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Som e Efeito Doppler FÍ SI C A 55Bernoulli Sistema de Ensino Observe que cada unidade que se aumenta no nível de intensidade, em B, corresponde a multiplicar a intensidade sonora por 10. Dessa forma, um som de 8 B é 1 000 vezes mais intenso que um outro de 5 B. É usual que o nível de intensidade sonora seja fornecido em dB (decibel), que corresponde à décima parte do bel. Assim, 1 B = 10 dB. Se o nível de intensidade sonora estiver em dB, você deve dividir por 10 para obter o valor em bel e, assim, poderá usar a equação anterior. A figura a seguir mostra a intensidade e o nível de intensidade sonora para diversas faixas de frequência. 10002001002010 20000100004000 In te ns id ad e (W /m 2 ) N ív el d e in te ns id ad e (B ) Frequência (Hz) 100 12 10 8 6 4 2 Limiar da dor Limiar da audição 0 10–2 10–4 10–6 10–8 10–10 10–12 Região da fala Observe na figura que, próximo dos 4 000 Hz, somos capazes de ouvir sons com as menores intensidades. Veja, ainda, que a região da fala é bem mais “estreita” (entre 200 Hz e 10 000 Hz, aproximadamente) do que a região de audição. Vale ressaltar que as ondas sonoras com frequências próximas a 20 Hz ou 20 000 Hz (limites de audição) exigem uma intensidade sonora muito elevada, próxima do limiar da dor, para serem ouvidas. Deve ficar claro que os valores mostrados variam de uma pessoa para outra. Timbre O timbre do som é a qualidade fisiológica que nos permite distinguir sons provenientes de diferentes fontes sonoras. Ele está relacionado com a forma da onda sonora resultante. Quando vibramos a corda de um instrumento musical, por exemplo, ela provoca a vibração dos diversos elementos materiais que compõem o instrumento. Dessa forma, várias ondas são geradas simultaneamente. A combinação de todas essas vibrações e dos diversos harmônicos da corda produz uma onda típica e característica do instrumento. A frequência dessa onda será, sempre, a frequência fundamental da corda que está em vibração. Se dois instrumentos musicais diferentes emitirem sons de mesma altura e de mesma intensidade, poderemos distinguir um som do outro. Isso é possível porque cada instrumento possui um timbre peculiar e característico. Quando reconhecemos a voz de uma pessoa, mesmo que não a vejamos, é devido ao fato de que cada indivíduo possui um timbre de voz. O timbre que caracteriza um determinado violão, por exemplo, depende de vários fatores. Entre eles, podemos citar os diversos harmônicos da corda que está em vibração, a intensidade relativa de cada um desses harmônicos, o formato da caixa de ressonância (que é um tubo fechado) e o material de que ela é feita. Você já deve ter notado que dois violões, aparentemente idênticos, podem emitir sons distintos. A figura a seguir representa sons emitidos por uma flauta (a) e por um piano (b), analisados por meio do osciloscópio. Observe que os sons correspondem à mesma nota musical, pois apresentam a mesma frequência (mesmo período). Os sons apresentam, também, a mesma intensidade, pois eles possuem a mesma amplitude. Entretanto, a forma da onda é diferente para os dois sons. Dessa forma, o nosso ouvido consegue distinguir um som do outro. (a) (b) EFEITO DOPPLER Imagine duas situações bem conhecidas de todos. Primeira situação: você está parado no passeio e uma ambulância passa com a sirene ligada. Quando ela se aproxima de você e depois se afasta, você percebe que o som da sirene, inicialmente, parece mais alto (agudo) e, posteriormente, mais baixo (grave). Segunda situação: considere que você está com uma lancha em uma lagoa. O vento faz com que ondas (“marolas”) atinjam a embarcação com determinada frequência. Se a lancha se movimenta de encontro a essas ondas, ela será atingida por uma quantidade maior de cristas e o navegador achará que a frequência das ondas aumentou. Entretanto, se a lancha se movimenta no mesmo sentido das ondas, ela será atingida por uma quantidade menor de cristas e o navegador achará que a frequência das ondas diminuiu. Nos dois exemplos, a frequência percebida pelo observador está alterada em relação às frequências verdadeiras das fontes emissoras. Essa alteração da frequência percebida, devido ao movimento relativo entre a fonte de ondas e o observador, é conhecida como efeito Doppler e pode acontecer com qualquer tipo de onda. Considere uma fonte pontual emitindo ondas circulares centradas na posição F. Os observadores A e B, colocados nas posições indicadas, recebem tais ondas com um mesmo comprimento de onda λ conforme a figura a seguir. Nela, cada linha representa uma crista da onda. Uma vez que a velocidade da onda é a mesma, as frequências percebidas pelos observadores são idênticas e iguais à frequência da fonte que gerou as ondas. A Bλλ F Frente B Módulo 18 56 Coleção 6V Agora, imagine que a fonte se movimenta para a direita com determinada velocidade (vF). A velocidade da onda não é alterada pelo movimento da fonte, pois aquela depende apenas do meio de propagação. Dessa forma, cada crista, embora circular (velocidade constante), está centrada