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FACULDADE ANHANGUERA, JACOBINA
DIREITO
MAXWELL SILVA AMORIM CARVALHO
VANESSA PEREIRA DA SILVA
FICHAMENTO/RESUMO
JACOBINA-BA
2024
MAXUEL
VANESSA PEREIRA DA SILVA 
FICHAMENTO/RESUMO
Fichamento/Resumo apresentado à faculdade anhanguera, de Jacobina-BA, como requisito para obtenção de nota parcial dos alunos da disciplina de Direito Empresarial
Orientador(a): Prof. Sarah 
JACOBINA-BA
2024
CONSIDERAÇÕES GERAIS
A sociedade anônima (S/A), também chamada de “companhia”, é uma forma de organização empresarial que possui a finalidade lucrativa e é classificada como pessoa jurídica de direito privado. Seu capital social é dividido em ações, e os participantes dessa estrutura são conhecidos como acionistas. O capital social é composto por ações de valor nominal igual e livremente negociáveis, limitando a responsabilidade dos acionistas ao preço de emissão das ações que subscrevem ou adquirem. A sociedade anônima é caracterizada como uma sociedade de capitais, ao contrário das sociedades de pessoas, como a sociedade limitada. Isso ocorre pois a aquisição de ações não requer o consentimento mútuo entre os sócios, assim, as relações são menos pessoais e mais voltadas para o capital [3]. A estrutura típica da sociedade anônima inclui uma Assembleia Geral, um Conselho de Administração, uma Diretoria e um Conselho Fiscal. A regulamentação desse tipo de sociedade é feita pela Lei n. 6.404/76, conhecida como Lei das Sociedades Anônimas, que pode ser complementada por disposições do Código Civil. As sociedades anônimas se dividem em duas categorias principais: Sociedade Anônima de Capital Aberto e Sociedade Anônima de Capital Fechado. A Sociedade Anônima de Capital Aberto é aquela que tem seus valores mobiliários, como ações e debêntures, disponíveis para negociação em bolsas de valores ou mercados similares. Esse tipo de sociedade permite a livre negociação de suas ações, favorecendo a captação de investimentos. Para operar, é necessário o registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que a sujeita a regras e fiscalizações rigorosas. A transparência é uma característica fundamental, com a obrigação de publicar informações financeiras e contábeis, garantindo a proteção dos investidores Em contraste, a Sociedade Anônima de Capital Fechado não requer registro na CVM, pois suas ações não são negociadas em mercados públicos. Este formato é mais particular, onde as ações são restritas a um grupo específico de acionistas. A constituição ocorre diretamente na Junta Comercial, e, embora haja necessidade de elaboração de estatuto e atas de assembleias, as informações contábeis não precisam ser publicadas, o que proporciona maior privacidade aos acionistas.
CONSTITUIÇÃO
A constituição de uma sociedade anônima está condicionada ao cumprimento de determinados requisitos preliminares, os quais são delineados da seguinte forma: a) a subscrição, realizada por no mínimo duas pessoas, de todas as ações que compõem o capital social estabelecido no estatuto; b) a realização, como entrada, de, pelo menos, 10% do valor de emissão das ações subscritas em numerário; c) o depósito do montante correspondente à parte do capital efetivamente realizado em dinheiro no Banco do Brasil S.A.
Ademais, a constituição da companhia por meio de subscrição pública exige que se obtenha previamente o registro da emissão junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A subscrição, neste contexto, deve obrigatoriamente ser intermediada por uma instituição financeira. Esta entidade, na função de underwriter, adquire os valores mobiliários da companhia emissora com o intuito de revender tais ativos no mercado de capitais. O underwriter atua como um intermediário essencial entre a sociedade anônima que emite as ações e o público investidor, consistindo em instituições financeiras que integram o sistema de distribuição de valores mobiliários, como bancos de investimento, sociedades corretoras e sociedades distribuidoras.
