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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 1 ASPECTOS HISTÓRICOS ......................................................................... 5 2 NOVA CLASSIFICAÇÃO PARA PROGRAMAS E SERVIÇOS ................. 8 3 ORGANIZAÇÃO, FINANCIAMENTO E ESTRUTURA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL.... ................................................................................................................... 9 3.1 Conselhos de Assistência Social ........................................................ 10 3.2 Financiamento da Assistência Social ................................................. 11 3.3 Fundo Nacional de Assistência Social ................................................ 12 3.4 Fundos Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Assistência Social.............. ........................................................................................................... 13 3.5 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS1 ... 13 3.6 Estrutura do Ministério de Desenvolvimento Social ........................... 15 3.7 Princípios da Política de Assistência Social ....................................... 16 4 CRIAÇÃO, DISCUSSÃO E MONITORAMENTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS... ................................................................................................................. 18 5 A TRAJETÓRIA DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS....... ................................................................................................................. 21 6 A NORMA OPERACIONAL BÁSICA – NOB/SUAS ................................ 24 7 PLANOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: CONDIÇÃO PARA A GESTÃO PÚBLICA DO SUAS ................................................................................................. 27 8 A IMPORTANCIA DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTENCIA SOCIAL .... 31 8.1 Funções da política pública de assistência social para extensão da proteção social brasileira ........................................................................................... 32 8.2 Instâncias de articulação, pactuação e deliberação ........................... 36 9 PROTEÇÃO E ATENDIMENTO INTEGRAL À FAMÍLIA - PAIF ............. 38 10 NORMAS OPERACIONAIS BÁSICA DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ............................................................................................ 40 11 ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO SUAS .................................. 43 12 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 47 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 1 ASPECTOS HISTÓRICOS De acordo com SANTANA et, al (2013) para entender a evolução das políticas sociais no Brasil ao longo dos anos, é necessário rever a trajetória, ou seja, da história ao longo da implementação do sistema de proteção social. A partir do avanço do capitalismo industrial ocorrido na década de 1930 o qual ocasionou uma intensificação da exploração da força de trabalho bem como do agravamento significativo nos níveis de desigualdade social, ocasionando assim, um aprofundamento das expressões da questão social, principalmente da pobreza. Nesse contexto social, surgiu a necessidade de construção de um sistema de proteção social, portanto, esse sistema surgiu como compensatório, ou seja, buscando regularizar ou reduziras mazelas sociais existentes ao longo do século XX. As lutas populares em busca de proteção, e ainda a aplicação dos direitos civis e sociais, bem como a Constituição Federal do Brasil de 1988, definem e implementam a chamada Seguridade Social, por meio da qual, a Assistência Social, Previdência Social e Saúde constituem a tríade que sustenta esta política no país. Emerge então a partir da Constituição Cidadã de 1988, a Assistência Social, firmada como política pública que tem por objeto atender a todos que dela necessitar, assim, se configura a partir de então como direito do cidadão e dever do Estado. Versa o art. 203 da Constituição Federal de 1988: A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: * Lei nº 8742, de 7.12.1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; * Lei nº 8842, de 4.1.1994, que dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; 6 IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. (BRASIL, 1988) Ainda o art. 204, estabelece: As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: * Lei nº 8742, de 7.12.1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. * Lei nº 8069, de 13.7.1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e dá outras providências. I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: I - despesas com pessoal e encargos sociais; II - serviço da dívida; III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados. (NR) * Acrescentado pelo art. 1º da Emenda Constitucional nº 42, de 19 de dezembro de 2003. (BRASIL, 1988) Vale destacar que tal direito é ratificado: Pela Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS nº 8.742 de 1993 e, Pelo Sistema Único de Assistência Social - SUAS, 2005. 7 Assim, por meio de um sistema descentralizado e participativo todos contribuem na elaboração de medidas que visam assistir e defender os cidadãos que se encontram em situação de vulnerabilidade social. A Política Nacional de Assistência Social - PNAS, 2004, se encontra amparada nos estatutosEm áreas com espalhamento ou dispersão populacional, por meio do deslocamento de sua equipe. O PAIF, criado em 18 de abril de 2004 (Portaria nº 78), pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, aprimorou a proposta do Plano Nacional de Atendimento Integrado à Família – PNAIF, implantado pelo Governo Federal no ano de 2003. Em 19 de maio de 2004, o PAIF tornou-se “ação continuada da Assistência, social”, passando a integrar a rede de serviços de ação continuada da Assistência Social, financiada pelo Governo Federal (Decreto 5.085/2004). Segundo o CFESS – Conselho Federal de Serviço Social, os Centros de Referência Especializados de Assistência Social - CREAS foram instituídos para o atendimento das demandas da PSE – Programa de Saúde na Escola, de média complexidade para as pessoas que tiveram seus direitos violado como: violência física, exploração sexual, violência psicológica ou negligência, mas que ainda mantêm vínculos familiares e comunitários (CFESS, 2005). O Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos - PAEFI abrange esta complexidade e está direcionado a crianças e adolescentes, mulheres, idosos e pessoas em situação de rua. Já no caso de crianças e adolescentes há o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI e ainda o Serviço de Orientação e Acompanhamento a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa (CFESS, 2005). Quanto aos serviços da PSE de alta complexidade, estes visam à proteção integral de famílias e indivíduos que se encontram em situações de abandono, ameaça ou que tiveram seus direitos violados necessitando sair do seu núcleo familiar para serem acolhidos provisoriamente em locais adequados que ofereçam boas condições de moradia, de higiene, de segurança (CFESS, 2005) Os serviços que podem ser prestados são Acolhimento Institucional para alojamento institucional, casais, alojamento temporário ou com tudo incluído, Acolhimento na República; Acolhimento em casa acolhedora e protetora em situações de desastre e emergência. 40 Em 2004, foi criado também o Programa Bolsa Família - Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004, regulamentada pelo decreto nº 5.209 de 17 de setembro de 2004, que unificou em um único programa de transferência de renda os benefícios Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e Programa Auxílio-Gás. Hoje são milhões de famílias em situação de vulnerabilidade atendidas pelo benefício. 10 NORMAS OPERACIONAIS BÁSICA DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL De acordo com SILVEIRA (2011), em 2005, o CNAS aprovou a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – NOB/SUAS (Resolução nº 130, de 15 de julho de 2005), assinalando o pacto federativo preconizado pela LOAS e pela PNAS, as responsabilidades de gestão e de financiamento de cada um dos entes federados e objetivando a integração da rede de serviços e a busca da continuidade e da padronização de sua oferta nos equipamentos públicos e nas entidades privadas de Assistência Social. Em 2006, foi aprovada a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS – NOB-RH/SUAS (Resolução nº 269, de 13 de dezembro de 2006 e Resolução nº 01, de 25 de janeiro de 2007) que contém todos os princípios e diretrizes nacionais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS e significou um importante instrumento normativo para o reconhecimento institucional do trabalho assistencial, sendo um grande desafio a sua implementação em âmbito estadual e municipal (SILVEIRA, 2011). Já em 2009, segundo o autor supracitado, a Tipificação Nacional dos Serviços Sócio assistenciais - Resolução CNAS nº 109, de 11 de novembro de 2009, padroniza os serviços prestados pelas redes de assistência social e representa um grande desafio para os governos na implementação e organização de serviços padronizados para atender às necessidades de proteção social do cidadão. Em 2011, foi aprovada a Lei nº 12.435, de 06 de julho de 2011, atualmente conhecida como a Lei do SUAS trazendo mudanças bastante significativas no texto da LOAS. 41 Ainda de acordo com SILVA (2005), se num primeiro momento a LOAS objetivou a normatização da política conforme as indicações da CF/1988, em 2011 buscou aprimorar e legalizar em seu conteúdo os avanços trazidos pela PNAS 2004, pela NOB/SUAS 2005 e pela NOB/RH 2006, e outras normativas subsequentes, na implantação e implementação da política, através do esforço com que a União, os estados e, principalmente, os municípios fizeram e continuam fazendo a fim de se adequarem aos novos preceitos. A NOB/SUAS 2012, aprovada pela Resolução CNAS nº 33, de 12 dezembro de 2012, veio preencher uma lacuna da NOB/SUAS 2005, que após sete anos, desde sua aprovação, não continha o conjunto lega: leis, decretos, portarias e