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119 6 Macroacessibilidade orientada à equidade e à integração com o território Erika Cristine Kneib Andréa Justino Ribeiro Mello Ana Stéfany da Silva Gonzaga Resumo Este capítulo aborda aspectos referentes à Macroacessibilidade na promoção da equi- dade e na integração com o território através do uso de indicadores. Tal abordagem se justifi ca devido à contribuição que a Macroacessibilidade oferece na promoção do desenvolvimento equilibrado, com autonomia local e compromisso com todo o es- paço urbano. Isso se dá através do fornecimento de condições de acesso ao território baseadas em redes estruturantes e modalidades limpas e seguras, que atendam grandes contingentes de viagens e de maior extensão. Assume-se que esta condição é fundamental para que seja proporcionada a mobilidade sustentável. Sendo assim, este capítulo tem como função realçar o papel dos indicadores de Macroacessibilidade, no sentido de medir o seu desempenho em cada localidade e em todo o território, bem como es- tudar a sua relação com a mobilidade sustentável. Diante de tais estudos, será possível apresentar e recomendar indicadores de Macroacessibilidade envolvidos com aspectos do transporte e do uso do solo para a promoção da equidade e da integração territorial e, consequentemente, da mobilidade sustentável. Espera-se obter como resultados: a concepção de indicadores que possam ser aplicados para a avaliação da Macroaces- sibilidade em diversas aglomerações urbanas, bem como a análise da relação com a mobilidade sustentável. Palavras-chave : macroacessibilidade , indicadores , transporte e uso do solo , equidade , integração territorial. 6.1. Considerações iniciais No tecido urbano, a acessibilidade se confi gura através de diferentes escalas, conforme abordagem do Capítulo 4 . São elas: a Macroacessibilidade, que requer uma rede es- truturante de transporte público de maior capacidade e qualifi cada para promover acesso a todo o território de forma equitativa, acompanhada da integração multimodal, assumindo-se ainda uma distribuição espacial balanceada das atividades no âmbito local C0030.indd 119C0030.indd 119 03/07/17 11:42 PM03/07/17 11:42 PM Transporte, Mobilidade e Desenvolvimento Urbano 120 (escalas meso e micro), podendo abranger toda uma região metropolitana; Mesoaces- sibilidade, que, para vencer distâncias relacionadas a bairros ou municípios requer, além da caminhada e da bicicleta, uma oferta de transporte público de menor capacidade, integrada à rede estruturante; a Microacessibilidade, que pressupõe o predomínio de percursos a pé e por bicicleta, com grande sensibilidade às condições do ambiente construído. Este capítulo terá como foco a abordagem sobre a Macroacessibilidade, sendo esta orientada pelos princípios da equidade e da integração. No âmbito da acessibilidade, a equidade revela que a exclusão social pode ser um dos refl exos decorrentes da falta de acesso. De acordo com Abley e Halden (2013) , as disparidades já existentes no contexto urbano são acentuadas pela falta de equidade do acesso. Essa caracterís- tica diminui ainda mais as possibilidades de deslocamento pelo tecido urbano para as pessoas de baixa renda, para aqueles que se encontram segregados espacialmente e/ou para as pessoas com algum tipo de necessidade especial. Dentre as características fundamentais da relação entre os transportes e a mobilidade sustentável está a equidade. Esta característica deve estar presente na realização dos deslocamentos e no aspecto social do desenvolvimento urbano. No aspecto ambiental, deve ter destaque o equilíbrio entre a distribuição modal e o uso de tecnologias mais limpas ( Campos, 2006 ). Mello (2015) relaciona a equidade no acesso a atividades à escala macroscópica de análise urbana. Para a autora, oferta de infraestrutura viária e de transportes são dois indicadores diretamente relacionados tanto à macro como à Mesoacessibilidade. Vas- concellos (2001) afi rma que as condições de equidade nos deslocamentos, bem como a forma como a acessibilidade é distribuída no espaço são questões centrais para a política de transporte. A equidade se insere como princípio intrínseco ao espaço urbano. É através dela que as cidades são capazes de cumprir com o que determina a Constituição Federal Brasileira. Através da Constituição é garantido a todo brasileiro o direito de ingressar, sair, permanecer e se locomover pelo território nacional (Brasil, 1988). Ausente dessa característica, a cidade se torna incapaz de cumprir com sua função social. A acessibi- lidade, através da oferta de infraestrutura viária e de transportes, é capaz de promover a equidade e, assim, tornar democráticos os