O pedido de registro da emissão na CVM deve ser acompanhado de um estudo que ateste a viabilidade econômica e financeira do empreendimento, do projeto do estatuto social e do prospecto informativo. A CVM detém a prerrogativa de negar o registro caso considere o empreendimento inviável ou excessivamente arriscado. Uma vez encerrada a fase de subscrição e tendo sido integralizado todo o capital social, os fundadores convocarão uma Assembleia Geral com a finalidade de deliberar sobre a constituição da companhia. Por sua vez, a constituição da sociedade anônima por subscrição particular do capital pode ser realizada através de deliberação dos subscritores em Assembleia Geral ou mediante a formalização por escritura pública. 
CAPITAL SOCIAL
O capital social das sociedades anônimas é um conceito citado recorrentemente no direito empresarial brasileiro, regulado pela Lei nº 6.404/76. Esse capital representa a soma dos recursos financeiros que os acionistas se comprometem a investir na empresa e é fundamental para garantir a autonomia da sociedade, além de limitar a responsabilidade dos acionistas ao valor das ações que subscreveram e integralizaram. Sem muitos rodeios, o capital social é a quantidade total que os acionistas concordam em aportar na empresa, e ele é dividido em ações. Este capital pode ser classificado de três maneiras principais: Capital Subscrito: é o valor total que os acionistas se comprometem a investir na sociedade. Capital Integralizado: refere-se à parte do capital subscrito que já foi efetivamente paga pelos acionistas. Capital Autorizado: é uma modalidade que permite que a empresa aumente seu capital social sem necessidade de mudar o estatuto, o que facilita a emissão de novas ações quando necessário .
A formação e o funcionamento do capital social são exigidos pela legislação, especificamente na Lei das Sociedades Anônimas. De acordo com o Art. 80, a constituição do capital social requer a subscrição (promessa de aporte) e a integralização (pagamento efetivo desse aporte) das ações pelos acionistas. Além de ser um indicador da saúde financeira da empresa, o capital social também reflete a confiança dos acionistas na administração da companhia. A legislação brasileira protege os direitos dos acionistas em relação ao capital social. O Art. 177 do Código Penal estabelece penalidades para fraudes e abusos relacionados à criação ou administração de sociedades anônimas, punindo aqueles que, com informações falsas ou omissões, prejudicarem a formação da sociedade.
	VALORES MOBILIÁRIOS	
-Das ações
No Brasil, há diferentes tipos de ações de empresas, particularmente em relação à Sociedade Anônima (SA), que são definidas pela Lei 6404/76. Existem três tipos de ações: ordinárias, preferenciais e de gozo ou fruição. As ordinárias fornecem direitos de voto e vários outros privilégios dentro da empresa, enquanto as preferenciais não concedem direitos de voto, exceto em casos especiais descritos por lei. As ações de gozo ou fruição, diferentemente dos dois primeiros tipos, não circulam no mercado e oferecem uma função única onde os acionistas podem receber o valor de suas ações de volta, mantendo seus direitos dentro da empresa. O acionista que receber ações antecipadamente não terá mais ações ordinárias ou preferenciais, mas, em vez disso, deterá ações "fruition", que não circulam no mercado por não fazerem parte do capital da empresa. Esse tipo de transação beneficia a empresa, pois permite que ela aumente seu capital redistribuindo as ações ordinárias e preferenciais de volta ao mercado, sem deduzir do capital ou dos lucros da empresa. Além disso, essas ações "fruition" não impactam a participação do acionista no valor patrimonial líquido da empresa durante a liquidação, pois ele ainda tem direito a uma parcela dos ativos restantes ao lado de outros acionistas. Vale lembrar que há diferentes tipos de valores relacionados a ações de uma empresa, incluindo valor nominal, valor contábil, valor de negociação e valor econômico. O valor nominal é calculado dividindo-se o capital total da empresapelo número de ações emitidas, enquanto o valor contábil é derivado da divisão do patrimônio líquido da empresa pelo número de ações. O valor de negociação é determinado no momento da transação entre comprador e vendedor, enquanto o valor econômico é avaliado por profissionais.  Por fim, as ações em circulação no mercado, são ações de empresas de capital aberto, com exceções para ações detidas por acionistas controladores ou membros do conselho.