resoluções da CIT e do CNAS, desenvolvido a partir da implantação do SUAS, necessitando da inclusão das medidas adotadas ao aprimoramento da gestão e à operacionalização do sistema, ocorridas durante o período (SILVA, 2012). Ainda conforme o autor mencionado acima, além do modelo de adesão ao sistema ter se tornado inócuo em função das necessidades de aperfeiçoamento, havendo a necessidade de novos instrumentos de gestão, com pactuação de responsabilidades compartilhadas e metas, bem como a necessidade de aprimoramento dos serviços, programas, projetos e benefícios dos SUAS. A partir disso, foram incorporados os seguintes avanços normativos: A alteração da LOAS pela Lei nº 12.435/2011, que dispõe sobre a organização da AS em um sistema descentralizado e participativo denominado SUAS. O Decreto nº 7.788/2012, que regulamenta o Fundo Nacional de AS e estabelece o co-financiamento por meio dos blocos de financiamento do SUAS. O Decreto nº 7.736/2012, que regulamenta o repasse do IGD SUAS. O Decreto nº 5.209/2004, que cria o Programa Bolsa família e regulamenta o IGD- PBF. O Decreto nº 7.734/2010, que institui o Censo SUAS. A Resolução CNAS nº 109/2009, que aprova a Tipificação Nacional de Serviços Sócio assistenciais. A Resolução CIT nº 08/2010, que institui o Protocolo de Gestão Integrada dos serviços, benefícios sócio assistenciais e transferências de renda para atendimento 42 de indivíduos e famílias beneficiárias do PBF, PETI, BPC e benefícios eventuais, no âmbito do SUAS. A Resolução CIT nº 05/2010, que institui, de forma pactuada, as metas de desenvolvimento dos CRAS por períodos anuais, visando sua gradativa adaptação aos padrões normativos do SUAS, com início em 2008 e término em 2013. A Resolução CIT nº 17/2010, que estabelece as prioridades nacionais para o Pacto de Aprimoramento da Gestão Estadual e do DF para o quadriênio 2011-2014. A Resolução CNAS n º 32/2011, que estabelece percentual dos recursos do SUAS, financiados pelo governo federal que poderão ser gastos no pagamento de profissionais que integrarem as equipes de referência, conforme o art. 6 º da Lei n º 8.742/1993. Os desafios no processo de implementação do SUAS são inúmeros e se ocupam principalmente das questões que se referem às atribuições dos estados e dos municípios e sua participação no co-financiamento da política de assistência social. A União ficou com a responsabilidade da coordenação da Política de Assistência Social e na elaboração de normativas de orientação ao seu funcionamento e aprimoramento e no repasse de incentivos financeiros aos estados e municípios, para o co-financiamento das ações e serviços (SILVA, 2015). Os municípios, por sua vez, ficaram com a execução dos programas, projetos, serviços e benefícios, cabendo-lhes também a alocação de recursos próprios para a participação no co-financiamento dos serviços sócio assistenciais. Já os estados ficaram com a responsabilidade e o papel da assessoria técnica aos municípios sobre a gestão do SUAS, a implantação de serviços regionalizados da PSE de média complexidade,com cobertura para municípios de pequeno porte I, e o co- financiamento dos serviços sócio assistenciais, com alocação de recursos próprios no fundo estadual (SILVA, 2015). 43 11 ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO SUAS As atribuições e competências dos profissionais de Serviço Social, independentes de suas áreas de atuações, sejam elas realizadas na política de assistência ou em outros espaços sócio ocupacionais, são orientadas e norteadas por direitos e deveres constantes no Código de Ética Profissional e na Lei de Regulamentação da Profissão, que devem ser observados e respeitados, tanto pelos profissionais, quanto pelas instituições empregadoras (CEFSS, 2009). No que se refere aos direitos dos assistentes sociais, o art. 2º do Código de Ética assegura, prevê: Livre exercício das atividades inerentes à profissão; Participação na elaboração e gerenciamento das políticas sociais, e na formulação e implementação de programas sociais; Inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arquivos e documentação, garantindo o sigilo profissional; Desagravo público por ofensa que atinja a sua honra profissional; Aprimoramento profissional de forma contínua; Pronunciamento em matéria de sua especialidade, sobretudo quando se tratar de assuntos de interesse da população; Ampla autonomia no exercício da profissão, não sendo obrigado a prestar serviços profissionais incompatíveis com as suas atribuições, cargos ou funções; Liberdade na realização de seus estudos e pesquisas, resguardados os direitos de participação de indivíduos ou grupos envolvidos em seus trabalhos. (BRASIL, 1993) Tratando-se dos deveres desse profissional, tem-se no art. 3º do Código de Ética o seguinte: Desempenhar suas atividades profissionais, com eficiência e responsabilidade, observando a Legislação em vigor; 44 Utilizar seu número de registro no Conselho Regional no exercício da profissão; Abster-se, no exercício da profissão, de práticas que caracterizem a censura, o cerceamento da liberdade, o policiamento dos comportamentos, denunciando sua ocorrência aos órgãos competentes; Participar de programas de socorro à população em situação de calamidade pública, no atendimento e defesa de seus interesses e necessidades. (BRASIL, 1993) Consequentemente, o perfil dos assistentes sociais que atuam na política previdenciária deve se distanciar das tradicionais abordagens funcionalistas e pragmáticas que sustentam as práticas conservadoras que tratam as situações sociais como questões pessoais e devem ser tratadas individualmente. O reconhecimento da questão social como objeto de intervenção profissional, demanda uma atuação profissional em uma perspectiva totalizante, baseada na identificação dos determinantes socioeconômicas e culturais das desigualdades sociais. Os Parâmetros para atuação dos assistentes sociais na Política de Assistência Social constituem-se num dos instrumentos para a aproximação do projeto ético político do Serviço Social a uma Assistência Social como direito social e que tem que atender a quem dela necessitar. Os mesmos parâmetros reformulam as competências gerais dos assistentes sociais em qualquer espaço sócio ocupacional e, especialmente, no campo da assistência social: Apreensão crítica dos processos sociais de produção e reprodução das relações sociais numa perspectiva de totalidade. Análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país e as particularidades regionais. 45 Compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio histórico, nos cenários internacional e nacional, desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade. Identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, considerando as novas articulações entre o público e o privado. São essas competências que permitem ao profissional como um sujeito que é afetado tanto pelas condições objetivas e subjetivas do trabalho, realizar a análise crítica da realidade, para a partir daí, estruturar seu trabalho e estabelecer os procedimentos específicos necessários ao enfrentamento das situações e demandas sociais que se apresentam ao seu cotidiano. As diversas atribuições dos assistentes sociais, no âmbito da Política de Assistência Social abrangem as seguintes dimensões interventivas complementares e indissociáveis: 1 – Dimensão que engloba as abordagens individuais, familiares ou grupais na perspectiva de atendimento às necessidades básicas e acesso aos direitos, bens e equipamentos públicos; 2 – A vertente da intervenção coletiva com os movimentos sociais de forma a socializar o trabalho de informação, advocacia e divulgação; 3 – Dimensão de intervenção profissional voltada para inserção nos espaços democráticos de controle social e construção de estratégias para fomentar a participação; 4 – Dimensão de gerenciamento, planejamento e execução direta de bens e serviços a indivíduos, famílias, grupos e coletividade; 5 - Dimensão que se materializa na realização sistemática de estudos e pesquisas que revelem as reais condições de vida e demandas da classe trabalhadora e possam alimentar o processo de formulação, implementação e monitoramento da política de assistência social; 6 – Dimensão pedagógico-interpretativa e socializadora de informações e saberes no campo dos direitos, da legislação social e das políticas públicas, dirigida 46 aos diversos sujeitos da política: gestores públicos, dirigentes de entidades prestadoras de serviços, trabalhadores, conselheiros e usuários. O avanço que se tem em relação a gestão do trabalho no SUAS é a NOB/RH/2006, no entanto, trata-se de um ganho político, pois, como observamos os trabalhadores do SUAS, e o assistente social em sua maioria, inserido nessa política ainda estão inseridos na política de forma preconizada, através de cargos comissionados, contratos temporários entre outros. Cabendo o entendimento que esse processo não se trata somente dos trabalhadores da política de assistência, mas decorre-se do processo conjuntural que atinge o conjunto dos trabalhadores, pautados na destituição de direitos, flexibilização e precarização do trabalho. Contudo, mesmo diante dos desafios pontuados, entendemos que a atuação do assistente social na política de assistência social orientado pelo conjunto de saberes específicos da profissão, composto essencialmente pelo desenvolvimento de três dimensões: a dimensão teórico-metodológico, dimensão ético-política e a dimensão técnico operativa. Proporcionam ao profissional a superação das abordagens tradicionais conservadoras da assistência social e os capacitam para a implementação de ações que parem de uma análise crítica sobre a particularidade da questão social e fortaleça a assistência social como política pública de ampliação de proteção social e das formas de democratização da sociedade. 47 12 BIBLIOGRAFIA ARRETCHE, Marta T.S. Mitos da descentralização: mais democracia e eficiência nas políticas públicas? Revista Brasileira de Ciências Sociais. n.31, ano 11, junho de 1996. BARROS, Ricardo Paes e FOGUEL, Miguel Nathan. Focalização dos gastos públicos sociais e Erradicação da Pobreza no Brasil. Brasília. IPEA, 2000. BEHRING, Elaine Rossetti. Política social: fundamentos e história. 