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CUIDADOS 
PALIATIVOS EM 
ONCOLOGIA
Admilson Soares 
de Paula
Assistência de enfermagem 
ao paciente em tratamento 
por quimioterapia e/ou 
radioterapia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Diferenciar as terapias antineoplásicas mais utilizadas — quimioterapia 
e radioterapia.
 � Identificar os principais sinais e sintomas decorrentes da terapia anti-
neoplásica e o atendimento de enfermagem.
 � Relacionar as complicações da administração de quimioterápicos e 
da radioterapia à toxicidade e aos riscos causados nos sistemas do 
organismo. 
Introdução
O câncer ainda é uma doença temida, que leva a um conceito de termi-
nalidade, e muitos paradigmas surgem em relação ao seu tratamento, 
considerado agressivo por muitos. 
Neste capítulo, você conhecerá os princípios para o uso de radiote-
rapia e quimioterapia, seus tipos, finalidades, indicações e mecanismo 
de ação, bem como os efeitos colaterais mais comuns, sua toxicidade e 
quais os cuidados de enfermagem cabíveis. 
Terapias antineoplásicas mais utilizadas
O primeiro antineoplásico foi desenvolvido a partir do gás mostarda, após a 
exposição de soldados a esse agente usado nas Guerras Mundiais como arma 
química. Observou-se que eles desenvolveram hipoplasia medular e linfoide, 
o que levou ao seu uso no tratamento dos linfomas malignos. A partir da pu-
blicação, em 1946, dos estudos clínicos feitos com esse gás e das observações 
sobre os efeitos do ácido fólico em crianças com leucemia, verificou-se o avanço 
crescente da quimioterapia antineoplásica. Com os avanços verificados nas 
últimas décadas, desenvolveu-se quimioterápicos mais ativos e menos tóxicos, 
facilitando consideravelmente a aplicação de outros tipos de tratamento de 
câncer, bem como um maior número de curas (BRASIL, 2008).
Quimioterapia 
A quimioterapia é um tratamento por meio de substâncias químicas que afetam 
o funcionamento celular, usada para interferir nas funções de células tumorais 
e na sua replicação, sendo as células em proliferação ativa as mais sensíveis 
a ela. Doses repetidas são necessárias para alcançar a regressão do tumor. 
Quando aplicada ao câncer, ela se chama quimioterapia antineoplásica ou 
quimioterapia antiblástica.
Classificação das drogas antineoplásicas e mecanismos 
de ação 
Os antineoplásicos afetam as células normais e as neoplásicas, porém, acar-
retam maior dano às malignas do que àquelas dos tecidos normais, devido às 
diferenças quantitativas entre seus processos metabólicos.
As drogas utilizadas na quimioterapia interferem de algum modo no meca-
nismo celular, as enzimas são responsáveis pela maioria das funções celulares, 
e a interferência nesses processos afeta tanto a função como a proliferação 
das células normais e neoplásicas. Já a definição dos mecanismos de ação da 
maioria das drogas levou à classificação dos quimioterápicos, conforme sua 
atuação sobre o ciclo celular.
 � Ciclo-inespecíficos: os quimioterápicos atuam nas células que estão ou 
não no ciclo proliferativo, como a mostarda nitrogenada.
 � Ciclo-específicos: os quimioterápicos atuam somente nas células em 
proliferação, como é o caso da ciclofosfamida.
 � Fase-específicos: eles atuam em determinadas fases do ciclo celular, 
como o metotrexato (fase S), o etoposídeo (fase G2) e a vincristina 
(fase M).
Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia2
Na Figura 1, você pode visualizar um esquema com a classificação dos 
quimioterápicos.
Figura 1. Esquema de classificação dos quimioterápicos.
Fonte: Maia (2010, p. 10).
Especi�cidade 
no ciclo celular
Ciclo-especí�co
Ciclo-inespecí�co
Estrutura química e
mecanismo de ação
Agente alquilantes
Antimetabólitos
Antibióticos antitumorais
Plantas alcaloides
Agentes múltiplos
Hormônios e antagonistas hormonais
Drogas mais utilizadas no tratamento do câncer
Alquilantes
Os alquilantes afetam as células em todas as fases do ciclo celular de modo 
inespecífico e, para sua maior efetividade, são combinados com outros agentes 
fase-específicos do ciclo. As principais drogas utilizadas dessa categoria 
incluem a mostarda nitrogenada, a mostarda fenilalanina, a ciclofosfamida, 
o bussulfam, as nitrosureias, a cisplatina e o seu análogo carboplatina, bem 
como a ifosfamida.