- Das partes beneficiárias
Documentos emitidos por uma empresa que conferem ao titular o direito de receber uma parte dos lucros gerados pela companhia. Esses documentos, diferentes das ações, podem ser doados ou vendidos, limitando-se a 10% dos lucros a serem distribuídos aos beneficiários. A emissão deles visa recompensar pessoas chave e incentivar ações que, de forma indireta, favoreçam a empresa, com validade máxima de 10 anos. Apenas empresas de capital fechado estão autorizadas a emitir 'partes beneficiárias', evitando assim conflitos com acionistas de empresas de capital aberto. Os titulares possuem não apenas o direito financeiro aos lucros, mas também o direito de supervisão sobre a empresa, podendo converter lucros em ações, respeitando regulamentações específicas que asseguram a transparência e previnem fraudes.
- Dos debêntures
 Para fins didáticos, é conveniente citar um exemplo fictício: uma empresa que precisa de um empréstimo de 10 milhões de reais. Em vez de buscar um empréstimo bancário tradicional com condições predefinidas, a empresa pode emitir debêntures, que são títulos de crédito que representam os termos do empréstimo definidos pela própria empresa. O processo envolve a emissão dessas debêntures, que podem ser vendidas ao público com termos específicos, como inflação mais 1% de juros mensais. As debêntures exigem autorização da assembleia geral da corporação, e um administrador deve ser nomeado para administrá-las. Essas debêntures podem variar em duração, condições de pagamento e podem até ser convertidas em ações, tudo detalhado em uma escritura pública para informar potenciais investidores. Os debenturistas agem coletivamente por meio de assembleias de debenturistas, garantindo a execução adequada das garantias por um administrador em caso de inadimplência. Existem vários tipos de garantias de debêntures, incluindo reais, flutuantes, não garantidas e subordinadas, fornecendo diferentes níveis de segurança para os investidores.
Há diferentes tipos de garantias que podem ser associadas a debêntures, como garantias flutuantes, sem garantias e garantias subordinadas. Apesar dos níveis variados de risco e retorno, alguns investidores podem optar por comprar debêntures sem garantias ou com garantias subordinadas devido aos maiores retornos potenciais. Além disso, há um conceito moderno de "debêntures incentivadas" que oferece benefícios fiscais para atividades consideradas de interesse público. As empresas, incluindo sociedades de responsabilidade limitada e cooperativas, podem emitir debêntures de curto prazo conhecidas como notas de crédito comercial. Esses instrumentos financeiros servem tanto como uma oportunidade de investimento para os detentores de debêntures quanto como um meio para as empresas levantarem capital.
- Dos bônus de subscrição
Uma das alternativas de valor mobiliário que pode ser emitida pela empresa é o bônus de subscrição, que dá ao seu possuidor o direito prioritário na aquisição de novas ações. De acordo com o artigo 75 da LSA: “Art. 75 - A companhia poderá emitir, respeitando o limite de aumento de capital estabelecido em seu estatuto (artigo 168), títulos negociáveis denominados ‘Bônus de Subscrição’.” O parágrafo único acrescenta que “os bônus de subscrição oferecerão a seus titulares, conforme as condições especificadas no certificado, o direito de subscrever ações do capital social, que será exercido através da apresentação do título à companhia e pagamento do valor de emissão das ações”. Assim, sempre que a sociedade anônima realiza a emissão de novas ações (uma operação conhecida como capitalização), os acionistas da referida companhia têm prioridade para subscrevê-las, de acordo com o disposto no art. 109, inciso IV, da LSA.
Vamos analisar: em uma empresa que se encontra em uma posição sólida no mercado e atrai muitos investidores interessados em se tornarem acionistas, suas ações certamente terão um valor elevado. Com isso em mente, sabendo que a empresa, em algum momento, irá buscar uma capitalização – ou seja, aumentará seu capital social por meio da emissão de novas ações – ela pode aproveitar o bom desempenho de suas operações e lançar bônus de subscrição, captando recursos de investidores que desejam adquirir as novas ações que serão disponibilizadas. É importante destacar que os bônus não garantem ao detentor a posse direta da ação, mas sim um direito de preferência para sua subscrição. Assim, quando o investidor decidir exercer esse direito, ele deverá pagar o valor de emissão da ação.