3. ed. - São Paulo: Cortez, 2007. BENEVIDES, Maria Victoria. A Questão Social no Brasil - os direitos econômicos e sociais como direitos fundamentais. Revista Videtur Letras. vol. 3, 2001. 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(RIZOTTI, 1998) A Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, de 1993, que estabelece os objetivos, princípios e diretrizes das ações, por meio desta lei que determina ainda em relação a assistência social que: seja organizada por um sistema descentralizado e participativo, o qual deverá ser composto pelo poder público e pela sociedade civil. NOGUEIRA (2013) menciona que após a IV Conferência Nacional de Assistência Social foi então deliberada a implantação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, que passou a articular meios, para que houvesse realmente a execução dos programas voltados a prestação de serviços e benefícios sócio assistenciais. Isto posto, o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, foi planejado e ainda executado pelos governos: federal, estadual e municipal, em parceria com a sociedade civil. Assim, o SUAS tem por objetivo organizar os serviços, programas e benefícios que serão destinados a milhões de brasileiros, em todas as faixas etárias. Destarte que desde então o Sistema Único integra uma política pactuada nacionalmente, que prevê uma organização participativa e descentralizada da assistência social, com ações voltadas para o fortalecimento da família. Baseado em critérios e procedimentos transparentes, o Sistema altera fundamentalmente operações como o repasse de recursos federais para 8 estados, municípios e Distrito Federal, a prestação de contas e a maneira como serviços e municípios estão hoje organizados. O marco oficial para a implantação do Sistema foi quando o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) aprovou a Norma Operacional Básica do SUAS, estabelecendo um conjunto de regras que disciplinam a operacionalização da Assistência Social e a transição do antigo para o novo modelo (LACERDA, 2014). LACERDA (2014) menciona ainda que as ações do SUAS possuem como base as orientações da Política Nacional de Assistência Social - PNAS, aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, em 2004, e pela NOB SUAS 2012, publicada em 03 de janeiro de 2013. Assim, por meio da resolução nº 33, de 12 de dezembro de 2012, que representa um marco fundamental na estruturação do SUAS, além de imprimir um salto qualitativo na gestão do SUAS, bem como na oferta de serviços sócio assistenciais em todo o território nacional, tendo como base a participação e o controle social. Assim, uma das inovações do SUAS é a classificação dos municípios em três níveis de gestão: Inicial, Básica e Plena, que, de acordo com a capacidade de gestão que cada cidade tem de executar e co-financiar os serviços da assistência social. 2 NOVA CLASSIFICAÇÃO PARA PROGRAMAS E SERVIÇOS As ações e serviços de Assistência Social são divididas em duas categorias de atenção ao cidadão: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e de Alta Complexidade. Esta divisão foi definida em 2004, na Política Nacional de Assistência Social que organiza programas, serviços, projetos e benefícios sócio assistenciais de acordo com a complexidade do atendimento. O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) passa a adotar estas categorias. 9 Proteção Social Básica São ações de caráter preventivo e o objetivo é fortalecer os laços familiares e comunitários. Exemplos: Programa de Atenção Integral à Família (PAIF), ações voltadas para crianças de zero a seis anos de idade. Proteção social especial de média complexidade São ações destinadas a situações onde os direitos do indivíduo e da família já foram violados, mas ainda há vínculo familiar e comunitário. Um exemplo é o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, que retira do trabalho crianças com idades 0 e 16 anos. O programa exige uma estrutura técnica e operacional maior do que os classificados como proteção básica, com atendimento individualizado e monitoramento sistemático. O Sentinela, programa que combate à exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes, é um outro serviço de alta complexidade. Proteção social especial de alta complexidade Atende a casos onde os direitos do indivíduo ou da família já foram violados, e também quando o vínculo familiar é rompido. Eles garantem proteção integral - moradia, alimentação, trabalho - para quem está em situação de ameaça, necessitando deixar o núcleo familiar ou comunitário. Abrigos e albergues são alguns exemplos de serviços de proteção social de alta complexidade. 3 ORGANIZAÇÃO, FINANCIAMENTO E ESTRUTURA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Conforme mencionado no capítulo anterior a Assistência Social busca se organizar baseada na descentralização e na participação social, o que significa dizer que há distribuição das responsabilidades entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Assim a participação social ocorre por meio dos Conselhos de Assistência Social bem como da parceria com as Entidades Beneficentes de Assistência Social, de modo que compete à União coordenar a Política Nacional de Assistência Social, 10 além de conceder o Benefício de Prestação Continuada aos idosos e portadores de deficiência carentes e prestar apoio financeiro aos Estados, DF e Municípios. Assim, compete aos Estados coordenar o Plano Estadual de Assistência Social além de prestar apoio financeiro aos Municípios, inclusive para o pagamento do auxílio-natalidade e do auxílio-funeral. É de competência dos Municípios coordenar o Plano Municipal da Assistência Social, bem como destinar recursos para a execução dos programas e projetos de Assistência Social, além de efetuar o pagamento do auxílio-natalidade e do auxílio- funeral; e executar as ações de assistência social. 3.1 Conselhos de Assistência Social Os Conselhos de Assistência Social são órgãos deliberativos, de atuação permanente, e se encontram instituídos em cada esfera de Governo, os quais possuem uma composição paritária, com metade dos membros representando o Governo e metade representando a sociedade. De acordo com o Conselho Nacional de Assistência Social que é composto por 18 (dezoito) membros, sendo 9 (nove) representantes do Governo Federal e 9 (nove) representantes de organizações da sociedade civil. Cujas atribuições se encontram a seguir: Expedir as normas gerais para a Assistência Social. Aprovar a Política Nacional de Assistência Social Aprovar a proposta orçamentária para a Assistência Social. Acompanhar e avaliar a gestão dos recursos e a execução dos programas e projetos pelos Estados e Municípios. Diante disso os Conselhos de Assistência Social dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios devem aprovar os respectivos Planos de Assistência Social 11 além de exercer as funções de fiscalização e controle dos programas e projetos de assistência social em cada uma dessas esferas de Governo. 3.2 Financiamento da Assistência Social Quanto ao financiamento da Assistência Social, uma vez que é dever do Estado, torna-se o Estado o responsável por financiar tais ações, assim, a Assistência social é então financiada com os recursos orçamentários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como por meio de contribuiçõessociais pagas pelas empresas e também pelos trabalhadores, além de percentual da arrecadação dos concursos de prognósticos ou loterias, administrados pela Caixa Econômica Federal. No âmbito da União, esses recursos são alocados no Fundo Nacional de Assistência Social. Nos Estados, Distrito Federal e Municípios, os recursos vão para os respectivos Fundos de Assistência Social. O Decreto nº 7 788/2012 criou uma alternativa ao financiamento social através do Bloco Doador, permitindo uma maior flexibilidade na utilização dos fundos e facilitando a gestão financeira. Sem prejuízo do disposto no artigo 30 da LOAS, sabe-se que existem condições para a transferência de recursos da União para outras entidades, nomeadamente a constituição e o funcionamento efetivo de: Conselho de Assistência Social, de composição paritária entre governo e sociedade civil. Fundo de Assistência Social, com orientação e controle dos respectivos Conselhos de Assistência Social. Plano de Assistência Social. 12 Comprovação orçamentária dos recursos próprios destinados à Assistência Social, alocados em seus respectivos Fundos de Assistência Social. (BRASIL, 1993) 3.3 Fundo Nacional de Assistência Social O Fundo Nacional de Assistência Social é responsável pelo pagamento do Benefício de Prestação Continuada aos idosos e aos portadores de deficiência carentes, bem como pelo apoio financeiro aos programas e projetos de Assistência Social executados pelos Estados, DF e Municípios. Para que recebam recursos do Fundo Nacional de Assistência Social, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem organizar-se, criando o Conselho e o Fundo de Assistência Social e elaborando o Plano de Assistência Social. Podemos alegar que os fundos efetuam os seguintes pontos positivos: Concentram os recursos a serem utilizados para atingir os objetivos da assistência social previstos na LOAS por intermédio do repasse regular e automático. Simplificam os processos de trabalho. Aperfeiçoam o controle e avaliação dos serviços e ações. Permitem a reprogramação de saldos e a não devolução deste ao final do exercício à União. Auxiliam no avanço do processo de descentralização político-administrativa. Oportunizam a implementação do comando único em cada esfera de governo. Viabilizam o financiamento compartilhado no SUAS. Fortalecem o Controle Social. Aprimoram os processos de comprovação de gastos. Fornecem publicidade dos gastos realizados na assistência social. Facilitam o acompanhamento das ações e a fiscalização dos gastos pela população, pelos conselhos de assistência social e pelos gestores locais, estaduais e federal. 13 REIS (2019) elucida que, é claro que os fundos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento da política de assistência social, uma vez que proporcionam meios de transparência e racionalizada a recurso, além de ampliar as possibilidades de participação popular, alavancando o alcance da efetivação da promoção da proteção social, da vigilância sócio assistencial e da defesa de direitos. 