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SÉRIE METALMECÂNICA - MECÂNICA FUNDAMENT OS ELÉTRICO S SÉRIE METALMECÂNICA - MECÂNICA FUNDAMENT OS ELÉTRICO S CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor Geral Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações SÉRIE METALMECÂNICA - MECÂNICA FUNDAMENT OS ELÉTRIC OS © 2015. SENAI – Departamento Nacional © 2015. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional de Santa Catarina Gerência de Educação e Tecnologia dp SENAI de Santa Catarina – GEDUT FICHA C FICHA CATALOGRÁFICA ATALOGRÁFICA S491f Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional Fundamentos elétricos / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina. - Brasília : SENAI/DN, 2015. 171 p. : il. ; 30 cm. - (Série metalmecânica. Mecânica) Inclui índice e bibliografia ISBN 978-85-7519-952-7 1. Eletricidade – Estudo e ensino. 2. Eletrotécnica. 3. Ética. 4. Segurança do trabalho. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina II. Título CDU: 621.3 SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br Lista de ilustrações Figura 1 - Estrutura atômica....................................................................................................................................... ..20 Figura 2 - Corrente elétrica........................................................................................................................................ ...23 Figura 3 - Gráficos de corrente contínua .................................................................................................................24 Figura 4 - Gráficos de corrente alternada................................................................................................................25 Figura 5 - Resistência do condutor............................................................................................................................26 Figura 6 - Resistor elétrico........................................................................................................................................ .....28 Figura 7 - Cores no resistor elétrico...........................................................................................................................29 Figura 8 - Potênciometro............................................................................................................................ ...................30 Figura 9 - Exemplo de circuito.....................................................................................................................................3 4 Figura 10 - Análise nó b .................................................................................................................................................3 5 Figura 11 - Exemplo do método das malhas..........................................................................................................36 Figura 12 - Exemplo associação série .......................................................................................................................38 Figura 13 - Exemplo associação série 1....................................................................................................................38 Figura 14 - Exemplo associação paralelo.................................................................................................................40 Figura 15 - Exemplo associação paralelo 1.............................................................................................................42 Figura 16 - Exemplo associação mista......................................................................................................................43 Figura 17 - Exemplo associação mista 1 ..................................................................................................................44 Figura 18 - Exemplo associação mista 2 ..................................................................................................................44 Figura 19 - Exemplo associação mista 3 ..................................................................................................................45 Figura 20 - Redesenhando circuito misto ...............................................................................................................46 Figura 21 - Circuito misto 1 redesenhado...............................................................................................................46 Figura 22 - Imã: dipolo magnético.............................................................................................................................47 Figura 23 - Comparação entre campos magnéticos...........................................................................................49 Figura 24 - Simbologia do Relé...................................................................................................................................50 Figura 25 - Relé ................................................................................................................................................... ..............50 Figura 26 - Esquemático do transformador............................................................................................................51 Figura 27 - Comparação de condutores...............................................................................................................62 Figura 28 - Trifólio......................................................................................................................................... .................73 Figura 29 - Características do eletroduto..............................................................................................................74 Figura 30 - Comparação eletrocalha e eletroduto.............................................................................................75 Figura 31 - Equipamento analógico e digital.........................................................................................................84 Figura 32 - Escala analógica .........................................................................................................................................86 Figura 33 - Escala digital.......................................................................................................................................... ......86 Figura 34 - Precisão x Exatidão.................................................................................................................................... 87 Figura 35 - Posição dos instrumentos de medição..............................................................................................88 Figura 36 - Classe de isolaçãosua resistência equivalente e redesenhar o circuito: R1 1Ω Fonte 12V Req1= R2+ R4 3Ω 6Ω R3 Req1 Figura 17 - Exemplo associação mista 1 Fonte: do Autor Req1= 2 + 4 Req1= 6Ω Jean Carlos Klann (2015) Agora, notamos que os resistores R3 e Req1 estão conectados em paralelo. Portanto, podemos calcular o novo resistor equivalente e redesenhar o circuito. Acompanhe. Fonte 12V R1 1Ω 2Ω Req2 Req2= Req2= Req2= Req1 x R3 Req1+ R3 6 x 3 6 + 3 18 9 Jean Carlos Klann (2015) Req2= 2Ω Figura 18 - Exemplo associação mista 2 Fonte: do Autor Neste exemplo, notamos novamente que os componentes encontram-se em circuito série. Portanto, podemos calcular novamente seu equivalente e redesenhar o circuito. Fonte 12V 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 45 Req3= R1+ Req2 3Ω Req3 Req3= 1 + 2 Req3 = 3Ω Jean Carlos Klann (2015) Figura 19 - Exemplo associação mista 3 Fonte: do Autor Enfim, conseguimos chegar ao circuito reduzido. Agora, para determinar a corrente da fonte, basta di vidir o valor de sua tensão pelo valor da resistência equivalente do circuito. Nesse caso, a corrente citada é de 4A. Observe: V = REq3x I 12 = 3 x I I = 4A Para determinar algum outro valor do circuito (corrente ou tensão), basta redesenhá-lo de maneira in versa ao que foi feito, assim utilizando os valores encontrados nos passos anteriores. Sabendo que a corrente da fonte do nosso exemplo é de 4A, e é essa a corrente circulando pelo resistor Req2, conseguimos determinar a tensão neste componente: 8V. V2= REq2x I V2= 2 x 4 V2= 8V FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 46 I = 4A Fonte 12V R1 1Ω 2Ω I = 4A + Req2 - V = 8V Fonte 12V R1 1Ω 3Ω R3 + 6Ω Req1 - V = 8V Jean Carlos Klann (2015) Figura 20 - Redesenhando circuito misto Fonte: do Autor Agora que já determinamos a tensão no componente R3 e Req1, podemos determinar suas correntes que são, respectivamente, 2,67A e 1,33A. Observe como ficou nosso circuito: V3= R3x I3 8 = 3 x I3 I3= 2,67A ~ I = 4A Veq1= Req1x Ieq1 8 = 6 x Ieq1 Ieq1= 1,33A ~ I = 4A I = 1,33A Fonte R1 1Ω 12V I = 1,33A I = 2,67A + V = 8V Fonte R1 1Ω 12V R2 2Ω I = 2,67A Jean Carlos Klann (2015) R3 3Ω 6Ω Req1 - Figura 21 - Circuito misto 1 redesenhado Fonte: do Autor R3 3Ω 4Ω R4 Enfim, com a informação de corrente nos componentes R2 e R4, podemos calcular as suas tensões: 2,66V e 5,32V, respectivamente. V2= R2x I2V2= 2 x 1,33 V2= 2,66A ~ 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 47 V4= R4x I4 V4= 4 x 1,33 V4= 5,32V ~ Neste processo, utilizamos a lei de Ohm, porém outras teorias poderiam ser utilizadas como as leis de Kirchhoff. Cada método de resolução tem pontos positivos e negativos, deste modo temos que identificar a melhor opção para cada situação. 2.6 MAGNETISMO Em uma região chamada Magnésia, na Grécia antiga, notou-se uma característica diferenciada em um tipo de pedra encontrada. Nesse material, percebeu-se a capacidade de atrair materiais ferrosos. A magne tita, como foi denominado aquele elemento, também ficou conhecida como imã e sua composição mole cular é Fe3O4: óxido de ferro. O magnetismo é o nome dado ao estudo de materiais magnéticos. Esses materiais são aqueles que têm características, temporárias ou permanentes, como: capacidade de atração de objetos ferrosos, capacidade de transferir esta capacidade aos objetos ferrosos e concentrar suas capacidades nas suas extremidades. (FALCONE, 2002). Um imã natural é aquele encontrado na natureza já com as características magnéticas intrínsecas6. Já um imã artificial é aquele cujas características magnéticas foram adquiridas por algum processo de inter venção humana, como o atrito com os imãs naturais. Curiosamente os imãs artificiais têm capacidades superiores aos naturais. Os imãs são denominados dipolos magnéticos, ou seja, em cada fragmento desse material há dois polos magnéticos: o polo norte e o polo sul. Observe a imagem: Thinkstock ([20--?]) Figura 22 - Imã: dipolo magnético 6 Características que fazem parte daquele material, ou seja, características que lhe são peculiares. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 48 Na imagem, podemos observar que os polos de um material magnético são separados geometricamen te no espaço do material. Para definir qual das extremidades deste elemento é o polo sul ou o norte, utiliza- -se a técnica de suspensão do elemento através de seu centro de massa7. Ao fazer esse procedimento, o elemento magnético (imã) se posiciona com o seu polo sul voltado ao polo norte magnético terrestre e seu polo norte voltado ao polo sul magnético terrestre. Você já ouviu a frase: os opostos se atraem? Pois bem, isso acontece nessa relação de atração e repulsão entre polos da Terra e do Imã. SAIBA MAIS Ao contrário do que imaginamos, próximo ao polo norte geográfico não encontramos o polo norte magnético, mas sim o polo sul magnético. Já próximo ao polo sul geográfico, encontra-se o polo norte magnético. Saiba mais em: http://www. brasilescola.com/fisica/o-campo-magnetico-terr a.htm Essa mesma técnica de suspensão do material magnético é aplicada às bússolas, instrumento capaz de determinar a posição geográfica em que nos encontramos. Neste equipamento, uma agulha imantada (agulha com características magnéticas) permanece livre para girar em seu próprio eixo, estabilizando-se quando apontada para o norte. Ao seccionar8um imã em duas parcelas menores, não conseguimos separar seus polos, um em cada parcela. Quando a separação acontece, novos polos se formam, fazendo com que os elementos continuem com suas características originárias: dois polos. Os imãs e demais materiais magnéticos são utilizados na atualidade para diversas finalidades. Podemos citar como exemplo, a aplicação dos imãs em motores elétricos, discos rígidos de computadores, caixas de som, entre outros. Os imãs artificiais são imantados através de processos que envolvem atrito, indução magnética ou mag netização através de corrente elétrica. Há também os processos de desmagnetização, que contemplam choque mecânico, aquecimento ou campos magnéticos alternados. Utilizando os processos citados, al guns materiais podem ser magnetizados ou desmagnetizados, de acordo com a necessidade momentâ nea. Algumas aplicações muito específicas, como modelos de aerogeradores, exigem que seus imãs sejam magnetizados apenas após sua montagem na aplicação final. Isso porque, nessas aplicações, a força mag nética é tão elevada que dificulta, ou até inviabiliza, a montagem dos materiais já magnetizados. Agora que já estudamos sobre os fenômenos magnéticos, vamos conhecer as possibilidades de interação deste fenômeno com a eletricidade. 7 Ponto pelo qual, ao suspender o objeto, este se encontrará em equilíbrio, com sua massa devidamente distribuída espacialmente em relação a esse ponto. 8 Separar, dividir, quebrar. 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 49 2.6.1 ELETROMAGNETISMO Como o próprio nome sugere, o eletromagnetismo é o processo de utilização da eletricidade para pro dução de campos magnéticos. Como resultado disso, podemos utilizar uma variação de fluxo magnético resultando em um campo elétrico. A esse processo dá-se o nome de indução eletromagnética. Ao circular corrente elétrica através de uma bobina condutora, um campo magnético é formado. Esse campo magnético pode ser comparado ao campo de um imã natural, porém desta vez esse campo pode ter intensidade e polaridade controlada. O valor absoluto da corrente elétrica que percorre o condutor da bobina é proporcional ao campo magnético gerado, já o sentido de circulação desta corrente determina a polaridade da bobina. Outro fator interessante é a possibilidade de ligar ou desligar o campo magnético ao energizar ou não a sua bobina geradora. Observe na imagem a seguir como isso pode ser feito: Thinkstock ([20--?]) Figura 23 - Comparação entre campos magnéticos Na imagem anterior, pudemos observar um condutor elétrico em formato de bobina sendo alimentado por uma fonte de tensão. Nesse caso, uma corrente elétrica circula através da bobina gerando um campomagnético, que pode ser comparado ao imã, localizado na parte superior da imagem. Ao inverter os polos de alimentação da bobina, o campo magnético gerado também se inverte, portanto é necessário inverter o ímã horizontalmente. Diminuindo a tensão da fonte de alimentação, temos a diminuição da corrente elétrica. Portanto, o campo magnético gerado também é menor. Nesta situação, temos a comparação com um imã de menor intensidade. A utilização de campos magnéticos gerados por eletricidade é bastante grande. Há inúmeros equipa mentos que se utilizam desta iteração para seu funcionamento, como por exemplo: solenoides9, motores elétricos, transformadores, equipamentos de medição, entre outros. 9 Conjunto de espiras, formando uma bobina, espaçadas uniformemente no mesmo eixo. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 50 Pequenos relés, utilizados para acionamento de cargas em circuitos elétricos e eletrônicos, utilizam bo binas solenoides para seu funcionamento. O relé é um equipamento que possui uma bobina solenoide e um conjunto de contatos. Geralmente estes contatos são: contato comum, contato normalmente fechado (NF), em relação ao comum. E o contato normalmente aberto (NA), em relação ao comum. Estes contatos ficam nestes estados, aberto e fechado, enquanto o relé está desligado. Ao ligar o relé, os contatos mudam de estado. Ou seja, o contato aberto se fecha e o contato fechado se abre. A figura abaixo mostra a sim bologia do relé. Carlos Eduardo Carvalho (2015) Figura 24 - Simbologia do Relé Fonte: do Autor O princípio de funcionamento desses equipamentos é simples: ao alimentar a bobina solenoide com tensão e corrente nominal esta gera um campo magnético. Assim, o conjunto se transforma em um eletro ímã. Esse eletroímã atrai os contatos, provocando a sua mudança de estado. Observe a imagem: Thinkstock ([20--?]) Figura 25 - Relé Esta imagem mostra um relé com encapsulamento transparente e é possível ver a bobina e os contatos. 