espaços urbanos. Para Machado (2010) , o conceito de acessibilidade sustentável está associado à relação que as atividades no espaço mantêm com os níveis de segregação e interação existentes entre elas. Dessa maneira, relaciona-se ao uso do solo a ocupação das infraestruturas de transporte, bem como interferem no modo e na frequência de movimentos a distribuição e a dimensão da equidade. Nesse contexto, a integração entre os sistemas de transporte também se apresenta como característica essencial. Para Jacobson e Forsyth (2008) , o TOD ( Transit Oriented Development ), por exemplo, é uma estratégia para a integração dos investimentos em transporte público com as boas práticas do uso do solo. C0030.indd 120C0030.indd 120 03/07/17 11:42 PM03/07/17 11:42 PM Macroacessibilidade orientada à equidade e à integração com o território 121 Observa-se que, no âmbito da acessibilidade, a oferta de infraestrutura de transporte se relaciona diretamente com as características que confi guram o uso e a ocupação do solo. Esse fator é de fundamental importância para que se alcance a mobilidade sus- tentável, tendo em vista que os sistemas de transporte devem atuar de forma integrada e equitativa no tecido urbano. 6.2. Caracterização da Macroacessibilidade Diante de tais constatações, é possível apontar que a Macroacessibilidade é defi nida no contexto de uma escala territorial mais abrangente, como de uma região metropolitana, conforme abordagem do Capítulo 4 . É, portanto, capaz de envolver dentro de si uma grande e complexa diversidade. Assim sendo, pode assumir caráter relacional, no qual se identifi cam as condições de acessibilidade de uma localidade em relação a outra dentro de um espaço geográfi co mais amplo. Portanto, trata do modo como cada localidade está integrada ao todo, ou mesmo a áreas com maior atratividade externas a este limiar, tais como os grandes centros de emprego. No contexto dos sistemas de transporte relacionados à Macroacessibilidade, Handy (1992) menciona a escala regional, destacando a relevância da ligação do transporte com grandes concentrações de atividades que tendem a atrair pessoas de um espaço geográfi co mais abrangente. Há mais oportunidades, no entanto, mais distantes, acarre- tando viagens mais longas e menos frequentes. Relacionando as escalas de acessibilidade com o modo de deslocamento, Vasconcellos (2001) defi ne a Macroacessibilidade como a facilidade relativa de se atravessar o espaço e atingir as atividades, as edifi cações e os equipamentos urbanos desejados, refl etindo a variedade de destinos que podem ser alcançados pelos habitantes de uma cidade, dada a abrangência do sistema viário e dos sistemas de transportes. Para Zegras (2005) , a Macroacessibilidade equivale a uma área ou região metro- politana em que a estrutura urbana tem um caráter fundamental. Portanto, leva em conta, por exemplo, o padrão de desenvolvimento existente. Para Cavalcante (2009) , a escala macro está associada à visão do todo que, por sua vez, é determinante para que se compreenda um fenômeno e que se identifi quem localidades mais propensas a ele. Assumindo-se que a acessibilidade é capaz de propiciaros elementos que contribuam para a mobilidade sustentável, a Macroacessibilidade, ao depender de uma rede es- trutural de transporte público de maior capacidade, qualifi cada, integrada às demais modalidades e cobrindo o território de forma equitativa, interfere na propensão ao uso de modos coletivos mais produtivos socialmente ( Cervero e Arrington, 2008 ). Também colabora para retirar automóveis das vias públicas, tornando-as menos congestionadas, menos poluentes e mais seguras pela redução do número de acidentes de trânsito ( Hickman et al ., 2010 ). Além da ênfase ao transporte público, contribui para a inclusão ( Farrington e Farrington, 2005 ) e a justiça social ( Martens, 2006 ), bem como para a qualidade de vida ( Delbosc e Currie, 2011 ). C0030.indd 121C0030.indd 121 03/07/17 11:42 PM03/07/17 11:42 PM Transporte, Mobilidade e Desenvolvimento Urbano 122 Sendo assim, na Macroacessibilidade, as condições de acesso oferecidas são baseadas em desenvolvimento equilibrado ao longo do território e em uma rede estruturante. Deve pautar-se em modalidades limpas e de maior capacidade, com vistas a atender os grandes contingentes de viagens e de maior extensão, em paralelo ao uso racional do veículo motorizado individual. O planejamento das redes urbanas, no contexto da Macroacessibilidade, pode ser auxiliado pelo uso de indicadores como ferramenta para avaliação das condições existentes em determinada localidade. Dentre tais indicadores, destacam-se os que representam condições do transporte e do uso do solo, mensurando e simplifi cando as informações que possuem efeitos mais signifi cativos na acessibilidade e, assim, pos- sibilitando cálculos e análises que auxiliem na elaboração de cenários e de diretrizes para melhoria da acessibilidade nas áreas macro. 