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Unidade II
Unidade II
Esta Unidade apresenta discussões temáticas acerca das políticas industriais, das inovações 
tecnológicas e da competitividade sistêmica, avançando para o tratamento de aspectos referentes 
às finanças públicas e finaliza com questões relacionadas a padrão de crescimento de longo prazo. 
Novamente, a ideia aqui não é a de esgotar os assuntos, mas sim, num aspecto de interdisciplinaridade, 
levantar o debate sobre assuntos do ponto de vista conjunturais e estruturais.
5 POLÍTICAS INDUSTRIAIS NO BRASIL: DA NECESSIDADE À DIFICULDADE DE 
SUA IMPLEMENTAÇÃO
Como é possível entender o que vem a ser política industrial? Podemos dizer que se trata de uma visão 
estratégica e longo prazo de como se vislumbra o futuro do padrão industrial de um país. Neste sentido, 
e para que se conquistem os objetivos traçados na estratégia, medidas tomadas pelo setor público são 
necessárias para que seja possível aumentar o potencial de produção industrial de um território.
5.1 Política industrial: conteúdos gerais
As políticas industriais, inicialmente, integram medidas que visam melhorar a qualidade dos insumos 
que são utilizados na produção, a exemplo de capital representado por máquinas, equipamentos e 
tecnologia, trabalho e sua qualificação, além dos bens intermediários usados pelas indústrias, 
notadamente matéria‑prima. Aproveitando o que destacam Strachman (1999) e Bonelli (1994), o 
cerne de uma política industrial está na conquista de eficiência produtiva, bem como nos ganhos de 
competitividade, partindo do princípio de que a orientação governamental no sentido da elaboração de 
um projeto de desenvolvimento industrial para o país seja possível elevar o nível de emprego de um país 
e, portanto, o bem‑estar da nação.
Tratar, portanto, de políticas que visam ao desenvolvimento industrial de um país requer ir além de 
se pensar de forma convencional em políticas macroeconômicas, a exemplo da fiscal, da monetária, da 
cambial e daquelas de intervenção direta, como no caso da política comercial.
 Lembrete
Lembre‑se de que as políticas citadas procuram ajustar o ambiente 
macroeconômico via tributação ou gasto público no caso da fiscal, 
da regulação da liquidez monetária via administração de taxa de 
juros e recolhimento compulsório de que trata a política monetária 
ou mesmo pela valorização ou desvalorização do câmbio, no caso da 
cambial, obviamente.
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CIÊNCIAS ECONÔMICAS INTERDISCIPLINAR
Como deve‑se ir além das políticas convencionais, o que se coloca é pensar na possibilidade de se 
efetuar uma distinção entre o que seja uma política vertical, ou também chamada de setorial, e aquelas 
denominadas horizontais ou gerais.
Iniciando pelas políticas industriais setoriais, seu foco está especificamente em procurar identificar 
quais os entraves que prejudicam a competitividade de determinado setor da economia. Localizados os 
entraves, um conjunto de ações corretivas e programadas é desenvolvido. Na visão de Frischtak (1993) 
e Bonelli (1994), tal experiência brasileira com políticas setoriais aconteceu no Brasil à época do modelo 
de desenvolvimento econômico substitutivo de importações pelo motivo de que a indústria era infante.
Como a política setorial é localizada em esferas específicas, carrega consigo um tom discricionário devido 
à eleição do setor que receberá as ações programáticas. Podemos exemplificar, a partir dos autores, algumas 
dessas ações: a primeira delas consiste na escolha de qual segmento industrial será estimulado para, a partir 
da escolha, criar incentivos, que podem ser fiscais ou creditícios para o favorecimento do setor. Ainda do 
ponto de vista do Estado, poder‑se‑ia optar pelo expediente de que toda e qualquer compra efetuada por 
empresas estatais seja de produção de empresa nacional, especificamente daquele setor que foi o escolhido.
No que diz respeito às políticas horizontais, também denominadas gerais, a ação governamental 
seria mais generalizada e, em vez de privilegiar um setor específico, as medidas adotadas visariam 
à expansão da eficiência de todo o sistema econômico no sentido da criação de condições para a 
melhoria da competitividade sistêmica, sem que se estabelecessem condições para setores específicos. 
Dessa forma, apresentam‑se como não discricionárias.
Neste ambiente, cabem políticas que promovam melhores condições de competição aos produtores da 
economia nacional, mesmo para aqueles que enfrentam competição estrangeira quando da necessidade 
de importações.
Se pensarmos em termos de desregulamentação, a ação governamental poderia estar voltada às 
políticas comerciais cuja proteção tarifária, e de mercado, favoreceria setores ligados ao comércio 
internacional da mesma forma que favoreceria os participantes da economia interna. Uma vez que o 
mercado estivesse de alguma forma protegido, a política horizontal avançaria no mercado internacional, 
promovendo melhores condições de exportação ao empresário nacional.
Frischtak (1993) chama a atenção para que tipo de política aqui caberia e, dentre elas, estão a 
melhoria de infraestrutura de transporte de produtos, o que passaria por melhor adequação da área 
portuária e de escoamento da produção por via férrea e rodoviária. Integram ainda as políticas de 
competição e a diminuição da tributação incidente sobre bens intermediários importados combinados 
com expansão de crédito para exportação.
Empreendidas as ações no campo concorrencial, a amplitude das medidas governamentais quanto 
às políticas gerais deveriam abordar questões relacionadas a programas técnico, científico e educacional, 
ampliando as condições para a formação profissional, bem como ao acesso à tecnologia. Ainda, políticas 
de proteção ao consumidor, a exemplo do Código de Defesa do Consumidor, e daquelas antitruste 
quanto às práticas desleais de comércio.
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Na caracterização das políticas industriais setoriais ou gerais discute‑se, no âmbito teórico (ERBER; 
CASSIOLATO, 1997), modelos de desenvolvimento industrial, dentre eles os modelos neoliberal radical, 
neoliberal reformista, neodesenvolvimentista e social‑democrata.
No modelo neoliberal radical, o único com característica horizontal/geral, ficaria a cargo do mercado, 
através do sistema de preços, a perfeita alocação dos recursos, cabendo ao Estado o estabelecimento de 
fundamentos macroeconômicos e a implementação de reformas jurídico‑institucionais preconizadas 
pelo Consenso de Washington, para então a expansão industrial resultar do aumento da produtividade 
das firmas.
 Saiba mais
Para saber mais acerca do Consenso de Washington, leia o artigo:
NOVAES, A. Consenso de Washington: crise do estado desenvolvimentista 
e seus efeitos sociais: um Balanço Crítico. Revista Ensaios, n. 1, v. 1, ano 1, 
2º sem. 2008.
Diferentemente do anterior, o modelo neoliberal reformista dá ênfase à intervenção do Estado, 
dado que o mercado apresenta falhas na alocação de recursos, especialmente nos de educação e no 
processo de capacitação tecnológica das empresas. As falhas do mercado, segundo esse modelo, seriam 
as alterações nas condições de competitividade de mercado tanto doméstico quanto internacional. 
Neste caso, caberia ao Estado a definição de objetivos e prioridades e, uma vez sanada a falha, o Estado 
retornaria à sua primazia.
Também com característica setorial, mas adotando uma postura do ponto de vista microeconômico, 
o modelo neodesenvolvimentista, que poderia ser chamado de perspectiva evolucionista, parte do 
pressuposto de que o mercado é apenas uma das formas pelas quais as sociedades capitalistas organizam 
suas relações econômicas.
Diante disto, tal modelo está fortemente embasado nas teses neoschumpeterianas sobre a importância 
da inovação e da difusão do progressodestacamos o horizonte de uma empresa, sua riqueza 
pode ser representada pelo capital social que os sócios ali integralizaram, as máquinas e equipamentos 
de que dispõe para bem poder exercer seu processo de produção e por aí vai. Podemos ainda pensar que 
a riqueza de uma entidade esteja expressa pelos seus clientes, por sua marca, pelo know‑how de seus 
funcionários, bens chamados assim de intangíveis.
O orçamento é imprescindível à formação da riqueza. De maneira bem simples, podemos entender 
que ele é um documento no qual são registradas entradas e saídas de recursos financeiros. Agora pense: 
você faz seu orçamento? Coloca num papel (ou numa planilha eletrônica para sermos mais modernos) 
tudo aquilo que recebe durante determinado período e tudo o que gasta neste mesmo tempo? Qual a 
importância disso? Simplesmente para termos certeza de qual a fonte de nossos recursos e a forma que 
os alocamos em termos de gastos e investimentos.
Evidenciemos agora a riqueza de uma nação: de que é composta? E as finanças de uma nação? Já 
parou para pensar? É disso que trataremos aqui, das finanças públicas e da forma como são administradas 
por orçamentos.
Por uma primeira aproximação, podemos assumir que as finanças públicas nada mais são do 
que os recursos que o Estado arrecada junto à sociedade para, a partir de sua administração, 
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devolver à sociedade na forma de benefícios, benfeitorias em todas as áreas que são de 
responsabilidade do Estado.
Para tanto, há que se ter noção do quanto o Estado conseguirá arrecadar da sociedade e de que 
forma gastará esses recursos com o próprio povo. Daí é que decorre a importância do orçamento. Ter 
clareza quais as origens de entradas de recursos e quais serão seus destinos em termos de gastos, sejam 
como despesa, sejam como investimentos.
Tomando o dicionário Houaiss (2009, p. 1.394), vê‑se que o significado da palavra orçamento 
designa “cálculo da receita e da despesa; pormenorização da receita e da aplicação de recursos a serem 
disponibilizados para certa finalidade.”
Por outro lado, se a palavra for aplicada ao setor público, o mesmo dicionário diz representar:
cálculo da receita a ser arrecadada em um exercício financeiro e das 
despesas a serem feitas pela administração pública, organizado pelo 
poder executivo e sujeito à aprovação das respectivas câmaras legislativas 
(HOUAISS, 2009, p. 1.394).
Então, é possível perceber que o tratamento tanto das finanças quanto do orçamento remetem 
à noção de contabilidade. Neste ponto, Matias‑Pereira (2012) chama a atenção para o fato de que 
se deve a John Maynard Keynes o ordenamento dos conceitos básicos da contabilidade aplicada às 
nações, fundamentando a contabilidade nacional como um novo entendimento dos mecanismos da 
determinação dos níveis de produção e emprego, envolvendo a importância da atividade governamental 
na compreensão dos eventuais declínios do consumo e investimentos privados, que acompanham e 
explicam os períodos de recessão.
Utilizando o conceito de demanda efetiva, Keynes (1982) explica que uma sociedade somente 
prospera se a demanda por bens for crescente ao longo do tempo. Para tanto, a oferta de bens pelas 
empresas privadas deve responder aos anseios de consumo da sociedade, pois, de outra forma, haverá 
maior procura por bens do que serão ofertados e a inflação poderia daí ser decorrente. Ao acontecer a 
insuficiência de demanda:
o governo deveria assumir um papel ativo de complementar os gastos 
privados, ou reduzindo impostos, ou realizando investimentos, mesmo em 
obras aparentemente sem lógica imediata, como abrir e fechar buracos, 
enterrar dinheiro em minas abandonadas e oferecer concessões ao setor 
privado para exploração.
[...]
A insuficiência da demanda que caracterizava as crises de desemprego 
decorria da escassez de novos investimentos [...], razão pela qual não 
bastava que o governo ampliasse a oferta de recursos para investimentos. 
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Era preciso que houvesse um aumento simultâneo nos gastos em obras 
públicas (MATIAS‑PEREIRA, 2012, p. 51).
Do que foi apresentado, portanto, é possível perceber que a cargo do governo ficaria a política 
fiscal, aquela que remete ao orçamento do setor público e que é composta de receitas e despesas 
orçamentárias para a correção de possíveis desvios de demanda que a economia poderia apresentar.
Então, em se tratando da política fiscal e do orçamento do governo, este deveria ser pensado em 
termos de equilíbrio entre as receitas e as despesas orçamentárias, motivo pelo qual chamamos a 
atenção para a contabilidade.
 Observação
A Política Fiscal compreende ações do governo relacionadas ao seu 
orçamento – o Orçamento do Setor Público. Ela definirá o quanto o governo 
irá arrecadar e o quanto poderá gastar.
O Estado adquire receita via impostos, tributos e taxas, pagas pelo contribuinte, no intuito de manter 
a ordem e os serviços providos pelo governo. A arrecadação governamental, chamada de receita do 
governo, é feita via produção, circulação e consumo de mercadorias, além de movimentações financeiras, 
renda, entre outros. Para Judensnaider e Manzalli (2011), entre os principais geradores de renda do 
governo, e de forma genérica, estão:
• Receitas provenientes da produção e circulação de mercadorias por exemplo, o IPI – 
Imposto sobre Produtos Industrializados e o ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias 
e Serviços.
• Receitas provenientes da geração e apropriação da renda, a exemplo do IR – Imposto de Renda.
• Receitas provenientes da propriedade, da acumulação de capital e das relações 
internacionais em que podemos ilustrar o IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano, o IH 
– Imposto sobre Herança, o IOF – Imposto sobre Operações Financeiras e o II – Imposto sobre 
Importações.
Pelo lado do gasto, o governo os realiza no intuito de suprir as necessidades da população não 
preenchidas pela iniciativa privada. Entre estes gastos, estão:
• máquina do governo: a exemplo de manutenção dos serviços básicos e administrativos;
• investimentos: dentre eles a construção de escolas, hospitais e rodovias;
• transferência de renda: representados pelos programas que visam auxiliar monetariamente a 
população de baixa renda.
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Uma política fiscal será expansionista quando o governo aumentar seus gastos ou mesmo diminuir 
a carga tributária sobre a sociedade, ou seja, repassar maior volume de recursos monetários para ela por 
meio de seus gastos ou deixá‑la sociedade com maior volume de dinheiro, subtraindo sua arrecadação. 
Quando o governo adotar uma política fiscal expansionista, segundo Judensnaider e Manzalli (2011), 
alguns efeitos na economia serão gerados, a exemplo de:
• descontrole das contas públicas: os gastos podem ser, em algum momento, superiores às 
receitas e, desta forma, o governo não consegue formar poupança;
• aumento da inflação: se houver maior volume de dinheiro em circulação, aumentará o consumo 
e os preços dos produtos;
• redução na credibilidade externa: devido ao descontrole orçamentário;
• subtração dos investimentos empresariais: o governo assume a liderança de elevar a demanda 
agregada via gastos governamentais e produção;
• contração do desemprego: por ativar a atividade econômica.
E no caso de uma política fiscal contracionista? as consequências, dentre outras, serão:
• equilíbrio nas contas do governo ou o que podemos chamar de superávit orçamentário;
• aumento da credibilidade no exterior devido à austeridade;
• elevação dos níveis de investimento estrangeiros, pois o país transmite maior segurança 
administrativa;
• diminuição das transferências governamentais com relação à sociedade.
7.1 Receitas e despesas do setor público
Neste espaço abordaremosas considerações acerca das receitas e das despesas do setor público e 
que integram as peças orçamentárias.
7.1.1 Receitas públicas
Conforme explica Nascimento (2014, p. 126), entende‑se por receita pública o conjunto 
de arrecadação com fontes e fatores geradores próprios e permanentes, oriundos de ação e 
atributos inerentes à instituição (União, estados e municípios), e que, “integrando o patrimônio e 
na qualidade de elemento novo, lhe produz acréscimos sem, contudo, gerar obrigações, reservas 
ou reivindicações de terceiros”, destinando‑se a atender à manutenção e à conservação dos 
serviços públicos.
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O tributo é um dos itens da receita pública e refere‑se à prestação pecuniária compulsória, em 
moeda corrente ou cujo valor nela se possa exprimir, que não representa sanção de ato ilícito instituída 
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
A arrecadação tributária constitui a principal fonte de recursos utilizados no financiamento dos 
programas governamentais, ressaltando‑se que muitos estados e municípios brasileiros sobrevivem a 
partir de transferências do Governo Federal, do Fundo de Participação Estadual (FPE) e do Fundo de 
Participação Municipal (FPM).
Para Rezende (2012), as receitas orçamentárias públicas podem ser classificadas sob três óticas 
principais da(o):
• captação dos recursos;
• origem dos recursos;
• orçamento a que estão vinculadas.
Do ponto de vista da captação, as receitas são consideradas como próprias ou de transferências. 
Receitas próprias são as arrecadadas pelas próprias entidades, responsável de sua aplicação – por 
exemplo, o Imposto de Renda é uma receita própria da União e o ICMS uma receita própria dos Estados. 
Receitas de transferências, por sua vez, são as provenientes do repasse de recursos captados por 
outras instituições – por exemplo, o Fundo de Participação dos Estados e Municípios, que são receitas 
transferidas pela União a essas esferas.
Quanto maior a diversificação institucional na execução das atribuições do governo e a centralização 
das decisões tributárias no Governo Federal, maior é o fluxo de transferências de recursos entre os diferentes 
segmentos da Administração Pública e os níveis de governo. Por outro lado, é evidente que num trabalho 
de consolidação das receitas públicas as transferências devem ser canceladas para evitar a dupla contagem.
Em relação à origem dos recursos, Nascimento (2014) classifica as receitas em duas categorias 
econômicas: as correntes e as de capital. Tal distinção baseia‑se na existência ou não de algum 
pré‑requisito para aplicação da receita, bem como no caráter recorrente ou não do ingresso.
Conforme destacam Nascimento (2014) e Rezende (2012), as receitas correntes são definidas como 
o conjunto das receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, de serviços, industrial e diversas, além 
daquelas oriundas de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado 
destinadas à cobertura de despesas correntes, a exemplo de folha de pagamentos de salários. A subdivisão 
das receitas correntes, de acordo com os autores anteriormente indicados, é a que se segue:
• Tributária: inclui as receitas definidas como tributos pelo Código Tributário Nacional, a saber, os 
impostos, as taxas e as contribuições de melhoria; é tudo o que deriva da arrecadação de impostos, 
tributos e multas pecuniárias, prefixadas em lei em caráter permanente. Servem para custear as 
despesas derivadas da prestação de serviço público e suas necessidades de investimento.
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• De contribuições: inclui as contribuições sociais (por exemplo, para o financiamento da Seguridade 
Social, o salário‑educação, de empregadores e trabalhadores para a Seguridade Social etc.) e as 
contribuições econômicas (para o Programa de Integração Nacional – PIN, para o Proterra, pela 
exploração de recursos minerais etc.).
• Patrimonial: refere‑se ao resultado financeiro da exploração do patrimônio, dividindo‑se em 
receitas imobiliárias (aluguéis, arrendamentos, taxas de ocupações de imóveis etc.), receitas de 
valores mobiliários (juros, dividendos, remunerações de depósitos bancários etc.) e receitas de 
concessões e permissões (outorga dos serviços de telecomunicações, de radiodifusão, de serviços 
de transporte etc.).
• Industrial: proveniente da venda de mercadorias ou serviços relativa a atividades de natureza 
empresarial, incluindo a receita da indústria da transformação e da construção.
• Agropecuária: inclui a receita da produção vegetal e da produção de animais e derivados.
• De serviços: inclui serviços comerciais, financeiros, de transporte, de comunicação, de saúde etc.
• Transferências correntes.
Por outro lado, as receitas de capital são aquelas cujos fluxos são mais irregulares – incluindo as 
operações de crédito e o resultado de alienação do patrimônio –, ou que se referem a transferências 
previamente vinculadas a despesas de capital. São as provenientes da realização de recursos 
financeiros oriundos de constituição de dívidas, de conversão em espécie, de bens e direitos, além dos 
recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas 
classificáveis em despesas de capital. Uma possível subdivisão para as receitas de capital é a oferecida 
por Nascimento (2014):
• operações de crédito;
• alienação de bens e direitos;
• amortização de empréstimos/financiamentos recebidos;
• transferências de capital recebidas;
• outras receitas de capital recebidas.
Quanto ao orçamento a que estão vinculadas, há as receitas do orçamento da Seguridade Social 
e as receitas do orçamento fiscal. As primeiras são basicamente as contribuições definidas no art. 195 
da Constituição Federal e as receitas diretamente arrecadadas pelos órgãos da Seguridade Social. As 
arrecadações do orçamento fiscal são formadas pelas receitas de impostos, de contribuições econômicas 
e demais receitas dos órgãos não ligados à seguridade.
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 Saiba mais
Para conhecer a Constituição Federal na íntegra, acesse:
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos 
Jurídicos. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: 
DF, 1988. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2016.
Por último, tanto as receitas próprias quanto as transferências podem ser classificadas em correntes 
e de capital. A tabela adiante, extraída do orçamento da União para o ano de 2015, apresenta o esquema 
geral para a classificação da receita pública no Brasil.
Tabela 17 – Receita orçamentária federal (2015)
Especificação Valor R$ 1,00
1 – Receitas correntes 1.533.788.243.653
Receita tributária 457.792.222.514
Receita de contribuições 787.299.083.683
Receita patrimonial 110.386.091.959
Receita agropecuária 30.262.599
Receita industrial 1.076.547.455
Receita de serviços 53.466.437.216
Transferências correntes 963.062.879
Outras receitas correntes 122.774.535.348
2 – Receitas de capital 461.033.639.568
Operações de crédito internas 279.046.067.465
Alienação de bens 8.516.452.476
Amortização de empréstimos 42.332.333.377
Outras receitas de capital 130.959.174.712
Transferências de capital 179.611.538
Subtotal (1+2) 1.994.821.883.221
3 – Refinanciamento da dívida pública federal 868.557.818.456
Total 2.863.379.701.677
Rezende (2012) chama atenção para o fato de:
que não existe (nem deve existir) uma associação perfeita entre receitas e 
despesas correntes e receitas e despesas de capital. Na verdade, o saldo em 
conta corrente, ou seja, a diferença entre receitas e despesas correntes, que 
constitui a poupança do governo, é umadas fontes de financiamento das 
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despesas de capital. Por outro lado, operações de crédito não se restringem, 
obrigatoriamente, ao financiamento de despesas da mesma categoria 
(REZENDE, 2012, p. 153).
A arrecadação de contribuições sociais constitui a principal fonte de recursos utilizados no 
financiamento dos programas incluídos no orçamento federal. Esse papel preponderante das 
contribuições sociais deve‑se, em maior parte, à Constituição de 1988, que expandiu consideravelmente 
os direitos sociais e proporcionou, em contrapartida, as fontes para o governo. Também é verdade o 
interesse maior do Governo Federal em ampliar a arrecadação de contribuições sociais, visto que estas 
não são repartidas com estados e municípios, ao contrário do imposto de renda e dos impostos sobre 
produtos industrializados. Em segundo lugar, vêm as receitas tributárias, das quais os impostos são os 
mais relevantes.
Nota‑se que a partir da Constituição de 1988 não mais existem receitas extraorçamentárias. No 
modelo anterior à atual Constituição, havia diversas receitas fora do orçamento, como as contribuições 
compulsórias das empresas, a exemplo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), do Programa 
de Integração Social (PIS), do Pasep e do salário‑educação.
No atual modelo somente ficam fora do orçamento as contribuições para o FGTS e para o chamado 
sistema S (Senar, Sesi, Senai, Senac, SEC, Incra, SDR, Sest e Sebrae), consideradas contribuições 
parafiscais. As contribuições sociais para o PIS/Pasep e a Previdência, por exemplo, foram incorporadas 
ao orçamento.
7.1.1.1 Fixação
Embora as contribuições sociais mencionadas anteriormente não sejam consideradas explicitamente 
no Código Tributário Nacional como tributo, é certo que, do ponto de vista econômico, não existe 
diferença significativa. O que varia é a base de cálculo e a justificativa apresentada para sua instituição. 
Para fins de análise econômica, é possível englobar as diferentes alternativas de mobilização compulsória 
de recursos pelo governo em um único quadro de referência, classificando‑as de acordo com a base 
econômica da contribuição.
Do ponto de vista da base econômica, os tributos podem ser classificados em três grandes categorias: 
impostos sobre a riqueza (patrimônio), impostos sobre a renda e impostos sobre vendas de mercadorias 
e serviços. No primeiro caso, a base sobre a qual incide o imposto é o estoque acumulado de capital, 
enquanto no segundo os impostos incidem sobre os fluxos anuais de rendimento.