Assim, é correto afirmar que quem adquire um bônus de subscrição "compra" o direito de preferência, extinguindo-o para os acionistas. No entanto, a legislação, ao proteger os direitos dos acionistas, garante que eles tenham a prioridade na subscrição dos próprios bônus, como estabelece o art. 77, parágrafo único: “os acionistas da companhia terão, de acordo com os artigos 171 e 172, prioridade para subscrever a emissão de bônus”. Dessa maneira, um acionista investidor que queira assegurar seu direito preferencial na subscrição de novas ações deve, obrigatoriamente, adquirir os bônus emitidos, tendo, para isso, prioridade em relação a investidores externos. Por último, é importante destacar que, conforme o art. 76 da LSA, “a decisão sobre a emissão de bônus de subscrição é competência da assembleia geral, a menos que o estatuto a atribua ao conselho de administração”.
ESTATUTO SOCIAL
O estatuto social é um documento pelo qual pode-se organizar e estabelecer as regras e os direitos de uma sociedade, fazendo com que as atividades realizadas pela sociedade, sejam legais. O estatuto é regulamentado pelo Código Civil. 
Além disso, o art. 138 da Lei n. 6.404/76 estabelece que “a administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria”. 
Pela Lei n. 6.404/76, os órgãos administrativos devem ser formalmente concebidos como o Conselho de Administração e a Diretoria. As atribuições desses órgãos não podem ser outorgadas a qualquer outro órgão, criado por lei ou pelo estatuto e exigem a imposição de um sistema próprio de deveres e responsabilidades (art. 139 da LSA)
CONSELHO DE ADMNISTRAÇÃO 
O Conselho de Administração é órgão facultativo nas companhias fechadas. Será de existência obrigatória apenas nas sociedades anônimas abertas, diante do interesse social decorrente da ampla possibilidade de capitação da poupança popular no mercado de capitais. É obrigatório também nas de capital autorizado, em razão de um maior controle exigido diante da autorização de emissão de novas ações pelo estatuto social e também será obrigatório nas sociedades anônimas de economia mista.
Nos termos do art. 142 da LSA, competem ao Conselho de Administração: 
I – fixar a orientação geral dos negócios da companhia;
 II – eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições, observado o que a respeito dispuser o estatuto;
 III – fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer outros atos;
 IV – convocar a assembleia geral quando julgar conveniente, ou no caso do art. 132; 
V – manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria;
 VI – manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o exigir; 
VII – deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou de bônus de subscrição; 
VIII – autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienaçãode bens do ativo não circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias a obrigações de terceiros; e IX – escolher e destituir os auditores independentes, se houver.
O Conselho de Administração será composto por, no mínimo, três membros, eleitos pela assembleia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo. Cabe ao estatuto social fixar o número de conselheiros e seu prazo de gestão, que não poderá ser superior a três anos, sendo permitida uma reeleição.
Aos acionistas que representem ao menos 10% do capital social com direito a voto, foi conferida a possibilidade de requerer, até 48 horas antes da assembleia geral, a adoção do processo de voto múltiplo, independentemente de não estar previsto no estatuto social.
DIRETORIA
A diretoria é órgão obrigatório da companhia. Ao contrário do conselho de administração, a diretoria não é órgão de deliberação colegiada, em regra. Aos diretores são atribuídos, no silêncio do estatuto e inexistindo deliberação do conselho de administração, individualmente, os poderes de representação da companhia e a prática dos atos necessários ao seu funcionamento regular (art. 144 da LSA). O estatuto social e a deliberação do Conselho de Administração podem, portanto, disciplinar os poderes atribuídos a cada diretor, bem como exigir que as decisões sejam tomadas de forma colegiada.
A diretoria será composta por um ou mais diretores, a depender da regulação pelo estatuto social. A redação pela Lei Complementar n. 182/2021 permitiu o diretor único, o que até então não era permitido. Além do número de diretores, o estatuto deve disciplinar o modo de sua substituição, o prazo de gestão, que não será superior a três anos, permitida a reeleição, e as atribuições e poderes de cada diretor.
Os diretores serão eleitos pelo Conselho de Administração e podem ser destituídos a qualquer tempo. Na falta do Conselho de Administração, os diretores serão eleitos e destituídos pela assembleia geral de acionistas.