na posição em que a fonte se encontrava no momento que aquela crista foi gerada. Logo, os observadores A e B recebem as ondas como se o comprimento de onda estivesse alterado. Assim, eles percebem frequências distintas e diferentes da frequência da fonte. Veja a seguir: A B λBλA F vF λB ffonte > fA A frequência percebida fica também alterada se os observadores se deslocam em relação à fonte. Considere a fonte em repouso. Se o observador se aproxima dela, ele recebe uma quantidade maior de cristas por unidade de tempo, pois ele vai de encontro a elas. Dessa forma, o observador percebe uma frequência maior que a frequência emitida pela fonte. Se o observador se afasta da fonte, ele recebe uma quantidade menor de cristas num certo intervalo de tempo, pois ele tenta escapar das cristas. Assim, a frequência percebida é menor do que a frequência emitida pela fonte. O fenômeno fica ainda mais evidente quando existe um movimento no qual tanto a fonte quanto o observador se afastam ou se aproximam um do outro. Para o caso das ondas sonoras, a frequência aparente – aquela percebida pelo observador – pode ser calculada, em relação à frequência da fonte, pela equação: faparente = ffonte. + − v v v v som observador som fonte Nessa equação, os sinais se referem a uma dupla aproximação entre fonte e observador. Se algum deles se movimentar no sentido de afastar-se, o sinal da respectiva velocidade deve ser alterado. Por exemplo, se o observador tenta afastar-se da fonte, vobservador deve ter sinal negativo. Se a fonte tenta afastar-se do observador, vfonte deve ter sinal positivo. É claro que, se o observador ou a fonte estiverem em repouso, a sua velocidade é nula, e a equação se torna mais simples. Vale ressaltar que essa equação só é válida para velocidades da fonte e do observador menores que a velocidade da onda. O efeito Doppler tem muitas aplicações no nosso dia a dia. O radar, que monitora a velocidade de veículos nas estradas, é uma dessas aplicações. Considere um veículo que se aproxima do radar. O aparelho emite uma onda de frequência f0, que é refletida pelo veículo e volta para o dispositivo. Devido ao movimento de aproximação, o carro funciona como uma fonte em movimento, “emissora” de ondas refletidas que o radar recebe de volta com uma frequência f, maior que f0. Conhecendo-se os valores dessas frequências e da velocidade da onda, o dispositivo determina e indica a velocidade do veículo. As ondas eletromagnéticas, como a luz, também apresentam efeito Doppler. A frequência da luz está associada à cor da radiação emitida. Considere uma fonte irradiando, por exemplo, luz monocromática amarela. Se essa fonte se aproxima de um observador, com grande velocidade, a luz recebida por ele tende para o azul (frequência maior). Se a fonte,por outro lado, se afasta do observador, a luz que ele recebe tende para o vermelho (frequência menor). Por meio de potentes telescópios que vasculham o Universo, alguns cientistas perceberam que as luzes emitidas pelas galáxias que estão à nossa volta estão desviadas para o vermelho. Dessa forma, eles concluíram que todas as galáxias se afastam de nós e umas das outras. A única explicação, até agora, para esse afastamento é considerar o universo em expansão. Os cientistas mediram a velocidade com que as galáxias se afastam, usando o efeito Doppler, e concluíram também que, quanto maior o afastamento de uma galáxia, maior a sua velocidade de afastamento. Para que exista alteração na frequência da luz, como consequência do efeito Doppler, a velocidade da fonte ou do observador deve ser comparável à velocidade da luz. Dessa forma, a equação apresentada anteriormente não é aplicável para ondas eletromagnéticas, pois, nesse caso, os efeitos relativísticos devem ser considerados. O efeito Doppler e as ondas de choque O movimento relativo entre uma fonte emissora de ondas e um observador não interfere na velocidade de propagação da onda, porém esse movimento interfere na frequência da onda percebida pelo observador. A essa alteração damos o nome de efeito Doppler. Essa animação vai auxiliar você a compreender o efeito Doppler e as ondas de choque que são produzidas por objetos que viajam em velocidade igual ou mais altas que a do som. Boa atividade! EXERCÍCIO RESOLVIDO 01. Uma fonte sonora, em repouso, emite ondas com frequência f0, que se propagam no ar com velocidade v = 330 m/s. Um carro de corrida, com um detector instalado em seu interior, se aproxima e depois afasta-se dessa fonte. O detector acusa que a frequência de aproximação é o dobro da frequência durante o afastamento do veículo. Determinar a velocidade do carro. Resolução: Sejam f1 e f2 as frequências aparentes de aproximação e de afastamento do carro de corrida, respectivamente. Como a fonte está em repouso, vfonte = 0. Assim, a equação do efeito Doppler, nos dois casos, será: f1 = f0 + v v v som carro som ; f2 = f0 − v v v som carro som Como f1 = 2f2, temos que: f0 + v v v som carro som = 2.f0 − v v v som carro som ⇒ vsom + vcarro = 2(vsom – vcarro) ⇒ vcarro = vsom/3 ⇒ vcarro = 110 m/s = 396 km/h