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Projeto de Moda II Professor Ms. Gabriel Coutinho Calvi Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira 2022 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2022 Os autores Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Per- mitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP C198p Calvi, Gabriel Coutinho Projeto de moda II / Gabriel Coutinho Calvi. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 94 p.: il. Color. 1. Fibras têxteis. 2. Indústria têxtil. 3. Vestuário. 4. tecidos - Estampagem. 5. Não-tecidos. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23 ed. 746.92 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites Shutterstock, Pixabay e Pexels. AUTOR Professor Me. Gabriel Coutinho Calvi ● Mestre em Gestão do Conhecimento nas Organizações (Unicesumar) ● Bacharel em Moda (UniCesumar). ● Tecnólogo em Marketing (Unicesumar) ● Especialista em Moda, Produto e Comunicação (Unifamma) ● Especialista em Moda e Negócio (Unicesumar) ● Especialista em Design Thinking (Unicesumar) ● Professor de pós-graduação EaD (Unifamma) ● Coordenador de Materiais Didáticos EaD (Unifamma) Trabalhei com produção de moda e desenvolvimento de campanhas entre 2013- 2018. Na área de pesquisa estuda a criação de imagens na moda, design a partir da pers- pectiva semiótica. Link Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2763480778584494 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Olá Aluno(a)! Sejam bem-vindo(a)! Que bom ter você por aqui! Nossa disciplina de Projeto de Moda II vai dar enfoque aos materiais têxteis procurando conhecer todo o processo de origem e extração das fibras que desenvolvem os fios, tecidos, não-tecidos e dos processos de beneficiamentos que vão melhorar os aspectos estéticos e de conforto fisiológico e ergonômico dos artigos têxteis. Isso quer dizer que, enquanto futuro designer de moda, conhecer sobre os conteú- dos técnicos dos materiais têxteis é fundamental pois te ajuda a desenvolver um processo criativo assertivo e próximo do que será executado no setor produtivo da empresa, também conhecido como chão de fábrica – onde a confecção das roupas acontece! Portanto, em nossas unidades você encontrará todas as informações necessárias para compreender essa área em suas diversas A Unidade I tem o propósito de fazer com que você compreenda que os fios que constituem os tecidos são produzidos a partir de fibras têxteis que podem ter origem natural – extraída de animais, vegetais e minerais – ou de origem não natural produzidas de forma sintética ou artificial. Ao compreender sobre a origem das fibras têxteis, a Unidade II irá apresentar as características dos tecidos planos, tecidos de malha e não-tecidos, dando um enfoque maior nos tecidos planos. Logo, a Unidade III dá continuidade nas discussões e apresenta a formação e características dos tecidos de malha e dos não-tecidos, concluindo o ciclo de entendimento do assunto. Na Unidade IV encerramos nossas discussões conhecendo sobre os tipos de beneficiamento, sabendo que eles se dividem em primário, secundário e terciário, onde o beneficiamento primário é responsável pela preparação dos artigos têxteis, o secundário é responsável pelo tingimento, lavagem e estampagem, e o terciário responsável pelo acaba- mento desses artigos antes de serem comercializados. Bons estudos! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 Fibras Têxteis UNIDADE II ................................................................................................... 27 Características dos Tecidos UNIDADE III .................................................................................................. 45 Conceitos de Malharia e Não-Tecidos UNIDADE IV .................................................................................................. 68 Estamparia e Beneficiamento Têxtil 3 Plano de Estudo: ● Introdução e Classificação das Fibras Têxteis; ● Fibras Vegetais; ● Fibras Animais; ● Fibras Não-Naturais. Objetivos da Aprendizagem: ● Compreender o conceito e classificação das fibras têxteis; ● Conhecer os tipos de fibras vegetais. ● Analisar as especificidades das fibras animais não-naturais. UNIDADE I Fibras Têxteis Professor Me. Gabriel Coutinho Calvi 4UNIDADE I Fibras Têxteis INTRODUÇÃO Oi, tudo bem? Seja bem-vindo(a) a nossa primeira unidade da disciplina de projeto de moda II com foco em materiais têxteis. Acredito que, assim como eu, você deve estar com muitas expectativas para iniciar nessa trilha de aprendizagem. Portanto, procure um lugar confortável e se acomode, porque a partir de agora vamos aprender tudo sobre o universo dos materiais têxteis. A indústria têxtil produz artigos para todas as áreas do mercado que compreendem; indústria do vestuário, indústria de arquitetura e decoração, indústria automobilística entre outras. As roupas que vestidos, os sofás, poltronas e cadeiras que assentamos, o cinto de segurança e os bancos dos carros e tantos outros produtos existem graças ao a produção, criação e desenvolvimento das fibras, fios e tecidos da indústria têxtil. E, com base nisso, no primeiro tópico da nossa unidade veremos a classificação das fibras têxteis em fibras animais, minerais e vegetais e as ramificações e origens, além de apresentar suas características essenciais para discutirmos sobre os tipos de fibras existentes e exploradas nos demais tópicos da unidade. No segundo tópico, avançamos nas discussões para conceituar e definir as classifi- cações das fibras naturais de origem vegetal e suas divisões, assim como o terceiro tópico explicita as fibras de origem animal e suas propriedades e características. No quarto, e último tópico, vamos conhecer sobre as fibras não-naturais e sua divisão entre fibras sintéticas e fibras artificiais. Conheceremos as propriedades e classifi- cações de cada uma delas, além suas aplicações na indústria têxtil. Está preparado?! Então vem comigo! Bons estudos! 5UNIDADE I Fibras Têxteis 1. INTRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS TÊXTEIS A moda faz parte da indústria têxtil que desenvolve tecidos para59UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos 3.1.2 Alvejamento A segunda classe de tratamento é o alvejamento e, segundo a ABNT (2012), o triângulo é o símbolo do alvejamento e compreende “os tratamentos com cloro ou substân- cias com poder do oxigênio, permitindo branquear ou tirar manchas específicas” (ABNT, 2012, p.41). O Quadro 2 ilustra os símbolos que podemos encontrar: QUADRO 2 – TIPOS DE ALVEJAMENTO Pode usar oxidantes Não usar alvejante Não usar alvejante de cloro Alvejamento somente com cloro Alvejamento somente com oxigênio Fonte: ABNT (2012, p.41). 3.1.3 Secagem A simbologia para a secagem a máquina ou manual é indicada pelo círculo e o quadrado respectivamente. Segundo a ABNT (2012, p.41), “as secagens a máquina são representadas com um ou dois pontos, indicando temperatura baixa ou alta, pode-se ainda proibir essa forma de secagem por causar encolhimento ou apresentar outras consequên- cias”. O Quadro 3 apresenta os tipos de símbolos que podemos encontrar: 60UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos QUADRO 3 – TIPOS DE SECAGEM Secagem em tambor Não secar em tambor Secagem em tambor suave a baixa temperatura Secagem em tambor muito suave em temperatura normal Secagem natural em varal Secagem por gotejamento Secagem na horizontal Secagem a sombra Não secar Não torcer Fonte: ABNT (2012, p.41). 61UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos 3.1.4 Passadoria A forma de passar também deve ser indicada na peça cujo deve ser considerada o tipo de fibra da peça e a temperatura que ela resiste sem danificar. Observem que os pontos dentro do ferro indicam a temperatura que a peça pode ser passada. O Quadro 4 apresenta as simbologias ligadas a passadoria. QUADRO 4 – TIPOS DE PASSADORIA Passar a ferro até 110ºC Passar a ferro até 150ºC Passar a ferro até 200ºC Passar a vapor Não passar a vapor Não passar Fonte: ABNT (2012, p.41). 3.1.5 Lavagem Profissional A lavagem profissional é a última classe do processo de manuseio e conservação das peças. Segundo a ABNT (2012, p.43), a lavagem profissional compreende “os proces- sos a serem seguidos quando se encaminha o produto têxtil a uma lavanderia profissional. Em que se pode proceder a limpeza com líquidos solventes ou simplesmente efetuar uma lavagem a úmido com os cuidados de um profissional da área de lavanderia”. Dessa forma, a Figura 10 apresenta os símbolos referentes a essa classe: 62UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos FIGURA 11 – TIPOS DE LAVAGEM PROFISSIONAL Fonte: ABNT (2012, p.45). 63UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos SAIBA MAIS A dissertação de mestrado de Costa (2003) com o título “Transformação do Não-tecido - uma abordagem do design têxtil em produtos de moda” apresenta todo o histórico dos não-tecidos e traça uma terminologia técnica deles. O texto se localiza nas páginas de 35 a 40 acessando o QR Code abaixo: Fonte: COSTA, M.I. Transformação do não tecido – uma abordagem do design têxtil em produtos de moda. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/ bitstream/handle/123456789/85664/PEPS3614.pdf?sequence=1&isAllowed=y Acesso em: 10 mai. 2022. https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/85664/PEPS3614.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/85664/PEPS3614.pdf?sequence=1&isAllowed=y 64UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos SAIBA MAIS O Guia de Normalização Poara a Confecção descreve todo o processo de etiquetagem e simbologia utilização para identificação dos artigos têxteis. O manual encontra-se no QR Code abaixo: Fonte: ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Normalização: Caminho da qualidade na con- fecção. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Rio de Janeiro: ABNT; SEBRAE, 2012. Disponível em: https://saya.com.br/wp-content/uploads/2017/08/guia-de-normalizac%CC%A7a%C- C%83o-para-confecc%CC%A7a%CC%83o.pdf Acesso em: 10 mai. 2022. REFLITA As etiquetas têm por objetivo orientar o consumidor e identificar o fabricante, portanto devem sempre conter todas as informações exigidas por Lei. Fonte: ABNT (2012). https://saya.com.br/wp-content/uploads/2017/08/guia-de-normalizac%CC%A7a%CC%83o-para-confecc%CC%A7a%CC%83o.pdf https://saya.com.br/wp-content/uploads/2017/08/guia-de-normalizac%CC%A7a%CC%83o-para-confecc%CC%A7a%CC%83o.pdf 65UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final de mais uma unidade! Tenho certeza de que você já não tem mais as mesmas ideias que tinha quando começou a estudar os conteúdos apresentados na nossa disciplina. E isso é muito bom! Só prova que você está se aprofundando no universo dos materiais têxteis e sendo lapidado para se tornar um excelente designer de moda, certo? E o que levamos de conhecimento da nossa terceira unidade? Que os tecidos de malha podem ser classificados em malha de trama e urdume, sendo a malha de urdume mais resistente graças ao entrelaçamento dos fios em diagonal. Além disso, os teares cir- culares e retilíneos apresentam diferentes disposições nos tipos de agulhas, sendo a malha retilínea um tecido aberto e a malha circular um tecido tubular. Vimos também que a diferença principal entre os tecidos e não-tecidos está no seu processo de formação, já que os não-tecidos podem se formar a partir da consolidação mecânica, térmica ou química o que garante que a fibras fiquem unidas a partir da prensa. Encerramos a nossa unidade com um tópico que apresenta as normas para a elaboração da etiqueta do produto e, além disso, vimos que existem classes para o tratamento de produtos que é representado a partir da simbologia de etiquetas desenvolvidas pelas ABNT. Uma coisa precisa ficar clara antes dessa unidade acabar: seus estudos não po- dem, e nem devem, para por aqui! Agora é sua vez procurar livros, revistas, pesquisar em sites e outras fontes, conhecimento sobre o universo têxtil para enriquecer seu repertório. Te vejo na próxima unidade! Abraço, Prof. Gabriel 66UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos LEITURA COMPLEMENTAR O artigo de Bruder (2008) intitulado de “A importância do trabalho artesanal na moda: a malharia retilínea e o tricô” apresentam o estudo e desenvolvimento de uma cole- ção de moda no processo de malharia retilínea. O artigo você confere no link a seguir: http://www.revistas.udesc.br/index.php/nupeart/article/viewFile/3057/2253 Fonte: BRUDER, C.R. A importância do trabalho artesanal na moda: a malharia retilínea e o tricô. Revista Nupeart, v.6, n.6, 2008. Disponível em: http://www.revistas.udesc.br/index.php/nupeart/article/ viewFile/3057/2253 Acesso em: 10 mai. 2022. http://www.revistas.udesc.br/index.php/nupeart/article/viewFile/3057/2253 http://www.revistas.udesc.br/index.php/nupeart/article/viewFile/3057/2253 http://www.revistas.udesc.br/index.php/nupeart/article/viewFile/3057/2253 67UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Malharia: confecção de tecidos de malha Autor: Juliana Sissons. Editora: Bookman. Sinopse: Malharia oferece uma apresentação prática e ilustrada dessa técnica de confecção. Começando com uma breve análise da malharia tradicional, este livro conduz o leitor por todo o pro- cesso de produção da malha – da pesquisa e desenvolvimento às técnicas de modelagem, construção e acabamento –, fornecendo inúmeras ideias criativas que possibilitam uma abordagem inde- pendente e experimental ao design. FILME / VÍDEO Título: Máquina de Malharia Circular Ano: 2017. Sinopse: O vídeo apresenta uma máquina de malharia circular e o seu processo de fabricação. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Yycp4ejCGqo FILME / VÍDEO Título: Máquina de Malharia Retilínea Ano: 2020. Sinopse: O vídeo apresenta uma máquina de malharia retilínea e o seu processo de fabricação. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=tG8OdmhoJAshttps://www.youtube.com/watch?v=Yycp4ejCGqo https://www.youtube.com/watch?v=tG8OdmhoJAs 68 Plano de Estudo: ● Beneficiamento Têxtil; ● Tingimentos e Lavagens; ● Estamparia: técnicas e processos. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar os tipos de beneficiamento têxtil; ● Compreender os diferentes tipos de tingimentos e lavagens; ● Analisar os processos e as técnicas de estamparia existentes. UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil Professor Me. Gabriel Coutinho Calvi 69UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil INTRODUÇÃO A quarta unidade da nossa disciplina de Projeto de Moda II vai fazer você mergulhar no universo no beneficiamento têxtil. E você já pode estar se perguntando, o que seria isso professor? O beneficiamento são os processos de preparação, tingimento, estampagem e acabamento utilizados para produção dos artigos têxteis. Enquanto escrevo nossa introdução, fico pensando no quão importante é para um designer conhecer sobre o beneficiamento para o desenvolvimento do processo criativo. Digo isso, pois imagine se você for contratado para ser designer de moda responsável pelo desenvolvimento dos jeans de uma determinada marca? É importante conhecer os tipos de lavagens do jeans para desenvolver sua coleção! Ou ainda, se você é designer de estampas, precisa conhecer os processos de estampagem para também desenvolver suas peças, certo? É por isso que nesta unidade você vai conhecer os tipos de beneficiamento que se dividem em beneficiamento primário, secundário e terciário. A partir dos exemplos que vamos analisar, conseguiremos distinguir as especificidades de cada um eles e, com isso, vamos aumentar nosso repertório de criação. Dessa forma, o primeiro tópico da nossa uni- dade procura apresentar o conceito dos tipos de beneficiamento, dando um maior enfoque nos beneficiamentos primários e terciários. Já o segundo e terceiro tópicos apresentam, respectivamente os processos de tingimentos, lavagens e estampagem dos artigos têxteis. A partir de todos esses conhecimentos, espero que você se sinta motivado para aprofundar suas pesquisas entre um tópico e outro, conhecendo um pouco mais sobre os beneficiamentos! Espero que goste dessa aventura! Bons estudos! 70UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil 1. BENEFICIAMENTO TÊXTIL O beneficiamento têxtil é responsável pelo acabamento, tingimento, tratamento e estamparia dos artigos têxteis. Juliano e Pacheco (2008) definem o beneficiamento como o conjunto de processos aplicados aos materiais têxteis com o objetivo de transformá-lo a partir do estado cru, alterando as características dos tecidos, como cor, brilho suavidade, estampa e impermeabilidade, entre outros. Em outras palavras, o beneficiamento: Acabamento propriamente dito: significa uma série de processos e tratamen- tos variados submetidos a um tecido que dessa forma, torna-se apto para receber, após a tecelagem, a tinturaria e a estampagem. Como o nome in- dica, é um processamento final com o objetivo de tornar o tecido adequado ao seu uso específico, além de eliminar possíveis defeitos. (CHATAIGNIER, 2006, p. 53). O objetivo do beneficiamento é aumentar o valor agregado ao produto. Eles podem ser divididos em beneficiamentos a) Físico e b) Químico. Os processos físicos são aqueles desenvolvidos a seco, nos quais não se utiliza nenhum líquido. Os processos químicos são os desenvolvidos a úmido, não quais são empregados os líquidos (PEZZOLO, 2013). Além disso, os beneficiamentos são divididos em primário, secundário e terciário, onde cada um deles apresentam processos diferentes. O Quadro 1 apresenta definições gerais de cada um deles: 71UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil QUADRO 1 – DEFINIÇÕES DE BENEFICIAMENTO Beneficiamento Primário É toda operação que consiste em preparar o substrato para receber coloração, ou seja, prepara o tecido para que seja possível efetuar o tingimento, a estamparia ou o acabamento final. Beneficiamento Secundário É a coloração que pode ser total (Tingimento) ou parcial (Estamparia). Beneficiamento Terciário É a operação que modifica para melhor, as características físico-químicas do substrato após o tingimento e/ou estamparia. Fonte: Juliano; Pacheco, (2008, p.5). Quando falarmos de beneficiamento primário estaremos falando das operações que preparam o material têxtil; quando falarmos de beneficiamento secundário, estaremos falando de tingimento ou estamparia e quando falarmos de beneficiamento terciário esta- mos falando de melhorias/finalização do material têxtil para que ele seja vestível. A partir dessas definições iniciais poderemos discutir sobre cada um deles. 1.1 Beneficiamento Primário Como já vimos anteriormente o beneficiamento primário é um dos primeiros pro- cessos realizados nos materiais têxteis, com o intuito de prepará-lo e/ou limpá-lo óleo e aditivos utilizados no processo de tecelagem ou malharia. Neste sentido, [...] colocar o tecido em condições de receber coloração parcial ou total e, consequentemente, o acabamento final. Para chegar nessas condições, os tecidos passam por diversos processos/ operações (chamuscagem, alveja- mento, desengomagem, mercerização, etc) para eliminar óleos, ceras, pig- mentos, marcações e sujeiras provenientes das etapas de fiação e tecela- gem. (FEAM, 2014, p. 22). Você pode estar se perguntando, mas quais são esses processos e o que eles provocam nos materiais têxteis? A resposta é que os processos de beneficiamento primário são; desengomagem, alvejamento, chamuscagem, navalhagem, purga, mercerização e sanforização. O Quadro 2 apresenta a definição de cada um deles: 72UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil QUADRO 2 – PROCESSOS DE BENEFICIAMENTO PRIMÁRIO Desengomagem Consiste na retirada da goma aplicada aos fios de urdume para o tecimento. Esse processo pode ser feito por meios químicos ou biológicos, permitindo que o tecido possa receber tintura. Alvejamento Consiste em um processo com o objetivo de retirar o tom amarelado ou marrom das fibras. Chamuscagem Realiza a queima dos fiapos (fibrilas) que se encontram na superfície do tecido. Esta queima é feita através de bicos de gás, onde os fios ou tecidos são passados pelas chamas. Esse processo é feito para deixar o tecido mais liso e utilizado em fibras naturais e artificiais, embora também possa ser utilizado em misturas com fibras sintéticas. Navalhagem Muitos tecidos ainda têm pequenas fibras e filamentos salientes em sua estrutura. Para eliminar essas saliências, é feito o processo de navalhagem com o intuito de deixar a superfície lisa, para receber a estampa. Purga Consiste num cozimento do tecido em máquina de tingimento com adição de pro- dutos químicos para a remoção das impurezas. Visa a limpeza de materiais têxteis compostos de fibras sintéticas ou de misturas delas com algodão ou viscose, des- de que não tenham sido engomadas previamente com amido. Mercerização Consiste no tratamento do tecido (principalmente algodão e linho) com solução de soda cáustica que causa uma reação que faz inchar a fibra, tornando sua seção transversal mais arredondada. Sanforização Acabamento empregado para evitar o encolhimento do substrato (tecido) na lava- gem doméstica. Fonte: Juliano; Pacheco (2008, p.8 - 22). 1.2 Beneficiamento Secundário O beneficiamento secundário está ligado ao tingimento e estamparia dos artigos têxteis e serão abordados amplamente nos tópicos 2 e 3 da nossa Unidade. 1.3 Beneficiamento Terciário O beneficiamento terciário está diz respeito ao acabamento que a peça irá receber. Em outras palavras, este beneficiamento é responsável por alterar a aparência do tecido para sua comercialização. Sobre beneficiamento terciário Juliano e Pacheco (2008, p.53) indicam: O acabamento final tem como objetivo proporcionar ao material têxtil as ca- racterísticas finais próprias para o mercado consumidor. Com o acabamento final conseguimos dar aotecido, características como: encorpamento, au- mento de rigidez, maior brilho, toque mais macio, impermeabilidade, resis- tência, repelência à sujeira, à água e ao fogo. Estas características são incor- poradas ao substrato têxtil de acordo com as necessidades exigidas pelo seu uso final. A forma de aplicação dependerá de fatores como: tipo de fibra, tipo de artigo (malha ou tecido plano), tipo de equipamento disponível e o tipo de acabamento que se pretende. 73UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil Assim como os beneficiamentos primário e secundário, o beneficiamento terciário também possui processos que contribuem para o acabamento final da peça, eles são: ca- landragem, pré-encolhimento, amaciamento, encorpamento, anti-ruga, impermeabilização, anti-chama e antimicrobiano. O Quadro 3 apresenta a definição de cada um deles: QUADRO 3 – PROCESSOS DE BENEFICIAMENTO TERCIÁRIO Calandragem Melhora o brilho e também o toque dos tecidos de algodão e misturas. As aplicações são em artigos de vestuário e roupas de cama, principalmente. Outros efeitos po- dem ser conseguidos em calandras com cilindro gravado, por exemplo, que podem formar listas ou desenhos em relevo no tecido. Pré-encolhimento Processo no qual é reproduzido no tecido uma nova memória dimensional. O seu objetivo é trazer para o tecido encolhimento necessário relativo à sua estrutura de fibras, garantindo que a medida que o tecido passe por outros processos de benefi- ciamento o seu encolhimento não ultrapasse de 2% Amaciamento É um processo químico onde substâncias amaciantes são aplicadas ao tecido com o objetivo de proporcionar maior maciez e melhor toque. Encorpamento Tem como objetivo dar mais rigidez ou mais corpo ao tecido. Pode ser com goma de amido, álcool polivinílico, etc. Suas aplicações são diversas: tapeçaria, forrações, vestuário, etc. Anti-ruga Têm a finalidade de diminuir a formação de rugas, amenizar o amarrotamento do te- cido, e muitas são as resinas utilizadas nesse processo. Por exemplo: uréia formol; ureia formol modificada; melamínica; reactantes; etc. Impermeabilização Aplicação de resinas que não permitem o tecido absorver água. Este acabamento permite a passagem do ar. Resinas destinadas a tornar o tecido impermeável, não permitindo a passagem da água, nem por ação mecânica Anti-chama Acabamento com finalidade de impedir a propagação de chamas. Aplicações: corti- nas, forrações, roupas de bebê, etc. Antimicrobiano Esse processo consiste na inserção de substância anti-mofo e anti-apodrecimento no tecido. Para a sua eficácia o método de aplicação deve ser constituído de impreg- nação e secagem, evitando o desenvolvimento de fungos. Fonte: Juliano; Pacheco (2008, p.53 - 55). Todos os processos descritos nos beneficiamentos proporcionam um maior conforto térmico, conforto ergonômico, toque, caimento, entre outros requisitos que só são possíveis graças a todos os processos visto em nosso primeiro tópico. E não para por ai! O tópico 2 e 3 apresentam, vai apresentar a estamparia e o tingimento. 74UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil 2. TINGIMENTOS E LAVAGENS O primeiro beneficiamento secundário que veremos é o tingimento. Por tingimento entende-se o processo de coloração dos materiais têxteis de forma homogênea, mediante a aplicação de corantes (PEZZOLO, 2013). Em outras palavras, o tingimento é “uma opera- ção que envolve tecnologias cada vez mais avançadas, graças ao surgimento dos corantes sintéticos e os avanços da química” (JULIANO; PACHECO, 2008, p.61). Para que o tingimento se efetive da forma adequada deve-se levar em conta os seguintes fatores: a) Material a tingir b) Corantes c) Água d) Produtos auxiliares e) Máquinas f) Fatores humanos g) Fatores econômicos Além disso, o processo de tingimento envolve algumas etapas que garantem a uniformidade ou efetividade da aplicação do corante. Segundo Juliano e Pacheco (2008) essas etapas são: 75UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil I. Montagem: é a etapa em que o corante adere à fibra. II. Fixação: é a etapa em que o corante montado na fibra se fixa à mesma com o objetivo de tornar o material resistente aos agentes de desgaste. III. Tratamento Final: é a etapa em que a parcela de corante que não foi fixada é eli- minada e, segundo Juliano e Pacheco (2008) pode ser feito de três maneiras; a) lavagem, b) ensaboamento e c) enxágue. a) Lavagem: um banho retira o excesso de cor antes não fixado. b) Ensaboamento: um banho quente com detergente elimina o corante não fixado. c) Enxágue: Banhos correntes para eliminar o corante não fixado e o detergente usado no ensaboamento. Existem, existem três tipos de tingimento: a) tingimento em fibra; b) tingimento em fio e c) tingimento em tecido. O tingimento em fibra ou fio garante que a peça apresente cor uniforme ao longo de todo o tecido, sem falhas na pigmentação. Já o tingimento em tecido acontece depois do processo de tecelagem e devido ao entrelaçamento dos fios o tingimento pode não apresentar uniformidade, possuindo falhas no lado direito e/ou no lado avesso da peça (CHATAIGNIER, 2006). 2.1 Corantes Corantes são substâncias existentes na natureza ou obtidas quimicamente que se aplicam aos diversos materiais têxteis com a finalidade de modificar a sua cor original. Não há um tipo de corante que tinja todas as fibras existentes, assim como não há uma fibra que possa ser tingida por todos os corantes conhecidos (PEZZOLO, 2013). Os corantes se dividem em naturais e sintéticos Dentre os corantes naturais, os corantes vegetais são os mais utilizados devido à ampla diversidade que são encontrados na natureza. A grande vantagem do uso de corantes vegetais resulta do fato de não serem tóxicos e não poluírem o meio ambiente. “O tingimento com corantes vegetais é relativamente simples, mas fixar as cores exige conhecimentos químicos, físicos e botânicos” (CARLI; ROSS; PASQUALINI, 2017, p.4) Já os corantes sintéticos são obtidos a partir dos derivados do petróleo e do carvão mineral. Podem ser encontrados sob a forma de pó, pastas ou líquidos e devem ser guar- dados com o máximo de vedação para evitar contaminação. 76UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil 2.2 Lavagens Ao falar de tingimento também precisamos falar do processo de lavagem que tem como propósito mudar a aparência visual e o toque da peça. As lavagens são feitas em lavanderias industriais com maquinários específicos [...] essas lavanderias industriais, que se encaixam na parte final do processo produtivo de empresas de confecção e de vestuário, vêm atuando para pos- sibilitar a melhoria na qualidade e gerar efeitos diferenciados nas peças con- feccionadas, os quais não são possíveis de se obter na produção do tecido plano. (FEAM, 2014, p. 24). Geralmente as lavagens são feitas em artigos confeccionados em jeans como calças, jaquetas, saias, macacões, vestidos, entre outros. Além disso, esse processo en- volve não apenas a lavagem, como também, a secagem. Sobre o processo de lavagem e secagem que é distinguido por Feam (2014, p.25): a) Lavagem: a lavagem consiste no processo de limpeza que utiliza água jun- tamente com produtos de higienização da linha líquida, proporcionando um tratamento mais adequado para cada um dos diferentes tipos de artigos têxteis que, conforme as características de seus tecidos e acabamentos, devem ser lavadas apenas por meio desse processo. Também pode ser feita manualmen- te no caso de artigos finos e delicados ou com a associação de processos manuais e automatizados de acordo com a especificação das peças. b) Secagem: é a operação de remoção da umidade (água) das roupas. A água é removida mecanicamente por meio de centrífugas e/ou por vaporização tér- mica por meio das secadoras. A partir do que foi descrito por Feam (2014), podemos apresentar os diversos tipos de lavagens e os processos que possibilitam que o jeans tenha acabamentos diferentes. SegundoPereira (2009, p.99) “a primeira técnica usada foi a Stone wash, que tem este nome por usar pedra sem seu processo de lavagem. Esta técnica reproduziu o envelheci- mento obtido através da lavagem caseira”. Outros tipos de lavagens surgiram após esse marco na lavagem. O Quadro apresenta outros tipos: QUADRO 4 – TIPOS DE LAVAGENS Stone washed Utiliza máquinas de lavar com tambores rotativos cheios de pedras, por um tempo determinado; essas pedras entram em atrito com as peças, desgastando a fibra e gerando o desbote do azul. O desgaste torna o produto mais flexível e maleável. Acid wash Consiste em se bater pedras pomes com cloro e usar esse poder abrasivo para al- vejar o jeans em contrastes acentuados (nítidos). Também conhecido como moon, fog, marble, ice e frosted. Lixado abrasão com lixa em determinadas áreas Destroyed Aspecto de lavagem que da aparência de destruído. Lavagem parecida com a es- tonagem, porém utiliza mais enzimas que corroem a fibra levemente, deixando um aspecto meio “destruído”. justificando assim a palavra destroyed, que no Inglês significa “destruído”. Pré-washed lavagem realizada com a finalidade de amaciar o tecido por meio de enzimas ama- ciantes ou silicone. Second Hand lavagem realizadas com pedras que proporcionam aspecto de roupa usada na peça, como se fosse de brechó. Fonte: Pereira (2009, p.99). 77UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil As Figuras de 1 a 4 a seguir, apresenta o efeito de cada uma das lavagens apre- sentadas no Quadro 4. FIGURA 1 – CALÇA JEANS LAVAGEM STONE WASHED Fonte: ARQUIVO: Jeans for men, Wikimedia, 2010. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jeans_for_men.jpg Acesso em: 10 mai. 2022. FIGURA 2 – CALÇA JEANS LAVAGEM ACID WASH https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jeans_for_men.jpg 78UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil FIGURA 3 – JAQUETA JEANS COM EFEITO LIXADO FIGURA 4 – CALÇA JEANS DESTROYED Para firmar seu entendimento dos processos de lavagem, o Quadro 5 apresenta vídeos com os processos de lavagem do jeans. 79UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil QUADRO 5 – VÍDEOS DOS PROCESSOS DE LAVAGEM DO JEANS Vídeo Stone Washed https://www.youtube.com/watch?v=n4bHsU1Oeyg Vídeo Acid Wash https://www.youtube.com/watch?v=HlIrkPVaRTs Vídeo Lixado https://www.youtube.com/watch?v=d4qT7OD0Az4 Destroyed https://www.youtube.com/watch?v=eFer682xuc0 Fonte: Pereira (2009, p.99). Existem outros tipos de lavagens em jeans na indústria têxtil e, cada uma, com uma técnica específica. O mais importante é saber que tingimento é diferente de lavagem e cada um deles podem apresentar processos específicos para obter-se o resultado final. https://www.youtube.com/watch?v=n4bHsU1Oeyg https://www.youtube.com/watch?v=HlIrkPVaRTs https://www.youtube.com/watch?v=d4qT7OD0Az4 https://www.youtube.com/watch?v=eFer682xuc0 80UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil 3. ESTAMPARIA: TÉCNICAS E PROCESSOS A estamparia é o beneficiamento têxtil que tem por finalidade imprimir desenhos coloridos nos tecidos. Existem diversas técnicas específicas para estampas e tipos de estamparia. Além disso, a estamparia também pode ser chamada de design de superfície. Mas, de fato, o que é estamparia? [...] estampar ou imprimir designa de maneira genérica diferentes procedi- mentos que têm como finalidade produzir desenhos coloridos – e brancos ou monocromáticos – na superfície de um tecido, como se fosse uma pintura lo- calizada que se repete ao longo da metragem da peça e aplicada no seu lado conhecido como lado direito. Essas figuras podem ou não possuir contornos, variantes que estão intimamente ligadas aos modismos e tendências de cada época (CHATAIGNIER, 2006, p. 82). Em relação a história da estamparia, sabe-se que a primeira técnica foi por ca- rimbos – ou blocos – e no século XIV passou-se a utilizar blocos feitos de madeira para a impressão das estampas em países como França, Itália e Alemanha. Após esse período, por volta do século XVIII outras técnicas foram sendo desenvolvidas como a estamparia por cilindros de cobre. Após a evolução do maquinário e, nos séculos seguintes, a estamparia recebeu status de singularização das demais classes, devido a sua técnica ter preço ele- vado (CHATAIGNIER; 2006). A técnica de estamparia pode acontecer de duas formas a) Estampa localizada que consiste na estampagem sobre um substrato têxtil, com corantes ou pigmentos, dentro de um padrão dimensional prescrito; b) Estampagem por cobertura: Quando se estampa grandes áreas de tal modo que se veja pouco ou nada do fundo original (PEZOLLO, 2006). As Figura 5 e 6 ilustram as duas formas de estampar: 81UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil FIGURA 5 – ESTAMPA LOCALIZADA FIGURA 6 – ESTAMPA POR COBERTURA Compreendendo as formas de estampagem existentes, podemos observar os padrões de estampas mais encontrados na industrial de confecção, eles são: floral, geo- métrico, figurativos, toile de joy e étnicos. Veremos as características de cada um deles a partir de agora: 82UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil a) Estampa Floral A estampa floral está entre as mais utilizadas no mundo da moda. Segundo Lanaro (2013, p.24) “é um tipo de padrão que pode variar de cultura para cultura. Um exemplo são os florais liberty, muito utilizados na Inglaterra”. O floral liberty apresenta flores pequenas e delicadas. FIGURA 7 – VESTIDO COM ESTAMPA FLORAL FIGURA 8 – VESTIDO COM ESTAMPA FLORAL LIBERTY b) Estampa Geométrica O círculo ou poá (bolinhas) é o mais popular motivo impresso em estamparia têxtil sendo amplamente utilizado tanto em tecidos para moda como para design de interiores (LANARO, 2013). Além dessas formas geométricas, também podemos ver quadrados, retângulos, linhas etc. 83UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil FIGURA 9 – VESTIDO COM ESTAMPA GEOMÉTRICA c) Estampas Figurativas Alguns padrões figurativos se mantêm no universo da moda, de diversas maneiras das mais recentes estampas tropicais aos padrões denominados animals print que se utili- zam de animais como onça, cobra, zebra, girafa, entre outras. FIGURA 10 – BLAZER COM ESTAMPA ANIMAL PRINT d) Estampa Toile de Joy São padrões que representam a vida cotidiana, originalmente possuem o fundo claro (branco ou off-white) e são desenhados em apenas uma cor, sendo as mais utilizadas o amarelo, vermelho, preto, verde e azul. São complexos e ricos em detalhes e em geral apresentam uma grande repetição, a fim de permitir o olho de focar o detalhamento e história sendo contada no padrão (LANARO, 2013). 84UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil FIGURA 11 – ESTAMPA TOILE DE JOY Fonte: CHITA tecido. Wikipedia, 2022. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Chita_(tecido)#/media/Ficheiro:Toile.jpg Acesso em: 25 jun. 2022. e) Estampa Étnica Estão relacionados a uma certa cultura ou país de sua origem. Tradicionalmente, esses projetos foram muitas vezes criados por sua importância cultural ou simbolismo e celebram algum aspecto da cultura e da história (LANARO, 2013). FIGURA 12 – TURBANTES COM ESTAMPAS ÉTNICAS Após estudarmos os padrões de estampas, podemos dizer que existem alguns processos para que a estamparia seja fixada no tecido. Esses processos vão desde os ma- nuais como a serigrafia até a estamparia por rolo. O Quadro 6 apresenta as características de cada um dos processos de estamparia. 85UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil QUADRO 6 – CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE ESTAMPARIA Estampagem a Quadro Manual (SERIGRAFIA) O quadro é composto por uma tela coberta por verniz, a exceção das partes correspondentes ao desenho. A pasta de estampar é forçada a passar para o tecido que fica fixo, e o quadro é movi- mentado por dois operadores com o auxílio de uma racla. Estampagem a Quadro Automático O quadro utilizado é idêntico ao Quadro Manual, se diferencian- do apenas por levantar automaticamente quando o tecidose mo- vimenta. Estampagem a Transfer (SILK) Utiliza um papel especial contendo a estampa como substra- to para transferir a cor ao tecido. O papel é, então, posiciona- do contra o tecido e submetido à pressão e calor, permitindo a transferência da estampa para o tecido via sublimação. Estampagem a Quadro Rotativo Este quadro é cilíndrico e gira em torno de seu eixo quando o tecido se movimenta. Estampagem a Rolo (CILINDRO GRAVADO) Técnica industrial mais comumente utilizada baseia- -se na gra- vação em baixo relevo de cilindros de aço, sendo que a pasta de estampar a ser transferida para o tecido é depositada nos orifícios do cilindro. Fonte: FEAM (2014, p. 23). Para ilustrar cada um dos processos descritos no Quadro 5, apresentamos as Figuras para que você, caro(a) aluno(a) possa distinguir cada maquinário utilizado. FIGURA 13 – ESTAMPARIA QUADRO MANUAL 86UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil FIGURA 14 – ESTAMPARIA QUADRO AUTOMÁTICO FIGURA 15 – ESTAMPARIA A TRANSFER (SILK) FIGURA 16 – ESTAMPARIA QUADRO ROTATIVO 87UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil FIGURA 17 – ESTAMPARIA POR ROLO (CILINDRO GRAVADO) Fonte: LOURENÇO, R. Estamparia cilindro x estamparia digital. Estampa+, 2013. Disponível em: https://estampamais.files.wordpress.com/2013/05/dsc042381.jpg Acesso em: 20 mai. 2022. Os processos de estampagem podem ser verificados nos vídeos indicados no Quadro 7: QUADRO 7 – VÍDEOS DOS PROCESSOS DE ESTAMPAGEM Vídeo Estampagem a Quadro Manual (SERIGRAFIA) https://www.youtube.com/watch?v=PNGMnUl8pVc Vídeo Estampagem a Quadro Automático https://www.youtube.com/watch?v=K-4t1qB_KKQ Vídeo Estampagem a Transfer (SILK) https://www.youtube.com/watch?v=U8gCbvqjBPw&t=67s Vídeo Estampagem a Quadro Rotativo https://www.youtube.com/watch?v=y6jCNfNquUc Vídeo Estampagem a Rolo (CILINDRO GRAVADO) https://www.youtube.com/watch?v=X7-S2ezbZU8 Fonte: O autor (2022). https://estampamais.files.wordpress.com/2013/05/dsc042381.jpg https://www.youtube.com/watch?v=PNGMnUl8pVc https://www.youtube.com/watch?v=K-4t1qB_KKQ https://www.youtube.com/watch?v=U8gCbvqjBPw&t=67s https://www.youtube.com/watch?v=y6jCNfNquUc https://www.youtube.com/watch?v=X7-S2ezbZU8 88UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil Todos esses processos de estampagem são usados para necessidades específicas das empresas quem calculam o volume de demanda e entrega para o mercado de moda. A máquina de estampar por quadro automático, por exemplo, estampa mais rápido que a máquina de quadro manual. Dessa forma, cabe a empresa decidir como quer trabalhar. SAIBA MAIS A arte têxtil e o tingimento com plantas, duas expressões artística complementares, pos- suem elementos cuja beleza única não pode ser comparada aos produtos químicos e in- dustriais. Tingir com corantes vegetais é relativamente simples, mas fixar as cores exige um profundo domínio de alguns princípios químicos, físicos, matemáticos e botânicos. Procurar e coletar ervas, retirar líquens de rochas, cercas e árvores, reciclar resíduos do beneficiamento de madeiras são atividades lúdicas ligadas a um processo criativo. Fonte: Carli; Ross; Pasqualini (2017, p.6). REFLITA Toda roupa precisa apresentar a etiqueta técnica do produto a fim de identificar o fabri- cante e orientar o consumidor sobre as formas de uso. A presença da etiqueta é obri- gatória e protegida por lei, sendo passível de multa as empresas que não respeitarem essa normativa. Fonte: O autor (2022). 89UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final da nossa quarta e última unidade! E aí, o que você achou da nossa trilha de aprendizagem até aqui? Enquanto eu escrevo nossas considerações finais fico pensando nas possibilidades que você terá para continuar seus estudos e descobrir o quão importante conhecer os tipos de beneficiamento dos artigos têxteis para o desenvol- vimento de seu trabalho como futuro(a) designer! Isso quer dizer que seus estudos não param por aqui! Nossa apostila serve para te dar a base para conhecer sobre os beneficiamentos e ir em busca de mais estudos. Bons profissionais são para sempre estudantes, estão constantemente se aperfeiçoando e indo em busca de inovação! Portanto, aproveite tudo que aprendeu aqui essa unidade e procure por mais conhecimento, amplie seu repertório cultural e criativo e isso irá impactar na criação de seus produtos, ok? Nos vemos em uma outra oportunidade! Até breve ;) 90UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil LEITURA COMPLEMENTAR LEITURA COMPLEMENTAR 1 A apostila do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) intitulada: Estamparia e Beneficiamento Têxtil apresenta de forma aplicada todo o processo que estudamos no decorrer da nossa unidade aprofundando temas importantes sobre o assunto. Fonte: JULIANO, L. N; PACHECO, S. M. V. Estamparia e Beneficiamento Têxtil. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, Unidade Araranguá – CEFET SC. Disponível em: https://wiki.ifsc.edu.br/ mediawiki/images/3/30/Apostila_Estamparia_edicao_1_revisada.pdf . Acesso em: 10 mai. 2022. LEITURA COMPLEMENTAR 2 A dissertação de Janaína Lanaro sobre estampas é um excelente material comple- mentar para conhecer sobre a história das estampas e aprofundar no tema abordado em nossa Unidade. Recomenda-se ler o capítulo 2 da dissertação das páginas 15 a 47. Fonte: LANARO, J. T. A Estampa como meio de diferenciação e comunicação da cultura brasileira. 2013. 138 f. Dissertação (Mestrado em Design e Comunicação de Moda). Programa de Pós-Graduação Stric- to Sensu em Design e Comunicação de Moda, Universidade do Minho, Portugal, 2013. Disponível em: https:// repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/27584/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o_Janaina%20Thais%20 Lanaro_2013.pdf Acesso em: 20 mai. 2022. https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/3/30/Apostila_Estamparia_edicao_1_revisada.pdf https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/3/30/Apostila_Estamparia_edicao_1_revisada.pdf https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/27584/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o_Janaina%20Thais%20Lanaro_2013.pdf https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/27584/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o_Janaina%20Thais%20Lanaro_2013.pdf https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/27584/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o_Janaina%20Thais%20Lanaro_2013.pdf 91UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtil MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Tecidos: História, tramas tipos e usos Autor: Dinah Bueno Pezzolo. Editora: SENAC. Sinopse: Esse livro é uma pesquisa histórica bem costurada que mostra toda a evolução da principal matéria-prima da vestimenta, dos primitivos tramados feitos manualmente de galhos e folhas aos mais avançados métodos de tecelagem; das fibras naturais aos fios inteligentes dos tecidos tecnológicos; das primeiras téc- nicas de tingimento às mais modernas formas de coloração; das estampas em voga nos séculos passados às tendências mostra- das pelos estilistas de hoje em dia. Imagens belíssimas arrematam essa publicação. FILME / VÍDEO 01 Título: A produção do jeans da Colcci Ano: 2015. Sinopse: Conhecido pela sua qualidade o vídeo apresenta os tipos de lavagens realizados no jeans da Colcci. Das lavagens simples até as mais elaboradas, acesse o link a seguir e confira! Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=A8PlWvGyhWg FILME / VÍDEO 02 Título: Estamparia digital: como funciona a máquina de estampar? Ano: 2017. Sinopse: A estamparia digital é uma das técnicas mais modernas que existem! Além de conferir alta qualidade aos tecidos em seu processo ela é, também, mais eficiente. O vídeo abaixo apresenta como funciona a máquina de estamparia digital. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=IE3BBvJyLmY https://www.youtube.com/watch?v=A8PlWvGyhWg https://www.youtube.com/watch?v=IE3BBvJyLmY 92 REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Normalização: Caminho da qualidade na confecção. Serviço Brasileirode Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Rio de Janeiro: ABNT; SEBRAE, 2012. Disponível em: https://saya.com.br/wp-content/uploads/2017/08/ guia-de-normalizac%CC%A7a%CC%83o-para-confecc%CC%A7a%CC%83o.pdf Acesso em: 10 mai. 2022. CARLI, A. M.; ROSS, G. E.; PASQUALINI, C. P. Sustentabilidade em projetos acadêmicos de moda. Anais... In: 13º Colóquio de Moda, Bauru, SP, 2017. Disponível em: http://www. coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202017/CO/co_8/co_8_Sus- tentabilidade_em_projetos_academicos.pdf Acesso em 15 mai. 2022. CASSEL, G.P; KINDLEIN, W.J; CHYTRY, S; KUNZLER, L.S.Q. Revisão das Principais Propriedades das Fibras Têxteis e Compilação de Inovações Geradas Devido ao Uso de Novos Materiais no Design de Moda. Congresso Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento, 2002. CHATAIGNIER, G. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras, 2006. FEAM. Guia técnico ambiental da indústria têxtil, 2014. Disponível em: http://www.feam. br/images/stories/producao_sustentavel/GUIAS_TECNICOS_AMBIENTAIS/guia_textil.pdf Acesso em 15 mai. 2022. INMETRO. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Portaria INMETRO 118 de 11 de março de 2021. https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-inmetro-n-118-de- -11-de-marco-de-2021-309644935 acesso em: 07 abr.2022 JULIANO, L. N.; PACHECO, S. M. V. Estamparia e Beneficiamento Têxtil. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Unidade de Araranguá, 2008. KUASNE, Â. Fibras têxteis. Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina: Unidade de Araranguá, 2008. Disponível em: https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/8/88/ Apostila_fi- bras.pdf acesso em: 07 abr.2022 LANARO, J. T. A. Estampa como meio de diferenciação e comunicação da cultura brasilei- ra. 2013. 138 f. Dissertação (Mestrado em Design e Comunicação de Moda). Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Design e Comunicação de Moda, Universidade do Minho, Portugal, 2013. 93 LANGE, C.R. L. Tecidos inteligentes. Órgão de divulgação científica e cultura da ASSELVI. v.3, n.11, p.23-25, 2005. PEREIRA, G. S. Materiais e processos têxteis. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Unidade de Araranguá, 2009. PEREIRA, G.S. Materiais e processos têxteis. Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina: Unidade de Araranguá́, 2009. Disponível em: https://wiki.ifsc.edu.br/ mediawiki/images/temp/0/07/20090218180450!MPTEX6.pdf acesso em: 07 abr.2022 PEZZOLO, D.B. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Senac São Paulo, 2013. SISSONS, J. Malharia. Porto Alegre. Bookman, 2012. STEIN, V. Índice de proporcionalidade de cobertura: um fator para previsibilidade das características da qualidade nos tecidos de malha. Universidade Tecnológica Federal do Paraná́: Campus Curitiba. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais – PPGEM. Curitiba, 2013. UDALE, J. Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o design de moda. 2. ed. Porto Alegre. Bookman, 2015. 94 CONCLUSÃO GERAL O processo de aprendizagem nunca se encerra! Estamos em constante construção! Chegamos ao final do nosso material de Projeto de Moda II. Espero que você tenha apren- dido os principais conceitos debatidos aqui sobre esse universo necessários e encantador de criação e desenvolvimento dos artigos têxteis. Lembre-se que enquanto futuro designer, você terá como missão utilizar do seu entendimento sobre as fibras têxteis que constituem os tecidos planos, de malha e não tecidos, vistos nas Unidades I, II e III, para o desenvolvimento das peças e coleções que irá desenvolver. Dessa forma, podemos dizer que para um designer de moda adquirir essa expertise na hora de criar coleções é preciso desenvolver um repertório técnico sobre os artigos têxteis através de pesquisas e na busca constante de referências que contribuirão em seu processo criativo. Verificamos nas Unidades IV a relevância dos beneficiamentos primário, secundário e terciário para preparar tecidos além de melhorá-lo através do tingimento, lavagem e/ou estampagem e acabamento final. Dessa forma, compreendemos novamente a relevância do conhecimento técnico para o desenvolvimento criativo para sua atuação na indústria da moda. Desejo a você caro(a) aluno(a) sucesso em sua jornada de conhecimento! Não pare de se atualizar! Os profissionais de destaque estão em constante processo de construção! Sucesso! Prof. Gabriel Calvi +55 (44) 3045 9898 Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR www.unifatecie.edu.br UNIDADE I Fibras Têxteis UNIDADE II Características dos Tecidos UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos UNIDADE IV Estamparia e Beneficiamento Têxtilcriação do ves- tuário como, também, para a criação de artigos para diversos setores como decoração, automobilístico, hospitalar, entre outros. Cada tecido possui uma especificidade diferente para atender critérios de conforto térmico, ergonomia, caimento, proteção etc. Dessa forma, cada tecido é composto por fibras que adotam diferentes estruturas. Ao compreender a relevância dos artigos têxteis, iniciamos nossas discussões com o propósito de desvendar as classificações e especificidades de cada um desses artigos que são compostos de fibras têxteis ou de estruturas que se utilizam de não-tecidos. Res- salta-se que por artigos têxteis entendemos tudo aquilo que é feito através das fibras sejam elas de origem natural ou química, e que se transformará em tecidos. Todos os tecidos são constituídos de fibras que podem provir de diferentes origens. Mas, o que são fibras têxteis? Segundo a Portaria do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO, 2021), Fibra têxtil ou filamento têxtil “é toda matéria natural, de origem vegetal, animal ou mineral, assim como toda matéria artificial ou sin- tética que, por sua alta relação entre seu comprimento e seu diâmetro, e ainda, por suas características de flexibilidade, suavidade, elasticidade, resistência, tenacidade e finura” (INMETRO, 2021, p.2). Além desse conceito técnico, Cassel et al. (2002, p.1) explicita o conceito de fibras têxteis. 6UNIDADE I Fibras Têxteis Fibras têxteis são materiais filamentosos o que permite sua transformação em fios, e, portanto, em tecidos. São caracterizados por sua flexibilidade e finura, possuindo um comprimento muito maior que sua espessura, o que resulta num produto que pode ser enrolado e desenrolado de forma organiza- da. (CASSEL et al., 2002, p.1). Independente da composição do material a ser transformado em produto têxtil, as fibras, sofrem estímulos físicos, biológicos e químicos, adquirem características específicas quanto ao comprimento e alongamento, e à finura, elasticidade, morfologia, resistência e tenacidade (SISSONS, 2012). O Quadro 1 apresenta as características das fibras têxteis: QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS DA FIBRAS TÊXTEIS CARACTERÍSTICAS DAS FIBRAS Comprimento É a característica mais comum, e sua importância está ligada à qualidade do produto no caso das fibras naturais. Ou seja, quanto maior o comprimento da fibra, maior sua qualidade. Finura Está relacionada com o diâmetro ou espessura e influencia dire- tamente na qualidade e na aparência dos produtos. A finura e es- pessura da fibra está ligada as condições climáticas. Fibras finas demais e/ou quebradiças indicam que o clima no tempo do plantio não foi favorável. Morfologia Se caracteriza pela forma, estrutura e aparência das fibras. E sua análise pode ser feita no sentido do comprimento. Resistência Se caracteriza pela dificuldade que uma fibra apresenta antes de se romper. Quanto maior a resistência da fibra, maior a sua qua- lidade. Alongamento Quando a fibra sofre uma força longitudinal, deformando-a até o momento da ruptura. Lustro É o brilho natural da fibra. A forma da fibra também influencia no brilho. Resiliência É a capacidade que a fibra tem de amassar e voltar ao seu estado normal. Fonte: Adaptado de Cassel et al. (2012). A partir das características das fibras expressas no Quadro 1, podemos apresentar as classificações das Fibras que será o objeto de estudo dos próximos tópicos da nossa primeira Unidade. Dessa forma, o Quadro 2 explicita as classificações: 7UNIDADE I Fibras Têxteis QUADRO 2 – CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS NATURAIS FIBRAS NATURAIS ANIMAIS Lãs e Pelos Angorá Cashemira Coelho Lã de Ovelha Cabra Secreção Seda Cultivada Seda Silvestre MINERAIS Amianto Crisotila Crocidolita VEGETAIS Caules Cânhamo Juta Linho Ramí Folhas Sisal Tucum Frutos e Sementes Algodão Coco Fonte: Kuasne (2008, p.9) Cada uma das fibras apresentadas será discutida nos próximos tópicos de forma que permita seu entendimento na hora de realizar a criação de artigos de moda já que cada uma dessa fibras se tornam tecidos e, muitos deles, são utilizados para estações e/ou áreas específicas da indústria da moda. 8UNIDADE I Fibras Têxteis 2. FIBRAS VEGETAIS As fibras naturais são aquelas encontradas na natureza e podem vir de três origens distintas, animais, vegetais e minerais. Elas possuem estrutura química semelhante, com particularidades na forma da criação, plantio ou reprodução tornando-se em diferentes tipos de artigos têxteis (PEREIRA, 2009). Neste tópico estudaremos as fibras vegetais que se dividem em caules, folhas, frutos e sementes. 2.1 Fibras Vegetais Provenientes de Caules As fibras vegetais provenientes de caules apresentam como característica mais comum seu brilho elevando e seu alongamento, ou seja, fibras de caules são mais longas (KUASNE, 2008). Linho, juta, cânhamo e ramí são as mais comuns na indústria têxtil e do vestuário como um todo. 2.2.1 O Linho FIGURA 1 – FIBRAS DE LINHO DE LINHO 9UNIDADE I Fibras Têxteis O linho é obtido de fibras do caule que são produzidas em regiões temperadas e subtropicais do nosso planeta. O linho apresenta um aspecto brilhoso ao se retirar as ceras e outros materiais. Além disso, O linho é uma das fibras e dos tecidos mais antigos. Ao serem fiadas (processo de transformação da fibra em fio), resultam em tecidos finos e delicados, rendas e até cordas grosseiras (CHATAIGNIER, 2006). Entre características do linho segundo Pereira (2009) as principais são: a) Capacidade de absorção da umidade; b) Baixa elasticidade; c) Baixa resiliência resultando em um aspecto amassado; d) Toque agradável No campo do vestuário o tecido de linho pode ser utilizado para criação de roupas como; ternos, calças, shorts, vestidos, lenços, saias, blusas, camisolas entre outros. Na Figura que abre nosso tópico, podemos observar as flores seca do linho e, ao lado, as fibras e tecidos depois do processo de secagem. 2.1.2 A Juta FIGURA 2 – COLHEITA DE JUTA A juta é composta por feixes de fibras que são tirados da casca da planta. Sua aparência é similar ao linho; elas apresentam ainda baixa tensão e elasticidade, sendo ideal para a produção de sacos (PEREIRA, 2009). Outras características da juta são: a) Resistente e durável; b) Solidez à luz solar. c) Ecologicamente correto d) Boa capacidade absorvente. 