetite pelo risco e ramo de atividade. Fonte: adaptado de Carrete (2019, p. 64). No que concerne aos reguladores, as abordagens determinísticas são geralmente, segundo Cafasso, Chela e Kimura (2018), baseadas no cálculo simples dos requisitos de capital, mas, ao mesmo tempo, devem ser conservadoras. Em detrimento de os modelos determinísticos não incorporarem cenários de estresses probabilísticos, os requisitos podem ser estabelecidos em níveis exagerados para evitar dificuldades financeiras em função de eventos que não tenham sido previstos. Com efeito, por seguir uma linha conservadora de análise, um modelo que tenha cunho determinista regulatório não necessariamente levará a uma exigência de capital menor do que os modelos internos baseados em uma abordagem estocástica, a qual serve para investigar os riscos de um produto, como plano de pensão, por exemplo, de uma companhia de seguros (CAFASSO; CHELA; KIMURA, 2018). As pesquisas feitas por Cafasso, Chela e Kimura (2018) analisaram o efeito da desconexão de índices em base de capital de risco de mercado. Além dos fatores de risco de taxa de juros, o descompasso entre os índices pode representar, também, um impacto significativo no capital de risco de mercado, especialmente no ambiente brasileiro, em que tanto a taxa de juros quanto os níveis de inflação podem ser elevados. Nesta senda, o risco de mercado deve capturar não somente o descompasso de índices, mas também o descompasso que há nos fluxos de caixa. A análise dos resultados sugere que, a longo prazo, mesmo com fluxos de caixa de ativos terminando antes dos fluxos de caixa do passivo, ainda há um saldo em caixa para cobrir os pagamentos dos benefícios. No entanto, essa situação agrava a necessidade não apenas de a seguradora ter um alto capital de risco de mercado, mas também de ter uma governança efetiva de gerenciamento de ativos (CAFASSO; CHELA; KIMURA, 2018).Saiba mais A mensuração do valor esperado das perdas de crédito é semelhante aos requerimentos da IFRS 9 (International Financial Reporting Standards), que requer provisão para perdas com créditos para instrumentos financeiros em uma base de perda esperada. No entanto, a IFRS 9 não se aplica a direitos sob um contrato dentro do escopo da IFRS 17, tal como um recebimento devido em um contrato de resseguro realizado. Em vez disso, as perdas de crédito têm uma base de valor esperado ao longo da vida útil estimada do contrato, usando a orientação para os valores esperados como parte dos fluxos de caixa de atendimento (EY, 2018). Por fim, ainda no âmbito do risco, Chan e Marques (2017, p. 466) inserem questões relacionadas à interferência estatal, nos trazendo uma reflexão interessante sobre o assunto: Os diferentes stakeholders podem ter visões divergentes em relação à estrutura ótima de capital (proporção de capital próprio e capital de terceiros) das empresas. Os acionistas, a fim de maximizar o retorno e minimizar o risco, tendem a preferir a alocação mínima de capital enquanto outros stakeholders, como os financiadores, desejam o máximo de capital possível, pois, em caso de eventuais infortúnios no transcorrer do negócio, a possível perda poderia ser mitigada pelo capital próprio que a empresa dispõe. Nesse cenário surge a questão: o mercado é capaz de funcionar adequadamente sem a interferência do Estado? Essa é a grande indagação que norteia a discussão entre regulação e autorregulação, sendo que a primeira prevê que normas estatais devem restringir a atividade privada para manutenção do equilíbrio de mercado enquanto a segunda defende que as normas devem ser editadas pelos próprios participantes do mercado. Passado pelas questões concernentes ao risco, vejamos os aspectos gerais acerca do Fundo Garantidor de Crédito. 1.2 Fundo Garantidor de Crédito Garantia, de acordo com Menezes e Mariano (2015, p. 85) é a "segurança dada ao titular de um direito, para que possa exercê-lo", sendo este um ato acessório de uma obrigação. Normalmente, ainda segundo os autores, "constitui-se por meio de uma cláusula contratual que visa assegurar ao credor, pela concessão, por exemplo, de um financiamento, que o devedor cumprirá o assumido", obrigando o devedor a cumprir a prestação devida ao credor, valendo o mesmo que uma caução.Os bancos, como proteção, para aumentar a possibilidade de receber aquilo que emprestaram, utilizam-se desse reforço jurídico, de caráter pessoal (aval e fiança) ou real (hipoteca, alienação fiduciária, anticrese ou penhor). Além das garantias bancárias, que são especificamente o ato de o banco assegurar o pagamento de uma obrigação que deve ser cumprida pelo garantido, foi criada, por outro lado, uma garantia para o cliente bancário, ou seja, para que o investidor tenha um mínimo de segurança para o caso de um banco vir a fechar suas portas. (MENEZES; MARIANO, 2018, p. 85) E esta garantia é o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o qual aparece, segundo Menezes e Mariano (2015, p. 86), quando (i) "houver mais de um avalista em um só título de crédito, eles não poderão reservar entre si o benefício de ordem"; quando (ii) a alienação fiduciária é uma "garantia conhecida como sui generis (peculiar), exatamente porque a coisa, móvel ou imóvel, dada em garantia, passa à propriedade do próprio credor"; e quando (iii) o contrato que "tenha cláusula de garantia sobre hipoteca não pode prever a proibição de venda do imóvel pelo proprietário, sob pena de nulidade dessa cláusula". 1.3 Política, processo, avaliação, vista e análise de crédito bancário A carteira de crédito, de acordo com Carrete (2019, p. 66), constitui parte importante dos ativos dos bancos, sendo formada por "operações de crédito de diferentes modalidades, prazos e riscos. Toda instituição deve definir uma política de crédito adequada à sua cultura e nicho de mercado". Figura 3 - A avaliação de crédito varia com cada instituição. 100 Fonte: IltonRogerio /iStock.com A definição da política de crédito de uma instituição financeira, por sua vez, ainda segundo o autor supracitado, deve envolver as seguintes delimitações: do mercado alvo ou segmentos de negócios onde pretende atuar; da área geográfica e dos produtos com os quais pretende atuar; dos limites operacionais, por cliente e por produto, considerando a política de diversificação (quanto aos tomadores, setores econômicos, região geográfica); dos procedimentos de análise e decisão de crédito e da política de alçadas de aprovação (trade off entre agilidade e segurança);da gestão do risco de crédito, da política de provisionamento, atribuição de ratings e política de hedge e de garantias; da política de cobrança, de controle de perdas nas operações e de recuperação de crédito. 1.3.1 Política e processo de crédito o processo de crédito, por sua vez, é estabelecido pela política de crédito da instituição financeira, que leva em consideração o valor da operação e o risco envolvido, diferindo de pessoa jurídica para física. A instituição financeira poderá adotar diversos processos de crédito para cada pessoa jurídica, por exemplo, o procedimento para emprestar a pequenas e médias empresas geralmente possui maior simplicidade do que para as operações que são realizadas com as grandes empresas (CARRETE, 2019). Explore mais Para se aprofundar no assunto, leia o artigo cujo link se encontra abaixo. o estudo incorpora intermediários financeiros em um modelo DSGE (Dynamic Stochastic General Equilibrium, ou equilíbrio geral estocástico e dinâmico) e como influenciam na análise do ciclo econômico, considerando questões de política de crédito no âmbito do mercado de crédito com respectivas e importantes simulações. o modelo dos autores mostrou a possibilidade de mitigar os efeitos recessivos de uma crise financeira. o título é Intermediários Financeiros e Política de Crédito em um Modelo DSGE Para o Brasil, e está disponível em: Figura 4 - Profissional do mercado financeiro. Fonte: arthobbit /iStock.com Ao ser definido o processo de crédito, o gestor da carteira de crédito deverá saber que a qualidade do processo estará de acordo com a qualidade da carteira. Igualmente, osprofissionais do mercado financeiro, envolvidos em análise e concessão de crédito, deverão considerar que tanto a obediência, quanto a atenção aos procedimentos estabelecidos irão garantir a liquidez da operação e, com isto, minimizar o risco de crédito. o processo de crédito que é bem conduzido poderá garantir uma melhor concessão de créditos (CARRETE, 2019). Carrete (2019) nos informa que, embora haja diferenças e particularidades que o processo de crédito assume para cada organização, com suas respectivas atividades, há em geral alguns pré- requisitos básicos para que seja feita a concessão e o estabelecimento de limite de crédito: A existência de: cadastros atualizados da empresa, dos sócios e diretores; demonstrações financeiras atualizadas. A inexistência de: títulos protestados pendentes de pagamento; cheque da emissão do proponente devolvido por insuficiência de fundos; falência ou recuperação de dívidas; informações bancárias ou comerciais desabonadoras; restrições cadastrais como, por exemplo, da Serasa o Quadro 2 traz algumas etapas essenciais do processo de crédito em uma instituição financeira, em linhas gerais. Os detalhes serão definidos em função da cultura da empresa, incluindo sua política e porte. Quando aprovado, o contrato de crédito deverá especificar, segundo Carrete (2019), o montante e o prazo do empréstimo; a taxa de juros cobrada; a data dos pagamentos; as importâncias a serem pagas; as cláusulas padronizadas e restritivas (covenants); o