REQUISITOS E IMPEDIMENTOS À NOMEAÇÃO DOS ADMNISTRADORES
Para ser eleito membro dos órgãos de administração das companhias, é obrigatório que o eleito seja pessoa natural. 
Nem todas as pessoas naturais, entretanto, são elegíveis para os cargos de administradores de sociedade anônima. Nos termos do art. 147, § 1º, da LSA, são inelegíveis “as pessoas impedidas por lei especial, ou condenadas por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade, ou a pena criminal que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos”. São ainda inelegíveis para os cargos de administração de companhia aberta as pessoas declaradas inabilitadas por ato da Comissão de Valores Mobiliários
A Lei n. 14.195/21, determinou que não há mais exigência de residência no Brasil sequer para os diretores.
O estatuto poderá estabelecer, para o exercício do cargo de administrador, que o titular ou terceiro assegurem, mediante penhor de ações da companhia ou outra garantia, o correto desempenho das funções (art. 148 da LSA).
DEVERES DOS ADMINISTRADORES
Os administradores devem exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhes conferem para lograr os fins da companhia. Devem, a tanto, perseguir a satisfação dos interesses da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empresa (art. 154 da LSA). Ainda que tenha sido eleito por grupo ou classe de acionistas, o administrador tem para com a companhia os mesmos deveres dos demais. Sua atuação é uma obrigação de meio, e não de resultado. Não serão responsáveis os administradores pelas obrigações que contraírem em nome da sociedade e por ato regular de sua gestão. Ainda que sua atuação gere prejuízo à sociedade, apenas responderá por esses se atuou de forma negligente no desempenho de suas funções.
é vedado ao administrador usar, em benefício próprio ou de outrem, as oportunidades comerciais de que tenha conhecimento em razão do exercício de seu cargo; é vedado omitir-se no exercício ou proteção de direitos da companhia ou, visando a obtenção de vantagens, para si ou para outrem, deixar de aproveitar oportunidades de negócio de interesse da companhia; e é proibido adquirir, para revender com lucro, bem ou direito que sabe necessário à companhia, ou que esta tencione adquirir (art. 155 da LSA). 
RESPONSABILIZAÇÃO DOS ADMINISTRADORES
Apenas pela violação desses deveres incorrerá o administrador em responsabilidade. Nos termos do art. 158 da LSA, o administrador não responde pessoalmente pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão.
Conforme o dispositivo legal, o administrador somente seria responsável pelos prejuízos que causar, quando proceder:
 I – dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo;
 II – com violação da lei ou do estatuto.
Caso o administrador tenha violado a lei ou o estatuto social, hipótese descrita no art. 158, II, da LSA, a companhia não seria responsável pelos danos causados perante terceiros. Fora de seus poderes de presentação, o administrador não atuou como órgão da pessoa jurídica e, por isso, não pode vinculá-la às obrigações contraídas. Para isentar-se de responsabilidade, o administrador dissidente deverá consignar sua divergência em ata de reunião do órgão de administração ou, não sendo possível, se dela der ciência imediata e por escrito ao órgão de administração, ao Conselho Fiscal, se em funcionamento, ou à assembleia geral.
AÇÃO DE RESPONSABILIZAÇÃO DOS ADMNISTRADORES
Para que o administrador possa ser responsabilizado, disponibilizou a Lei das Sociedades Anônimas regramento específico que diferencia as ações em ação social ut universi, ação social ut singuli e ação individual. Em face dos administradores que tiverem atuado com culpa ou dolo no desempenho de suas funções, a companhia poderá promover a ação para sua responsabilização civil. É a ação social ut universi em que figura como legitimado ativo a própria companhia. A ação social uti universi deverá ser proposta em três meses da data da deliberação da assembleia geral.
Para que possa promover a ação de responsabilidade contra o administrador pelos prejuízos causados ao seu patrimônio, exige-se prévia deliberação da assembleia geral de acionistas (art. 159 da LSA). A ação social não se confunde com a ação individual. Enquanto a ação social visa a ressarcir a companhia pelos prejuízos a ela resultantes e que, portanto, apenas indiretamente produzem efeitos no patrimônio dos acionistas, ao reduzir o valor das ações, a ação individual procura proteger o patrimônio particular do acionista ou terceiro, em razão de efeitos diretos a esse dos atos ilícitos praticados pelos administradores.
