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Olá, prezado(a) estudante! Seja bem-vindo(a) ao nosso estudo sobre Contabilida- de Empresarial. Quem nos acompanhará nesta descoberta sobre a Contabilidade é o João. Ele acabou de se formar no curso de Empreendedorismo da UniCesumar. Como está difícil de encontrar um bom emprego, e o curso lhe encorajou a colocar o seu espírito empreendedor em prática, ele convidou mais dois colegas e, juntos, decidiram abrir uma loja de roupas. João já tem em mente o público que atenderão, as estratégias de marketing, o ponto ideal, entre várias outras questões necessárias para que o negócio seja um sucesso. Para abrir a empresa, João e seus colegas procuraram um escritório de Conta- bilidade que foi muito bem recomendado. O contador explicou sobre os diferentes tipos de regime tributário e orientou a adoção do mais adequado para a loja de João. Esclareceu, também, sobre a necessidade de documentação fiscal de todos os fatos que ocorrerem na empresa. Após a abertura da empresa, que recebeu o nome de Estilo, o contador acompanhou de perto as transações da empresa, sempre orien- tando João no que ele precisava. Ao final do primeiro mês de funcionamento da empresa Estilo Ltda., o contador enviou para o João as guias de recolhimento de impostos, o que já era esperado, mas enviou, também, duas demonstrações contábeis: o balanço patrimonial e a Demonstra- ção do Resultado. João não entendeu nada delas e, por isso, fez as seguintes perguntas: “afinal de contas, o papel da Contabilidade não é apenas lançar todas as notas fiscais e apurar os impostos da empresa? O que é balanço patrimonial? Qual é o significado desses grupos de ativo, passivo e patrimônio líquido que aparecem no balanço? O que representa esse resultado apurado na Demonstração do Resultado, já que ele não tem nada a ver com o saldo de dinheiro da empresa?”. Muitos novos empresários buscam os serviços contábeis quando decidem abrir uma empresa, mas não fazem ideia do que a Contabilidade realmente faz. A Contabili- dade registra tudo o que acontece na empresa e transforma esses dados em relatórios, mas, para isso, ela utiliza uma metodologia específica. CONTABILIDADE EMPRESARIAL Você se lembra das demonstrações que João recebeu no final do primeiro mês de atividade da empresa Estilo Ltda.? Então, tente interpretá-las. Demonstração do Resultado do Exercício Receita operacional bruta Receita de vendas 55.000,00 (-) Deduções da receita bruta Impostos sobre vendas (11.800,00) Devolução de vendas (1.100,00) (=) Receita operacional líquida 42.100,00 (-) Custos da mercadoria vendida (28.000,00) (=) Lucro bruto 14.100,00 (-) Despesas operacionais Despesas administrativas (9.700,00) Despesas com aluguel (3.000,00) Despesas com depreciação (1.700,00) Despesas com salários (5.000,00) (=) Resultado antes do resultado financeiro -5.300,00 (-) Despesas financeiras Despesas financeiras (1.200,00) (+) Receitas financeiras Receitas financeiras 800,00 (=) Resultado antes dos tributos sobre o lucro 4.000,00 (=) Lucro líquido do exercício 4.000,00 Quadro 1 - Demonstração do Resultado do Exercício / Fonte: a autora. Balanço patrimonial Ativo Passivo Ativo circulante Passivo circulante Caixa e equivalentes de caixa Fornecedores Caixa 7.800,00 Fornecedores 25.000,00 Banco 25.900,00 Obrigações trabalhistas Aplicações financ. de liq. imed. 12.100,00 Salários a pagar / 11.500,00 Contas a receber e outros créditos Obrigações fiscais Duplicatas a receber 18.500,00 Impostos a recolher / 4.800,00 Impostos a recuperar 2.900,00 Empréstimos e financiamentos Estoques Empréstimos e financiamentos 17.600,00 Mercadorias 51.800,00 Outras obrigações Materiais de uso e consumo 3.500,00 Contas a pagar 8.700,00 Passivo não circulante Ativo não circulante Empréstimos e financiamentos Investimentos Financiamentos a pagar 19.200,00 Participação em outras cias 5.000,00 Patrimônio líquido Imobilizado Capital social Instalações 90.000,00 Capital social 300.000,00 Balanço patrimonial Ativo Passivo Móveis e utensílios 70.000,00 (-) Capital a integralizar (75.000,00) Veículos 30.000,00 Lucros/prejuízos acumulados (-) Depreciação acumulada (1.700,00) Lucros acumulados 4.000,00 Total: 315.800,00 Total: 315.800,00 Quadro 2 - Balanço patrimonial / Fonte: a autora. Para compreender as demonstrações, é necessário conhecer a linguagem contábil, ou seja, saber como a Contabilidade faz os seus registros, o que ela considera como ativo, passivo, patrimônio líquido, receita e despesa, como os fatos afetam o patrimônio da entidade e como ela gera informações por meio das demonstrações contábeis. Com todo esse conteúdo, você e João compreenderão como a Contabilidade trans- forma os fatos ocorridos em uma empresa em relatórios, o que proporcionará, tam- bém, que você compreenda as informações contidas nas demonstrações de qualquer empresa. Isso seguramente será um diferencial na sua atuação profissional. Então, prepare um ambiente para estudo, tenha sempre papel e caneta em mãos, acompanhe atentamente todas as aulas e, no final, você estará preparado(a) para compreender a linguagem contábil. Conto com você nesta caminhada. Bons estudos! IMERSÃO RECURSOS DE Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS NOVAS DESCOBERTAS Enquanto estuda, você pode aces- sar conteúdos online que amplia- ram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tec- nologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experien- ce. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recur- sos em Realidade Aumentada. Ex- plore as ferramentas do App para saber das possibilidades de intera- ção de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o códi- go, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido. PÍLULA DE APRENDIZAGEM OLHAR CONCEITUAL Neste elemento, você encontrará di- versas informações que serão apre- sentadas na forma de infográficos, esquemas e fluxogramas os quais te ajudarão no entendimento do con- teúdo de forma rápida e clara Professores especialistas e convi- dados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discu- tido, de forma mais objetiva. Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store UNIDADE 1 12 Você se lembra do nosso amigo João? Ele acabou de abrir uma loja de roupas com alguns colegas e, após o primeiro mês, ele recebeu as demonstrações contábeis do seu conta- dor, mas ele não entende nada de Contabilidade, não faz a menor ideia de como ela pode lhe auxiliar como empresário. Então, minha tarefa é demonstrar para ele e para você, tam- bém, como a Contabilidade pode ser uma grande parceira dos negócios. Contudo, para entendê-la, é preciso começar pelo início, descobrindo como ela surgiu e se desenvolveu. Você sabia que a Contabilidade é tão antiga quanto o ho- mem? Sabia que ela tem um objeto de estudo próprio? Você sabe quem são os usuários da informação contábil e quais são os seus campos de atuação? Pois nós descobriremos! Quando João e seus colegas decidiram abrir a empresa, eles sabiam que seria necessário contratar os serviços de um contador. Entretanto, logo no primeiro mês, quando receberam as demonstrações contábeis, perceberam que não tinham o conhecimento necessário para compreen- dê-las. E isso é um problema. Segundo o Sebrae, cerca de 24% das micro e pequenas empresas fecham suas portas em até dois anos (SERASA EXPERIAN, 2020). Entre os diversos motivos, estárepresenta mais uma fonte de recurso. Acho que, agora, você concorda que a obrigação com fornecedores representa uma fonte de recurso. Entretanto, e quanto aos salários a pagar e os impostos a recolher? Afinal, eles também são obrigações registradas no passivo: por que eles são considerados fontes de recursos? Para entender essa situação, acompanhare- mos um pouco da rotina do nosso personagem João. No último dia de cada mês, o contador da loja de João apura a folha de paga- mento dos dois funcionários da loja. Esse cálculo é feito no final do mês, tendo em vista que, se o funcionário trabalhou durante o mês, a empresa já tem a obrigação de pagá-lo. Então, João recebe o holerite com o valor do salário a ser pago ainda no último dia do mês ou, às vezes, no primeiro dia do próximo mês. Contudo, pela legislação brasileira, João tem até o quinto dia útil do próximo mês para efetuar o pagamento dos salários. Isso significa que, no período entre o cálculo da folha e o pagamento do salário, a empresa fica com o dinheiro para ela, ou seja, se o salário é de R$ 3.000,00, nesses cinco dias entre a apuração da folha e o pagamento, esses R$ 3.000,00 permanecem com a empresa para outras atividades. UNIDADE 2 UNIDADE 2 60 Da mesma forma, os impostos: entre o momento em que a obrigação de recolher o imposto é gerada e o seu efetivo recolhimento, a entidade fica com o dinheiro para ela, podendo utilizá-lo para outras questões. Com isso, podemos afirmar que, sim, todas as obrigações registradas no passivo representam fontes de recursos para a entidade. Assim como todas as contas do passivo representam recursos de terceiros, to- das as contas do patrimônio líquido representam recursos próprios: isso porque, além da conta Capital Social, que representa o investimento dos sócios, existem outras contas nesse grupo, como a conta “Lucros acumulados”. “ Os resultados positivos (lucro) apurados nas atividades empresariais também representam recursos próprios, uma vez que não correspon- dem às obrigações. Portanto, são recursos próprios os decorrentes de receitas, lucros e ganhos obtidos pela sociedade em transações com terceiros, tais como os rendimentos auferidos com aplicações finan- ceiras, aluguéis de imóveis próprios, lucros na venda de mercadorias, produtos e serviços (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 74). Durante o mês Último dia do mês Até o quinto dia útil do mês No quinto dia útil do mês Funcionários trabalhando João recebe o holerite dos funcionários e surge a obrigação em “Salários a pagar” João está com o dinheiro e pode utilizá-lo como preferir João paga o salário encerrando a obrigação em “Salários a pagar” Fonte do recurso Descrição da Imagem: na figura, há quatro cenas: na primeira, o cenário é de uma loja em que um homem, representando um funcionário, segura uma capa de roupas; ao lado, há uma mulher em frente ao caixa com uma sacola na mão, e um funcionário atrás do balcão do caixa. Na segunda cena, aparece o personagem João com um papel na mão e a expressão de preocupado. Na terceira cena, aparece João com um projeto em mãos com expressão de entusiasmo. Na última cena, aparece João digitando em um tablet com expressão contente. Figura 7 - Salários a pagar / Fonte: a autora. 61 Enquanto o passivo e patrimônio líquido representam a fonte de recursos de uma entidade, o ativo representa a aplicação desses recursos (IUDÍCIBUS; MARION, 2018). É justamente essa relação entre origem e aplicação de recursos que explica o fato do equilíbrio entre os elementos patrimoniais, ou seja, o fato de que o valor total do ativo é sempre igual ao valor total do passivo mais patrimônio líquido. A ideia é que todo recurso que uma entidade possui tem uma origem. Descrição da Imagem: a figura apresenta um quadro representando o patrimônio sistematizado, em que, de um lado, está o ativo, representando a aplicação de recursos, composto por bens e direitos; do outro lado, está o passivo + PL, representando a origem de recursos, composto pelas obrigações exigíveis (capital de terceiros) e obrigações não exigíveis (capital próprio). Ao lado desse quadro, tem a imagem de um funil em que está escrito “Origens de recursos” com vários cifrões. Desse funil, sai uma seta em direção ao grupo do passivo + PL. Do grupo do passivo + PL, sai uma seta com cifrões em direção ao grupo do ativo. Figura 8 - Origens e aplicações de recursos / Fonte: a autora. Patrimônio Sistematizado ATIVO Aplicação de recursos Bens Direitos PASSIVO + PL Origem de recursos Obrigações exigíveis (Capital de terceiros) Obrigações não exigíveis (Capital próprio) $$ $$$$$$$ Origens de recursos $$ $$ $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$ É importante esclarecer que essa relação entre origem e aplicação de recursos não significa que, toda vez que a entidade compra ou adquire um recurso, ela também gera uma obrigação. Por exemplo, na compra de mercadorias à vista, não há a geração de obrigação, uma vez que valor é pago ao fornecedor no ato da compra. Nessa situação, o que existe é a troca de um recurso por outro, ou seja, a empresa entrega ao fornecedor o dinheiro, que é um recurso aplicado no ativo, e o fornecedor concede a mercadoria, que passa a ser um novo recurso para a en- tidade. Resumindo: no caso da compra de mercadorias à vista, a empresa troca o dinheiro pelas mercadorias, sendo que ambos representam recursos da entidade. UNIDADE 2 UNIDADE 2 62 Quando a empresa troca um recurso por outro, o valor total do seu patrimônio não é afetado. Por exemplo, imagine que uma empresa tenha seu patrimônio composto da seguinte forma: ATIVO PASSIVO Caixa R$ 5.000,00 Fornecedores R$ 15.000,00 Duplicatas a receber R$ 8.000,00 Contas a pagar R$ 5.000,00 Mercadorias R$ 20.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Máquinas R$ 37.000,00 Capital Social R$ 50.000,00 Total do ativo R$ 70.000,00 Total do passivo + PL R$ 70.000,00 Quadro 2 - Patrimônio inicial / Fonte: a autora. Se a empresa comprar R$ 2.000,00 de mer- cadorias à vista, sairá R$ 2.000,00 do cai- xa. Assim, o caixa ficará com R$ 3.000,00, mas o estoque de mercadorias aumentará em R$ 2.000,00, ficando com o total de R$ 22.000,00, o que mantém o patrimônio no mesmo valor, ou seja, o total do ativo e o total do passivo mais patrimônio líquido continuará sendo de R$ 70.000,00, confor- me demonstrado no Quadro 3: Será que captar recursos de terceiros é prejudicial para os negócios? Afinal, quanto mais recursos de terceiros, mais dívidas a empresa possui. Para entender mais sobre as fontes de recursos, acompanhe o podcast. 63 ATIVO PASSIVO Caixa R$ 3.000,00 Fornecedores R$ 15.000,00 Duplicatas a receber R$ 8.000,00 Contas a pagar R$ 5.000,00 Mercadorias R$ 22.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Máquinas R$ 37.000,00 Capital Social R$ 50.000,00 Total do ativo R$ 70.000,00 Total do passivo + PL R$ 70.000,00 Quadro 3 - Patrimônio após a compra à vista / Fonte: a autora. Essa situação comprova que nenhum novo recurso entra na empresa se não for por meio do passivo ou do patrimônio líquido. Quando falo em “novo recurso”, eu me refiro ao aumento do patrimônio da entidade, pois, na situação apresentada, houve simplesmente a troca de um recurso por outro. Para faci- litar sua compreensão, considere a situação inicial da entidade, apresentada no Quadro 2, mas imagine que a empresa tenha feito uma compra de merca- dorias a prazo, no mesmo valor de R$ 2.000,00. Nesse caso, após a compra, a situação patrimonial da entidade seria esta: ATIVO PASSIVO Caixa R$ 5.000,00 Fornecedores R$ 17.000,00 Duplicatas a receber R$ 8.000,00 Contas a pagar R$ 5.000,00 Mercadorias R$ 22.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Máquinas R$ 37.000,00 Capital Social R$ 50.000,00 Total do ativo R$ 72.000,00 Total do passivo + PL R$ 72.000,00 Quadro 4 - Patrimônio após a compra a prazo / Fonte: a autora. Como você pôde perceber, a compra de mercadorias a prazo provocou o au- mento do patrimônio de R$ 70.000,00 para R$ 72.000,00, pois houve a captaçãode novos recursos, nesse caso, recursos de terceiros, já que a conta Fornecedores representa obrigações exigíveis. UNIDADE 2 66 1. A sistematização do patrimônio permite definir algumas equações patrimoniais. As- sim, imagine que a empresa Alfa, que atua na comercialização de móveis para escri- tório, possuía, no final do mês de outubro, R$ 385.000,00 de ativo e R$ 268.000,00 de passivo (obrigações exigíveis). Com essas informações, calcule o valor patrimônio líquido da empresa Alfa no final do mês de outubro. 2. No final do mês de novembro, o contador da empresa Beta fez o levantamento dos elementos patrimoniais da empresa e apresentou a sistematização do patrimônio conforme demonstrado a seguir: ATIVO PASSIVO Caixa R$ 7.000,00 Fornecedores R$ 38.000,00 Banco c/ movimento R$ 23.000,00 Contas a pagar R$ 26.000,00 Duplicatas a receber R$ 11.000,00 Empréstimos a pagar R$ 98.000,00 Mercadorias R$ 48.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Máquinas R$ 19.000,00 Capital Social R$ 30.000,00 Móveis e utensílios R$ 32.000,00 (-) Prejuízos acumulados (R$ 52.000,00) Total do ativo R$ 140.000,00 Total do passivo + PL R$ 140.000,00 Tabela 1 - Patrimônio sistematizado da empresa Beta / Fonte: a autora. Observe o patrimônio sistematizado da empresa Beta e verifique se a situação pa- trimonial da empresa é positiva ou negativa. Justifique a sua resposta. 67 3. Você foi selecionado(a) para participar do processo seletivo para o cargo de Auxiliar Contábil de um renomado escritório de Contabilidade. Para avaliar o seu conheci- mento sobre a estrutura patrimonial, você recebeu uma planilha com vários elemen- tos e seus respectivos valores. Sua tarefa é sistematizar esses elementos contábeis: Caixa R$ 23.000,00 Duplicatas a receber R$ 57.800,00 Fornecedores R$ 71.300,00 Móveis e utensílios R$ 180.000,00 Salários a pagar R$ 22.700,00 Capital Social R$ 350.000,00 Mercadorias R$ 85.400,00 Banco c/ movimento R$ 166.000,00 Lucros acumulados R$ 90.000,00 Investimentos em outras companhias R$ 60.000,00 Impostos a recolher R$ 38.200,00 Tabela 2 - Elementos patrimoniais / Fonte: a autora. 4. Conforme estudado nesta unidade, os três grupos de elementos patrimoniais: ativo, passivo e patrimônio líquido, os quais organizam os bens, os direitos e as obrigações de uma entidade contábil, ao serem sistematizados, trazem um equilíbrio entre o valor total do ativo e o valor total do passivo mais patrimônio líquido. Essa sistemati- zação, por sua vez, pode ser observada de outra forma: de um lado, temos as origens e, do outro, as aplicações de recursos. Nesse sentido, analise as afirmações a seguir. I - O lado do passivo e patrimônio líquido representa as fontes de recursos, en- quanto o lado do ativo representa a aplicação desses recursos. II - O passivo e o patrimônio líquido representam capital de terceiros, e o ativo representa capital próprio. III - O capital de terceiros corresponde a recursos recebidos de pessoas, físicas ou jurídicas, de fora da entidade. 68 É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 5. Conhecer o processo de captação e aplicação de recursos financeiros de uma enti- dade é fundamental para que se possa compreender sua operacionalização. Há em- presas que utilizam mais recursos próprios, enquanto outras captam mais recursos de terceiros. Há empresas que aplicam mais recursos na compra de mercadorias para revenda, enquanto outras investem em estruturas: móveis, equipamentos, ins- talações etc. Sobre as fontes e aplicações de recursos, analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I - Quando a entidade possui uma dívida referente a impostos que serão recolhidos no próximo período contábil, podemos dizer que esse valor representa uma fonte de recurso. PORQUE II - Quando uma dívida é gerada, mas existe um prazo para o seu pagamento, sig- nifica que o valor correspondente permanece com a empresa até o vencimento da dívida, assim, durante esse prazo, o dinheiro fica à disposição da empresa para realizar outras transações. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. UNIDADE 3 72 Na unidade anterior, nós observamos a constituição da empresa Estilo. Naquele momento, o João e seus sócios investiram dinheiro na empresa e compraram móveis, mercadorias, entre outros bens. O início do negócio também gerou algumas dívidas. Assim, descobrimos que os bens, os direitos e as obrigações compõem o patrimônio da entidade e aprendemos, também, a sistematizá-los. Agora, imagine que já se pas- sou algum tempo, e o primeiro fechamento contábil foi feito. Com isso, João recebeu as primeiras demonstrações contábeis, entre elas, é claro, o balanço patrimonial. Balanço patrimonial da empresa Estilo Ltda. Encerrado em 31/12/20X1 ATIVO Em R$ PASSIVO Em R$ ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE Disponível Fornecedores Caixa 15.000,00 Fornecedor X 75.000,00 Banco A 203.000,00 Salários e encargos sociais Créditos Salários a pagar 15.000,00 Duplicatas a receber 62.000,00 Férias a pagar 3.000,00 Estoque Obrigações fiscais Mercadorias 388.000,00 Impostos a recolher 16.000,00 Materiais de consumo 8.000,00 Obrigações financeiras ATIVO NÃO CIRCULANTE Empréstimos e finan. 35.000,00 Imobilizado PASSIVO NÃO CIRCULANTE 73 Máquinas e equipamentos 15.000,00 Obrigações financeiras Móveis e utensílios 205.000,00 Empréstimos e finan. 17.000,00 (-) Depreciação acumulada (20.000,00) PATRIMÔNIO LÍQUIDO Intangível Capital Social Ponto comercial 75.000,00 Capital subscrito 600.000,00 Lucros ou prejuízos acumulados Lucro do exercício 190.000,00 TOTAL DO ATIVO 951.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 951.000,00 Quadro 1 - Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora. João aprendeu que o ativo é composto pelos bens e direitos; o passivo, pelas obriga- ções exigíveis; e o patrimônio líquido, pelas obrigações não exigíveis. Contudo, ago- ra, ele está confuso: o que significa ativo circulante e ativo não circulante? Passivo circulante e passivo não circulante? Por que o patrimônio líquido não se apresenta em circulante e não circulante? O que significa essa estrutura com vários nomes? Se pararmos para analisar os elementos patrimoniais de uma entidade, como a loja Estilo do João, perceberemos o quanto é grande o conjunto de elementos pa- trimoniais: os bens vão desde canetas até a estrutura física, os direitos de receber por cada venda a prazo, as obrigações que podem estar relacionadas a questões trabalhistas, fiscais, com fornecedores, aluguel, telefone, enfim o conjunto de ele- mentos patrimoniais é abundante. Imagine, então, em uma grande corporação, com várias unidades: é enorme a quantidade de elementos. É por esse motivo que se torna necessário organizar, agrupar os elementos patrimoniais, de forma a reduzir o número de itens apresentados na sistematização do patrimônio, e tudo isso, no entanto, sem perder a qualidade da informação. UNICESUMAR UNIDADE 3 76 Assim, o fechamento contábil, como é chamado, pode ocorrer ao final de cada mês, bimestre, semestre ou ao final de cada ano. Após o fechamento, são elaboradas as demonstrações contábeis, entre elas, o balanço patrimonial. Por isso, o saldo apresentado no balanço corresponde à situação patrimonial da entidade no dia do fechamento. De acordo com Fragalli e Silva (2021, p. 95), “o Balanço Patrimonial é uma demonstração estática que evidencia, resumidamente, a situação patrimonial e financeira da empresa”. O balanço é estático,pois evidencia a situação da entidade em um dado momento, sendo que essa evidenciação ocorre de forma resumida em função da quantidade de elementos que podem existir em cada entidade. Para evidenciar a situação financeira e patrimonial da entidade, a Contabilidade registra os elementos patrimoniais em grupos e subgrupos, que são organizados de maneira específica. Os grupos principais você já conhece: ativo, passivo e patrimônio líquido. No grupo do ativo, são registrados todos os bens e todos os direitos que a entidade possui. No entanto, ele não funciona como uma lista de itens. Imagi- ne uma grande empresa: se, no grupo do ativo, fosse descrito, separadamente, cada um dos bens e cada um dos direitos, a lista facilmente passaria de cem páginas, isso só de ativos; se listarmos as obrigações, então, a lista seria ainda maior, o que dificultaria, por parte dos usuários da informação contábil, a análise da situação financeira e patrimonial da entidade. Podemos dizer que um relatório assim não seria útil, e a utilidade é uma premissa básica da in- formação contábil. 77 OLHAR CONCEITUAL Segundo a NBC TG Estrutura Conceitual (CFC, 2019, [s.p.]), “se informações financeiras de- vem ser úteis, elas devem ser relevantes e representar fidedignamente aquilo que preten- dem representar. A utilidade das informações financeiras é aumentada se forem compa- ráveis, verificáveis, tempestivas e compreensíveis”. Assim, para que a informação seja útil, a norma determina a observação das características qualitativas fundamentais: relevância e representação fidedigna; e das características qualitativas de melhoria: comparabilidade, capacidade de verificação, tempestividade e compreensibilidade. Capacidade de verificação A informação é mais útil quando diferentes observadores conseguem verificá-la de forma direta (Ex: contagem física) ou indireta (Ex: recalcular o custo de produção) e reconhecê-la como uma representação fidedigna. Estratégia Características qualitativas de informações financeiras úteis. Relevância Informação capaz de fazer a diferença nas decisões tomadas pelos usuários. Representação fidedigna Não basta apresentar uma informação relevante, é necessário que ela represente fidedignamente o que se pretende informar. Para isso a informação precisa ser completa, neutra e isenta de erros. Comparabilidade A informação é mais útil se puder ser comparada com informações similares de outras entidades ou com informações similares da mesma entidade em outros períodos ou datas. Tempestividade A informação é mais útil quando gerada a tempo de influenciar as decisões dos usuários. Compreensibilidade A informação é mais útil se for classificada, caracterizada e apresentada de forma clara e concisa. UNICESUMAR UNIDADE 3 78 Para resolver a questão de um número excessivo de páginas, a Contabilidade agrupa os elementos patrimoniais que apresentam a mesma funcionalidade para a entidade e, assim, surgem os subgrupos. Além disso, ela organiza esses subgru- pos de forma a facilitar o entendimento sobre a situação da entidade, o que atende à determinação do art. 178 da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976): “ Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os ele- mentos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facili- tar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I – ativo circulante; e II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo pra- zo, investimentos, imobilizado e intangível. § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I – passivo circulante; II – passivo não circulante; e III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de ca- pital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. 79 Assim, o balanço patrimonial é organizado conforme se apresenta no Quadro 2. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCU- LANTE Realizável a longo prazo PATRIMÔNIO LÍQUIDO Investimentos Capital Social Imobilizado Reserva de capital Intangível Ajuste de avaliação patrimonial Reservas de lucros Ações em tesouraria Prejuízos acumulados Quadro 2 - Balanço patrimonial / Fonte: adaptado de Gelbcke et al. (2021). Iniciando pelo ATIVO, conheceremos melhor os grupos de elementos patri- moniais evidenciados no balanço. A NBC TG Estrutura Conceitual (CFC, 2019) apresenta o seguinte conceito para ativo: Recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados. Recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos. UNICESUMAR UNIDADE 3 80 Para facilitar a compreensão desse conceito, nós o observaremos por partes: ■ Recurso econômico presente: você aprendeu que o passivo repre- senta as fontes de recursos, e o ativo, as suas aplicações. Assim, tudo que está no ativo corresponde aos recursos que a entidade possui no momento presente. O fato de ser econômico significa que, para regis- trar um recurso no ativo, ele, necessariamente, precisa ser mensurado em dinheiro. ■ Controlado pela entidade: só serão registrados no ativo os recursos que forem efetivamente controlados pela entidade. Por exemplo, se a entidade aluga um veículo ela não tem controle sobre o bem, assim não o registra no ativo. Contudo, se ela obtém um veículo por meio de arrendamento mercantil financeiro, que, na essência, refere-se à compra do bem e não a locação, mesmo que o bem não esteja no nome da entidade, ela deve reconhecê-lo como ativo, pois tem con- trole sobre ele. ■ Resultado de eventos passados: quando uma empresa decide com- prar um imóvel, por exemplo, o período de negociação pode levar algum tempo. Enquanto a aquisição não for finalizada, o imóvel não pode ser registrado pela empresa. Assim, os itens registrados no ativo sempre representam recursos que a empresa já possui, ou seja, que já foram adquiridos e que já são controlados pela entidade. ■ Potencial de produzir benefícios econômicos: a ideia é que o ativo tem que ter potencial para trazer retorno financeiro para a entidade, ele precisa ser útil economicamente. Por exemplo, se uma empresa comprar uma máquina e, com o passar do tempo, ela se tornar obso- leta e parar de trabalhar, o correto é que essa máquina seja baixada do grupo do ativo. É importante entender que o retorno financeiro não acontece, necessariamente, de forma direta, como no caso da venda de mercadorias. Os móveis e a estrutura de uma loja, por exemplo, não trazem dinheiro para a entidade, mas são necessários para o funcio- namento do negócio, assim, indiretamente, contribuem para a geração de benefícios econômicos. 81 De acordo com Nascimento (2019, p. 128), os ativos são “registrados, normalmente, por seu preço de aquisição ou fabri- cação, ou seja, pelo custo histórico ou valor original”. O preço de aquisição ou custo de aquisição — termos sinô- nimos — corresponde ao valor para adquirir e colocar o recurso à dispo- sição para utilização pela entidade. Para facilitar a compreensão so- bre custo de aquisição, imagine que João, sócio/gerente da nossa em- presa modelo Estilo, tenha com- prado um ar-condicionado para a loja no valor de R$ 3.500,00. Como ele comprou de uma em- presa de outra cidade, teve que pa- gar R$ 300,00 de transporte. Quando o equipamento chegou, João ainda pagou R$ 800,00 para instalação. No momento da instalação, os técnicos perceberam um pequeno defeito no design do ar-condicionado — um amassado —, nada que comprometesse o seu funcionamento, contudo João entrou em contato com a empresa vendedora que, para não ter que trocar o equipamento, concedeu um desconto de R$ 200,00. Agora, eu lhe pergunto: qual foi o custo de aquisiçãodo ar-condicionado? A resposta está na Tabela 1: NOVAS DESCOBERTAS Arrendamento mercantil financeiro: nesse tipo de contrato, o arrendatário tem a intenção de ficar com o bem após o término do contrato, exercendo a opção de compra pelo valor contratual estabelecido e se responsabilizando por qualquer tipo de dano que o bem sofra. UNICESUMAR UNIDADE 3 82 Custo de aquisição do ar-condicionado Compra R$ 3.500,00 Transporte (+) R$ 300,00 Instalação (+) R$ 800,00 Desconto (-) R$ 200,00 Custo de aquisição R$ 4.400,00 Tabela 1 - Custo de aquisição do ar-condicionado / Fonte: a autora. Como demonstrado na Tabela 1, para calcular o cus- to de aquisição, basta somar ou diminuir do valor da compra todos os valores envolvidos desde a aquisição até o bem-estar disponível/pronto para utilização. Assim, o custo de aquisição do ar-condicionado foi de R$ 4.400,00, isso significa que, quando a Conta- bilidade for registrá-lo no ativo, seu valor final será de R$ 4.400,00, e não de R$ 3.500,00. O custo de aquisição está relacionado aos bens adquiridos já prontos, como acontece nas empresas comerciais. Nas indústrias, os produtos fabricados são mensurados e registrados no ativo pelo custo de fabricação. Isso significa que todos os valores envolvidos no processo de fabricação, como matéria-prima, ma- teriais, mão de obra, entre outros, devem compor o custo de um produto. Agora que você aprendeu o conceito de ativo e o valor pelo qual os recursos são inicialmente registrados nesse grupo, conheçamos melhor a sua classificação. Segundo a norma contábil NBC TG Estrutura Conceitual (CFC, 2019, [s.p.]): “ Classificação é a organização de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas ou despesas com base em características compartilhadas para fins de divulgação e apresentação. Essas características incluem, entre outras, a natureza do item, seu papel (ou função) dentro das atividades de negócio conduzidas pela entidade e como é mensurado. Contudo, a norma contábil não determina como deve ser feita essa classificação, ela simplesmente sugere que, se melhorar a utilidade das informações, “pode ser apropriado separar ativo ou passivo em componentes circulantes e não circulantes 83 e classificar esses componentes separadamente” (CFC, 2019, [s.p.]). É importante lembrar, nesse momento, os campos de atuação da Contabilidade vistos na Uni- dade 1 deste material. As normas contábeis estão relacionadas à atuação da Con- tabilidade Financeira, assim é necessário observar, também, a legislação, ou seja, a Contabilidade Fiscal. A Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976) determina que as contas do ativo sejam dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez nos grupos do ativo circu- lante e ativo não circulante. Assim, enquanto a norma contábil sugere a divisão de circulante e não circulante, a legislação determina a segregação de ativos nesses dois grupos. Entretanto, o que é liquidez? Na Contabilidade, a liquidez está relacionada ao dinheiro, assim quanto mais rápi- do um bem se transformar em dinheiro, mais líquido ele é. O caixa e o banco (conta corren- te) são os ativos mais líquidos da entidade, pois já são dinheiro. Por outro lado, o direito d e receber de clientes, as mercadorias, os equipamentos etc. ainda se transformarão em dinheiro e, dependendo do tempo estimado para essa transfor- mação, eles são ordenados em ativo circulante e ativo não circulante. No ativo circulante, são registrados os recursos que serão realizados no curto prazo. Por “realizados”, entende-se: ■ Transformados em dinheiro: como no caso de recebimento de duplicatas. ■ Vendidos: como as mercadorias em estoque. ■ Consumidos: como produtos de limpeza e outros materiais. Por mais que liquidez esteja relacionada à transformação em dinheiro, nem to- dos os bens se transformam literalmente em dinheiro. Podemos dizer que as mercadorias que são vendidas se transformam em dinheiro, mas os materiais de limpeza e higiene, o seguro de um veículo, entre outros são ativos que não se transformam diretamente em dinheiro. Assim, podemos dizer que os ativos que serão transformados em dinheiro, vendidos ou consumidos no curto prazo, devem ser registrados no grupo do ativo circulante. UNICESUMAR UNIDADE 3 84 E o que é curto prazo? O curto prazo corresponde ao ciclo operacional da en- tidade, que, por sua vez, corresponde ao tempo entre a compra de mercadorias ou matéria-prima até o recebimento por sua venda. Podemos dizer que é o tempo que a empresa leva para realizar sua atividade operacional, seja ela de comércio, indústria ou prestação de serviços. Contudo, em muitos casos, é difícil identificar, com segurança, o ciclo operacional. Nesses casos, deve-se considerar como curto prazo o período de 12 meses da data do balanço. Isso significa que, quando ocorrer o fechamento contábil e, com isso, a elabo- ração do balanço patrimonial, todos os ativos que se espera que sejam transformados em dinheiro, vendidos ou consumidos em até 12 meses serão ativos de curto prazo. Para exemplificar, imagine que uma concessionária tenha vendido um veículo pelo valor de R$ 45.000,00 em novembro de 20X1. Esse valor foi parcelado para o cliente em 36 vezes de R$ 1.250,00. O fechamento contábil é feito ao final de cada ano. Assim, as duas parcelas que serão recebidas em 20X1 e as 12 parcelas que serão recebidas em 20X2 representam ativos de curto prazo, pois, conforme descrito, o curto prazo corresponde a 12 meses da data do balanço, e o próximo balanço após a venda será gerado em 31 de dezembro de 20X1. As demais parcelas, que vencerão a partir de janeiro de 20X3, serão registradas como ativo não circulante. Curto prazo Longo prazo Mês da venda Fechamento do Balanço Nove m bro /x 1 Dez em bro /x 1 Ja nei ro /x 2 Fe ve re iro /x 2 M ar ço /x 2 Abril /x 2 M ai o/x 2 Ju nho/x 2 Ju lh o/x 2 Agost o/x 2 Se te m bro /x 2 O utu bro /x 2 Nove m bro /x 2 Dez em bro /x 2 Ja nei ro /x 3 Dem ai s par ce la s Descrição da Imagem: a figura apresenta, da esquerda para a direita, a sequência de meses: Novembro/ X1, Dezembro/X1, Janeiro/X2, Fevereiro/X2, Março/X2, Abril/X2, Maio/X2, Junho/X2, Julho/X2, Agosto/X2, Setembro/X2, Outubro/X2, Novembro/X2, Dezembro/X2, Janeiro/X3, Demais parcelas. Abaixo do mês de Janeiro/X1, aparece a descrição: Mês da venda. Abaixo do mês de Dezembro/X1, aparece a descrição: Fechamento do balanço. Do mês de Novembro/X1 ao mês de Dezembro/X2, há uma referência indicando curto prazo. Do mês de Janeiro/X3 até as demais parcelas, há uma referência indicando longo prazo. Figura 1 - Representação de curto e longo prazo / Fonte: a autora. 