colateral (garantia); a finalidade do empréstimo. Quadro 2 Etapas do processo de crédito genérico. Definição do Qual o mercado, a região geográfica e segmentos de negócios a atingir? mercado alvo Emprestará para pequenas e médias empresas? Emprestará para o agronegócio? Emprestará para empresas iniciantes? Origem Como a instituição financeira inicia uma operação de crédito? Preferencialmente, a melhor forma de originação é a interna, ou seja, o banco pesquisando seu mercado alvo e desenvolvendo oportunidades de negócios alinhadas com sua política e mercado alvo. Contudo, muitas operações de crédito são, também, realizadas por solicitação do cliente. Negociação Se for o caso de um primeiro contato com o cliente, realizar um planejamento comercial (primeiro bem orientado, procurando conhecer as características e necessidades do cliente. contato)Documentação Esse primeiro contato deve gerar a documentação cadastral. Mesmo para contatos cadastral posteriores, com operações em andamento, e para clientes já tradicionais, deve-se sistematicamente solicitar atualização da documentação cadastral. Costumam ser solicitados também: relação mensal de faturamento; relação de empresas ligadas e suas atividades; cadastros e balanços das empresas ligadas; relação de importações e exportações realizadas; relação atualizada de contas a receber, prazos, atrasos e incobráveis; relação de dívida bancária; relação de contratos de leasing; carteira de obras ou de encomendas nos casos de empresas dos setores de construção civil ou bens de encomenda, com prazos e valores. Avaliação Equipe especializada deve avaliar os documentos e as informações qualitativas obtidas nos contatos pessoais com o cliente. Essa avaliação deve balanços, informação cadastral, projeções, informações morais, tradição, qualidade da administração, tendências de mercado, destino dos recursos, alternativas de negócios da empresa. Aprovação Concluída a etapa de avaliação, a partir de um relatório técnico de crédito, inicia-se o processo de aprovação, que pode evolver: o gerente proponente, os analistas, especialistas setoriais e comitês de decisão. Negociação A aprovação deve definir o valor em risco, seja como limite ou operação específica, a (fechamento taxa, o grau de risco (medido pelo rating), a garantia, prazo e forma de amortização. do negócio) Documentação Essa etapa envolve a avaliação e formalização das garantias, contratos, aditivos, a da transação avaliação dos poderes de representação das pessoas jurídicas, a escolha de sacados (se for o caso) e opinião do departamento jurídico. Desembolso Mediante aprovação da documentação do negócio. Legenda: apresentação das etapas do processo de crédito em uma instituição financeira, cujos detalhes são definidos em função da cultura da organização, da política adotada e do porte da empresa tomadora. Fonte: Carrete (2019, p.68). 1.3.2 Avaliação, vista e análise de crédito bancário De acordo com Carrete (2019), a avaliação de crédito consiste em (1) avaliar as condições do tomador de crédito; (2) avaliar a sua capacidade de geração de caixa no futuro; e (3) prever a probabilidade de o tomador enfrentar dificuldades financeiras. Enquanto as visitas de crédito, segundo o autor supracitado, têm um duplo objetivo: (1) permitir um conhecimento mais próximo do cliente e de suas instalações, e (2) fortalecer as relações de negócios e acompanhamento do crédito.A análise de crédito, por sua vez, indispensável para a tomada de decisão, servirá para aumentar a qualidade do risco quando bem executada. o objetivo da análise, segundo Carrete (2019, p. 73), é "identificar os fatores que interferem nos resultados esperados, ou seja, fatores que modificam o grau de liquidez da empresa e a sua capacidade de saldar compromissos, operando e crescendo". Questiona-se na análise, basicamente, se o empréstimo será realizado ou não, e quais serão as condições. o Quadro 3 apresenta os principais fatores a serem considerados na análise de crédito. Quadro 3 - Fatores a serem considerados na avaliação: processo de avaliação dos Cs ou 5Ps. Condições Características da administração, experiência, valores, existência de linha sucessória, análise do grupo controlador etc. Capital ou Capacidade financeira e de geração de caixa para a liquidação da operação. Pode cash flow envolver projeções financeiras. Capacidade Capacidade administrativa e operacional. Caráter Histórico de boas operações e valores dos controladores e administradores. Colateral Garantias oferecidas. Os 5Ps People As condições externas, ambiente econômico e do setor de atuação. Purpose Finalidade do crédito, adequação à estratégia de negócios. Payment Análise financeira e da capacidade de geração de caixa para a liquidação da operação. Protection Garantias oferecidas. Prospective Projeções financeiras. Legenda: simplificação dos inúmeros fatores a serem considerados na avaliação de crédito, agrupados em cinco categorias que, coincidentemente, começam com a letra C ou letra P. De maneira simplificada, portanto, é o processo chamado de avaliação dos Cs do crédito ou os 5Ps. Fonte: adaptado de Carrete (2019, p. 74). 1.3.3 Tipos e componentes da análise de crédito Nesta senda ainda, o tipo de análise a ser adotado vai depender do valor da operação, do risco envolvido e da disponibilidade de informações. Segundo Carrete (2019):Pequenas empresas ou baixo valor em risco: em geral, os demonstrativos contábeis não representam a realidade dos negócios e a documentação de crédito é constituída basicamente pela ficha cadastral da empresa e dos sócios. Empresas médias: os demonstrativos contábeis trazem informações mais confiáveis e, além de cadastro completo, a análise deve trazer aspectos do mercado de atuação. Nesse segmento de negócios, passa a ser desejável uma visita para aprofundar o conhecimento. Grandes empresas ou grandes valores em risco: há necessidade de aprofundamento de informações sobre a empresa. Os cadastros são mais completos, há informações de visitas e demonstrativos financeiros auditados. Os maiores valores em risco obrigam à elaboração de projeção de caixa e resultados. Análises posteriores à concessão de crédito: são feitas revisões com a finalidade de assegurar que as operações foram processadas dentro das normas estabelecidas. Essas análises permitem medidas corretivas no caso de ocorrência de mudanças nas condições de empresa ou do mercado de atuação. De igual modo, são inúmeros os fatores a serem observados na análise fundamentalista de crédito. Carrete (2019) traz alguns desses fatores, porém, deixando claro, que não são conclusivos: Exposição da empresa aos riscos sistemáticos e de conjuntura: consiste na avaliação da sensibilidade do fluxo de caixa e do grau de exposição à ocorrência de fatores externos como inflação, variação brusca de taxa de juros, variação cambial, atividade econômica mais ou menos aquecida e vulnerabilidade às ações da concorrência ou medidas governamentais. Riscos intrínsecos de sua atividade operacional: consistem na avaliação da atuação operacional do devedor, por exemplo, grau de atualização tecnológica, adequação das instalações, valor agregado ao produto final, vulnerabilidades da logística, necessidade de investimentos, aspectos sanitários e ambientais etc. Avaliação da participação de mercado ou setor de atuação: consiste na identificação das variáveis críticas para cada segmento de negócios e a tendência esperada para essas variáveis críticas. Avaliação da administração e controle acionário: fundamental, consiste no conhecimento da composição do controle acionário e do quadro administrativo, com identificação dos principais executivos à frente da decisão da empresa ou grupo econômico. A análise deve envolver a experiência dos sócios na gestão e no ramo de atividades, a experiência dos administradores profissionais e corpo técnico Análise da carteira de recebíveis: deve considerar o grau de diversificação da carteira de clientes; o grau de inadimplência; o percentual de concentração entre os principais clientes; o percentual de vendas ao setor público e as vendas destinadas ao mercado interno e externo; as formas e o prazo médio de recebimento. Análise dos fornecedores e fontes de matérias-primas: deve considerar o grau de diversificação da carteira de fornecedores; o percentual de concentração entre as principais compras; a proveniência do mercado interno e mercado externo; a forma de pagamento e seu prazo médio; o risco de falta de insumos; a análise das fontes alternativas de suprimentos ou possibilidade de substituição do produto ou do fornecedor. Identificação de contingências (fiscais, trabalhistas, ambientais): normalmente um fator de difícil avaliação, mas que pode representar importante risco para o fluxo de caixa do tomador de crédito e, portanto, para a sua capacidade de repagamento. Necessidades de investimento: os projetos de investimento sempre devem ser considerados na avaliação de crédito, mesmo que o objetivo da avaliação não esteja especificamente ligado ao investimento. Análise do grupo econômico: geralmente, as empresas de um mesmo grupo econômico guardam ligações comerciais, financeiras e operacionais. Essas ligações devem ser analisadas por quem avalia o crédito.Análise é a melhor representação da situação patrimonial da empresa. Componente obrigatório da avaliação do risco de crédito, deve não só abranger a situação histórica, como também incluir estimativas da performance futura. Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultados e a Demonstração de Fluxo de Caixa devem ser incluídos. Esta análise deve fornecer elementos para avaliar a capacidade de geração de caixa operacional para o repagamento da dívida e deve abordar os seguintes tópicos: geração de caixa operacional; liquidez; endividamento e capacidade de liquidação da dívida; rentabilidade e relação de margem e giro; política de proteção contra riscos de mercado e operacionais. Para elaboração de um relatório de crédito com a profundidade necessária, que considera valores e riscos envolvidos, deve-se fazer uma (i) análise retrospectiva, (ii) análise de tendência e (iii) análise da finalidade da operação. o Quadro 4 apresenta algumas informações que devem ser levadas em consideração para a concessão de crédito. Avaliar a tendência das atividades do devedor e a capacidade de repagamento do empréstimo ou financiamento no futuro é imprescindível. As possíveis fontes de repagamento serão fundamentais para verificação da qualidade do risco de crédito. Quadro 4 - Possíveis fontes de repagamento de empréstimos e financiamento. Geração de caixa A melhor qualidade de risco. A operação consegue evidenciar capacidade de manter das operações geração de caixa operacional regular e suficiente para a amortização dos encargos e do principal na dívida, nos prazos acordados. Realização de Venda de estoques e recebimento de clientes: essa é a característica normal dos ativos empréstimos para atividades sazonais. tomador de crédito tem necessidades circulantes momentâneas de recursos, para financiamento de capital de giro (estoques ou contas a receber) em determinada época do ano, mas esses ativos serão realizados em poucos meses e proporcionarão o caixa necessário para o pagamento do empréstimo. Crescimento de Essa situação já pode caracterizar uma situação de maior risco. tomador de crédito vendas e de é dependente de crescimento de vendas, ou margens de lucro, para manter a lucro capacidade de caixa para a amortização da dívida. Há risco de que, não ocorrendo esse cenário mais favorável, a dívida não possa ser integralmente amortizada e uma parte deva ser renovada. Venda de Também característica de situações de maior risco na concessão de crédito, essa imobilizado situação ocorre quando a geração de caixa operacional prevista não é suficiente para a liquidação da dívida e a empresa depende da venda de ativos fixos. Enquanto essa venda não ocorrer, as operações de crédito precisarão ser renovadas.Refinanciamento Por vezes, a concessão de crédito ocorre como uma tentativa de recuperação da ou operação anterior. refinanciamento implica alteração das condições de prazos, financiamento taxas e garantias da operação anterior. adicional Aumento de Essa situação ocorre quando a geração de caixa operacional prevista não é suficiente capital com para a liquidação da dívida e a empresa não dispõe de ativos para venda. A liquidação aporte de das operações passa a depender da capacidade de crédito dos sócios. recursos pelos sócios Execução das Quando todas as possibilidades de recebimento estiverem esgotadas, o credor iniciará garantias o processo de execução de garantias na tentativa de recuperar o valor emprestado. Fonte: Carrete (2019, p. 79). Passados esses pontos importantes acerca do mercado de crédito e questões que o tangenciam, passaremos para aspectos gerais ligados aos Títulos Públicos. Prática profissional 1 Recapitulando mercado financeiro é basicamente composto pelos mercados de crédito, de capitais, cambial e monetário. Embora sendo diferentes, eles se entrelaçam, sendo peças centrais na questão do crédito privado com seus respectivos elementos. Vimos que o crédito comercial e bancário envolve diversas questões fundamentais para se antecipar aos possíveis problemas gerados por meio do empréstimo e do crédito em geral. Com efeito, a avaliação criteriosa e análises rigorosas serão fundamentais para se antecipar esses riscos. Deste modo, aparece o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que emerge em decorrência de três fatores básicos. Por motivos como estes é que uma política e processo de crédito apurada e com acuidade necessária são elementos fundamentais para construção de uma análise correta de todo o processo de concessão de crédito. Destarte a importância da didática avaliação dos Cs ou 5Ps. Considerando ainda, nesta senda, a análise fundamentalista de crédito algo fundamental no processo, incluindo o relatório de crédito, o qual considerará valores e riscos envolvidos.Videoaula - Práticas Profissionais - Mercado de Crédito (Parte 1) Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/457516715] Videoaula - Práticas Profissionais - Mercado de Crédito (Parte 2) Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aquiExercícios de fixação Caldas, Curvello e Rodrigues (2016, p. 193-194) nos informam sobre o risco de mercado. Acerca disso, complete as lacunas. É "representado pela possibilidade de financeira por oscilação de preços e taxas de juros dos instrumentos da Companhia, uma vez que suas carteiras ativas e podem apresentar descasamentos de prazos, moedas e Selecione... ". " Deste modo, tal risco "é identificado, mensurado, mitigado e gerenciado, sendo as diretrizes e limites monitorados Selecione... , de maneira independente". Avaliação de crédito é uma das funções mais importantes do segmento financeiro das organizações. Sobre isso, assinale verdadeiro ou falso: Nem todas as operações de crédito envolvem risco. Verdadeiro Falso Avaliação de crédito é uma das funções mais importantes do segmento financeiro das organizações. Sobre isso, assinale verdadeiro ou falso: É verdadeira porque pode representar um dano frente aos interesses do segurado ou seus beneficiários. Verdadeiro Falso2 Títulos públicos Conforme Assaf Neto (2018), a emissão de títulos públicos apresenta dois grandes objetivos: 1. Financiar os deficits orçamentários do Governo; e 2. Servir como instrumento de execução da política monetária. Em conjunto com a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), o Tesouro Nacional criou uma plataforma de negociação de títulos públicos, que pode ser acessada pela internet, denominada de Tesouro Direto. De acordo com Carrete (2019), o processo de liquidação dos títulos públicos é realizado pela Central de Liquidação e Custódia (CBLC) da B3 S.A. Brasil, Bolsa, Balcão, podendo ser descrito em quatro etapas: 1. processo começa com a aquisição do título público pelo investidor no site do Tesouro Direto. 2. Em seguida, processa a transferência de recursos para a corretora de sua escolha. 3. Ocorre a transferência dos recursos para a CBLC. 4. processo de liquidação se efetiva, ou seja, a titularidade do título é transferida para o investidor e os recursos financeiros são transferidos para o Tesouro Nacional. o esquema de como opera o Tesouro Direto pode ser mais bem visualizado na Figura 5. Figura 5 Esquema de operação no Tesouro Direto. 3. Transferência 1. Investidor do título adquirido Tesouro adquire título público Nacional 4. $$$ Em D+1, CBLC transfere recursos Central de para o Tesouro Nacional liquidação 2. Investidor transfere e custódia 4. Em D+1, CBLC os recursos da transfere título sua conta-corrente para investidor para conta corretora Corretora Investidor Banco 3. $$$ comercial Transferência dos recursos do investidor 2. $$$ Legenda: Apresentação das novas nomenclaturas dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional. Fonte: Assaf Neto (2018, p. 179). Em suma, os títulos públicos são Títulos de Renda Fixa, que possibilitam ao investidor a avaliação do rendimento de sua aplicação no momento em que a faz; trata-se de uma alternativa de investimento de caráter mais conservador, com menor risco, garantido pelo Tesouro Nacional,quando se compara ao mercado de renda variável, convivendo com mais alta volatilidade (ASSAF NETO, 2018). Funciona da seguinte maneira: ao vender títulos públicos no mercado, o Banco Central retira dinheiro de circulação e acaba por reduzir a liquidez da efeito é inverso quando estes títulos são recompensados, isto é, a autoridade monetária eleva os meios de pagamento. Por haver algumas alterações acerca das denominações dos títulos públicos por parte do Tesouro Nacional, vejamos o Quadro 5 a seguir. Quadro 5 - Novas nomenclaturas dos títulos do Tesouro Nacional. Denominação atual Denominação Antiga Tesouro Prefixado Letra do Tesouro Nacional (LTN) A rentabilidade é conhecida no momento da aquisição. Tesouro Prefixado com Juros Periódicos (semestre) Notas do Tesouro Nacional Série F (NTN -F) Tesouro IPCA com Juros Periódicos (semestre) Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN Título pós-fixado atrelado ao IPCA mais juros semestrais -B) Tesouro Selic Letra Financeira do Tesouro - LFT Título pós-fixado com retorno definido pela variação da taxa Selic Fonte: Assaf Neto (2018, p.179). Tratemos deles doravante, não sem antes trabalhar algo a respeito do risco de juros a fim de abstrairmos uma visão mais abrangente acerca do assunto.Videoaula - Diferença entre Tesouro Direto e Títulos Públicos Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui 2.1 Risco de juros Para que haja rolagem das dívidas, o governo federal remunera os títulos públicos por meio da taxa básica de juros. A Taxa Selic (taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia) representa a média das taxas de títulos públicos registrados no Sistema Selic, que não é senão um "programa passivo que calcula qual foi a média de juros que um Banco cobrou do outro no overpara o empréstimo de um dia. Essa taxa aparece sempre anualizada" (VERSIGNASSI, 2011, p. 241). As variações da taxa básica de juro - a Selic - influenciam