6.3. Caracterização e análise dos indicadores disponíveis com foco no papel da Macroacessibilidade Para aplicação em processos de avaliação da Macroacessibilidade, os indicadores devem possuir alguns critérios contemplados por conceitos diretamente ligados à acessibilidade e que, neste trabalho, foram amplamente abordados: a integração do transporte e uso do solo; e a equidade com que essa integração ocorre. A integração do transporte possibilita a otimização do uso de todos os meios de trans- porte incluindo, assim, os diferentes modos coletivos, os não motorizados e também os individuais ( Costa, 2008 ). Além disso, os indicadores devem trabalhar dados de possível aquisição, sendo acessíveis através de informações tipicamente disponíveis nas cidades. Considerando os conceitos da equidade e da integração, relacionados ao papel da Macroacessibilidade, cabe ressaltar que os indicadores podem contribuir signifi cativa- mente para estudos que relacionem transporte e uso do solo. Segundo a Espon (2015) , os indicadores de acessibilidade podem ainda auxiliar na identifi cação de características de equidade ou inequidade de áreas específi cas, ao permitir comparações entre aspectos de distribuição de renda, relação entre centro e periferia, áreas urbanas e rurais, e áreas nodais e intersticiais. Nesse contexto, deve ser ressaltada a disposição de forma equitativa e integrada da rede estruturante de transporte público, bem como da distribuição balanceada de atividades pelo território. Tais serviços devem atender a toda a população, reduzindo ou até mesmo eliminando a segregação espacial e social, buscando-se a promoção da equidade e da integração territorial. 6.3.1. Principais classes de indicadores no contexto da Macroacessibilidade Ao considerar princípios da equidade e da integração relacionados à acessibilidade, bem como a importância do uso de indicadores como ferramentas de planejamento e gestão C0030.indd 122C0030.indd 122 03/07/17 11:42 PM03/07/17 11:42 PM Macroacessibilidade orientada à equidade e à integração com o território 123 das cidades, destacam-se algumas das principais classes de indicadores no contexto da Macroacessibilidade. A importância associada ao conhecimento destes indicadores reside na necessidade de adequação das medidas de acessibilidade selecionadas ao contexto e ao fenômeno em estudo ( Salonen, 2014 ), e por essa não ser uma tarefa trivial ( Batty, 2009 ). De acordo com autores, como Mello (2015) e Dias (2008) , tais indicadores podem ser classifi cados como Medidas: • de Separação Espacial (teoria dos grafos e do tipo Ingram): têm como foco o custo de deslocamento e envolvem a fricção com base na distância e no tempo de deslocamento. • de Contorno: são funções do custo necessário (tempo ou distância) para se atingir um determinado nó e envolvem a delimitação de contornos em torno de uma zona de origem, atividade ou nó. • do Tipo Gravitacional (modelo de Hansen): associam ao custo de transporte indicadores socioeconômicos (tais como emprego, população, PIB) e de atra- tividade da zona, relacionada às atividades do uso do solo e ao sistema de transporte. • Microeconômicas: consideram o valor que as pessoas declaram estar dispostas a pagar pela acessibilidade a determinado lugar. Indicadores como valor de aluguel, do imóvel e outros relacionados ao uso do solo ou do comportamento de viagem são avaliados a partir do princípio de que as pessoas buscam maximizar o benefício líquido que obtêm ao interagir com o sistema de transporte e o uso do solo. • de Custo de Viagem: elaboram cenários comparativos de tempo ou custo gene- ralizado através de avaliações do custo médio ou total de transporte observado ou previsto. • Prisma Espaço-tempo: lidam, durante o período de um dia, com o raio de ação espaçotemporal de um indivíduo, considerando-se restrições impostas pela localização de atividades. Segundo Wilson (1971) , a avaliação da acessibilidade deve procurar responder algumas questões-chave. Dentre elas: o grau e tipo de desagregação que se deseja; origens e destinos a serem considerados; a forma pela qual se estabelece a atração na acessibilidade; a maneira como se estabelece a impedância no sistema de transporte. Assumindo-se, portanto, que a Macroacessibilidade requer uma rede estruturante de transporte público de maior capacidade e qualifi cada para promover acesso a todo o território de forma equitativa, assim como uma distribuição espacial balanceada das