85 Assim, R$ 17.500,00 (14 parcelas X R$ 1.250,00) devem ser registrados como duplicatas a receber no ativo circulante, e R$ 27.500,00 (22 parcelas X R$ 1.250,00), como duplicatas a receber no ativo não circulante. Conforme os anos forem passando, a Contabilidade transfere parte do valor do longo prazo para o curto prazo — sempre 12 meses da data do balanço. Além da separação entre ativo circulante e ativo não circulante, os elemen- tos do ativo são classificados em subgrupos de forma a simplificar a apresenta- ção do balanço. Segundo Iudícibus e Marion (2019), os principais subgrupos do ativo circulante são: ■ Disponível: caixa e equivalentes de caixa (caixa, bancos, contas cor- rentes e aplicações financeiras de liquidez imediata). ■ Créditos: são valores ainda não recebidos, decorrentes de vendas de mercadorias ou prestação de serviços a prazo, além de outros valores que a empresa tenha o direito de receber ou recuperar. ■ Estoques: são mercadorias a serem revendidas. No caso de indústria, são os produtos acabados, bem como matéria-prima e outros materiais secundários que compõem o produto em fabricação. São, também, materiais utilizados na manutenção das atividades da empresa, como materiais de higiene e limpeza. ■ Investimento temporário: são aplicações realizadas, normalmente,no mercado financeiro com excedente do caixa, os quais serão resga- tados no curto prazo. De acordo com Fragalli e Silva (2021, p. 99), “a correta classificação facilita a compreensão do usuário da informação, por isso esses grupos principais são subdivididos até chegar à conta contábil”, que, no caso, é utilizada para os re- gistros de movimentação dos elementos. A quantidade de subgrupos e níveis de elementos deve ser determinada conforme a necessidade de cada entidade. O grupo do estoque é, normalmente, dividido nos seguintes subgrupos: UNICESUMAR UNIDADE 3 86 Estoque de mercadorias Estoque de produtos acabados Estoque de produtos em elaboração Estoque de matérias-primas Estoque de materiais diversos Descrição da Imagem: a imagem mostra cinco tipos de estoque. De cima para baixo: o estoque de mercadorias, logo em seguida, o estoque de produtos acabados; em terceiro, o estoque de produtos em elaboração; em quarto, o estoque de matérias-primas; e, por último, o estoque de materiais diversos. Figura 2 - Grupo de estoque / Fonte: Fragalli e Silva (2021, p. 99). Por exemplo, na loja do João, são vendidas, entre outras mercadorias, calças e camisas. Se for necessário detalhar o ativo até esse elemento, a classificação ficaria desta forma: ATIVO ATIVO CIRCULANTE Estoques Estoque de mercadorias Calças Camisas Quadro 3 - Classificação de calças e camisas no ativo / Fonte: a autora. 87 Normalmente, para registrar os fatos contábeis, a Contabilidade utiliza um plano de contas — vide Unidade 5 — bastante detalhado, mas, na hora de divulgar o balanço, são evidenciados apenas os grupos principais. Enquanto, no ativo circulante, são registrados os recursos que serão reali- zados no curto prazo, no ativo não circulante, são registrados os recursos que serão realizados no longo prazo, ou seja, após o ciclo operacional da empresa ou após 12 meses da data do balanço. Na verdade, diversos ativos registrados no não circulante não possuem um prazo definido para realização. Por exem- plo, quando uma empresa compra um equipamento ou adquire ações de outra empresa, não existe um prazo definido para ela se desfazer desses recursos. Por sua vez, o ativo não circulante, por determinação legal, é dividido nos seguintes subgrupos: ■ Realizável a longo prazo: nesse subgrupo, são classificados os di- reitos realizáveis após 12 meses da data do balanço, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos. Nesse grupo, também ficam registrados os valores a receber de partes relacionadas, como diretores, acionistas, empresas coligadas ou controladas. ■ Investimentos: refere-se às participações em outras sociedades, como investimentos em coligadas ou controladas, assim como outras apli- cações de característica permanente que não estejam relacionadas à atividade operacional da empresa, como imóveis alugados a terceiros, obras de arte etc. ■ Imobilizado: nesse subgrupo, são classificados os ativos que com- põem a estrutura necessária para que a empresa possa realizar suas atividades, por esse motivo, dificilmente, esses itens serão vendidos, exceto quando substituídos por novos ou mais modernos. Outra carac- terística do imobilizado é a sua vida útil, que, necessariamente, precisa ser superior a um exercício contábil. ■ Intangível: nesse subgrupo, são classificados os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive, o fundo de comércio ad- quirido. São exemplos de ativos intangíveis: marcas e patentes, software etc. (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). A Figura 3 apresenta alguns exemplos de ativos imobilizados: UNICESUMAR UNIDADE 3 88 Veículos Equipamentos Móveis e Utensílios Terrenos Ferramentas Edifícios Descrição da Imagem: a figura apresenta seis imagens representando elementos do ativo imobilizado. A imagem de um caminhão representa os “Veículos”. A imagem de um homem operando um equipamento industrial representa os “Equipamentos”. A imagem de uma sala de reunião com mesa e cadeiras repre- senta os “Móveis e utensílios”. A imagem de uma plantação de trigo representa “Terrenos”. A imagem de uma furadeira representa “Ferramentas”. A imagem de um prédio representa “Edifícios”. Figura 3 - Exemplos de ativo imobilizado / Fonte: a autora. Para classificar os elementos patrimoniais, é necessário conhecer sua função para a entidade, pois um mesmo tipo de elemento pode ser classificado de formas di- ferentes por empresas distintas. Por exemplo, em uma concessionária, os veículos para venda devem ser registrados no estoque, pois representam bens a serem comercializados. Já em outras empresas, os veículos utilizados para locomoção devem ser registrados como imobilizado. A classificação dos ativos diz muito sobre como a empresa aplica seus recur- sos. Sobre isso, Fragalli e Silva (2021, p. 101) afirmam que: 89 “ Empresas comerciais normalmente vão aplicar mais recursos no seu ativo circulante, mais precisamente no grupo do estoque, pois sua atividade operacional se refere à compra e venda de mercado- rias. Por outro lado, empresas industriais aplicam mais recursos no ativo não circulante, isso porque a transformação de matéria-prima em produto final requer a utilização de máquinas e equipamentos, sendo estes pertencentes ao ativo imobilizado. Descrição da Imagem: a figura apresenta dois retângulos. No primeiro, em destaque, está escrito “Pas- sivo” e, logo abaixo, “Obrigações exigíveis”. No segundo, em destaque, está escrito “Patrimônio líquido” e, logo abaixo, “Obrigações não exigíveis”. Figura 4 - Divisão das obrigações / Fonte: a autora. Assim como o ativo, o PASSIVO também possui uma estrutura que possibilita identificar informações sobre a entidade. Contudo, antes de nos aprofundarmos nesse grupo de elementos patrimoniais, gostaria de lembrar que, assim como estudado na unidade anterior, o passivo representa as obrigações da entidade, sendo dividido da seguinte maneira: Passivo Obrigações exigíveis Patrimônio Líquido Obrigações não exigíveis ATIVOS PASSIVOS UNICESUMAR UNIDADE 3 90 Dessa forma, abordaremos, separadamente, o passivo e o patrimônio líquido. O passivo, que se refere às obrigações exigíveis, à primeira vista, pode parecer algo negativo para a entidade, afinal quem quer estar endividado, não é mesmo? No entanto, é preciso olhar para o passivo como uma fonte de recursos. Lembra-se, na unidade anterior, de quando estudamos que o passivo e o patrimônio líquido representam as fontes de recursos, enquanto o ativo representa as aplicações? É esse olhar contábil que precisamos ter. É claro que as dívidas não são algo essencialmente positivo, mas elas surgem por necessidade, opção ou, até mesmo, pela rotina normal do negócio. Quando os recursos financeiros que a entidade possui não são suficientes para manter a atividade ou para realizar um projeto, surge a necessidade de captar recursos de terceiros por meio de empréstimos ou financiamentos. No entanto, existem situações em que a entidade possui recursos financeiros e, mesmo assim, opta por captar recursos de terceiros. Por exemplo, imagine que uma transportadora decide comprar um novo caminhão para aumentar os seus serviços. Segundo o gerente financeiro, a transportadora possui recursos suficientes para comprar o caminhão à vista, no entanto, a empresa decide comprá-lo através de um financiamento. Essa estratégia permite que a empresa utilize seus recursos financeiros para outras atividades, e os serviços realizados pelo novo caminhão, por si só, pagarão as parcelas do financiamento. É claro que essa decisão encarece o custo do veículo por causa dos juros do financiamento, mas é uma estratégia de negócio. Por fim, a própria rotina empresarial gera obrigações, como: salários a pagar, for- necedores, impostos, aluguel, energia elétrica, internet etc. Assim, podemos concluir que o endividamento, registrado no grupodo passivo, não é, em si, algo negativo, des- de que a entidade administre seus recursos de forma a conseguir pagar suas dívidas. “Seja por uma questão de necessidade, opção ou pela rotina da empresa, os passivos devem ser muito bem administrados, afinal de contas, uma empresa endividada e sem capacidade de pagamento pode ir à falência” (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 114). Agora que observamos o passivo com um olhar mais gerencial, vamos conhe- cê-lo de forma mais técnica. De acordo com a NBC TG Estrutura Conceitual (CFC, 2019, [s.p.]), a definição de passivo é: Obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados. 91 Para compreendê-la melhor, também analisaremos essa definição por partes. ■ Obrigação presente da entidade: significa que, para registrar no passivo, a obrigação de pagamento já existe e está em nome da entidade. Por exemplo, imagine que uma empresa tenha assinado um contrato com um fornecedor, comprometendo-se a comprar um valor X de mercadorias por mês, isso não gera uma obrigação, mas um compromisso. A obrigação somente será regis- trada no passivo quando o fornecedor emitir a nota fiscal de venda de mer- cadorias para a empresa — considerando que a empresa comprará a prazo. ■ Transferir um recurso econômico: conforme estudado anteriormente, os recursos econômicos são os ativos. Assim, é esperado que a liquidação das obrigações resulte na saída de ativos. Vale lembrar que a saída de ativos não se refere apenas aos recursos disponíveis no caixa, ou seja, a liquidação de uma obrigação não precisa ser, necessariamente, feita por meio de pagamento em dinheiro, a empresa pode liquidar uma obrigação por meio da saída de mercadorias, por exemplo. ■ Como resultado de eventos passados: assim como não se pode registrar um imóvel durante o processo de compra (conferência de documentos), também não se deve registrar a obrigação até que a compra seja finalizada ou enquanto houver alguma incerteza quanto à geração da obrigação. De acordo com Nascimento (2019, p. 128), o passivo “é registrado por seu valor original e deve ser apresentado no balanço por seu valor corrigido”. Isso signi- fica que, quando a Contabilidade registra uma obrigação no passivo, utiliza-se o valor original da dívida, contudo o valor da obrigação pode ser alterado em função de juros ou variações monetárias — como, por exemplo, variação cam- bial —, assim, quando elaborado o balanço, o valor das obrigações devem ser corrigidos de forma a evidenciar o valor atual. No que se refere à classificação, como dito anteriormente, as normas contá- beis, especificamente, a NBC TG Estrutura Conceitual (2019, [s.p.]), afirmam que “pode ser apropriado separar ativo ou passivo em componentes circulantes e não circulantes e classificar esses componentes separadamente”. Lembre-se de que essa norma está voltada para a Contabilidade Financeira. Contudo, para a Contabilidade Fiscal, o art. 178, § 2º, da Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976) de- termina que as contas do passivo sejam classificadas em passivo circulante e passivo não circulante. UNICESUMAR UNIDADE 3 92 O passivo circulante é composto pelas obrigações exigíveis que vencem no curto prazo. Lembra-se de qual é o curto prazo? O curto prazo corresponde ao ciclo operacional da empresa ou 12 meses da data do balanço. O passivo circu- lante, normalmente, apresenta os seguintes subgrupos: ■ Fornecedores: obrigações decorrentes de compras a prazo de mercado- rias ou matérias-primas. ■ Salários e encargos sociais: obrigações trabalhistas e sociais com fun- cionários, como salários, férias, 13º salário, INSS, FGTS etc. ■ Obrigações fiscais: obrigações tributárias, como impostos sobre ven- das (ICMS, PIS, COFINS, ISS), Imposto de Renda, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido etc. ■ Obrigações financeiras: obrigações com instituições financeiras decor- rentes de empréstimos e financiamentos. ■ Contas a pagar: obrigações de rotina da entidade que não se encaixam nos subgrupos anteriores, como aluguel, água, luz, telefone, internet etc. ■ Outras obrigações: obrigações que não se enquadram nos demais sub- grupos, como adiantamento de clientes. Lembre-se de que, o nível de detalhamento dos elementos patrimoniais deve ser definido conforme a necessidade da empresa. Por exemplo, para melhor eviden- ciar as obrigações tributárias, a classificação poderia ser feita da seguinte forma: PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE Obrigações fiscais Tributos sobre vendas ICMS a recolher PIS a recolher COFINS a recolher Tributos sobre o lucro Imposto de Renda Pessoa Jurídica a recolher Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido a recolher Quadro 4 - Classificação de tributos / Fonte: a autora. 93 Enquanto, no passivo circulante, são registradas as obrigações exigíveis que ven- cem no curto prazo; no passivo não circulante, são registradas as obrigações exigíveis que vencem no longo prazo, ou seja, que vencem após o ciclo operacio- nal da entidade ou após 12 meses da data do balanço. Quanto à classificação, o passivo não circulante é composto pelos mesmos subgrupos apresentados no passivo circulante, a diferença está simplesmente no prazo para pagamento. Por exemplo, se a entidade contratar um empréstimo para ser pago em 30 parcelas, o valor das parcelas que vencerão no curto prazo serão registradas no passivo circulante, enquanto o valor das parcelas que vencerão no longo prazo será registrado no passivo não circulante. A divisão do passivo em circulante e não circulante facilita a análise do usuá- rio da informação contábil. Assim, de forma rápida, ele já identifica quais são as dívidas que vencem no curto prazo, para as quais deverá se preparar mais rapi- damente para o pagamento, e as que vencem no longo prazo, para as quais terá mais tempo para se organizar financeiramente. UNICESUMAR UNIDADE 3 94 Agora que você já conheceu melhor o ativo e o passivo, vamos ao último grupo de elementos patrimoniais, o PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Sobre o pa- trimônio líquido, Fragalli e Silva (2021, p. 117) descrevem: “ Existem teorias contábeis que enxergam o patrimônio líquido como uma obrigação não exigível. Já outras teorias dizem que ele representa uma sobra — em situação positiva. Ambas estão corretas: é uma obrigação, porque, quando o sócio investe na empresa, esta assume um compromisso para com o sócio, e, tam- bém, é uma sobra, pois representa a situação líquida da empresa, ou seja, se utilizar todo o ativo — bens e direitos — para cobrir o passivo — obrigações exigíveis — e, ainda sobrarem recursos, estes serão dos sócios. Para entender o patrimônio líquido como uma obrigação da empresa com os sócios, é preciso lembrar de uma premissa básica da Contabilidade: o prin- cípio da entidade. Segundo ele, o patrimônio de cada entidade contábil deve ser controlado/contabilizado separadamente. Por exemplo, o patrimônio da empresa (pessoa jurídica) não pode ser confundido ou misturado com o patrimônio de seus sócios/acionistas (pessoa física). Assim, quando o só- cio (pessoa física) investe na empresa (pessoa jurídica), essa passa a ter uma obrigação com o sócio. Já para reconhecer o patrimônio líquido como uma sobra ou, em termos contábeis, como a situação líquida da entidade, basta lembrar da equação estudada na Unidade 2: Patrimônio líquido = Ativo - Passivo Afinal, o patrimônio líquido corresponde à diferença entre o ativo e o passivo. Para lhe ajudar a compreender, imaginemos o patrimônio de uma pessoa — você pode fazer uma analogia com seu próprio patrimônio —, lembrando-se de que uma pessoa física também é considerada uma entidade contábil. No caso das pessoas físicas, não existe a figura do sócio, então como podemos identificar o valor do patrimônio líquido? Suponha que uma pessoa possua os seguintes elementos patrimoniais: 95 Elemento patrimonial Valor Dinheiro e conta correnteR$ 8.000,00 Roupas R$ 2.500,00 Produtos de beleza R$ 800,00 Calçados R$ 1.300,00 Eletrodomésticos R$ 18.000,00 Móveis R$ 23.000,00 Veículo R$ 30.000,00 Imóvel R$ 250.000,00 Cartão de crédito a pagar R$ 2.000,00 Plano de saúde a pagar R$ 500,00 Energia elétrica a pagar R$ 300,00 Telefone e internet a pagar R$ 200,00 Financiamento a pagar R$ 75.000,00 Tabela 2 - Elementos patrimoniais/ Fonte: a autora. UNICESUMAR 97 Esse exemplo deixa claro o papel do patrimônio líquido como uma sobra, pois, se a pessoa utilizar todos os seus bens para pagar todas as suas dívidas, ainda assim sobraria para ela o valor de R$ 203.800,00. Partindo, agora, para uma visão mais técnica, de acordo com a NBC TG Estrutura Conceitual (CFC, 2019, [s.p.]), a definição de patrimônio líquido é: Acredito que, com o exemplo apresentado anteriormente, você não terá dificuldades para compreender esse conceito, não é mesmo? A participa- ção residual significa, justamente, a sobra dos ativos após deduzir todos os passivos. Só esclarecendo: o termo “participação residual” é mais adequado do que o termo “sobras”, pois nem sempre o patrimônio líquido é positivo. Quando falamos em sobras, imaginamos valores positivos, ou seja, utiliza- mos os ativos para pagar os passivos e, ainda, sobram recursos. Entretanto, nem sempre é assim. Quando o passivo é maior que o ativo, o patrimônio líquido fica com valor negativo (vide situação patrimonial na Unidade 2), afinal significa que, ainda que se utilize todos os bens e direitos para pagar todas as obrigações, ainda não será suficiente. Nesse caso, a participação residual traz justamente a ideia de responsabilidade dos sócios sobre as dívidas da entidade. Vale lem- brar que essa responsabilidade depende de como a empresa foi constituída. Por exemplo, existem categorias em que, se a empresa vier a falir, o sócio não precisa utilizar recursos próprios (enquanto pessoa física) para pagar dívidas da empresa; já em outras categorias, os bens dos sócios podem ser bloqueados até que se efetuem os pagamentos de obrigações em nome da empresa. Em conformidade com a classificação proposta pela Lei nº 6.404/76 (com redação modificada pela Lei nº 11.941/09), Gelbcke et al. (2021, p. 379) apre- sentam a seguinte divisão do patrimônio líquido: Participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos. UNICESUMAR UNIDADE 3 98 “ . Capital Social: representa valores recebidos dos sócios e também aqueles gerados pela empresa que foram formalmente (juridicamente) incorporados ao Capital (lucros a que os sócios renunciaram e incor- poraram como capital); . Reservas de Capital: representam valores recebidos que não transi- taram e não transitarão pelo resultado como receitas, pois derivam de transações de capital com os sócios; . Ajustes de Avaliação Patrimonial: representam as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo e do passivo, em decorrência de sua avaliação a valor justo, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência; algumas poderão não transitar pelo resultado, sendo transferidas diretamente para lucros ou prejuízos acumulados. . Reservas de Lucros: representam lucros obtidos e reconhecidos pela empresa, retidos com finalidade específica; . Ações em Tesouraria: representam as ações da companhia que são adquiridas pela própria sociedade (podem ser quotas, no caso das so- ciedades limitadas); . Prejuízos Acumulados: representam resultados negativos gerados pela empresa à espera de absorção futura; no caso de sociedades que não por ações, podem ser Lucros ou Prejuízos Acumulados, pois pode também abranger lucros à espera de destinação futura. O subgrupo do patrimônio líquido denominado reserva de lucros é utilizado por socieda- des anônimas conforme determina a Lei nº 11.638/07 (BRASIL, 2007), a qual altera a Lei nº 6.404/76. Outras formas de sociedade, como as Ltdas., registram seus resultados no subgrupo lucros ou prejuízos acumulados, também no patrimônio líquido. EXPLORANDO IDEIAS Até aqui, aprofundamo-nos nos três grupos de elementos patrimoniais sepa- radamente, mas o balanço patrimonial é justamente a evidenciação conjunta de todos os elementos patrimoniais. Assim, para que você possa compreender melhor a ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL, o Quadro 5 traz como exemplo o balanço da empresa fictícia F&F S.A.: 99 Balanço patrimonial da empresa F&F S.A. Encerrado em 31/12/20X1 Em R$ ATIVO ATIVO CIRCULANTE Disponível Caixa 15.000,00 Banco A 107.000,00 Aplicações finan. de liq. imediata 24.000,00 Créditos Duplicatas a receber 62.000,00 Impostos a recuperar 32.000,00 Estoque Mercadorias 146.000,00 Materiais de consumo 19.000,00 ATIVO NÃO CIRCULANTE Realizável a longo prazo Duplicatas a receber 26.000,00 Investimentos Investimento na coligada X 45.000,00 Imobilizado Imóveis 310.000,00 Máquinas e equipamentos 130.000,00 Veículos 87.000,00 (-) Depreciação acumulada (50.000,00) Intangível UNICESUMAR UNIDADE 3 100 Marcas e patentes 47.000,00 TOTAL DO ATIVO: 1.000.000,00 PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE Fornecedores Fornecedor Y 73.000,00 Salários e encargos sociais Salários a pagar 33.000,00 Férias a pagar 11.000,00 Obrigações fiscais Impostos a recolher 62.000,00 Obrigações financeiras Empréstimos e financiamentos 80.000,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE Obrigações financeiras Empréstimos e financiamentos 111.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Capital social Capital subscrito 430.000,00 Capital a integralizar (50.000,00) Reserva de lucros Reserva de lucros para expansão 250.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.000.000,00 Quadro 5 - Balanço patrimonial da F&F S.A. / Fonte: a autora. UNIDADE 3 102 Balanço patrimonial da empresa Estilo Ltda. Balanço patrimonial da empresa Estilo Ltda. Encerrado em 31/12/20X1 Encerrado em 31/12/20X1 ATIVO Em R$ ATIVO CIRCULANTE Disponível Caixa 15.000,00 Banco A 203.000,00 Créditos Duplicatas a receber 62.000,00 Estoque Obrigações fiscais Mercadorias 388.000,00 Materiais de consumo 8.000,00 Obrigações financeiras ATIVO NÃO CIRCULANTE Empréstimos e finan. Imobilizado Máquinas e equipamentos 15.000,00 Obrigações financeiras Móveis e utensílios 205.000,00 Empréstimos e finan. (-) Depreciação acumulada (20.000,00) Intangível Ponto comercial 75.000,00 TOTAL DO ATIVO 951.000,00 Quadro 6 - Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora. 103 Balanço patrimonial da empresa Estilo Ltda. Balanço patrimonial da empresa Estilo Ltda. Encerrado em 31/12/20X1 Encerrado em 31/12/20X1 PASSIVO Em R$ PASSIVO CIRCULANTE Fornecedores Fornecedor X 75.000,00 Salários e encargos sociais Salários a pagar 15.000,00 Férias a pagar 3.000,00 Obrigações fiscais Impostos a recolher 16.000,00 Obrigações financeiras Empréstimos e finan. 35.000,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE Obrigações financeiras Empréstimos e finan. 17.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Capital subscrito 600.000,00 Lucros ou prejuízos acumulados Lucro do exercício 190.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 951.000,00 Aproveite que você treinou com a empresa Estilo e realize a leitura de outros balanços. Na internet,você encontra facilmente as demonstrações de empresas de capital aberto. Essa competência será um grande diferencial na sua carreira. UNICESUMAR 104 1. Conhecer os elementos patrimoniais e a sua correta classificação é fundamental para a correta evidenciação da situação financeira e patrimonial de uma entidade. Dessa forma, imagine que um estagiário que está sob sua supervisão tenha apresentado a seguinte classificação de contas contábeis: Conta contábil Classificação Banco c/ movimento Ativo circulante Duplicatas a receber Ativo circulante Mercadorias Passivo circulante Máquinas e equipamentos Ativo não circulante Fornecedores Passivo circulante Financiamentos a pagar (LP)* Passivo circulante Salários a pagar Passivo circulante Capital Social Patrimônio líquido Reserva de lucros Ativo circulante *LP: longo prazo Quadro 1 - Classificação de contas contábeis / Fonte: a autora. Após analisar o quadro, você percebeu que três contas foram classificadas incor- retamente. Como responsável pelo estagiário, você precisa corrigi-lo e orientá-lo. Assim, descreva quais contas foram classificadas de forma incorreta e apresente como devem ser classificadas. 2. Segundo a NBC TG Estrutura Conceitual (2019, [s.p.]) o patrimônio líquido corres- ponde à “participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos”. Assim, considere que uma entidade tenha apresentado o seguinte conjunto de elementos patrimoniais: 105 Conta contábil Valor Caixa R$ 23.000,00 Duplicatas a receber R$ 57.800,00 Fornecedores R$ 71.300,00 Móveis e utensílios R$ 180.000,00 Salários a pagar R$ 22.700,00 Mercadorias R$ 85.400,00 Banco R$ 166.000,00 Investimentos em ou- tras companhias R$ 60.000,00 Impostos a recolher R$ 38.200,00 Tabela 1 - Elementos patrimoniais / Fonte: a autora. Considerando os dados apresentados, classifique as contas em ativo e passivo. Em seguida, calcule o valor do patrimônio líquido através da equação patrimonial e assinale a alternativa correspondente. a) R$ 239.000,00. b) R$ 297.000,00. c) R$ 326.000,00. d) R$ 440.000,00. e) R$ 488.000,00. 3. O balanço patrimonial evidencia os bens, os direitos e as obrigações da entidade em determinado momento de forma ordenada, possibilitando reconhecer a sua situação financeira, econômica e patrimonial. Assim, considere que, ao final de um exercício, a empresa X tenha apresentado os seguintes elementos patrimoniais. 106 CONTAS CONTÁBEIS Valor em R$ Classificação Caixa 15.000,00 Duplicatas a receber 43.000,00 Impostos a recuperar 9.100,00 Reserva de lucros para expansão 65.000,00 Empréstimos e financiamentos - LP 52.000,00 Mercadorias 74.000,00 Fornecedores 52.700,00 Investimentos em outras companhias 80.000,00 Banco conta movimento 27.300,00 Duplicatas a receber - LP 15.000,00 Veículos 35.000,00 Máquinas e equipamentos 70.000,00 Capital Social 300.000,00 Marcas e patentes 10.000,00 Salários a pagar 22.000,00 Móveis e utensílios 180.000,00 Aluguel a pagar 6.100,00 Impostos a recolher 13.800,00 Fornecedores – LP 19.000,00 Empréstimos e financiamentos 27.800,00 Tabela 2 - Contas contábeis empresa X / Fonte: a autora. Utilize esses dados para elaborar o balanço patrimonial da empresa X. Para isso, utilize a coluna da direita para classificar as contas em: ativo circulante, ativo não cir- culante, passivo circulante, passivo não circulante e patrimônio líquido. Em seguida, apresente o balanço estruturado. UNIDADE 4 110 Você se lembra que o Sr. João recebeu as demonstrações refe- rentes ao primeiro fechamento contábil? Pois então, junto com o balanço patrimonial, que nós interpretamos na unidade anterior, ele também recebeu a Demonstração do Resultado (DR), tam- bém conhecida como Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Nosso desafio, agora, é também interpretar a DRE. Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Estilo Ltda. Período de 01/01/20X1 a 31/12/20X1 Em R$ RECEITA OPERACIONAL BRUTA Venda de mercadorias 980.000,00 (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Devolução de vendas (10.000,00) Abatimentos sobre vendas (30.000,00) Tributos sobre vendas (125.000,00) (=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 815.000,00 (-) CUSTO DAS VENDAS Custos das mercadorias vendidas (486.000,00) (=) LUCRO BRUTO 329.000,00 (-) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas com vendas (50.000,00) Despesas gerais e administrativas (70.000,00) (=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 209.000,00 (-) DESPESAS FINANCEIRAS Juros sobre empréstimos bancários (1.000,00) 111 (+) RECEITAS FINANCEIRAS Descontos financeiros obtidos 2.000,00 (=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 210.000,00 (-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO Imposto de renda (IR) (10.000,00) Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (8.000,00) (=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 192.000,00 (-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS Perda na venda de imobilizado (3.000,00) (+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS Ganho na venda de imobilizado 1.000,00 (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 190.000,00 Quadro 1 - Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Estilo Ltda. Fonte: a autora. Assim como, inicialmente, o sr. João não entendeu o balanço patrimonial, ele também ficou perdido ao tentar interpretar os dados da DRE. Quando viu o termo “resultado”, ele logo imagi- nou: “Deve ser o resultado que obtive com as vendas de roupas!”, o que está correto. O que ele não consegue compreender é: por que, na DRE, aparece um resultado de R$ 190.000,00, sendo que, ao somar o saldo de caixa e banco — apresentados no ba- lanço patrimonial —, o total é de R$ 218.000,00? Será que o contador calculou direito? E o que significa essa estrutura com vários sinais de igual, mais e menos? Para calcular o resultado, não bastava somar o quanto se ganhou e diminuir tudo o que se gastou? Pois é, a DRE trouxe muitas dúvidas para o Sr. João. Por isso, convido-lhe para aprendermos sobre esse relatório e, assim, sanar todas as dúvidas. Vamos lá!!! UNIDADE 4 UNIDADE 4 112 Quando se fala em re- sultado, pelo menos no que diz respeito às ques- tões financeiras, é mui- to comum pensarmos no dinheiro. Por exem- plo, nas nossas finanças pessoais, normalmente, analisamos o quanto so- brou — se sobrou, rs — do nosso salário no final do mês, nós temos esse valor como resultado. Essa ideia de resultado baseado no dinheiro é mais natural, até porque é mais fácil de compreender, afinal o dinheiro, seja em papel moeda ou aquele que está depositado no banco, é um valor real, no sentido de que conseguimos enxergar esse valor. Já o resultado contábil podemos dizer que é abstrato, ou seja, ele é encontrado por meio de cálculos, e não conseguimos vê-lo de forma concreta. Contudo, para a Contabilidade, o resultado apresentado na DRE não corresponde ao dinheiro que a entidade possui. Para a Contabilidade, o re- sultado representa o “desempenho” da entidade no que se refere ao alcance dos seus objetivos. É claro que uma empresa com finalidade lucrativa tem como objetivo ganhar dinheiro, mas ela pode, por exemplo, vender mercado- rias — que seria sua forma de ganhar dinheiro —, mas não receber à vista. O que isso significa? Que ela teve um bom desempenho, pois realizou vendas, mas esse bom desempenho ainda não refletiu no caixa, porque a empresa ainda não recebeu. Imagine que, por causa de dificuldades financeiras, a empresa em que você trabalhava reduziu o número de funcionários e, por isso, você perdeu o emprego. No entanto, foi uma oportunidade de se arriscar no mundo do Empreendedorismo ao fazer uma atividade que você adora: bonecos de argila personalizados. Você divulgou seu trabalho nas redes sociais e tem recebido diversas encomendas. Após três meses de trabalho, você resolveu apurar o resultado do seu negócio. Em suas anotações, você apurou os seguintes dados: UNIDADE 4 114 Você se lembra da estrutura do balanço patrimonial, estudado na unidadeanterior? Caso não se lembre, dê uma olhada novamente. Pois bem, lá no grupo do patrimônio líquido, no subgrupo lucros/prejuízos acumulados, já é evidenciado o resultado da entidade. No entanto, o resultado, enquanto medida de desempenho, é um dado tão importante que merece um relatório exclusivo para a sua apresentação, no caso, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). No balanço, apresenta-se apenas o saldo final do resultado de cada exercí- cio contábil, que se acumula ao longo do tempo. Já na DRE, são evidenciadas todas as receitas e todas as despesas que provocaram o resultado apresentado. Dessa forma, o raciocínio da apuração do resultado é simples, basta subtrair o valor das despesas do valor das receitas: Resultado = Receitas - Despesas Assim, se o valor das receitas for maior que o valor das despesas, tem-se um lucro. Por outro lado, se o valor das receitas for menor que o valor das despe- sas, tem-se um prejuízo. 115 Contudo, muito mais do que apresentar o resultado, a DRE conta toda uma his- tória de como a entidade chegou até ele. É por isso que dizemos que a DRE é uma demonstração dinâmica. Descrição da Imagem: a figura apresenta um sinal de adição (+), e, ao lado dele, há uma tabela repre- sentando uma DRE da Cia. Sucesso. Os dados da Cia. Sucesso são: receita de $ 90 milhões, despesa de $ 48 milhões, e lucro de $ 42 milhões. Ao lado da DRE, tem-se a imagem de um empresário de terno apontando um símbolo de exclamação; abaixo dele, há um gráfico que apresenta crescimento. A figura, também, apresenta um sinal negativo (-), e, ao lado dele, há uma tabela representando uma DRE da Cia. Fracasso. Os dados da Cia. Fracasso são: receita de $ 60 milhões, despesa de $ 72 milhões, e prejuízo de $ 12 milhões. Ao lado dessa DRE, tem-se a imagem de um empresário de terno com três sinais de interrogação; abaixo dele, há um gráfico que apresenta diminuição. Figura 1 - Demonstração do Resultado do Exercício: Cia. Sucesso X Cia. Fracasso Fonte: Marion (2018, p. 72). DRE Cia. Sucesso Receita $ 90 milhões Despesa $ (48 milhões) Lucro $ 42 milhões DRE Cia. Fracasso Receita $ 60 milhões Despesa $ (72 milhões) Prejuízo $ (12 milhões) + (–) O resultado apresentado na DRE pode receber nomenclaturas diferentes dependendo do tipo de empresa: • Entidades com finalidade lucrativa: lucro ou prejuízo. • Entidade sem finalidade lucrativa: sobras ou perdas. • Entidades públicas: superávit ou déficit. EXPLORANDO IDEIAS O balanço patrimonial, estudado na unidade anterior, é um exemplo de demons- tração estática: ele funciona como se fosse uma foto da empresa. Nessa foto, apre- senta-se o conjunto de elementos patrimoniais — bens, direitos e obrigações — em seu aspecto qualitativo — conta contábil — e quantitativo — valor — em um determinado momento, sendo este, normalmente, o último dia do ano (31 de dezembro). Por outro lado, a DRE, enquanto relatório dinâmico, funciona como se fosse um filme que conta como a empresa alcançou determinado resultado. UNIDADE 4 UNIDADE 4 116 Balanço Patrimonial Demonstração do Resultado do Exercício Ativo Passivo Ativo Circulante Caixa e equivalentes de caixa Caixa 7.800,00 Banco 25.900,00 Créditos Duplicatas a receber 28.500,00 Estoques Mercadorias 51.800,00 Ativo Não Circulante Investimentos Investimentos na Cia A. 5.000,00 Imobilizado Móveis e utensílios 130.000,00 Veículos 42.200,00 (-) Depreciação acumulada (1.700,00) Total: 289.500,00 Total: 289.500,00 Passivo Circulante Fornecedores Fornecedores 25.000,00 Obrigações trabalhistas Salários a pagar 11.500,00 Obrigações fiscais Impostos a recolher 4.800,00 Passivo Não Circulante Empréstimos e financiamentos Financiamentos a pagar 19.200,00 Patrimônio Líquido Capital social Capital subscrito 300.000,00 (-) Capital a integralizar (75.000,00) Lucros/Prejuízos acumulados Lucros acumulados 4.000,00 Receita Operacional Bruta Receita de vendas 55.000,00 (-) Deduções da Receita Bruta (12.900,00) (=) Receita Operacional Líquida 42.100,00 (-) Custos da mercadoria vendida (28.000,00) (=) Lucro Bruto 14.100,00 (-) Despesas Operacionais Despesas Administrativas (9.700,00) (=) Resultado Antes do Resultado Financeiro 4.400,00 (-) Despesas Financeiras (1.200,00) (+) Receitas Financeiras 800,00 (=) Resultado Antes dos Tributos Sobre o Lucro 4.000,00 Lucro Líquido do Exercício 4.000,00 Balanço Patrimonial Relatório estático (Foto) DRE Relatório dinâmico (Vídeo) Descrição da Imagem: a imagem ilustra dois quadros, o primeiro, localizado acima, apresenta um exemplo de um balanço patrimonial. Abaixo do relatório, há a figura de uma câmera fotográfica e, a descrição: balanço patrimonial — relatório estático (foto). Na imagem do balanço, existe um contorno na conta contábil lucros acumulados, que se encontra no grupo do patrimônio líquido. Desse contorno, sai uma linha, que se divide em duas e se conecta ao quadro abaixo. Nesse quadro, encontra-se um exemplo de Demonstração do Resultado do Exercício. Abaixo desse relatório, há a figura de uma câmera filmadora com a descrição: DRE — relatório dinâmico (vídeo). Figura 2 - Relatório estático e dinâmico / Fonte: a autora. 117 Essa “história” contada pela DRE é baseada na confrontação de receitas e despesas — que correspondem aos elementos de resultado da DRE —, ou seja, ao longo da sua estrutura, a DRE apresenta alguns subtotais que são calculados ao se deduzir os valores de despesas dos valores de receitas; esses subtotais, por sua vez, permi- tem avaliar pontos importantes do desempenho da entidade. Dessa forma, para que consigamos compreender a DRE, primeiramente, precisamos conhecer o que são receitas e o que são despesas. Comecemos, então, pela RECEITA. É comum associarmos a receita às entradas de dinheiro, no entanto, nem toda receita provoca aumento no saldo de caixa. A NBC TG Estrutura Conceitual apresenta a seguinte definição para receita: Aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em aumento no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio (CFC, 2019, [s.p.]). Achou complicado? Vamos aos exemplos para facilitar. De forma geral, a re- ceita provoca aumento no patrimônio da entidade. O melhor exemplo de receita é a venda: quando a empresa vende uma mercadoria, um produto ou presta um serviço, o seu patrimônio aumenta. Imagine a loja do sr. João: ele compra uma calça por R$ 50,00 do fornecedor e a revende por R$ 80,00, ou seja, ele pega um bem que estava registrado no estoque — no balanço patri- monial — entrega para o cliente e recebe R$ 80,00, assim o seu patrimônio aumenta em R$ 30,00. Contudo, é muito importante que você compreenda que os R$ 30,00 que sobraram são o resultado; a receita, nesse caso, é de R$ 80,00. Isso ficará mais claro quando começarmos a confrontar receitas e des- pesas. De qualquer forma, espero que você tenha compreendido que a receita provoca aumento no patrimônio. Além das vendas, os juros sobre aplicação financeira e os descontos financeiros obtidos são outros exemplos de receita. Agora, compreenderemos esses exemplos segundo o conceito apresentado na norma contábil e entenderemos que nem sempre a receita provoca aumento no caixa ou no banco. UNIDADE 4 UNIDADE 4 118 ■ Aumentos nos ativos: quando a empresa vende mercadorias, essa ven- da provoca aumento no caixa ou no banco, se for uma venda à vista, ou em duplicatas a receber, se for uma venda a prazo. Os juros sobre aplicação financeira também aumentam o valor do investimento, sen- do que esses investimentos, o caixa, o banco e as duplicatas a receber são contas do grupo do ativo. ■ Redução nos passivos: quando a empresa obtém um desconto, isso também resulta em um patrimônio maior. Por exemplo, imagine que a entidade tenha uma dívida no valor de R$ 500,00 com o fornecedor; ao pagar, ele concedeum desconto de R$ 50,00; assim, com R$ 450,00, ela paga uma dívida de R$ 500,00, ou seja, a diminuição no passivo é maior que a saída de dinheiro do caixa. ■ Resultam em aumento no patrimônio líquido: esses valores positivos das vendas, dos juros sobre aplicação ou dos descontos provocam au- mento no resultado da entidade, esse resultado, por sua vez, é eviden- ciado no patrimônio líquido. ■ Exceto aqueles referentes à contribuição de detentores de direitos sobre o patrimônio: os detentores de direitos sobre o patrimônio são os sócios ou acionistas da empresa. Quando eles investem na empresa, ou seja, quando eles aplicam recursos no negócio, isso também provoca aumento no pa- trimônio líquido, mas esses investimentos NÃO são considerados receita. Apenas as vendas de mercadorias podem gerar receita? Por exemplo, em uma loja de calçados, apenas a venda dos calçados gera receita? Ou será que outras vendas, como a venda de imobilizado, também podem gerar receita para a empresa? PENSANDO JUNTOS Espero que tenha ficado claro que a receita é algo positivo para a entidade. Na verdade, a obtenção de receita é uma questão de sobrevivência. No entanto, não podemos enxergá-la como o recebimento de dinheiro. Mais cedo ou mais tarde, as receitas são transformadas em dinheiro: vendas a prazo são recebidas, juros sobre aplicação são resgatados etc., mas é importante saber que a Contabilidade não registra a receita quando ela é recebida, mas, sim, quando ela é gerada. 119 Da mesma forma que descobrimos que a receita não corresponde, necessa- riamente, ao recebimento de dinheiro, compreenderemos que a DESPESA tam- bém não é, necessariamente, saída de dinheiro. A NBC TG Estrutura Conceitual apresenta a seguinte definição para despesa: Reduções nos ativos, ou aumento nos passivos, que resultam em redu- ções no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a distribuições aos detentores de direitos sobre o patrimônio (CFC, 2019, [s.p.]). Como você pôde perceber, a definição de despesa é, basicamente, o contrário da defi- nição de receita. Assim, enquanto a receita aumenta o patrimônio, a despesa diminui. De qualquer forma, para lhe ajudar a compreender, vamos aos exemplos: salário, aluguel, energia elétrica, internet, comissões, juros sobre empréstimos, descontos concedidos e depreciação são algumas das diversas possibilidades de despesas. Perceba que, entre os exemplos, não se mencionaram os fornecedores. Como você aprendeu, a conta contábil fornecedores corresponde à dívida da empre- sa pela compra de mercadorias a prazo. Entretanto, por que ela não representa uma despesa? Quando a empresa compra mercadorias, seja à vista ou a prazo, ela recebe, em troca, a própria mercadoria, que, no caso, corresponde a um bem registrado no ativo. Isso mantém o patrimônio em equilíbrio. UNIDADE 4 UNIDADE 4 120 Imagine que a empresa tenha comprado R$ 5.000,00 de mercadorias. O que isso provocou no patrimônio da entidade? No caso de compra à vista, saíram R$ 5.000,00 do caixa; no caso de compra a prazo, gerou-se uma dívida de R$ 5.000,00. De qualquer forma, em contrapartida, ela recebeu R$ 5.000,00 em mercadorias. A partir desse exemplo, acredito que fica mais fácil compreender a despesa. No caso do salário de uma recepcionista, por exemplo, a empresa paga pelos ser- viços, mas não recebe em troca algo que dê para ser registrado no ativo. Por mais que o trabalho de uma recepcionista seja essencial para o andamento do negócio, não é possível registrá-lo como elemento patrimonial. Assim, o pagamento do salário é algo que provoca a saída de dinheiro do caixa, mas não tem um retorno direto — pelo menos, não de outro elemento patrimonial. No caso dos juros sobre empréstimo, apenas o valor dos juros é considerado despesa. Imagine a contratação de um empréstimo no valor de R$ 10.000,00, mas que será pago o montante de R$ 15.000,00 em função dos juros. Nessa situação, a empresa recebe da instituição financeira o valor de R$ 10.000,00, que, no caso, é registrado no ativo. Assim, apenas o valor excedente do que foi recebido deve ser considerado como despesa, no caso, os R$ 5.000,00. Então, eu lhe pergunto: as despesas correspondem às saídas de dinheiro que não possuem uma contrapartida direta? Não exatamente! Nem todas as despesas provocam saída de dinheiro. A depreciação é um tipo de despesa que não inter- fere no saldo de caixa. Ela corresponde à perda da capacidade dos bens do ativo imobilizado. Conforme a entidade utiliza um equipamento, o seu valor de aqui- sição é apropriado como despesa ao longo de sua vida útil, assim, quando chegar ao fim de sua vida útil, o valor contábil do bem será zero. O mesmo acontece com a amortização e exaustão. A apropriação do valor do bem como despesa ao longo da vida útil recebe nomes diferentes, conforme descrito a seguir. ■ Depreciação: bens tangíveis. ■ Amortização: bens intangíveis. ■ Exaustão: recursos naturais. 121 Uma outra despesa que não provoca a saída de dinheiro é a correspondente a descontos concedidos. Por exemplo, em uma venda de R$ 600,00, se a entidade conceder um desconto de 10%, ela deixará de receber R$ 60,00, esse valor, então, é computado como despesa. Por fim, um último exemplo de despesa é a saída de mercadorias do esto- que. Talvez, você esteja se perguntando: como a dívida com fornecedores não é despesa, mas as mercadorias são? Para ajudar a compreender essa questão, podemos utilizar o conceito de despesa dado por Marion (2018, p. 73), que diz que “a despesa é todo sacrifício, todo esforço da empresa para obter receita”, ou seja, quando a empresa entrega uma mercadoria para o cliente, ela faz o sacrifício de se desfazer de um bem — e, como tal, encontra-se registrado no ativo, no grupo do estoque — para transformá-lo em receita. Resumindo: enquanto a mercadoria está no estoque, ela é um bem para a entidade; quando ela é vendida, passa a corresponder a um sacrifício para gerar receita, então se torna uma despesa, que, no caso, denominamos “custo das mercadorias vendidas”. Assim acontece com todos os materiais consumidos pela entidade, como os materiais de limpeza e higiene: quando são comprados, são registra- dos no estoque, pois representam bens; quando são consumidos — utilizados ou vendidos —, transformam-se em despesa. Após analisar alguns exemplos, buscaremos compreender a despesa segundo o conceito apresentado pelas normas contábeis. Na nossa empresa modelo, o sr. João pagou R$ 75.000,00 pelo ponto comercial em que instalou a loja Estilo. Considere que esse valor corresponde ao direito de utilizar o ponto por cinco anos. Assim, a amortização é calculada da seguinte forma: Amortização anual: R$ 75.000,00 / 5 anos = R$ 15.000,00 Amortização mensal: R$ 15.000,00 / 12 meses = R$ 1.250,00 Isso significa que a empresa deverá apropriar uma amortização no valor de R$ 15.000,00 por ano, ou R$ 1.250,00 por mês, que, no caso, será registrada como despesa. EXPLORANDO IDEIAS UNIDADE 4 UNIDADE 4 124 Assim, o resultado apurado pelo regime de caixa será correspondente ao saldo da conta caixa no final do período contábil. Podemos, então, associar o regime de caixa a um controle de entradas e saídas do caixa, o que, definitivamente, também é muito importante para qualquer entidade contábil, inclusive, para nós enquanto pessoas físicas. A palavra “caixa”, utilizada diversas vezes nesta unidade, corresponde ao dinheiro à dispo- sição da entidade, assim ela engloba o valor que a entidade possui em papel moeda, na conta corrente bancária e em aplicações de liquidez imediata. PENSANDO JUNTOS Por outro lado, o regime de competência, que é utilizado para apurar o resultado contábil, segue os conceitos de receita e despesa apresentados anteriormente. Nele, as receitas e despesas são fatores independentes das entradas e saídas do caixa. No regime de competência, a receita é contabilizada no períodoa falta de acompanhamento das finanças: “ Muitas empresas demoram a perceber a importância de realizar uma gestão financeira eficiente dos seus negócios para que eles con- sigam seguir em frente. Muitas vezes, em especial nos primeiros anos de vida do empreendimento, acabam misturando as finanças pessoais com as da empresa. Outro erro é não elaborar um fluxo de caixa e desconhecer seus números reais de lucratividade, rentabilidade e liquidez. Dessa for- ma, o empresário torna-se incapaz de tomar decisões embasadas e estratégicas para o negócio. Ir à falência torna-se um processo natural para as empresas que deixam de dar a atenção adequada às suas finanças (SERASA EXPERIAN, 2020, on-line). UNIDADE 1 14 Para entender a Contabilidade, o seu papel, as suas responsabilidades, a sua liga- ção com o mundo dos negócios, devemos começar pelo início: conhecendo um pouco sobre a HISTÓRIA DA CONTABILIDADE. Não se sabe ao certo quando a Contabilidade surgiu, mas podemos afirmar que ela é tão antiga quanto a origem do homem: “alguns pesquisadores revelam que os primeiros sinais objetivos da existência da Contabilidade datam de mais ou menos 4.000 anos a.C.” (FAVERO et al., 2011, p. 9), contudo “alguns histo- riadores fazem remontar os primeiros sinais objetivos da existência de contas a aproximadamente 2.000 anos a.C.” (IUDÍCIBUS, 2015, p. 16). Talvez, você esteja se perguntando: “como assim a Contabilidade é tão antiga? Nem os números são tão antigos!”. Apesar de serem muito utilizados pela Con- tabilidade, os números não são a sua razão de ser. Na verdade, a Contabilidade cuida do patrimônio das entidades, assim, quando o homem passou a possuir bens, como instrumentos de caça e de pesca, animais, ânforas de bebidas, entre outros, ele precisou buscar mecanismos para controlar esses bens. “ Para controlar os animais, por exemplo, o dono do rebanho separava uma pedra para cada animal, ou fazia ‘riscos’ em um pedaço de madeira ou osso, assim ele acompanhava se havia a mesma quantidade de pe- dras, ou de riscos, em comparação aos animais. É claro que esta era uma forma muito rudimentar de contabilidade, mas já representava um acompanhamento do patrimônio (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 14–15). 15 Até o surgimento da moeda, a Contabili- dade teve uma evo- lução relativamente lenta, isso porque, na época do escambo, os negociantes ano- tavam suas obriga- ções, direitos e bens perante terceiros sem avaliação monetária, ou seja, tratava-se de um inventário físico (IUDÍCIBUS, 2015). Contudo, a preocu- pação do homem com o seu patrimônio e a sua riqueza fez com que a Con- tabilidade aperfeiçoasse a sua forma de avaliação da situação patrimonial à medida em que as atividades foram se desenvolvendo em dimensão e com- plexidade (IUDÍCIBUS, 2015). Não é à toa que a Contabilidade enquanto disciplina adulta e completa — a Contabilidade enquanto ciência — surgiu a partir do século XIII nas cidades italianas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa e outras, afinal essas ci- dades representavam o que havia de mais avançado na época em termos de empreendimentos comerciais e industriais incipientes (IUDÍCIBUS, 2015). Entre os progressos tecnológicos e as mudanças socioeconômicas que impulsionaram o desenvolvimento da Contabilidade, Hendriksen e Breda (2012) destacam a invenção da vela triangular utilizada nas embarcações — Figura 1. Antes de sua invenção, o comércio se limitava à navegação em uma direção em uma época do ano e na direção oposta em outra época. A vela triangular, conhecida como vela latina, permite viajar em qualquer época do ano. Contudo, a necessidade desse meio de transporte provocou uma guerra que conhecemos como Primeira Cruzada. Entre o final do século XI e o final do século XIII, cruzadas sucessivas impulsionaram o desenvolvimento do comércio, principalmente, entre as cidades italianas e o Oriente. UNICESUMAR UNIDADE 1 16 De acordo com Hendriksen e Breda (2012), à medida em que o comércio se expandia e a riqueza era acumulada, os negócios deixaram de ser realizados individualmente e foram substituídos por sociedades. O uso de sociedades permitia que os riscos da navegação marítima fossem compartilhados. Assim, o conceito de sociedade foi importante para o desenvolvimento da Contabi- lidade, pois levou ao reconhecimento da empresa como entidade separada e distinta dos seus proprietários. Todos esses fatos deixam claro porque o Método das Partidas Dobradas e, consequentemente, a Ciência Contábil sur- giram justamente na Itália: o alto nível de atividade comercial e industrial e o surgimento das sociedades criaram a necessidade de mecanismos capazes de organizar economicamente as riquezas geradas. Descrição da Imagem: a figura apresenta a imagem de uma caravela navegando no mar. A estrutura é de madeira e tem alguns tripulantes. Há dois mastros com velas triangulares, cada uma com o desenho de uma cruz. Figura 1 - Caravela Vera Cruz / Fonte: Caravelas ([2022], on-line). 17 Nessa evolução, deu-se o desenvolvimento do Método das Partidas Do- bradas, utilizado até hoje. Segundo Hendriksen e Breda (2012), sistemas de escrituração por partidas dobradas começaram a surgir, gradativamente, entre os séculos XIII e XIV, mas foi apenas no século XV que o método foi publicado pela primeira vez. O frei franciscano Luca Pacioli, que, por sinal, era professor de Matemática, escreveu um livro denominado Summa de Arithmetica, Geometrica, Proportioni et Proportionalitá. Nesse livro, Pacioli escreveu um capítulo que, segundo Hendriksen e Breda (2012, p. 39), “descreve o sistema de partidas dobradas e apresentava o raciocínio em que se baseiam os lançamentos contábeis”. O conceito do Método das Partidas Dobradas é que: I - para cada causa, existe um efeito; II - para cada origem, existe uma aplicação; III - para cada crédito, existe um débito. Assim, o registro contábil sempre envolverá, no mínimo, duas contas — uma de débito e outra de crédito. Contudo, fique tranquilo(a)! O Mecanismo das Partidas Dobradas será estudado adiante em nosso material. E por que será que o esse mecanismo é utilizado sempre com uma conta de débito e uma conta de crédito? Por que não uma conta positiva e outra conta negativa? Se quiser compreender esses conceitos, leia o texto a seguir do “Explorando Ideias”. Por que, especificamente, a escrituração por partidas dobradas? O conceito de dualidade frequentemente utilizado para justificar as partidas dobradas apenas exige que sejam reconhecidos dois lados de cada transação. Isso poderia ser, com igual facilidade, feito em uma única coluna, usando sinais positivos e negativos, ou em duas colunas com débitos e créditos. Por exemplo, ao se usar caixa para adquirir estoque, por que não simplesmente colocar um número positivo na coluna de estoque e um número negativo na coluna de caixa em uma planilha? Por que falar de debitar uma conta e creditar outra? Por que toda essa maquinaria complexa? O fato curioso é que, embora os investidores da Contabili- dade dispusessem de conceitos tais como moeda, capital próprio e despesa, eles não dispunham de números negativos! Havia a noção de números negativos, mas, ainda em 1544, matemáticos como o alemão Michael Stifel os consideravam absurdos e fictícios. Na verdade, não foram utilizados em Matemática antes do século XVII. Fonte: Hendriksen e Breda (2012, p. 45). EXPLORANDO IDEIAS UNICESUMAR UNIDADE 1 18 Após o surgimento do Método das Partidas Dobradas, a escola italiana de Con- tabilidade ganhou grande impulso e se espalhou por toda a Europa (FAVERO et al., 2011). Assim, entre o século XIII e o início do século XX, a Europa se destacou no desenvolvimento das teorias contábeis. Apesar das importantes contribuições da escola italiana/europeia de Contabilidade, seus estudos se preocupavam em demonstrar a Contabilidade quanto à Ciência, dando pouca atenção à verdadei- ra necessidade informacional dos usuários, assim aem que for gerada, independente do seu recebimento, assim como a despesa é contabilizada no período em que for consumida, incorrida ou utilizada, independente do pagamento (MARION, 2018). Assim, o resultado apurado pelo regime de competência é indepen- dente do saldo em caixa ao final do período, contudo ele evidencia o desempenho da entidade de forma mais justa e coerente. Para com- preender melhor a apuração do resultado pelos dois regimes, acom- panhe o exemplo a seguir. No mês de janeiro, quando João iniciou as atividades da loja Estilo, ele fez uma compra de mercadorias (peças de roupas) à vista no mon- tante de R$ 10.000,00. Como estratégia inicial para atrair os clientes, essas mercadorias foram vendidas a prazo, em duas parcelas, sem juros, com o primeiro pagamento somente para o mês de fevereiro. Com isso, ainda no mês de janeiro, João conseguiu vender 60% do seu estoque pelo valor de R$ 15.000,00, sendo que R$ 7.500,00 foram recebidos em fevereiro, e os outros R$ 7.500,00, no mês de março. 125 Nessa situação, se utilizarmos o regime de caixa para apurar o resultado da em- presa Estilo, considerando, exclusivamente, os dados apresentados, teríamos os seguintes valores nos três primeiros meses de atividade da empresa: Janeiro Fevereiro Março (+) Receita R$ 0,00 R$ 7.500,00 R$ 7.500,00 (-) Despesa (R$ 10.000,00) R$ 0,00 R$ 0,00 (=) Resultado (R$ 10.000,00) R$ 7.500,00 R$ 7.500,00 Quadro 2 - Resultado pelo regime de caixa / Fonte: a autora. Como você pôde observar, pelo regime de caixa, a empresa Estilo apresentou um pre- juízo no mês de janeiro, mesmo tendo vendido 60% do seu estoque. É claro que não consideramos o saldo inicial de caixa, afinal, se João comprou mercadorias à vista, havia dinheiro para realizar essa compra. O que espero demonstrar com esse exemplo é que, pelo regime de caixa, o resultado é calculado em função das entradas e saídas de di- nheiro. Assim, no mês de janeiro, houve a saída de R$ 10.000,00 em função da compra de mercadorias, e, como não houve entrada de dinheiro, a empresa ficou com prejuízo. Já nos meses de fevereiro e março, mesmo considerando que não houve a realização de novas vendas, como a empresa recebeu as parcelas das vendas de janeiro, houve o reconhecimento de R$ 7.500,00 de receita em fevereiro e de R$ 7.500,00 em março, e, como nesses meses não houve desembolso, a empresa apurou lucro nos dois períodos. Por mais que a movimentação do caixa (dinheiro disponível) seja algo extre- mamente importante para os negócios, ela não evidencia o verdadeiro desempenho da entidade. É por isso que o regime de competência é tido como mais justo para a apuração do resultado. Para que você compreenda, considere os mesmos dados apresentados anteriormente, mas, agora, utilizados para apuração do resultado pelo regime de competência: Janeiro Fevereiro Março (+) Receita R$ 15.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00 (-) Despesa (R$ 6.000,00) R$ 0,00 R$ 0,00 (=) Resultado R$ 9.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00 Quadro 3 - Resultado pelo regime de competência / Fonte: a autora. UNIDADE 4 UNIDADE 4 126 Como apresentado no Quadro 3, pelo regime de competência, a empresa Estilo obteve um lucro de R$ 9.000,00 no mês de janeiro, decorrente do seu bom desempenho nas vendas de mercadorias. Como o total de vendas foi de R$ 15.000,00, mesmo que tenham sido a prazo, esse foi o valor da receita do pe- ríodo, afinal o fato gerador da receita, nesse caso, são as vendas, assim se deve registrá-las no período em que ocorreram, mesmo que não as tenha recebido. Quanto à despesa, o valor de R$ 6.000,00 corresponde às mercadorias que saíram do estoque em função das vendas, ou seja, 60% dos R$ 10.000,00 de mercadorias adquiridas. Assim, o restante das mercadorias — R$ 4.000,00 — fica registrado no estoque como um bem para a empresa e só será registrado como despesa quando ocorrerem novas vendas. Perceba que, pelo regime de competência, nos meses de fevereiro e março, não foram reconhecidas receitas e nem despesas, pois não consideramos a realização de vendas nesses períodos. Por mais que o regime de caixa seja mais objetivo, afinal é possível observar de forma mais clara a movimentação de dinheiro, ele não consegue refletir cor- retamente o desempenho da entidade, por isso, a Contabilidade, em seu papel de gerar informação útil para os usuários, utiliza o regime de competência para o reconhecimento de receitas e despesas. Então, significa que a Contabilidade NÃO registra as entradas e saídas de caixa? É claro que SIM, afinal o caixa é um elemento patrimonial, e, como tal, suas movimentações são contabilizadas. A diferença está no reconhecimento das receitas e despesas que são apresentadas na Demonstração do Resultado Exercício. É importante que você entenda que o regime de caixa e o regime de com- petência não correspondem a fatos distintos. Por exemplo, já me questio- naram se, quando se vende à vista, utiliza-se o regime de caixa e, quando se vende a prazo, utiliza-se o regime de competência. Não funciona assim. Você utiliza o regime de caixa e, assim, reconhece as receitas e as despesas confor- me a entrada e saída de dinheiro, OU você utiliza o regime de competência e reconhece as receitas e as despesas no período em que foram geradas. Só lembrando que a Contabilidade, como regra geral, utiliza o regime de com- petência para apuração do resultado. Imagine que uma empresa tenha realizado algumas transações no mês de no- vembro. Assim, se ela utilizar o regime de caixa, chegará a um valor e, se utilizar o regime de competência, chegará a outro, conforme demonstrado no Quadro 4. 127 Fatos do mês de novembro Valor (R$) Regime de caixa (R$) Regime de competência (R$) Compra de mercadorias à vista 11.000,00 (11.000,00) Compra de mercadorias a prazo 30.000,00 Venda de mercadorias à vista 15.000,00 15.000,00 15.000,00 Venda de mercadorias a prazo 22.000,00 22.000,00 Saída de mercadorias do estoque em função das vendas 18.000,00 (18.000,00) Pagamento de salário re- ferente ao mês de outubro 3.500,00 (3.500,00) Pagamento de aluguel refe- rente ao mês de novembro 2.200,00 (2.200,00) (2.200,00) Recebimento de mer- cadorias vendidas em outubro 4.500,00 4.500,00 Resultado 2.800,00 16.800,00 Quadro 4 - Comparação de regime de caixa e regime de competência / Fonte: a autora. O que você deve prestar atenção é que os fatos são os mesmos, é só você imaginar a rotina de uma empresa: a diferença está em reconhecer ou não a receita ou a despesa no mês de novembro, que é o período observado no quadro. Dessa forma, pelo regime de caixa, os fatos que provocaram saída de dinheiro no mês de novembro — compra de mercadorias à vista, pagamento de salário e pagamento de aluguel — foram reconhecidos como despesa do período, assim como os fatos que provocaram entrada de dinheiro no mês de novembro — vendas à vista e recebimento de vendas — foram reconhecidos como receita do período, gerando um resultado de R$ 2.800,00. UNIDADE 4 UNIDADE 4 128 Por outro lado, pelo regime de competência, os fatos que geraram receita no mês de novembro — vendas à vista e vendas a prazo — foram reconhecidos como receita do período, assim como os fatos que geraram despesa no mês de novem- bro — saída de mercadorias do estoque e aluguel do mês de novembro — foram registrados como despesa do período, gerando um resultado de R$ 16.800,00. E a compra de mercadorias a prazo? Por que não foi registrada em nenhum regime? Como foi a prazo, não é uma despesa no regime de caixa e, como foi uma compra de mercadoria e não a saída (sacrifício), não representa uma despesa para o regime de competência. Quer compreender melhor o reconhecimento dos fatos pelo regime de caixa e pelo regime de competência? Então, acompanhe o podcast que traz maiores detalhes sobre o exemplo apresentado no Quadro 4, além de outros exemplos. Além de apresentar o desempenho da entidade de forma mais coerente,o regime de competência também permite maior uniformidade na apuração do resultado, principalmente, em situações de despesas antecipadas. Como exemplo, podemos observar os seguros: é comum a empresa pagar pelo seguro antecipadamente e usufruir dos seus benefícios em períodos futuros. Imagine que uma empre- sa tenha contratado um seguro para o seu prédio industrial no mês de janeiro. Para tanto, ela pagou, à vista, o valor de R$ 12.000,00. Esse seguro, por sua vez, terá vigência de seis meses. Dessa forma, o registro da despesa com seguro será efetuado da seguinte forma em cada regime: Regimes Jan. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Caixa 12.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Compe- tência 2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00 Quadro 5 - Reconhecimento da despesa com seguro pelo regime de caixa e pelo regime de compe- tência / Fonte: a autora. 129 Perceba que, no regime de caixa, toda a despesa com seguro foi reconhecida no mês de janeiro, o que impacta de forma significativa na apuração do resultado nesse mês. Por outro lado, pelo regime de competência, a despesa com seguros é apropriada ao longo do seu período de vigência, uma vez que o fato gerador da despesa é a sua utilização. Agora que você sabe o que é receita e despesa e compreende a diferença entre regime de caixa e regime de competência, conheceremos a ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO. Além de utilizar o regime de competência para evidenciar o desempenho da entidade, a DRE segue toda uma organização que permite ao usuário identificar uma série de informações sobre como a entidade alcançou determinado resultado no período. Da mesma maneira que, no balanço patrimonial, os elementos são agrupados de forma específica, na DRE, as receitas e despesas também o são, assim temos uma estrutura a ser seguida. De qualquer forma, caso a entidade necessite, o nível de detalhamento das contas contábeis pode ser ampliado. A seguir, estão as descrições dos principais grupos de receitas e despesas que compõem a estrutura da DRE. Receita operacional bruta: corresponde às receitas geradas pela atividade principal da entidade em seu valor bruto. São divididas em: vendas de produtos, vendas de mercadorias e prestação de serviços. UNIDADE 4 UNIDADE 4 130 Deduções da receita bruta: corresponde às despesas que estão intima- mente ligadas às receitas brutas. Dizemos que são despesas que só são geradas se houver receita. Existem três tipos de deduções: ■ Devoluções de vendas: são mercadorias ou produtos devolvidos pe- los clientes. ■ Abatimentos: são descontos concedidos no ato da venda, como o desconto por pagamento à vista. ■ Impostos sobre vendas: são os impostos gerados no momento da venda ou prestação de serviços; variam, proporcionalmente, à venda. Exemplos: Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviços (ISS), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Custo das vendas: corresponde ao custo necessário para vender o produto, a mercadoria ou para realizar o serviço. Dependendo do ramo de atividade, existe a nomenclatura específica: ■ Custo dos produtos vendidos (CPV): utilizado por empresas indus- triais, compõe todos os gastos da fabricação (produção) do produto, como matéria-prima, mão de obra, energia elétrica, manutenção, em- balagem etc. ■ Custo das mercadorias vendidas (CMV): utilizado por empresas comerciais, corresponde ao valor das mercadorias que saem do esto- que em função da venda. ■ Custo dos serviços prestados (CSP): utilizado por empresas presta- doras de serviços, compõe todos os custos incorridos para a realização dos serviços, como mão de obra e materiais. Despesas operacionais: são despesas gera- das pela operacionalização da empresa, mas que não se enquadram como custo das ven- das. Os principais grupos de despesas ope- racionais são: 131 ■ Despesas com vendas: são despesas geradas pelo processo de vendas, como salário dos vendedores, comissões sobre vendas, gastos com pu- blicidade e propaganda, provisão para devedores duvidosos etc. ■ Despesas gerais e administrativas: são despesas geradas pela necessida- de de administrar (dirigir) a empresa. Exemplo: salários e encargos sociais do pessoal administrativo, aluguel de escritório, materiais de escritório, seguro da área administrativa, depreciação de móveis e utensílios etc. Despesas financeiras: são despesas decorrentes da remuneração de capitais de terceiros, como juros pagos ou incorridos, despesas bancárias, correção monetária de empréstimos, descontos concedidos, juros de mora pagos etc. Receitas financeiras: são receitas decorrentes do fornecimento de capital a terceiros, como juros de aplicações financeiras, juros de mora recebidos, descontos obtidos etc. Tributos sobre o lucro: corresponde aos valores de Imposto de Renda e Contribuição Social calculados sobre o lucro líquido do período de acordo com as regras fiscais. Despesas não operacionais: são as despesas provenientes de transações alheias à atividade operacional da empresa, como a perda ocorrida na venda de um ativo imobilizado. Receitas não operacionais: são as receitas provenientes de transações alheias à atividade operacional da empresa, como o ganho decorrente da ven- da de um ativo imobilizado. UNIDADE 4 UNIDADE 4 132 Em seu artigo 176, a Lei 6.404/76, Lei das Sociedades Anônimas (BRASIL, 1976), obriga a elaboração e publicação da Demonstração do Resultado do Exercício ao final de cada exercício social, devendo apresentar os valores correspondentes ao pe- ríodo anterior para fins de comparação. Em seu artigo 177, a lei também determina a adesão aos princípios de Contabilidade, mencionando a necessidade de registro segundo o regime de competência. Mesmo sem a obrigatoriedade de publicação, todas as empresas devem elaborar, anualmente, a sua DRE, mas, por uma questão de auxílio à gestão, é comum as empresas elaborarem a DRE mensalmente. A NBC TG 26 (R5) — Apresentação das Demonstrações Contábeis (CFC, 2017) define duas formas de apresentação das receitas e despesas pela DRE: uma basea- da na natureza da despesa e outra baseada na função da despesa. Independente do modelo utilizado ou do nível de detalhamento das contas, a DRE sempre se inicia com a receita operacional bruta, que evidencia a receita que a empresa obteve em sua atividade principal, e, desta receita, deduzem-se as despesas incorridas no período. De qualquer forma, a estrutura da DRE deve possibilitar ao usuário da informação obter dados que retratam o desempenho da entidade. Assim, o modelo apresentado no Quadro 6 é um bom exemplo de como a DRE pode ser estruturada. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO PERÍODO DE …/…/…. A …/…/…. RECEITA OPERACIONAL BRUTA Venda de produtos Venda de mercadorias Prestação de serviços (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Devoluções de vendas Abatimentos Impostos e contribuições incidentes sobre vendas (=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 133 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO PERÍODO DE …/…/…. A …/…/…. (-) CUSTO DAS VENDAS Custo dos produtos vendidos Custo das mercadorias vendidas Custo dos serviços prestados (=) LUCRO BRUTO (-) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas com vendas Despesas gerais e administrativas (=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO (-) DESPESAS FINANCEIRAS (+) RECEITAS FINANCEIRAS (=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO (-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO Imposto de renda Contribuição social sobre o lucro líquido (=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS (-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS (+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Quadro 6 - Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício / Fonte: adaptado de Gelbcke et al. (2021). Os sinais que aparecem na DRE representam: despesas (sinal de menos), re- ceitas (sinalde mais) e subtotais (sinal de igual). Esses subtotais são calculados da seguinte maneira: UNIDADE 4 UNIDADE 4 134 ■ Receita operacional líquida: corresponde ao valor da receita operacional bruta menos as deduções da receita bruta. Muitas empresas publicam sua DRE a partir da receita operacional líquida. ■ Lucro bruto — também denominado resultado bruto ou margem bruta: corresponde ao valor da receita operacional líquida menos o custo das vendas. ■ Lucro antes do resultado financeiro: corresponde ao valor do lucro bruto menos as despesas operacionais. ■ Resultado antes dos tributos sobre o lucro: corresponde ao valor do lucro antes do resultado financeiro menos as despesas financeiras e mais as receitas financeiras. ■ Resultado das operações continuadas: corresponde ao valor do lucro an- tes dos tributos sobre o lucro menos os tributos incidentes sobre o lucro. ■ Resultado líquido do exercício: corresponde ao valor do resultado das operações continuadas menos as despesas não operacionais e mais as receitas não operacionais. Esses subtotais são calculados de forma a permitir que os usuários da informação contábil identifiquem pontos importantes sobre como a entidade alcançou o resultado apresentado. De acordo com Nascimento (2019), esses subtotais evi- denciam quatro aspectos importantes: ■ Negócio principal da empresa: o desempenho da atividade principal da empresa pode ser visto no lucro bruto, afinal ele se refere à receita bruta da entidade menos todos os gastos relacionados a essa receita — impostos, abatimento, devoluções e custo das vendas ou prestação de serviços. O ideal é que a atividade principal da empresa gere resultado suficiente para cobrir os demais gastos necessários para a sua operação. ■ Estrutura que dá suporte à empresa: toda empresa, não importa o ramo de atividade, necessita de uma estrutura que dê suporte para realizar suas atividades. A estrutura de vendas é importante para que a empresa consiga comercializar seus produtos e serviços. A estrutura administra- tiva é importante para sua organização e gestão. Assim, o lucro antes do resultado financeiro demonstra se a empresa é eficiente em sua operacio- nalização como um todo, e não apenas na sua atividade principal. 135 ■ Política da empresa em sua gestão financeira: é comum as empresas pagarem juros pela utilização de capital de terceiros (ex.: empréstimo), assim como receberem juros por terceiros utilizarem seu capital (ex.: apli- cação financeira). Dessa forma, o lucro antes dos tributos sobre o lucro evidencia o impacto que a política da empresa quanto à utilização ou ao fornecimento de capital financeiro causa no resultado. ■ Operações de descontinuidade que afetam o resultado da empresa: as receitas e despesas não operacionais representam transações incomuns à rotina da empresa. Assim, o registro delas separadamente permite ao usuário da informação contábil identificar o resultado das operações con- tinuadas, o qual serve de base para projeções futuras, e o resultado líquido do exercício, do qual não se pode esperar que as operações descontinua- das voltem a se repetir facilmente. Agora que você conhece a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício e sabe que é possível extrair informações dela, praticaremos esse conhecimento e analisaremos um exemplo. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA M&F LTDA. PERÍODO DE 01/05/20XX A 31/05/20XX Em R$ RECEITA OPERACIONAL BRUTA Venda de mercadorias 350.000,00 Prestação de serviços 720.000,00 (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Abatimentos (70.000,00) Tributos sobre vendas (250.000,00) (=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 750.000,00 (-) CUSTO DAS VENDAS Custo das mercadorias vendidas (120.000,00) UNIDADE 4 UNIDADE 4 136 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA M&F LTDA. PERÍODO DE 01/05/20XX A 31/05/20XX Custo dos serviços prestados (240.000,00) (=) LUCRO BRUTO 390.000,00 (-) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas com vendas (25.000,00) Despesas gerais e administrativas (70.000,00) (=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 295.000,00 (-) DESPESAS FINANCEIRAS Descontos concedidos (4.000,00) Juros de mora pago (18.000,00) (+) RECEITAS FINANCEIRAS Juros sobre aplicação financeira 2.000,00 (=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 275.000,00 (-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO Imposto de Renda (IR) (35.000,00) Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (18.000,00) (=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 222.000,00 (-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS Perda na venda de imobilizado (90.000,00) (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 132.000,00 Quadro 7 - Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa M&F Ltda. / Fonte: a autora. Vamos lá! Primeiramente, repare que a DRE se refere à apuração de resultado de um único mês: maio de 20XX — representa um ano qualquer. O acompanhamen- to mensal possibilita uma gestão mais ativa, não sendo necessário esperar fina- lizar o ano para identificar pontos positivos e pontos que precisam de melhoria. 137 O exemplo apresentado no Quadro 7 se refere a uma empresa que vende mercadorias, mas que também presta serviços, na verdade, sua maior fonte de receita é a prestação de serviços. No período analisado, não houve devolução de mercadorias, o que é algo muito positivo para uma empresa, significa que seus produtos agradaram os clientes. Como é uma empresa que atua em dois ramos de atividade, o custo das vendas se divide em custo das mercadorias vendidas e custo dos serviços prestados. Com isso, o negócio principal da empresa M&F gerou um lucro bruto de R$ 390.000,00, o que é positivo, mas, para se dizer que é um bom resultado, seria necessário analisar outras empresas do mesmo ramo e do mesmo porte, afinal R$ 390.000,00 pode ser um resultado excelente, assim como também pode representar um péssimo resultado. No período apurado, a estrutura que dá suporte à empresa gerou uma despesa de R$ 95.000,00 (R$ 25.000,00 + R$ 70.000,00), que foi facilmente coberta pelo lucro bruto. Isso significa que o negócio principal da empresa consegue manter sua estrutura administrativa e ainda gerar um lucro antes do resultado financeiro de R$ 295.000,00. Além dos abatimentos (deduções da receita), a empresa concedeu descon- tos no valor de R$ 4.000,00. Contudo, qual é a diferença entre esse desconto e os abatimentos? Os abatimentos são descontos concedidos para incentivar a venda, como o desconto pelo pagamento à vista; já os descontos concedidos são feitos após a venda, podem ocorrer, por exemplo, quando o cliente paga a empresa antes do prazo estabelecido. Além dos descontos concedidos, a empresa teve uma despesa financeira com juros de mora no valor de R$ 18.000,00. Por algum descuido ou por falta de dinheiro, a empresa acabou atrasando o pagamento de alguma dívida, o que teve um impacto significativo no resultado, e isso é um ponto negativo para a empresa. Em sua política de gestão financeira, vemos que a empresa teve muito mais despesas com a utilização de capital de terceiros do que ganho com o fornecimento de capital, o que gerou um resultado antes dos tributos sobre o lucro de R$ 275.000,00, R$ 20.000,00 a menos do que o resultado anterior — resultado antes do resultado financeiro. Após os tributos sobre o lucro, a empresa apurou um resultado das operações continuadas no valor de R$ 222.000,00. O valor dos tributos é determinado pela legislação fiscal, mas os gestores devem estar atentos às possibilidades, pois é possível pagar menos tributos de forma lícita, mas, para isso, a empresa precisa ter uma boa gestão tributária. UNIDADE 4 UNIDADE 4 140 Despesas com vendas (50.000,00) Despesas gerais e administrativas (70.000,00) (=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 209.000,00 (-) DESPESAS FINANCEIRAS Juros sobre empréstimos bancários (1.000,00) (+) RECEITAS FINANCEIRAS Descontos financeiros obtidos 2.000,00 (=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOSSOBRE O LUCRO 210.000,00 (-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO Imposto de Renda (IR) (10.000,00) Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (8.000,00) (=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 192.000,00 (-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS Perda na venda de imobilizado (3.000,00) (+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS Ganho na venda de imobilizado 1.000,00 (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 190.000,00 Quadro 8 - Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Estilo Ltda. / Fonte: a autora. Com base na demonstração apresentada, analise os seguintes pontos sobre o desempenho da empresa Estilo Ltda: ■ Negócio principal da empresa. ■ Estrutura que dá suporte à empresa. ■ Política da empresa em sua gestão financeira. ■ Operações de descontinuidade que afetam o resultado da empresa Mas não se acanhe, é possível ir além desses pontos e descobrir outros aspectos relevantes sobre o desempenho da nossa empresa modelo. 141 1. Os regimes de caixa e de competência adotam momentos distintos para o reconhe- cimento das receitas e das despesas, interferindo na apuração do resultado de cada período. Nesse sentido, considere que a empresa Rende Mais Ltda. apresentou os seguintes dados para apuração do resultado do mês de setembro. Fatos do mês de setembro Valor Compra de mercadorias a prazo R$ 15.800,00 Compra de mercadorias à vista R$ 12.600,00 Venda de mercadorias a prazo R$ 40.300,00 Venda de mercadorias à vista R$ 11.700,00 Custos das mercadorias vendidas R$ 22.500,00 Despesas incorridas e pagas R$ 16.000,00 Despesas incorridas a pagar R$ 7.600,00 Quadro 1 - Dados para apuração do resultado da empresa Rende Mais Ltda. / Fonte: a autora. A partir desses dados, calcule o resultado da empresa Rende Mais Ltda. pelo regime de caixa e pelo regime de competência. 2. A empresa Vende Bem S.A. atua na venda de tubulações industriais a mais de 30 anos. Nesse período, ela conseguiu se consolidar no mercado e, hoje, possui 10 filiais espalhadas por todo o Brasil. Ao longo dos anos, os resultados positivos (lucros) fo- ram utilizados para ampliação do negócio e, também, para investimentos financeiros, tendo em vista que a diversidade de investimentos possibilita a sustentabilidade da empresa. Dessa forma, no ano de 20X1, a empresa gerou receita da seguinte forma: Venda de produtos: R$ 1.680.500,00. Juros sobre aplicações financeiras: R$ 390.400,00. 142 Considerando a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício, a venda de produtos e os juros sobre aplicações financeiras devem ser reconhecidos, respec- tivamente, como: a) Receita operacional bruta e receitas financeiras. b) Receita operacional bruta e dedução da receita bruta. c) Receita não operacional e receitas financeiras. d) Receita não operacional e dedução da receita bruta. e) Receitas financeiras e dedução da receita bruta. 3. A empresa Doce Lar Ltda. vende móveis e eletrodomésticos em geral. No mês de abril, a empresa gerou as seguintes receitas e despesas: Receitas e despesas Em R$ Venda de mercadorias 800.000,00 Custo das mercadorias vendidas 340.000,00 Abatimentos sobre vendas 47.000,00 Juros sobre empréstimos 3.000,00 Descontos recebidos 5.000,00 Devolução de vendas 13.000,00 Despesas com vendas 20.000,00 Imposto de renda 24.000,00 Contribuição social sobre o lucro líquido 11.000,00 Ganho na venda de imobilizados 8.000,00 Tributos sobre vendas 165.000,00 Despesas gerais e administrativas 58.000,00 Quadro 2 - Receitas e despesas do mês de abril da empresa Doce Lar Ltda./ Fonte: a autora. Utilizando os dados apresentados, estruture a Demonstração do Resultado do Exer- cício da empresa Doce Lar Ltda. UNIDADE 5 146 João está muito contente por ter aprendido a “ler” o balanço patrimo- nial e a Demonstração do Resultado. Agora, antes de tomar as suas deci- sões, ele analisa a situação econômica, financeira e patrimonial da empresa por meio das demonstrações con- tábeis, o que traz maior segurança e melhora seu desempenho na gestão da empresa Estilo. Contudo, João re- cebe as demonstrações mensalmen- te, e nós sabemos que, em uma loja de roupas, assim como a Estilo, são realizadas diversas transações diariamente: compra, venda, pagamento, recebimento etc. Por esse motivo, João deseja aprofundar seus conhecimentos sobre a Contabilidade e compreender as seguintes questões: ■ Todas as decisões que eu tomo impactam no patrimônio da minha empresa? E como impactam? ■ Por que, mesmo após realizar centenas de transações em um mês, o balanço permanece em equilíbrio? ■ Os fatos que impactam o patrimônio também impactam o resultado da mi- nha empresa? Convido-lhe a descobrir as respostas para essas perguntas, assim você e João estarão preparados para utilizar a Contabilidade a seu favor. “Bora” lá?! A importância de conhecer como a Contabilidade acompanha e registra todos os fatos contábeis se dá pelo caráter informativo das demonstrações. Como disse a nove- lista Josephine Tey, “a verdade não está nas histórias, mas nos livros de Contabilidade” (HENDRIKSEN; BREDA, 2012, p. 39). Isso significa que os registros contábeis são muito mais do que o preenchimento de dados em um programa: eles representam os acontecimentos ocorridos no dia a dia da entidade, ou seja, eles contam a história da entidade. Contudo, para que se possa enxergar essa história, assim como para que se saiba contar essa história por meio das demonstrações, é preciso compreender como o patrimônio é impactado pelos fatos contábeis. Lembra-se do balanço patrimonial que João recebeu do contador após o encerramento do primeiro período contábil? Então, foi este aqui: 147 Balanço patrimonial da empresa Estilo Ltda. Encerrado em 31/12/20X1 ATIVO Em R$ PASSIVO Em R$ ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE Disponível Fornecedores Caixa 15.000,00 Fornecedor X 75.000,00 Banco A 203.000,00 Salários e encargos sociais Créditos Salários a pagar 15.000,00 Duplicatas a receber 62.000,00 Férias a pagar 3.000,00 Estoque Obrigações fiscais Mercadorias 388.000,00 Impostos a recolher 16.000,00 Materiais de consumo 8.000,00 Obrigações financeiras ATIVO NÃO CIRCULANTE Empréstimos e finan. 35.000,00 Imobilizado PASSIVO NÃO CIRCULANTE Máquinas e equipamentos 15.000,00 Obrigações financeiras Móveis e utensílios 205.000,00 Empréstimos e finan. 17.000,00 (-) Depreciação acumulada (20.000,00) PATRIMÔNIO LÍQUIDO Intangível Capital Social Ponto comercial 75.000,00 Capital subscrito 600.000,00 Lucros ou prejuízos acumulados Lucro do exercício 190.000,00 TOTAL DO ATIVO 951.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 951.000,00 Quadro 1 - Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora. UNICESUMAR 149 Não sei se você reparou, mas, inicialmente, estudamos as demonstrações con- tábeis — balanço patrimonial e DRE — e, somente agora, conheceremos como são feitos os registros contábeis que dão origem a tais demonstrações. Parece que começamos de trás para frente, não é mesmo? Na verdade, seguimos a metodolo- gia proposta pela escola americana — também conhecida como norte-americana — para o ensino da Contabilidade. Na verdade, conforme a opinião de alguns autores de livros sobre Contabili- dade, há duas escolas distintas no ensino da matéria: “ Escola italiana: parte dos lançamentos contábeis (escrituração) para, no final, chegar às demonstrações financeiras. Escola ameri- cana: parte de uma visão conjunta das demonstrações financeiras, principalmente o Balanço Patrimonial, para, em seguida, estudar os lançamentos contábeis (escrituração) que deram origem a essas demonstrações (MARION, 2018, p. 126). A justificativa é que o(a) estudante tem maior facilidade para compreender o lançamento contábil quando consegue enxergar o que o fato provoca de alteração nos elementos patrimoniais e no resultado. Para isso, é necessário, primeiramente, estudar tais elementos, assim como fizemos. UNICESUMAR UNIDADE 5 150 Tudo aquilo que observamos na estruturado balanço patrimonial e da De- monstração do Resultado da empresa de João, a loja Estilo, na verdade, é decorrente do registro de todas as transações que aconteceram na entidade até aquele momento; ou seja, desde a constituição, todos os fatos contábeis são registrados e, após um período — que pode ser mensal, semestral, anual etc. —, o(a) contador(a) faz o levantamento das demonstrações. 1. Relatórios Contábeis 2. Escrituração Contábil BP DRE Descrição da Imagem: a figura apresenta dois passos da escrituração contábil. Inicia-se do lado esquerdo: o título do primeiro passo é “1. Relatórios contábeis”; abaixo, há duas tabelas em branco: uma com o título BP, de balanço patrimonial, outra com DRE, de Demonstração do Resultado do Exercício. Ao lado do primeiro passo e das tabelas, há duas setas apontadas para a direita, onde está o segundo passo, que tem como título “2. Escrituração contábil”, abaixo, há dois desenhos represen- tando livros de registros contábeis. Figura 1 - Escrituração contábil segundo a escola americana / Fonte: Marion (2018, p. 126). 151 Para efetuar os registros contábeis, é indispensável a utilização do PLANO DE CON- TAS, que, por sua vez, corresponde ao agrupamento ordenado de todas as contas contábeis utilizadas por uma entidade (MARION, 2018). O plano de contas traz uni- formidade aos registros, uma vez que a movimentação de um determinado elemento deve ser sempre registrada na mesma conta contábil. Por exemplo, imagine que uma empresa tenha adquirido materiais de escritório, como canetas e papéis, e registrou essa compra na conta “materiais de expediente”. No mês seguinte, a empresa com- prou novamente canetas e papéis, essa nova compra deve ser registrada na mesma conta contábil, já que se refere ao mesmo tipo de elemento; não se deve, por exemplo, registrar a nova compra na conta “materiais de uso e consumo” ou “materiais de escri- tório”. Se, a cada transação que envolva um mesmo tipo de elemento, a Contabilidade registrar em contas distintas, quando o usuário for analisar a demonstração, ele não conseguirá identificar corretamente a situação patrimonial da entidade. É importante esclarecer que cada empresa deve ter seu próprio plano de contas, o qual atende às suas particularidades: não faz sentido uma empresa comercial ter, em seu plano de contas, a conta contábil “matéria-prima”, afinal esse tipo de empre- sa compra a mercadoria já pronta e a revende. Por outro lado, essa conta contábil atende perfeitamente a realidade de empresas industriais, as quais transformam ma- téria-prima em produto acabado. Assim, antes mesmo de iniciar as operações, o(a) contador(a) deve definir o plano de contas ideal para a empresa. Uma vez definido, deve segui-lo de forma a dar uniformidade aos registros contábeis. UNICESUMAR UNIDADE 5 152 Estudar o plano de contas também é tarefa indispensável para quem quer com- preender o processo de registro contábil, afinal o registro nada mais é do que a evidenciação das alterações que os fatos contábeis provocam nos elementos patrimoniais. Assim, não é possível efetuar o registro sem conhecer as contas contábeis que representam tais elementos. Por esse motivo, no final deste livro, encontra-se, como ANEXO A, um modelo de plano de contas que utilizaremos para efetuar os registros contábeis neste mate- rial. Ele pode ser utilizado por qualquer tipo de empresa: comercial, industrial ou prestadora de serviços, desde que contemple os elementos existentes na entidade, contudo ter um plano de contas exclusivo para cada empresa é, sem dúvida, o ideal. Observe o plano de contas em anexo e, então, você poderá perceber que cada conta contábil possui um código — normalmente, utilizado para parametrizar os softwares — e uma descrição. Esses códigos são divididos em três grupos: 1 para ativo, 2 para passivo e 3 para contas de resultado (receitas e despesas). Perceba que não há um código exclusivo para as contas do patrimônio líquido, porque este é considerado um subgrupo do passivo. Esses grupos, por sua vez, são detalhados até chegar a conta contábil analítica, a qual, efetivamente, recebe o lançamento: Código Conta contábil Classificação 1 ATIVO Conta sintética 1.01 ATIVO CIRCULANTE Conta sintética 1.01.01 CAIXA E EQUIVALENTE DE CAIXA Conta sintética 1.01.01.01 CAIXA E FUNDO FIXO Conta sintética 1.01.01.01.001 CAIXA Conta analítica 1.01.01.01.002 FUNDO FIXO Conta analítica Quadro 2 - Exemplo de contas analíticas e contas sintéticas / Fonte: a autora. Uma vez estruturado o plano de contas a ser utilizado pela empresa, é possível alterar alguma conta contábil — incluir, excluir, renomear etc. — ou a lista deve permanecer inalterada para sempre? PENSANDO JUNTOS 153 Dessa forma, as contas sintéticas evidenciam a soma das contas analíticas. Com base no Quadro 2, a conta sintética “caixa e fundo fixo” evidenciará a somatória das contas analíticas “caixa” e “fundo fixo”. As demonstrações divulgadas pelas empresas, como as de capital aberto, que são obriga- das a tornarem públicas suas demonstrações, normalmente, não evidenciam os dados a nível de contas analíticas. PENSANDO JUNTOS As contas dos grupos 1 e 2 são denominadas contas patrimoniais, assim são utilizadas para a elaboração do balanço patrimonial. Já as contas do grupo 3 são denominadas contas de resultado e, por isso, são utilizadas para a elaboração da Demonstração do Resultado. Uma vez conhecidas as contas contábeis, o processo de registro pode ser ordenado em quatro passos. OLHAR CONCEITUAL Para efetuar o registro contábil de um fato, é necessário passar por um processo que envol- ve, basicamente, quatro passos ordenados, conforme vemos a seguir: 1º PASSO Identificar o fato: se é uma compra, uma venda, um pagamento etc, e suas particularidades, ou seja, se foi à vista ou a prazo, entre outros detalhes. 2º PASSO Interpretar o que o fato provocou nos elementos patrimoniais ou de resultado: se provocou aumento ou diminuição. 3º PASSO Encontrar as contas contábeis que representam os elementos afetados. 4º PASSO Registrar nas referidas contas as variações em valor monetário provocadas pelo fato ocorrido. Como já abordado neste material, a base dos registros contábeis é o Método das Partidas Dobradas. Não é à toa que o frei Luca Pacioli, que foi o primeiro a pu- blicar o método, ficou conhecido como o “pai da Contabilidade”. O Método das Partidas Dobradas estabelece que: UNICESUMAR UNIDADE 5 154 Para cada causa, existe um efeito. Para cada origem, existe uma aplicação. Para cada débito, existe um crédito. É justamente por essa relação de causa e efeito, origem e aplicação, débito e crédito que o balanço sempre se mantém em equilíbrio. A ideia é que o re- gistro contábil não deve evidenciar somente o recurso financeiro, mas, sim, contar como tal recurso foi adquirido. É por isso que todo registro contábil envolve, no mínimo, duas contas contábeis. Tudo isso ficará mais claro com os exemplos apresentados mais adiante. Você deve ter ouvido dizer que o débito e o crédito da Contabilidade são o contrário do débito e crédito do extrato bancário. Na verdade, não se trata de uma questão de oposição: na Contabilidade, a palavra débito também se refere àquilo que se deve, assim como a palavra crédito se refere àquilo que se tem a haver, a diferença está na interpretação de quem deve e de quem tem a haver. O mecanismo de débito e crédito é aplicado pela Contabilidade segundo a teoria personalista das contas. Segundo ela, cada conta contábil possui personalidade própria, e a interação entre a conta e a empresa, que também possui personalidade própria, dá origem aos débitos e créditos. É em função dessa teoria que as contas do ativo têm natureza devedora e as contas do passivo e patrimônio líquido têm natureza credora, assim como as contas de receita têm natureza credora e as de despesa têm natureza devedora.Grupo de contas Natureza Ativo Devedora Passivo e PL Credora Receita Credora Despesa Devedora Quadro 3 - Natureza dos grupos de contas contábeis / Fonte: a autora. 