CONSELHO FISCAL
O Conselho Fiscal é de existência obrigatória nas companhias. Seu funcionamento, entretanto, é facultativo além disso, o Conselho Fiscal será composto por três a cinco membros; Os Conselheiros fiscais exercerão seus cargos até a assembleia geral ordinária seguinte à eleição, mas poderão ser reeleitos.
O funcionamento do Conselho Fiscal poderá ocorrer de modo permanente ou apenas nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas, a depender da disposição do estatuto social (art. 161 da LSA).
As atribuições do Conselho Fiscal consistem, nos termos do art. 163 da LSA, em fiscalizar os atos dos administradores e o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários. E para que possam desempenhar as funções fiscalizatórias, os conselheiros deverão receber, dentro de dez dias, cópias das atas de reuniões dos órgãos de administração e, em 15 dias, cópias dos balancetes e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente e dos relatórios de execução de orçamentos.
Respondem os membros pelos danos resultantes de omissão no cumprimento de seus deveres e de atos praticados com culpa ou dolo, ou com violação da lei ou do estatuto (art. 165 da LSA).
· Demonstrações financeiras 
Ao final de cada exercício social, a diretoria elaborará demonstrações financeiras. Nos termos do art. 176 daLSA, deverão ser realizados: 
I – o balanço patrimonial. O balanço consiste na apresentação de todo o ativo, o passivo e o patrimônio líquido da companhia (art. 178 da LSA); 
II – demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados. A demonstração deverá revelar o desempenho da empresa durante o exercício social. Para tanto, discriminará o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial, as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício, bem como as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período (art. 186 da LSA);
 III – demonstração do resultado do exercício. Esse documento contábil deverá indicar as receitas brutas e líquidas das vendas e serviços, as despesas, o lucro ou prejuízo operacional, o resultado do exercício e o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social (art. 187 da LSA); 
IV – demonstração dos fluxos de caixa. Revela as alterações ocorridas durante o exercício no saldo de caixa (art. 188, I, da LSA); 
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. Consiste esta demonstração no valor da riqueza gerada pela companhia e no quanto foi ou não distribuído aos que contribuíram para a sua geração (art. 188, II, da LSA). 
LUCROS, RESERVAS E DIVIDENDOS
A obtenção de lucro é o escopo final da companhia. O lucro é o objetivo pelo qual os sócios reuniram seus capitais e esforços para o desenvolvimento de uma atividade comum. O lucro líquido é obtido, na sociedade, pela dedução, no resultado do exercício, dos prejuízos acumulados, da provisão para o Imposto de Renda e das participações estatutárias dos empregados, administradores e partes beneficiárias (art. 191 da LSA). Do lucro líquido do exercício, 5% serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá 20% do capital social (art. 193 da LSA)
A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o capital. A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício apenas em que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital exceda 30% do capital social (art. 1193, § 1º, da LSA). O estatuto social pode criar reservas, assim como a assembleia geral poderá destinar parte do lucro líquido à formação de reservas de contingências. Se o estatuto for omisso e a assembleia geral deliberar alterá-lo para introduzir norma sobre a matéria, o dividendo obrigatório não poderá ser inferior a 25% do lucro líquido ajustado, consistente no lucro líquido do exercício, deduzidos os valores das importâncias destinadas à constituição de reserva legal e às reservas para contingências (art. 202, § 2º, da LSA).
REFERÊNCIAS
EIKIRIK, Nelson Larks. A Lei das S/A comentada. Editora Quartier Latin do Brasil, São Paulo, SP, 3.ed, 2021.
SACRAMONE, Marcelo Barbosa. Manual de Direito Empresarial. Editora Saraiva, Bela Vista, São Paulo, SP, 5.ed, 2024.
TAVARES, Oswaldo Hamilton. Aspectos Fundamentais e Práticos das Sociedades Anônimas. Revista de Direito do Ministério Público, Rio de Janeiro, RJ, 2.ed, 1995. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/176186. Acesso em: 15 de novembro de 2024.
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