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Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação Universidade do Estado do Rio de Janeiro Hospital Universitário Pedro Ernesto Serviço de Treinamento e Avaliação de Enfermagem Julho de 2021 PROTOCOLO DE REGISTRO DE ENFERMAGEM Autoras Cassiana Silva Rossi Mestre em Enfermagem - Faculdade de Enfermagem UERJ Enfermeira do Serviço de Treinamento e Avaliação de Enfermagem do HUPE/UERJ desde janeiro de 2020. Enfermeira do Ministério da Saúde Katia Aparecida Andrade Coutinho Mestre em Enfermagem – Faculdade Enfermagem UERJ. Especialização em Enfermagem em Estomaterapia pela Faculdade de Enfermagem - UERJ. Especialização em Enfermagem Neonatal pelo Instituto Fernandes Figueira/FIOCRUZ. Enfermeira do Serviço de Treinamento e Avaliação de Enfermagem do HUPE/UERJ desde janeiro de 2020. Lúcia Maria da Silva Enfermeira mestre - Universidade do Rio de Janeiro Especialista em Saúde Pública - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Especialista em Clínica Médica e Cirúrgica - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Enfermeira do Serviço de Treinamento e Avaliação de Enfermagem do Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde - Atenção básica Neize Lúcia de Andrade Enfermeira especialista em Pediatria e Neonatologia- Centro Universitário Celso Lisboa Especialista em Hematologia e Hemoterapia - UNESA Especialista em preceptoria no SUS- Hospital Sírio Libanês Paula Alves Silva Monteiro Enfermeira mestre - Universidade do Rio de Janeiro Especialista em Pediatria e Neonatologia - UERJ Especialista em Gestão Pública - UERJ Enfermeira do Serviço de Treinamento e Avaliação de Enfermagem do Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ Renata de Oliveira Maciel. Enfermeira mestre - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Chefe do Serviço de Treinamento e Avaliação de Enfermagem do Hospital Universitário Pedro Ernesto - UERJ Professora da Faculdade Veiga de Almeida 1 Apresentação Este protocolo trata das bases conceituais, éticas, legais e das regras para o registro de enfermagem no prontuário do paciente, no Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, bem como as implicações para a prática profissional de enfermagem. Os registros de enfermagem são de extrema importância para a qualidade da assistência para a segurança do paciente, visando o processo de comunicação claro e eficiente entre todos os profissionais envolvidos no processo de cuidado. O profissional de enfermagem necessita desenvolver competências para o preenchimento efetivo do prontuário do paciente, entendendo que essa prática faz parte doprocesso de enfermagem e tem como base as legislações que orientam a prática profissional. Os registros de enfermagem no Hospital Universitário Pedro Ernesto, estão em processo de modificação, em virtudeda implantação do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) por meio do sistema SoulMV. Desta forma progrediremos para registros legíveis e sem inconsistências jurídicas e legais, possibilitando a redução de erros, redução de custo e otimizandoo tempo de trabalho do profissional de enfermagem. 2 Sumário 3 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................5 2 OBJETIVOS......................................................................................................................6 3 BASES CONCEITUAIS....................................................................................................7 3.1 O Prontuário..............................................................................................................7 3.1.1 Finalidades do prontuário....................................................................................8 3.1.2 Composição, montagem e preenchimento do prontuário do paciente..............10 3.2 Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP)..............................................................12 3.2.1 Segurança no uso do PEP................................................................................14 3.2.2 Padronização do sistema de PEP.....................................................................15 3.2.3 Implantação do PEP no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE)...........15 4 FUNDAMENTAÇÕES E ASPECTOS CIVIS, CRIMINAIS, ÉTICOS E LEGAIS DOS REGISTROS DE ENFERMAGEM.....................................................................................16 5 CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA O REGISTRO DE ENFERMAGEM................26 5.1 Processo de enfermagem......................................................................................26 5.2 Anotação e Evolução.............................................................................................29 5.2.1 A anotação de enfermagem..............................................................................30 5.2.2 Evolução de enfermagem.................................................................................37 5.2.3 O método SOAP e a sua aplicação na evolução de enfermagem...................39 5.2.4 Exemplos de evoluções utilizando o método SOAP........................................42 4 6 REFERÊNCIAS 7 ANEXOS Lista de figuras Figura 1- Inter-relação entre conhecimento, habilidade e atitude........................6 Figura 2- Erros de alto risco na documentação...................................................8 Figura 3- Finalidade do prontuário para o paciente.............................................8 Figura 5- Finalidade do prontuário para a equipe de saúde................................9 Figura 6- Finalidade do prontuário para o hospital...............................................9 Figura 7- Componentes do prontuário...............................................................11 Figura 8- Etapas do processo de enfermagem..................................................28 Figura 9- Tipos de registro de enfermagem.......................................................28 Figura 10 - Modelo de SOAP - Caso clínico 1..................................................43 Figura 11 - Modelo de SOAP - Caso clínico 2...................................................44 Figura 12 - Modelo de SOAP - Caso clínico 3...................................................46 Figura 13 - Modelo de SOAP - Caso clínico 4...................................................47 Figura 14 - Modelo de SOAP - Caso Clínico 5...................................................48 Figura 15 - Modelo de SOAP - Caso clínico 6...................................................49 Lista de Quadros Quadro 1- Fundamentações legais para o registro de enfermagem.................17 Quadro 2 - Principais diferenças entre anotação e evolução............................29 Quadro 3- Regras para anotação de enfermagem............................................30 Quadro 4 - Anotação de admissão em clínica...................................................35 Quadro 5 - Anotação de admissão em centro cirúrgico.....................................36 Quadro 6 - Regras gerais para evolução de enfermagem.................................38 Quadro 7- Resumo explicativo do método SOAP.................................l............39 Quadro 8- Método SOAP....................................................................................41 Quadro 9- Comparativo adaptado entre SOAP e processo de enfermagem....42 5 file:///I:/STAVE%20_Compartilhado_2021/2021%20-%20CURSOS/CURSO%20REGISTRO/12-07-21%20Protocolo%20de%20registro%20de%20enfermagem%20(1).docx#_Toc76976778 file:///I:/STAVE%20_Compartilhado_2021/2021%20-%20CURSOS/CURSO%20REGISTRO/12-07-21%20Protocolo%20de%20registro%20de%20enfermagem%20(1).docx#_Toc76976777 file:///I:/STAVE%20_Compartilhado_2021/2021%20-%20CURSOS/CURSO%20REGISTRO/12-07-21%20Protocolo%20de%20registro%20de%20enfermagem%20(1).docx#_Toc76976775 1. INTRODUÇÃO Os registros de enfermagem são formas de documentarnasal e antibiótico. A enfermeira acabou de fazer o exame físicoe observou as seguintes alterações: Inspeção: Lábios pálidos e secos com grande quantidade de crostas. Nenhuma úlcera ou lesão, Dentes amarelados e ligeiramenteencrostados. Oclusão correta. Gengivas Pálidas e íntegras. Língua sem lesão. O palato posterior também tem cobertura caseosa branca, tonsilas rosa e lisas, mas não aumentadas na escala 1+/4+. Palpação: Nenhuma massa lesão ou sensibilidade. Fonte: Adaptado deJENSEN, 2013 44 Subjetivo Dor acima do cotovelo até as pontas dos dedos. A dor aumentou na admissão especialmente nos últimos 30 minutos. Objetivo Dor ao movimento Morfina menos efetiva Artéria radial direita 1+, membro pálido e frio. Enchimento capilar em 6 s. Braço esquerdo rosa, aquecido com pulso de 3+, sem dor sensibilidade preservada. Análise Perfusão tecidual reduzida para o braço direito relacionado com lesão. Dor aguda. controle inadequado da dor Plano Solicitar ao médico a avaliação do membro afetado. Aumento da prescrição de morfina. Manter braço direito elevado. Avaliar circulação, sensibilidade e movimento a cada hora. Avaliar a efetividade da nova prescrição de morfina. Figura 11 - Modelo de SOAP - Caso clínico 2 Fonte: Adaptado deJENSEN, 2013 Caso clínico3 Local – Obstetrícia 20/06/2020 (05h30min) Parturiente L.P.F, 35 anos, no dia 26/06/2020 às 05h30minh,foi admitida proveniente do pronto atendimento obstétrico em de trabalho de parto. Primeira gestação; data da última menstruação – 15/09/2019; DPP: 21/06/2020; idade gestacional – 40 semanas e 5 dias; altura uterina de 34 cm; apresentando duas contrações de média intensidade a cada 10 minutos; batimentos cardiofetais em 147 bpm; colo médio e pérvio a 3 cm, bolsa rota espontânea às 0h30min do mesmo dia com saída de líquido claro com grumos, apresentação cefálica. Boa saúde; nega alergias; hábitos intestinais e vesicais diários sem alterações. Realizou sete consultas de pré-natal em Unidade Básica de Saúde, resultado das sorologias de rotina negativas; tipagem sanguínea A, Rh positivo. Exame 45 subjetivo "Minha boca está seca." Objetivo Lábios pálidos e secos com grande quantidade de crosta. Nehuma úlcera ou lesão. Dentes amarelos ligeiramente encrostados. Oclusão correta. Gengivas pálidas e íntegras. Língua e mucosa oral com cobertura branca e caseosa que é expelida. A área sobre a língua está seca, mas macia e lisa sem lesões. O palato posterior tembém tem cobertura caseosa branca. Tonsilas rosas e lisas mas não aumentadas na escala 1+/4+. Nenhuma massa , lesões ou sensibilidade palpada. Análise Mucosa oral alterada. Risco de infecção. Plano Encorajar a ingestão de líquidos. Fornecer cuidado oral frequente. Administrar medicamento pescrito e monitorar o resultado. físico dentro dos padrões