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Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Unidade 1 SOCIEDADE, POLÍTICA E ÉTICA Aula 1 REFLEXÕES ÉTICAS Videoaula: Re�exões éticas Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Pensar o homem como um ser social implica analisá-lo como profundamente impactado pela sua cultura. Até mesmo a sua identidade é socialmente construída. Que tal conversamos mais sobre isso? Então assista à nossa videoaula. Ponto de Partida Olá, estudante! Nesta aula, vamos tratar da relação entre homem e sociedade. Para isso, começamos com um conceito que vai ser utilizado ao longo de toda a unidade: o ser humano é simbólico. Você sabe o que isso signi�ca? Sermos simbólicos implica que produzimos cultura e, ao fazê-lo, somos in�uenciados por ela. E, quando produzimos cultura, criamos valores, que são formalizados em normas éticas. Pode parecer difícil, mas, na verdade, é muito simples; vamos dedicar essa aula a entender isso. Assim, fazemos um convite! Que tal aprender qual é a relação dos seres humanos com a sociedade, a cultura, a economia e a política? Bons estudos! Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Vamos Começar! Você já ouviu falar que o homem é produto do meio? A�nal, o que isso signi�ca? Quando nascemos, somos um corpo orgânico extremamente complexo. O bebê tem o instinto da sucção, que é o que viabiliza a amamentação; ele chora, se alimenta, dorme e, como ser biológico, está em processo de crescimento. Mas será que esse bebê tem apenas essa dimensão biológica? De forma alguma; esse bebê também está desenvolvendo-se como ser social e está construindo a sua subjetividade. A fazer isso, torna-se um ser humano simbólico. O desenvolvimento social e subjetivo desse bebê ocorre junto com seu desenvolvimento cognitivo. Dessa forma, enquanto essa criança cresce em seu corpo biológico, ela aprende as regras de vivência social, que são um conjunto de valores socialmente criados. Com as primeiras regras sociais, essa criança vai acessar o contexto familiar. Esse processo é chamado de socialização primária. Nesse processo, a criança aprende que ela possui relações de parentesco (pai, mãe, irmãos, dentre outros). Aprende que tem hora para comer, que precisa guardar seus brinquedos, que não pode colocar a mão no fogo e na tomada. Já na escola, formaliza-se o processo de socialização secundária, que pode se estender para outros espaços, como igreja, casa de amigos, parques públicos, dentre outros. A escola é, por excelência, onde a criança aprende as normas éticas formalizadas para viver em sociedade. Contudo, o que é ética? Ela é um conjunto de regras, que são estabelecidas a partir de valores e normas morais de um grupo social. À medida que se inicia os processos de socialização e da aprendizagem ética, a criança vai construindo a sua identidade e internalizando esse campo ético da vida humana. Não nascemos com a nossa identidade pronta. Ela se constrói e reconstrói ao longo de toda a nossa vida. Isso é muito importante, porque implica que, como ser humano, podemos mudar e ressigni�car nossas experiências. Sobre isso, Setton (2011, p. 718) explica: o caminho socializador não é nem linear nem único, a identidade dos indivíduos é fruto de uma superposição e coexistência de diferentes tradições. Toda identidade é um amálgama de estruturas históricas anteriores dando lugar a uma série de con�itos internos, às vezes compreensíveis graças ao esclarecimento das diversas tradições de onde provêm. O autor a�rma que a nossa identidade é resultado da nossa cultura e das relações sociais que construímos. Ao pensarmos na sociedade contemporânea, percebemos que vivemos em um momento histórico repleto de contradições. Ao mesmo tempo em que temos grande progresso cientí�co e nossa vida �cou muito mais fácil em razão da tecnologia, a vida urbana gera insegurança, em decorrência dos altos índices de violência. A dimensão ética nem sempre é valorizada pelos indivíduos. No entanto, não é só por isso que temos tantas contradições. A sociedade contemporânea está marcada por problemas sociais, os quais di�cultam que os indivíduos construam um projeto de vida. Há incerteza sobre o mundo do trabalho, devido aos altos níveis de desemprego e crise Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA econômica. Por sua vez, as incertezas sobre o futuro adoecem emocionalmente as pessoas, que se tornam cada vez mais dependentes de remédios (RAITZ; PETTERS, 2008). Siga em Frente... O ser humano estabelece uma relação dialética com todas as dimensões da sua sociedade, especialmente a economia e a política. Isso signi�ca que questões econômicas e políticas impactam nossa rotina. De fato, nossa trajetória de vida é afetada pelos problemas políticos e econômicos do espaço no qual vivemos; dessa forma, é preciso entendê-los para estudar as contradições da nossa sociedade. Todo indivíduo deseja construir um projeto de vida para si, planejar o futuro e poder sonhar com bons empregos, viagens, uma linda família, dentre outros. Mancebo et al. (2002) explicam que a sociedade contemporânea tem um grande foco no consumo e que a subjetividade humana está muito ligada a ele. O consumo traz diferenciação social e indica a que classe o indivíduo pertence. De fato, nós vivemos em uma sociedade de classes, na qual o consumo toma uma dimensão muito central na nossa existência. As redes sociais são espaços nas quais os indivíduos expõem o seu padrão de consumo, como idas a restaurantes, passeios, viagens, roupas, dentre tantos outros. Sobre isso, Mancebo et al. (2002, p. 328) mostram o papel do consumo da nossa sociedade: O consumo, assim de�nido, pode ser compreendido como um processo de comunicação – pois a circulação, a apropriação de bens e de signos diferenciadores constituem hoje a nossa linguagem e o nosso código –, mas também como um e�ciente processo de classi�cação e diferenciação social. Ocorre que há uma construção social na qual o consumo se torna protagonista na nossa sociedade, porque se torna de�nidor de identidade. A construção da identidade a partir da roupa que se veste ou dos lugares que se frequentam é muito comum, mas também causadora de muito sofrimento, porque determinados padrões de consumo são restritos à classe alta. Dessa forma, o consumo se torna o padrão de valores da nossa sociedade, mas isso viola a ética como base da solidariedade humana. Ainda, o acesso ao mercado de consumo se dá via mercado de trabalho. Em uma economia capitalista, é o acesso ao emprego e, portanto, à renda, que possibilita às pessoas comprar e, com isso, exibir-se nas redes sociais. Entretanto, os índices de desemprego no Brasil são alarmantes e estruturais. Ou seja, as constantes crises econômicas mantêm os índices de desemprego muito altos. Isso tem um amplo impacto na subjetividade dos indivíduos e na dimensão ética da nossa sociedade. A impossibilidade de planejar a própria vida com algum grau de certeza causa uma Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA grande insegurança. O ser humano hoje está em ampla vulnerabilidade em um mundo no qual a ética tem tantas falhas. A sociedade classista brasileira marginaliza e segrega grupos sociais mais pobres. O amplo processo de favelização é a marca dessa marginalização, porque expulsa a população vulnerável dos espaços públicos, dos melhores empregos, do transporte, da prefeitura, dos parques, dos hospitais, das escolas e de outros serviços públicos. Além disso, nas favelas, nem sempre há esgotamento sanitário e água potável. Vamos Exercitar? O Brasil não tem uma cultura democrática enraizada. Na verdade, somos uma democracia relativamente nova, entremeada de momentos autoritários. Tivemos um governo autoritário de 1937 a 1945 e depois de 1964 a 1985. Isso implica que nossas instituições democráticas ainda estão em vias de consolidação. Ainda, nossaJ. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7ª ed. Coimbra: Almedina, 2003. CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos. 5ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. COMPARATO, Fábio Konder. A a�rmação histórica dos Direitos Humanos. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/�les/2020-09/por.pdf. Acesso em: 3 mai. 2023. Aula 2 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA A cidadania Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. https://legis.senado.leg.br/comissoes/comissao?codcol=834 https://www.camara.leg.br/ https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos https://brasil.un.org/pt-br/download/50044/91601 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/por.pdf Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA A cidadania é fundamental para a existência de uma sociedade democrática e justa, garantindo a proteção dos direitos individuais e promovendo o bem comum. Neste vídeo, você terá a oportunidade de acompanhar, junto ao professor, o resumo desta aula, conhecendo o signi�cado, a história e o exercício da cidadania. Lembre-se, é importante também realizar a leitura dos textos, responder às questões e acessar o material complementar. Então, prepare-se e vamos juntos conhecer um pouco mais sobre a cidadania! Ponto de Partida Olá, estudante! Nesta aula, trataremos da cidadania. Você sabe o que ela realmente signi�ca? Qual a importância de entender tal conceito? A cidadania pode ser entendida como o conjunto de direitos e deveres exercidos por um indivíduo dentro de uma sociedade. Ela está relacionada com a participação política e a consciência dos direitos e deveres que os cidadãos têm em relação ao Estado e à sociedade. O seu exercício é fundamental para o funcionamento democrático do país. Envolve a participação ativa dos cidadãos na vida política e social, seja através do voto, da manifestação pací�ca, da �scalização dos órgãos públicos ou do engajamento em movimentos sociais e organizações da sociedade civil. Então, prepare-se e vamos juntos entender um pouco mais sobre este tema tão relevante! Bons estudos! Vamos Começar! O termo “cidadania” é muito utilizado popularmente em vários contextos. É comum encontrarmos em jornais, revistas, entrevistas, e até mesmo em conversas informais a presença dessa palavra, que muitas vezes é utilizada de forma simplória e aquém do seu real signi�cado. Por isso, precisamos aqui delimitar este entendimento de forma técnica e sob um viés acadêmico e jurídico. Neste sentido, veri�camos a etimologia do termo “cidadania” muito bem descrito pela professora Laura Mascaro (2017, p.199) em seu livro Direitos Humanos e Cidadania: A palavra cidadania provém da palavra latina civitate, que signi�ca cidade, sendo o cidadão aquele que possui ligação com a cidade. Por esse motivo, são considerados cidadãos apenas aqueles que tenham alguma ligação com uma comunidade política. Por outro lado, estando essencialmente ligada ao exercício da política, a cidadania também carrega a concepção de liberdade em sua origem, uma vez que ciuis, em latim, é o ser humano livre. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Apesar de sua origem na Grécia antiga, e sua conceituação presente nos dicionários, ligada à palavra “urbe” enquanto aglomeração humana ou cidade, o termo cidadania se atualizou com o passar do tempo, e mereceu ressigni�cação, trazendo consigo novos elementos que estão vinculados aos conceitos políticos e jurídicos mais atuais (MORAES; KIM, 2013). Visto que a acepção jurídica atual de cidadania perpassa pela relação existente entre o indivíduo e o Estado, é necessário detalhar a signi�cação deste último elemento. Estado, do ponto de vista jurídico e de forma genérica, pode ser entendido resumidamente como uma instituição política, jurídica e socialmente organizada, dotada de personalidade jurídica própria de Direito Público, submetida ao Direito, conduzida por um governo com soberania (BONAVIDES, 2018). Assim, nos distanciamos do conceito de país, pátria, território e nação, que são corriqueiramente usados para também de�nir “Estado”. O primeiro tem uma vinculação ao território, portanto, ao espaço geográ�co delimitado onde há uma organização política e social que é reconhecida internacionalmente. O segundo, podemos percebê-lo como uma região ou local de nascimento, de pertencimento originário. Quanto ao território, podemos resumir sua compreensão como o local onde as normas e leis de um determinado Estado são válidas e aplicadas. Nação é entendida como uma comunidade de pessoas que compartilham uma identidade cultural, histórica e política em um determinado território. É uma noção ligada ao sentimento de pertencimento e solidariedade entre os membros desse grupo. Embora a nação seja um conceito mais amplo, também não deve ser confundida com o conceito de Estado (LINHARES; SEGUNDO, 2016). Dentre os elementos que constituem o Estado, três são fundamentais: o povo, o território e o governo. São como ingredientes de uma receita, cujo produto �nal é o que conhecemos atualmente como Estado. Apesar de estes ingredientes e nomenclaturas não serem unânimes entre os doutrinadores e estudiosos do assunto, são indispensáveis para percebermos a estrutura estatal (LINHARES; SEGUNDO, 2016). O conceito de cidadão é diferente de povo e população, apesar de estas palavras também serem usadas vulgarmente como sinônimos. Dentre as várias acepções possíveis, população pode ser entendida como um conjunto de indivíduos que ocupam um determinado espaço, mas não necessariamente mantêm uma relação jurídica ou de direitos que os vincula àquele Estado (MASCARO, 2017). Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Figura 1 | Diagrama sobre população, povo e cidadãos. Pense em um turista estrangeiro que está a passeio de férias no Brasil. No momento em que está no território brasileiro, ele pode ser considerado como parte da população, mas não necessariamente como povo ou cidadão. Esta relação de deveres e direitos que nós, brasileiros, temos com o Estado brasileiro, e que falta ao turista do exemplo, é o que nos torna parte do povo brasileiro. Ela é adquirida por sermos brasileiros natos ou naturalizados, termos que explicaremos mais à frente. Assim, podemos entender que o cidadão é quem detém cidadania e goza de direitos políticos, por exemplo, a capacidade de votar e ser eleito (MASCARO, 2017). Desta forma, exercer a cidadania proporciona um forte vínculo de obrigações e deveres perante o Estado ao qual se está vinculado, ao mesmo tempo em que confere aos cidadãos participação ativa na vida política, social e econômica da sociedade. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Siga em Frente... Sabemos, então, que “cidadão” é um indivíduo que possui direitos e deveres civis e políticos em uma sociedade, e que cidadania é a condição dos cidadãos, envolvendo sua participação plena na vida política, social e jurídica de uma nação. Além dos direitos, a cidadania também implica obrigações e responsabilidades, como o cumprimento das leis e contribuição para o bem-estar da comunidade, que, por sua vez, envolve a plena participação dos indivíduos na vida política, social e jurídica de uma nação. Implica também o gozo e o exercício dos direitos civis, como a liberdade de expressão, de religião e de locomoção, bem como dos direitos políticos, tais como o direito de votar e ser votado. Além disso, engloba os direitos sociais, como a educação, a saúde, a previdência social, o trabalhodigno, entre outros. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 ocupa lugar de destaque no topo da pirâmide normativa, assim compreendida e desenvolvida pelo renomado �lósofo, jurista e escritor austríaco do século XIX, Hans Kelsen (BARROSO, 2022). Portanto, a Constituição está acima das normas infraconstitucionais, como as leis complementares e ordinárias, que, por sua vez, estão acima das normas infralegais, como os decretos, as portarias e as circulares (KELSEN, 2003). Podemos observar essa estrutura na Figura 2 a seguir, que não contempla todos os tipos de normas possíveis, tampouco abarca todas as divergências doutrinárias sobre o tema, e busca tão somente demonstrar a hierarquização e importância da Constituição frente às demais normas, com base no pensamento de kelseniano. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Figura 2 | Diagrama sobre a hierarquia das normas com a “Pirâmide de Kelsen". A cidadania é uma condição, característica ou status do cidadão que detém a nacionalidade. No Brasil, ela pode ser adquirida através das formas previstas no artigo 12 da CRFB/88, contido no “Capítulo III – Da Nacionalidade”. São considerados brasileiros natos aqueles que possuem nascimento no território brasileiro ou �liação a brasileiros, enquanto os naturalizados são estrangeiros que adquirem a nacionalidade brasileira de acordo com as condições previstas em lei (BRASIL, 1988, art. 12). Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA A Constituição brasileira possui uma ampla abordagem sobre a cidadania, garantindo direitos e deveres aos cidadãos brasileiros. Em seu texto, diversos artigos são voltados para a proteção e promoção dos direitos fundamentais, garantindo uma base sólida para o exercício da cidadania. Primeiramente, destacamos o artigo 5º, que consagra os direitos e garantias individuais, assegurando a igualdade perante a lei, a inviolabilidade da vida, da liberdade, da igualdade, da segurança e da propriedade. Além disso, esse artigo também protege a liberdade de expressão, a liberdade religiosa, a liberdade de associação e reunião, entre outros direitos essenciais para o exercício pleno da cidadania (BRASIL, 1988, art. 5º). Em outro momento, a Constituição também estabelece uma série de direitos sociais que contribuem para a inclusão e a dignidade dos cidadãos. O artigo 6º, por exemplo, trata dos direitos sociais, como à educação, à saúde, ao trabalho, à moradia, ao lazer, à cultura, entre outros. Esses direitos garantem condições mínimas para o desenvolvimento e a participação ativa dos cidadãos na sociedade (BRASIL, 1988, art. 6º). Por �m, a Constituição enfatiza a importância da participação política e da democracia. Ela prevê o direito de votar e ser votado, o direito de associação política, a liberdade de manifestação e a criação de partidos políticos. Além disso, a Carta Magna estabelece a divisão dos poderes, garantindo a independência e a harmonia entre o Executivo, Legislativo e Judiciário, como forma de assegurar a efetiva participação dos cidadãos no processo democrático (BRASIL, 1988). Em suma, nossa Carta Magna reconhece e promove a cidadania por meio da proteção dos direitos individuais, dos direitos sociais e da garantia da participação política. Essa abordagem ampla rea�rma o compromisso do Estado brasileiro em garantir o exercício pleno da cidadania, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e democrática. Vamos Exercitar? Em tempos de globalização, a aplicação dos Direitos Humanos e da cidadania torna-se ainda mais relevante e desa�adora. É fundamental destacar que eles são universais e inalienáveis, devendo ser respeitados e protegidos em todas as sociedades, independentemente das fronteiras (COMPARATO, 2019). A globalização, com sua interconectividade e interdependência entre os países, apresenta novos desa�os, mas também oferece oportunidades para fortalecer e promover esses direitos. Percebemos a cidadania como um status ou condição que os cidadãos possuem e que envolve a plena participação dos indivíduos na vida política, social e jurídica de uma nação, implicando o gozo e exercício dos direitos civis, como a liberdade de expressão, de religião e de locomoção, bem como dos direitos políticos, como o direito de votar e ser votado. Deste modo, a cidadania também engloba os direitos humanos e sociais, como a educação, a saúde, a previdência social, o trabalho digno, entre outros. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Uma forma de aplicar os Direitos Humanos e a cidadania em tempos de globalização é por meio da cooperação e do diálogo internacional. A criação de organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), proporciona um espaço de discussão e colaboração entre os Estados na busca por soluções comuns para questões relacionadas aos Direitos Humanos. Através de tratados, convenções e declarações internacionais, os Estados se comprometem a garantir e promover tais direitos em seus territórios, levando em consideração as particularidades de cada cultura e sociedade. O Brasil é signatário de tratados, convenções e declarações internacionais que visam a garantir e promover os direitos humanos. Um exemplo é a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, rati�cada em 1968; nela, o país se compromete a adotar medidas para combater a discriminação racial e assegurar a igualdade de tratamento na sociedade brasileira (COMPARATO, 2019). Além disso, o Brasil é signatário de outras importantes convenções e declarações, como a Convenção sobre os Direitos da Criança e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esses compromissos internacionais re�etem o comprometimento do Brasil em respeitar e proteger os direitos fundamentais, contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária. Percebe-se, portanto, ser fundamental fomentar a educação em Direitos Humanos e cidadania, tanto nas esferas nacionais quanto internacionais. A conscientização e o conhecimento sobre os Direitos Humanos Fundamentais são essenciais para que os indivíduos possam exigir o respeito aos seus direitos, bem como reconhecer e respeitar os direitos dos outros. Essa educação deve ser inclusiva e abrangente, abordando temas como igualdade, não discriminação, liberdade de expressão, direitos das minorias, direitos das mulheres, direitos das crianças, entre outros. Ademais, é necessário que os Estados adotem políticas públicas que promovam a inclusão social, a justiça distributiva e a igualdade de oportunidades, buscando reduzir as desigualdades socioeconômicas tanto dentro de seus territórios quanto no âmbito global. A cooperação entre os Estados, organizações não governamentais e setor privado é fundamental para enfrentar desa�os transnacionais, como o trá�co de pessoas, o terrorismo, as mudanças climáticas e a pobreza. Em suma, a aplicação dos Direitos Humanos e da cidadania em tempos de globalização requer uma abordagem colaborativa, educacional e inclusiva. A cooperação internacional, a educação em Direitos Humanos e o fortalecimento das políticas públicas são instrumentos-chave para promover a igualdade, a justiça social e o respeito aos direitos fundamentais em um contexto globalizado. Essa abordagem contribui para a construção de sociedades mais justas, inclusivas e respeitosas, nas quais todos possam desfrutar dos Direitos Humanos e exercer sua cidadania plenamente. Saiba mais Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Lembre-se de que a educação para a cidadania é fundamental para a formação de uma sociedade mais justa e democrática. Esperamos que, até aqui, tenhamos ajudado a compreender melhor o que é cidadania, a relação entre a Constituição Federal e o exercício da cidadania e a importância dos Direitos Humanos em tempos de globalização. Agora é a sua vez de continuar a aprendizagem. Fazemos sugestões interessantes para que você navegue; leia e assista ao conteúdo sobre Cidadania, acessando os links a seguir: PELEGRINO. Carlos Roberto.M. Concepção jurídica de povo (Estado do povo ou o povo do Estado?). Revista de informação legislativa, v. 37, n. 148, p. 167-176, out./dez. 2000. Disponível em: Senado.leg. Acesso em: 3 maio 2023. A CONSTITUIÇÃO da cidadania – Documentário Completo. YouTube, 6 de novembro de 2019. Disponível em:. Acesso em: YouTube. Acesso em: 3 maio 2023. Referências BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 10ª ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2022. BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico: Lições de �loso�a do direito. 1ª ed. São Paulo: Ícone, 2006. BONAVIDES, Paulo. Teoria geral do estado. 11ª ed. São Paulo: Malheiros, 2018. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 3 maio 2023. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7ª ed. Coimbra: Almedina, 2003. COMPARATO, Fábio Konder. A a�rmação histórica dos Direitos Humanos. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. LINHARES, Emanuel Andrade; SEGUNDO, Hugo de Brito Machado (orgs.). Democracia e Direitos Fundamentais: uma homenagem aos 90 anos do professor Paulo Bonavides. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2016. MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. MASCARO, Laura Degaspare Monte. Direitos humanos e cidadania. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/636/r148-10.pdf https://www.youtube.com/watch?v=yDRPI0a3uZQ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA MORAES, Alexandre; KIM, Richard Pae (coords.). Cidadania: o novo conceito jurídico e a sua relação com os direitos fundamentais, individuais e coletivos. São Paulo: Atlas, 2013. ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/�les/2020-09/por.pdf. Acesso em: 3 maio 2023. Aula 3 DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS Direitos Humanos e direitos fundamentais Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Na Constituição brasileira, os direitos fundamentais são a concretização dos Direitos Humanos e incluem direitos como o direito à vida, à liberdade, à igualdade e à saúde. Portanto, podemos perceber que ambos são conceitos similares, mas que possuem signi�cativa diferença. Neste vídeo, vamos juntos entender os conceitos e diferenças entre os Direitos Humanos e fundamentais. Ponto de Partida Olá, estudante! Nesta aula, trataremos dos direitos fundamentais. Você sabe o que eles são? Como identi�cá- los? E como diferenciá-los dos Direitos Humanos? Podemos resumir os direitos fundamentais como um conjunto de direitos reconhecidos e garantidos a todas as pessoas, visando proteger sua dignidade, liberdade e igualdade. Esses direitos são aplicáveis imediatamente perante o poder público. Apesar de parecerem semelhantes em diversos aspectos, os Direitos Humanos e os fundamentais são igualmente relevantes; todavia, são termos distintos. Há diferenças https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/por.pdf Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA signi�cativas entre eles; é também sobre elas que trataremos a seguir. Vamos juntos aprofundar um pouco mais estes conceitos? Bons estudos! Vamos Começar! Os direitos fundamentais, também conhecidos como Direitos Humanos Fundamentais, são aqueles reconhecidos e garantidos a todas as pessoas em uma determinada ordem jurídica, visando assegurar a dignidade, a liberdade e a igualdade de cada indivíduo. Eles representam um conjunto de prerrogativas essenciais que garantem o pleno desenvolvimento e a realização das potencialidades de cada ser humano. Segundo o renomado doutrinador brasileiro José Afonso da Silva, em seu livro Curso de Direito Constitucional Positivo, os direitos fundamentais podem ser entendidos como aqueles que se distinguem aos indivíduos como condição de sua realização e desenvolvimento como pessoas humanas, e têm como objetivo proteger os valores básicos da pessoa humana (SILVA, 2005). Essa de�nição enfatiza a importância dos direitos fundamentais na promoção da dignidade do homem, e na proteção dos valores essenciais à existência e à realização plena de cada indivíduo, trazendo ainda a distinção do conceito de homem como detentor de direitos. Segundo o ilustre professor José Afonso Silva (2005, p. 178), podemos observar no trecho a seguir: Do homem, não como o macho da espécie, mas no sentido de pessoa humana. Direitos fundamentais do homem signi�ca direitos fundamentais da pessoa humana ou direitos fundamentais. É com esse conteúdo que a expressão direitos fundamentais encabeça o Título II da Constituição, que se completa, como direitos fundamentais da pessoa humana, expressamente, no art.17. Desta forma, podemos perceber que os conceitos aplicados a direitos fundamentais e Direitos Humanos são extremamente próximos, e há uma razão de ser. Em certa medida, Direitos Humanos e fundamentais são os mesmos, versam sobre as mesmas garantias, protegem os mesmos indivíduos e almejam objetivos semelhantes. Todavia, há um ponto especí�co que aponta a diferença entre ambos, e, para isso, precisamos entender sobre o que signi�ca positivismo jurídico. Resumidamente, o termo positivismo no direito aponta para a relevância das normas estarem dispostas em forma de leis ou da própria Constituição, e sobre isso trataremos com mais detalhes mais à frente. Ainda quanto ao conceito de direitos fundamentais, de acordo com o professor Robert Alexy (2008), eles baseiam-se na ideia de que existem certos Direitos Humanos que são essenciais e inalienáveis para o pleno desenvolvimento e dignidade das pessoas. Argumenta ainda que os direitos fundamentais são direitos subjetivos, ou seja, direitos individuais que conferem aos indivíduos uma posição jurídica especial perante o Estado, garantindo sua proteção e respeito. (ALEXY, 2008). Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Ele acrescenta também que os direitos fundamentais são caracterizados por três elementos centrais: universalidade, inalienabilidade e exigibilidade. A universalidade determina que esses direitos são aplicáveis a todas as pessoas, independentemente de sua nacionalidade, raça, sexo ou qualquer outra condição. A inalienabilidade estabelece que esses direitos não podem ser renunciados ou alienados, pois são inerentes à condição humana. A exigibilidade refere-se à possibilidade de exigir do Estado a sua proteção e efetivação (ALEXY, 2008). Assim, podemos perceber que a de�nição de Direitos Humanos e fundamentais é muito similar em vários aspectos, mas é importante ressaltar que, embora haja semelhanças entre ambos, eles podem ter origens, abrangência e formas de proteção diferentes em cada país, de acordo com sua Constituição e tratados internacionais rati�cados. Siga em Frente... Neste momento, já sabemos que a Constituição Federal de 1988, conhecida como a “Constituição Cidadã”, é a lei fundamental do Brasil e estabelece os direitos e deveres dos cidadãos, bem como a organização e funcionamento do Estado. Os direitos fundamentais, também chamados de Direitos Humanos Constitucionalizados, ocupam um lugar central nesta Constituição, encontrando-se distribuídos em diferentes partes do texto constitucional. Os direitos fundamentais na Constituição brasileira podem ser percebidos em dois grupos principais: os direitos individuais e coletivos e os direitos sociais. Essa divisão é encontrada no Título II, intitulado “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, que compreende os artigos 5º a 17º da CRFB/88 (BRASIL,1988). Todavia, temos uma série de outros direitos fundamentais difundidos em diversos lugares da nossa Carta Magna. O professor José Afonso da Silva (SILVA, 2005, p. 184) os esquematiza e classi�ca em seu livro Curso de Direito Constitucional Positivo da seguinte forma: Em síntese, com base na Constituição, podemos classi�car os direitos fundamentais em cinco grupos: direitos individuais (art.5º); direitos à nacionalidade (art.12); direitos políticos (arts. 14 a 17); direitos sociais (arts. 6º e 193 e ss.); direitos coletivos (art.5º); direitos solidários (art.3º e 225). Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Para entender, conhecer e identi�car os direitos fundamentais em nossa Constituição Federal, é indispensável que seja feita uma leitura atenta dos artigos constitucionais. Neste sentido, no intuito de facilitar e estimular a leitura, apresentamos a seguir os direitos fundamentais presentes na Constituição. Podemos delimitar em nossa Constituição os direitos individuais e coletivos (Artigos 5º a 11º). Essa parte da Constituição trata dos direitos fundamentais relacionados às liberdades individuais e garantias processuais. Alguns exemplos desses direitos são: Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (Art. 5º). Direito à liberdade de expressão, de associação, de reunião pací�ca e de religião (Art. 5º). Direito ao devido processo legal, à ampla defesa, ao contraditório e à presunção de inocência (Art. 5º). Direito à inviolabilidade do domicílio e da correspondência (Art. 5º). Direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem (Art. 5º). Direito de petição aos Poderes Públicos (Art. 5º). Direito de acesso à informação (Art. 5º). Direito de habeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção, entre outros (Art. 5º). Em um segundo momento, há os direitos sociais (Artigos 6º a 11º). Essa parte da Constituição trata dos direitos fundamentais relacionados à garantia de condições de vida digna e à igualdade social. Alguns exemplos desses direitos são: Direito à educação, à saúde, ao trabalho, à moradia e ao lazer (Art. 6º). Direito à seguridade social, incluindo previdência, assistência social e saúde (Art. 6º). Direito à proteção da maternidade, da infância, da adolescência e da velhice (Art. 7º). Direito à igualdade de gênero, raça, cor, idade, entre outros (Art. 7º). Direito à proteção contra a discriminação e exploração do trabalho (Art. 7º). Direito à cultura, à comunicação e ao acesso à internet (Art. 6º e 7º). Além dessas duas partes destacadas, é importante mencionar que a Constituição de 1988 também prevê outros direitos fundamentais em diferentes seções. Por exemplo, no Capítulo II do Título II, estão os direitos políticos (Artigos 14º a 16º) que tratam da participação democrática dos cidadãos na vida política do país. No Capítulo III do Título II, encontram-se os direitos relacionados à nacionalidade (Artigos 12º e 13º). Também há previsões especí�cas de direitos fundamentais em outros capítulos, como o Capítulo VII, que trata da família, da criança, do adolescente, do jovem e do idoso (Artigos 226º a 230º) (BRASIL, 1988). Os direitos fundamentais previstos na CRFB/88 são aplicados, na prática, a título de exempli�cação, por meio do Poder Judiciário, Ministério Público, dos Poderes Executivo e Legislativo, órgãos de controle e sociedade civil. O Judiciário interpreta a Constituição e garante o respeito aos direitos fundamentais ali presentes. O Ministério Público defende estes direitos por meio de ações judiciais. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA O Executivo aplica e investe recursos para consubstanciar projetos que levam para a população a efetivação destes direitos; o Legislativo elabora leis que protegem os direitos. Órgãos de controle atuam na defesa dos direitos e recebem denúncias. A sociedade civil deve conscientizar, mobilizar e pressionar o Estado, buscando o respeito aos direitos. Apesar dos desa�os, a atuação conjunta dos atores envolvidos e o engajamento social são essenciais para a concretização dos Direitos Fundamentais. Vamos Exercitar? Os Direitos Humanos e os direitos fundamentais são conceitos basilares no campo do direito constitucional e são frequentemente utilizados de forma equivalente, embora haja diferenças técnicas entre eles. Os Direitos Humanos referem-se aos direitos inerentes a todas as pessoas, simplesmente por serem humanas, independentemente de sua nacionalidade, etnia, gênero, religião ou qualquer outra condição. Esses direitos são considerados universais, inalienáveis e indivisíveis, e estão consagrados em documentos internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Os Direitos Humanos são baseados em valores e princípios éticos, que visam a proteger a dignidade e a liberdade de todas as pessoas (COMPARATO, 2019). Por outro lado, os direitos fundamentais são os direitos previstos em uma constituição especí�ca de um país. Eles são aplicáveis apenas aos cidadãos desse país, ou a todas as pessoas presentes em seu território, dependendo da abrangência estabelecida pela Constituição. Os direitos fundamentais são uma expressão concreta dos Direitos Humanos em um contexto nacional. Eles podem variar de acordo com cada país, pois re�etem as particularidades históricas, culturais e políticas de cada nação (SARLET, 2014). Para ilustrar essa diferença, podemos analisar a Constituição brasileira de 1988. Ela estabelece diversos direitos fundamentais, como o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à educação, à saúde, entre outros. Esses direitos são garantidos a todos os cidadãos brasileiros, bem como aos estrangeiros residentes no país. Eles são fundamentais para a proteção da dignidade humana e re�etem os valores e princípios consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um exemplo prático da diferença entre Direitos Humanos e direitos fundamentais na Constituição brasileira é o direito à saúde. A Constituição estabelece que a saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde. Nesse caso, o direito à saúde é um direito fundamental, previsto na Constituição brasileira, e tem como objetivo concretizar o Direito Humano à saúde, reconhecido internacionalmente. Como dito anteriormente, para estabelecer a diferença basilar entre Direitos Humanos e fundamentais é indispensável entender o signi�cado de positivismo jurídico. Trata-se, portanto, Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA de uma corrente teórica do pensamento jurídico que se concentra na validade e aplicação das normas jurídicas estritamente em seu aspecto formal. Segundo essa perspectiva, o direito é de�nido pelo conjunto de normas estabelecidas pelo legislador, independentemente de seu conteúdo moral, ético ou �losó�co, destacando a importância da positivação legal como fonte primária do direito (ALEXY, 2008). O positivismo no direito enfatiza a importância da norma jurídica escrita, determina que a validade das normas jurídicas não depende de critérios morais, éticos ou �losó�cos, mas sim de sua criação e reconhecimento pelo Estado. Sustenta ainda que o direito é um fenômeno social e sua existência e aplicação estão relacionadas à autoridade e à legitimidade das normas estabelecidas pelo legislador. Assim, o foco principal do positivismo jurídico está nas regras e princípios estabelecidos pelo sistema jurídico, independentemente de sua justiça ou conformidade com outras normas éticas. Essa abordagem tenta fornecer uma compreensão objetiva e positiva do direito, buscando identi�car e aplicar as normas vigentes de forma imparcial (KELSEN, 2003). Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Figura 1 | Ilustração sobre a positivação dos Direitos Humanos. A positivação legal constitucional dos Direitos Humanos em direitos fundamentais refere-se à incorporaçãodos direitos humanos em uma constituição escrita e sua elevação à categoria de normas supremas do ordenamento jurídico de um país. Nesse contexto, os Direitos Humanos são reconhecidos e protegidos como direitos fundamentais pelos princípios e valores consagrados na Constituição. Isso implica que tais direitos têm uma relevância especial e devem ser respeitados e garantidos pelo Estado. As diferenças entre direitos fundamentais e Direitos Humanos também residem na abrangência e aplicação, sendo os direitos fundamentais referentes à proteção interna estabelecida em uma Constituição especí�ca de um país, enquanto os Direitos Humanos são reconhecidos internacionalmente e aplicáveis universalmente. Os direitos fundamentais são protegidos no âmbito interno pelos sistemas jurídicos nacionais, enquanto os Direitos Humanos possuem mecanismos internacionais de proteção. Além disso, os direitos fundamentais têm uma esfera de proteção mais voltada para as relações entre o Estado e os cidadãos, enquanto os Direitos Humanos abrangem preocupações globais e questões de direito internacional. É importante ressaltar que essas diferenças não signi�cam uma dicotomia rígida entre direitos fundamentais e Direitos Humanos, pois ambos se referem à proteção e garantia dos direitos individuais e coletivos essenciais. No entanto, a diferenciação conceitual e normativa ajuda a compreender a abrangência e o contexto de cada um desses conceitos. Saiba mais Até este momento, tratamos sobre a importância dos direitos fundamentais, seu signi�cado e distinções. Sabemos que tanto os Direitos Humanos quanto os fundamentais são um conjunto de direitos reconhecidos e garantidos a todas as pessoas, visando a proteger sua dignidade, liberdade e igualdade. Entendê-los é fundamental para percebê-los e aplicá-los. Então, este é o momento de extrapolar e conhecer um pouco mais sobre o conteúdo. Fazemos sugestões de dois livros interessantes, disponíveis na Biblioteca Virtual para que você possa complementar o conhecimento apresentado: MORLOCK, Martin; MICHAEL, Lothar. Direitos Fundamentais. Tradução: António F. de Sousa e António Franco. São Paulo: Saraiva, 2016. Disponível em: Biblioteca Virtual. Acesso em: 3 maio 2023. PEREIRA, Jane Reis Gonçalves. Interpretação Constitucional e Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. Disponível em: Biblioteca Virtual. Acesso em: 3 maio 2023. Referências https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553600281/pageid/0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788547212421/pageid/0 Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008. BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 10ª ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2022. BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico: Lições de �loso�a do direito. 1ª ed. São Paulo: Ícone, 2006. BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2017. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 3 maio 2023. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7ª ed. Coimbra: Almedina, 2003. COMPARATO, Fábio Konder. A a�rmação histórica dos Direitos Humanos. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003 LINHARES, Emanuel Andrade; SEGUNDO, Hugo de Brito Machado (orgs.). Democracia e Direitos Fundamentais: uma homenagem aos 90 anos do professor Paulo Bonavides. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2016. MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. MASCARO, Laura Degaspare Monte. Direitos humanos e cidadania. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/�les/2020-09/por.pdf. Acesso em: 3 mai. 2023. SARLET, Ingo Wolfgang. A E�cácia dos Direitos Fundamentais. 13ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 25ª ed. São Paulo: Malheiros, 2005. Aula 4 O EXERCÍCIO DOS DIREITOS HUMANOS http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/por.pdf Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA O exercício dos Direitos Humanos Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. A sociedade moderna enfrenta diversos desa�os no exercício dos direitos e na aplicação dos Direitos Humanos, devido à complexidade das relações sociais, políticas e econômicas. Os Direitos Humanos são fundamentais para garantir a dignidade e a liberdade de todos os indivíduos, abrangendo questões como igualdade, liberdade de expressão, proteção contra discriminação e integridade física e moral. Neste vídeo, vamos juntos conversar sobre a aplicação dos Direitos Humanos e o papel da ONU neste contexto. Ponto de Partida Olá, estudante! Nesta aula, seguiremos contextualizando os Direitos Humanos. A sociedade moderna enfrenta inúmeros desa�os no que diz respeito ao exercício de direitos e à aplicação dos Direitos Humanos. Com a evolução das relações sociais, políticas e econômicas, surgem novas necessidades a serem protegidas. A Organização das Nações Unidas (ONU) desempenha um papel crucial na promoção, proteção e defesa dos Direitos Humanos; é sobre isso que estudaremos a seguir. Então, prepare-se, revise o que já abordamos até aqui, e vamos juntos complementar nosso conhecimento usando as de�nições e características apresentadas sobre Direitos Humanos, fundamentais e cidadania. Bons estudos! Vamos Começar! A sociedade moderna enfrenta uma série de desa�os no que diz respeito ao exercício de direitos; também é caracterizada por uma série de transformações sociais, políticas, econômicas e tecnológicas. Essas mudanças trazem consigo novas demandas e desa�os para o exercício de direitos, pois as relações entre os indivíduos e as estruturas sociais se tornam cada vez mais Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA complexas. Os Direitos Humanos e fundamentais desempenham um papel crucial nesse cenário, buscando garantir a dignidade e a liberdade de todos os indivíduos. Para compreender plenamente essas questões, é necessário fazer uma breve contextualização. No âmbito global, o exercício de direitos enfrenta desa�os decorrentes da diversidade cultural, dos con�itos socioeconômicos e das desigualdades presentes nas relações internacionais. A evolução das relações políticas e econômicas, juntamente com a globalização, trouxe à tona questões complexas que comportam uma análise aprofundada. Todavia, discorreremos de forma direcionada a alguns pontos relevantes, buscando apresentar o caminho e aplicação dos Direitos Humanos na atualidade. Os Direitos Humanos têm raízes históricas profundas, sendo in�uenciados por diversas correntes �losó�cas, religiosas e políticas ao longo dos séculos. Na antiguidade, por exemplo, conceitos como o “direito natural” foram desenvolvidos por �lósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles, que defendiam a existência de princípios morais universais que deveriam ser respeitados por todos (COMPARATO, 2019). No entanto, foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948, que gerou um marco signi�cativo na consolidação dos Direitos Humanos como um conjunto de princípios internacionalmente reconhecidos. Essa declaração a�rmou que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, independentemente de qualquer discriminação (MAHLKE, 2017). Desde então,a aplicação dos Direitos Humanos tem sido um desa�o constante. O progresso na sua implementação é resultado de lutas históricas, como o movimento pelos direitos civis, que buscou combater a segregação racial nos Estados Unidos, e o movimento feminista, que lutou pela igualdade de gênero e pelo reconhecimento dos direitos das mulheres. Atualmente, a aplicação dos Direitos Humanos envolve diversas questões complexas. Globalmente, a desigualdade socioeconômica, os con�itos armados, a discriminação racial, étnica e de gênero, a violência e a perseguição política são desa�os que afetam a efetivação dos Direitos Humanos. O acesso à educação, saúde, moradia digna e justiça também são questões essenciais para garantir a plena realização desses direitos. Além disso, eles requerem um sistema jurídico robusto, instituições e�cientes e mecanismos de responsabilização adequados. A independência do Judiciário, a existência de órgãos de proteção dos Direitos Humanos (como as Comissões Nacionais e os Tribunais Internacionais) e a existência de tratados e convenções internacionais que estabelecem padrões mínimos de proteção são elementos fundamentais nesse processo. Em resumo, a aplicação dos Direitos Humanos passou por uma evolução histórica signi�cativa, desde as antigas concepções de direito natural até os tratados e declarações internacionais. Na sociedade moderna, os desa�os persistem, exigindo uma abordagem multidisciplinar e uma atuação conjunta de governos, organizações da sociedade civil e indivíduos para garantir a plena efetivação desses direitos em todo o mundo. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Siga em Frente... A aplicação dos Direitos Humanos na sociedade moderna é um tema de extrema relevância para o estudo do direito constitucional. Ao longo das últimas décadas, houve avanços signi�cativos na proteção e promoção desses direitos em âmbito internacional, nacional e regional. A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi um momento de consolidação desses direitos como um conjunto de princípios internacionalmente reconhecidos. Ela estabelece uma ampla gama de direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, que devem ser respeitados e protegidos pelos Estados (COMPARATO, 2019). São diversos os atores responsáveis por aplicar os Direitos Humanos, como governos, organizações da sociedade civil, instituições internacionais e os indivíduos. Os governos têm a responsabilidade de criar e implementar políticas públicas que garantam o respeito aos Direitos Humanos em todas as esferas da vida social. No Brasil, um exemplo de aplicação dessa responsabilidade é o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH). Lançado em 1996, e atualizado em 2009, o PNDH busca orientar ações governamentais para promover e proteger os Direitos Humanos no país. Ele estabelece diretrizes e políticas em diversas áreas, como educação, saúde, segurança pública, meio ambiente e igualdade racial e de gênero. O PNDH visa a enfrentar desigualdades e violações de direitos por meio da implementação de ações concretas. Ao longo dos anos, o PNDH passou por três versões, sendo a primeira lançada em 1996, a segunda em 2002 e a terceira em 2009 (MAHLKE, 2017). Cada versão representou uma atualização e aprimoramento das políticas públicas relacionadas aos Direitos Humanos, abordando temas como igualdade racial, direitos das mulheres, combate à tortura, entre outros. Embora o PNDH seja um documento de natureza política e não possua força de lei, sua implementação depende do governo e da articulação com outros atores sociais. A efetivação dos direitos humanos no país requer não apenas a existência de programas e políticas, mas também mecanismos de participação e �scalização para garantir sua aplicação de maneira abrangente e efetiva. Um exemplo é a Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, criada em 2003, que tem como objetivo formular e implementar políticas públicas voltadas para a igualdade de gênero e o combate à violência contra as mulheres. Além disso, os sistemas judiciais desempenham um papel crucial na aplicação dos Direitos Humanos. Os tribunais têm a função de proteger e garantir o cumprimento dos direitos previstos nas Constituições e nas leis, bem como nos tratados e convenções internacionais de Direitos Humanos. O acesso à justiça é essencial para que as violações dos direitos sejam reparadas e para que as vítimas sejam compensadas adequadamente. No Brasil, um exemplo de aplicação dos Direitos Humanos pelo sistema judicial é a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF). Trata-se do órgão de cúpula do Poder Judiciário nacional; ele tem a responsabilidade de zelar pela guarda da Constituição Federal. Por meio de suas decisões, Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA desempenha um papel fundamental na interpretação e aplicação dos direitos fundamentais consagrados na Constituição. Um exemplo marcante de aplicação dos Direitos Humanos pelo STF foi o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo e a posterior legalização do casamento civil igualitário. Em 2011, o STF julgou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4.277 e o Recurso Extraordinário (RE) nº 646.721, garantindo o direito ao casamento para casais homoafetivos em todo o território nacional. Essa decisão histórica representou um avanço signi�cativo na proteção dos Direitos Humanos no Brasil, ao reconhecer a igualdade de direitos e o princípio da não discriminação com base na orientação sexual. Além disso, essa decisão in�uenciou outros países da América Latina a adotarem medidas semelhantes em relação ao casamento igualitário (SARMENTO, 2016). A sociedade civil também desempenha um papel importante na aplicação dos Direitos Humanos. Organizações não governamentais, grupos de defesa dos Direitos Humanos, movimentos sociais e ativistas trabalham incansavelmente para promover a conscientização, denunciar violações e pressionar os governos a agir em conformidade com os padrões internacionais de Direitos Humanos. No entanto, apesar dos avanços, desa�os persistentes ainda estão presentes na aplicação dos Direitos Humanos; questões como desigualdade social, discriminação, violência, corrupção e exclusão continuam a ser obstáculos para a plena realização desses direitos. Além disso, a globalização e o avanço da tecnologia também apresentam novos desa�os, como a proteção da privacidade e mais atualmente o uso ético da inteligência arti�cial. Vamos Exercitar? A Organização das Nações Unidas (ONU) desempenha um papel fundamental na promoção e proteção dos Direitos Humanos em nível global. Desde a sua criação em 1945, a ONU tem buscado estabelecer padrões internacionais de Direitos Humanos e garantir sua aplicação efetiva em todos os países membros. A evolução histórica da ONU e sua relação com os Direitos Humanos re�ete o reconhecimento cada vez maior da importância desses direitos para a paz, a segurança e o desenvolvimento sustentável (COMPARATO, 2019). Após o término da Segunda Guerra Mundial, a comunidade internacional reconheceu a necessidade de prevenir a repetição dos horrores do con�ito. Nesse contexto, a Carta das Nações Unidas estabeleceu o compromisso de promover o respeito aos Direitos Humanos e as liberdades fundamentais de todos os indivíduos, independentemente de sua raça, sexo, religião ou origem étnica. No entanto, a aplicação prática desses princípios demorou a se consolidar (MAHLKE, 2017). Foi somente em 1948 que a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que se tornou um marco histórico na a�rmação e consolidação dos Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA direitos humanos. Este documento estabeleceu uma série de direitos e liberdades básicas, como o direito à vida, à liberdade de expressão, à igualdade perante a lei e à dignidade humana. Desde então, a ONU tem trabalhado para traduzir esses princípios em tratados e convenções internacionais que têm força jurídica vinculante (MAHLKE, 2017).Com sua sede principal na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, além de estimular a cooperação entre os 193 países membros na atualidade, a organização supraestatal é composta por vários órgãos, incluindo a Assembleia Geral, que é o principal fórum deliberativo, onde cada país membro tem direito a um voto através dos seus representantes. A sede abriga, além da Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, responsável por tomar decisões sobre questões de paz e segurança internacional, composto por 15 membros, sendo 5 membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido) e 10 membros rotativos, dentre e outros órgãos principais da organização. Além da sede principal, a ONU possui escritórios e agências em diversas partes do mundo, incluindo Genebra, Viena, Nairóbi e outras cidades importantes. Essas agências desempenham papéis especí�cos em relação a áreas temáticas e programas da organização, tais como: UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), responsável pela proteção e promoção dos direitos das crianças. OMS (Organização Mundial da Saúde), focada na promoção da saúde, na prevenção de doenças e na melhoria dos sistemas de saúde em nível global. OIT (Organização Internacional do Trabalho), que tem como objetivo promover o trabalho digno e a justiça social, abordando questões relacionadas ao trabalho e aos direitos dos trabalhadores. UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), voltada para a promoção da educação, do desenvolvimento cientí�co e da preservação do patrimônio cultural em todo o mundo. Essas são apenas algumas das agências da ONU. Existem muitas outras que atuam em diferentes áreas, como agricultura, meio ambiente, comércio, e claro, Direitos Humanos (PINHEIRO, 2022). O Brasil é um país membro da ONU desde sua fundação, e participa ativamente das deliberações e discussões sobre questões globais, contribuindo para a promoção da paz, da segurança internacional e do respeito aos Direitos Humanos. O país, além de abrigar alguns organismos da ONU em cidades como Brasília e Rio de Janeiro, tem desempenhado um papel importante em diversas áreas, como a defesa da cooperação sul-sul, a proteção do meio ambiente, o combate à pobreza e a promoção da igualdade de gênero. Além disso, o Brasil já ocupou assentos em órgãos importantes da ONU, como o Conselho de Segurança, e tem sido um defensor ativo do multilateralismo e da diplomacia como formas de resolver con�itos e promover o desenvolvimento sustentável globalmente. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Figura 1 | Bandeira da Organização das Nações Unidas. Fonte: Wikipedia. Ao longo das décadas, a ONU ampliou sua atuação na área dos Direitos Humanos. Foram criados órgãos especializados, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, responsável pela promoção e proteção dos Direitos Humanos em todo o mundo. Além disso, foram estabelecidos mecanismos de monitoramento e �scalização, como o Conselho de Direitos Humanos, que avalia a situação dos Direitos Humanos nos Estados-membros e faz recomendações para sua melhoria, desempenhando um papel fundamental na elaboração de tratados internacionais e na realização de exames periódicos dos Estados-membros para garantir o cumprimento de seus compromissos em relação aos Direitos Humanos (PINHEIRO, 2022). A ONU também tem sido palco de conferências e encontros internacionais que discutem temas especí�cos relacionados aos direitos humanos, como a Conferência Mundial de Direitos Humanos em Viena, em 1993, que rea�rmou o compromisso global com os Direitos Humanos e estabeleceu a importância da cooperação internacional nessa área (MAHKLE, 2017). Um dos postos-chave da Conferência foi o reconhecimento de que a promoção e a proteção dos direitos humanos são responsabilidades de todos os Estados, independentemente de seu sistema político, econômico e cultural. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Além disso, foi enfatizada a importância da cooperação internacional para garantir a efetivação dos Direitos Humanos em todo o mundo. Também se destacou a necessidade de enfrentar questões emergentes, como a discriminação, a violência contra as mulheres, a pobreza, a exclusão social e a intolerância. O evento ressaltou a importância da participação da sociedade civil na promoção e proteção dos direitos humanos, reconhecendo a necessidade de envolver atores não governamentais na implementação dos compromissos assumidos (MAHKLE, 2017). Saiba mais Sugerimos uma leitura complementar a respeito d a ONU e seu papal na proteção dos Direitos Humanos. O melhor local para saber mais detalhes sobre esta organização e sua forma de atuação é o seu site o�cial. Por isso, convidamos você a explorar o site, os departamentos temáticos e conteúdos disponíveis. Veja onde ela está presente e como atua no mundo promovendo os Direitos Humanos. Para complementar ainda mais seus estudos, sugerimos a seguir um livro sobre o Direito Internacional, em seu Capítulo 2, sobre a ONU: PINHEIRO, Daniella Maria. Direitos Humanos. 1ª ed. Curitiba: InterSaberes, 2022. Disponível em: Biblioteca Virtual. Acesso em: 3 maio 2023. Referências ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008. BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 10ª ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2022. BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico: Lições de �loso�a do direito. 1ª ed. São Paulo: Ícone, 2006. BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2017. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 3 maio 2023. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7ª ed. Coimbra: Almedina, 2003. COMPARATO, Fábio Konder. A a�rmação histórica dos Direitos Humanos. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. https://www.un.org/ https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/205609/pdf/0?code=vxFHXVatJW2mvupMB/ZrnFNlBW3+3kpIa6IeWvcLEcB4PuavFS17ipWxJ12CpJQSYmPBSQx5/G3FNpuErs98Zw== http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003 LINHARES, Emanuel Andrade; SEGUNDO, Hugo de Brito Machado (orgs.). Democracia e Direitos Fundamentais: uma homenagem aos 90 anos do professor Paulo Bonavides. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2016. MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. MASCARO, Laura Degaspare Monte. Direitos humanos e cidadania. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Organização das Nações Unidas. Disponível em: https://www.un.org/. Acesso em: 3 maio 2023. ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/�les/2020-09/por.pdf. Acesso em: 3 maio 2023. PINHEIRO, Daniella Maria. Direitos Humanos. 1ª ed. Curitiba: InterSaberes, 2022. SARLET, Ingo Wolfgang. A E�cácia dos Direitos Fundamentais. 13ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. SARMENTO, Daniel. Dignidade da pessoa humana: Conteúdo, trajetórias e metodologia. 2ª edição. Belo Horizonte: Fórum, 2016. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 40ª ed. São Paulo: Malheiros, 2005. Aula 5 Encerramento da Unidade Vídeo Aula Encerramento Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo https://www.un.org/ https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/por.pdf Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA para assistir mesmo sem conexão à internet. A sociedade moderna enfrenta diversosdesa�os no exercício dos direitos e na aplicação dos Direitos Humanos, devido à complexidade das relações sociais, políticas e econômicas. Os Direitos Humanos são fundamentais para garantir a dignidade e a liberdade de todos os indivíduos, abrangendo questões como igualdade, liberdade de expressão, proteção contra discriminação e garantia da integridade física e moral. Neste vídeo abordaremos a aplicação dos Direitos Humanos e o papel da ONU neste contexto. Ponto de Chegada Olá, estudante! Neste resumo, abordaremos os principais conceitos apresentados: Direitos Humanos, direitos fundamentais, cidadania, a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU) e a importância da de�nição e aplicação desses conceitos no contexto jurídico e social. Vamos explorar como esses temas são fundamentais para garantir a dignidade, igualdade e liberdade de todos os indivíduos. Primeiramente, os Direitos Humanos são direitos inerentes a todas as pessoas, independentemente de sua nacionalidade, origem étnica, gênero, religião ou qualquer outra condição. Esses direitos são universalmente reconhecidos e protegidos, visando à promoção da igualdade, liberdade, justiça e bem-estar de todos os indivíduos (SILVA, 2005). Os direitos fundamentais, por sua vez, são direitos estabelecidos em uma Constituição, que conferem proteção jurídica aos cidadãos de um determinado país. Eles são considerados pilares do Estado democrático de direito e garantem o exercício de liberdades individuais, como a liberdade de expressão, de associação, de religião, além do direito à vida, à integridade física e moral, entre outros (BOBBIO, 2006). Embora os termos sejam frequentemente utilizados como sinônimos, eles possuem distinções importantes. Os Direitos Humanos são universais, inalienáveis e inerentes a todas as pessoas, independentemente de sua nacionalidade ou status jurídico. Já os direitos fundamentais são aqueles reconhecidos e garantidos pela Constituição de um país especí�co. Enquanto os Direitos Humanos possuem alcance global, os direitos fundamentais são delimitados pelas normas constitucionais e aplicáveis apenas no âmbito interno do Estado (CANOTILHO, 2003). A cidadania está intrinsecamente ligada aos Direitos Humanos e fundamentais. Ser cidadão implica o exercício pleno dos direitos e deveres previstos na legislação de um determinado Estado. Ser cidadão é participar ativamente da vida em sociedade, respeitando os direitos alheios e contribuindo para o bem comum (MAHLKE, 2017). Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA A Organização das Nações Unidas desempenha um papel crucial na promoção e proteção dos Direitos Humanos em nível global. Criada em 1945, a ONU busca assegurar a paz, a justiça, o desenvolvimento sustentável e a cooperação entre os países. Por meio de suas agências e órgãos especializados, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a ONU estabelece padrões e normas internacionais para a proteção dos direitos fundamentais, além de monitorar seu cumprimento pelos Estados-membros (COMPARATO, 2019). A de�nição e aplicação desses conceitos envolvem a interpretação das normas constitucionais e a atuação dos poderes públicos. O Poder Judiciário, por exemplo, desempenha um papel fundamental na proteção dos Direitos Humanos e fundamentais, garantindo o seu respeito e efetividade por meio das decisões judiciais. O Poder Legislativo, por sua vez, tem a responsabilidade de legislar em consonância com os princípios e valores dos Direitos Humanos. Já o Poder Executivo deve implementar políticas públicas e programas que promovam a igualdade, a inclusão e a proteção dos direitos de todos os cidadãos. É importante destacar que a defesa dos Direitos Humanos e fundamentais é um compromisso de todos. Como futuros pro�ssionais, é essencial que estejamos conscientes da importância desses temas em nossas áreas de atuação. Ao respeitar e promover os direitos de todos, contribuímos para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Nesta Unidade, exploramos os fundamentos teóricos e práticos dos Direitos Humanos, direitos fundamentais, cidadania e Organização das Nações Unidas, e a aplicação destes conceitos no contexto jurídico e social. Esperamos que esse resumo tenha reforçado sua compreensão sobre esses temas cruciais para o exercício da cidadania e a busca por uma sociedade mais justa e inclusiva. É Hora de Praticar! Imagine que você trabalha em uma renomada empresa multinacional com sede em diversos países, e foi convidado para participar de um podcast sobre Direitos Humanos. O objetivo do programa é proporcionar informações acessíveis sobre o tema para um público diversi�cado, composto por pessoas leigas no assunto, com pouca instrução e pouco hábito de leitura. Os colaboradores da empresa também vão prestigiá-lo. Sua tarefa é elaborar um roteiro escrito para esse podcast, com duração de duas horas. O roteiro deve conter perguntas e respostas que contenham os principais conceitos dos Direitos Humanos e os relacionem com situações do cotidiano. A seguir, apresentamos o tema do programa e a contextualização do caso. Tema do Podcast: Direitos Humanos – Garantindo a Dignidade para Todos Cenário: imagine que você foi convidado a realizar uma participação para um bate papo pelo apresentador do programa de podcast sobre o tema Direitos Humanos, que vai ao ar ao vivo, semanalmente, através de plataformas digitais online, tanto em formato de áudio quanto de vídeo (YouTube). Sua participação no programa será na próxima semana. É solicitado a você que apresente seus pontos de vista e experiências pro�ssionais sobre o tema. Como um bom conhecedor dos Direitos Humanos, empenhado em representar a empresa multinacional e Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA demonstrar que ela promove uma cultura organizacional mais inclusiva e respeitosa aos direitos de seus colaboradores, você é convidado pelo apresentador do programa a elaborar um roteiro escrito do podcast, para que haja uma melhor condução do programa e do tema abordado. Situação-problema: ao iniciar a palestra, você percebe que há uma falta de compreensão sobre os princípios fundamentais dos Direitos Humanos e uma resistência inicial por parte do apresentador em relação a certos conceitos. Além disso, você identi�ca a necessidade de abordar os conceitos que diferenciam Direitos Humanos e fundamentais, trazendo exemplos práticos e explicando como isso está presente dentro da sua empresa, a �m de contextualizar melhor os direitos e promover uma discussão mais aprofundada. Desa�o: como convidado do podcast, sua missão é envolver e conscientizar os ouvintes do programa sobre a importância dos Direitos Humanos, considerando suas particularidades culturais. Você deve criar uma abordagem pedagógica que promova a re�exão e a compreensão, respeitando a diversidade de opiniões e experiências. Produto �nal: o roteiro escrito deste programa de podcast deve ser feito no Word, conter perguntas e respostas, ordenadas em uma sequência lógica, em até 6 laudas, incluindo uma breve apresentação e encerramento do programa. Lembrando que o tempo do programa é de 2h, com um intervalo de 10 minutos após 1h de início do podcast. Para a preparação do roteiro, você pode utilizar como complementação também recursos audiovisuais, diagramas, tabelas, imagens criadas por você, histórias reais inspiradoras e recomendar materiais didáticos como livros, artigos cientí�cos, sites, entrevistas, vídeos, documentários, �lmes, músicas, que despertem a atenção e o engajamento dos ouvintes. Lembre-se: o Podcast vai ao ar em plataformas de áudio e também de vídeo, como o YouTube. Para superar esses desa�os, sugerimos que faça a divisão do roteiro em duas partes: 1. Na primeira parte, você fornecerá uma visão geral dos Direitos Humanos, destacando conceitos, classi�cações e distinções, apontando sua base jurídica internacional e a importância de sua universalidade. Nessa etapa, você utilizará exemplos concretos e casos reais para ilustrara relevância prática dos direitos em diferentes contextos. 2. Na segunda parte do podcast, você abordará especi�camente as questões culturais e tradições locais presente na sua empresa, relacionando-as aos princípios dos Direitos Humanos. Você incentivará a discussão e o diálogo construtivo, permitindo que os ouvintes expressem suas preocupações e visões através de comentários online enviados ao vivo durante o programa. Será fundamental destacar a importância do respeito mútuo e da busca por soluções que conciliem os valores universais dos Direitos Humanos com a identidade cultural da empresa e dos diversos países em que ela atua. Seu objetivo �nal é garantir que os ouvintes compreendam a relevância dos Direitos Humanos em suas vidas pro�ssionais e pessoais, e que se sintam motivados a agir em conformidade com eles, respeitando e promovendo esses direitos em seu ambiente de trabalho e além dele. Lembre- se de reforçar a importância da empatia, do diálogo respeitoso e da valorização da diversidade como elementos essenciais na promoção e proteção dos Direitos Humanos. Os Direitos Humanos são um conjunto de normas e princípios que visam a garantir a dignidade, liberdade e igualdade de todas as pessoas, independentemente de sua raça, gênero, religião, nacionalidade ou qualquer outra característica. Esses direitos são fundamentais para a Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA construção de uma sociedade justa e respeitosa, assegurando a proteção dos indivíduos contra abusos e arbitrariedades do poder estatal. Além disso, os Direitos Humanos têm uma dimensão universal, sendo reconhecidos e protegidos internacionalmente por meio de tratados e convenções (MALKE, 2017). Para ilustrar a importância dos Direitos Humanos, podemos considerar o caso hipotético: em 2023, há um país da América Latina em que os direitos das minorias étnicas são frequentemente violados. Nesse país, membros de determinado grupo étnico sofrem discriminação, perseguição e violência, tendo suas liberdades fundamentais restringidas por parte do governo autoritário que ocupa o poder. A eles são negados o direito à educação, emprego, liberdade de expressão e acesso à justiça. Essa situação evidencia a necessidade de promover e proteger os Direitos Humanos, a �m de garantir que todos os indivíduos tenham seus direitos respeitados e possam viver com dignidade. Diante desse contexto, surgem questionamentos importantes a serem analisados. Primeiramente, como é possível promover a conscientização e a mudança de atitude em relação aos Direitos Humanos nesse país? Quais seriam as estratégias e ações necessárias para combater a discriminação e a violência contra as minorias étnicas? Como as leis e as instituições jurídicas podem ser utilizadas como instrumentos para proteger os Direitos Humanos e garantir a igualdade e a justiça para todos? Para resolver essas questões, é essencial que sejam adotadas medidas educativas e de conscientização, visando a disseminar os princípios e valores dos Direitos Humanos na sociedade. É necessário promover a inclusão e a diversidade, por meio da implementação de políticas públicas efetivas, como programas de educação, sensibilização e treinamento para combater o preconceito e a discriminação. É necessário também que o país adote tratados internacionais; positive e interiorize os princípios de Direitos Humanos em sua legislação e constituição pátria, com atuação séria e responsável por parte do Poder Legislativo e Executivo local; e participe ativamente das agendas da ONU, atuando e sendo �scalizado pela organização. Além disso, é importante fortalecer as instituições jurídicas, garantindo o acesso à justiça para as vítimas de violações de Direitos Humanos e responsabilizando os perpetradores desses atos. O engajamento da sociedade civil, organizações não governamentais e comunidade internacional também desempenha um papel fundamental nesse processo, colaborando na defesa e promoção dos Direitos Humanos em âmbito local e por consequência rea�rmando sua importância em um contexto global. Olá estudante, chegamos ao encerramento da unidade! Vamos realizar a experiência presencial que irá consolidar os conhecimentos adquiridos? É a oportunidade perfeita para aplicar, na prática, o que foi aprendido em sua disciplina. Vamos transformar teoria em vivência e tornar esta etapa ainda mais signi�cativa. Não perca essa chance única de colocar em prática o conhecimento adquirido. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Figura 1 | Diagrama ilustrado com o resumo esquematizado da Unidade 2. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008. BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 10ª ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2022. BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico: Lições de �loso�a do direito. 1ª ed. São Paulo: Ícone, 2006. BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2017. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 3 maio 2023. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7ª ed. Coimbra: Almedina, 2003. COMPARATO, Fábio Konder. A a�rmação histórica dos Direitos Humanos. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003 LINHARES, Emanuel Andrade; SEGUNDO, Hugo de Brito Machado (orgs.). Democracia e Direitos Fundamentais: uma homenagem aos 90 anos do professor Paulo Bonavides. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2016. MAHLKE, Helisane. Direitos humanos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. MASCARO, Laura Degaspare Monte. Direitos humanos e cidadania. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Organização das Nações Unidas. Disponível em: https://www.un.org/. Acesso em: 3 maio 2023. ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/�les/2020-09/por.pdf. Acesso em: 3 maio 2023. PINHEIRO, Daniella Maria. Direitos Humanos. 1ª ed. Curitiba: InterSaberes, 2022. SARLET, Ingo Wolfgang. A E�cácia dos Direitos Fundamentais. 13ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. SARMENTO, Daniel. Dignidade da pessoa humana: Conteúdo, trajetórias e metodologia. 2ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2016. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 40ª ed. São Paulo: Malheiros, 2017. , Unidade 3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SOCIEDADE Aula 1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://www.un.org/ https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/por.pdf Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA A educação ambiental Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Neste vídeo, serão abordadas questões relevantes sobre educação ambiental. É muito comum que nos seja destacada, desde crianças, a importância de preservarmos o meio ambiente. Assim, crescemos sabendo dessa necessidade. Contudo, a educação ambiental deve permear todos os ramos de conhecimento e não se restringe aos bancos escolares, exigindo a participação da sociedade como um todo. Ponto de Partida Olá, estudante! Nesta aula, abordaremos a educação ambiental, enfatizando sua relação com o meio ambiente e a sua importância para sociedade brasileira. A educação é a base para que aconteçam mudanças, e, sem educação, os padrões se repetem e não há evolução da sociedade. Como resultado da aprendizagem, busca-se que seja despertada a vontade de compreender o meio em que vivemos; o desejo de continuar aprendendo e de entendera importância da educação ambiental e a sua relação com o meio ambiente e a sociedade. Por que educar ambientalmente as pessoas é tão importante? Por que a sustentabilidade deve ser praticada? Por que um meio ambiente ecologicamente desequilibrado gera impactos? Assim, espera-se que o estudante adquira conhecimentos para responder a essas e a tantas outras questões feitas na atualidade, além da percepção de que a educação ambiental aborda temas do presente e do futuro tão importantes em todas as áreas pro�ssionais nas tomadas de decisões. Bons estudos! Vamos Começar! Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Após a Segunda Guerra Mundial, de um modo geral, a preocupação com as questões ambientais passou a ser geral. Em especial, com o lançamento das bombas atômicas, que mostraram ao mundo seu poder de destruição e devastação. Não há limites geográ�cos para os desastres ambientais, que podem não �car restritos à localidade em que acontecem. Por exemplo, um rio que é contaminado pode atingir diversas cidades, estados e até mesmo países. Assim, surge a necessidade de serem criadas sociedades sustentáveis; nesse contexto, a educação ambiental foi apresentada, apesar de já existir, como uma importante ferramenta. Apesar de a literatura registrar que já se ouvia falar em educação ambiental desde meados da década de 60, o reconhecimento internacional desse fazer educativo como uma estratégia para se construir sociedades sustentáveis remonta a 1975, também em Estocolmo, quando se instituiu o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), sob os auspícios da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em atendimento à Recomendação 96 da Conferência de Estocolmo. E sobretudo dois anos depois, em 1977, quando foi realizada a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, conhecida como Conferência de Tbilisi, momento que se consolidou o PIEA e se estabeleceram as �nalidades, os objetivos, os princípios orientadores e as estratégias para a promoção da educação ambiental. (BRASIL, 2005) No Brasil, a de�nição de educação ambiental é objeto da Lei nº 9.765, de 27 de abril de 1999, que dispõe, em seu artigo 1º, que: Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999) Educação ambiental: um dever de todos A educação ambiental assume um protagonismo importante na sociedade, pois permite a formação de cidadãos mais participativos nos assuntos relacionados às questões de responsabilidade socioambiental, como a preservação do meio ambiente, o uso e reuso inteligente dos recursos naturais, o descarte correto de resíduos, estímulo ao consumo consciente, etc. A educação ambiental deve ser um componente essencial e permanente nas esferas da educação nacional, em todos os seus níveis e modalidades do processo formativo. Cabe aos meios de comunicação de massa colaborar na disseminação de informações e práticas educativas, e à iniciativa público-privada promover programas de capacitação dos trabalhadores, sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente. A educação ambiental está diretamente relacionada à sustentabilidade e ao meio ambiente, na medida em que é por meio dela que se garantirá a sustentabilidade em todos os seus aspectos. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Cabe ressaltar que ser ambientalmente sustentável é promover o desenvolvimento com uso racional dos recursos naturais no presente, sem comprometer a sua disponibilidade para que as gerações futuras possam igualmente se desenvolver. O desenvolvimento sustentável também implica estabelecer uma vida sustentável, em harmonia com a natureza e com os demais seres vivos, através do acesso à educação, e garantia de direitos humanos à coletividade. Siga em Frente... Foi explicado previamente que a educação ambiental busca a construção de valores sociais sólidos e a geração de conhecimentos e habilidades, garantindo que as pessoas estejam aptas a tomarem atitudes e a construírem competências voltadas para a conservação do meio ambiente, o qual serve a todos nós e também é um precioso bem para as gerações futuras. Assim, a Lei nº 9.765, de 27 de abril de 1999, em seu artigo 4º, dispõe que são princípios básicos da educação ambiental: (...) I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio- econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo; VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural. (BRASIL, 1999) Perceba que o enfoque da educação ambiental deve ser humanista; isso signi�ca que deve levar em consideração a relação das pessoas com o meio no qual vivem e interagem, no qual se desenvolvem como cidadãos. A sustentabilidade, como será visto adiante, é um importante mecanismo para salvaguardar a vida humana e de outras espécies animais no planeta Terra. Assim, devem ser observados os anseios e as necessidades das pessoas enquanto sociedade, pois essas questões podem mudar, a depender de diversos fatores, inclusive culturais. A educação ambiental não pode ser entendida como algo passivo, como uma disciplina meramente teórica. É uma disciplina que envolve o olhar crítico e o pensar, mas também o agir, o criar novas ideias, o inovar. Por essa razão, ela deve ser inserida nos currículos escolares desde a educação básica e progredir nos demais estágios, sejam formais ou informais. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA É na educação infantil que os conceitos e valores ligados à convivência em sociedade são melhor assimilados, uma vez que, nos ambientes escolares, a criança inicia o seu processo de interação social. Seja com atividades lúdicas ou interdisciplinares, a criança consegue relacionar o cuidado com o meio ambiente e a compreensão mais ampla e dinâmica sobre o mundo e seus desa�os. Não deve ser criada uma disciplina especí�ca para ela, pois a educação ambiental deve ser trabalhada de forma integrativa nas matérias escolares, ou seja, normalizando as questões que dizem respeito aos cuidados ambientais. Diferente da realidade infantil, jovens e adultos, distribuídos respectivamente no ensino médio e superior, carecem de uma abordagem distinta quanto à educação ambiental. Ela deve ser alinhada com os problemas cotidianos desse público, sejam de ordem doméstica ou pro�ssional, tratando sobre medidas mitigatórias para os problemas advindos da poluição ambiental, estimulando ações práticas, tais como: uso consciente dos recursos naturais, descarte correto do lixo, consumo consciente, etc. Por �m, cabe relembrar que as questões ambientais podem transcender os limites geográ�cos, criados por nós enquanto sociedades. Assim, a discussão e as ações para proteção do meio ambiente não podem ser somente localizadas. Vamos Exercitar? Até agora analisamos o contexto histórico em que a educação ambiental passou a ser uma necessidade para a preservação do meio ambiente, utilizando-se a sustentabilidade como meio, como ferramenta. Citamos a Lei nº 9.765, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, veri�cando a importância da educação ambiental. Explicamos que a educaçãodemocracia coexiste com enorme desigualdade social e com a di�culdade do Estado em garantir todos os direitos sociais que estão na Constituição Federal. Você sabe quais são eles? Vamos aprender a seguir: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo poder público em programa permanente de transferência de renda, cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observada a legislação �scal e orçamentária. (BRASIL, 1988). Talvez a leitura desse artigo tenha deixado você com dúvidas. Se temos todos esses direitos, então por que há pessoas vivendo em condições de extrema miséria no Brasil? Para que esses direitos sejam concretizados, os governos precisam efetivar políticas públicas e nem sempre isso ocorre. Dessa forma, nossa democracia tem baixa qualidade, ou seja, temos instituições democráticas – votamos, temos partidos, temos oposição ao governo e uma imprensa livre – mas temos baixa capacidade de os governos efetivarem todos esses direitos do artigo 6º da Constituição. Agora, vamos fazer uma re�exão juntos. O que nós, como sociedade civil, podemos fazer diante dessas constantes omissões do Estado? Para você entender isso, precisamos conversar sobre participação social e ética. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Nos governos democráticos, temos o direito de contestar e de questionar os poderes públicos sobre suas omissões. A forma mais e�caz de contestação é o voto, que tira do poder representantes políticos que não tomam decisões a favor do interesse público e não são éticos. Além do voto, o regime democrático dá ao povo o direito de se organizar em movimentos sociais, que são formas pelas quais a sociedade se coloca como questionadora e cobra dos governos que suas demandas adentrem a agenda política. Todos os governos têm agendas políticas, ou seja, conjuntos de intenções sobre as ações que farão para o povo. Quanto maior a capacidade da sociedade se organizar, com mais facilidade ela poderá cobrar dos governos que as suas demandas entrem na agenda política e sejam efetivadas. Dessa forma, embora planejar a nossa vida hoje implique tanta incerteza, podemos ter o compromisso ético de participação social, para que individualmente possamos colaborar com a mudança na nossa sociedade. O exercício da cidadania implica envolvimento com as questões políticas. No Brasil, há aquele ditado de que “política não se discute”, mas a verdade é que a cidadania demanda interesse nas questões políticas. Melhorando o mundo, nosso projeto de vida será emancipatório e seremos protagonistas na nossa sociedade. Saiba mais Nessa aula, mencionamos as di�culdades sociais e econômicas do Brasil. Para consolidar seus conhecimentos sobre isso, acesse o site do Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística e veja os dados sobre isso. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 8 abr. 2023. MANCEBO, D.; et al. Consumo e subjetividade: trajetórias teóricas. Estudos de Psicologia, Natal, v. 7, n. 2, p. 325–332, jul. 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/epsic/a/sJqFGBk5KLhg5vYnNYk8VXj/?lang=pt#ModalHowcite. Acesso em: 8 abr. 2023. RAITZ, T. R.; PETTERS, L. C. F. Novos desa�os dos jovens na atualidade: trabalho, educação e família. Psicologia & Sociedade, v. 20, n. 3, p. 408–416, set. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/psoc/a/jNxSdtJbwbtPRXHBQwFwGMS/?lang=pt#ModalHowcite. Acesso em: 8 abr. 2023. https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm https://www.scielo.br/j/epsic/a/sJqFGBk5KLhg5vYnNYk8VXj/?lang=pt#ModalHowcite https://www.scielo.br/j/psoc/a/jNxSdtJbwbtPRXHBQwFwGMS/?lang=pt#ModalHowcite Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA SETTON, M. G. J. Teorias da socialização: um estudo sobre as relações entre indivíduo e sociedade. Educação e Pesquisa, v. 37, n. 4, p. 711–724, dez. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/7NZftPqSmGqR7y8DQXcDYfc/?lang=pt#. Acesso em: 8 abr. 2023. Aula 2 REFLEXÕES POLÍTICAS Re�exões políticas Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Gostaríamos de convidar você a assistir à nossa videoaula, na qual abordaremos os conceitos de política, Estado, democracia e participação social. Vamos pensar juntos, então, sobre o que signi�ca cada um desses conceitos e como a participação social pode garantir os nossos direitos. Ponto de Partida Olá, estudante! Temos, no Brasil, uma a�rmação muito equivocada, determinando que “política não se discute”. Ela tem efeitos negativos para nosso país, pois afasta as pessoas de envolverem-se com a política e, portanto, de serem cidadãos integrais. Em realidade, não basta falar sobre política. Precisamos envolver-nos com ela, a�nal, cada decisão política tomada pelos nossos representantes afeta o nosso cotidiano. Dessa forma, estudante, gostaríamos de convidar você a pensar sobre conceito de política e de Estado, re�etindo sobre como cada um de nós pode se envolver mais com as questões políticas e, com isso, ajudar a determinar os rumos do nosso país. Bons estudos! https://www.scielo.br/j/ep/a/7NZftPqSmGqR7y8DQXcDYfc/?lang=pt Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Vamos Começar! O que você pensa quando ouve a palavra participação política? Que imagens vêm à sua cabeça? Você provavelmente pensou, de forma acertada, nas eleições e no voto. A política democrática envolve realmente a participação nas eleições, por meio do voto. Por que votamos? Qual é o papel da política? Imaginemos uma sociedade sem regras, sem governo e sem ninguém para garantir que tenhamos um comportamento ético? Será que essa sociedade é viável? Então, imagine-se vivendo nessa sociedade. Suponha que estejamos em um momento de escassez de chuva e encontrar alimentos para comer seja muito difícil. Contudo, de repente, você vê um animal e decide caçá-lo. Na sua percepção, o animal é seu, porque a caça foi fruto do seu trabalho. Essa percepção de que o obtido como fruto do nosso trabalho nos pertence é típico das sociedades democráticas, ou seja, daquelas baseadas na lei e na igualdade de todos perante a lei. Em uma sociedade sem lei, sem regras e sem governo, talvez essa caça seja de quem for mais forte para pegá-la de você. Sem lei e sem governo, vivemos pela lei do mais forte. Não há liberdade, não há justiça e não há vida possível. Toda sociedade, por de�nição, é formada por cultura, da qual faz parte um conjunto de regras que possibilitam a convivência social. Há registros históricos de sociedades do paleolítico que tinham regras, como enterrar os mortos, além de regras de parentesco, por exemplo (LESSA, 2004). Dessa forma, a política traz a possibilidade de viver em sociedades que tenham com base regramentos legais e um governo que imponha punições para aqueles que não as cumpram. Vamos utilizar o exemplo supramencionado para entender um exemplo atual. Você trabalhou vários anos e economizou dinheiro para comprar um carro. Finalmente o carro é seu. Você o estaciona na rua. De quem é o carro? De quem for o mais esperto ou mais forte para levá-lo embora ou o carro continua sendo seu? O carro é seu, porque temos uma legislação que assegura isso e há um Estado que protege seu patrimônio. O conceito de política, Estado e governo estão todos conectados. O Estado é aquele que exerce seu poder sobre um território (WEBER, 2001). O Brasil, por exemplo, tem um território,ambiental não é uma matéria que aborda só teoricamente as questões relevantes. Com isso, é necessário entendermos e visualizarmos como ela funciona na prática. Vimos que a educação ambiental deve permear todas as matérias escolares, não sendo necessária a constituição de uma disciplina exclusiva para ela. A ideia é de que a preservação ambiental permeia todos os assuntos. Portanto, a educação ambiental deve primeiramente respeitar a idade dos envolvidos e sua capacidade de entendimento, e evoluindo ao passar dos anos. Ela deve ser feita de maneira prazerosa, de modo que seja natural cuidar do meio ambiente. Sabemos que os resultados da educação não são imediatos, mas sim um investimento cujos frutos se colherão a longo prazo. Dessa forma, é interessante que, desde crianças, os indivíduos tenham o conhecimento sobre separação de lixo orgânico e reciclável, por exemplo. É importante entender para onde vai o lixo que geramos e que os materiais recicláveis podem ser reaproveitados – estimulando a economia e gerando lucro. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA É possível, por exemplo, que se trabalhe com artesanatos de materiais recicláveis, que se faça campanha para os alunos trazerem-nos para a escola. Interessante que esses materiais podem servir de base para se ensinar educação �nanceira, por exemplo, montando-se um minimercado. A criatividade para os educadores é o limite. Outra forma de se trabalhar com a educação ambiental seria, por exemplo, montar uma horta comunitária na escola ou um sistema de captação de água da chuva. Os alunos aprenderiam conceitos de ciência; poderiam se trabalhar conceitos de biologia (por exemplo, polinização das plantas e �ores), de matemática, de português (com a elaboração de um texto narrativo sobre o que se aprendeu), etc. En�m, poderia ser ensinado o valor da terra, do alimento orgânico, do seu preparo. Além disso, propostas como a limpeza de praias, de praças, parques, a depender da idade dos envolvidos, também seriam de grande valia. Perceba que a preservação do meio ambiente está diretamente ligada com as questões sociais. Se a pessoa cuida de um bem público, se ela sabe que aquele espaço também lhe pertence; ela sempre zelará por ele e valorizará o trabalho do outro. Para �nalizarmos esta etapa, um último exemplo seria a não utilização de produtos descartáveis, tendo cada aluno seu próprio copo/caneca, o que incentivaria o reuso de objetos; também o dia da carona, visando a diminuir a emissão de poluentes. Assim, perceba que, com boa vontade e espírito de coletividade, é possível trazer inúmeros benefícios não só para os envolvidos, mas para toda a sociedade. Saiba mais O Portal do Ministério da Educação traz diversas publicações sobre educação ambiental e sustentabilidade. Nele, é possível encontrar diversos exemplos práticos da aplicação da educação ambiental no Brasil, por exemplo, um manual de hortas comunitárias e um manual sobre consumo sustentável. Acesse e saiba mais: Ministério da Educação. Educação Ambiental – publicações. Referências BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: o que é – o que não é. Petrópolis: Editora Vozes, 2012. BRASIL. Lei nº 9.765, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm. Acesso em: 5 maio 2023. http://portal.mec.gov.br/component/content/article/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/13639-educacao-ambiental-publicacoes https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA BRASIL. Ministério da Educação. Educação Ambiental – publicações. [s.d.]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/content/article/194-secretarias-112877938/secad- educacao-continuada-223369541/13639-educacao-ambiental-publicacoes. Acesso em: 5 maio 2023. BRASIL. Programa nacional de educação ambiental – ProNEA. Ministério do Meio Ambiente, Diretoria de Educação Ambiental; Ministério da Educação. Coordenação Geral de Educação Ambiental. 3ª Ed. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao1.pdf. Acesso em: 5 maio 2023. TRAJBER, Rachel; MENDONÇA, Patrícia Ramos (orgs.). Educação na diversidade: o que fazem as escolas que dizem que fazem educação ambiental. Brasília: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao5.pdf. Acesso em: 5 maio 2023. Aula 2 MEIO AMBIENTE E SUA PROTEÇÃO Meio ambiente e sua proteção Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Neste vídeo, serão abordadas questões relevantes sobre a proteção do meio ambiente. Trabalharemos com diversos conceitos, como o de desenvolvimento sustentável, abordando aspectos importantes do histórico da legislação brasileira na área ambiental. Por vezes, é muito difícil a proteção do meio ambiente porque há grupos na sociedade cujos interesses econômicos se sobrepõem à proteção ambiental. Contudo, é necessário conhecer para cuidar, e existem diversos instrumentos para que os interesses da coletividade sejam protegidos. Ponto de Partida Olá, estudante! http://portal.mec.gov.br/component/content/article/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/13639-educacao-ambiental-publicacoes http://portal.mec.gov.br/component/content/article/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/13639-educacao-ambiental-publicacoes http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao1.