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 51 Outra importante aplicação que envolve a interação eletromagnética são os transformadores elétricos. Esses equipamentos utilizam o princípio da variação do campo magnético para resultar em um campo elé trico, ou seja, em indução elétrica em outro enrolamento. Basicamente um transformador é formado por dois enrolamentos (bobinas): o primário e o secundário. Enrolamento primário: é necessário alimentá-lo, para que esse gere o campo magnético necessário para a indução desejada. A alimentação desse enrolamento deve, obrigatoriamente, ser feita utilizando-se de corrente alternada (CA), já que o princípio da indução eletromagnética se baseia na variação de campo magnético. (CAPUANO; MARINO, 2006). Ao utilizar a corrente alternada para a alimentação do enrolamento primário do transformador, auto maticamente ocorre a variação do campo magnético, de acordo com a forma de onda senoidal aplicada. Enrolamento secundário: é envolto pelo campo magnético variável gerado pelo primário. Nessa con dição, gera-se corrente elétrica no enrolamento, proporcional à relação de transformação do equipamento. Perceba que é neste enrolamento que a carga é conectada. Observe o transformador a seguir: Enrolamento Primário Enrolamento Secundário Corrente Primária IP Fluxo Magnético IS + Corrente Secundária + Tensão Primária VP - Núcleo do Tansformador Figura 26 - Esquemático do transformador Fonte: Adaptado de (SANTOS, 2014) Tensão Secundária VS - Jean Carlos Klann (2015) Na imagem anterior, é possível notar o enrolamento primário, o enrolamento secundário e um núcleo ferromagnético. O núcleo do transformador tem o papel de direcionar o fluxo magnético e aumentar a eficiência de transformação do equipamento. A relação de transformação, também chamada de relação de espiras, é expressa através da equação: FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 52 Vpri= Npri= Vsec Onde: = = a Nsec Vpri– Tensão no enrolamento primário (V). Vsec– Tensão no enrolamento secundário (V). Npri– Número de espiras do enrolamento primário. Nsec– Número de espiras do enrolamento secundário. a – Relação de transformação. A partir desta equação, podemos chegar à quantidade de espiras necessárias para os enrolamentos de um transformador, sabendo as tensões de entrada e saída do equipamento. Além disso, podemos citar três tipos de transformadores: transformador elevador, transformador abaixador e o transformador isolador. Acompanhe, no quadro a seguir, a descrição de cada um. Transformador elevador Fornece em seu secundário, tensão superior àquela encontrada no primário. Esse equipamento tem a relação de transformação sempre menor que 1. Transformador abaixador Fornece no secundário, tensão sempre inferior à aplicada em seu sistema primário. Desse modo, sua relação de transformador permanece sempre maior do que 1. Transformador isolador Sua relação de transformação é igual a 1. Neste caso, a tensão de entrada do transformador é igual àquela de sua saída. Esse equipamento é utilizado para isolar eletricamente o circuito alimentado do resto da instalação elétrica. Afinal, em um transformador não há conexão elétrica entre seus enrolamentos. Quadro 4 - Tipos de transformador Fonte: do Autor Analise o seguinte exemplo! Considere que você tem um transformador abaixador cujo enrolamento primário recebe 127V e tem o número de espiras igual a 340. Você precisa alimentar uma carga com 6V. Neste caso, qual seria sua relação de transformação e o número de espiras do enrolamento secundário? Utilizando a equação da relação de transformação, podemos determiná-la: Vpri 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 53 6a = 21,17 ~ . . . . . = . Vseca a = 127 Onde: Vpri– Tensão no enrolamento primário (V). Vsec– Tensão no enrolamento secundário (V). a – Relação de transformação. Ao determinar a relação de transformação, podemos retornar à equação e determinar o número de espiras. a340 Npri Nsec Onde: 21,17 Nsec=340 21,17Nsec= 16 ~ . . . . . . . . . = = Nsec Npri– Número de espiras do enrolamento primário. Nsec– Número de espiras do enrolamento secundário. a – Relação de transformação. Neste caso, é possível concluir que o transformador em questão tem sua relação de transformação apro ximadamente 21,17 e a quantidade de espiras no seu enrolamento secundário é aproximadamente 16. Podemos considerar também que, em um transformador ideal, a potência de entrada é igual a sua po tência de saída. Portanto, a potência no enrolamento primário é igual à potência do enrolamento secundá rio. Com essa consideração, podemos equacionar: FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 54 Ppri= Psec Vprix Ipri= Vsecx Isec Vpri Isec = Vsec Ipri Onde: Ppri - Potência no enrolamento primário (W). Psec– Potência no enrolamento secundário (W). Vpri - Tensão enrolamento primário (V). Vsec– Tensão no enrolamento secundário (V). Ipri - Corrente enrolamento primário (A). Isec– Corrente no enrolamento secundário (A). Com a relação encontrada, podemos então retornar a equação da relação de transformação e conside rar: VpriNpri Isec = = = a VsecNsec Ipri Onde: Vpri– Tensão no enrolamento primário (V). Vsec– Tensão no enrolamento secundário (V). Npri– Número de espiras do enrolamento primário. Nsec– Número de espiras do enrolamento secundário. Ipri– Corrente enrolamento primário (A). Isec– Corrente no enrolamento secundário (A). 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 55 a – Relação de transformação. Já que a potência de entrada e saída de um transformador ideal é a mesma, mas com tensões diferentes entre esses circuitos, as correntes nos circuitos primário e secundário também serão diferentes. Por isso, o enrolamento que tiver menor tensão associada, terá seus condutores com a maior seção transversal, sendo capaz de suportar a maior corrente circulando através daquele circuito. É possível inclusive notar nos transformadores das redes de distribuição de energia que os cabos de alimentação de alta tensão são sempre de menor diâmetro que aqueles utilizados no lado de baixa tensão, para a alimentação da rede de distribuiçãosecundária. RECAPITULANDO Neste capítulo, estudamos alguns itens relacionados à eletricidade, como os conceitos de gran dezas elétricas, a análise de circuitos e a associação de componentes, bem como as leis que regem a área. Estudamos, por exemplo, que a corrente elétrica é a passagem de elétrons livres por um condutor elétrico e é impulsionada pela tensão elétrica. Compreendemos também qual a relação entre ten são, corrente e resistência elétrica em um determinado circuito e como a alteração de um desses termos influencia os demais. Além disso, estudamos algumas aplicações envolvendo magnetismo e eletromagnetismo. Tudo o que aprendemos neste capítulo servirá de base para os demais estudos envolvendo eletri cidade. Estes tópicos são os alicerces do seu conhecimento, que serão aprofundados no decorrer dos capítulos. Para um técnico em eletromecânica, é indispensável o conhecimento de atributos e ferramentas capazes de auxiliá-lo no desenvolvimento de suas atividades profissionais, e são elas que conheceremos a partir de agora. Materiais, Ferramentas e Equi pame ntos 3 Quando executamos serviços com eletricidade, precisamos de insumos auxiliares, ou seja, precisamos conhecer o que são ferramentas. Afinal, que ferramentas podemos utilizar e quais os materiais necessários para realizar trabalhos com eletricidade? Há diversos materiais, ferramentas e equipamentos aplicados à eletricidade. Portanto, neste capítulo, vamos conhecer os principais elementos que compõem esse conjunto. Ademais, es tudaremos conceitos de dispositivos elétricos, instalação e manutenção elétrica. Compreenderemos o que são condutores elétricos, como dimensioná-los, os métodos de instalação e suas particularidades além das principais normas técnicas aplicadas na nossa área. 3.1 TIPOS, CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES Normalmente confundimos os materiais, as ferramentas e os equipamentos. É comum tratar um desses itens como sendo outro. É importante conseguir diferenciá-los, seja para saber ela borar um orçamento de prestação de serviços ou mesmo para fazer as solicitações necessárias. Os materiais são definidos como itens de consumo, insumos1necessários para uma insta lação elétrica. Em outras palavras, o material é algo que, ao ser inserido na instalação elétrica, deve permanecer na mesma, não dando possibilidade para compartilhá-lo. No quadro, a seguir, você conhecerá a classificação e alguns exemplos dos materiais na área elétrica. CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO Condutos eletrocalha, eletroduto; Condutores cabo, barramento; Acionamentos Interruptor, botoeira; Proteções disjuntor, fusível; 1 Itens necessários para produtos ou serviços. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 58 CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO Isolantes fita isolante, barreira acrílica Envoltórios quadro de distribuição, painel elétrico; Medidores medidor de energia, analisador de energia; Sensores sensor indutivo, sensor óptico; Atuadores válvulas, inversores de frequência; Cargas motores, iluminação; Sinalizações placas de advertência, isolação de local perigoso. Quadro 5 - Classificação dos materiais na área elétrica Fonte: do Autor 3.1.1 FERRAMENTAS MANUAIS E ELÉTRICAS PARA O ELETRICISTA Como estudamos, as ferramentas são aqueles itens que nos auxiliam na realização das atividades, en volvendo direta ou indiretamente a energia elétrica. Há uma infinidade de ferramentas disponíveis, porém vamos conhecer algumas necessárias ao cotidia no do profissional envolvido com eletricidade. Item: Conjunto de chaves (Chave Philips, Chave de Fenda). Tipo: Manual. Item: Conjunto de alicates (Universal, Corte, Bico). Tipo: Manual. 3 MATERIAIS, FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS 59 Item: Chaves de teste. Tipo: Manual. Item: Parafusadeira. Tipo: Elétrica. Item: Furadeira. Tipo: Elétrica. Quadro 6 - Ferramentas para o eletricista Como em qualquer atividade, precisamos utilizar as ferramentas com o máximo de cuidado para garan tir a segurança do trabalhador e aumentar a vida útil desses utensílios. A utilização incorreta pode resultar em danos, impossibilitando sua utilização. Um exemplo seria danos à isolação de ferramentas isolantes uti lizadas em manutenção em linha viva2, uma vez que essa situação traz insegurança à pessoa que a opera, forçando seu descarte. 3.2 DISPOSITIVOS ELÉTRICOS, INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO ELÉTRICA Dispositivos elétricos são aqueles que recebem sinais elétricos com a finalidade de executar uma de terminada ação. Entre as possíveis ações, podemos ressaltar: comando, proteção, sinalização e regulagem. Dispositivos elétricos de comando: são aqueles elementos do circuito responsáveis por comutações3, deste modo, acionando ou não determinado equipamento. Dentre estes dispositivos, podemos citar: a) chave sem retenção; 2 Rede elétrica energizada. 3 Ato de alterar o estado elétrico em um circuito. Desligar, caso esteja ligado; ou ligar, caso esteja desligado. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 60 b) chave com retenção; c) chave seletora; d) rele; e) contator. Dispositivos elétricos de proteção: são aqueles que têm o objetivo de interromper a passagem da corrente elétrica quando em condições anormais, como em casos de curto-circuito ou sobrecarga. Esses elementos são responsáveis pela segurança das instalações, dos equipamentos e das pessoas. Os principais dispositivos de proteção são: a) fusível; b) disjuntor termomagnético; c) dispositivo diferencial-residual (DR); d) dispositivo de proteção contra surtos (DPS); e) reles de proteção; Dispositivos de regulagem: têm como finalidade executar variações em um processo automático. Es sas variações podem ser de tempo, velocidade, potência, pressão, vazão, temperatura, entre outras. Em processos cada vez mais automatizados, dispositivos de regulagem, manuais e, principalmente, au tomáticos são bastante empregados. Nesse caso, eles garantem um desempenho satisfatório para o equi pamento no processo em que é utilizado. Dispositivos de sinalização: são utilizados para indicar, de maneira rápida e de fácil entendimento, o estado de um processo. Normalmente utilizamos estes dispositivos para repassar a informação de: liga do, desligado, falha ou emergência. Outras informações ou status podem ser aplicados, porém é preciso padronizar a sinalização, para que haja o entendimento do sinal empregado. Exemplos: indicador visual e indicador acústico. O processo de instalação de dispositivos é aquele em que o profissional os monta pela primeira vez, ou seja, coloca em prática o que antes era apenas projeto. Já o processo de manutenção consiste em revisar e consertar as instalações já existentes. A manutenção elétrica segue conceitos das manutenções existentes em outras áreas, podendo ser clas sificada conforme descrito no quadro a seguir: Manutenção Preventiva: Esse método de manutenção é aquele em que a intervenção é feita para prevenir algum dano à instalação ou a seus operadores. Nesse caso, não se sabe quando ou onde pode ocorrer o dano, mas a manutenção é feita para evitá-lo. 3 MATERIAIS, FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS 61 Manutenção Preditiva: Esse processo é aquele em que os gestores de manutenção têm uma previsão de quando e em que local da instalação pode haver um dano. Dessa maneira, agenda-se a manutenção direciona da àquela parte da instalação em um período anterior ao previsto. Como a manutenção preven tiva, esse processo também é realizado antes de que algo aconteça, porém o que diferencia esses métodos é o planejamento das atividades através da previsão de ocorrência da falha ou parada. Manutenção Corretiva: Nesse caso, algum dano já ocorreu, necessitando de reparos através do processo de manutenção. Assim, não há como continuar operando sem que a manutenção ocorra e, por esse motivo, os custos de hora parada são normalmente maiores do que os outros processos onde pode haver o planejamento de parada. Quadro 7 - Classificação da manutenção Fonte: do Autor Analisando os processos apresentados, podemos dizer que, em se tratando de custos totais, a manu tenção preditiva é a menos onerosa.Já a manutenção corretiva é aquela que apresenta o maior custo as sociado. Essa comparação pode variar em alguns casos, mas, considerando os custos de hora/máquina em manutenção, é difícil não estabelecer essa relação. 3.3 CONDUTORES ELÉTRICOS Os condutores elétricos são os principais elementos de uma instalação elétrica. Esses elementos são aqueles que propiciam a circulação de corrente de um ponto a outro em um componente, em um circuito, em uma instalação ou mesmo entre instalações. O condutor elétrico é usualmente definido como um material metálico, isolado ou não, com a finalidade de condução da corrente. Há diversos tipos de condutores elétricos existentes, cada qual para uma finalidade distinta. Acompanhe! 3.3.1 TIPOS E APLICAÇÕES Os condutores elétricos são diferenciados pela sua aplicação. Conheça alguns deles: a) Fio elétrico: é constituído por um único filamento metálico, isolado ou não, em formato cilíndrico. b) Cabo elétrico: são conjuntos de fios elétricos, normalmente encordoados, isolados ou não. O cabo elétrico pode ser constituído por uma ou mais de uma via condutora: cabo multipolar (com mais de uma via condutora) e cabo unipolar (com apenas uma via condutora). O conjunto de cabos multipola res, pode ser isolado ou não, dependendo de sua aplicação. c) Barramento elétrico: é um condutor rígido, normalmente com seção retangular ou circular. Esses ele mentos são usualmente utilizados em quadros elétricos ou subestações. d) Trilha elétrica: são depósitos metálicos, normalmente cobreados, em uma placa de material isolante. Esse material é utilizado na indústria eletrônica na confecção de placas eletrônicas. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 62 Observe, na figura, a seguir, a diferença entre os condutores citados: Jean Carlos Klann (2015) Figura 27 - Comparação de condutores CURIOSI DADES Em uma instalação elétrica, é comum confundir fio elétrico com cabo elétrico unipolar. Na prática, consideramos o fio aquele rígido, já o flexível seria o cabo. Em algumas instalações, a substituição de um pelo outro é aceita, modificando apenas os métodos utilizados para cada um deles. 3.3.2 BITOLA E CAPACIDADE DE CONDUÇÃO A bitola do condutor elétrico é definida como a área de sua seção transversal. Como normalmente o cálculo para determinação da capacidade de condução de corrente é feito para fios ou cabos, sua seção transversal é circular, com bitola definida pelo seu diâmetro. Portanto, quanto maior a bitola do condutor elétrico, maior sua capacidade de condução de corrente. A capacidade de condução de corrente é uma característica dos condutores que indica qual a corrente máxima que pode circular nesses condutores sem que eles sejam danificados, ou que danifiquem circuitos próximos. Normalmente essa capacidade está relacionada à temperatura máxima de trabalho dos condu tores em condições normais de operação. Para determinar a capacidade de condução de corrente de um condutor, sua resistividade e sua seção transversal são levados em consideração. Quanto maior a resistividade do condutor, ou quanto menor sua área da seção transversal, maior a resistência desse condutor. Dessa maneira, ao aplicar uma corrente elétrica, será dissipada energia em forma de calor, com valor diretamente proporcional à sua resistência elétrica. Como normalmente os condutores elétricos para instalações de baixa tensão são de cobre, as resistividades são as mesmas, variando apenas suas bitolas. 3 MATERIAIS, FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS 63 Quando tratamos da capacidade de condução de corrente para outros tipos de condutores, o princípio é o mesmo dos cabos elétricos, com pequenas variações no equacionamento das grandezas, porque as características construtivas e o formato deles são variados. 3.3.3 DIMENSIONAMENTO E CÁLCULO DE DEMANDA O dimensionamento dos condutores elétricos é necessário para garantir o perfeito funcionamento das instalações que o empregam. Não podemos correr o risco de um incêndio causado por superaquecimento de um cabo elétrico, por exemplo, e nem danificar um equipamento, porque o alimentamos com menor tensão do que o especificado. Essas são algumas questões que envolvem diretamente os cálculos de di mensionamento. Para dimensionar um fio ou cabo elétrico, precisamos levar em consideração alguns fatores. São três métodos básicos: capacidade de condução de corrente, queda de tensão e seção mínima admissível. (FI LHO, 2007). A seguir, estudaremos cada um deles. a) Capacidade de condução de corrente O método de dimensionamento pela capacidade de condução de corrente é baseado na quantidade de corrente suportada pelo condutor. Para dimensionar corretamente a capacidade de condução de corrente, é preciso saber qual é a carga que se pretende alimentar com os condutores a serem dimensionados para definir a corrente máxima que circulará no circuito. Analise o exemplo a seguir. Precisamos dimensionar os condutores de um sistema de iluminação forma do por 40 lâmpadas de 60W de potência cada uma. Pelo método de dimensionamento, precisamos saber qual a corrente máxima que circulará por esse circuito. Para tanto, devemos considerar todas as lâmpadas ligadas simultaneamente e que a instalação elétrica é alimentada por 127V. Pmax= n x PindPmax= 40 x 60 Pmax . . . . . . = 2400 W Onde: Pmax– Potência máxima no circuito (W). Pind– Potência individual das lâmpadas (W). n – Número de Lâmpadas. Com a potência máxima definida, podemos determinar a corrente máxima do circuito: FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 64 Imax =Pmax 127Imax= 18,9 A ~ . . . . . . VImax= 2400 Onde: Imax– Corrente máxima do circuito (A). Pmax– Potência máxima no circuito (W). V – Tensão de alimentação do circuito (V). Agora que já se sabe a corrente que circulará nos condutores que estão sendo dimensionados, precisa mos conhecer como esses elementos serão instalados. A norma NBR 5410 apresenta os métodos de insta lação existentes e padroniza alguns métodos de referência. Veja os métodos mais utilizados: ESQUEMA ILUSTRATIVO DESCRIÇÃO MÉTODO DE REFERÊ NCIA Condutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto aparente de seção circular sobre parede ou espaçado desta menos de 0,3 vez o diâmetro do eletroduto B1 Condutores multipolar em eletroduto aparente de seção circular sobre parede ou espaçado desta menos de 0,3 vez o diâmetro do eletroduto B2 Condutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto de seção circular embutido em alvenaria B1 Cabo multpolar em eletroduto de seção circular embutido em alvenaria B2 Cabos unipolares ou cabo multipolar sobre parede ou espaçado desta menos de 0,3 vez o diâmetro do cabo C 3 MATERIAIS, FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS 65 ESQUEMA ILUSTRATIVO DESCRIÇÃO MÉTODO DE REFERÊ NCIA Cabos unipolares ou cabo multipolar sobre parede ou espaçado desta menos de 0,3 vez o diâmetro do cabo C Cabos unipolares ou cabo multipolar em bandeja não-perfurada, perfi lado ou prateleira C Cabos unipolares ou cabo multipolar em bandeja perfurada, horizontal ou vertical E (multipolar) F (unipolar) Quadro 8 - Métodos de instalação Fonte: Adaptado de (ABNT, 2004, p. 98) Considerando que os condutores da iluminação são cabos unipolares em eletroduto embutido em alve naria, no exemplo do dimensionamento dos condutores do sistema de iluminação, o método de referência a ser utilizado é o B1. Para poder calcular a temperatura suportada pelo condutor, é preciso saber qual é o material isolante que reveste o condutor, porque cada um tem características diferentes que influenciam na temperatura suportada pelo cabo. No exemplo das lâmpadas, consideraremos que o cabo está revestido por polietileno reticulado (XLPE). De posse dessas informações, é possível consultar a NBR 5410, na tabela de capacidade de condução de corrente para condutores com essas características. Seções nomi nais mm2 Métodos de referência indicados na tabela 33 A1 A2 B1 B2 C D Número de condutores carregados 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12) (13) Cobre 0,5 7 7 7 7 9 8 9 8 10 9 12 10 0,759 9 9 9 11 10 11 10 1 11 15 12 1 11 10 11 10 14 12 13 12 15 14 18 15 1,5 14,5 13,5 14 13 17,5 15,5 16,5 15 19,5 17,5 22 18 2,5 19,5 18 18,5 17,5 24 21 23 20 27 24 29 24 FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 66 4 26 24 25 23 32 28 30 27 36 32 38 31 6 34 31 32 29 41 36 38 34 46 41 47 39 10 46 42 43 39 57 50 52 46 63 57 63 52 16 61 56 57 52 76 68 69 62 85 76 81 67 25 80 73 75 68 101 89 90 80 12 96 104 86 35 99 89 92 83 125 110 111 99 138 119 125 103 50 119 108 110 99 151 134 133 118 168 144 148 122 Tabela 3 - Capacidade de condução de corrente Fonte: Adaptado de (ABNT, 2004, p. 109) Nesta tabela, precisamos nos atentar às colunas relacionadas ao método de referência, o B1, que é o correto a ser empregado no exemplo das lâmpadas. Com isso, devemos delimitar o número de conduto res carregado naquele circuito que, nesse exemplo, consideraremos 2. Observe, na tabela, a seguir, como determinar esse valor. ESQUEMA Nº DE CONDUTORES CARREGADOS Monofásico há dois condutores 2 Monofásico há três condutores 2 Duas fases sem neutro 2 Duas fases com neutro 3 Trifásico sem neutro 3 Trifásico com neutro 3 ou 4 Quadro 9 - Condutores carregados Fonte: Adaptado de (ABNT, 2004, p. 120) De posse dessas informações, basta observar na coluna correta qual a corrente mais próxima superior àquela encontrada no cálculo da corrente máxima do circuito (18,9 A). Ao observar na tabela com a des crição da capacidade de condução de corrente, a corrente imediatamente superior à calculada é de 24 A. Relacionando a corrente encontrada com o método de referência B1 e com o número de condutores car regados naquele circuito (2), encontramos qual a área da seção transversal especificada para o condutor, no caso, 2,5 mm2. Dessa maneira, conseguimos dimensionar o condutor correto para aplicação em nosso conjunto de iluminação pelo método de capacidade de condução de corrente, porém isso não é o suficiente. Outros métodos também devem ser considerados. Acompanhe, na sequência. SAIBA MAIS 3 MATERIAIS, FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS 67 Com a disseminação da tecnologia, fica cada vez mais comum utilizar aplicativos de smartphones para auxiliar em nossas tarefas diárias. O aplicativo ElectroCalc FREE, além de outros atributos, nos auxilia nos cálculos de dimensionamento de cabos flexíveis. Vale a pena conferir. b) Queda de Tensão A norma NBR 5410 padroniza como queda de tensão máxima, em circuitos terminais de baixa tensão, um valor de 4%. Desta maneira, o valor da tensão medido no ponto de entrega de energia pode ser, no máximo, 4% a menos do que o valor medido no quadro de distribuição. Em outras situações, a norma prevê valores de queda de tensão de 5% ou 7%, dependendo da aplicação e o nível de tensão do circuito. Para calcular a queda de tensão em nosso circuito, precisamos verificar a informação do fabricante dos condutores sobre qual a taxa de queda de tensão nesse material, normalmente constante em seu catálo go. Essa informação encontra-se, normalmente, em V/A.Km (Volt por Ampère Quilômetro). Pelo fato dessa unidade de medida contemplar a taxa de queda de tensão em quilômetros, as distâncias utilizadas na equação de queda de tensão também devem aparecer nessa mesma unidade de medida. Vejamos como essa informação é disponibilizada: SEÇÃO NOMINAL DO CONDUTOR (MM2) CONDUTO NÃO-MAGNÉTICO V/A. KM CONDUTO MAGNÉTICO V/A. KMCIRCUITO MONOFÁSICO CIRCUITO TRIFÁSICO 1,5 23,3 20,2 23 2,5 14,3 12,4 14 4 8,96 7,79 9 6 6,03 5,25 5,87 10 3,63 3,17 3,54 16 2,32 2,03 2,27 25 1,51 1,33 1,5 35 1,12 0,98 1,12 50 0,85 0,76 0,86 Tabela 4 - Exemplo de valores de queda de tensão Fonte: Adaptado de (SIL, 2012) Observando a tabela anterior, constatamos que a queda de tensão nos condutores é de 14,3V/A.Km. Considerando uma distância de 15 m do quadro de distribuição até as cargas, podemos calcular a porcen tagem da queda de tensão (ΔV%). No caso do dimensionamento das lâmpadas, teremos: FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 68 ∆ V (%) = ∆ Vtabx L x l 100 V ∆ V (%) = 14,3 x 0,015 x 18,9 x 100 127 ∆ V (%) = 3,19% Onde: ∆V(%) – Porcentagem de queda de tensão (%). ∆Vtab – Queda de tensão tabelada (V/A.Km). L – Comprimento do circuito (Km). I – Corrente máxima do circuito (A). V – Tensão nominal circuito (V). Com esse cálculo, podemos concluir que a queda de tensão do circuito é inferior ao limite estabelecido pela norma, validando o condutor definido pelo método de condução de corrente. Caso essa validação não acontecesse, outro condutor, de maior bitola, deveria ser escolhido e o cálculo de queda de tensão refeito para atender a norma. CASOS E RELATOS Erro de dimensionamento Em uma empresa do ramo de plásticos, o dimensionamento dos condutores era feito de acordo com os critérios de capacidade de condução de corrente, mas não levavam em consideração os níveis de queda de tensão. Em uma determinada situação, após fazer a ligação do equipamento com os cabos dimensionados pelo método citado, os técnicos de manutenção da empresa notaram que repetidamente queima vam componentes daquela máquina e isso era causado pela tensão abaixo da nominal. Eles descobriram que a tensão abaixo do recomendado tinha sua origem no dimensionamento dos cabos alimentadores. Naquela situação, a distância da máquina até o painel de distribuição de energia era de 115 metros, o que explicava a grande queda de tensão evidenciada. Depois dessa descoberta, os projetistas da empresa passaram a adotar todos os critérios de di mensionamento, conforme prescreve a norma, não repetindo o erro nos demais projetos e recal culando os circuitos já projetados anteriormente. 3 MATERIAIS, FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS 69 c) Seção mínima admissível O método de seção mínima é o mais simples dentre os métodos apresentados. Neste caso, precisamos comparar a seção do condutor escolhido com o mínimo padronizado pela norma. Conheça os valores mí nimos para condutores de cobre isolados. TIPO DE CIRCUITO SEÇÃO MÍNIMA DO CONDUTOR - mm2 Circuitos de Iluminação 1,5 Circuitos de Força 2,5 Quadro 10 - Seção mínima de condutores Fonte: Adaptado de (ABNT, 2004, p. 121) Como a seção do condutor, através dos demais métodos, ficou definida em 2,5 mm2 e esse circuito é destinado à iluminação, é possível identificar que a seção escolhida é superior àquela mínima estabelecida pela norma, confirmando que o condutor pode ser utilizado para a esta aplicação. Caso o valor das seções fossem iguais, ainda assim se daria a confirmação. Se o valor fosse menor do que o mínimo tabelado, apli caríamos a seção tabelada aumentando o fator de segurança para o condutor dimensionado. FIQUE ALERTA Ao dimensionar um condutor elétrico, precisamos nos certificar de que ele suportará a máxima corrente admissível pela proteção que o antecede. Caso contrário, outro condutor deve ser aplicado ou a proteção deve ser redimensionada. Fique atento! Não corra riscos! Agora que já estudamos como dimensionar um condutor elétrico através dos três métodos de dimen sionamento, vamos aprender como fazer os cálculos da demanda. A demanda pode ser definida como sendo a potência de um circuito, ou parte dele, levando em consi deração tudo que pode estar ligado simultaneamente. Em outras palavras, a demanda sempre será menor do que a potência instalada4no circuito em questão, porém é difícil mensurar o quanto menor. Ela será a maior potência provável de ser utilizada ao mesmo tempo. Para se determinar a demanda de uma instalação, é necessário fazer a soma das demandas individuais de alguns conjuntos de equipamentos e multiplicá-los pelo fator de demanda daquele conjunto. Em am biente residencial, usualmente a demanda é calculada através da equação: D = (PTUG+ PILU) x FD + PTUE 4 É a soma das potências de todas as cargas em um determinado circuito. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 70 Onde: D – Demanda (W). Ptug– Potência das tomadas de uso geral (W). Pilu– Potência da iluminação (W). FD – Fator de demanda. Ptue– Potência das tomadas de uso específico (W). O fator de demanda é variável, e depende do uso que se faz daquela instalação.Apesar disso, algumas concessionárias de energia disponibilizam tabelas com alguns fatores de demanda usuais. Veja na tabela a seguir o fator de demanda: POTÊNCIA INSTALADA DE ILUMINAÇÃO E TOMADAS DE USO GERAL (KW) FATOR DE DEMANDA Até 1 0,86 Entre 1 e 2 0,75 Entre 2 e 3 0,66 Entre 3 e 4 0,59 Entre 4 e 5 0,52 Entre 5 e 6 0,45 Entre 6 e 7 0,40 Entre 7 e 8 0,35 Entre 8 e 9 0,31 Entre 9 e 10 0,27 Acima de 10 0,24 Tabela 5 - Fator de demanda Fonte: Adaptado de (MÜNCHOW; NEVES, [200-?], p. 5) Vamos analisar um exemplo. Considerando uma residência com 2.000 W de potência instalada de ilu minação, 3.200 W de potência instalada de tomadas de uso geral e 4.500 W de tomadas de uso específico, qual a demanda desse ambiente? D = (PTUG+ PILU) x FD + PTUE D = (3200 + 2000) x 0,45 + 4500 D = 5200 x 0,45 + 4500 D = 2340 + 4500 D = 6840 W 3 MATERIAIS, FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS 71 Onde: D – Demanda (W). Ptug– Potência das tomadas de uso geral (W). Pilu– Potência da iluminação (W). FD – Fator de demanda. Ptue– Potência das tomadas de uso específico (W). Nesse exemplo, a demanda é de 6.840 W. Portanto, em utilização, a residência não teria mais do que essa potência ligada em um mesmo período, considerando toda sua potência instalada. Para que precisa mos saber esse valor de demanda? Primeiramente, precisamos do valor da demanda daquela instalação para dimensionar os condutores de entrada de uma instalação elétrica, que normalmente são os que fazem a ligação do medidor de ener gia ao quadro de distribuição. Isso também é necessário para o dimensionamento das proteções elétricas. Considerando a potência instalada para o dimensionamento dos cabos de entrada da instalação, este dimensionamento seria exagerado, porque estaríamos admitindo que todos os equipamentos daquela instalação estariam ligados e em potência nominal, o que não é a realidade. Na maioria das vezes, alguns equipamentos estão ligados e outros não. Além disso, aqueles que estariam ligados, não necessariamente estariam dissipando sua potência nominal. Neste exemplo, fazendo o processo de dimensionamento por capacidade de condução de corrente, o condutor escolhido seria de 10 mm2. Caso os critérios de demanda não fossem observados, os condutores seriam de 25 mm2. Note que não utilizando a demanda da unidade consumidora, a instalação seria super dimensionada, resultando em desperdício de material. O superdimensionamento dos condutores não resulta em riscos à instalação ou a seus operadores, po rém, ao superdimensionar as proteções de um circuito, estamos reduzindo o nível de segurança da instala ção, facilitando a ocorrência de problemas. Outro ponto a ser observado é o esquema de fornecimento de energia pela concessionária. Depen dendo da potência instalada, ela pode ser alimentada por um sistema mono, bi ou trifásico, ou mesmo indicando a necessidade da unidade de transformação5. Cada concessionária de energia pode ter seu próprio critério de seleção, mas, como exemplo, podemos considerar: MÉTODO DE FORNECIMENTO POTÊNCIA INSTALADA (KW) Monofásico Até 11 Bifásico Entre 11 e 22 5 Unidade responsável por rebaixar a tensão elétrica. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 72 MÉTODO DE FORNECIMENTO POTÊNCIA INSTALADA (KW) Trifásico Entre 22 e 75 Necessário unidade de transformação Maior que 75 Quadro 11 - Métodos de fornecimento Fonte: Adaptado de (CELESC, 2012, p. 10 e 11) FIQUE ALERTA Os dimensionamentos aqui apresentados não levam em consideração fatores como temperatura e agrupamento de condutores. Para saber como aplicá-los, vale a pena conferir a norma NBR 5410 e suas tabelas. Agora que já estudamos alguns conceitos para o dimensionamento de condutores e o cálculo da de manda, vamos então conhecer os tipos de instalações e o quanto interferem neste dimensionamento. 3.4 TIPOS DE INSTALAÇÕES As instalações elétricas são influenciadas diretamente pelo modo como seus condutores são dispostos. Ou seja, dependendo de como e onde são dispostos os condutores elétricos, haverá maior ou menor influ ência negativa à instalação de maneira geral. O confinamento de cabos elétricos pode propiciar a elevação de temperatura e confiná-los com cabos de outros circuitos, o que agravaria a situação. Outra questão a ser observada é que influências eletromag néticas6existem quando circuitos distintos estão posicionados próximos uns aos outros. Cada método de instalação tem sua particularidade, que pode ser favorável ou não, dependendo de sua aplicação. A norma da Comissão Internacional de Eletrotécnica, IEC 60364-5-52, define os métodos utilizados internacionalmente. Para esses casos, suas capacidades de condução de corrente foram testadas em laboratório e padronizadas. São eles: a) A1: condutores isolados em eletroduto de seção circular embutido em parede termicamente isolan te; b) A2: cabo multipolar em eletroduto de seção circular embutido em parede termicamente isolante; c) B1: condutores isolados em eletroduto de seção circular sobre parede de madeira; d) B2: cabo multipolar em eletroduto de seção circular sobre parede de madeira; e) C: cabos unipolares ou cabo multipolar sobre parede de madeira; 6 Interferência através de campos eletromagnéticos gerados por circuitos próximos a outros. 3 MATERIAIS, FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS 73 f) D: cabo multipolar em eletroduto enterrado no solo; g) E: cabo multipolar ao ar livre; h) F: cabos unipolares justapostos (na horizontal, na vertical ou em trifólio7) ao ar livre; i) G: cabos unipolares espaçados ao ar livre. Jean Carlos Klann (2015) Figura 28 - Trifólio Fonte: do Autor Quando utilizamos as tabelas para determinar a capacidade de condução de corrente, empregamos os métodos de instalação e as diversas formas de instalação dos condutores. No Brasil, devemos empregar a tabela de equivalência citada na NBR 5410. Essa norma prevê quarenta e nove métodos de instalação para redes elétricas, todas fazendo referência a algum dos métodos da norma internacional. Desta maneira, mesmo que o método de instalação seja diferente daqueles apresentados pela IEC 60364-5-52, há como relacioná-lo a algum deles com maior similaridade. SAIBA MAIS Para conhecer os métodos de instalação previsto no Brasil, consulte a norma NBR 5410. Lá você encontrará a tabela 33, a partir da página 90, que contém os métodos padronizados e sua equivalência aos métodos do organismo internacional. Vale a pena conferir! Apesar de cada método ter características próprias (prós e contras), estudaremos detalhadamente os mais utilizados atualmente. Siga em frente com seus estudos. 7 Forma gráfica composta por três formas circulares encostadas entre si, em formato de trevo. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 74 3.4.1 FIOS OU CABOS ISOLADOS INSTALADOS EM ELETRODUTO APARENTE OU EMBUTIDO O eletroduto é bastante utilizado para a proteção mecânica dos condutores de eletricidade. São esses materiais que absorvem impactos e resistem a forças mecânicas que, na sua ausência, seriam aplicados diretamente sobre o condutor elétrico, prejudicando-o. De acordo com a norma NBR 5410, após a instalação dos eletrodutos, a inserção ou remoção de condu tores de seu interior deve acontecer com facilidade. Para tanto, precisamos considerar dois fatores: a taxa de ocupação e o comprimento. a) A taxa de ocupação dos eletrodutos, ou seja, a quantidade de espaço ocupado em relação ao total, não deve exceder a: 1) 53%, quando houver apenas um condutor; 2) 31%, quando houver dois condutores; e 3) 40%, quando houver 3 ou mais condutores. b) Os eletrodutos não poderão exceder o comprimento de: 1) 15 metros para ambientes internos; e 2) 30 metros para ambientes externos. Essas distâncias são padronizadas para trechos em linha reta. Para trechos sinuosos, essas distâncias são ainda menores. % Livre % Ocupado Área Jean Carlos Klann (2015) útil Figura 29 - Características do eletroduto Fonte: do Autor Os eletrodutos aparentes são aqueles possíveis de visualizar, ou mesmo, encostar. Eles se encontram ex ternamente às paredes, lajes, pisos, ou divisórias.Este tipo de instalação por eletrodutos aparentes é mais fácil de instalar e apresentam uma certa flexibilidade, já que é possível acessá-los após a sua montagem. Entretanto, a estética do ambiente fica prejudicada, já que não integram sua decoração. Já os eletrodutos embutidos são aqueles que se encontram no interior de paredes, lajes, divisórias, ou mesmo enterrados. Apesar de serem esteticamente mais indicados, após instalados, apresentam maior dificuldade de manutenção e possíveis mudanças, porque há maior dificuldade para acessá-los. 3 MATERIAIS, FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS 75 Apesar de ser mais conhecido o eletroduto de seção circular, há também seções quadradas ou retan gulares. O material de fabricação destes dutos pode ser de materiais metálicos ou polímeros8, cada um desenvolvido para uma determinada aplicação. Há diversas maneiras de utilização dos eletrodutos previstas em norma, porém, de maneira geral, po demos considerar: a) A1 – Quando o material em que o eletroduto estiver embutido for termicamente isolante (conduto res isolados ou cabos unipolares); b) A2 – Quando o material em que o eletroduto estiver embutido for termicamente isolante (cabo multipolar); c) B1 – Quando o material em que o eletroduto estiver embutido não for termicamente isolante ou para eletrodutos aparentes (condutores isolados ou cabos unipolares); d) B2 – Quando o material em que o eletroduto estiver embutido não for termicamente isolante ou para eletrodutos aparentes (cabo multipolar); e) D – Para eletrodutos enterrados. Lembre-se de conferir na norma brasileira a especificação de cada método e sua similaridade com a norma internacional. Dessa maneira, evita-se erros de interpretação, reduzindo as divergências no dimen sionamento dos condutores isolados ou cabos multipolares. 3.4.2 FIOS OU CABOS ISOLADOS INSTALADOS EM LEITOS DE CABOS EM ELETROCALHA A eletrocalha é similar ao eletroduto, porque também é uma via por onde fios e cabos elétricos são dis postos. O que os diferencia é que a eletrocalha foi desenvolvida especialmente para permanecer aparente é aberta em uma de suas faces, coberta ou não por uma tampa, ou seja, pode-se acessar o interior delas. Veja uma comparação: Thinkstock ([20--?]) Figura 30 - Comparação eletrocalha e eletroduto Fonte: do Autor 8 Materiais produzidos a partir do petróleo, conhecidos como plásticos. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 76 De acordo com a NBR 5410, não há orientação quanto à taxa de ocupação máxima nem em relação ao seu comprimento, porque, ao invés do processo de puxamento9necessário nos eletrodutos, nas eletroca lhas os cabos são apenas depositados, não atritando com os limites do duto e facilitando sua acomodação. O emprego de eletrocalhas permite uma ventilação melhor dos condutores em relação aos eletrodu tos, por esse motivo há maior dissipação de calor e tendência de redução dos problemas relacionados ao superaquecimento. FIQUE ALERTA Ao seccionar eletrocalhas ou eletrodutos, podem aparecer rebarbas que danificam a isolação dos condutores, ou mesmo podem causar lesões em quem os manipula. A remoção dessa rebarba é um item previsto na NBR 5410, no tópico 6.2.11.1.14. A forma construtiva da eletrocalha permite colocar uma quantidade maior de cabos em seu interior, até porque suas dimensões comerciais são maiores. Nos locais onde é preciso colocar uma grande quantidade de cabos, esse método é mais indicado do que outros. 3.5 UTILIZAÇÃO DE NORMAS E CATÁLOGOS TÉCNICOS A utilização de normas e catálogos técnicos é imprescindível para a área de eletricidade, porque tudo deve estar padronizado e previsto na legislação vigente. Nas normas técnicas, podemos encontrar informações padronizadas de como lidar com artigos elétri cos (projetar, dimensionar, instalar, executar manutenção etc.). No Brasil, as principais normas são desen volvidas pela ABNT10, pelo Ministério do Trabalho e Emprego ou pelas concessionárias de distribuição de energia. A ABNT publica normas nacionais de diversas áreas, inclusive da elétrica. As normas publicadas por esse órgão contemplam tópicos técnicos obrigatórios a nível nacional. Algumas das principais normas relacio nadas à área elétrica são: a) NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão; b) NBR 5419 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas; c) NBR 5460 – Sistemas elétricos de potência; d) NBR 14039 – Instalações elétricas de média tensão. Para ter acesso às normas publicadas pela ABNT, é necessário comprá-las. Cada norma oferecida tem um valor equivalente. 9 Termo utilizado na NBR 5410 para o ato de puxar. 10 Associação Brasileira de Normas Técnicas. 3 MATERIAIS, FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS 77 O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) faz publicações das normas regulamentadoras, conhecidas como NRs. Essas normas tratam exclusivamente de questões de segurança e são obrigatórias também em âmbito nacional. As principais NRs aplicadas a área elétrica são: a) NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade; b) NR 12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Ao contrário das publicações da ABNT, as normas regulamentadoras do MTE são gratuitas e estão dis poníveis na própria página deste órgão na internet. As concessionárias de distribuição de energia também publicam normas técnicas para orientar seus clientes. Essas normas não são obrigatórias em âmbito nacional, porém os consumidores de cada distribui dora precisam se adequar às exigências dela para serem atendidos. Os catálogos técnicos contêm dados relativos aos produtos utilizados na área elétrica. É muito impor tante consultá-los, já que em diversos processos de dimensionamento, instalação ou manutenção, essas informações são necessárias. Um exemplo disso é o tipo de material isolante empregado nos condutores elétricos, necessário nos dimensionamentos, conforme estudamos anteriormente. SAIBA MAIS Para saber mais sobre as informações constantes em um catálogo técnico, acesse: http://www.cobrecom.com.br/catalogo/catalog o-de-produto-cobrecom-2013.pdf. Neste endereço, você encontrará um exemplo de catálogo de fios e cabos elétricos. RECAPITULANDO Neste capítulo, aprendemos sobre dispositivos elétricos e suas aplicações. Também estudamos al gumas das mais importantes ferramentas para o eletricista e como elas auxiliam nas atividades cotidianas. Conhecemos as características dos condutores elétricos e os passos para dimensioná-los, de acor do com os critérios normativos vigentes. Por fim, estudamos os métodos de instalação para condu tores elétricos e as instruções normativas mais importantes dessa área. Instrumentos de Medição 4 Neste capítulo, vamos abordar as características dos instrumentos de medição, seus tipos e onde são aplicados. Conheceremos medidas elétricas, grandezas elétricas e quais equipamen tos são necessários para realizar medições. Em cada processo de medição, alguns critérios devem ser considerados, como, por exem plo: tipo de grandeza, ordem da grandeza, tipo de equipamento, escala do equipamento, clas se de isolação, entre outros. A escolha errada de um equipamento de medição pode colocar em risco a saúde do profissional e apresentar valores distorcidos. Você sabe como realizar medições de grandezas elétricas em um processo de manutenção industrial? Quais os equipamentos que devem ser aplicados e que cuidados você deve tomar durante uma medição? Essas dúvidas são comuns na área da eletricidade e na aplicação de ins trumentos de medição. Você, como futuro técnico em eletromecânica, realizará medições com muita frequência. Portanto, fique atento e se aproprie de mais esse conhecimento. 4.1 TIPOS, CARACTERÍSTICAS, PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO E APLICAÇÕES Os instrumentos de medição são equipamentos capazes de mensurar a intensidade de uma grandeza medida, ou seja, o quanto aquilo pode influenciar o meio em que está inserido. Os instrumentos de medição elétricos são responsáveis pela determinação de grandezas elétricas relacionadas à tensão, corrente, resistência, potência, distorções etc. As medidaselétricas só podem ser determinadas com o auxílio de instrumentos desenvolvi dos para essa finalidade, isso porque a percepção humana é incapaz de analisar esses valores. Ao contrário de outras energias, a eletricidade é invisível, inodora1e silenciosa. Desta forma, dificulta sua identificação e medição. Medir alguma grandeza significa compará-la a um padrão. Após essa comparação, determi na-se o valor que equivale ao valor medido. O padrão de medição é a referência para o valor a ser medido. Distorções nesse padrão acarretam graves prejuízos à medição. 1 Sem cheiro. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 80 Os padrões de medidas devem obedecer a critérios de permanência e reprodutibilidade. O critério de permanência tem por objetivo garantir que não ocorra a alteração desse padrão ao longo do tempo, e também que variações climáticas e condições atmosféricas não os modifiquem. Já o critério de reproduti bilidade garante a possibilidade de reprodução fiel deste padrão, sem que ocorra distorções. Há diversos tipos e variações de instrumentos para medições elétricas. Podemos classificar esses instru mentos de acordo com: a) Grandeza: medidores de tensão, corrente, resistência, potência, frequência, entre outras; b) Apresentação de resultados: equipamentos analógicos ou digitais. Nos equipamentos analógicos a apresentação dos resultados é auxiliada por um ponteiro, indicando em uma escala o valor medido. Já os digitais utilizam displays responsáveis por indicar o valor numérico resultado da medição; c) Princípio físico: dependendo do equipamento utilizado, haverá variação do elemento responsável pela medição. Atualmente circuitos eletrônicos responsáveis por comparações são largamente empre gados. Outros princípios também são utilizados, como as bobinas móveis ou cruzadas, indutivos, capa citivos, ressonantes, eletrostáticos, entre outros. d) Finalidade: alguns equipamentos com mais precisão e exatidão são destinados a aplicações labora toriais. Já outros, mais robustos e resistentes, foram desenvolvidos para utilizações convencionais, como no caso das indústrias. 