diretamente o fluxo de empréstimos e financiamentos bancários e, consequentemente, trazem reflexos para o volume de investimentos das empresas e os gastos das famílias. Além de definir a taxa básica de juro, o Banco Central do Brasil atua nas questões estruturais do Sistema Financeiro Nacional e busca reduzir o custo de financiamento para os tomadores finais e elevar a competitividade e a flexibilidade na concessão de crédito, como forma de acelerar a atividade econômica. As taxas de juros e as condições para as operações de empréstimos e financiamentos refletem no mercado de crédito, o que será determinante para a disposição de investimentos e gastos dos agentes econômicos. Assim, o crédito constitui um dos principais instrumentos de política monetária à disposição das autoridades do mercado financeiro. (CARRETE, 2019, p. 60)Versignassi (2011, p. 239) nos informa que ela é a "taxa básica" pelo fato de indicar "qual é o preço que os Bancos estão pagando pelo dinheiro que vão emprestar depois". Por exemplo, se esse preço tiver o porcentual de 8% ao ano, nenhuma taxa no mercado será menor do que ela, do contrário não há lucro por parte do Banco. Se ela aumenta, todas as outras taxas de financiamento também o farão. Importante ressaltar que os Bancos, entre si, não precisam respeitar tal taxa; o governo não pode intervir nas taxas de juros interbancárias por decreto. Aconteceu Copom baixa juro básico para 3,75% ao ano em meio à crise do Coronavírus. Novo patamar da taxa Selic é o menor da série histórica do Banco Central. Maior parte do mercado financeiro apostava em um corte menor, para 4% ao ano. Veja mais disponível em: glo.bo [https://glo.bo/3gTD3eD]_ Figura 6 - Banco Central do Brasil. Fonte: diegograndi/iStock.com o autor supracitado, didaticamente, em uma linguagem coloquial, nos explica com maior acuidade esses pontos:[...], o que o Banco Central faz é estipular o que ele quer ver na Selic no fim do dia. Se os empréstimos entre os Bancos estão na faixa de 10%, e o governo quer enxugar dinheiro da economia, ele anuncia, por exemplo que a meta é elevar os juros para 11%. E aí o BC começa a agir como tomador de empréstimos de mentirinha para aumentar a demanda por dinheiro. preço da grana sobe. Ou seja, os juros ficam mais altos no mercadão do over. Quando eles tiverem chegado à marca que o governo estipulou, o Banco Central sossega o facho. No fim das contas, isso acaba tirando dinheiro da economia em duas frentes. Primeiro, seca dinheiro dos Bancos, já que o governo está tomando emprestado deles. Segundo, e mais eficaz quando a intenção é esfriar a economia, faz com que todas as taxas de juros do mercado subam, já que a Selic, como você viu, é a mãe de todas elas [...]. Não existe meio mais eficiente de impedir que o consumo suba mais do que a capacidade de produção, de manter a inflação sob controle. (VERSIGNASSI, 2011, p. 241, grifo do autor) o contrário é verdadeiro, portanto, para aquecer a economia, o Banco Central anuncia a redução na Selic. Na prática, o BC empresta cobrando juros menores no over, obrigando os Bancos a oferecer juros menores para que haja lucro. Aqui a Selic registra uma média mais baixa dos juros cobrados no over. É desta forma que a Selic cai. Contudo, o BC não fica sempre estimulando metas novas; a cada 45 dias, o grupo responsável se reúne para ver se baixa ou aumenta a Selic Meta. Esse grupo, formado por sete diretores mais o presidente das instituições, é do Comitê de Política Monetária (Copom) (VERSIGNASSI, 2011). Com efeito, quanto maior a incerteza no tocante à inflação, maior será a probabilidade de que haja variação das taxas de juros, atual ou futuro. As taxas pós-fixadas funcionam como uma espécie de proteção referente a essas variações, ou seja, se os juros sobem, "as aplicações lastreadas em títulos pós-fixados têm aumentadas suas remunerações a partir dessa alteração" e, de igual modo, se as taxas caem, as remunerações decrescem, conforme Oliveira e Pinheiro (2018, 65). Os títulos de dívida prefixados e negociados no mercado não possuem a mesma dinâmica. Nesses títulos definem-se previamente os valores de face que serão pagos no futuro (valor nominal), seja em uma parcela única prometida ao final títulos bullet, seja em parcelas periódicas de juros ao longo do contrato cupons. Assim, como a negociação desses títulos a mercado depende da taxa de juros praticada no momento, a variação dos juros impacta seu valor a mercado, valor a Preço Unitário (PU), que representa o valor presente desse título, de valor de face definido, à taxa de mercado (OLIVEIRA; PINHEIRO, 2018, p. 65). Nesta senda, quanto maior for a taxa de juros, menor será o valor presente do título prefixado, logo, quanto menor esta taxa, maior o valor presente.Videoaula - Títulos Públicos com Cupom e Cupom Zero Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/457502678] 2.2 Tesouro prefixado com cupom zero Os títulos públicos prefixados com cupom zero (ou Discount Bonds) não preveem pagamentos periódicos de juros (cupons de juros) aos investidores, sendo eles negociados com deságio no mercado, conforme Assaf Neto (2018). Aqui, o ganho do investidor é calculado em função da diferença entre o valor que é pago quando o título é adquirido e o seu valor de resgate (valor nominal). Com efeito, Preço Unitário (PU) do título prefixado sem pagamento de cupons de juros é o "valor presente de seu valor nominal, descontado por uma taxa de juros que representa a remuneração mínima exigida pelo investidor" (ASSAF NETO, 2018, p.180). A Figura 7 apresenta as principais características em uma representação gráfica do tesouro prefixado, cujas principais características são: (i) título prefixado sem previsão de pagamento de juros (CUPOM); (ii) o valor nominal (ou valor de face), sendo o valor de resgate do título; e a (iii) taxa de juro, que é efetiva, geralmente calculada com base em 252 dias úteis por ano.Figura 7 - Tesouro Prefixado. Valor nominal N ($) du (dias úteis) Preço unitário PU ($) Fonte: Assaf Neto (2018, p. 181). De acordo com o autor supracitado, a fórmula adotada de precificação desses títulos públicos prefixados é a que segue: Onde: PU = preço unitário do título, ou preço de negociação; Tx = taxa de juro anual, na base de 252 dias úteis, definida como remuneração exigida pelo mercado; N = valor nominal (ou valor de face) do título. Representa o valor do principal que será pago ao investidor no vencimento do título; n = número de dias úteis verificados entre a liquidação da operação e o seu vencimento; N PU = diferença entre o valor de resgate e o valor pago pelo título (valor de negociação). Rendimento oferecido pelo título. De acordo com Oliveira e Pinheiro (2018, p. 87), a antiga nomenclatura, Letra do Tesouro Nacional (LTN) - bônus de cupom zero tem por finalidade, portanto, ser "emitida para cobertura do déficit orçamentário ou para antecipação de receitas, ressalvados os limites fixados pelo Poder Legislativo". Cuja característica é a de ter um prazo, que é definido pelo Ministro da Economia, de modalidade nominativa e valor nominal múltiplo de R$ 1.000,00 (mil reais). o rendimento é definido pelo deságio sobre o valor nominal e o resgate definido pelo valor nominal no vencimento. A custódia pertence ao Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). 2.3 Tesouro prefixado com juros semestraisConforme explicado por Assaf Neto (2018), título público prefixado com juros periódicos (semestrais), antiga NTN - Série F, considera pagamentos de juros ao investidor durante o prazo da aplicação, a cada seis meses. fluxo de pagamentos desse título é apresentado na Figura 8. Figura 8 - Fluxograma do título prefixado com juros semestrais. N C C C 1 2 3 4 n 0 1 2 3 n (sem.) PU Fonte: Assaf Neto (2018, p. 181). Onde: PU = preço unitário. Valor do título; = cupons (pagamentos de juros) previstos para o final de cada semestre; N = valor de face (resgate) do título na data de vencimento. Geralmente definido o valor de $ 1.000,00. o Preço Unitário do título é equivalente ao valor presente do fluxo de pagamentos. Segundo Assaf Neto (2018), a taxa de desconto representará a taxa de juros mínima exigida pelo investidor; é comumente definida como efetiva ao ano. São as fórmulas do cálculo: Sendo: ic = taxa efetiva anual do cupom C1 2.4 Tesouro Selic A finalidade das Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) pós-fixadas, antiga nomenclatura, é a de "prover recursos necessários à cobertura de déficit orçamentário para realização de operações de crédito por antecipação da receita orçamentária", conforme informa Oliveira e Pinheiro (2018, p.As características do prazo são definidas pelo Ministro da Economia, quando da emissão do título. A modalidade também é nominativa e o valor nominal na data-base é múltiplo de R$ 1.000,00 (mil reais). rendimento é definido pelo "deságio sobre o valor nominal ajustado dos financiamentos diários apurados no fator Selic para títulos públicos federais, divulgado pelo Banco Central do Brasil, calculado sobre o valor nominal" (OLIVEIRA; PINHEIRO, 2018, p. 67). Sendo também um título prefixado, não prevê fluxos periódicos de pagamento de juros. Esse título oferece, segundo Assaf Neto (2018), remuneração referenciada na taxa Selic. o valor do título é geralmente expresso em cotação (%). Deste modo, o PU do Tesouro Selic será calculado ao se multiplicar a cotação do título pelo seu valor nominal atualizado (VNA), a saber: PU (Tesouro Selic) = VNA cotação (%) A cotação, segundo Assaf Neto (2018), será determinada admitindo-se uma base 100 ao fluxo, representado pela fórmula: Sendo: ie = taxa efetiva do período. A Figura 9 apresenta as principais características em uma representação gráfica do tesouro Selic, cujas principais características, de acordo com Assaf Neto (2018), são: não haver pagamento de juros (CUPOM) no período; os juros são calculados com base em 252 dias úteis por ano; o valor de resgate é formado pelo valor nominal do título acrescido dos rendimentos oferecidos pela Selic no período; enquanto o PU (Preço Unitário) do título é calculado pelo valor nominal atualizado, cobrindo, com isto, o período desde a data-base (data de emissão) até a sua data de liquidação financeira; o valor nominal atualizado é calculado da forma que segue: R$ 1.000,00 Fator de correção da Selic. Figura 9 - Tesouro Selic. Valor nominal atualizado du Cotação do título Fonte: Assaf Neto (2018, p. 181). Deste modo, foi possível perceber que os títulos Tesouro Selic (LFT) são indexados à taxa Selic, "sendo que a remuneração do investidor é cem por cento variável de acordo com as taxas Selicde mercado do período de vida útil do título", enquanto os títulos NTN-B são basicamente papéis com um componente de taxa fixa mais a variação do IPCA (CARRETE, 2019, p. 43). Carrete (2019, p. 43) nos informa ainda que títulos públicos são vendidos em ofertas públicas, seja realizado leilão ou não, no chamado Mercado Primário. Quando são emitidos, passam a ser negociados livremente no Mercado Secundário, sendo estes títulos de alta liquidez, os quais não possuem necessidade de serem mantidos até seu vencimento. 2.5 Tesouro pós-IPCA Trata-se, segundo Assaf Neto (2018), de títulos que oferecem rendimentos formados basicamente por duas partes, as quais sejam: (i) taxa real de juros; e (ii) taxa de correção pela variação da inflação. Há também dois tipos de Tesouro IPCA, que são: (i) com pagamento intermediário de juros (semestral), e (ii) pagamento final. Já o Tesouro IPCA Principal (conhecido anteriormente por NTN - B Principal) é um título público que oferece rentabilidade cuja correção é feita pela variação da taxa de inflação (IPCA). Neste título não existe pagamento "intermediário de juros, o investidor resgata o valor da aplicação na data de vencimento pelo valor nominal acrescido dos juros reais mais o IPCA. É um título cupom zero" (ASSAF NETO, 2018, p. 183, grifo do autor). A estrutura do título do tesouro pós-IPCA pode ser visualizada na Figura 10: Figura 10 - Tesouro IPCA Principal. Valor do resgate (valor do investimento Data de + rendimentos) compra Vencimentos PU Fonte: Assaf Neto (2018, p. 183). No tocante ao Tesouro IPCA com Juros Periódicos (semestrais), sendo este um título pós-fixado, ele prevê pagamentos semestrais de juros reais somados às variações do IPCA (índice de inflação). A remuneração do título é "formada de uma taxa de juro real prefixada, contratada no momento da aquisição, mais variação da inflação medida pelo IPCA. título oferece rentabilidade sempre superior à taxa de inflação" (ASSAF NETO, 2018, p. 183). A Figura 11 apresenta o fluxo de pagamentos do título calculados em semestres.Figura 11 Tesouro IPCA com juros periódicos. N C 1 C2 C C4 C 3 4 n 0 1 2 3 n (sem.) PU Fonte: Assaf Neto (2018, p. 183). A Formulação de Cálculo do Preço do Título (PU), conforme informado pelo autor supracitado, é dada na seguinte fórmula: Recapitulando Aqui procuramos trabalhar conceitos gerais acerca dos riscos de juros e noções didáticas de como funciona o antigo overnight, conhecido hoje como Taxa Selic. Trouxemos os cálculos diversos acerca dos diferentes títulos que compõem o Tesouro Nacional, os quais representam investimentos considerados de grau mais conservador do que mercado tradicional como o mercado de ações ao mercado de opções. Cálculos diversos e fórmulas de cada título público também foram apresentadas, para aqueles que precisam desenvolver com mais profundidade seus respectivos investimentos ou prestação de consultoria, ou ainda para fins de conhecimento.Exercícios de fixação De acordo com Carrete (2019), o processo de liquidação dos títulos públicos é realizado pela Central de Liquidação e Custódia (CBLC) da B3 S.A. - Brasil, Bolsa, Balcão, podendo ser descrito em quatro etapas. Assinale a alternativa que NÃO representa corretamente uma delas. o processo começa com a aquisição do título público pelo investidor no site do Tesouro Direto. Processamento da transferência de recursos para a corretora de sua escolha Transferência dos recursos para a CBLC. Processo de liquidação evasiva. A titularidade do título é transferida para o investidor e os recursos financeiros são transferidos para o Tesouro Sobre o Preço Unitário (PU), complete as lacunas: Preço Unitário (PU) do título sem pagamento de Selecione... é o "valor presente de seu valor Selecione... , descontado por uma taxa de juros que representa a remuneração Selecione... exigida pelo investidor" (ASSAF NETO, 2018, p. 180).3 Títulos de crédito Etimologicamente, o termo titulus é traduzido por inscrição, tal como aquilo que é colocado na capa de um livro, como epígrafe, e coisas semelhantes. Com efeito, é remedido a uma espécie de texto que se identifica, ou adjetiva-se à coisa, ao fato ou à pessoa. Logo, o titular é o beneficiário de um título, ou seja, de uma inscrição. Nesta senda, a expressão Título de Crédito traduz-se em um documento em que se inscreve um crédito tanto quanto de um débito. Também é conhecido como cártula, proveniente do latim chartula (diminutivo de charta), significando um pequeno papel, no qual se lança um escrito de pouca extensão. Mas o título não é um mero documento; é um instrumento representativo do crédito. Documento é o gênero e instrumento, a espécie. Por documento tem-se qualquer registro material do fato jurídico, a incluir a declaração assinada, sua cópia (presumindo-se verdadeira quando autenticada), reproduções mecânicas e eletrônicas, como aceito pelo artigo 225 do Código Civil. o instrumento, no entanto, é um documento que foi especialmente confeccionado para fazer a prova de um ato [...]. título de crédito é um instrumento que deve atender às exigências legais para que seja válido. Se não atende a tais cânones, desqualifica-se, no mínimo em função do que consta do artigo 104, III, primeira parte, do Código Civil. É o princípio do formalismo cambiário (MAMEDE, 2019, p. 2, grifo do autor). Todavia, ainda conforme ensina Mamede (2019), a invalidade do instrumento que representa o crédito não traduz necessariamente que seja inviável o crédito em artigo 166, inciso IV, do Código Civil, não pode ser aplicado salvo nos limites dos termos dispostos no artigo 170. Isto é, não teremos um título de crédito, porém, uma operação econômica salutar que permanecerá subjacente. Ainda é válido ressaltar que "nem todo papel onde se anota a obrigação de um devedor constitui, em sentido estrito, um título de crédito submetido ao Direito Cambiário", visto que o papel pode ser somente uma prova da relação obrigacional, de acordo com Mamede (2019, p. 3). Com efeito, para que seja considerado um título de crédito, faz-se necessário que a emissão atenda a um dos tipos legalmente previstos. Trata-se do Princípio da Tipicidade Cambiária. No momento que isto ocorre, dá-se também uma identificação da relação obrigacional com o papel que lhe é respectivo, a saber, o título não somente prova a obrigação, mas também a representa. Trata-se, aqui, do Princípio da Incorporação, isto é, a obrigação se incorpora no título. Com efeito, exercício do direito constante do título de crédito pressupõe, como requisito, a sua mesmo com isto, a grande maioria dos títulos de crédito "são meros quirógrafose representam relações jurídicas ordinárias", sendo considerado "créditos sem garantias reais ou sem privilégios especiais ou gerais, embora haja títulos que fujam a essa regra, a exemplo das cédulas de crédito hipotecárias ou pignoratícias" (MAMEDE, 2019, p. 3). Videoaula - Letras Financeiras Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui 3.1 Letras financeiras Foi por meio da Medida Provisória n. 472/2009, atualmente Lei n. 12.249/2010, que se deu a autorização da emissão de letras financeiras pelas instituições financeiras, como instrumento de captação de recursos junto ao público, a qual, segundo as contundentes posições de Mamede (2019, p. 274), é uma "vergonhosa colcha de retalhos que cuida de matérias absolutamente díspares", pois trata-se de inúmeros assuntos discrepantes entre si, mas que também, conforme destaca o autor, "a lei chega a cuidar da área do Parque Nacional Mapinguari e subvenção extraordinária para os produtores independentes de na região Nordeste". A Letra Financeira (LF) representa um título de crédito que basicamente se trata de uma promessa de pagamento em dinheiro, cabendo ao Conselho Monetário Nacional (CMN) regulamentar vários aspectos de tal título, bem como à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a regulamentação da distribuição pública da LF. Com efeito, a Letra Financeira subordinada pode ser usada com o intuito de compor o patrimônio de referência da instituição emitente, cujas condições são especificadas pelo CMN. Ademais, a disciplina será "a mesma das letras de câmbio e notas promissórias, em razão da determinação da aplicação do regime cambial (art. 42)" (TOMAZETTE, 2020, p. 448).Explore mais Letra Financeira: o que é e como funciona esse título de renda fixa? Explore mais no artigo disponível em: A Letra Financeira é emitida mediante registro em "sistema de registro e de liquidação financeira de ativos autorizado pelo Banco Central do Brasil, ambiente por meio do qual faz-se sua transferência, devendo ser mantido um registro da sequência histórica de conforme Mamede (2019, p. 274). Figura 12 - Investimento e negociações. Fonte: Ainda de acordo com o autor, a letra financeira atenderá às seguintes características: 1. A denominação Letra Financeira. 