10UNIDADE I Fibras Têxteis A juta é utilizada no ensacamento de café, batata, arroz, entre outros alimentos, devido ao seu poder de controlar a umidade desses produtos. Outros empregos são para artigos de cordoaria, tecidos para revestimentos, cintas, tapetes etc. Na Figura que abre nosso tópico podemos verificar as fibras de juta sendo organizadas depois de serem colhi- das e tratadas. 2.1.3 O Cânhamo FIGURA 3 - O CÂNHAMO O cânhamo é da mesma família da cannabis, se diferenciado por não ter proprieda- des psicoativas, e sendo a planta alta e esguia sem muitas ramificações laterais. Pezzolo (2013, p.123) conceitua o cânhamo como uma “Planta herbácea cultivada pelo seu caule que fornece a fibra têxtil. Os métodos de extração da fibra são semelhantes aos do linho, embora mais rústicas possuem propriedades comparáveis às do linho”. Entre suas princi- pais características estão: a) Fibra Forte e Durável b) Fibra Brilhosa c) Absorvente d) Excelente isolante térmico A utilização do cânhamo se aplica em diversas áreas da moda e fora dela como; tecidos finos, cortinas, cordas, redes de pesca e, também, misturando-se com outras fibras. 11UNIDADE I Fibras Têxteis 2.1.4 O Rami FIGURA 4 - FOLHA DE RAMI O Rami é outra fibra extraída de caule, assim como o linho e a juta, com a diferença que a produção vem em maior quantidade. Sobre o Rami Kuasne (2008, p.28) relata: O rami é uma planta perene, isto é, de cultura permanente, que pode produ- zir, sem renovação, por cerca de 20 anos. A planta apresenta uma cepa de onde partem as hastes que podematingir, em terrenos apropriados, entre 2 e 3 metros de altura. Permite, em média, 3 a 4 cortes por ano. (KUASNE, 2008, p.28). A partir das especificidades do rami, é possível apresentar suas principais características: a) As fibras são resistentes b) Baixa elasticidade c) Brilho d) Grande capacidade absorvente e) Conforto térmico A utilização do rami pode ser observada em artigo de decoração e na indústria do vestuário na fabricação cordas, barbantes, linhas de costura e indústria de calçados (PEREIRA, 2009). 12UNIDADE I Fibras Têxteis 2.2 Fibras Vegetais Provenientes de Folhas FIGURA 5 – FIBRAS VEGETAIS Entre as fibras produzidas a partir de folhas o sisal é a mais conhecida. Suas fi- bras são obtidas de feixes das folhas que tem sua origem no México assim como ilustra a imagem do nosso tópico 2.2. Quando suas folhas atingem o comprimento de 140cm estão aptas para serem transformadas em fios (PEZZOLO, 2013). O comprimento varia entre 60 e 160 cm. Apresentam excelente resistência à ruptura e ao alongamento, além de notável resistência à água. É usada notadamente em cordoalha, solados de alpargatas, indústria de colchões de molas, sacolas, sandálias, cestos, escovas. (KUASNE, 2008, p. 28). Dentre as características mais notáveis do sisal destacam-se: a) Resistente ao calor. b) Biodegradável. c) Resistência a água salgada. Quanto a utilização do sisal para fabricação de produtos, observamos sua aplicação para a criação de artesanato, na indústria automobilística, fabricação de barco, hélice de helicóptero, molas de colchões, alpargatas entre outras (PEREIRA, 2009). 13UNIDADE I Fibras Têxteis 2.3 Fibras Vegetais Provenientes de Frutos e Sementes FIGURA 6 – ALGODÃO Os relatos da sua utilização vêm de 12.000 a.C. Existem mais de 33 espécies que produz o algodão. Os parâmetros para se diferenciar o algodão são o comprimento da fibra, sua finura e maturidade. A fibra de algodão é formada basicamente por celulose que cresce em volta de uma semente. (PEZZOLO, 2013). Ainda sobre as propriedades do algodão: O algodão leva uma vantagem em relação a outras fibras, uma vez que Deli tudo se aproveita. A fibra, obviamente é a parte mais nobre, mas também a semente produz olhos, inclusive comestíveis. Até a penugem, curta e leve que ficar presa aos caroços, tem várias utilidades, tais como estofo de traves- seiros, almofadas entre outros. O algodão é a fibra mais resistente, podendo ficar séculos com conservação razoável e é menos vulnerável a traças mofos e fungos. (CHATAIGNIER, 2006, p.40). Entre as características do algodão, destacam-se: a) A fibra de algodão apresenta pouca capacidade elástica b) O algodão possui boa porosidade que é a capacidade de absorver água; c) A resistência também depende da umidade – quando a umidade está alta a resistência também aumenta, quando há pouca umidade a fibra fica quebradiça; d) Toque agradável; e) Pode ser misturado com qualquer outro tipo de fibra. Em relação a sua utilização observa-se a grande variedade de artigos da indústria de moda e decoração que são fabricados a partir da fibra de algodão como; roupas em geral, cortinas, sofás, almofadas, entre outros produtos. 14UNIDADE I Fibras Têxteis 3. FIBRAS ANIMAIS Neste tópico vamos conhecer as fibras naturais de origem animal, por secreção e por pelos, especificamente, a seda e a lã – procurando compreender o seu processo de cultivo e criação dos animais envolvidos na produção até chegar na extração e produção dos fios. 3.1 Fibras animais por secreção: Seda FIGURA 7 – BICHO DA SEDA A seda é proveniente da secreção do bicho da seda, que gera um casulo composto por pura proteína e baixa quantidade de açúcares e minerais. O casulo fornece um com- primento contínuo que lhe permite ser fiado. A seda possui uma ótima resposta térmica e eletromagnética (PEZZOLO, 2013). 15UNIDADE I Fibras Têxteis O antigo cultivo do bicho-da-seda é originário da China. Por volta de 3.000 anos A.C. o homem não somente tinha aprendido sobre a cultura do bicho- -da-seda como era apto a desenrolar o casulo para obter um filamento contí- nuo de seda. (PEREIRA, 2009, p.10). De um único casulo é possível extrair um filamento contínuo de origem natural, sendo possível retirar cerca de 1000 metros por casulo. Além disso, a seda pode ser en- contrada de duas formas; a seda selvagem e a cultivada, a diferença está na alimentação e cultivo das lagartas. A Figura 1 apresenta a lagarta e o Quadro 3, apresenta as diferenças entre as lagartas: FIGURA 8 – LAGARTA DA SEDA NA AMOREIRA QUADRO 3 – TIPOS DE LAGARTAS LAGARTA SELVAGEM LAGARTA CULTIVADA Se alimentam das folhas de carvalho, são maiores que as lagartas cultiva- das, e produzem um filamento de cor marrom. Os tecidos produzidos com os filamentos dessas lagartas são mais grossos, e tem a desvantagem de se- rem desuniforme. Se alimentam das folhas de amoreira e o filamento apresenta maior uniformi- dade e cor branca. Fonte: Kuasne (2008). 16UNIDADE I Fibras Têxteis Ao compreender os tipos de lagartas, podemos explicitar sobre as fases do bicho da seda que são: ovos > larvar > casulo/pupa > crisálida. A seda é produzida pelas glândulas serígenas na fase de larva. Neste processo a larva dentro dos casulos é morta através de um processo de torragem dos casulos para que o processo de filamento seja produzido. FIGURA 9 – BICHO-DA-SEDA E SUAS FASES Crisálida Lagarta Casulo Entre as características da fibra de seda segundo Chataignier (2006) destacam-se: a) Tem resistência de razoável a forte. b) Fibra Brilhosa c) Agradável ao toque. d) Absorve água com facilidade. e) Possui boa elasticidade. f) Não suporta a luz do sol, podendo manchar se exposta por longos períodos. Por ser um tecido nobre e com um processo de produção meticuloso, a seda possui um valor elevado e é utilizado para produção de produtos em geral do vestuário, cama, mesa e banho, além de produtos de decoração. 3.2 Fibras animais por pelos: Lã FIGURA 10 – OVELHA MERINO 17UNIDADE I Fibras Têxteis A lã é uma fibra animal proveniente da ovelha doméstica de diferentes raças, por meio do processo de tosquia, sendo a fibra de origem animal mais usada, pois é a que apresenta as melhores qualidades na tecelagem atual. Dá-se o nome de lã ao revestimento piloso natural dos ovinos vulgarmente chamado carneiros, ovelhas, borregos ou cordeiros. Esta designação pode também ser utilizada em conjunto com o nome de outro animal, em substitui- ção da palavra “pelo”, como por exemplo, lã de alpaca, lã de camelo, lã de vicunha, lã de moer. (KUASNE, 2008, p. 29). Além de ser um material muito fino, o que lhe facilita o processo de fiação, produ- zindo um fio contínuo, a lã também possui grande elasticidade, tornando o fio resistente, evitando que arrebente durante seu processo de formação. A retirada do é feito através da tosquia do animal, formando um tapete de pelos. Além disso, cada parte do animal possui uma qualidade de pelos – essa classificação acontece devido ao contato da lã com condições climáticas e do ambiente que tornam os pelos diferentes. Dentre os tipos de lã produzidas por ovelhas, as mais comuns são das raças me- rino e cruza que possuem características diferentes. No Quadro 4 podemos observar as diferenças: QUADRO 4 – RAÇAS DE OVELHAS RAÇA MERINO RAÇA CRUZA - A fibra de lã Merino e de qualquer outra raça está relacionada com o clima e alimentação. - Clima seco = fibras finas. - Clima úmido e pastos ricos = fibras grossas. - Raça originária do cruzamento de ovelhas. - Menor qualidade em relação as fibras da raça merino. Fonte: Pereira (2009). Sabendo que a ação do sol nas costas do animal, o atrito dos materiais vegetais e a urina na parte inferior interferem na qualidade da lã, Kuasne (2008) apresenta outras características: 18UNIDADE I Fibras Têxteis a) O comprimento das fibras para lã cardada varia de 50 a 150 mm. b) As fibras finas e medias apresentam umbrilho superior ao das fibras gros- sas. Fibras com elevado brilho tem aparência semelhante às da seda. c) Apresentam excelente alongamento e elasticidade. d) A lã é muito flexível, tem bom toque e é bastante confortável, possuindo uma boa retenção de água. e) Deve se evitar a lavagem dos artigos confeccionados com lã̃ em má- quinas de lavar, não friccioná-los, não torcê-los e usar sabões neutros. (KUASNE, 2008, p.30). A lã é utilizada para a fabricação de artigos de moda e decoração, como blusas, casacos, tapetes, almofadas e artigos demais artigos têxteis. 19UNIDADE I Fibras Têxteis 4. FIBRAS NÃO-NATURAIS Todas a fibras analisadas até agora se caracterizam por sua origem que é a nature- za. Diferente das fibras naturais as fibras não-naturais se dividem em sintéticas e artificiais. Utilizamos do conceito de Kuasne (2008, p.14) para definirmos melhor fibras não-naturais: As fibras não-naturais foram desenvolvidas inicialmente com o objetivo de copiar e melhorar as características e propriedades das fibras naturais. À me- dida que suas aplicações foram crescendo, elas se tornaram uma necessida- de, principalmente porque o crescimento da população mundial aumentou a demanda de vestuários a um custo mais baixo, reduzindo ao mesmo tempo, a vulnerabilidade da indústria têxtil às eventuais dificuldades da produção agrícola. (KUASNE, 2008, p.14). A partir dessa compreensão podemos apresentar que as diferenças entre as fi- bras sintéticas e artificiais se dão pelos materiais utilizados. As fibras sintéticas advêm do petróleo e, também, do carvão mineral. Já as fibras não-naturais são produzidas a partir da celulose. Chataignier (2006) apresenta que as fibras sintéticas foram criadas no século XX e devido ao seu processo de fiação, elas podem ter características diferentes que vão impactar em características ligadas a espessura, textura, acabamento, resistência etc. O Quadro 5 apresenta as principais fibras não-naturais que estudaremos neste tópico: 20UNIDADE I Fibras Têxteis QUADRO 5 – FIBRAS NÃO-NATURAIS FIBRAS NÃO-NATURAIS Sintéticas Artificiais Poliamida (Nylon) Acetato Poliéster Viscose Poetileno Liocel Poliuretano (Elastano) Modal Fonte: Kuasne (2008). A seguir veremos as particularidades de cada uma dessas fibras. 4.1 Fibras Sintéticas As principais fibras sintéticas como apresentado no Quadro 5 são; poliamida, po- liéster, polietileno e poliuretano. Veremos cada uma delas nos tópicos a seguir: 4.1.1 Poliuretano (Elastano) O poliuretano é conhecido comercialmente como elastano devido a sua elasticida- de. O elastano nunca é produzido isoladamente, sempre será misturado com outros tipos de fios, além de ser comumente utilizado na fabricação do jeans e roupas de praia como biquíni, maiô, sunga etc. “É uma fibra química obtida do etano, inventada e registrada pela DuPont com a marca Lycra” (PEZZOLO, 2013, p. 135). Entre as principais características do elastano podemos destacar: a) Elevado alongamento b) Elevada elasticidade c) Alta resistência a abrasão 4.1.2 Poliamida (Nylon) A poliamida é também conhecida pelo nome da marca que a inventou o Nylon em 1935 segundo Pezzolo (2013). Ela é comumente utilizada na fabricação de roupas íntimas e meia calça, mas devido ao seu toque agradável e sua mistura com outras fibras como o algodão, faz com que sua utilização se estenda para outras peças do vestuário como; ja- quetas, agasalhos, entre outros. Segundo Pereira (2009, p.16) as principais características da poliamida são: a) Alta resistência dos fios b) Secagem rápida c) Toque agradável d) Brilho e) Boa Conservação de calor 21UNIDADE I Fibras Têxteis 4.1.3 Poliéster O poliéster é uma das fibras sintéticas mais conhecidas do mercado, ela foi di- fundida em todos os setores da indústria têxtil que vão desde a moda até a decoração. “Entre todas as fibras não-naturais, o poliéster domina o mercado. A quantidade em uso do poliéster deve-se principalmente à sua versatilidade. Para se ter uma ideia, o poliéster pode ser encontrado como uma matéria-prima na forma de fibra a ser misturada a outras fibras e aí ser fiada” (PEREIRA, 2009, p.17). As principais características do poliéster são: a) Fibra estável ao calor b) Alta elasticidade c) Toque agradável d) Termoplásticas e) Boa Resistência a agentes químicos 4.2 Fibras Artificiais As principais fibras artificiais apresentadas no Quadro 5 são; acetato, viscose, modal e liocel. Veremos cada uma delas nos tópicos a seguir: 4.2.1 Viscose A viscose está entre as fibras artificiais mais utilizadas pois tem baixo impacto no meio ambiente e, portanto, são utilizadas para a fabricação de peças da indústria do ves- tuário e de cama, mesa e banho. As características da viscose estão “bem próximas aos do algodão como: absorção de umidade, resistência, maciez ao toque e caimento” (PEZZOLO, 2013, p. 129). A fibra de viscose é produzida a partir de um elemento natural, o línter de algodão. Trata-se de uma fibra regenerada obtida através da dissolução das fibras de material celulósico (algodão) formando- se uma pasta celulósica que por extrusão (fieiras) e em contato com outra solução volta a precipitar-se regenerando os materiais fibrosos, produzindo-se assim a fibra artificial de viscose. (PEREIRA, 2009, p.15) Entre as principais características da fibra viscose estão: a) Toque suave e agradável b) Conforto Térmico c) Absorção de água d) Caimento fluído 22UNIDADE I Fibras Têxteis 4.2.2 Acetato O acetato foi desenvolvido durante a segunda Guerra Mundial e, segundo Kuasne (2008, p. 62), “pode ser utilizado em: forro de roupa, tecidos para vestidos, panos para guarda-chuva, gravatas, fios de enfeites, roupas finas”. A Fibra de acetato possui toque agradável, maciez, brilho, além de absorver corantes com facilidade. 