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao5.pdf Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Nesta aula, serão trabalhadas questões do meio ambiente, especi�camente no que tange à legislação brasileira. Serão abordados conceitos, histórico, a Política Nacional do Meio Ambiente, bem como os princípios básicos constantes da Constituição Federal, importantes para serem conhecidos os parâmetros nacionais. Como resultado da aprendizagem, é esperado que, ao serem apresentados às questões relativas à proteção do meio ambiente por intermédio da legislação, os estudantes criem consciência sobre o quão protegido é o meio ambiente, pelo menos na teoria. Assim, espera-se que o estudante crie base teórica para analisar e produzir questionamentos e críticas sobre os motivos pelos quais o meio ambiente ainda sofre diversas ofensas e por que ainda, como sociedade, não conseguimos protegê-lo da forma adequada. Bons estudos! Vamos Começar! Por volta dos anos 60, surgiu a Terceira Geração dos Direitos Humanos, ressaltando o direito ao meio ambiente equilibrado, como um Direito Humano a ser respeitado. A preocupação com as questões ambientais potencializaram-se nos anos pós Segunda Guerra Mundial, dada a tamanha devastação feita com o lançamento das bombas atômicas. Constatou-se que, dali em diante, se a humanidade não tomasse cuidado com seus atos, talvez pudesse ser responsável pela destruição do planeta. Assim, o mundo passou a celebrar conferências e tratados para a proteção do meio ambiente. Sachs (1981) cita alguns destes eventos: Em 1962, Rachel Carson, ecologista norte-americana, publicou o livro A Primavera Silenciosa, demonstrando que o DDT (diclorodifeniltricloroetano) pulverizado nas pessoas durante a Segunda Guerra Mundial para combater o tifo, e também como agrotóxico nas lavouras, não trazia somente benesses. Ao contrário, ele poderia causar câncer e outros danos. O livro fez surgir diversos questionamentos sobre ecologia. Em 1972, foi publicado o Relatório do Clube de Roma, que tratou sobre os riscos globais dos efeitos da poluição e do esgotamento das fontes de recursos naturais, fazendo uma prospecção sobre a utilização dos recursos naturais indiscriminadamente. O documento destacou que haveria umcolapso se não houvesse mudanças no modo de utilização dos recursos naquele momento. No mesmo ano, aconteceu a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento e meio ambiente humano. Ali, Ignacy Sachs, precursor do conceito de desenvolvimento sustentável, apresentou o conceito de ecodesenvolvimento, destacando o que segue: “trata-se de gerir a natureza de forma a assegurar aos homens de nossa geração e à todas as gerações futuras a possibilidade de se desenvolver” (SACHS, 1981, p.14). Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Em 1980, o ambientalista norueguês Arne Naess criou o conceito de ecologia profunda, o qual determina que todos os elementos vivos devem ser respeitados, bem como que é necessário garantir o equilíbrio da biosfera. Em 1987, foi publicado o relatório Brundtland (Our Common Future), advindo da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Este relatório trouxe o conceito de desenvolvimento sustentável: “é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades” (ONU, 1987, p. 41). No Brasil, o principal marco da proteção ambiental ocorreu em 1988, com o advento da Constituição Federal. Até então, tínhamos apenas legislações esparsas. Neste sentido: Uma breve retrospectiva histórica pode demonstrar como é recente nossa percepção da proteção integral do meio ambiente. De seu descobrimento até a metade do século XX, existiam poucas regras de proteção ambiental no Brasil. A segunda fase, conhecida como fragmentária, é marcada pela preocupação do legislativo com a quantidade de recursos naturais, mas não com a sua qualidade integral – Código Florestal (1965); Códigos de Caça, de Pesca e de Mineração (todos de 1967); Lei de Zoneamento Industrial (1980); e a Lei dos Agrotóxicos (1989). A terceira fase, conhecida como holística, foi marcada pela edição da Lei nº 6.938 (BRASIL, 1981), e o ambiente passa a ser compreendido como um sistema ecológico integrado que deve ser protegido de forma completa. (BOLANHO; GOTTI, 2019, p. 141) A legislação é fundamental para disciplinar a sociedade, mas é preciso que tenhamos em mente o fato de sermos nós os dependentes do meio ambiente, e não o contrário. Enaltecer a consciência ambiental é imprescindível para compreendermos que comungamos do tempo e espaço com outras criaturas e interagimos com agentes diversos. Siga em Frente... Apesar da Constituição Federal (CF) de 1988 ser considerada o principal marco da proteção do meio ambiente, já existiam no Brasil algumas leis esparsas. Uma delas, que foi recepcionada pela referida CF, é a Lei n. 6.938 de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Além de recepcionada e vigente no ordenamento jurídico, ela é referência no que diz respeito à proteção ao meio ambiente. Na CF, a proteção ao meio ambiente vem disciplinada no artigo 225, o qual determina, no seu caput, que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988, [s.p.]). Perceba que a CF trouxe também a noção de desenvolvimento sustentável. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Já a PNMA traz efetividade ao artigo 225 da CF. Em seu artigo 2º, caput, a PNMA dispõe que tem por objetivo “(...) a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana” (BRASIL, 1981, [s.p.]). Elenca, ainda, uma série de princípios a serem atendidos: Princípios – PNMA (art. 2º, Lei 6.938/81) I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar. III – planejamento e �scalização do uso dos recursos ambientais. IV – proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas. V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras. VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais. VII – acompanhamento do estado da qualidade ambiental. VIII – recuperação de áreas degradadas. IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação. X – educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. Quadro 1 | Princípios da PNMA Já o artigo 3º da Lei da PNMA lista cinco importantes de�nições a serem conhecidas na matéria de proteção ao meio ambiente: meio ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição e recursos ambientais: Art. 3º - Para os �ns previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, in�uências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, super�ciais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a �ora. (BRASIL, 1981) A Lei da PNMA (BRASIL, 1981) aborda ainda os objetivos da política nacional do meio ambiente, o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), o Conselho Nacional do Meio Ambiente e os instrumentos da política Nacional do Meio Ambiente. Em seu escopo, especi�camente no art. 9°, são tratados os conceitos e instrumentos para elaboração de diretrizes políticas sobre o meio ambiente que possam ser aplicados em todas as esferas administrativas (municipal, estadual e federal), seja na elaboração de leis, ou na �scalização delas, com, por exemplo, a demarcação dos zoneamentos ambientais; a avaliação de impactos ambientais; licenciamentos ambientais e concessões de cunho ambiental. Vamos Exercitar? Até agora analisamos o contexto histórico e alguns conceitos que dizem respeito ao meio ambiente, especi�camente à sua proteção. Veri�camos ainda pontos importantes da legislação ambiental, como o artigo 225 da Constituição Federal (CF) e alguns artigos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1.981). No que diz respeito ao artigo 225 da CF, existem nele alguns princípios que serão identi�cados. Logo no caput podemos identi�car três princípios: do desenvolvimento sustentável, da prevenção e da participação (BRASIL, 1988). O princípio do desenvolvimento sustentável impõe a necessidade de defesa e preservação do meio ambiente, visando sua conservação tanto para geração atual quanto para as gerações futuras. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Constata-se que os recursos ambientais não são inesgotáveis, tornando-se inadmissível que as atividades econômicas desenvolvam-se alheias a esse fato. Busca-se com isso a coexistência harmônica entre economia e meio ambiente. Permite-se o desenvolvimento, mas de forma sustentável, planejada,para que os recursos hoje existentes não se esgotem ou tornem-se inócuos. (FIORILLO, 2006, p. 27) O princípio da prevenção, por sua vez, é um dos mais importantes que norteiam o direito ambiental. É sempre preferível a prevenção à reparação, pois o dano causado poderá ser irreversível. Neste sentido, importa observar que: A prevenção e a preservação devem ser concretizadas por meio de uma consciência ecológica, a qual deve ser desenvolvida através de uma política de educação ambiental. De fato, é a consciência ecológica que propiciará o sucesso no combate preventivo do dano ambiental. Todavia, deve-se ter em vista que a nossa realidade ainda não contempla aludida consciência, de modo que outros instrumentos tornam-se relevantes na realização do princípio da prevenção. (FIORILLO, 2006, p. 40) Já o princípio da participação determina que o dever de defesa e preservação do meio ambiente cabe ao Poder Público e à coletividade. Neste viés, a informação e a educação ambiental são instrumentos fundamentais na atuação de preservação do meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado. Nesse sentido, foi promulgada a lei nº 9.795, de 27/04/1999, estabelecendo uma Política Nacional de Educação Ambiental. A Política Nacional de Educação Ambiental veio a reforçar que o meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e indispensável à sadia qualidade de vida, deve ser defendido e preservado pelo Poder Público e pela coletividade (o que importa dizer que é um dever de todos, pessoas físicas e jurídicas), por intermédio da construção de valores sociais, de conhecimentos, habilidade e atitudes voltadas à preservação desse bem pela implementação da educação ambiental. (FIORILLO, 2006, p. 45) Por �m, o princípio do poluidor pagador encontra-se no parágrafo terceiro do mencionado artigo 225 da CF e impõe a necessidade da responsabilização civil do agente poluidor pelos danos causados. Observa-se que esse princípio não prega que aquele que pode pagar pode poluir. Na realidade, ele tem “(...) duas órbitas de alcance: busca evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter preventivo); e b) ocorrido o dano, visa sua reparação (caráter repressivo)” (FIORILLO, 2006, p. 30). Lembre-se: o desenvolvimento sustentável acontece com participação e responsabilidade, de agentes públicos e privados, através de diretrizes socioeconômicas alinhadas com as questões de cunho ambiental. Saiba mais Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA A ONU (Organização das Nações Unidas) é um importante organismo internacional que busca proteger o meio ambiente, já que sua proteção ultrapassa as fronteiras de�nidas pelos Estados e interessa a toda a coletividade. Conheça mais sobre o trabalho da ONU em prol do meio ambiente visitando a página a seguir: Nações Unidas Brasil. A ONU e o meio ambiente. Referências BOLANHO, Pedro Donizeti; GOTTI, Isabella Alice. Legislação, segurança do trabalho e meio ambiente. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. Disponível na Biblioteca Virtual: http://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087057454aa8872fb666c24. Acesso em: 7 jun. 2023. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 7 jun. 2023 BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a política Nacional do Meio Ambiente, seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm. Acesso em: 7 jun. 2023. FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2006. ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Report of the World Commission on Environment and Development: Our Common Future. 1987. Disponível em: https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf. Acesso em: 7 jun. 2023. SACHS, Ignacy. Espaços, tempos e estratégias do desenvolvimento. São Paulo: Vértice, 1981. Aula 3 MEIO AMBIENTE SUSTENTÁVEL Meio ambiente sustentável Este conteúdo é um vídeo! https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente http://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087057454aa8872fb666c24 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Neste vídeo, serão abordadas questões relevantes sobre a sustentabilidade. Será trabalhado o seu conceito, com base em diversas re�exões, como a necessidade ou a transitoriedade da sustentabilidade para a sociedade moderna. Por �m, serão apresentadas ideias sobre como a sustentabilidade pode ser utilizada na prática, uma vez que se trata de instrumento hábil para a mudança de paradigmas e mudança da sociedade como um todo. Ponto de Partida Olá, estudante! Nesta aula, serão trabalhadas questões atinentes à sustentabilidade. Os estudantes serão introduzidos ao tema, conhecerão seu conceito e levantarão alguns questionamentos, como: o que é sustentabilidade? A quem se dirige? Quem deve utilizá-la? Desde quando? Sustentabilidade é necessária ou apenas transitória? Como é aplicada no Brasil? Como resultado da aprendizagem, após muita re�exão, é esperado que, ao serem apresentados às questões relativas à sustentabilidade, os estudantes conheçam a temática e sejam capazes de aplicá-la em suas vidas pessoais e pro�ssionais. Assim, espera-se que o estudante compreenda o conceito de sustentabilidade e crie uma base teórica su�ciente para analisar e produzir questionamentos e críticas referentes à sua sustentabilidade e sua aplicação. Bons estudos! Vamos Começar! Aqui será feita uma introdução sobre a sustentabilidade e apresentado seu conceito. Conforme estudamos nas aulas anteriores, após a Segunda Guerra Mundial, a preocupação com as questões ambientais foi aumentando paulatinamente. Percebeu-se que a tecnologia estava avançando muito, e poderia não só auxiliar os seres humanos, mas também destruí-los. A partir daí, o interesse em preservar o mundo em que vivemos cresceu, e passou a ser objeto de estudo e debate de especialistas de diversos campos. No entanto, esse interesse foi acontecendo de modo esparso: estudos, artigos, livros, conferências etc., até que tomou fôlego a partir dos anos 70. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Apesar de a sustentabilidade ser objeto de interesse a partir dessa época, certo é que seu conceito remonta há pelo menos 400 (quatrocentos) anos. Segundo Leonardo Boff (2012, p. 31- 32), os dicionários nos oferecem dois sentidos para o termo sustentabilidade – passivo e ativo. O passivo diz que “sustentar” signi�ca segurar por baixo, suportar, servir de escora, impedir que caia, impedir a ruína e a queda. Neste sentido, sustentabilidade “é”, em termos ecológicos, tudo o que �zermos para que um ecossistema não decaia e se arruíne. Para impedi-los podemos, por exemplo, criar expedientes de sustentabilidade como plantar árvores na encosta da montanha, que servem de escora contra a erosão e os deslizamentos. O sentido positivo enfatiza o conservar, manter, proteger, nutrir, alimentar, fazer prosperar subsistir, viver, conservar-se sempre à mesma altura e conservar-se sempre bem. (BOFF, 2012, p. 31-32) Ser sustentável é adotar procedimentos que permitam o desenvolvimento humano como um todo, sem eliminar os organismos vivos. Em outras palavras, o desenvolvimento sustentável deve ser economicamente e�ciente, mas também ecologicamente prudente e socialmente desejável. Neste sentido, alguns tratados e conferências trouxeram propostas para corroborar com essa questão. Em 1972, foi publicado o Relatório do Clube de Roma, também denominadode “Os Limites do Crescimento” (The Limits to Growth) alertando sobre os riscos globais dos efeitos da poluição e do esgotamento das fontes de recursos naturais (SACHS, 1981). Sua publicação foi, naquela época, um choque, tratando-se de um dos documentos mais lidos sobre o tema. O relatório foi fruto de uma demonstração – por meio de programas de computador – de uma prospecção sobre a utilização indiscriminada dos recursos naturais. Chamava atenção naquele momento que o planeta Terra poderia entrar em colapso, caso não fossem feitas alterações no modo de utilização dos recursos (SACHS, 1981). Outra conferência importante aconteceu em 1984, tendo originado a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Os trabalhos dessa comissão foram encerrados em 1987, tendo por resultado o Relatório denominado “Nosso Futuro Comum” (Our Common Future), também conhecido como Relatório Brundtland. Fez-se importante, pois apresentou o conceito de desenvolvimento sustentável, de�nido como “aquele que atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer as necessidades das gerações futuras de atenderem a suas necessidades e aspirações” (ONU, 1987). Atente-se que os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, embora diferentes e próximos, caminham juntos. Estão conectados e, mais importante do que a semântica, é a real ligação entre eles. A sustentabilidade somente se concretiza através do desenvolvimento sustentável. Siga em Frente... Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Após analisados os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, cumpre aprofundarmos sobre a temática a partir do seguinte questionamento: a sustentabilidade é uma necessidade ou apenas uma discussão transitória, um termo da moda, para a sociedade moderna? Antes de re�etirmos sobre a questão, cabe explorar um pouco mais o conceito de sustentabilidade. Ela deve ser analisada sob alguns aspectos e nunca isoladamente. Assim, estudamos que a preocupação ambiental deve ser de toda a sociedade, devendo todos ser ambientalmente educados desde os primeiros anos de infância. Na sociedade, existem diversos personagens, que, juridicamente, poderíamos denominar como pessoas físicas e jurídicas. Todos causamos impacto ambiental, isto é um fato, desde o momento em que nascemos; no caso das pessoas jurídicas, desde sua criação. Neste cenário, decorre da lógica a�rmar que uma empresa, por exemplo, causa bem mais impacto do que uma única pessoa. Diante dessas re�exões, em 1999, John Elkington, no campo empresarial, concebeu a ideia do triple bottom line, conhecido como “tripé da sustentabilidade”. A ideia era de que as empresas precisavam de alguns parâmetros para agirem com responsabilidade social e de fato aplicarem a sustentabilidade. Segundo ele, a sustentabilidade – sendo um tripé – está apoiada nos seguintes pontos: social, econômico e ambiental (OLIVEIRA et al., 2019). Figura 1 | Tripé da sustentabilidade. Perceba que, na ideia do tripé da sustentabilidade, não há um aspecto mais importante que o outro. Se pensarmos em um banquinho, com três pernas, e tirarmos uma, provavelmente ele perderá seu equilíbrio. É exatamente o que acontece com a sustentabilidade. Ela depende desses Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA parâmetros. Não basta, por exemplo, ser ambientalmente sustentável e economicamente inviável. A busca pelo equilíbrio é o grande desa�o. Assim, a sustentabilidade é um conceito sistêmico, que deve ser analisado de forma holística, dependente de muitos fatores, tais como parâmetros culturais, éticos, políticos e estéticos. Segundo Almeida (2002), sustentabilidade com ética requer uma aliança entre gerações, estabelecendo a preocupação com o porvir. Caminha ao lado da ideia de desenvolvimento sustentável, como já visto, ao utilizar os recursos naturais de modo que haja desenvolvimento, mas sem prejudicar a possibilidade das gerações futuras terem acesso a esses recursos. Já o parâmetro político apontaria para uma necessidade de governabilidade voltada para o respeito ambiental e para o combate a desvios e corrupção, por exemplo. Por �m, o parâmetro estético diria respeito ao cuidado com o patrimônio histórico, com as paisagens. Portanto, re�etindo então sobre a questão inicialmente proposta, podemos a�rmar que a sustentabilidade é uma necessidade, e não se trata de uma necessidade transitória. Podemos entendê-la como um instrumento que pode auxiliar a humanidade a buscar alternativas de uso dos recursos naturais sem esgotá-los e sem estagnar o desenvolvimento da sociedade. Ela é um ponto de partida, um caminho a ser percorrido, e não apenas um objetivo a ser atingido. Vamos Exercitar? Até agora analisamos o contexto histórico e alguns conceitos que dizem respeito ao meio ambiente, especi�camente à sua proteção. Veri�camos ainda pontos importantes da legislação ambiental, como o artigo 225 da Constituição Federal (CF) e alguns artigos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1.981). No que diz respeito ao artigo 225 da CF, existem nele alguns princípios que serão identi�cados. Logo no caput podemos identi�car três princípios: do desenvolvimento sustentável, da prevenção e da participação (BRASIL, 1988). O princípio do desenvolvimento sustentável impõe a necessidade de defesa e preservação do meio ambiente, visando sua conservação tanto para geração atual quanto para as gerações futuras. Constata-se que os recursos ambientais não são inesgotáveis, tornando-se inadmissível que as atividades econômicas desenvolvam-se alheias a esse fato. Busca-se com isso a coexistência harmônica entre economia e meio ambiente. Permite-se o desenvolvimento, mas de forma sustentável, planejada, para que os recursos hoje existentes não se esgotem ou tornem-se inócuos. (FIORILLO, 2006, p. 27) O princípio da prevenção, por sua vez, é um dos mais importantes que norteiam o direito ambiental. É sempre preferível a prevenção à reparação, pois o dano causado poderá ser irreversível. Neste sentido, importa observar que: Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA A prevenção e a preservação devem ser concretizadas por meio de uma consciência ecológica, a qual deve ser desenvolvida através de uma política de educação ambiental. De fato, é a consciência ecológica que propiciará o sucesso no combate preventivo do dano ambiental. Todavia, deve-se ter em vista que a nossa realidade ainda não contempla aludida consciência, de modo que outros instrumentos tornam-se relevantes na realização do princípio da prevenção. (FIORILLO, 2006, p. 40) Já o princípio da participação determina que o dever de defesa e preservação do meio ambiente cabe ao Poder Público e à coletividade. Neste viés, a informação e a educação ambiental são instrumentos fundamentais na atuação de preservação do meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado. Nesse sentido, foi promulgada a lei nº 9.795, de 27/04/1999, estabelecendo uma Política Nacional de Educação Ambiental. A Política Nacional de Educação Ambiental veio a reforçar que o meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e indispensável à sadia qualidade de vida, deve ser defendido e preservado pelo Poder Público e pela coletividade (o que importa dizer que é um dever de todos, pessoas físicas e jurídicas), por intermédio da construção de valores sociais, de conhecimentos, habilidade e atitudes voltadas à preservação desse bem pela implementação da educação ambiental. (FIORILLO, 2006, p. 45) Por �m, o princípio do poluidor pagador encontra-se no parágrafo terceiro do mencionado artigo 225 da CF e impõe a necessidade da responsabilização civil do agente poluidor pelos danos causados. Observa-se que esse princípio não prega que aquele que pode pagar pode poluir. Na realidade, ele tem “(...) duas órbitas de alcance: busca evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter preventivo); e b) ocorrido o dano, visa sua reparação (caráter repressivo)” (FIORILLO, 2006, p. 30). Cabe ressaltarque o desenvolvimento sustentável acontece com participação e responsabilidade, de agentes públicos e privados, através de diretrizes socioeconômicas alinhadas com as questões de cunho ambiental. Saiba mais A ONU (Organização das Nações Unidas) é um importante organismo internacional que busca proteger o meio ambiente, já que sua proteção ultrapassa as fronteiras de�nidas pelos Estados e interessa a toda a coletividade. Conheça mais sobre o trabalho da ONU em prol do meio ambiente visitando a página a seguir: Nações Unidas Brasil. A ONU e o meio ambiente. Referências https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. BOLANHO, Pedro Donizeti; GOTTI, Isabella Alice. Legislação, segurança do trabalho e meio ambiente. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. Disponível em: http://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087057454aa8872fb666c24. Acesso em: 7 jun. 2023. BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: o que é o que não é. Petrópolis: Vozes, 2012. BRASIL. Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços. Agenda 2030. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Disponível em: https://www.gov.br/governodigital/pt- br/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods. Acesso em: 7 jun. 2023. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 7 jun. 2023. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a política Nacional do Meio Ambiente, seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm. Acesso em: 7 jun. 2023. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Indicadores Brasileiros para os objetivos de desenvolvimento sustentável. Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística. Disponível em https://odsbrasil.gov.br/home/agenda. Acesso em: 7 jun. 2023. OLIVEIRA, Sonia Valle, Walter Borges de; LEONETI, Alexandre; CEZARINO, Luciana O. Sustentabilidade: princípios e estratégias. Barueri: Editora Manole, 2019. E-book. ISBN 9788520462447. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520462447/. Acesso em: 7 jun. 2023. ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Report of the World Commission on Environment and Development: Our Common Future. 1987. Disponível em: https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf. Acesso em: 7 jun. 2023. SACHS, Ignacy. Espaços, tempos e estratégias do desenvolvimento. São Paulo: Vértice, 1981. Aula 4 DESENVOLVIMENTO, ECONOMIA E MEIO AMBIENTE http://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087057454aa8872fb666c24 https://www.gov.br/governodigital/pt-br/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods https://www.gov.br/governodigital/pt-br/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm https://odsbrasil.gov.br/home/agenda https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520462447/ https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Desenvolvimento, economia e meio ambiente Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Neste vídeo, serão abordadas questões relevantes sobre o desenvolvimento econômico versus a proteção ambiental. Eles são opostos ou podem ser trabalhados lado a lado? Além disso, serão feitas re�exões sobre o que são as tecnologias limpas e o contexto em que está inserida a economia verde. Por �m, será proposta uma re�exão sobre as questões sociais e o impacto da pobreza na preservação ambiental. Ponto de Partida Olá, estudante! Nesta aula, serão trabalhadas questões atinentes ao desenvolvimento econômico e sua relação com a proteção ambiental. Considera-se necessário o desenvolvimento econômico; porém, é preciso minimizar seu impacto no meio ambiente. Como resultado da aprendizagem, após muita re�exão, espera-se do estudante compreender que existem diversas formas de desenvolvimento, que o desenvolvimento tecnológico pode ser limpo, e que também podemos ter auxílio da economia verde e circular, por exemplo. Assim, o estudante poderá dispor de ferramentas para poder discutir sobre o aparente con�ito entre desenvolvimento econômico e proteção ao meio ambiente. Também poderá criar uma base teórica su�ciente para analisar, criticar e produzir questionamentos para se posicionar diante de um caso concreto que lhe seja apresentado na vida pessoal e pro�ssional. Bons estudos! Vamos Começar! Aqui trabalharemos a aparente dicotomia existente entre o desenvolvimento econômico e a proteção ao meio ambiente. Estudamos até aqui sobre a importância da educação ambiental desde a mais tenra idade como forma de transformação social. Depois analisamos alguns Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA aspectos da legislação brasileira em matéria de direito ambiental. Feito isso, conhecemos o que vem a ser a sustentabilidade e sua aplicação prática. Foi explicado que a sustentabilidade é uma forma de desenvolvimento. Ela não pode ser tratada somente como um objetivo a ser atingido, mas sim, deve ser utilizada como um instrumento na tomada de decisões, principalmente nas decisões gerenciais das organizações, que causam grande impacto ao meio ambiente. Diante deste cenário, surge a dúvida: como é possível manter o mesmo ritmo de desenvolvimento econômico respeitando e protegendo o meio ambiente? Lembre que o tipo de desenvolvimento almejado é o sustentável, que garante o acesso às futuras gerações aos mesmos recursos que temos acesso hoje (ONU, 1987). A ideia do desenvolvimento sustentável é tão importante, pois se �zermos uma análise mais profunda, percebemos que acessar os recursos (por exemplo, a água) não é somente utilizá-los para manutenção da vida. Esse acesso deve dizer respeito também à preservação das espécies animais e vegetais. Imagine, por exemplo, que, na Mata Atlântica, existe uma planta capaz de curar um determinado tipo de câncer. Com a tecnologia existente daqui a 100 (cem) anos, um cientista poderá extrair dessa planta a cura. No entanto, ele não terá acesso a essa planta, porque ela foi extinta. Perceba, então, a importância do desenvolvimento sustentável e dos cuidados e preservação dos recursos naturais. São eles que proporcionam a vida na terra, em todas as suas formas. Como integrar, assim, o desenvolvimento econômico sem agredir o meio ambiente natural? Para atingir esse objetivo, devemos nos utilizar de alguns instrumentos. Certamente a sustentabilidade é um deles. A economia é um pilar importantíssimo para a sustentabilidade. É através dela que são geradas não só riquezas, mas também tecnologia e empregos. Com os empregos, é possível que as pessoas tenham dignidade e consigam prover a si mesmas e à sua família. Por sua vez, a tecnologia também é um importante instrumento na preservação ambiental. É por meio dela, muitas vezes nos utilizando da inovação, que conseguimos melhorar processos produtivos, inventar novas máquinas, novos meios de produção, diminuir a poluição gerada, etc. Perceba que a humanidade, como um todo, sempre busca melhorar suas ferramentas e dinamizar seus processos. Podemos tomar como exemplo os computadores e a internet, que, no início dos anos 90, eram de mesa, lentos e com internet discada, via telefone. Já hoje, temos internet rápida até em relógios, por meio de wi-� e bluetooth. Veja quantos não foram os avanços em pouco tempo cronológico, já que vinte ou trinta anos é um espaço de tempo relativamente curto em comparação com o arco histórico da humanidade. Siga em Frente... Sabemos quea tecnologia limpa (clean technology) é aquela que busca soluções para redução ou eliminação do impacto ambiental nos processos produtivos. Ela é a tecnologia preocupada Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA com as questões ambientais e com os recursos naturais. Por sua vez, As Cleantechs são empresas de tecnologia limpa que representam atividades empreendedoras dispostas a desenvolver novos modelos de negócios pautados em sustentabilidade ambiental e tecnologia. (NORONHA; HAYASHI; SILVA; LIMA, 2022, [s.p.]) No início dos anos 2000, a tecnologia limpa surgiu como uma nova categoria de investimento, possibilitando transformar um problema de negócio em uma nova oportunidade de empreendimento na perspectiva ambiental, social e inclusiva (NORONHA; HAYASHI; SILVA; LIMA, 2022). As Cleantechs estão inseridas no chamado subsetor de investimento em tecnologias de energias renováveis, nanotecnologia, e�ciência energética, otimização na utilização de água, gestão de resíduos, redução de emissão de poluentes e gases, além de processos de manufatura voltados para produção limpa e renovável (NORONHA; HAYASHI; SILVA; LIMA, 2022). As atividades ligadas às práticas verdes fazem parte de mercados que visam à economia com um menor impacto ambiental e desenvolvimento sustentável (NORONHA; HAYASHI; SILVA; LIMA, 2022). Como exemplos, podemos citar a energia eólica, que utiliza a forma dos ventos para a geração de energia; a energia solar, que utiliza o sol para gerar energia; e a energia ondomotriz (que utiliza as ondas do mar para gerar energia). No entanto, nem todas as tecnologias limpas são consideradas limpas por toda a comunidade cientí�ca. Em relação aos carros elétricos, existem dúvidas se seria mesmo uma tecnologia limpa, uma vez que suas baterias podem ser causa de grande problema de poluição ambiental no futuro. Outra tecnologia limpa que vem sendo reconsiderada são as hidrelétricas. Ainda que melhores que as usinas de carvão e nucleares para geração de energia, fato é que, para serem implantadas, elas dão causa a um grande impacto ambiental, mudando cursos de rios, dizimando espécies de plantas e animais e mudando cidades inteiras de localização. Entretanto, temos que nos atentar ao fato de que a busca pela tecnologia limpa cresce na medida em que esse tipo de tecnologia é buscada pelo mercado verde. Ou seja: quanto mais as organizações, sejam elas públicas ou privadas, exijam de seus fornecedores práticas ambientalmente corretas, mais haverá investimentos em tecnologia limpa. Isso pode ser feito por exemplo, quando o setor público exige que em uma licitação participem apenas empresas que detenham um determinado selo de qualidade referente ao meio ambiente, ou que, no setor privado, por exemplo, uma empresa exija que sua cadeia de fornecedores seja certi�cada. Perceba que, deste modo, as grandes organizações podem ser responsáveis por fazerem com que os produtores menores também busquem agir de forma ambientalmente limpa. Mais uma vez, notamos que as questões econômicas têm forte in�uência sobre a proteção ambiental. Vamos Exercitar? Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Até agora, analisamos a dicotomia entre o desenvolvimento econômico e a proteção ao meio ambiente. Percebemos que, na verdade, não há uma dicotomia; pelo contrário, o desenvolvimento econômico não deve ocorrer às custas da degradação ambiental, mas sim, em conjunto com o meio ambiente. Após, analisamos o contexto em que a tecnologia limpa foi criada, em especial suas motivações. Ao �nal do bloco anterior, a�rmou-se que a tecnologia limpa cresce na medida em que é buscada pela economia verde. Então �ca a pergunta: o que é o mercado verde e como ele atua na prática? Inicialmente, importa mencionar que o mercado consumidor está cada vez mais exigente. E o consumidor não quer apenas ter um produto de boa qualidade e com um bom preço. As pessoas têm se importado em conhecer a origem do produto, qual matéria-prima é utilizada, se a mão de obra é paga e quali�cada para o trabalho, etc. Ou seja, os consumidores têm se preocupado em entender e veri�car o impacto social e ambiental que o produto tem. Além disso, as próprias organizações se interessam pelo tema. Por exemplo: pensemos que existe um índice na Bolsa de Valores que se chama ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial. Ele tem por objetivo reconhecer o comprometimento das organizações com a sustentabilidade nas suas atividades empresariais. Deste modo, um investidor pode querer somente investir em uma empresa que tenha um determinado desempenho de acordo com a ISE. Esse mesmo investidor pode querer ter informações sobre a rastreabilidade dos insumos utilizados da cadeia de produção. Assim, O crescimento populacional e da renda média mundial tem efeito positivo sobre a demanda de bens e serviços, que, por sua vez, é frequentemente atendida com base em recursos naturais, especialmente terra e água. Em todo o mundo, essas tendências estão forçando um número crescente de ecossistemas para além de suas capacidades. Nesse contexto, a economia verde se apresenta como um modelo para reverter essas tendências, alterando políticas e incentivos, de modo a apoiar o crescimento, a igualdade social e o bem-estar por meio da conservação e do uso sustentável dos recursos naturais e do controle vigilante da poluição (International Institute for Sustainable Development, 2014). (PEREIRA; LOPES; TORRES; LOPES; 2022, [s.p.]) Ou seja: a economia verde é um modelo de economia, uma outra forma de agir, que busca o desenvolvimento econômico e social sem degradar o meio ambiente e explorá-lo mais do que ele suporta. Veja que ela não é a mesma coisa que o desenvolvimento sustentável. Os dois caminham juntos: assim como a sustentabilidade, a economia verde é uma forma de se alcançar o desenvolvimento sustentável. Em conclusão, é importante ressaltar que a economia verde é um instrumento do desenvolvimento sustentável, buscando reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a utilização de energia e�ciente e limpa, a diminuição de resíduos, dentre outros inúmeros artifícios que a tecnologia limpa traz, mas também tenta reduzir das diferenças sociais. O grande �agelo do mundo não é só a degradação ambiental, mas sim a pobreza, que retira das pessoas a Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA capacidade de entendimento e compreensão. Por, muitas vezes, não terem suas necessidades básicas supridas, elas não podem cuidar do mundo em que vivem. Saiba mais No site da ONU, há uma interessante reportagem sobre a economia verde, como forma alternativa de modelo econômico: ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). ONU Meio Ambiente propõe modelos econômicos alternativos sustentáveis. ONU News, 14 jun. 2019. Referências BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: o que é o que não é. Petrópolis: Vozes, 2012. BOLANHO, Pedro Donizeti; GOTTI, Isabella Alice. Legislação, segurança do trabalho e meio ambiente. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. Disponível em: http://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087057454aa8872fb666c24. Acesso em: 7 maio 2023. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 7 jun. 2023. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a política Nacional do Meio Ambiente, seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm. Acesso em: 7 jun. 2023. NORONHA, Matheus Eurico Soares; HAYASHI, Victor Takashi; SILVA, Luiz Otávio Estevam da; LIMA, Matheus Nunes. A vantagem competitiva das empresas cleantechs e o desenvolvimento de capacidades dinâmicas utilizando internet das coisas. Read, Revista Eletrônica de Administração, Porto Alegre, v. 28, n. 2, p. 455-486, ago. 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/read/a/DJTDCNT5xVcRYr6j78gwrrF/?lang=pt. Acesso em: 31 maio 2023. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL. Indicadores Brasileiros para os objetivos de desenvolvimento sustentável. Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística. Disponível em: https://odsbrasil.gov.br/home/agenda. Acesso em: 7 jun. 2023. ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). ONU Meio Ambiente propõe modelos econômicos alternativos sustentáveis. ONU News, 14 jun. 2019. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2019/06/1676321. Acesso em: 1 jun. 2023. https://news.un.org/pt/story/2019/06/1676321 http://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087057454aa8872fb666c24 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm https://www.scielo.br/j/read/a/DJTDCNT5xVcRYr6j78gwrrF/?lang=pt https://odsbrasil.gov.br/home/agenda https://news.un.org/pt/story/2019/06/1676321 Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA ONU (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS). Report of the World Commission on Environment and Development: Our Common Future. 1987. Disponível em: https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf. Acesso em: 7 jun. 2023. PEREIRA, V. F.; LOPES, D. B.; TORRES, D. A. P.; LOPES, M. Economia Verde. In: Plataforma Visão de futuro do Agro. 2022. Disponível em: https://www.embrapa.br/visao-de- futuro/sustentabilidade/sinal-e-tendencia/economia-verde. Acesso em: 1 jun. 2023. SACHS, Ignacy. Espaços, tempos e estratégias do desenvolvimento. São Paulo: Vértice, 1981. Aula 5 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SOCIEDADE Vídeo Aula Encerramento Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Esta videoaula reforçará alguns conceitos que estudamos, tais como o desenvolvimento sustentável e a educação ambiental, mas com um olhar voltado para a ética ambiental, sem deixar de mencionar a legislação existente. Abordaremos algumas práticas salutares para promover um desenvolvimento econômico com menos agressões ambientais e com a conscientização atual que estabelece o consumo sustentável. Ponto de Chegada Olá, estudante! A Constituição Federal de nosso país rati�ca que todos os brasileiros têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, pois este é um bem de uso comum do povo, e é algo imprescindível para garantir uma qualidade de vida minimamente saudável. Cabe ao poder público e a toda a sociedade, seja o cidadão ou uma corporação, defender e preservar o meio ambiente não só para a geração presente, mas igualmente para as futuras. https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf https://www.embrapa.br/visao-de-futuro/sustentabilidade/sinal-e-tendencia/economia-verde https://www.embrapa.br/visao-de-futuro/sustentabilidade/sinal-e-tendencia/economia-verde Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Juntamente com nossa Constituição, a Lei n. 6.938 de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, dentre outras providências, é referência no que diz respeito à proteção ao meio ambiente. Contudo, as leis, decretos e regulamentações não são isolados no contexto ambiental, pois, para fazer valer seu teor e, assim, propiciar resultados satisfatórios, outra medida é essencial: a educação ambiental. Esta desempenha um papel que abrange a conscientização, informação e instrumentalização, como agente potencializador do nosso dever enquanto usuários desse planeta, para defender e proteger o nosso meio ambiente. Importa frisar que educar o cidadão passa pela abordagem da temática ambiental em todos os seus níveis de formação, da básica à superior, mas acontece também informalmente com auxílio das distintas mídias de comunicação e empresas em geral. A educação ambiental, portanto, trabalha diretamente com a promulgação de um desenvolvimento sustentável, abrangendo as esferas públicas e privadas, como elucida Ibrahin (2014, p. 111): “Várias atividades, desempenhadas por diferentes sujeitos, Poder Público, instituições, comunidades, entre outros, podem proporcionar o exercício da Educação Ambiental, em busca de um futuro ambiental, social e economicamente sustentável”. Sempre há impacto ambiental, ainda que em diferentes graus, em todas as atividades desenvolvidas pela humanidade; portanto, as medidas mitigatórias devem apontar sempre para a tentativa de minimizar as consequências advindas deste cenário inevitável. Nesse sentido, preconiza-se a instauração do desenvolvimento sustentável, que pressupõe um crescimento econômico, mas com justiça social, conciliado sobretudo com a preservação ambiental. Complementando isto, segundo o autor Ibrahin (2014, p. 24), “o desenvolvimento sustentável implica a existência da vida sustentável, em harmonia com a natureza e com os demais seres vivos, no acesso à educação, bem como na garantia de direitos humanos e fundamentais”. O uso de tecnologias limpas e a conservação dos recursos ambientais, que sustentam a vida do planeta, são práticas que deveriam ser adotadas em maior quantidade, cabendo a todos nós entender que o uso dos recursos naturais de forma racional colabora com o desenvolvimento sustentável, quando respeita a sua capacidade natural de regeneração. Empregar tecnologias limpas, como a reciclagem de produtos de consumo, redução e tratamento de resíduos tóxicos, uso de energia eólica e solar, controle de emissão e monitoramento de poluentes, dentre outras, proporcionam um alívio à escassez de energia, água e outros recursos naturais, ao mesmo tempo em que fornecem um caminho para que o planeta sofra menos agressões e se perpetue como abrigo para todas as geração do porvir. É Hora de Praticar! A partir do contexto que lhe foi proposto, é importante que você explique a nossa situação atual: a sociedade capitalista urbano industrial e seu atual modelo de desenvolvimento econômico e Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA tecnológico vêm causando um crescente impacto sobre o meio ambiente, mas a percepção deste fenômeno tem ocorrido de maneiras diferentes por ricos e pobres. A população de baixa renda tem vivido com maior intensidade os impactos dos problemas ambientais. Tal fato aumenta suas di�culdades cotidianas expressas pela falta de água, energia, espaços habitacionais seguros, alimentação, entre outros. Também é fato que as alterações na tecnologia e nos padrões de consumo ao longo da história, além da escala global que seus impactos alcançaram no último século, impuseram marcos signi�cativos nas modi�cações dos espaços naturais. Em outras palavras, toda e qualquer intervenção humana se re�ete em agressões ao meio ambiente. Mitigar essa situação, mirando em um futuro mais igualitário e sustentável, passa primeiramente pela educação ambiental, para formar e preparar cidadãos, através de uma re�exão crítica e ação social corretiva, ou transformadora do sistema, de forma a tornar viável o desenvolvimento integral de todos os seres humanos. A educação ambiental coloca-se em uma posição contrária ao modelo de desenvolvimento econômico vigente no sistema capitalista selvagem, no qual os valores da ética, da justiça social e da solidariedade não são considerados integralmente. São situações cotidianas equivocadas, em que a cooperação não é estimulada, pois prevalece o lucro a qualquer preço, a competição, o egoísmo e os privilégios de poucos em detrimento da maioria da população. É impossível mudar uma realidade instaurada sem a conhecer de forma objetiva. Dessa maneira, o desenvolvimento de um processo de educação ambiental implica que seja realizado, inicialmente, um diagnóstico situacional, a partir do qual deverão ser estabelecidos os objetivos educativos que devem ser alcançados. Não se trata apenas de entender e atuar sobre a problemática ecológica e na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas, mas de estabelecer a relação de causa e efeito dos processos dedegradação com a dinâmica dos sistemas sociais. O esforço deve ser conjunto, em uma simbiose entre o poder público como legislador e agente �scalizatório, com a iniciativa privada e toda a sociedade civil, pois somos todos habitantes de um mesmo planeta, com deveres e direitos iguais, quando se trata de proteger e garantir nossa sobrevivência. É preciso pontuar que as diretrizes de uma política ambiental incluem aspectos de ordem econômica, social e ambiental. “Na esfera governamental, ela é parte do conjunto de políticas públicas; mesmo tendo seus próprios objetivos, depende da orientação política geral do governo e sofre a repercussão dos efeitos das demais políticas públicas” (PHILIPPI JR; PELICIONI, 2014, p. 261). Para promulgar uma política ambiental, o governo deve estabelecer os objetivos, de�nir as estratégias de ação, criar as instituições e estruturar a legislação que a contém e direcionar a sua aplicabilidade. É esse universo de implementação da política que formaliza o real sentido da gestão ambiental. Resumidamente, a gestão ambiental seria a implementação, pelo governo, de sua política ambiental, por intermédio da administração pública, mediante a de�nição de estratégias, ações, investimentos e providências institucionais e jurídicas, com a �nalidade de garantir a qualidade do meio ambiente, a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável. Olá estudante, chegamos ao encerramento da unidade! Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Vamos realizar a experiência presencial que irá consolidar os conhecimentos adquiridos? É a oportunidade perfeita para aplicar, na prática, o que foi aprendido em sua disciplina. Vamos transformar teoria em vivência e tornar esta etapa ainda mais signi�cativa. Não perca essa chance única de colocar em prática o conhecimento adquirido. Figura 1 | Síntese dos conteúdos abordados durante os estudos. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 13 jun. 2023. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a política Nacional do Meio Ambiente, seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm. Acesso em: 13 jun. 2023. IBRAHIN, Francini Imene D. Educação Ambiental: Estudo dos Problemas, Ações e Instrumentos para o Desenvolvimento da Sociedade. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. PHILIPPI JR., Arlindo; PELICIONI, Maria Cecília F. Educação Ambiental e Sustentabilidade. Barueri: Editora Manole, 2014. , Unidade 4 DIVERSIDADE, INCLUSÃO E DESENVOLVIMENTO INTERPESSOAL http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Aula 1 A HISTÓRIA E A EVOLUÇÃO SOCIAL A história e a evolução social Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Nesta aula, discorremos sobre a importância de se compreender a história africana e indígena, para que possamos ressigni�car as nossas práticas diárias e construir uma sociedade mais justa e humana. Em nossa videoaula, vamos rever todos esses conceitos e avaliar como a humanidade se enriquece diante da diversidade cultural. Ponto de Partida Olá, estudante! Nesta aula, re�etiremos sobre a formação da nossa nação e dos diferentes povos que compõem a nossa cultural. O Brasil foi um país de colonização europeia; todavia, quando os portugueses chegaram aqui, encontraram inúmeros povos indígenas, com línguas e culturas diferentes. Além disso, durante o processo de colonização, os europeus trouxeram milhares e milhares de pessoas do continente africano escravizadas. Assim, nossa cultura é composta por enorme diversidade, o que nos enriquece enquanto nação. Contudo, nossa história de escravidão e dominação traz inúmeros problemas sociais, porque aos povos indígenas e africanos foram negados a sua condição de humanidade pelo colonizador. Bons estudos! Vamos Começar! Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Para entender quem é o povo brasileiro, é fundamental retomar o nosso processo de colonização. Os europeus chegaram aqui em um contexto histórico muito especí�co: o capitalismo mercantil. Isso signi�ca que as monarquias europeias faziam a acumulação de capital explorando outros continentes. Já faziam isso na Índia e, quando chegaram às Américas, perceberam quantas riquezas havia por aqui. Contudo, essas terras já eram habitadas. Havia milhões de pessoas vivendo em todo o continente americano; elas receberam, dos europeus, o nome de índios (COSTA, 2002). A presença desses povos aqui nas Américas contrastava com os planos europeus de dominar essas terras e, por isso, nos séculos XVI e XVII, ocorreu amplo genocídio e escravização dos povos indígenas que tinham direito original às terras. Esse é o projeto colonizador – uma forma de enriquecimento dos reinos europeus por meio da exploração da terra e da mão de obra. Como a mão de obra escrava indígena não era su�ciente, os europeus começaram a escravizar os povos do continente africano e a trazê-los para as Américas. A coroa portuguesa trouxe os povos africanos especialmente para a cultura da cana-de-açúcar (COSTA, 2002). Assim, o Brasil nasce como parte de projeto de enriquecimento da Europa, por meio da economia agroexportadora, baseada no latifúndio e na mão de obra escrava. Re�itamos: que estratégias utilizaram os europeus para um projeto baseado no genocídio e trabalho escravo? O conceito de raça surge como parte do projeto colonizador. Você já pensou por que falamos no conceito de raça baseado na cor da pele de um povo? Esse conceito é neutro? Raça é um conceito socialmente criado para legitimar o processo colonizador nas Américas. Ele surge para estabelecer que há raças superiores e inferiores, melhores e piores e mais ou menos evoluídas. Isso não tem validade cientí�ca: o conceito de raça foi criado para justi�car a dominação, ao determinar que os europeus eram superiores aos povos africanos e indígenas (COSTA, 2002). Em verdade, toda cultura é equivalente e não há raças, etnias ou culturas mais ou menos evoluídas. Contudo, o colonizador usou esse argumento para justi�car a dominação dos povos africanos e indígenas. Por isso, é muito importante conhecermos a história da África e dos povos indígenas; ao conhecermos a riqueza dessas culturas, possibilitamos a desconstrução cultural de preconceitos e do sistema de racismo estrutural da sociedade brasileira. O racismo da sociedade brasileira é fruto do projeto colonial. Começamos como país a partir da dominação de pessoas indígenas e negras. Isso só pode ser revertido com a reconstrução das nossas percepções culturais (COSTA, 2002). No próximo bloco, vamos conhecer melhor sobre a história da África e sobre os povos indígenas que habitavam o Brasil no século XVI. Siga em Frente... Há alguma coisa que pareça estranha nesse mapa? Observe que há fronteiras separadas por linhas retas, o que é incomum no mapa do Brasil ou da Europa, por exemplo. Isso porque a Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA divisão dos países da África não é resultado do processo histórico e de referências culturais, mas foi uma imposição (BARBOSA, 2018). Essa divisão também foi resultado de um processo arti�cial e colonizador. A África foi partilhada na Conferência de Berlim de 1884-1885, entre países europeus (BARBOSA, 2018). Quando o trá�co de pessoas africanas começou, a África era tribal. Há registros de tribos com milhares de pessoas. Contudo, os europeus tinham armas de fogo que propiciaram o exercício da sua dominação. A criação dos Estados-nações africanos tal como os conhecemos hoje foi, portanto, um processo impositivo e europeu. O processo formal deemancipação de todas as colônias na África encerrou-se apenas em 1975. Contudo, a colonização agroexportadora costuma deixar uma marca na história dos países colonizados: a pobreza. É assim na África, e é assim no Brasil. Nas Américas, quando da chegada do europeu, também havia sociedades tribais. Havia grandes civilizações, como os maias, os incas e os astecas, neste território. No Brasil, encontravam-se as sociedades tupinambás, bororós, guaranis, dentre tantas outras. Essas culturas tinham suas próprias línguas, sistemas religiosos e de cura, além técnicas de caça, guerra e sobrevivência (BARBOSA, 2018). A chegada do europeu arrasou esses povos. Basta pensar na ação dos jesuítas, catequizando os povos indígenas, impondo a língua portuguesa, o catolicismo e o trabalho na lavoura. Os europeus justi�cam essas práticas de violência e exploração a�rmando que estavam salvando as almas desses grupos e apresentando um projeto civilizatório “superior”. Contudo, eles tinham um projeto civilizatório etnocêntrico. Você já ouviu falar do conceito de etnocentrismo? Ele é a visão de que determinada cultura seria melhor ou superior a outra. Os europeus foram etnocêntricos nas suas relações com os povos africanos e indígenas e justi�cavam a dominação com base em um argumento de que traziam o progresso e a salvação para os povos colonizados. Assim, impunham o cristianismo e o capitalismo como as únicas formas possíveis de sociedade. Essa é a base do racismo tão presente na nossa sociedade e que traz tanta violência para a sociedade brasileira. A desconstrução do racismo passa pela percepção de que o conceito de raça é uma construção cultural, e não um conceito neutro. Raça não trata de biologia; é, na verdade, uma forma de legitimar a dominação do outro. O conceito ganha um conteúdo “biológico” – cor da pele – porque isso facilita que ele tenha aparência de ciência. Contudo, existe apenas para subalternizar os corpos das populações negras e indígenas (BARBOSA, 2018). Vamos Exercitar? A formação da identidade brasileira é muito rica, porque temos ampla diversidade cultural. Contudo, a cultura do dominador europeu sempre se impôs como a melhor e a superior. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Precisamos romper com essa percepção, valorizar outras formas de olhar o mundo e outras formas de se relacionar com o outro se chama descolonização cultural (QUIJANO, 2005). O Brasil não é mais uma colônia de Portugal, mas continuamos colonizados culturalmente. O individualismo capitalista, a cultura da competição no mercado de trabalho e a cultura do consumo em massa, tão destrutiva para o meio ambiente, não era algo que existia antes do projeto civilizatório europeu ser implantado aqui. Encontrar outras formas de pensar a vida e se relacionar com o outro é uma forma de descolonização cultural (QUIJANO, 2005). Para isso, precisamos reconhecer que temos o direito a ser diferentes e que temos o direito à diversidade. Isso demanda de cada um comprometimento ético de valorizar a diversidade e exige dos nossos governantes ações para construir uma sociedade igualitária e para praticar a educação antirracista. O Brasil tem dado alguns passos importantes na luta antirracista. Veja esse artigo da Constituição Federal, que torna o racismo um crime: Art. 5. XLII - a prática do racismo constitui crime ina�ançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. (BRASIL, 1988) Assim, a pessoa presa por racismo não tem o direito a pagar �ança e o crime nunca vai prescrever, ou seja, ela pode ser presa mesmo que se passem anos do dia em que tal crime foi cometido. A lei é certamente uma forma de criar uma cultura de respeito à diversidade. Contudo, ela não basta: tem poder limitado de transformar cultura. Como mudamos o racismo, se apenas uma lei punitiva não basta? É pela educação que transformamos as relações sociais. Segundo Oliveira e Candau (2010, p. 17): (...) a interculturalidade tem um signi�cado intimamente ligado a um projeto social, cultural, educacional, político, ético e epistêmico em direção à decolonização e à transformação. É um conceito carregado de sentido pelos movimentos sociais indígenas latino-americanos e que questiona a colonialidade do poder, do saber e do ser. En�m, ele também denota outras formas de pensar e se posicionar a partir da diferença colonial, na perspectiva de um mundo mais justo. Uma educação intercultural entende que não há uma cultura que deve se sobrepor a outra. Todas são importantes e enriquecem a vida social. Valorizar a história e a cultura africana e indígena é ressigni�car a nossa identidade como povo. É nossa responsabilidade ética tornar o mundo mais justo pelo respeito a todos os seres humanos, mesmo que eles sejam diferentes de nós mesmos, porque o direito à diferença é um Direito Humano. Saiba mais Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Você conhece a Convenção Interamericana contra o Racismo? Ela é um documento internacional muito importante e foi adotado no Brasil. Veja mais sobre ela no artigo a seguir: SENADO FEDERAL. Convenção Interamericana contra o Racismo passa a ser adotada no Brasil. Brasília, 2022. Referências BARBOSA, M. S. A perspectiva africana na História Geral da África (Unesco). Tempo, v. 24, n. 3, p. 400–421, set. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tem/a/jxmyrvdWdvxZJVqnvkr3FGm/? lang=pt. Acesso em: 27 abr. 2023. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 27 abr. 2023 COSTA, S. A construção sociológica da raça no Brasil. Estudos Afro-Asiáticos, v. 24, n. 1, p. 35– 61, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/eaa/a/r5cSgh4tbG4DDHKmsjsHK9S/?lang=pt. Acesso em: 27 abr. 2023. OLIVEIRA, L. F. de.; CANDAU, V. M. F. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. Educação em Revista, v. 26, n. 1, p. 15–40, abr. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/TXxbbM6FwLJyh9G9tqvQp4v/?lang=pt. Acesso em: 27 abr. 2023. QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, E. (org.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas Latinoamericanas. Buenos Aires: Clacso, 2005. p. 227-277. Aula 2 DIVERSIDADE SOCIAL E SUA IMPORTÂNCIA Diversidade social e sua importância https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2022/01/11/convencao-interamericana-contra-o-racismo-passa-a-ser-adotada-no-brasil https://www.scielo.br/j/tem/a/jxmyrvdWdvxZJVqnvkr3FGm/?lang=pt https://www.scielo.br/j/tem/a/jxmyrvdWdvxZJVqnvkr3FGm/?lang=pt http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://www.scielo.br/j/eaa/a/r5cSgh4tbG4DDHKmsjsHK9S/?lang=pt https://www.scielo.br/j/edur/a/TXxbbM6FwLJyh9G9tqvQp4v/?lang=pt Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Falar em homem e mulher é tão comum no nosso dia a dia, não é mesmo? Mas você sabia que esses conceitos foram socialmente criados por um motivo muito especí�co? Nessa aula, convidamos você a pensar sobre a origem histórica desses conceitos, para entender as relações sociais que produzem. Ponto de Partida Olá, estudante! Continuando nossa temática, nesta aula, vamos pensar na diversidade de gênero e na diversidade racial, apontando como precisamos trabalhar com a diversidade na perspectiva do multiculturalismo, ou seja, na valorização de todas as culturas humanas. O mais importante desta aula é você entender que os conceitos de gênero e raça foram tomados como se fossem naturais, mas são, na verdade, construções culturais, históricas e, portanto, mutáveis. Estranhar a naturalização de conceitos que são sociais é fundamental para a valorização de todos, em uma perspectiva inclusiva e ética. Não há raças superioresou inferiores, nem gêneros “normais” ou “anormais”. Vamos pensar melhor sobre isso? Então vamos continuar estudando juntos. Bons estudos! Vamos Começar! Re�itamos sobre a nossa ciência moderna. Qual a sua lógica de funcionamento? Ela é classi�catória. Você se lembra das aulas de ciências, na qual os professores ensinavam a classi�cação dos reinos biológicos, ou ainda a classi�cação dos elementos químicos, por meio da tabela periódica? A nossa ciência é classi�catória porque assim �ca mais fácil entender o mundo. Pense no seguinte exemplo: a baleia é um peixe ou um mamífero? Ela é um mamífero, embora viva no mar com outros peixes. Porém, se vive no mar, por que é um mamífero e não um peixe? Porque classi�camos os animais não pelo seu habitat, mas por outras características, como a forma como alimenta os �lhotes. Não �ca mais fácil entender assim? Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Contudo, nem todas as classi�cações são neutras, o que pode se constituir em um problema. Quando classi�camos para dominar, então, temos um problema de natureza social e saímos do campo da ciência, para ir para o campo de poder. Homens e mulheres são classi�cados assim por questões que são anatômicas. Por exemplo, mulheres têm úteros e homens não. Contudo, há muito mais sobre gênero que apenas questões anatômicas. Na verdade, gênero é uma categoria política, discursiva e de performance (SCOTT, 1995). Quando você ouve a palavra mulher, o que imagina? Talvez uma pessoa de cabelos longos, corpo com curvas, vestido e maquiagem? Há estereótipos que são atribuídos aos gêneros e há de�nições socialmente construídas sobre o que é se “comportar” como homem e como mulher. Há performances esperadas para cada gênero (SCOTT, 1995). Contudo, isso pode ser negativo e trazer prejuízos para as relações humanas, especialmente quando tomamos algo que é socialmente construído como se fosse natural. O problema é que a sociedade faz um julgamento moral sobre homens e mulheres que são diferentes do que se espera deles. Isso gera o preconceito e a discriminação. As pessoas devem poder escolher como se vestir e se comportar, sem que isso gere um julgamento moral sobre elas (SCOTT, 1995). Você já ouviu a�rmações como: “mulher é mais sensível que homem”; ou ainda: “mulher consegue fazer muitas coisas ao mesmo tempo, é multitarefa, e os homens só fazem uma coisa de cada vez”; ou assim: “mulher tem jeito para cuidar, porque é mais carinhosa, e os homens são mais práticos”? Qual é a origem desse tipo de a�rmação? Será que ser carinhoso, terno, amoroso ou multitarefa são dados biológicos determinados geneticamente pelo gênero ou são comportamentos aprendidos? Certamente são aprendidos! Homens e mulheres podem ser educados para serem mais atenciosos e mais amorosos e podem aprender a fazer diversas tarefas ao mesmo tempo! Contudo, estudante, gostaria de fazer você pensar nas relações de poder por trás dessas classi�cações; Siga em Frente... Convidamos você a pensar sobre gênero como um conceito político. A�rmar isso implica reconhecer que ele não é neutro, mas que impõe relações de hierarquias e de dominação. Os autores Connell e Messerschmidt (2013) estudaram essas relações e construíram o conceito de masculinidade hegemônica. Eles mostram que o gênero justi�ca espaços subalternizados ocupados pelas mulheres nas relações sociais e no mercado de trabalho. Você já notou que muitas mulheres possuem jornadas triplas de trabalho? Cuidam da casa, �lhos e idosos, além de terem um trabalho remunerado? Por outro lado, muitos homens apenas trabalham fora, mas ninguém espera que cuidem da casa, de �lhos e de idosos. Connell e Messerschmidt (2013) constaram que isso é fruto de discursos, como aquele que a�rma serem Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA as mulheres naturalmente multitarefas e mais sensíveis que os homens. Ou seja, a�rmar que uma mulher faz mais coisas ao mesmo tempo que o homem ou que a mulher é naturalmente “melhor” com crianças não é um elogio a ela; trata-se de um discurso que justi�ca e legitima essa divisão sexual do trabalho. Talvez você esteja pensando: mas eu conheço realmente mulheres muito sensíveis, que gostam de crianças e que fazem realmente muita coisa ao mesmo tempo. Ainda, talvez você esteja pensando: e conheço homens realmente muito mais práticos, que nunca choram e que são bem insensíveis! Estudantes, esses são dados identitários do ser humano e temos a percepção errada, vindo do senso comum, de que dados de identidade são naturais, genéticos e orgânicos. Entretanto, é muito importante que você entenda que aquilo que somos em nossa subjetividade e identidade também são socialmente construídos e, portanto, aprendidos. Quando uma família dá uma boneca para uma bebê menina e ensinam a ela que esse é um brinquedo apropriado para seu gênero; ainda quando a�rmam que ela deve cuidar da sua bebê, está ensinando a criança a ser tenra e cuidadora. Da mesma forma, quando a família dá para o menino um brinquedo de “construtor”, como blocos e ferramentas, está ensinando a ele o lugar que é esperado que ocupe no mercado de trabalho. Nada disso é neutro. Comportamentos são ensinados. Connell e Messerschmidt (2013) veri�caram que a forma como educamos as crianças cria uma masculinidade hegemônica, ou seja, que o homem ocupa lugares no mercado de trabalho de decisão e a mulher de cuidar. Dessa forma, o conceito de gênero cria uma sociedade machista, na qual o homem tem papel de liderança, controle e poder sobre a mulher. As relações entre homens e mulheres não são naturais, elas são ensinadas desde a infância. Criando formamos crianças assim, estamos passando de geração em geração uma percepção de que tudo isso é natural e “normal”, mesmo que “normal” e “anormal” não sejam conceitos cientí�cos, mas bastante preconceituosos. Vamos Exercitar? Assim como gênero, raça também é um conceito socialmente construído, que foi tomado como conceito biológico. Além disso, assim como o conceito de gênero de�ne dominações entre homens e mulheres, o conceito de raça também de�ne relações de poder e hierarquias. Quando classi�camos os seres humanos, em raça ou gênero, de�nimos com isso critérios de quem é “superior” ou “inferior”, “normal” ou “anormal”, e nada disso é cientí�co. Não há indivíduos superiores ou normais, o que nós temos é uma sociedade preconceituosa, que estabelece esses julgamentos de valor para de�nir hierarquias. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Montero (2012) explica que as identidades (por exemplo, ser homem ou mulher, branco ou negro) são construções sociais. Explica a autora (MONTEIRO, 2012, p. 85): Diversos estudos sublinham o fato de que a questão da autoidenti�cação étnica é sempre o resultado de uma luta política por direitos, e a de�nição dos prerrequisitos que darão razoabilidade aos pleitos (provas históricas, por exemplo, da escravidão e fuga no século XIX, registros de continuidade na ocupação de determinado território etc.) se constrói na linguagem do direito e na lógica de sua argumentação. Monteiro (2012) está explicando algo muito importante. Ao mesmo tempo em que gênero e raça são conceitos usados para a dominação, também podem ser utilizados para lutar por direitos. Por exemplo, há o movimento negro, o movimento LGBTQIA+, o movimento pelos direitos das mulheres, dentre tantos outros. Esses movimentos têm como características serem multiculturais e ter dois objetivos principais: a luta pelo reconhecimento e pelos direitos. Por exemplo, durante muitos anos a homossexualidade e a transexualidade eram considerados doenças e tinham até um número correspondente no catálogo internacional de enfermidades. Hoje sabemos que não são doenças, mas sim questões da subjetividade humana. Porém, como há tanto preconceito, é preciso lutar pelo reconhecimento das orientações sexuais e identidades de gênero. Há também uma luta pela dimensão de direitos. Por exemplo, o Brasil é um país muito violento com pessoas transgêneras. Lutar por segurança urbanacom fronteiras, bem delimitadas no mapa. O Estado também administra esse território e cria as leis que tornam possível a existência harmônica entre as pessoas, com o cumprimento das leis. Por sua vez, a política é a atividade daqueles que exercem o poder e o governo é a administração de um Estado. Neste ponto, talvez você questione: há muitas pessoas que não cumprem a lei! E, ainda, talvez você se lembre se algum amigo que tenha tido o carro furtado ao estacionar na rua. Qual é o papel do Estado diante desse fato? Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Siga em Frente... Vamos, então, pensar no carro que foi furtado enquanto um casal estava no cinema. O casal certamente fará um boletim de ocorrência e haverá uma investigação policial para encontrar o carro e punir o culpado. O réu terá direito a um julgamento justo, com direito ao devido processo legal e à ampla defesa. Contudo, estudante, uma sociedade baseada em regras apenas existe porque existe a punição para aqueles que não cumprirem a lei. Será que as pessoas cumpririam as leis se não houvesse uma consequência ao descumpri-las? Weber (2001) de�niu que o Estado tem o monopólio da violência legítima. Vamos entender isso: será que esse casal que teve seu carro roubado pode, por eles mesmos, punir o culpado? Eles podem, por exemplo, agredir essa pessoa como vingança? Não podem, porque, em sociedades democráticas, apenas o Estado tem o monopólio da violência legítima, que é de�nida pelo Poder Judiciário. Essa violência é legítima porque ela é aplicada apenas depois de um julgamento justo. Talvez seja prisão, multa, serviços à comunidade. Mas ela é legítima porque não ocorre sob tortura ou prisão perpétua. Aqui chegamos a um ponto muito importante: a política democrática. A democracia não é a única forma de fazer-se política, mas sem dúvidas é a melhor forma de governo, aquele que é justo, porque tem como base uma regra de tomada de decisão muito simples – a regra da maioria. Na história humana, tivemos formas de governo muito desumanas. Podemos lembrar das monarquias absolutistas europeias, que autorizaram o genocídio dos indígenas durante o processo colonizador e a escravidão desses povos e de povos africanos. Houve os governos nazistas e fascistas, que também promoveram campos de concentração e assassinatos em massa. No Brasil, houve o governo militar; famílias ainda hoje esperam encontrar os restos mortais de seus parentes desaparecidos e provavelmente mortos nesse regime. A democracia ainda tem diversas falhas, mas dentro das formas de fazer política que temos, ela é ainda a melhor, porque subordina os governantes e os governados às mesmas leis, impedindo decisões arbitrárias. Além disso, a democracia tem em sua base a separação dos poderes e não há presidente que governe arbitrariamente. Pelo contrário, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário estão se �scalizando mutuamente, para que a lei seja cumprida. Quais as falhas da democracia? Ela se pauta pela igualdade formal, ou seja, todos são iguais perante a lei. Contudo, ainda há enorme di�culdade em garantir a igualdade material. A igualdade material tem como base que todos precisam de um mínimo existencial para sobreviver: moradia, segurança alimentar, trabalho, saúde e educação. Contudo, quando pensamos que há tantas pessoas em situação de rua no Brasil, sabemos que a igualdade material ainda não se concretizou. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Vamos Exercitar? Você sabia que ainda há pessoas, no Brasil, que morrem das consequências da fome e da desnutrição? Mesmo que tais pessoas tenham o direito à alimentação, de�nido na nossa Constituição, esse direito é ainda muito violado. O Brasil tem pessoas que ainda vivem em ampla vulnerabilidade. Isso parece uma contradição com a democracia, na qual todos são iguais perante a lei. O Brasil é considerado um país da periferia do capitalismo, ou seja, é um país de história colonial e de economia agroexportadora. Somos um dos países com uma das maiores concentrações de renda do planeta inteiro; ou seja, muito poucas pessoas detém a maior parte da renda e uma grande parte da população vive na miséria. Para mudar esse quadro, precisamos exercer a nossa cidadania. Ela começa no voto, com um compromisso de votar em candidatos que tenham realmente um compromisso com a democracia e com a população mais vulnerável da população. Porém, você sabe que existem outras formas de participar socialmente e exigir dos poderes públicos a efetivação da nossa cidadania e dos nossos direitos? Uma forma de participação social é por meio de movimentos sociais e de organizações do terceiro setor (ONGs). Há muitos movimentos sociais e ONGs no Brasil que lutam por direitos, contra preconceitos e por justiça social. São espaços democráticos, que se organizam para fazer pressão junto aos governos para obter os nossos direitos. No Brasil, há organizações que combatem racismo, LGBTfobia, a fome, a violência doméstica, dentre tantos outras e buscam articulação com os governos para mudanças sociais. Ainda há muito mais. O Brasil tem, nos municípios, uma instituição participativa muito interessante, chamada Orçamento Participativo. Por meio dessa instituição, a população pode decidir sobre como será gasto parte do orçamento do município, podendo deliberar sobre aquilo que deve ser prioridade para a prefeitura. Também há no Brasil instituições que são denominadas Conselhos Gestores de Políticas Públicas. Elas são organizadas com 50% de representantes do governo e 50% da sociedade civil organizada e têm como objetivo deliberar sobre as políticas públicas, monitorar se elas são efetivadas e �scalizar se os governos estão usando o dinheiro corretamente. Há conselhos de educação, dos direitos das crianças e dos adolescentes, do idoso, da saúde, da assistência social, dentre muitos outros. Você sabia que tem o direito de participar de audiências públicas no Poder Legislativo, para observar as decisões que nossos representantes eleitos tomam? Você pode acompanhar quanto cada um dos nossos representantes recebem como salário pelo Portal das Transparência. Terminamos aqui com uma re�exão muito importante: ser cidadão não é apenas usufruir de direitos, mas também se envolver nas questões políticas do país. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Saiba mais Nesta aula, mencionamos o Orçamento Participativo. Essa é uma instituição muito importante no âmbito municipal. O Orçamento Participativo de Porto Alegre �cou internacionalmente famoso, pela ampla participação. Sobre esse, leia este trecho. Referências LESSA, A. Arqueologia da agressividade humana: a violência sob uma perspectiva paleoepidemiológica. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 11, n. 2, p. 279–296, maio 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/fs79kXyPyjs7z9fHXMbtXRL/? lang=pt#ModalHowcite. Acesso em: 3 maio. 2023. WEBER, M. Ciência e Política: duas vocações. Rio de Janeiro: Cultrix, 2001. Aula 3 REFLEXÕES MORAIS Re�exões morais Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Por que devemos viver uma vida ética? Essa questão só faz sentido quando rompemos com o individualismo da sociedade contemporânea. Uma vida comprometida com a coletividade e com o humanismo acha com facilidade uma resposta para ela! Que tal assistir ao vídeo da nossa aula e encontrarmos juntos uma resposta? Ponto de Partida Olá, estudante! https://prefeitura.poa.br/smgov/orcamento-participativo#:~:text=O%20Or%C3%A7amento%20Participativo%20(OP)%20%C3%A9,ser%C3%A3o%20executados%20pela%20administra%C3%A7%C3%A3o%20municipal https://www.scielo.br/j/hcsm/a/fs79kXyPyjs7z9fHXMbtXRL/?lang=pt#ModalHowcite https://www.scielo.br/j/hcsm/a/fs79kXyPyjs7z9fHXMbtXRL/?lang=pt#ModalHowcite Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Começamos com uma re�exão: qualé fundamental para pessoas LGBTQIA+. No caso das mulheres, há uma luta por igualdade nas disputas por vagas no mercado de trabalho e por equiparação salarial. O movimento negro também tem lutas parecidas, por segurança, �m da violência e outras formas de discriminação, pelas cotas, pelos empregos, dentre tantos outros. Os movimentos sociais no mundo todo lutam por uma sociedade multicultural, na qual os seres humanos parem de ser julgados pela cor da pele, pela sua orientação sexual ou identidade de gênero. São lutas pelo direito de ser diferente, mas ter os mesmos direitos de todas as pessoas e uma vida digna. Uma vida ética é uma vida que respeita as escolhas das pessoas e suas identidades e que percebe a diferença como fundamental na sociedade. Saiba mais Há muita diferença salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho, mesmo que ocupem o mesmo cargo. Sobre isso, leia a notícia a seguir, na qual poderemos ver as injustiças sociais no mercado de trabalho. CNN Brasil. Diferença salarial entre homens e mulheres vai a 22%, diz IBGE. https://www.cnnbrasil.com.br/economia/diferenca-salarial-entre-homens-e-mulheres-vai-a-22-diz-ibge/ Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Referências CONNELL, Raewyn; MESSERSCHMIDT, James. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 21, n. 1, p. 424, jan.-abr. 2013. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2013000100014/24650. Acesso em: 25 abr.2023 MONTERO, P. Multiculturalismo, identidades discursivas e espaço público. Sociologia & Antropologia, v. 2, n. 4, p. 81–101, out. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sant/a/cBg3KfW3YZTBvwppXbjYrcR/?lang=pt. Acesso em: 10 maio 2023. SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 2, n. 20, p. 71-100, jul./dez. 1995. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/plugin�le.php/185058/mod_resource/content/2/G%C3%AAnero- Joan%20Scott.pdf. Acesso em: 10 maio 2023. Aula 3 INCLUSÃO SOCIAL Inclusão social Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Nesta aula, apresentamos para você um panorama das políticas sociais brasileiras direcionadas às pessoas com de�ciência. Que tal revisar cada uma delas e pensar em estratégias de superação do capacitismo? Assista a essa aula e pense em quanto preconceito nossa sociedade tem contra as pessoas com de�ciência e como isso deve ser rompido. Ponto de Partida https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2013000100014/24650 https://www.scielo.br/j/sant/a/cBg3KfW3YZTBvwppXbjYrcR/?lang=pt https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/185058/mod_resource/content/2/G%C3%AAnero-Joan%20Scott.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/185058/mod_resource/content/2/G%C3%AAnero-Joan%20Scott.pdf Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Olá, estudante! Nessa aula, gostaríamos de convidar você a pensar sobre o conceito de inclusão social, que é central no contexto da garantia do direito à diferença. Quando falamos em inclusão social, estamos nos referindo à inclusão das pessoas com de�ciências físicas e intelectuais em todos os espaços da sociedade, desde o mundo do trabalho, os serviços públicos, a cultura e o lazer. Uma sociedade que respeita o direito à diferença leva em consideração que pessoas com de�ciência têm os mesmos direitos das pessoas sem de�ciência. Com isso, temos ainda outro conceito central na nossa aula, que é o capacitismo, nome que recebe o preconceito contra as pessoas com de�ciência. Bons estudos! Vamos Começar! Vamos começar essa aula compreendendo o conceito de capacitismo. Para isso, você precisa entender o conceito de corponormatividade, que trata do padrão corporal do capitalismo. Este cria o mito de que o trabalhador ideal é apenas aquele indivíduo sem nenhuma de�ciência. Com isso, ocorre o processo de patologização da de�ciência, que marginaliza e exclui as pessoas com de�ciência do mercado de trabalho. Isso ocorre porque o capitalismo tem um ideal de perfeição do corpo que não tem nenhuma base cientí�ca. (SANTOS, KABENGELE e MONTEIRO, 2022). No texto citado a seguir, podemos ver como funciona o preconceito capacitista: Por mais diversi�cadas que sejam as formas como pessoas com de�ciência vivem, convivem e entendem seu lugar no mundo, é a partir das barreiras físicas, sensoriais e atitudinais que são classi�cáveis como pessoas com de�ciência. Não têm reconhecida esta condição pelas formas epistemologicamente novas de entender a realidade que as limitações possam trazer. (SANTOS; KABENGELE; MONTEIRO, 2022, p. 234) O capitalismo percebe a de�ciência como uma “falta” ou um “desvio”. O sistema de�ne o que é o corpo “normal” e o “anormal” e seleciona dentre aqueles que têm esse “corpo feito” para o trabalho. Em decorrência dessa grande marginalização das pessoas com de�ciência no mercado de trabalho, o ordenamento jurídico brasileiro criou algumas leis e ações a�rmativas para garantir a empregabilidade das pessoas com de�ciências. Veja, por exemplo, esse artigo da Constituição de 1988: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e e�ciência e, também, ao seguinte: Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de de�ciência e de�nirá os critérios de sua admissão. (BRASIL, 1988) Conforme se veri�ca, a Constituição de 1988 estabelece essa importante política a�rmativa, destinada a pessoas com de�ciência, por meio de cotas em concursos públicos. O objetivo é possibilitar a reparação de erros históricos que levam as pessoas com de�ciência a serem ignoradas pelo mercado de trabalho. As políticas a�rmativas são estratégias para garantia de direitos de grupos sociais que, ao longo do processo histórico, tiveram seus direitos fundamentais negados. Pessoas com de�ciências físicas e intelectuais eram comumente abandonadas em hospitais e asilos ou então se mantinham dentro das casas de familiares, mas com pouca possibilidade de acesso à sociabilidade e ao mundo do trabalho. Com isso, em 1988, o legislador constituinte entendeu que era preciso reparar essa marginalização e criou a possibilidade de reservar cotas para elas nos concursos públicos, trazendo mais justiça social e oportunidades que antes eram negadas. Pessoas com de�ciência são muito importantes no setor público e podem ajudar a formular políticas para minorias a partir dessa vivência da exclusão. Siga em Frente... Uma estratégia muito importante para garantir a empregabilidade e a renda das pessoas com de�ciência foi a publicação da Lei 8.213/91, que �cou popularmente conhecida como Lei de Cotas para De�cientes nas Empresas. Vejamos então o que diz o artigo 93 da mesma: Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com bene�ciários reabilitados ou pessoas portadoras de de�ciência, habilitadas, na seguinte proporção: I - até 200 empregados...........................................................................................2%; II - de 201 a 500......................................................................................................3%; III - de 501 a 1.000..................................................................................................4%; IV - de 1.001 em diante. .........................................................................................5%. § 1o A dispensa de pessoa com de�ciência ou de bene�ciário reabilitado da Previdência Social ao �nal de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias e a dispensaimotivada em contrato por prazo indeterminado somente poderão ocorrer após a contratação de outro trabalhador com de�ciência ou bene�ciário reabilitado da Previdência Social. (BRASIL, 1991) Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Essa lei é importante porque obriga a empresa que tenha 100 ou mais empregados a contratar pessoas com de�ciência em suas equipes. Caso a empresa não o faça, há uma multa diária. Por isso, o parágrafo primeiro determina justamente que, antes de demitir uma pessoa com de�ciência, a empresa deve contratar outra para evitar essa sanção. Isso também força a empresa a se equipar para atender à diversidade de pessoas. Por exemplo, se contratar um cadeirante, deverá dispor de rampas, elevadores e banheiros adaptados. Se, por outro lado, contratar uma pessoa cega, precisará de piso tátil. A empresa deve se adaptar às demandas dessa pessoa com de�ciência e prepará-la para exercer o cargo que ocupará. Também há o Benefício da Prestação Continuada. Veja como a Lei Orgânica da Assistência Social o de�ne: Art. 2o A assistência social tem por objetivos: e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com de�ciência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. (BRASIL, 1993) Conforme podemos perceber, a pessoa com de�ciência tem direito a uma renda mensal. Esse valor sai do Fundo Nacional de Assistência Social, mas é gerenciado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), como as aposentadorias. Essa renda é muito importante, porque a sociedade brasileira e o próprio sistema capitalista é corponormativo e ainda se baseia nos ideais de perfeição corporal. Com isso, aquelas pessoas com de�ciência às quais não foram abertas possibilidades têm o direito de receber um salário mínimo como benefício socioassistencial. Lembre-se: as pessoas que recebiam o benefício, mas conseguem um emprego, deixam de recebê-lo, porque não é possível acumular o Benefício da Prestação Continuada (PBC) e um salário. Vamos Exercitar? Você conhece alguma escola de educação especial? Antigamente, elas eram muito comuns, porque pessoas com de�ciências intelectuais e/ou sensoriais não eram matriculadas em escolas regulares. Contudo, isso leva à segregação, a�nal, o direito à educação é igual para todos. Por isso, em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional determinou: Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com de�ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino. (BRASIL, 1996) Agora, nenhuma escola, em qualquer lugar do Brasil, pode negar matrícula à criança ou adolescente com de�ciência. Ainda, cabe à escola se adequar a esse aluno, adaptando Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA currículos, material didático e até mesmo sua infraestrutura física. Ainda, a escola deve ter professores de educação especial, para atender às demandas especí�cas desses alunos. Também é importante que você conheça o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com De�ciência – Plano Viver sem Limite, que foi o�cializada no Decreto nº 7.612, de 17 de novembro de 2011, que garante diversos direitos, conforme você pode veri�car a seguir: Art. 3º São diretrizes do Plano Viver sem Limite: I - garantia de um sistema educacional inclusivo; II - garantia de que os equipamentos públicos de educação sejam acessíveis para as pessoas com de�ciência, inclusive por meio de transporte adequado; III - ampliação da participação das pessoas com de�ciência no mercado de trabalho, mediante sua capacitação e quali�cação pro�ssional; IV - ampliação do acesso das pessoas com de�ciência às políticas de assistência social e de combate à extrema pobreza; V - prevenção das causas de de�ciência; VI - ampliação e quali�cação da rede de atenção à saúde da pessoa com de�ciência, em especial os serviços de habilitação e reabilitação; VII - ampliação do acesso das pessoas com de�ciência à habitação adaptável e com recursos de acessibilidade; e VIII - promoção do acesso, do desenvolvimento e da inovação em tecnologia assistiva. (BRASIL, 2011) Por de�nição, pessoas com de�ciência estão em vulnerabilidade, especialmente em um sistema econômico tão capacitista e com um Estado que tem tanta di�culdade em garantir políticas sociais. Na perspectiva do Decreto nº 7.612/2011, o Estado deve garantir políticas sociais em rede para pessoas com de�ciência, que tenham uma perspectiva de proteção social e possibilitem a essas pessoas viverem sem limites. Ainda temos muito caminho pela frente. Precisamos de mudanças não apenas na legislação, mas também na cultura, rompendo com o capacitismo estrutural que perpassa a sociedade brasileira. O direito é fundamental para trazer mudanças, mas precisamos, acima, de tudo da desconstrução do preconceito. Saiba mais O foco dessa aula foi conhecer os direitos das pessoas com de�ciência. Para isso, leia com atenção o decreto a seguir, que menciona cada um deles: BRASIL. Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com De�ciência - Plano Viver sem Limite: Decreto nº 7.612, de 17 de novembro de 2011. Referências BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 28 maio 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7612.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA BRASIL. Lei 8.213/91. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. Acesso em: 28 maio 2023. BRASIL. Lei Orgânica da Assistência Social. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm. Acesso em: 28 maio 2023. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996 Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 28 maio 2023. BRASIL. Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com De�ciência - Plano Viver sem Limite: Decreto nº 7.612, de 17 de novembro de 2011. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7612.htm. Acesso em: 28 maio 2023. SANTOS, S. C. DOS.; KABENGELE, D. DO C.; MONTEIRO, L. M. Necropolítica e crítica interseccional ao capacitismo: um estudo comparativo da convenção dos direitos das pessoas com de�ciência e do estatuto das pessoas com de�ciência. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 81, p. 158–170, jan. 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rieb/a/Nf8RzhZ7r6SKqPTczM7367D/. Acesso em: 28 maio 2023. Aula 4 PLURALISMO E DIVERSIDADE SOCIAL Pluralismo e diversidade social Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Nesta aula, pensamos nas diversas contradições da nossa sociedade contemporânea, o quanto ela evoluiu com a ciência, mas o quanto ela estagnou em termos de injustiça social. Você também aprendeu que um projeto de vida ético é aquele que olha para as injustiças sociais com inquietação e percebe que a história pessoal de qualquer indivíduo precisa questionar a biogra�a coletiva. Vamos pensar sobre tudo isso? Então assista ao vídeo a seguir. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7612.htm https://www.scielo.br/j/rieb/a/Nf8RzhZ7r6SKqPTczM7367D/ Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Ponto de Partida Olá, estudante! Você que está aqui, lendo essa aula e estudando para ser um pro�ssional técnico, certamente tem planos para o futuro. Contudo, a sua biogra�a devida está diretamente relacionada com as relações sociais que perpassam toda sua história, além do cenário político, econômico e social que marcam este momento. Como construir seu projeto de forma comprometida com a transformação da sua vida e da sua comunidade? Essa pergunta vai guiar as re�exões que propomos nesta aula. Além disso, vamos avaliar analiticamente essa sociedade, que de�ne a nossa história de vida. Será que ela está avançando em direção a um mundo mais justo ou será que retrocedemos como humanidade? Vamos então começar a nossa re�exão. Bons estudos! Vamos Começar! Ao buscar seu desenvolvimento pessoal, você faz planos para o futuro. Certamente você quer um bom emprego, uma carreira de sucesso, momentos de lazer e diversão com as pessoas que são importantes para você. Todos nós queremos ter uma boa condição �nanceira para poder consumir aquilo de que gostamos. Mas nossa vida deve ser voltada apenas para obtenção de recursos materiais? Nesta aula, queremos propor uma perspectiva de desenvolvimento individual mais amplo, que envolve a transformação da nossa comunidade, além de nós mesmos! Nosso desenvolvimento pessoal pode ser construído a partir de uma sociedade que valoriza a diversidade e inclusão. Para isso, precisamos deixar de lado o consumismo da sociedade capitalista e o individualismo competitivo e criar objetivos outros, que se relacionem ao pluralismo. Vamos compreender esse conceito? Quanto a ele, Requejo (1999, p. 98) a�rma o seguinte: “o objetivo é incluir o pluralismo cultural como um valor que valha a pena proteger, e não apenas como um fato indesejado que deve ser tolerado do melhor jeito possível.” Quando abordamos a diversidade humana e o respeito à diferença, não tratamos meramente de tolerar a diferença. Pelo contrário, trata-se de entender que a diferença é condição humana e que a diversidade enriquece a vida em sociedade. O estudo da história humana mostra que isso não é um objetivo fácil de ser alcançado. Quando olhamos momentos históricos, como as Grandes Navegações, o colonialismo, a escravidão, o neoimperialismo europeu na África, a Segunda Guerra Mundial, as guerras entre árabes e judeus, en�m, os séculos mostram diversas estratégias etnocêntricas de apagamento da diversidade. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Elas tomam um grupo social como superior e justi�cam a dominação dos demais a partir desse olhar de superioridade. Nesse contexto, muitos grupos historicamente marginalizados se organizaram para que suas demandas entrassem na agenda política, lutando por direitos e por reconhecimento. Dessa forma, um projeto de vida e de desenvolvimento pessoal ético é aquele que percebe a importância dessa luta. É fundamental nos colocarmos como aliados na busca de uma sociedade mais justa, na qual cada indivíduo tenha reconhecidos seus valores e seus direitos. O conceito de pluralismo democrático nos fala justamente de governantes que entenderam que uma democracia de qualidade apenas se consolida a partir de reparações históricas a esses grupos os quais, conforme já mostramos, tiveram seus direitos violados. Uma sociedade democrática, pluralista, diversa e inclusiva é aquela que reconhece todos como sujeitos de direitos e a liberdade de cada um se expressar conforme sua identidade. Requejo (1999) fala da importância do conceito de cidadão em oposição ao conceito de pessoa. O cidadão é aquele que percebe sua história de vida como ligada à biogra�a coletiva. Se desejamos uma história de vida ética e cidadã, então precisamos ser aliados ativos na transformação social. Siga em Frente... Estudante, na introdução, �zemos a seguinte indagação: nossa sociedade está avançando em direção a um mundo mais justo ou retrocedemos como humanidade? Não temos dúvidas de que essa não é uma pergunta fácil de responder e que nossa realidade é repleta de contradições. Certamente nossa vida hoje é muito mais confortável do que a vida dos homens do paleolítico, sobre os quais conversamos na Unidade 1. Não precisamos caçar, pescar ou colher alimentos. Basta ir ao supermercado. Não resta dúvida de que a tecnologia facilitou nosso cotidiano. Os homens do paleolítico dormiam nos interiores da caverna para se proteger de animais selvagens. Nós temos as nossas casas e as nossas cidades, que nos afastam dos perigos de sermos caça, ao invés de caçadores. Sem embargo, há muitas questões que transcendem as facilidades do nosso dia a dia e são trazidas à tona pelo desenvolvimento tecnológico. Vejamos o que pensam sobre isso Machado e Resende (2019, p. 769): Os indivíduos são incentivados pelos diversos veículos de publicidade a consumir cada vez mais, de modo que a tecnologia da comunicação de massa passa a ser usada para aumentar os lucros das grandes corporações (...) A sobrevivência da sociedade de consumo depende da criação de falsas necessidades por novas mercadorias. É preciso, pois, embutir na consciência dos homens a necessidade de adquirir novos bens e serviços, a �m de que o produto, ao ser inserido no mercado, seja ao máximo consumido e, em seguida, substituído por outra mercadoria. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA As empresas utilizam tecnologias para produzir e consumir esses produtos, que, por sua vez, viram lixo. Dessa forma, há dois processos extremamente complexos: as fábricas utilizam nossos recursos naturais e nós, consumidores, geramos lixo, que é poluidor do meio ambiente. No entanto, o problema é maior que o ambiental. A�rmamos que podemos ir ao supermercado comprar comida e que nos protegemos nas nossas casas do perigo e do frio. Isso é válido para todos? Será que todos os seres humanos estão realmente incluídos no consumo? Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2022, s/p), a população em situação de rua no Brasil apenas aumentou, conforme se pode ver a seguir: A população em situação de rua no Brasil cresceu 38% entre 2019 e 2022, quando atingiu 281.472 pessoas. Em uma década, de 2012 a 2022, o crescimento desse segmento da população foi de 211%. Trata-se de uma expansão muito superior à da população brasileira na última década, de apenas 11% entre 2011 e 2021. Podemos dizer que há justiça em uma sociedade na qual os benefícios da ciência e da tecnologia não são para todos? Vamos Exercitar? A re�exão �nalizada anteriormente é clara em mostrar que evoluímos tecnicamente. Os homens do paleolítico viviam vulneráveis às mudanças do clima, aos animais selvagens, à escassez de comida e à falta de abrigo. A ciência encontrou soluções para a maior parte desses problemas, mas essas soluções não são para todos. Nossa sociedade é constituída a partir da lógica de mercado e, se quisermos comida, abrigo, proteção, segurança, basta pagar por isso. Contudo, aqueles que não o conseguem, enfrentam os mesmos problemas de milhões de anos atrás, ou seja: a fome, o medo e a incerteza. Essas pessoas conseguem ter projetos de vida? Sobre isso, explicam Silva e Danza (2022, p. 3): “(...) compreendemos que o núcleo do propósito é a intenção de conquistar algo no futuro. Essa intenção deve ser minimamente estável, isto é, deve possibilitar à pessoa progredir em direção à sua realização ao invés de mudar frequentemente diante de variações circunstanciais”. A vida instável da miséria di�culta toda forma de projeto de vida, porque o nosso desenvolvimento pessoal demanda que sejamos capazes de olhar para o futuro. Isso é tirado das camadas mais pobres da população. O mais assustador é como a sociedade capitalista naturaliza esse quadro. Passamos por pessoas em situação de rua e por crianças vendendo balas nos semáforos – quando deveriam estar na escola – e os ignoramos. A sociedade contemporânea “normalizou” essas situações e utiliza argumentos cruéis para justi�cá-los, tais qual: “está na rua porque é preguiçosa” ou “está na rua porque não se esforça”. Esse é um olhar que devemos romper. O fato é que a sociedade Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA capitalista não oferece oportunidades paratodos. Vejamos o argumento de Silva e Danza (2022, p. 3) sobre projeto de vida e desenvolvimento pessoal: Ademais, a intenção deve ser signi�cativa para a pessoa, pois, caso isso não ocorra, o vínculo afetivo e o compromisso criado com ela podem esmorecer. Além de ser signi�cativa para o sujeito, a intenção deve ser orientada por um sentido ético, promovendo benefícios para além do eu, seja na esfera pública seja na esfera privada. (grifos nossos) Um projeto de vida e de desenvolvimento pessoal deve ser eticamente signi�cativo para o sujeito. Em uma sociedade que evoluiu tecnologicamente, mas que estagnou no que se refere à proteção dos direitos e da dignidade das pessoas, uma vida signi�cativa não pode ser aquela que nega as violências sistêmicas às quais tantas pessoas estão submetidas. A construção de uma sociedade que valoriza o ser humano, que se pauta pelo pluralismo democrático, pela diversidade e pela inclusão, depende de comportamentos éticos de todos, para construir suas vidas em torno de objetivos coletivos, que se mobilizem para mais justiça. Se você passar por um idoso, morando na rua, lembre-se das contradições sociais do sistema capitalista e que a falta de oportunidades e serviços públicos o levou àquela condição. Então, o que você pode fazer? Saiba mais Nesta aula, mostramos a naturalização de situações gravíssimas da nossa sociedade, como a população em situação de rua. Para desconstruir conceitos há muito construídos, leia essa interessante pesquisa sobre o tema. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. População em situação de rua supera 281,4 mil pessoas no Brasil. Brasília, 2022. Referências INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. População em situação de rua supera 281,4 mil pessoas no Brasil. Brasília, 2022. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-noticias/noticias/13457-populacao-em- situacao-de-rua-supera-281-4-mil-pessoas-no-brasil. Acesso em: 28 maio 2023. MACHADO, C. A. A.; RESENDE, A. C. L. D. Tecnologia, meio ambiente e democracia: re�exões necessárias. Revista de Investigações Constitucionais, v. 6, n. 3, p. 749–771, set. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rinc/a/ZRJ8sdsDm57f4Wjx7Q9shbm/?lang=pt. Acesso em: 28 maio 2023. https://www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-noticias/noticias/13457-populacao-em-situacao-de-rua-supera-281-4-mil-pessoas-no-brasil https://www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-noticias/noticias/13457-populacao-em-situacao-de-rua-supera-281-4-mil-pessoas-no-brasil https://www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-noticias/noticias/13457-populacao-em-situacao-de-rua-supera-281-4-mil-pessoas-no-brasil https://www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-noticias/noticias/13457-populacao-em-situacao-de-rua-supera-281-4-mil-pessoas-no-brasil https://www.scielo.br/j/rinc/a/ZRJ8sdsDm57f4Wjx7Q9shbm/?lang=pt Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA REQUEJO, F. Pluralismo cultural e cidadania democrática. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n. 47, p. 91–119, ago. 1999. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ln/a/JTpRzn3wWgQdkJTc4vZ9CKy/?lang=pt#. Acesso em: 28 maio 2023. SILVA, M. A. M. D.; DANZA, H. C. Projeto de vida e identidade: articulações e implicações para a educação. Educação em Revista, v. 38, p. 35-45, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/YHwg8FxLkwcb7gGSc7QQKKg/. Acesso em: 28 maio 2023. Aula 5 DIVERSIDADE, INCLUSÃO E DESENVOLVIMENTO INTERPESSOAL Vídeo Aula Encerramento Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Esta videoaula vai trabalhar com o conceito de desnaturalização da desigualdade, que é fundamental para a construção de uma sociedade democrática. Para pensar uma sociedade mais equânime, também vamos re�etir sobre políticas a�rmativas. Ponto de Chegada Olá, estudante! Nesta Unidade, propusemos uma discussão sobre diversidade, pensando sobre as contradições da sociedade contemporânea capitalista, que ainda é bastante preconceituosa. A nossa Constituição Federal tem um compromisso com o �m da discriminação, mas ainda assim há preconceitos estruturais na nossa sociedade. Veja a seguir: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; https://www.scielo.br/j/ln/a/JTpRzn3wWgQdkJTc4vZ9CKy/?lang=pt https://www.scielo.br/j/edur/a/YHwg8FxLkwcb7gGSc7QQKKg/ Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (BRASIL, 1988) Você aprendeu que as leis são muito importantes para possibilitar a existência de uma sociedade harmônica e solidária, mas nem sempre elas conseguem modi�car a cultura, ou seja, modi�car como as pessoas pensam e se comportam. Por isso, as leis contra todas as formas de preconceito no Brasil muitas vezes parecem ine�cazes. Nós estudamos que há preconceito de raça, de gênero, de orientação sexual e identidade de gênero e ainda contra pessoas com de�ciência. Você percebeu que esses preconceitos são historicamente construídos e que nossa sociedade tende a classi�car as pessoas a partir dessas divisões de raça, etnia, gênero, condição física, dentre todas outras. Contudo, essas classi�cações são apresentadas como se fossem naturais. Esse processo costuma ser denominado de naturalização das desigualdades, ou seja, ao invés de percebermos que as desigualdades e toda forma de preconceito são sociais e construídos para consolidar relações de dominação, passamos a considerar as desigualdades como naturais. No Brasil, temos um fenômeno que se denomina discriminação estrutural, ou seja, ela está dentro de cada instituição social e se reproduz em discursos e práticas. Na verdade, a discriminação estrutural esconde relações de poder e hierarquias entre indivíduos e classes sociais. Sobre isso, Lourenço (2023, p. 77) a�rma que: O Estado detém inúmeros dispositivos que, em última medida, atendem à elite a partir da tríade controle-exclusão-extermínio daquelas(es) que são socialmente inadequadas(os) ou incapazes, ou seja, negras(os), desempregadas(os), não escolarizadas(os), refugiadas(os), moradoras(es) das periferias estariam sob o jugo das aristocracias. Conforme podemos ler na citação, há inúmeros grupos sociais que sofrem a exclusão, são marginalizados e privados de seus direitos. Esses grupos são chamados de minorias. Esse conceito não é quantitativo, ou seja, não se refere a grupos em menor número. Na verdade, esse ele se refere a grupos que historicamente sofreram violações de direito. Hoje entendemos que cabe ao Estado realizar políticas a�rmativas, que são ações para garantir reparação histórica. Elas tentam propiciar a equidade entre grupos sociais e têm potencial de modi�car essas relações sociais de dominação entre eles. Uma sociedade equânime é democrática e valoriza a diversidade. É Hora de Praticar! Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Você sabe o que são refugiados? Eles formam grupos sociais considerados minorias, ou seja, que sofrem com a marginalização e negação de direitos. São pessoas que fogem de seu país de origem em razão de guerras, fome, perseguição religiosa, política ou étnica ou até mesmo por destruição ambiental. Sobre a questão dos refugiados, leia o trecho a seguir, de Costa e Teles (2017, p. 29): Estamos perante a necessidade de englobar as migrações internacionais numa perspectiva assistencialista e de empoderamento dos indivíduos (efetiva integração dos mesmos nas sociedades de acolhimento) (...) qualquer análise da atual crise dos refugiados deve ter presente o conjunto de direitos fundamentais dos indivíduos, tidos como direitos universaisinalienáveis. Os refugiados em todos o planeta estão aumentando muito por causa de guerra, de injustiças ambientais e governos autoritários que perseguem seus cidadãos. Para se tornar refugiado, há um processo jurídico, que envolve provar a violação de direitos. Depois que esse indivíduo ganha a quali�cação de refugiado, no Brasil ele tem todos os direitos fundamentais de um brasileiro. Costa e Teles (2017, p. 30) a�rmam sobre isso que: “O reconhecimento do estatuto de refugiado é um processo moroso e complexo, pouco adequado às necessidades efetivas dos requerentes de asilo, uma vez que o cenário de retorno ao país de origem pode colocar em perigo a vida destes indivíduos.” Eles fogem para outros países em busca de refúgio, em busca de melhores condições de vida e paz. Contudo, nem sempre os países estão em condições de acolher esses indivíduos e garantir todos os seus direitos fundamentais. Dessa forma, os refugiados acabam marginalizados e em violação de direito. Imagine que, no seu município, haja uma comunidade de refugiados de guerra. O grupo é formado por 150 pessoas, incluindo crianças e idosos. Você passa por esse grupo sempre que volta do trabalho e se preocupa que as pessoas parecem estar perdendo peso; as crianças, mesmo no frio, estão com poucas roupas e descalças. Você começa a descon�ar que elas estão sofrendo violação de direitos. Você decide então que precisa fazer alguma coisa sobre isso! O que pode ser feito para garantir direitos aos refugiados? Você sabe que é obrigação do Estado garantir direitos fundamentais aos refugiados? Veja, por exemplo, o que diz o Estatuto do Refugiado: Art. 5º O refugiado gozará de direitos e estará sujeito aos deveres dos estrangeiros no Brasil, ao disposto nesta Lei, na Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951 e no Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de 1967, cabendo-lhe a obrigação de acatar as leis, regulamentos e providências destinados à manutenção da ordem pública. (BRASIL, 1997) Contudo, conforme você sabe, nem sempre os governos garantem direitos. Dessa forma, você entende que seu projeto de vida não é apenas baseado em ganhar dinheiro e comprar, mas também em criar solidariedade social. Por isso, decide realizar uma ação social, unindo seus amigos, familiares e a comunidade do seu bairro. Então, estudante, de que forma podemos realmente ajudar essas pessoas e melhorar a sua condição de vida? O que você acha que pode fazer? Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Olá estudante, chegamos ao encerramento da unidade! Vamos realizar a experiência presencial que irá consolidar os conhecimentos adquiridos? É a oportunidade perfeita para aplicar, na prática, o que foi aprendido em sua disciplina. Vamos transformar teoria em vivência e tornar esta etapa ainda mais signi�cativa. Não perca essa chance única de colocar em prática o conhecimento adquirido. Figura 1 | Formas de preconceito Figura 2 | Formas de combate aos preconceitos BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 2 jun. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA BRASIL. Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997. Estatuto do Refugiado. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9474.htm. Acesso em: 2 jun. 2023 COSTA, B. F.; TELES, G. A política de acolhimento de refugiados - considerações sobre o caso Português. REMHU: Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, v. 25, n. 51, p. 29–46, set. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/remhu/a/QdvbQLxMdwhmPD6MGZVM7Bg/? lang=pt. Acesso em: 2 jun. 2023. LOURENÇO, C. Uma sociedade desigual: re�exões a respeito de racismo e indicadores sociais no Brasil. Serviço Social & Sociedade, v. 146, n. 1, p. 75–96, 2023. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/mqwfdScR8phfpRJ4tJW68Rz/. Acesso em: 2 jun. 2023. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9474.htm https://www.scielo.br/j/remhu/a/QdvbQLxMdwhmPD6MGZVM7Bg/?lang=pt https://www.scielo.br/j/remhu/a/QdvbQLxMdwhmPD6MGZVM7Bg/?lang=pt https://www.scielo.br/j/sssoc/a/mqwfdScR8phfpRJ4tJW68Rz/é a diferença entre ética e moral? Seriam sinônimos ou são conceitos diferentes? Nesta aula, vamos aprender que são conceitos diferentes, mas que têm em comum um sentido de valor social. Existe uma sociedade sem um conjunto de valores sociais, sem moral ou sem ética? Os homens podem viver em sociedade sem de�nir valores comuns para o grupo social? Por que há valores sociais tão distintos, que mudam conforme o tempo histórico e a cultura? Vamos re�etir sobre isso nesta aula. Bons estudos! Vamos Começar! A princípio, pensemos sobre os rituais de morte da nossa sociedade cristã. Nela, é comum que os mortos sejam enterrados e, em alguns casos, cremados. De qualquer forma, temos um ritual denominado velório, no qual há orações, �ores, abraços, lamentações, palavras de apoio e suporte para a família enlutada e elogios para a pessoa falecida. Há muitos valores por trás desse ritual. Em sua maioria, valores cristãos, que se baseiam na crença na vida após a morte, no respeito à família que perdeu alguém e na celebração da vida da pessoa que partiu. Na longa história da humanidade, o ato de enterrar os mortos é o principal indício arqueológico de civilização. Assim, o ato de enterrar os mortos indica que um grupo de mamíferos é formado por seres racionais e que cria cultura e valores. Strauss (2016) a�rma que arqueólogos já descobriram sepulturas de 80.000 a.C., no período chamado Paleolítico, da pré-História. Obviamente não sabemos exatamente porque sepultavam seus mortos, mas há pistas. Talvez o �zessem para evitar mau cheiro ou doenças. Ainda, talvez, tivessem crenças sobre deuses e espíritos. Não temos resposta para todas as perguntas que se possam fazer a respeito disso, mas o fato de que, perto dos sepultos, havia utensílios e desenhos em pedras indica que simbologias eram atribuídas à morte e, com elas, sistemas de valores. Veja, na Figura 1, um crânio de milhares de anos descoberto em Chapelle-aux-Saints, na França. Trata-se do crânio de um homem neandertal. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Figura 1 | Crânio neandertal encontrado sepultado na França. Fonte: Wikimedia Commons. Iniciamos essa discussão com esse exemplo para você entender as regras e os valores como fundantes da sociedade humana. Animais não têm regras de convivência e não têm valores. Por sua vez, seres humanos são capazes de viver em grupos porque constituem um conjunto de valores que, por sua vez, de�nem como as pessoas devem se comportar. Se os rituais de morte são sistemas de valores, vamos pensar agora sobre a família enquanto valor social. A sociedade ocidental, contemporânea e cristã é fundamental enquanto um conjunto de valores a partir da ideia de família, formada tradicionalmente por pais, mãe e �lhos. Esse conceito está mudando. Hoje falamos em família monoparental, homoafetiva e família extensa. Mas há um valor muito sólido que fundamenta esse conceito, que é o valor da �delidade e da monogamia. Contudo, nem toda sociedade tem uma percepção monogâmica de família. Basta pensar no islamismo ou nos mórmons fundamentalistas de Utah, EUA (LUNA, 2007). Os valores fundam sistemas de moral, que são um conjunto de normas que de�nem padrões de comportamento socialmente aceitos. Se, na sociedade cristã, a poligamia é uma violação da Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA moral; nas sociedades islâmicas, é aceitável que o homem tenha mais de uma mulher. No próximo tópico vamos entender melhor sobre tudo isso. Siga em Frente... Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal, com unanimidade, reconheceu a união homoafetiva como um núcleo familiar, dando autorização para o casamento civil de pessoas homoafetivas. Essa decisão causou muita polêmica. Durante décadas, a homossexualidade foi considerada uma doença e, mesmo que tenha deixado de assim ser considerada, muitos consideraram e continuam considerando uma decisão imoral (FIGUEIREDO, 2021). A mudança na legislação não implica na mudança completa do comportamento e dos valores sociais. Contudo, a decisão do STF mostra uma mudança na dimensão dos valores, com a qual alguns concordam e outros, ainda com muito preconceito, não. Toda sociedade tem um conjunto de valores, que de�nem como os indivíduos interagem entre si. Mas ela nos traz inúmeras lições. Em primeiro lugar, a moral é coletiva e mutável. Santos (2012) explica que ela não é um conjunto estático de valores e cada sociedade, em cada tempo histórico, tem sua moral. A moral é passada de geração em geração, assim como as mudanças nela. Finalmente, entendemos que a moral é percebida de maneira diferente pelos indivíduos, porque há uma interpretação subjetiva sobre a moral em cada pessoa e sobre o que é o certo e o errado. A moral é sempre normativa. Veja, mencionado no bloco anterior, a regra moral do casamento monogâmico. Então, essa norma é: no casamento, permite-se apenas um parceiro; a violação dessa regra seria adultério, o que não é permitido. Embora não haja uma consequência jurídica punitiva para aquele que trai, ainda assim a sociedade reprova tal ato. Você provavelmente já ouviu fofocas como essa, dita em voz baixa: “Você sabia que João está traindo a Maria... coitada, nem percebeu...” A ética, por sua vez, é a re�exão sobre a moral e se coloca como um conjunto de princípios. Santos (2021, p. 2) apresenta uma de�nição sobre moral e ética e lança interessantes questionamentos: Tradicionalmente, há uma tendência em confundir os conceitos de ética e de moral. Neste período de tensão política, por exemplo, a palavra ética está em moda, diferentemente de moral, que é vinculada à moralismo, àquilo que, de uma forma ou de outra, caducou, e por isso mesmo tem conotação pejorativa. Mas, o fato é que a ética é da ordem do pensamento e da re�exão, enquanto a moral é da regra, do legal, do normativo. Enquanto a primeira re�ete, a segunda descreve como agir em forma de regras. Mas o que esses termos têm em comum? Como abordar um sem fazer referência ao outro? Como elas se relacionam sem que cada uma perca sua identidade? Em que medida eles dizem respeito à nossa vida cotidiana? Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Santos (2021), no começo de seu artigo, aponta que a moral é muitas vezes confundida com aquilo que é conservador, porque é antigo. Por exemplo, quando falamos em relação a uma pessoa: “Nossa, como é moralista a Maria! Não vê que o mundo mudou”. Contudo, esse é um uso discursivo da moral que diz respeito a algo que não foi atualizado, diante da mudança da cultura e dos costumes. Aqui, estamos apresentando a moral a partir das concepções sociais de valores e como um conjunto de valores que estipulam o que devemos ou não fazer. Vamos Exercitar? Estudante, para entender melhor a diferença entre moral e ética e responder às questões propostas por Santos (2021) vamos pensar no racismo. Em primeiro lugar, temos uma norma penal que proíbe o comportamento racista. Trata-se da lei 7.716/ 1989, que determina: Art. 2º - A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional. Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa. (BRASIL, 1989) A lei tipi�ca muitos outros crimes relacionados ao racismo; aqui quisemos trazer alguns exemplos. Para além da proibição legal, também temos normas morais diante do racismo. Sem dúvidas, sabemos que se trata de uma atitude imoral e reprovável moralmente. A re�exão ética sobre o racismo vai além da de�nição normativa da moral e da lei positivada. A re�exão ética pensa sobre as consequências sociais do racismo, dos seus desdobramentos para quem é vítima e para toda a coletividade. O comportamento racista é antiético e tem impactos sociais nefastos. Muitas vezes, a ética se desdobra em Códigos de Ética. Por exemplo, uma empresa pode de�nir, dentro doseu Código de Ética, que não tolera racismo de seus colaboradores. Santos (2021, p.3-4) explica sobre a ética: A ética, desde o mundo grego, diz respeito à re�exão sobre a vida prática, ou seja, sobre a ação. A ação ética é fruto de uma escolha re�etida, pensada, deliberada, que pressupõe uma justi�cativa. Isso nos impõe exigências legítimas e, não raras vezes, complexas, até mesmo incompatíveis com a vida pública. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Dessa forma, uma vida ética é aquela baseada em ações cuidadosamente pensadas, especialmente em relação a como determinado comportamento afeta o outro e a coletividade. Re�ita: o comportamento racista tem efeitos sociais? Em primeiro lugar, ele é injusti�cável, porque se baseia na ideia de que há pessoas melhores que as outras, o que não tem nenhuma base de verdade. Por sua vez, a vítima do racismo tem sua dignidade atingida, é marginalizada e privada de direitos humanos. Finalmente, o racismo promove efeitos negativos em toda a coletividade, que perde valores morais. A escolha ética de uma vida não racista, de respeito e valorização de todos, demanda uma re�exão racional sobre a moral. Santos (2021) questiona como a ética e a moral afetam a nossa vida cotidiana. Elas afetam as nossas escolhas. Podemos decidir levar uma vida ética, de respeito à diversidade humana e à natureza. Podemos escolher não sermos individualistas, mas sermos solidários. Essas escolhas devem ser feitas diariamente, a cada decisão, a cada desa�o e em todas as relações sociais. Saiba mais A ética atualmente tem se desdobrado em ética pro�ssional, que de�ne como os colaboradores de uma empresa devem se comportar, atender clientes e fornecedores e, ainda, como devem tratar uns aos outros. Convidamos você a ler a respeito deste tema no artigo a seguir: PUCGOIÁS. Ética pro�ssional: importância, exemplos e como desenvolver. Referências BRASIL. LEI Nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm. Acesso em: 14 maio 2023. FIGUEIRDO, I. A Conquista do direito ao casamento LGBTI+: da Assembleia Constituinte à Resolução do CNJ. Rev. Direito e Práx., v. 12, n. 4, dez. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rdp/a/b4BFMtgP8DXWH7rjKLvhGKm/abstract/?lang=pt#. Acesso em: 14 maio 2023. LUNA, N. Parentesco e pessoa. In: LUNA, N. Provetas e clones: uma antropologia das novas tecnologias reprodutivas. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007. Coleção Antropologia e Saúde, p. 179- 264. PUCGOIÁS. Ética pro�ssional: importância, exemplos e como desenvolver. 2020. Disponível em: https://ead.pucgoias.edu.br/blog/etica-pro�ssional-importancia. Acesso em: 14 maio 2023. SANTOS, A. C. dos. Variações conceituais entre a ética e a moral. Filoso�a Unisinos, v. 22, n. 2, p. e22207, 2021. Disponível em: https://ead.pucgoias.edu.br/blog/etica-profissional-importancia https://ead.pucgoias.edu.br/blog/etica-profissional-importancia https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm https://www.scielo.br/j/rdp/a/b4BFMtgP8DXWH7rjKLvhGKm/abstract/?lang=pt https://ead.pucgoias.edu.br/blog/etica-profissional-importancia Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA https://www.scielo.br/j/fun/a/L373KJHwbW4TcWk6Lcjyfvg/abstract/?lang=pt#ModalHowcite. 14 maio 2023. STRAUSS, A. Os padrões de sepultamento do sítio arqueológico Lapa do Santo (Holoceno Inicial, Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 11, n. 1, p. 243–276, jan. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bgoeldi/a/KZmqBVtfmkFgvF67B7cmFxd/? lang=pt#ModalHowcite. Acesso em: 14 maio 2023. Aula 4 A POLÍTICA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA A política na sociedade contemporânea Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. No senso comum, há um certo otimismo em relação à globalização, especialmente pela ampliação dos usos da internet. No entanto, ela é muito mais do que a facilidade na comunicação, pois é um sistema de exploração dos países mais pobres. Vamos pensar, então, eticamente essas questões? Ponto de Partida Olá, estudante! Nesta aula, trataremos de um movimento muito importante, denominado de globalização. Ela modi�ca a forma como os Estados se relacionam entre si, no sistema internacional. Ainda, com a globalização, um novo sistema de valores é também internacionalizado, tendo como fundamento uma ordem de direitos que é considerada universal e que não pode ser relativizada: os direitos humanos. Assim, nesta aula, vamos abordar a política contemporânea e como esse movimento internacional em direção aos direitos humanos afeta a nossa vida cotidiana. Bons estudos! https://www.scielo.br/j/fun/a/L373KJHwbW4TcWk6Lcjyfvg/abstract/?lang=pt#ModalHowcite https://www.scielo.br/j/bgoeldi/a/KZmqBVtfmkFgvF67B7cmFxd/?lang=pt#ModalHowcite https://www.scielo.br/j/bgoeldi/a/KZmqBVtfmkFgvF67B7cmFxd/?lang=pt#ModalHowcite Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Vamos Começar! Começamos a nossa re�exão introdutória tratando dos Direitos Humanos. Eles surgiram logo após a II Guerra Mundial e o Holocausto, como uma estratégia internacional para evitar que racismo, torturas, assassinatos e prisões arbitrárias voltassem a ocorrer. Os Direitos Humanos são uma ordem de direito que une direitos civis, políticos e sociais, mas que pressupõe direitos universais e não relativizáveis: seriam comuns a todos os seres humanos, em qualquer lugar e em qualquer tempo histórico (ALVES, 2012). Um dos princípios mais importantes que regem os Direitos Humanos é a democracia; pois geram obrigações para os Estados e para os governos. Eles determinam que os governos usem as regras da democracia para administrar seu país, estado ou município de modo a garantir a dignidade de seus cidadãos. Re�itamos: durante a II Guerra Mundial, milhões de judeus foram retirados de suas casas e presos em campos de concentração, simplesmente porque eram judeus. Milhões foram torturados e até assassinatos. Contudo, em um país democrático como o Brasil, um indivíduo apenas recebe a pena de prisão depois de ser julgado e de ter direito ao contraditório e à ampla defesa, ou seja, o réu tem o direito de se defender e, ainda que condenado, tem o direito de não ser torturado. Isso é um Direito Humano (ALVES, 2012). Dessa forma, os Direitos Humanos estabelecem um mínimo moral para a atividade política. Eles estão todos de�nidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, criada pela Organização das Nações Unidas em 1948. Veja alguns desses princípios, conforma a ONU (1948, [s.p.]): 1. Os seres humanos são livres e iguais em direitos. 2. Os seres humanos não podem ser discriminados em razão de raça, cor, sexo, língua, religião, ideologia política, classe social, nacionalidade ou qualquer outra condição. 3. Os seres humanos têm direito à vida e a viver em liberdade e segurança. 4. A tortura não é permitida. 5. Prisões arbitrárias são proibidas. Todo indivíduo tem direito à presunção de inocência até que seja julgado culpado por um tribunal competente. �. Os seres humanos têm direito à vida privada. 