Antimetabólitos
Eles afetam as células e inibem a biossíntese dos componentes essenciais do 
ácido desoxirribonucleico (DNA) e do ácido ribonucleico (RNA), impedindo 
a multiplicação e a função normais da célula, além de serem particularmente 
ativos contra células que se encontram na fase de síntese do ciclo celular 
(fase S). A duração da vida das células tumorais suscetíveis determina sua 
média de destruição, elas são impedidas de entrar em mitose pela ação dos 
agentes metabólicos que atuam na fase S. 
3Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia
Antibióticos
São um grupo de substâncias com estrutura química variada que, embora 
interajam com o DNA e inibam a síntese desse ácido ou de proteínas, não 
atuam em uma fase do ciclo celular específica. Como todos os quimioterápicos, 
os antibióticos atuam tanto nas células normais como nas malignas, por isso, 
apresentam efeitos colaterais indesejáveis.
Inibidores mitóticos
Os inibidores mitóticos podem paralisar a mitose na metáfase, devido à sua 
ação na proteína tubulina, formadora dos microtúbulos que constituem o fuso 
espiralar, pelo qual migram os cromossomos, assim, durante a metáfase, estes 
ficam impedidos de migrar, ocorrendo a interrupção da divisão celular. Devido 
ao seu modo de ação específico, eles devem ser associados aos outros agentes 
para maior efetividade da quimioterapia. Nesse grupo de drogas, existem os 
alcaloides da vinca rósea (vincristina, vimblastina e vindesina) e os derivados 
da podofilotoxina (o VP-l6, etoposídeo; e o VM-26, teniposídeo).
Outros agentes
Existem drogas que não podem ser agrupadas em uma determinada classe 
de ação farmacológica. Entre elas, destacam-se a dacarbazina, indicada no 
tratamento do melanoma avançado, dos sarcomas de partes moles e linfomas; a 
procarbazina, cujo mecanismo de ação não foi ainda completamente explicado, 
usada no tratamento da doença de Hodgkin; e a L-asparaginase, que hidrolisa a 
L-asparagina e impede a síntese proteica, utilizada no tratamento da leucemia 
linfocítica aguda. A administração do quimioterápico é feita pelas vias oral, 
intramuscular, subcutânea, endovenosa, intra-arterial, intratecal, intrapleural, 
intraperitoneal, intravesical, intracavitária e tópicas. 
Prado, Ramos e Valle (2018) definem em sua obra, no capítulo sobre on-
cologia, algumas considerações em relação à finalidade do tratamento, sendo 
que a quimioterapia pode ser subdividida em:
 � quimioterapia adjuvante — usada em pacientes que já foram submetidos 
à ressecção primária do tumor, possivelmente curados, mas com risco de 
recorrência. O principal objetivo é tratar micro metástases, diminuindo 
a chance de recorrência; 
Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia4
 � quimioterapia neoadjuvante — usada para reduzir o volume tumoral an-
tes da cirurgia de tumores avançados, possibilitando ressecção daqueles 
previamente irressecáveis ou permitindo cirurgias menos complexas, 
preservando a funcionalidade dos órgãos e diminuindo as sequelas 
estéticas. Estudos demonstram menor recorrência local e aumento de 
sobrevida livre de progressão em diversas neoplasias, como mama, 
bexiga, sarcoma, cabeça, pescoço e esôfago; 
 � quimioterapia curativa — usada como tratamento primário, possibi-
litando a cura de alguns tipos de neoplasias apenas com uso de trata-
mento sistêmico, como nas leucemias, nos linfomas e nas neoplasias 
germinativas;
 � quimioterapia paliativa — usada no contexto de doença metastática, 
com o objetivo de controlá-la, bem como seus sintomas e o eventual 
aumento de sobrevida;
 � quimioterapia sensibilizante— usada em concomitância com a radio-
terapia, potencializa o efeito citotóxico da radiação. 