4.2.3 Liocel A fibra de Liocel é “fibra natural, a primeira fibra nova em mais de 30 anos. Ela é fabricada inteiramente da celulose natural encontrada na polpa da madeira, que se origina de árvores cultivadas em fazendas especiais para este objetivo” (KUASNE, 2008, p.53). Dessa forma, entre as principais características dessa fibra, destacam-se: a) Resistência; b) Apresenta baixo encolhimento na água; c) Boa estabilidade; d) Toque macio e suave; e) Caimento fluido e flutuante, leve; Com todas as fibras expostas, finalizamos mais um tópico de nossa unidade, no propósito compreender cada uma das fibras têxteis e de suas especificidades. 23UNIDADE I Fibras Têxteis SAIBA MAIS O canal do Youtube “Estilo com propósito” traz uma série de reportagens sobre os tipos de tecidos e suas características. Em uma conversa informal as apresentadoras apre- sentam cada um dos tecidos. Para saber mais acesse: https://www.youtube.com/watch?v=UDQ0dRIwI1M REFLITA O que torna um tecido inteligente são as características oriundas das fibras, fios e acabamentos físicos/químicos utilizados. Fonte: Lange, (2005). https://www.youtube.com/watch?v=UDQ0dRIwI1M 24UNIDADE I Fibras Têxteis CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final da nossa primeira unidade! Espero que você tenha aproveitado ao máximo os conhecimentos apresentados aqui. Você sabe que seus estudos sobre esses assuntos não acabam aqui, né?! Agora é o momento de procurar por mais informações, continuar suas pesquisar em sites, revistas, artigos científicos, livros e vídeos, a fim de enriquecer ainda mais seu repertório sobre o assunto! Sabendo que você vai continuar seus estudos depois de finalizar a leitura da nossa unidade, precisamos fechar nossas discussões entendendo analisar as fibras têxteis nos permite aprofundar no processo criativo dos produtos de moda, visto que para cada ocasião ou necessidade surgirá um tecido adequado que tem em sua composição fibras que podem ser de origem natural ou não-natural. Nossa missão enquanto futuros designers, é compreender o universo dos materiais têxteis, a fim de criar produtos do vestuário com assertividade. Paraisso, é necessário pensar nas fibras mais adequadas que irão contribuir no conforto, ergonomia/mobilidade e aparência/estética do produto, considerando que os tecidos são para a moda como uma tela em branco onde os designers apresentarão suas criações. Obrigado pela companhia e até a próxima unidade! Abraço! 25UNIDADE I Fibras Têxteis LEITURA COMPLEMENTAR A apostila de Fibras têxteis do CEFET de Santa Catarina é um complemento para a nossa Unidade. Com ela é possível reforçar os conteúdos estudados durante as aulas e esclarecer dúvidas a respeito do universo das fibras. A leitura deve ser feita das páginas 1 a 19. Fonte: KUASNE, A. Fibras Têxteis. Centro Federal De Educação Tecnológica De Santa Catarina - Unidade De Araranguá, 2008. Disponível em: https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/8/88/Apostila_fibras.pdf Acesso em: 07 mar.2022 https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/8/88/Apostila_fibras.pdf 26UNIDADE I Fibras Têxteis MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Fio a fio: tecidos, moda e linguagem Autor: Gilda Chataignier. Editora: Estação das letras e cores. Sinopse: É um livro repleto de informações sobre os tecidos. Suas histórias e origens seus processamentos técnicos seus usos e costumes o fascínio ou a surpresa de identificar uma textura são pontuações importantes deste livro. O lado prático costura estética com comportamento e passa noções da arte de escolher tecidos diante de tendências profissionais ou desejos pessoais. Há indica- ções de que os tecidos cores e estampas eram utilizados em cada século da História da Moda. E muitos metros a mais. FILME / VÍDEO Título: Do Bicho à Seda - Uma Grande Reportagem das fases de produção do fio mais nobre do mundo Ano: 2017. Sinopse: A produção da seda é uma arte milenar que atravessa gerações. O Brasil produz, segundo dados da ABRASEDA, um dos melhores fios de seda do mundo. A reportagem no link abaixo, apresenta todas as etapas de produção do fio de seda. Desde o cultivo das lagartas até o fio. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=W36KlMh2Nro https://www.youtube.com/watch?v=W36KlMh2Nro 27 Plano de Estudo: ● Características dos tecidos: tecido plano, malha e não tecido; ● Estrutura dos tecidos planos: tela, sarja e cetim; ● Propriedade e características da tecelagem; Objetivos da Aprendizagem: ● Compreender as características dos tecidos planos, malha e não-tecido; ● Discutir sobre as especificidades das estruturas dos tecidos de tela, sarja e cetim; ● Apresentar as propriedades da tecelagem; ● Analisar a formação dos tecidos planos. UNIDADE II Características dos Tecidos Professor Me. Gabriel Coutinho Calvi 28UNIDADE I Fibras Têxteis 28UNIDADE II Características dos Tecidos INTRODUÇÃO Olá Pessoal! Vamos iniciar mais uma unidade?! Na segunda unidade da nossa disciplina de projeto de moda II, vamos aprofundar nossos estudos sobre o mundo dos materiais têxteis e discutir sobre as características dos tecidos. Para isso, vamos abrir nosso primeiro tópico apresentando as propriedades e especificidades dos tecidos plano, malha e não-tecido no primeiro tópico. Todo produto de moda é composto por tecidos, e para cada ocasião e/ou estação existe um tecido adequado. Assim, o tópico 2 apresenta a estrutura dos tecidos que se dividem em tela, sarja e cetim. Conheceremos as características de cada um deles a partir do conhecimento dos fios de trama e urdume que compõem os tecidos planos. As discussões do segundo tópico, contribuirão para a compreensão do tópico três que tem como propósito apresentar a preparação a tecelagem, trabalhando sobre as especifi- cidades do tear, seus componentes e os movimentos necessários para a formação do tecido. Ao final da segunda unidade, eu espero que você consiga distinguir cada uma das estruturas trabalhadas, bem como classificar os tecidos em plano, malha e não-tecido. Lembrando que qualquer dúvida, é sempre importante pesquisar em outras fontes. Vem comigo! Bons Estudos ;) 29UNIDADE I Fibras Têxteis 29UNIDADE II Características dos Tecidos 1. CARACTERÍSTICAS DOS TECIDOS: TECIDO PLANO, MALHA E NÃO TECIDO Antes de começarmos a falar tecidos, precisamos entender que para a formação dos tecidos, precisamos de fios e, que estes são constituídos por fibras que estudamos na Unidade I. Essa constituição varia de acordo com a matéria-prima utilizada. Os diferentes tipos de tecidos têxteis são classificados de acordo com o entrelaçamento desses fios. Para compreender melhor este conceito, Pereira (2009, p.42) relata: [...] o tecido é um material à base de fios de fibra natural, artificial ou sintética, que compostos de diversas formas tornam-se coberturas de diversos tipos formando roupas e outras vestimentas e coberturas de diversos usos, como cobertura para o frio, cobertura de mesa, limpeza, uso medicinal (como faixas e curativos), entre outros. O que difere a confecção dos fios é a sua trama, podendo ser classificados com o seu tipo de fabricação: tecidos planos, tecidos de malha e não-tecidos. FIGURA 1 - CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDOS Fonte: Pereira (2009, p. 42). 30UNIDADE I Fibras Têxteis 30UNIDADE II Características dos Tecidos Com base na Figura 1 podemos diferenciar cada uma das estruturas apresentadas. a) Tecido Plano São resultantes do entrelaçamento de dois conjuntos de fios que se cruzam em ângulo reto. Os fios dispostos no sentido horizontal são chamados de fios de trama que estão no sentido da largura. Os fios dispostos no sentido vertical são chamados de fios de urdume que estão no sentido do comprimento (PEREIRA, 2009). b) Tecido de malha A definição para a malha é que “a laçada é o elemento fundamental deste tipo de tecido; A carreira de malhas é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido da largura do tecido. Já a coluna de malha é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido do comprimento do tecido” (PEREIRA, 2009, p.42). c) Não-tecido Não-tecido é uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou manta de fibras, ou filamentos, orientados direccionalmente ou acaso, consolidados por processos: me- cânico (fricção), químico (adesão), térmico (coesão) ou combinação destes (SISSONS, 2012). A partir da definição das estruturas apresentadas, o tópico 2 procura aprofundar no conhecimento nos tipos de estrutura dos tecidos planos, conhecendo as particularidades de cada um deles. 31UNIDADE I Fibras Têxteis 31UNIDADE II Características dos Tecidos 2. ESTRUTURA DOS TECIDOS PLANOS: TELA, SARJA E CETIM Vimos no tópico anterior que os tecidos planos são formados pelo entrelaçamento de dois tipos de fios que formam ângulos retos (90º graus), chamados de fios de trama e fios de urdume. Sendo o fio de trama na horizontal – responsáveis pela largura do tecido –, e os fios de urdume na horizontal – responsáveis pelo comprimento do tecido. A classificação dos tecidos planos segundo Pereira (2009, p.63) se dá se acordo com: a) A matéria-prima empregada (natural, sintética ou mista); b) A forma de entrelaçamento dos fios (tafetá, sarja e cetim); c) o número de fios por centímetro quadrado; d) o peso por metro quadrado. Sobre as disposições dos tecidos planos, a Figura 2 representa os fios de trama, urdume e a ourela. Vale salientar que a ourela se encontra nas extremidades do tecido e tem como função o acabamento para que ele não se desmanche. 32UNIDADE I Fibras Têxteis 32UNIDADE II Características dos Tecidos FIGURA 2 – FIOS DE TRAMA, URDUME E OURELA Fonte: Pereira (2009, p.63) Existem três estruturas básicas para a construção de tecidos planos: tafetá ou tela, sarja e cetim. Podemos chamá-las também de bases de armação, das quais originam-se quase todas as famílias de tecidos encontradas no mercado têxtil. A Figura 3 apresenta essas estruturas (UDALE, 2015). FIGURA 3 – ESTRUTURA DE TELA, SARJA E CETIM Fonte: Pereira (2009, p.64) a) Estrutura de Tela A estrutura de tela pode ser identificada por não possuir diferença entre o ladodirei- to e o lado avesso do tecido. Em sua construção cada fio de urdume passa alternadamente sobre um fio de trama e esta evolução se repete por todo o comprimento do tecido. Exemplos de tecidos de tela: Cambraia; Organza; Voil; Tricolini; Popeline. Ainda, sobre a estrutura de tela Pereira (2009, p.79) descreve que é “o ligamento utilizado nos tecidos mais leves, uma 33UNIDADE I Fibras Têxteis 33UNIDADE II Características dos Tecidos vez que o entrelaçamento prende bem os fios. Tecidos em ligamento tela são utilizados nas mais diversas finalidades, desde vestuário, até uso técnico e industrial, podendo ser cru, estampado, tinto em peça ou, com fio tinto”. A Figura 4 apresenta a estrutura de tela: FIGURA 4 – ESTRUTURA DE TELA Fonte: Adaptado de Pezzolo (2013, p.154) Observando a Figura 4, os quadrados brancos são os fios de trama (largura) e os quadrados pretos são os fios de urdume (comprimento). A estrutura de tela possui o que chamamos de 1:1 (um para um) ou, seja, no entrelaçamento entre os fios, marca-se um fio de trama e um de urdume. b) Estrutura de Sarja A estrutura de sarja apresenta como sua principal característica o efeito visual das linhas de entrelaçamento em diagonal. Diferente da tela, a sua construção tem uma base de armação desequilibrada, onde os números de pontos tomados são diferentes do número de pontos deixados, o que faz o tecido ter lado direito e lado avesso. Exemplos de tecidos de sarja: Sarja, Denin (jeans) e Brim. O ligamento sarja é o primeiro mais complexo depois do ligamento tela. Os tecidos em ligamento sarjam são principalmente utilizados para vestuário, particularmente em roupas profissionais, como macacão, avental e em outros tecidos onde uma construção forte é fundamental. Destaca-se a sua utiliza- ção em jeans que, se atualmente é um importante item da moda, teve sua origem como vestimenta de garimpeiros. É frequentemente mais firme que o tecido em ligamento tela, tendo menos tendência a sujar-se, apesar de ser de limpeza mais difícil na lavagem. Normalmente o tecido é tinto em peça, exceção ao tecido denim (onde o urdume é tinto e a trama é de fio cru). Nada impede que seja estampado, sendo isso, entretanto, raro de ocorrer. (PEREI- RA, 2009, p.80) 34UNIDADE I Fibras Têxteis 34UNIDADE II Características dos Tecidos A Figura 5, 6 e 7 representam, respetivamente as estruturas de brim, sarja e denim, onde os quadrados brancos representam os fios de trama e os quadrados pretos os fios de urdume. Ao analisar a Figura 5 que trata sobre a estrutura de sarja, observamos que para este tipo de tecido o fio de urdume passa por cima de dois fios de trama e, em seguida, o fio de urdume passa por debaixo um único fio de trama (PEREIRA, 2009). FIGURA 5 – ESTRUTURA DE SARJA Fonte: Adaptado de Pezzolo (2013, p.154) Na Figura 6 observamos que na estrutura do brim, as diagonais formadas pelos fios de trama e urdume formam uma linha diagonal da esquerda para a direita, característica básica desse tecido. Além disso, esse tipo de estrutura é resistente e por isso tecidos desse tipo de estrutura são utilizados para produzir calças. FIGURA 6 – ESTRUTURA DE BRIM Fonte: Adaptado de Pezzolo (2013, p.154) 35UNIDADE I Fibras Têxteis 35UNIDADE II Características dos Tecidos Na Figura 7 observamos a estrutura do Denim onde o entrelaçamento dos fios de trama e urdume formam uma diagonal da direita para esquerda, com um fio por baixo e dois fios de urdume por cima. Esse tipo de estrutura é o oposto da ligação do brim. FIGURA 7 – ESTRUTURA DE DENIM Fonte: Adaptado de Pezzolo (2013, p.156) c) Estrutura de Cetim A estrutura de cetim tem um efeito visual regular, embora apresente muitos fios flutuantes no sentido do urdume e da trama. Ela também apresenta diferenças entre os lados direito e avesso. Além disso a estrutura da sua armação possui baixa resistência ao atrito. Características da estrutura de cetim segundo Pezzolo (2013): ● O reflexo de luz dos fios flutuantes possibilita ao tecido o brilho que aparece na direção dos fios de maior cobertura. ● Tem melhor caimento que os tecidos em tela e em sarja. ● Tem menos tendência a sujar-se, sendo de limpeza mais fácil na lavagem. ● É normalmente menos firme que o tecido em ligamento tela ou em sarja. ● São exemplos de cetim: Seda, Crepe, Chifon, Gabardine, Flanela e Oxford. A Figura 8 apresenta a estrutura do cetim: FIGURA 8 – ESTRUTURA DE CETIM Fonte: Adaptado de Pezzolo (2013, p.154) 36UNIDADE I Fibras Têxteis 36UNIDADE II Características dos Tecidos Na estrutura de cetim, os fios de trama são os mais evidentes, enquanto os fios de urdume aparecem poucas vezes por cima, sendo representado pelo quadrado preto. A partir do conhecimento da apresentação das estruturas dos tecidos planos, nosso próximo tópico procura explorar as características e propriedades da tecelagem. 