3.4 Fundos Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Assistência Social De acordo com o que ensina PINHEIRO (2006) o Fundo de Assistência Social deve ser criado por cada Estado e Município, bem como no Distrito Federal, de forma que para esses fundos são repassados recursos orçamentários da União, com vistas ao co-financiamento dos programas e projetos de Assistência Social. Devendo os Estados também repassar recursos do Fundo Estadual de Assistência Social para os Fundos Municipais de Assistência Social, assim estarão cumprindo a sua responsabilidade no co-financiamento de programas e projetos e do pagamento do auxílio natalidade e do auxílio-funeral. 3.5 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS1 O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome é responsável pelas políticas nacionais de desenvolvimento social, de segurança alimentar e nutricional, de assistência social e de renda de cidadania no Brasil, além de ser gestor do Fundo Nacional de Assistência Social. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome possui um conjunto de seis programas, sendo cinco finalísticos e um programa de gestão. São eles: Acesso à Alimentação. Erradicação do Trabalho Infantil. 14 Proteção Social Básica. Proteção Social Especial. Transferência de Renda com Condicionalidades. Bolsa Família. Programa Gestão da Política de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Embora o Departamento, desde a sua criação em 2004, tenha ampliado suas atividades e objetivos de serviço (especialmente graças ao seu crescente volume de recursos financeiros), algumas limitações permanecem, por exemplo, envolve infra - estrutura inadequada, com seu pessoal e sistemas informatizados. Além disso, no âmbito do desenvolvimento do plano plurianual 2008-2011, é necessário discutir todas as ações que devem responder às diferentes vertentes do desenvolvimento social, bem como à sua inerente interdisciplinaridade. A criação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS ocorrida em 2004, foi resultado da vontade política de tratar a superação da pobreza e da fome como uma das principais prioridades do país. A grandeza deste desafio exigiu a reorganização de estruturas e marcos legais, para que fosse possível desenvolver de forma célere e articulada, as políticas de inclusão social, transferência de renda condicionada, assistência social e segurança alimentar e nutricional. Neste curto período de existência foi possível criar um sistema de proteção social que sustenta uma definida estratégia de combate à pobreza, em especial da pobreza extrema. O Ministério coordenava o Sistema Único de Assistência Social - SUAS, dava suporte ao funcionamento do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - SISAN, fazia a coordenação das ações Inter setoriais de superação da pobreza extrema, no âmbito do Plano Brasil Sem Miséria e era responsável pelo maior 15 programa de transferência de renda condicionada do mundo, o Programa Bolsa Família, que beneficiava diretamente 50 milhões de pessoas. O MDS também era responsável pela gestão do Fundo Nacional de Assistência Social - FNAS, do Fundo Nacional de Combate e Erradicação da Pobreza - FNCP. As políticas são desenvolvidas e implementadas em parceria com estados e municípios, com ações pactuadas e por meio de repasses de capital a fundo. Organizações da sociedade civil também estavam integradas aos sistemas unificados e desempenham funções importantes, tanto na área de assistência social quanto de inclusão produtiva e segurança alimentar e nutricional. Instâncias colegiadas participavam do ciclo de tomada de decisão e avaliação de políticas públicas de desenvolvimento social, com o Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, a Comissão Inter gestores Tripartite - CIT e o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - CONSEA, este último ligado à Presidência da República. Essa articulação entre gestores federais, estaduais, municipais e sociedade civil estabeleceram uma sólida rede de proteção e promoção social que quebra o ciclo de pobreza e promoveram a conquista da cidadania a milhões de brasileiros. 3.6 Estrutura do Ministério de Desenvolvimento Social A Secretaria Nacional de Assistência Social se trata de um órgão responsável pela gestão nacional da Política Nacional de Assistência Social, cujo objetivo é de consolidar o direito à Assistência Social em todo o país. Já a Secretaria Nacional de Renda de Cidadania é o órgão responsável pela implementação da Política Nacional de Renda e de Cidadania no país, e, por meio do Programa Bolsa Família e do Cadastramento Único, ou seja, identificação das famílias em situação de pobreza de todos os Municípiosbrasileiros. A Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional é o órgão promotor de ações voltadas ao combate à fome, e, busca assegurar o direito do cidadão ao acesso diário à comida, em quantidade, qualidade e regularidade. 16 SPOSATI (2013) ainda menciona em relação ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, na rede mundial de computadores da Secretaria Nacional de Avaliação e Gestão da Informação, órgão esse responsável pela geração de informações necessárias ao acompanhamento, avaliação e monitoramento das políticas sociais a cargo do MDS. A Secretaria de Articulação Institucional e Parcerias é um órgão responsável por fomentar parcerias com entidades da sociedade civil além da interlocução com os governos federal, estaduais e municipais, com vistas ao combate à exclusão social. Atualmente, cerca de 57 milhões de brasileiros participam dos programas de assistência social, segurança alimentar e transferência de renda do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS. O qual por meio do denominado Sistema Único de Assistência Social – SUAS que a partir de uma série de inovações que visam mudar diretamente a gestão dos serviços e também o atendimento à população pobre. 3.7 Princípios da Política de Assistência Social Num Estado democrático de direitos, têm-se os princípios como uma aproximação entre o direito e a ética, no caso, ética pública na política social, assim elencados no artigo 204 da Constituição de 1988, onde conforme já mencionado anteriormente, encontram-se neste artigo duas diretrizes da política de assistência social, as quais estão relacionadas à descentralização político-administrativa e à participação da população bem como o controle social. O artigo 203, da CF/88 prescreve os objetivos que antecedem de que “a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social”. (BRASIL, 1988) A Magna Carta refere-se aos benefícios e serviços gratuitos que são prestados e disponibilizados sem discriminação a quem necessita, sobretudo, de acesso e garantia de direitos, no respeito pela autonomia dos cidadãos e pelas diferenças culturais, regionais, sociais, religiosas e territoriais. 17 Assim a seguridade social no Brasil foi regulamentada pela Lei nº 8.742 de 1993, a Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS - alterada pela Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011. Além disso, a Política Nacional de Assistência Social, com base no artigo 204 da Constituição da República Federativa do Brasil, enfatizou a importância da participação da sociedade civil, tanto na implementação de programas de informação por meio de entidades filantrópicas, quanto de assistência social, e no âmbito do ao mesmo tempo, participando, formulando e controlando ações em todos os níveis. Sem a presença ativa da sociedade civil, a política de assistência social não se concretiza de acordo com os princípios e diretrizes que a orientam, ou seja, sem a participação de forças qualificadas e militares nível político da sociedade civil, modelo consagrado na lei orgânica de a assistência social é desconsiderada. Assim, o modelo de democracia participativa adotado pelo Brasil, evidencia que o exercício da cidadania se dá através da participação popular, não somente através dos direitos políticos, ou seja, votar e ser votado, como também, através da participação efetiva dos membros da sociedade nas decisões governamentais, inclusive no que toca ao tema da assistência social. Assim, um dos maiores desafios neste processo de formulação de políticas foi criar mecanismos para garantir a participação dos usuários em conselhos e fóruns como atores sub-representados. Conforme estabelece o art. 1º: A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. (BRASIL, 1993) Necessidades essas advindas da condição de desproteção, de inseguranças sociais que não se limitam ao fator renda, pois se têm dimensões protetivas sócio assistenciais relacionadas à acolhida, autonomia, pertencimento, vinculação e convivência familiar, social e comunitária. Além disso, a Política Nacional de Assistência Social, na perspectiva do Sistema Único de Assistência Social, ressalta o campo da informação, monitoramento e avaliação, salientando que as novas tecnologias da informação e a ampliação das possibilidades de comunicação contemporânea têm um significado, um sentido 18 técnico e político, podendo e devendo ser consideradas como canais estratégicos, para uma melhor atuação para as políticas sociais e novas concepções de uso, monitoramento e avaliação da informação no campo da política de assistência social. As políticas nacionais de assistência social representam com precisão a materialidade do conteúdo da assistência social, porém, para que os direitos dos usuários sejam respeitados, ela precisa ser redefinida que faz- se necessário a participação ativa da sociedade, tanto na proposição, quanto na fiscalização da prestação dos serviços sócio assistenciais. Enfim, ao se constatar a dimensão e reflexos que a Política Nacional de Assistência Social trouxe para o campo da Assistência Social, faz-se necessário posteriormente verificar o que vem a ser o Sistema Único de Assistência Social, bem como quais os instrumentos que este utiliza para operacionalização e concretização dos direitos sócio assistenciais no Brasil. 