atividades, o Quadro 6.1 traz uma compilação de diversos indicadores de aces- sibilidade, priorizando os que podem ser usados para medir os princípios relativos à equidade e à integração no contexto dos sistemas de transporte público coletivo e do uso do solo. C0030.indd 123C0030.indd 123 03/07/17 11:42 PM03/07/17 11:42 PM Transporte, Mobilidade e Desenvolvimento Urbano 124 Quadro 6.1 Indicadores de Macroacessibilidade TIPO DESCRIÇÃO FÓRMULA VARIÁVEIS SEPARAÇÃO ESPACIAL Distância física da infraestrutura Acessibilidade Integral ( Ingram, 1971 ) ∑= = A ai j n ij 1 Ai = acessibilidade integral da i-ésima zona aij = acessibilidade relativa da zona i em relação à zona j, com base em f(Cij) f(Cij) = custo de viagem da zona i para todas as zonas Acessibilidade Global ( Ingram, 1971 ) ∑ = = E n Ai 1 i n( 1, ) E = acessibilidade global Ai = acessibilidade relativa da zona i n = número de zonas da região Nível de acesso global de uma área através da dupla integração normalizada da acessibilidade Allen et al . (1993) ∑= − = ≠ A n T 1 1i j j i n ij ' 1 ∑ ∑∑= = −= = = ≠ E n A n n T 1 1 ( 1)i n i i n j i n ij 1 ' 1 1 1 A’i = acessibilidade integral normalizada Tij = tempo médio entre os locais i e j n = número de locais E = acessibilidade global GRAVITACIONAL Probabilidade de ocorrência de viagens em função da atratividade das atividades Zakaria (1974) ∑= ∝A P Ci j ij ij Sendo: ∑ =P W C W Cij j ij j j ij Ai = acessibilidade da zona i Pij = probabilidade de que a viagem entre as zonas i e j ocorra Cij = custo da viagem entre essas zonas Wj = quantitativo de empregos da zona j Medidas de interação espacial ou medidas do modelo gravitacional – as oportunidades são ponderadas por uma impedância [Kim (2005): função decrescente do custo ou tempo de viagem] Medida de Interação Espacial ( Hansen, 1959 ) ∑= ∝A W di j j ij Ai = acessibilidade da zona i Wj = número de oportunidades da zona j para um determinado motivo dij = distância entre i e j α = constante Medida generalizada de Hansen – função mais genérica da difi culdade de viagem Hansen proposta por Vickerman (1974) ∑=A W f Cij( )i j j Ai = acessibilidade da zona i Wj = número de oportunidades da zona j para um determinado motivo f(Cij) = função do custo de viagem Medidas de contorno ou isocrômicas: acessibilidade avaliada pelo número de oportunidades que podem ser atingidas dentro de um tempo de viagem/intervalo de distância determinado partindo-se de determinada origem El-Geneidy e Levinson (2006) ∑= = A B Ai i j j j 1 Ai = acessibilidade medida no ponto i para atividades potenciais na zona j Bj = valor binário (1 = zona j dentro do limite predeterminado; 0 = zona j está fora do limite predeterminado) Aj = oportunidades dispostas na zona j C0030.indd 124C0030.indd 124 03/07/17 11:42 PM03/07/17 11:42 PM Macroacessibilidade orientada à equidade e à integração com o território 125 Como a Macroacessibilidade enfatiza as condições de acessibilidade entre localidades, no Quadro 6.1 destacam-se indicadores de separação espacial e do tipo gravitacional, os quais utilizam medidas associadas ao transporte (distância, tempo, custo, risco etc.) ou agregam medidas de atratividade, vinculadas ao uso do solo. 6.3.2. Análise dos indicadores e sua aplicabilidade segundo as exigências da Macroacessibilidade Considerando que os indicadores descritos na seção anterior são pautados em duas categorias básicas (as de separação espacial e as do tipo gravitacional), cabe analisar a aplicabilidade de tais indicadores em função dos princípios da Macroacessibilidade. Enquanto a classe “separação espacial” é referente a fatores do acesso proporcionado por transportes, a gravitacional se refere à acessibilidade relacionada a variáveis que associam transportes e uso do solo. Cabe ressaltar a importância de ambos os tipos de indicadores, visto que os do tipo gravitacional oferecem elementos que aprofundam a caracterização do território, tais como o uso do solo, suas atividades, oportunidades e atratividades. Indicadores do tipo separação espacial, que mensuram elementos da impedância ou fricção da acessibilidade relativa aos transportes, associados aos do tipo gravitacional, oferecem instrumentos relativos à equidade e à integração nos transportes e no uso do solo. Ingram (1971) utiliza medidas de separação espacial para avaliar a acessibilidade a partir de determinada função de impedância. O autor entende a acessibilidade como a característica inerente a um lugar, relativa à superação de determinado fator de fricção espacial, como o tempo ou a distância. No formato integral, Ingram (1971) avalia a acessibilidade par a par, ou seja, de uma localidade com relação a outra. No formato global, avalia uma localidade em