7. Os seres humanos têm liberdade de religião, de expressão, de associação pací�ca e de opinião. �. O povo manifesta sua vontade por meio do sufrágio universal. 9. Os seres humanos têm o direito ao trabalho decente, com uma remuneração que lhe traga dignidade. 10. Os seres humanos têm direito à educação. Nessa lista, apresentamos apenas alguns desses direitos. Há muitos outros. Perceba que cabe ao Estado garantir esses direitos. Se temos o direito à liberdade, ela só pode ser tirada de nós em virtude de crime julgado por tribunal competente, depois do direito à defesa ser concluído. Os Direitos Humanos hoje de�nem os limites da atuação do Estado e criam padrões do que é ético Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA para um governo fazer. Dessa forma,são um conjunto de normas de caráter moral, baseado em valores ocidentais, mas que tomam a forma de direito internacional, a ser seguido pelos países. Na ordem internacional contemporânea, a política e o direito se entrelaçam por meio dos valores morais dos Direitos Humanos. Siga em Frente... Provavelmente você já ouviu a palavra globalização na internet ou na televisão. Vamos entender melhor esse processo. Ele é iniciado na década de 90, com a internacionalização da economia. Esse processo é gestado dentro do mercado �nanceiro e das indústrias que se espalham pelo mundo todo. É comum que uma indústria tenha a sua sede em um país do capitalismo central, como os Estados Unidos, e que sua produção ocorra em países como o Brasil ou a China, onde a mão de obra é mais barata. Quantas vezes você já viu em um produto a etiqueta “Made in China”. Agora você já sabe o porquê. Quantas montadoras de automóveis temos no Brasil, cujas sedes estão em outros países, muito mais ricos e economicamente desenvolvidos? Sem embargo, a internacionalização da economia não é apenas isso. Trata-se de um processo que também chega nas bolsas de valores. Hoje, podemos comprar ações de empresas do mundo todo, basta ter capital para isso. Aquela ideia de empresas familiares, cujas fábricas estão dentro de um país e operam toda a sua produção na mesma nação, está sendo deixada de lado (RAMALHO, 2012). A globalização começa, então, na economia, mas se expande também para a cultura do consumo. Ela amplia a competição internacional por consumidores. Antes da internet, se você quisesse uma roupa nova, talvez fosse ao centro comercial da sua cidade ou ao shopping center para comprar. Hoje, você pode comprar roupas de lojas online na China por um preço muito mais baixo do que no shopping center e talvez até com a mesma qualidade e, ainda, sem frete. Não é uma mudança nos padrões de consumo que torna o mercado muito mais competitivo? Nisso, as marcas precisam se reinventar e pensar em novas formas de publicidade, criando novas necessidades para as pessoas e, com isso, novas estratégias de marketing digital (RAMALHO, 2012). É assim que se cria uma cultura de consumo, que impõe padrões de consumo, vendendo estilos de vida, não mais apenas mercadorias. Isso é feito pelas redes sociais, pelo cinema, pela moda e pela música. Há um imperialismo cultural ocidental que impõe uma dominação cultural nos padrões de consumo (RAMALHO, 2012). Diante de um mundo que se internacionaliza, cada vez mais são necessárias normas de comércio exterior, gerenciadas internacionalmente. Com isso, começam a surgir instituições internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). São organizações supranacionais, mas que não podem se sobressair ao Estado-nação, que continua soberano (RAMALHO, 2012). Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Na globalização, cada país continua tendo poder sobre seu território e continua tendo seu direito nacional. Contudo, uma vez que se torne Estado-membro de uma organização internacional, precisa obedecer a suas normas. Por exemplo, o Brasil é parte da ONU e, portanto, precisa garantir que os seus tratados de Direitos Humanos sejam cumpridos. Esse é um pacto em nome da democracia. Vamos Exercitar? Você já ouviu falar em uma classi�cação para os países que os dividiam em países de primeiro, segundo e terceiro mundo? O Brasil costumava ser classi�cado como países de terceiro mundo, devido à pobreza. Os países de segundo mundo eram os países socialistas, mas, com a queda do muro de Berlim, essa classi�cação perdeu o sentido. Hoje, falamos em países de capitalismo central e de capitalismo periférico; o Brasil está nesta segunda categoria. Vamos entender os critérios para essa de�nição: os países de capitalismo periférico são aqueles que foram colonizados entre os séculos XV e XIX e cujas economias se desenvolveram com base no latifúndio, mão de obra escrava e economia agroexportadora, conforme Ramalho (2021). Assim foi no Brasil. Nós nos desenvolvemos como país exportador de commodities, ou seja, produtos primários, e precisamos importar tecnologias, o que deixa a nossa balança comercial bastante instável (RAMALHO, 2012). Vamos entender melhor o que isso signi�ca. Imagine que você tenha, no fundo da sua casa, uma pequena horta, com diversos legumes e verduras. Você quer muito um smartphone e pensa que talvez pudesse trocar alguns dos seus vegetais pelo smartphone novinho da sua vizinha. Quanto custa um quilo de verdura e quanto custa um smartphone? É muito diferente, não? Quantos quilos de verdura você teria que entregar à sua vizinha para que ela desse o celular? Nem é possível imaginar, e certamente ela não desejaria tantos vegetais, que estragariam antes de ela ser capaz de comer tudo. Essa é a lógica da balança comercial. O que nós, no Brasil, temos para vender é muito mais barato do que aquilo que precisamos comprar do exterior. Como essas negociações são em dólar, sai muito mais dólar do Brasil do que entra, o que desequilibra a nossa economia (RAMALHO, 2012). Essa lógica existe desde o processo colonial e continua até a contemporaneidade. Com a globalização, há uma distribuição bastante desigual da riqueza, não apenas entre as pessoas, mas também entre as nações. As nações do capitalismo central criam grandes empresas transnacionais que, como você já aprendeu, levam suas linhas de montagem para os países pobres, com altas taxas de desemprego, para explorar a mão de obra barata. Os indivíduos que estão sem emprego, com contas vencendo e a fome batendo à porta, estão tão vulneráveis que aceitam os baixos salários oferecidos. Por outro lado, quem enriquece é a nação do capitalismo central, porque os ganhos são dela. A riqueza �ca especialmente para os países onde estão as sedes das multinacionais. O Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA empobrecimento de um país também leva ao empobrecimento da sua população, porque o Estado tem ampla di�culdade em �nanciar programas sociais, distribuição de renda, serviços públicos de saúde, educação e assistência social. Assim, os mais pobres saem perdendo dentro de uma lógica econômica sem ética. Saiba mais É muito importante que as pessoas conheçam os seus direitos. Para exigir o seu cumprimento, precisamos conhecê-los e entendê-los. Dessa forma, convidamos você a conhecer nossos principais Direitos Humanos, no endereço eletrônico a seguir: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Referências ALVES, J. A. L. É preciso salvar os direitos humanos! Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n. 86, p. 51–88, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ln/a/kQpj4vTMqGyyqHqzdVQLvzS/? lang=pt#ModalHowcite. Acesso em: 21 maio 2023. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos. Acesso em: 21 maio 2023. RAMALHO, N. A. Processos de globalização e problemas emergentes: implicações para o Serviço Social contemporâneo. Serviço Social & Sociedade, n. 110, p. 345–368, abr. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/9mQKJNrshQQhky8pmS5b9yB/#ModalHowcite. Acesso em: 21 maio 2023. Aula 5 SOCIEDADE, POLÍTICA E ÉTICA Vídeo Aula Encerramento Este conteúdo é um vídeo! https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos https://www.scielo.br/j/ln/a/kQpj4vTMqGyyqHqzdVQLvzS/?lang=pt#ModalHowcite https://www.scielo.br/j/ln/a/kQpj4vTMqGyyqHqzdVQLvzS/?lang=pt#ModalHowcite https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos https://www.scielo.br/j/sssoc/a/9mQKJNrshQQhky8pmS5b9yB/#ModalHowcite Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Nesse vídeo, vamos lembrar as diferenças entre os conceitos de moral e ética. Também revisaremos osconceitos de política, Estado e democracia. Finalmente, vamos lembrar como os Direitos Humanos são um conjunto de regras que de�nem um mínimo ético para o Estado. Ponto de Chegada Olá, estudante! Um dos conceitos centrais desta Unidade é o de política. Nós aprendemos que a política possibilita a vida em sociedade, porque cria um conjunto de regras para viabilizar a convivência comum. Será que essas regras são sempre justas? Quando olhamos a história humana, certamente podemos a�rmar que não. Os governos autoritários se mostram bastante injustos e incapazes de consolidar o interesse público. Quando observamos, por exemplo, o período da ditadura militar no Brasil, vemos que direitos civis e políticos foram retirados da população brasileira (SANTOS, 2021). Hoje, entendemos que a democracia é o sistema mais propenso a gerar normas justas, porque o princípio da soberania popular permite que os líderes sejam eleitos pela população e que haja competição e oposição política. Com isso, os políticos disputam cargos entre si e, para serem reeleitos, precisam atender aos interesses públicos (DAHL, 1997). Talvez você esteja inquieto com o parágrafo anterior. Realmente, na prática política, a democracia também traz muitas injustiças sociais e nem sempre os governos são éticos e justos. No entanto, a democracia é um sistema considerado melhor, porque possibilita que os governantes sejam substituídos a cada ciclo eleitoral. Contudo, a democracia se organiza para conviver com a desigualdade social. O Brasil é um país democrático, mas há pessoas que ainda morrem dos efeitos da desnutrição (SENADO FEDERAL, 2022). Dessa forma, é difícil pensar que nossa democracia é justa. Em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer — o que representa 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome. Conforme o estudo, mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau: leve, moderado ou grave. (SENADO FEDERAL, 2022, [s.p.]) Diante das injustiças produzidas por governos democráticos e por tantas outras produzidas pelos governos autoritários, o sistema internacional, especialmente a ONU, criou um mínimo Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA ético para os Estados, que é denominado de Direitos Humanos. Estes formam um conjunto de direitos, baseados em valores éticos das sociedades ocidentais, que pressupõe garantias universais e não relativizáveis. Os Direitos Humanos demandam dos Estados compromissos com a vida, a liberdade e a igualdade de todos perante a lei. Entretanto, para a consolidação de uma sociedade realmente ética, é fundamental a distribuição de renda. O Brasil é um dos países com menor distribuição de renda no mundo, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, publicados por Carvalho (2023). Para que possamos viver em uma sociedade baseada em valores morais e éticos, precisamos diminuir a concentração de renda e possibilitar que todos tenham um salário justo, que garanta uma vida digna. É Hora de Praticar! Estudante, uma discussão que tem mobilizado a sociedade brasileira diz respeito à prática do bullying, também chamado de violência escolar. Para começar a nossa re�exão sobre esse tema, vamos ler uma de�nição: O bullying sempre tem como objetivo ferir e magoar a vítima, ocorrendo principalmente de três maneiras: agressões físicas diretas; agressões verbais diretas; e agressões indiretas (...) A agressão física direta engloba ataques abertos à vítima envolvendo ações individuais ou em grupo contra uma única pessoa, através de agressões (...) A agressão verbal direta envolve ações de insultos em público, incluindo xingamentos, provocações, ameaças, apelidos maldosos, comentários racistas, ofensivos ou humilhantes. E a agressão indireta se dá pelo isolamento e exclusão social dentro do grupo de convivência, di�cultando as relações da vítima com os pares ou prejudicando a sua posição social, por meio de boatos, ignorando a presença da vítima ou ameaçando os outros para que não brinquem com a mesma. (ZEQUINÃO et al., 2016, p. 181) É preciso perceber a escola como um espaço de violência, onde grupos de indivíduos, desde alunos até a própria gestão escolar, cria possibilidades de agressão. Se a violência se reproduz de maneira tão célere, também a escola falha em garantir segurança e um ambiente mais solidário. Você já pensou por que há tanta violência na escola? Precisamos primeiro entender que a sociedade brasileira é violenta e que a escola reproduz aquilo que é social, porque a escola é um espelho da sociedade. A sociedade contemporânea é marcada pelo desemprego, pobreza, fome, di�culdades de acesso a serviços públicos de saúde, moradia e assistência social. Diante dessa realidade, os jovens têm di�culdade em construir um projeto de vida para si mesmos e para pensar um futuro. Especialmente se esses jovens estão inseridos em contexto sociais nos quais veem seus pais desempregados ou ganhando salários muito baixos e percebem que seus direitos mínimos, como alimentação, saúde e moradia, não estão efetivamente garantidos, pensar um futuro é Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA muito difícil. Precisamos, portanto, entender a violência escolar a partir de problemas sociais, que são resultado da falta de políticas públicas. Ainda, faz-se necessário compreender a violência escolar também de uma perspectiva ética. O capitalismo, enquanto sistema econômico dominante, coloca uns contra os outros e há um individualismo exacerbado, baseado na competição. Será que a violência escolar não é fruto disso tudo? Pense sobre os valores que essa escola deve priorizar e crie um Código de Ética que dê destaque a toda a comunidade escolar e que tenha uma perspectiva de transformação pessoal. A escola pode ter uma perspectiva de mudança social e de ruptura com as crises sociais que esses jovens vivenciam. Ela tem potencial de dar repertório e ferramentas para que eles se mobilizem e lutem por seus direitos, tornando-se protagonistas de suas próprias vidas por meio da participação política. Ainda, a escola pode criar um sistema de regras mínimas de convivência, que tenha uma lógica diferente desse individualismo capitalista, no qual cada indivíduo se torna adversário do outro. Re�ita: será que podemos criar um Código de Ética para a escola, de tal forma que haja mais solidariedade e relações mais humanas entre todos na comunidade escolar (ou seja, não apenas alunos, mas também os docentes e gestores escolares)? Olá estudante, chegamos ao encerramento da unidade! Vamos realizar a experiência presencial que irá consolidar os conhecimentos adquiridos? É a oportunidade perfeita para aplicar, na prática, o que foi aprendido em sua disciplina. Vamos transformar teoria em vivência e tornar esta etapa ainda mais signi�cativa. Não perca essa chance única de colocar em prática o conhecimento adquirido. Figura 1 | Moral e ética Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Figura 2 | Política, democracia e direitos humanos. ALVES, J. A. L. É preciso salvar os direitos humanos! Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n. 86, p. 51–88, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ln/a/kQpj4vTMqGyyqHqzdVQLvzS/? lang=pt#ModalHowcite. Acesso em: 21 maio 2023. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos. Acesso em: 21 maio 2023. RAMALHO, N. A. Processos de globalização e problemas emergentes: implicações para o Serviço Social contemporâneo. Serviço Social & Sociedade, n. 110, p. 345–368, abr. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/9mQKJNrshQQhky8pmS5b9yB/#ModalHowcite. Acesso em: 21 maio 2023. , Unidade 2 O EXERCÍCIO DOS DIREITOS HUMANOS Aula 1 INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS Introdução aos Direitos Humanos https://www.scielo.br/j/ln/a/kQpj4vTMqGyyqHqzdVQLvzS/?lang=pt#ModalHowcitehttps://www.scielo.br/j/ln/a/kQpj4vTMqGyyqHqzdVQLvzS/?lang=pt#ModalHowcite https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos https://www.scielo.br/j/sssoc/a/9mQKJNrshQQhky8pmS5b9yB/#ModalHowcite Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Nesta videoaula, você terá a oportunidade de acompanhar, junto ao professor, o resumo deste conteúdo, conhecendo o signi�cado, a história e a importância dos Direitos Humanos na sociedade atual. Lembre-se, é importante realizar a leitura dos textos, responder às questões e acessar as o material complementar. Então, prepare-se e vamos juntos conhecer um pouco mais sobre os Direitos Humanos! Ponto de Partida Olá, estudante! Conhecer os Direitos Humanos é um exercício de cidadania. Todos somos detentores destes direitos; por isso, é muito importante entendê-los, para que consigamos enxergá-los, propagá-los e defendê-los em nossa sociedade. Nesta aula, trataremos do conceito de Direitos Humanos. Avançaremos para entender sobre sua origem e como se transformaram até chegarem na atualidade. Também explicaremos por que os Direitos Humanos são importantes para a sociedade. Este conjunto de valores comuns a todas as pessoas, que podem ser entendidos de forma coletiva ou individual e estão intimamente ligados à natureza humana, será objetivo desta aula. Então, prepare-se e vamos juntos construir este entendimento! Bons estudos! Vamos Começar! Entender o conceito e signi�cado de um determinado tema a ser estudado é fundamental para adquirirmos a capacidade de prosseguir nos estudos e aprofundá-los. Para estudarmos sobre os Direitos Humanos, esta premissa de apresentar a signi�cação e conceituação também é válida, e se torna indispensável, visto que tais Direitos são valores inerentes aos seres humanos, e que foram construídos e reconhecidos ao longo dos últimos séculos. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Neste sentido, veri�camos que os Direitos Humanos surgiram como uma resposta às violações dos direitos naturais dos seres humanos, e foram consolidados em documentos como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948 (MAHLKE, 2017). Desde então, os Direitos Humanos tornaram-se uma referência global para a proteção dos direitos fundamentais das pessoas, sendo reconhecidos por governos, organizações internacionais, organizações não governamentais, sociedades e indivíduos. Tais direitos são importantes para a sociedade, porque garantem que todas as pessoas sejam tratadas com dignidade e respeito, e que tenham acesso a condições básicas de vida e oportunidades. Além disso, os Direitos Humanos são essenciais para a proteção das minorias e grupos vulneráveis, e para a prevenção e o combate à discriminação, à opressão e à violência. Entre as características dos direitos humanos, destacam-se a universalidade, a interdependência e a indivisibilidade. A universalidade determina que esses direitos são aplicáveis a todas as pessoas, sem exceção. A interdependência estabelece que os direitos humanos são interconectados e interdependentes, e que a violação de um direito pode ter um impacto negativo em outros. Já a indivisibilidade de�ne que os direitos humanos não podem ser separados em categorias, como se fossem de primeira ou segunda classe (MAHLKE, 2017). Um pertinente conceito que podemos adotar para de�ni-los está presente no livro Direitos Humanos, da professora Helisane Mahlke (2017, p. 10), segundo a qual eles compõem: [...] um conjunto de valores comuns à humanidade, entendidos individual ou coletivamente, considerados inerentes à natureza humana e, portanto, não cabe ao direito constituí-los, mas apenas declará-los, são inalienáveis e imprescritíveis por princípio. Assim, percebemos que não há que se distinguir a aplicação de tais direitos para indivíduos ou à coletividade, estando todos os seres humanos, sem nenhuma exceção, abarcados neste conceito. Por isso, é importante entender também a relevância e distinção histórica que foi dada ao ser humano frente aos demais seres vivos, a evolução conceitual e o caminho percorrido nas diversas épocas e diferentes sociedades até a atualidade, passando por conceitos culturais, religiosos, �losó�cos, cientí�cos até ser materializado como direito. Segundo o autor Fábio Konder Comparato (2019, p. 45), em sua obra A a�rmação histórica dos Direitos Humanos: Não se pode deixar de observar que as re�exões da �loso�a contemporânea sobre a essência histórica da pessoa humana, conjugadas à comprovação do fundamento cientí�co da evolução biológica, deram sólido fundamento à tese do caráter histórico (mas não meramente convencional) dos direitos humanos, tornando portanto sem sentido a tradicional querela entre partidários de um direito natural estático e imutável e os defensores do positivismo jurídico, para os quais fora do Estado não há direito. Importa também perceber os Direitos Humanos como valores sociais que independem do reconhecimento estatal, ou seja, mesmo que um Estado ou país não os preveja no interior de Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA suas constituições ou leis, eles subsistirão. Como pontuado, não é cabível, tampouco necessário ao Estado criá-los, mas somente reconhecê-los e declará-los em suas cartas normativas internas, e claro, defendê-los e aplicá-los (MAHLKE, 2017). Siga em Frente... Para que possamos prosseguir no entendimento, é indispensável traçarmos um breve histórico, reservando atenção a alguns importantes marcos pretéritos. Os Direitos Humanos são uma das principais questões que permeiam a humanidade, desde a antiguidade até os dias atuais. Com o passar do tempo, esse conceito foi se desenvolvendo e se transformando, adquirindo novos signi�cados e se adaptando às diferentes sociedades e épocas. O conceito de Direitos Humanos pode ser rastreado até a Grécia antiga, quando a ideia de justiça e igualdade entre os cidadãos era enfatizada (COMPARATO, 2019). No entanto, foi somente durante a era moderna que o conceito de Direitos Humanos foi formalizado e ganhou uma importância signi�cativa. Quando Quem Onde O quê 593 a.C. Rei Ciro II Mesopotâmia /Iraque Cilindro de Ciro. 413 Santo Agostinho Roma Cidade de Deus, aponta divergência entre governos autoritários e legais. 1215 Rei João Sem Terra Inglaterra Carta Magna. 1517 Martinho Lutero Alemanha 95 teses, Reforma Protestante. 1537 Papa João Paulo III Roma Bula Sublimi Deus, condenando a escravidão. 1689 Parlamento Inglês Inglaterra Bill of Rights, poderes ao Parlamento e limites ao Rei. 1789 Revolução Francesa França Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, liberdade e igualdade aos homens. 1864 Congresso EUA. EUA 3ª Emenda da Constituição, proibindo escravidão e trabalho forçado Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA 1888 Princesa Isabel Brasil Abolição da escravatura, última da América. 1918 Revolução Russa Rússia Eliminar a exploração do trabalhador. 1948 ONU Paris/França Declaração Universal dos Direitos Humanos. O primeiro marco a merecer destaque, dentre vários momentos na história dos Direitos Humanos, foi a Magna Carta, documento assinado em 1215, na Inglaterra. Ela limitava o poder absoluto do rei e garantia alguns direitos aos barões e cidadãos. Esse documento in�uenciou a criação da Carta dos Direitos, que foi incorporada à Constituição dos Estados Unidos em 1787. Outro marco importante na evolução dos Direitos Humanos foi a Revolução Francesa, que aconteceu em 1789 e resultou na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, um documento que estabeleceu a igualdade, a liberdade e a fraternidade como valores fundamentais da sociedade. Esse documento in�uenciou a criação da DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos, adotada pela ONU em 1948 (COMPARATO, 2019). Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Figura 1 | A Liberdade guiando o povo, quadro de Eugène Delacroix. Fonte: Wikipedia Commons. Durante a Revolução Industrial, ocorrida a partir do século XVIII, surgiram graves violações dos Direitos Humanos, especialmente no que diz respeito ao trabalho infantil e à exploração dos trabalhadores. Com isso, surgiram movimentos trabalhistas que lutavam pela proteção dos direitos trabalhistas (MAHLKE, 2017). No início do século XX, ocorreu a Primeira Guerra Mundial, que levou a uma mudança signi�cativa no cenário político e social da Europa. Esse período foi marcado por um grande movimento pela paz e pela justiça social, o que in�uenciou a criação da Liga das Nações e, posteriormente, da Organização das Nações Unidas. Durante a Segunda Guerra Mundial, que ocorreu entre 1939 e 1945, aconteceram algumas das piores violações dos Direitos Humanos na história da humanidade, incluindo o Holocausto, a perseguição aos homossexuais, aos de�cientes físicos e mentais, e a bomba atômica lançada pelos Estados Unidos no Japão. Como resposta a essas atrocidades, a ONU adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948 (COMPARATO, 2019). Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA A partir da década de 1960, houve uma série de movimentos sociais que lutavam pela igualdade de direitos e contra a discriminação, como o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos e o movimento pelos direitos das mulheres em todo o mundo (COMPARATO, 2019). Esses movimentos in�uenciaram a criação de leis que garantiam a igualdade de direitos e o �m da discriminação em várias partes do mundo. Na contemporaneidade, os Direitos Humanos ainda enfrentam muitos desa�os a serem enfrentados, incluindo a discriminação, a violência, a pobreza, a desigualdade e a falta de acesso a serviços; por isso, veremos a seguir a sua importância para a sociedade. Vamos Exercitar? Neste momento, já podemos perceber que os Direitos Humanos são fundamentais para garantir a dignidade humana e proteger os indivíduos de abusos e violações por parte do Estado ou de outros indivíduos. Eles existem desde tempos antigos, mas foram formalizados em documentos importantes ao longo da história, como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, criada durante a Revolução Francesa, e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Organização das Nações Unidas em 1948 (MAHLKE, 2017). Os Direitos Humanos muitas vezes eram violados, especialmente em regimes absolutistas, autoritários e escravocratas. A luta por esses direitos fez parte de muitos movimentos sociais ao longo da história, como o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos e o movimento antiapartheid na África do Sul (COMPARATO, 2019). Esses movimentos ajudaram a conscientizar a população sobre a importância dos Direitos Humanos e pressionaram os governos a implementar leis e políticas que protegessem esses direitos. Na sociedade atual, os Direitos Humanos continuam sendo fundamentais para garantir a dignidade humana e proteger os indivíduos de abusos e violações. Infelizmente, ainda existem muitos casos de violações deles em todo o mundo, como tortura, discriminação racial, de gênero e de orientação sexual, contra os povos indígenas, trabalho infantil, trá�co humano, entre outros. Por isso, é importante que estejamos todos, enquanto sociedade e cidadãos, vigilantes destes direitos. Para entender melhor como os Direitos Humanos estão presentes em nosso país e �rmados em nossa atual Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988 (BRASIL, 1988), também conhecida como Constituição Federal, Carta Magna, Carta Política ou apenas abreviada como CRFB/88, é importante realizar algumas considerações a respeito do que são “princípios” do ponto de vista jurídico. Os princípios constitucionais são as normas fundamentais que orientam a interpretação e aplicação da Constituição de um país. São considerados a base do ordenamento jurídico e têm como objetivo garantir a efetivação dos valores e direitos fundamentais estabelecidos na Constituição. Eles são vinculantes para todos os poderes públicos e particulares e, por isso, Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA devem ser respeitados e aplicados em todas as decisões e atos relacionados ao Estado e à sociedade (CANOTILHO, 2003). A título de exempli�cação, estão, dentre os princípios constitucionais, o da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da e�ciência, que regem a administração pública brasileira, e estão previstos expressamente no artigo 37 da CRFB/88. (BRASIL, 1988). No Brasil, os Direitos Humanos estão presentes em diversas partes da Constituição e nem sempre estão expressamente escritos; muitas vezes aparecendo implicitamente por meio de princípios constitucionais. Por exemplo: os princípios da igualdade e isonomia podem ser facilmente identi�cados no artigo 5º, que estabelece em seu caput: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]” (BRASIL, 1988); este artigo também garante direitos fundamentais como a liberdade de expressão, a de religião, a educação, a saúde e a moradia digna. Além disso, o Brasil é signatário de diversos tratados internacionais de Direitos Humanos, o que reforça o compromisso do país com esses direitos. No entanto, a implementação deles no Brasil ainda é um desa�o. A desigualdade social, a violência policial, a discriminação e a impunidade são problemas graves que afetam a vida de muitas pessoas. Por isso, é importante que a sociedade entenda a relevância dos Direitos Humanos e lute por sua aplicação efetiva. A educação é uma ferramenta fundamental para conscientizar a população sobre os Direitos Humanos e seus valores. Por meio da educação, é possível ensinar os princípios básicos dos Direitos Humanos desde cedo, promovendo a tolerância, o respeito e a valorização da diversidade. Além disso, é necessário que os governos e as instituições públicas e privadas estejam comprometidos com a proteção dos Direitos Humanos, implementando políticas e medidas para garantir que esses direitos sejam respeitados e protegidos. Em resumo, os Direitos Humanos são fundamentais para garantir a dignidade humana e proteger os indivíduos de abusos e violações. As lutas, batalhas e conquistas durante os séculos foram essenciais para conscientizar a população sobre sua importância e sobre a necessidade de pressionar os governos a implementar políticas e leis para sua aplicação e desenvolvimento. Portanto, vivemos atualmente um momento que é fruto de conquistas passadas, e que devemos entender, respeitar e propagar como forma de manutenção e aprimoramento desses valores tão importantes para todos, sem exceções. Saiba mais Agora é o seu momento de extrapolar nossa aula e continuar a aprendizagem. Fazemos sugestões interessantes de sites para que você navegue, leia o conteúdo e conheça ainda mais sobre os Direitos Humanos e sua aplicação em nosso país e no mundo. A seguir, estão links de acesso a sites institucionais e governamentais que tratam e atuam na aplicação e proteção dos Direitos Humanos. Inclusive o documento com o inteiro teor da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que são apenas 30 artigos curtos, de fácil e rápida leitura. Disciplina RELAÇÕES SOCIAIS, SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal. Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal dos Deputados. Site da Unicef sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Acesso ao inteiro teor da Declaração dos Direitos Humanos no site das Nações Unidas. Acesso ao inteiro teor da Constituição Federal do Brasil no site do Planalto. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidente da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 3 mai. 2023. CANOTILHO,