155 Para entender melhor a natureza das contas, observe a Figura 2: Ativo • Caixa Passivo + PL • Capital Social • Resultado Receita (C) Despesa (D) D C Empresa Descrição da Imagem: a figura apresenta um processo. No centro, há uma tabela representando o balanço patrimonial: do lado direito, no ativo, está a conta caixa e, do lado esquerdo, no passivo + PL, estão as contas Capital Social e Resultado. Do lado da coluna do passivo + PL, há a figura de uma mulher vestindo roupa social. Acima da coluna do passivo + PL, há uma seta para cima apontando a figura de uma empresa; ao lado dessa seta, está a letra C, representando crédito. Abaixo da imagem da empresa, existe uma outra seta que sai da empresa em direção à coluna do ativo; ao lado desta seta, está a letra D, representando débito. Ao lado da coluna do ativo, há uma imagem de dinheiro. Do lado esquerdo da coluna do passivo + PL, há a imagem de um cifrão ($); abaixo, estão as palavras “Receita (C)” e “Despesa (D)”; destas palavras, sai uma seta apontando para a conta resultado. Figura 2 - Natureza das contas contábeis / Fonte: a autora. Para entender a figura e compreender a natureza das contas, imagine a cons- tituição de uma empresa: para dar início às atividades operacionais, os sócios investem dinheiro na empresa, o qual é representado pela conta contábil Capital Social. Agora, use a sua imaginação e se coloque no lugar dessa conta, afinal, se- gundo a teoria personalista, cada conta possui sua própria personalidade. Assim, você, enquanto conta contábil, fornece dinheiro para a empresa, por isso, você, enquanto conta contábil, fica com crédito com a empresa. Assim, como as contas do passivo e patrimônio líquido representam fontes de recursos, elas sempre ficam com créditos na empresa, daí, então, a sua natureza credora. UNICESUMAR UNIDADE 5 156 Agora, ainda utilizando a sua imaginação, coloque-se no lugar da conta caixa. A empresa recebeu dinheiro dos sócios e aplicou esse recurso em você, enquanto conta contábil, assim você fica com um compromisso com a empresa, ou seja, torna-se devedor(a). Quando a empresa precisar do dinheiro, você devolverá o recurso a ela. Assim, como as contas do ativo representam aplicação de recursos, elas sempre ficam devedoras para a empresa, daí, então, a sua natureza devedora. As contas de resultado, por sua vez, impactam no patrimônio líquido. Dessa forma, como as receitas provocam aumento no patrimônio líquido, elas possuem natureza credora; por outro lado, como as despesas diminuem o patrimônio lí- quido, elas têm natureza devedora. Uma vez compreendida a natureza da conta, basta identificar o que o fato provocou: aumento ou diminuição, para, então, realizar o lançamento contábil. Alteração ATIVO (Devedora) PASSIVO + PL (Credora) Aumento Debita Credita Diminuição Credita Debita Quadro 4 - Movimentação das contas patrimoniais / Fonte: a autora. Para entender essa aplicação, utilizaremos o exemplo de uma compra de merca- dorias a prazo no valor de R$ 2.000,00. Primeiramente, precisamos entender o fato: ao comprar mercadorias, o estoque da empresa aumentou, por outro lado, a compra a prazo gerou uma obrigação. Agora, identificamos as contas: merca- dorias para revenda e fornecedores. Por fim, conciliamos a conta contábil à sua movimentação: houve aumento na conta mercadorias e aumento na conta for- necedores, por isso, a conta contábil mercadorias deverá receber um lançamento a débito, e a conta fornecedores, um lançamento a crédito. Alteração ATIVO (Devedora) PASSIVO + PL (Credora) Aumento Debita Credita Diminuição Credita Debita Quadro 5 - Identificação das movimentações das contas contábeis / Fonte: a autora. Assim, a contabilização desse fato por meio do mecanismo de débito e crédito ficaria desta forma: 157 Débito: Mercadorias R$ 2.000,00 Crédito: Fornecedores R$ 2.000,00 Perceba que o valor lançado a débito é igual ao valor lançado a crédito, atendendo à determinação do Método das Partidas Dobradas. No exemplo apresentado, houve aumento nas duas contas, mas existem fatos que provocam aumento em uma conta e diminuição em outra ou, até mesmo, diminuição em duas. De qualquer forma, não importa o fato a ser contabilizado, uma vez identificadas as alterações nas contas contábeis, basta observar o esquema do Quadro 4 para realizar a contabilização. Que tal conversarmos um pouco mais sobre o Método das Partidas Dobradas? Então, acompanhe-me neste podcast e nos aprofundaremos no mundo da Contabilidade. UNICESUMAR UNIDADE 5 158 Na prática, os contadores registram os fatos contábeis por meio do mecanismo de débito e crédito, conforme o exemplo apresentado anteriormente. Contudo, neste material, utilizaremos o MÉTODO DOS BALANÇOS SUCESSIVOS como base para o registro contábil. De acordo com Marion (2018, p. 134), “a Contabilidade por balanços sucessivos é bastante simples: a cada operação realizada pela empresa faz-se a alteração em um novo balanço”. Por mais que seja muito didático, essa metodologia é inviável na prática. Imagine a loja do João: diariamente, ele faz diversas vendas, paga contas, compra mercadorias, recebe de clientes etc., você já pensou em elaborar um balanço após cada um desses fatos? Três contadores não dariam conta, não é verdade?! Além disso, hoje em dia, a tecnologia está muito acessível, possibilitando efetuar os registros de forma síncrona entre os programas. Por exemplo, ao emitir o cupom de venda, o sistema automaticamente dá baixa no estoque e gera um valor a receber — no caso de venda a prazo. Em muitos casos, o sistema da empresa já está parame- trizado com o sistema utilizado pelo contador, assim este nem precisa lançar todas as notas, simplesmente faz upload dos dados e dá continuidade aos serviços contábeis. Por mais que a tecnologia traga agilidade aos registros contábeis, não podemos deixar essa tarefa à sua mercê, afinal somente a pessoa pensante é capaz de interpretar com destreza o que o fato provocou no patrimônio da entidade: os sistemas simples- mente fazem o que são parametrizados para fazer. Dessa forma, é extremamente importante conhecer como os fatos contábeis impactam o patrimônio e como a Contabilidade faz seus registros, do contrário, se o sistema fizer alguma contabili- zação errada, você não conseguirá identificar, e isso pode atrapalhar seu trabalho. 159 Antes de abordarmos a aplicação do Método das Partidas Dobradas, esclarecere- mos quais são os fatos que devem ser registrados pela Contabilidade. Nem tudo o que acontece na empresa, nem todas as decisões tomadas precisam ser regis- tradas. Por isso, existe o conceito de ATOS ADMINISTRATIVOS E FATOS ADMINISTRATIVOS. Os atos administrativos são decisões tomadas pelos gestores da entidade, os quais não impactam, a priori, os elementos patrimoniais ou de resultado. Quando se decide contratar um funcionário, adquirir um imóvel, firmar uma parceria etc., esses fatos, inicialmente, não impactam os elementos: somente quando o funcionário for contratado e trabalhar durante um mês é que sur- girá a obrigação (passivo) de pagar o seu salário; somente quando a docu- mentação do imóvel estiver pronta, ele representará um bem (ativo) para a entidade; e assim por diante. Por outro lado, os fatos administrativos, também denominados fatos contábeis, são aqueles que provocam alterações nos ele- mentos, patrimoniais ou de resultado, como os pagamentos, recebimentos, compras, vendas, entre outros. Imagine que uma empresa tenha assinado um contrato se comprometendo a comprar mercadorias de um fornecedor específico. Esse contrato representa apenas um compromisso que em nada interfere nos elementos patrimoniais, assim ele é considerado um ato administrativo. Contudo, quandoo fornecedor emitir a nota fiscal de venda e a empresa receber a mercadoria, nesse momento, os elementos patrimoniais são impactados: gera-se um aumento no estoque e um aumento nas obrigações — considerando uma compra a prazo —, dessa forma, a emissão da nota fiscal serve de documentação para o registro contábil. Agora que você já entendeu a necessidade de se utilizar o plano de contas, já compreendeu como funciona, basicamente, o processo de registro e já sabe quais fatos devem ser contabilizados, utilizaremos uma outra empresa modelo, a empresa Fato a Fato Ltda., para, então, realizarmos um EXEMPLO PRÁTICO. Dados da empresa: ■ Razão social: Fato a Fato Ltda. ■ Ramo de atividade: comércio de calçados. ■ Sociedade: quatro sócios com participação de 25% cada. A empresa Fato a Fato Ltda. foi constituída no dia 01 de setembro de 20X1. Nesse primeiro mês, ocorreram os seguintes fatos: UNICESUMAR UNIDADE 5 160 Fato 01: 01/09/20X1: subscrição do Capital Social no valor de R$ 800.000,00. Fato 02: 02/09/20X1: integralização de 60% do capital subscrito da seguin- te maneira: R$ 30.000,00 em dinheiro, R$ 260.000,00 em depósito bancário na conta corrente da empresa e R$ 190.000,00 em mesas, cadeiras, armários e outros móveis. Fato 03: 02/09/20X1: compra de computadores, câmeras de segurança e aparelhos de ar-condicionado à vista no valor de R$ 80.000,00. O pagamento foi feito por meio de transferência bancária. Fato 04: 05/09/20X1: compra de calçados a prazo no valor de R$ 200.000,00, a vencer em 30 dias. Fato 05: 06/09/20X1: compra de calçados à vista no valor de R$ 50.000,00. O pagamento foi feito por meio de transferência bancária. Fato 06: 10/09/20X1: compra de um veículo no valor de R$ 32.400,00 por meio de um financiamento que será pago em 36 parcelas mensais de R$ 900,00, sendo que 16 parcelas vencem no curto prazo e 20 no longo prazo. Fato 07: 10/09/20X1: pagamento de aluguel referente ao mês de setembro no valor de R$ 5.000,00. O pagamento foi efetuado em dinheiro. Fato 08: 12/09/20X1: venda de calçados à vista no valor de R$ 150.000,00, recebidos em dinheiro. O custo dos calçados que saíram do estoque foi de R$ 70.000,00. 161 Fato 09: 12/09/20X1: depósito de dinheiro na conta corrente bancária no valor de R$ 125.000,00. Fato 10: 15/09/20X1: venda de calçados a prazo no valor de R$ 200.000,00. O custo dos calçados que saíram do estoque foi de R$ 95.000,00. Fato 11: 16/09/20X1: integralização de 25% do capital subscrito por meio da aquisição de calçados. Fato 12: 20/09/20X1: pagamento da primeira parcela do financiamento em dinheiro. Fato 13: 21/09/20X1: pagamento da dívida com fornecedores por meio de trans- ferência bancária. Como o pagamento foi realizado antes do vencimen- to, o fornecedor concedeu 10% de desconto. Fato 14: 25/09/20X1: recebimento de clientes no valor de R$ 90.000,00, sendo R$ 18.000,00 em dinheiro e o restante por meio de transferência bancária. Fato 15: 28/09/20X1: compra de calçados no montante de R$ 120.000,00, sendo que R$ 40.000,00 foram pagos à vista por meio de transferência bancá- ria e o restante ficou para pagamento em 30 dias. Fato 16: 30/09/20X1: reconhecimento da despesa com salário do mês de setem- bro no valor de R$ 15.000,00, o qual será pago no mês outubro. Fato 17: 30/09/20X1: reconhecimento da despesa com depreciação dos ativos imobilizados no montante de R$ 4.000,00. UNICESUMAR UNIDADE 5 162 Agora que conhecemos os fatos ocorridos no mês de setembro, que representa o primeiro passo do processo de contabilização, efetuaremos os outros três passos separadamente para cada fato. Fato 01: 01/09/20X1 Identificação: subscrição do Capital Social no valor de R$ 800.000,00. Interpretação: a subscrição corresponde ao compromisso assumido pelos sócios ao assinar o contrato social para investir na empresa. Como foi men- cionado, a subscrição, apenas, significa que o contrato foi assinado, mas os sócios ainda não entregaram recursos financeiros para a empresa. Contas contábeis: a conta que representa os investimentos dos sócios é a de Capital Social. A conta que representa o que a empresa tem a receber dos sócios referente ao compromisso definido pelo contrato é a capital a integra- lizar, que é uma conta redutora (negativa). Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Passivo não circulante Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital subscrito 800.000,00 (-) Capital a integralizar (800.000,00) TOTAL: 0,00 TOTAL: 0,00 Quadro 6 - Balanço decorrente do Fato 01 / Fonte: a autora. Perceba que, nesse primeiro balanço, o saldo do patrimônio está zerado. Na verdade, nesse momento, a empresa só existe no papel, ainda não movimentou nenhum recurso financeiro. 163 Fato 02: 02/09/20X1 Identificação: integralização de 60% do capital subscrito da seguinte ma- neira: R$ 30.000,00 em dinheiro, R$ 260.000,00 em depósito bancário na conta corrente da empresa e R$ 190.000,00 em mesas, cadeiras, armários, estantes e outros móveis. Interpretação: a integralização corresponde ao fornecimento de recursos financeiros dos sócios decorrente do compromisso assumido pelo contrato social. É importante entender que o cumprimento desse compromisso em nada interfere no Capital Social da empresa, apenas a dívida que os sócios possuíam foi parcialmente paga. Com a integralização, a empresa passa a ter saldo de dinheiro em seu caixa, saldo em sua conta bancária e mesas, cadeiras, armários, estantes, entre outros. Contas contábeis: o aumento/surgimento de dinheiro é registrado na conta caixa; o aumento/surgimento de saldo na conta corrente é registrado na con- ta banco A; o aumento/surgimento de mesas, cadeiras, armários, estantes etc. é registrado na conta móveis e utensílios; e a diminuição da dívida dos sócios é registrado na conta capital a integralizar. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 30.000,00 Banco A 260.000,00 Passivo não circulante Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00) TOTAL: 480.000,00 TOTAL: 480.000,00 Quadro 7 - Balanço decorrente do Fato 02 / Fonte: a autora. UNICESUMAR UNIDADE 5 164 Com a integralização do capital, a empresa recebe recursos de seus sócios e passa a ter um patrimônio positivo. A conta Capital Social permanece inalte- rada até que haja alterações no contrato social, como as decorrentes de saída ou entrada de novo sócio. Fato 03: 02/09/20X1 Identificação: compra de computadores, câmeras de segurança e aparelhos de ar-condicionado à vista no valor de R$ 80.000,00. O pagamento foi feito por meio de transferência bancária. Interpretação: com a compra de computadores, câmeras de segurança e aparelhos de ar-condicionado, a empresa passa a ter novos bens em seu ativo. Como foi uma compra à vista, por meio de transferência bancária, houve a diminuição no saldo da conta corrente da empresa. Contas contábeis: o aumento/surgimento dos computadores, câmeras de segurança e aparelhos de ar-condicionado é registrado na conta máquinas e equipamentos e a diminuição do saldo da conta corrente é registrada na conta banco A. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 30.000,00 Banco A 180.000,00 Passivo não circulante Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Máquinas e equipa- mentos 80.000,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00) TOTAL: 480.000,00 TOTAL: 480.000,00 Quadro 8 - Balanço decorrente do Fato 03 / Fonte: a autora. 165 Nesse fato, não houve uma nova fonte de recurso, por isso, o balanço se manteve com o valor de R$ 480.000,00. O que aconteceu foi a transformação de um re- curso do ativo em outro, no caso, atransformação de dinheiro da conta corrente bancária em equipamentos. Fato 04: 05/09/20X1 Identificação: compra de calçados a prazo no valor de R$ 200.000,00 a vencer em 30 dias. Interpretação: a compra de calçados, que corresponde à mercadoria vendida pela empresa, provocou aumento no estoque da empresa. Como foi uma compra a prazo, também gerou uma dívida. Contas contábeis: o aumento/surgimento dos calçados no estoque da em- presa é registrado na conta mercadorias, e a dívida gerada por essa compra é registrada em fornecedores. A conta fornecedores é exclusiva para dívidas decor- rentes da atividade principal da empresa, como a compra de matéria-prima em indústrias ou de mercadorias em comércios. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 30.000,00 Fornecedores 200.000,00 Banco A 180.000,00 Passivo não circulante Mercadorias 200.000,00 Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Máquinas e equipamentos 80.000,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00) TOTAL: 680.000,00 TOTAL: 680.000,00 Quadro 9 - Balanço decorrente do Fato 04 / Fonte: a autora. UNICESUMAR UNIDADE 5 166 Com a nova captação de recursos, agora, por meio de fornecedores, o valor total do ativo, assim como do passivo e PL aumentou, totalizando R$ 680.000,00. Fato 05: 06/09/20X1 Identificação: compra de calçados à vista no valor de R$ 50.000,00. O paga- mento foi feito por meio de transferência bancária. Interpretação: a compra de calçados provocou aumento no estoque da em- presa. Em contrapartida, como foi à vista, por meio de transferência bancária, o saldo da conta corrente diminuiu. Contas contábeis: o aumento no estoque de calçados é registrado na conta mer- cadorias, e a diminuição do saldo da conta corrente é registrada na conta banco A. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 30.000,00 Fornecedores 200.000,00 Banco A 130.000,00 Passivo não circulante Mercadorias 250.000,00 Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Máquinas e equipa- mentos 80.000,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00) TOTAL: 680.000,00 TOTAL: 680.000,00 Quadro 10 - Balanço decorrente do Fato 05 / Fonte: a autora. Nesse fato, o valor do balanço se manteve em R$ 680.000,00, porque, novamente, não houve aumento de fonte de recurso, simplesmente a transformação de um recurso (banco A) por outro (mercadorias). 167 Fato 06: 10/09/20X1 Identificação: compra de um veículo no valor de R$ 32.400,00 por meio de um financiamento que será pago em 36 parcelas mensais de R$ 900,00, sendo que 16 parcelas vencem no curto prazo e 20 no longo prazo. Interpretação: com a compra do veículo, a empresa passou a ter um novo bem. Por outro lado, como a compra foi feita por meio de um financiamento, gerou-se uma dívida que vencerá parte no curto prazo e parte no longo prazo. Contas contábeis: o bem deve ser registrado na conta veículos no ativo não circulante, pois se trata de um elemento que não tem prazo para a empresa se desfazer. O valor corresponde às parcelas do financiamento que vencem no curto prazo e devem ser registradas na conta financiamentos a pagar do passivo circu- lante, e o valor corresponde às parcelas de longo prazo na conta financiamentos a pagar do passivo não circulante. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 30.000,00 Fornecedores 200.000,00 Banco A 130.000,00 Financiamentos a pagar 14.400,00 Mercadorias 250.000,00 Passivo não circulante Ativo não circulante Financiamentos a pagar 18.000,00 Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Máquinas e equipa- mentos 80.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00) TOTAL: 712.400,00 TOTAL: 712.400,00 Quadro 11 - Balanço decorrente do Fato 06 / Fonte: a autora. UNICESUMAR UNIDADE 5 168 O financiamento corresponde a uma fonte de recurso decorrente de capital de terceiros, provocando aumento no saldo do balanço. Fato 07: 10/09/20X1 Identificação: pagamento de aluguel referente ao mês de setembro no valor de R$ 5.000,00. O pagamento foi efetuado em dinheiro. Interpretação: o aluguel do imóvel no qual a empresa está instalada represen- ta uma despesa para a empresa. Como foi pago em dinheiro, significa que saiu dinheiro do caixa. Contas contábeis: a despesa com aluguel é uma conta de resultado e, como tal, é evidenciada na DRE. Contudo, como estudado na Unidade 4, o resultado da DRE é evidenciado no patrimônio líquido. Assim, apresentaremos as contas de resultado em quadros acessórios e daremos continuidade ao método de balanços sucessivos ajustando o valor do resultado no PL. Elemento Conta contábil Valor (em R$) Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00) Resultado Lucros/prejuízos acumulados (5.000,00) Quadro 12 - Quadro auxiliar do Fato 07 / Fonte: a autora. Como ainda estamos registrando os fatos contábeis, ou seja, ainda não fechamos um período, não sabemos se o resultado será de lucro ou prejuízo, por isso, utili- zaremos a conta lucro/prejuízos acumulados. A saída de dinheiro decorrente do pagamento do aluguel deve ser registrada na conta caixa. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 25.000,00 Fornecedores 200.000,00 Banco A 130.000,00 Financiamentos a pagar 14.400,00 Mercadorias 250.000,00 Passivo não circulante 169 BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo não circulante Financiamentos a pagar 18.000,00 Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Máquinas e equi- pamentos 80.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00) Lucros/prejuízos acu- mulados (5.000,00) TOTAL: 707.400,00 TOTAL: 707.400,00 Quadro 13 - Balanço decorrente do Fato 07 / Fonte: a autora. A despesa diminui o saldo de recursos decorrentes do capital próprio (PL), fa- zendo com que o saldo do balanço diminua para R$ 707.400,00. Fato 08: 12/09/20X1 Identificação: venda de calçados à vista no valor de R$ 150.000,00, recebidos em dinheiro. O custo dos calçados que saíram do estoque foi de R$ 70.000,00. Interpretação: a venda, na verdade, envolve dois registros: um referente à ven- da em si e outro referente à baixa do estoque. Isso porque essas duas operações possuem valores distintos. Imagine que você é um(a) revendedor(a) de roupas: se você comprar uma calça por R$ 70,00 e vendê-la por R$ 70,00, você não ganhará nada, não é mesmo?! É por isso que o valor da venda é um e o valor da mercadoria que sai do estoque é outro. Assim, no primeiro registro, como foi uma venda à vista recebida em dinheiro, haverá aumento do caixa, esse aumento corresponde à receita de venda. No segundo registro, deve-se reconhecer a diminuição do estoque, que, no caso, corresponde a uma despesa. Contas contábeis: o aumento de dinheiro deve ser registrado na conta caixa e a geração de receita decorrente da venda deve ser registrada na conta receita de vendas (resultado). A saída de calçados do estoque deve ser registrada na conta mercadorias, e a geração de despesa decorrente desse sacrifício deve ser registrada na conta custo das mercadorias vendidas (resultado). UNICESUMAR UNIDADE 5 170 Elemento Conta contábil Valor (em R$) Receita Receita de vendas 150.000,00 Despesa Custo das mercadorias vendidas (70.000,00) Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00) Resultado Lucros/prejuízos acumulados 75.000,00 Quadro 14 - Quadro auxiliar do Fato 08 / Fonte: a autora. Após a venda, o novo resultado deve ser registrado na conta lucros/prejuízos acumulados. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 175.000,00 Fornecedores 200.000,00 Banco A 130.000,00 Financiamentos a pagar 14.400,00 Mercadorias180.000,00 Passivo não circulante Ativo não circulante Financiamentos a pagar 18.000,00 Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Máquinas e equipamentos 80.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00) Lucros/prejuízos acumulados 75.000,00 TOTAL: 787.400,00 TOTAL: 787.400,00 Quadro 15 - Balanço decorrente do Fato 08 / Fonte: a autora. Mesmo após deduzir as despesas — aluguel e custo das mercadorias vendidas —, a receita de vendas gerou aumento de recursos decorrentes do capital próprio (PL), aumentando o saldo do balanço para R$ 787.400,00. 171 Fato 09: 12/09/20X1 Identificação: depósito de dinheiro na conta corrente bancária no valor de R$ 125.000,00. Interpretação: o depósito provoca a saída de dinheiro da empresa e o aumento do saldo da conta corrente bancária da empresa. Contas contábeis: a diminuição de dinheiro deve ser registrada na conta caixa e o aumento na conta corrente deve ser registrado na conta banco A. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 50.000,00 Fornecedores 200.000,00 Banco A 255.000,00 Financiamentos a pagar 14.400,00 Mercadorias 180.000,00 Passivo não circulante Ativo não circulante Financiamentos a pagar 18.000,00 Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Máquinas e equipamentos 80.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00) Lucros/prejuízos acumulados 75.000,00 TOTAL: 787.400,00 TOTAL: 787.400,00 Quadro 16 - Balanço decorrente do Fato 09 / Fonte: a autora. O saldo do balanço se manteve inalterado, pois não houve aumento nem diminuição nas fontes de recursos, tanto nas decorrentes de capital próprio como de capital de terceiros. UNICESUMAR UNIDADE 5 172 Fato 10: 15/09/20X1 Identificação: venda de calçados a prazo no valor de R$ 200.000,00. O custo dos calçados que saíram do estoque foi de R$ 95.000,00. Interpretação: conforme dito anteriormente, a venda gera dois registros. No registro da venda, como foi a prazo, surgirá o direito de receber do cliente, esse direito corresponde à receita de venda. No registro da baixa do estoque, deve-se reconhecer a saída de mercadorias, que, no caso, corresponde a uma despesa. Contas contábeis: o aumento/surgimento do direito de receber do cliente deve ser registrado na conta duplicatas a receber, e a geração de receita decorrente da venda deve ser registrada na conta receita de vendas (resultado). A saída de calçados do estoque deve ser registrada na conta mercadorias, e a geração de despesa decorrente desse sacrifício deve ser registrada na conta custo das mer- cadorias vendidas (resultado). Elemento Conta contábil Valor (em R$) Receita Receita de vendas 350.000,00 Despesa Custo das mercadorias vendidas (165.000,00) Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00) Resultado Lucros/prejuízos acumulados 180.000,00 Quadro 17 - Quadro auxiliar do Fato 10 / Fonte: a autora. Após a venda, o novo resultado deve ser registrado na conta lucros/prejuízos acumulados. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 50.000,00 Fornecedores 200.000,00 173 BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Banco A 255.000,00 Financiamentos a pagar 14.400,00 Duplicatas a receber 200.000,00 Passivo não circulante Mercadorias 85.000,00 Financiamentos a pagar 18.000,00 Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Máquinas e equipamentos 80.000,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00) Veículo 32.400,00 Lucros/prejuízos acumulados 180.000,00 TOTAL: 892.400,00 TOTAL: 892.400,00 Quadro 18 - Balanço decorrente do Fato 10 / Fonte: a autora. Após essa venda, novamente, houve aumento na fonte de recursos próprios (PL), aumentando o saldo do balanço para R$ 892.400,00. Fato 11: 16/09/20X1 Identificação: integralização de 25% do capital subscrito por meio da aqui- sição de calçados. Interpretação: a nova integralização provocou aumento no estoque de calça- dos e a diminuição da dívida dos sócios com a empresa. 25% do capital subscrito correspondem a R$ 200.000,00. Contas contábeis: o aumento do estoque deve ser registrado na conta mer- cadorias e diminuição da dívida dos sócios deve ser registrada na conta capital a integralizar. UNICESUMAR UNIDADE 5 174 Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 50.000,00 Fornecedores 200.000,00 Banco A 255.000,00 Financiamentos a pagar 14.400,00 Duplicatas a receber 200.000,00 Passivo não circulante Mercadorias 285.000,00 Financiamentos a pagar 18.000,00 Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Máquinas e equipamentos 80.000,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00) Veículo 32.400,00 Lucros/Prejuízos acumulados 180.000,00 TOTAL: 1.092.400,00 TOTAL: 1.092.400,00 Quadro 19 - Balanço decorrente do Fato 11 / Fonte: a autora. O capital investido pelos sócios é uma fonte de recurso próprio, por isso, o saldo do balanço aumentou para R$ 1.092.400,00. Fato 12: 20/09/20X1 Identificação: pagamento da primeira parcela do financiamento em dinheiro. Interpretação: o pagamento provocou a saída de dinheiro da empresa, mas, em contrapartida, houve a diminuição do saldo da dívida do financiamento. Contas contábeis: a diminuição de dinheiro deve ser registrada na conta caixa e a diminuição da dívida deve ser registrada na conta financiamentos a pagar do passivo circulante. Registro: 175 BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 49.100,00 Fornecedores 200.000,00 Banco A 255.000,00 Financiamentos a pagar 13.500,00 Duplicatas a receber 200.000,00 Passivo não circulante Mercadorias 285.000,00 Financiamentos a pagar 18.000,00 Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Máquinas e equipamentos 80.000,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00) Veículo 32.400,00 Lucros/prejuízos acumulados 180.000,00 TOTAL: 1.091.500,00 TOTAL: 1.091.500,00 Quadro 20 - Balanço decorrente do Fato 12 / Fonte: a autora. Ao pagar a parcela do financiamento, a empresa está devolvendo o recurso obtido por meio de terceiros, o que provocou a diminuição do saldo do balanço. Fato 13: 21/09/20X1 Identificação: pagamento da dívida com fornecedores por meio de transferên- cia bancária. Como o pagamento foi realizado antes do vencimento, o fornecedor concedeu 10% de desconto. Interpretação: o pagamento provoca a diminuição da dívida com fornecedo- res, que, no caso, é de R$ 200.000,00, e a diminuição do saldo da conta corrente em R$ 180.000,00. A diferença de R$ 20.000,00 se refere ao desconto concedido pelo fornecedor, o qual representa uma receita para a empresa. Contas contábeis: a diminuição da conta corrente deve ser registrada na conta banco A, a diminuição da dívida deve ser registrada na conta fornece- dores e a receita gerada pelo desconto deve ser registrada na conta descontos financeiros obtidos (resultado). UNICESUMAR UNIDADE 5 176 Elemento Conta contábil Valor (em R$) Receita Receita de vendas 350.000,00 Despesa Custo das mercadorias vendidas (165.000,00) Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00) Receita Descontos financeiros obtidos 20.000,00 Resultado Lucros/prejuízos acumulados 200.000,00 Quadro 21 - Quadro auxiliar do Fato 13 / Fonte: a autora. Após a quitação da dívida com fornecedores e obtenção do desconto, o novo resultado deve ser registrado na conta lucros/prejuízos acumulados. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 49.100,00 Financiamentos a pagar 13.500,00 Banco A 75.000,00 Passivo não circulante Duplicatas a receber 200.000,00 Financiamentos a pagar 18.000,00 Mercadorias 285.000,00 Ativo não circulante PATRIMÔNIOLÍQUIDO Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Máquinas e equipa- mentos 80.000,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00) Veículo 32.400,00 Lucros/prejuízos acu- mulados 200.000,00 TOTAL: 911.500,00 TOTAL: 911.500,00 Quadro 22 - Balanço decorrente do Fato 13 / Fonte: a autora. Mesmo com o desconto, o pagamento de fornecedores representou a devolução de recursos decorrentes de capital de terceiros, assim o saldo do balanço diminuiu para R$ 911.500,00. 177 Fato 14: 25/09/20X1 Identificação: recebimento de clientes no valor de R$ 90.000,00, sendo R$ 18.000,00 em dinheiro e o restante por meio de transferência bancária. Interpretação: o recebimento provocou aumento de R$ 18.000,00 em dinhei- ro e de R$ 72.000,00 na conta corrente. Em contrapartida, houve a diminuição do direito de receber do cliente. Contas contábeis: o aumento de dinheiro deve ser registrado na conta caixa, o aumento da conta corrente deve ser registrado na conta banco A e a diminuição do direito deve ser registrada na conta duplicatas a receber. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 67.100,00 Financiamentos a pagar 13.500,00 Banco A 147.000,00 Passivo não circulante Duplicatas a rece- ber 110.000,00 Financiamentos a pagar 18.000,00 Mercadorias 285.000,00 Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Máquinas e equipa- mentos 80.000,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00) Veículo 32.400,00 Lucros/prejuízos acu- mulados 200.000,00 TOTAL: 911.500,00 TOTAL: 911.500,00 Quadro 23 - Balanço decorrente do Fato 14 / Fonte: a autora. Após o registro desse fato, o balanço permaneceu inalterado, pois houve apenas a transformação de um recurso — o direito de receber — em outro — dinheiro no caixa e na conta corrente. UNICESUMAR UNIDADE 5 178 Fato 15: 28/09/20X1 Identificação: compra de calçados no montante de R$ 120.000,00, sendo que R$ 40.000,00 foram pagos à vista por meio de transferência bancária e o restante ficou para pagamento em 30 dias. Interpretação: a compra de calçados aumentou os bens da empresa. Por outro lado, essa compra provocou mais duas movimentações, diminuição no saldo da conta corrente e aumento da dívida com fornecedores. Contas contábeis: o aumento do estoque é registrado na conta mercadorias, a diminuição da conta corrente é registrada na conta banco A e a dívida gerada é registrada na conta fornecedores. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 67.100,00 Fornecedores 80.000,00 Banco A 107.000,00 Financiamentos a pagar 13.500,00 Duplicatas a receber 110.000,00 Passivo não circulante Mercadorias 405.000,00 Financiamentos a pagar 18.000,00 Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Máquinas e equipamentos 80.000,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00) Veículo 32.400,00 Lucros/Prejuízos acumulados 200.000,00 TOTAL: 991.500,00 TOTAL: 991.500,00 Quadro 24 - Balanço decorrente do Fato 15 / Fonte: a autora. O saldo do balanço aumentou, pois parte da compra foi a prazo, o que provocou a captação de recursos de terceiros. 179 Fato 16: 30/09/20X1 Identificação: reconhecimento da despesa com salário do mês de setembro no valor de R$ 15.000,00, o qual será pago no mês de outubro. Interpretação: o salário dos funcionários é uma despesa para a empresa e, como tal, deve ser registrada no período em que foi gerada. Assim, por mais que o pagamento ocorra em outubro, a despesa com salário deve ser reconhecida no mês de setembro. Em contrapartida ao reconhecimento da despesa, surge a obrigação de pagar o salário. Contas contábeis: a despesa deve ser registrada na conta salários e ordenados (resultado) e a obrigação na conta salários a pagar. Elemento Conta contábil Valor (em R$) Receita Receita de vendas 350.000,00 Despesa Custo das mercadorias vendidas (165.000,00) Despesa Salários e ordenados (15.000,00) Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00) Receita Descontos financeiros obtidos 20.000,00 Resultado Lucros/prejuízos acumulados 185.000,00 Quadro 25 - Quadro auxiliar do Fato 16 / Fonte: a autora. Após o reconhecimento da despesa com salário, o novo resultado deve ser regis- trado na conta lucros/prejuízos acumulados. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 67.100,00 Fornecedores 80.000,00 Banco A 107.000,00 Salários a pagar 15.000,00 Duplicatas a receber 110.000,00 Financiamentos a pagar 13.500,00 UNICESUMAR UNIDADE 5 180 BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Mercadorias 405.000,00 Passivo não circulante Ativo não circulante Financiamentos a pagar 18.000,00 Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Máquinas e equipamentos 80.