de normalidade; sinais vitais: temperatura 36ºC, pulso 88bpm, pressão arterial 145x99 mmHg. Chegou ao pré-parto deambulando, apresentando expressão facial de dor, não conseguindo permanecer deitada na cama, principalmente no momento das contrações. O trabalho de parto e parto transcorreram sem intercorrências. Às 10h40min deu à luz a RN a termo, do sexo masculino, Apgar 9, 9, 9 (1º, 5º e 10º minuto de vida), pesando 3.410g, mamou na sala de parto. Períneo íntegro, dequitação da placenta após 20 minutos. Às 11h15min foi encaminhada à sala de recuperação juntamente com o RN. Na RPA apresentou queixa de cefaléia, distúrbios visuais e epigastralgia. Sinais vitais: temperatura 36,1ºC, pulso 90 bpm e pressão arterial 175x115 mmHg. Anotação da RPA 26/06/2020, 11h15min. Primeiras horas de pós parto vaginal, comunicou cefaléia. Foi examinada e apresenta distúrbios visuais, epigastralgia e elevação da pressão arterial - 175x115 mmHg. Fonte: Fonte: Adaptado deJENSEN, 2013 Figura 12 - Modelo de SOAP - Caso clínico 3 46 Subjetivo "Dor de cabeça e mal estar" Objetivo Apresenta cefaléia. Distúrbios visuais. Dor em região epigástrica PA: 175 x 115 mg Análise Risco de perfusão tissularcerebral ineficaz. Risco de sangramento. Risco de débito cardíaco diminuído. Risco de pressão arterial instável. Plano Manter repouso no leito. Aferir pressão arterial a cada 2 horas. Avaliar queixa de dor. Observar aspecto e quantidade de perda vaginal. Realizar controle hídrico. Atentar para sinais e sintomas de crise convulsiva. Observar nível de consciência. Fonte: Adaptado deJENSEN, 2013 Caso clínico 4 Local – Clínica da família 18/07/2020 (09h45m) S.P.T, 42 anos, compareceu à unidade de saúde para acompanhamento de dor músculo esquelética relacionada à fibromialgia. Diagnosticada há 5 meses, faz uso de inibidor seletivo da recaptação de serotonina, um benzodiazepínico e analgésico para dor. Sinais Vitais: Tax 37ºC, FC 88 bpm, FR 16 irpm, PA 112/68 mmHg. Fonte:Adaptado deJENSEN, 2013 Figura 13 - Modelo de SOAP - Caso clínico 4 Fonte: Adaptado deJENSEN, 2013 47 Subjetivo Afirma que a dor está piorando ao invés de melhorar. Localizada na parte inferior das costas. Se ficar cansada e estressada a dor piora. Em repouso a dor melhora. Objetivo Acima do peso, parece mais velha do que a idade. Expressão facial cansada com círculos escuros sob os olhos. Postura ligeiramente caída na cadeira, mudando de um lado para o outro frequentemente. Afeto embotado. Tax: 37ºC, FC: 112bpm, Fr: 20 irpm Análise Dor crônica relacionada com fibromialgia. Avaliar padrão de repouso e atividade. Recomendar rotinas que promovam o sono. Caso clínico 5 Local –Ambulatório de Psiquiatria 30/02/2020 (07h35min) J.B.F, 75 anos, procura o pronto atendimento para aferição da pressão arterial. Esteve no serviço de pronto atendimento várias vezes nas últimas semanas com a mesma finalidade. Sinais Vitais: Tax 37ºC, FC 86bpm, FR 16 irpm, PA 146x82 mmHg. Em uso de complexo multivitamínico, anti-hipertensivo e antidepressivo. Fazendo comentários não apropriados como perguntar informações pessoais, nega pensamentos no momento de causar mal a ele próprio ou a outros, mas relata ter tido esses pensamentos ao chegar. Emocionalmente instável, o humor apresenta ansiedade. Ouvecochichos de algumas pessoas falando, essas vozes o assustam. As vozes dizem para ele ir embora masele sabe que se for embora não vai ser bom e que ele precisa estar aqui para melhorar. Falar com outras pessoas normalmente faz as vozes sumirem. Nega alucinação visual. Fonte:Adaptado deJENSEN, 2013 Figura 14 - Modelo de SOAP - Caso Clínico 5 48 Subjetivo “Eu tenho medo quando as vozes me dizem para ir embora. Eu sei que devo ficar aqui para estar seguro! Objetivo Alguns comentários não apropriados como perguntar informações pessoais do profissional. Nega pensamentos de causar mal a ele próprio ou a outras pessoas. Emocionalmente instável, o humor apresenta ansiedade. Ouve cochichos com várias pessoas falando. Ele afirma que pode diferenciar entre o que as vozes estão dizendo e o que é real. Falar com outras pessoas normalmente faz as vozes sumirem. Nega alucinações visuais. Um pouco distraído durante a conversação inicial mas acompanha melhor à medida que a conversação progride. Análise Risco de suicídio. Percepção sensorial auditiva alterada . Plano Continuar o tratamento involuntário. Monitorar a eficácia e os efeitos colaterais das medicações . Estimular a participação em terapias individuais e em grupo. Avaliar as tendências suicidas e alucinações a cada plantão e quando necessário. Favorecer a construção de uma relação de confiança e vínculo. Evitar fornecer informações pessoais Fonte: Adaptado deJENSEN, 2013 Caso clínico 6 Local: Enfermaria de pediatria 29/12/2020 (7h) Escolar, 4 anos, admitido na unidade de cirurgia pediátrica, proveniente da residência, para ser submetido à cirurgia de postectomia, deambulando, acompanhado pela mãe. Mãe refere que criança está em jejum desde às21h do dia anterior. Escolar refere estarcom fome e sede e não querer ficar na enfermaria. Ao exame físico, encontra-se, choroso, solicitando colo da mãe; orientado, corado, hidratado, BNF em 2T, ausculta pulmonar MVUA sem RA, abdome plano e flácido, indolor à palpação superficial, ruídos hidroaéreos presentes, pênis apresentado excesso de pele do prepúcio, evacuação ausente há um dia. Membros superiores e inferiores sem anormalidade. Sinais vitais, Tax: 36ºC, Fc: 74 bpm, Fr: 22irpm, PA: 90x 60 mmHg. Após uma hora foi encaminhado ao centro cirúrgico em companhia da mãe para cirurgia de postectomia. No pós-operatório foi avaliado pela enfermeira que observou: Escolar, corado, hidratado, acordado, irritado e choroso. Mãe refere que criança está chorando pois está com fome, sede e dor. Ausculta cardíaca com BNF em 2T, ausculta pulmonar MVUA sem RA. Sinais vitais: Tax: 36,2º C, Fc: 84 bpm, Fr: 27 irpm. Hidratação venosa fluindo em acesso periférico no dorso da mão esquerda que apresenta sinais de infiltração. Abdome plano e flácido, indolor à palpação superficial, ruídos hidroaéreos presentes. Curativo em região peniana externamente limpo e seco. MMII sem alterações. Retirado o acesso venosoe colocado no colo da mãe acomodada na cadeira de acompanhante. Após 30 minutos aplicada a escala de faces para determinar a intensidade da dor, apontando paraa face que representa “dor ligeira”. Suspenso a hidratação venosa pelo plantonista médico e liberada a dieta. Fonte: As autoras, 2021 49 Figura 15 - Modelo de SOAP - Caso clínico 6 Fonte: As autoras, 2021 50 Subjetivo "Mãe refere que escolar está com dor e fome." Objetivo Choroso , irritado e com face de dor, apresentando reflexo de defesa do MSE. Edema em dorso da mão esquerda, com perda do acesso venoso periférico. Análise Medo. Dor aguda. Risco de volume de líquido deficiente. Plano Estar atento a forma de comunicação verbal e não verbal. Fornecer informações conforme necessidades percebidas/expressas pela criança ou mãe. Avaliar: local, intensidade da dor com escala de faces. Aplicar compressa morna em dorso da mão esquerda. 6. REFERÊNCIAS BARROS, A. L. B. L. de. Anamnese e Exame Físico. Avaliaçãodiagnóstica de enfermagem no adulto. 3ª dição. 2015. Disponível em: Books.google.com. Acesso em: 18/08/2020. BARROS, A. L. B. L. deet al. Processo de enfermagem: guia para a prática/ Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo - São Paulo: COREN-SP, 2015. 113 p BARROS, A. L. B. L. de, LOPES, J.de L., MORAES, S. C. R. V. Procedimentos de enfermagem para a prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 529, DE 1º DE ABRIL DE 2013 Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) Disponível em:https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.ht ml . Acesso em: 29/07/2020. _______________________. RESOLUÇÃO - RDC Nº 36, DE 25 DE JULHO DE 2013 - Institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras providências. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0036_25_07_2013.htm l . Acesso em: 28/07/2020. COLICCHIO, T. K. Introdução a Informática em saúde: Fundamentos, aplicações e lições aprendidas com a informatização do sistema de saúde americano [recurso eletrônico] – Porto Alegre: Artmed – 2020 CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. LEI N 7.498/86. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de- 1986_4161.html. Acesso em: 19/08/2020. ____________________________________.DECRETO N 94.406/87. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras providências. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html. Acesso em 19/08/2020. ___________________________________. Resolução COFEN 358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen- 3582009_4384.html . Acesso em: 31/07/2020. ___________________________________.Resolução COFEN 429/2012. Dispõe sobre o registro das ações profissionais no prontuário do paciente, e em outros documentos próprios da enfermagem, independente do meio de suporte- tradicional ou eletrônico. Brasília: COFEN, 2012. 51 http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0036_25_07_2013.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0036_25_07_2013.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html ___________________________________. Resolução COFEN 514/2016. A prova o Guia de Recomendações para os Registros de Enfermagem no Prontuário do Paciente, com a finalidade de nortear os profissionais enfermagem. Brasília: COFEN, 2016. ___________________________________. Resolução COFEN Nº 564/2017.Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no- 5642017_59145.html. Acesso em: 28/07/2020. __________________________________. Resolução COFEN Nº 0545/2017. Normas para a anotação e o uso do número de inscrição, ou autorização, nos Conselhos Regionais de Enfermagem. Unidade da Federação onde está sediado o Conselho Regional, seguida do número de inscrição, separados todos os elementos por hífen. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no- 05452017_52030.html. Acesso em: 18/08/2020. ___________________________________. Despacho Assessoria Legislativa- ASSLEGIS/COFEN Nº 015/2018. Versando sobre divergência entre a Resolução Cofen nº 545/2017, que dispõe sobre anotação de Enfermagem e mudança nas siglas das categorias profissionais, e o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, aprovado pela Resolução Cofen nº 564/2017. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/despacho-asslegis-cofen-no-015- 2018_63483.html . Acesso em: 31/08/2020. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução CFM Nº 1.638/2002. Define prontuário médico e torna obrigatória a criação da Comissão de Revisão de Prontuários nas instituições de saúde. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2002/1638. Acesso em: 31/08/2020. CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. Parecer COREN SP Nº 013/2010. Redação das anotações e evoluções de enfermagem. Disponível em: https://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/files/parecer_coren_sp_2010_13.pdf acesso em 18/08/2020 _______________________________________________________.Parecer COREN-SP 017/2014 – CT. Ementa: Validade Legal dos livros de intercorrências e passagem de plantão. Disponível em: https://portal.coren- sp.gov.br/wp-content/uploads/2014/06/parecer_coren_sp_2014_017.pdf. Acesso em: 06/08/2020. _______________________________________________________. Parecer COREN-SP056/2013 – CT.Utilização do método SOAP (Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano) no Processo de Enfermagem. Disponível em: https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2013/09/parecer_coren_sp_20 13_056.pdf. Acesso em: 31/08/2020. 52 https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2013/09/parecer_coren_sp_2013_056.pdf. https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2013/09/parecer_coren_sp_2013_056.pdf. https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2014/06/parecer_coren_sp_2014_017.pdf https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2014/06/parecer_coren_sp_2014_017.pdfhttp://www.cofen.gov.br/despacho-asslegis-cofen-no-015-2018_63483.html http://www.cofen.gov.br/despacho-asslegis-cofen-no-015-2018_63483.html http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05452017_52030.html http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05452017_52030.html http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html DEMARZO, M. M. P. et al. Gestão da prática clínica dos profissionais na Atenção Primária à Saúde:Módulo Político Gestor. Unidade 10. UNIFESP. Disponívelem: https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/ Unidade_10.pdf. Acesso em: 26/08/2020. HOUAISS,A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa.4ª edição. Ed. Objetiva – moderna, 2010. HORTA, W.A.; CASTELLANOS, B. E. P.Processo de enfermagem. São Paulo: EPU, 1979. JENSEN, S.. Semiologia na prática clínica. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. (tradução) NISHIO, E. A. e FRANCO, M. T. G. Modelo de gestão em enfermagem. Qualidade Assistencial e segurança do paciente. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011. POSSARI, J. F. Prontuário do Paciente e Registros de Enfermagem; 2. ed. São Paulo: látria; 2005. SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE FLORIANÓPOLIS. Protocolo de enfermagem volume 1: hipertensão, diabetes e outros fatores associados a doenças cardiovasculares. Florianópolis, Setembro de 2016. Versão 1.4. Disponível em:http://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/14_09_2017_15.18.48.612d3 0e73975e107e02e50a2fb61b391. SCHULZ, R. 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Mai/Dez–2011. 53 http://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/14_09_2017_15.18.48.612d30e73975e107e02e50a2fb61b391 http://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/14_09_2017_15.18.48.612d30e73975e107e02e50a2fb61b391 https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidade_10.pdf https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidade_10.pdf Carta dos direitos dos usuários da saúde Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) Art. 5º Constituem-se estratégias de implementação do PNSP: VI - promoção da cultura de segurança com ênfase no aprendizado e aprimoramento organizacional, engajamento dos profissionais e dos pacientes na prevenção de incidentes, com ênfase em sistemas seguros, evitando-se os processos de responsabilização individual; XV - comunicação efetiva entre profissionais do serviço de saúde e entre serviços de saúde; Dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a implementação do Processo de enfermagem em ambientes, público ou privado, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem e dá outras providências Redação das anotações e evoluções de enfermagem Dispõe sobre o registro das ações profissionais no prontuário do paciente, e em outros documentos próprios da enfermagem, independente do meio de suporte tradicional ou eletrônico *Cabe a leitura do documento na íntegra. Validade Legal dos livros de intercorrências e passagem de plantão. Conclusão Os livros adotados para passagem de plantão e de intercorrências, devem constar do manual de organização do serviço de enfermagem, e serão considerados como prova em julgamento criminal e/ou ético, em caso de iatrogenia e outros, sendo agravada a situação, se este mesmo dado, não estiver como parte dos registros de enfermagem no prontuário do paciente, o que caracteriza desobediência às legislações pertinentes aos profissionais de enfermagem e pacientes. Fonte: As autoras, 2020 DEMARZO, M. M. P. et al. Gestão da prática clínica dos profissionais na Atenção Primária à Saúde:Módulo Político Gestor. Unidade 10. UNIFESP. Disponívelem: https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidade_10.pdf. Acesso em: 26/08/2020.o cuidado de enfermagem prestado ao paciente e desta forma precisam ser escritos retratando a realidade. Refletem de forma documental, a base ética e legal do exercício profissional de enfermagem, servindo de canal de comunicação efetiva entre os profissionais de saúde que prestam assistência ao paciente. Segundo o dicionário da Língua Portuguesa (Houaiss, 2010), o verbo registrar significa, escrever em livro apropriado para validar certos atos e o substantivo registro significa ação de registrar ou o seu efeito. É imprescindível ressaltar que todo registro de enfermagem feito no prontuário do cliente que estiver dentro das premissas da legalidade e da validade documental, servem de base de defesa do exercício profissional de enfermagem em processos judiciais e éticos. Neste sentido, os registros possuem as seguintes finalidades: Proporcionar a comunicação efetiva, compartilhando as informações sobre os cuidados de enfermagem entre os profissionais de enfermagem e aequipe de saúde que participam da assistência ao paciente. Servir de documento legal para o profissional de enfermagem, bem como para o cliente, no que se refere à assistência prestada no âmbito ambulatorial e hospitalar. Assegurar informações e fonte de dados para a avaliação da qualidade da assistência prestada, para o ensino, pesquisa, auditoria, sindicâncias, processos administrativos disciplinares e processos judiciais. Fornecer dados para o processo de faturamento e cobrança de procedimentos na esfera pública ou privada. 6 Os registros de enfermagem fornecem dados de grande relevância para compor o prontuário do cliente. Devem estar organizados de forma sistematizada e criteriosaafim de possibilitar a comunicação eficaz entre a equipe multidisciplinar relacionada aos fatos essenciais decorrentes do processo saúde doença, facilitando o planejamento e a continuidade da assistência individualizada e qualificada. Segundo Possari (2005) e Jensen (2013), registrar é, além de documentar, a forma de comunicação mais importante na enfermagem. A eficácia dos registros de enfermagem não depende exclusivamente dos instrumentos existentes, está ligada a treinamentos adequados, supervisão do pessoal e às instruções para o uso. Os registros devem ser concisos, precisos, completos, organizados e oportunos. 2. OBJETIVOS Nesse entendimento este protocolo tem os seguintes objetivos: 1. Desenvolver nos profissionais de enfermagem a inter-relação entre o conhecimento, habilidade e atitudes que promovam as competências apropriadas para o registro baseado na verdade, ética e na legalidade do exercício profissional. 2. Estabelecer critérios para o registro de enfermagem no prontuário do paciente por profissionais de enfermagem do Hospital Universitário Pedro Ernesto, fundamentados pela legislação. Figura 1- Inter-relação entre conhecimento, habilidade e atitude. 7 Fonte: Universidade Privada Bolivianahttp://innovacioneducativa.upb.edu/ 3. BASES CONCEITUAIS 3.1.O Prontuário De acordo com Possari (2005), na enfermagem, o prontuário teve início com a precursora da enfermagem moderna, FLORENCE NIGHTINGALE, que relatava que a documentação das informações pertencentes aos pacientes era de fundamental importância para a continuidade dos cuidados prestados, principalmente no que se referia à assistência de enfermagem. O prontuário do paciente em suporte eletrônico ou em papel tem vários propósitos: facilitar o registro de observações clínicas, fornecer o acesso às observações anteriores documentadas, facilitar a comunicação entre profissionais envolvidos na assistência ao paciente e fornecer instruções e justificativas para intervenções clínicas. Jensen (2013) refere que o prontuário do cliente pode ser usado em tribunais civis ou criminais para fornecer evidências de erros, pois constitui o único documento que relata todas as ações da enfermagem junto ao paciente. Implicações éticas e/ou cíveis e/ou criminais podem advir de uma ação incorreta do profissional. Os registros em prontuário ajudam a assegurar os direitos tanto dos clientes como dos profissionais de saúde que precisam demonstrar que 8 respeitam os padrões de atenção à saúde e que não agiram com negligência, imprudência e imperícia. A realização ou omissão de atos, a má anotação ou não anotação de um fato pode ser feita conscientemente, por livre e espontânea vontade (dolosamente) ou por outro nível causal que envolve negligência, imprudência e imperícia: Imperícia: deriva do latim imperitiade, imperitus (ignorante, inábil, inexperiente). Entende-se como falta de prática ou ausência de conhecimento ou habilidade, que se mostram necessários ao exercício de uma profissão. Negligência: deriva do latim negligentia (desleixo, descuido). É uma falta de diligência, incúria, preguiça, indolência ou conformismo, com uma falta de desatenção, um profundo menosprezo. Imprudência: deriva do latim imprudentia (inconveniência). É a atitude precipitada do agente, que age com afoiteza sem cautelas, não usando de seus poderes inibidores, criação desnecessária de perigos. O ato de registrar em prontuário do cliente, seja por meio tradicional ou eletrônico, permite que as informações pertinentes estejam disponíveis a todos os profissionais envolvidos na assistência. Nesse entendimento, torna-se imprescindível que o profissional de enfermagem tenha conhecimento dos erros de alto risco na documentação, evitando falhas que levem a má qualidade doregistro. Figura 2- Erros de alto risco na documentação Fonte: Adaptado de Craven, R. C. e Himle, C. J. (2009)in Jensen (2013). 