37UNIDADE I Fibras Têxteis 37UNIDADE II Características dos Tecidos 3. PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS DA TECELAGEM A preparação da tecelagem consiste em urdimento e das fiações em cones ou outros tipos de suporte para um rolo de urdidura que irá alimentar o tear. Os fios de urdume precisam ser preparados para a tecelagem, passando por algumas etapas antes dele ser engomado, entrando em contato com várias partes do tear o tempo todo, já que alimentam o tecido no sentido do comprimento, enquanto a trama é apenas inserida entre os fios (PEZZOLO, 2013). Caso o fio de urdume não seja preparado corretamente ele pode se romper, pois devido a tensão que sofre no tear ele é movimentado diversas vezes. O mais adequado é prepará-lo através da engomagem (KUASNE, 2008). Esse processo de preparação do fio para a tecelagem é chamado de Urdimento. Veremos a seguir cada uma das etapas que são descritas com base em Pereira (2009). a) Etapa 1: o urdimento Consiste na passagem dos fios que formarão o urdume do tecido, transferindo-os de seus suportes iniciais (cones, bobinas, cops etc.) para o rolete do tear. A Figura 9 apre- senta um tipo de bobina: 38UNIDADE I Fibras Têxteis 38UNIDADE II Características dos Tecidos FIGURA 9 – BOBINA Fonte: Pereira (2009, p.66). b) Etapa 2: engomagem Nesta etapa uma goma depositada sobre os fios de urdume, onde formará uma película protetora durante o tecimento. O tecido implica em uma solicitação muito grande dos fios de urdume em virtude do atrito entre os elementos do tear e entre os próprios fios. Para resistir a estas forças, estes fios necessitam ser engomados (PEZZOLO, 2013). Segundo Pereira (2009), a finalidade da goma é: I. Aderir (colar) as fibras para evitar o seu deslizamento, no momento da solitação o fio; II. Aumenta a resistência à tração; III. Aumenta a resistência a abrasão; IV. Deitar e prender as pontas das fibras no corpo do fio, tornando-o mais liso. Após a engomagem os fios são colocados no rolo de urdume, ou também conhe- cida como urdideira, para que o processo de tecelagem se inicie. O equipamento para o processo é o tear, permitindo a construção do fio. O tear é composto por: 1. Rolo de urdume; 2. Quadro de liços; 3. Pente. 4. Rolo de tecido. A Figura 10 apresenta os componentes do tear: FIGURA 10 – TEAR E SEUS COMPONENTES Fonte: Pereira (2009, p.70). 39UNIDADE I Fibras Têxteis 39UNIDADE II Características dos Tecidos As funcionalidades dos componentes do tear são: O Rolo de Urdume: que contém os fios de urdimento. No Quadros de Liços: o urdimento passa pelo olhal dos liços, que se acham dispostos em quadros responsáveis pela formação da cala (abertura formada por duas camadas de fios de urdume). O Pente: depois dos quadros de liços, os fios passam por um pente que é responsável pelo remate da trama e que nos teares de lançadeira servem como guia para ela. O Rolo de Tecido: para enrolar o tecido pronto (UDALE, 2015). A partir da apresentação dos componentes do tear, apresenta-se os movimentos que o tear realizar para elaboração do tecido que são: formação da cala, inserçãoda trama e batimento do pente, respectivamente. 1º Movimento: Formação da cala Consiste na separação dos fios de teia em duas folhas, formando um túnel conhe- cido por cala, conforme apresenta a Figura 11. FIGURA 11 – MOVIMENTO DE FORMAÇÃO DA CALA Fonte: Pereira (2009, p.78). 2º Movimento: inserção da trama Nesse movimento ocorre a passagem do fio de trama no interior da cala, ao longo da largura do tecido. A Figura 12 apresenta o movimento: 40UNIDADE I Fibras Têxteis 40UNIDADE II Características dos Tecidos FIGURA 12 – MOVIMENTO DE INSERÇÃO DA TRAMA Fonte: Pereira (2009, p.78). 3º Movimento: batimento do pente Consiste em empurrar a passagem inserida contra o tecido já formado, até um ponto designado por “frente do tecido”. A Figura 13 apresenta este movimento: FIGURA 13 – BATIMENTO DO PENTE Fonte: Pereira (2009, p.78). Após a demonstração dos movimentos do tear, estrutura dos tecidos e seu proces- so de formação, teremos embasamento para compreender os tecidos como a malharia e os tipos de malha, bem como o seu maquinário. 41UNIDADE I Fibras Têxteis 41UNIDADE II Características dos Tecidos SAIBA MAIS O Capítulo II da Tese de Silva (2005) apresenta um histórico sobre o processo de tece- lagem e reforça aquilo que apreendemos durante as aulas desde a primeira unidade até o presente momento. Fonte: SILVA, G.J. Design 3D em tecelagem jacquard como ferramenta para a concepção de novos pro- dutos: aplicação em acessórios de moda. Dissertação de mestrado em Design e Marketing, Universida- de do Minho, 2005. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/3152/5/Cap.%20 II%20-%20ESTADO%20DA%20ARTE%20-%20Tecidos.pdf acesso em: 01 abr.2022. REFLITA Na operação de tecimento, os fios de urdume são submetidos a solicitações significa- tivas, principalmente quanto à tensão, flexão e atrito com peças componentes do tear. Estes esforços tendem a levantar as fibras da superfície dos fios fiados até rompê-los, o que irá provocar uma degradação da qualidade do tecido e uma redução no rendimento da tecelagem com as rupturas de fios. Fonte: Pereira (2009, p.71). https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/3152/5/Cap.%20II%20-%20ESTADO%20DA%20ARTE%20-%20Tecidos.pdf https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/3152/5/Cap.%20II%20-%20ESTADO%20DA%20ARTE%20-%20Tecidos.pdf 42UNIDADE I Fibras Têxteis 42UNIDADE II Características dos Tecidos CONSIDERAÇÕES FINAIS Ufa! Quantos conceitos, não?! O que você está achando? Chegamos ao final da nossa segunda unidade! 50% da nossa jornada no universo dos materiais têxteis está finalizada. Espero que você tenha compreendido todos os con- ceitos trabalhados. Vou te contar um pouco da minha experiência com esse conteúdo. Quando eu era um estudante de design, e que tive essa disciplina, foi um tanto denso compreender cada um desses conceitos sobre estrutura dos tecidos, preparação a tecelagem e por aí vai. No come- ço confesso que não foi fácil, mas jurei que aprenderia e, para isso, complementava minhas pesquisas com vídeos no YouTube que me ajudavam a enxergar cada um dos conceitos apresentados, e que também trouxe nessa unidade para que você pudesse visualizar. Isso quer dizer que seus estudos não param por aqui! Vou escrever mais uma vez que: um designer só aprende e adquire conhecimento, pesquisando, explorando, e sendo curioso! Por isso, ao finalizar a leitura da nossa unidade, vá em busca de outros exemplos e procure ler cada um deles. Isso ajudará muito na construção do seu conhecimento. Não existe receita mágica! Só se aprende elementos do design na prática, e ponto! Te vejo na nossa próxima unidade! Até lá ;) 43UNIDADE I Fibras Têxteis 43UNIDADE II Características dos Tecidos LEITURA COMPLEMENTAR O artigo de Filgueiras, Fangueiro e Raphaelli (2008) intitulado de “A importância de fibras e fios no design de têxteis destinados à prática desportiva” apresenta a relevância das fibras e dos fios para a prática de esportes específicas. Os autores realizam uma análise técnica de cada fibra e fio têxtil e demonstra suas vantagens como um todo. Fonte: FILGUEIRAS, A; FANGUEIRO, R; RAPHAELLI, N. A importância de fibras e fios no design de têxteis destinados à prática desportiva. PUC-Rio. Revista da Associação Estudos em Design, 2008. Disponível em: https://www.eed.emnuvens.com.br/design/article/viewFile/8/5 .Acesso em: 01 abr.2022. https://www.eed.emnuvens.com.br/design/article/viewFile/8/5 44UNIDADE I Fibras Têxteis 44UNIDADE II Características dos Tecidos MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o design de moda Autor: Jenny Udale. Editora: Bookman. Sinopse: Tecidos e Moda apresenta os principais tecidos utilizados na fabricação de peças de vestuário e suas características. Tam- bém são abordados os processos do design têxtil, os diferentes tratamentos de superfície, a influência das cores e das tendências sobre a moda e os tecidos, e muito mais. FILME / VÍDEO Título: Diferenças entre tecidos e malhas Ano: 2015. Sinopse: O vídeo faz uma apresentação sobre as características dos tecidos planos e da malha, e qual a diferença na hora de esco- lher um deles em projetos de criação. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=S_xK06z_WS8 45 Plano de Estudo: ● Características dos tecidos de malha; ● Características dos não-tecidos; ● Simbologia dos artigos têxteis. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar os tecidos de malha; ● Conhecer as características dos não tecidos; ● Diferenciar malharia de trama e malharia de urdume; ● Estudar a simbologia dos artigos têxteis. UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos Professor Me. Gabriel Coutinho Calvi 46UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos INTRODUÇÃO E aí, tudo bem? Chegamos na terceira unidade da nossa disciplina de projeto de moda II. O que você está achando da caminhada até aqui? Está conseguindo praticar a partir da leitura do material? Lembre-se que nossas discussões são, também uma provocação para que você se sinta motivado a ir em busca de aprofundamento. Nessa Unidade vamos continuar discutindo sobre os tipos de tecidos e mergulhar no universo dos tecidos malha, não-tecidos e da composição e simbologia de etiquetas. O primeiro tópico apresenta as características dos tecidos de malha, apresentando a malha de trama e urdume e os tipos de teares que confeccionam a malharia retilínea e circular. No segundo tópico vamos aprender porque os não-tecidos recebem essa nomenclatura e sua aplicação nos mais diversos setores como automobilístico e hospitalar. Você já viu aqueles símbolos que existem na etiqueta e ficou curioso sobre o que eles significam? Então! O terceiro tópico fecha a nossa unidade apresentando as classes existentes para a simbologia das etiquetas! Você pode estar se perguntando: por que conhecer sobre tecidos? A resposta é que para o processo criativo o designer precisa, obrigatoriamente, conhecer os tipos de tecidos pois eles influenciam no caimento, modelagem, vestibilidade e conforto ergonômico. Ou seja, não é possível criar uma coleção sem ter noção dos tecidos existentes e como você pode aplicá-los. Ao finalizar os conteúdos da Unidade III, completaremos o ciclo que apresenta todos os tipos tecidos bem como suas composições. A partir disso, é extremamente interessante que como prática você possa visitar uma loja de tecidos e conhecer um pouco mais sobre o caimento e gramatura dos tecidos estudados. Vamos começar?! Espero que você curta o conteúdo! Bons Estudos ;) 47UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos 1. CARACTERÍSTICAS DOS TECIDOS DE MALHA Olá Aluno(a)! Até esse momento conseguimos compreender a relevância das fibras e as características dos tecidos planos. A partir disso, essa unidade procura apresentar e discutir sobre as características dos tecidos de malha e não-tecidos, além da evolução do maquinário. Entre as primeirascaracterísticas que podemos destacar da malha são o conforto e a elasticidade, a malha tem a capacidade de moldar-se ao corpo graças a tricotagem que é sinalizada pelo processo de se obter o tecido a partir de fios que formam aquilo que se chama de laçadas de fio, e que são a seguir entrelaçadas com outras de configuração semelhante. Em outras palavras, imagine uma pessoa confeccionando uma blusa de tricô, em que de um único fio de lã nasce uma peça através do entrelaçamento do fio nas agulhas que permitem a formação da peça, o processo de construção da malharia é semelhante! Para nos ajudar a entender melhor este conceito, Pereira (2009, p.34) [...] a laçada é o elemento fundamental deste tipo de tecido, constitui-se de uma cabeça, duas pernas e dois pés. A carreira de malhas é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido da largura do tecido. Já a coluna de malha é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido do comprimento do tecido. (PEREIRA, 2009, p.34) O processo de formação dos tecidos de malha está representado na Figura 1 e nos permite entender as características da malha que será apresentado a seguir: 48UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos FIGURA 1 – TECIDO DE MALHA Fonte: Pereira (2009, p.42). A partir da Figura 1 podemos entender que a “carreira de malhas é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido da largura do tecido. Já a coluna de malha é a sucessão de laçadas consecutivas no sentido do comprimento do tecido” (PEREIRA, 2009, p.45). A Figura 2 ilustra essa formação dos tecidos de malha em relação a largura e comprimento: FIGURA 2 – FORMAÇÃO DA LARGURA E DO COMPRIMENTO DA MALHA Fonte: Pereira (2009, p.45). São esses tipos de laçadas que conferem aos tecidos a capacidade de recuperação elástica e, dessa forma, ao ser retirado do corpo ele recupera o seu formato inicial, total ou parcialmente. Outra característica dos artigos de malha é a sua porosidade, que está ligada ao conforto fisiológico e térmico absorvendo o suor do corpo (PEZZOLO, 2013). Além disso, “a utilização mais usual para os tecidos de malha por trama é na fabricação de camisetas, vestidos e roupas infantis, tendo, contudo, aplicação em outras áreas” (STEIN, 2013, p.37). 49UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos Os tecidos de malha são, ainda, classificados em malha por trama e malha por urdume que apresentam diferenças em relação a sua qualidade e durabilidade. (CHATAIG- NIER, 2006). A partir disso, veremos a seguir a características de cada um deles. 1.1 Malharia de Urdume No processo de confecção da malha de urdume a especificidade está na transfor- mação de um dos fios de urdume em tecido de malha. Isso porque, segundo Pereira (2009) cada um dos fios durante a tricotagem é frisado e forma uma linha vertical ou diagonal de laçadas chamada de coluna. Logo, cada coluna interlaça-se com outras colunas adjacentes para formar o tecido (PEZZOLO, 2013). A Figura 3 ilustra esse processo de formação da malha de urdume: FIGURA 3 – FORMAÇÃO DA MALHA DE URDUME Fonte: Pereira (2009, p.51). Na Figura 3, observamos os fios em diagonal da malha de urdume. Esse processo de tricotagem possibilita que a malha de urdume seja mais resistente e com preço mais elevado em relação a malharia de trama que conheceremos a seguir. 1.2 Malharia de Trama A malha de trama pode ser definida pelo seu processo de fabricação cujo o tecido é formado produzido por pelo menos um fio que é transformado em malha “durante o pro- cesso de tricotagem, o fio de trama é frisado de maneira a formar laçadas a que se dá o nome de fileira. Cada fileira se entrelaça com a inferior e superior” (PEREIRA, 2009, p.51). A Figura 4 ilustra da malha de trama. 50UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos FIGURA 4 – FORMAÇÃO DA MALHA DE TRAMA Fonte: Pereira (2009, p.51). A malharia de trama ainda pode ser produzida por teares retilíneos ou circulares e, devido a isso, recebe o nome dos teares que as produziu. As diferenças entre malharia retilínea e circular podem ser observadas a seguir: 1.2.1 Malharia Retilínea O tear retilíneo como o próprio nome já diz possui um conjunto de agulhar em linhas reta e, segundo Pereira (2009, p.52) “produzem um tecido de malha aberto, onde o sistema de pedras movimenta-se através de um carro e o conjunto de agulhas fica parado”. O carro é o que contribui para que a laçada do fio aconteça quando ele passa pelas agulhas. A Figura 5 apresenta um conjunto de agulhar de um tear retilíneo. FIGURA 5 – CONJUNTO DE AGULHAS TEAR RETILÍNEO Fonte: Pereira (2009, p.51). Além do tear retilíneo que produz a malha, nós temos também o tear circular, que possui uma configuração específica na forma de produzir o tecido de malha. 51UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos 1.2.2 Malharia Circular O tear de malharia circular como o nome sugere, apresenta um conjunto de agulhar que se dispõe em um formato circular. Esse tear segundo Pereira (2009, p.52) “produz um tecido tubular, cujo diâmetro varia em função do número de agulhas da máquina, podendo encontrar máquinas de pequeno diâmetro ou de grande diâmetro”. A Figura 6 apresenta o conjunto de agulhas do tear circular. FIGURA 6 – CONJUNTO DE AGULHAS TEAR RETILÍNEO Fonte: Industria Têxtil. Stringfixer PdfCoffee. Disponível em: https://stringfixer.com/ar/Textile_mill Acesso em: 10 mai. 2022. O tear de malharia circular produz meias, peças íntimas, pijamas, camisetas e a vantagem é que devido ao fato do tecido ser circular as peças não possui costuras laterais, facilitando o processo de confecção. 1.2.3 Formação da laçada e tipos de pontos A formação da malha de trama é obtida a partir de um único fio que passa pelo processo de tricotagem passando por várias agulhas e formando uma carreira de laçadas (PEREIRA, 2009). A partir da laçada, podemos observar que cada malha possui uma estru- tura que contém cabeça, duas pernas, e dois pés, como apresenta a Figura 7: FIGURA 7 – ESTRUTURA DA MALHA Fonte: Pereira (2009, p.43). https://stringfixer.com/ar/Textile_mill 52UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos A laçada é ação que permite a criação da malha. Para desenvolver os diversos tipos de estruturas existentes na malharia, existem três tipos de laçadas distintas classificadas como ponto simples, omitido e retido, conforme indica Stein (2013, p.38): O ponto simples é o ponto básico da malha- ria, é também chamado de ponto liso. Essa malha é a base dos tecidos conhecidos como meia-malha ou ma- lha Jersey. O ponto omitido é criado quando uma ou mais agulhas são desativadas e não se movem para aceitar o fio. Por fim, o ponto retido é quando a agulha segura a laçada anterior e en- tão recebe um novo fio, concentrando duas laçadas na cabeça da agulha. A ação pode ser repetida várias vezes, mas os fios eventualmente devem ser descarregados da agulha. Nesse caso, o resultado é uma laçada alongada. (STEIN, 2013, p.38, grifo nosso). A partir da apresentação dos pontos, a Figura 8 apresenta cada um deles: FIGURA 8 – PONTOS SIMPLES, OMITIDO E RETIDO, RESPECTIVAMENTE Fonte: Pereira (2009, p.43). Você pode estar se perguntando... e por que preciso estudar esses pontos profes- sor? A resposta é que cada tipo de ponto forma uma estrutura básica de tecido de malha diferente como meia-malha ou jersey, piquê, rib e interloque, que podem, ainda, formar outros tipos de tecido de malha com características e aplicações diferentes. a) Meia-malha ou Jersey A característica principal da meia-malha é que ambos os lados dos tecidos – aves- so e direito, são bem definidos já que o processo de laçada é feito em apenas um lado do tecido. Além disso, o tecido de Jersey estica em todas as direções, ou seja, comprimento e largura, com pouca estabilidade dimensional (STEIN, 2013). b) Piquet ou piquê O que caracteriza o piquet é o ponto retiro que apresenta forma de V ou U. O piquet é uma variação da meia-malha (STEIN, 2013). 53UNIDADE III Conceitosde Malharia e Não-Tecidos c) Interloque e rib Como característica dos tecidos de interloque estão que o lado direito e avesso são iguais devido a estrutura da laçada e disposição das agulhas. Esse tipo de malha apresenta um ponto firme o que confere estabilidade dimensional. [...] os tecidos de malha Interloque caracterizam-se por possuir os dois lados iguais, exata- mente pela disposição das agulhas. As colunas do lado direito são exatamente opostas às colunas do lado avesso do tecido de malha. Sendo assim, esse tecido não pode ser estendido nos dois sentidos (comprimento e largura) e apresenta uma estrutura mais firme, concebendo artigos com maior estabilidade dimensional do que os tecidos em Rib. (STEIN, 2013, p. 41) Além do interloque, os tecidos de ribana ou rib, são confeccionados no mesmo maquinário dos tecidos de interloque. “Os tecidos de malha Rib são caracterizados pelos pontos simples e reverso, observáveis em ambos os lados do tecido” (STEIN, 2013, p. 40). 54UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos 2. CARACTERÍSTICAS DOS NÃO-TECIDOS Para começar a nossa discussão, os não-tecidos são assim chamados pois apre- sentam uma estrutura diferente dos tecidos planos ou tecidos de malha já que não há um processo de tecelagem. A definição de não-tecidos segundo Pereira (2009, p.75) Não tecido é uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou manta de fibras ou filamentos, orientados direccionalmente ou ao acaso, con- solidados por processo mecânico (fricção) e/ou químico (adesão) e/ou térmi- co (coesão) e combinações destes. Para ficar claro, os não-tecidos são fibras entrelaçadas em todas as direções e liga- das umas às outras por fusão ou colagem, fornecendo telas rígidas com pouca mobilidade e utilizadas com mais frequência em produtos como forros, entretelas, lençóis, produtos descartáveis e outros. Na fabricação dos não-tecidos pode ser utilizada qualquer tipo de fibra seja sinté- tica, natural ou artificial. Nesse processo, a primeira atividade que se realiza é a formação de uma manta ou véu, podendo ser feito em três métodos: via seca, via úmida e via fundida. Nestes três processos, as fibras são dispostas em um equipamento juntamente com substâncias químicas, que tem por objetivo formar a mante. Com a manta já formada, inicia-se a segunda fase para a fabricação do não tecido que é consolidação da manta (CHATAIGNIER, 2006). 55UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos No processo de consolidação da manta temos as principais formas de confecção dos não tecidos que são: mecânico, químico ou térmico, que Pereira (2009, p. 78) descreve: • Consolidação mecânica é dado para expressar a consolidação por forças friccionais e o entrelaçamento das fibras por meio de agulhagem, hidroentre- laçamento e consolidação coser-tricotar. • A consolidação química compreende os métodos de aplicação de um agente ligante (adesivo) ao Não tecido por meio de processos de: impregna- ção, aplicação por método de espuma, aplicação de sólidos. • A consolidação térmica está sendo cada vez mais utilizada no lugar das caras consolidações químicas devido a um grande número de razões. A con- solidação térmica pode ser feita com grandes velocidades, enquanto na con- solidação química a velocidade é limitada pela secagem e pelo estágio da polimerização. A consolidação térmica ocupa menos espaço em comparação com o processo de consolidação química que necessita de calor para evapo- rar a água do ligante. A consolidação, portanto, é esse processo de fixação das fibras garantindo a forma- ção do não-tecido. Material pode ser utilizados em diversos setores como automobilístico, comércio, construção civil/impermeabilização, doméstico, filtração, higiene pessoal, indus- trial, médico hospitalar, obras geotécnicas e vestuário. Vejamos algumas aplicações: ● Setor Automobilístico: isolamento térmico, acústicos, revestimento interno etc. ● Comércio: sacolas, fitas, embalagens de calçados, decoração, vitrine etc. ● Construção civil: impermeabilização de lajes e telhados, isolante térmico e acústico etc. ● Doméstico: panos para limpar ou enxugar, persianas, sachês aromáticos, sachês de chá, filtro de café, proteção para molas de colchão, forro de sofá, enchimento de colchas, edredons, almofadas etc. 56UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos 3. SIMBOLOGIA DOS ARTIGOS TÊXTEIS Na indústria têxtil existem normas que regulamentam a confecção de peças do vestuário e que devem ser respeitadas para que as empresas possam comercializar seus produtos sem sofrer punições dos órgãos reguladores. A etiquetagem das peças é um dos processos obrigatórios pois ela apresenta informações para o consumidor sobre a com- posição, fabricação e conservação dos produtos. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Não-tecidos e Tecidos Técnicos (ABINT), a “Lei das Etiquetas na área têxtil, abrangendo da fibra até a confecção, com o objetivo de melhor informar o consumidor, bem como garantir uma concorrência leal entre fabricantes” (ABNT, 2012, p. 21). O processo de etiquetagem da peça segundo ABNT (2012) surgiu por volta de 1973 com o propósito de padronizar o que deveria ser inserido na etiqueta com a finalidade de garantir que o consumidor faça bom uso dos produtos. Vale destacar que existem dois tipos de etiqueta, a decorativa que apresenta o nome da marca e a etiqueta do produto que deve apresentar, obrigatoriamente, as seguintes informações: ● Tamanho da peça; ● Nome, razão social ou marca registrada do fabricando ou importador; ● CNPJ – Identificação fiscal; ● Nome do país de origem em que foi produzida, por extenso; ● Composição e nome das fibras que compõem a peça; ● Cuidados para a conservação do produto. ● Fonte: ABNT (2012, p. 25) 57UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos Ao comprar um produto, observe se este possui etiqueta do produto e caso não tenha informe aos órgãos reguladores. Isso vale também para as pessoas que cortam a etiqueta ao adquirir um artigo têxtil. Ao cortar a etiqueta você perde o direito de reclamar caso o artigo apresenta algum problema durante o uso (ABNT, 2012). 3.1 Simbologia de conservação do produto A partir dessa apresentação da organização técnica da etiqueta, podemos com- preender que a simbologia utilizada para a conservação da roupa é fundamental para que os consumidores garantam a durabilidade do produto. A ABNT (2012) apresenta 5 classes que indicam os cuidados para a manutenção do produto. Elas são: lavagem, alvejamento, secagem, passadoria e limpeza profissional. A Figura 8 ilustra a representação de cada uma das classes: FIGURA 9 – CLASSES DE TRATAMENTO DOS ARTIGOS TÊXTEIS Fonte: ABNT (2012, p.40). Cada um dos símbolos designados para as classes possui variações que indicam especificidades para a conservação da peça. Além disso, para tratamentos que não podem ser executados aparecerá um X sob o símbolo. Por exemplo, caso a peça não possa ser lavada na máquina, em cima do símbolo de lavagem aparecerá um X. (ABNT, 2012). 58UNIDADE III Conceitos de Malharia e Não-Tecidos 3.1.1 Lavagem Sobre o tipo de tratamento a ser aplicado, a ABNT (2012) também apresenta indica- ções, como no caso de uma peça que precisa de uma lavagem suave, aparecerá embaixo do símbolo da lavagem um risco indicando que o processo deve ser suave, ou ainda, dois riscos embaixo do símbolo da lavagem indicando um cuidado ainda maior. A Figura 9 ilustra essa simbologia: FIGURA 10 – INDICAÇÃO DE TRATAMENTO DA PEÇA Fonte: ABNT (2012, p.40). O número 40 dentro do símbolo da lavagem, indica a temperatura máxima em que a peça deve ser lavada. Algumas variações sobre o tipo de lavagem indicadas no Quadro 1: QUADRO 1 – TIPOS DE LAVAGEM Lavagem doméstica manual ou à máquina Lavagem somente a mão Não lavar Temperatura máxima de lavagem 30º Temperatura máxima de lavagem 40º Temperatura máxima de lavagem 50º Temperatura máxima de lavagem 60º