2. nome da instituição financeira emitente. 3. número de ordem, o local e a data de emissão. 4. valor nominal. 5. A taxa de juros, fixa ou flutuante, admitida a capitalização. 6. A cláusula de correção pela variação cambial, quando houver. 7. Outras formas de remuneração, incluindo, quando houver, as que estiverem baseadas em índices ou taxas de conhecimento público. 8. A cláusula de subordinação, quando houver. 9. A data de vencimento. 10. local de pagamento. 11. nome da pessoa a quem se deve pagar. 12. A descrição da garantia real ou fidejussória, quando houver. 13. A cláusula de pagamento periódico dos rendimentos, quando houver (artigo 38). Fica a cargo do CMN a disciplina das condições de emissão da Letra Financeira, que segundo Mamede (2019) leva em consideração, especialmente, os seguintes aspectos: 1. tipo de instituição financeira autorizada à sua emissão. 2. A utilização de índices, taxas ou metodologias de remuneração.3. prazo de vencimento, não inferior a um ano. 4. As condições de resgate antecipado do título, que se dará apenas na ocorrência em um ambiente onde a negociação seja competitiva, observado o prazo mínimo de vencimento. 5. Os limites de emissão, considerados em função do tipo de instituição financeira (artigo 41). Aconteceu Notícia de 12 maio 2020. BC libera primeira remessa de empréstimo com letra financeira a 27 bancos: medida representa mais da metade do pacote de injeção de liquidez da autoridade monetária para a crise do novo Coronavírus. Veja mais em: Mamede (2019, p. 274) informa ainda que os requisitos supracitados abrem margem para "uma grande variabilidade na emissão dos títulos, que podem ter prazos diversos, formas alternativas de remuneração e, até, de pagamento dos títulos, a exemplo de amortizações periódicas ou pagamento total no vencimento". Ademais, segundo o autor, uma mesma instituição financeira poderá optar por fazer emissões simultâneas de papéis diversos, com diferentes (i) prazos de vencimento, (ii) formas de remuneração e de (iii) pagamento, testando o mercado para atender variados apetites por tais títulos. [...] o título executivo extrajudicial, que pode ser executado independentemente de protesto, com base em certidão de inteiro teor dos dados informados no registro, emitida pela entidade administradora do sistema. título é emissível para ser negociado no mercado de valores mobiliários, sendo que sua distribuição pública deve observar o disposto pela Comissão de Valores Mobiliários (artigo 39), admitindo-se gerar valor de resgate inferior ao valor de emissão (artigo 38, § 20). Como facilmente se percebe, a letra financeira é um título mobiliário e, assim, submete-se integralmente às regras do mercado aberto de valores mobiliários, a exemplo do que ocorre com as debêntures emitidas por companhias abertas. Esses títulos podem ser negociados por meio de bolsas, mercado balcão ou, até, por meio das agências das instituições emissora ou coordenadora. (MAMEDE, 2019, p. 274) Por fim, vale ressaltar que a Letra Financeira poderá ser emitida com "cláusula de subordinação aos credores quirografários, preferindo apenas aos acionistas no ativo remanescente, se houver, na hipótese de liquidação ou falência da instituição emissora (artigo 40)", hipótese esta que pode ser usada como instrumento de dívida, para o intuito de compor o capital da instituição emissora, nas condições especificadas em regulamento do CMN. Ademais, aplica-se à letra financeira, noque não contrariar as disposições aduzidas na Lei n° 12.249/10, a legislação cambial (artigo 42) (MAMEDE, 2019). Figura 13 - Requisitos são necessários para obtenção da letra financeira. Fonte: sesame/iStock.com 3.2 Letra de câmbio Originalmente, a Letra de Câmbio remonta ao contrato de câmbio, que representava toda troca feita, passando a ser identificada a troca de moeda. Assim, muito se acredita que a letra de câmbio pode remontar à própria Antiguidade. Contudo, conforme Tomazette (2020, p. 93), o histórico da letra de câmbio não pode ser confundido com o "histórico do próprio contrato de câmbio, uma vez que a letra só surgiu tempos depois para instrumentalizar esse contrato", visto que seria anacronismo atribuir um termo atual no contexto antigo dos gregos ou romanos, por exemplo, uma vez que remontam ao (i) período italiano, (ii) período francês e (iii) período germânico, as três fases de sua história. Aconteceu Interesse de investidores por Letras de Câmbio dispara 123% em março CDB segue liderando ranking de pesquisas; Tesouro Direto e robôs de investimentos caem. Veja mais disponível em: bit.ly/2AETmv5 Tomazette (2020, p. 97-98) informa:Para José A. Saraiva, a letra de câmbio "é um título de crédito formal, autônomo e completo, que contém a obrigação de fazer pagar determinada soma de dinheiro, no tempo e no lugar designados". Bonfanti afirma que a letra de câmbio é "o documento de uma declaração constitutiva, com relação ao terceiro possuidor do mesmo, de um crédito abstrato destinado a circular em conformidade com a lei de circulação de bens móveis". Em primeiro lugar, vale a pena ressaltar que estamos diante de um título de crédito, isto é, um documento necessário para o exercício de um direito, no caso especificamente o de receber determinada quantia em dinheiro. Trata-se de um título de crédito formal, na medida em que o documento só vale como título de crédito, se obedecer a todos os requisitos legais. Além disso, é um título autônomo e abstrato, na medida em que não deriva de nenhum negócio jurídico específico, sendo as várias obrigações do título, independentes entre Também é um título completo na medida em que não precisa ser completado por nenhum outro documento. Ainda, o autor supracitado ressalta que as letras de câmbio têm ordens de pagamento, considerando que aquele a criar o título assume a obrigação de fazer pagar determinada quantia, data e local Quanto às partes envolvidas na letra de câmbio, é possível destacar três pessoas. As partes da letra de câmbio são o sacador, o sacado e o tomador ou beneficiário (Figura 14), os quais não precisam necessariamente ser pessoas diferentes. Em suma, conforme informado por Tomazette (2020), o sacador é quem dá uma ordem ao sacado para que este pague determinada quantia ao beneficiário. Figura 14 - As três partes envolvidas na letra de câmbio. SACADOR SACADO BENEFICIÁRIO Legenda: sacador ou emitente é aquele que emite a letra, aquele que dá a ordem de pagamento para o sacado e responde pelo não cumprimento por parte deste. sacado, por sua vez, é aquele a quem é dirigida a ordem de pagamento, mas só se torna obrigado a cumprir essa ordem se assumir a obrigação assinando o título. Por derradeiro, temos o tomador ou beneficiário que é o credor originário do título, isto é, aquele que vai receber o valor constante do título. Fonte: Tomazette (2020, p.98). Exemplos didáticos são sempre bem-vindos. Tomazette (2020, p. 99) nos ajuda para uma melhor compreensão prática:[...] podemos imaginar alguns exemplos de uso da letra de câmbio, com as seguintes pessoas: ROMÁRIO (SACADOR), EDMUNDO (SACADO) e RONALDO (BENEFICIÁRIO). ROMÁRIO é credor de EDMUNDO por determinada obrigação e, antes do pagamento dessa obrigação, ROMÁRIO compra mercadorias de RONALDO para pagá-las no mesmo dia em que teria que receber de EDMUNDO. A fim de simplificar o seu procedimento, ROMÁRIO emite uma letra de câmbio, na qual ela dá a EDMUNDO uma ordem para que ele pague RONALDO no vencimento. Nessa situação, RONALDO poderá procurar EDMUNDO para tentar receber dele o seu crédito. Figura 15 - - o beneficiário é quem recebe valor do título. REAIS Fonte: Thiago Santos/iStock.com No âmbito internacional, o dispositivo que rege o setor é a Lei Uniforme de Genebra (LUG) sobre as letras de câmbio e notas promissórias (que falaremos adiante). Já no aspecto nacional, o Brasil não adotou integralmente a LUG, tendo feito 13 das 23 reservas permitidas. As letras de câmbio foram inicialmente dispostas em nosso país por meio do Código Comercial de 1850, nos termos artigos 354 a 424. A orientação que prevalecia aqui era a do período francês da evolução dos títulos, onde não havia o reconhecimento dos princípios da autonomia e da abstração. Após isto, esta parte do Código Comercial foi revogada pelo Decreto n. 2.044/1908, que incorporou as evoluções do período alemão, reconhecendo-se especialmente a autonomia das obrigações cambiárias (TOMAZETTE, 2020). o Código Civil (art. 903) de 2002 se aplicará supletivamente no tocante à ausência de regra da legislação especial. Rosa Junior (2019) construiu um quadro comparativo (Quadro 6) usando os princípios gerais de aplicação das normas jurídicas para as letras de câmbio, ao qual Tomazette acrescentou a aplicabilidade do Código Civil. Quadro 6 - Princípios gerais de aplicação das normas jurídicas para as letras de câmbio. Decreto n. 2.044/1908 LUG Norma Aplicável Silente Regula LUG Regula Regula de modo diverso LUGDecreto n. 2.044/1908 LUG Norma Aplicável Regula Silente Decreto n° 2.044 Regula Regula de modo diverso, Decreto n° 2.044 mas foi objeto de reserva Silente Regula, mas foi objeto Código Civil ou LUG enquanto não editada lei no sentido da de reserva reserva Silente Silente Código Civil, Costume, analogia, princípios gerais de direito (LINDB Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro art. 4°) Fonte: Tomazette (2020, p. 103). 