9 Falsificação dos prontuários Falha em registrar alterações na condição do cliente Falha em documentar a notificação ao médico de alterações na condição do cliente Realização de admissão inadequada Falha em documentar os fatos completamente Falha em seguir padrões recomendados de registro Registrar antecipadamente 3.1.1 Finalidades do prontuário (POSSARI, 2005) Fonte: as autoras, 2020 Figura 4- Finalidade do Prontuário para o ensino e pesquisa F onte: as autoras, 2020 Fonte: as autoras, 2020. 10 Diagnóstico Comunicação multiprofissional Continuidade da assistencia Redução do tempo de internação Dispensa exames complementares Agilidade no tratamento Atendimento adequado Instrumento de defesa Defesa contra acusações Define padrão de atendimento prestado Conhecimento exato do tratamento realizado Dispensa repetição de exames complementares Agilidade no tratamento Maior lucro para o hospital Menor tempo de permanencia hospitalar Maior rotatividade de pacientes Intercomunicação Integração da equipe multidisciplinar Identificação de novos problemas Novas condutas Novos diagnósticos Permite avaliação da continuidade da assistência Permite verifificação do estado evolutivo dos cuidados Figura 3- Finalidade do prontuário para o paciente Figura 5- Finalidade do prontuário para a equipe de saúde Fonte: as autoras, 2020. 3.1.2. Composição, montagem e preenchimento do prontuário do paciente A RESOLUÇÃO CFM nº 1.638/2002 do Conselho Federal de Medicina, refere-se aos itens obrigatórios do prontuário do paciente, confeccionado em suporte eletrônico ou papel. São eles: Identificação do paciente: nome completo, data de nascimento (dia, mês e ano com quatro dígitos), sexo, nome da mãe,naturalidade(indicandoo município e o estado de nascimento), endereço completo (nome da via pública, número, complemento, bairro/distrito, município, estado e CEP); Anamnese, exame físico, exames complementares solicitados e seus respectivos resultados, hipóteses diagnósticas, diagnóstico definitivo e tratamento efetuado; Evolução diária do paciente, com data e hora, discriminação de todos os procedimentos aos quais o mesmo foi submetido e identificação dos profissionais que os realizaram, assinados eletronicamente quando elaborados e/ou armazenados em meio eletrônico; Nos prontuários em suporte de papel é obrigatória a legibilidade da letra do profissional que atendeu o paciente, bem como a identificação dos profissionais prestadores do atendimento. São também obrigatórios a assinatura e o respectivo número do CRM; Nos casos emergenciais, nos quais seja impossível a coleta de história clínica do paciente, deverá constar relato médico completo de todos os procedimentos realizados e que tenham possibilitado o diagnóstico e/ou a remoção para outra unidade. Além disto, a resolução informa que as instituições podem desenvolver formulários específicos, de acordo com a área de atuação e com as políticas que orientam a prática da documentação. 11 Figura 6- Finalidade do prontuário para o hospital Figura 7- Componentes do prontuário Fonte: POSSARI (2005) e JENSEN (2013) O que se observa na prática é que o conteúdo do prontuário dos pacientes difere de instituição para instituição, dependendo da quantidade de informações necessárias para diversos fins. A documentação que consta em um prontuário deve ser organizada por ordem cronológica crescente dos registros e o prontuário deve ser aberto no momento do primeiro atendimento do paciente no hospital (POSSARI, 2005). Alguns pontos devem ser evitados na manipulação ou preenchimento de prontuários visando à qualidade e autenticidade dos mesmos: Escrever a lápis; Escreve a caneta com tinta muito clara ou falhando; Usar corretor, fitas ou esparadrapos; Deixar espaços e folhas em branco; Fazer anotações que não se referem ao paciente; Conter rasuras (palavra(s) riscada(s) ou raspada(s) de modo que sua leitura seja impossível); 12 Capa Folha de identificação Admissão do paciente Histórico e exame físico Prescrição do médico responsável Prescrição de enfermagem Folhas de fluxo documentando sinais vitais , ingesta e débito e avaliações rotineiras Folhas de avaliação focalizada (ex.reavaliação neurológica, ou pós operatório) Registro de administração de medicamentos Resultado de exames laboratoriais e diagnósticos Evolução Consultas Resumo de alta e transferência Termo de responsabilidade Outros dcumentos apropriados a casos específicos( ex. folha de anestesia, boletim operatório, evolução obstetrica... Conter manchas (provocadas por medicamentos, água, sangue, outros produtos); Repetição de informações e impressos; Ambiguidade. Estudos mostram a necessidade de que todas as práticas de saúde migrem para processos automatizados em substituição a toda movimentação manual em registros de papel, o que representa uma melhoria da gestão em serviços de saúde. 3.2. PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE (PEP) O Prontuário eletrônico do paciente (PEP)é um sistema interno do serviço de saúde que automatiza e integra a coleta e o fluxo de dados e documentos gerados a partir do encontro de profissionais de saúde com os pacientes. Refere-se a um registro legal, criado e mantido por um serviço de saúde, contendo informações que podem ser utilizadas por outros profissionais da instituição para fins administrativos e assistenciais (NISHIO, 2011). Segundo Possari (2005), prontuário eletrônico é um registro online do paciente, que pode ser compartilhado por vários usuários dentro do hospital. Reúne um conjunto de documentos pertencentes a um paciente, cuja principal finalidade é facilitar a assistência prestada, documentando a história dos exames, diagnósticos e tratamentos dispensados. As informações são vitais para garantir a continuidade da assistência prestada durante o período de hospitalização ou ao longo das consultas médicas ambulatoriais.É também meio de comunicação entre os profissionais da equipe de saúde envolvida no atendimento ao paciente. Principais benefícios do prontuário eletrônico: Aumento da qualidade do prontuário; Melhora da qualidade e da completude da coleta de informações; Formato de armazenamento; Interligação entre informações vindas de diferentes fontes; Velocidade no acesso às informações; Redução de erros; 13 Acesso rápido de problemas de saúde e intervenções atuais; Acesso a conhecimentos científicos; Melhoria do processo de tomada de decisões; Melhoria de efetividade do cuidado; Redução de custos e otimização dos recursos; Redução de até 90% do uso de papel. Colicchio (2020) e Possari (2005) destacam as principais diferenças entre o prontuário em papel e o prontuário eletrônico. Comparado com o prontuário em papel, que é limitado pela sua apresentação em uma única cópia física, o prontuário eletrônico do paciente é mais flexível e mais adaptável às necessidades dos profissionais de saúde, oferecendo vantagens muito mais significativas e inatingíveis ao prontuário de papel. O PEP é legível, tem a capacidade de coletar dados em um formato e apresentá-los em outros formatos de acordo com a necessidade de seus usuários finais. Exemplo: dados registrados, por um profissional, em formato numérico (registro da temperatura do paciente pela enfermagem) podem ser apresentados em outros formatos a outros profissionais (gráfico de variação da temperatura ao longo de um período). Pode incorporar dados de multimídia não disponíveis em prontuário de papel, como estudos de imagens extensas (ressonâncias magnéticas, tomografias entre outras), sistemas automatizados de alerta e apoio a decisão; acesso simultâneo, ou seja, o mesmo prontuário pode ser acessado em vários locais e partes do mundo, auditorias podem ser feitas,favorecendo a segurança dos dados (caracterizadas pela confidencialidade, integridade e disponibilidade), entre outras diferenças em relação ao prontuário em papel. Temos como desvantagens, o custo de implantação do PEP, que poderá ser um fator negativo relevante, porque envolve não apenas a aquisição do direito do uso do sistema, mas também, a aquisição de uma complexa infraestrutura de equipamentos e licenças de softwares complementares necessários para o funcionamento do PEP. Outro custo relevante é o da alocação de profissionais técnicos especialistas no produto adquirido para dar suporte durante a configuração, instalação, implantação e manutenção do PEP e 14 o mais importante, o treinamento dos diversos profissionais que serão usuários do sistema. A substituição do prontuário em papel pelo PEP gera mudanças de ordem cultural. Profissionais médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros, enfrentam dificuldades para se adaptarem a ¨nova forma de trabalho¨ introduzidas pelo PEP. Vários fatores influenciam nesse processo de adaptação, tais como: Dificuldades com o uso de computadores no que se refere à digitação; Uso das ferramentas do computador ou com relação ao software propriamente dito; Sistemas ou equipamentos confusos; Dificuldades para realizar uma completa coleta de dados; Falta de treinamentos adequados, entre outras. O PEP é uma importante ferramenta tecnológica, indispensável às instituições e aos profissionais de saúde do século XXI, em especial à equipe de enfermagem. Segundo o COFEN (2016)os registros de enfermagem consistem no mais importante instrumento de avaliação da qualidade de atuação da enfermagem, representando 50% das informações inerentes ao cuidado do paciente registradas no prontuário. 3.2.1 Segurança no uso do PEP A segurança das informações contidas nos prontuários é caracterizada pela preservação dos seguintesprincípios: Confidencialidade: Garantia de que a informação é acessível somente por pessoas autorizadas a terem acesso; Integridade: salvaguarda da exatidão e completude da informação e dos métodos de processamento; Disponibilidade: garantia de que os usuários autorizados obtenham acesso à informação e aos ativos correspondentes sempre que necessário. 15 3.2.2 – Padronização do sistema de PEP A padronização e estruturação são importantes para que a equipe de enfermagem não submeta os dados a interpretações pessoais que variam de profissional para profissional. Vantagens: Maior facilidade na obtenção de informação para estudos epidemiológicos e definição de políticas de saúde; Habilidade para executar análise custo benefício de investimentos na área de saúde; Comparação e análise de desempenho institucional; Melhoria da comunicação entre prestadores e fontes pagadoras. 