4 CRIAÇÃO, DISCUSSÃO E MONITORAMENTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS Relativamente ao campo da avaliação e monitoramento de políticas públicas, a realidade brasileira, especificamente, quando se trata de políticas sociais possui muitas particularidades. Por exemplo a negligência quando se trata das reformas administrativas do Estado é uma dessas particularidades e, apesar das tentativas de instaurar modelos de gestão que sejam descentralizados e participativos, o patrimonialismo continua presente nas relações sociais assim, o Estado brasileiro permanece burocrático e centralizador. Não obstante, quando o país avança no processo de fortalecimento da democracia e da participação social, bem como nas políticas públicas, passa a sofrer influências de medidas neoliberais, repercutindo na gestão pública democrática, devido às características fortes do modelo de gestão. 19 Cabe destacar que esse modelo regulatório existe no Estado do Brasil e será de grande importância para a institucionalização da função de avaliação, bem como para a utilização de seus resultados. No Brasil, até os anos 1970 ocorriam avaliações sistemáticas somente nas áreas de saúde e educação, de modo que tais estudos se limitavam a medir o alcance das metas além de adequar os meios aos objetivos dos programas. Entretanto, nas demais áreas das políticas sociais, a avaliação era descontínua, pontual e, muitas vezes, não era exigida. Vale ressaltar que devido à conjuntura econômica, política e social, este cenário começou a mudar na década de 1980, onde, a avaliação de políticas sociais, ganhou grande relevância em função da conjuntura socioeconômica, assim, o agravamento das expressões relativas a questão social e a escassez de recursos exigiam políticas sociais mais eficientes. Além das reivindicações dos movimentos sociais por meio de políticas universais bem como o debate sobre a participação da sociedade civil nas discussões e decisões políticas. Assim, houve uma expansão da avaliação por meio de organismos internacionais de financiamento, como por exemplo o Banco Mundial, que passaram a exigi-la como condição para o repasse de recursos, impondo assim os termos clássicos de eficiência, potência e eficácia. A partirdaí a avaliação ganha fôlego com base em dois níveis: o nível econômico, com o objetivo de contribuir para a busca de soluções que permitam aumentar os lucros na utilização de recursos; e a democratização, cujo desdobramento estará relacionado à necessidade de produção de informações que equipem as pessoas na luta pelos direitos civis, do ponto de vista político. Isto posto as experiências iniciais brasileiras, tiveram grande influência da perspectiva tecnicista norte-americana, que se baseava no funcionalismo clássico, possuindo uma preocupação excessiva com instrumentais técnicos e metodológicos com claro viés positivista. Nesse sentido, essa abordagem ignora a política social como uma intervenção na realidade, envolvendo diferentes públicos, condicionada por interesses e expectativas. 20 Embora a lei de assistência social tenha acompanhado o movimento de modernização da gestão do Estado, pode-se dizer que, de fato, os instrumentos de gestão ainda são vistos do ponto de vista técnico e operacional ponto de vista da ferramenta. A legislação na área de assistência social tem se estruturado tendo como uma de suas premissas integrar a informação, o monitoramento e a avaliação como fatores que, além de permitirem a melhoria da gestão, dos serviços prestados, programas, projetos e interesses, podem contribuir para o controle social da sociedade sobre o estado. Estes elementos devem ser expressos de forma clara entre eles e também entre os entes federados, pelo que estão sujeitos às regras gerais do governo federal, mas os cantões e comunas podem e devem desenvolver ferramentas de serviço público próprias, dependendo das características locais. A NOB/SUAS de 2012 estabelece entre as responsabilidades dos Estados o apoio técnico aos municípios na estruturação e implantação de seus sistemas municipais de assistência social e, ainda, a instalação e coordenação de sistema estadual de monitoramento e avaliação das ações da assistência social, de âmbito estadual e regional, por nível de proteção básica e especial, em articulação com os sistemas municipais e validados pelo sistema federal (BRASIL, 2012). Já a PNAS – Política Nacional de Assistência Social/2004, prevê que os municípios, que estejam, habilitados na gestão básica e plena do SUAS, igualmente assumem a responsabilidade de estabelecer um plano de acompanhamento, monitoramento e avaliação. Ainda, segundo o documento mencionado, os municípios devem: “instituir plano de acompanhamento, monitoramento e avaliação das ações de proteção social na rede própria e na rede prestadora de serviços, em associação com o sistema estadual e ainda com o sistema federal, ambos pautados nas diretrizes da PNAS/2004 (BRASIL, 2004). Considerando que o SUAS se trata de um sistema orgânico e articulado entre as três esferas do governo, cuja responsabilidade pela realização de seu monitoramento e avaliação é da União, Estados e Municípios. 21 Tal processo de gestão precisa ser bem elaborado para que, ao mesmo tempo em que envolva os entes federativos, inclua também todos os aspectos do SUAS e não gere sobreposições e contradições, o que é um grande desafio. Sabe-se ainda que, no modelo federativo brasileiro, estados e municípios são entes com autonomia política e administrativa e, além disso, possuem competências comuns. Contudo, a articulação entre competências comuns e a necessidade de uma coordenação mínima exige políticas articuladas e com definição clara das responsabilidades. Quanto ao monitoramento e avaliação da política de assistência social, ainda falta definição do papel de cada sindicato na implementação da política. Nesse sentido, o governo federal favorece o monitoramento e a avaliação dos serviços, programas e projetos financiados, os programas de apoio aos estados e os municípios ainda enfrentam muitos desafios, dificuldades técnicas e políticas na elaboração de seu próprio plano de monitoramento e avaliação. 5 A TRAJETÓRIA DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS Conforme menciona BEHRING (2007) a Assistência Social, diversamente da previdência social, não é contributiva, ou seja, deve atender a todos os cidadãos que dela necessitarem. Desse modo realiza-se a partir de ações integradas entre a iniciativa pública, privada e da sociedade civil, tendo por objetivo garantir a proteção social: À família, à infância, à adolescência, à velhice; amparo a crianças e adolescentes carentes; à promoção da integração ao mercado de trabalho, reabilitação e promoção de integração à comunidade para as pessoas com deficiência e o pagamento de benefícios aos idosos e às pessoas com deficiência. Em 2005, é instituído o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, descentralizado e participativo, que tem por função a gestão do conteúdo específico da Assistência Social no campo da proteção social brasileira. Consolida o modo de gestão compartilhada, o co-financiamento e a 22 cooperação técnica entre os três entes federativos que, de modo articulado e complementar, operam a proteção social não contributiva de seguridade social no campo da assistência social (IPEA, 2008). Já em 6 de julho de 2011, a Lei 12.435 é sancionada, buscando garantir a continuidade do SUAS, o Sistema organiza as ações da assistência social em dois tipos de proteção social. A primeira se trata de uma Proteção Social Básica, visa a prevenção de riscos sociais e pessoais, atuando por meio da oferta de programas, projetos, serviços e benefícios a pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social. Já a segunda se trata da Proteção Social Especial, voltada para famílias e pessoas em situação de perigo e cujos direitos foram violados por negligência, abuso, abuso sexual, uso de drogas, entre outros aspectos. O SUAS é integrado pelos entes federativos, pelos respectivos conselhos de assistência social e pelas entidades e organizações de assistência social abrangidas pela Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS. Art. 9º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, conforme suas competências, previstas na Constituição Federal e na LOAS, assumem responsabilidades na gestão do sistema e na garantia de sua organização, qualidade e resultados na prestação dos serviços, programas, projetos e benefícios sócio assistenciais que serão ofertados pela rede sócio assistencial. O SUAS inclui também a prestação de serviços de apoio, prestando serviços a públicos específicos, ajudando a remediar situações de vulnerabilidade. Também administra a vinculação das entidades e entidades de assistência social ao sistema, mantém o Cadastro Nacional de Organizações e Organizações de Assistência Social e concede a certificação a entidades filantrópicas. Ao se abordar a implementação de políticas públicas, é impossível deixar de considerar e determinar a relação institucional entre diferentes poderes, portanto, é necessário mencionar o papel do Poder Legislativo e do Poder Judiciário no andamento das políticas públicas desafios que o Executivo Distrital. Poderes que o governo federal enfrenta no SUAS, que reconhece explicitamente que o Executivo é responsável pela implementação, mas, no processo, 23 as ações e intervenções de outros atores são envolvidas sem esforço. Força para aprofundá-lo. O SUAS possui uma estrutura que dialoga com os diferentes ambientes institucionais, com os diversos setores da sociedade e de governos. Sua estrutura tem cobertura em todo o território brasileiro e se operacionaliza a partir das competências estabelecidas, cujo lugar privilegiado de execução e prestação dos serviços é o lugar do cidadão, o território de convivência de diferentes cidadãos. O tamanho do território é relevante na análise do SUAS, requer pensar na sua organização, definir capacidade, atribuições dos entes associados,hierarquia político- administrativa, além de definir onde o serviço é efetivamente prestado à sociedade, mas não exclui ou isenta qualquer público administração, porque onde quer que esteja, o princípio ainda é a cooperação e o compartilhamento entre unidades associadas à participação social. De acordo com o que preleciona SILVEIRA (2011) o SUAS reorganiza os serviços, programas, projetos e benefícios relativos à assistência social considerando as cidadãs e os cidadãos que dela necessitam. Além de garantir a proteção social básica e especial de média e alta complexidade, tendo a centralidade na família e base no território, ou seja, o espaço social onde seus usuários vivem, tendo como raiz de fundo uma gestão participativa e controle social, o SUAS desenha o futuro da Assistência Social no País, e seu aprimoramento é matéria de conquista cotidiana de todos os estados, DF, municípios e União. Com inúmeros desafios para se consolidar como sistema de políticas públicas, entender o SUAS significa entender um valor político e moral: a assistência social é direito do cidadão e dever do Estado. É essa consolidação de conquistas que vai além e forma a base para o rompimento com a felicidade mundana. É na unidade estatal local do SUAS, o CRAS, que é possibilitado, na maioria das vezes, o primeiro acesso das famílias e indivíduos aos direitos sócio assistenciais e, portanto, à proteção social básica. É o CRAS que organiza a rede local de serviços sócio assistenciais, ainda assim é por meio do CRAS que a proteção social se aproxima da população, de modo a reconhecer a existência das desigualdades sociais. 