Já quanto à administração, o tratamento quimioterápico pode ser dividido em:
 � monoquimioterapia — usa um agente quimioterápico isolado, geral-
mente tem melhor perfil de toxidade e é preferível em doença metastática 
ou em pacientes idosos e com baixa performance;
 � poliquimioterapia — usa dois ou mais fármacos com diferentes meca-
nismos de ação e combinações, diminuindo as chances do desenvolvi-
mento de resistência e possibilitando maiores taxas de resposta, mas 
tem maior toxicidade.
O processo de formação do câncer, em geral, acontece lentamente, podendo 
levar vários anos para que uma célula cancerosa se prolifere e dê origem a um 
tumor visível. Essa carcinogênese é determinada pela exposição de diferentes 
agentes cancerígenos ou carcinógenos, em uma dada frequência e um período 
de tempo, bem como pela interação entre eles. Tal processo é composto de 
três estágios: 
 � estágio de iniciação, no qual os genes sofrem ação dos agentes 
cancerígenos; 
 � estágio de promoção, no qual os agentes oncopromotores atuam na 
célula já alterada; 
5Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia
 � estágio de progressão, caracterizado pela multiplicação descontrolada 
e irreversível da célula.
Você pode ver o processo de carcinogênese na Figura 2.
Figura 2. Processo de carcinogênese.
Fonte: Designua/Shutterstock.com.
Célula
normal
Célula
cancerígena
Células de câncer
malígno
Mudanças
genéticas
Divisão
celular
Radioterapia
A radioterapia trata-se de feixes de radiações ionizantes que destroem células 
tumorais, sendo um método de tratamento local ou locorregional do câncer, 
que utiliza equipamentos e técnicas variadas para irradiar áreas do organismo 
humano, prévia e cuidadosamente demarcadas. Seu objetivo principal é tratar 
o tecido doente e, ao mesmo tempo, preservar o tecido normal adjacente 
(ABC do câncer).
Teleterapia
Consiste na terapia a distância, em que a fonte emissora de radiação fica a, 
mais ou menos, um metro do paciente. Nela, enquadra-se os feixes de raios-x 
e gama, elétrons de alta energia e nêutrons. Os principais aparelhos utilizados 
Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia6
são raios-x superficial, semiprofundo ou de ortovoltagem, tratando lesões de 
pele ou com infiltração até cerca de três centímetros de profundidade, como 
a irradiação preventiva dos queloides operados, hemangiomas e carcinomas 
basocelulares. 
Aceleradores lineares
Estes aparelhos usam micro-ondas para acelerar elétrons a grandes veloci-
dades em um tubo com vácuo, sendo que parte dessa energia é transformada 
em raios-x, sua energia máxima no choque — esses fótons de alta energia 
liberam sua menor dose na pele e nos tecidos sadios do paciente. Os elétrons 
não penetram profundamente no tecido e liberam sua dose no intervalo que 
vai da pele até uma profundidade em torno de cinco centímetros, com uma 
queda acentuada após esse valor. Os tratamentos com eles são adequados 
quando o órgão-alvo é superficial com estruturas radiossensíveis ao seu redor, 
por exemplo, os linfonodos cervicais, que têm a medula espinhal logo atrás, 
e as lesões infiltrativas de pele.
Braquiterapia
A palavra braqui origina do grego, significa perto ou em curta distância e 
consiste na colocação de uma fonte radioativa diretamente no tumor ou em 
área muito próxima a ele. A braquiterapia pode ser dividida em:
 � superficial — a fonte é colocada sobre a superfície do tumor ou a pele, 
como nos tumores de pele e hemangiomas, sem necessidade de invasão;
 � intracavitária — a fonte radioativa é colocada em uma cavidade próxima 
à localização do tumor, como na braquiterapia vaginal, traqueia, esôfago 
e reto, por meio de espéculos e sondas;
 � intersticial — as fontes radioativas são colocadas diretamente no tecido, 
como na braquiterapia de próstata, por meio de agulhas que passam 
pelo tumor. Esses procedimentos, algumas vezes, precisam ser feitos 
sob anestesia, às vezes em hospitais e sendo necessária a permanência 
do paciente.
Método de implantação de fontes
Uma característica importante desta técnica é que as próprias fontes radioativas 
entram em contato direto com o tecido e são colocadas dentro de carregadores, 
7Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia
os quais as contêm em cavidades ou perto do tecido que se queira irradiar, 
sendo carregados manualmente momentos antes da inserção no paciente. 