Já no caso de impostos sobre transações, a compra e a venda de mercadorias e serviços constituem 
o fato dominante, variando apenas o momento em que o imposto é cobrado (se no nível do produtor 
ou do consumidor) e a base de cálculo da operação (se o valor adicionado ou o total da transação). Em 
qualquer dos casos, os impostos podem ser ainda gerais ou parciais.
Um imposto geral sobre a riqueza, por exemplo, seria aquele que incidisse sobre o valor total 
do patrimônio, enquanto o imposto parcial se refere apenas a um tipo de ativo, como é o caso do 
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imposto sobre a propriedade imobiliária. Da mesma forma, a um imposto geral sobre vendas que incide 
sobre todas as mercadorias contrapõe‑se a um imposto parcial cobrado apenas sobre transações com 
mercadorias de determinada espécie.
O sistema completo de classificação e a identificação da categoria na qual se incluem os principais 
impostos utilizados no Brasil são apresentados na tabela a seguir.
Tabela 18 – Classificação de tributos
Categorias de impostos 
e outras contribuições 
compulsórias
Contribuintes
Empresas e setor
Indivíduos
Agricultura Indústria Comércio Serviços
Tributos sobre o 
patrimônio
Propriedade imobiliária ITR IPTU IPTU IPTU IPTU
Bens de consumo 
duráveis IPVA IPVA IPVA IPVA IPVA
Tributos sobre fluxos de 
renda
Geral IRPF
Parcial (salário e 
ordenados)
CPS, FGTS, 
Salário‑Educação, 
C. Senar
CPS, FGTS, 
Salário‑Educação, C. 
Sesi, C. Senai
CPS, FGTS, 
Salário‑Educação, 
C. Sesc, C. Senac
CPS, FGTS, 
Salário‑Educação, 
C. Sesc, C. Senac, 
C. Senat, C. Sest
CPS, IRRF, 
CPSS*
Juros
Lucros
Aluguéis
IRRF, IOF
IRPJ, CSLL
IRRF, IOF
IRPJ,CSLL
IRRF, IOF
IRPJ,CSLL
‑
IRRF, IOF
IRPJ,CSLL
‑
IRRF, IOF
IRPJ, CSLL
IRPF
Tributos sobre vendas de 
mercadorias e serviços
Geral sobre o valor 
adicionado ICMS ICMS ICMS ICMS ‑
Geral sobre o 
faturamento PIS, Cofins, II PIS, Cofins, II PIS, Cofins, II PIS, Cofins, II ‑
Parcial sobre produtos 
industrializados ‑ IPI ‑ ‑ ‑
Parcial sobre prestação 
de serviços ISS ISS
Tributos sobre vendas 
de ativos reais ou 
financeiros
Parcial sobre transmissão 
de propriedade
ITCD,
ITBI
Parcial sobre ganhos de 
capital IRPF
*Incide somente sobre os servidores públicos.
Fonte: Rezende (2012, p. 157).
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 Observação
Glossário das siglas usadas na tabela anterior:
ITR – Imposto Territorial Rural. IPTU – Imposto Predial e Territorial 
Urbano. TRU – Taxa Rodoviária Única. CSLL – Contribuição Social sobre o 
Lucro Líquido. CPSS – Contribuição para a Seguridade Social do Servidor 
Público. CPS – Contribuição para a Previdência Social. FGTS – Fundo de 
Garantia de Tempo de Serviço. C. Senar – Contribuição para o Serviço 
Nacional de Aprendizagem Rural. C. Senat. – Contribuição para o Serviço 
Nacional de Aprendizagem do Transporte. C. Sest – Contribuição para 
o Serviço Social de Transporte. C. Sesi – Contribuição para o Serviço 
Social da Indústria. C. Senac – Contribuição para o Serviço Nacional de 
Aprendizagem Comercial. C. Senai – Contribuição para o Serviço Nacional 
de Aprendizagem Industrial. C. Sesc – Contribuição para o Serviço 
Social do Comércio. IRPJ – Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas. IRPF 
– Imposto de Renda de Pessoas Físicas. IRRF – Imposto de Renda Retido 
na Fonte. ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. IPI 
– Imposto sobre Produtos Industrializados. II – Imposto de Importação. 
PIS – Contribuição para o Programa de Integração Social. IUCL – Imposto 
Único sobre Combustíveis e Lubrificantes. ISS – Imposto sobre Prestação de 
Serviços. IOF – Imposto sobre Operações Financeiras.
É importante notar que a identificação da base econômica do tributo refere‑se à variável sobre a 
qual a contribuição é calculada, mas não identifica, necessariamente, onde se localiza o ônus dessa 
contribuição. Nem sempre o contribuinte – isto é, aquele que recolhe o tributo aos cofres do governo 
–, é a mesma pessoa (física ou jurídica) sobre a qual efetivamente recai o ônus do pagamento. É lícito 
supor que, sempre que possível, os contribuintes procurariam transferir o ônus do pagamento para 
terceiros, variando a possibilidade de transferência conforme a natureza do imposto (contribuição), as 
condições do mercado, o poder de barganha, as incertezas na economia etc.
Nos textos usuais de finanças públicas, a distinção entre tributos cujo ônus é, em princípio, suportado 
pelo próprio contribuinte e os que admitem a transferência total ou parcial do pagamento para terceiros, 
é feita separando‑se os tributos em diretos e indiretos:
• Diretos: os tributos nos quais os contribuintes são os mesmos que arcam com o ônus da respectiva 
contribuição; são impostos cuja base econômica de contribuições é a renda ou o patrimônio.
• Indiretos: os tributos para os quais os contribuintes poderiam transferir total ou parcialmente 
o ônus da contribuição para terceiros; são aqueles cuja base é a transação com mercadorias 
e/ou serviços.
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7.1.2 Recolhimentos
O Brasil vem apresentando, em média, ao longo dos últimos 20 anos, carga tributária de 
aproximadamente30% a 35% do PIB conforme pode‑se verificar na tabela a seguir.
Tabela 19 – Evolução da carga tributária bruta no Brasil (1994‑2013)
Ano PIB (%)
1994 27,9
1995 28,4
1996 28,6
1997 28,6
1998 29,3
1999 31,1
2000 30,4
2001 31,9
2002 32,4
2003 31,9
2004 32,8
2005 33,8
2006 34,1
2007 34,7
2008 34,9
2009 33,7
2010 33,6
2011 34,5
2012 35,9
2013 35,8
Fonte: Adaptada de Receita Federal (2013).
7.1.3 Despesas públicas
Riani (2012) destaca que as despesas públicas apresentam‑se como uma escolha política por parte 
dos governos ao se evidenciarem os diversos serviços e bens públicos oferecidos na sociedade. Relata 
que há diferenças entre os chamados gastos governamentais e os gastos públicos.
Os gastos do estado compreendem as despesas realizadas pelas unidades que compõem a 
administração governamental direta e indireta. Já os gastos públicos abrangem a totalidade dos gastos 
administrativos mais as despesas do governo com suas atividades econômicas produtivas, em que se 
incluem as empresas estatais.
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Ainda para Riani (2012):
Os gastos são apresentados e classificados de acordo com sua finalidade, natureza 
e função, abrangendo apenas o governamental, desconsiderando os gastos das 
atividades econômicas do governo. Tal situação deve‑se, entre outras coisas, 
à finalidade de cada bloco de atividades que caracterizam cada um deles e às 
suas formas de financiamento. Em geral, os gastos governamentais deveriam ser 
financiados através dos mecanismos fiscais, especialmente a tributação, e os gastos 
do governo com suas atividades produtivas devem ser financiados pelos recursos 
obtidos com a venda de seus bens e serviços (RIANI, 2012, p. 54).
Giambiagi e Além (2008) destacam que, como o governo precisa exercer suas funções, este o 
faz através do gasto público em diferentes frentes de atuação, quais sejam: saúde, educação, defesa 
nacional, policiamento, regulação, justiça e assistencialismo.
 Lembrete
Lembra‑se das funções do governo que foram apresentadas em páginas 
anteriores? Se não, volte a elas. É importante neste momento.
 Saiba mais
Você poderá compreender a participação do Estado na economia com 
relação ao gasto público vendo os dados divulgados pelo IBGE. Leia:
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Ministério do 
Planejamento, Orçamento e Gestão. Despesas públicas. Brasília: DF, 18 
dez. 2001. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2016.
Os gastos públicos podem ser classificados de três formas: quanto à finalidade do gasto, à natureza 
do dispêndio e ao agente encarregado por sua execução.
No que diz respeito à divisão da despesa quanto à finalidade do gasto, esta pode ser classificada em 
funções, programas e subprogramas. Tal classificação introduzida pelo orçamento‑programa permite ao 
governo a agregação dos valores gastos em cada uma das suas atividades, em suas diferentes áreas de 
atuação –funções (NASCIMENTO, 2014).
Em relação à natureza do dispêndio, os gastos podem assumir a forma de custeio – ao se tratar dos 
gastos com pessoal e material de consumo –, investimentos – quando o tratamento for o da formação 
bruta de capital fixo, de transferências, sejam constitucionais, sejam voluntárias – e inversões financeiras 
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– quando se utilizar recursos públicos como forma de investimentos financeiros geradores de fluxo de 
renda positivo via juros e demais remunerações.
Por fim, a classificação da despesa considerando o agente encarregado de sua execução aborda a 
administração pública direta ou de forma descentralizada, pelas empresas públicas e outras instituições 
autônomas, a que é exemplo a administração indireta.
 Saiba mais
Para que você possa conhecer como as despesas públicas são classificadas 
de maneira institucional e formal, veja o documento Manual Técnico do 
Orçamento, que oferecerá boa visão da complexidade da classificação 
orçamentária para identificação das despesas. Assim, acesse:
BRASIL. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Manual 
Técnico de Orçamento – MTO. Brasília: DF, 7 set. 2016. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2016.
A classificação institucional da despesa atenderá ao seguinte ordenamento, segundo 
Nascimento (2014):
• Natureza da despesa: deve‑se considerar ser a despesa de categoria econômica (correntes e de capital).
• Grupo de natureza da despesa: deve‑se agregar os elementos da despesa e seu objeto de gasto, 
a exemplo de pessoal ou encargos sociais, juros e encargos de dívida, investimentos, inversões 
financeiras, amortização de dívida ou outras despesas correntes.
• Modalidade de aplicação: destina‑se a elucidar onde os recursos serão aplicados, compreendendo 
transferências financeiras ou se diretamente pela unidade detentora do crédito orçamentário.
• Elemento de despesa: identifica objetos de gastos, a exemplo de vencimentos.
Rezende (2012, p. 81) destaca as principais definições da classificação funcional das despesas:
• Função: maior nível de agregação das diversas áreas de despesa que 
competem ao setor público.
• Subfunção: partição da função, visando agregar determinado 
subconjunto de despesa do setor público. Pode ser combinada com 
funções diferentes daquelas a que esteja vinculada.
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• Encargos especiais: englobam as despesas em relação às quais 
não se possa associar um bem ou serviço a ser gerado no 
processo produtivo corrente, tais como: dívidas, ressarcimentos, 
indenizações e outras afins, representando, portanto, uma 
agregação neutra.
• Programa: instrumento de organização da ação governamental que 
visa à concretização dos objetivos pretendidos, sendo mensurado por 
indicadores estabelecidos no plano plurianual.
• Projeto: instrumento de programação para alcançar o objetivo de 
um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no 
tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão 
ou o aperfeiçoamento da ação do governo.
• Atividade: instrumento de programação para alcançar o objetivo de 
um programa, que envolve um conjunto de operações que se realizam 
de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto 
necessário à manutenção da ação do governo.
• Operações especiais: despesas que não contribuem para a manutenção 
das ações do governo, das quais não resulta um produto, e não geram 
contraprestação direta sob a forma de bens e serviços.
7.1.3.1 Estágios da despesa
A forma pela qual o Brasil executa a despesa pública atende a alguns estágios, quais sejam: da 
previsão orçamentária, da fixação da despesa pelo Legislativo, do processo licitatório, do empenho, da 
liquidação e do pagamento (NASCIMENTO, 2014).
A previsão orçamentária da despesa fez‑se necessário mesmo que haja processo licitatório, pois 
nenhuma despesa pode ser assumida sem a existência de sua previsão no orçamento. Isto está em 
consonância ao preconizado no art. 167 da Constituição Federal bem como na Lei nº 8.666/93, que trata 
das licitações.
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 Saiba mais
A Lei nº 8.666/93 trata das normas para licitações e contratos. Para 
saber mais acerca do assunto, acesse:
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos 
Jurídicos. Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, 
inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e 
contratos da Administração Pública e dá outras providências. Brasília: DF, 
1993. Disponível em: .Acesso em: 5 out. 2016.
Já a fixação da despesa versa que cabe ao Poder Executivo aprovar, vetar ou alterar a despesa na proposta 
orçamentária que foi enviada ao Congresso Nacional, quando, após sua aprovação, será finalmente fixada.
O processo licitatório representa o conjunto de mecanismos adotados pelo Estado para que se 
possa adquirir bens e serviços. Traduz‑se em procedimento administrativo e objetivo que procura 
compatibilizar critérios isonômicos, quando a administração necessitar recorrer ao setor privado para 
contratação pública. Então, deverá seguir:
• o proposto pela Lei nº 8.666/93;
• alienações, a exemplo das privatizações com as vendas de bens;
• igualdade de condições a todos os concorrentes, atendendo, assim, ao princípio da isonomia.
Por outro lado, o empenho apresenta‑se como o primeiro estágio efetivo da despesa e pode ser 
conceituado como a necessidade de verba para que uma compra e seu efetivo pagamento sejam 
executados. Pode ser efetuado por nota de empenho, em que se precede à realização da despesa, bem 
como por tipo de empenho e, neste caso, como salienta Nascimento (2014), são classificados de acordo 
com sua natureza e finalidade:
1. empenho ordinário para acudir despesa com montante previamente 
conhecido e cujo pagamento deva ocorrer de uma só vez;
2. empenho global para atender às despesas com montante previamente 
conhecido como aluguéis, salários etc.;
3. empenho por estimativa para acolher despesas com valor não 
identificado previamente e, geralmente, de base periódica não 
homogênea, como as despesas com energia elétrica, diárias, telefone 
etc. (NASCIMENTO, 2014, p. 168).
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Quando ocorrer a comprovação de que o credor cumpriu com suas obrigações contratuais constantes 
no empenho, dá‑se a liquidação da despesa. É preciso de documentos que atestem a realização do 
serviço ou mesmo entrega de bens por parte de quem foi contratado, passando por atos de conferência 
e verificação, inclusive de notas fiscais correspondentes ao empenho, que será levado a pagamento.
O pagamento, entendido como o último estágio da despesa pública, consiste no repasse de verba 
do contratante ao contratado como forma de extinção da obrigação.
Desde seu surgimento, as questões orçamentárias estão envoltas a uma miríade de regras 
com o intuito de dar‑lhe consistência no cumprimento de sua finalidade, qual seja, a de auxiliar 
no controle parlamentar sobre o Executivo. Giacomoni (2012, p. 62) diz que “essas regras 
(princípios) receberam grande ênfase na fase em que os orçamentos possuíam forte conotação 
jurídica e, alguns deles, chegaram até os dias de hoje”. Passaremos então a tratar dos princípios 
orçamentários.
7.2 Princípios orçamentários
Para Giacomoni (2012), os princípios orçamentários procuram salientar não só as regras mas também 
o que se deve observar quando da elaboração de orçamentos. Não devem ser considerados como regras 
inflexíveis, mesmo porque há necessidade de adaptação ao longo do tempo e ao tipo de Estado – liberal 
ou interventor –, devendo ser adequadas às características de cada país, bem como ao seu período de 
elaboração. Por outro lado, Nascimento (2014) destaca que são os princípios que fazem do orçamento 
público peça transparente, facilitando, desta forma, seu controle e sua avaliação.
Na literatura disponível sobre o assunto, é possível verificar divisão entre os princípios orçamentários 
que atende aos princípios fundamentais, sendo os mais aceitos pela maioria dos agentes públicos, e aos 
operacionais, que procuram dotar o orçamento de eficiência e racionalidade.
Destacam‑se dentre os princípios orçamentários fundamentais:
7.2.1 Princípio da legalidade
De acordo com esse princípio, o sistema orçamentário deve refletir o que foi planejado e o 
que foi programado pelo Poder Público, de forma que sejam garantidos os atos relacionados aos 
interesses da sociedade. Tal princípio versa ainda que a legalidade deverá corresponder tanto à 
receita quanto à despesa. Em relação à legalidade pelo lado da despesa, deverá ser autorizada 
inicialmente pela Lei do Orçamento ou por lei de créditos adicionais, chamadas de especiais. Já 
pelo lado das receitas, também deverá atender à legislação, sendo esta a própria que instituiu o 
tributo (NASCIMENTO, 2014).
7.2.1.1 Princípio da reserva legal
Primeiro princípio a ser definido, expressar que o orçamento deve ser objeto de lei (NASCIMENTO, 
2014). Considera‑se como reserva legal a preocupação e iniciativa exclusiva do Poder Executivo em 
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propor a Lei do PPA (Plano Plurianual), bem como das LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e LOA (Lei 
Orçamentária Anual). Destaca que o orçamento deve ser objeto de lei e desenvolvido compreendendo 
um processo legislativo completo.
Conforme Nascimento (2014):
A legalização da despesa orçamentária ocorre da seguinte forma: uma 
proposta, que contém o projeto de lei do orçamento, deve ser elaborada 
pelo Executivo e submetido ao Legislativo (Congresso Nacional, em 
nível federal), para que possa ocorrer apreciação (autorização – controle 
público) e a posterior devolução da lei ao Poder Executivo para sanção e 
publicação. Um dos aspectos mais importantes nesse processo é de que as 
despesas do orçamento precisam receber autorização legal. O orçamento 
precisa ter força de lei para que todos saibam que ele foi autorizado 
(NASCIMENTO, 2014, p. 99).
7.2.1.2 Princípio da periodicidade
Pelo princípio da periodicidade, ou da anualidade, vê‑se que o orçamento deve abranger 
determinado período de tempo, sendo este, um ano, o chamado ano civil (1º de janeiro a 31 de 
dezembro), em que se entende ser razoável para que o Poder Legislativo possa legislar, controlar e 
corrigir o orçamento, se necessário.
 Observação
A correção dos desvios é um preceito estabelecido pela Lei 
de Responsabilidade Fiscal (LRF), que é concretizado por meio de 
relatórios, como o Relatório Resumido de Execução Orçamentária 
(RREO), publicado bimestralmente, e o Relatório de Gestão Fiscal (RGF), 
publicado quadrimestralmente.
Tanto o Relatório Resumido de Execução Orçamentária quanto o Relatório de Gestão Fiscal 
preocupam‑se em acompanhar anualmente a previsão das receitas e de despesas e, na ocorrência de 
desvios de algum desses, medidas corretivas devem ser adotadas junto à LDO.
7.2.1.3 Princípio da exclusividade
Integrante do art. 165, § 8º da CF, o princípio da exclusividade versa que a lei orçamentária conterá 
exclusivamente informações relacionadas à previsão de receitas e despesas para o exercício subsequente 
àquele quando de sua elaboração, ainda que seja permitida a abertura de créditos capazes de completar 
receita por antecipação, desde que de acordo com a lei.
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7.2.1.4 Princípio da unidade
O entendimento desse princípio reside na própria consideração da palavra unidade, de uno, único 
em que cada ente federado – União, Distrito Federal, Estados e Municípios – deve elaborar seu próprio 
orçamento, eliminando qualquer possibilidade de existência de orçamentos paralelos. Para Nascimento 
(2014):
no caso do Brasil, a União possui três peças orçamentárias (o que pode sugerir 
o desrespeito ao princípio da Unidade): o orçamento fiscal, o orçamento da 
seguridade social e o orçamento de investimentos em empresas que a União 
detenha a maioria do capital social votante (NASCIMENTO, 2014, p. 63).
Giacomoni (2012) complementa o que apresenta Nascimento:
Não raro, mesmo no passado, o princípio era descumprido, pois situações 
de excepcionalidade, como guerras, calamidades e crises econômicas, 
acabavam justificando o emprego de orçamentos especiais, que operavam 
em paralelo ao orçamento ordinário. Mais tarde, com a descentralização 
do aparelho estatal,generalizou‑se a prática dos orçamentos paralelos. 
Muitas das funções públicas passaram a ser desempenhadas por entidades 
dotadas de grande autonomia, especialmente financeira. As autarquias 
ainda mantinham vínculo com o orçamento central, saindo daí o grosso 
dos recursos para sua operação. Já surgiram, porém, paraestatais, dotadas 
de ainda maior autonomia (sociedade de economia mista e empresas 
públicas) cuja autossuficiência financeira as afastava totalmente do sistema 
financeiro e orçamentário central (GIACOMONI, 2012, p. 64).
Diante das dificuldades em se atender ao princípio da unidade orçamentária e no afã de envolver 
novas situações conforme as anteriormente destacadas, a lei passou a adotar o princípio da totalidade, 
possibilitando, desta forma, a “coexistência de múltiplos orçamentos, que, no entanto, devem sofrer 
consolidação de forma que permita ao governo uma visão geral do conjunto das finanças públicas” 
(GIACOMONI, 2012, p. 64).
7.2.1.5 Princípio da universalidade
Possibilitando ao Legislativo conhecer e autorizar previamente as receitas e as despesas, está previsto 
nos artigos 2º, 3º, 4º e 6º da Lei nº 4.320/64 o princípio da universalidade. “A ideia desse princípio está 
associada a palavras, como totalidade, total, todas etc., no sentido de que o orçamento deverá conter 
todas as receitas e as despesas públicas” (NASCIMENTO, 2014, p. 92), mesmo que se assumam algumas 
exceções. Uma delas é que não se incluem no orçamento as receitas e as despesas extraorçamentárias, 
a exemplo das operações de crédito por antecipação da receita (as chamadas Aros), as emissões de 
papel‑moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros, conforme citado no 
parágrafo único do art. 3º da Lei nº 4.320/64.
Highlight
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Pelo lado das receitas orçamentárias, que funcionam como um fluxo de caixa disponível, não podem 
ser computadas para efeito de programação das despesas, pois não são suporte de nenhuma dotação 
orçamentária, já que não estão previstas no orçamento. São exemplos de receitas orçamentárias, 
segundo Nascimento (2014, p. 93):
• salários e valores não reclamados;
• operações de crédito por antecipação da receita (Aros);
• depósitos em garantia;
• depósitos em caução, garantia de caução;
• depósitos judiciais e extrajudiciais.
Outra exceção que se faz ao princípio da universalidade está relacionada às despesas 
extraorçamentárias. Ela é entendida como aquela “realizada (paga) à margem da LOA e dos créditos 
adicionais regularmente abertos, tendo, por isso, a singular natureza de ser independente de prévia 
autorização legislativa” (NASCIMENTO, 2014, p. 93).
Ainda constituem exemplos típicos de despesas extraorçamentárias:
• As saídas do passivo financeiro que sejam compensatórias de entradas no ativo financeiro em 
razão de receitas extraorçamentárias (como as que ocorrem por ocasião da restituição de valores 
recebidos, como caução, consignação ou depósito) – nessa ótica, a despesa extraorçamentária é o 
pagamento (restituição) de uma receita extraorçamentária.
• Os pagamentos relativos à liquidação de operações de crédito por Antecipação de Receita 
Orçamentária (operações por Aro) realizadas no exercício.
Conforme destaca Giacomoni (2012):
O princípio da universalidade está claramente incorporado na legislação 
orçamentária brasileira. Na Lei n° 4.320/64, o cumprimento da regra é exigida 
nos seguintes dispositivos: art. 2º A Lei do Orçamento conterá a discriminação 
da receita e despe sa, de forma a evidenciar a política econômico‑financeira 
e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de unidade, 
universalidade e anualidade. Art. 3º A Lei de Orçamento compreenderá 
todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei 
(GIACOMONI, 2012, p. 66).