24 É no CRAS que as políticas sociais agem em forma de uma rede visando a redução das desigualdades, apoiando a prevenção e mitigando em situações de vulnerabilidade e risco social, bem como quando identificam e estimulam as potencialidades locais, modificando a qualidade de vida das famílias que vivem nessas localidades. 6 A NORMA OPERACIONAL BÁSICA – NOB/SUAS De acordo com SILVA (2005) a Norma Operacional Básica - NOB consagra os eixos estruturantes para a realização do pacto a ser efetivado entre os três entes federados e as instâncias de articulação, pactuação e deliberação, visando a implementação e consolidação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS no Brasil. (BRASIL, 1993) A primeira NOB no âmbito da assistência social foi aprovada em 1997 (Resolução CNAS n.º 204, de 04/12/1997), que reuniu em um único documento norma que disciplinou o processo de descentralização político-administrativo entre os três entes da Federação e a “Sistemática Operacional para financiamento das Ações” desta política, estabelecendo os níveis de gestão, a operacionalização e a sistemática de financiamento, os critérios compartilhados e prestação de contas de serviços, benefícios, programas e projetos, além da constituição de um comitê consultivo tripartite (CIT). SPOSATI (2013) mencionou que os primeiros NOBs, mesmo que objetivassem regular a política estabelecida na CF/88, como se dizia, a tratavam, por assim dizer, com uma visão conservadora e neoliberal, princípio dos subsídios. Por exemplo, duas das diretrizes estabelecidas no Padrão de Desempenho Básico de Suporte Social de 1998 estão documentadas. Com o diferencial de ser a primeira NOB que versou sobre o SUAS, sistema instituído pela Política Nacional de Assistência Social de 2004, em observância à deliberação da IV Conferência Nacional de Assistência Social, foi aprovada pela 25 Resolução CNAS nº 130, de 15/07/2005, a NOB/SUAS-2005 incorporou e aprimorou as conquistas que foram alcançadas com as normativas anteriores. Aborda também os níveis de gestão, as responsabilidades das unidades de consórcio, as capacidades dos níveis de acordo e deliberação, as ferramentas de gestão e a atualização e aperfeiçoamento do capítulo de co-financiamento e dos critérios de partilha. Referente aos princípios da NOB/SUAS-2005, estes estão expressos como de tipologia “organizativos”, ou seja, imprimem uma dada forma de organização com vistas à implementação/operacionalização da assistência social enquanto política pública e direito social. Ainda, quanto ao seu conteúdo, alguns dos princípios desta NOB apresentam correlação com as diretrizes da LOAS e não propriamente com os respectivos princípios: A “Universalização dos direitos sociais”, o princípio organizativo de fixação de níveis básicos de cobertura num sistema compreendido por benefícios, serviços, programas, projetos e ações de Assistência Social de provisão compartilhado entre entidades afiliadas; garantir o acesso aos direitos de assistência social para todos os necessitados; articulação da cobertura com outras políticas econômicas e sociais, especialmente as de Previdência Social. Frente ao processo de aprovação das diversas Normas Operacionais Básicas – NOBs, por meio de resoluções do Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, portanto, decorrentes da participação de diversos setores societários/organizados, tanto do Estado quanto da sociedade civil, tem-se o aprimoramento e adensamento desta política–Pressupõe-se um adensamento, pois, a prioridade, se as diretrizes e, principalmente, os princípios fundamentam político-juridicamente a política de assistência social e faculta coerência ao Sistema Único de Assistência Social/SUAS (a unicidade e a lógica), numa linha histórica tem-se a LOAS de 1993 que teve importantes e profundas alterações em 2011 por meio da Lei nº 12.435, principalmente pela incorporação do Sistema Único de Assistência Social. 26 O Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios, serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade”, que houvesse a referência de normas operacionais básicas que estabelecessem padrões de desempenho, padrões de qualidade e referencial técnico-operativo; além de expressar a “Proteção Proativa” como princípio da Proteção Social. A Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projeto assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão, estabeleceu o princípio organizativo a parti de sistema democrático e participativo de gestão e de controle social através: a) dos Conselhos e das Conferências de Assistência Social realizadas a cada biênio organizadas e sustentadas pela respectiva esfera de governo; b) da publicação de dados e informações referentes às demandas e necessidades, da localização e padrão de cobertura dos serviços sócio assistenciais; c) de canais de informação e de decisão com organizações sociais parceiras, submetidos a controle social, por meio de audiências públicas; d) mecanismos de audiência da sociedade, de usuários, de trabalhadores sociais e) conselhos paritários de monitoramento de direitos sócio assistenciais; f) conselhos de gestão dos serviços. (BRASIL, 1993) A NOB/SUAS disciplina a gestão pública da política de assistência social no território brasileiro, exercida de modo sistêmico pelos entes federativos, em consonância com a Constituição da República de 1988, a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS e as legislações complementares a ela aplicáveis. Caráter do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. Ainda sobre os princípios organizativos presentes na NOB/SUAS-2005, constata-se que o de Matricialidade sócio familiar foi reafirmado como “Princípio da Proteção Social”. Continuando sobre a linha histórica de normatizações da política de proteção sócio assistencial brasileira, a partir da análise dos princípios e diretrizes, na NOB/SUAS-2012 - Resolução CNAS nº 27 33, de 12 de dezembro de 2012, observa-se que há “Diretrizes Estruturantes e Princípios Organizativos” do Sistema Único, além de haver a continuidadesobre os avanços da Lei nº 12.435/2011. (QUINONERO, 2013) Ainda segundo QUINONERO (2013) dentre os princípios organizativos de que trata a NOB em vigor, existe a reafirmação da gratuidade da assistência social, assim, a assistência social é prestada sem que haja a exigência de contribuição ou qualquer forma de contrapartida, porém devendo ser observado o disposto no art. 35 do Estatuto do Idoso - Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. 7 PLANOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: CONDIÇÃO PARA A GESTÃO PÚBLICA DO SUAS Para compreender os diversos aspectos envolvidos na gestão do SUAS, destaca-se o conceito de público como categoria central para a construção de um espaço social democrático. O conceito de poder público aqui adotado parte do pressuposto de que a constituição é parte integrante da democratização da vida social, através da consolidação do Estado nas diversas circunstâncias - e da sociedade civil nas suas diversas formas representativas, capaz de incorporar os interesses crescentes da maioria da população nos processos de tomada de decisão política. A aplicação deste conceito holístico de público, como meio democrático de sobrevivência e resolução de problemas que afetam os direitos civis e, portanto, desafiam a sociedade e o Estado, não implica remover a responsabilidade estrita do Estado de garantir seus direitos e universalidade. No caso das políticas de assistência social, a prioridade do Estado em sua atuação é claramente definida pela LOAS, como garantia aos beneficiários do acesso universal aos direitos e serviços sociais. Ao mesmo tempo, enfatiza que a participação social é a condição básica para o exercício do controle social e para a ativação da capacidade dos atores sociais de criarem marcas lógicas sociais no espaço da produção política. 28 Para RAICHELIS (2011) no novo patamar do SUAS, de construção da assistência social como campo de definição política, tal conceito de público implica, pois, imprimir às práticas desenvolvidas por órgãos governamentais e por organizações não-governamentais, compromissos com a alteração dos índices sociais visando a melhoria da qualidade de vida dos seus usuários. Para isso a implantação de sistemas oficiais de informação, de monitoramento e avaliação, são ferramentas estratégicas para a publicação da Política de Assistência Social. Tais sistemas favorecem a gestão democrática, o controle social e a participação ampla, contemplando: A disponibilização de um conjunto de dados e informações que possam subsidiar as decisões quanto a benefícios, serviços, programas e projetos a serem implantados. A utilização de indicadores de avaliação de impactos e resultados da Política. A implementação do sistema de acompanhamento do desempenho da rede sócio assistencial. O fortalecimento da dimensão comunitária da assistência social, portanto, requer a ampla divulgação de informações qualificadas, o diálogo entre o Estado e a sociedade civil, garantindo transparência e visibilidade da política nesta área. A concretização do público na assistência social pressupõe, conforme RAICHELIS (2011), entre outros elementos: A participação da população na definição de prioridades voltadas ao atendimento de suas necessidades sociais. Visibilidade e transparência das informações a serem veiculadas a todos os sujeitos e organizações integrantes do sistema de assistência social, principalmente os usuários dos serviços. O exercício do controle social na perspectiva de democratização das decisões sobre conteúdos e padrões de atendimento dos serviços, programas, projetos e benefícios assistenciais. 