3.2.3 –Implantação do PEP no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) O processo de implantação do PEP, no HUPE, iniciou no ano de 2015, através da plataforma de gestão hospitalar SoulMV. O PEP é a uma poderosa ferramenta dotada de diversos recursos que é utilizada pela equipe de saúde para fazer os registros de toda a assistência prestada. Tem como finalidadea otimização do trabalho, a redução de custos na assistência, o aumento da qualidade e da segurança no atendimento aos pacientes, redução do erro, redução do uso de papel e criação de bancos de dados de pesquisa com indicadores. Com o PEP, o processo de enfermagem, bem como todo o histórico dos pacientes ficamdefinitivamente registrados em todas as internações, sendo possível resgatar toda a história antecedente de cada paciente. Pontos importantes (BARROS et al, 2015): O PEP é uma realidade cada vez mais presente nas instituições hospitalares e outras unidades de cuidado e já existe legislação específica para isso. 16 Os registros eletrônicos de enfermagem devem assinatura digital, ou serem impressos para registro da identificação profissional e assinatura pelo profissional que os realizou. Quando se usa o PEP, todas as etapas do Processo de Enfermagem (PE) devem estar contempladas no registro eletrônico, a saber: coleta de dados, diagnósticos de enfermagem, intervenções de enfermagem e resultados alcançados. No entanto, em algumas instituições, nas quais o PEP não está plenamente implantado, apenas algumas etapas são registradas de forma eletrônica, neste caso, é preciso que as demais etapas sejam registradas em papel. A capacitação para o uso do PE deve envolver toda a equipe de enfermagem e não apenas o enfermeiro, por ser responsabilidade de todos sua operacionalização. As condições do ambiente, os objetivos da assistência na unidade de cuidado, bem como os recursos humanos e materiais disponíveis devem ser considerados tanto na operacionalização do Processo de Enfermagem quanto na sua avaliação. 4. ASPECTOS CIVIS, CRIMINAIS, ÉTICOS E LEGAIS DOS REGISTROS DE ENFERMAGEM O profissional de enfermagem precisa conhecer e desenvolver competências para que ele possa registrar a sua prática profissional no prontuário do paciente, entendendo que este ato faz parte do processo de enfermagem e contribui para a melhoria da qualidade da assistência, além de promover o trabalho e o desenvolvimento da profissão. Vale ressaltar que o registro é de inteira responsabilidade do profissional e desta forma, deve assumir sua total responsabilidade, que pode ocorrer no âmbito ético, legal, administrativo, cível e criminal(COFEN, 2016). Toda documentação de enfermagem, para ser considerada autêntica e válida, deverá estar legalmente constituída, ou seja, possuir assinatura do autor do registro (Artigo 368 do Código do Processo Civil- CPC), ser legível, objetiva, clara, sucintae ter a inexistência de rasuras, entrelinhas, emenda, borrão ou cancelamento, características que poderão gerar a desconsideração jurídica do documento(COFEN, 2016). 17 No quadro abaixo estão destacadas as legislações civis e leis do exercício profissional de enfermagem utilizadas pelas entidades de classe de enfermagem, bem como pela sociedade para respaldar e servir como bases legais e éticas para os registros de enfermagem. Quadro 1- Fundamentações legais para o registro de enfermagem LEGISLAÇÕES PENAIS E CIVIS Tipo Título Ano Trecho Lei nº 2848 Código Penal Brasileiro 1940 “Art. 18 Diz-se o crime: II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”. Lei Constituição da República Federativa do Brasil 1988 Art. 5º - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Lei 8.078/90 Código de Defesa do Consumidor 1990 “Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; (...) Art. 43 O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. § 1º – Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos” Lei 10.406 Código Civil Brasileiro 2002 “Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927 Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Art. 951 O disposto nos arts. 948, 949 18 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho”. Portaria MS nº 1.820 Carta dos direitos dos usuários da saúde 2009 Art. 3º III – Acesso a qualquer momento, do paciente ou terceiro por ele autorizado, a seu prontuário e aos dados nele registrados, bem como ter garantido o encaminhamento de cópia a outra unidade de saúde, em caso de transferência. IV – Registro atualizado e legível no prontuário, das seguintes informações: a) motivo do atendimento e/ou internação, dados de observação clínica, evolução clínica, prescrição terapêutica, avaliações da equipe: b) dados de observação e da evolução clínica; c) prescrição terapêutica; d) avaliações dos profissionais da equipe; e) procedimentos e cuidados de enfermagem; f) quando for o caso, procedimentos cirúrgicos e anestésicos, odontológicos, resultados de exames complementares laboratoriais e radiológico; g) quantidade de sangue recebida e dados que garantam a qualidade do sangue, como origem, sorologias efetuadas e prazo de validade; h) identificação do responsável pelas anotações; i) outras informações que se fizerem necessárias. SEGURANÇA DO PACIENTE Tipo Título Ano Trecho PORTARIA Nº 529 Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) 2013 Art. 5º Constituem-se estratégias de implementação do PNSP: VI - promoção da cultura de segurança com ênfase no aprendizado e aprimoramento organizacional, 19 engajamento dos profissionais e dos pacientes na prevenção de incidentes, com ênfase em sistemas seguros, evitando-se os processos de responsabilização individual; RDC Nº 36 Institui ações para a segurança dopaciente em serviços de saúde e dá outras providências 2013 Art. 8º O Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde (PSP), elaborado pelo NSP, deve estabelecer estratégias e ações de gestão de risco, conforme as atividades desenvolvidas pelo serviço de saúde para: XV - comunicação efetiva entre profissionais do serviço de saúde e entre serviços de saúde; Lei 13.105 Código de Processo Civil 2015 Art. 410. Considera-se autor do documento particular: I - Aquele que o fez e o assinou; II - Aquele por conta de quem ele foi feito, estando assinado; III - Aquele que, mandando compô-lo, não o firmou porque, conforme a experiência comum, não se costuma assinar, como livros empresariais e assentos domésticos. Art. 426. O juiz apreciará fundamentadamente a fé que deva merecer o documento, quando em ponto substancial e sem ressalva contiver entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento. Art. 427. Cessa a fé do documento público ou particular sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade. Parágrafo único. A falsidade consiste em: I - formar documento não verdadeiro; II - alterar documento verdadeiro. Art. 428. Cessa a fé do documento particular quando: 20 I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não se comprovar sua veracidade; II - assinado em branco, for impugnado seu conteúdo, por preenchimento abusivo. Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele que recebeu documento assinado com texto não escrito no todo ou em parte formá-lo ou completá-lo por si ou por meio de outrem, violando o pacto feito com o signatário. Art. 429. Incumbe o ônus da prova quando: I - se tratar de falsidade de documento ou de preenchimento abusivo, à parte que a arguir; II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que produziu o documento. Art. 439. A utilização de documentos eletrônicos no processo convencional dependerá de sua conversão à forma impressa e da verificação de sua autenticidade, na forma da lei. Art. 440. O juiz apreciará o valor probante do documento eletrônico não convertido, assegurado às partes o acesso ao seu teor. Art. 441. Serão admitidos documentos eletrônicos produzidos e conservados com a observância da legislação específica. LEGISLAÇÕES DE ENFERMAGEM Tipo Título Ano Trecho Lei nº 7.498/86 Regulamentação do exercício profissional da Enfermagem 1986 Art. 11 o enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem I-privativamente: c) planejamento, organização, execução e avaliação dos serviços de 21 assistência de enfermagem; Decreto 94406 Regulamenta a Lei nº 7.498/86 1987 “Art. 11 O auxiliar de enfermagem executa as atividades auxiliares, de nível médio atribuídas à equipe de enfermagem, cabendo-lhe: (...) II – Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de sua qualificação; Art. 14 Incumbe a todo pessoal de enfermagem: (“...) II – quando for o caso, anotar no prontuário do paciente as atividades da assistência de enfermagem, para fins estatísticos.” Resolução Cofen nº 358/2009 Dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a implementação do Processo de enfermagem em ambientes, público ou privado, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem e dá outras providências 2009 Art. 1 O Processo de Enfermagem deve ser realizado, de modo deliberado e sistemático, em todos os ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem. Art. 2º dessa Resolução destacam-se as cinco (5) etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes, a saber: I – Coleta de dados de enfermagem (Histórico de enfermagem); II – Diagnóstico de enfermagem; III – Planejamento de Enfermagem; IV – Implementação; V – Avaliação de Enfermagem. Parecer Coren SP Nº 013/2010 Redação das anotações e evoluções de enfermagem 2010 Conclusão: Diante do exposto, para os registros de enfermagem, deve–se utilizar terminologia direta, concisa e redigida em linguagem comum aos elementos da equipe. Não há recomendações quanto à utilização de verbos conjugados na primeira pessoa. Resolução Cofen Nº 429/12 Dispõe sobre o registro das ações profissionais no prontuário do paciente, e em 2012 *Cabe a leitura do documento na íntegra. 22 outros documentos próprios da enfermagem, independente do meio de suporte tradicional ou eletrônico Parecer Coren SP 056/2013 Ementa: Utilização do método SOAP (Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano) no Processo de Enfermagem. 2013 Da Conclusão: Diante do exposto, consideramos que o método SOAP baseia-se num suporte teórico que orienta a coleta de dados, o estabelecimento de diagnósticos de enfermagem, o planejamento das ações ou intervenções e fornece dados para a avaliação dos resultados de enfermagem, assim sendo, contempla o Processo de Enfermagem e pode ser utilizado para registro no prontuário. Parecer Coren- SP 017/2014 Validade Legal dos livros de intercorrências e passagem de plantão. 