4.2 MEDIDAS ELÉTRICAS As medidas elétricas são obtidas através de um processo chamado medição ou operação de medição. Esse processo é, basicamente, constituído por submeter um fenômeno físico ao instrumento de medição, e este o aplica ao seu órgão de percepção. Em resumo, o órgão de percepção dos instrumentos de medidas são elementos sensores que fazem a conversão do sinal encontrado em um sinal específico capaz de ser comparado com o padrão. O padrão para as medidas elétricas é também chamado de grandeza unitária, ou padrão unitário. Quan do tratamos de algumas grandezas, como comprimento ou peso, fica fácil de imaginar como são os pa drões. Porém, quando tratamos de padrões para grandezas elétricas, é complicado perceber como pode ser feito o padrão. Vejamos a padronização de algumas das grandezas elétricas: a) Tensão elétrica: o padrão para tensão elétrica é baseado em um elemento chamado Célula Padrão de Weston. Esse elemento é constituído por uma pasta de sulfato de mercúrio e cristais de sulfato de cádmio imersos em uma solução saturada do próprio sulfato de cádmio. Respeitando a concentração padrão para essa solução e temperatura de 20 °C, tem-se tensão medida de 1,01830 V. b) Corrente elétrica: a corrente elétrica é padronizada através da força de atração entre dois condu tores paralelos, com comprimento infinito e área da seção transversal desprezível. Estando esses dois condutores separados em 1m, no vácuo, a força resultante entre os condutores é de 2 x 10-7N/m.dos equipamentos de medição.......................................................................89 Figura 37 - Ligação do voltímetro..............................................................................................................................90 Figura 38 - Ligação do amperímetro........................................................................................................................90 Figura 39 - Alicate amperímetro............................................................................................................................... ..93 Figura 40 - Medição de resistência elétrica ...........................................................................................................94 Figura 41 - Multímetro ................................................................................................................................................... 95 Figura 42 - Pintura rupestre...................................................................................................................................... ....99 Figura 43 - Planta baixa residencial.......................................................................................................................100 Figura 44 - Desenho artístico e desenho técnico.............................................................................................101 Figura 45 - Desenho projetivo e desenho não projetivo...............................................................................102 Figura 46 - Planta baixa........................................................................................................................................... ...103 Figura 47 - Escala gráfica ............................................................................................................................................104 Figura 48 - Exemplo de planta baixa.....................................................................................................................108 Figura 49 - Exemplo de projeto elétrico ..............................................................................................................108 Figura 50 - Exemplo de projeto elétrico 1...........................................................................................................109 Figura 51 - Exemplo de projeto elétrico com identificação dos circuitos................................................110 Figura 52 - Diagrama unifilar ....................................................................................................................................111 Figura 53 - Diagrama multifilar................................................................................................................................112 Figura 54 - Margens da folha de desenho............................................................................................................114 Figura 55 - Marcações da folha de desenho........................................................................................................114 Figura 56 - Dobras da folha A0.................................................................................................................................116 Figura 57 - Dobras da folha A1.................................................................................................................................117 Figura 58 - Dobras da folha A2.................................................................................................................................117 Figura 59 - Dobras da folha A3.................................................................................................................................118 Figura 60 - Exemplo de caracteres..........................................................................................................................119 Figura 61 - Sistematização de informações.........................................................................................................125 Figura 62 - Exemplo de diagrama ...........................................................................................................................127 Figura 63 - Segurança do trabalho .........................................................................................................................136 Figura 64 - Forno na indústria ..................................................................................................................................138 Figura 65 - Agentes químicos..................................................................................................................................1 39 Figura 66 - Agentes biológicos................................................................................................................................1 40 Figura 67 - Agentes ergonômicos...........................................................................................................................14 1 Figura 68 - Acidente de trabalho.............................................................................................................................147 Figura 69 - Capacete ................................................................................................................................................... .149 Figura 70 - Protetor facia ............................................................................................................................................150 Figura 71 - Óculos de proteção................................................................................................................................15 1 Figura 72 - Protetor tipo concha e plugue de inserção...................................................................................152 Figura 73 - Sapato de segurança.............................................................................................................................153 Quadro 1 - Matriz curricular..................................................................................................................................... ......16 Quadro 2 - Prefixos matemáticos............................................................................................................................... .21 Quadro 3 - Materiais condutores e isolantes...........................................................................................................22 Quadro 4 - Tipos de transformador ............................................................................................................................52 Quadro 5 - Classificação dos materiais na área elétrica.......................................................................................58 Quadro 6 - Ferramentas para o eletricista................................................................................................................59 Quadro 7 - Classificação da manutenção .................................................................................................................61 Quadro 8 - Métodos de instalação..............................................................................................................................65 Quadro 9 - Condutores carregados............................................................................................................................66 Quadro 10 - Seção mínima de condutores..............................................................................................................69 Quadro 11 - Métodos de fornecimento ....................................................................................................................71 Quadro 12 - Grandezas fundamentais e derivadas...............................................................................................81 Quadro 13 - Categoria dos multímetros...................................................................................................................96 Quadro 14 - Símbolos elétricos.................................................................................................................................107 Quadro 15 - Identificação dos circuitos..................................................................................................................110 Quadro 16 - Padronização dos tamanhos de papel série “A”..........................................................................114 Quadro 17 - Dimensões de caracteres....................................................................................................................119 Tabela 1 - Resistividade.............................................................................................................................. .....................26 Tabela 2 - Cores dos resistores.................................................................................................................................... ..28 Tabela 3 - Capacidade de condução de corrente ..................................................................................................66 Tabela 4 - Exemplo de valores de queda de tensão..............................................................................................67 Tabela 5 - Fator de demanda..................................................................................................................................... ....70 Tabela 6 - Exemplo de tabela. ....................................................................................................................................130 Tabela 7 - Classificação das luvas isolantes...........................................................................................................152 Tabela 8 - Tempo x chances de reanimação .........................................................................................................154 Sumário 1 Introdução............................................................................................................................................................ ............15 2 Eletricidade aplicada à eletrotécnica .....................................................................................................................19 2.1 Matéria........................................................................................................................................ ....................19 2.1.1 Materiais condutores, semicondutores e isolantes......................................................21 2.2 Grandezas elétricas e suas unidades de medidas...........................................................................22 2.2.1 Tensão elétrica............................................................................................................................22 2.2.2 Corrente elétrica........................................................................................................................23 2.2.3 Resistividade e resistência elétrica .....................................................................................26 2.2.4 Potência elétrica........................................................................................................................30 2.3 Leis de Ohm: primeira e segunda lei de Ohm ..................................................................................31 2.4 Leis de Kirchhoff..................................................................................................................................... .....34 2.4.1 Primeira lei de Kirchhoff .........................................................................................................35 2.4.2 Segunda lei de Kirchhoff........................................................................................................36 2.5 Circuitos elétricos....................................................................................................................................... .37 2.5.1 Circuito série...............................................................................................................................37 2.5.2 Circuito paralelo ........................................................................................................................39 2.5.3 Circuito misto .............................................................................................................................43 2.6 Magnetismo................................................................................................................................ ..................47 2.6.1 Eletromagnetismo....................................................................................................................4 9 3 Materiais, ferramentas e equipamentos ..............................................................................................................57 3.1 Tipos, características e aplicações.........................................................................................................57 3.1.1 Ferramentas manuais e elétricas para o eletricista.......................................................58 3.2 Dispositivos elétricos, instalação e manutenção elétrica.............................................................59 3.3 Condutores elétricos..................................................................................................................................61 3.3.1 Tipos e aplicações.....................................................................................................................61 3.3.2 Bitola e capacidade de condução.......................................................................................62 3.3.3 Dimensionamento e cálculo de demanda.......................................................................63 3.4 Tipos de instalações.................................................................................................................................. .72 3.4.1 Fios ou cabos isolados instalados em eletroduto aparente ou embutido...........74 3.4.2 Fios ou cabos isolados instalados em leitos de cabos em eletrocalha..................75 3.5 Utilização de normas e catálogos técnicos.......................................................................................76 4 Instrumentos de Medição ........................................................................................................................................ ..79 4.1 Tipos, características, princípio de funcionamento e aplicações...............................................79 4.2 Medidas elétricas........................................................................................................................... .............80 4.2.1 Princípio de funcionamento dos instrumentos de medida.......................................83 4.3 Características básicas dos instrumentos de medidas..................................................................85 4.3.1 Escala............................................................................................................................. ................85 4.3.2 Precisão e exatidão................................................................................................................ ...87 