O tratamento dado ao tema da universalidade orçamentária pela Constituição de 1988 significou 
um avanço importante. Conforme o parágrafo 5 do artigo 165, a lei orçamentária anual compreenderá:
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Unidade II
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e 
entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas 
e mantidas pelo Poder Público;
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou 
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e 
órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os 
fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público (BRASIL, 1988).
Destacam‑se dentre os princípios orçamentários operacionais:
7.2.1.6 Princípio do equilíbrio orçamentário
Como o nome sugere, evidencia a necessidade de equilíbrio entre receitas e despesas, evitando‑se 
o financiamento de despesas correntes por meio de endividamento. O princípio, juntamente com o 
postulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), compreende a chamada regra de ouro das finanças 
públicas, “a qual tem como objetivo impedir que operações de crédito, que são receitas de capital, 
financiem despesas correntes”. Ainda para Nascimento:
Além disso, tanto a Lei nº 4.320/64 como a LRF e a própria Constituição 
Federal procuram garantir o cumprimento do Princípio do Equilíbrio de uma 
forma mais ampla, estabelecendo normas e impondo condição para a criação 
de despesas. Tais normas determinam que a criação de qualquer despesa 
deve vir acompanhada da indicação da fonte de recursos para garantir 
o equilíbrio orçamentário. A Constituição zela também pelo princípio do 
Equilíbrio ao determinar que criação de despesa adicional feita por emenda 
parlamentar só será possível mediante a indicação de recursos necessários, 
só sendo admitidos àqueles recursos provenientes da anulação de outras 
despesas do orçamento. A mecânica é simples: se para cada despesa proposta 
pelo Executivo existem recursos correspondentes, ao se anular uma despesa 
os recursos ficarão liberados, podendo ser utilizados em outra finalidade, 
sem afetar o equilíbrio orçamentário (NASCIMENTO, 2014, p. 98).
7.2.1.7 Princípio da publicidade
Outro princípio que sua denominação fala por si: da necessidade de publicitar o orçamento público, 
tornando claro seu entendimento e público, devido à divulgação nos diários oficiais.
7.2.1.8 Princípio da especificação
Também chamado de princípio da discriminação, reza que as receitas e as despesas devem aparecer 
no orçamento de maneira discriminada, em que sejam demonstradas tanto a origem quanto a aplicação 
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de recursos. O objetivo aqui é que, quanto maior a discriminação, mais claro será o entendimento de 
receitas e despesas e, desta forma, maior a possibilidade de fiscalização pelos agentes competentes.
Esse princípio determina ainda que os montantes das receitas e despesas devem estar bem 
identificados, de modo que possam ser entendidos por toda a sociedade, seja indiretamente pelos seus 
representantes (ou congressistas), seja diretamente pelo cidadão comum, o chamado “controle social”. 
Em termos de lei, vale ressaltar o que apresenta Nascimento (2014):
O § 4º do art. 5º da LRF estabelece a vedação de consignação de crédito 
orçamentário com finalidade imprecisa, exigindo, assim, a especificação 
da despesa. Também o art. 5º da Lei nº 4.320/64 estabelece que a Lei 
de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender 
indiferentemente a despesa de pessoal, material, serviços de terceiros, 
transferências ou quaisquer outras (NASCIMENTO, 2014, p. 97).
7.2.1.9 Princípio da não vinculação de receita
Também chamado de princípio da não afetação (não vinculação) e da quantificação dos 
créditos orçamentários, defineque nenhuma parcela da receita de impostos poderá ser posta em 
reserva para cobrir certos e específicos dispêndios. A ideia é garantir ao gestor público que os 
recursos ficarão livres de compromissos para que eles possam atender às despesas conforme as 
prioridades que as circunstâncias e a conjuntura econômico‑financeira requerem (NASCIMENTO, 
2014, p. 95).
Para Giacomoni (2012), a observância a tal princípio não é tarefa das mais fáceis, devido a alguns 
tipos de receitas públicas serem, por sua natureza, vinculadas à execução de determinadas despesas, 
o que exemplifica o volume arrecadado com algum tipo de taxa que financia a própria oferta (ou 
manutenção) de um bem público. Deve‑se acrescentar a tal fato, quando da ocorrência de empréstimos 
para que sejam cumpridos contratos firmados anteriormente, ou ainda situação de emergência, a 
exemplo de calamidades.
7.2.1.10 Princípio do orçamento bruto
Surgiu junto ao princípio da universalidade, e está previsto no art. 6º da Lei nº 4.320/64. Determina 
que todas as receitas e despesas devem aparecer em seus valores brutos. Tem a finalidade de impedir 
a inclusão de importâncias líquidas, sem a discriminação, por exemplo, da origem e da totalidade dos 
recursos arrecadados.
Assim, o orçamento público deve apresentar e discriminar os abatimentos e os descontos aos valores 
brutos com a finalidade de satisfazer a outro princípio orçamentário – o princípio da transparência. 
Ao se impedir a declaração de valores líquidos, evita‑se que informações sobre valores de abatimentos, 
descontos e compensações sejam escondidos pela simples apresentação de valores líquidos sem a 
discriminação desses diversos tipos de descontos (NASCIMENTO, 2014).
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Para Giacomoni (2012):
Atendendo a um aspecto particular da universalidade, o princípio do orçamen‑
to bruto buscava impedir o florescimento das atividades empresariais do 
Estado, que não poderiam ser conciliadas com o cumprimento da regra. Com 
o passar do tempo, os empreendimentos econômicos do Estado (estradas 
de ferro, mineração, correios e telégrafos etc.) cresceram vertiginosamente, 
com a consequente violação do princípio, pois seria impossível que todas as 
receitas e despesas dessas entida des sofressem tratamento centralizado; os 
valores líquidos resultantes da operação dessas organizações é que passaram 
a integrar o orçamento governamental (GIACOMONI, 2012, p. 71).
7.3 Execução orçamentária e financeira
Do que foi apresentado sobre orçamentos, bem como seus programas e princípios, deve‑se considerar 
as principais etapas que marcam a execução da despesa e da receita pública. Neste aspecto, a literatura 
especializada no assunto, como (Giacomoni, 2012; Nascimento, 2014; Rezende, 2012; Matias‑Pereira, 
2012) divide o assunto em duas partes distintas: uma relacionada à Norma Geral, em que se consideram 
as disposições constitucionais e a Lei nº 4.320/64; a outra, concernente à Norma Federal, cujas 
características são apropriadas à esfera federal do governo.
No que diz respeito à Norma Geral, o tratamento da questão centra‑se no exercício financeiro, na 
execução da despesa, na execução da receita e no regime de contabilidade.
Quanto ao exercício financeiro, este coincide, no Brasil, com o ano civil. Dessa forma, os orçamentos 
anuais devem ser executados compreendendo o início e o fim do ano, ou seja, de 1º de janeiro a 31 
de dezembro. Apesar de a Norma Legal não prever extensão do exercício, pode ocorrer de alguns 
lançamentos serem efetuados com atraso, o que é permitido na contabilidade e a manutenção de 
lançamentos fica em aberto no dia 31 de dezembro.
Em relação à execução da despesa, esta deverá atender ao detalhamento do orçamento, que também 
pode ser chamado de orçamento analítico. Desse modo, o Poder Público aprovará aquele que apresentar 
maior quantidade de discriminação entre as receitas e as despesas. Neste aspecto, deve‑se considerar:
• o registro dos créditos e dotações;
• a programação de desembolsos;
• as formas de licitação quando da aquisição de bens e serviços por parte do poder público, 
atendendo às modalidades de concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão;
• estágios das despesas compreendendo seu empenho;
• liquidação;
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• pagamento;
• mecanismos retificadores do orçamento quando necessários e em consonância com autorização 
legislativa.
Ao se tratar da execução da receita, a abordagem é mais simples do que da execução das despesas 
por compreender execução da receita tributária. Neste sentido, alguns aspectos devem ser levados em 
consideração. O primeiro é proceder ao lançamento do crédito tributário. Para tanto, é necessário:
• verificar a ocorrência de fato gerador;
• determinar a matéria tributável;
• calcular o montante do tributo devido;
• identificar o sujeito passivo;
• aplicar penalidade cabível quando necessário.
Outros procedimentos que devem ser reputados são o da arrecadação, que pode ser de forma direta 
(quando realizada por órgão público ou mesmo por rede bancária autorizada) ou indireta (cujo agente 
retém valores de algum contribuinte para posterior recolhimento), e o do recolhimento, em que todas 
as receitas compõem um caixa único. Deve‑se ainda considerar a execução da receita não tributária, 
bem como da dívida ativa, tributária e não tributária.
Quanto ao regime da contabilidade, este divide‑se em dois: regime da receita e regime da despesa. 
Em relação ao regime da despesa, observa‑se:
• empenho como estágio da competência, em que se entende a despesa empenhada num exercício 
e paga no seguinte;
• restos a pagar entendido como passivos do exercício, ou seja, despesas empenhadas e não pagas;
• despesas de exercícios anteriores.
O regime da receita atende ao estágio de caixa, regime de caixa do ponto de vista contábil e que 
trata da efetiva arrecadação, e não somente de sua previsão de receita.
No tocante à Norma Federal, deve‑se refletir sobre os seguintes itens:
• detalhamento do orçamento com o Quadro de Detalhamento de Despesas e diretamente no 
Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi);
• programação dos desembolsos;
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• descentralização dos créditos;
• liberação de recursos financeiros;
• retificação e alteração da lei orçamentária;
• inscrição em restos a pagar.
 Saiba mais
Conheça mais sobre o Siafi – Sistema Integrado de Administração 
Financeira – acessando:
BRASIL. Tesouro Nacional. Siafi. Brasília: DF. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2016.
 Saiba mais
Para mais detalhes sobre a Norma Federal, leia:
GIACOMONI, J. Execução orçamentária e financeira. In: Orçamento 
público. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
7.4 Demais abordagens
De igual importância do que tratamos até então, é necessário, ainda, que você conheça como 
se compõe o déficit e a dívida pública, além de suas classificações. A título de auditoria e controle 
orçamentário, trataremos da Lei de Responsabilidade Fiscal na sequência.
7.4.1 Dívida pública
Conforme Matias‑Pereira (2012), a dívida pública é resultado de acúmulos de déficits públicos 
(resultado negativo entre receitas e despesas) e utilizada pelo governo como forma de financiar a oferta 
de bens públicos, sem que seja necessária a espera de arrecadação tributária no tempo certo.
Neste aspecto, vale a discussão da necessidade de financiamento do setor público, a chamada NFSP. 
Esta representa o resultado da diferença entre despesas e receitas, e as informações acerca dessas 
categorias orçamentárias são disponibilizadas pela Secretaria da Receita Federal, Secretaria do Tesouro 
Nacional e Instituto Nacional do Seguro Social.
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Por uma primeira aproximação, e considerando uma economia sem inflação, o déficit do governo 
(NFG) será composto da soma de consumo (CG), juros de dívida interna (JG) e investimentos efetuados 
(IG), todos diminuídos do volume de arrecadação (T). Podemos expressar da seguinte forma:
NFG = CG + JG + IG – T
 Observação
Observe que, na equação, T representa a arrecadação líquida em que 
são excluídos subsídios e transferência (já considerados nos gastos), bem 
como despesas financeiras (consideradas nos juros).
Em caso de arrecadação superior ao volume de desembolso, ocorrerá situação de superávit orçamentário, 
também chamada de poupança do governo quando do acúmulo dos superávits. A poupança será igual à 
diferença entre arrecadação (T) e gastos (CG) acrescida dos juros (JG), se necessário. Por expressão:
SG = T – (CG + JG)
Há diversas formas de o governo avaliar o déficit público: são os regimes de caixa e regime de 
competência. Pelo critério do regime de caixa, as despesas são consideradas no momento de seu efetivo 
pagamento, já no regime de competência quando foram geradas, e não na ocasião de seu pagamento. 
Fala‑se em período postecipado, no regime de caixa, e antecipado, no regime de competência.
No caso específico do Brasil, as NFSP são apuradas pelo regime de caixa, excetuando‑se as despesas 
com juros, que são apuradas no regime de competência.
Ainda quanto às Necessidade de Financiamento do Setor Público, há diferentes classificações que devem 
ser consideradas.
7.4.2 NFSP em seu conceito operacional
Conceito muito utilizado no Brasil em períodos de inflação elevada, a necessidade de financiamento do setor 
público no conceito operacional, também chamado de déficit operacional, iguala‑se ao déficit primário quando 
acrescido do pagamento de juros. Expressa o valor do resultado nominal, excetuando‑se do que compõe a despesa 
de juros associada à atualização monetária incidente sobre uma dívida passada. Tem‑se que Necessidade de 
Financiamento do Setor Público (NFSP) será igual ao gasto público não financeiro (G) diminuído da arrecadação 
não financeira (T) e somado ao estoque de dívida, considerando a taxa de juros real (rB). Por expressão:
NFSP = G – T + r B
De acordo com Rezende (2012, p. 274):
Déficit operacional = Déficit primário + pagamento de juros reais
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7.4.2.1 NFSP em seu conceito nominal
O déficit nominal corresponde ao total de gastos do governo menos o total arrecadado e pode ser 
medido tanto pelo método “acima da linha” como pelo “abaixo da linha”. Enquanto o método “acima 
da linha” preocupa‑se com as estatísticas fiscais pela apresentação dos fluxos de receitas e despesas, o 
método “abaixo da linha”, mais fiel na avaliação de Giambiagi e Além (2008), preocupa‑se apenas com 
o desequilíbrio entre as receitas e as despesas, e, no caso de as despesas superarem as receitas, há a 
necessidade de financiamento do setor público. Resumindo:
déficit nominal = gastos totais – receitas totais
7.4.2.2 NFSP em seu conceito primário
O conceito primário desconta do montante das necessidades operacionais de financiamento a 
despesa com juros reais, exclui do déficit nominal o pagamento dos juros e das amortizações da dívida 
pública, entre outras despesas e receitas financeiras.
Rezende (2012) explica que pelo método “abaixo da linha” demais conceitos são apurados pelo 
Banco Central:
a) Dívida Líquida do Setor Público (DLSP): é dada pela soma das 
dívidas interna e externa do setor público (governo central, Estados 
e municípios e empresas estatais) junto ao setor privado, incluindo 
a base monetária e excluindo‑se ativos do setor público, tais como 
reservas internacionais, créditos com o setor privado e os valores 
das privatizações.
b) Ajuste patrimonial: item da DLSP que contabiliza a diferença entre 
os passivos do governo, contraídos no passado e posteriormente 
reconhecidos (“esqueletos”), e os resultados da privatização.
c) Dívida Fiscal Líquida (DFL): é dada pela diferença entre a DLSP e o 
ajuste patrimonial.
d) Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP): corresponde 
ao conceito de déficit nominal apurado pelo critério “acima da linha”. 
Refere‑se à variação da DFL entre dois períodos de tempo.
e) Necessidades de Financiamento do Setor Público no conceito 
operacional: exclui das necessidades de financiamento 
nominais a correção monetária (efeito inflacionário) que incide 
sobre a DFL. Seu correspondente pelo critério “acima da linha” 
é o déficit operacional.
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f) Necessidades de Financiamento do Setor Público no conceito primário: 
exclui das necessidades de financiamento nominais o pagamento de 
juros nominais que incide sobre a DFL. Equivale ao déficit primário 
apurado pelo critério “acima da linha” (REZENDE, 2012, p. 274‑75).
 Saiba mais
Para mais informações acerca da dívida pública brasileira, indicamos 
quatro documentos, a saber:
SILVA, A. C. Origem e história da dívida pública no Brasil até 1963. In: 
SILVA, A. C.; CARVALHO, L. O.; MEDEIROS, O. L. Dívida pública: a experiência 
brasileira. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional: Banco Mundial, 2009. 
Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2016.
PEDRAS, G. B. V. História da dívida pública no Brasil: de 1964 até 
os dias atuais. In: SILVA, A. C.; CARVALHO, L. O.; MEDEIROS, O. L. Dívida 
pública: a experiência brasileira. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional: 
Banco Mundial, 2009. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2016.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Série histórica da dívida líquida e bruta 
do governo geral. Disponível em: . 
Acesso em: 5 out. 2016.
SILVA, A. C.; CARVALHO, L. O.; MEDEIROS, O. L. Dívida pública: a experiência 
brasileira. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional: Banco Mundial, 2009. 
Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2016.
7.5 Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
Adotada num período de redemocratização e descentralização do Estado brasileiro, quando se 
procurava tornar a gestão pública o mais próximo possível da gestão privada em termos de eficiência 
administrativa, desde sua edição, em 2012, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) tornou‑se a principal 
norma a ser observada pelos gestores públicos na administração patrimonial e financeira governamental 
nas três esferas do governo no Brasil.
Também chamada de Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – mais conhecida como Lei de 
Responsabilidade Fiscal –, estabelece normas de finanças públicas voltadas à responsabilidade na gestão 
fiscal, mediante ações em que se previnam riscos e corrijam desvios capazes de afetar o equilíbrio das 
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contas públicas, destacando‑se o planejamento, o controle, a transparência e a responsabilização como 
premissas básicas.
Essa referida lei criou uma série de procedimentos fiscais e orçamentários a fim de padronizar a 
apresentação das informações sobre as receitas e as despesas fiscais no País. Além disso, criou uma 
série de condicionamentos com o objetivo de conter os desperdícios e os dispêndios destituídos de 
amparo financiador.
 Saiba mais
Conheça a Lei de Responsabilidade Fiscal na íntegra:
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos 
Jurídicos. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas 
de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá 
outras providências. Brasília: DF, 2000a.Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2016.
Conforme expressa Riani (2012):
a Lei de Responsabilidade Fiscal criou dois índices básicos: um relacionado 
aos gastos com pessoal e outro ao estoque da dívida pública. No que diz 
respeito aos gastos com pessoal, criaram‑se índices relacionando‑os com 
a receita corrente líquida de acordo com o nível e os poderes. Na esfera 
estadual, o limite máximo fixado foi de 60%, composto da seguinte forma: 
2% para o Ministério Público, 3% para o Legislativo, incluindo o Tribunal de 
Contas do Estado, 6% para o Judiciário, 49% para o Executivo. Na esfera 
municipal, o limite fixado foi também de 60%, assim distribuídos: 6% 
para o Legislativo, incluindo o Tribunal de contas do Município, 54% para 
o Executivo. Na esfera federal, o limite fixado foi de 50%, assim dividido: 
40,9% para o Executivo, 6% para o Judiciário, 2,5% para o Legislativo, 0,6% 
para o Ministério Público (RIANI, 2012, p. 166).
Quanto à dívida pública, a lei estabelece limites para endividamento e, segundo Riani (2012), obedece 
à seguinte divisão:
• União: o limite máximo de endividamento corresponderá a 3,5 vezes 
a receita corrente líquida anual.
• Estados: o limite máximo de endividamento corresponderá a 2,0 vezes 
a receita corrente líquida anual.
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• Municípios: o limite máximo de endividamento corresponderá a 1,2 
vezes a receita corrente líquida anual (RIANI, 2012, p. 166).
Objetivando transparência e responsabilização em finanças públicas, e apresentando‑se como um 
código de conduta para os administradores públicos de todo o País, a LRF brasileira teve, segundo 
Nascimento (2014) e Matias‑Pereira (2012), quatro fontes de inspiração em sua construção. Uma 
delas foi o Fundo Monetário Internacional e suas recomendações de gestão pública em todo o mundo, 
notadamente ao assunto transparência nas contas públicas. Outro exemplo veio da Nova Zelândia e seu 
Fiscal Responsability Act, que enfatizava limites e restrições quanto aos gastos públicos. A Comunidade 
Econômica Europeia e seu estabelecimento de metas estáveis na relação dívida/PIB também foi 
considerada. Por fim, mas não menos importante, temos o Budget Enforcement Act, do governo 
americano, que versa sobre a administração financeira orçamentária.
Com relação aos instrumentos de controle da lei, estão os já conhecidos Plano Plurianual, a Lei de 
Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual, em que a LRF busca o reforço do papel da atividade 
de planejamento e vinculação entre as atividades de organização e de execução do gasto público. 
Outra questão de extrema importância apontada pela LRF é a transparência a ser alcançada tanto pela 
publicação de tais documentos quanto pela participação da sociedade. Para tanto, Nascimento (2014) 
ressalta que diversos mecanismos foram instituídos pela LRF, dentre eles:
• a participação popular na discussão e na elaboração dos planos 
e orçamentos;
• a disponibilidade das contas dos administradores, durante todo o 
exercício, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições 
da sociedade;
• a emissão de relatórios periódicos de gestão fiscal e de execução 
orçamentária, igualmente de acesso público e ampla divulgação 
(NASCIMENTO, 2014, p. 217).
Matias‑Pereira (2012) complementa:
As principais vantagens notadas na LRF são a criação de um instrumento 
necessário para planejamento e controle das finanças públicas, dando 
transparência às contas dos entes da Federação e, consequentemente, 
facilitando o controle da sociedade sobre o governo, permitindo uma 
melhor avaliação da gestão dos prefeitos, governadores e do Presidente da 
República ao reduzir fortemente os passivos financeiros, além de permitir 
a participação popular na discussão da LDO, e a proposta orçamentária, 
ajudando a direcionar a ação do governo ao interesse da sociedade e 
impedindo que sejam transferidas heranças financeiras desastrosas de uma 
gestão para outra (MATIAS‑PEREIRA, 2012, p. 353).
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 Saiba mais
Consultando a Lei na íntegra, e que já indicamos como você pode fazer 
isso, é possível verificar em seus artigos 54 e 55 a fixação de obrigatoriedade 
por parte do governante de publicar a cada quatro meses o Relatório de 
gestão fiscal. Saiba mais:
BRASIL. Tesouro Nacional. Relatório de gestão fiscal. Brasília: DF. Disponível 
em: . 
Acesso em: 5 out. 2016.
8 CRESCIMENTO DE LONGO PRAZO E RESTRIÇÕES EXTERNAS
O tema é antigo e sempre alvo de calorosa discussão, muitas vezes de posicionamentos extremados.
Embora a vida econômica seja fundamentalmente vista como afetada por questões de curto prazo, 
dada a necessidade e a imperiosa prioridade da sobrevivência, sabe‑se que a nação precisa crescer e 
nivelar‑se aos outros países, garantindo, entre outros, mais segurança e desfrute de oportunidades 
pela sociedade.
8.1 Considerações iniciais
Como mencionado em Veloso et al. (2013):
O desenvolvimento é um tema antigo, pois diz respeito ao progresso 
material e à “riqueza das nações”, o assunto de que tratou Adam Smith 
em 1776. Entretanto, a julgar pelas ansiedades no noticiário sobre o 
crescimento do PIB brasileiro, nada parece mais contemporâneo (VELOSO 
et al. 2013, Prefácio).
Paul Krugman comenta, em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo (2010):
Keynes definiu corretamente:
Mas este longo prazo é um guia enganador para os problemas vigentes. 
A longo prazo estamos todos mortos. Os economistas assumem uma 
tarefa fácil demais, inútil demais também, se numa fase tempestuosa só 
conseguem nos dizer que o temporal passou muito depois de o oceano já 
ter se acalmado (KRUGMAN, 2010).
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 Saiba mais
Para saber mais sobre a análise que John Maynard Keynes faz do status 
econômico, caracterizado pela grande crise dos anos 1930, leia:
KEYNES, J. M. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo, 
Atlas, 1982.
Na atualidade, fala‑se mais em desenvolvimento do que em crescimento econômico.
Não basta apenas aumentarmos – ainda que significativamente – o nosso PIB (Produto Interno 
Bruto), mas devemos garantir o atendimento a aspectos, como saúde e educação e de modo sustentável, 
de forma a preparar o caminho para as futuras gerações.
A variável chave, destacada em todos os estudos econômicos e sociais, quando se procura tratar da 
riqueza e do crescimento das nações, é produtividade.
8.2 A medição do crescimento econômico
O PIB (Produto Interno Bruto) difere do Produto Nacional Bruto (PNB) basicamente pelo 
montante da renda líquida enviada ao exterior (RLEE), que não é computada no cálculo do PIB, e 
incluída no do PNB.
O RLEE representa a diferença entre recursos enviados ao exterior (pagamento de fatores de produção 
internacionais alocados no país) e os rendimentos recebidos do exterior a partir de fatores de produção, 
que, sendo do país considerado, encontram‑se em atividade em outros países.