2014 Conclusão Os livros adotados para passagem de plantão e de intercorrências, devem constar do manual de organização do serviço de enfermagem, e serão considerados como prova em julgamento criminal e/ou ético, em caso de iatrogenia e outros, sendo agravada a situação, se este mesmo dado, não estiver como parte dos registros de enfermagem no prontuário do paciente, o que caracteriza desobediência às legislações pertinentes aos profissionais de enfermagem e pacientes. Resolução Cofen Nº 514/16 Aprova o guia de recomendações para o registro de 2016 Art. 1º Aprovar o Guia de Recomendações para registros de enfermagem no prontuário do 23 enfermagem no prontuário do paciente e outros documentos de enfermagem paciente, disponível para consulta no sítio eletrônico do Conselho Federal de Enfermagem Art. 2º Cabe aos Conselhos Regionais de Enfermagem adotar as medidas necessárias para divulgar/acompanhar e dirimir dúvidas dos profissionais da enfermagem; Resolução Cofen Nº 564/2017 Novo código de ética 2017 Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis, número e categoria de inscrição no Conselho Regional de Enfermagem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no exercício profissional. § 1º É facultado o uso do carimbo, com nome completo, número e categoria de inscrição no COREN, devendo constar a assinatura ou rubrica do profissional. § 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura deverá ser certificada, conforme legislação vigente. Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documentos as informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar de forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e sem rasuras. Art. 37 Documentar formalmente as etapas do processo de Enfermagem, em consonância com sua competência legal. Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, completas e fidedignas, necessárias à continuidade da assistência e segurança do paciente. Proibições 24 Art. 87 Registrar informações incompletas, imprecisas ou inverídicas sobre a assistência de Enfermagem prestada à pessoa, família ou coletividade. Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem que não executou, bem como permitir que suas ações sejam assinadas por outro profissional. Resolução Cofen 545/2017 Dispõe sobre anotação de Enfermagem e mudança nas siglas das categorias profissionais 2017 Art. 2º A anotação do número de inscrição dos profissionais de Enfermagem é feita com a sigla do Coren, acompanhada da sigla da Unidade da Federação onde está sediado o Conselho Regional, seguida do número de inscrição, separadostodos os elementos por hífen. § 1º Os dados contidos no artigo segundo deverão constar do carimbo do profissional, pessoal e intransferível; § 2º Em ambos os casos descritos no parágrafo anterior, o profissional deverá apor sua assinatura sobre os dados descritos ou rubrica. Art. 3º As categorias profissionais de enfermagem deverão ser indicadas pelas seguintes siglas: a) ENF, para Enfermeiro; b) OBST, para Obstetriz; c) TE, para Técnico de Enfermagem; d) AE, para Auxiliar de Enfermagem, e) PAR, para Parteira. Art. 5º É obrigatório o uso do carimbo, pelo profissional de Enfermagem nos seguintes casos: III – em todo documento firmado, quando do exercício profissional, em cumprimento ao Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Despacho 015/2018 Trata da divergência entre a Resolução Cofen nº 545/2017, 2018 CONCLUSÃO: Assim, considerando que a Resolução 545/2017 é norma especial e que o 25 que dispõe sobre anotação de Enfermagem e mudança nas siglas das categorias profissionais, e o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, aprovado pela Resolução Cofen nº 564/2017. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (Res 564/2017) é norma geral, entendemos que deva prevalecer aquela sobre este, mantendo-se a obrigatoriedade de aposição do carimbo nos trabalhos técnicos desempenhados pelos profissionais da Enfermagem. Fonte: As autoras, 2020 5. CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA O REGISTRO DEENFERMAGEM 5.1. Processo de enfermagem A terminologia processo de enfermagem vem sendo utilizada há anos como ferramenta na sistematização da assistência de enfermagem na prestação do cuidado ao paciente e seus familiares, buscando a individualização da assistência. Ao longo de décadas, vários autores estudam o processo de enfermagem, que vem sendo delineado de diversas formas, chamadas de etapas ou fases, porém mantendo elementos comuns que são: I- Histórico de enfermagem ou avaliação inicial; II- Diagnóstico de enfermagem; III- Planejamento; IV- Implementação; V- Evolução de enfermagem; No Brasil, o processo de enfermagem foi introduzido, com o modelo conceitual desenvolvido por Wanda Horta, baseado na Teoria das necessidades humanas básicas, que pudesse explicar a natureza da enfermagem, definir seu campo de ação específico e suametodologia. Nesta concepção o processo de enfermagem é constituído de seis passos que se caracterizam na forma de inter- relacionamento e dinamismo do conjunto, tais como: Histórico de enfermagem; 26 Diagnóstico de enfermagem; Plano assistencial; Plano de cuidados ou prescrição de enfermagem; Evolução de enfermagem; Prognóstico de enfermagem. As principais vantagens do processo de enfermagem são: Possibilita a assistência individualizada; Permite a aproximação do enfermeiro ao paciente; Facilita a continuidade da assistência; Favorece a participação do paciente no planejamento da assistência. Ao longo do tempo as mudanças na prática de enfermagem, associadas aos aspectos éticos e legais que regem a profissão, modificaram as etapas do Processo de Enfermagem. O processo de enfermagem é um método utilizado para racionalizara prática assistencial de enfermagem com o objetivo de instrumentalizar a sistematização da assistência de enfermagem. Segundo o artigo 2º da Resolução COFEN 358/2009, o processo de enfermagem organiza-se de cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes a saber: I – Coleta de dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem) – processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com o auxílio de métodos e técnicas variadas, que tem por finalidade a obtenção de informações sobre a pessoa, família ou coletividade humana e sobre suas respostas em um dado momento do processo saúde e doença. II – Diagnóstico de Enfermagem – consiste na interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira etapa, que culmina com a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem que representam, com mais exatidão, as respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença, e que constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados esperados. 27 III – Planejamento de Enfermagem – determinação dos resultados que se espera alcançar; e das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas face às respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença, identificadas na etapa de Diagnóstico de Enfermagem. IV – Implementação – realização das ações ou intervenções determinadas na etapa de Planejamento de Enfermagem. V – Avaliação de Enfermagem – processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde doença, para determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado; e de verificação da necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas do Processo de Enfermagem. Figura 8- Etapas do processo de enfermagem Fonte: As autoras, 2020. 28 Processo de enfermagem Investigação (histórico de enfermagem) Diagnóstico de enfermagem Planejamento da assistênciaImplementação Avaliação 5.2. Anotação e Evolução Os registros de enfermagem estão presentes dentro das etapas do processo de enfermagem e se diferenciam em: anotação e evolução. Figura 9- Tipos de registro de enfermagem Fonte: As autoras, 2021. Durante essas etapas, os dados coletados no histórico de enfermagem, por meio de técnicas e métodos variados, devem ser devidamente registrados para servirem de base para a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem, bem como, no planejamento da assistência, na implementação das ações, intervenções de enfermagem e na etapa da avaliação. Como já descrito anteriormente, cada etapa do processo de enfermagem está inter-relacionada,interdependente e recorrente. Assim, é de extrema importância que o enfermeiro e o técnico de enfermagem compreendam e desenvolvam habilidades e competências para um registro de qualidade, contribuindo para a eficiência do processo de enfermagem. 29 Quadro 2 - Principais diferenças entre anotação e evolução Diferenças entre anotação e evolução Anotação Evolução Responsável Técnico ou enfermeiro Exclusivo do Enfermeiro Dados Brutos Analisados Tipo de Registro Observacional e pontual Contextualizado, reflexivo e avaliativo Cronologia (validade) Refere-se a um momento Período de até 24 horas Fonte: Adaptado de Cofen, 2016. 5.2.1. A anotação de enfermagem Éum registro de informações relativas ao paciente, organizado cronologicamente de modo a reproduzir a ordem dos fatos e acontecimentos, permitindo: Identificar o progresso do paciente; Detectar alterações; Acompanhar a assistência prestada; Avaliar os cuidados prescritos; Oferecer elementos administrativos e clínicos para auditoria em enfermagem; Servir de fonte de dados para os processos administrativo, legal, de ensino e pesquisa. A anotação se caracteriza por ser um registro pontual, que descreve a situação em que o paciente se encontra no momento dosprocedimentos de enfermagem realizados ou não realizados e das observações feitas. A anotação de enfermagem pode ser realizada pelo enfermeiro, técnicoou auxiliar de enfermagem.A anotação é fundamental para o desenvolvimento da Sistematização da Assistência de Enfermagem (AE), o que assegura a continuidade da assistência. 30 As anotações podem ser do tipo: Manual - escrito à tinta de caneta esferográfica azulou preta (nunca a lápis); Eletrônica - de acordo com a legislação vigente. Quadro3- Regras para anotação de enfermagem Regras Recomendações/Exemplo 1.Escrever de forma exata, concisa e legível, de forma objetiva para evitar ambiguidade da informação; Ter zelo com a caligrafia e a redação de acordo com as regras ortográficas. 2.Iniciar em ordem cronológica; 08:00h- Feito banho no leito. Assinar e carimbar. 08:30h- Administrado dieta prescrita por via enteral. Assinar e carimbar. 3.Precedidas de data e hora, completa da realização de cada cuidado prestado, orientação fornecida, informação obtida ou intercorrência; Rio de janeiro, 02 de agosto de 2020. 07h00minh- Realizado HGT, 206 mg/dl, comunico a enfermeira Joana Mari Assinar e carimbar. 4.Não utilizar o termo “paciente”, no início de cada frase, já que a folha de anotação pertence ao mesmo paciente, é pessoal e intransferível; 10:00h- Realizado RX de tórax no leito. Assinar e carimbar. 5.Iniciar o registro de acordo com o período etário do paciente, de acordo com a idade; Lactente, escolar, idoso. 31 6.Não é permitido escrever a lápis ou com caneta de tinta extinguível; 7.Escrever com caneta de tinta indelével de coloração azul ou preta; Outras cores não são recomendadas legalmente. 