Finalidades da radioterapia
As finalidades da radioterapia relacionadas a seguir se referem aos pacientes 
adultos, pois, em crianças e adolescentes, cada vez menos ela é utilizada devido 
aos seus efeitos colaterais tardios ao desenvolvimento orgânico.
 � Radioterapia curativa: principal modalidade de tratamento radioterápico, 
que visa à cura do paciente. 
 � Radioterapia pré-operatória (prévia ou citorredutora): procedimento 
que antecede a principal modalidade de tratamento, a cirurgia, para 
reduzir o tumor e facilitar o procedimento operatório. 
 � Radioterapia pós-operatória ou pós-quimioterapia (profilática): ela 
vem após a principal modalidade de tratamento, a fim de esterilizar 
possíveis focos microscópicos do tumor. 
 � Radioterapia paliativa: ela objetiva o tratamento local do tumor primá-
rio ou de metástase(s), sem influenciar a taxa da sobrevida global do 
paciente, usada principalmente nas seguintes circunstâncias. 
 � Radioterapia antiálgica: modalidade de radioterapia paliativa com a 
finalidade específica de reduzir a dor. 
 � Radioterapia anti-hemorrágica: modalidade de radioterapia paliativa 
com a finalidade específica de controlar os sangramentos.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a resposta dos tecidos 
às radiações depende de muitos fatores, como a sensibilidade do tumor à 
radiação, sua localização e oxigenação, bem como sua qualidade e quantidade 
e o tempo total em que ela é administrada. Para que o efeito biológico atinja 
o maior número de células neoplásicas e a tolerância dos tecidos normais seja 
respeitada, a dose total de radiação deve ser habitualmente fracionada em 
doses diárias iguais, quando se usa a terapia externa.
Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia8
Para a autorização dos procedimentos de radioterapia e quimioterapia, deve-se 
apresentar a cópia do laudo cito ou histopatológico, conforme especificado na 
descrição deles.
Sinais e sintomas da terapia antineoplásica e o 
atendimento de enfermagem
Os efeitos colaterais da terapia variam de acordo com os medicamentos uti-
lizados, as doses administradas e as particularidades do organismo. Alguns 
são bastante previsíveis e mudam apenas sua intensidade, mas outros ocorrem 
devido à sensibilidade individual, manifestando-se em um pequeno número 
de pessoas. A seguir, você pode ver os sinais e sintomas mais frequentes nos 
pacientes em tratamento e os cuidados de enfermagem. 
Náuseas e vômitos
Em geral, as altas dosagens e infusões rápidas dos quimioterápicos podem 
acarretar em efeitos eméticos mais intensos. Nesse caso, os cuidados de en-
fermagem incluem:
 � oferecer pequenas refeições ao longo do dia e evitar beber líquido 
próximo a elas, para não distender o estômago;
 � orientar a mastigação lenta dos alimentos e o repouso em posição sentada 
após as refeições;
 � oferecer suco de frutas gelado ao longo do dia;
 � administrar medicações antieméticas antes e depois da aplicação dos 
quimioterápicos, conforme prescrição médica; 
 � observar o aspecto, a frequência e a quantidade das eliminações e 
registrar; 
 � auxiliar a realização da higiene oral;
 � lateralizar a cabeça do paciente durante os episódios de vômitos 
eméticos; 
9Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia
 � manter próximo ao paciente um recipiente para que possa utilizarnos 
episódios de vômitos.
Queda de cabelo
É um efeito sistêmico causado pela quimioterapia, ocorre pela atrofia total ou 
parcial do folículo piloso, o que faz a haste do cabelo se quebrar, e consiste, 
às vezes, em perda dos pelos do corpo em graus variados. Grande parte dos 
quimioterápicos pode causar alopecia, principalmente quando se usa agentes 
alquilantes no tratamento. A perda dos cabelos é temporária, e eles voltam a 
crescer dois meses após a interrupção do tratamento, podendo ter textura ou 
cor diferentes das anteriores. Já os cuidados de enfermagem são:
 � utilizar xampus suaves e escovas de cerdas macias;
 � proteger o couro cabeludo da luz do sol;
 � estimular, para melhorar a autoestima, o uso de perucas, lenços, cha-
péus e boné, respeitando-se o gosto do paciente, bem como oferecer 
maquiagem.
O contato com outras pessoas em tratamento pode ser estimulado e geralmente 
traz benefícios na troca de experiências e apoio mútuo. O envolvimento da família 
também é importante para superação das dificuldades do paciente nas fases difíceis 
do tratamento.