Assim, caso um país possua empresas atuando em outros países – mas proíba a instalação de 
transnacionais no seu território –, terá uma renda líquida enviada ao exterior negativa, isto é, apresentará 
um PNB maior do que o PIB.
No caso brasileiro, o PNB é menor do que o PIB, uma vez que a RLEE é positiva (ou seja, envia‑se mais 
recursos ao exterior do que se recebe).
Como indicamos anteriormente, tais medições vêm sendo complementadas pelo indicador IDH (Índice 
de Desenvolvimento Humano), publicado anualmente pela ONU (Organização das Nações Unidas).
8.3 Uma brevíssima visão do processo de desenvolvimento econômico com 
foco no Brasil
O crescimento da renda per capita no Brasil foi muito baixo nos primeirosquatro séculos. O quadro 
começou a se alterar na virada do século XIX para o XX, notadamente a partir dos anos 1930.
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Na verdade, o crescimento econômico mundial foi muito baixo até o surgimento da Revolução 
Industrial. Atribui‑se essa realidade à grande dependência das economias agrárias de um fator de 
produção relativamente fixo (terra).
Era uma época, hoje classificada como Malthusiana, com baixo progresso técnico e expansão 
populacional que colidiam com o limite representado pela lei dos rendimentos marginais decrescentes.
Entre as teorias classificadas como demográficas, podem ser mencionadas a:
• Malthusiana;
• Neomalthusiana;
• Reformista.
A primeira foi estabelecida por Thomas Robert Malthus, e publicada em 1798, e era pessimista em 
relação ao futuro da humanidade.
Para Malthus, o crescimento da população se daria através de uma projeção geométrica (2, 4, 8, 
16, 32...), enquanto a produção de alimentos, em escala mundial, se daria por meio de uma projeção 
aritmética (2, 4, 6, 8, 10...).
Algumas décadas após a publicação da teoria, o mundo passaria por muitos processos de mecanização 
da agricultura, o que aumentaria consideravelmente a produção agrícola, aliviando a preocupação 
pessimista expressa por Malthus.
A Teoria Neomalthusiana foi criada na década de 1920 e tornou‑se mais aceita após a Segunda 
Guerra Mundial. Para tais estudiosos, o subdesenvolvimento e a pobreza eram provocados pelas altas 
taxas de natalidade da população.
Essa teoria se originou em meio aos avanços da medicina, que proporcionaram uma queda brusca 
da taxa de mortalidade nos países mais pobres. Muitos consideram, porém, que essa teoria tinha como 
objetivo frear o crescimento da população de outros países, provocando, assim, uma diminuição de 
imigrantes ilegais nos países desenvolvidos.
Opondo‑se a essas duas teorias, a Reformista admitia que a pobreza era fruto da superpopulação.
Criada a partir das ideias de Karl Marx, argumentava que o problema da pobreza do mundo estava 
relacionado com a má distribuição de renda: enquanto uma pequena parcela da população tem muito, 
a parcela maior tem pouco. Para ele, tal problema logo seria resolvido com políticas públicas que 
proporcionassem a ascensão social da classe pobre.
Melhorias na vida da população pobre, com mais acesso à educação, à saúde e à informação são 
fatores inibidores do rápido crescimento demográfico.
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A partir da segunda metade do século XVIII, deu‑se a transição para o moderno crescimento 
econômico, fundamentado em progresso tecnológico e substancial aumento da produtividade.
Foi diferente o timing da transição para a expansão econômica moderno e, assim, criou‑se uma 
divergência nos padrões de vida e na renda per capita dos países mais ricos, em relação aos mais pobres, 
na proporção de 60:1.
Análises das experiências econômicas de progresso no pós‑Segunda Guerra Mundial mostram países 
que, partindo de uma base pobre, tornaram‑se desenvolvidos, como ocorreu com os chamados Tigres 
Asiáticos (Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul e Taiwan).
Outros países, como ocorreu com a América Latina, chegaram a um patamar de renda média. A 
China, por outro lado, é o grande destaque, com excepcionais taxas anuais de crescimento desde as 
últimas duas décadas do século XX.
Ferreira e Veloso apud Veloso et al. (2013, posição 3.747) iniciam sua análise com dados imediatamente 
posteriores à Segunda Guerra Mundial, considerando que em 1950 o Brasil era um país pobre, demasiado 
agrícola, apesar de já vir apresentando crescimento acelerado desde o início do século.
Era muito baixa a renda per capita e muito insatisfatórios os seus indicadores sociais.
 Observação
A renda per capita do Brasil, na ocasião, correspondia a 15% da 
norte‑americana e era inferior ao nível de vários países latino‑americanos, 
como Argentina, Venezuela, México e Colômbia.
O nível de escolaridade média da população era o menor da América 
do Sul.
Entre 1950 e 1980, o Brasil passou por grandes transformações, quando a economia cresceu a 
uma das taxas mais elevadas do mundo e o País deixou de ser rural e agrícola, tornando‑se urbano, 
concentrado na indústria e em serviços.
O processo de desenvolvimento brasileiro no século XX, até a crise de 1980, foi caracterizado por 
forte crescimento, com grande transferência de recursos da agricultura, de baixa produtividade média, 
para setores mais produtivos: a indústria e serviços. Porém, tal desenvolvimento veio acompanhado de 
grande exclusão social.
O modelo de substituição de importações, com forte presença do Estado na economia e a existência 
de grandes monopólios, foi capaz de gerar, durante algumas décadas, uma significativa expansão da 
economia, no entanto, ao negligenciar a educação e o potencial de políticas sociais mais elaboradas, 
gerou também muita pobreza, péssima distribuição de renda e indicadores sociais frágeis.
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Em 1980, a escolaridade média da população com 15 ou mais anos de idade era de 2,8 anos, com 
27% sem qualquer escolaridade. Somente 2,8% tinham o Ensino Médio completo.
A crise desse modelo ocorreu no fim dos anos 1970, iniciando um período de crises e forte queda da 
taxa de crescimento da economia.
Entre os aspectos que podem justificar a queda dos anos 1980, os parcos investimentos em educação 
e a baixa formação bruta de capital fixo foram alguns deles.
Na década de 1980, o Brasil entra em um período de baixo dinamismo econômico e de elevadas 
taxas de inflação, sendo a década, considerada por Franco (1998), “o marco de um processo [...] amplo 
de exaustão do modelo de crescimento através da substituição de importações”. Na época, o País sofre 
com os reflexos dos choques externos ocorridos na década anterior e ainda com as políticas econômicas 
internas malsucedidas em conter a inflação.
Ferreira e Veloso apud Veloso et al. (2013) comentam:
Esses fatores contribuíram em grande medida para o baixo crescimento 
nas três décadas seguintes e foi a principal responsável pela desaceleração 
do crescimento. A PTF teve forte queda. Com isso, a baixa eficiência 
passou a ser o principal entrave para o Brasil atingir o padrão de vida 
dos países desenvolvidos (FERREIRA; VELOSO apud VELOSO et al., 2013, 
posição 4.350).
A década de 1980 e a primeira parte de 1990 foram priorizadas com os Planos de Estabilização, 
visando ao combate da inflação, que assolava a economia brasileira.
Nesse período, essa era a preocupação fundamental da sociedade, deixando um pouco para trás 
o planejamento voltado ao crescimento econômico. Dados os desarranjos originados pelos planos de 
estabilização adotados na década de 1980, o PIB real brasileiro, em 1992, voltara ao nível de 1987.
A partir da década de 1990, reformas como o início da abertura comercial e sucesso na obtenção 
da estabilidade da moeda e da economia, com o Plano Real no início da década e, posteriormente, 
a adoção de políticas sociais, criaram as condições para a retomada do crescimento até a crise 
financeira de 2008/2009. Melhoraram os níveis de escolaridade da população e houve queda nas 
desigualdades sociais.
Tão logo os fundamentos fiscais e monetários foram se consolidando, principalmente sob os efeitos 
do Plano Real a partir de 1994, a agenda social passa a concentrar‑se na expansão da economia, 
substituindo as preocupações prioritárias na sobrevivência em momentos de hiperinflação.
O gráfico da figura a seguir apresenta a evolução do crescimento do PIB desde 1960 até 2010.
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0,5 tri
1960 1970 1980 1990 2000 2010
1,0 tri
1,5 tri
2,0 tri
2,5 tri
US
D
Brasil
2,246 trilhõestecnológico, em termos nacionais e internacionais, na tentativa de 
recuperação da constituição de novas forças produtivas que alterem a estrutura industrial e tecnológica 
do País e sua inserção internacional.
 Observação
Por novas forças produtivas, o modelo neodesenvolvimentista reconhece 
os setores que incorporam os novos paradigmas tecnológicos, ou seja, o 
eletrônico, o de biotecnologia e os novos materiais.
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Numa última consideração, temos o modelo social‑democrata, com a preocupação voltada aos 
problemas sociais tanto do lado do emprego quanto do lado dos serviços de utilidade pública para 
população de baixa renda. Desta forma, prega investimentos em educação, capacitação tecnológica e 
organizativa das indústrias e de seus funcionários para a produção de novos bens e serviços.
5.2 Aspectos da industrialização brasileira no século XX e as ênfases das 
políticas industriais
Procuraremos apresentar aqui as principais fases da industrialização brasileira, vislumbrando os 
objetivos básicos das políticas públicas nesta área. A abordagem é propositadamente sucinta, pois visa, 
sobretudo, apontar o quadro atual, que receberá qualificações e reflexões adiante.
Em meados dos anos 1930, ocorre o início da industrialização no Brasil, que se expande em virtude 
da reserva de mercado proporcionada pela crise econômica mundial. Após a Segunda Guerra Mundial, o 
Estado brasileiro intervém mais efetivamente no processo de industrialização, promovendo a substituição 
de importações de bens de consumo duráveis por meio da transferência de rendas do setor exportador 
cafeeiro para o setor industrial, que ocorre basicamente durante o período de 1945‑1960.
No Brasil da década de 1950, com a política econômica estrutural sendo caracterizada numa 
convergência em torno das estratégias substitutivas de importações, o alvo da política industrial, num 
primeiro momento, foi, portanto, a criação e expansão da capacidade nos setores de bens de consumo 
e, depois, a criação e expansão da capacidade nos setores de bens de capital.
A partir dos anos 1950, com o processo de monopolização, temos a transformação do Estado em 
Estado produtor e a penetração das grandes multinacionais, resultando em significativa participação 
das empresas estatais e das multinacionais, ao lado das empresas privadas nacionais, no processo 
produtivo (BRESSER‑PEREIRA, 1986). A hegemonia capitalista se instaura no Brasil a partir desta época, 
e o fomento da industrialização, visando à acumulação de capital industrial, passa a ser prioridade dos 
sucessivos governos (SINGER, 1987).
O Brasil, no fim dos anos 1950 e início dos 1960, encontrava‑se em boa situação para a entrada de 
capital estrangeiro, já que a indústria de bens de consumo durável, mais precisamente a automobilística, 
estava ainda por ser implantada. Por outro lado, as grandes empresas industriais dos países centrais, já 
recuperadas da Segunda Guerra Mundial, transformam‑se em gigantescos empreendimentos dentro de 
seus países e estavam prontas para se tornarem empresas multinacionais industriais. Após se instalarem 
noutros países centrais, logo escolheriam alguns países periféricos, como o Brasil, dando continuidade 
ao processo de substituição de importações de bens de consumo durável (BRESSER‑PEREIRA, 1986).
No fim dos anos 1960 e início dos 1970, os objetivos gerais da política industrial se modificam, 
voltando‑se às atividades orientadas para exportação, com estímulos à criação e expansão da capacidade 
somente para conquista de mercados externos.
Ao fim dos anos 1980, a busca de competitividade se tornara objetivo central da política do governo, 
e o padrão de industrialização passa a ser condicionado por novas tecnologias de microeletrônica, 
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informática, telecomunicações e automação, busca de novos materiais e energias renováveis, além de 
biotecnologia (FRISCHTAK, 1993).
Os anos 1980 ainda foram marcados pela ruptura do crescimento econômico das décadas anteriores, 
combinado com elevados índices de inflação e possíveis tentativas de estabilização, bem como o 
esgotamento do modelo substitutivo de importações.
Chamados também de década perdida, esses anos, principalmente o período entre 1980 e 1985, foram 
notáveis no que diz respeito à ausência de políticas industriais como promotoras de desenvolvimento 
econômico que, combinado com um quadro de instabilidade macroeconômica, gerou queda nas taxas 
de investimento agregado, tanto no setor público quanto no privado, provocada também por pressões 
de crise de financiamento da economia, elevado processo inflacionário e altas taxas de juros internas, 
ocasionando riscos nos investimentos produtivos, bem como aumentando a incerteza em relação ao 
futuro (LACERDA, 1998).
As medidas de estímulo à indústria adotadas no Brasil até meados da década de 1980 foram eficazes 
para o crescimento da produção, porém ineficazes tanto para gerar ganhos de competitividade quanto 
para avanços de eficiência em termos de redução de custos. Ao fim desta década, havia uma certa 
percepção por parte dos agentes produtores e dos policy makers de que o modelo deveria ser revisto, 
pois a queda dos investimentos produtivos gerou uma séria restrição ao crescimento sustentado, 
caracterizado pelo movimento de stop and go no nível de atividade.
À medida que vamos nos aproximando da década de 1990, a política industrial confunde‑se mais 
e mais com a política comercial do País. A ênfase na liberalização comercial, já no governo Collor, 
representa uma ruptura em relação às políticas industrial e comercial brasileiras anteriores a essa década.
Dada a instabilidade macroeconômica dos anos 1980, muitos setores da economia brasileira, 
se comparados aos padrões internacionais, encontravam‑se em perfeito atraso tecnológico 
tanto no que diz respeito à obsolescência das máquinas e equipamentos quanto aos métodos 
administrativos‑gerenciais.
Diante de tal quadro, surgiu a necessidade da definição de uma política industrial efetiva, que encaminhasse 
a economia brasileira na busca da recuperação do atraso tecnológico. Em junho de 1990, então com o 
presidente Fernando Collor de Mello, dispomos das diretrizes gerais para a Política Industrial e de Comércio 
Exterior (Pice), tendo como objetivo central o aumento da eficiência na produção e comercialização de bens 
e serviços, a ser atingido através da modernização e reestruturação da indústria brasileira.
A Pice repousava no pressuposto de que a estabilidade econômica seria atingida com procedimentos 
ortodoxos, centrados no controle da moeda e da inflação, mas o seu fracasso na primeira fase do 
governo Collor levou ao abandono de tal política.
Conforme destacam Erber e Cassiolato (1997), com o fim da Pice, dá‑se passagem ao modelo 
liberal de desenvolvimento econômico, em que a ênfase está na estabilidade de preços combinada com 
reformas importantes na maior participação do mercado no processo.
Highlight
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Para tanto, adotou‑se como estratégias (LACERDA, 1998):
• redução de proteção tarifária conjugada com eliminação de mecanismos de defesa comercial;
• exposição da indústria nacional à competição internacional, visando à melhoria de qualidade e 
preços dos produtos no mercado interno;
• fortalecimento de segmentos competitivos, propiciando especialização da produção;
• capacitação tecnológica da empresa nacional, apoiando indústrias de tecnologia de ponta, e 
reestruturação produtiva e competitiva da indústria nacional.
 Saiba mais
Leia mais sobre a política industrial e de comércio exterior em:
BONELLI, R.; VEIGA, P. M.; BRITO, A. F. Texto para discussão nº 527. As 
políticas industrial e de comércio exterior no Brasil: rumosUSD
Índia
1,877 trilhões
USD
México
1,261 trilhões
USD
Figura 30
A partir da segunda década do século atual, observa‑se decréscimo na evolução do produto brasileiro:
2000
–5
–2.5
0
2.5
5
7.5
10
2002 2004
%
2006 2008 2010 2012 2014
Figura 31 – PIB brasileiro anual
No início do século XXI, verificou‑se o maior ciclo de altas nos preços das matérias‑primas 
desde 1970.
Numa análise de Clarissa Black:
Os preços internacionais de commodities tiveram significativa valorização 
no período de 2003 a 2011. Esse boom foi puxado inicialmente pelos preços 
dos combustíveis e metais, com a inserção das commodities agrícolas nessa 
trajetória de crescimento, em meados de 2006. Cabe destacar que esse 
movimento de valorização é singular em termos de abrangência de produtos, 
duração e magnitude dos movimentos. Essa conjuntura de forte crescimento 
dos preços foi sucedida por uma chamada fase plateau, que durou desde o 
segundo trimestre de 2011 até a primeira metade de 2014. Nesse período, 
a característica comum para os preços dos três grupos de commodities é a 
redução na taxa de crescimento e diminuição da volatilidade. É importante 
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lembrar que os preços dos metais iniciaram uma trajetória de desvalorização 
já a partir de 2011, enquanto os preços das commodities agrícolas e 
combustíveis se mantiveram relativamente estáveis em torno de um nível 
médio superior à média dos anos de boom. A partir da segunda metade 
de 2014, iniciou a fase de queda dos preços de commodities agrícolas e 
combustíveis (BLACK, [s.d.]).
Em 2015, após o pífio crescimento de 0,1% no ano anterior, ocorreu queda do PIB brasileiro, de 3,8% 
em comparação com o ano anterior, trazendo a economia ao patamar de 2011.
O gráfico da figura a seguir apresenta dados de variação anual do PIB brasileiro, desde 1996, com 
base nas informações de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE.
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
2,2
3,4
0,3 0,5
4,4
1,4
3,1
1,1
5,8
3,2
4,0
6,1
5,1
–0,1
7,5
3,9
1,9
3,0
0,1
–3,8
–5,4
PIB
Ano x ano anterior, em %
Figura 32
8.4 O que é importante para o desenvolvimento?
De forma global, os estudiosos atribuem à produtividade, à estabilidade das instituições e à geração 
de poupança a formação da base para um crescimento sustentado.
A tabela a seguir compara o Brasil com alguns países selecionados, a partir do relatório anual Doing 
Business, que mede diversas grandezas do ambiente regulatório de produção das empresas.
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Tabela 20
Ambiente 
de negócios
Abertura de 
empresas
Fechamento 
de empresas
Cumprimento 
de contratos
Pagamento 
de impostos
Acesso a 
crédito
Brasil 126 120 136 118 150 98
Estados Unidos 4 13 15 7 72 4
Chile 39 27 110 67 45 48
México 53 75 24 81 109 40
Coréia do Sul 8 24 13 2 38 8
China 91 151 75 16 122 67
Índia 132 166 128 182 147 41
Fonte: Adaptada do Banco Mundial (2012).
Isso deve ser aliado a políticas sociais eficazes para que se obtenha a redução da desigualdade e 
possa se dar garantia à plena inserção da sociedade no processo produtivo.
Assim, o foco atual da pesquisa no campo de desenvolvimento econômico é buscar as justificativas 
para as diferenças de PTF (Produtividade Total dos Fatores) entre os diferentes países.
Admite‑se que a qualidade das instituições tem sido o principal fator explicativo da enorme disparidade 
de PTF no mundo. Há, também, um certo consenso a propósito dos efeitos da abertura comercial no 
crescimento, em virtude, por exemplo, da melhoria do desempenho das empresas e do mercado de trabalho.
Os investimentos e as políticas voltadas à infraestrutura são entendidos como significativos, dado o 
fato de que serviços, como transportes, saneamento, energia e telecomunicações representam insumos 
críticos no processo produtivo, aumentando a PTF e o bem‑estar da população.
Na maior parte dos países, o nível de investimento em infraestrutura é insuficiente, e historicamente 
o Estado tem sido chamado para prover os serviços.
Na análise dos fatores relacionados com o desenvolvimento regional no Brasil, Veloso et al. (2013) 
elucida que a desigualdade em educação é o principal determinante dos desequilíbrios entre as regiões.
8.5 A importância da produtividade no crescimento das nações
“A produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo”, reproduz Krugman apud Veloso et 
al. (2013, Epígrafe).
As análises de comportamento de longo prazo revelam a importância da PTF, uma das medidas 
de eficiência produtiva que visam explicar diferenças de renda per capita e taxa de crescimento entre 
variados países.
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Há uma significativa desproporcionalidade entre as rendas dos diferentes países. Para isso, uma das 
razões mais aventadas são as diferenças na produtividade do trabalho.
Veloso et al. (2013) apresenta um gráfico mostrando a disparidade de renda per capita no mundo, 
resultante das enormes diferenças na produtividade de trabalho dos países. São ainda esses autores 
que comentam (2013, posição 708): “Em particular, cerca de 50% dos países possuem produtividade do 
trabalho inferior a 20% da norte‑americana”.
0–10%
0
0
10
15
20
25
30
35
40
10–20% 20–30% 30–40% 40–50% 50–60% 60–70% 70–80% 80–90% 90–100% >100%
Renda per capta e produto por trabalhador relativo aos Estados Unidos
Renda per capta Produto por trabalhador
Pr
op
or
çã
o 
de
 p
aí
se
s (
%
)
Figura 33 – Distribuição da renda per capita e do produto por trabalhador relativo aos Estados Unidos (2009)
A tabela a seguir revela as taxas de crescimento da renda per capita e do produto por trabalhador no 
período compreendido entre 1960 e 2009, em regiões e países selecionados (em %):
Tabela 21
Renda per capta Produto por trabalhador
Leste Asiático 4,9 4,3
Sul da Europa 3,0 2,9
Sul da Ásia 2,4 2,0
Europa Ocidental 2,3 2,0
Países de língua inglesa 2,2 1,6
Caribe 2,1 1,5
Oriente Médio 1,9 1,4
América Latina 1,6 1,0
África Subsaariana 1,1 1,0
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China 6,0 5,7
Coréia do Sul 5,4 4,3
Japão 3,4 3,2
Índia 3,1 3,0
Brasil 2,4 1,5
Estados Unidos 2,0 1,5
Mundo 2,1 1,8
Fonte: Veloso et al. (2013, posição 709).
Os autores alertam para a forte associação entre crescimento per capita e do produto por trabalhador, 
tanto na média mundial como em várias regiões. A tabela permite, também, constatar as significativas 
diferenças de crescimento entre essas áreas.
No Brasil, a renda per capita elevou‑se, em média, 0,9 ponto percentual acima do produto por 
trabalhador, entre 1960 e 2009, o que pode ser atribuído ao aumento da população em idade ativa 
acima da população total, caracterizando o “bônus demográfico”.
O que se procura avaliar é se determinado país cresceu mais rapidamente por ter investido 
em máquinas, estruturas e educação ou pelo avanço de sua eficiência produtiva e do progresso 
tecnológico.
Exercício de decomposição de fatores feito por Veloso et al. (2013) leva à tabela seguinte, que mostra 
a grande responsabilidade pelo crescimento do produto por trabalhador no mundo à acumulação de 
capital físico e humano.
Essa tabela contempla a decomposição da evolução do produto por trabalhador, no período entre 
1960 e 2009, considerando alguns grupos de crescimento (em %), onde:
• y: produto por trabalhador;
• k: capital físico por trabalhador;
• h: capital humano por trabalhador;
• A: produtividade total dos fatores (PTF).
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Tabela 22
Contribuição para o crescimento
y k hA
Milagres 4,0 2,1 0,8 1,2
(51) (20) (29)
Crescimento rápido 2,4 1,1 0,6 0,6
(48) (26) (26)
Crescimento médio 1,5 0,7 0,6 0,1
(50) (42) (8)
Crescimento baixo 0,7 0,6 0,8 –0,7
(87) (122) (–109)
Desastres –0,7 –0,1 0,8 –1,4
(13) (–114) (201)
Mundo 1,8 0,9 0,7 0,1
(54) (40) (6)
Fonte: Veloso et al. (2013, posição 838).
A PTF exerceu papel fundamental na explicação das diferenças de crescimento entre os países e foi, 
por exemplo, determinante para o sucesso obtido pelo Leste Asiático.
A tabela a seguir, extraída de Veloso et al. (2013), revela a decomposição dos fatores por diferentes regiões.
Tabela 23
y k h A
Leste Asiático 4,3 2,1 0,7 1,5
(49) (16) (35)
Sul da Europa 2,9 1,5 0,7 0,7
(??) (??) (??)