29 Incorporação de interesses coletivos nos espaços públicos decisório fortalecendo a representação das organizações populares. A consolidação da cultura pública visando a superação da cultura autoritária e burocrática ainda presente no campo da assistência social. Assim, a implementação de tais diretrizes vai apontar para a necessidade de adequação dos arranjos institucionais, com definição de novas regras e procedimentos e, mais ainda, para uma profunda mudança na ordenação programática da assistência social. A implantação do SUAS é uma etapa fundamental na regulamentação da política de assistência social e muito importante para o seu reconhecimento como política pública de salvaguardas. Como resultado de uma extensa construção de história social, o SUAS visa estabelecer um modelo de governança descentralizada que supere a trajetória de centralização, dispersão e ruptura que tem marcado sua política de assistência social brasileira. A constituição de um sistema de gestão é uma demanda reconhecida desde a aprovação da LOAS, cinco anos após seu reconhecimento como parte da Seguridade Social brasileira, na Constituição Federal. Destaque também para as ferramentas de gestão do SUAS, que demonstram avanços técnicos e financeiros de organização e planejamento em três áreas de gestão: Planejamento da assistência social; despesas; monitoramento, avaliação e gestão da informação; e relatório de gestão anual. 20 anos após a aprovação do LOAS, a implantação do SUAS trouxe uma série de importantes inovações e avanços. Tendo em vista o conceito de assistência social, não se pode negar que a instituição SUAS tenta tirar a assistência social da filantropia e criar diretrizes, critérios e marcos legais fortes, antes indisponíveis e de difícil estruturação dentro de um estado federal, há fortes disparidades nacionais e locais. A definição conceitual da assistência como política de proteção social presente no PNAS e no SUAS amplia suas características e funções ali identificadas, rompendo com a nomenclatura histórica existente até então. 30 Entretanto, apesar de esse novo arcabouço teórico-normativo comportar uma série de importantes mudanças, não é isento de introduzir e/ou reproduzir conceitos conservadores, além de estar ausente um debate que abarque as determinações mais fundamentais da pobreza e da desigualdade social como estruturais da sociedade, cuja contradição fundamental se localiza na luta de classes (BEHRING, 2007). A implementação deste processo de mudança institucional dependerá fundamentalmente dos conceitos que irão moldar e orientar os sistemas de assistência social nos diferentes níveis de governo. O Plano de Assistência Social, coordenado pelo órgão de governo com os Municípios e o Fundo, faz parte da gestão pública do SUAS. O conceito de Assistência Social realizada na forma de proteção social básica e proteção social especial média e alta complexidade, exige que essas formas de proteção sejam inseridas no conjunto de proteções prestadas pela Previdência Social. Portanto, essa é uma condição necessária para não cometer erros na formulação e operacionalização das políticas de assistência social separadamente das demais políticas que compõem a seguridade social. Se assim não fosse, poderíamos erroneamente defini-lo como dotado de exclusividade e como se só ele pudesse dar conta da multiplicidade de situações que as manifestações do problema social representam para as intervenções do Estado. Na implementação da proteção social básica, é um desafio para o SUAS encontrar coerência com a proteção social garantida pela saúde, seguridade social e demais políticas públicas, para estabelecer programas conjuntos e de prevenção. Essa breve explicação sobre os avanços e limitações da Assistência Social permite inferir que tais processos fazem parte de um movimento mais amplo cujas decisões estão enraizadas nas atuais transições sociais. Todo o aparato regulatório em questão é fruto de intensas lutas para direcionar e dinamizar o formato e o lugar que a assistência social ocupa na esfera da proteção social dos Estados Unidos. Ou seja, a direção social da política mencionada é frequentemente contestada por projetos sociais antagônicos.Podemos dizer, portanto, que existem áreas de protesto, mas o contexto atual mostra o predomínio de um projeto conservador que deu à Ajuda Social uma abordagem seletiva e caritativa. 31 8 A IMPORTANCIA DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTENCIA SOCIAL O SUAS é um sistema público não contributivo, descentralizado e participativo cuja função é gerir os conteúdos específicos da assistência social do setor de proteção social brasileiro: Consolida o modo de gestão compartilhada, o co-financiamento e a cooperação técnica entre os três entes federativos que, de modo articulado e complementar, operam a proteção social não contributiva de seguridade social no campo da assistência social. Estabelece a divisão de responsabilidades entre os entes federativos (federal, estadual, Distrito Federal e municipal) para instalar, regular, manter e expandir as ações de assistência social como dever de Estado e direito do cidadão no território nacional. Fundamenta-se nos compromissos da PNAS/2004. Orienta-se pela unidade de propósitos, principalmente quanto ao alcance de direitos pelos usuários. Regula em todo o território nacional a hierarquia, os vínculos e as responsabilidades do sistema cidadão de serviços, benefícios, programas, projetos e ações de assistência social, de caráter permanente e eventual, sob critério universal e lógica de ação em rede hierarquizada de âmbito municipal, distrital, estadual e federal. Respeita a diversidade das regiões, decorrente de características culturais, socioeconômicas e de políticas em cada esfera de gestão, da realidade das cidades e da sua população urbana e rural. Reconhece que as diferenças e desigualdades regionais e municipais que condicionam os padrões de cobertura do sistema e os seus diferentes níveis de gestão devem ser consideradas no planejamento e execução das ações. Articula sua dinâmica às organizações e entidades de assistência social com reconhecimento pelo SUAS. 32 São eixos estruturantes da gestão do SUAS: Precedência da gestão pública da política. Alcance de direitos sócio assistenciais pelos usuários. Matricialidade sócio familiar. Territorialização. Descentralização político-administrativa. Financiamento partilhado entre os entes federados. Fortalecimento da relação democrática entre estado e sociedade civil. Valorização da presença do controle social. Participação popular/cidadão usuário. Qualificação de recursos humanos. Informação, monitoramento, avaliação e sistematização de resultados. 8.1 Funções da política pública de assistência social para extensão da proteção social brasileira A assistência social no Brasil, como política pública, tem base constitucional, no âmbito do sistema previdenciário. Pelos resultados que produz na sociedade - e tem potencial de gerar - caracteriza-se como uma política pública com protagonismo e cidadania universais, capaz de ampliar a agenda das políticas públicas. Os direitos sociais são garantidos a todos os brasileiros, de acordo com suas necessidades e independentes de seus rendimentos, quanto à condição inerente de direitos. A assistência social, assim como a saúde, é direito do cidadão que depende de sua contribuição prévia e deve ser provido pela contribuição de toda a sociedade. Ocupa-se de prover proteção à vida, reduzir danos, monitorar populações em risco e prevenir a incidência de agravos à vida face às situações de vulnerabilidade (BEHRING, 2007). A proteção social da assistência social atende às vítimas, fragilidades, situações adversas, vulnerabilidades e riscos enfrentados por pessoas, pessoas e 33 suas famílias na trajetória do ciclo de vida devido às imposições sociais, econômicas, políticas e atentados à dignidade. Por meio de suas atividades, a assistência e proteção social cria aquisições materiais, sociais e educacionais para os cidadãos e suas famílias, a fim de: atender às suas necessidades de reprodução produção social da vida pessoal e familiar; desenvolver suas habilidades e talentos para interação social, resistência e autocontrole. A PNAS/2004 resolveu a questão da proteção social do ponto de vista da articulação com outras políticas no campo social para trabalhar por uma estrutura que garanta bons direitos e condições de vida. Assim, o princípio da proteção social atinge um patamar que se orienta pela tentativa de realização de um novo projeto de desenvolvimento social onde não se possa reivindicar a universalização da seguridade social e dos direitos de proteção público sem um componente correto e suficiente das políticas de ajuda em nível nacional. Manter uma política de financiamento do capital comprometido a par de uma política de assistência social baseada principalmente na transferência de renda como estratégia para minimizar os maiores prejuízos do destrutivo progresso do capitalismo contemporâneo. A discussão sobre a luta contra a pobreza tornou-se central para estabelecer um consenso em torno do projeto atual. A posição cada vez mais privilegiada da pobreza no debate das políticas sociais significa que as formas assumidas para abordar a questão social impedem a generalização dos direitos sociais. O problema não é apenas a prioridade da pobreza como categoria analítica para pensar as políticas sociais, mas a forma e o tratamento dos "pobres", conhecidos por suas