Alteração da mucosa oral
A mucosite consiste em uma reação inflamatória, que acomete principalmente 
a cavidade oral, mas pode se estender pelo esôfago e o trato gastrintestinal, 
chegando até a região retal, e apresenta sinais e sintomas como boca seca, 
saliva espessa, dificuldade para deglutir e falar, eritema, ulcerações, sialorreia 
e sangramento. Os cuidados de enfermagem incluem:
Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia10
 � realizar a higiene oral após as refeições com escova de cerdas macias, 
creme dental não abrasivo e fio dental ultrafino;
 � fornecer soluções para enxágue ou bochecho de acordo com o protocolo 
institucional;
 � inspecionar a cavidade oral diariamente para avaliar sinais e sintomas 
de mucosite;
 � estimular a autoavaliação, o autocuidado e a comunicação precoce dos 
sinais e sintomas;
 � estimular o uso de manteiga de cacau para lubrificação dos lábios;
 � remover dentaduras;
 � orientar a ingestão de alimentos de consistência pastosa ou líquida;
 � administrar analgesia conforme a prescrição médica; 
 � instituir medidas de contenção do sangramento (pressão com gelo, 
irrigação com água estéril gelada e tamponamento com gaze ou rolinho 
de algodão), se for necessário.
Diarreia
A quimioterapia antineoplásica promove alteração no trato gastrointestinal, 
no qual, por ser formado por células de rápida divisão celular, ocorre uma 
descamação de células da mucosa sem reposição adequada, levando à irritação, 
à inflamação e às alterações funcionais que ocasionam a diarreia, com desi-
dratações e desequilíbrio hidroeletrolítico, por exemplo. Já suas drogas mais 
comuns são irinotecano, topotecano, 5-fluorouracil, paclitaxel, dactinomicina 
e dacarbazina. Os cuidados de enfermagem envolvem:
 � promover hidratação;
 � oferecer alimentos ricos em fibra na dieta.
Constipação
A diminuição da motilidade gastrintestinal pode ser provocada pelo antine-
oplásico do grupo de alcaloides da vinca, devido à sua ação sobre o sistema 
nervoso do aparelho digestivo, levando também ao quadro de íleo paralítico 
e ocorrendo sintomas como dor, distensão abdominal, cólicas, anorexia, im-
pactação fecal, ruptura intestinal e sépsis. Os cuidados de enfermagem são:
 � oferecer alimentos ricos em fibra na dieta;
 � estimular a ingestão de um maior volume de líquidos;
11Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia
 � estimular a atividade física regular;
 � promover um ambiente tranquilo.
Reação na pele
A reação de pele é o efeito colateral mais comum da irradiação, como eritema, 
descamação e formação de bolhas. A pele irradiada torna-se sensível no 
tratamento e sujeita aos danos. Os cuidados de enfermagem incluem:
 � manter a pele exposta à radiação seca e livre de irritações;
 � não usar loções, cremes, talcos, desodorantes ou álcool sem recomendação;
 � orientar o uso de sabonete neutro;
 � orientar não esfregar, coçar, arranhar ou escovar a pele irradiada.
Sangramentos
Muitas drogas são mielotóxicas e causam leucopenia, plaquetopenia e anemia 
devido à supressão dos progenitores hematopoiéticos na medula óssea, o que 
leva à ocorrência de infecções e sangramentos, em alguns casos. Os cuidados 
de enfermagem incluem:
 � orientar a observação e a comunicação de hematomas e sangramentos 
(gengivas, urina, fezes);
 � instituir medidas de contenção de sangramentos, como compressões 
e compressas geladas.
No Quadro 1, você pode acompanhar um exemplo sistematizado da linha 
de cuidado do câncer de colo do útero.
Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia12
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Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia14
Complicações de quimioterápicos e radioterapia 
com toxicidade e riscos aos sistemas do 
organismo
Os efeitos colaterais podem ser classificados em imediatos e tardios. Aqueles 
imediatos são observados nos tecidos que apresentam maior capacidade prolife-
rativa (como as gônadas, a epiderme, as mucosas dos tratos digestivo, urinário 
e genital, e a medula óssea) e ocorrem somente se estes estiverem incluídos 
no campo de irradiação, podendo ser potencializados pela administração 
simultânea de quimioterápicos. Eles manifestam-se clinicamente por anovu-
lação ou azoospermia, epitelites, mucosites e mielodepressão — leucopenia e 
plaquetopenia — e devem ser tratados sintomaticamente, pois, em geral, são 
bem tolerados e reversíveis. Já os efeitos tardios são raros, ocorrem quando 
se ultrapassa as doses de tolerância dos tecidos normais e manifestam-se 
por atrofias e fibroses. Raramente foram observados as alterações de caráter 
genético e o desenvolvimento de outros tumores malignos.