Sul da Ásia 2,0 1,4 0,9 –0,2
(66) (44) (–10)
Europa Ocidental 2,0 ??? ??? 0,5
() () (25)
Países de língua inglesa 1,6 0,9 0,3 0,4
(54) (21) (25)
Caribe 1,5 0,6 0,6 0,3
(38) (41) (21)
Oriente Médio 1,4 0,9 0,9 –0,4
(66) (66) (–31)
América Latina 1,0 0,5 0,7 –0,2
(50) (71) (–21)
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África Subsaariana 1,0 0,6 0,8 –0,4
(59) (79) (–38)
China 5,7 2,3 0,9 2,5
(40) (16) (43)
Coréia do Sul 4,3 2,7 0,9 0,8
(61) (21) (18)
Japão 3,2 2,1 0,4 0,7
(66) (11) (23)
Índia 3,0 1,6 0,9 0,6
(52) (28) (20)
Brasil 1,5 0,8 0,9 –0,2
(53) (61) (–14)
Estadoa Unidos 1,5 0,9 0,4 0,3
(57) (25) (18)
Mundo 1,8 0,9 0,7 0,1
(54) (40) (6)
Obs.: A tabela apresenta a taxa de crescimento anual média do produto por 
trabalhador (y) e as contribuições anuais médias das fontes de crescimento: 
capital físico por trabalhador (k), capital humano por trabalhador (h) e PTF (A). 
Valores entre parênteses indicam as constribuições relativas de cada fonte de 
crescimento.
Fonte: Veloso et al. (2013, posição 913).
8.6 Os efeitos do setor externo sobre o crescimento do produto brasileiro
Dada a sua importante participação na pauta de exportações brasileiras, períodos de crescimento 
dos preços das commodities mantêm relação positiva com a expansão econômica. De fato, isso não é 
relacionado com o nível dos preços de commodities, mas com as suas variações.
Sempre é esperado que o período de boom das commodities tenha impacto positivo no progresso 
econômico. Já a fase de bust teria efeitos negativos na variação do PIB.
É essencial ressalvar que não é automático esse impacto dos preços de commodities no 
crescimento econômico. O cenário de valorização desses preços tem significado um alívio da 
restrição externa para os países em desenvolvimento exportadores de commodities, como o 
Brasil. Dessa forma, pode ser considerada uma condição necessária, mas não suficiente para a 
evolução econômica.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), no acumulado 
de janeiro a setembro de 2015, as exportações brasileiras caíram 16,78% em relação à igual período 
do ano anterior, devido principalmente à contribuição (participação do grupo de produtos na pauta 
exportadora em 2014 multiplicada pela sua variação em 2015) das matérias‑primas não comestíveis, 
exceto combustíveis (‑7,5%).
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Nesse grupo de produtos, os minérios tiveram a principal contribuição (‑5,30%) para a 
queda das exportações brasileiras. Como exemplo, a redução do valor exportado de minérios 
pode ser atribuída ao efeito de queda dos preços das commodities, não acompanhada por 
uma possível redução das quantidades exportadas em virtude de uma hipotética redução da 
demanda chinesa.
Um fato que reforça essas considerações é a principal mineradora brasileira ter anunciado prejuízo 
com produção recorde.
8.7 Teorias econômicas relacionadas ao crescimento e ao desenvolvimento 
econômico
Tanto teórica quanto empiricamente, houve uma grande evolução desses modelos visando ao 
entendimento do crescimento de longo prazo, a partir da origem do Modelo de Solow.
Para isso, Gonçalves apud Veloso et al. (2013, posição 1.871) faz uma análise detalhada dos diferentes 
modelos, partindo de Solow e Ramsay,cujo crescimento de longo prazo é um parâmetro exógeno, e das 
alternativas representadas pelos modelos de crescimento endógeno das décadas de 1980 e 1990, que, 
contudo, apresentam dificuldades para as comparações de dados entre os países.
Comenta Gonçalves apud Veloso et al. (2013):
Dada a importância empírica dos diferenciais de PTF na explicação da 
disparidade de renda por habitante e a inabilidade dos modelos de 
crescimento endógeno de explicar com precisão os diferenciais de PTF, a 
pesquisa [...] muda o foco para as chamadas “causas profundas” desses 
diferenciais, forjando um casamento frutífero entre os modelos de 
crescimento e as áreas de economia política e economia das instituições 
(GONÇALVES apud VELOSO et al., 2013, posição 1.871).
Tal análise é finalizada considerando que a qualidade institucional (complexa interação entre fatores 
econômicos e políticos) é o fator determinante a justificar as diferenças de PTF.
Vilela apud Veloso et al. (2013, posição 2.204) estuda os vários determinantes do crescimento 
econômico, ressaltando:
• a geografia: latitude, proximidade a cursos de água, clima etc.;
• o comércio internacional: computando‑se os custos e os benefícios da participação nos fluxos 
internacionais de mercadorias, serviços e mão de obra;
• as instituições: arranjos sociopolíticos formais e informais.
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Comenta Vilela apud Veloso et al. (2013):
[...] as instituições têm recebido atenção crescente da literatura de crescimento, 
na medida [em] que, por exemplo, o respeito aos direitos de propriedade, a 
existência de estruturas regulatórias, a qualidade e independência do poder 
judiciário e a capacidade da burocracia estatal são elementos importantes 
para o início do processo de crescimento econômico e sua sustentação no 
tempo (VILELA apud VELOSO et al., 2013, posição 2.315).
8.7.1 Modelo de Thirlwall
Evidencia o papel da demanda para o crescimento econômico à medida que estabelece a relação 
entre este e a restrição externa. Nesse sentido, é demonstrado o papel exercido pelas exportações.
A conclusão central do modelo é que um país não consegue crescer, no longo prazo, a taxas maiores 
do que as compatíveis com o equilíbrio do seu balanço de pagamentos. Posteriormente, passou a 
considerar outras variáveis, como o fluxo de capitais e a restrição, que impõe que o aumento do déficit 
em conta‑corrente tem que ser proporcional à renda doméstica. Manteve‑se, outrossim, a conclusão 
central do modelo em sua versão básica.
A Lei de Thirlwall concede às exportações papel fundamental para a explicação do desempenho de 
cada país no que se refere à expansão econômica.
A Teoria Estruturalista contribui para a análise do crescimento limitado pelo balanço de pagamentos 
cujo equilíbrio depende, em última instância, da competitividade estrutural do país.
Ao enfatizar uma teoria de crescimento econômico com abordagem keynesiana, cabe ressaltar que 
a demanda cumpre um papel central nesse processo. Thirlwall (2005) coloca que as limitações pelo lado 
dela são muito mais significativas para o progresso econômico do que os efeitos das restrições pelo lado 
da oferta.
Dessa forma, partindo da análise da observação da demanda agregada, de todos os componentes, o 
que efetivamente tem função determinante no avanço econômico. De acordo com Thirlwall (2005), são 
as exportações que se diferenciam dos demais, uma vez que:
• Formam o único componente da demanda autônoma de um sistema econômico, no sentido de 
provir literalmente de fora do sistema.
• São as únicas capazes de custear a procura por importações, tendo em vista o crescimento no 
longo prazo, dado que os outros componentes da demanda agregada têm em si um conteúdo de 
importações. Assim, a demanda deveser reprimida quando a receita das exportações não existe 
para custear tais conteúdos.
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Em Thirlwall (2005, p. 61), justifica‑se que “[...] nenhum país consegue crescer mais depressa que a 
uma taxa compatível com o equilíbrio no balanço de pagamentos [...].”
Estabeleceu‑se, pois, a Lei de Thirlwall, cuja taxa de crescimento de longo prazo é igual à de 
crescimento da renda mundial, multiplicada pela elasticidade‑renda das exportações e dividida pela 
elasticidade‑renda das importações.
Analisando o comportamento do PIB e o do setor externo do Brasil, percebe‑se que até 2002 existia 
entre ambos uma correlação negativa (como indicado no gráfico da figura a seguir).
0
–5
5
10
15
20
–10
19
60
19
62
19
64
19
66
19
68
19
70
19
72
19
74
19
76
19
78
19
80
19
82
19
84
19
86
19
88
19
90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
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Variação PIB anual (%) Transações correntes – últimos 12 meses (% PIB)
Figura 34
Pode ser verificado que, em boa parte, o resultado em termos de expansão econômica brasileiro de 
1960 a 2008 foi alcançado basicamente através do financiamento externo (conforme a tabela a seguir, 
extraída de Zimmermann).
Tabela 24
Conta financeira 1960‑1979 1980‑1993 1994‑2001 2002‑2008
Investimento direto 29,34 64,36 78,84 32,65
 Investimento brasileiro direto –0,72 –56,19 –4,78 –21,74
 Investimento estrangeiro direto 30,06 120,55 83,62 54,39
Investimento em carteira 2,82 171,41 107,70 25,29
 Investimento brasileiro em carteira –0,02 –1,02 –6,29 4,82
 Investimento estrangeiro em carteira 2,84 172,43 113,99 20,47
Derivativo (liq.) 0,02 1,36 –0,78 –0,09
Outros investimentos
 Outros investimentos brasileiros
 Outros investimentos estrangeiros (liq.)
Fonte: Zimmermann (2009, p. 11).
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Entre 1964 a 1980, quando o Brasil atinge elevadas taxas de crescimento, a conta de Transações 
Correntes não fica deficitária apenas nos anos de 1964 e 1965. Assim, pode‑se dizer que o país não 
conseguiu, ao longo da maior parte do período, custear o seu próprio crescimento, tendo que, desse 
modo, recorrer ao exterior para financiá‑lo.
Essa tendência se alterou a partir de 2002, determinada pela combinação de taxa de câmbio 
desvalorizada e do elevado preços das commodities, o que resultou em uma expansão com superávit 
em transações correntes.
Sustenta Zimmermann:
No âmbito do conceito de sustentabilidade relativa ao setor externo, 
ao longo de todo o período o crescimento se mostrou insustentável. 
Quando o país atingiu taxas de crescimento consideráveis, fez isso 
através da deterioração da conta de transações correntes, de maneira 
que o resultado do país permaneceu, ao longo das décadas, condicionado 
ao financiamento externo. Sendo assim, nos momentos em que os 
fluxos de capitais para o Brasil diminuíram, como nos períodos de crises 
financeiras internacionais, as taxas de crescimento do Brasil também 
diminuíram consideravelmente.
Tais resultados têm sua origem nos cenários em que se deu a trajetória de 
crescimento do Brasil, pois, apesar de a estrutura de produção ter se alterado 
para bens mais dinâmicos ao longo das décadas (principalmente até 2000), o 
que permitiu um aumento das exportações, nesse mesmo período o volume 
importado aumentou mais que proporcionalmente, sendo que nas décadas 
de 1960 e 1970 isso ocorreu justamente para promover a modificação da 
estrutura produtiva nacional.
A única fase em que a dinâmica de crescimento do país foi diferente, 
apresentando crescimento com superávit em transações correntes, foi 
após os anos 2000, contudo, dado as condições econômicas em que 
isso ocorreu, as restrições externas ao crescimento do país parecem não 
ter se extinguido em [virtude] de uma mudança na estrutura produtiva 
capaz de propiciar níveis elevados de crescimento que caracterizem 
um processo de convergência sustentável de renda (ZIMMERMAN, 
[s.d.], p. 18).
8.8 Estabilização e abertura comercial versus crescimento econômico
As críticas às prioridades concedidas à estabilização são baseadas na crença de que a austeridade 
constitui o antidesenvolvimento, isto é, a perseguição mais efetiva pelos fundamentos fiscais e 
monetários acabam desembocando em recessão.
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Argumentam os estudiosos, favoráveis a essa ideia, que é necessário entender que a inflação, de 
certa forma, constitui algo inevitável quando se tenta o crescimento econômico.
Considera Franco (1998):
O caráter falacioso dessas proposições é bastante evidente. Nada parece 
indicar que não possa haver desenvolvimento obedecidos alguns princípios 
básicos de equilíbrio fiscal e monetário. Nada parece indicar, da mesma 
forma, que a inflação seja necessária, ou mesmo admissível como efeito 
colateral do desenvolvimento, pois nada mais é do que um imposto, e um 
particularmente perverso, posto que [porque] incide exclusivamente sobre o 
pobre. Constitui óbvia tolice imaginar o desenvolvimento econômico, ainda 
mais quando pensado como processo amplo que incorpore necessariamente 
o progresso na dimensão social, deva ter como pré‑requisito um imposto 
sobre o pobre (FRANCO, 1998, p. 121‑2).
Alguns analistas destacam que a abertura comercial é outro aspecto vinculado a baixo crescimento 
econômico por gerar uma crise cambial
É novamente Franco (1998) que comenta:
Novamente, nada indica que o crescimento não possa ocorrer com uma 
estrutura de proteção civilizada e taxas de câmbio realistas. Na verdade, 
este ensaio procurará argumentar que será justamente o processo de 
abertura, através de seus efeitos sobre o dinamismo tecnológico do 
país, que definirá os contornos básicos do novo ciclo de crescimento 
(FRANCO, 1998, p. 122).
8.9 A globalização e o crescimento econômico
Na relação com o crescimento, destacam‑se aspectos relacionados ao processo de globalização.
Inicialmente, cabe mencionar que a proliferação das redes de filiais de Empresas Transnacionais 
(ETNs) – transformando estas últimas de “federações de filiais” para outro patamar cujo caráter global 
de suas atividades lhes determina esforços contínuos de racionalização de atividades em escala global 
– resulta em nova identidade supranacional, com grandes implicações referentes às suas propensões ao 
comércio exterior.
Cita‑se, a seguir, a disseminação de estratégias de ajustamento e racionalização, compreendendo 
desintegração vertical, outsourcing e relocalização no exterior.
A difusão de “novas formas” de investimento internacional com a utilização de uma grande variedade 
de dispositivos financeiros e tecnológicos acarreta desenvolvimento de maior racionalidade global no 
processo produtivo.
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No comércio internacional, destacam‑se as transações realizadas entre as diferentes unidades de 
uma mesma empresa (multinacional ou transnacional), que costumam representar mais do que 50% do 
volume negociado.
Particularmente importante é o desempenho dessas instituições nos negócios internacionais do Brasil, 
que participam de maneira tímida no comércio exterior, o que é atribuído à exportação basicamente de 
produtos primários (como commodities agrícolas e minerais).
Menciona Franco (1998):
A globalização chega ao Brasil através das filiais estrangeiras aqui instaladas, 
e, ao menos até a implantação do programa Befiex, se desenvolve à margem 
de qualquer incentivo ou política específica do governo apontando 
nessa direção. Nessa linha, é interessante observar que, nos anos 1960, 
demonstra‑se que os coeficientes de importação e exportação das filiais 
estrangeiras não mostravam diferenças vis‑à‑vis os coeficientes de empresas 
nacionais de tamanho comparável.Era o compromisso com o atendimento 
com o mercado interno. Isso deixa de ser verdade a partir dos anos 1980 
[...] quando a propensão a exportar das empresas estrangeiras revela‑se 
significativamente maior em [virtude] de sua inserção no processo de 
globalização (FRANCO, 1998, p. 123‑4).
No início do século XXI, a economia brasileira torna‑se mais complexa e diversificada, indicando 
exportações de produtos industrializados e processados (semimanufaturados). O carro‑chefe de nossas 
exportações é representado pelos produtos do agronegócio, que mesmo em épocas de recessão têm 
contribuído para o crescimento (ou menor redução) do PIB brasileiro.
O Brasil possui muitos parceiros comerciais, com destaque para os seguintes mercados: 
toda União Europeia, principalmente Alemanha, Itália, França, Espanha e Holanda, além de 
Estados Unidos, Argentina, Japão, Paraguai, Uruguai, México, Chile, China, Taiwan, Coreia do 
Sul e Arábia Saudita.
Os principais exportadores de produtos para o Brasil são: Estados Unidos, União Europeia em especial 
Alemanha, Itália, Espanha, França, Argentina, Arábia Saudita, Japão, Venezuela, México, Uruguai, Chile, 
China, Coreia do Sul, Kuwait e Nigéria.
8.10 Considerações finais
São vários os fatores que afetam a perspectiva de crescimento da economia. No caso brasileiro, 
podem ser ressaltados:
• baixa produtividade;
• carência de poupança interna;
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• políticas inadequadas relacionadas com a educação;
• baixos investimentos na formação de capital fixo;
• conjuntura econômica, política e social;
• políticas de industrialização;
• inovações tecnológicas;
• desigualdades regionais.
Os aspectos discutidos nos tópicos anteriores visam identificar o que é mais contundente na 
explicação do caso brasileiro.
Se considerarmos o período a partir da Segunda Guerra Mundial, o País experimentou elevadas taxas 
de crescimento no período entre 1950 e 1980.
Até 1950, o Brasil era pobre e rural. A partir de 1980, problemas relacionados à dívida e principalmente 
à explosão inflacionária, exacerbada na década de 1980 e início de 1990, reduziram de forma expressiva 
as taxas de expansão da economia.
Uma etapa de forte progresso foi possível com base no extraordinário aumento do volume e elevação 
dos preços das commodities no intervalo de 2003 a 2010.
A partir daí, e inclusive em virtude de erros em estratégias e planos econômicos, voltaram a ocorrer 
taxas muito reduzidas de crescimento, até acontecer a queda do produto anual (3,8%) em 2015.
Muitos argumentam que o Brasil nunca abandonou o seu comportamento de país exportador de 
matérias‑primas e consumidor de produtos finais, elaborados.
Nestas décadas iniciais do século XXI, o agronegócio, dado o aumento da produtividade e a ocupação 
de novas terras, é o destaque de nossa economia e o carro‑chefe das exportações.
Fica difícil associar diretamente o atual agronegócio no Brasil com a monocultura de exportação, 
desde o descobrimento até a primeira metade do século XX. Afinal, o agronegócio é constituído também 
por atividades além da agricultura e da pecuária, com setores de beneficiamento, serviços etc.
É responsável por destacar o Brasil em termos tecnológicos, a ponto de o país ser entendido como a 
grande esperança mundial em termos de produção de alimentos e fornecimento de energia.
A derivação das diversas fases do crescimento levou a uma grande perda de participação da indústria 
no PIB brasileiro, alarmando os que vêm nessa opção, por exemplo, a grande supridora de empregos.
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Particularmente, desde o início do século XXI, a perda relativa da indústria na economia brasileira 
tem estimulado intenso debate entre os economistas e outros estudiosos.
Pinheiro apud Veloso et al. (2013) argumenta que:
[...] a comparação da experiência de diversos países permite concluir que a 
política industrial não é condição suficiente para garantir a convergência 
para o nível de renda dos países mais ricos. Pelos mais diversos motivos, 
praticamente todos os países do mundo fizeram algum tipo de política 
industrial. Alguns conseguiram crescer de forma sustentada e hoje são 
países desenvolvidos, mas [a] maioria não alcançou os resultados almejados, 
inclusive o Brasil.
Nesse sentido, a diferença entre sucesso e fracasso está no modo como são 
construídos os incentivos para empresas e setores contemplados pela política 
industrial. Proteção excessiva por tempo indeterminado, ausência de metas 
e regras de saída, barreiras para importação de insumos e adoção de novas 
tecnologias – características típicas da experiência brasileira – parecem ser 
a receita certa para o fracasso; Japão e Coreia do Sul, ao evitarem esses 
erros, conseguiram mudar a estrutura de sua economia e crescer de forma 
sustentada. A China parece seguir o mesmo caminho (PINHEIRO apud 
VELOSO et al., 2013, posição 10.524).
Um dos importantes aspectos que justificam certa ineficácia nas políticas industriais é que o padrão 
dos investimentos e instalações industriais no Brasil foi baseado, notadamente, no atendimento ao 
mercado interno e mantida a proteção da concorrência internacional.
Como resultado, o País não alcançou a liderança internacional na produção de bens manufaturados, 
tornando‑se um participante marginal no comércio mundial.
Indica Menezes Filho apud Veloso et al. (2013):
O caso da Lei de Informática é bastante ilustrativo do tipo de políticas 
que foram seguidas [...]. Essa lei, cuja versão original entrou em vigor 
em 1984, visava induzir a autonomia tecnológica nacional em um setor 
que era visto como essencial e estratégico para o desenvolvimento do 
país. Para isso, garantiu reserva de mercado para as empresas de capital 
nacional em todos os setores da informática. Entretanto, uma avaliação 
dos efeitos dessa lei concluiu que os preços dos computadores nacionais 
permaneceram sempre mais altos que os internacionais e que seu 
desempenho permaneceu atrasado em relação à fronteira tecnológica 
em cerca de três – cinco anos (MENEZES FILHO apud VELOSO et al., 2013, 
posição 10.703).
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O crescimento da produtividade é considerado como um dos maiores determinantes da expansão 
econômica no longo prazo.
Não obstante, o choque de produtividade provocado pela liberalização comercial tem sido pífio, assim 
como o padrão de crescimento da produtividade no Brasil, como pode ser observado na tabela a seguir:
Tabela 25
Período
Brasil Rússia Índia China México Indonésia Turquia
Produtividade do trabalho (PIB por trabalhador)
1995‑2005 0,4 3,7 4,2 6,7 1,4 1,1 4,5
2005‑2010 2,2 3,2 6,0 9,9 0,2 2,7 0,8
Fonte: Menezes Filho apud Veloso et al. (2013, posição 10.942).
A tabela a seguir apresenta os dispêndios nacionais em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) com 
relação ao PIB de países selecionados em 2009:
Tabela 26
País Dispêndio/PIB(%) Empresas(%) Governo(%)
Alemanha 2,82 66,1 29,7
Brasil 1,17 46,3 51,6
Canadá 1,92 47,6 52,4
China 1,70 71,7 23,4
Cingapura 2,27 54,4 38,1
Coréia 3,56 71,1 27,4
Espanha 1,38 43,4 47,1
Estados Unidos 2,90 61,6 31,3
França 2,26 52,4 38,6
Itália 1,26 44,2 42,1
Japão 3,36 75,3 17,7
Portugal 1,64 44,0 45,3
Reino Unido 1,85 44,5 32,6
Rússia 1,25 26,6 66,5
Fonte: Menezes Filho apud Veloso et al. (2013, posição 10.956).
Verifica‑se que a geração de conhecimento nas universidades e nos laboratórios de pesquisa 
governamentais não tem sido convertida em desenvolvimento tecnológico nas empresas, como pode 
ser revelado pela evolução da participação brasileira na produção científica internacional.
Ademais, o País perdeu espaço para economias que priorizaram os investimentos em educação.
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Pouca educação ou educação incompleta (ou irregular) conduz a baixas produtividades e, por 
extensão, a níveis precários de crescimento e desenvolvimento econômico.
A instabilidade política é, também, outro fator que contribui decisivamente para que sejam constatados 
baixos níveis de crescimento, desincentivando os investimentos do setor privado e minguando os do 
setor público.
O que se observa em síntese é a forte associação entre a expansão econômica e o status do setor 
externo em diferentes períodos.
O Brasil é considerado ainda um país “fechado”, com poucas transações com o exterior.
A participação em blocos econômicos e regionais precisa ser estendida, “afrouxando” um pouco a 
prioridade para o Mercosul e os países do hemisfério Sul, procurando‑se mais negócios com os países 
desenvolvidos (Estados Unidos, Europa, Japão etc.).
A própria China, que vem se tornando a principal parceira comercial do Brasil em virtude de 
seu expressivo e continuado crescimento a partir do fim dos anos 1970, apresenta um estoque de 
oportunidades para negócios.
Em junho de 2016, o jornal O Estado de São Paulo em reportagem sob o título O Brasil deixou de 
pensar no futuro, publicava os comentários de Thomas Trebat, diretor do Columbia Global Center:
A intensidade das mobilizações de rua desde 2013 surpreendeu um antigo 
observador estrangeiro do Brasil, o norte‑americano Thomas Trebat, para 
quem a crise atual será em vão se não resultar em uma “estrutura econômica 
sã”. Desde o fim de 2012, Trebat mora e trabalha no Rio de Janeiro e atua 
como diretor do Columbia Global Center, escritório da universidade de Nova 
York dedicado a estabelecer parcerias no País. Crítico do tamanho do Estado 
na economia brasileira, o economista mantém certo otimismo, por causa 
de uma nova geração de universitários e porque as crises podem ser uma 
oportunidade para avançar em reformas (NEDER, 2016).