4.3.3 Sensibilidade ............................................................................................................................. .88 4.3.4 Posição................................................................................................................. .........................88 4.3.5 Isolação................................................................................................................ .........................89 4.4 Instrumentos e grandezas............................................................................................................. ..........89 4.4.1 Voltímetro............................................................................................................. .......................89 4.4.2 Amperímetro......................................................................................................... .....................90 4.4.3 Ohmímetro..................................................................................................................................93 4.4.4 Megôhmetro......................................................................................................... ......................94 4.4.5 Multímetro............................................................................................................ .......................95 5 Desenho técnico elétrico ...........................................................................................................................................99 5.1 Introdução ao desenho ............................................................................................................................99 5.1.1 Desenho artístico e desenho técnico .............................................................................100 5.1.2 Planta baixa..............................................................................................................................102 5.2 Desenho elétrico......................................................................................................................................1 05 5.2.1 Simbologia ...............................................................................................................................106 5.2.2 Representação de esquemas elétricos...........................................................................107 5.2.3 Leiaute .......................................................................................................................................113 5.2.4 Normas....................................................................................................................................... 115 6 Dados e Informações ........................................................................................................................................ ........123 6.1 Seleção........................................................................................................................... ..............................123 6.2 Sistematização................................................................................................................ ..........................125 6.3 Organização.................................................................................................................... ...........................126 6.4 Apresentação ........................................................................................................................................ ....128 7 Segurança no trabalho ........................................................................................................................................ ...135 7.1 O que é segurança do trabalho ..........................................................................................................135 7.2 Agentes agressivos à saúde humana................................................................................................137 7.2.1 Agentes físicos................................................................................................................... .....137 7.2.2 Agentes químicos............................................................................................................... ...139 7.2.3 Agentes biológicos............................................................................................................. ...139 7.2.4 Agentes ergonômicos......................................................................................................... .140 7.2.5 Agentes mecânicos............................................................................................................ ...141 7.3 Riscos em eletricidade ..........................................................................................................................1 42 7.3.1 Choque elétrico.................................................................................................................. ....143 7.3.2 Efeitos da corrente elétrica no corpo humano............................................................144 7.4 Acidentes de trabalho: tipos, características e prevenção........................................................145 7.5 Equipamentos de proteção..................................................................................................................147 7.5.1 Classificação dos equipamentos de proteção individuais......................................148 7.6 Sinalização de segurança...................................................................................................................... 153 7.7 Primeiros socorros............................................................................................................... ....................154 7.7.1 Como agir em caso de acidente .......................................................................................155 8 Ética ........................................................................................................................................ ........................................159 8.1 Ética nos relacionamentos sociais.....................................................................................................159 9 Resolução de problemas ........................................................................................................................................ 167 9.1 Identificação de problemas..................................................................................................................16 7 9.2 Alternativas de solução..........................................................................................................................1 69 Referências................................................................................................................................ ........................................173 Minicurrículo dos autores........................................................................................................................................ ...177 Índice .................................................................................................................................................... ..............................179 Introdução 1 Seja bem-vindo. Neste livro, constituído por nove capítulos você terá a oportunidade de estudar os conteúdos relacionados aos fundamentos elétricos, especificamente a eletricidade aplicada a eletrotécnica. Os conteúdos aqui tratados têm por objetivo favorecer, através dos fundamentos técnicos e científicos e das capacidades sociais, organizativas e metodológicas aplicáveis à eletrome cânica, a construção de uma base consistente que possibilite o pleno desenvolvimento das competências profissionais adequadas a quem atua nesta área. No segundo capítulo serão apresentados os principais conceitos sobre tensão, corrente e resistência elétrica. Também vamos entender o que são circuitos elétricos e como determinar as grandezas elétricas para os componentes de um circuito. Além disso, conheceremos os fun damentos do magnetismo e do eletromagnetismo apresentando, por exemplo, o funciona mento do transformador elétrico e como acontece seu funcionamento. No terceiro capítulo serão abordadas as definições dos materiais, equipamentos e ferramen tas aplicados às áreas que envolvem a eletricidade. Neste tópico, vamos ver alguns dispositivos elétricos e seus processos de instalação e manutenção. É nesse capítulo que vamos entender como é feito o dimensionamento de condutores elétricos para instalações prediais de baixa tensão, através dos métodos previstos em norma, e perceber a influência dos métodos de ins talação na corrente suportada nos condutores. Os instrumentos de medição serão apresentados no quarto capítulo. Estes equipamentos são muito importantes para os profissionais executarem suas atividades de maneira correta e segura. Vamos conhecer quais são os principais instrumentos utilizados, as grandezas para as quais foram desenvolvidos e suas características. Também estudaremos os processosde medi ção e seus métodos de execução, como também serão apresentados os resultados relativos às condições da medição. No quinto capítulo, estudaremos os principais fundamentos do desenho técnico. Sabemos que o desenho é utilizado há muito tempo para repassar informações que, por outros méto dos, seriam difíceis de serem descritas e interpretadas. Vamos entender quais são as caracterís ticas e premissas inerentes ao desenho técnico e, especificamente, o desenho técnico elétrico. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 16 O sexto capítulo apresentará conceitos relativos à seleção, à sistematização, à organização e à coleta de dados e informações em seu trabalho. O sétimo capítulo abordará o tema segurança do trabalho. Sabemos que nossas atividades profissionais devem ser desenvolvidas de maneira segura, com os perigos do trabalho minimizados e/ou controlados ao máximo. Para isso, precisamos entender o que são os acidentes do trabalho e quais os métodos utilizados para prevenção. Também precisamos saber o que fazer caso o acidente ocorra, por isso, vamos estudar alguns conceitos sobre as técnicas de primeiros socorros e quando e onde aplicá-las. O oitavo e nono capítulos discutirão alguns tópicos relativos às capacidades sociais, organizativas e metodológicas, como, por exemplo: Ética e Resolução de Problemas. Note que são muitos os assuntos in teressantes, cada um contemplando um pequeno fragmento, necessário à sua formação profissional. Não perca tempo, o conhecimento que você constrói apoiado em fortes alicerces não se perderá jamais. Vá em frente e conquiste o seu objetivo! Técnico em Eletromecânica MÓDULOS UNIDADES CURRICULARES CARGA HORÁRIA CARGA HORÁRIA DO MÓDULO Básico Fundamentos Elétricos 100h 300h Fundamentos Mecânicos 200h Específico I Montagem de Sistemas Elétricos 100h 300h Montagem de Sistemas Mecânicos 100h Montagem de Sistemas de Controle e Acionamentos 100h Específico II Manutenção de Sistemas Elétricos 100h 300h Manutenção de Sistemas Mecânicos 100h Manutenção de Sistemas de Controle e Acionamentos 100h Específico III Desenvolvimento de Projetos de Sistemas Eletromecânicos 300h 300h Total 1200h Quadro 1 - Matriz Curricular Fonte: SENAI DN Eletricidade Aplicada à Eletr otécn ica 2 A eletricidade está presente em diversas áreas. Com o desenvolvimento de novas tecnolo gias, cada vez mais é necessário estudar os conceitos envolvendo esse fenômeno. O que é tensão e corrente elétrica? Como funcionam os circuitos elétricos? Qual o princípio de funcionamento do transformador elétrico? Determinar qual o componente correto a ser aplicado, saber identificar possíveis falhas elé tricas e desenvolver manutenção em sistemas elétricos são algumas das aptidões requeridas do técnico em eletromecânica, e isso será desenvolvido no decorrer da leitura deste conteúdo. Abordaremos, inicialmente, conceitos de tensão, corrente, resistência e potência elétrica. Na sequência, vamos analisar os circuitos elétricos e tratar os tipos de associação de compo nentes. As leis de Ohm e Leis de Kirchhoff também serão estudadas, já que são cruciais para estudos envolvendo eletricidade. Por fim, vamos identificar questões relativas ao magnetismo e ao eletromagnetismo. Vamos em frente! Acompanhe! 2.1 MATÉRIA Certamente, em ocasiões diferentes, você já deve ter ouvido falar sobre matéria. Mas, sabe definir tecnicamente o que é matéria e quais suas características? Matéria é tudo aquilo que ocupa um lugar no espaço, podendo ser sólida, líquida ou gasosa. Toda matéria é composta por moléculas, que, por sua vez, são compostas por átomos. Acreditava-se que o átomo seria a menor partícula de uma matéria, além de ser indivisível. O próprio nome significa algo que não pode ser dividido. Após estudos mais detalhados sobre esse assunto, evidenciou-se que o átomo é formado por partículas ainda menores, conhecidas por partículas subatômicas. (FALCONE, 2002). Segundo Martino (1995) a estrutura clássica de um átomo envolve: a) Elétron: carga negativa localizada na porção mais externa do átomo, chamada eletrosfe ra. Essa partícula permanece girando ao redor do núcleo e em seu próprio eixo, denomina do movimento orbital. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 20 b) Próton: carga positiva localizada na porção central do átomo, também chamada de núcleo. É ao re dor desse núcleo que a trajetória do elétron se desenvolve. c) Nêutron: carga neutra localizada no núcleo do átomo juntamente com os prótons. Na imagem, a seguir, você poderá identificar a estrutura de um átomo e a localização das cargas citadas. Thinkstock ([20--?]) Figura 1 - Estrutura atômica Conforme pode ser observado na imagem apresentada anteriormente, os elétrons executam uma tra jetória concêntrica1ao núcleo formado por prótons e nêutrons. Um átomo com a mesma quantidade de prótons e elétrons é chamado de átomo neutro ou natural. Isso porque, as cargas de sinais opostos (positivas e negativas) se anulam e como resultado tem-se um átomo eletricamente estável. A organização dos elétrons ao redor do núcleo ocorre por camadas, e seu nível de energia está direta mente relacionado à distância entre esta camada e o núcleo. Quanto mais próximo ao núcleo, mais energia associada ao elétron. A última camada, mais afastada do núcleo e com menor energia associada, é chama da de camada de valência. Ao receber energia externa, o elétron pode ser deslocado entre camadas, aumentando ou diminuin do seu nível de energia. Como consequência desta flexibilidade, alguns elétrons da camada de valência podem abandonar o átomo e se tornarem elétrons livres. Nessa situação, temos um átomo eletricamente instável. Alguns átomos têm a característica de ceder elétrons. Em outros, essa característica se inverte e eles recebem elétrons. Quando um átomo recebe elétrons, fica com excesso de cargas negativas em relação às positivas (prótons). Nessas condições, a carga elétrica desse átomo é negativa. Porém, quando o átomo cede elétrons, ficam com excesso de cargas positivas em relação às negativas, assim permanecendo com carga elétrica positiva. 1 Com mesmo centro. FIQUE ALERTA 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 21 A desigualdade de cargas positivas e negativas em um átomo se dá apenas pelo excesso ou pela falta de elétrons. O próton se localiza no núcleo do átomo, com muita energia associada e, por esse motivo, não é transferido a outros átomos. A carga elétrica resultante da diferença entre prótons e elétrons é expressa em Coulomb (C). Essa deno minação foi uma homenagem a um físico francês chamado Charles Augustin Coulomb. Por convenção, um Coulomb é equivalente a uma diferença de 6,25x1018 elétrons. Isso quer dizer que se um material tem carga resultante em um Coulomb positivo, ele tem 6.250.000.000.000.000.000 (seis quintilhões duzentos e cinquenta quatrilhões) menos elétrons do que prótons. Já a carga elétrica resultante da diferença de apenas um elétron, também denominada carga elétrica elementar, é igual a 1,6x10-19C. Assim, pode-se calcular a carga elétrica resultante de um corpo através da multiplicação do número de elétrons, em excesso ou falta, pela carga elementar. Quando um número é muito grande ou muito pequeno, usa-se a notação científica ou forma exponen cial. Esse artifício reduz a quantidade de zeros apresentada no número facilitando sua escrita. Também podemos utilizar nesses casos um prefixo matemático. Veja alguns exemplos: CONVENCIONAL EXPONENCIA L PREFIXO MATEMÁTICO 0,000000000001 10-12 1p p – pico 0,000000001 10-9 1n n – nano 0,000001 10-6 1µ µ - micro 0,001 10-3 1m m - mili 1000 103 1K K – quilo 1000000 106 1M M – mega 1000000000 109 1G G – giga 1000000000000 1012 1T T - tera Quadro 2 - Prefixos matemáticos Fonte: do Autor 2.1.1 MATERIAIS CONDUTORES, SEMICONDUTORES E ISOLANTES De acordo com a característica atômica de cada material, este será mais ou menos condutor de eletrici dade. Levando em consideração essa variação de condução elétrica nos mais diversos materiais, podemos dividi-los em três classes: a) Isolante: Osmateriais isolantes são aqueles que têm sua última camada de elétrons, camada de valência, com uma força de atração pelo núcleo muito elevada. Dessa maneira, fica difícil remover elé trons desses materiais, portanto difícil de existir elétrons livres. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 22 b) Condutor: Os materiais condutores, ao contrário dos isolantes, têm facilidade em ceder elétrons, favorecendo o surgimento dos elétrons livres. c) Semi-condutor: Os semicondutores são aqueles materiais que se encontram entre os isolantes e condutores. Esses materiais têm características isolantes ou condutoras, dependendo da diferença de potencial aplicadas a eles. Quando tratamos de eletricidade, as três classes de materiais apresentadas são de suma importância. Um dos materiais mais encontrados em uma instalação elétrica é o fio ou cabo elétrico. Esse elemento con centra os dois opostos apresentados, o condutor e o isolante. Na porção central de um cabo elétrico temos o material condutor, aquele que viabiliza a condução elétrica entre dois pontos. Já na sua periferia, encon tramos o material isolante, responsável por não permitir condução elétrica entre aquele condutor, aplicado no núcleo do cabo, e outras partes condutoras próximas, não destinadas à condução de corrente elétrica. Observe, no quadro a seguir, alguns dos materiais condutores e isolantes encontrados em fiação elétrica. MATERIAIS CONDUTORES MATERIAIS ISOLANTES Cobre Policloreto de vinila (PVC) Alumínio Borracha etileno-propileno (EPR) Ouro Polietileno reticulado (XLPE) Quadro 3 - Materiais condutores e isolantes Fonte: do Autor 2.2 GRANDEZAS ELÉTRICAS E SUAS UNIDADES DE MEDIDAS Agora que já conhecemos as características dos materiais, podemos estudar quais são as grandezas elétricas existentes e suas características. Acompanhe! 2.2.1 TENSÃO ELÉTRICA Através do campo eletrostático2gerado por uma carga, haverá trabalho quando diferentes cargas imer sas nele forem induzidas ao movimento. Esse movimento é originado através da força de atração ou repul são entre elétrons, carga geradora do campo e demais cargas. Lembre-se de que a repulsão ocorre quando há cargas de mesma polaridade e atração quando as cargas são de polaridades distintas. 2 Campo criado por uma carga elétrica. 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 23 Nesse contexto, quando dois corpos têm cargas com diferentes valores de intensidade, pode-se dizer que há uma diferença de potencial entre esses corpos. A unidade de medida dessa diferença de potencial, ou mesmo DDP, é o Volt (V). Outros nomes para essa mesma grandeza elétrica são força eletromotriz (FEM) ou tensão elétrica, e representamos essa grandeza pelas letras E, U ou V. Rizzoni (2013, p. 20) descreve que “o trabalho total por unidade de carga associado ao movimento de carga entre dois pontos é chamado de tensão.” Para entender melhor a tensão elétrica, vamos compará-la a uma cachoeira. Neste caso, quanto maior a cachoeira, maior o potencial para a queda da água, e nesse caso, maior a força na queda. A tensão elétrica é comparada à altura da cachoeira, quanto maior a tensão elétrica, maior o potencial para movimentar os elétrons. 2.2.2 CORRENTE ELÉTRICA Quando interligamos dois pontos com diferentes potenciais com um material condutor, provocamos o deslocamento de elétrons entre o ponto de maior potencial para o de menor. Esse deslocamento é deno minado corrente elétrica. Em outras palavras, a corrente elétrica é o deslocamento ordenado de elétrons livres entre meios de diferentes potenciais. (CAPUANO & MARINO, 2006). A unidade de medida para essa grandeza elétrica é o Ampère (A) e é representada pela letra I. Quando movimentamos 1C por um material condutor durante 1s, dizemos que a corrente elétrica desse condutor é 1A (FALCONE, 2002). Observe, na imagem a seguir, a representação do movimento dos elétrons em um condutor. Elétrons em movimento Corrente Elétrica Convencional Polo negativo Polo positivo Patricia Marcílio (2015) Condutor Elétrico Figura 2 - Corrente elétrica Fonte: do Autor FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 24 FIQUE ALERTA A corrente elétrica flui de um polo negativo para um positivo, isso porque são os elétrons (cargas negativas) que se movimentam. Apesar disso, convencionou-se que a corrente flui em sentido oposto, do polo positivo para o negativo, a fim de facilitar o entendimento desse fenômeno. Utilizando novamente o exemplo da cachoeira, agora podemos comparar a corrente elétrica à água em queda. Enquanto a tensão elétrica é comparada com a força que faz com que a água caia na cachoeira, a corrente elétrica compara-se com o fluxo de água da cachoeira. Quanto maior a força e maior o leito do rio, mais água cairá da cachoeira. Da mesma forma, na área elétrica, quanto maior a tensão e a condutância3, maior a corrente elétrica resultante. Corrente Contínua e Corrente Alternada Podemos citar duas formas de condução de corrente elétrica existente: corrente contínua e corrente alternada. A corrente contínua é definida por aquela que não altera o sentido de condução de corrente, ou seja, os elétrons sempre percorrerão o condutor em um único sentido, sendo a corrente elétrica resultante sempre positiva ou negativa. Observe os gráficos abaixo: I (A) I (A) t (s) (1) (2) Figura 3 - Gráficos de corrente contínua Fonte: do Autor t (s) Jean Carlos Klann (2015) 3 Propriedade que um corpo apresenta em relação à sua condução de eletricidade. O inverso de resistência elétrica. 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 25 Observe, na ilustra anterior, que a corrente elétrica não inverte seu sinal, permanecendo sempre positi va e, consequentemente, caracterizando corrente contínua. No gráfico 1, a corrente é caracterizada contí nua e constante, já que seu valor também permanece invariável. Já no gráfico 2, a corrente é caracterizada contínua e pulsante, já que seu valor varia ao longo do tempo entre seu valor mínimo e máximo, porém não invertendo sua polaridade. O fato da medição de corrente contínua apontar quadrante4positivo ou negativo depende exclusivamente dos métodos de medição. Esse tipo de corrente é utilizada na maioria dos equipamentos eletrônicos, em um tipo específico de motor elétrico, em sistemas de telecomunicações, em sistemas de controle e sinalização, entre outros. Ao contrário da corrente contínua, a corrente alternada é aquela em que seu sinal varia ao longo do tempo, ou seja, o sentido de movimentação dos elétrons no condutor se alterna, conforme demonstrado na figura a seguir: I (A) t (s) (1) I (A) Jean Carlos Klann (2015) t (s) (2) Figura 4 - Gráficos de corrente alternada Fonte: do Autor Observe nos gráficos que, nesses casos, nos exemplos apresentados em forma de onda de corrente alternada, o fluxo eletrônico se inverte no decorrer do tempo. No gráfico 1, encontramos um sinal de corrente alternada senoidal. Já no gráfico 2, há um sinal de cor rente alternada quadrada. Esses nomes são designados pela forma geométrica resultante no gráfico de corrente por tempo. Nessa situação, ao proceder com a medição de corrente alternada, não existe indica ção de polaridade, pois o sentido dos elétrons se alterna constantemente. A forma de onda apresentada no gráfico 1, corrente alternada senoidal, é aquela que encontramos nas tomadas residenciais ou industriais. Essa forma de onda é a mais utilizada na transmissão e distribuição de energia elétrica no Brasil. 4 Área do gráfico em que a forma de onda se apresenta. Acima do eixo horizontal, para valores positivos, ou abaixo do eixo horizon tal, para valores negativos. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 26 2.2.3 RESISTIVIDADE E RESISTÊNCIA ELÉTRICA Para entender o conceito de resistência elétrica, vamos primeiro entender o que é resistividade. A resis tividade elétrica é a oposição à passagem de corrente elétrica imposta pelo material que a conduzirá. Nes se contexto, essa resistividade dependerá do material a ser considerado condutor elétrico e será expressa em Ohm metro (Ω.m). Observe, a seguir, os valores mais comuns de resistividade,relacionados por material: MATERIAL RESISTIVIDADE (Ω.M) Alumínio 2,82×10−8 Chumbo 2,2×10−7 Cobre 1,72×10−8 Estanho 1,09×10−7 Ferro 1,0×10−7 Níquel 6,99×10−8 Ouro 2,44×10−8 Platina 1,1×10−7 Prata 1,59×10−8 Tungstênio 5,60×10−8 Tabela 1 - Resistividade Fonte: Adaptado de (GARCIA, 1998). Associada à resistividade, temos a resistência elétrica. Esse termo leva em consideração a resistivida de do material e a forma construtiva do componente. Em outras palavras, para determinar a resistência elétrica de um componente, precisamos levar em consideração a área da passagem da corrente elétrica através do componente e o seu comprimento, além da própria resistividade do material a ser empregado. A relação entre esses termos pode ser observada na equação, também denominada segunda lei de Ohm: A R = ρ x lA Jean Carlos Klann (2015) L Figura 5 - Resistência do condutor Fonte: do Autor 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 27 Onde: R – Resistência elétrica (Ω) ρ – Resistividade elétrica (Ω.m) L – Comprimento (m) A – Área da seção transversal do componente (m2) Analisando a equação R = ρ x LA , podemos observar que a resistência elétrica de um componente varia não só com a sua resistividade (característica de cada material), mas também leva em consideração as características construtivas como seção transversal e comprimento. Dessa maneira, conclui-se que pode haver componentes de materiais diferentes com a mesma resistência elétrica, porém com dimensões dife rentes. Acompanhe um exemplo para determinar a resistência elétrica de certo condutor. Considere que há um cabo elétrico com 150 metros de comprimento alimentando um misturador em uma indústria alimentícia. O cabo utilizado tem 35mm2 de seção transversal e é composto de cobre. Qual a resistência elétrica deste condutor? R = ρ x LA R = 1,72 . 10-8x 150 3,5 . 10-5 R = 0,074Ω ~ Onde: R – Resistência elétrica (Ω) ρ – Resistividade elétrica (Ω.m) L – Comprimento (m) A – Área da seção transversal do componente (m2) Por meio desses cálculos, podemos concluir que a resistência elétrica do cabo em questão é de aproxi madamente 0,074Ω. Note que o valor de resistividade foi retirado da tabela com os valores estabelecidos para a resistividade do cobre e o diâmetro do cabo convertido de mm2para m2, para compor a equação. O Resistor Elétrico O componente que tem a característica de se opor à passagem de corrente elétrica é chamado de resis tor. Normalmente os resistores, para desempenharem seu papel no circuito elétrico/eletrônico, têm tam bém a característica de dissipar energia em forma de calor. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 28 CURIOSI DADES O componente responsável por aquecer a água do chuveiro elétrico, comumente chamado de resistência elétrica, é na verdade um resistor elétrico. A resistência elétrica seria a característica desse resistor de se opor à passagem de corrente elétrica produzindo, por consequência, calor. Há diversas aplicações para os resistores elétricos, normalmente com a finalidade de controle de corren te nos circuitos ou geração de calor. Em eletrônica, onde os resistores são largamente utilizados, há uma codificação de cores para facilitar a identificação do valor de sua resistência, conforme podemos observar na imagem a seguir: Thinkstock ([20--?]) Figura 6 - Resistor elétrico Para determinar o valor da resistência elétrica desses componentes, podemos utilizar a seguinte tabela de valores: COR 1ª FAIXA 1º ALGARISMO 2ª FAIXA 2º ALGARISMO 3ª FAIXA MULTIPLICADOR 4ª FAIXA TOLERÂNCIA Preto 0 0 x 1 Ω Marrom 1 1 x 10 Ω 1% Vermelho 2 2 x 100 Ω 2% Laranja 3 3 x 1KΩ Amarelo 4 4 x 10KΩ Verde 5 5 x 100K Ω 0,50% Azul 6 6 x 1M Ω 0,25% Roxo 7 7 x 10M Ω 0,10% 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 29 COR 1ª FAIXA 1º ALGARISMO 2ª FAIXA 2º ALGARISMO 3ª FAIXA MULTIPLICADOR 4ª FAIXA TOLERÂNCIA Cinza 8 8 0,05% Branco 9 9 Dourado x 0,1 Ω 5% Prateado x 0,01 Ω 10% Tabela 2 - Cores dos resistores Fonte: Adaptado de (CAPUANO; MARINO, 2006). Para decifrar quais as características de resistência e tolerância de um resistor elétrico comum para cir cuitos eletrônicos, precisamos fazer uma conversão das cores utilizadas para valores numéricos, conforme apresentado na tabela anterior, como podemos observar na imagem do resistor a seguir. Thinkstock ([20--?]) 13 x100 +/-5% 1300 Ohms +/- 5% Figura 7 - Cores no resistor elétrico Neste exemplo, podemos observar como são traduzidas as cores de identificação dos resistores para seus valores numéricos, aplicando-os, assim, de acordo com a necessidade. Note que, quando surgirem lis tras prateadas ou douradas nas extremidades do resistor, essas deverão ser as últimas a serem convertidas, posicionando esse resistor com essas listras para a direita. O Potenciômetro O potenciômetro também tem a característica de se opor à passagem de corrente elétrica, porém, nesse caso, sua resistência elétrica pode ser ajustada de acordo com a necessidade. Podemos considerar o poten ciômetro sendo um resistor com resistência variável. Em sua especificação, aparecem duas informações importantes. A primeira informa qual a resistência máxima daquele potenciômetro, e a outra é o tipo de resposta em sua saída: linear ou logarítmica. Normalmente os potenciômetros têm três terminais. Nesse caso, ao utilizar todos os terminais, haverá uma divisão de tensão entre cada parcela de resistência do componente. Na medida em que a relação de resistência entre o terminal central e um dos terminais da extremidade aumenta, a outra relação de resis tência diminui na mesma proporção. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 30 Observe, na imagem, a seguir, um exemplo de potenciômetro e como, basicamente, ele varia sua resis tência: Cursor Resistência X% Y% Jean Carlos Klann (2015) Terminal Terminal Terminal cursor X% de ResistênciaY% de Resistência 100% de Resistência Figura 8 - Potênciometro Há outros formatos de potenciômetro existentes, porém os mais comuns são similares ao apresentado, nos quais a variação da resistência se dá através dos movimentos circulares no eixo do componente. 2.2.4 POTÊNCIA ELÉTRICA A potência elétrica é a grandeza que está associada à quantidade de energia dissipada em cada com ponente ou circuito. Esse termo está diretamente relacionado à tensão elétrica aplicada àquele circuito e à corrente elétrica que o percorre. Em um circuito simples, em corrente contínua, a potência elétrica pode ser determinada através da equação: P = V x I Onde: P – Potência elétrica (W) V – Tensão elétrica (V) I – Corrente Elétrica (A) Dessa maneira, podemos concluir que, quando aumentamos a tensão elétrica aplicada no circuito, bem como a sua corrente elétrica, aumentamos também a potência dissipada nele. CURIOSI DADES 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 31 Você sabia que o consumo de energia elétrica é contabilizado através da somatória das potências em um determinado período? Sendo assim, sua unidade de medida é o KWh e seu valor depende da tensão elétrica de fornecimento e da corrente do circuito, além do tempo de contabilização. CASOS E RELATOS Substituição de Equipamento Na empresa Gama D’Avila, líder na indústria de calçados, houve a necessidade de substituição de um equipamento responsável pela conformação de seus produtos. Essa troca foi baseada na ne cessidade de aumentar o volume de produção e consequentemente aumentar o faturamento da empresa. No equipamento antigo, os calçados permaneciam por algumas horas na máquina de conformação e, com um novo equipamento, alguns minutos são suficientes. Esse novo processo envolve aqueci mento e posterior resfriamento dos materiais e, com isso, agiliza o processo de conformação. Apesar dos benefícios na produção, o novo equipamento tem praticamente o dobro da potência do seu antecessor, e isso exige a substituição dos condutores e das proteções elétricas, o que pro voca também maior consumo de energia elétrica. No orçamento deste novo equipamento, a substituição dos insumos elétricos não foi considerada. Agora, depoisdo alto investimento não previsto, os técnicos da empresa estão conscientes de que o aumento da potência do equipamento influencia diretamente na corrente elétrica circulando em seus condutores e proteções, exigindo adequações nos equipamentos. 