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O direito de acrescer entre herdeiros e legatários.
Se o testador designar, no ato de última vontade, vários herdeiros ou legatários para receberem, coletivamente, a herança ou o legado deve-se fazer sua vontade, verificando se, na ausência de aceitação devida a falecimento antes da abertura da sucessão, renúncia da parte ideal ou exclusão da sucessão de um dos coerdeiros ou colegatários, a nomeação conjunta operará a transferência dos bens do de cujus para os sucessores de outra classe ou se o quinhão do faltoso beneficiará os demais coerdeiros ou colegatários; neste último caso, ter-se-á o direito de acrescer (jus accrescendi). 
Consiste no direito do coerdeiro ou colegatário de receber o quinhão originário de outro coerdeiro ou colegatário, que não quis ou não pôde recebê­-lo, desde que sejam, pela mesma disposição testamentária, conjuntamente chamados a receber a herança ou o legado em quotas não determinadas. Tem por fundamento a vontade presumida do testador. Nesse caso, o coerdeiro ou colegatário só poderá repudiar a parte acrescida se ele também renunciar à herança ou o legado.
Assim sendo, pode-se ter direito de acrescer:
1º) Entre coerdeiros (CC, art. 1.941), desde que se verifiquem os seguintes requisitos:
a) nomeação dos herdeiros na mesma cláusula testamentária para recolher o acervo hereditário ou porção dele.
Dessa forma, não haverá das quotas dos coerdeiros com a parte do herdeiro falecido ao mesmo tempo ou antes do testador, salvo o direito do substituto a parte dos coerdeiros conjuntos (CC, art. 1943). Não havendo disposição conjunta, a parte não recolhida pelo nomeado será transmitida ao herdeiro legítimo (art. 1944, CC). É preciso lembrar que pelo Código Civil, art. 1.943, parágrafo único, os coerdeiros, ou colegatários que receberem a quota do que deixou de herdar, deverão sujeitar­-se às obrigações e encargos que a oneravam, pouco importando a que título se deu a caducidade, exceto se tiverem caráter personalíssimo. Aplica­-se aqui o princípio portio portioni adcrescit, non personae. 
b) incidência na mesma herança, já que a deixa deve compreender os mesmos bens ou a mesma porção de bens;
c) ausência de determinação das quotas de cada um dos herdeiros, pois, se houver quinhão hereditário determinado, não se terá direito de acrescer entre os coerdeiros, transmitindo­-se, então, aos herdeiros legítimos o quinhão vago do nomeado (CC, arts. 1.941 e 1.944).
2º) Entre colegatários, se:
a) forem nomeados conjuntamente e desde que não haja indicação de substituto (CC, arts. 1.941, in fine, e 1.943, segunda parte);
b) o legado recair em uma só coisa determinada e certa ou quando esta for indivisível, isto é, quando não puder ser dividida sem o risco de se deteriorar ou desvalorizar (CC, art. 1.942). 
c) um deles vier a faltar, em razão de premoriência, renúncia, exclusão (CC, art. 1.943)
Não terá direito de acrescer:
1º) Se o testador distribuir o acervo hereditário, designando a cada um dos nomeados a quota que lhe cabe na herança ou legado, ou declarando que os coerdeiros ou colegatários, ao serem chamados à sucessão, deverão partilhar por igual o que lhes foi transmitido (CC, art. 1.941).
2º) Se o disponente nomeou substituto ao herdeiro ou legatário instituído (CC, arts. 1.941 e 1.943).
3º) Se a cédula testamentária foi declarada nula ou anulada, caso em que subsistirá a sucessão legítima (CC, art. 1.788).
Substituições hereditárias: quando ocorre e quais as suas espécies.
Ocorre quando o disponente chama uma pessoa para receber no todo ou em parte, herança ou legado, na falta ou após o herdeiro ou legatário nomeado em primeiro lugar, ou seja, quando a vocação deste ou daquele cessar por qualquer causa. A substituição é uma nova instituição de herdeiro ou legatário, que se torna eficaz quando a primeira não produziu efeito, ou depois que o produziu. 
Suas espécies são divididas em vulgar, recíproca, fideicomissária e compendiosa. 
1ª). Vulgar ou ordinária: verifica­se quando o testador designa expressamente, no ato de última vontade, uma pessoa que deverá suceder em lugar do herdeiro ou do legatário que não quis ou não pôde aceitar a liberalidade, havendo presunção de que a substituição foi determinada para as duas alternativas, ainda que o disponente tenha­se referido a uma delas no testamento público, particular ou cerrado etc. (CC, art. 1.947). Logo, a substituição vulgar só se realizará, abrindo-se a sucessão para o substituto, se se efetivar uma das duas contingências de que depende. A substituição ordinária pode beneficiar um estranho, um parente sucessível ou não, ou um herdeiro legítimo; porém, somente poderá favorecer herdeiro necessário fora de sua legítima. O testador poderá substituir muitas pessoas a uma só ou vice­-versa, sendo lícito indicar um indivíduo para substituir vários herdeiros e legatários.
2ª) Recíproca: é aquela em que o testador, ao instituir uma pluralidade de herdeiros ou legatários, os declara substitutos uns dos outros (CC, art. 1.948), para o caso de qualquer deles não querer ou não poder aceitar a liberalidade. O disponente pode nomear os herdeiros ou legatários em partes iguais ou não, estabelecendo a proporção em que devem substituir os herdeiros ou legatários.
3ª) Fideicomissária: apresenta-se como um recurso técnico-hábil para atender ao desejo do testador de instituir herdeiro não existente ao tempo da abertura da sucessão. A liberalidade não é simultânea, mas sucessiva, havendo uma dupla liberalidade, em ordem sucessiva, ao fiduciário e ao fideicomissário, pois o fiduciário receberá, desde logo, a posse e a propriedade de toda a herança ou de quota parte desta (fideic­o­misso universal) ou do legado, isto é, de coisa certa e determinada do espólio (fideico­misso particular), transmitindo o recebido ao fideicomis­sário, depois de sua morte (quum morietur), do decurso de certo tempo ou sob certa condição (CC, art. 1.951). 
4ª) Compendiosa: é um misto de substituição vulgar e fideicomissária. É o que se verifica na hipótese em que o testador dá substituto ao fiduciário ou ao fideicomissário, prevendo que um ou outro não queira ou não possa aceitar a herança ou o legado

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