Ressalta, ainda, o pesquisador:
Tentando entender as tendências da economia no longo prazo, vi o Brasil, 
nos anos 2000, muito afetado positivamente pelo ciclo das commodities, 
mas sabia que esse auge sempre acaba em lágrimas. Os países que não 
se previnem, não constroem uma economia mais diversificada, acabam 
sofrendo. As commodities vão estar por séculos aí, com o preço subindo e 
caindo (NEDER, 2016).
Comentando a respeito dos fatores que conduzem ao crescimento econômico, aponta os efeitos do 
baixo investimento brasileiro:
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Unidade II
A taxa de investimento estimula a demanda no curto prazo, ajuda o 
crescimento no curto prazo, mas, mais do que isso, constrói o futuro. Desde 
o fim dos anos 1980, a história não muda. A taxa de investimento mal 
chegou a 20% do PIB. Em países comparáveis, é 25% para cima. De modo 
geral, o País passou de forma muito prematura a prezar mais pelo bem‑estar 
da população atual, com aposentadorias e assistência social, e deixou de 
pensar no futuro.
[...]
Não são os programas sociais, as medidas antipobreza nem sequer a política 
de valorização do salário mínimo os problemas. O que deixamos de ver foram 
os subsídios a empresas, proteção internacional, falta de integração com 
mercados globais, subsídios na área de educação para classes privilegiadas, 
como a universidade pública de graça (NEDER, 2016).
É preciso considerar, também, que a taxa de poupança doméstica é baixa para os padrões 
internacionais, inferior à média mundial e à latino‑americana.
O gráfico da figura a seguir, extraído de Veloso et al. (2013), mostra o investimento em capital 
fixo, poupança doméstica e poupança externa (médias móveis de cinco anos) no período de 1954 a 
2011, em % do PIB:
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PBCF Poup. doméstica Poup. externa
Figura 35
A elevação do investimento fixo na economia brasileira demanda a complementação via poupança 
externa, dados os níveis insuficientes de poupança doméstica ou mesmo de sua baixa sensibilidade aos 
aumentos do investimento.
A forte participação do Estado na economia é outro fator preocupante na abertura de caminho para 
o crescimento.
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CIÊNCIAS ECONÔMICAS INTERDISCIPLINAR
Circula entre os meios acadêmicos e intelectuais um ditado que afirma que o brasileiro odeia o 
governo, mas ama o Estado. Cabem, ainda, algumas observações a propósito da desigualdade regional 
no crescimento econômico brasileiro.
No decorrer de seus processos de desenvolvimento, as economias nacionais tendem a gerar 
desigualdades constituídas ao longo do processo histórico de ocupação, quando certas características 
e especificidades fazem com que as regiões apresentem uma desequilibrada distribuição de capital 
humano.
Propõem‑se, então, a adoção de políticas regionais visando estimular e melhorar a qualidade da 
educação nas regiões mais pobres, de forma a reduzir essas disparidades.
O Brasil necessita tratar de forma mais contundente esse problema, melhorando suas políticas 
voltadas a determinados setores e regiões.
Tabela 27 – Taxa de crescimento da PTF (Produtividade Total dos Fatores) em %
1947 1960 3,6% 1973 5,0% 1986 1,3% 1999 0,5%
1948 1,5% 1961 3,3% 1974 0,9% 1987 0,3% 2000 ???%
1949 1,1% 1962 4,1% 1975 2,2% 1988 –2,3% 2001 ???%
1950 0,9% 1963 – 0,4% 1976 1,5% 1989 –0,9% 2002 0,1%
1951 – 0,1% 1964 0,8% 1977 0,0% 1990 1,2% 2003 0,9%
1952 – 1,5% 1965 0,9% 1978 1,4% 1991 0,6% 2004 1,6%
1953 – 1,3% 1966 1,2% 1979 2,1% 1992 0,5% 2005 0,4%
1954 1,2% 1967 0,3% 1980 2,9% 1993 0,4% 2006 1,6%
1955 2,7% 1968 1,9% 1981 6,3% 1994 2,0% 2007 3,3%
1956 1,1% 1969 1,4% 1982 –2,4% 1995 0,7% 2008 2,5%
1957 2,5% 1970 3,1% 1983 –3,9% 1996 1,4% 2009 0,3%
1958 3,4% 1971 4,4% 1984 2,3% 1997 0,1% 2010 2,6%
1959 2,8% 1972 5,0% 1985 1,4% 1998 –0,9% 2011 0,2%
Fonte: Bonelli e Bacha apud Veloso et al. (2013, posição 7.441).
Tabela 28 – Poupança doméstica, privada e pública no Brasil, 
entre 1995 e 2011, em % do PIB
Governo central, estados e municípios
Ano
Superávit 
primário 
(A)
Juros 
(B)
NFG 
(C–B A)
Investimento 
público 
(D)
Pouopança 
pública 
(E–D C)
Poupança 
privada 
(F)
Poupança 
doméstica 
(G–E F)
1995 0,31 5,65 5,34 2,32 3,02 16,97 15,53
1996 0,16 4,61 4,77 2,13 2,64 16,74 14,10
1997 –0,93 4,15 5,08 1,83 –3,25 16,84 13,59
1998 0,34 6,83 6,49 2,62 –3,87 16,90 13,03
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Unidade II
1999 2,33 2,67 5,34 1,58 3,76 15,82 12,06
2000 2,24 6,30 4,06 1,81 2,25 16,21 13,96
2001 2,49 6,29 3,80 1,99 –1,81 15,33 13,52
2002 2,88 7,04 4,16 2,06 –2,10 16,79 14,09
2003 3,09 8,34 6,25 1,51 –3,74 19,69 15,95
2004 3,60 6,74 3,14 1,72 –1,42 19,90 18,48
2005 3,59 7,28 3,67 1,75 –1,92 19,27 17,35
2006 3,00 6,85 3,85 2,04 –1,81 19,40 17,59
2007 3,36 6,06 2,72 2,10 –0,62 18,70 18,08
2008 3,36 5,34 1,98 2,45 0,42 18,30 18,77
2009 1,96 5,21 3,25 2,57 –0,68 16,69 15,91
2010 2,64 5,11 2,47 17,69
2011 3,04 5,64 2,60 17,22
Fonte: Veloso et al. (2013, posição 8.414).
 Observação
A poupança pública é formada pela equação:
Poupança pública = investimento do governo (‑) necessidades de 
financiamento do governo central e estados e municípios
 Resumo
Vimos nesta unidade mais alguns assuntos interessantes e que 
envolvem as Ciências Econômicas. Dentre eles, políticas industriais, 
inovações tecnológicas e competitividade sistêmica, avançando para o 
tratamento de aspectos relacionados às finanças públicas. Finalizamos 
com questões relacionadas a padrão de crescimento de longo prazo. 
A apresentação que fizemos a você foi temática, promovendo alguns 
pontos de discussão que estão na fronteira do conhecimento e que, 
de certa forma, envolvem também o papel profissional do economista. 
Visando ao aspecto interdisciplinar,a opção pela discussão não foi aquela 
de esgotamento dos assuntos, pois levantou problemáticas no intuito de 
contribuir com seu conhecimento.
No que diz respeito às políticas industriais no Brasil, verificamos 
a necessidade de sua implantação em sentido de desenvolvimento 
infraestrutural, o que envolve ações estatais dirigidas, no caso das políticas 
verticais como aquelas mais abrangentes, gerais, também chamadas 
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de horizontais, que têm amplitude maior. Analisamos, brevemente, 
a evolução das políticas industriais no Brasil sobretudo no período 
do nacional‑desenvolvimentismo, cujos gastos governamentais se 
apresentaram como determinantes para impulso produtivo do País. O tema 
finalizou com algumas recomendações do que poderia ser adotado pelas 
autoridades públicas no sentido de oferecer condições ao País de melhorar 
seu desempenho produtivo para o século XXI.
Outro tema debatido foi o da competitividade sistêmica, e o papel que 
as inovações tecnológicas aqui desempenham. Se o país, para encontrar 
sua trajetória produtiva, necessita de infraestrutura a ser oferecida 
pelo Estado, suas empresas também precisam encontrar seu potencial 
produtivo e concorrente. A discussão aqui estava centrada na necessidade 
de obtenção de competitividade tanto de empresas quanto de países em 
uma obra conjunta, entendendo que um influencia o outro. Para tanto, 
conceituamos o que vem a ser produtividade, competitividade e seus fatores 
decissivos. Após tal apresentação, passamos a expor algumas considerações 
acerca da estratégia de concorrência e os fatores determinantes de 
competitividade sistêmica. Vimos que a inovação tecnológica permite 
ganhos de produtividade e de competitividade em tempos de valorização do 
empreendedorismo, principalmente para as pequenas e médias empresas.
Abordamos também as finanças púbicas e a política fiscal. Vimos as 
fontes de receitas governamentais, bem como as despesas. Avançamos 
para formas de fixação e recolhimento. Neste âmbito, exibimos os 
princípios orçamentários que devem ser avaliados quando da elaboração 
do orçamento público e da execução orçamentária.
Finalizamos a Unidade com o crescimento de longo prazo e as restrições 
externas. Discutimos noções relacionadas a crescimento e desenvolvimento 
econômico bem como suas políticas conjunturais na busca de posição de 
longo prazo. Apresentamos medidas de crescimento e o que é importante 
para o avanço. O relacionamento internacional e os efeitos do setor externo 
sobre o crescimento da economia doméstica também foi considerado, além 
da necessidade de estabilização econômica como via ao desenvolvimento 
econômico.
 Exercícios
Questão 1. Segundo o Dieese (2006), a “dívida pública é a dívida contraída pelo governo com 
entidades ou pessoas da sociedade para: financiar parte de seus gastos que não são cobertos com a 
arrecadação de impostos, alcançar alguns objetivos de gestão econômica, como controlar o nível de 
atividade, o crédito e o consumo ou, ainda, para captar dólares no exterior”:
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Unidade II
Considere as afirmativas a seguir:
I – O governo tem três formas de financiar seus gastos: arrecadar impostos, emitir moeda ou vender 
títulos (papéis) da dívida pública com promessa de resgate futuro, acrescido de juros.
II – Quando o país já tem um comprometimento elevado com a dívida pública, os organismos 
internacionais (como o FMI, por exemplo) exigem que todo o setor público – incluindo a Previdência, os 
estados, os municípios e as estatais – gere déficits primários elevados para fazer face aos compromissos 
da dívida pública.
III – A taxa de juros tem sido utilizada pelo governo como instrumento de combate à inflação. A ideia 
é de que, com juros altos, há um desestímulo ao consumo, que acabaria acarretando num ritmo menor 
de elevação dos preços. O problema é que, ao se elevarem os juros básicos da economia, ocorre impacto 
imediato e expressivo sobre a dívida pública, boa parte dela indexada a essa taxa.
É correto apenas o que se destaca na(s) afirmativa(s):
A) II e III.
B) I e III.
C) I e II.
D) II.
E) Todas as afirmativas estão corretas.
Resposta correta: alternativa E.
Análise das alternativas
Afirmativa I – correta.
Justificativa: o governo pode financiar seus gastos por meio da cobrança de impostos (apesar de 
essa estratégia diminuir os recursos destinados ao consumo das famílias e empresas), da emissão de 
moeda (embora isso posso provocar inflação) ou da venda de títulos da dívida pública (apesar de essa 
medida aumentar o passivo do governo).
Afirmativa II – correta.
Justificativa: o déficit primário elevado mostra que os credores podem confiar na capacidade de o 
país fazer frente aos encargos de sua dívida. O déficit primário elevado revela um menor risco de crédito, 
já que as contas públicas estão em ordem.
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Afirmativa III – correta.
Justificativa: caso o governo eleve a taxa de juros, há desestímulo ao consumo; em consequência, 
a espiral inflacionária também é desestimulada. Em contrapartida, como o governo vende títulos da 
dívida pública para financiar seus gastos, e como ele se compromete a pagar juros sobre o dinheiro que 
recebeu em troca dos títulos, a elevação da taxa de juros aumenta o passivo do governo.
Questão 2. Um dos indicadores mais utilizados como medida de desempenho econômico do país é 
o PIB (Produto Interno Bruto). Esse índice faz uma quantificação sucinta da atividade econômica interna 
do país por um ano.
Leia os seguintes trechos sobre o PIB:
Texto I
[...] Contudo, apesar de toda a sua relevância, o PIB sofre de problemas consideráveis. Esses problemas 
concentram‑se no modo de cálculo do PIB e no que ele inclui. Sua apuração depende da coleta de dados 
das transações econômicas. [...] todavia, tudo que se compra e vende numa nação não equivale a toda 
atividade econômica realizada. Por exemplo, um ambientalista diria que o PIB não leva em conta o 
esgotamento de recursos naturais [...] (KISHTAINY, 2013, p. 310).
Texto II
[...] O Brasil destoou no ano passado dos emergentes com um crescimento maior do que o registrado 
em 2012. Porém, essa aceleração não foi suficiente para colocar o país na lista das economias com 
expansão mais forte de 2013. Levantamento com 36 países mostra que o crescimento de 2,3% do Brasil 
está no meio da tabela, em 15º lugar, atrás de uma série de emergentes, especialmente da Ásia (China 
e Tailândia). O misto de crescimento modesto em 2014 com desvalorização cambial deve fazer o Brasil 
perder neste ano duas posições no ranking das maiores economias globais. Atualmente em 7º lugar, 
cairia para 9º (ainda não saíram todos os resultados). Mesmo com a aceleração do crescimento em 
relação a 2012, o ritmo brasileiro ficou mais perto dos países desenvolvidos – que costumam registrar 
avanços menores e estão atravessando a crise que teve início em 2008 – do que seus pares emergentes 
[...] (Folha de São Paulo, 2014).
Considere as afirmativas a seguir:
I – Tomando como base a mensuração do PIB, podemos afirmar que o Brasil apresentou no último 
ano (2013) um forte crescimento econômico, já que o valor do PIB de 2013 foi maior do que o de 2012.
II – O crescimento do PIB brasileiro em 2013 mostrou claramente que o país se tornou, finalmente, 
desenvolvido.
III – Apesar de sua relevância, o PIB apresenta algumas fragilidades, por exemplo: ele não consegue 
medir o quão sustentável é o modelo de crescimento adotado pelo país.
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Unidade II
É correto apenas o que se destaca na(s) afirmativa(s):
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) I e III.
Resposta desta questão na plataforma.
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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1 
MENDES, J. T. G.; PADILHA JR., J. B. Agronegócio: uma abordagem econômica. São Paulo: Pearson, 
2007. p. 58.
Figura 2
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Anuário Estatístico de Agroenergia 
2012: Statistical Yearbook of Agrienergy. Secretaria de Produção e Agroenergia. Brasília: Mapa/ACS, 
2013. Disponível em: . Acesso em: 23 set. 2016.
Figura 3 
CUNHA, C. Mapitoba: conheça a última fronteira agrícola do Brasil. 2 out. 2015. Disponível em: 
. Acesso em: 29 set. 2016.
Figura 7
INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO. Informações e análises da economia mineral brasileira. Ferro. 
7. ed. p. 33. Disponível em: . Acesso em: 29 
set. 2016.
Figura 8
MERCADO‑LIVRE‑DO‑PRODUTOR‑DA‑CEASAMINAS‑EM‑CONTAGEM.JPG. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2016.
Figura 9
BOLSA‑INTERNA_TADEU‑NASCIMENTO_4.JPG?1456156147. Disponível em: . Acesso 
em: 20 set. 2016.
Figura 11
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Anuário Estatístico de Agroenergia 2012: 
Statistical Yearbook of Agrienergy. Secretaria de Produção e Agroenergia. Brasília: Mapa/ACS, p. 53, 
2013. Disponível em: . Acesso em: 23 set. 2016.
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Figura 12
LARGE_3C35C74E0C7C6F80CD22F7946C3895DF.JPG. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2016.
Figura 14
BR 163. Divisa de MT/PA – Santarém, p. 6. Disponível em: . Acesso 
em: 29 set 2016.
Figura 15
BRASIL. Ministério dos Transportes. Hidrovia Tapajós‑Teles Pires. Administração das Hidrovias da 
Amazônia Oriental (AHIMOR), Belém: PA, p. 9, [s.d.]. Disponível em: . Acesso em: 23 set. 2016.
Figura 16 
IMG_ID=3551178&T=1463518053740. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2016.
Figura 17
PINHEIRO, A. C.; FRISCHTAK, C. R. Gargalos e soluções na infraestrutura de transportes. Rio de Janeiro: 
FGV Editora, 2014. p. 164 (e‑book).
Figura 18
AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES. Evolução do transporte ferroviário de cargas, 
Brasília, p. 1, ago. 2016. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2016.
Figura 19 
AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS. Hidrovias brasileiras: indicadores do transporte 
de cargas – tonelada útil transportada (t) e tonelada quilômetro útil (TKU). Brasília, p. 8, abr. 2013. 
. Acesso em: 29 set. 2016. 
Figura 20
PINHEIRO, A. C.; FRISCHTAK, C. R. Gargalos e soluções na infraestrutura de transportes. Rio de Janeiro: 
FGV Editora, 2014. p. 259 (e‑book).
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Figura 22
GERBELLI, L. G.; PEREIRA, R. Produtividade é a pior desde os anos 50. O Estado de São Paulo. Economia 
& Negócios. São Paulo, 17 jul. 2016 (adaptado). Disponível em: . Acesso em: 29 set. 2016.
Figura 23
KON, A. A economia do trabalho: qualificação e segmentação no Brasil. Rio de Janeiro: Alta Books, 
2016. posição 6.087 (e‑book).
Figura 24
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria‑Executiva. Departamento de Economia da Saúde, 
Investimentos e Desenvolvimento. Núcleos de Economia da Saúde: orientações para 
implantação. v. 1. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012. p. 10. Disponível em: . 
Acesso em: 29 set. 2016.
Figura 25
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Transições no Brasil e a promoção da alimentação 
saudável. Goiânia: GO, 3 set. 2009. Disponível em: . Acesso em: 29 set. 2016.
Figura 26
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Transições no Brasil e a promoção da alimentação 
saudável. Goiânia: GO, 3 set. 2009. Disponível em: . Acesso em: 29 set. 2016.
Figura 27
BATISTELLA, C. O quadro de morbimortalidade brasileiro. O território e o processo saúde‑doença. 
Fiocruz: EPSJV. Disponível em: . Acesso em: 23 
set. 2016.
Figura 28
MATTOZINHOS, A. Gastos com saúde e PIB. Geek Nomics, 4 abr. 2016. Disponível em: . Acesso em: 29 set. 2016.
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Figura 29
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Estrutura etária, bônus demográfico e população 
economicamente ativa no Brasil: cenários de longo prazo e suas implicações para o mercado de 
trabalho, p. 5, [s.d.]. Disponível em: . Acesso em: 29 set. 2016.
Figura 30
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TELECOMUNICAÇÃO. O Desempenho do setor de telecomunicações. 
Séries Temporais, p. 36. Disponível em: . Acesso em 29 set. 2016.
Figura 32
ADVFN BRASIL. Indicadores econômicos: PIB. Portal de investimentos em ações da bolsa de valores 
do Brasil, com cotações da Bovespa e BM&F. Disponível em: . 
Acesso em: 5 out. 2016.
Figura 34
VELOSO, F. et al. Desenvolvimento econômico: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Campus 
Elsevier, 2013. posição 708 (e‑book).
Figura 35
ZIMMERMANN, B. A. O setor externo como um limitante ao crescimento econômico brasileiro no 
período de 1960 – 2008: uma análise dos períodos de divergência e convergência insustentável de 
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Paralelamente à questão conjuntural recessiva, proporcionada pelos Planos Collor I e II, esse quadro 
de liberalização comercial implicou, por parte das empresas nacionais, forte processo de ajuste. Tal 
ajustamento obrigou algumas empresas a concentrarem‑se em linhas de produtos competitivos, 
reduzindo ao máximo a diversificação de sua produção, via terceirização de algumas atividades e 
implementação de programas de qualidade e produtividade.
Tomando‑se por base as empresas produtoras de bens de consumo não durável, bem como as 
entidades de menor porte, verificou‑se no período anteriormente mencionado um baixo nível de 
produtividade advindo dos elevados custos de produção, ocasionando limites da capacidade de 
competição dessas firmas. Tal baixa da competitividade deve‑se, de acordo com Lacerda (1998), 
principalmente, à baixa flexibilidade das organizações para alterarem sua produção na busca de 
qualidade e melhor desempenho de seus produtos, conjugada ainda com a falta de prontidão dessas 
empresas para atender às demandas por novos lançamentos, sofisticação, qualidade e diversidade de 
bens e serviços ofertados.
Além desses fatores endógenos à empresa na busca de produtividade e competitividade, existiam 
fatores exógenos, pois não houve por parte do governo uma adaptação macroeconômica, no que diz 
respeito à competitividade sistêmica, que propiciasse ao produtor local um ambiente favorável e/ou 
equivalente aos concorrentes internacionais. Fatores como taxa de juros, carga tributária, infraestrutura 
técnico‑científico‑educacional e burocracia do setor público, entendidos como o chamado “custo 
Brasil”, colocam‑se como gargalos ou entraves para a indústria doméstica concorrer com a indústria 
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estrangeira e, neste caso, não há esforço, do ponto de vista microeconômico, que possa vir a compensar 
tal disparidade.
O fato de que a política industrial tenha no Brasil tantos pontos em comum com a de comércio 
exterior é necessariamente verdade, em um país que experimentou um rápido processo de abertura. Mas 
isso não exclui o uso de instrumentos e políticas verticais e horizontais recomendados pela experiência 
internacional de diversos países na promoção de política industrial. Afinal, não é suficiente se utilizar 
apenas da liberalização comercial como mecanismo de promoção de eficiência e da produtividade na 
produção de produtos e serviços, pois ela é um remédio amargo e mostra‑se ineficaz, se usada apenas 
com esse objetivo (BONELLI, 1994).
5.3 Linhas gerais para uma política industrial no Brasil
Tendo em mente que a chamada globalização da economia e o novo paradigma produtivo nela 
implícito exigem tanto das empresas quanto das nações, novos métodos de organização da produção, 
e que só permanecerá aquele que se adaptar às novas regras, ou seja, entidades e países precisam ser 
competitivos frente à concorrência acirrada advinda do processo de abertura das economias, e a chave 
para essa sobrevivência e expansão de economias nacionais e de suas corporações está nos ganhos de 
produtividade. Diante disto, com o auxílio de técnicos e instituições, poderemos levantar as grandes 
linhas que deveriam reger a política industrial no Brasil presente.
Para que seja formulada uma política industrial, é necessário que se tenha um projeto de indústria 
e uma visão de sua configuração futura. Segundo Pinheiro (1994), essa visão no Brasil seria de uma 
indústria competitiva, integrada na economia mundial, crescentemente formada por empresas que 
utilizem trabalho qualificado, produzindo, via processos eficientes e limpos, bens de alto valor agregado 
e com capacidade sustentada de criação de emprego, o que resultaria em aumento de produtividade dos 
recursos humanos, da renda e do consumo da população.
A consolidação dessa indústria depende, porém, de vários elementos (FRISCHTAK, 1999), por exemplo, 
de um ambiente econômico caracterizado por estabilidade de preços e regras, de um conjunto de 
projetos de investimentos em infraestrutura física, tecnológica, educacional e na logística de comércio 
internacional e de mecanismos de cooperação e integração, como pontos de trocas de informação.
A atitude industrial englobaria também uma política de mobilização dos ativos tecnológicos públicos 
e criação de arranjos integrados desses ativos com o setor produtivo. A forma que essa integração 
tomaria incluiria a assistência de natureza técnica e gerencial a pequenos e médios empresários, prestada 
por docentes e pesquisadores, orientada para a criação de condições materiais que apoiem os esforços 
empresariais emergentes na fronteira do conhecimento e da criatividade.