2.3 LEIS DE OHM: PRIMEIRA E SEGUNDA LEI DE OHM Nesta seção, analisaremos algumas equações, nomeadas Leis de Ohm, as quais auxiliam nos cálculos relacionados à eletricidade. Nesse contexto, formularam-se duas equações, denominadas primeira e se gunda lei de Ohm. A primeira lei de Ohm estabelece relação entre tensão, corrente e resistência elétrica de um condutor ôhmico. Por esta ser a mais popular das duas leis de Ohm, também é chamada apenas de Lei de Ohm. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 32 George Simon Ohm, físico e matemático francês, afirma nessa lei que: “A lei de Ohm é a relação algébri ca entre tensão e corrente em um resistor e é medida em ohm no SI5”. (NILSSON; RIEDEL, 2003, p. 22). Essa constante é a resistência elétrica, com sua unidade de medida, sendo uma referência ao estudioso mencio nado, Ohm. A relação citada entre as grandezas está representada nas equações abaixo: V = R x I R = V II = VR . . . . .. (1) (2) (3) Onde: R – Resistência elétrica (Ω) V – Tensão elétrica (V) I – Corrente elétrica (A) Quando tratamos de circuitos resistivos, monofásicos e em corrente contínua, podemos utilizar estas equações. Já quando outros componentes são aplicados no circuito estudado, outras equações devem ser utilizadas, também baseadas nos estudos de Ohm. Podemos exemplificar um circuito alimentado com 50V e com resistência de 10Ω. Nesse caso, utilizando a terceira equação apresentada, teríamos: I = I = 5 A V Rl = 50 . . . . . . 10 Onde: R – Resistência elétrica (Ω) V – Tensão elétrica (V) I – Corrente Elétrica (A) Neste exemplo, a corrente elétrica do circuito seria de 5A. 5 Sistema internacional. 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 33 A segunda lei de Ohm, já apresentada no contexto de resistividade, faz relação entre resistência elé trica e as características do material aplicado (resistividade, comprimento e área da sua seção transversal), conforme equação a seguir: R = ρ x LA Onde: R – Resistência elétrica (Ω) ρ – Resistividade elétrica (Ω.m) L – Comprimento (m) A – Área da seção transversal do componente (m2) Analise o exemplo: Temos um condutor de 30 metros de comprimento, com 16mm2de área da sua seção transversal e apresenta resistência elétrica de 0,5Ω. Qual seria a resistividade do material utilizado neste condutor? 1,6 . 10-5 ρ = 2,67 . 10-7Ω.m . .. . . . ~ R = ρ x l A 0,5 = ρ x 30 Onde: R – Resistência elétrica (Ω) ρ – Resistividade elétrica (Ω.m) l – Comprimento (m) A – Área da seção transversal do componente (m2) Note que, aplicando os valores apresentados na equação da segunda lei de Ohm, encontramos o valor de resistividade em 2,67. 10-7Ω.m para o material do nosso condutor. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 34 2.4 LEIS DE KIRCHHOFF Em circuitos mais complexos, onde é insuficiente utilizar apenas a primeira lei deOhm para determinar as suas variáveis, utilizamos também as leis deKirchho�. As leis de Kirchhoff são baseadas no princípio de conservação da carga elétrica, ou seja, em um circuito fechado, sem considerar dissipações, os potenciais se mantêm iguais, independente das trajetórias exe cutadas neste circuito. Para entender melhor as leis citadas, é necessário saber algumas definições, sendo elas: a) Nó: é um ponto do circuito que concentra a conexão de, no mínimo, três elementos. Desta maneira, em um nó, necessariamente, há divisão de corrente elétrica. b) Ramo: é o segmento do circuito elétrico compreendido entre dois nós consecutivos. Analisando desta maneira, em um ramo, todos os seus elementos serão percorridos pela mesma corrente elétrica. c) Malha: é um segmento de circuito que compreende uma trajetória fechada para a corrente elétrica, ou seja, ao percorrer o caminho de uma malha, a corrente elétrica retorna ao seu ponto de partida. Observe a imagem a seguir: A B C R1 R2 Fonte R3 R4 Jean Carlos Klann (2015) D E F R5 Figura 9 - Exemplo de circuito Fonte: do Autor Observando a imagem acima, podemos concluir que: a) São nós: Os pontos B e E. b) São ramos: Os segmentos EDAB, BE e BCFE. c) São malhas: Os segmentos ABEDA, BCFEB e ABCFEDA. Agora que estabelecemos a diferença entre nó, ramo e malha, podemos entender o que dizem as leis de Kirchhoff. 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 35 2.4.1 PRIMEIRA LEI DE KIRCHHOFF A primeira lei de Kirchho�, ou também conhecida como lei das correntes ou lei dos nós, afirma que “A soma algébrica das correntes em um nó de um circuito é sempre nula.” (NILSSON; RIEDEl, 1999, p. 27). Desta maneira, convencionamos o sentido da corrente elétrica no circuito e consideramos uma corrente elétrica com sinal positivo quando entra em um nó e com sinal negativo quando sai de um nó. Podemos analisar o nó B de um circuito na ilustração a seguir. Acompanhe! IR1 IR2 B R1 R2 IR3 R3 Figura 10 - Análise nó b Fonte: do Autor Jean Carlos Klann (2015) Analisando o ponto citado, podemos concluir que chega ao nó B uma corrente denominada IR1. Essa corrente é dividida entre os dois ramos seguintes: IR2 e IR3. Ao determinar esse fluxo de correntes, podemos concluir que a somatória das correntes que chegam a um nó é igual à somatória das correntes que saem desse mesmo nó, como no exemplo: IR1= IR2+ IR3 Onde: IR1– Corrente elétrica no resistor 1 (A) IR2– Corrente elétrica no resistor 2 (A) IR3– Corrente elétrica no resistor 3 (A) Desenvolvendo a mesma análise para o outro nó do circuito, determinaremos outro arranjo, porém com as mesmas variáveis. O número total de equações diferentes em um circuito se dá pela quantidade de nós deste circuito menos um. No exemplo citado anteriormente, como há apenas dois nós, há apenas uma equação possível. FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 36 2.4.2 SEGUNDA LEI DE KIRCHHOFF A segunda lei de Kirchhoff, também conhecida como lei das tensões ou lei das malhas, afirma que “A soma algébrica das tensões em qualquer malha do circuito é sempre nula.” (NILSSON; RIEDEL, 1999, p. 27). Desta maneira, podemos considerar que, em uma malha, a soma da tensão dos elementos que estão for necendo a energia ao circuito é igual a soma da tensão dos elementos que estão utilizando a energia do circuito. Observe que a primeira lei de Kirchhoff trata exclusivamente das correntes e a segunda das tensões. Apesar disso, levando em consideração a lei de Ohm, podemos converter uma variável em outra, incluindo o valor da resistência na equação. Tomaremos como base para o exemplo o mesmo circuito já apresentado anteriormente. Neste caso, foram incluídas as convenções de corrente das malhas e polaridade nos componentes. Observe: A B C + - + - R1 R2 Fonte + - Corrente + + Corrente Malha 1 - - - + R3 R4 Malha 2 - + Jean Carlos Klann (2015) D E F R5 Corrente Malha 3 Figura 11 - Exemplo do método das malhas Fonte: do Autor Ao analisar a malha 1 do circuito apresentado, convencionando a corrente que circula em sentido horá rio, e aplicando a segunda lei de Kirchhoff, podemos equacionar as tensões da seguinte maneira: VFONTE= VR1+ VR3+ VR5 Analisando agora a malha 2 deste mesmo circuito, e considerando novamente que a corrente circula em sentido horário, temos: 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 37 VR3= VR4+ VR2 Note que, pela convenção da corrente na malha 1, o componente R3 ficou com polarização invertida em relação à corrente convencionada na malha 2. Neste caso, o comportamento de R3 perante à malha 2 é similar ao de uma fonte, inclusive é assim que o analisamos para o equacionamento dessa malha. Por fim, na malha 3, teremos: VFONTE= VR1+ VR2+ VR4 + VR5VFONTE= VR1+ VR2+ VR4 + VR5 Utilizando as leis de Kirchhoff, aliadas à primeira lei de Ohm, conseguimos verificar que muitas das in cógnitas dos circuitos podem ser facilmente encontradas, e em alguns casos, mais de um método poderá ser utilizado. 2.5 CIRCUITOS ELÉTRICOS Estudamosaté agora algumas equações que nos auxiliam na identificação das grandezas elétricas em circuitos extremamente simples. Porém, quando o circuito se torna maior, há mais dificuldade na busca pelas informações. Além disso, a associação de componentes é algo primordial para trabalhar com elétrica e eletrônica. Deste modo, é necessário conhecer as técnicas de associação de componentes. Um circuito elétrico pode ser descrito como a associação de dois ou mais componentes em um caminho fechado por onde há fluxo de corrente elétrica. A simples ligação de uma lâmpada ou a ligação de uma máquina extremamente complexa são exemplos de circuitos elétricos existentes. Na sequência, identifica remos quais os tipos de circuitos existentes e detalhes de cada um deles, acompanhe! 2.5.1 CIRCUITO SÉRIE A associação de componentes que estão dispostos sequencialmente como, por exemplo, em uma “fila indiana”, é chamada de associação em série, ou também, circuito série. Deste modo, todos os componentes do circuito têm a mesma corrente elétrica, já que há apenas um caminho para o percurso eletrônico. Neste tipo de associação, não teremos mais de dois componentes ligados em um mesmo ponto, dessa maneira não possibilitando a divisão de corrente. Observe o exemplo a seguir: FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 38 Fonte 12V 3Ω R1 R3 5Ω R5 4Ω Jean Carlos Klann (2015) Figura 12 - Exemplo associação série Fonte: do Autor Analisando este exemplo, podemos concluir que é um circuito de resistores com associação em série. Observe que há apenas um caminho para o fluxo de corrente elétrica. Para determinar a corrente elétrica neste circuito, podemos utilizar a primeira lei de Ohm. O problema para isso é: qual valor de resistência utilizar? Neste caso, como há três resistores associados em série, precisamos calcular o valor equivalente de resistência neste circuito. Para circuitos série puramente resistivos, o valor da resistência equivalente é igual à soma dos valores individuais de resistências. Desta maneira, podemos reduzir o circuito ao seu equivalente, conforme ima gem a seguir: Fonte 12V 12Ω Req Req= R1+ R2+ R3Req= 3 + 4 + 5 Req= 12Ω Jean Carlos Klann (2015) Figura 13 - Exemplo associação série 1 Fonte: do Autor Com essa modificação da representação do circuito, podemos então calcular a corrente do circuito uti lizando a primeira lei de Ohm. Observe: 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 39 V = R X I 12 = 12 X I I = 1A Onde: R – Resistência elétrica (Ω) V – Tensão elétrica (V) I – Corrente Elétrica (A) Agora que já encontramos o valor de corrente elétrica do circuito, podemos encontrar o valor da tensão elétrica em cada componente? Avaliando o circuito original e sabendo que o valor da corrente elétrica é de 1A, podemos aplicar a primeira lei de Ohm em cada componente individualmente. Dessa maneira, teremos que a tensão em cada componente é igual a sua resistência multiplicada pela corrente que o percorre. Como a corrente que percorre os componentes é igual a 1A, as tensões de R1, R2 e R3 são 3V, 4V e 5V, respectivamente. Observe: V1= R1x I V1= 3 x 1 V1= 3V 2.5.2 CIRCUITO PARALELO V2= R2x I V2= 4 x 1 V2= 4V V3= R3x I V3= 5 x 1 V3= 5V A associação de componentes em paralelo, ou circuito paralelo, é aquela cujos componentes têm suas extremidades de entrada e de saída interligadas com as extremidades de entrada e saída de outro(s) componente(s), respectivamente. Dessa maneira, há, necessariamente, mais de um caminho para a cor rente elétrica, porém como os terminais dos componentes estão conectados ao mesmo ponto, também estarão suportando a mesma diferença de potencial. Portanto, nesse tipo de associação, os componentes estarão suportando a mesma tensão elétrica dos demais em mesmo esquema. Observe o exemplo a seguir: FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 40 R1 Fonte 12V 3Ω R2 4Ω R3 5Ω Jean Carlos Klann (2015) Figura 14 - Exemplo associação paralelo Fonte: do Autor Neste exemplo, podemos observar três componentes resistivos associados em paralelo. Podemos de terminar a corrente de cada componente? Sim, já que temos a tensão aplicada no terminal de cada com ponente e o valor de sua resistência. Deste modo, aplicando a primeira lei de Ohm, as correntes para R1, R2 e R3 são, respectivamente, 4A, 3A e 2,4A. I1 = VR1 I1 = 123 I1= 4A I2 = VR2 I2 = 124 I2= 3A I3= VR3 I3= 125 I3= 2,4A Agora, para determinar o valor de corrente da fonte, podemos utilizar algumas formas distintas, como, por exemplo: a primeira lei de Kirchhoff ou a primeira lei de Ohm. Utilizando o primeiro método, igualamos a corrente da fonte à soma das correntes dos resistores. Desse modo, encontramos que a corrente da fonte é igual a 9,4A: IFonte= I1+ I2+ I3 IFonte= 4 + 3 + 2,4 IFonte= 9,4 A 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 41 Utilizando o segundo método, não conseguimos desenvolver os cálculos sem antes determinar qual o valor de resistência equivalente para o circuito paralelo. Nessa situação, o inverso da resistência equivalen te pode ser obtida pela soma inversa dos valores de resistência, conforme equação a seguir: Req =R1 1 + + + ... 1 1 1 1 R2 R3 Rn Onde: Req – Resistência equivalente (Ω) R1 – Resistência 1 (Ω) R2 – Resistência 2 (Ω) R3 - Resistência 3 (Ω) Rn – Resistência n (Ω) Podemos também utilizar outra equação, porém neste caso apenas conseguimos associar duas resis tências de uma vez. Caso necessário, a equação poderá ser utilizada mais de uma vez no mesmo circuito para determinar a resistência equivalente para um número maior de componentes. Observe: Req= R1x R2 R1+ R2 Onde: Req – Resistência equivalente (Ω) R1 – Resistência 1 (Ω) R2 – Resistência 2(Ω) Calculando o resistor equivalente pelos dois métodos apresentados, encontramos o seguinte: FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 42 Método A REq =3 1 + + 1 1 1 4 5 1 REq=0,7833 REq =1,276Ω Método B 3 x 4 REq =3 + 4 REq = 127 REq =1,714Ω 1,714 x 5 REq =1,714 + 5 REq =8,57 6,714 REq =1,276Ω Dessa maneira, conseguimos determinar o valor de resistência equivalente. Na prática, podemos esco lher o método que vamos utilizar. Redesenhando o circuito, temos: Fonte 12V 1,276Ω Figura 15 - Exemplo associação paralelo 1 Fonte: do Autor Req Jean Carlos Klann (2015) Aplicando os conceitos da primeira lei de Ohm, podemos determinar o valor de corrente elétrica sendo o valor da tensão da fonte dividido pelo valor de resistência equivalente. Assim, a corrente total da fonte é aproximadamente 9,4A. Acompanhe: CURIOSI DADES 2 ELETRICIDADE APLICADA À ELETROELETRÔNICA 43 V = R x I 12 = 1,276 x I I = 9,4 A ~ Ao calcular a resistência equivalente de componentes associados em paralelo, o resultado será sempre menor do que o menor dos valores de resistência entre os componentes em questão. Em nosso cotidiano, os circuitos em paralelo são os mais encontrados. Quando conectamos vários equi pamentos elétricos às tomadas de energia em nossa residência ou no trabalho, estamos conectando essas cargas em paralelo. Nessas condições, garantimos que a tensão aplicada em cada equipamento será aque la fornecida pela concessionária, já a corrente total necessária varia com a quantidade de cargas acionadas simultaneamente. 2.5.3 CIRCUITO MISTO Como o próprio nome sugere, os circuitos mistos são aqueles que têm em sua composição circuitos menores, tanto em série como em paralelo. Nessa situação, parte do circuito estará sujeita às condições de circuito série, já outra parte estará sujeita àquelas dos circuitos paralelos. Esses circuitos também são conhecidos como circuitos em série-paralelo (CAPUANO; MARINO, 2006). Observe o circuito a seguir: R1 R2 Fonte 12V 1Ω 3Ω 2Ω R3 R4 4Ω Jean Carlos Klann (2015) Figura 16 - Exemplo associação mista Fonte: do Autor FUNDAMENTOS ELÉTRICOS 44 Esse circuito é considerado um circuito misto, já que em partes é série e em outras é paralelo. Nesse caso, a associação dos componentes também deve ser feita por partes. Observando o circuito, notamos que os resistores R2 e R4 estão conectados em série. Portanto, pode mos determinar