relação a todas as demais envolvidas. Os índices desenvolvidos por Ingram (1971) , ao possibilitarem a caracterização de determinada dinâmica espacial a partir do custo de viagens entre as diferentes zonas, oferecem con- dições de avaliação de fatores da equidade e da integração do território. Sendo assim, os índices se mostram aplicáveis às exigências da Macroacessibilidade. O índice de Allen et al. (1993) , que consiste em um aprofundamento do trabalho de Ingram (1971) , utiliza o tempo como fator de impedância da acessibilidade, in- cluindo índices integral e global. Allen et al. (1993) defi nem a acessibilidade como uma medida de esforço necessária para superar a separação espacial entre dois pontos. A relação deste indicador com a sustentabilidade se revela em decorrência da importância deste fator na escolha que as pessoas fazem pelos modais disponíveis para realizar seus deslocamentos. A partir da avaliação da acessibilidade baseada no fator tempo, o estabelecimento de redes estruturantes, bem como o uso de modali- dades limpas e seguras para atendimento de grandes contingentes populacionais e da oferta de serviços em grandes extensões são ações compatíveis com as necessidades da Macroacessibilidade. C0030.indd 125C0030.indd 125 03/07/17 11:42 PM03/07/17 11:42 PM Transporte, Mobilidade e Desenvolvimento Urbano 126 O índice de Zakaria (1974) , relativo às medidas do tipo gravitacional, considera a probabilidade de ocorrência de viagens a partir do custo de viagem entre determi- nadas zonas e do quantitativo de empregos em uma das zonas. Este índice considera a disponibilidade de empregos como um fator importante, o que se relaciona com exigências da Macroacessibilidade, dentre as quais a equidade e a integração com o território. Assumindo a acessibilidade como potencial de oportunidades de interação es- pacial, Hansen (1959) afi rma que a medida de distribuição espacial das atividades em relação a um ponto defi ne a acessibilidade. Além disso, afi rma que as pessoas interagem nessa dinâmica ao utilizar suas habilidades e/ou desejos para superar determinada separação espacial. No índice de Hansen (1959) , apresentado neste trabalho, o número de oportunidades de uma localidade para um determinado motivo consiste em um fator de extrema importância quanto aos aspectos de equidade e integração do território. Para a Macroacessibilidade, o desenvolvimento equilibrado, com autonomia local e compromisso com todo o espaço urbano são características fundamentais. Vickerman (1974) destaca que a acessibilidade é também um custo para a comu- nidade, sendo um custo direto aos indivíduos e/ou social para a comunidade como um todo, sendo os congestionamentos e a poluição alguns de seus subprodutos. O indicador desenvolvido com base na medida generalizada de Hansen (1959) , por Vickerman (1974) , representa a função mais genérica da difi culdade de viagem, considerando o número de oportunidades de determinada zona, juntamente a uma função do custo de viagem. Vickerman (1974) , ao intervir sobre o índice de Hansen (1959) , conseguiu manter os aspectos de equidade e integração do território, ao mesmo tempo, e per- mite uma avaliação mais detalhada ao acrescentar a função do custo de viagem ao indicador. Sendo assim, o índice se afi rma como adequado para aplicação às condições da Macroacessibilidade. Para El-Geneidy e Levinson (2006) , as medidas de acessibilidade possuem dois grandes componentes. São eles: a atratividade e a impedância. Usualmente, o componente da atratividade é medido através do número de oportunidades das localidades. A função impedância, baseada na distância ou tempo de viagem, diminui a probabilidade de tais localidades serem atrativas. Sendo assim, o índice se constitui como instrumento efi ciente para a Macroacessibilidade, pois tem o papel de medir a acessibilidade baseando-se em elementos relativos à equidade e à integração com o território. Assim, pode con- tribuir para o estabelecimento de metas para o alcance de localidades equilibradamente desenvolvidas. Diante da análise sobre os indicadores levantados a partir do seu potencial de aplicação, é possível concluir que se adequam às exigências da Macroacessibilidade. Ambos os tipos (de separação espacial e gravitacional) envolvem aspectos relativos à equidade e à integração com o território, sendo recomendados para a avaliação da Macroacessibilidade. Tais indicadores podem envolveros sistemas de transporte público C0030.indd 126C0030.indd 126 03/07/17 11:42 PM03/07/17 11:42 PM Macroacessibilidade orientada à equidade e à integração com o território 127 e o uso do solo, de maneira a promover a equidade e a integração e, assim, contribuir para a mobilidade sustentável. 