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00) Lucros/Prejuízos acumulados 185.000,00 TOTAL: 991.500,00 TOTAL: 991.500,00 Quadro 26 - Balanço decorrente do Fato 16 / Fonte: a autora. Como a despesa com salário ainda não foi paga, o saldo do balanço não foi alterado. Fato 17: 30/09/20X1 Identificação: reconhecimento da despesa com depreciação dos ativos imo- bilizados no montante de R$ 4.000,00. Interpretação: a depreciação corresponde ao desgaste do bem imobilizado em função do uso, o que provoca a diminuição de seu valor, contudo essa diminuição não é registrada diretamente na conta contábil, que representa o imobilizado para que o usuário consiga identificar o valor do bem e quanto já foi depreciado. Como o bem perde valor, gera-se uma despesa para a empresa. Contas contábeis: para evidenciar a diminuição do valor do bem, utiliza-se a conta depreciação acumulada, que é uma conta redutora (negativa) do ativo; ao confrontar o valor dos imobilizados com a depreciação acumulada, encontra-se o valor contábil do bem. O correto é registrar separadamente o valor da depre- ciação de cada bem, mas, nesse exemplo, registraremos o valor total. A despesa gerada deve ser registrada na conta depreciação e amortização (resultado). Elemento Conta contábil Valor (em R$) Receita Receita de vendas 350.000,00 181 Elemento Conta contábil Valor (em R$) Despesa Custo das mercadorias vendidas (165.000,00) Despesa Salários e ordenados (15.000,00) Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00) Despesa Depreciação e amortização (4.000,00) Receita Descontos financeiros obtidos 20.000,00 Resultado Lucros/prejuízos acumulados 181.000,00 Quadro 27 - Quadro auxiliar do Fato 17 / Fonte: a autora. Após o reconhecimento da despesa com depreciação, o novo resultado deve ser registrado na conta lucros/prejuízos acumulados. Registro: BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 67.100,00 Fornecedores 80.000,00 Banco A 107.000,00 Salários a pagar 15.000,00 Duplicatas a receber 110.000,00 Financiamentos a pagar 13.500,00 Mercadorias 405.000,00 Passivo não circulante Ativo não circulante Financiamentos a pagar 18.000,00 Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Máquinas e equipa- mentos 80.000,00 Capital subscrito 800.000,00 Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00) (-) Depreciação acu- mulada (4.000,00) Lucros/Prejuízos acu- mulados 181.000,00 TOTAL: 987.500,00 TOTAL: 987.500,00 Quadro 28 - Balanço decorrente do Fato 17 / Fonte: a autora. UNICESUMAR UNIDADE 5 182 A despesa com depreciação diminuiu o valor do patrimônio líquido, que repre- senta a fonte de recursos decorrentes de capital próprio. Com isso, o saldo do balanço diminuiu, totalizando R$ 987.500,00. Pela metodologia dos balanços sucessivos, elaboramos um balanço após cada fato contábil, atualizando as alterações provocadas. No entanto, na prática, a Contabilidade registra os fatos por meio dos lançamentos em débito e crédito e, ao final do período, apura o saldo dasescola norte-americana de Contabilidade passou a se destacar. No início do século XX, o surgimento das grandes corporações, em conjunto com o desenvolvimento do mercado de capitais e do extraordinário ritmo de desenvol- vimento dos Estados Unidos da América (EUA), constituiu um campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis. Além disso, os norte-americanos herdaram da Inglaterra uma excelente tradição no campo da Auditoria (IUDÍCIBUS, 2015). “ É de nosso conhecimento que a Contabilidade acompanha a evolu- ção das sociedades, cidades e nações e, no início deste século, como o cenário de maior desenvolvimento industrial e comercial passou a ser a América do Norte, mais particularmente os Estados Unidos, o eixo de evolução da Contabilidade deslocou-se em função desse cenário (FAVERO et al., 2011, p. 21). 19 Esses dois eixos de estudos e desenvolvimento de teorias contábeis — escola italiana/europeia e escola norte-americana — não são opostos, na verdade, em cada época e atendendo a cada realidade, as teorias se desenvolveram de forma a atender às novas necessidades dos usuários. No Quadro 1, encontram-se alguns pontos relevantes sobre tais escolas de Contabilidade. Escola italiana/europeia de Contabilidade Escola norte-americana de Contabilidade Desenvolvimento de teorias contábeis importantes até hoje, como o Patrimonialismo, que define o patrimônio como objeto da Contabilidade. Direciona o estudo da Contabilidade para dois focos: informação para usuários externos (Contabilidade Financeira) e informação para usuários internos (Contabilidade Gerencial). Preocupação demasiada em demonstrar a Contabilidade como Ciência, não se preocupando com as necessidades informativas dos usuários. Preocupação com o aspecto informacional da Contabilidade. Foco na Contabilidade Financeira. Desenvolvimento da Contabilidade de Custos. Baixo desenvolvimento na área de Auditoria. Criação dos Princípios de Contabilidade. Ênfase ao desenvolvimento teórico das contas. Ênfase ao desenvolvimento na área de Auditoria. Quadro 1 - Aspectos relevantes sobre as escolas de Contabilidade / Fonte: adaptado de Favero et al. (2011). É justamente por acompanhar o desenvolvimento econômico e social que, há alguns anos, passamos por uma revolução na área: a Contabilidade Internacional. Com o mundo globalizado, em que se tornou comum empresas realizarem tran- sações comerciais com diferentes países, tornou-se necessário falar uma mesma língua, pelo menos, no que se refere às informações contábeis. UNICESUMAR UNIDADE 1 20 “ Por ser uma ciência social, a Contabilidade é fortemente influen- ciada pelo ambiente em que atua. Assim, as diferenças históricas, os valores culturais e as estruturas políticas, legais e econômicas de cada país acabam refletindo nas práticas contábeis em vigor. Nor- malmente, os princípios e as práticas adotados na Contabilidade po- dem ser diferentes de um país para outro. Em alguns países, como é o caso do Brasil, a Contabilidade é influenciada pela exigência legal; em outros, pelo consenso de órgãos profissionais de classe, como é o caso dos Estados Unidos (NIYAMA; SILVA, 2013, p. 31–32). É por isso que, de acordo com Niyama e Silva (2013), o crescimento do comércio globalizado provocou a necessidade de padrões internacionais de Contabilidade. Assim, o International Accounting Standards Board (Iasb), que é um órgão privado formado por um Conselho de Membros constituído por representantes de mais de 140 entidades de classe de todo o mundo, inclusive, o Brasil — representado pelo Ibracon e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) —, edita os cha- mados IFRS (International Financial Reporting Standards), conhecidos, aqui, como Normas Inter- nacionais de Contabilidade. As Normas Internacio- nais de Contabilidade têm como objetivo reduzir as diferenças entre os procedimentos e as normas contábeis adotadas nos diferentes países e come- çaram a ser publicadas em 1975. O Brasil passou a adotar as Normas Internacionais em 2007, com a promulgação da Lei nº 11.638 (BRASIL, 2007). Acredito que você e o João já tenham percebido que o desenvolvimento da Con- tabilidade está intimamente ligado com o desenvolvimento econômico, social e cul- tural. De acordo com Hendriksen e Breda (2012), o mundo, como o conhecemos hoje, é decorrente da criação da Contabilidade por Partidas Dobradas, pois ela criou a base para o desenvolvimento do capitalismo privado. 21 “ Na verdade, o desenvolvimento inicial do método contábil esteve intimamente associado ao surgimento do Capitalismo, como for- ma quantitativa de mensurar os acréscimos ou decréscimos dos investimentos iniciais alocados a alguma exploração comercial ou industrial. Não é menos verdade, todavia, que a economia de mercado e seu florescer foram, por sua vez, fortemente ampara- dos pelo surgimento e aperfeiçoamento das partidas dobradas, o que equivale a dizer que se verificou uma interação entre os dois fenômenos (IUDÍCIBUS et al., 2019, p. 1). Isso nos permite dizer que as empresas são tão importantes para a Contabi- lidade quanto a Contabilidade é importante para as empresas. As empresas representam o maior consumidor de serviços contábeis, seja para fins legais, tributários ou gerenciais. Por outro lado, se não fosse a Contabilidade, as empresas não teriam uma base informacional confiável para auxiliar a sua gestão (FRAGALLI; SILVA, 2021). De qualquer forma, os registros contábeis, muito mais do que medir e controlar riqueza, são uma importante base de dados. Sobre isso, Hendriksen e Breda (2012, p. 39) relatam que: UNICESUMAR 23 OLHAR CONCEITUAL Aluno(a), conheça, nessa linha do tempo de 4.000 a.C. até 2007 d.C., a evolução da Contabilidade. Contabilidade rudimentar ao inventariar instrumentos de caça, de pesca etc. Surgimento gradativo da escrituração por partidas dobradas em cidades italianas que representavam o que havia de mais avançado na época em termos de empreendimentos comerciais e industriais incipientes. Publicação do método das partidas dobradas pelo Frei Luca Pacioli. Mesmo não tendo criado o método, Pacioli ficou conhecido como o pai da contabilidade. Destaque da escola italiana/européia de contabilidade. Destaque da escola norte americana de contabilidade. Publicação das Normas internacionais de contabilidade visando uma mesma linguagem contábil entre diferentes países. O Brasil adota as normas internacionais de contabilidade com a promulgação da Lei nº 11.638/07. Entre 4.000 e 2.000 anos A.C. Séc. XIII e XIV Séc. XV Entre o séc. XIII e início do séc. XX A partir do séc. XX A partir de 1975 2007 UNICESUMAR UNIDADE 1 24 Os mecanismos contábeis de registro, controle e evidenciação da situação fi- nanceira, patrimonial e econômica da entidade são desenvolvidos por meio de estudos científicos. Assim, podemos afirmar que Contabilidade é uma Ciência. De acordo com Franco (1989), a Ciência Contábil ou a Contabilidade é uma Ciência Social que estuda os fenômenos no patrimônio das entidades, mediante registro, classificação, demonstração, análise e interpretação dos fatos contábeis, objeti- vando oferecer informações e orientações para o auxílio na tomada de decisões. Embora a Contabilidade utilize números, ela não é considerada uma Ciência Exata, como a Matemática ou a Estatística. Como foi dito por Franco (1989), ela é uma Ciência Social, pois estuda aspectos importantes relaciona- dos a uma sociedade, na verdade, ela busca mecanismos para avaliar e eviden- ciar as ações de uma entidade da melhor forma possível, buscando fazer com que os relatórios sejam fiéis à realidade. A Contabilidade, na qualidade de Ciência Social Aplicada, com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja este pessoa físi- ca, entidade de finalidadecontas e elabora o balanço patrimonial e a DRE. O balanço patrimonial do final do mês de setembro da empresa Fato a Fato Ltda. seria exatamente esse apresentado após o registro do Fato 17, já a DRE precisa ser estruturada considerando as contas de resultado apresentadas nos quadros auxiliares, conforme apresentado a seguir: Demonstração do Resultado da empresa Fato a Fato Ltda. Período de 01/09/20X1 a 30/09/20X1 Em R$ RECEITA OPERACIONAL BRUTA Receita de vendas 350.000,00 (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 0,00 (=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 350.000,00 (-) CUSTO DAS VENDAS Custos das mercadorias vendidas (165.000,00) (=) LUCRO BRUTO 185.000,00 (-) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas gerais e administrativas Salários e ordenados (15.000,00) Aluguel de imóveis (5.000,00) Depreciação e amortização (4.000,00) (=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 161.000,00 183 Demonstração do Resultado da empresa Fato a Fato Ltda. Período de 01/09/20X1 a 30/09/20X1 (+) RECEITAS FINANCEIRAS Descontos financeiros obtidos 20.000,00 (=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 181.000,00 (-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 0,00 (=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 181.000,00 (-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS 0,00 (+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 0,00 (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 181.000,00 Quadro 29 - Demonstração do Resultado da empresa Fato a Fato Ltda. / Fonte: a autora. Agora, sim, finalizado o processo contábil. Espero que você tenha compreendido como as demonstrações contábeis são resultado dos fatos ocorridos na entidade durante um período: os registros, ou lançamentos, contam a história dos acon- tecimentos da entidade e, ao final de um período, o resultado dessa história é apresentado por meio das demonstrações. NOVAS DESCOBERTAS Quer conhecer como seriam os registros dos fatos da empresa Fato a Fato Ltda. pelo mecanismo de débito e crédito? Então assista ao vídeo. Quer conhecer como seriam os registros dos fatos da empresa Fato a Fato Ltda. pelo mecanismo de débito e crédito? Então acesse o qr code para saber mais. Agora que você compreendeu que as demonstrações contábeis são o resultado de toda uma história que é contada por meio dos lançamentos, que tal buscar enxergar a história da empresa Estilo? Observe o balanço patrimonial da empresa e busque identificar quais fatos podem ter ocorrido para que a empresa chegasse à situação apresentada. UNICESUMAR UNIDADE 5 184 Balanço patrimonial da empresa Estilo Ltda. Encerrado em 31/12/20X1 ATIVO Em R$ PASSIVO Em R$ ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE Disponível Fornecedores Caixa 15.000,00 Fornecedor X 75.000,00 Banco A 203.000,00 Salários e encargos sociais Créditos Salários a pagar 15.000,00 Duplicatas a receber 62.000,00 Férias a pagar 3.000,00 Estoque Obrigações fiscais Mercadorias 388.000,00 Impostos a recolher 16.000,00 Materiais de consumo 8.000,00 Obrigações financeiras ATIVO NÃO CIRCULANTE Empréstimos e finan. 35.000,00 Imobilizado PASSIVO NÃO CIRCULANTE Máquinas e equipamentos 15.000,00 Obrigações financeiras Móveis e utensílios 205.000,00 Empréstimos e finan. 17.000,00 (-) Depreciação acumulada (20.000,00) PATRIMÔNIO LÍQUIDO Intangível Capital Social Ponto comercial 75.000,00 Capital subscrito 600.000,00 Lucros ou prejuízos acumulados Lucro do exercício 190.000,00 TOTAL DO ATIVO 951.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 951.000,00 Quadro 30 - Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora. 185 Com certeza, não é possível saber exatamente todos os fatos que ocorreram na empresa até o momen- to do levantamento do balanço, contudo é possível identificar alguns acontecimentos, como: a empre- sa comprou mercadorias a prazo, pois existe dívi- da com fornecedores, mas também comprou mercadoria à vista, afinal o saldo da conta mercadoria é maior do que a dívida com fornecedores; a empresa vendeu merca- dorias a prazo, pois há valor a receber de cliente (duplicatas a receber); todo o valor do capital social já foi integralizado, pois não há saldo na conta capital a in- tegralizar; a empresa contratou um empréstimo a ser pago em várias parcelas — há valor no passivo circulante e no não circulante. Espero que você consiga identificar outros fatos também. UNICESUMAR 186 1. A Contabilidade por balanços sucessivos é bastante simples: a cada operação reali- zada pela empresa se faz a alteração em um novo balanço (MARION, 2015). MARION, J. C. Contabilidade Básica. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Considerando a metodologia dos balanços sucessivos, considere que uma empresa apresentou o seguinte balanço após a sua constituição: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 20.000,00 Passivo não circulante Banco A 80.000,00 Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Máquinas e equipamentos 200.000,00 Capital Social 300.000,00 Total: 300.000,00 Total 300.000,00 Quadro 1 - Balanço patrimonial após constituição da empresa / Fonte: a autora. Como você pôde perceber, a empresa foi constituída com um Capital Social — in- vestimento dos sócios — no montante de R$ 300.000,00, sendo integralizados R$ 20.000,00 em dinheiro, R$ 80.000,00 em depósito bancário e R$ 200.000,00 em máquinas e equipamentos. Após a contabilização de um novo fato, o balanço da empresa ficou da seguinte forma: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Caixa 20.000,00 Fornecedores 30.000,00 Banco A 60.000,00 Passivo não circulante Mercadorias 50.000,00 Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Máquinas e equipamentos 200.000,00 Capital Social 300.000,00 Total: 330.000,00 Total 330.000,00 Quadro 2 - Balanço patrimonial após fato contábil / Fonte: a autora. 187 Analisando as alterações provocadas no balanço após a contabilização, assinale a alternativa que descreve corretamente o fato contábil registrado. a) Compra de máquinas e equipamentos a prazo. b) Compra de móveis e utensílios à vista. c) Venda de mercadorias a prazo. d) Compra de mercadorias, sendo parte à vista e parte a prazo. e) Integralização de capital em mercadorias. UTILIZE OS DADOS A SEGUIR PARA RESOLVER AS QUESTÕES 2 E 3. João e Maria acabam de constituir uma empresa comercial. Os fatos ocorridos no primeiro mês de operação foram: • 01/03: subscrição de Capital Social no valor de R$ 420.000,00. • 03/03: integralização de 80% do capital subscrito, sendo R$ 216.000,00 em de- pósito bancário e R$ 120.000,00 em instalações. • 05/03: compra a prazo de móveis e utensílios no valor de R$ 150.000,00. O pagamento será realizado em seis parcelas de R$ 25.000,00. • 09/03: compra à vista de equipamentos de informática no valor de R$ 40.000,00. • 12/03: compra de mercadorias no valor de R$ 180.000,00, sendo R$ 50.000,00 à vista e o restante a prazo. • 18/03: transferência bancária no valor de R$ 70.000,00 para conta de aplicação financeira de liquidez imediata. • 28/03: pagamento da primeira parcela referente à compra de móveis e utensílios realizada no dia 05/03 por meio de transferência bancária. 2. Descreva o que cada fato provocou no patrimônio da empresa, identificando, no mínimo, duas movimentações, de forma que o balanço permaneça sempre em equilíbrio. 3. Elabore um balanço patrimonial para cada fato utilizando o método dos balanços sucessivos. 188 UNIDADE 1 BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm. Acesso em: 12 maio 2022. BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/ lei/l11638.htm. Acesso em: 12 maio 2022. CARAVELAS: Bartolomeu Dias, Boa Esperançae Vera Cruz. Samuel & Filhos, LDA., [2022]. Dis- ponível em: https://www.samuelefilhos.pt/portefolio-caravela.html. Acesso em: 12 maio 2022. CFC. NBC TG 26 (R5), de 24 de novembro de 2017. Altera a NBC TG 26 (R4) que dispõe sobre apresentação das demonstrações contábeis. 2017. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sis- web/SRE/docs/NBCTG26(R5).pdf. Acesso em: 12 maio 2022. CFC. NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório financeiro. 2019. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTGEC.pdf. Acesso em: 12 maio 2022. FAVERO, H. L. et al. Contabilidade: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. FRAGALLI, A. C.; SILVA, J. M. da. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2021. FRANCO, H. Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços. 15. ed. São Paulo: Atlas, 1989. HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. van. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zoratto Sanvicente. 1. ed. 10. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012. IUDÍCIBUS, S. de et al. Contabilidade Introdutória. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2019. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade Comercial. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2019. MARION, J. C. Contabilidade Básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. NIYAMA, J. K.; SILVA, C. A. T. Teoria da Contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. SERASA EXPERIAN. Ir à Falência: veja os principais motivos e como evitá-los. Blog Empresas, 12 jun. 2020. Disponível em: https://empresas.serasaexperian.com.br/blog/ir-a-falencia-veja- -os-principais-motivos-e-como-evita-los/. Acesso em: 12 maio 2022. SZUSTER, N. et al. Contabilidade Geral: introdução à Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2013. 189 UNIDADE 2 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de dezembro de 2002. Institui o Código Civil. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 23 nov. 2021. FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 4. ed. Curitiba: Positi- vo- Livros, 2009. FRAGALLI, A. C.; SILVA, J. M. da. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2021. IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade para Não Contadores. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MARION, J. C. Contabilidade Básica. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. UNIDADE 3 BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm. Acesso em: 18 maio 2022. BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstra- ções financeiras. 2007. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/ l11638.htm. Acesso em: 19 maio 2022. CFC. NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório financeiro. 2019. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTGEC.pdf. Acesso em: 18 maio 2022. FRAGALLI, A. C.; SILVA, J. M. da. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2021. GELBCKE, E. R. et al. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2021. IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Curso de Contabilidade para Não Contadores: para as áreas de Administração, Economia, Direito e Engenharia. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019. NASCIMENTO, C. de L. Contabilidade Intermediária. Maringá: UniCesumar, 2019. 190 UNIDADE 4 BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm. Acesso em: 19 maio 2022. CFC. NBC TG 26 (R5), de 24 de novembro de 2017. Altera a NBC TG 26 (R4) que dispõe sobre apresentação das demonstrações contábeis. 2017. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sis- web/SRE/docs/NBCTG26(R5).pdf. Acesso em: 12 maio 2022. CFC. NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório financeiro. 2019. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTGEC.pdf. Acesso em: 18 maio 2022. GELBCKE, E. R. et al. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2021. MARION, J. C. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018. NASCIMENTO, C. de L. Contabilidade Intermediária. Maringá: UniCesumar, 2019. UNIDADE 5 HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. van. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zoratto Sanvicente. 1. ed. 10. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012. MARION, J. C. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018. ANEXO CFC. Edital do Exame de Suficiência Edição nº 02/2021. Exame de suficiência como requisito para obtenção de registro profissional em Conselho Regional de Contabilidade (CRC). 2021. Disponível em: https://d3du0p87blxrg0.cloudfront.net/concursos/1515/1_1213980.pdf. Aces- so em: 20 maio 2022. 191 UNIDADE 1 1. O surgimento das partidas dobradas justamente na Itália não foi por acaso. As cidades italianas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa e outras representavam o que de mais avançado poderia existir, na época, em termos de empreendimentos comerciais e industriais (IUDÍCIBUS, 2015). Nesse sentido, nada mais natural do que justamente os italianos desenvolverem um mecanismo de controle patrimonial que auxiliasse os negócios. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 2. A Contabilidade utiliza números, mas estes não são sua razão de ser. A Contabilidade não tem como objetivo alcançar um número exato e nem obter uma fórmula definitiva para alcançar um resultado. Ela tem como objetivo gerar informação sobre o patrimô- nio; este, por sua vez, representa o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma ou mais pessoas. Ao acompanhar esse patrimônio, a Contabilidade busca analisar o aspecto social da entidade, seja ela uma pessoa física ou jurídica, verificando como o seu patrimônio foi afetado pelas decisões tomadas. 3. Os usuários internos são aqueles que trabalham na empresa e ocupam cargos que requerem a tomada de decisões e, por isso, necessitam de informações direcionadas. Já os usuários externos não possuem relação de trabalho com a empresa, mas, tam- bém, necessitam de informações para a tomada de decisões. Para esses usuários, as informações são, normalmente, padronizadas (FAVERO et al., 2011). FAVERO, H. L. et al. Contabilidade: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 4. E. Considerando uma indústria como geradora das informações contábeis, o Governo representa um usuário externo; a diretoria, um usuário interno; o gerente de produção, um usuário interno; e instituições financeiras, um usuário externo. 5. D. A afirmativa I está incorreta, pois quanto maior o nível de complexidade das ati- vidades desempenhadas pela entidade, maior também será a complexidade e o detalhamento das informações contábeis. 192 UNIDADE 2 1. Patrimônio líquido = Ativo – Passivo. Patrimônio líquido = R$ 385.000,00 - R$ 268.000,00. Patrimônio líquido = 117.000,00. 2. A situação patrimonial da empresa Beta é negativa, pois o valor total do ativo (R$ 140.000,00) é menor que o valor total do passivo (R$ 162.000,00), o que significa que ela não tem recursos suficientes para cobrir as suas obrigações exigíveis, pois faltam R$ 22.000,00. 3. ATIVO PASSIVO Caixa R$ 23.000,00 Fornecedores R$ 71.300,00 Banco c/ movimento R$ 166.000,00 Impostos a recolher R$ 38.200,00 Duplicatas a receber R$ 57.800,00 Saláriosa pagar R$ 22.700,00 Mercadorias R$ 85.400,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Invest. em outras companhias R$ 60.000,00 Capital Social R$ 350.000,00 Móveis e utensílios R$ 180.000,00 Lucros acumulados R$ 90.000,00 Total do ativo R$ 572.200,00 Total do passivo + PL R$ 572.200,00 4. C. O lado do passivo e patrimônio líquido representa a fonte de recursos, toda a origem de capital, sendo que o passivo (obrigação exigível) representa os recursos de terceiros, ou Capital de Terceiros, e o patrimônio líquido (obrigação não exigível) representa os recursos próprios, ou Capital Próprio. Já o lado do ativo é caracterizado pela aplicação desses recursos. O grupo do passivo, que representa as obrigações exigíveis, é conhecido como capital de terceiros, pois representa os recursos origi- nados de pessoas (físicas ou jurídicas) de fora da empresa, já o grupo do patrimônio líquido, que representa obrigações não exigíveis, é conhecido como capital próprio, pois representa recursos originados de pessoas (físicas ou jurídicas) envolvidas com a empresa, ou seja, recursos de seus sócios ou acionistas. 5. A. Assim como no exemplo apresentado no material (salários a pagar), todas as dívi- das registradas no passivo correspondem à fonte de recursos porque, até que sejam pagas, o dinheiro permanece à disposição da entidade. 193 UNIDADE 3 1. As contas classificadas incorretamente são mercadorias, financiamentos a pagar (LP) e reserva de lucros. A conta mercadorias deve ser classificada como ativo circulante, pois representa um bem para a entidade e é movimentada no curto prazo. A conta financiamentos a pagar (LP) deve ser classificada como passivo não circulante, pois representa uma obrigação que vencerá no longo prazo. A conta reserva de lucros deve ser classificada como patrimônio líquido, pois representa um capital próprio da entidade. 2. D. Para calcular o valor do patrimônio líquido, primeiramente, é necessário encontrar o valor dos outros grupos de elementos patrimoniais. Conta contábil Valor Classificação Caixa R$ 23.000,00 Ativo Duplicatas a receber R$ 57.800,00 Ativo Fornecedores R$ 71.300,00 Passivo Móveis e utensílios R$ 180.000,00 Ativo Salários a pagar R$ 22.700,00 Passivo Mercadorias R$ 85.400,00 Ativo Banco R$ 166.000,00 Ativo Investimentos em outras companhias R$ 60.000,00 Ativo Impostos a recolher R$ 38.200,00 Passivo Tabela 1 - Classificação dos elementos patrimoniais / Fonte: a autora. Agora, basta aplicar a fórmula: Patrimônio líquido = Ativo - Passivo Patrimônio líquido = R$ 572.200,00 - R$ 132.200,00 Patrimônio líquido = R$ 440.000,00 194 3. Primeiramente, a classificação: CONTAS CONTÁBEIS Valor em R$ Classificação Caixa 15.000,00 Ativo circulante Duplicatas a receber 43.000,00 Ativo circulante Impostos a recuperar 9.100,00 Ativo circulante Reserva de lucros para expansão 65.000,00 Patrimônio líquido Empréstimos e financiamentos - LP 52.000,00 Passivo não circulante Mercadorias 74.000,00 Ativo circulante Fornecedores 52.700,00 Passivo circulante Investimentos em outras companhias 80.000,00 Ativo não circulante Banco conta movimento 27.300,00 Ativo circulante Duplicatas a receber - LP 15.000,00 Ativo não circulante Veículos 35.000,00 Ativo não circulante Máquinas e equipamentos 70.000,00 Ativo não circulante Capital Social 300.000,00 Patrimônio líquido Marcas e patentes 10.000,00 Ativo não circulante Salários a pagar 22.000,00 Passivo circulante Móveis e utensílios 180.000,00 Ativo não circulante Aluguel a pagar 6.100,00 Passivo circulante Impostos a recolher 13.800,00 Passivo circulante Fornecedores - LP 19.000,00 Passivo não circulante Empréstimos e financiamentos 27.800,00 Passivo circulante Tabela 2 - Classificação das contas contábeis empresa X / Fonte: a autora. Agora, o balanço patrimonial: 195 Balanço patrimonial da empresa X Encerrado em 31/12/20X1 ATIVO Em R$ PASSIVO Em R$ ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE Disponível Fornecedores Caixa 15.000,00 Fornecedores 52.700,00 Banco A 27.300,00 Salários e encargos sociais Créditos Salários a pagar 22.000,00 Duplicatas a receber 43.000,00 Impostos a recuperar 9.100,00 Obrigações fiscais Estoque Impostos a recolher 13.800,00 Mercadorias 74.000,00 Obrigações financeiras ATIVO NÃO CIRCULANTE Empréstimos e finan. 27.800,00 Realizável a longo prazo Contas a pagar Duplicatas a receber 15.000,00 Aluguel a pagar 6.100,00 Investimentos PASSIVO NÃO CIRCULANTE Investim. em outras cias. 80.000,00 Fornecedores Imobilizado Fornecedores 19.000,00 Máquinas e equipamentos 70.000,00 Obrigações financeiras Veículos 35.000,00 Empréstimos e finan. 52.000,00 196 Balanço patrimonial da empresa X Encerrado em 31/12/20X1 Móveis e utensílios 180.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Intangível Capital Social Marcas e patentes 10.000,00 Capital subscrito 300.000,00 Reserva de lucros Res. de lucros para expansão 65.000,00 TOTAL DO ATIVO 558.400,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 558.400,00 Quadro 1 - Balanço Patrimonial empresa X / Fonte: a autora. UNIDADE 4 1. Para apurar o resultado pelo regime de caixa, é necessário observar os fatos que provocaram entrada ou saída de dinheiro no mês de setembro. Já para apurar o resultado pelo regime de competência, é necessário observar os fatos que geraram receita ou despesa no mês de setembro: Fatos do mês de setembro Valor Caixa Competência Compra de mercadorias a prazo R$ 15.800,00 Compra de mercadorias à vista R$ 12.600,00 (R$ 12.600,00) Venda de mercadorias a prazo R$ 40.300,00 R$ 40.300,00 Venda de mercadorias à vista R$ 11.700,00 R$ 11.700,00 R$ 11.700,00 197 Custos das mercadorias vendidas R$ 22.500,00 (R$ 22.500,00) Despesas incorridas e pagas R$ 16.000,00 (R$ 16.000,00) (R$ 16.000,00) Despesas incorridas a pagar R$ 7.600,00 (R$ 7.600,00) Resultado (R$ 16.900,00) R$ 5.900,00 Quadro 1 - Resultado da empresa Rende Mais Ltda. pelo regime de caixa e pelo regime de competência Fonte: a autora. 2. A. A venda de produtos corresponde à atividade principal da empresa, por isso, é uma receita operacional bruta. Os juros sobre aplicação financeira estão relacionados à re- muneração pelo fornecimento de capital a terceiros, por isso, é uma receita financeira. 3. Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Doce Lar Ltda. Período de 01/04/20X1 a 30/04/20X1 Em R$ RECEITA OPERACIONAL BRUTA Venda de mercadorias 800.000,00 (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Devolução de vendas (13.000,00) Abatimentos sobre vendas (47.000,00) Tributos sobre vendas (165.000,00) (=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 575.000,00 (-) CUSTO DAS VENDAS Custos das mercadorias vendidas (340.000,00) (=) LUCRO BRUTO 235.000,00 198 Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Doce Lar Ltda. Período de 01/04/20X1 a 30/04/20X1 (-) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas com vendas (20.000,00) Despesas gerais e administrativas (58.000,00) (=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 157.000,00 (-) DESPESAS FINANCEIRAS Juros sobre empréstimos (3.000,00) (+) RECEITAS FINANCEIRAS Descontos recebidos 5.000,00 (=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 159.000,00 (-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO Imposto de renda (24.000,00) Contribuição social sobre o lucro líquido (11.000,00) (=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 124.000,00 (+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS Ganho na venda de imobilizado 8.000,00 (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 132.000,00 Quadro 2 - Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Doce Lar Ltda./ Fonte: a autora. UNIDADE 5 1. D. No segundo balanço, surgiu a conta mercadorias no valor de R$ 50.000,00, o que representa a compra de mercadorias. Houve, também, o surgimento da conta for- necedores no valor de R$ 30.000,00, o que significa que a compra gerou uma dívida, mas não no mesmo valor da compra. A diferença está na diminuição de R$ 20.000,00 na conta banco A. 199 2. 01/03: a subscrição do capital representa que a empresa recém-constituída passa a possuir um Capital Social, registrado no patrimôniolíquido. Em contrapartida, como os sócios ainda não integralizaram o capital, o valor a ser recebido dos sócios fica registrado na conta capital a integralizar. 03/03: a integralização do capital na forma de depósito bancário provoca o aumento na conta banco A e a integralização em instalações provoca aumento da conta insta- lações. Em contrapartida, houve uma diminuição na conta capital a integralizar em função da diminuição do saldo a ser recebido dos sócios. 05/03: compra provocou aumento na conta móveis e utensílios. Em contrapartida, por ter sido a prazo, provocou o aumento de uma dívida registrada na conta dividendos a pagar. 09/03: a compra provocou aumento na conta computadores e periféricos. Em con- trapartida, por ter sido à vista, diminuiu o saldo da conta banco A. 12/03: a compra provocou aumento na conta mercadorias. Em contrapartida, o valor pago à vista provocou diminuição da conta banco A, já o valor a ser pago a prazo provocou o aumento de uma dívida registrada na conta fornecedores. 