3.3 Letra hipotecária As Letras Hipotecárias são títulos, regidos pela Lei n. 7.684/1988, emitidos por instituições financeiras, as quais, segundo Tomazette (2020, p. 425), estão "autorizadas a conceder créditos hipotecários, representando promessas de pagamento garantidas por créditos hipotecários", não representam o crédito hipotecário em si, porém, um instrumento de captação de recursos que serve como garantia pelo crédito hipotecário. Trata-se de um instrumento parecido com as debêntures e, portanto, às letras imobiliárias. A letra hipotecária deve conter os requisitos nos termos da Lei n. 7.684/1988 - art. § 2°, a qual afirma que a letra hipotecária pode ser nominativa, endossável ou ao portador, conforme explicado por Tomazette (2020). Nominativa: sua negociação pressupõe a alteração dos livros do devedor. Endossável: o título seria transferível por meio de endosso, isto é, simples assinatura do titular no seu verso, sem que houvesse corresponsabilidade do endossante pelo cumprimento da obrigação. Portador: ela seria transferível por simples tradição. Há muitas opiniões de especialistas que entendem que esta ou aquela doutrina deve ser reconhecida e a outra, não. Para Tomazette (2020, p. 428), é preciso ser reconhecida tão somente a forma nominativa, considerando "a vedação de instrumentos de captação de recursos ao portador e nominativos endossáveis (Lei n. 8.021/90 art. sendo possível, em tal forma, também a transferência por endosso, "desde que este seja averbado no registro do título na sociedade".3.4 Letra de crédito imobiliário A Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Cédula de Crédito Imobiliário (CCI) são reguladas pela Lei no 10.931/2004, as quais, segundo Mamede (2019), são as principais fontes alternativas de recursos para empreendimentos imobiliários (funding). Consistem em promessas de pagamento, as quais "asseguram aos seus titulares direito de crédito pelo valor nominal, juros e, se for o caso, atualização monetária nelas estipulados, sendo garantidas por créditos hipotecários ou de alienação fiduciária de imóveis" (CARRETE, 2019, p. 428). Explore mais Caso queira saber mais acerca do assunto, de modo aplicado a um contexto prático, sugerimos a leitura do artigo o FGTS e o mercado de títulos de base imobiliária: relações e tendências, disponível em: Funcionam como uma opção para as limitações das fontes financeiras tradicionais: as captações da caderneta de poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Trata-se de um título de contexto específico, que não é experimentado no mercado amplo das notas promissórias ou cheques, cuja emissão é restrita às instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central. Opera com carteira de créditos imobiliários, de perfil conservador. Frente ao mercado financeiro, é configurada como um Título de Renda Fixa (MAMEDE, 2019). Esses títulos representam dívidas constituídas com a aquisição de imóveis, sendo negociados no mercado de capitais, antecipando a receita futura: visando ganhar com os juros estipulados nos títulos, investidores antecipam o pagamento das obrigações imobiliárias, assumindo o crédito. Assim, os empreendedores recebem de imediato o valor, podendo empregá-lo nos empreendimentos imobiliários, ao passo que os investidores receberão, mês a mês, os pagamentos das parcelas financiadas, com os juros devidos. (MAMEDE, 2019, p. 295) Os requisitos da letra de crédito imobiliário estão dispostos nos termos do artigo 12, § da Lei no 10.931/04.Videoaula - Títulos Públicos, Tesouro e Taxa Selic CDI Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/457504420] 3.5 Letra de Câmbio do Agronegócio (LCA) Em Crédito Rural, Marcus Reis (2019) informa que a Letra de Câmbio do Agronegócio (LCA) é considerada título executivo extrajudicial, de emissão exclusiva de instituições financeiras. Ela confere direito de "penhor sobre os direitos creditórios a eles vinculados, independentemente de convenção, penhor esse que será extinto para o caso de substituição dos direitos creditórios vinculados à LCA", feito por meio de acordo entre o emitente e o titular, "constituindo-se, automaticamente, novo penhor sobre os direitos creditórios dados em substituição" (REIS, 2019, p. 286). Com efeito, de acordo com Assaf Neto (2018), a LCA é um título de renda fixa, de caráter nominativo, o qual é emitido por instituições financeiras públicas ou privadas, também lastreado em direitos creditórios de operações de empréstimos e financiamentos direcionados ao setor de agronegócio. Sua remuneração pode ser pós-fixada, baseada em percentual do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), prefixada ou ainda atrelada à inflação. Grande parte das LCAs que são emitidas são indexadas ao CDI. Além de garantir à instituição financeira, que emitiu o título, o lastro da operação de crédito a qual está vinculada. RecapitulandoFigura 16 - Títulos de crédito. & Fonte: z_wei/iStock.com Procuramos aqui focar nas letras que compõem o contexto geral dos Títulos de Crédito. Uma das principais características da Letra financeira, as três partes envolvidas na Letra de Câmbio e seus respectivos princípios gerais de aplicação das normas jurídicas. Comentamos acerca das Letras Hipotecárias e como elas podem ser: nominativa, endossável, ou ao portador, nos termos da Lei n. 7.684/1988. Falamos também da Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Câmbio do Agronegócio (LCA), ressaltando a importância do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).Exercícios de fixação Sobre as Letras Financeiras, complete as lacunas: A Letra Financeira (LF) representa um título de crédito que basicamente se trata de uma de pagamento em dinheiro, cabendo ao Conselho Monetário Selecione... (CMN) regulamentar vários aspectos de tal título, bem como à Comissão de Valores Selecione... (CVM) a regulamentação da distribuição Selecione.. da LF. Acerca de seus conhecimentos sobre as Letras Financeiras, complete as lacunas: A Letra Financeira é emitida mediante registro em Selecione... e de liquidação Selecione.. de ativos autorizado pelo Banco Selecione... , ambiente por meio do qual faz-se sua transferência, devendo ser mantido um registro da sequência histórica de conforme Mamede (2019, p. 274).4 Demais títulos públicos importantes e o mercado de capitais Os Títulos da Dívida Pública são títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, cuja finalidade é a de captar recursos para financiar a dívida pública, a educação, a saúde e a infraestrutura do Esses títulos são produtos de renda fixa, que têm a possibilidade de ser "comprados tanto por pessoas físicas como por pessoas jurídicas. São considerados os investimentos de menor risco do mercado de capitais, por terem seu pagamento garantido pelo próprio Estado brasileiro" (MENEZES; MARIANO, 2015, p. 146). Assim como os particulares, o Estado precisa de recursos para desenvolver suas atividades. Tais recursos podem advir da exploração de bens do próprio Estado, do recolhimento de tributos e também de empréstimos voluntários. Neste último caso, o Estado capta recursos do público, assegurando a ele um direito de crédito. Tal direito será representado por títulos da dívida pública que representam, em última análise, um empréstimo voluntário (mútuo) em série e são fungíveis entre si obtido pelo Estado. Tais títulos são normalmente emitidos. Repete-se aqui a mesma ideia das debêntures e dos outros instrumentos de captação. Quem adquire o título fornece recursos ao Estado e passa a ser credor dele, nas condições previstas no próprio título. Há um investimento pelo particular, com baixo grau de risco, uma vez que o devedor é sempre solvente. Tal investimento também poderá ser objeto de um retorno antecipado pela própria negociação dos títulos da dívida pública no mercado. (TOMAZETTE, 2020, p. 442) uso de tais empréstimos voluntários é muito eficiente e permite acesso aos recursos necessários à atuação do Estado. Em função da eficiência, esse instrumento pode ser utilizado pela União Federal, pelos Estados e pelos municípios; cabe ao Senado Federal dispor acerca dos limites desses empréstimos, nos termos do art. 52, VII, da Constituição Federal de 4.1 Títulos da dívida pública Para todos os efeitos, a emissão dos títulos da dívida pública irá depender de uma autorização legal prévia, conforme disposto no art. 48, II, da CF/88, dada a aplicação do princípio da legalidade. Na esfera federal, a Lei n. 10.179/2001 autoriza a contração de empréstimos voluntários, com a emissão de títulos da dívida pública (TOMAZETTE, 2020).Aconteceu Com pouca emissão de títulos e resgate elevado, dívida pública recua novamente em abril: recuo da dívida pública foi de 1,28% no mês passado (abril/2020), para R$ 4,16 trilhões (maio/2020). Os números foram divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional, disponível em: glo.bo Segundo Assaf Neto (2018, p. 81), o Mercado de Capitais assume papel dos mais relevantes no processo de desenvolvimento econômico, sendo este um "grande municiador de recursos permanentes para a economia, em virtude da ligação que efetua entre os que têm capacidade de poupança, ou seja, os investidores, e aqueles carentes de recursos de longo isto é, apresentam deficit de investimento. Com efeito, o mercado de capitais está estruturado de maneira que supre as necessidades de investimentos por meio de várias modalidades de financiamentos, a médio e longo prazos, para capital de giro e capital fixo. Basicamente, é composto por instituições financeiras não bancárias, bem como instituições componentes do sistema de poupança e empréstimo (SBPE) e ainda muitas outras instituições auxiliares, além de oferecer também financiamentos com prazo indeterminado, a exemplo das operações que envolvem a emissão e subscrição de ações (ASSAF NETO, 2018). 