No contexto de liberalização econômica, a política industrial a ser adotada pelo Brasil necessitaria 
de maior exposição à competição externa e interna, com aumento simultâneo da competitividade da 
indústria (BONELLI, 1994). Para elevar a eficiência do sistema industrial como um todo, seria preciso 
atender aos principais determinantes de competitividade industrial, observando‑se que:
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• Alguns segmentos operam sob distintos padrões de eficiência, e os que operam com muita eficácia 
necessitam de pouco apoio, seja via reconversão para outras atividades, seja atingindo níveis mais 
elevados de competitividade.
• Há no País limitada capacidade de gerar progresso técnico endogenamente no curto prazo, já que 
o esforço na criação autônoma de progresso técnico é absolutamente de longo prazo.
• A pouca disposição revelada pela indústria brasileira em relação a lançar produtos ou a criar 
processos produtivos nada tem a ver com uma falta de apetite inovador dos empresários, mas sim 
com a inexpressiva atividade governamental no que diz respeito ao apoio para desenvolvimento 
científico e tecnológico.
De acordo com Kon (1996), seria necessária a implementação de uma política industrial efetiva com 
perfeito entendimento de quais setores e agentes envolvidos seriam contemplados com as medidas de 
política e programação econômicas.
 Observação
No que se refere à abrangência setorial, o conceito de indústria deveria 
ser repensado, englobando, além das atividades secundárias, as terciárias 
da economia, incluindo‑se a denominada indústria de serviços, que fornece 
parte da infraestrutura de apoio à operacionalização das demais atividades.
Para Coutinho (1998), haveria no Brasil espaço para uma política industrial moderna, baseada na 
parceria entre empresários, trabalhadores e governo, como fator decisivo para viabilizar a sustentação 
da política macroeconômica. Uma política industrial fixada por modernos instrumentos de comércio 
exterior seria fundamental para estimular exportações e conter importações predatórias.
Mais do que a tentativa de implementação de diversos instrumentos de política econômica, 
notadamente aqueles destinados a setores industriais, Coutinho (1998) prega um debate entre sociedade 
e governo, em torno de uma agenda de medidas para estruturar um ministério forte e articulado, 
privilegiando o diálogo e a parceria entre os agentes envolvidos na criação de meios de financiamento 
e capitalização, para que as empresas nacionais participem do processo de exportação de mercadorias 
e geração de divisas.
Em busca desse debate entre sociedade e governo, Kapaz (1996) acredita na criação de um Conselho 
Nacional de Política Industrial, em que deveria ser efetuada a conciliação de políticas públicas de outras 
áreas, como agricultura, ciência e tecnologia, com a política industrial.
Para Lafer (1999), não bastaria só isso. Torna‑se ainda necessária uma maior articulação entre os 
governos estaduais a fim de que estes façam parte de agentesRio de Janeiro: FGV Editora, 2014 (e‑book).
PINHEIRO, M. C. Experiências comparadas de política industrial no pós‑guerra: lições para o Brasil. 
In: VELOSO, F. et al. Desenvolvimento econômico: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Campus 
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In: PINHEIRO, A. C.; FRISCHTAK, C. R. Gargalos e soluções na infraestrutura de transportes. Rio de 
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ROSSETTI, J. P. Política e programação econômicas. São Paulo: Atlas, 1989. 
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out. 2016.
Sites
Exercícios
Unidade I – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO 
TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2006. Ciências Econômicas. 
Questão 7. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2016.
Unidade I – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO 
TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2008: Prova amarela. Questão 35. 
Disponível em: . 
Acesso em: 20 out. 2016.
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Unidade II – Questão 2: PAÍS pode perder 2 posições entre maiores economias. Folha de São 
Paulo, São Paulo, 28 abr. 2014. Mercado. Disponível em: . Acesso 
em: 26 out. 2016.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000condutores da política industrial, no 
tocante à incorporação da pequena e média empresa no sistema produtivo, já que esse tipo de empresa 
pode, em primeiro lugar, ajudar na melhoria das oportunidades de emprego e renda da sociedade; em 
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segundo lugar, promover a difusão de novos métodos organizadores da produção quanto às inovações 
e, depois, permitir às grandes empresas o benefício da redução de custos e aumento da produtividade e 
competitividade através da terceirização e subcontratação.
Dessa articulação intergovernamental sairia o desenvolvimento e a consolidação de clusters e 
polos tecnológicos, a partir de vocações regionais identificadas por tornar‑se uma atividade de muita 
importância para a economia brasileira, quer pela via da integração de uma constelação de empresas 
de menor porte no processo produtivo de grandes organizações, quer pela vertente de grupamento 
autônomo de micro, pequenas e médias empresas que operem no mesmo segmento de atividade.
Sustenta ainda que o desenvolvimento de clusters constitui um ótimo instrumento de intervenção 
governamental que se traduzirá em política de desenvolvimento local ou regional, já que, enquanto os 
eixos articulam os grandes espaços macrorregionais, os clusters multiplicam, nos espaços adjacentes, 
as energias geradas por um conjunto de empresas, de um mesmo ramo de negócio, que atraem 
fornecedores e prestadores de serviços, ao mesmo tempo em que criam oportunidades para atividades 
de comercialização.
 Saiba mais
O site da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial oferece 
interessantes informações acerca das políticas industriais no Brasil para o 
período de 2004 a 2008, sob o nome de Pitce – Política Industrial, Tecnológica 
e de Comércio Exterior, para o período de 2008‑2010, denominada PDP 
– Política de Desenvolvimento Produtivo, e para o período de 2011‑2014, 
intitulado de PBM – Plano Brasil Maior. Para conhecer mais sobre essas 
políticas, acesse:
AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Política 
industrial. Brasília: DF. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2016.
5.4 Considerações finais
Com o desenvolvimento industrial, espaço para uma maior atuação do Estado quanto ao favorecimento 
das empresas industriais. Não pregamos, aqui, um favorecimento paternalista, como o ocorrido no Brasil 
no período passado. Acreditamos que, se algumas iniciativas fossem tomadas pelos governantes através 
de políticas verticais ou horizontais, inseridas num modelo de expansão fabril bem‑delineado e de 
comum acordo com a sociedade, tanto no âmbito nacional como no regional, poderiam promover um 
maior nível de competitividade para tais empresas.
Infelizmente, hoje, a discussão das políticas industriais parece não ser alvo de preocupação por parte 
dos dirigentes da nação, dadas as práticas neoliberais implementadas no País a partir do início da década 
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de 1990, atreladas à manutenção e sustentação de uma estabilidade monetário‑financeira dentro de 
um ambiente macroeconômico extremamente recessivo. Caso, efetivamente, exista uma preocupação 
nessa área, poderiam ser conjugadas as diversas sugestões elencadas nesse exercício.
6 COMPETITIVIDADE SISTÊMICA E INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
Procuraremos aqui analisar a questão da produtividade e da competitividade requerida pelo novo 
paradigma produtivo que se desenvolveu nos últimos anos. A análise centra‑se na consideração dos 
fatores determinantes de competitividade externos e internos à empresa, além daqueles determinantes 
de competitividade sistêmica, e contempla também o papel da tecnologia para as PMEs (Pequenas e 
Médias Empresas) que é impulsionado pelo processo de inovações.
6.1 Conceito de produtividade
Sabendo‑se que a estrutura de custos de uma empresa envolve gastos fixos e variáveis, e da soma 
dessas duas categorias temos o valor total, que, dividindo‑o pela quantidade produzida, obteremos o 
custo total médio da produção. Este representará o “custo da unidade padrão de produto caso o custo 
total seja dividido igualmente entre todas as unidades produzidas” (MANKIW, 1999, p. 276).
Desta forma, quanto menores forem os dispendes médios da referida produção, mais eficiente será 
essa produção. Ganhos de eficiência na produção de um determinado bem ou serviço é o mesmo que 
ganhos de produtividade, já que sua verificação se dá em termos de custo. Quanto maior a eficiência ou 
a produtividade, menores os valores unitários ou médios da referida produção.
Generalizando‑se essas ideias, temos que ganhos de eficiência são iguais a ganhos de produtividade, 
e ambos se revelam e se medem, por reduções nos gastos de produção.
Segundo Thomas Gunn (1993, p. 85‑6), existem alguns perigos quanto aos esforços administrativos 
convencionais no intuito de reduzir custos. Uma das primeiras medidas tomadas pelas empresas para 
a redução de despesas é a redução da mão de obra direta, bem como de seus salários, tendendo a 
permanecer abaixo das taxas de mercado, provocando um processo de expulsão daqueles melhores 
empregados, combinada com cortes no treinamento e na educação da mão de obra.
Outra medida reside na queda dos investimentos de capital em novas instalações, que, se não forem 
encurtados, serão reduzidos, acarretando diminuição na qualidade da manutenção preventiva das 
instalações e dos equipamentos e, portanto, da qualidade dos produtos.
Essas medidas envolvem ainda cortes nos financiamentos para P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) 
tanto no âmbito do projeto dos produtos quanto no projeto de processos de produção, fazendo com 
que as empresas estiquem o ciclo dos artigos existentes com mudanças superficiais, utilizando‑se 
de componentes de qualidade inferior e custo mais baixo, ocasionando oportunidades à entrada de 
novos concorrentes. Neste aspecto, se ocorresse ainda uma redução nos investimentos de capitais no 
desenvolvimento de tecnologias de informação, a empresa teria seu mercado ainda mais prejudicado 
perante a competitividade futura.
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No que diz respeito ao relacionamento com os fornecedores de insumos, as empresas em geral 
tentam pressioná‑los a vender por preços mais baixos, encorajando os fornecedores a reduzir a qualidade 
de seus produtos. As taxas de produção, dada a capacidade instalada, são normalmente mantidas em 
níveis elevados, independentemente da demanda, somente para preservar a utilização da maquinaria e 
absorver os gastos gerais existentes.
Para Gunn (1993), essas medidas são erradas por tratar‑se de uma mentalidade de “reduza, reduza, 
reduza”, erodindo, assim, as vantagens competitivas da empresa. De acordo com seus ensinamentos:
executivos perderam de vista o fato de que tanto na atividade manufatureira 
como na maioria das outras atividades o baixo custo é o resultado de se fazer 
bem, ou eficazmente, outras coisas [...] onde a competitividade da classe 
mundial de baixo custo e a longo prazo não poderá ser atingida através de 
cortes no orçamento (GUNN, 1993, p. 87).
Desta forma, torna‑se imperativa uma maior e melhor seleção dos insumos produtivos, bem como na 
elaboração de projetos de produtos. Sendo assim, Gunn elenca quatro passos que deverão ser seguidos 
por uma empresa para tornar‑se fabricante de baixo custo.
O primeiro passo seria o da determinação de valores baseada no mercado. Quanto a este passo, a 
estratégia de custo será impulsionada pelas condições do mercado na fixação de um preço aceitável 
para o produto e, deste preço, a empresa deverá determinar qual o dispêndio de produção, tendendo 
este a decrescer ao longo do ciclo de vida do artigo. Desta forma, “a margem de lucro extra gerada ao 
se ter o gasto total baixo”poderá ser destinada a áreas de P&D, Propaganda e Marketing, melhores 
tecnologias de manufatura e sistemas de informação. Pelas palavras de Gunn, “o estabelecimento de 
custos‑alvo em níveis baixos obriga os projetistas de produtos e processos a serem inovadores em 
seu trabalho, onde deverão procurar maneiras de fazer as coisas com baixo custo” (GUNN ,1993, p. 
89‑90).
O segundo passo para tornar‑se um fabricante de baixo custo é ter qualidade elevada, pois a 
qualidade é a maior variável independente que impulsiona o resultado dos custos para a maioria 
dos fabricantes.
O terceiro passo consiste na posse de controle dos sistemas de gastos precisos, que promovam o 
desempenho eficiente e produtivo da empresa. Gunn (1993, p. 91‑4) chama a atenção ao fato de que 
os sistemas de contabilidade e custos são normalmente desatualizados para a definição de preços, pois 
baseiam‑se em margens de lucro antecipadas. Isso ocorre porque esses sistemas são estabelecidos para 
avaliar estoques com propósitos fiscais e financeiros e não foram projetados para determinar custos de 
produtos.
No quarto passo, Gunn (1993, p. 93) observa “a relação das transações com os gastos gerais”. Identifica 
esse passo explicando que no projeto de produtos e processos produtivos a padronização da produção 
tende a reduzir a quantidade de materiais envolvidos, bem como de pessoas para armazenamento e 
distribuição dos insumos.
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Sendo assim, o conceito de produtividade está ligado à questão da eficiência produtiva, ou seja, à 
questão de uma produção com menores custos e, portanto, com maior eficiência. Alternativamente o 
termo produtividade indica a relação entre a quantidade produzida de um bem e as quantidades de 
fatores utilizados naquela produção.
No que interessa a esse estudo, pode‑se sintetizar ambas as noções dizendo‑se que quanto mais 
eficiente for o modo de combinar os fatores de produção, conjugada com menores custos desses fatores, 
maior será a produtividade de um dado processo produtivo.
A causa fundamental de aumentos de produtividade numa economia é o progresso técnico. Avanços 
de menor monta na produtividade, quer de uma economia, quer de uma empresa, derivam de avanços 
no modo de gerenciamento ou uso dos recursos disponíveis. Diz‑se que há progresso técnico gerador de 
ganhos de eficiência/produtividade quando o mesmo volume de produção pode ser obtido com menor 
quantidade de recursos.
 Lembrete
O progresso técnico implica genericamente um aumento da produtividade 
de todos os recursos utilizados para a produção de um bem ou serviço, aumento 
que decorre de melhorias nos métodos de produção ou racionalização dos 
processos de produção, bem como de melhorias na capacitação técnica da 
mão de obra ou da introdução de novas máquinas, cada vez mais avançadas, 
que poderiam tornar o processo produtivo menos oneroso.
Segundo Castells (1999, p. 100), no longo período a produtividade será a fonte da riqueza das 
nações, e a tecnologia tanto produtiva quanto de gerenciamento será o principal fator indutor 
de produtividade.
Contudo, do ponto de vista essencialmente empresarial, a produtividade não é um objetivo em 
si, pois os empresários não buscam tecnologia ou aumento de produtividade para a melhoria das 
condições sociais de vida. Na verdade, comportam‑se conforme as regras de um sistema econômico, 
motivados não pela produtividade, e sim pela lucratividade. Assegura que para elevar os lucros, em 
um determinado ambiente concorrencial com preços ajustados pelo mercado, existem caminhos, 
como a redução dos custos de produção, o aumento da produtividade, a ampliação do mercado e a 
aceleração do giro do capital.
Castells (1999, p. 101‑4) afirma que não adianta a expansão nos níveis de produtividade se não 
houver crescimento na demanda por bens e serviços ou ampliação de mercados.
Para abrir novos mercados, conectando diversos segmentos a uma rede global, o capital necessitou 
de extrema mobilidade, e as empresas precisaram de uma capacidade de informação extremamente 
maior, o que foi proporcionada pela estreita interação entre a desregulamentação dos mercados e as 
novas tecnologias da informação. Ainda para Castells (1999, p. 104‑5), “ao estender seu alcance global, 
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integrando mercados e maximizando vantagens comparativas de localização, o capital, os capitalistas 
e as empresas capitalistas como um todo aumentaram substancialmente sua lucratividade durante os 
anos 1990.”
6.2 Conceito de competitividade
A questão da competitividade é afetada por um conjunto de fatores que se inter‑relacionam, e seu 
conceito está associado à formação de recursos humanos, tecnologia, condições de comercialização, 
ambiente institucional estável e com regras de atuação claras. Desta maneira, seu conceito tem caráter 
multidimensional, o que nos permite conceituar competitividade no âmbito de nações e empresas 
(BNDES, 1991, p. 6‑7; PEREIRA, 1995, p. 49).
O fundamento da competitividade das nações está nos ganhos de eficiência e produtividade das 
empresas operantes em seu território, e será sustentada através da capacidade de desenvolvimento de 
vantagens quando do enfrentamento da concorrência com outros países (BNDES, 1991, p. 6‑7).
Essa ideia pode ter uma ilustração específica, já que:
uma possível conceituação de competitividade é a que relaciona esse 
fenômeno ao desempenho do país no mercado internacional [...]. Em termos 
de desempenho no comércio internacional, define‑se então o mercado da 
OCDE (Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento) como 
o quadro referencial para se mensurar competitividade. A ideia básica é que 
um país é tanto mais competitivo quanto maior o número de seus setores 
que ganham participação nas importações dos países‑membros da OCDE 
[...]. Esse conceito visa, portanto, descrever se o perfil exportador de um país 
está direcionado para as demandas de importação que crescem no mercado 
da OCDE. É puramente um indicador de desempenho, que enfatiza a questão 
da adaptabilidade das exportações às mudanças da estrutura de demanda 
dos países desenvolvidos (PEREIRA, 1995, p. 50).
 Saiba mais
Há várias informações acerca de conjuntura econômica. Para tanto, acesse:
ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO E DE DESENVOLVIMENTO 
ECONÔMICO. Relatórios econômicos da OCDE – Brasil 2015 (resumo em 
português), nov. 2015. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2016.
Diante da ilustração, passamos a definir competitividade no âmbito empresarial, já que a competitividade 
de um país depende de suas empresas serem capazes de ocupar parcelas crescentes da demanda que 
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atendem, ou seja, depende da competitividade das entidades atuantes no país. Neste sentido, para que as 
organizações alcancem maior concorrência, será necessária a observação de certos fatores determinantes 
de competitividade, fatores estes externos e internos às empresas, conforme segue.
6.3 Fatores determinantes de competitividade externos à empresa
Os fatores determinantes de competitividade externos à empresa estão ligados às políticas 
promovidas pelo Estado que, sob essa ótica, devem favorecer o estabelecimento e a manutenção de 
um ambiente favorável para que as corporações sustentem vantagens competitivas, entendidas como 
aquelas características da firma, de seus produtos e processos, que lhes dão maior competitividade. A 
seguir veremos alguns desses fatores.
6.3.1 Ambiente macroeconômico
Esse fator deriva fundamentalmente das políticas do Estado, em particular da política econômica. 
Um cenário macroeconômico estável tem relação direta com o investimento, e este é o principal indutor 
de crescimento de produtividade,pois inclui a adoção e fixação de novas plantas e equipamentos pelas 
empresas e a criação de infraestrutura econômica, tecnológica e educacional pelo Estado. Portanto, 
taxas de investimento em declínio tornam‑se o principal fator de queda de competitividade tanto de 
empresas como de países (BNDES, 1991, p. 11).
Uma conjuntura macroeconômica desfavorável ou marcado por instabilidade política e econômica 
também afeta a competitividade. Por exemplo, a existência de inflação persistente na economia pode 
levar as empresas a retardarem a melhoria da qualidade de seus produtos ou o controle de custos, uma 
vez que os ganhos assim obtidos podem ser neutralizados por mudanças nos níveis de preços absolutos 
e relativos. Ainda no exemplo anterior, períodos de alta inflação tendem a ser contidos com cortes no 
crédito e/ou aumentos dos juros para tirar a liquidez da economia, o que inviabiliza novos investimentos.
O ambiente macroeconômico desfavorável afeta também a disponibilidade de recursos financeiros, 
e a escassez destes leva as empresas a recorrerem a fontes de curto prazo ou a cortarem investimentos, 
provocando quedas na taxa de investimento e no nível de atividade econômica. Altos custos dos 
financiamentos, portanto, traduzem‑se em desvantagens competitivas por terem efeito negativo sobre 
o custo de capital e sobre as decisões de investimento.
6.3.2 Infraestrutura econômica
Segundo Dowbor (1997, p. 107), “as infraestruturas econômicas reúnem as grandes redes que tornam 
o universo produtivo viável como sistema” [...] “para permitir que cada empresa esteja interligada com o 
conjunto”. Normalmente, as infraestruturas econômicas requerem elevados investimentos, fazendo com 
que estes sejam predominantemente públicos, assegurando às empresas as chamadas economias externas.
Neste sentido, a infraestrutura econômica é um fator importante na determinação da competitividade, 
pois a disponibilidade, a qualidade e a eficiência de recursos nas áreas de transportes, energia e 
comunicações são condições essenciais para o crescimento da produtividade das empresas, porque 
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determinam as exigências gerais da eficiência, de redução de custos da economia e, neste sentido, seu 
impacto se refere à competitividade sistêmica.
Por outras palavras, quanto menores os custos dos recursos infraestruturais, maior a eficiência e, 
portanto, maior a produtividade de todo o sistema econômico. A existência de uma infraestrutura 
adequada potencializa ganhos de eficiência ao sistema produtivo, e não só de empresas individualmente 
(BNDES, 1991, p. 14‑5).
Dowbor (1997, p. 113‑6), referindo‑se ao setor energético, a título de exemplo, esclarece que o 
impacto desse setor frente à estrutura produtiva é bastante forte, pois “a energia precisa chegar a cada 
unidade produtiva, a cada domicílio [...] a cada poste de iluminação pública, a cada mesa de trabalho”. 
Naquelas regiões onde eventualmente ocorrem os cortes ou o racionamento de energia elétrica, cada 
empresa que dela necessita dota‑se de geradores, ocasionando sobrecustos produtivos. Sendo assim, 
trata‑se também de um setor que precisa de elevados investimentos, de longo prazo, que provocarão 
efeitos estruturais sobre o conjunto da economia.
As telecomunicações, outro grande setor das infraestruturas econômicas, tornam‑se o eixo central 
de modernidade do conjunto das economias que, acopladas ao computador, transformam‑se em um 
rápido veículo do ponto de vista da globalização financeira e das indústrias das finanças.
Pelos ensinamentos de Dowbor (1997, p. 111), veja‑se o exemplo da Câmara de Comércio Júnior 
do Japão: dezenas de milhares de pequenas e médias empresas associadas formam um tipo de BBS 
tecnológica, em que qualquer membro comunica as suas eventuais dificuldades técnicas, recebendo 
pouco depois comunicados de outras organizações sobre como enfrentam essas dificuldades. Essas 
entidades trabalham já no quadro do novo paradigma de colaboração, segundo o qual a maré levanta 
todos os barcos: uma empresa avança se toda a área econômica avança.
O gráfico da figura a seguir mostra o valor de mercado das empresas de telecomunicações no Brasil 
para o período selecionado:
10.000
de
z/
14
ja
n/
15
fe
v/
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m
ar
/1
5
ab
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5
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n/
15
ju
l/1
5
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15
se
t/1
5
ou
t/1
5
no
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15
de
z/
15
ja
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fe
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16
m
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ab
r/1
6
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n/
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30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
80.000
–
Valor de mercado mensal das empresas
R$
 m
ilh
õe
s
Telefônica Tim Embratel Telemar (Oi) Net
Figura 29
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No caso específico de economias subdesenvolvidas, estas tendem a apresentar carências básicas 
em seus sistemas infraestruturais e um dos aspectos cruciais e mais importantes nos planos oficiais de 
desenvolvimento é a alocação de recursos públicos em investimentos para as áreas de infraestrutura. 
Diversos modelos de crescimento econômico que dão ênfase à acumulação de capital tratam os 
investimentos infraestruturais como condição fundamental para a expansão econômica de longo prazo, 
na medida em que eles reduzem os custos fora do âmbito de decisões de investimentos da firma isolada 
(ROSSETTI, 1989, p. 168).
6.3.3 Infraestrutura técnico‑científica e educacional
É constituída por instituições de pesquisa, entidades de normatização e aferição de qualidade, 
centros de ensino técnico, educação, treinamento e desenvolvimento de recursos humanos, 
tornando‑se ponto nevrálgico na questão da competitividade, pois é indispensável para a 
qualificação e especialização dos recursos humanos em geral, com efeitos favoráveis sobre o 
desenvolvimento da facilidade gerencial, da produtividade das linhas de produção e também para 
a promoção da capacidade tecnológica.
Segundo estudo do BNDES (1991, p. 16), a importância de uma infraestrutura técnico‑científica e 
educacional se refere tanto à competitividade empresarial quanto à nação, uma vez que a elevação do 
padrão educacional da população e a utilização eficiente de uma infraestrutura técnico‑científica não 
impactam apenas organizações isoladas, mas sim o conjunto da economia.