6.3.3. O papel da Macroacessibilidade e a abordagem proposta A escolha dos indicadores utilizados nesta abordagem e relacionados à integração entre transporte e uso do solo busca envolver dados de fácil acesso, fazendo uso de informações tipicamente disponíveis nas cidades. Dessa maneira, torna-se também facilitado o tratamento dos dados disponíveis e o acompanhamento de modifi cações na dinâmica das cidades através do uso de um sistema de indicadores. Essa relação entre transporte e uso do solo é essencial para a dinâmica urbana, pois contribui para o desenvolvimento sustentável ao permitir a avaliação sobre a compa- cidade ou a dispersão do tecido urbano, o que viabiliza, por consequência, avaliar as infraestruturas urbanas existentes. Reafi rmando a importância da integração entre uso do solo e transportes para a Macroacessibilidade, ao analisar seus respectivos indicadores, este trabalho envolve também atributos da mobilidade urbana, ao estender as potenciais relações desses in- dicadores aos fatores da mobilidade sustentável e seus atributos. A seção a seguir traz uma caracterização mais detalhada e um aprofundamento dessas relações. 6.4. Indicadores propostos de Macroacessibilidade e sua relação com os atributos da mobilidade No contexto da Macroacessibilidade, os indicadores propostos neste trabalho são baseados em dois fatores: uso do solo e transporte. Seus atributos se relacionam com a mobilidade sustentável na medida em que envolvem aspectos como, por exemplo, a redução da extensão das viagens, a redução do uso de automóveis nos deslocamentos urbanos e, consequentemente, a redução dos níveis de emissão de gases poluentes bem como o melhor aproveitamento das densidades urbanas ( Costa, 2008 ). A aplicação de indicadores que envolvem fatores do uso do solo e do transporte pode contribuir signifi cativamente para ações de planejamento urbano que provoquem efetivas melhorias e promovam a mobilidade urbana sustentável. Os atributos referentes aos indicadores de mobilidade sustentável, de acordo com Maclaren (1996) , permitem expressar ligações entre as dimensões social, econômica e ambiental. Sendo assim, constituem ferramentas integradas para avaliação da sustentabilidade urbana. Além disso, medem a equidade intergerações e intragerações ao considerar a distribuição das condições sociais, econômicas e ambientais nas regiões geográfi cas ( Maclaren, 1996 ). Para TRB (2008), a sustentabilidade se esforça para proteger os recursos naturais e os sistemas ecológicos. Nesse sentido, dá ênfase às questões de conservação ética e de políticas favoráveis à redução do consumo de recursos naturais. Portanto, o transporte sustentável é entendido como aquele que permite que pessoas, empresas e sociedade, C0030.indd 127C0030.indd 127 03/07/17 11:42 PM03/07/17 11:42 PM Transporte, Mobilidade e Desenvolvimento Urbano 128 em geral, satisfaçam suas necessidades básicas de acesso e mobilidade de maneira compatível com a saúde humana e o equilíbrio do ecossistema. Assim, o transporte sustentável promove a igualdade dentro das gerações bem como entre elas mesmas (OECD, 1999, apud Mourelo, 2002 ; TRB, 2008). Nesse contexto, considerando a priorização deste estudo em medidas denominadas “ place-based ”, e que: a) é preferível a escolha de indicadores que possam apresentar medidas mais simples, porém válidas, de forma a permitir uma avaliação real e direta ( Bracarense e Ferreira, 2014 ); b) na prática, as medidas de acessibilidade, geralmente, focam em um ou mais elementos ( Geurs e van Wee, 2004 ); c) a combinação de uma série de medidas complementares pode ser uma boa solução para tratar aspectos da acessibilidade ( Curtis e Scheurer, 2010 ). Apresenta-se a seguir, indicadores que procuram trabalhar, no âmbito da Macroacessibilidade e que permitam tratar a relação transportes e uso do solo, de forma integrada ou não. Costa (2008) caracteriza, dentre o conjunto de indicadores referentes ao índice de mobilidade urbana sustentável, o índice de uso misto. De acordo com a autora, a diversidade no uso do solo implica benefícios sociais, econômicos e ambientais, bem como contribui para a redução no tempo e na extensão das viagens e, dessa maneira, é possível obter melhorias na acessibilidade às atividades e aos serviços urbanos, bem como da qualidade de vida da população. O índice de uso misto pode envolver entre seus dados de base: imagens de satélite ou fotos aéreas da região; mapas de uso do solo; legislação urbanística; base cartográfi ca digital ou base georreferenciada de concessionárias de serviços públicos ou mapas impressos da área urbana. Para cálculo do indicador, utiliza-se a porcentagem da área urbana destinada ao