4.2 Remuneração dos títulos de renda fixa no Brasil o mercado financeiro brasileiro remunera os títulos de renda fixa no Brasil basicamente por meio de três formas, quais sejam prefixada, pós-fixada e indexada à inflação. Assaf Neto (2018) pormenoriza: Remuneração prefixada: define a taxa de juros prometida pelo título no momento da aplicação, revelando ao investidor exatamente qual será o seu retorno. A taxa de juros de um título prefixado mantém-se inalterada mesmo diante de variações que venham a ocorrer nos juros de mercado, revelando-se mais atraente em momentos de redução das taxas de juros de mercado. Taxa pós-fixada: expressa geralmente a remuneração do título como um percentual da Selic ou do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro). Esta taxa acompanha o comportamento do mercado, sendo maior em cenários de alta dos juros e menor em períodos de redução das taxas de mercado. Remuneração indexada à inflação: muitas vezes denominada taxa pré e pós-fixada, é formada por uma taxa de juro real (líquida da inflação) previamente definida e acrescida da variação da inflação verificada no período da aplicação. Essa correção da taxa de juro real é calculada geralmente pelo IPCA, IGPM ou INPC.Figura 17 - Remuneração de títulos. Fonte: selensergen/iStock.com Esta remuneração é uma miscelânia entre a taxa pré e pós-fixada, atrelada a um índice de inflação. As vantagens apresentadas por esses títulos é que eles garantem ao investidor um ganho real prefixado, líquido da inflação, e com isto atuam como uma forma de proteção contra a perda de poder de compra da moeda. 4.3 Warrants Warrant é entendido por Assaf Neto (2018, p. 90) como um título que "atribui ao seu titular um direito de negociar (comprar ou vender) um ativo, por um prazo estabelecido e por um preço previamente fixado, conhecido por preço de exercício. Em geral, a maturidade da Warrant é de longo prazo". Deve prever condições específicas de vencimento a cada título emitido, incluindo data de emissão, forma de distribuição dos proventos do ativo subjacente, entre outros. Com efeito, para Warrant emitido, é preciso elaborar um Contrato de Emissão de Warrant. A emissão de Warrant, ainda de acordo com Assaf Neto (2018, p. 90), pressupõe dois participantes essenciais, quais sejam o emissor e o agente da Warrant. Emissor: é uma instituição que mantém certos ativos financeiros em sua carteira, que intenta o lançamento de uma opção não padronizada (Warrant). A exemplo de um banco, caso ele tenha ações de uma empresa siderúrgica, caso seja pertinente, poderá emitir Warrants concedendo aos seus titulares o direito de adquirir do emissor (banco) as ações da empresa, por um preço e prazos que são acordados no "Contrato de Emissão". Agente da Warrant: é escolhido e contratado pelo emissor, entre as instituições integrantes do sistema de distribuição de títulos e valores mobiliários. Responsável também pela qualidade do papel emitido, devendo este igualmente acompanhar e controlar todo o processo de colocação do título, o que inclui pagamentos das obrigações, baixas, cancelamentos etc. Explore mais Para saber mais acerca das diferenças entre Warrant e o título de crédito Conhecimento de Depósito, veja mais no link:o exemplo ilustrativo de um banco emissor de Warrant, descrito por Assaf Neto (2018, p. 91), que trata de Warrant emitida a partir de um ativo subjacente (ações da empresa siderúrgica) existente na carteira do banco, e por isso denominada de coberta, é seguido dos seguintes passos: 1. Os papéis que formam o lastro da Warrant devem ficar bloqueados (ou caucionados) durante toda a sua maturidade, até o vencimento do título. 2. Uma Warrant pode também ser lançada na modalidade descoberta. Neste caso, são exigidas garantias. 3. Podem ser emitidas Warrants sobre ações, debêntures, notas promissórias para distribuição pública e outros ativos financeiros. 4. o preço de exercício da Warrant é definido pelo emissor do título, levando em consideração o valor do ativo-objeto que lastreia a emissão, prazo da operação, taxas de juros de mercado, risco do ativo etc. 5. São emitidos dois tipos de Warrant: Warrant de compra (call Warrant) e Warrant de venda (put Warrant). 6. Warrant de compra confere o direito de compra do ativo subjacente, oferecendo uma oportunidade de ganho ilimitada diante da valorização do preço do ativo no mercado. 7. A possibilidade máxima de perda do investidor na operação com Warrant de compra é o capital aplicado. 8. Warrant de venda, por outro lado, atribui ao investidor o direito de negociar o ativo subjacente nas condições estipuladas. Esse tipo de Warrant oferece ganhos ao investidor na medida de uma desvalorização do ativo no mercado. Figura 18 - Garantia para o investidor. Fonte: Vladyslav Bobuskyi/iStock.com 4.4 Yield to Maturity Um título de renda fixa, o Yield to Maturity (YTM), reflete um rendimento (yield) efetivo até seu vencimento (maturity). o que se considera na determinação do YTM são os fluxos de rendimentos associados e, claro, o preço de mercado do título; sua metodologia equivale à exata medida da Taxa Interna de Retorno (IRR - Internal Rate of Return)Comparando o resultado da IRR com o custo de capital, é tomada a decisão econômica do investimento. Se a rentabilidade oferecida (IRR) for maior ou igual à remuneração exigida pelos proprietários de capital, a proposta é aceita, sendo rejeitada quando a IRR for inferior ao retorno desejado. Na análise de um bônus utiliza-se o mesmo raciocínio. Se a YTM superar a taxa de rentabilidade requerida, o investimento é considerado atraente, revelando-se desinteressante quando o retorno prometido for menor que a taxa requerida. (ASSAF NETO, 2018, p. 187) De modo abrangente, para que haja um bônus com pagamentos periódicos de juros e resgate do principal ao final, bem como forma de remuneração que geralmente é adotada pelo mercado e denominado títulos de cupom, trazida por Assaf Neto (2018), a expressão de cálculo do YTM assume a fórmula que segue: Em que: = preço corrente de mercado do título (preço de negociação); = fluxos de caixa (cupons de rendimentos) prometidos para cada período, para serem pagos ao investidor; Yield = rendimento nominal oferecido pelo título conforme identificado em seu cupom; N = valor nominal (valor de face) do título ou valor a receber no vencimento. Os juros dos títulos incidem sobre o valor nominal; YTM = yield to maturity, ou seja, taxa de juro que, ao descontar os fluxos de caixa, apura um valor presente igual ao preço corrente de mercado do título Equivale à medida da taxa interna de retorno. Sensível às oscilações que são vistas nas taxas de juros, varia de modo inversamente proporcional à maneira como os juros se movimentam no mercado. o YTM assume também, de modo implícito, seu pressuposto básico de reinvestimento dos fluxos intermediários de caixa à própria taxa de juros prometida pelo investimento. Igualmente, a fim de que se dê a taxa interna de retorno calculada, deve o investidor manter o título em seu poder até que o vencimento ocorra. Assume-se que o YTM é efetivo quando os rendimentos de cada período forem "reinvestidos pela própria taxa do YTM nos momentos de suas respectivas entradas de caixa, e acumulados exponencialmente até o final do prazo da operação (maturity)" (ASSAF NETO, 2018, p. 187).Explore mais Para se aprofundar mais acerca da YTM e de algumas outras debêntures brasileiras, leia o artigo o impacto da liquidez nos retornos esperados das debêntures brasileiras disponível em: bit.ly 4.5 Duration No ano de 1938, o economista Frederick R. Macaulay (1882-1970) propôs o conceito de Duration (Duração) para que títulos de renda fixa pudessem ser avaliados, o qual se entende como a medida de comprimento de tempo de um título. Duração é uma forma de cálculo do prazo médio de um fluxo de caixa que procura levar em conta o valor do dinheiro no tempo. Essa medida permite avaliar a sensibilidade do valor do título a variações na taxa de juros. Assim, o uso do indicador duração ajuda a perceber como se comportariam os fluxos de caixa de uma empresa em relação a possíveis riscos conjunturais. No que se refere ao estudo de Duration, deve-se estudar por extensão o conceito de convexidade, que pode ser entendido como uma medida de como a duração varia com a mudança da taxa de juros. (MENEZES; MARIANO, 2015, p. 207) Assaf Neto (2018, p. 191) nos chama a atenção ao se admitir um título com um único pagamento ao final do prazo (principal mais juro), a maturity da operação é "representada efetivamente pelo prazo de vencimento do título, sendo denominada no mercado como zero coupon bond". Sendo o intuito de um título pagar rendimentos periódicos e resgatar o principal ao final, algumas partes do montante total prometido pelo título são desembolsadas enquanto dura, o que não reflete a efetiva maturidade. A fim de que o prazo assumido pelo título possa ser expresso de modo adequado no âmbito de sua maturidade, é necessário o cálculo de uma medida de duração que tenha caráter representativo dos resultados de caixa esperados do título (ASSAF NETO, 2018). Conforme Menezes e Mariano (2015), sendo D a duração do título, FC o fluxo de caixa do período no tempo t, e n o número de cupons que serão pagos, passa a ser possível escrever: (1+i) V V

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