Todos os tecidos são afetados, em graus variados, pelas radiações. Ge-
ralmente, os efeitos se relacionam com a dose total absorvida e o fraciona-
mento utilizado; já a cirurgia e a quimioterapia podem contribuir para o seu 
agravamento.
Toxicidade dos quimioterápicos
Os quimioterápicos não atuam somente nas células tumorais, pois as es-
truturas normais que se renovam constantemente, como a medula óssea, 
os pelos e a mucosa do tubo digestivo, também são atingidas por eles. No 
entanto, como as células normais apresentam um tempo de recuperação 
previsível, ao contrário das anaplásicas, pode-se aplicar a quimioterapia 
repetidamente desde que se observe o intervalo de tempo necessário para a 
recuperação da medula óssea e da mucosa do tubo digestivo. Por isso, ela é 
aplicada em ciclos periódicos.
Seus efeitos terapêuticos e tóxicos dependem do tempo de exposição e da 
concentração plasmática da droga. Sua toxicidade é variável para os diversos 
tecidos e depende da droga utilizada, e seu agravo pode significar prejuízos 
irreversíveis e letais para o paciente, porém, nem todos os quimioterápicos 
ocasionam efeitos indesejáveis. Ela, com frequência, é considerada o fator 
limitante para dosagem e fracionamento dessas drogas, mas tem uso viável, 
pois os tecidos normais se recuperam totalmente antes que as células tumorais 
se multipliquem.
15Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia
No Quadro 2, você pode ver alguns efeitos tóxicos dos quimioterápicos.
Fonte: Adaptado de Nutrição... (2017, documento on-line).
Precoces* 
(0 a 3 dias)
Imediatos 
(de 7 a 21 dias) Tardios (meses)
Ultratardios 
(meses ou anos)
Náuseas
Vômitos
Mal-estar
Adinamia
Artralgias
Agitação 
Exantemas
Flebites
Mielossupressão 
granulocitopenia 
plaquetopenia 
anemia
Mucosites
Cistite hemorrágica, 
devido à 
ciclofosfamida
Imunossupressão
Potencialização 
dos efeitos das 
radiações, devido 
à actinomicina D, 
à adriamicina e 
ao 5-fluoruracil
Miocardiopatia, 
devido aos 
antracíclicos, etc.
Hiperpigmentação 
e esclerodermia 
causadas pela 
bleomicina
Alopecia
Pneumonite, devido 
à bleomicina
Imunossupressão
Neurotoxidade 
causada pela 
vincristina, 
vimblastina e 
cisplatina
Nefrotoxidade 
devida à cisplatina
Infertilidade
Carcinogênese
Mutagênese
Distúrbio do 
crescimento 
em crianças
Sequelas no sistema 
nervoso central
Fibrose/cirrose 
hepática, devido 
ao metotrexato
*Síndrome da toxicidade precoce.
Quadro 2. Exemplos de efeitos tóxicos dos quimioterápicos, conforme a época em que 
se manifestam após a aplicação
Riscos causados pela terapia antineoplásica nos 
sistemas do organismo
Toxicidade hematológica
 Os quimioterápicos antineoplásicos podem ser capazes de afetar a função 
medular e levar o indivíduo a uma mielodepressão. Sua consequência imediata 
é a incapacidade da medula óssea de repor os elementos figurados do sangue 
circulante, aparecendo a leucopenia, a trombocitopenia e a anemia. Quase 
Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia16
todos eles exercem toxicidade sobre a formação do tecido hematopoiético, 
sendo chamados de mielossupressores ou mielotóxicos. O tempo entre a sua 
aplicação e a ocorrência do menor valor de contagem hematológica ocorre 
entre 7 e 14 dias para a maioria das drogas, por isso, torna-se necessário seu 
fracionamento para recuperação medular, que leva o sangue periférico a atingir 
valores próximos aos normais.