uso misto do solo. Identifi cam-se e mensuram-se as zonas ou áreas nas quais é permitido e incentivado o uso misto do solo. Para se obter o indicador, utiliza-se a razão entre a área total onde é permitido/ incentivado o uso misto do solo e a área urbana total do município. Deve ser expresso em porcentagem. A avaliação do índice de uso misto, proposto por Costa (2008) , segue os seguintes valores de referência: escore 1,00 para porcentagens maiores que 75%; escore 0,75 para porcentagens de 75%; escores 0,50 para porcentagens de 50%; escore 0,25 para porcentagens de 25% e escore 0,00 para porcentagem de 0% ( Costa, 2008 ). A integração entre transporte e uso do solo é fator essencial para que seja possível o cumprimento do papel da Macroacessibilidade. Além de ser elemento de inclusão social, o transporte público de qualidade reduz o uso do transporte individual, reduz a segregação socioespacial, amplia o acesso a equipamentos públicos e permite maior mobilidade para a população. A rede de transporte público pode ser analisada através do levantamento de dados, como bases cartográfi cas, bases georreferenciadas, mapas im- pressos, imagens de satélites, fotos aéreas, rotas fi xas de ônibus e demais modais que operam na área de estudo ( Costa, 2008 ). A partir de uma base de dados que auxilie na identifi cação da rede de transporte público deve-se considerar todos os modais públicos oferecidos na área de estudo. C0030.indd 128C0030.indd 128 03/07/17 11:42 PM03/07/17 11:42 PM Macroacessibilidade orientada à equidade e à integração com o território 129 O indicador “extensão da rede de transporte público” é obtido através da razão entre o somatório da extensão da rede dos modais em operação na área de estudo e a ex- tensão total do sistema viário urbano. A avaliação sugerida por Costa (2008) para este indicador aponta a seguinte relação: escore 1,00 correspondente a valores maiores ou iguais a 100% da extensão da rede de transporte em relação a extensão do sistema viário; escore 0,75 para valores de 80%; escore 0,50 para valores de 60%; escore 0,25 para valores de 40% e escore 0,00 para valores de até 20% ( Costa, 2008 ). Mello e Portugal (2017) sugerem o uso de indicadores inspirados em Hansen (1959) , pois tais indicadores têm como características a simplicidade de uso e a possibilidade de refl etir a infl uência da disponibilidade de infraestrutura de transporte público. Além disso, permitem medir o grau de equidade proporcionado pela infraestrutura de transporte público para as diferentes localidades que compõem o território ( Welch e Mishra, 2013 ). Mello e Portugal (2017) sugerem, ainda, o uso de indicadores de acessibilidade que possam incluir também a infl uência das atividades disponíveis em cada localidade. Dessa maneira se torna possível representar a acessibilidade de maneira compatível com o desejo de modelar a integraçãoentre transporte e uso do solo. Algumas das alternativas de indicadores citadas pelos autores são expressas nas Equações 6.1 e 6.2, a seguir ( Raia Jr., 2000 ; Reggiani et al. , 2011 ): ∑= = A TITP i j n ij 1 (6.1) Onde: AITP i – Macroacessibilidade da localidade i , proporcionada pela infraestrutura de transporte público. T ij – tempo despendido entre a localidade i e as demais n localidades j da área estudada. ∑= = A S TServ i j n j ij 1 (6.2) Onde: AServ i – Macroacessibilidade da localidade i proporcionada pela infraestrutura de trans- porte para uma dada oportunidade ou serviço S . S j – expressa a disponibilidade de oportunidades ou serviços nas n localidades j . T ij – tempo despendido entre a localidade i e as demais n localidades j da área estudada. Para ambos os indicadores (6.1 e 6.2), os maiores valores representam piores níveis de integração da localidade i com os serviços ou oportunidades distribuídos pelo espaço metropolitano. Sendo assim, os maiores valores indicam a necessidade de melhorar o desempenho da rede estruturante de transporte público, bem como de se considerar C0030.indd 129C0030.indd 129 03/07/17 11:42 PM03/07/17 11:42 PM Transporte, Mobilidade e Desenvolvimento Urbano 130 a implantação de novas atividades no local, de maneira a favorecer a acessibilidade a ele. De acordo com Mello e Portugal (2017) , o nível de uma potencial desigualdade no território analisado é, por sua vez, consequência da amplitude e do desvio padrão refe- rentes aos valores para todas as localidades, o que revela a dispersão existente na rede. 6.5. Considerações fi nais A abordagem conceitual elaborada neste trabalho revelou que os princípios da equidade e da integração são indissociáveis dos conceitos que envolvem a mobilidade urbana sustentável. Na escala macroscópica, esta relação foi apresentada