8.Não usar caneta de tinta de coloração vermelha; Não direcionar o registro para o serviço noturno, principalmente, no momento de aprazamento de medicamentos (principalmente dos incompatíveis). 9.Efetuar as anotações imediatamente após o cuidado prestado, orientação fornecida, informação obtida e/ou intercorrências para evitar algum equívoco de horário; 03h00minh- Administrada dieta por via oral. Assinar e carimbar. 01h00minh - Verificado sinais vitais. Assinar e carimbar. 10.Não devem conter rasuras, entrelinhas, linhas em branco ou espaços; Ex1: 08h00minh: Aceitou toda a dieta oferecida. Assinar e carimbar. Ex2: 10h00minh: Feito enema com 200 ml de solução. Assinar e carimbar. 12h00minh: Administradas 30 gotas de dipirona VO. Assinar e carimbar. 11.Em caso de enganos, usar a palavra “digo”, entre vírgulas e anotar imediatamente após o texto correto; 12h00minh - Oferecido lanche, digo, almoço. Assinar e carimbar. 12.É proibido o uso de corretivo de qualquer tipo de material: fita, líquido ou outros; 32 13.Nunca utilizar borrachas, adesivos ou linhas sobre a palavra, frase ou item para corrigir erros na documentação; 14.Conter sempre observações efetuadas, cuidados prestados, sejam eles os já padronizados, de rotina ou específicos; 12h00minh: Mantida proteção ocular durante a fototerapia. Assinar e carimbar. 15.Constar as respostas do paciente diante dos cuidados prescritos pelo enfermeiro, intercorrências, sinais e sintomas observados; 03h00minh- Feita compressa morna no dorso da mão esquerda, com melhora do edema. Assinar e carimbar. 16.Devem priorizar a descrição de características, de acordo com as unidades de medidas e de grandeza existentes por uma padronizadas e descritas no siglário (anexo...); Tamanho mensurado (cm, mm, etc.), quantidade/volume (ml, l, etc.), massa (kg, mg, g) coloração e forma. 17.Não conter termos que deem conotação de valor ou julgamentos (bem, mal, muito, pouco, etc.); “Alimentou-se mal”, “comportamento dentro da normalidade”. 18.Evitar expressões genéricas; “Segue sem anormalidades”, “sem intercorrências”, “sem queixas”. “passo o plantão bem”, “pela enfermagem”, “sob os cuidados da enfermagem”. 19.Utilizar os termos técnicos e 03h00minh- Feito compressa morna 33 científicos por extenso e existentes na literatura; no dorso da mão esquerda, com melhora do inchaço (utilizar a palavra edema). Assinar e carimbar. 20.Conter apenas, siglas, abreviaturas ou acrônimos padronizados na literatura e na instituição; Não inventar se não for padronizada na instituição: A/O: Ambos os Olhos ou Ouvidos. CAPS: Cápsulas S/N: Se Necessário POM/PM: Pomada QD: 1 vez ao dia (todos os dias) QID: 4 vezes ao dia q.s.p.: Quantidade Suficiente Para 21.Anotar exatamente todas as informações sobre o cuidado prestado, orientação fornecida, informação obtida e/ou intercorrências; Informação não registrada é informação perdida; 22.Anotar as normalidades observadas no paciente no momento da admissão e manter estas normalidades de acordo com o quadro clínico do paciente; Paciente neutropênico que está afebril. Paciente com asma e no momento está eupneico; 23.Anotar as medidas terapêuticas realizadas pelos diferentes membros da equipe de saúde; 22h00minh- Feita punção de jugular interna direita, pelo Dr. Fulano, sem intercorrências. Assinar e carimbar. 24.A anotação deverá ser realizada apenas pelos funcionários do seu respectivo plantão e que tenha realizado o cuidado prestado; Jamais delegar para outro profissional; 25.Se o cuidado for realizado por dois profissionais, o registro poderá ser feito por um dos profissionais fazendo referência ao outro e apenas um assinar; 34 26.Assinar e carimbar imediatamente ao final de cada anotação. Não deixar espaço entre a anotação e a assinatura; 12:00h: Administradas 30 gotas de dipirona VO. Tec. Luís Monteiro . 12:00h: Administrado 30 gotas de dipirona VO. __________________ Tec. Luís Monteiro . 27.O uso do carimbo profissional é obrigatório, de acordo com o artigo 5º da Resolução Cofen 545/2017; Em caso de inobservância, o profissional será considerado infrator. 28.O carimbo deve conter as seguintes informações: o nome completo do profissional ou o nome social registrado, a sigla Coren, acompanhada pela sigla da Unidade da Federação onde está sediado o Conselho Regional, seguida do número de inscrição e categoria profissional, separados todos os elementos por hífen; Nome completo do profissional Coren-RJ-00.000.0 - XXX. Coren UF Número Categoria Profissional 29.As anotações realizadas por estudantes de enfermagem devem conter na sua identificação; Nome, curso, instituição e o carimbo do responsável pelo aluno naquele estágio (professor responsável). 30.Na anotação de enfermagem não devem constar dados de evolução de enfermagem; A anotação registra exatamente aquilo que foi observado ou executado, sem comparação de dados anteriores. Fonte: as autoras, 2020 35 Exemplos de anotação de enfermagem Quadro 4 - Anotação de admissão em clínica 10:00h - Adolescente admitida na unidade procedente da emergência para investigação diagnóstica, deambulando e acompanhada da mãe. Acomodada em leito, aferidos sinais vitais. Orientada quanto às normas institucionais. Assinar e carimbar-------------------------------------------------------- 10:30h - Realizada punção venosa periférica com jelco nº 22 conforme prescrição de enfermagem e instalados itens 1 e 2 da prescrição médica. Assinar e carimbar--------------------------------------------------------------------------- 14:15h - Solicitou ajuda para ir ao banheiro, apresentando diurese com coloração âmbar. Assinar e carimbar--------------------------------------------------- 14:30h - Apresentou Tax=38,5ºC. Comunicado à Enfermeira Lúcia Reis. Assinar e carimbar--------------------------------------------------------------------------- 14:40h - Administrado antitérmico conforme prescrição médica. Assinar e carimbar ----------------------------------------------------------------------------------------- 15:10h - Aferida Tax = 37,6ºC. Assinar e carimbar ------------------------------- Fonte: as autoras, 2021 Quadro 5 - Anotação de admissão em centro cirúrgico 16:00h - Idoso admitidono Centro cirúrgico procedente da enfermaria de clínica médica 13/14 para herniorrafia umbilical, encaminhado à sala de cirurgia 5. Refere alergia à dipirona. Portando pulseira de identificação e de alergia em punho direito. Acesso venoso periférico em MSE pérveo flulindo SG5% com eletrólitos. Assinar e carimbar-------------------------------------------- 16:15h - Disponibilizado Kit de Raquianestesia para Médico anestesista e instalados eletrodos em tórax anterior, acoplado ao monitor multiparamétrico (PA= 130 x 90mmHg, FC=75bpm, FR= 28irmp). Assinar e carimbar---------- 16:30h - Posicionado em decúbito dorsal em mesa cirúrgica e instalado CVD nº14 acoplado a coletor de urina sistema fechado, drenando urina de coloração amarela clara. Assinar e carimbar----------------------------------------- 16:40h - Aberta caixa de pequena cirurgia e dispostos fios cirúrgicos e lâmina de bisturi. Assinar e carimbar---------------------------------------------------- 16:50h - Início do ato cirúrgico. Equipe médica composta por 1º cirurgião: Dr. Juarez da Silva CRM xxxx – RJ cirurgia geral, 2º cirurgião: Dr. Elias Freitas CRM xxxx – RJ cirurgia geral, Anestesista: Dr. Rodolfo Pontes CRM xxxx RJ anestesiologia. Assinar e carimbar ----------------------------------------------------- 17:50h - Término do ato cirúrgico. Encaminhado à sala de RPA. Assinar e carimbar ----------------------------------------------------------------------------------------- 17:55h - Recebido na sala de RPA. Assinar e carimbar -------------------------- Fonte: as autoras, 2021 36 5.2.2- Evolução/Avaliação de enfermagem A evolução de enfermagem é o relato diário ou periódico das mudanças sucessivas que ocorrem no ser humano enquanto estiver sob assistência profissional, ou seja, uma avaliação global do plano de cuidados (HORTA 1979). De acordo com Barros et al (2015), trata-se do registro feito pelo enfermeiro, após avaliar o estado geral do paciente frente aos cuidados prestados e resultados alcançados, após um período preestabelecido. Leva o enfermeiro a manter, modificar ou suspender cuidados prescritos. Geralmente é efetuada a cada 24h, ou quando ocorre modificação no estado do paciente. O registro da evolução de enfermagem fornece informações a respeito do estado geral do paciente de maneira organizada e precisa, viabilizando e norteando o planejamento da assistência e permitindo reavaliar e acompanhar condutas de enfermagem anteriormente adotadas. De acordo com Barroset al (2015), a avaliação é um processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas do indivíduo, da família ou da comunidade em um dado momento, para determinar se as intervenções/atividades de enfermagem alcançaram o resultado esperado, bem como, a necessidade de mudanças ou adaptações, se os resultados não foram alcançados ou se novos dados foram evidenciados. É, portanto, o que se conhece como evolução de enfermagem. Nesse momento, as informações referentes ao estado inicial e condições atuais são reunidas e analisadas sistematicamente para, então, serem registrados em prontuário (BARROS et al, 2019). BARROS et al (2015) descrevem que o registro da evolução deve ser realizado da seguinte forma: Em intervalo de tempo menores em locais de assistência no qual o estado de saúde do paciente muda frequentemente, como unidade de terapia intensiva, centro obstétrico e outros. 