 � Anemia é a diminuição de hemoglobina e glóbulos vermelhos, situação 
em que o paciente relata fadiga aos menores esforços, nota-se também 
palidez, dispneia e taquicardia. 
 � Leucopenia é a diminuição do número de linfócitos, granulócitos e, 
principalmente, neutrófilos, levando a uma supressão da imunidade 
celular e humoral, aumentando o risco de infecção.
 � Trombocitopenia é a diminuição de plaquetas, podendo levar o paciente 
a um quadro de sangramento ou hemorragia. 
Toxicidade cardíaca
É uma ocorrência não frequente, relacionada à dose total cumulativa ad-
ministrada, ao intervalo de tempo aprazado entre as drogas e à idade do 
paciente (acima de 70 anos). Esse efeito pode ser agudo, ocorrendo logo após 
as primeiras aplicações e evidenciado por alterações eletrocardiográficas 
transitórias facilmente tratáveis e sem complicações, como taquicardia 
sinusal, contração ventricular prematura e modificações nas ondas T e ST. 
Quando for crônica, está associada à dose cumulativa da droga, portanto, 
irreversível, e caracteriza-se por insuficiência cardíaca congestiva e falência 
cardíaca.
Toxicidade pulmonar
Ela acarreta em lesões de fisiopatologia desconhecida em relação aos quimio-
terápicos (fibrose pulmonar intersticial, inflamação nodular, hialinização), 
é pouco frequente e,em geral, fatal, comumente associada aos fatores 
como radioterapia torácica, doença pulmonar anterior, idade, tabagismo, 
metástase pulmonar, insuficiência renal e/ou hepática, e se instala de forma 
aguda ou em longo prazo. Seus sinais e sintomas são tosse não produtiva, 
dispneia, taquipneia, expansão torácica incompleta, estertores pulmonares 
e fadiga. 
17Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia
Toxicidade neurológica 
Ela manifesta-se por meio de sinais e sintomas de alteração neurológica central 
(alterações mentais, ataxia cerebral, convulsões) ou periféricas (neuropatia 
periférica craniana e irritação meníngea) e ocorre com maior frequência após 
o uso de alcaloides da vinca e de asparaginase. Quando associada à quimio-
terapia, ela é observada depois da utilização de várias drogas.
Toxicidade vesical e renal 
As alterações renais têm importância, pois os metabólitos das drogas e os 
restos tumorais são eliminados via aparelho urológico, assim, se não houver 
a eliminação efetiva destes, a toxicidade quimioterápica fica aumentada. As 
principais lesões renais incluem a necrose tubular, a pielonefrite e a disfunção 
glomerular, que levam aos quadros potencialmente fatais de insuficiência 
renal aguda. A toxicidade sobre o aparelho urológico é a irritação e a des-
camação do tecido de revestimento da bexiga, podendo levar o paciente à 
cistite hemorrágica aguda. O indivíduo deve ser rigorosamente monitorado 
com relação à função renal e à eliminação urinária, receber hidratação 
adequada e, às vezes, medicação uroprotetora, sendo o ajuste de dose ne-
cessário nesses casos. 
Toxicidade gastrintestinal 
Ela manifesta-se como náuseas, vômitos, mucosite, anorexia, diarreia e 
constipação intestinal, que variam de intensidade entre leve, moderada e 
severa. As náuseas e os vômitos ocorrem devido à estimulação do centro 
controlador do vômito, localizado no sistema nervoso central, e aos fatores 
adicionais como dose, via de administração, velocidade de aplicação e 
combinação de drogas.
A mucosite ocorre devido à destruição das células de revestimento do 
trato gastrintestinal pela ação dos quimioterápicos. Essa agressão inicia-se 
com ressecamento da boca e evolui para eritema, dificuldade de deglutição 
e ulceração, pode envolver o trato até mucosa anal e ser leve, moderada ou 
severa. Ela aparece entre 2 a 10 dias após a aplicação do quimioterápico e 
torna o paciente suscetível às infecções, à necrose e ao sangramento.
Já a anorexia ocorre devido aos vários fatores associados, como mudanças 
na musculatura e mucosa do estômago e intestino delgado, que retardam o 
Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia18
processo digestivo, promovendo uma sensação de plenitude gástrica que 
interfere no apetite. Ela também acontece pela presença de náuseas e vômitos, 
mucosite oral, alterações do paladar e psicológicas, como medo, ansiedade, 
depressão e estresse. 