tendo como foco variáveis envolvendo uso do solo e transportes, sendo que a prioridade ao transporte público coletivo constitui uma estratégia fundamental na promoção da mobilidade urbana sustentável. Tal abordagem deve servir como ferramental juntamente com os indicadores de mobilidade urbana sustentável para que seja possível compreender a dinâmica da Macroacessibilidade e, assim, desenvolver estratégias que promovam a equidade e a integração no espaço macroscópico. A investigação sobre a escala macroscópica da acessibilidade, realizada neste traba- lho, revelou que as defi ciências na infraestrutura e nos serviços de transporte público verifi cadas em diversas metrópoles brasileiras impactam negativa e signifi cativamente a Macroacessibilidade. Por consequência, esta dinâmica prejudica a sociedade também em seus aspectos sociais, econômicos e ambientais, reduzindo os graus de equidade e integração no espaço urbano. Os indicadores de Macroacessibilidade baseados em fatores do transporte têm graus de complexidade compatíveis com os elementos que os compõem. Sendo assim, dados sobre tempo e distância se apresentam como fatores relevantes nos estudos sobre a Macroacessibilidade. Tratam-se de dados simples e obtidos facilmente pelas cidades, o que facilita a manipulação de tais características e, consequentemente, fornece de forma simplifi cada panoramas sobre a dinâmica urbana. A separação por eles provocada tende a ocasionar uma redução no número de oportunidades aos indivíduos no território. Uma das especifi cidades encontradas nas relações urbanas em escala macro são os deslocamentos pendulares. A desigual oferta de oportunidades no território urbano e a segregação espacial levam às pessoas a necessidade de buscarem determinadas atividades em locais distantes de suas moradias. Assim, a relação entre uso do solo e transporte revela que é demandada ao espaço urbano considerável infraestrutura que dê suporte a esses tipos de deslocamento, de maneira a oferecer às pessoas um espaço urbano acessível. Cabe ressaltar que a acessibilidade urbana se difere na medida em que envolve diferentes escalas territoriais. Para cada uma das escalas (micro, meso e macro), as necessidades relativas ao uso do solo e aos transportes infl uenciam signifi cativamente a escolha das modalidades mais indicadas para os deslocamentos no território. À Macroacessibilidade se envolvem redes conectadas e a multimodalidade consiste em C0030.indd 130C0030.indd 130 03/07/17 11:42 PM03/07/17 11:42 PM Macroacessibilidade orientada à equidade e à integração com o território 131 um fator de grande relevância para a mobilidade. Nas demais escalas predominam distâncias menores, sendo que na Microacessibilidade, os meios mais adequados de des- locamento são os não motorizados. Na Mesoacessibilidade, o transporte motorizado coletivo atua em médias distâncias, concomitantemente à oferta de atividades que pos- sibilitem a autonomia de determinada localidade. Sendo assim, a escala macroscópica envolve todas as demais unidades espaciais locais e estas devem estar adequadamente interligadas e dotadas de infraestruturas que favoreçam os deslocamentos. Através da equidade, devem ser dadas às grandes regiões condições para que suas diversas localidades se desenvolvam e se relacionem de maneira igualitária e harmônica em todo o território. 6.6. Exercícios • Avalie a Macroacessibilidade em sua cidade. Explicite os seus pontos fortes e os frágeis, bem como apresente e justifi que algumas estratégias a serem contem- pladas com foco na mobilidade sustentável. • Também em sua cidade, analise a equidade proporcionada pela Macroaces- sibilidade. • Há desigualdade? Como ela pode ser medida? • Quais os fatores locacionais e socioeconômicos que caracterizam as localidades mais desiguais? • O que fazer para reduzir tais desigualdades? • Considerando que a Macroacessibilidade orientada à mobilidade sustentável requer um sistema de transporte público efi caz para promover a integração entre as localidades que compõem o território como um todo, identifi que qual a tecnologia mais indicada para a sua cidade. Como essa integração pode favo- recer a mobilidade sustentável e a qualidade de vida em uma metrópole? Referências Abley , S. , Halden , D. ( 2013 ) The New Zealand accessibility analysis methodology . Nova Zelândia: NZ Transport Agency research - report , p. 512 . Allen , W. B. , Liu , D. , Singer , R. S. ( 1993 ) Acessibility measures of US Metropolitan Areas. Transportation Research . Part B ( 6 ): 439 - 449 (27B) . Batty, M. (2009) Notes on accessibility: in search of a unifi ed theory, 2009, University College London. 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