37 Em intervalos de tempo maiores (uma semana, um mês ou mais) quando a assistência é realizada em ambulatórios e unidades básicas de saúde. Em unidades de emergência e em outras nas quais a permanência do paciente no local é curta, a evolução pode ser direcionada para os diagnósticos prioritários naquele momento ou para procedimentos realizados. No momento de transferência (condições do paciente e no momento da transferência que devem ser validados pelo enfermeiro que recebe o paciente em sua unidade), alta (condições físicas e emocionais, orientações, diagnósticos de enfermagem não resolvidos e encaminhamentos) e óbito (condições que levaram ao óbito, procedimentos executados, encaminhamento e destino do corpo, assistência e orientações prestadas aos familiares. A evolução por se tratar de uma avaliação criteriosa é uma atividade privativa do enfermeiro, que tem a finalidade de comparar os dadosanteriores com os atuais, referindo-se, entre outras coisas, as últimas 24h de cuidado. Em situações de instabilidade ou de mudança do estado do paciente, esse período deve ser reavaliado. A evolução/avaliação exige do enfermeiro uma reflexão e contextualização dos dados para avaliar os resultados alcançados e re(direcionar) a intervenção de enfermagem, com base nos possíveis diagnósticos. Quadro 6 - Regras gerais para evolução de enfermagem Regras para a evolução/avaliação de enfermagem 1. Constar obrigatoriamente data, hora, tempo de internação, diagnóstico de enfermagem, assinatura e carimbo do profissional com o número do Coren; 2. Discriminar sequencialmente o estado geral, quando houver alteração considerando: neurológico, respiratório, circulatório, digestivo, nutricional, locomotor e geniturinário; 3. Procedimentos invasivos, considerando: intubações orotraqueais, traqueostomias, sondagens nasogástricas e enterais, cateterismos venosos, drenos, cateteres; 4. Descrição das eliminações considerando: secreções traqueais, orais e de lesões, débitos gástricos de drenos, de ostomias, fezes e diurese, quanto ao tipo, consistência, volume, odor e coloração, se houver 38 alteração relacionadas às características anteriores; 5. Deve ser realizada diariamente; 6. A Evolução deve ser realizada referindo-se às últimas 24 horas, baseando se nas respostas diante das intervenções preestabelecidas por meio da prescrição de enfermagem, bem como, quanto aos protocolos em que o paciente está inserido, mantido ou sendo excluído; 7. Deve ser refeita, em parte ou totalmente na vigência de alteração no estado do paciente, devendo indicar o horário de sua alteração; 8. Deve apresentar um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas a serem abordados nas 24 horas subsequentes; 9. Deve constar os problemas novos identificados; 10.Utilizar-se de linguagem clara, concisa e exata, com ausência de códigos pessoais e abreviaturas desconhecidas. Fonte:Cofen, 2016 A execução do Processo de Enfermagem deve ser registrada formalmente, envolvendo: um resumo dos dados coletados; os diagnósticos de enfermagem acerca das respostas; as ações ou intervenções de enfermagem realizadas face aos diagnósticos de enfermagem identificados; e os resultados alcançados como consequência das ações ou intervenções de enfermagem realizadas. 5.2.3- O método SOAP e a sua aplicabilidade na evolução de enfermagem . A estrutura da evolução é formada por quatro partes, conhecidas resumidamente como “SOAP”. O acrônimo SOAP (originalmente em inglês) significa para cada letra, as palavras Subjetivo / Objetivo / Avaliação / Plano (CANTALE, 2003 apud DAMARZO, et al). Quadro 7- Resumo explicativo do método SOAP. “Subjetivo” (S) Refere-se às informações recolhidas na entrevista clínica sobre o motivo da consulta ou o problema de saúde em questão. Inclui as impressões subjetivas do profissional de saúde e as expressadas pela pessoa que está sendo cuidada. “Objetivo” (O) Aqui são anotados os dados positivos e negativos que se configurarem importantes do exame físico e dos exames complementares, incluindo os laboratoriais disponíveis. “Avaliação” (A) 39 Após a coleta e o registro organizado dos dados e informações subjetivas (S) e objetivas (O), o profissional de saúde faz uma avaliação (A) mais precisa em relação ao problema, queixa ounecessidade de saúde, definindo-o e denominando-o. Poderá ser utilizado, se for o caso, algum sistema de classificação de problemas. “Plano” (P) A parte final da evolução pelo método SOAP é o plano (P) de cuidados ou condutas que serão tomadas em relação ao problema ou necessidade avaliada. De maneira geral, podem existir quatro tipos principais de planos: 1) Planos Diagnósticos: nos quais se planejam as provas diagnósticas necessárias para elucidação do problema, se for o caso; 2) Planos Terapêuticos: nos quais se registram as indicações terapêuticas planejadas para a resolução ou manejo do problema da pessoa: medicamentos, dietas, mudanças de hábitos, entre outras; 3) Planos de Seguimento: nos quais se expõem as estratégias de seguimento longitudinal e continuado da pessoa e do problema em questão; 4) Planos de Educação em Saúde: nos quais se registram brevemente as informações e orientações apresentadas e negociadas com a pessoa, em relação ao problema em questão. Fonte: Adaptado de DEMARZO, et al O SOAP define uma sequência que deve constar em prontuário para a agilidade na resolução de problemas detectados, o desenvolvimento deprocedimentos técnicos de enfermagem, as condutas direcionadas às necessidades inerentes ao tratamento. É um formato teórico que organiza o registro e valoriza a assistência prestada (Schulz e Silva, 2011). Segundo o Coren-SP (2013), o método SOAP e suas notas de evolução clínica, possibilitam: Sistematização do registro de enfermagem. Continuidade na assistência. Compartilhamento do cuidado com a equipe multiprofissional. Diante do exposto, consideramos que o método SOAP, baseia-se em um suporte teórico que orienta a coleta de dados, o estabelecimento de diagnósticos de enfermagem, o planejamento das ações ou intervenções e fornece dados para a avaliação dos resultados de enfermagem, assim sendo, contempla o Processo de Enfermagem e pode ser utilizado para registro no prontuário (COREN SP, 2013). 40 Segundo SCHULZ E SILVA (2011), o método SOAP (dados subjetivos, objetivos, avaliação e prescrição) é um instrumento de anotação utilizado como método de organizar a evolução dos enfermeiros em prontuário, padronizando os registros com fases sequenciadas.Os dados objetivos são anotados em evolução após a análise dos dados subjetivos e assim sucessivamente,as outras etapas de avaliação e prescrição, nesta ordem. O método SOAP será utilizado para nortear a prática da evolução dos enfermeiros do Hospital Universitário Pedro Ernesto. De acordo com, Schulz e Silva (2011),asigla SOAP corresponde a quatro blocos de informações detalhadas, que serão descritas no quadro abaixo: Quadro 8- Método SOAP (S) SUBJETIVO Envolve as questões da subjetividade como: motivo da consulta, tratamento, potencialidades e limitações, efeitos adversos da terapêutica, queixas atuais, doenças intercorrentes, alterações dos hábitos alimentares, sono e repouso, sexualidade, tabagismo, etilismo, atividades físicas, atividades de lazer, família, condições para o autocuidado e resgate das informações da última consulta, informações do paciente. Envolve questões do que o paciente sente, observa e/ou acredita ser, além de informações dos familiares e amigos. (O) OBJETIVO Avaliação objetiva cefalopodalico, verificar pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, HGT, peso, estatura, IMC; avaliar circunferência abdominal; observar condições da pele: avaliar locais de aplicação de insulina (se faz rodízio); avaliar edema e realizar exame de membros inferiores e pés. Envolve observações clínicas e resultados de exames. (A) AVALIAÇÃO Análise das intercorrências encontradas no S ou O, explica os significados dos dados subjetivos. O profissional registra a opinião sobre como definir o problema em um maior grau de precisão, avaliando, ao mesmo tempo, a evolução da conduta e identificando novos problemas. Devem estar incluídas razões para manter, alterar ou abandonar uma conduta, ou seja, a parte referente ao “A” diz respeito ao diagnóstico de enfermagem e às condutas a serem traçadas após a análise dos problemas identificados. 41 (P) PLANO Prescrição de Enfermagem é a decisão sobre a conduta a ser tomada ou o plano de tratamento. Fonte: Schulz e Silva, 2011 O termo prescrição de enfermagem citado no quadro acima, é substituído atualmente pelo termo planejamento de enfermagem, que corresponde aterceira etapa do processo de enfermagem. O método SOAP possibilita sistematizar o registro de enfermagem na evolução diária, de forma simplificada e sequencial, trazendo um cunho resolutivo e científico ao cuidado de enfermagem e também uma visão humanizada. Refere-se à uniformidade metodológica com informações claras e atualizações frequentes nas prescrições de enfermagem conforme as necessidades apresentadas. O SOAP pode ser implementado visando facilitar o acesso às informações tanto para consulta rotineira, quanto para a pesquisa, contribuindo assim para iluminar a práxis da enfermagem (Schulz e Silva, 2011). Quadro 9- Comparativo adaptado entre SOAP e processo de enfermagem Etapas SOAP Processo de enfermagem (S) SUBJETIVO - Informações colhidas na entrevista sobre o motivo da consulta/problema/necessidade; - Impressões do paciente; - Coleta de dados/Histórico de Enfermagem(Dados da Entrevista) (O) OBJETIVO - Exame físico; -Exames laboratoriais e complementares (de imagem, etc.;) - Coleta de dados de Enfermagem/Histórico de Enfermagem (Dados do Exame Físico); (A) AVALIAÇÃO - Análisedos problemas encontradas no S e no O; -Identificaçãodosproblemas; - Utilização de um sistema de classificação; - Diagnóstico de enfermagem; - Planejamento de enfermagem; - Avaliação de enfermagem; (P) PLANO Plano de cuidados/condutas; Implementação Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, 2016. 5.2.4 – Exemplos de evolução utilizando o método SOAP Caso clínico1 42 Local – Emergência/Ortopedia 18/04/2021 (10h00min) J. V., 33 anos de idade, foi admitido às 10h no serviço de emergência com fratura do úmero direitoapós uma colisão de veículo e usava cinto de segurança. Tax: 37.8 °C, FC 110 bpm, Fr 20 irpm e a PA é de 122/66 mmHg. A prescrição médica atual inclui analgesia com Morfina para dor e antibiótico. Às 14:00h feito avaliação admissional no serviço de emergência e transferido J.V. para a unidade de ortopedia. A enfermeira da ortopedia está prestando assistência ao J.V. desde o início do turno e uma avaliação focada no úmero fraturado foi realizada: Inspeção: sonolento com a expressão facial de dor. Protege o úmero direito, mexe os dedos, refere leve entorpecimento e formigamento. Informa dor latejante (escala visual analógica com intensidade 8) desde acima do cotovelo aos dedos. Aumento da dor referida desde a lesão; especialmente pior nos últimos 30 minutos. O movimento aumenta a dor. Palpação: artéria radial direita 1+; membro pálido e frio. Enchimento capilar em 6s. Sensibilidade preservada. Braço esquerdo normocorado e quente, avaliação de força de pulso 3 + (pulso forte elevado), nenhuma dor e sensibilidade preservada. Fonte: Adaptado de JENSEN, 2013 43 Figura 10 - Modelo de SOAP- Caso clínico 1 Fonte: Adaptado deJENSEN, 2013 Caso clínico 2 Local – Unidade de Terapia Intensiva 20/08/2012 (10h45min) G.V.N, 89 anos encontra-se hospitalizada há 13 dias com pneumonia, apresentou complicações sendo transferidapara a unidade de terapia intensiva. No momento encontra-se em processo de recuperação do seu estado geral e está se preparando para ir para casa. Tax: de 37ºC, Fc: 88 bpm, Fr: 20 irpm e a Pa: 138/72 mmHg. A terapêutica atual prescrita inclui diurético, betabloqueador, corticóide