fragilidades. Eles, indocumentados, aparecem no discurso tecnocrático reinventado por um novo tipo de moral vigilância. Essa implementação tem implicações importantes para a política de assistência social, uma vez que sua prioridade atual é o combate à pobreza. A tardia institucionalização da Política de Assistência Social deu-se num ambiente onde a intervenção nas questões sociais, com enfoque no combate dirigido à pobreza, aprofundou o processo de reestruturação de ideias. Ideologias e ideologias 34 de segurança sustentam a reflexão e formulação de políticas sociais, dificultando a deve ser justamente a intersetorialidade que tal política deve ter com as demais políticas públicas. No mesmo sentido, é importante a análise de Mota (2008), ressaltando que as orientações e a organização da política de assistência social contemporânea indicam que o direito à assistência social assume cada vez mais um papel. Integração ”na sociedade, em substituição ao direito ao trabalho. Desse modo, surge não apenas como uma forma legalmente instituída de tratar os excluídos do mercado de trabalho, mas também de mantê-los ativos no setor de consumo, assumindo uma capacidade social na reprodução da força de trabalho. Assim, podemos perceber que essa extensão, apesar dos avanços, foi legitimada por uma lógica contrária a esses propósitos que embasaram a formulação da Constituição Federal de 1988. A perspectiva sinaliza a possibilidade de um sistema previdenciário universal. O que se provou é uma unidade contraditória no quadro previdenciário brasileiro. Há um processo de privatização da saúde e da seguridade social e construção de uma lógica cidadão-consumidor, além do foco da assistência social. Ademais, essa centralidade da política em relação às demais que compõem a seguridade social, bem como a expansão inconteste de seus recursos, se realiza não por um expressivo investimento na consolidação de uma rede de serviços sócio assistenciais pública, universal e de qualidade, mas pela prevalência dos PTR. Tais programas, apesar do seu impacto no quadro geral da pobreza neste país, têm alcançado a dualidade, sendo por um lado o SUAS com deficiência, com diversos serviços de assistência social e, por outro, a transferência de atendimento direto à população, principalmente por meio do programa Bolsa Família. Quando a assistência social se estende pela ampliação do número de PBFs em detrimento do próprio SUAS, ou da rede de serviços que assume e reivindica, uma série de efeitoscolocam graves limitações. A contribuição da assistência social nesta ótica, implementada como política pública instituída, deve se dar por meio de uma estrutura político-administrativa que enfatize a fundamental importância do processo de alocação. 35 De acordo BEHRING (2007) em relação ao redesenho do papel e da escala espacial de organização dos serviços do Estado Brasileiro, que possa facilitar a transferência, em blocos de competências, das ações para os territórios mais próximos da população e de suas necessidades, e a distribuição dos recursos financeiros e operacionais de forma mais equitativa, articulando corretamente a participação dos municípios, do Distrito Federal, dos estados e da União seja no co- financiamento, seja na implementação dos benefícios e na execução direta e, ou, compartilhada dos serviços sócio assistenciais, nos moldes e nas condições que o pacto Inter setorial irá estabelecer. Na verdade, o problema de operar um modelo liberal exige o planejamento de medidas de política de assistência social que atendam às necessidades sociais e coletivas, mas também possam operar de acordo com muitas necessidades individuais e individuais, privativamente, a partir da situação de vida da família. Esta norma se baseia nos parâmetros de proteção elencados na PNAS / 2004, delineando sua especificidade na área de política social, responsabilidade do Estado para com os cidadãos brasileiros, proteção social oportunista etc. e proteção social especial para médio e alto escalão de complexidade. A assistência social prioriza as preocupações das famílias e de seus membros, de acordo com seu território, dando preferência àqueles com histórico de fragilidade, vulnerabilidade e presença de vítimas na comunidade. BEHRING (2007) elucida que a primazia do cuidado familiar visa valorizar o caráter preventivo da proteção social, de forma a fortalecer os vínculos e vínculos sociais pertencentes a seus membros e indivíduos, de forma que a capacidade e a qualidade de sua qualidade de vida sejam compatíveis com a percepção humana e os direitos sociais. De acordo com a PNAS/2004 as funções da assistência social são: a proteção social é classificada entre a proteção básica e a proteção especial; vigilância social; e proteger o direito à assistência social. 36 8.2 Instâncias de articulação, pactuação e deliberação BEHRING (2007) destaca que ao longo dos anos de implantação do SUAS, com o pleno funcionamento desses espaços e instituições, muitos avanços foram observados quando analisamos os desafios identificados no Plano Decenal 2005 - 2015, ou seja: superar o conceito de ação social para políticas jurídicas com base na proteção social. As regras do SUAS definem parâmetros e um único comando; dinamismo na execução dos serviços e benefícios em território nacional na ótica da universalização do acesso. Uma nova lógica na política de financiamento com definições de responsabilidades das unidades de consórcio, transferência de recursos para fundos, acordo sobre critérios de compartilhamento de recursos; o nível de atendimento às lideranças políticas com a profissionalização do território; a criação de mecanismos e ferramentas de planejamento, monitoramento e avaliação; entre outros. Todos esses avanços não teriam sido possíveis, em uma sociedade democrática, sem o fortalecimento do tratado federal SUAS, com o funcionamento de fóruns e espaços de negociação, pactuação e contemplação da concretização e reconhecimento da política de assistência social, enquanto cidadania. O SUAS, na sua concepção, possui espaços de diálogos permanentes, com atribuições de negociações, pactuações e deliberações nos três entes federados. Comissões Inter gestores Bipartite - CIB’S. Comissão Inter gestores Tripartite – CIT. Conselhos, Colegiado Estadual e Municipal de Gestores da Assistência Social. Esses espaços considerados instâncias da gestão pública da assistência social tem como missão primar pelos princípios e diretrizes organizativas do SUAS. Diante disso são princípios organizativos do SUAS: 37 Universalidade: Correspondem à cobertura de benefícios, serviços, programas e ações da Assistência Social entre os entes federativos; na garantia de acesso aos direitos sócio assistenciais; na articulação com as demais política. Gratuidade: Corresponde à ausência de custos para o usuário no momento de acesso, o que não implica que a população seja isenta de contribuir par financiamento do sistema através de impostos e taxas. Integralidade da Proteção Social: Corresponde as ações articuladas entre os serviços/equipes nos níveis de proteção e suas complexidades. Intersetorialidade: Corresponde ao princípio de gestão da Política Social que preconiza a integração das políticas nos processos de desenvolvimento, implementação, monitoramento e avaliação. Busca superar a dispersão de políticas, respeitando a especificidade de cada setor. Equidade: Corresponde ao reconhecimento e exercício igualitário dos direitos da comunidade, sem restringir o acesso aos mesmos ou discriminar as diferenças que constituem os diferentes segmentos que a integram, um contexto associado à equidade e equidade. O princípio da democratização e o mote da descentralização, contidos na Constituição Federal de 1988 e na LOAS, concretizam-se com a constituição e fortalecimento de órgãos de pactuação, unificação e deliberação. Articulação São espaços abertos de participação, com funcionalidade direcionada aos níveis federal, estadual, federal e municipal, podendo ser implantados em âmbito regional. São constituídos por organizações governamentais e não governamentais com o 38 objetivo expresso de: assessorar; união de conselhos; fórum estadual, regional ou municipal; associações comunitárias, entre outras. Pactuação Por tratado, na gestão da assistência social, entendemos as negociações estabelecidas com a anuência dos respectivos níveis de governo, para a implementação da política, não para pressupor um processo de renúncia, voto ou mesmo um processo de deliberação. A contratação dessas agências somente é possível com a anuência de todas as entidades envolvidas, formalizada por meio da publicação do contrato e sujeita à deliberação das agências. Deliberação Os conselhos nacionais, estaduais, federais e municipais são os supostos órgãos do sistema descentralizado e participativo de assistência social, conforme previsto na PNAS / 2004 na forma do SUAS. O CNAS, instituído pelas LOAS e Conselhos dos demais setores, regidos pela referida lei e instituídos por lei particular, é permanente e de igual composição entre governo e sociedade civil. Estão vinculados ao Poder Executivo e sua estrutura dentro da Administração do Estado é responsável por coordenar a Política de Apoio Social, dando-lhes apoio administrativo, garantindo a distribuição orçamentária para suas atividades. 9 PROTEÇÃO E ATENDIMENTO INTEGRAL À FAMÍLIA - PAIF Nesse sentido, a oferta do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família - PAIF, de caráter continuado, tem a função protetiva da família, na forma de evitar que vínculos familiares e/ou comunitários sejam rompidos, permitindo o acesso dos usuários aos programas de transferência de renda como o Bolsa Família - BF e o Benefício de Prestação Continuada - BPC. O Programa de Atenção Integral à Família do PAIF é o principal programa de proteção social básica do Sistema Único de Apoio Social do SUAS. Desenvolve ações duradouras e serviços básicos para famílias em situação de vulnerabilidade social na unidade do CRAS. O PAIF visa fortalecer os vínculos família-comunidade, os direitos 39 fundamentais à proteção social e ampliar a capacidade de proteção social e prevenção de situações de risco no território dos CRAS.O PAIF é necessariamente ofertado no CRAS.