Como o trato gastrintestinal é formado por células de rápida divisão celular, 
ele sofre uma descamação de células da mucosa sem reposição adequada, 
levando à irritação, à inflamação e às alterações funcionais que ocasionam a 
diarreia. Quando for intensa, pode trazer complicações como desidratação, 
desequilíbrio hidroeletrolítico, diminuição da absorção calórica, perda de 
peso e fraqueza.
A constipação intestinal, por sua vez, frequentemente provoca anorexia, 
desconforto, dor e distensão abdominal. Quando for prolongada, ela pode ainda 
provocar náuseas, vômitos e desequilíbrio eletrolítico; há também diminuição 
da motilidade gastrintestinal devido à ação das drogas sobre o sistema nervoso 
do aparelho digestivo, levando aos quadros de íleo paralítico.
Disfunção reprodutiva
Está relacionada à fertilidade e função sexual e apresenta-se em graus diferen-
tes, dependendo das drogas utilizadas, dose, duração do tratamento, sexo, idade. 
As alterações podem ser temporárias ou permanentes e causam oligospermia 
ou azoospermia, diminuição da libido, impotência sexual, irregularidades do 
ciclo menstrual e amenorreia. Em relação aos efeitos teratogênicos, o uso de 
quimioterápico durante a gravidez traz o risco real de abortos e malformações 
fetais. 
Hepatotoxicidade 
Seu tratamento prolongado pode causar fibrose hepática, cirrose e elevação das 
enzimas hepáticas, sendo um quadro de disfunção frequentemente reversível 
com a interrupção da quimioterapia, avaliado por meio do aumento transitório 
das enzimas (transaminase glutâmico-oxalacética [TGO], transaminase glu-
tâmico pirúvica [TGP], desidrogenase láctica [DHL] e fosfatase alcalina). As 
alterações leves e as moderadas são revertidas com a interrupção temporária 
do uso da droga; as graves, porém, podem ser irreversíveis, o que obriga à 
monitoração das alterações enzimáticas durante a quimioterapia.
19Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia
Alterações metabólicas
Elas estão associadas aos outros fatores intercorrentes, como vômito, diarreia, 
disfunção renal e hepática, ou às situações clínicas. Diferentes quimioterá-
picos antineoplásicos podem causar distúrbios metabólicos, por exemplo, 
hipocalcemia, hipercalcemia, hipoglicemia, hiperglicemia, hiponatremia e 
hipomagnesemia. Deve-se monitorar o paciente durante o tratamento quanto 
às dosagens séricas de eletrólitos, à reposição destas, quando necessário, ou 
ainda ao adiamento de novos ciclos de quimioterápicos.
Toxicidade dermatológica
Ela manifesta-se por eritema, urticária, hiperpigmentação dérmica e de leitos 
ungueais e alopecia, sendo de baixa gravidade e reversíveis, bem como se 
relaciona à ação irritante ou vesicante dos quimioterápicos no vaso e nos 
tecidos vizinhos ao local de sua aplicação. As drogas irritantes provocam 
reação cutânea local, quando extravasadas, apresentando dor, queimação e 
reação inflamatória; já as vesicantes, ao serem extravasadas, causam irritação 
severa com formação de vesículas nos tecidos com que entram em contato, 
além da destruição e necrose tissular, em geral com comprometimento irre-
versível de nervos e tendões. Reações alérgicas e anafiláticas também podem 
ocorrer durante o tratamento e, geralmente, são graves quando os locais se 
caracterizam por eritema, urticária, queimação e prurido na área da punção e 
ao longo do trajeto venoso. Quando as reações são sistêmicas, caracterizam-se 
por urticária, agitação, náusea, hipotensão, desconforto respiratório, edema 
facial, cólica abdominal, prurido, eritema cutâneo, tontura, tremores, edema 
de glote e cianose.
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. ABC do câncer: abordagens 
básicas para o controle do câncer. Rio de Janeiro: Inca, 2011. 128 p. Disponível em: . Acesso em: 30 nov. 2018.
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NUTRIÇÃO Terapêutica: veja como a alimentação pode contribuir na quimioterapia. 
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Leituras recomendadas
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21Assistência de enfermagem ao paciente em tratamento por quimioterapia e/ou radioterapia
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