18/03: a transferência provocou aumento na conta aplicações financeiras de liquidez imediata. Em contrapartida, provocou a diminuição da conta banco A. 28/03: o pagamento provocou a diminuição da conta banco A. Em contrapartida, também, houve a diminuição da dívida correspondente, que havia sido registrada na conta dividendos a pagar. 3. BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 01/03 ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Passivo não circulante Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital subscrito 420.000,00 (-) Capital a integralizar (420.000,00) TOTAL: 0,00 TOTAL: 0,00 Quadro 1 - Balanço decorrente do Fato 01/ Fonte: a autora. 200 BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 03/03 ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Banco A 216.000,00 Passivo não circulante Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Instalações 120.000,00 Capital subscrito 420.000,00 (-) Capital a integralizar (84.000,00) TOTAL: 336.000,00 TOTAL: 336.000,00 Quadro 2 - Balanço decorrente do Fato 02/ Fonte: a autora. BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 05/03 ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Banco A 216.000,00 Dividendos a pagar 150.000,00 Ativo não circulante Passivo não circulante Instalações 120.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios 150.000,00 Capital subscrito 420.000,00 (-) Capital a integralizar (84.000,00) TOTAL: 486.000,00 TOTAL: 486.000,00 Quadro 3 - Balanço decorrente do Fato 03 / Fonte: a autora. 201 BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 09/03 ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Banco A 176.000,00 Dividendos a pagar 150.000,00 Ativo não circulante Passivo não circulante Instalações 120.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios 150.000,00 Capital subscrito 420.000,00 Computadores e periféricos 40.000,00 (-) Capital a integralizar (84.000,00) TOTAL: 486.000,00 TOTAL: 486.000,00 Quadro 4 - Balanço decorrente do Fato 04 / Fonte: a autora. BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 12/03 ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Banco A 126.000,00 Fornecedores 130.000,00 Mercadorias 180.000,00 Dividendos a pagar 150.000,00 Ativo não circulante Passivo não circulante Instalações 120.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios 150.000,00 Capital subscrito 420.000,00 Computadores e periféricos 40.000,00 (-) Capital a integralizar (84.000,00) TOTAL: 616.000,00 TOTAL: 616.000,00 Quadro 5 - Balanço decorrente do Fato 05 / Fonte: a autora. 202 BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 18/03 ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Banco A 56.000,00 Fornecedores 130.000,00 Aplicação finan. Liq. Imed. 70.000,00 Dividendos a pagar 150.000,00 Mercadorias 180.000,00 Passivo não circulante Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Instalações 120.000,00 Capital subscrito 420.000,00 Móveis e utensílios 150.000,00 (-) Capital a integralizar (84.000,00) Computadores e periféricos 40.000,00 TOTAL: 616.000,00 TOTAL: 616.000,00 Quadro 6 - Balanço decorrente do Fato 06 / Fonte: a autora. BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 28/03 ATIVO PASSIVO Ativo circulante Passivo circulante Banco A 31.000,00 Fornecedores 130.000,00 Aplicação finan. Liq. Imed. 70.000,00 Dividendo a pagar 125.000,00 Mercadorias 180.000,00 Passivo não circulante Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO Instalações 120.000,00 Capital subscrito 420.000,00 Móveis e utensílios 150.000,00 (-) Capital a integralizar (84.000,00) Computadores e periféricos 40.000,00 TOTAL: 591.000,00 TOTAL: 591.000,00 Quadro 7 - Balanço decorrente do Fato 07 / Fonte: a autora. 203 ANEXO A CÓDIGO CONTA 1 ATIVO 1.01 ATIVO CIRCULANTE 1.01.01 CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA 1.01.01.01 CAIXA E FUNDO FIXO 1.01.01.01.001 CAIXA 1.01.01.01.002 FUNDO FIXO 1.01.01.02 BANCOS CONTA MOVIMENTO 1.01.01.02.001 BANCO A 1.01.01.02.002 BANCO B 1.01.01.03 APLICAÇÕES FINANCEIRAS DE LIQUIDEZ IMEDIATA 1.01.01.03.001 BANCO A 1.01.01.03.002 BANCO B 1.01.02 APLICAÇÕES FINANCEIRAS 1.01.02.01 DISPONÍVEIS PARA VENDA 1.01.02.02 MANTIDAS ATÉ O VENCIMENTO 1.01.02.03 AVALIADAS AO VALOR JUSTO POR MEIO DO RESULTADO 1.01.02.04 AVALIADAS PELO CUSTO 1.01.02.04.001 APLICAÇÃO FINANCEIRA 1.01.02.04.002 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL 1.01.03 CONTAS A RECEBER E OUTROS CRÉDITOS 1.01.03.01 CLIENTES 1.01.03.01.001 DUPLICATAS A RECEBER 1.01.03.01.002 (-) PERDAS ESTIMADAS COM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA 1.01.03.01.003 (-) JUROS A APROPRIAR 1.01.03.02 CRÉDITOS COM EMPREGADOS 204 1.01.03.02.001 ADIANTAMENTO A EMPREGADOS 1.01.03.02.002 ADIANTAMENTO DE SALÁRIO 1.01.03.02.003 ADIANTAMENTO DE FÉRIAS 1.01.03.02.004 ADIANTAMENTO DE 13º SALÁRIO 1.01.03.02.005 EMPRÉSTIMO A EMPREGADO 1.01.03.03 CRÉDITOS COM TERCEIROS 1.01.03.03.001 ADIANTAMENTO A TERCEIROS 1.01.03.04 CRÉDITOS FISCAIS E TRIBUTÁRIOS 1.01.03.04.001 ICMS A RECUPERAR 1.01.03.04.002 IRRF A COMPENSAR 1.01.03.04.003 PIS A RECUPERAR 1.01.03.04.004 COFINS A RECUPERAR 1.01.03.04.005 IRPJ A COMPENSAR 1.01.03.04.006 CSLL A COMPENSAR 1.01.03.04.007 IPI A RECUPERAR 1.01.04 ESTOQUES 1.01.04.01.001 MERCADORIAS PARA REVENDA 1.01.04.01.002 MATÉRIA PRIMA 1.01.04.01.003 INSUMOS 1.01.04.01.004 MATERIAL DE EMBALAGEM 1.01.04.01.005 PRODUTOS EM ELABORAÇÃO 1.01.04.01.006 PRODUTOS ACABADOS 1.01.04.01.007 ALMOXARIFADO 1.01.04.01.008 ESTOQUE EM PODER DE TERCEIROS 1.01.04.01.009 ADIANTAMENTOS A FORNECEDORES 1.01.04.01.010 ADIANTAMENTO DE IMPORTAÇÃO 1.01.04.01.011 (-) AJUSTE A VALOR PRESENTE 1.01.04.01.012 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR REALIZÁVEL LÍQUIDO 1.01.05 ATIVOS BIOLÓGICOS 205 1.01.06 DESPESAS PAGAS ANTECIPADAMENTE 1.01.06.01 PRÊMIOS DE SEGUROS A APROPRIAR 1.01.06.02 ALUGUEL PAGO ANTECIPADAMENTE 1.01.06.03 ASSINATURAS E ANUIDADES A APROPRIAR 1.01.07 ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA 1.02 ATIVO NÃO CIRCULANTE 1.02.01 ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 1.02.01.01 CONTAS A RECEBER 1.02.01.01.001 DUPLICATAS A RECEBER 1.02.01.01.002 (-) PERDAS ESTIMADAS COM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA 1.02.01.01.003 (-) JUROS A APROPRIAR 1.02.01.02 CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E TRIBUTOS DIFERIDOS 1.02.01.02.001 ICMS DIFERIDO 1.02.01.02.002 IRPJ DIFERIDO 1.02.01.02.003 CSLL DIFERIDA 1.02.01.03 CRÉDITOS COM PARTES RELACIONADAS 1.02.01.03.001 EMPRESA B 1.02.01.03.002 EMPRESA C 1.02.01.03.003 DIVIDENDOS PROPOSTOS A RECEBER 1.02.01.04 ATIVOS BIOLÓGICOS 1.02.01.04.001 ATIVOS BIOLÓGICOS 1.02.01.05 DESPESAS PAGAS ANTECIPADAMENTE 1.02.01.05.001 PRÊMIOS DE SEGUROS A APROPRIAR 1.02.01.05.002 ALUGUEL PAGO ANTECIPADAMENTE 1.02.01.05.003 ASSINATURAS E ANUIDADES A APROPRIAR 1.02.02 INVESTIMENTOS1.02.02.01 PARTICIPAÇÕES AVALIADAS PELO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL 1.02.02.01.001 PARTICIPAÇÕES EM CONTROLADAS 206 1.02.02.01.002 PARTICIPAÇÕES EM COLIGADAS 1.02.02.01.003 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL 1.02.02.01.004 MAIS VALIA SOBRE ATIVOS LÍQUIDOS DAS INVESTIDAS 1.02.02.01.005 ÁGIO POR EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA 1.02.02.02 PARTICIPAÇÕES AVALIADAS PELO MÉTODO DO CUSTO 1.02.02.02.001 OUTRAS PARTICIPAÇÕES 1.02.02.02.002 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL 1.02.02.03 PARTICIPAÇÕES AVALIADAS PELO VALOR JUSTO 1.02.02.04 PROPRIEDADES PARA INVESTIMENTO 1.02.02.04.001 PROPRIEDADES PARA INVESTIMENTOS - ALUGUEL 1.02.02.04.002 PROPRIEDADES MANTIDAS EM ARRENDAMENTO OPERACIONAL 1.02.02.04.003 PROPRIEDADES MANTIDAS PARA VALORIZAÇÃO OU DEFINIÇÃO FUTURA 1.02.03 IMOBILIZADO 1.02.03.01 BENS EM OPERAÇÃO 1.02.03.01.001 TERRENOS 1.02.03.01.002 EDIFICAÇÕES 1.02.03.01.003 INSTALAÇÕES 1.02.03.01.004 COMPUTADORES E PERIFÉRICOS 1.02.03.01.005 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 1.02.03.01.006 MÓVEIS E UTENSÍLIOS 1.02.03.01.007 VEÍCULOS 1.02.03.01.008 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL 1.02.03.02 (-) DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 1.02.03.02.001 (-) EDIFICAÇÕES 1.02.03.02.002 (-) INSTALAÇÕES 1.02.03.02.003 (-) COMPUTADORES E PERIFÉRICOS 1.02.03.02.004 (-) MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 1.02.03.02.005 (-) MÓVEIS E UTENSÍLIOS 1.02.03.02.006 (-) VEÍCULOS 207 1.02.03.03 (-) EXAUSTÃO ACUMULADA 1.02.03.03.001 (-) TERRENOS 1.02.03.04 IMOBILIZADO EM ANDAMENTO 1.02.03.04.001 EDIFICAÇÕES 1.02.03.04.002 INSTALAÇÕES 1.02.03.04.003 EQUIPAMENTOS 1.02.03.04.004 ADIANTAMENTO A FORNECEDOR 1.02.03.04.005 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL 1.02.04 INTANGÍVEL 1.02.04.01.001 PATENTES 1.02.04.01.002 DIREITOS AUTORAIS 1.02.04.01.003 INTANGÍVEL EM DESENVOLVIMENTO 1.02.04.01.004 SOFTWARE 1.02.04.01.005 (-) AMORTIZAÇÃO ACUMULADA 1.02.04.01.006 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL 2 PASSIVO 2.01 PASSIVO CIRCULANTE 2.01.01 FORNECEDORES 2.01.01.01.001 FORNECEDORES NACIONAIS 2.01.01.02.002 FORNECEDORES ESTRANGEIROS 2.01.02 SALÁRIOS E ENCARGOS SOCIAIS 2.01.02.01.001 SALÁRIOS A PAGAR 2.01.02.01.002 RESCISÕES A PAGAR 2.01.02.01.003 PRÓ-LABORE 2.01.02.01.004 PENSÃO ALIMENTÍCIA 2.01.02.01.005 FÉRIAS A PAGAR 2.01.02.01.006 13º SALÁRIOS A PAGAR 2.01.02.01.007 INSS A RECOLHER 2.01.02.01.008 FGTS A RECOLHER 208 2.01.02.01.009 CONTRIBUIÇÃO SINDICAL A RECOLHER 2.01.02.01.010 CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL A RECOLHER 2.01.03 OBRIGAÇÕES FISCAIS 2.01.03.01.001 ICMS A RECOLHER 2.01.03.01.002 ICMS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA 2.01.03.01.003 COFINS A RECOLHER 2.01.03.01.004 PIS A RECOLHER 2.01.03.01.005 ISS A RECOLHER 2.01.03.01.006 ISS RETIDO NA FONTE A RECOLHER 2.01.03.01.007 IRRF A RECOLHER 2.01.03.01.008 IPI A RECOLHER 2.01.03.01.009 IRPJ A RECOLHER 2.01.03.01.010 CSLL A RECOLHER 2.01.03.01.011 PARCELAMENTO DE TRIBUTOS 2.01.03.01.012 (-) IRPJ RECOLHIDO ANTECIPADO 2.01.03.01.013 (-) CSLL RECOLHIDA ANTECIPADA 2.01.04 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS 2.01.04.01 EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS 2.01.04.01.001 EMPRÉSTIMOS A PAGAR 2.01.04.01.002 FINANCIAMENTOS A PAGAR 2.01.04.01.003 DUPLICATAS DESCONTADAS 2.01.04.01.004 (-) ENCARGOS FINANCEIROS A TRANSCORRER 2.01.04.01.005 (-) CUSTOS DE TRANSAÇÃO A APROPRIAR 2.01.05 TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS 2.01.05.01 DEBÊNTURES 2.01.05.01.001 DEBÊNTURES 2.01.05.01.002 (-) ENCARGOS FINANCEIROS A TRANSCORRER 2.01.05.01.003 (-) CUSTOS DE TRANSAÇÃO A APROPRIAR 2.01.06 CONTAS A PAGAR 209 2.01.06.01.001 ÁGUA E LUZ 2.01.06.01.002 TELEFONIA E INTERNET 2.01.06.01.003 COMISSÕES A PAGAR 2.01.07 OUTRAS OBRIGAÇÕES 2.01.07.01.001 ADIANTAMENTO DE CLIENTE 2.01.07.01.002 JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO A PAGAR 2.01.07.01.003 DIVIDENDOS A PAGAR 2.01.08 PROVISÕES 2.01.08.01.001 PROVISÕES FISCAIS, PREVIDENCIÁRIAS, TRABALHISTAS E CÍVEIS 2.01.08.01.002 PROVISÕES PARA BENEFÍCIOS A EMPREGADOS (APOSENTADORIAS E PENSÕES) 2.01.08.01.003 PROVISÕES PARA GARANTIAS 2.01.08.01.004 PROVISÕES PARA REESTRUTURAÇÃO 2.01.08.01.005 PROVISÕES PARA RETIRADA DE ATIVOS 2.01.08.01.006 PROGRAMAS DE FIDELIDADE 2.01.08.01.007 PROVISÕES PARA CONTRATOS ONEROSOS 2.01.08.01.008 (-) ENCARGOS A APROPRIAR 2.02 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 2.02.01 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS 2.02.01.01.001 EMPRÉSTIMOS A PAGAR 2.02.01.01.002 FINANCIAMENTOS A PAGAR 2.02.01.01.003 DUPLICATAS DESCONTADAS 2.02.01.01.004 (-) ENCARGOS FINANCEIROS A TRANSCORRER 2.02.01.01.005 (-) CUSTOS DE TRANSAÇÃO A APROPRIAR 2.02.02 DEBÊNTURES 2.02.02.01.001 DEBÊNTURES 2.02.02.01.002 PRÊMIO NA EMISSÃO DE DEBÊNTURES A APROPRIAR 2.02.02.01.003 (-) ENCARGOS FINANCEIROS A TRANSCORRER 2.02.02.01.004 (-) CUSTOS DE TRANSAÇÃO A APROPRIAR 210 2.02.03 TRIBUTOS DIFERIDOS 2.02.03.01.001 IRPJ DIFERIDO 2.02.03.01.002 CSLL DIFERIDA 2.02.04 PROVISÕES 2.03 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.03.01 CAPITAL SOCIAL 2.03.01.01.001 CAPITAL SUBSCRITO 2.03.01.01.002 (-) CAPITAL A INTEGRALIZAR 2.03.02 RESERVAS 2.03.02.01 RESERVAS DE CAPITAL 2.03.02.01.001 ÁGIO NA EMISSÃO DE AÇÕES 2.03.02.01.002 RESERVA ESPECIAL PARA ÁGIO NA INCORPORAÇÃO 2.03.02.01.003 (-) GASTOS NA EMISSÃO DE TÍTULOS PATRIMONIAIS 2.03.02.02 RESERVAS DE LUCRO 2.03.02.02.001 RESERVA LEGAL 2.03.02.02.002 RESERVA ESTATUTÁRIA 2.03.02.02.003 RESERVAS PARA CONTINGÊNCIAS 2.03.02.02.004 RESERVAS DE LUCROS A REALIZAR 2.03.02.02.005 RESERVAS DE LUCROS PARA EXPANSÃO 2.03.02.02.006 RESERVAS DE INCENTIVOS FISCAIS 2.03.02.02.007 RESERVA ESPECIAL PARA DIVIDENDO OBRIGATÓRIO NÃO DISTRIBUÍDO 2.03.03 LUCROS/PREJUÍZOS ACUMULADOS 2.03.03.01.001 PREJUÍZOS ACUMULADOS 2.03.03.01.002 LUCROS ACUMULADOS 2.03.03.01.003 AJUSTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES 2.03.04 DIVIDENDO ADICIONAL PROPOSTO 2.03.04.01.001 DIVIDENDOS ADICIONAL PROPOSTO 2.03.05 (-) AÇÕES DE EMISSÃO PRÓPRIA EM TESOURARIA 2.03.06 OUTROS RESULTADOS ABRANGENTES 211 2.03.06.01.001 AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL 2.03.06.01.002 (-) TRIBUTOS SOBRE AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL 2.03.06.01.003 AJUSTES ACUMULADOS DE CONVERSÃO 2.03.07 PARTICIPAÇÃO DOS NÃO CONTROLADORES 3. RESULTADO 3.01.01 FATURAMENTO DE VENDAS DE PRODUTOS 3.01.01.01.001 FATURAMENTO BRUTO DE VENDAS DE PRODUTOS 3.01.01.01.002 (-) IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI 3.01.02 RECEITA BRUTA DE VENDAS 3.01.02.01.001 RECEITA DE VENDAS 3.01.02.01.002 RECEITA DE SERVIÇOS 3.02 DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 3.02.01 TRIBUTOS SOBRE VENDAS E SERVIÇOS 3.02.01.01.001 PIS SOBRE FATURAMENTO 3.02.01.01.002 COFINS SOBRE FATURAMENTO 3.02.01.01.003 ICMS SOBRE VENDAS 3.02.01.01.004 IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS 3.02.02 VENDAS CANCELADAS E DEVOLUÇÕES 3.02.02.01.001 ABATIMENTOS SOBRE VENDAS 3.02.02.01.002 DEVOLUÇÕES DE VENDAS 3.02.02.01.003 DESCONTOS INCONDICIONAIS 3.02.03 AJUSTE A VALOR PRESENTE 3.02.03.01.001 AJUSTE A VALOR PRESENTE 3.03 CUSTOS 3.03.01.01.001 CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS 3.03.01.01.002CUSTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS 3.03.01.01.003 CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS 3.04 DESPESAS OPERACIONAIS 3.04.01 DESPESAS COMERCIAIS 212 3.04.01.01 DESPESAS COM PESSOAL 3.04.01.01.001 SALÁRIOS E ORDENADOS 3.04.01.01.002 HORAS EXTRAS 3.04.01.01.003 INDENIZAÇÃO E AVISO PRÉVIO 3.04.01.01.004 FÉRIAS 3.04.01.01.005 13º SALÁRIOS 3.04.01.01.006 INSS 3.04.01.01.007 FGTS 3.04.01.01.008 ASSISTÊNCIA MÉDICA E ODONTOLÓGICA 3.04.01.01.009 TREINAMENTOS E CURSOS 3.04.01.01.010 VALE TRANSPORTE 3.04.01.01.011 PRÓ-LABORE 3.04.01.01.012 COMISSÕES S/ VENDAS 3.04.01.02 OUTRAS DESPESAS COMERCIAIS 3.04.01.02.001 MATERIAL DE MOSTRUÁRIO 3.04.01.02.002 MATERIAL DE EMBALAGEM 3.04.01.02.003 PROPAGANDA E PUBLICIDADE 3.04.01.02.004 BRINDES E BONIFICAÇÕES 3.04.01.02.005 VIAGENS E ESTADIAS 3.04.01.02.006 GARANTIA PÓS ENTREGA 3.04.01.02.007 MATERIAL DE EXPEDIENTE 3.04.01.02.008 PERDAS ESTIMADAS COM CONTAS A RECEBER 3.04.02 DESPESAS ADMINISTRATIVAS 3.04.02.01 DESPESAS COM PESSOAL 3.04.02.01.001 SALÁRIOS E ORDENADOS 3.04.02.01.002 HORAS EXTRAS 3.04.02.01.003 INDENIZAÇÃO E AVISO PRÉVIO 3.04.02.01.004 FÉRIAS 3.04.02.01.005 13º SALÁRIOS 213 3.04.02.01.006 INSS 3.04.02.01.007 FGTS 3.04.02.01.008 ASSISTÊNCIA MÉDICA E ODONTOLÓGICA 3.04.02.01.009 TREINAMENTOS E CURSOS 3.04.02.01.010 VALE TRANSPORTE 3.04.02.01.011 PRÓ-LABORE 3.04.02.02 OCUPAÇÃO 3.04.02.02.001 ALUGUEL DE MÓVEIS E IMÓVEIS/CONDOMÍNIO 3.04.02.02.002 MANUTENÇÃO DE MÓVEIS, MÁQ. E EQUIPAMENTOS 3.04.02.02.003 MANUTENÇÃO PREDIAL 3.04.02.02.004 DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO 3.04.02.03 UTILIDADES E SERVICOS 3.04.02.03.001 BENS DE PEQUENO VALOR 3.04.02.03.002 SEGUROS 3.04.02.03.003 ENERGIA ELÉTRICA 3.04.02.03.004 CORREIOS E MALOTES 3.04.02.03.005 ÁGUA E ESGOTO 3.04.02.03.006 TELEFONIA E INTERNET 3.04.02.03.007 MANUTENÇÃO 3.04.02.03.008 SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE INFORMÁTICA 3.04.02.03.009 VIGILÂNCIA/PORTARIA 3.04.02.03.010 FRETES E CARRETOS 3.04.02.03.011 COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES 3.04.02.03.012 LICENCIAMENTO E TAXAS DE VEÍCULOS 3.04.02.03.013 ASSINATURAS E ANUIDADES 3.04.02.03.014 SERVIÇOS CONTRATADOS PJ 3.04.02.03.015 SERVIÇOS CONTRATADOS PF 3.04.02.03.016 LICENÇA/ALUGUEL DE SOFTWARE 3.04.02.03.017 CUSTAS PROCESSUAIS E DESPESAS CARTORIAIS 214 3.04.02.04 DESPESAS ADMINISTRATIVAS GERAIS 3.04.02.04.001 LANCHES, REFEIÇÕES E CONDUÇÕES 3.04.02.04.002 VIAGENS E ESTADIAS 3.04.02.04.003 MATERIAL DE EXPEDIENTE 3.04.03 DESPESAS TRIBUTÁRIAS 3.04.03.01 IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES 3.04.03.01.001 IPTU 3.04.03.01.002 PIS S/ OUTRAS RECEITAS 3.04.03.01.003 COFINS S/ OUTRAS RECEITAS 3.04.03.01.004 IOF 3.04.03.01.005 TAXAS 3.04.03.01.006 MULTAS DEDUTÍVEIS 3.04.03.01.007 MULTAS INDEDUTÍVEIS 3.04.03.01.008 OUTROS TRIBUTOS 3.04.04 DESPESAS COM PROVISÕES 3.04.04.01.001 PROVISÕES FISCAIS, PREVIDENCIÁRIAS, TRABALHISTAS E CÍVEIS 3.04.04.01.002 PROVISÕES PARA BENEFÍCIOS A EMPREGADOS (APOSENTADORIAS E PENSÕES) 3.04.04.01.003 PROVISÕES PARA GARANTIAS 3.04.04.01.004 PROVISÕES PARA REESTRUTURAÇÃO 3.04.04.01.005 PROVISÕES PARA RETIRADA DE ATIVOS 3.04.04.01.006 PROGRAMAS DE FIDELIDADE 3.04.04.01.007 PROVISÕES PARA CONTRATOS ONEROSOS 3.04.05.01 RESULTADO NA VENDA DE ITENS NÃO CIRCULANTES 3.04.05.01.001 RECEITA COM VENDAS DE ITENS NÃO CIRCULANTE 3.04.05.01.002 CUSTO COM VENDAS DE ITENS NÃO CIRCULANTE 3.04.06 OUTRAS RECEITAS E DESPESAS 3.04.06.01.001 PERDAS POR NÃO RECUPERABILIDADE 3.04.06.01.002 RESULTADO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL 215 3.04.06.01.003 RECEITA COM DIVIDENDOS 3.05 RESULTADO FINANCEIRO LÍQUIDO 3.05.01 DESPESAS FINANCEIRAS 3.05.01.01.001 VARIAÇÃO CAMBIAL - DESPESA 3.05.01.01.002 VARIAÇÃO MONETÁRIA EMPRÉSTIMOS 3.05.01.01.003 VARIAÇÃO MONETÁRIA SOBRE PARCELAMENTO DE TRIBUTOS 3.05.01.01.004 JUROS - AJUSTE A VALOR PRESENTE 3.05.01.01.005 JUROS SELIC 3.05.01.01.006 JUROS DE MORA-DESPESAS FINANCEIRAS 3.05.01.01.007 MULTAS FINANCEIRAS 3.05.01.01.008 JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS 3.05.01.01.009 JUROS SOBRE DUPLICATAS A PAGAR 3.05.01.01.010 JUROS SOBRE PARCELAMENTOS DE TRIBUTOS 3.05.02 DESPESAS FINANCEIRAS GERAIS 3.05.02.01.001 DESPESAS BANCÁRIAS 3.05.02.01.002 TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DE CARTÃO 3.05.02.01.003 ENCARGOS FINANCEIROS CARTÃO DE CRÉDITO 3.05.02.01.004 DESCONTO CONCEDIDO A CLIENTES 3.05.02.01.005 DESPESA COM OPERAÇÃO DE DESCONTOS 3.05.03 RECEITAS FINANCEIRAS 3.05.03.01.001 VARIAÇÃO CAMBIAL - RECEITA 3.05.03.01.002 VARIAÇÃO MONETÁRIA SOBRE EMPRÉSTIMOS - RECEITA 3.05.03.01.003 RECEITA DE JUROS - AJUSTE A VALOR PRESENTE 3.05.04 JUROS/MULTA RECEBIDOS 3.05.04.01.001 JUROS SOBRE OPERAÇÕES DE MÚTUO 3.05.04.01.002 JUROS DE MORA-RECEITAS FINANCEIRAS 3.05.04.01.003 JUROS SELIC 3.05.04.01.004 JUROS RECEBIDOS DE CLIENTES 3.05.04.01.005 MULTAS FINANCEIRAS 216 3.05.05 RECEITAS FINANCEIRAS GERAIS 3.05.05.01.001 RECEITA DE APLICAÇÃO FINANCEIRA 3.05.05.01.002 DESCONTOS FINANCEIROS OBTIDOS 3.06 DESPESA COM TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 3.06.01.01.001 IRPJ CORRENTE 3.06.01.01.002 IRPJ DIFERIDO 3.06.01.01.003 CSLL CORRENTE 3.06.01.01.004 CSLL DIFERIDA 3.07 RESULTADO DAS OPERAÇÕES NÃO CONTINUADAS 3.07.01.01.001 RECEITAS DAS OPERAÇÕES DESCONTINUADAS 3.07.01.01.002 DESPESAS DAS OPERAÇÕES DESCONTINUADAS 3.07.01.01.003 TRIBUTOS SOBRE OPERAÇÕES DESCONTINUADAS 3.07.01.01.004 IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL S/ O LUCRO DE OPERAÇÕES DESCONTINUADAS Fonte: CFC (2021, p. 28–37). Estrutura Básica da Contabilidade Sistematização do Patrimônio Balanço Patrimonial Demonstração do Resultado Contabilidade por Balanços Sucessivos _qxj4vuy5qf9m _oazenbffost0 _n5on0basidr _rtnjyrmtfqn5 _sn5rcpwdbcx2 _Hlk103610671 _Hlk103610184 _gjdgxs _nl72r482q4pe U01 - IMERSIVA.pdf Estrutura Básica da Contabilidade Sistematização do Patrimônio Balanço Patrimonial Demonstração do Resultado Contabilidade por Balanços Sucessivosnão lucrativas, empresa, seja mesmo pessoa de Direito Público, tais como Estado, Município, União, Autarquia etc., tem um campo de atuação muito amplo. Fonte: Iudícibus et al. (2019, p. 1). EXPLORANDO IDEIAS 25 Para entender o papel da Contabilidade, precisamos conhecer seu OBJETO, seu OBJETIVO e os USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL. Toda Ciência possui um objeto de estudo; no caso da Contabilidade, esse objeto é o patrimônio das entidades contábeis. Nesse material, você descobrirá o que compõe o patrimônio e como a Contabilidade organiza os elementos patri- moniais. Antes, porém, precisamos entender o que é uma entidade contábil, a qual possui um patrimônio. Segundo Fragalli e Silva (2021, p. 22), “a entidade contábil pode ser de- finida como um patrimônio sob a ação administrativa do homem, que age sobre ele praticando atos de natureza econômica”. Então, eu lhe pergunto: você, enquanto pessoa física, administra o seu patrimônio? Você realiza atos de natureza econômica? Óbvio que sim! E é por isso que o seu patrimônio também representa uma entidade contábil. Isso significa que o mecanismo contábil de controle patrimonial pode ser utilizado tanto por pessoas jurídicas quanto por pessoas físicas. Normal- mente, relacionamos a Contabilidade às empresas, pois estas são obrigadas a manter uma escrituração contábil — exceto empresas da categoria MEI (Microempreendedor Individual) —, no entanto, as pessoas físicas podem utilizar a Contabilidade para controlar o seu patrimônio. A diferença é que a grande maioria da população possui um conjunto pequeno de elementos patrimoniais, não sendo necessário os serviços contábeis para tal controle. As teorias contábeis são desenvolvidas visando à melhor maneira de re- gistrar, avaliar e controlar o patrimônio, seja em seu aspecto estático, que evi- dencia o conjunto de elementos patrimoniais em um determinado momento, seja em suas variações. O estudo sobre o patrimônio tem como finalidade fornecer aos seus usuários informações econômicas, financeiras e patrimo- niais que auxiliem no processo de tomada de decisão. Assim, segundo Favero et al. (2011, p. 1), a Contabilidade tem como objetivo “gerar informação para o controle e tomada de decisão”. Contribuindo com Favero et al. (2011), Szuster et al. (2013) afirmam que a Contabilidade é um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financei- ra, física e de produtividade no que tange a entidade objeto da contabilização. Assim, podemos afirmar que os objetivos da Contabilidade são: UNICESUMAR UNIDADE 1 26 “ Proceder ao registro da estrutura societária da organização, bem como alterações futuras. Registrar, analisar e controlar o patrimônio das entidades. Gerar informações para tomada de decisão da administração. Gerar informações para terceiros com vínculo de interesse para com o empreendimento (acionistas, investidores, fornecedores, governo etc. (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 38). Isso demonstra o importante papel da Contabilidade para o sucesso de um negócio. Muito mais do que atender às exigências legais, a Contabilidade é responsável por fornecer informações que são essenciais para a gestão. “ A função fundamental da Contabilidade [...] tem permanecido inal- terada desde seus primórdios. Sua finalidade é prover os usuários dos demonstrativos financeiros com informações que os ajudarão a tomar decisões. Sem dúvida, tem havido mudanças substanciais nos tipos de usuários e nas formas de informações que têm procurado. Todavia, esta função dos demonstrativos financeiros é fundamental e profunda. O objetivo básico dos demonstrativos financeiros é prover informação útil para a tomada de decisões econômicas (AICPA, 1973 apud IU- DÍCIBUS, 2015, p. 4). Entretanto, quem são os usuários da informação contábil? Podemos dizer que são todas as pessoas que utilizam as informações contábeis para avaliar, verificar ou tomar decisões relacionadas à entidade. Tais usuários são classificados em internos e externos. Os usuários internos são aqueles que trabalham na empresa e ocupam cargos que requerem a tomada de decisões e, por isso, necessitam de informações direcionadas. Já os usuários externos não possuem relação de trabalho com a empre- sa, mas, também, necessitam de informações para a tomada de decisões. Para estes usuários, as informações são, normalmente, padronizadas (FAVERO et. al., 2011). Podemos dizer, porém, que não é uma tarefa fácil atender a todos os usuários da Contabilidade, isso porque a necessidade de informação é diferente entre eles. Os gestores, enquanto usuários internos, necessitam de informações financeiras e operacionais específicas dependendo do seu cargo ou função, normalmente, 27 precisam saber sobre o fluxo de caixa, itens em estoque, valores a receber e pa- gar, custo de produção, pedidos de clientes a serem atendidos, entre outras. Já os usuários externos, como fornecedores e instituições financeiras, normalmente, estão preocupados com a situação financeira da entidade, visando analisar sua capacidade de pagamento. Já o Governo e as entidades reguladoras procuram informações que possibilitem verificar se o regime tributário e os respectivos recolhimentos estão corretos. Favero et al. (2011) apresentam alguns exemplos de usuários e a sua respec- tiva necessidade informacional: USUÁRIOS INTERNOS INFORMAÇÕES REQUERIDAS Empregados Fluxo de caixa capaz de assegurar condições de boa remuneração. Diretores Desempenho e rentabilidade. Encarregados de produção Produtividade e análise das variações de desempenho. Encarregados de vendas Desempenho por região, linhas de produtos, vendedores etc. USUÁRIOS EXTERNOS INFORMAÇÕES REQUERIDAS Instituições financeiras Capacidade de pagamento da em- presa. Ao emprestar o dinheiro, a sua preocupação é que a empresa tenha uma geração de caixa futuro suficiente para pagar, com segurança, o capital emprestado, atualizado com os juros. Entidades governamentais Lucro tributável, produtividade e valor adicionado. Acionistas ou quotistas minoritá- rios — não participantes da admi- nistração das entidades Retorno sobre o capital investido. Nor- malmente, esperam que a empresa tenha condições de manter um fluxo regular de distribuição de lucros. Sindicatos Fluxo de caixa futuro e rentabilidade. Quadro 2 - Tipos de usuários / Fonte: Favero et al. (2011, p. 3). UNICESUMAR UNIDADE 1 28 Que legal! João acaba de des- cobrir que ele é um usuário das informações contábeis. Como sócio/gerente, ele pre- cisa saber sobre o resultado da empresa, se é positivo ou negativo, os recursos finan- ceiros que a empresa possui, o montante de dívidas que vencem no curto e no longo prazo, enfim uma série de in- formações que estão contidas nas demonstrações contábeis. A questão, agora, é saber iden- tificar tais informações. OLHAR CONCEITUAL Aluno(a), conheça, aqui, as diferenças entre objeto, objetivo e usuários da informação contábil na Contabilidade. Objeto A contabilidade tem como objeto o patrimônio da entidade contábil. Objetivo A contabilidade tem como objetivo gerar informação para os usuários. Usuários da informação contábil Os usuários são todas as pessoas que utilizam as informações contábeis. São classificados em internos e externos. 29 É importante esclarecer que “a Contabilidade é muito mais do que mero re- gistro; é um instrumento básico de gestão, e, na verdade, um dos principais” (IUDÍCIBUS, 2015, p. 19). Contudo, para que esse instrumento seja realmente útil, é preciso que os usuários compreendam as informações geradas. Por mais que a Contabilidade busque ser clara em suas demonstrações, subentende-se que os usuários possuem conhecimento mínimo necessário para compreen- der a metodologia contábil de geração de informação. De certa forma, o “homem contador” põe ordem, classifica, agrega e inventaria o que o “homem produtor”, em seu anseio deproduzir, vai, às vezes, desordenadamente, amea- lhando, dando condições a este último para aprimorar cada vez mais a quantidade e a qualidade dos bens produzidos, por meio da obtenção de maiores informações sobre o que conseguiu até o momento. Fonte: Iudícibus (2015, p. 17). PENSANDO JUNTOS Como dito anteriormente, os usuários possuem necessidades diferentes de informação, e a Contabilidade deve buscar atender a todos. Contudo, no nosso país, a legislação fiscal e tributária é muito complexa, e, por isso, na maioria das vezes, as empresas buscam os serviços contábeis apenas para atender à legislação. Esse problema, na verdade, possui duas vertentes: por um lado existem contadores que deixam de expor aos seus clientes o importante papel da Contabilidade no fornecimento de informações que são úteis ao processo decisório, por outro, as empresas não querem gastar dinheiro com os serviços contábeis e contratam apenas os serviços exigidos por lei. Por esse motivo, existem diferentes CAMPOS DE ATUAÇÃO DA CIÊNCIA CONTÁBIL: a Contabilidade Fiscal, a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial, e cada uma é voltada para finalidades específicas dos usuários. De acordo com Szuster et al. (2013, p. 28), “a atuação segmentada da Contabilidade Gerencial, da Contabilidade Financeira e da Contabilidade Fiscal retrata este processo que fornece, no conjunto, as informações mais utilizadas no mundo dos negócios”. UNICESUMAR UNIDADE 1 30 A Contabilidade Fiscal é regida pelo Gover- no e obrigatória para todas as empresas, exceto as que estão enquadradas como Microempreen- dedor Individual (MEI), e está voltada para aten- der à legislação fiscal. Nesse campo de atuação, o contador precisa estar atento às regulamentações específicas de cada empresa, que depende do seu porte, seu ramo de atuação, seu regime tributário, seu enquadramento fiscal, entre outras questões. De acordo com as particularidades de cada em- presa, o contador calcula e emite as guias de reco- lhimento de impostos, gera relatórios fiscais, emite notas fiscais, entre outras ações. A Contabilidade Financeira, ou Contabilidade Societária, é regulamentada pelas normas contá- beis. Ela define os processos de contabilização dos fatos ocorridos na empresa de forma que as infor- mações geradas representem fielmente a situação econômica, financeira e patrimonial da entidade. A Contabilidade Financeira também é responsável por definir a estrutura e as informações a serem apresentadas nas demonstrações contábeis. Por fim, a Contabilidade Gerencial tem a fi- nalidade exclusiva de auxiliar na gestão da em- presa, por isso, ela não segue regras ou normas, a própria empresa é quem define os dados, os modelos de relatórios, a periodicidade em que as informações devem ser divulgadas etc. Na Contabilidade Gerencial, o contador pode utili- zar desde uma simples planilha de Excel ou um caderno de anotações até sistemas sofisticados de análises quantitativas; o objetivo é que a informa- ção atenda às necessidades dos gestores internos, os quais precisam tomar decisões diárias de for- ma segura e assertiva. 31 Podemos observar as características de cada campo de atuação no Quadro 3. CARACTERÍSTICAS CONTABILIDADE FISCAL CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL Adoção e elaboração Obrigatória Obrigatória Facultativa Utilizada para... Relações tributárias Relações externas Relações internas Vínculo à legislação Condicionada às disposições legais e tributárias Condicionada às disposições legais Não está condicionada às disposições legais Produto principal Relatórios específicos exigidos por lei Conjunto completo de demonstrações contábeis Relatórios para planejamento e controle Visão da empresa Empresa como um todo Empresa como um todo Interesse nas partes A informação é... Precisa (objetiva) Relevante e confiável Rápida A informação busca... Objetividade e legalidade Essência econômica das transações Utilidade Quadro 3 - Características dos campos de atuação da contabilidade Fonte: adaptado de Szuster et al. (2013). João não entendeu muito bem a diferença entre Conta- bilidade Fiscal, Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial e, por isso, foi pedir explicação ao seu contador. Acompanhe o podcast e descubra o que o contador disse ao João. UNICESUMAR 33 Por esse motivo, estudaremos, agora, sobre o OBJETIVO E ALCANCE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS. É importante que você saiba que relatórios contábeis e demonstrações contábeis são considerados sinônimos. Sobre esse assunto, Iudícibus e Marion (2019, p. 229) afirmam que o “relatório contábil é a exposição resumida e ordenada dos principais fatos registrados pela contabili- dade em determinado período”. O processo de geração de informações contábeis pode ser observado na Figura 2. Coleta de dados Contabilidade Relatórios contábeis Usuários da contabilidade • Administração • Bancos • Governo • Fornecedores A Figura 2 demonstra a obtenção de dados que é feita por meio de documen- tos: é por isso que a Contabilidade solicita notas fiscais, recibos, contratos, entre outros documentos que comprovem a transação realizada. Com os do- cumentos em mãos, a Contabilidade efetua os registros das transações e, ao final do período — que pode ser mensal, anual ou outro —, tais registros dão origem às demonstrações contábeis que são utilizadas pelos usuários para obtenção de informações a respeito da entidade. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Norma Brasileira de Contabilidade — NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019, fornece alguns apontamentos acerca dos objetivos das demonstrações contábeis: Descrição da Imagem: a figura demonstra um processo que segue da esquerda para a direita. Na primeira parte, está escrito “Coleta de dados”; abaixo, aparece a figura de um funil que tem a sua saída voltada para figura da direita, na parte superior do funil, existem vários cifrões sendo coletados. Em seguida, está escrito “Contabilidade”; abaixo, aparece a figura de um homem de terno e gravata ao lado de uma calculadora. Na sequência, está escrito “Relatórios contábeis”; abaixo, aparece a figura de um papel com texto ilegível. Por fim, está escrito “Usuários da contabilidade”; abaixo, aparecem as seguintes citações: Administração, Bancos, Governo e Fornecedores. Figura 2 - Geração de informações contábeis / Fonte: Marion (2009, p. 46). UNICESUMAR UNIDADE 1 34 “ O objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações financeiras sobre os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade que reporta que sejam úteis aos usuários das demonstrações contábeis na avaliação das perspectivas para futuros fluxos de entrada de caixa líquidos para a entidade que reporta e na avaliação da gestão de recursos da administração sobre os recursos econômicos da entidade (CFC, 2019, [s.p.]). NOVAS DESCOBERTAS Caro(a) aluno(a), como você deve ter percebido, mencionamos, anterior- mente, a existência de uma normativa que regulamenta a estrutura concei- tual para um relatório financeiro. Acesse o QR Code e conheça o documento na íntegra. Apesar de as demonstrações contábeis possuírem estruturas específicas, o nível de detalhamento e complexidade deve ser ajustado de acordo com cada realidade. Para entender essa ideia, basta comparar uma grande indústria têxtil, com deze- nas de funcionários e na qual o proprietário pode nem atuar dentro da empresa, com um pequeno ateliê de costura, em que a(o) costureira(o) é proprietária(o) do negócio e, também, é quem atende o cliente, fabrica, vende, recebe, controla o estoque, o caixa, enfim atua em todas as ações do negócio. 35 As diferentes características das empresas nos permitem afirmar que os relatórios contábeis serão influenciados pelos seguintes aspectos: ■ Complexidade do negócio É evidente que os relatórios de uma pequena empresa, compoucos tipos de transa- ções — basicamente, compra, vende, recebe e paga — conterá bem menos informa- ções que os relatórios de uma grande corporação que realiza uma extensa variedade de transações, nacionais e internacionais, que apresenta uma enorme carga tribu- tária e realiza operações em diversas instituições financeiras. Dessa forma, quanto maior o nível de complexidade das atividades desempenhadas pela entidade, maior também será a complexidade e o detalhamento das informações contábeis. ■ Distância entre os sócios/acionistas da gestão da empresa Nas empresas em que os sócios conseguem acompanhar de perto as atividades realizadas, não existe a necessidade de relatórios contábeis mais detalhados. Nes- ses casos, a informação é obtida na própria empresa, sendo os relatórios menos utilizados para tomada de decisão. Por outro lado, em grandes empresas, em que os sócios/acionistas não participam dos negócios, os relatórios se tornam o principal meio de prestação de contas sobre as ações dos gestores. UNICESUMAR UNIDADE 1 36 Nas entidades por ações, também conhecidas como Sociedades Anônimas (S.A.), por exemplo, os acionistas minoritários compõem o quadro societário da empresa, mas são considerados usuários externos, pois não têm fácil acesso às infor- mações, por isso, a Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976) e alterações (Lei das S.A.) deter- minam uma série de informações a serem divulgadas nas demonstrações contábeis, de forma a amparar os acionistas com dados que assegurem seu investimento. ■ Conjunto de demonstrações contábeis De acordo com a NBC TG 26 (R5) — Apresentação das Demonstrações Con- tábeis (CFC, 2017), o conjunto completo de demonstrações inclui: » Balanço patrimonial. » Demonstração do resultado. » Demonstração do resultado abrangente. » Demonstração das mutações do patrimônio líquido. » Demonstração dos fluxos de caixa. » Demonstração do valor adicionado. » Notas explicativas. A obrigatoriedade de elaboração e divulgação de tais demonstrações depende de legislações específicas conforme o porte e a formalização legal da entidade. No entanto, o balanço patrimonial e a demonstração do resultado, que você conhe- cerá neste material, devem ser elaborados por todas as empresas, mesmo que não venham a ser divulgados publicamente. Muitos empresários de pequenos negócios nunca viram o balanço patrimonial ou a de- monstração de resultado da sua empresa. Será que o contador não fornece as demons- trações ou o empresário não tem interesse, pois não entende as informações? PENSANDO JUNTOS Mesmo que não sejam poucas as demonstrações, muitas empresas também apre- sentam o relatório da administração, que descreve e explica as características principais do desempenho e da posição financeira e patrimonial da entidade, assim como as incertezas às quais está sujeita. Muitas empresas também apre- sentam relatórios ambientais e sociais, sobretudo as de setores em que os fatores ambientais e sociais são significativos (CFC, 2017). 37 As demonstrações contábeis são voltadas para usuários externos de forma geral: “ As demonstrações contábeis fornecem informações sobre transa- ções e outros eventos observados do ponto de vista da entidade que reporta como um todo e, não, do ponto de vista de qualquer grupo específico de investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes ou potenciais, da entidade (CFC, 2019, [s.p.]). Contudo, os usuários internos necessitam de informações mais específicas e atuais. Por exemplo, ao invés de utilizar o balanço patrimonial, que contém todo o conjunto de bens, direitos e obrigações da entidade, o gerente financeiro pode requerer relatórios específicos apenas com os dados relativos a valores a receber e/ou a pagar, contendo o valor de cada título e vencimento. Da mesma forma, o gerente de produção pode solicitar informações específicas a respeito de itens em estoque, produtividade, pedidos a serem entregues, custos de produção, entre outras informações. Além de informações específicas, os usuários internos necessitam receber os relatórios de forma mais contínua. As demonstrações contábeis são elaboradas ao final de cada período, que pode ser mensal, semestral, anual ou outro definido pela entidade. No entanto, os relatórios gerados para os usuários internos devem ser gerados conforme a necessidade, que pode ser, até mesmo, diária. UNICESUMAR UNIDADE 1 38 Os relatórios internos são gerados pela Contabilidade quando a empre- sa possui um departamento contábil próprio. Quando a Contabilidade é terceirizada, as informações para a ges- tão são elaboradas por algum departa- mento administrativo que a empresa possua. Contudo, nada impede que o contador contratado pela empresa lhe envie relatórios com informações es- pecíficas, mas isso dependerá de como os serviços contábeis são contratados. E aí, gostou do papel da Contabili- dade? Acredito que, agora, a atividade contábil faz muito mais sentido para você, pois sabe que muito mais do que atender às determinações legais, a Contabilidade é um importante instru- mento de controle patrimonial, sendo que esse controle resulta em informa- ções que contribuem para o processo de tomada de decisão dos usuários. Contudo, para que essas informações sejam úteis, é necessário compreendê- -las, e é isso que trabalharemos a partir da próxima unidade. Até logo! 39 1. De acordo com Iudícibus (2015, p. 17), “o grau de desenvolvimento das teorias contá- beis e de suas práticas está diretamente associado, na maioria das vezes, ao grau de desenvolvimento comercial, social e institucional das sociedades, cidades ou nações”. Isso explica o fato de a Contabilidade, enquanto Ciência, ter surgido nas cidades italia- nas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa, entre outras. Explique por que a Contabilidade, enquanto disciplina, surgiu justamente nessas cidades italianas. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 2. Segundo Silva (2018, p. 17), a Ciência Exata é “qualquer campo da ciência capaz de ex- pressar quantidades, predições precisas e métodos rigorosos de testar hipóteses”; já a Ciência Social é um “ramo da ciência que estuda os aspectos sociais do ser humano, propondo conhecer o ser humano enquanto elemento integrante de grupo organizado”. SILVA, J. M. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2018. O principal relatório da Contabilidade, o balanço patrimonial, utiliza números e che- ga a um valor exato entre ativo e passivo mais patrimônio líquido. Mesmo assim, a Contabilidade não é tida como uma Ciência Exata. Observando essas descrições, explique por que a Contabilidade é classificada como uma Ciência Social, já que ela utiliza números — valores e quantidades — em seus relatórios para expressar a situação econômica e financeira da empresa. 3. Para Hendriksen (apud PADOVEZE, 2000, p. 49), “a Contabilidade é um processo de comunicação de informação econômica para propósitos de tomada de decisão tanto pela administração como por aqueles que necessitam fiar-se nos relatórios externos”. PADOVEZE, C. L. Manual de Contabilidade Básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000. Isto significa que, como mecanismo de informação, a Contabilidade busca auxiliar a tomada de decisão tanto dos usuários internos, como a administração da entidade, quanto dos usuários externos, que utilizam relatórios externos. Nesse sentido, ex- plique a diferença entre usuários internos e externos da Contabilidade. 4. Todas as pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas que necessitarem de infor- mações contábeis para tomar decisões são consideradas usuários das informações contábeis. Estes, por sua vez, são separados em internos e externos. Os usuários internos fazem parte da empresa e atuam diretamente em suas rotinas operacionais. 40 Já os usuários externos podem ou não ter relações diretas com a empresa, mas não atuam dentro dela. Considerando essas informações e tomando como baseuma empresa industrial, assinale a alternativa que apresenta um usuário da informação contábil com sua correta classificação. a) Governo, usuário interno. b) Diretoria, usuário externo. c) Gerente de produção, usuário externo. d) Instituições financeiras, usuário interno. e) Conselho Regional de Contabilidade, usuário externo. 5. As demonstrações contábeis fornecem informações sobre a situação econômica, financeira e patrimonial da entidade. Apesar de serem elaboradas de acordo com as estruturas definidas pelas normas contábeis, o nível de detalhamento e comple- xidade é influenciado por alguns fatores. No que se refere a esses fatores, analise as afirmativas a seguir. I - A complexidade do negócio interfere nas informações contábeis, isso porque as demonstrações de pequenos empreendimentos apresentam uma quantidade maior de informações, já que, normalmente, nessas situações, a Contabilidade é terceirizada. Já os grandes empreendimentos não necessitam de demonstração com muitas informações, já que possuem profissionais qualificados para realizar a gestão do negócio. II - A distância entre o sócio/acionista das informações da empresa interfere nas informações contábeis, isso porque quanto mais próximo o proprietário estiver da rotina da empresa, menos detalhes serão necessários nas demonstrações. III - Apesar das normas contábeis apresentarem um conjunto de sete demonstra- ções, cada empresa deve analisar sua própria obrigatoriedade de elaboração e divulgação, por isso, varia a depender do porte e ramo de atividade. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. UNIDADE 2 42 O João, personagem do nosso material, que, assim como você, deseja conhecer mais sobre Contabilidade, abriu uma loja de roupas chamada de Estilo. Para tanto, ele e mais dois amigos investiram o montante de R$ 200.000,00 cada, totalizando um capital de R$ 600.00,00. Com esse valor, eles compraram o ponto comercial e montaram a loja com balcões, expositores, prateleiras, provadores, mesas, itens de decoração e mercadorias para venda. Então, ela ficou assim: Do valor investido, sobraram R$ 180.000,00, que foram depositados em uma conta corrente aberta no nome da empresa. A abertura da empresa também gerou dívidas com aluguel e com fornecedores, já que parte das mercadorias foram adquiridas a prazo. Com essas informações eu lhe pergunto: o que compõe o patrimônio da empresa Estilo? Quais são as origens de recursos financeiros e como eles foram aplicados na empresa? A empresa Estilo apresenta uma situação patrimonial positiva ou negativa? 43 Quando pensamos em patrimônio, naturalmente, nos lembramos dos bens que possuímos: uma casa, um carro, um terreno etc. O Dicionário Aurélio define patrimônio como “herança paterna. Bens de família. Complexo de bens, materiais ou não, direito, ações, posse e tudo o mais que pertença a uma pessoa ou empresa e seja suscetível de apreciação econômica” (FERREIRA, 2009, p. 488). Os dados da empresa Estilo, apresentados anteriormente, estão detalhados na Tabe- la 1. Considerando os dados apresentados, identifique o patrimônio da empresa Estilo. Ponto comercial R$ 75.000,00 Balcões R$ 60.000,00 Expositores R$ 40.000,00 Prateleiras R$ 50.000,00 Provadores R$ 35.000,00 Mesas R$ 15.000,00 Itens de decoração R$ 5.000,00 Mercadorias R$ 265.000,00 Depósito na conta corrente R$ 180.000,00 Dívida com fornecedores R$ 120.000,00 Dívida com aluguel R$ 5.000,00 Capital investido pelos sócios R$ 600.000,00 Tabela 1 - Dados da empresa Estilo / Fonte: a autora. Você, provavelmente, deve ter considerado todos os bens, como os móveis e as mercadorias, como o patrimônio da empresa Estilo. Contudo, eu lhe convido a fa- zer a seguinte reflexão: caso os sócios da empresa Estilo solicitassem um emprés- timo a uma instituição financeira e, para assegurar o empréstimo, a instituição exigisse a relação de todo o patrimônio no nome da empresa, e, então, os sócios apresentassem todos os bens e seus respectivos valores, mas não mencionassem a dívida de R$ 120.000,00 com fornecedores, eles estariam sendo verdadeiros sobre a situação da empresa? Afinal, se a empresa já possui uma dívida, de certa forma, seus bens já estão comprometidos. UNIDADE 2 UNIDADE 2 46 máquina de cartão, roupas para venda, o próprio prédio no qual a loja está instalada, entre outros. Todos esses elementos são bens e, dependendo da sua finalidade, são registrados em grupos específicos. Os bens para uso na própria loja, como as prate- leiras e os provadores, são registrados no imobilizado, já os bens para venda, como as roupas, são registrados no estoque. Normalmente, o estoque e o imobilizado são os grupos de bens mais significativos nas entidades, mas você conhecerá outros. Existem várias maneiras de classificar os bens, dependendo do enfoque dado pela ciência. Para a Ciência Contábil, a principal classificação é quanto à mate- rialidade: bens materiais e bens imateriais. ■ Bens materiais Os bens materiais são aqueles que possuem corpo, matéria. Esses bens, quando destruídos por força física, deixam de ser bens. Os bens materiais, também de- nominados bens tangíveis, são divididos em: • Bens móveis: segundo o artigo 82 do Código Civil (BRASIL, 2002), são os bens suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou destinação econômico- -social. Exemplos: máquinas, veículos, mercadorias. • Bens imóveis: o artigo 79 do Código Civil (BRASIL, 2002) salienta que é o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmen- te. Exemplos: terrenos, edificações. ■ Bens imateriais Os bens imateriais, também denominados bens intangíveis, não possuem corpo, não podem ser tocados, assim não podem ser destruídos por uma ação física. Contudo, a difamação, a má qualidade, preços incompatíveis, desrespeito ao con- sumidor podem desvalorizar ou, até mesmo, acabar com o bem (FRAGALLI; SILVA, 2021). Para Marion (2015), o bem intangível, incorpóreo ou invisível são bens que não se pode tocar ou pegar. São aqueles que passaram a ter grande re- levância a partir das ondas de fusões e incorporações na Europa e nos EUA. Os bens intangíveis podem ser objeto de cessão, ou seja, ação de ceder ou transferir a outrem a posse ou propriedade de alguma coisa. Os exemplos de bens intangíveis são: fundo de comércio, software, marcas e patentes, direitos autorais e direitos de exploração. Esses dois últimos, apesar de mencionarem “direitos”, na Conta- bilidade, ficam registrados como intangíveis. UNIDADE 2 48 Assim como a entidade tem direitos a receber, ela também tem obrigações a pagar. As obrigações são todos os compromissos, deveres ou ações passivas que envolvam valor econômico. Dessa forma, podemos dizer que as obrigações são valores que a entidade tem a pagar, seja a outras empresas, instituições financei- ras, poder público, funcionários, sócios etc. As obrigações são dívidas contraí- das por diversos motivos, como: compras a prazo, obtenção de empréstimos ou financiamentos, determinação legal, contratação de funcionários, entre outras. Podemos classificar as obrigações, para fins didáticos, da seguinte forma: 1 2 3 4 Obrigações por funcionamento: são as dívidas decorrentes de operações normais da entidade, como compras a prazo de materiais para consumo ou de mercadorias para venda. Obrigações por financiamento: são as dívidas decorrentes de financiamento de bens ou de obtenção de recursos em instituições financeiras. Obrigações sociais e trabalhistas: são decorrentes da contratação de funcionários e de leis trabalhistas. Obrigações fiscais: são as dívidas com o órgão fiscal, seja ele federal, estadual ou municipal, como os impostos e contribuições sociais. O ramo de atividade e o regime tributário interferem diretamente nestas obrigações. Descrição da Imagem: a imagem contempla quatro linhas enumeradas de um aquatro com as classificações das obrigações. De cima para baixo, temos as obrigações por funcionamento, que são as dívidas decorrentes de operações normais da entidade, como compras a prazo de materiais para consumo ou de mercadorias para venda. Em seguida, no número dois, temos as obrigações por fi- nanciamento, que são as dívidas decorrentes de financiamento de bens ou de obtenção de recursos em instituições financeiras. Na linha de número três, estão as obrigações sociais e trabalhistas, essas são decorrentes da contratação de funcionários e de leis trabalhistas. E, por último, na quarta linha, as obrigações fiscais, que são as dívidas com o órgão fiscal, seja ele federal, estadual ou municipal, como os impostos e contribuições sociais. O ramo de atividade e o regime tributário interferem diretamente nessas obrigações. Figura 3 - Classificação das obrigações É importante esclarecer que a liquidação de uma obrigação não é feita, ex- clusivamente, por meio de pagamento com recursos financeiros. Ela pode ser liquidada por meio de transferência de outros ativos ou, até mesmo, da prestação de serviços, o que depende da negociação. 49 A Contabilidade divide as obrigações em exigíveis e não exigíveis. As obri- gações exigíveis são aquelas contraídas com terceiros, como os fornecedores, o Governo e os funcionários. Essas obrigações têm um prazo determinado para pagamento. Já as obrigações não exigíveis são aquelas contraídas com os sócios. Quando a empresa é constituída, os sócios investem um capital; na Conta- bilidade, esse investimento recebe o nome de Capital Social. Esse investimento dos sócios gera uma obrigação para a empresa, contudo essa obrigação não tem um prazo determinado para pagamento, por isso, é considerada uma obrigação não exigível. Uma das premissas básicas para a atividade contábil é reconhecer que a empresa é uma entidade separada dos seus sócios. Isso significa que o patrimônio da empresa não pode ser misturado com o patrimônio de seus sócios. Não é à toa que chamamos a empresa de pessoa jurídica: é como se fosse, realmente, uma outra pessoa, com seus bens, direitos e obrigações próprias. Assim, quando os sócios investem na empresa, esta passa a ter uma obrigação financeira com aqueles. EXPLORANDO IDEIAS Resumindo: o patrimônio de uma entidade contábil, seja pessoa física ou jurídica, é composto pelo conjunto de bens, direitos e obrigações. Uma questão importan- te sobre os elementos que compõem o patrimônio é que, necessariamente, eles precisam ter valor monetário. Isso significa que, se não for possível avaliar mone- tariamente um bem, um direito ou uma obrigação, não será possível registrá-lo no patrimônio. É por isso que a Contabilidade registra e controla o patrimônio observando dois aspectos: o qualitativo e o quantitativo. O aspecto qualitativo do patrimônio corresponde ao nome dado a cada ele- mento patrimonial. Isso porque, quando falamos que os bens, os direitos e as obrigações representam os elementos patrimoniais, na verdade, precisamos lem- brar que esses são os conjuntos de elementos, já que existem vários bens, vários direitos e várias obrigações em cada entidade contábil. Para registrar e controlar cada elemento patrimonial, a Contabilidade utiliza um plano de contas, assim cada conta contábil representa um elemento patrimonial, que, no caso, corresponde ao aspecto qualitativo do elemento. É importante esclarecer que o nome da conta contábil deve estar sempre UNIDADE 2 UNIDADE 2 50 relacionado ao elemento. Por exemplo, a conta “Caixa” representa o dinheiro da empresa, já a conta “Mercadorias” representa o estoque de mercadorias disponível para venda. Por mais que pareça fácil identificar o elemento patrimonial pela sua conta contábil, é importante conhecer o plano de contas de cada entidade e verificar o que é registrado em cada uma delas, isso porque o plano de contas pode ser ajustado à realidade de cada entidade. Por exemplo, a entidade pode optar por separar o dinheiro em papel moeda do dinheiro da conta corrente, nesse caso, no plano, haverá a conta “Caixa” e a conta “Banco conta movimento”. Por outro lado, a entidade pode optar por registrar toda a sua movimentação financeira em uma única conta, então, no plano, haverá a conta “Caixa e equivalentes de caixa”. Enquanto o aspecto qualitativo de cada elemento é evidenciado por meio da conta contábil, o aspecto quantitativo é evidenciado por meio de valores. Isso significa que cada elemento patrimonial deve ser registrado em uma conta con- tábil com seu respectivo valor. O simples levantamento dos elementos patrimoniais de uma entidade, em seus aspectos qualitativo e quantitativo, representa um inventário, é o que cha- mamos de patrimônio não sistematizado, conforme demonstrado na Tabela 2. Aspecto qualitativo Aspecto quantitativo Caixa R$ 15.000,00 Duplicatas a receber R$ 11.000,00 Mercadorias R$ 38.000,00 Móveis R$ 23.000,00 Fornecedores R$ 19.000,00 Salários a pagar R$ 5.000,00 Capital social R$ 63.000,00 Tabela 2 - Patrimônio não sistematizado / Fonte: a autora. A Contabilidade, em sua função de gerar informação, não se limita a regis- trar os elementos patrimoniais em seus aspectos qualitativo e quantitativo, ela também os organiza; é o que chamamos de SISTEMATIZAÇÃO DO 51 PATRIMÔNIO. Para tanto, a Contabilidade separa os bens e os direitos das obrigações. Os bens e direitos ficam registrados em um grupo chamado ativo, enquanto as obrigações ficam em um grupo chamado passivo. Como existem obrigações exigíveis e não exigíveis, no grupo do passivo, existe um subgrupo chamado patrimônio líquido. PATRIMÔNIO Bens e direitos ATIVO Obrigações exigíveis Obrigações não exigíveis Obrigações PASSIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Descrição da Imagem: a imagem demonstra a sistematização do patrimônio através de um organo- grama que inicia com o “Patrimônio”. Este é dividido em “Bens e direitos” de um lado e “Obrigações” do outro. Entre “Bens e direitos” e “Obrigações”, aparece o sinal de igual (=). Os “Bens e direitos” são alo- cados no “Ativo”, já as “Obrigações” são divididas em “Obrigações exigíveis” de um lado e “Obrigações não exigíveis” de outro. As “Obrigações exigíveis” são alocadas no “Passivo”, enquanto as “Obrigações não exigíveis” são alocadas no “Patrimônio líquido”. Entre “Obrigações exigíveis” e “Obrigações não exigíveis”, aparece o sinal de mais (+). Entre “Passivo” e “Patrimônio líquido”, aparece o sinal de mais (+). Entre “Ativo” e “Passivo”, + “Patrimônio líquido” aparece o sinal de igual (=). Figura 4 - Sistematização do patrimônio / Fonte: a autora. Essa separação, muito mais do que uma simples organização, permite identificar uma série de informações sobre a entidade, como nível de endividamento, origem e aplicação de recursos financeiros, situação patrimonial (positiva ou negativa). Conforme nos aprofundamos no detalhamento dessa sistematização, mais in- formações descobriremos. UNIDADE 2 UNIDADE 2 52 Perceba, na Figura 4, que existe um sinal de igualdade entre “Bens e direitos” e “Obrigações”, assim como entre “Ativo” e “Passivo + Patrimônio líquido”, isso porque a sistematização do patrimônio gera um equilíbrio financeiro entre esses grupos de elementos patrimoniais. Essa igualdade do patrimônio sistematizado gera as seguintes equações: ■ Bens e direitos = Obrigações. ■ Ativo = Passivo + Patrimônio líquido. ■ Patrimônio líquido = Ativo – Passivo. Conceitos relacionados ao patrimônio: • Elementos patrimoniais: bens, direitos e obrigações; ativo, passivo e patrimônio líquido. • Aspecto qualitativo: refere-se ao nome dado ao elemento. • Aspecto quantitativo: refere-se ao valor monetário do elemento. EXPLORANDO IDEIAS 53 Para ilustrar o equilíbrio gerado pela sistematização do patrimônio, retomaremos os dados apresentados na Tabela 2. Primeiramente, classificaremos os elementos. Aspecto qualitativo Aspecto quantitativo Classificação Caixa R$ 15.000,00 Bem / Ativo Duplicatasa receber R$ 11.000,00 Direito / Ativo Mercadorias R$ 38.000,00 Bem / Ativo Móveis R$ 23.000,00 Bem / Ativo Fornecedores R$ 19.000,00 Obrigação exigível / Passivo Salários a pagar R$ 5.000,00 Obrigação exigível / Passivo Capital Social R$ 63.000,00 Obrigação não exigível / Patrimônio líquido Tabela 3 - Classificação dos elementos / Fonte: a autora. Agora sim, com essas informações, podemos sistematizar o patrimônio: ATIVO PASSIVO Caixa R$ 15.000,00 Fornecedores R$ 19.000,00 Duplicatas a receber R$ 11.000,00 Salários a pagar R$ 5.000,00 Mercadorias R$ 38.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis R$ 23.000,00 Capital Social R$ 63.000,00 Total do ativo R$ 87.000,00 Total do passivo + PL R$ 87.000,00 Quadro 1 - Patrimônio sistematizado / Fonte: a autora. UNIDADE 2 UNIDADE 2 54 Com isso, chegamos à seguinte questão: se o patrimônio sistematizado sempre apresenta um equilíbrio entre o ativo e o passivo mais o patrimônio líquido, como identificar se a situação da entidade é positiva ou negativa? Para saber se a SITUAÇÃO PATRIMONIAL da entidade é positiva ou negativa, é necessário observar a sua situação líquida, que, no caso, é obtida por meio do saldo do patrimônio líquido. Para enxergar o patrimônio líquido como a situação líquida da entidade, é preciso ter o seguinte raciocínio: se, por um lado, o patri- mônio líquido representa a obrigação da empresa com seus sócios/acionistas, por outro lado, ele apresenta o saldo de recursos que sobra para a empresa após cobrir todas as suas obrigações exigíveis. Basta relembrarmos a equação: Como você pôde observar no Quadro 1, ao sistematizar o patrimônio, o valor total do ativo fica igual ao valor total do passivo + patrimônio líquido, no caso, ambos ficaram com R$ 87.000,00. É importante esclarecer que o valor total depende do conjunto de elementos que a entidade possui, mas, sempre, isso mesmo, sempre o valor total do ativo será igual ao valor total do passivo mais o patrimônio líquido. UNIDADE 2 56 Como você pôde observar na Figura 5, a empresa consegue pagar todas as suas dívidas e ainda sobram R$ 100.000,00. ■ Situação líquida negativa Quando o valor do ativo é menor que o valor do passivo, significa que a entidade não possui recursos suficientes para pagar as suas dívidas, assim se encontra em uma situação negativa. Imagine que uma empresa possua R$ 200.000,00 de ativo e R$ 280.000,00 de passivo (obrigação exigível). Aplicando a fórmula, teríamos o seguinte valor de patrimônio líquido: • Patrimônio líquido = Ativo - Passivo (exigível) • Patrimônio líquido = R$ 200.000,00 - R$ 280.000,00 • Patrimônio líquido = (R$ 80.000,00) Sobra de recursos Ativo R$ 300.000,00 Total: R$ 300.000,00 Passivo R$ 200.000,00 Patrimônio Líquido R$ 100.000,00 Total: R$ 300.000,00 Descrição da Imagem: a figura apresenta um quadro maior com a descrição “Ativo: R$ 300.000,00”; ao lado, há um quadro menor com a descrição “Passivo: R$ 200.000,00”; abaixo, há um quadro menor ainda com a descrição “Patrimônio líquido: R$ 100.000,00”. A diferença entre o quadro do “Ativo” (maior) e o quadro do “Passivo” (médio) é evidenciada com uma linha tracejada que indica “Sobra de recursos”. Abaixo do quadro do Ativo, está evidenciado o total de R$ 300.000,00; assim como, abaixo dos quadros do Passivo e do Patrimônio líquido, também está evidenciado o total de R$ 300.000,00. Figura 5 - Situação líquida positiva / Fonte: a autora. 57 Como você pôde observar na Figura 6, se a empresa utilizar todos os seus bens e di- reitos, ainda assim não consegue pagar todas as suas dívidas, pois faltam R$ 80.000,00. Segundo Fragalli e Silva (2021, p. 72), “a compreensão da situação patrimonial de uma entidade é fundamental para os usuários das informações contábeis, pois permite avaliar o desempenho da gestão empresarial, definir estratégias, entre outras questões relevantes no processo decisório”. No entanto, é importante esclarecer que a situação negativa não significa, necessariamente, que a empresa deve encerrar suas atividades. Quando se fala de negócios, existe uma série de questões a serem observadas, como expectativas de mercado, possibilidades de negociação, mudanças de estratégias etc. Descrição da Imagem: a figura apresenta um quadro menor com a descrição “Ativo: R$ 200.000,00”; ao lado, há um quadro maior com a descrição “Passivo: R$ 280.000,00”; abaixo, há um quadro menor com a descrição “Patrimônio líquido: R$ (80.000,00)”. A diferença entre o quadro do “Ativo” (menor) e o quadro do “Passivo” (maior) é evidenciada com uma linha tracejada que indica “Falta de recursos”. Abaixo do quadro do Ativo, está evidenciado o total de R$ 200.000,00; assim como, abaixo dos quadros do Passivo e do Patrimônio líquido, também está evidenciado o total de R$ 200.000,00. Figura 6 - Situação líquida negativa / Fonte: a autora. Falta de recursos Ativo R$ 200.000,00 Total: R$ 200.000,00 Passivo R$ 280.000,00 Patrimônio Líquido R$ (80.000,00) Total: R$ 200.000,00 É importante ressaltar que, sempre que encontrarmos valores entre parênteses, eles se referirão a valores negativos. UNIDADE 2 UNIDADE 2 58 A sistematização do patrimônio facilita a identificação dos bens e direitos da entidade, assim como suas obrigações, e possibilita a verificação da situação pa- trimonial, se é positiva ou negativa. Além dessas informações, a sistematização também permite enxergar as ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS. Toda entidade depende de recursos financeiros, os quais são utilizados para manter suas atividades. A primeira fonte de recursos de uma empresa é justa- mente o investimento dos sócios/acionistas, que pode ser feito em dinheiro ou algum outro bem, como mercadorias, móveis etc. Assim, a conta Capital Social representa uma fonte de recursos, e a forma como esse capital é integralizado representa as aplicações. Após iniciar suas atividades, diversas outras fontes de recursos surgirão, e a empresa, então, administrará esses recursos de forma a alcançar seus objetivos. No patrimônio sistematizado, as diversas fontes de recursos de uma entidade são observadas no grupo do passivo, sendo que o passivo exigível corresponde a recursos provenientes de terceiros, ou seja, de pessoas (físicas ou jurídicas) de fora da empresa, e o patrimônio líquido corresponde a recursos provenientes dos sócios. Os recursos de terceiros são denominados Capital de Terceiros, e os recursos dos sócios/acionistas são denominados Capital Próprio. 59 “[...] do lado do Passivo, tanto Capital de Terceiros (Passivo Exigível) como Capi- tal Próprio (Patrimônio Líquido), representa toda a fonte de recursos, toda a origem de capital. Nenhum recurso entra na empresa se não for via Passivo ou Patrimônio Líquido” (IUDÍCIBUS; MARION, 2018, p. 33). Assim, podemos afirmar que o lado do passivo e patrimônio líquido representa toda a fonte de recursos de uma entidade. Entretanto, talvez, você se pergunte: “como assim todas as obrigações repre- sentam fontes de recursos?”. Acredito que, quando falamos em um empréstimo, faz sentido dizer que é uma fonte de recurso, pois a empresa capta dinheiro de uma instituição financeira, mas isso gera uma obrigação. Contudo, não é somente esse tipo de obrigação que representa fonte de recursos, na verdade, por mais estranho que pareça, sim, todas as obrigações representam fontes de recursos. Imagine que uma empresa tenha comprado R$ 10.000,00 de mercadorias para pagar em trinta dias. Essa transação gerou uma obrigação, mas também corresponde a uma fonte de recurso: isso porque a empresa obteve as merca- dorias, que correspondem a mais recursos para suas atividades, e, enquanto ela não pagar o fornecedor, de certa forma, este estará financiando a sua atividade. É como se o fornecedor tivesse emprestado R$ 10.000,00 para empresa, na forma de mercadorias, pelo período de 30 dias. Quando a empresa efetuar o pagamen- to, a obrigação será rescindida e sairá do grupo passivo; ao sair do passivo, não