6.4 Fatores determinantes de competitividade internos à empresa
Em tese, eles encontram‑se sob controle da própria empresa, ou seja, dizem respeito às condições 
gerais que a entidade deve buscar para atender à sua demanda de mercado e obter aquelas vantagens 
competitivas sobre os concorrentes (BNDES, 1991, p. 7).
A perda de dinamismo das economias capitalistas centrais, desde a transição entre os anos 1960 e 
1970, ensejou vários esforços para entendimento de como essas questões devem ser resolvidas pelas 
empresas, surgindo daí relativa unanimidade quanto à necessidade de elas terem, além de outros 
cuidados, clareza em relação à estratégia competitiva.
6.4.1 Estratégia competitiva
A estratégia competitiva é o fator geral mais importante na determinação de competitividade no 
âmbito de uma empresa, por referir‑se à busca de vantagens sobre os concorrentes através da definição 
do segmento a ser atendido, da avaliação dos fatores determinantes de competitividade naquele 
mercado e da adoção de meios para atendê‑los em melhores condições que os demais competidores 
naquela indústria (BNDES, 1991, p. 19).
Porter (1986, p. 22) dá referência quanto aos fatores que devem estar considerados previamente 
ao estabelecimento da estratégia competitiva de uma empresa. Segundo ele, para que uma entidade 
obtenha e mantenha vantagens competitivas, ela deve ficar atenta ao seu meio ambiente, ou seja, 
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aos outros concorrentes. Para traçar uma estratégia competitiva segundo sua visão, a empresa 
deverá conhecer as cinco forças competitivas básicas: risco de entradade novos concorrentes; 
ameaça de surgimento de novos produtos substitutos aos que produz; poder de negociação dos 
compradores; poder de negociação dos fornecedores; e formas e intensidade da rivalidade junto 
aos atuais concorrentes. Em suas palavras, “a meta da estratégia competitiva para uma organização 
é encontrar uma posição no mercado para melhor se defender contra essas forças competitivas ou 
influenciá‑las a seu favor”. Isso envolve, necessariamente, alguns outros fatores, mais específicos 
do que os cinco já citados.
6.4.2 Preço, qualidade do produto e produtividade da empresa
O preço é tido também como um dos principais fatores de competitividade, sendo função primária 
dos custos e da intensidade e da qualidade das relações da empresa com seus fornecedores, clientes 
e concorrentes. Diante disto, para uma entidade ser competitiva no preço de seu produto frente aos 
concorrentes, deverá ter uma estrutura de custos compatível com os praticados no mercado (BNDES, 
1991, p. 17‑8).
Se uma empresa operar com custos baixos comparativamente à concorrência, ou seja, se for 
relativamente eficiente, poderá ter uma melhor posição de mercado, obtendo, assim, uma vantagem 
competitiva. Esse posicionamento pode ser alcançado via introdução de novos métodos de organização 
da produção e de controle de qualidade, como mencionado nas considerações sobre produtividade. Por 
outro lado, “um produto competitivo e com qualidade seria aquele capaz de atender às necessidades de 
determinados mercados, adequando‑se a diferentes padrões de renda e consumo daqueles mercados, e 
não apenas à melhor performance técnica ou a um nível elevado de sofisticação” (BNDES, 1991, p. 18).
6.4.3 Domínio tecnológico
O acesso à tecnologia é também um dos fatores mais importantes na busca de competitividade, por 
afetar diretamente a produtividade da empresa e a atualização de seus produtos. Com um maquinário 
mais bem desenvolvido e muitas vezes poupador de mão de obra, a entidade pode produzir um volume 
maior de bens em menos tempo, utilizando menos mão de obra e reduzindo este gênero de custos 
(BNDES, 1991, p. 19). Diante disto, no âmbito da empresa, a relevância da sua capacidade de desenvolver 
tecnologia ou incorporar avanços tecnológicos varia de acordo com as necessidades do produto a ser 
desenvolvido, o segmento da demanda de mercado a ser atendido e o padrão de difusão tecnológica no 
seu segmento industrial.
6.5 Fatores determinantes de competitividade sistêmica
Quando discutimos competitividade, temos de levar em consideração que esta tem caráter 
multidimensional, por não envolver apenas ações isoladas das firmas nem tampouco ações isoladas por 
parte do governo. Precisamos, de acordo com Stamer (1996, p. 24), pensar em competitividade sistêmica 
por alguns fatores. Ele acredita que uma empresa não torna‑se competitiva se não estiver inserida num 
cenário onde possa relacionar‑se com fornecedores e potenciais concorrentes. Esse ambiente deverá estar 
enraizado nas instituições organizadas pela própria sociedade, cabendo ao Estado o desenvolvimento da 
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reestruturação industrial do país. Por fim, a autor destaca que existem fortes relações entre diferentes 
níveis: meta, macro, meso e micro, que passamos a discutir.
No que diz respeito às necessidades no nível micro, tomando como ponto de partida de que a 
“competitividade surge no âmbito da firma”, Stamer (1996, p. 27‑8) ressalta que naquelas economias 
onde a industrialização fora orientada para o mercado interno, criou‑se um distanciamento produtivo 
perante as concorrentes estrangeiras em fatores, como eficiência, flexibilidade e qualidade nos produtos.
Desta forma, nos últimos anos colocou‑se a necessidade de reestruturação produtiva nessas firmas, 
em que um novo modelo de organização industrial está completamente balizado em novos conceitos de 
organização e também nas novas tecnologias da microeletrônica, bem como numa inovação de âmbito 
social. Para Stamer (1996, p. 28), “no futuro as empresas mais competitivas não serão as que fazem uso 
predatório de sua mão de obra, mas as que sabem como tirar melhor partido do potencial criativo de 
seus empregados.”
Em nível macro, a existência de um ambiente macroeconômico favorável, nos moldes daquele 
anteriormente discutido, é essencial à atividade industrial, mas, para tanto, Stamer (1996, p. 29) diz que 
a política econômica não deveria concentrar‑se apenas na gestão de curto prazo, e sim proporcionar 
previsibilidade aos agentes, combinada com políticas orçamentária, monetária e cambial adequadas, 
coerentes, transparentes e justas.
Conforme Stamer (1996, p. 30), a estabilidade do quadro macroeconômico implica certo “malabarismo” 
político e elenca três razões para a difícil passagem de um quadro “macro” instável para outro estável:
• A luta contra a inflação, através das políticas fiscal e monetária restritivas, com consequente queda 
nos padrões de consumo da sociedade e, portanto, menos espaço de crescimento da economia.
• Porque os efeitos das medidas de estabilização macroeconômicas só são percebidos se 
acompanhados de reformas estruturais, entendidas como reformas do setor público, privatizações, 
sistema financeiro e comércio exterior.
• Os custos do ajuste são sentidos de maneira imediata, ao passo que os ganhos dele decorrentes 
levam algum tempo e em sua etapa inicial podem ter consequências negativas para a produção, 
investimento e, portanto, o emprego.
Da necessidade de um Estado atuante na correção de falhas no sistema econômico, como discutido 
no nível macro e da imposição à reestruturação produtiva das empresas apresentadas pelo nível micro, 
Stamer (1996, p. 32) chama a atenção para a necessidade de criação e expansão de regiões industriais 
na otimização contínua de externalidades.
É o que ele apresenta, então, como políticas meso, que devem se concentrar num certo número 
de áreas principais para acelerar o processo de especialização mundial voltado ao mercado. Como 
receituário de políticas meso, Stamer (1996, p. 31) destaca uma política industrial e comercial que apoie 
as empresas nacionais, uma política tecnológica incentivadora à P&D nos pontos de estrangulamento 
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do sistema tecnológico nacional, uma legislação de proteção ao emprego e uma política educacional 
capaz de oferecer ensino básico e formação técnica específica.
O último nível discutido por Stamer (1996, p. 35) é o meta, já que para ele a capacidade do 
governo de controlar os dispositivos destinados à solução coletiva de problemas são pré‑requisitos 
cruciais para otimizar os potenciais de desempenho nos planos micro, macro e meso. Uma vez que 
se dispõe dessas condições, é possível mobilizar os potenciais criativos da sociedade. A modernização 
econômica e o desenvolvimento de competitividade sistêmica não podem ocorrer sem estruturas 
sociais apropriadas.
Com esse argumento, Stamer (1996, p. 35) enfatiza que a competitividade sistêmica sem integração 
social “é um esforço inútil”. A construção de competitividade sistêmica é um projeto de transformação 
social que vai além da correção do quadro das condições macroeconômicas e, neste contexto, “a maioria 
dos atores‑chave têm de aceitar o mercado mundial como quadro de referência.”
6.6 Questão tecnológica: alguns aprofundamentos do ponto de vista das 
inovações
Discutiremos, aqui, a necessidade e a importância do processo de inovações tecnológicas na busca de 
uma estratégia competitiva de empresas e como papel determinante frente à competitividade sistêmica, 
anteriormente considerada.
6.6.1 Processo de inovações schumpeteriano
Tomando por base e contrariando o argumento do estado estacionário de Walras, a Teoria do 
Desenvolvimento Econômico de Schumpeter (1988, p. 54) discute a “nova combinação de meios de 
produção”como fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico. O estado estacionário seria 
o ponto de repetição das mesmas coisas, desde que atingido o ponto de equilíbrio e de rendimento 
máximo, proporcionado pelo processo de concorrência (NAPOLEONI, 1986, p. 42).
Para Schumpeter (1988, p. 46), a ruptura desse mundo estacionário e também o início de um processo 
de desenvolvimento ocorrem precisamente no âmbito da produção, em consequência de eventos que 
modificam os velhos sistemas produtivos, dentro daquilo que o autor chamou de “destruição criadora”.
Tais alterações ocorrem no fluxo circular como um processo espontâneo e descontínuo, que aparecem 
no âmbito industrial e comercial, onde as firmas iniciam a mudança econômica “e os consumidores são 
educados por ela”, ou seja, “ensinados a querer coisas novas ou coisas que diferem em um aspecto ou 
outro daquelas que tinham o hábito de usar” (SCHUMPETER, 1988, p. 48).
Produzir determinadas mercadorias nada mais é do que reunir diversos fatores produtivos. 
Quando, com os mesmos fatores de produção combinados de formas diferentes, obtemos o mesmo 
produto, temos então na teoria schumpeteriana “novas combinações”, pois elas originam‑se dos 
antigos processos produtivos, na medida em que estes são ajustados à novas realidades e novas 
exigências do mercado.
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As novas combinações deverão extrair os fatores de produção das combinações antigas, e jamais dar 
lugar ao emprego de fatores de produção que não estejam sendo usados.
Segundo Schumpeter (1988, p. 48‑9), “a realização de combinações novas significa, portanto, 
simplesmente o emprego diferente da oferta de meios produtivos existentes no sistema econômico”, 
e “na medida em que as novas combinações aparecem descontinuamente, surge o fenômeno que 
caracteriza o desenvolvimento”, este “definido, então, pela realização de novas combinações”.
Por novas combinações, entende‑se a introdução de um bem não familiar aos consumidores, a introdução 
de novos métodos de produção, abertura de um novo mercado para escoamento da produção, conquista de 
uma nova fonte de oferta de matérias‑primas ou de produtos semiacabados, e o estabelecimento de outra 
organização de uma determinada indústria, como a criação ou a ruptura de uma posição de monopólio. 
Compreende‑se ainda por inovações a construção de novas instalações ou pelo menos uma transformação 
nas instalações velhas cuja criação de novas instalações se verificaria mediante o nascimento de novas 
firmas, as chamadas “firmas schumpeterianas” (NAPOLEONI, 1986, p. 43‑5).
A este respeito, Schumpeter (apud NAPOLEONI, 1986, p. 48) distingue duas fases na história do 
capitalismo: a primeira denominada “capitalismo concorrencial”, em que existiriam firmas médias e/ou 
pequenas com relação ao mercado; a segunda, capitalismo trustificado, composto de firmas grandes, 
inteiramente capazes de alimentar o processo inovador em seu próprio interior.
Dessa forma, a verdadeira concorrência que se verificaria na economia capitalista se daria frente 
àquelas empresas inovadoras, nas quais existem “ato empresarial”, já que, para Schumpeter, as PMEs 
produziriam os mesmos produtos. Pelas palavras de Napoleoni:
não é concorrência que se dá entre bens idênticos, produzidos todos do 
mesmo modo, mas sim a que os produtos novos fazem aos velhos ou os novos 
procedimentos produtivos fazem aos antigos. Esse processo concorrencial 
foi também chamado por Schumpeter de processo de “destruição criadora”, 
denominação com a qual se põe em evidência que a concorrência efetiva é 
dada pelos efeitos que as inovações fazem incidir sobre as firmas existentes 
(NAPOLEONI, 1986, p. 49).
Ainda utilizando‑se das contribuições de Napoleoni, esse aspecto da concorrência traz consigo um 
conceito de monopólio, pois antes que a inovação se difunda, ela é monopólio do empresário, e o lucro 
que este último obtém é precisamente devido a esse monopólio.
Trata‑se de um monopólio temporário que, em condições normais, está destinado a desaparecer 
durante o processo dinâmico da concorrência, pois, primeiramente, generalizou a inovação e permitiu 
o próprio monopólio, mas depois sujeita essa inovação ao confronto com as outras inovações, que, 
continuamente, surgem no sistema econômico.
Sobre as inovações como processo inerente à valorização do capital, discutindo um outro ponto de 
vista acerca do processo de inovações, Cipolla (1998, p. 702) assegura que o processo de inovações não 
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se inicia com a análise da concorrência, pois “o capital enquanto relação social revela que a inovação de 
produto faz parte de sua natureza”.
Sua explicação parte do princípio de que, para haver inovações, necessariamente precisa existir 
investimento em P&D, e o montante destinado a tal investimento seria retirado dos lucros dos 
empresários, fator que implicaria redução “da massa de valor engajada no ciclo de expansão industrial”. 
Desta forma, a atividade de inovação não tem vida independente do ciclo do capital industrial porque 
ela se nutre de uma fração da mais‑valia (CIPOLLA, 1998, p. 701).
Para Cipolla (1998, p. 700), os gastos em P&D são subtrações dos ganhos das empresas, pois estas já 
determinam qual a parte de suas receitas que será destinada à atividade de inovação, por acreditarem 
que a pesquisa aumenta a parcela de mercado, que, por sua vez, permite expandir as probabilidades de 
novas descobertas, pensamento este também desenvolvido pelos neoschumpeterianos, conforme será 
discutido adiante.
6.6.2 Inovações e processo de concorrência na busca de vantagens competitivas
Do que foi tratado nos parágrafos anteriores, temos que o processo de inovação é inerente ao 
desenvolvimento do capitalismo e, portanto, da concorrência, que deve ser encarada como um processo 
seletivo que se dá na economia capitalista, já que capitais se enfrentam em busca de sua valorização 
através do processo produtivo.
Assim, a concorrência trata‑se de um processo seletivo e dinâmico por não ter um fim previsível, 
dada a possibilidade dos participantes de elaborar suas estratégias para aumentarem suas chances, bem 
como “dar conta dos passos futuros”, das modificações que ocorrem no funcionamento dos mercados, 
nas mudanças tecnológicas e nas preferências dos consumidores (POSSAS, 1997, 1.901‑2).
A busca de vantagem competitiva é, então, característica do processo de concorrência e do processo 
de inovações, pois alavanca o progresso técnico, mas também “traz em seu bojo a destruição dos 
conhecimentos tornados obsoletos e a falência de muitos”. O ritmo em que as vantagens competitivas 
são tornadas obsoletas e substituídas não é uniforme, pois se modifica de acordo com a variação do 
mercado, ou seja, conforme varia a posição dos potenciais concorrentes e fornecedores, da tecnologia 
utilizada, ou seja, daquilo que Possas (1997, p. 1.902) chamou de “pressão competitiva”.
Entretanto, é notório que no atual contexto ganha relevo a total interconexão mundial dos mercados 
financeiros, cambiais, de capitais etc., os chamados “oligopólios globais”. A ampliação dos horizontes em 
termos do processo competitivo, aliada à crescente importância da ciência, favoreceu um aumento da 
pressão competitiva e, ao mesmo tempo, dos custos, dos riscos e das incertezas da atividade inovativa, 
já que mercados mais amplos tendem a significar maior espaço para a atuação de novos concorrentes.
A forte necessidade de utilização dos últimos avanços da ciência, por sua vez, torna a inovação 
muito mais cara e sujeita a riscos. Os produtos podem não se mostrar viáveis, ou demorar muito mais do 
que o previsto para serem desenvolvidos, o que significa que as empresas devem dispender um grande 
volume de recursos para a manutenção de sua competitividade (POSSAS, 1997, p. 1.905).
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6.6.3 Dinâmica tecnológica e evolução industrial no enfoque evolucionário/
neoschumpeteriano
Desde meados dos anos 1970, observa‑se o desenvolvimento de uma nova linha de estudos, trazendo 
como preocupação a dimensão tecnológica da dinâmica concorrencial e suas implicações sobre a evolução e a 
transformação das estruturas de mercado. São as chamadas teorias “evolucionistas” ou neoschumpeterianas, 
fundamentadas na concorrência schumpeteriana, que atribui ao papel das inovações uma importância 
central como mola propulsora da concorrência e da evolução econômica, conforme discutido.
De acordo com Martins (1998, p. 707), tomando a dinâmica competitiva enquanto modelada pela 
presença de firmas inovadoras dentro do processo de competição schumpeteriana, existirá de um lado 
firmas inovadoras buscando continuamente o desenvolvimento de novos produtos ou processos e que, 
ao serem bem‑sucedidas, veem crescer o hiato tecnológico e competitivo que as separa das entidades 
rivais, aumentando os seus lucros ou sua parcela de mercado na indústria.
De outro lado, admitindo a possibilidade da entrada de novas firmas inovadoras na indústria, as 
vantagens competitivas e tecnológicas das estabelecidas tendem a ser continuamente erodidas, seja em 
decorrência de um maior potencial inovador das novas entrantes, seja através da imitação dos novos 
processos e/ou produtos pelas retardatárias.
Introduzindo ainda o raciocínio de Martins (1998, p. 707), os elementos de barreira à entrada e à 
mobilidade, bem como o caráter cumulativo das capacitações tecnológicas interfirmas destacar‑se‑ão, 
no processo de concorrência, com o predomínio de grandes companhias amapradas no empreendimento 
da atividade inovativa e na apropriação dos seus benefícios, em detrimento de pequenas organizações.
6.6.4 Desenvolvimento tecnológico e impactos sociais da escolha tecnológica
Segundo Kon (1994), já no século XVII, Adam Smith apontava a divisão crescente do trabalho e 
a especialização de funções no processo produtivo como sendo um avanço da sociedade no sentido 
da racionalização da atividade produtiva. Neste processo, as sociedades dividem o trabalho entre os 
componentes da produção distribuindo tarefas especializadas numa forma de divisão do trabalho, que 
foi conceituada por Marx como a divisão social do trabalho.
A questão do desenvolvimento tecnológico sempre esteve presente nos estudos de economia 
industrial, notadamente na definição de um padrão de política industrial, que é responsabilidade primária 
do Estado e que irá viabilizar às empresas uma reestruturação e ampliação de sua competitividade 
externa via progresso tecnológico. Dessa maneira:
a dinâmica do desenvolvimento econômico está embasada no processo de 
acumulação de capital, reforçado pela concentração e centralização, que 
provoca mudanças na estrutura produtiva de uma economia por meio do 
desenvolvimento das forças produtivas, da realocação setorial de produção, 
com a consequente regionalização do capital e dos centros dinâmicos do 
desenvolvimento. O desenvolvimento das forças produtivas é impulsionado 
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Unidade II
pela introdução tecnológica, que assume papel primordial na determinação 
da realocação dos fatores de produção e na capacidade de acumular (KON, 
1994, p. 120).
A introdução de inovação tecnológica por parte dos produtores públicos ou privados, implica, 
segundo Kon (1994):
escolha entre diferentes possibilidades tecnológicas, que repercutirão na 
absorção de maior ou menor quantidade de fator trabalho de diferentes 
níveis de qualificação, o que determinará a estrutura das ocupações de forma 
adaptada aos processos produtivos escolhidos. Existirão entre as técnicas 
aquelas que maximizarão o potencial social em termos de bem‑estar, e, 
portanto, serão as apropriadas para aquela realidade (KON, 1994, p. 121).
Partindo dessa análise, e considerando os efeitos sociais da escolha entre tecnologias alternativas, a autora 
nos coloca que a técnica mais apropriada irá depender do que se está disposto a sacrificar e da prioridade dos 
objetivos que a empresa ou nação quer atingir com a inovação tecnológica (KON, 1994, p. 121).
Se a escolha por tecnologia for aquela poupadora de mão de obra, ou seja, capital‑intensiva, será 
sacrificado o objetivo de manutenção do emprego da mão de obra por ocorrer uma redução em seu nível.
6.7 Considerações finais
A discussão sobre a escolha de tecnologia apropriada está mais presente nas análises do processo 
de desenvolvimento econômico dos países menos adiantados. Nos países em desenvolvimento, como 
o Brasil, o progresso das forças produtivas se dá mais frequentemente pela importação de tecnologia, 
esperando‑se com isso reduzir o atraso tecnológico frente a outras nações. Com isso, o processo 
produtivo local se promove na dependência do ritmo do progresso tecnológico de países avançados e 
de sua disposição em ceder técnicas, processos e equipamentos “de ponta” (KON, 1994, p. 121).
Cristovam Buarque (1991, p. 100‑1), avaliando a sociedade a partir de uma ótica marxista, aprofunda 
as ideias já expostas por Anita Kon. Ele parte do pressuposto de que nos modernos sistemas de produção 
o processo de criação tecnológica passa a atuar de forma contrária à racionalidade compatível com 
as necessidades coletivas da sociedade, seja dos consumidores, seja dos próprios compradores de 
tecnologia. Isto porque, em vez de processos tecnológicos que busquem propiciar essencialmente a 
redução de custos e/ou a manutenção do emprego, a sociedade passa a ter a seu dispor novos bens, 
que aparecem como resultado de novas tecnologias, mesmo que a preços crescentes ou distanciados de 
algumas necessidades de consumo socialmente relevantes.
Além disso, a evolução tecnológica cria dinâmica própria que se mantém em choque com a 
racionalidade, pois visa atender prioridades coletivas, adequando‑se ao interesse do capital. Isto é, em 
vez de ajustar‑se e provocar a substituição por um novo modelo, favorável ao emprego, a tecnologia 
prevalecente tende a dominar o sistema social e econômico conforme interesses desse avanço, que é 
gerado pelas empresas, impedindo mudanças nos hábitos, salvo aqueles que atrairiam mais avanços 
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CIÊNCIAS ECONÔMICAS INTERDISCIPLINAR
técnicos e atendam aos grupos de interesses que regem tais mudanças (BUARQUE, 1991). Pelas próprias 
palavras do autor:
A tecnologia cria dinâmica própria [...] e domina o sistema social e econômico 
como um todo por forçar uma elevação nos gastos com infraestrutura 
urbana, exige subsídios, inclusive, com a produção de novos combustíveis 
mais caros; provocam endividamento da economia com a importação de 
petróleo [...]. Em vez de substituí‑los por outro mais racional e adaptado à 
realidade da disponibilidade interna de recursos do país ou às necessidades 
de vastas porções de baixa renda de seus cidadãos, a sociedade se ajusta à 
realidade da tecnologia (BUARQUE, 1991, p. 101).
Diante disso, ao penetrarem em uma economia atrasada tecnologicamente, as tecnologias criadas 
nos países ricos a violentam, forçando a estrutura socioeconômica a adaptar‑se às suas exigências, 
provocando seis fenômenos elencados pelo autor: forte endividamento externo, concentração de 
renda, migrações internas bruscas, autoritarismo político, desajustes culturais e desintegração nacional 
(BUARQUE, 1991, p. 102).
7 FINANÇAS PÚBLICAS
Tratar de finanças e orçamentos é, antes de tudo, tratar de recursos monetários e de sua 
administração. É sabido que, do ponto de vista da economia, os recursos monetários são limitados no 
tempo e representam riqueza, formada de diversas formas.
Ao pensarmos no agente econômico individual, a riqueza pode ser a soma de recursos acumulados 
no passado ou ainda aqueles herdados. Quando

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